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Mancala: no berço do mundo também tem jogo

PROBLEMATIZAÇÃO
Quando você pensa em África, o que lhe vem à cabeça? Você já
se perguntou qual origem dos jogos que gostamos de praticar?
Dos que você conhece, algum deles veio da África? Os jogos
vindos do continente africano são conhecidos no Brasil?
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Imagem 1: Mapa África – fonte: Wikipédia.org.

HISTÓRIA DA CULTURA AFRICANA E AFROBRASILEIRA

Até pouco tempo atrás as pessoas não acreditavam que a África tivesse erguido
civilizações. Hoje, depois de muitos estudos sobre os Egípcios, sabemos que o continente
africano foi o berço da raça humana e lugar das primeiras expressões culturais (LOPES,
2008).
A partir dos chamados Grandes Descobrimentos como, por exemplo, o do Brasil é
que as grandes transformações no continente africano passaram a ocorrer. Esses
eventos trazem como consequência o empobrecimento da África com a dispersão de
seus trabalhadores, recentemente capturados por europeus para serem escravizados nos
novos empreendimentos dos mesmos (LOPES, 2008).
No Brasil o período da escravidão foi seguido de preconceito contra os povos
africanos e descendentes afrobrasileiros. Mas, hoje podemos reconhecer suas
contribuições na construção da sociedade brasileira. Sua cultura, fruto do trabalho e da
experiência em suas terras, misturou-se as novas necessidades de sua vida no Brasil,
constituindo no país uma identidade nacional miscigenada com o forte traço africano.
Além da importante colaboração na culinária, na linguagem, na dança, na religião,
na música e outras artes, a contribuição da África para a cultura material brasileira
também se deu no campo das técnicas de trabalho. A mineração e as primeiras indústrias
de preparo do ferro no Brasil, por exemplo, foram aprendidas com os africanos. Os
africanos também demonstravam a sabedoria de conhecimentos sobre a criação de gado,
a fabricação de tecidos partindo de fibras vegetais, sobre preparação de couro e até
mesmo em relação às observações astronômicas (LOPES, 2008).
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JOGOS AFRICANOS

Agora que identificamos ou relembramos algumas contribuições africanas na


identidade cultural de nosso país, vamos exercitar nossa reflexão sobre a contribuição
africana nos jogos e nas brincadeiras que conhecemos. Você seria capaz de relatar
algum jogo de origem africana que costumamos praticar? E quanto aos jogos
afrodescendentes? Mancala, Sey, Alberque, Yoté, Senet, Seega: esses nomes lhe
sugerem alguma prática?

MANCALA

Muitas das práticas corporais que conhecemos durante as aulas de Educação


Física estão ligadas às atividades vitais dos seres humanos. Vamos pensar
especialmente no trabalho humano. O trabalho, é a forma com a qual os seres humanos
transformam a natureza, modificam-na para aproveitar o que ela oferece e garantir nossa
sobrevivência (MARX, 2003).
Algumas danças, por exemplo, estão relacionadas às atividades do trabalho
humano, como é o caso da ciranda pernambucana. Essa dança é muito praticada no
litoral brasileiro, pelas comunidades de pescadores, especialmente por mulheres e
crianças. Na ciranda, as “cirandeiras” entoam cantos que retratam a história do trabalho
dos pescadores e com seus movimentos simulam o movimento do mar.

Outro exemplo de dança relacionada ao trabalho é a chamada “quadrilha” das


festas juninas. Nessa dança fica fácil de perceber, por exemplo, quem são os
seus atores. Os trabalhadores do campo são quem, no caminho da roça,
enfrentam a chuva, as pontes, os animais perigosos. Também parece ser
dançada em junho por ser tempo das comemorações das colheitas,
especialmente de milho, dada nessa época (TAFFAREL et al., 2007).

O jogo de MANCALA também esta nesse grupo de atividades que retratam o


trabalho humano. Ele está relacionado com a semeadura, ele simula o ato de semear e a
germinação das sementes na terra, seu desenvolvimento e a colheita (KLISYS e
FONSECA, 2008). Existem cerca de 200 variações de regras desse tipo de jogo.

