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A religião conhecida como Wicca foi fundada por um funcionário público inglês chamado
Gerald Gardner, nascido em 1884. Interessado por antropologia, ocultismo e assuntos ligados
à espiritualidade e misticismo, ele já havia feito parte de inúmeras sociedades ocultas, como
a tradicional Ordem Rosacruz.
Foi lá que Gardner entrou para um coven - uma espécie de clã secreto - de bruxas. Na década
de 1940, o inglês se aprofundou em tradições e rituais de magia e, em meados dos anos 50,
acabou por fundar o seu próprio coven, ao qual chamou de Bricket Wood. As reuniões eram
inspiradas em bruxaria antiga, reverência à natureza e preceitos da maçonaria.
À sua nova prática, Gardner deu o nome de Wicca, que no inglês escocês quer dizer
pessoas sábias. Ali, ele instituiu um dos pilares da Wicca: a adoração a uma Deusa e um
Deus, iguais entre si em quaisquer aspectos.
O inglês comprou algumas terras na aldeia de Brickett Wood para sediar o seu coven e fundar
um grande centro de estudos místicos. Porém, em 1964, Gerald Gardner morreu de ataque
cardíaco, quando estava a bordo de um navio na costa da África.
Nas décadas de 1960 e 1970, a Wicca se proliferou do Reino Unido para outros países de
língua inglesa, principalmente entre membros de movimentos feministas e ambientalistas.
Mas apenas em 1986 a Wicca foi reconhecida como religião oficial nos Estados Unidos.
A prática da magia é o principal pilar da Wicca. Porém, ela deve ser sempre direcionada para
o auxílio e a cura de quem quer que seja. A lei central da religião diz: “Não prejudique
ninguém, faça o que quiser”.
Poucos covens divulgam detalhes desse processo. Em geral, ele envolve o comprometimento
energético e emocional do novo elo com o restante do grupo. O iniciante recebe informações
e estudo básicos sobre a religião, tradições e rituais. Em seguida, os bruxos e bruxas mais
experientes passam suas orientações e estreitam os laços com o novo adepto.
A ideia é que ao aderir a um coven, o novo bruxo ou bruxa mantenha sempre seus
compromissos com o grupo, honre os votos de segredo e abrace todas as práticas da Wicca.
Pouca informação é divulgada a respeito de detalhes dos rituais da Wicca. Boa parte do que
se tornou público, está contido no Livro das Sombras, que é uma compilação de textos sobre
a Wicca, que já ganhou diferentes versões e adaptações ao longo do tempo.
Mas sejam praticados sozinhos ou em covens, sabe-se que que eles seguem algumas regras.
Antes do culto, por exemplo, os presentes fazem a purificação com um banho de essências
ou “varrendo” a energia local com ervas aromáticas.
Um altar é montado no centro desse círculo com elementos considerados fontes de energia.
Ali, pode-se colocar diversas ferramentas que serão usadas ao longo do ritual, como cálices,
caldeirão, taças, ervas, óleos essenciais, velas, estátuas e pedras.
Um típico altar de uma cerimônia wiccana (Imagem do Pinterest)
Alguns rituais mais comuns são os de iniciação, casamento (ou dissolução de uma
união), o acolhimento de um bebê que nasceu há pouco tempo e até funerais. Tanto as
crianças quando os corpos dos falecidos não precisam estar presentes no momento das
rezas. São os praticantes da religião que irão interceder por eles junto ao coven.
Os wiccanos acreditam piamente na força dos símbolos. Para eles, é através da simbologia
que a energia espiritual se funde à energia dos bruxos e bruxas. As forças unidas se
tornam uma única coisa, ainda mais poderosa. Eles são constantemente usados em magias e
rituais como uma forma de ligar o poder do mundo etéreo ao mundo físico. Conheça alguns
dos principais símbolos da religião:
Pentagrama
O pentagrama, a estrela de cinco pontas, é um dos símbolos universais associados à magia.
