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O QUE É UMA INDUSTRIA?

Aparentemente essa parece uma questão fácil de


responder. Logo nos vem a memória àquela construção
enorme que tem próximo de nossa moradia; do nosso bairro,
que produz uma determinada mercadoria que depois será
oferecida no mercado1. Também nos parece claro que é uma
empresa que emprega um número elevado de trabalhadores,
os chamados operários. Uma outra coisa que nos chama a
atenção é sua constituição física: uma enorme estrutura onde
se destaca uma chaminé, que está sempre soltando uma
fumaça, numa clara demonstração que está funcionando.
Muitas vezes a responsabilizamos pela poluição provocada em
nossa cidade e os danos que causam aos trabalhadores que
nela trabalham e as populações que moram nos seus
arredores. Essa resposta não está de todo errada, entretanto,
convém observarmos a diferença entre fábrica e indústria
conforme nos indica o dicionário Aurélio.

FÁBRICA: S.f. 1. Lugar ou estabelecimento onde se


manufaturam utensílios, roupas, máquinas e várias outras
mercadorias. 2. O pessoal de um desses estabelecimentos. 3.
Construção de edifício ou parte do edifício; edificação.
INDÚSTRIA: S.f. 1. Destreza ou arte na execução de uma
trabalho manual; aptidão; perícia. 2. Profissão mecânica ou
mercantil; ofício. 3. Econ. A atividade secundária da economia,
que engloba as atividades de produção ou qualquer dos seus
ramos, em contraposição às atividades agrícolas (primárias) e
a prestação de serviços (terciárias). 4. Econ. Conjugação do
trabalho e do capital para transformar a matéria prima em bens
de produção e consumo. 5. O conjunto das empresas
industriais; o complexo industrial.
Adaptado de FERREIRA HOLANDA, J.E.M.M. EDITORES, LTDA, 1988.

Perceberam que não é exatamente a mesma coisa.


Podemos resumidamente dizer que a fábrica é a estrutura
física, a construção e a indústria é “o conjunto de atividades
que participam da fabricação de produtos manufaturados a
partir de matérias-primas”2. A propósito o que uma matéria-
prima? Vamos recorrer novamente ao dicionário.

MATÉRIA-PRIMA. S.f. 1. A substancia bruta principal e


essencial com que é fabricada alguma coisa.

A diferença pode parecer sutil, contudo, é importante


confundirmos os dois termos. Ademais, quando falamos em
indústria temos que ter a clareza que esse é um termo
genérico, pois, temos que considerar que há dentro de uma
indústria os chamados ramos industriais, que são numerosos e
definidos pelos seus produtos: indústria química, siderúrgica,
automobilística, etc,

Antes de aprofundarmos sobre esse tema – a


indústria – vamos realizar um exercício simples. Siga as
orientações

ATIVIDADES
a) Liste alguns objetos que estão próximo de vocês nesse
momento e identifique a matéria-prima.
b) Procure lembrar algumas industrias que estão localizadas
próximas de sua residência ou escola e identifique os
produtos que ela produz.
Nos referimos anteriormente que a indústria
pertencia ao setor secundário da economia. Significa dizer que
é o setor que transforma produtos naturais – do setor primário –
em produtos para o consumo das pessoas, como por exemplo,
o trigo transformado em farinha; ou consumo das fábricas,
como por exemplo, o petróleo na forma bruta em lubrificante
para as maquinas industriais. Nos países ricos esse setor é
bastante desenvolvido e diversificado.

Esse gráfico representa com fidelidade a participação


do setor secundário nas economias desenvolvidas.
QUANDO SURGIU A INDUSTRIA?

No ponto de vista histórico podemos dizer que a


indústria surgira na Inglaterra, na segunda metade do século
XVIII. Processou-se nesse país ao longo desse período
profundas transformações no modo de produção, uma
verdadeira revolução no modo de produzir. Daí a expressão
consagrada pelos historiadores: Revolução Industrial. Para
muitos historiadores a Revolução Industrial desempenhou um
papel vital no desenvolvimento capitalista. Você saberia dizer
por que a Inglaterra foi o palco principal dessa transformação?
Então, para saber mais faça as seguintes atividades:

ATIVIDADES
a) Procure num livro didático de história e descubra o motivo
da Inglaterra ter sido pioneira na atividade industrial.
b) Descubra, através de alguns livros didáticos de história
como os produtos eram fabricados no final da Idade Média e
início da Idade Moderna.
c) Liste algumas invenções do final do século XVIII e de boa
parte do século XIX que contribuíram para a produção em
massa de mercadorias.