Mancala, portanto, é mais uma família de jogos, que propriamente apenas um jogo.
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Imagem 2: Crianças jogando Mancala – fonte: Travelpod.com.

O jogo tem origem no Egito, no continente africano, há cerca de 7000 anos. Do vale
do Rio Nilo se espalhou por toda África. No início, o jogo era praticado diretamente no
chão e suas cavidades eram feitas na terra ou na areia. Depois é que foram construídos
os tabuleiros portáteis, nos mais diversos materiais como madeira, marfim, bronze e
outros.
A palavra mancala se origina do árabe nagaala que
Geralmente, o tabuleiro apresenta
significa “mover”. O movimento das sementes pelo tabuleiro
duas filas com seis cavidades cada. Nelas
era associado ao movimentar das estrelas no céu e o
é que são depositadas as sementes e que tabuleiro simbolizava o Arco Sagrado.
são constantemente transferidas de lugar, Em seus primórdios, o mancala tinha um sentido

representando os movimentos de mágico, relacionado aos ritos sagrados. Em alguns lugares,


as partidas eram reservadas somente aos sacerdotes.
semeadura e colheita. Há outras duas
Hoje em dia, na maioria dos países, o jogo perdeu sua
cavidades representando os oásis, que são
característica religiosa. Entretanto, na Costa do Marfim, os
os espaços nos quais os jogadores Alladians ainda conservam esse sentido religioso. Acreditam
depositam as sementes capturadas durante por exemplo, que só é possível jogar mancala à luz do sol,

o jogo (KLISYS e FONSECA, 2008). pois à noite, seus tabuleiros são oferecidos para que os
deuses possam jogar (KLISYS e FONSECA, 2008).
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ALGUMAS IMAGENS

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Imagem 3: Jogo de mancala, Cabo Verde. Imagem 4: Jogo de mancala, Cabo Verde. Imagem 5: Jogo de mancala, Cabo Verde.
Fonte: arquivo pessoal de Rodrigo Navarro. Fonte: arquivo pessoal de Rodrigo Navarro. Fonte: arquivo pessoal de Rodrigo Navarro.

ATIVIDADE: VAMOS JOGAR?

 Material: tabuleiro e sementes.


 Jogadores: dois
 Objetivo: capturar o maior número de sementes do outro jogador.

REGRAS

Preparação: Distribuir TRÊS sementes em cada casa, exceto nos oásis. A plantação de
cada jogador é formada pelas SEIS cavidades na fileira da sua frente, e também pelo
oásis da sua direita. O oásis só poderá ser usado pelo seu próprio jogador. O tabuleiro
sempre anda no sentido anti-horário. As imagens são de elaboração própria. Verifique o
exemplo nelas:
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Como jogar: Escolha uma cavidade, retire TODAS as sementes e faça a plantação
distribuindo apenas UMA semente em cada uma das casas seguintes. Ao passar pelo seu
próprio oásis, deixe por lá uma semente. Você não poderá fazer o mesmo no oásis do seu
colega, somente poderá utilizar o seu. Caso sua ÚLTIMA semente caia no seu oásis, você
terá direito a jogar novamente. Caso contrário, passará a vez para o outro jogador.

Captura: Todas as vezes que a última semente parar em uma cavidade vazia (e não no
oásis), você poderá capturar todas as sementes que estiverem na casa da frente,
pertencente ao seu colega. Você deve depositá-las no seu oásis. Veja no exemplo abaixo:
as sementes “cinza” são a primeira jogada, e as “amarelas” a segunda, que será
responsável por colher todas as sementes da casa da frente, marcada em amarelo.

