Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Agroindústria
27 a 30 de Novembro de 2018
INTRODUÇÃO
O abacaxi é um fruto famoso em todo o mundo pelo aroma, sabor agridoce e grande
valor nutritivo. Possui um alto teor de vitamina C, B1, B2 e Niacina, também é bem
provido em minerais como cálcio, fósforo e ferro (FIGUEIRÊIDO et al., 2003). Entretanto,
apesar da abundância do cultivo dessa fruta no Brasil, o aproveitamento industrial do
27 a 30 de Novembro de 2018
abacaxi ainda é pequeno frente ao consumo da fruta in natura (SILVA et al., 2010). O uso
de abacaxi para a produção de fermentado tem sido estudado por vários autores, devido à
presença de açúcares fermentáveis e sabor e aroma característicos, além de seu rendimento
ser viável, uma vez que há grandes perdas pelo seu consumo apenas in natura.
A hortelã possui ação antisséptica, cardiotônica, digestiva, estomáquica,
expectorante, tônica e contra cólica intestinal. É também utilizada para tratamento de
fadiga, altas taxas de colesterol, atonia digestiva, cólicas, flatulência, vômitos durante a
gravidez, intoxicação gastrintestinal, afecções hepáticas, palpitações, enxaqueca, tremores,
asma, bronquite crônica, sinusite e dores dentárias (ERVAS e FRUTAS, 2010). É uma
planta medicinal e aromática e além de suas propriedades terapêuticas, a hortelã é bastante
utilizado devido à sua refrescância e seu aroma característico e agradável.
Visando a diminuição da perda de matéria prima durante o transporte e
armazenamento, o estudo para a industrialização de frutas, agregando valor ao produto e
aumentando sua vida de prateleira tem sido prezado pela indústria e por instituições de
pesquisa. Apesar do cultivo do abacaxi no Brasil ser abundante, o aproveitamento
industrial ainda é pequeno em relação ao consumo da fruta in natura, sendo necessária a
busca de alternativas para o seu uso, tendo em vista o aproveitamento do excesso de safras,
principalmente pela indústria, para a fabricação de produtos não tradicionais, como os
fermentados de frutas (SILVA et al., 2010).
A uva é a principal matéria prima na fabricação de vinhos, no entanto, existe uma
busca de agregar valor a diferentes frutas, desta forma têm-se buscado novos processos de
fabricação de fermentados de frutas, como laranja (Oliveira et al., 2015), cajá (Dias et al.,
2003), caju (Torres Neto et al., 2006), morango (Andrade et al., 2013), entre outras.
De acordo com o decreto nº 6871, de 04 de junho de 2009, os fermentados de frutas
são bebidas com graduação alcoólica de 4 a 14 % em volume, a 20º C, obtidas da
fermentação alcoólica do mosto de fruta sã, fresca e madura. Será denominada de
fermentado de, acrescida do nome da fruta utilizada, a bebida preparada por meio de
processo tecnológico adequado que assegure a sua apresentação e conservação até o
momento do consumo (BRASIL, 2009).
O suco de abacaxi com hortelã é bastante consumido no Brasil, por ser uma bebida
refrescante, saudável e, portanto, bastante compatível com o clima tropical do país. Desta
forma, este trabalho teve o objetivo de produzir e caracterizar o fermentado alcoólico de
abacaxi e hortelã visando o desenvolvimento de um novo produto com aroma e sabor
característicos.
MATERIAL E MÉTODOS
O processamento do fermentado alcoólico de abacaxi com hortelã foi realizado no
Laboratório de Engenharia de Alimentos da Universidade Federal de Campina Grande. A
matéria-prima foi adquirida no comércio local, levada para o laboratório e então, os
abacaxis foram higienizados com água corrente e sanitizados em seguida com solução
sanitizante (200ppm/20min) e processados para obtenção do suco sem fibras.
