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1 - Informações gerais
A transmissão de parafuso sem-fim/coroa (figura 1) é constituida pelo parafuso sem-fim
1, ou seja, uma rosca com perfil trapezoidal (ou similar) e pela coroa 2 (ou roda-coroa), que é
uma roda dentada com dentes helicoidais (inclinados), obtida por conjugação mútua com os
filetes do parafuso.
A transmissão de parafuso sem-fim/coroa faz parte das transmissões dentadas-roscadas
tendo características tanto de transmissões dentadas como de transmissões roscadas. As
transmissões de parafuso sem-fim/coroa diferenciam-se das transmissões com dentes helicoidais
de eixos cruzados visto que estas, no momento inicial, têm contacto pontual, enquanto que as
transmissões de parafuso sem-fim/coroa têm contacto linear.
v1 ≠ v2
Assim sendo, a relação de transmissão não depende dos diâmetros do parafuso sem fim e
da roda-coroa. De facto, diferentemente das outras transmissões por engrenagens em que se pode
escrever d1 = m⋅z1, o diâmetro do parafuso sem-fim não é expresso como função directa do
número de filetes. Em vez do número de entradas, a relação entre o diâmetro e o módulo é o
“coeficiente de diâmetro”. A transmissão de parafuso sem-fim mais vulgar e com maior campo
de utilização é a transmissão de parafuso sem-fim com parafuso cilíndrico, mas há outras
construções.
Os valores reais das relações de transmissão não devem ser superiores aos normalizados
em mais de 4%. Os valores normalizados dos módulos "m" são, em milímetros:
1; 1,25; 1,6; 2; 2,5; 3,15; 4; 5; 6,3; 8; 10; 12,5; 16; 20; 25.
Série 1: 40; 50; 63; 80; 100; 125; 160; 200; 250; 315; 400; 500.
Série 2: 140; 180; 225; 280; 355; 450
Parafuso sem-fim
Parafuso sem-fim de Arquímedes (tipo ZA) (figuras 3 a e 1.37) - Tem a aspecto de uma
hélice na qual a configuração do perfil (trapézio) na secção axial do parafuso é rectilínea. O
ângulo do trapézio simétrico é definido pelo ângulo de pressão axial αx. Na secção transversal do
parafuso, os filetes têm a forma de uma espiral de Arquímedes. Estes parafusos sem-fim são
simples de fabricar, se não forem submetidos à rectificação. Podem ser produzidos por
torneamento com uma ferramenta de corte simples (figura 1.38), para ângulos de subida da
hélice entre 10 e 15º. Por isso, têm vasta utilização em transmissões de baixa velocidade e pouco
sobrecarregadas. Para a rectificação dos parafusos sem-fim de Arquímedes é necessária uma mó
de configuração complexa, na sua secção axial. Este factor limita a sua utilização.
Se a rectificação dos parafusos sem-fim com perfil de convolução for feita com um disco
cónico (figura 4.4.27 – b)) com geratriz rectilínea numa rectificadora vulgar, geram-se
Parafusos sem-fim não raiados ou parafusos sem-fim com flancos abaulados (tipo ZK)
(figura 1.40) - Estes parafusos são fabricados com uma ferramenta cortante (fresa) que tem a
forma de um disco, podendo ser rectificado com uma mó de perfil similar. O eixo de rotação da
ferramenta é inclinado em relação ao eixo do parafuso no valor do ângulo de subida da hélice. O
perfil normal da hélice assim gerada é ligeiramente côncavo e esta concavidade é tanto maior
quanto maior for o diâmetro da ferramenta cortante.