Final: O jogo acaba quando um dos jogadores não tiver mais sementes para colher ou
plantar, ou seja, quando uma pessoa está com todas as casas vazias na sua vez de jogar.
Vence quem tiver o maior número de sementes no seu oásis. Caso sobre alguma no
tabuleiro, não será contada.
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ATIVIDADE: VARIANDO O JOGO DE MANCALA

Como dito anteriormente são muitas variações de regras nos jogos de mancala.
Vamos sugerir duas novas formas. Procure experimentar as seguintes:

 Iniciar o jogo com quatro sementes em cada casa ao invés de três


 Jogar sem a utilização dos oásis, somente com a regra da captura

Agora que você já praticou em outras regras. Vamos fazer a seguinte


atividade: cada um dos jogadores inventará uma regra para ser experimentada. O
jogo deverá correr normalmente, seguindo dessa vez, duas regras a mais, uma
criada por cada jogador. Depois, apresentem à turma e a outras duplas, para que
todos possam também experimentar.

AS SEMENTES: O SÍMBOLO SAGRADO DA VIDA

Tradicionalmente as sementes utilizadas nas partidas de mancala pertencem à


árvore chamada BAOBÁ. São árvores sagradas, gigantescas, que chegam a atingir
TRINTA metros de altura e quase ONZE metros de largura. Elas crescem em regiões
secas e possuem capacidade de armazenar água no interior de seu tronco.

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Imagem 6: Adansonia digitata, Baobá, África. Imagem 7: Baobá, Recife, PE. Imagem 8: Baobá, Rio de Janeiro, RJ.
Fonte: Wikipedia.com. Fonte: Wikipedia.com Fonte: Wikipedia.com
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O Baobá é a árvore nacional de Madagascar e o emblema nacional do Senegal. Seus


frutos são chamados Mukuas. A Mukua tem no seu interior um miolo seco comestível
desfaz-se facilmente na boca e o seu sabor é agridoce, meio doce, meio ácido. É um fruto
rico em vitaminas e minerais. As sementes desse fruto, quando secas, são utilizadas para
os jogos de mancala.

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Imagem 9: Mukua, Fruto do Baobá. Imagem 10: Sementes de Baobá.
Fonte: Wikipedia.com Fonte: arquivo pessoal de Nilo Netto

CURIOSIDADE: A HISTÓRIA DO PEQUENO PRÍNCIPE

Você já deve ter ouvido falar na história do Pequeno Príncipe, romance do escritor
francês Antoine de Saint-Exupéry. Nela, o menino protagoniza uma preocupação curiosa,
pois vive em um pequeno asteróide que por sua vez, está infestado por sementes de
Baobá. Preocupado com o que poderia acontecer caso as árvores crescessem, o menino
se dedicava a podar os brotos da árvore, antes que estivessem adultas, quando seria
tarde demais...

ATIVIDADE: CONSTRUINDO SEU PRÓPRIO TABULEIRO

O objetivo dessa atividade é que cada estudante ou cada dupla de estudantes


construa um tabuleiro para o jogo de mancala. Já vimos anteriormente que no início,
bastaria que fossem cavadas algumas cavidades na terra ou areia, algumas sementes de
Baobá e estaria feita a brincadeira. É verdade que isso ainda possa ser feito atualmente e
seria igualmente divertido. Mas, nessa atividade, construiremos tabuleiros portáteis.
Abaixo, você poderá ver as imagens de um tabuleiro portátil trazido de Cabo Verde
pelo professor de Educação Física, Rodrigo Navarro. Confira as cavidades utilizadas para
o jogo e as duas sobressalentes em cada lado, que podem ser utilizadas como oásis. Não
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deixe de notar toda a estrutura, desde o trabalho na madeira na parte externa, até os
fechos do tabuleiro para ser transportado.

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Imagem 11: Tabuleiro de mancala Imagem 12: Tabuleiro de mancala Imagem 13: Tabuleiro de mancala
Fonte: arquivo pessoal de Rodrigo Navarro. Fonte: arquivo pessoal de Rodrigo Navarro. Fonte: arquivo pessoal de Rodrigo Navarro.

PESQUISA

Antes de iniciarmos a construção de nossos tabuleiros, vamos fazer uma busca


pela internet. Acesse algum site de busca que seja capaz de selecionar imagens, fotos e
ilustrações. Digite as palavras “mancala” ou “tabuleiro de mancala” e pesquise nos
resultados as diferentes formas que os tabuleiros podem assumir. Salve algumas mais
interessantes e imprima aquelas que podem lhe servir como inspiração.
Abaixo, selecionamos algumas imagens do livro de KLISYS e FONSECA (2008),
no qual os autores apresentam algumas fotografias de tabuleiros produzidos por alunos e
educadores que participam dos seus cursos sobre jogos.