Os pontos inferiores da estrela são como uma representatividade dos elementos da natureza,
sempre muita valorizada pelos wiccanos - fogo, terra, ar e água. O uso desse símbolo mostra
a força espiritual atuando sob o mundo físico. Já a ponta superior representa as Deusas e os
Deuses, reforçando que a energia divina é que domina o mundo carnal.
Lua tripla
Deus chifrudo
Triskele ou Triskelion
A origem desse símbolo é grega e representa três pernas dobradas na altura do joelho. Essa
espiral simboliza as ideias que os wiccanos têm sobre o Universo e a cosmologia. Na cultura
celta, o número três é considerado sagrado e o símbolo é frequentemente relacionado a
triplicidades, como o submundo, o mundo intermediário e o mundo superior.
Triskele (Imagem do Pinterest)
Nó da bruxa
Por sua característica politeísta, a Wicca cultua uma grande variedade de divindades. Muitos
wiccanos são devotos do que chamam de um Deus patrono ou uma Deusa matrona. São
entidades específicas aos quais eles dedicam honra e trabalhos. Algumas das mais
conhecidas entidades da Wicca são:
A Deusa
Ela dá ênfase ao poder feminino e à devoção religiosa. Vista como uma entidade universal,
ela pode ser representada de muitas formas, já que refletem um arquétipo que existe no
mundo inteiro. Como, por exemplo, através das Deusas Celtas, Nórdicas, Gregas e Romanas.
Em todas as suas formas, a entidade é vista como uma divindade benevolente e conectada à
capacidade feminina de trazer vida ao mundo.
Uma das diversas representações da Deusa, em um altar típico da Wicca
Ele representa o elemento masculino da natureza. É uma entidade que está à parte da da
civilização humana, buscada pelos wicannos em floresta e paisagens naturais.
Como uma entidade tipicamente masculina, ele é frequentemente descrito com um grande
falo, uma característica comum dos deuses da fertilidade masculina em todo o mundo. Os
seus seguidores o identificam como amante da Deusa.
A Wicca também cultua divindades de origens diversas, como os deuses gregos Afrodite, Hera
e Medusa; deuses hindus, como Lakshmi e Radha, além de deuses da mitologia celta,
tibetana e egípcia. Não podemos deixar de citar que a Virgem Maria, uma das principais
entidades cultuadas pelos povos cristãos, é considerada uma entidade sagrada na Wicca e
vista como a Libertadora, Mãe das almas.
O principal mito a ser combatido pelos praticantes da Wicca é a de que a religião é satanista
ou cultiva e promove ações malignas. A imagem do diabo ou de demônios é uma criação
tipicamente cristã, não existindo na Wicca.
Além disso, a religião é contra a prática de magia para prejudicar alguém. A Wicca prega
que tudo que você deseja a outros, acontece com você, portanto seus seguidores são
estimulados a praticar o bem para recebê-lo do universo em retorno.
Outro forte mito a ser esclarecido é o fato de muita gente pensar que a Wicca não é uma
religião oficial. A Wicca foi reconhecida como religião oficial pelo governo dos Estados
Unidos. As crianças que fazem parte da religião são inclusive dispensadas das aulas em dias
de feriados típicos da religião.
Diversos países também seguiram essa diretriz, inclusive o Brasil, onde a Wicca é
regulamentada por lei em vários estados, como São Paulo. No estado paulista, o dia 31 de
outubro foi instituído como o “Dia Estadual dos Wiccanianos, Cultuadores do Sagrado
Feminino, Pagãos e Praticantes das Artes Mágicas”.
Os wiccanos também deixam claro que em seus rituais não há sacrifício de animais. Na
busca pela harmonia total com a natureza, eles são ensinados a respeitar e amar todo e
qualquer ser vivo do planeta. Qualquer sacrifício que envolva sangue é proibido na Wicca.
Portanto, os devotos costumam oferecer para os Deuses alimentos, como pão, frutas,
sementes e vinho.
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