Figura 1.40: Fresagem e rectificação do perfil do parafuso sem-fim com flancos abaulados (ZK)
a) b)
Figura 1.41: Perfil do parafuso sem-fim de evolvente (ZI) e sua produção
Figura 138: Comparação das posições de ferrmentas para o torneamento dos perfis ZA, ZN e ZI
A roda-coroa é talhada por fresas sem-fim cujas arestas cortantes, ao girarem, formam
trajectórias idênticas às das espiras de um parafuso sem-fim. Como forma de reduzir a
diversidade de ferramentas cortantes, a razão entre o diâmetro e o módulo do parafuso sem-fim,
com a designação “coeficiente de diâmetro”, também é um parâmetro normalizado:
d1
q= (psf 2)
m
z1 Recomendação
1 para i ≥ 30
2 para i = 15…30
4 para i = 8…15
p z1 p ⋅ z1 m ⋅ z1 m ⋅ z1 z1
tgγ = = = = = (psf 3)
π ⋅ d1 π ⋅ d1 d1 m⋅q q
*
onde o coeficiente de altura da cabeça é ha1 =1 e o coeficiente de altura do pé é h *f 1 = 1,2
para os parafusos sem-fim de Arquímedes, de convolução e não raiados; para os parafusos sem-
fim de evolvente h *f 1 = 1 + 0,2⋅Y. (Y é a compensação do deslocamento, ao qual se dará o valor
1, na presente abordagem)
Os diâmetros de crista (externo ou de cabeça) da1 e de raiz (ou de fundo) df1 são dados
por:
Roda-coroa
O número mínimo de dentes da roda-coroa z2min nas transmissões cinemáticas auxiliares que têm
um parafuso sem-fim de uma entrada é z2min = 17…18; nas transmissões sobrecarregadas z2min =
26…28. Para as transmissões sobrecarregadas o número óptimo é z2opt = 32…63 (não mais que
80). Nos accionamentos de mesa de grande diâmetro z2 atinge 200…300, e em casos particulares
chega a 1000. Para casos vulgares recomenda-se z2min = 28. É importante notar que quanto
maior for z2 maior deverá ser o coeficiente de diâmetro pois uma roda-coroa maior implica uma
maior distância entre os apoios do parafuso sem-fim, ou seja, implica a redução da rigidez do
parafuso sem-fim.
d2 = m⋅z2 (psf 7)
Os diâmetros externo da2 e interno df2 na secção média da coroa, em transmissões sem
deslocamento do parafuso sem-fim, são:
Nas transmissões em que o número de entradas do parafuso sem-fim é igual a 2 (ou mais)
há mais eficiência no engrenamento do que nas transmissões em que o parafuso sem-fim tem
apenas uma entrada. Por esta razão, o diâmetro externo e a largura da roda-coroa podem ser
menores, para os mesmos valores de d2, da2, e m. O diâmetro máximo da roda-coroa calcula-se,
então, pela fórmula:
A largura da roda-coroa b2 é:
b2 b2
senδ = ou seja δ = arcsen (psf 9)
d a1 − 0,5 ⋅ m d a1 − 0,5 ⋅ m
Quando conjugada com o parafuso sem-fim, a roda-coroa confere uma distância entre
eixos também designada distância interaxial. Em geral, a distância interaxial duma transmissão
designa-se aw e, para uma transmissão sem deslocamento, designa-se por a. Neste caso, é igual à
soma das metades dos diâmetros primitivo de referência do parafuso sem-fim e da roda-coroa:
d1 + d 2 m
a= = ⋅ ( q + z2 ) (psf 10)
2 2
Precisão de fabricação
Tabela 9.2
Classe de Velocidade
precisão de
Tratamento Aplicações
não deslizament
inferior a o vs, em m/s
Parafuso sem-fim temperado, Transmissões com alta
rectificado e polido. Coroa velocidade e baixo ruido,
7ª ≤ 10
maquinada com uma fresa de com grandes exigências nas
parafuso rectificada dimensões de gabarito.
aw = a + m⋅x ou
(psf 11)
aw = 0,5⋅m (q+z2+2⋅x)
aw − a aw
x= = − 0,5 ⋅ (q + z 2 ) (psf 12)
m m
Escolhe-se nos limites ±0,7 (em casos raros ±1,0). Empregam-se, de preferência, deslocamentos
positivos, os quais permitem também o aumento da resistência dos dentes da roda-coroa.
A fresagem da roda-coroa para transmissões com deslocamento do parafuso sem-fim é
feita pela mesma ferramenta que se usa para transmissões sem deslocamento.