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Imagem 14: Crianças jogando em tabuleiro alternativo
Fonte: KLISYS e FONSECA, 2008.
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Imagem 15: Tabuleiros alternativos de mancala
Fonte: KLISYS e FONSECA, 2008.

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Imagem 16: Tabuleiro alternativo de mancala
Fonte: KLISYS e FONSECA, 2008.
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MÃOS À OBRA

Agora que você já tem exemplos suficientes, vamos iniciar nossas obras. Lembre-
se de selecionar os materiais adequados, caixas de ovos ou maçãs, madeira, tintas,
plásticos, papelão, tesouras, colas e outros. Não se esqueça de selecionar boas
sementes para o jogo de mancala. Grão de bico e feijão cavalo são ótimas opções.

ATIVIDADE: MANCALA VIRTUAL

Outra possibilidade bem interessante de se jogar mancala é nas suas versões


virtuais espalhadas pela internet ou até mesmo pelos celulares. Nossa atividade de agora
será experimentar as versões da web sugeridas abaixo. É claro que se você encontrar
outras, fique a vontade para jogar. Todas as opções da lista que segue são diferentes.
Algumas oferecem possibilidade para dois jogadores, para jogar com alguém online ou
para jogar contra o computador. Aproveite:

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Imagem 17: Jogo online de mancala
Fonte: Jogajogos.com.

SITES

 http://www.jogajogos.com/content/view/1562/45
 http://rocketsnail.com/mancala/game.htm
 http://jogos-gratis-online.net/mancala
 http://mancalatime.com/mancala/index.php
 http://www.thekidzpage.com/freekidsgames/games/nggames/mancalagame2.html
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VAMOS CONHECER OUTROS JOGOS AFRICANOS?

ALBERQUE

O Alberque é um dos jogos mais antigos que se conhece. É jogado num tabuleiro
com quatro quadrados unidos, desenhados com um asterisco ao centro. O desenho do
seu tabuleiro foi gravado nos gigantescos blocos de pedra que formam as paredes do
tempo de Kurna, no Egito. O jogo se desenvolve com pinos, semelhantes ao “peão” do
jogo de xadrez. Na imagem abaixo podemos visualizar uma ilustração desse jogo
(EDITORA ABRIL, 1978).

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Imagem 18: Tabuleiro de Alberque
Fonte: ALLUÉ, 1998.

SEY

Uma antiga lenda da tribo Dogon, conta que no início do mundo, quando o céu e a
terra ainda estavam bem próximos, as mães colhiam estrelas para que seus filhos
brincassem. Essa lenda teria dado origem ao jogo milenar chamado Sey. Jogado até os
dias de hoje na África ocidental, o objetivo é esconder uma pedrinha chama “tibi”
confundindo o outro jogador, que deverá adivinhar em qual buraco ela está. Parece um
jogo simples, mas exige bastante habilidade e destreza (EDITORA ABRIL, 1978).
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Para jogar, os dois jogadores sentam ao chão de terra ou areia e traçam dois
círculos, um dentro do outro, deixando um bom espaço entre eles. Dividem-se os círculos
no meio e cada jogador será responsável por uma das metades, onde cavará três
buracos. Um dos jogadores esconde sua tibi em umas das mãos com bastante areia
solta. A seguir deixa cair um pouco de areia em cada buraco, devendo soltar a tibi em um
deles, fazendo com que ela permaneça escondida. Se o outro jogador acertar onde esta a
tibi, é sua vez de esconder, se não acertar, joga-se novamente, mas com o direito de
cavar mais um buraco. Quem completar sua metade do círculo primeiro vence o jogo.

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A imagem ao lado é de elaboração própria. Ela
representa o desenho de uma armação inicial para o
jogo de SEY.