O sistema capitalista é anterior a Revolução


Industrial, entretanto, essa nova forma de produzir, em larga
escala; produtos em série e com preços relativamente baixos
iriam consolidar esse sistema que passa a ser hegemônico no
século XIX, apesar de seus críticos, já nessa época apontarem
as anomalias do sistema que sacrificavam muitos em
benefícios de poucos3.
A Revolução Industrial trouxe a reboque uma
profunda transformação nas relações sociais. Colocou em
lados opostos os operários – trabalhadores das fábricas – e os
capitalistas propriamente ditos – os detentores dos meios de
produção – gerando entre eles conflitos que se arrastam até os
dias atuais. Muito se discute sobre os benefícios provocados
pela introdução da máquina no processo produtivo, mas
também se apontam os malefícios por ela trazida. O espaço
geográfico sofre mudanças irreversíveis com a transformação
de pequenos vilarejos em cidades industriais que lançam para
atmosfera gases tóxicos provindos de suas milhares de
fábricas4. Podemos ainda adicionar nessa discussão a
apropriação das riquezas por poucos, geradas pelo
desenvolvimento industrial, bem como a pauperização da
classe trabalhadora, a principal responsável pela geração
dessa riqueza.
Esse é um tema palpitante que gera muitas
discussões, opiniões divergentes, debates calorosos. Para
estimular o debate iremos promover um em sala de aula.

DEBATE
Escolha um desses temas e faça a defesa em sala num
espaço-tempo de 10 minutos.
a) O patrão é merecedor de ganho maior na atividade
industrial, pois, partiu dele o empreendedorismo; a sujeição
ao risco; o investimento com o capital; a visão de negócio,
etc.
b) Os dividendos (a parte dos lucros) que recebe o operário é
insuficiente para suprir as necessidades básicas de sua
prole5. Ademais se não fosse seu esforço o patrão não teria
tamanha lucratividade.
Não vamos nos aprofundar nesse tema, que diz
respeito à relação capital-trabalho, pois, se distancia de nosso
foco que é a dissecação do que é industria. Contudo, faremos
uma atividade de leitura e interpretação, num fragmento de
uma obra do conceituado economista brasileiro Paul Singer, A
formação da classe Operária, que nos auxiliará na
compreensão desse intenso e inesgotável debate.

ATIVIDADE DE LEITURA E INTERPRETAÇÃO

(...) O fundamental na passagem da produção manufatureira


à produção industrial é que nesta o trabalho o trabalho não é mais
realizado pelo homem, mas pela máquina. A função do homem não
é mais produzir, mas alimentar, vigiar, manter e reparar a máquina
que tomou o seu lugar. Isso naturalmente tem conseqüências muito
importantes. (...) Na produção manufatureira (assim como na
artesanal) o operário incorpora a técnica de produção, imprimindo
em seu cérebro e sistema nervoso uma série de condicionamentos –
as habilidades e conhecimentos – que o capacitam a conduzir o
meio de trabalho de modo a produzir no objeto de trabalho as
modificações desejadas. Ao mover braços, mãos e dedos, o tecelão
aciona o tear manual e assim transforma o fio em tecido. É ele que
efetivamente tece. (...) Com o tear mecânico tudo muda. A ação de
tecer prossegue mesmo quando o operário lhe volta às costas. Este
não precisa saber o segredo do seu funcionamento. Basta que
emende o fio quando esse arrebenta, que substitua os carretéis
vazios, que limpe e lubrifique a máquina e conserte quando quebra.
São outras, portanto, as habilidades requeridas, em geral mais
simples e mais fáceis de serem adquiridas. (...).

SINGER, Paul. A formação classe operária. SP: Atual, 3. ed., 1986,


p.27. In FIGUEIRA, Divalte.História – Série Novo ensino Médio.
SP: Ática, 2002, p.200.