Os parâmetros do parafuso sem-fim na transmissão com ou sem deslocamento são os
mesmos, à excepção (notória) do comprimento da parte roscada do parafuso sem-fim (b1). Para
além deste parâmetro, varia também um parâmetro de cálculo não cotado nos desenhos de
fabricação: o diâmetro do cilindro primitivo (ou diâmetro primitivo) de funcionamento:
O ângulo de elevação (ou subida) da linha dos filetes do parafuso sem-fim sobre o
cilindro primitivo de funcionamento γw (ângulo de elevação primitivo) é dado por:
z1
tgγ w = (psf 14)
q + 2⋅ x
- para transmissões com parafuso sem-fim dos tipos ZA, ZN, ZK:
v1
vs = ou por v s = v12 + v 22 (psf 18)
cos γ w
onde:
π ⋅ d w1 ⋅ n1
v1 = (psf 19)
60 ⋅ 1000
v 2 = v1 ⋅ tgγ w
4,5 ⋅ n1 3
vs ≈ ⋅ T2 (psf 20)
10 4
onde:
Figura 9.8: Ângulo ψ entre a velocidade de Figura 9.9 Linhas de contacto (1,2,3) e
deslizamento vs e a linha de contacto, velocidades de deslizamento vs entre o
para formação da cunha lubrificante parafuso sem-fim e a roda-coroa
O valor de η cresce com o aumento inicial do ângulo de subida da rosca γw até se atingir
o valor γw = 45º - ϕ’/2, que corresponde ao valor máximo de ηeng. Com o aumento subsequente
do ângulo de subida o rendimento ηeng começa a decrescer . Isto pode ser demonstrado igualando
dηeng
a primeira derivada do rendimento a zero e verificando o sinal da segunda derivada.
dγ w
Nos (raros) casos em que o movimento é transmitido a partir da roda-coroa para o
parafuso, o rendimento pode ser expresso por:
tg (γ w − ϕ ′ )
ηeng =
tgγ w
Desta fórmula é evidente que para γw ≤ ϕ’ tem-se ηeng = 0, o que corresponde a uma
transmissão auto-frenada.
Em geral, as transmissões por parafuso sem-fim têm ângulos de subida até 27º e, visto
que na zona de ângulos de subida com maiores valores o rendimento varia pouco, os valores
grandes de ângulos de subida são utilizados em parafusos sem-fim de quatro entradas, que têm
baixos valores de relação de transmissão e são mais difíceis de fabricar.
Os coeficientes de atrito e os respectivos ângulos de atrito reduzem consideravelmente
com o aumento da velocidade de deslizamento. Este fenómeno está associado à formação da
cunha lubrificante na zona de engrenamento. Os valores mínimos dos ângulos e coeficientes de
atrito correspondem a parafusos sem-fim rectificados e polidos, que funcionam em condições de
lubrificação abundante. Para transmissões de parafuso sem-fim de aço e rodas-coroas de
ferro-fundido o coeficiente de atrito é cerca de 60% maior.
i
ηeng ≈ 0,9 ⋅ 1 − (psf 23)
200
z1 η
1 0,7...0,75
2 0,75...0,82
4 0,87...0,92
Forças no engrenamento
2 ⋅ T2
Ft 2 = Fa1 = (psf 24)
d2
2) Força tangencial no parafuso sem-fim, que é igual à força axial na roda-coroa e é determinada
por:
2 ⋅ T1 2 ⋅ T2
Ft1 = Fa 2 = = (psf 25) ♣
d1 d1 ⋅ i ⋅ ηeng
3) Força radial comum ao parafuso sem-fim e à coroa, que tende provocar o afastamento entre
estes:
Ft 2 ⋅ tgα x
(mais exactamente, Fr = )
cos γ
4) Força normal:
Ft 2
Fn = (psf 26*)
cos α ⋅ cos γ
6 - Materiais
No engrenamento do parafuso sem-fim com a coroa existem zonas com condições de
deslizamento indesejáveis, tal como foi analisado. Para além disso, o contacto do par piora com a
deformação do parafuso sem-fim. A produção de ambos os elementos do engrenamento
(parafuso sem-fim e roda-coroa) com materiais duros não dá resultados positivos. Por isso, em
geral, a roda-coroa é feita de materiais antifricção relativamente macios.