YOTÉ

O Yoté é um jogo muito praticado nos países da África ocidental. Sua popularidade
é tamanha, pois todas as pessoas que desejarem, podem jogá-lo sem qualquer custo.
Basta que dois jogadores cavem 30 buracos, ou cavidades, dispostos em CINCO filas no
chão de areia ou terra, consigam DOZE pedrinhas e DOZE hastes de madeira e o jogo já
pode ser iniciado (EDITORA ABRIL, 1978).
Cada jogador escolhe a disposição das suas peças. A captura é feita saltando a
peça do adversário, algo semelhante ao jogo de damas, mas, a peça capturada pode ser
qualquer uma que esteja no tabuleiro, pertencente ao adversário. Isso desequilibra a
partida rapidamente e faz do Yoté um jogo emocionante (EDITORA ABRIL, 1978).

“Dizem que um bom jogador de Yoté é capaz de prever o


fim de um jogo, apenas pela distribuição das peças do
outro jogador, calculando seus possíveis movimentos”.
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PESQUISA: OUTROS JOGOS AFRICANOS

O objetivo de nossa pesquisa é basicamente encontrar outros jogos africanos que


não foram citados nesse capítulo, assim como conseguir mais informações sobre as
atividades que listamos. É também importante notarmos qual a quantidade e qualidade
das informações conseguidas sobre o tema “jogos africanos”, assim como a dificuldade
em encontrá-las.
Você poderá anotar, fotocopiar, salvar, imprimir, filmar, fotografar, enfim, utilizar
todos os recursos de registro possíveis para organizar as informações pesquisadas. A
síntese delas deverá ser exposta na atividade seguinte. Não deixe de pedir auxílio a
professora ou professor sempre que for necessário.

ROTEIRO DA PESQUISA

 Tema: jogos africanos


 Conteúdo: nome do jogo, país de origem, regras, como jogar, etc.
 Fontes: livros, revistas, internet
 Formas de registro: todas possíveis
 Dicas de jogos diferentes a pesquisar: “anel africano”, “senet” e “seega”.

ATIVIDADE: ELABORAÇÃO DE CARTAZ

O objetivo dessa atividade é utilizar todos os registros feitos na pesquisa anterior e


aglutiná-los na forma de um cartaz. Esse cartaz deve seguir a temática “África: no berço
do mundo também tem jogo” e deverá conter obrigatoriamente a explicação de pelo
menos um jogo africano encontrado na pesquisa, com imagens ou ilustrações. Os
cartazes serão expostos para as demais turmas e poderão ser confeccionados em
pequenos grupos.
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DEBATE: QUAL O ESPAÇO DA CULTURA AFRICANA?

Nas formações em roda, sentados a sombra dos sagrados Baobás é que muito da
história africana foi repassada aos seus descendentes. A memória, a oralidade, a
ancestralidade e a descendência são características marcantes na cultura africana.
Então a idéia agora é sentarmos num círculo em alguma das sombras da escola e
conversarmos um pouco sobre as nossas questões iniciais. Dos jogos que conhecíamos,
algum deles era oriundo da África? E agora que já passamos por uma sequência de
estudos, práticas, pesquisas? Conhecemos jogos africanos? Se existiam esses jogos,
porque não conhecíamos? Qual espaço da cultura africana no Brasil? Ela é valorizada?

PREPARAÇÃO

Antes de expormos as nossas idéias ao grupo, vamos preparar a apresentação


delas. Você deverá buscar responder as questões acima na forma de um pequeno texto
sobre o tema. Você terá um pequeno tempo para isso. Posteriormente, iniciaremos o
debate com o grupo inteiro, e para expressar suas idéias, poderás consultar a sua
produção textual.

ATIVIDADE FINAL: TEXTO SÍNTESE

Nessa atividade final devemos nos concentrar e nos esforçarmos para


relembrar todo o percurso de estudos que realizamos sobre os jogos
africanos. Podemos solicitar que o professor ou professora retome alguns
momentos em que restaram dúvidas. Assim, com a turma, refrescarmos a
memória de nosso aprendizado. Depois disso, individualmente, todos
produzirão um texto que sintetize todo esse processo, buscando detalhar todo
conteúdo que foi aprendido por você. Pronto! Agora basta entregar atividade e
partir para o próximo conteúdo...
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REFERÊNCIAS

ALLUÉ, Josep. O grande livro dos jogos. Editora Leitura, Belo Horizonte, 1998.