Sobre o texto

a) Segundo esse trecho, o papel do ser humano na produção


se transformou com o advento da indústria. Explique essa
mudança.
b) A partir da última frase do texto, justifique a queda do salário
do trabalhador.
EXISTIU UMA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL BRASILEIRA?
A resposta esse questionamento é sim. Muitos
historiadores apontam o período que vai de 1930 – 1º governo
Vargas – até 1956 – Era JK – como a de mudança de perfil na
economia brasileira, que desde a sua independência até as
primeiras décadas do período republicano está voltada para o
setor primário. Inclusive, a classe dominante reforçava
seguidamente o discurso que o Brasil tinha uma vocação
agrícola e tinha que explorar essa potencialidade. Ademais a
atividade industrial exigia muitos investimentos. Como o
governo Vargas rompe-se com esse paradigma (A Revolução
de 1930) e gradativamente o país ingressa no mundo industrial.
No final da década de 1950, com a chegada ao poder máximo
do país do mineiro Juscelino Kubitschek, o Brasil daria uma
nova dimensão ao seu processo de industrialização,
ingressando na fase da internacionalização, com a entrada no
país das multinacionais.

PESQUISA
Procure investigar quais foram os segmentos industriais
privilegiados, respectivamente por Getúlio Vargas na década de
1930 e por JK na década de 1950. Compare a situação desses
segmentos no Brasil atual.

TIPOS DE INDUSTRIAS
Costuma-se dividir ou classificar as indústrias
segundo o bem produzido e segundo a tecnologia empregada.
Inicialmente pontuaremos a primeira classificação.

1. Industrias de bens de produção ou de base

Podemos dizer que essa é mãe de todas as


industrias. Ela fundamental para o desenvolvimento industrial
de qualquer país. Ela produz bens para outras industrias. Por
exemplo: a industria siderúrgica produz ligas de ferro para
industria da construção, para industria automobilística, etc.
consomem muita energia e utilizam muita matéria prima. Exige
investimentos vultuosos para serem instaladas. A Companhia
Vale do rio Doce é um exemplo de industria de base.

2. Indústrias de bens de capital ou intermediárias.

Correspondem aquelas industrias que fabricam


máquinas, equipamentos, ferramentas e autopeças para outras
industrias. A industria de material elétrico e eletrônico fornece
produtos para a industria eletro-eletrônico. A industria de
autopeças tem como seu principal cliente a industria
automobilística.

3. Indústria de bens de consumo

São as mais numerosas e podem ser divididas em:


industrias de bens de consumo duráveis, como por exemplo, a
industria automobilística e, a industria de bens de consumo
não-duráveis, como a industria de alimentos e vestuário, por
exemplo.
Quanto à tecnologia aplicada, temos as chamadas
industrias dinâmicas, que utilizam tecnologia de ponta e mão
de obra reduzida e bastante qualificada. Um exemplo típico pe
a industria da informática. E temos também, as industrias
clássicas que são aquelas que requerem muita mão de obra e
empregam métodos da primeira e segunda revolução industrial.

PESQUISA

A chamada Terceira Revolução Industrial está vinculada


com os microprocessadores, com a robótica, com a
biogenética, em suma tudo aquilo que está relacionado com a
alta tecnologia. Entretanto não foi somente no processo de
produção que sofre mudanças significativas, mas também no
processo de gerenciamento da produção e nas formas de
trabalho. Para dar conta dessa questão, pesquise algumas
expressões comuns nesse mundo empresarial de última
geração, como por exemplo: Six Sigma (Seis Sigmas), Just in
time; Downsizing, Joint venture e Terceirização.

O QUE SÃO EMPRESAS MUNDIALIZADAS?

Esse é um fenômeno que ganhou força na


década de 1980. Para BECKOUCHE, “A mundialização é
também a multinacionalização das empresas, que implantam
fábricas no estrangeiro ou fazem alianças com empresas de
países estrangeiros”. No mundo globalizado as empresas,
outrora, denominadas multinacionais, a rigor não possuem mais
pátria. Não se pode mais afirmar, peremptoriamente que a
Coca Cola é norte-americana, pois está presente em quase
todos os países do mundo e incorporando os elementos da
cultura local como uma estratégia de marketing. Muitas dessas
meãs empresas se associação a outras gigantes para ampliar
sua fatia no mercado, como aconteceu com a holandesa Philips
e a francesa Thompson a fim de enfrentar a concorrência
japonesa nas televisões de alta definição.

ATIVIDADE DE PESQUISA
Faça uma colagem numa cartolina de produtos ou logomarcas
famosas com as respectivas nacionalidades dessas marcas.
Veja os exemplos.

produto_____________ produto___________________

produto _______________ Produto ___________________

O PARANÁ TEVE UMA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL?


