Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Mônica Silva de Sousa 1; Izabelle Ferreira de Oliveira ²; Lígia Conceição Tavares 3;Luiza Carla Girard
Mendes Teixeira 4 ; Lucy Anne Lobão Gutierrez 5; Paula Danielly Belmont Coelho 6; Geovane da
Silva Teixeira 7
Resumo
Este artigo trata da determinação dos resíduos gerados a partir da produção de polpa de açaí.
Para a população da Região Metropolitana de Belém, o açaí faz parte da alimentação diária.
Rico em antioxidantes e aminoácidos, o açaí é tido como uma das frutas mais nutritivas da
Bacia Amazônica. Essa característica, descoberta nos anos recentes, vem fazendo crescer o
consumo do produto para além da Amazônia e consolidando boas perspectivas no mercado
nacional e internacional, atraindo o interesse de produtores e empresários pelo seu cultivo. O
alto consumo acarreta também uma grande produção de caroço que eventualmente não tem
um destino adequado. Cada fruto de açaí pesa cerca de 1g e somente 17% deste é comestível
(polpa com casca), sendo necessários cerca de 2,5 kg de frutos para produzir 1 L de suco da
fruta, o restante representa o caroço, contendo a semente oleaginosa. Nos locais onde se
prepara esse alimento, encontram-se os caroços secos amontoados (biomassa residual),
representando um resíduo a ser destinado. O que pode ser observado nas vias da cidade de
Belém é o completo descaso dado aos resíduos do processo de obtenção da polpa de açaí. A
Prefeitura Municipal de Belém não se responsabiliza pelo recolhimento desse resíduo, sendo o
produtor o responsável por dar uma destinação adequada. No entanto, esse tipo de resíduo
sólido acaba chegando nos lixões sendo descartado sem nenhum tipo de tratamento. Foram
coletadas amostras para quantificação e caracterização física dos resíduos gerados, tendo sido
determinados os seguintes parâmetros: volume, peso específico. A aferição do volume de
resíduos gerados foi realizada com auxílio de um balde graduado, e uma balança digital.
Sendo determinado a relação: volume de polpa produzido, volume de semente para
determinação do volume de carvão a ser produzido e aplicado no processo de tratabilidade de
água.
1Eng.ª Sanitarista Ambiental. Mestranda em Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental. Universidade Federal do Pará.
2
Eng.ª Ambiental, Mestranda em Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental. Universidade Federal do Pará.
3
Eng.ª Sanitarista e Ambiental, Mestranda em Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental. Universidade Federal do Rio Grande do Sul
4
Doutora em Desenvolvimento Sustentável Tropico Úmido pela Universidade Federal do Pará.
5
Doutora em Geologia e Geoquímica pela Universidade Federal do Pará.
6
Graduanda em Engª Sanitarista e Ambiental. Universidade Federal do Pará.
7
Graduando em Engª Sanitarista e Ambiental. Universidade Federal do Pará.
1.Introdução
As atividades antrópicas, usualmente, resultam na produção de grandes volumes de
resíduos, dentre estes está o caroço de açaí, obtido através do despolpamento do fruto para a
obtenção da polpa deste.
Há uma alta demanda para o consumo do açaí, tanto em âmbito local quanto externa.
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (2015), no ano
de 2011 houve uma produção nacional de açaí de 124.421 t enquanto que no ano de 2015 esta
produção chegou em 216.071 t. Este crescimento da extração vegetal do fruto, representa o
aumento na geração do resíduo do caroço.
Segundo a Lei nº 12.305/2010 (BRASIL, 2012), que institui a respeito da Política
Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), os caroços de açaí são considerados como resíduos de
atividade comercial, logo a responsabilidade para a coleta e destinação é de seu gerador, no
caso os batedores.
Como não são realizadas fiscalizações nos estabelecimentos responsáveis pelo
processamento do fruto, ocorre uma grande problemática quanto à disposição inadequada dos
caroços de açaí, contribuindo para problemas ambientais e sanitários de uma cidade.
Visando a mitigação de transtornos causados pela disposição do caroço de açaí em
locais inadequados, tem-se como uma alternativa à esta problemática o uso do mesmo como
carvão ativado para material filtrante visando o tratamento de água.