EDITORA ABRIL. Os Melhores Jogos do Mundo. Editora Abril, São Paulo, 1978

KLISYS, Adriana; FONSECA, Edi. Brincar e ler para viver: um guia para estruturação de
espaços educativos e incentivo ao lúdico e à leitura. Caleidoscópio, São Paulo, 2008.

LOPES, Nei. História e cultura africana e afro-brasileira. Barsa Planeta, São Paulo,
2008.

MARX, Karl. O capital. Crítica da economia política. Livro I. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 2003.

TAFFAREL, Celi. et al., A prática pedagógica da Educação Física no MST:


possibilidades de articulação entre teoria pedagógica, teoria do conhecimento e projeto
histórico. In: Rev. Bras. Cienc. Esporte, Campinas, v. 28, n. 2, p. 121-140, jan. 2007
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NRE: CURITIBA Município: CURITIBA
Autor: NILO SILVA PEREIRA NETTO E-mail: nilonetto@gmail.com

Escola: CE PAPA JOÃO PAULO I Fone: 41 - 88416167

Disciplina: EDUCAÇÃO FÍSICA Nível de Ensino: Fundamental

Conteúdo Estruturante: JOGOS E BRINCADEIRAS

Conteúdo Básico: JOGOS DE TABULEIRO

Conteúdo Específico: JOGOS AFRICANOS

Título: MANCALA: NO BERÇO DO MUNDO TAMBÉM TEM JOGO

Relação interdisciplinar: HISTÓRIA Colaborador: WILIAN CARLOS BARON

Colaborador da disciplina do autor: RODRIGO TRAMUTOLO NAVARRO


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PARECER EDUCAÇÃO FÍSICA:

O Projeto Folhas intitulado Mancala: no berço do mundo também tem jogo,


elaborado pelo professor Nilo Silva Pereira Netto, propõe o conhecimento de um jogo de
tabuleiro bastante relevante do ponto de vista histórico e social, na medida em que se
trata de uma prática corporal, como traz o próprio título do Folhas, nascida no berço da
civilização humana. Ainda, o material se faz importante na medida em que auxilia e
instrumentaliza os/as professores/as a „cumprirem‟ com a Lei 10.639/03.
O texto inicia chamando atenção para a necessidade de (re)conhecermos a África,
como o berço da civilização e, portanto, como influenciadora nas diferentes culturas de
outros continentes, dentre elas a cultura do jogo. Relaciona as práticas corporais
humanas, dentre elas o trabalho e as atividades lúdicas como a dança e o jogo, como
praticas construídas pela humanidade historicamente com objetivo de garantir sua
sobrevivência. Partindo dessa contextualização, apresenta especialmente os jogos da
família do Mancala, mas também outros jogos originários da África.
O formato do Folhas garante um caráter didático ao material. Estabelece relação
ainda com as Diretrizes Curriculares Estaduais de Educação Física, especialmente no
que diz respeito ao Encaminhamento Metodológico, pois parte de uma problematização
inicial, com um processo de instrumentalização a partir de um rico e denso conhecimento
sistematizado ao longo do texto, propostas de atividades visando ampliar a discussão, e
finaliza com uma proposta de atividade visando a síntese dos conhecimentos.
Oferece didaticamente subsídios os/as educandos/as compreenderem a prática do
jogo, bem como reconhecerem as múltiplas possibilidades de (re)construí-lo, no que diz
respeito as regras e ao próprio tabuleiro. Ainda, apresenta uma série de imagens que
contribuem didaticamente para compreensão do conteúdo. O Folhas está de acordo com
o formato solicitado no Manual Folhas.
Diante do supracitado, sou de parecer favorável a publicação do referido Folhas,
certo de que este material vem contribuir para o conhecimento não só do jogo Mancala,
mas também de aspectos históricos e culturais da sociedade de origem, a África.