Também podemos dizer que sim. Até a década
de 1960 e início da de 1970, o Paraná era um estado
eminentemente agrícola, apenas 40% da população vivia nas
cidades. Com a chegada de Ney Braga ao governo esse
cenário sofreria uma brusca transformação. Apesar de não se
distanciar da “vocação” agrícola do Estado iria, no entanto,
imprimir-lhe um desenvolvimento industrial. É bem verdade
que a posição assumida pelo governador e pelo seu sucessor,
Paulo Pimentel, de adesão ao golpe militar de 1964 iriam
facilitar o envio de recurso para o desenvolvimento industrial
do Paraná. A criação da CODEPAR, em 1962, uma agencia de
fomento que visava, fundamentalmente dar apoio ao
empresariado paranaense. Segundo BREPOHL, os recursos
seriam investido em infra-estrutura e créditos a iniciativa
privada. A revolução agrícola que passou o Estado na década
de 1970, culminando com um processo acelerado de
mecanização do campo, lançou nos centros urbanos um
número apreciável de contingente de mão de obra disposta a
“fazer a vida” nas cidades.
A criação do Banco de Desenvolvimento do
Paraná, na década de 1960, iria impulsionar o
desenvolvimento industrial que, no entanto, nasceria – a
exemplo de outros lugares do Brasil – defeituoso, pois foi muito
concentrador, beneficiando apenas algumas regiões. Na
década de 1970, com a inauguração da Refinaria Getulio
Vargas, em Araucária, a industrialização no Estado ganha
visibilidade, atraindo outras industrias importantes para a Terra
dos Pinheirais, inclusive multinacionais, como New Holland,
Sadia, Philips Morris entre outras.

O QUE FOI A “GUERRA FISCAL” E QUE BENEFÍCIOS


TROUXE PARA O PARANÁ?
Na década de 1990, com a eleição do
presidente Fernando Collor, o Brasil ingressa, naquilo que ficou
conhecido como neoliberalismo, ou seja, a desregulamentação
total das relações comerciais. No Paraná, inaugura-se a Era
Lerner que seguindo a esteira do governo federal, promove um
intenso processo de privatização, colocando em prática a
teoria do Estado Mínimo apregoada pelos economistas
liberais. A chamada “guerra fiscal” estava dentro dessa lógica
de promoção do desenvolvimento acelerado do Estado, sem a
participação efetiva do mesmo. Essa política consistia em
atrair investimentos produtivos – empresas – para o Estado
mediante uma renuncia fiscal. Ou seja, quanto menos o Estado
cobrasse de Imposto de Circulação de Mercadoria e Serviços
(ICMS), mas atrairia as empresas nacionais ou multinacionais
para sua região. O que parece atraente, pode estar
escondendo uma armadilha. Foi o que ocorreu. Muitas
empresas passaram a leiloar suas plantas industriais. Aquele
estado que melhores condições oferecesse seria o destino de
suas fábricas. O problema é que o Estado ao fazer a renuncia
fiscal – fazer a disputa com os outros estados – promove uma
redução em sua arrecadação, conseqüentemente, diminui
seus investimentos em setores importantes como a educação
e saúde. Na tentativa de “fazer caixa”, necessariamente
precisa de se desfazer de alguma empresas estatais, como foi
o caso do Banco do Estado do Paraná (BANESTADO).

DEBATE
Debata com os colegas as vantagens e desvantagens da
política econômica implantada pelo governo Jaime Lerner no
Estado do Paraná.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.

BECKOUCHE, Pierre. Industria – Um só mundo. SP: Ática,


1995.
DE DECCA, Edgar. O Nascimento das Fábricas.
MAGALHÃES, M. Brepohl Paraná: Política e Governo. PR:
SEED, 2001.
MAGNOLI, Demétrio. Globalização. SP: Moderna, 1997.
OLIVEIRA, Dennison. Urbanização e Industrialização no
Paraná. PR: SEED, 2001.
SILVA, Sérgio. Expansão cafeeira e origens da indústria no
Brasil. SP: Alfa Ômega, 1976.
SINGER, Paul. Globalização e Desemprego. 3.ed. SP:
Contexto, 1999.
_______________, Formação da classe operária. 3. ed. SP:
Atual, 1986.

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