Os materiais para o par parafuso sem-fim/roda-coroa, tendo em vista os tipos de ruptura e
defeitos dos dentes, devem ter boa resistência ao desgaste, ter pouca tendência à gripagem, ser
facilmente trabalháveis, ter baixo coeficiente de atrito e possuir alta condutividade térmica, para
além de um baixo coeficiente de atrito.
Os parafusos sem-fim podem ser feitos com muitas marcas de aços ao carbono ou
ligados. Os parafusos sem-fim para transmissões carregadas são fabricados de aço tratado
termicamente para uma dureza considerável. Os parafusos sem-fim de aços cementados têm a
melhor resistência e estabilidade. Usam-se aços com baixo teor de carbono. Utiliza-se, de
preferência, o aço 18XΓT mas também se usam as seguintes marcas de aços: 20X, 12XH3A,
15XΦ, que têm uma dureza equivalente a HRC 56... HRC 63.
Em geral, utilizam-se parafusos sem-fim dos aços 40X, 40XH e 35XΓCA, que depois da
têmpera superficial ou completa atingem durezas equivalentes a HRC 45 ... HRC 55. Nestes
casos, o parafuso sem-fim é rectificado e polido.
Os parafusos feitos dos aços azotados (38X2M A, 38X2 e outros) só requerem
polimento (sem rectificação). [+p93/94 manual do projecto]
Os parafusos sem-fim submetidos ao melhoramento utilizam-se em vez dos parafusos
sem-fim temperados quando há limitações tecnológicas (ausência de equipamento para
rectificação dos parafusos sem-fim) ou quando há necessidade de amaciamento tanto do parafuso
sem-fim como da roda-coroa. Para além disso, os parafusos sem-fim submetidos à normalização
e ao melhoramento utilizam-se em transmissões pouco carregadas e em transmissões auxiliares
com baixas rotações. Para transmissões com rodas-coroas de grandes diâmetros é possível
fabricar parafusos sem-fim de bronze, o que permite o fabrico de rodas-coroas de ferro fundido.
As tensões admissíveis para os materiais são achadas de diversas maneiras. Adiante, dão-
se algumas recomendações para as marcas dos materiais da tabela acima.
[σH] ≈ (0,85…0,9)⋅σr - com parafuso sem-fim rectificado e polido, com dureza superior
a HRC45;
[σH] ≈ Cv⋅0,75⋅σr - se não se verificarem as condições acima indicadas para o parafuso;
[σH] ≈ (300 … 275) - 25⋅vs , em MPa – para parafuso sem-fim rectificado e polido, com
dureza ≥ HRC45.
Tal como foi antes referido, a velocidade de deslizamento, em m/s, pode ser avaliada por :
4,5 ⋅ n1 3
vs ≈ ⋅ T2
10 4
7 - Cálculos de resistência
As transmissões de parafuso sem-fim são calculadas tanto pelo critério de resistência à
fadiga como pela resistência estática. Estes cálculos são feitos utilizando tensões de contacto e de
flexão. Em geral, as tensões de flexão não são usadas para o cálculo projectivo, mas para o
cálculo testador. Os cálculos de resistência à flexão são utilizados sobretudo para rodas-coroas
com um grande número de dentes (acima de 90 … 100 dentes) e para transmissões com
accionamento manual. Os cálculos de resistência à fadiga por contacto e à gripagem são de
extrema importância. O cálculo de resistência ao desgaste faz-se em simultâneo com estes
cálculos.