Curitiba, 24 de abril de 2011


Rodrigo Tramutolo Navarro
RG : 6.103.609-1

PARECERISTA
NRE: Curitiba e-mail: digonavarro2@gmail.com
Professor: Rodrigo Tramutolo Navarro RG: 6103609-1
Escola: Professor Loureiro Fernandes Fone: 96017151
Disciplina: Educação Física Nível: Ensino Fundamental e Médio
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PARECER HISTÓRIA:

Mais do que auxiliar na implementação da Lei 10.639/03, recuperar a história de


um povo é um dever ético e moral. A recuperação da história do continente africano, ou
de sua dimensão afro-brasileira, vem sendo um dos grandes desafios do ensino da
história, especialmente na última década. A promulgação da lei, mesmo que tardia,
representa uma conquista de um povo que busca identificar-se em meio ao mundo em
que vive, um direito ao passado como condição sine qua non ao agir presente, capaz de
produzir uma orientação de futuro. Além da dimensão interna, de uma implicação de
identidade histórica, a recorrência ao direito por via da Lei também resulta num processo
de âmbito social, ou seja, numa ação de transformação e reparação de erros históricos,
estruturais, sociais e culturais. Neste sentido, cabe a escola o engate entre o que
possibilita a Lei e a transformação social por meio da aprendizagem. Mais do que um
local de depósito e acúmulo de conteúdos, a escola e o ensino da história, a qual o
presente objeto vem necessariamente reivindicar parceria, deve propiciar ao aluno um
contato com a experiência do passado, com a alteridade das dimensões temporais,
culturais e também identitárias.
Desta forma, o Projeto Folhas intitulado Mancala: no berço do mundo também
tem jogo, do professor Nilo Silva Pereira Netto, vem contribuir satisfatoriamente com a
construção do pensamento histórico no âmbito da disciplina da história, na medida em
realiza uma importante articulação entre as áreas da Educação Física, Sociologia e
História. De modo sabiamente interdisciplinar, a proposta do jogo histórico Mancala no
ensino e desenvolvimento da disciplina de Educação Física, vem colaborar com o
reconhecimento da cultura de matriz africana e possibilitar um contato, “uma experiência
com o passado”, nas expressões de Jörn Rüsen, referência estadual teórica proposta nas
Diretrizes Estaduais do Estado do Paraná no ensino da história.
Ao professor Nilo Netto também devem ser dadas as gratificações de sucesso
metodológico/pedagógico do Projeto Folhas em destaque. Com inúmeras sugestões de
atividades, o projeto possibilita a auto-gestão e criação como forma de desenvolvimento
do conteúdo jogo Mancala no interior do ambiente escolar. Ou seja, não se limita como
único referencial do conteúdo proposto, mas avança no sentido de que este conteúdo
pode ser desenvolvido de inúmeras maneiras, e que o aluno pode participar ativamente
na reestruturação deste jogo, ou em outras palavras, na própria produção do
conhecimento.
Iniciando com questões intrigantes, o que por vez permite aguçar a curiosidade e
identificar os conhecimentos já existentes, o Folhas ainda permite uma breve
contextualização histórica/cultural a partir de suas ilustrações e apontamentos teóricos.
Sendo assim, atendendo ao solicitado no manual Folhas, em consonância com as
Diretrizes Curriculares Estaduais de Educação Física e História, a partir dos eixos
estruturantes relações culturais e relações de poder, mostro-me favorável a publicação do
referido Folhas, que significativamente possibilitará aos alunos um contato real com o
passado, com a cultura de matriz africana, e com a experiência de „si‟ em meio a
alteridade cultural da atividade.

Curitiba, 03 de maio de 2011.


Wilian Carlos Cipriani Barom
RG: 7840248-2
PARECERISTA
NRE: Curitiba e-mail: wilianbarom@yahoo.com.br
Professor: Wilian Carlos Cipriani Barom RG: 78402482
Escola: Papa João Paulo I Fone: 3357-2747
Disciplina: História Nível: Ensino Fundamental

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