Logo, no presente trabalho foi realizado o estudo do quantitativo de sementes para
determinação do volume de carvão a ser produzido e aplicado no processo de tratabilidade de
água. Desta maneira, objetiva-se não apenas a redução de caroços de açaí em locais indevidos,
como também contribuir para a produção de novas tecnologias de baixo custo que possam
auxiliar a população que não possui acesso à água tratada na melhoria de sua qualidade de
vida.
2.Objetivo
3. Material e Métodos.
O presente estudo foi desenvolvido e dividido em três metas:
Determinação dos locais da pesquisa;
Caracterização e quantificação física dos resíduos sólidos produzidos;
Produção de carvão ativado.
Para a seleção dos locais de desenvolvimento da pesquisa, foram realizadas visitas nos locais
de pontos de venda com a finalidade de verificar os seguintes aspectos: aceitação do proprietário,
acesso, facilidade de coleta do caroço e de informações, disponibilidade de pessoal para o
fornecimento dos dados necessários.
Nesta etapa foi realizada entrevista informal, com os proprietários de vários dos pontos de
venda de açaí, localizados em Belém e município de Icoaraci para esclarecimentos dos objetivos e
desenvolvimento da pesquisa bem como a seleção dos pontos e a aceitação dos mesmos.
Vários são os tipos de materiais que podem ser utilizados para a fabricação de carvão
ativado (CA) no Brasil, sendo eles, a madeira, o carvão betuminoso e sub-betuminoso, osso, a
casca de coco, entre outros. Depois de escolher a granulometria desejada, a produção envolve,
basicamente, a carbonização e a ativação para o desenvolvimento de vazios internos (poros).
A carbonização ou pirolise é geralmente feita na ausência de ar, em temperaturas
compreendidas em 500 e 800°C utilizando agentes ativantes como, hidróxido de sódio,
cloreto de zinco, ácido fosfórico dentre outros (DI BERNARDO & DANTAS, 2005). Sendo
assim os resíduos gerados no processo de produção da polpa ou suco de açaí podem ser
utilizados como material precursor para a produção de carvão ativado.
A metodologia utilizada para a produção dos carvões ativados de caroços de açaí foi
adaptada do método de Pereira (2013). A solução de hidróxido de sódio foi preparada com
40g de NaOH e 500ml de água destilada. Após a etapa de secagem em estufa os caroços
(1000g) foram impregnados com esta solução por um tempo de contato de 24 horas.
Passado 24h, os caroços impregnados com o agente ativador foram novamente para
estufa por um período de 3h. depois desse período, o material foi colocado na mufla a 400°C
por 3h.
4.Resultados
Nos pontos de venda, foram realizada a seguinte quantificação: para 25 kg de fruto, foram
consumidos aproximadamente 18 litros de água produzindo o equivalente de 60 litros de polpa do
produto.
Em outra determinação 25 kg de fruto, foram consumidos o equivalente a 20 litros de água
produzindo 65 litros de polpa de açaí.
4.1. Meta- Caracterização e Quantificação Física dos Resíduos Sólidos Produzidos.
A quantificação e caracterização física dos resíduos gerados, semente e borra do açaí, ocorreu
após o processo de despolpamento. No intervalo das batidas ocorre a retirada dos resíduos da
batedeira, a semente juntamente com a borra, esses resíduos saem juntos da batedeira, após o
despolpamento, uma vez que somente 15% do açaí correspondem à polpa. O resto, ou seja, os 85%
restantes, são semente. Figura 2.
Figura 2: Resíduos Retirados da Batedeira
Em relação a produção de resíduos foi verificado que: para a produção de 60 litros de polpa,
foi gerado o volume de 62 litros de resíduo, semente e borra, enquanto que em para a segunda
determinação foi gerado o volume de 65 litros de polpa, foi gerado o volume de 68,7 litros de resíduo.
Após o despolpamento, os resíduos são acondicionados em baldes, conforme mostrado na
figura 3, sendo posteriormente depositados em sacas na calçada ate serem recolhidos por caminhões
da prefeitura. Figuras 4.
Figura 1: Resíduos em Baldes Figura 4: Sacas dos Resíduos na Rua
5. Conclusão
REFEÊNCIAS
EMBRAPA. Tecnologias para inovação nas cadeias euterpe. Brasília, DF, 2012.
PEREIRA, E.N.; RODRIGUEZ JUNIOR, V.C. Carvão do caroço de açaí (euterpe oleracea)
ativado quimicamente com hidróxido de sódio (NaOH) e sua eficiência no tratamento de água
para o consumo. Prêmio Jovem Cientista. 2013, Pará.