As condições de engrenamento e a capacidade de sustentação das transmissões com
parafusos sem-fim cilíndricos de diferentes tipos são bàsicamente semelhantes, especialmente
quando o número de filetes do parafuso sem-fim é pequeno. Por isso, os cálculos realizados para
2 ⋅δ
b2 ≈ π ⋅ d w1 ⋅ (δ em graus)
360°
ou (psf 27)
2 ⋅δ ′
b2 ≈ π ⋅ d w1 ⋅ = d w1 ⋅ δ ' (δ'em radianos)
2 ⋅π
Por analogia às transmissões dentadas, o comprimento total das linhas de contacto é:
b2 ⋅ ε α ⋅ ξ d w1 ⋅ δ ′ ⋅ ε α ⋅ ξ
lΣ = = (psf 28)
cos γ w cos γ w
1,3 ⋅ d w1 ⋅
lΣ = (psf 29)
cos γ w
A carga normal específica nas linhas de contacto é determinada por (juntando as fórmulas
psf 26*, 28 e 24):
Fn ⋅ K Ft 2 ⋅ K 2 ⋅ T2 ⋅ K
qn = = = (psf 30-1)
lΣ l Σ ⋅ cos α n ⋅ cos γ w d 2 ⋅ d 1 ⋅ δ '⋅ε α ⋅ ξ ⋅ cos α n
onde:
2 ⋅ T2
- Ft 2 = (psf 24) - é a força tangencial na roda-coroa;
d2
- K - é um coeficiente de carga de cálculo, abordado adiante.
Ered
σ H = 0,418 ⋅ qn ⋅ (psf 31)
ρred
onde:
- Ered - é o módulo de elasticidade reduzido:
2 ⋅ E2 ⋅ E2
Ered = (psf 32)
E1 + E2
- E1 e E2 - módulos de elasticidade do parafuso sem-fim e roda-coroa, respectivamente.
ρred - é o raio de curvatura reduzido; para transmissões de parafuso sem-fim de
Arquímedes (com flancos rectos) o raio de curvatura tem uma particularidade derivada do facto
do raio de curvatura do flanco ser infinito, ou seja: ρ1 = ∞; por isso, a fórmula para o raio
1 1 1
reduzido de curvatura das superfícies conjugadas dado por = + fica praticamente
ρred ρ1 ρ2
1 1 21
= e recordando que = (fórmula 9 das transmissões por engrenagens) e
ρred ρ2 ρ 2 d w2 ⋅ senα n
que para rodas dentadas helicoidais, em vez do diâmetro d usa-se o diâmetro da roda virtual
d
dv = (onde, no lugar de β pode-se usar o ângulo de elevação da rosca pois β = γw)
cos2 β
obtém-se:
1 2 ⋅ cos 2 γ w d w 2 ⋅ senα n
= ou seja, ρ2 = (psf 33)
ρ2 d w2 ⋅ senα n 2 ⋅ cos 2 γ w
E red ⋅ T2 ⋅ K H ⋅ cos 2 γ w
σ H = 1,18 ⋅ ≤ [σ H ] (psf 34-1)
d w2 2 ⋅ d w1 ⋅ δ '
⋅ε α ⋅ ξ ⋅ sen(2 ⋅ α n )
2 ⋅ aw
d2 = m⋅z2 (psf 7); d1 = m⋅(q + 2⋅x) (psf 13); m = (psf 11);
z2 + q + 2 ⋅ x
e que:
αn= 20°; γw=10°; E1 = Eaço = 2,15⋅105 MPa; E2 = 0,9⋅105 MPa (para bronze ou ferro-
fundido); q1 = q + 2⋅x o que resulta em:
3
5300 z2 / q1 + 1
σH = ⋅ ⋅ T2 ⋅ K H ≤ [σ H ] (T2 - expresso em N⋅m) (psf 34-2)
z2 / q1 aw
15000 T2 ⋅ K H
σH = ⋅ ≤ [σ H ] (psf 35)
d w2 d w1
Ered ⋅ T2
d 2 = 1,25 ⋅ 3 (psf 36-1)
[σ ]H
2
⋅ (q / z2 )
q
e para a w = 0,5 ⋅ d 2 ⋅ ( + 1) pode-se reescrever a fórmula (36-1) como:
z2
q Ered ⋅ T2
a w = 0,625 ⋅ +1 ⋅3 (psf 36-2)
z2 [σ H ]2 ⋅ (q / z2 )
Nestas fórmulas o torque na roda-coroa T2 é expresso em N⋅mm.
Da fórmula aproximada (psf 34-2) pode-se deduzir uma expressão para o cálculo
projectivo, sendo T2 expresso em N⋅m:
T2 ⋅ KH
aw ≈ 610 ⋅ 3 (psf 36-4)
[σ ]H
2
O cálculo da resistência à flexão é feito para a roda-coroa visto que, quando comparados
com os dentes da roda-coroa, os filetes do parafuso sem-fim são suficientemente resistentes,
tanto em termos de forma como em termos de material.
