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Recife
2019
No início do capítulo, o autor descreve de forma mais ampla como o conceito de
memória é tratado no contexto científico global. “A memória, como propriedade de
conservar certas informações, remete-nos em primeiro lugar a um conjunto de funções
psíquicas, graças às quais o homem pode atualizar impressões ou informações passadas,
ou que ele representa como passadas.” P.366.
1. A memória Étnica
O autor reserva a designação do termo memória coletiva para os povos sem
escrita, mas lembra que a memória fora da escrita também está presente nas sociedades
com escrita.
Le goff argumenta que a memória que a memória coletiva para os povos sem
escrita está relacionada aos seus mitos fundadores/mitos de origem e que essa memória
guardaria os conhecimentos práticos, técnicos e saberes profissionais.
Dialogando com Balandier, o autor diz que nas sociedades sem escrita existem
pessoas com o dever de serem os guardiões da memória cujo papel é manter a coesão do
grupo.
Um aspecto fundamental da memória étinica, é entender que ela não é
transmitida palavra por palavra, pois a rememoração exata não é tão útil quanto a
liberdade e as possibilidades criativas para a narrativa em detrimento da repetição exata.
Le goff também por meio de diferentes exemplos, como o dos druidas gauleses,
que o desapreço pela memória escrita em algumas sociedades estava relacionado com o
fato de não negligenciar a memória confiando na escrita.
O autor atenta para “a memória coletiva que não é somente uma conquista, é
também um instrumento e um objeto de poder. São as sociedades cuja memória social é
sobretudo oral ou que estão em vias de constituir uma memória coletiva escrita que
melhor permitem compreender esta luta pela dominação da recordação e da tradição,
esta manifestação da memória.” P.410
Le goff defende que “Nas sociedades desenvolvidas, os novos arquivos
(arquivos orais e audiovisuais) não escaparam à vigilância dos governantes, mesmo se
podem controlar esta memória tão estreitamente como os novos utensílios de produção
desta memória, nomeadamente a do rádio e a da televisão. Cabe, com efeito, aos
profissionais científicos da memória, antropólogos, historiadores, jornalistas,
sociólogos, fazer da luta pela democratização da memória social um dos imperativos
prioritários da sua objetividade científica”.p.411
Podemos ver nesse trabalho como o historiador monta sua narrativa através de
vários exemplos para cada problemática levantada. O texto faz com que o leitor
caminhe acompanhado da cronologia das discussões acerca da memória bem como dos
muitos exemplos que fundamentam a argumentação do autor.