O cálculo é análogo ao cálculo da resistência dos dentes das rodas dentadas cilíndricas
com dentes helicoidais. Porém, importa notar que os dentes das rodas-coroas são
aproximadamente 20 … 40% mais resistentes que os dentes das rodas dentadas helicoidais. Este
aumento de resistência deve-se à forma arqueada dos dentes e ao deslocamento natural que se
verifica em todas as secções excepto na secção mediana da roda-coroa. Assim, a tensão de flexão
pode ser determinada utilizando a seguinte expressão:
YF ⋅ zFβ ⋅ Ft ⋅ K F
σF = ≤ [σ F ]
bw ⋅ mn
onde, da fórmula original para rodas dentadas cilíndricas com dentes helicoidais:
K Fα ⋅ Yβ
zFβ = - coeficiente de aumento da resistência dos dentes inclinados à flexão
εα
(fórmula TE 34).
Como para dentes com bom amaciamento podem-se arbitrar os valores KFα = 1 e Yβ = 1,
o coeficiente de aumento da resistência dos dentes da roda-coroa fica:
1 1
z Fβ = = = 0,7
εα ⋅ ξ 1,9 ⋅ 0,75
onde se introduziu o coeficiente ξ = 0,75 que considera a redução da zona de contacto devido ao
facto deste contacto não se verificar ao longo de todo o arco de abraçamento teórico. Desta
forma, a tensão de flexão é expressa por:
z2
zv = (recorde-se que βcoroa= γparafuso)
cos 3 γ w
zv 20 24 26 28 30 32 35 37
YF 1,98 1,88 1,85 1,80 1,76 1,71 1,64 1,61
T2 max
σ H max = σ H ⋅ ≤ [σ H max ]
T2
T2 max
σ F max = σ F ⋅
T2
[
≤ σ F max ]
KH = KF = Kv⋅Kβ
onde:
Kv - é o coeficiente de carga dinâmica;
Kβ - é o coeficiente de concentração de carga.
Uma vez que as transmissões por parafuso sem-fim têm a qualidade de serem suaves e
funcionarem sem ruidos, as cargas dinâmicas que se verificam são tipicamente baixas. Se a
precisão de fabricação for suficientemente alta e para velocidade da roda-coroa vs2 ≤ 3 m/s pode-
se usar o valor Kv ≈ 1; para vs2 > 3 m/s usa-se Kv = 1 … 1,3.
Dado que o amaciamento dos materiais do par parafuso sem-fim/coroa é bom, a
irregularidade da caga ao longo das linhas de contacto é diminuta. Assim, para carga externa
constante adopta-se Kβ = 1 e para carga variável adopta-se Kβ = 1,05 … 1,2. Os maiores valores
de Kβ são para pequenos valores do coeficiente de diâmetro "q" e grandes valores de z2.
8 - Cálculo térmico
Cálculo térmico e refrigeração das transmissões por parafuso sem-fim
onde:
P1 - é a potência no veio motor da transmissão, em kW;
η - e o rendimento mecânico da transmissão.
O calor dissipado para o meio-ambiente sai pela superfície livre do corpo da transmissão
para o ar circundante e também para o fundamento, podendo ser expresso por:
Φ1 = K ⋅ (t1 − t0 ) ⋅ A
onde:
K - é um coeficiente térmico (de troca de calor), em W/(m2⋅°C); considera todos os tipos
de troca de calor entre o interior da transmissão e o meio ambiente;
Quando a área do corpo em contacto com o fundamento é considerada, a área total pode
ser expressa por A⋅(1+ϕ), onde ϕ é um coeficiente que pode assumir valores até 0,3 se a
transmissão estiver montada numa base grande em fundamento metálico. Se o corpo estiver
montada em betão adopta-se ϕ ≈ 0, devido à fraca capacidade de condução de calor do betão.
A área de refrigeração pode ser avaliada utilizando a expressão:
A ≈ 20 ⋅ aw1,7
Nesta expressão, considera-se que cerca de 50% da área é formada por nervuras (ou
aletas) de refrigeração. Na mesma expressão, a área A é expressa em m2 se a distância interaxial
aw for expressa em m.
Para muitos redutores a temperatura admissível t1max do óleo é de cerca de 60 … 70 °C,
sendo a máxima próxima de 85, 90 ou 95°C. Porém, para aviação toleram-se temperaturas até
t1 = 100…120°C. O limite é função do tipo de óleo e sua aplicação.
Quando a transmissão não tem ventilação e é montada em corpo fechado e pequeno, com
pouca agitação do óleo, pode-se adoptar o valor do coeficiente de troca de calor K ≈ 8 … 10
W/(m2⋅°C) e para instalação com agitação e ventilação intensiva toma-se K ≈ 14 … 17
W/(m2⋅°C). O valor de K diminui se o corpo da transmissão estiver sujo ou poluido.
O calor gerado na transmissão não pode ser superior ao calor dissipável à temperatura
máxima admissível do óleo, ou seja:
([ ] )
Φ ≤ Φ1 max = K ⋅ t1 max − t0 ⋅ A
onde:
[t1max] - é a temperatura máxima admissível do óleo
A - é a área total disponível para a troca de calor.
P1 (1 − η ) ⋅ 103 = K ⋅ (t1 − t 0 ) ⋅ A
P1 ⋅ (1 − η ) ⋅ 103
t oleo = t1 = t 0 +
K⋅ A
t func
Φ med = P1 (1 − η) ⋅ 103 ⋅
ttotal
onde tfun e ttotal são os tempos de funcionamento e o tempo total (tfunc+tinvervalos), respectivamente.
Quando a refrigeração é natural e quando se usa ventilação ou serpentina de água no
cárter, a lubrificação é feita por mergulho de um dos elementos do par em engrenamento (figura
9.10 a), b)) podendo ser o elemento motor ou o movido. A profundidade de mergulho é limitada
à altura do dente, em transmissões de alta velocidade, e não deve ultrapassar 1/3 do raio em
transmissões de baixa velocidade. Esta medida visa a redução das perdas de energia por
chapinhagem. Recomenda-se o uso de óleo de boa qualidade, na proporção de 0,35 … 0,7 l/kW
de potência a transmitir.
A lubrificação circulante usa uma bomba com radiador e filtro, permitindo velocidades
v≥12 … 15 m/s.
A sequência de cálculo para a projecção da transmissão pode ter variantes, mas o objectivo da
mesma é coleccionar valores das variáveis que constam nas fórmulas para o cálculo projectivo
(por exemplo, psf 36-2) e depois executa os cálculos testadores. Uma das variantes de sequência
de cálculo pode ser:
Após a escolha do número de entradas calcula-se o número de dentes da roda coroa usando a
fórmula (psf 1). Este é apenas um valor calculado, z2´= z1⋅i. . O valor deve ser arredondado para
um número inteiro e comparado com o valor mínimo recomendado: z2min = 28.
2. Determinam-se os momentos torsores no parafuso sem-fim e na roda coroa:
P1 P1 P P ⋅ η P1 ⋅ η ⋅ i
T1 = = ; T2 = 2 = 1 = = T1 ⋅ i ⋅ η
ω1 2 ⋅ π ⋅ n1 ω2 ω2 ω1
60
3. Determina-se o valor estimado da velocidade de deslizamento em m/s, usando a fórmula
(psf 20), onde T2 é expresso em N⋅m:
4,5 ⋅ n1 3
vs ≈ ⋅ T2
10 4
q E red ⋅ T2
a ´w = 0,625 ⋅ +1 ⋅ 3 (o apóstrofe indica valor de cálculo)
z2 [σ H ]2 ⋅ (q / z 2 )
Este valor é arredondado para um valor normalizado aw.
2 ⋅ aw
m′ =
q + z2
Este valor é arredondado para um módulo normalizado. Depois da normalização
calcula-se o coeficiente de deslocamento:
aw
x′ = − 0,5 ⋅ (q + z 2 )
m
d1
q= (psf 2) e d2 = m⋅z2 (psf 7)
m
v1 π ⋅ d w1 ⋅ n1 z1 z1
vs = onde v1 = (psf 19); γ = arctg ou γ w = arctg
cos γ w 60 ⋅ 1000 q q + 2⋅ x
E red ⋅ T2 ⋅ K H ⋅ cos 2 γ w
σ H = 1,18 ⋅
d w2 2 ⋅ d w1 ⋅ δ '
⋅ε α ⋅ ξ ⋅ sen(2 ⋅ α w )
2 ⋅ T2
Ft 2 = ; KF = KH ; mn = m⋅ cos γ ;
d2
b2 ≤ y ⋅ da1 onde: y = 0,75 – para z1 = 1 ou 2 ; y = 0,67 – para z1 = 4.
O valor de b2 pode ser arredondado consoante os valores das tensões reais de contacto σH.
da2 = d1 + 2 ⋅ ha1 = d1 + 2 ⋅ m
z2
zv = (para escolher YF )
cos 3 γ w
• para o parafuso-sem-fim:
• para a roda-coroa:
Resolução (pretende-se utilizar a fórmula 36-2 para determinar a distância interaxial e depois
realiza-se o cálculo térmico)
1. Das recomendações, escolhe-se o número de entradas do parafuso sem fim: z1=2 (para
i=20)
Calcula-se z ′2 = z1 ⋅ i = 2 ⋅ 20 = 40 > z 2 min = 28
4,5 ⋅ 10 3
T1 = = 45 ⋅ 10 3 N ⋅ m
100
T2 = T1 ⋅ i ⋅η
η = 0,80 (das recomendações, para z1=2) ou fórmula (psf23)
T2 = 45 ⋅ 20 ⋅ 0.80 = 720 N ⋅ m = 720 ⋅10 3 N ⋅ mm
z2 40
8. Faz-se o calculo testador as tensões de contacto usando a fórmula (psf. 34). Para tem-se
δ = 50 0 → δ ′ = 0,8727rad (recomendação geral).
O valor de ε α acha-se da fórmula:
π ⋅ d 2 ⋅ n2 π ⋅ d 2 ⋅ n1 π ⋅ 245,7 ⋅ 960 m
constante K β = 1 uma vez que v 2 = = = ≈ 0,63 então o
60000 60000 ⋅ i 60000 ⋅19,5 s
coeficiente K v = 1 , o que dá K H = K β ⋅ K v = 1
K F = K H = 1;
z2 39
zv = = = 40,5 ≈ 40 dentes
cos γ
3
cos 3 9 0 5′
10. Calcula-se o valor exacto rendimento pela fórmula (psf. 21). Para tal, da tabela extrai-se o
valor do coeficiente de atrito e ângulo de atrito, para v s = 4 m / s tem-se:
6⋅m 6 ⋅ 6,3
d aM 2 ≤ d a 2 + = 253,85 + = 263,3 mm
z1 + 2 2+2
então:
Como Φ > Φ1max o calor gerado na transmissão não pode ser dissipado por convecção
natural, ou seja, se não se tomassem providências, o óleo aqueceria acima de tmax. Por esta razão,
tentar-se-á mudar o tipo de refrigeração , adoptando-se um ambiente com ventilação intensiva,
W W
para o qual K aumenta para valores 14.......17 . Adopta-se K = 14 2 0 e recalcula-se:
m ⋅ C
2 0
m ⋅ C
Φ 1 max = 14 ⋅ 0,887 ⋅ (90 − 40) = 621W
Este valor ainda é insuficiente para garantir t1 < t1 max , apesar de estar proximo de φ . É possível
aumentar o valor de K por meio de montagem de um ventilador directamente sobre o parafuso
sem-fim (fig. 9.10-a), o que pode conferir valores de K entre 20 ...28 W/m2⋅ºC. Adoptando o
valor K = 20 W/m2⋅ºC tem-se:
Φ 1 max = 20 ⋅ 0,887 ⋅ (90 − 40) = 887 W , o que é satisfatório pois Φ1 max > Φ .
A temperatura do óleo pode ser avaliada por:
P1 ⋅ (1 − η ) Φ 675
t oleo = t1 = t 0 + = t0 + = 40 + ≈ 78 0 C < [t1 max ] = 90 0 C
K⋅A K⋅A 20 ⋅ 0,887
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