27 a 30 de Novembro de 2018
RESULTADOS E DISCUSSÃO
27 a 30 de Novembro de 2018
Para o pH, Figura 3, observou-se que durante o processo fermentativo operou numa
faixa de pH de 3,45 a 3,71 até o final da fermentação, com 140 horas. Verificou-se que a
faixa de pH observada, o caracterizam como ácido, e garante uma maior estabilidade
microbiológica ao mosto, evitando assim a proliferação de micro organismos indesejáveis,
além de contribuir com a atividade da levedura, e a manutenção de aspectos organolépticos
da bebida, especialmente o sabor. Oliveira et al. (2015), ao produzir o fermentado de
IV Encontro Nacional da Agroindústria
7
IV Encontro Nacional da
Agroindústria
27 a 30 de Novembro de 2018
laranja observaram uma variação no pH entre 3,95 e 3,62, Corazza et al. (2001), durante a
condução da fermentação alcoólica do mosto de laranja também não verificou muita
variação, de 3,60 e 3,33.
Com relação à acidez, Figura 4, observou-se um aumento nas primeiras 86 horas de
fermentação, chegando a 51,2 meq/L, decaindo até o termino da fermentação, com 140
horas. Oliveira et al. (2015), ao produzir o fermentado de laranja e verificaram que num
período de 24 horas, houve um rápido aumento na acidez, seguido de um decréscimo, até
48 horas. Permanecendo praticamente constante, 13,0 meq/L, até o final do processo, ou
seja, 144 horas. Tal comportamento decorre da produção de ácidos orgânicos produzidos
pela levedura durante o processo fermentativo. Corazza et al. (2001) estudando a produção
de fermentado de laranja observou uma variação na acidez 5,96 a 8,07 meq/L.
27 a 30 de Novembro de 2018
CONCLUSÕES
O fermentado alcoólico de abacaxi com hortelã apresentou qualidades compatíveis
a outros fermentados de frutas, com sabor e aroma agradáveis e característicos de abacaxi,
com uma graduação alcoólica de 10,7ºGL, que atende as especificações da legislação
vigente acerca de bebidas. A utilização do suco de abacaxi e hortelã na produção de
fermentado alcoólico irá agregar valor à matéria prima utilizada através do
desenvolvimento de um produto com aroma e sabor característicos.
27 a 30 de Novembro de 2018
REFERÊNCIAS
ANDRADE, M. B.; PERIM, G. A.; SUBTIL, G. W.; IZIDIO, L. L.; SANTOS, T. R. T.;
MARQUES, R. G. Caracterização do vinho de morango no processo de fermentação
alcoólica. In: VIII Encontro Internacional de Produção Científica Cesumar, 2013. Anais do
VIII Encontro Internacional de Produção Científica Cesumar, Maringá, 2013.
BRASIL, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Decreto nº 6.871, de 04 de
junho de 2009. Regulamenta a Lei no 8.918, de 14 de julho de 1994, que dispõe sobre a
padronização, a classificação, o registro, a inspeção, a produção e a fiscalização de
bebidas.
BRASIL. Normas analíticas, métodos químicos e físicos para análises de alimentos.
Instituto Adolfo Lutz. 4ª ed. 1ª ed. Digital, São Paulo, 2008. 1020p.
CORAZZA, M. L.; RODRIGUES, D. G.; NOZAKI, J. Preparação e caracterização do
vinho de laranja. Química Nova. v.24, n.4, p.449-452, 2001.
DIAS, D. R.; SCHWAN, R. F.; LIMA, L. C. O. Metodologia para elaboração de
fermentado de cajá (Spondias mombin L.). Ciência e Tecnologia de Alimentos, v. 23, n.
3, p. 342-350, set.-dez. 2003.
ERVAS e Frutas. Coleção, São Paulo: Editora Nova Sampa Diretriz. Ano I, n. 01. 2010.
18p.
FIGUEIRÊDO, R. M. F.; QUEIROZ, A. J. M.; NORONHA, M. A. S. Armazenamento de
abacaxi minimamente processado. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais,
Campina Grande, Especial, n. 1, p. 95-103, 2003.
MANFROI, L.; MIELE, A.; RIZZON, L.A.; BARRADAS, C. I. N. Composição físico-
química do vinho carbenet franc de videiras conduzidas no sistema lira aberta. Ciência e
Tecnologia de Alimentos. v. 26, n.2. p. 290-296, abr.-jun. 2006.
NOGUEIRA, A.; WOSIACKI, G. Sidra. In: VENTURINI FILHO, W. G. (Org.). Bebidas
Alcoólicas - Ciência e Tecnologia. São Paulo: Blücher, 2010, v. 1, p. 113-142.
OLIVEIRA, J. P. M.; SILVA NETO, J. C.; SILVA, S. S.; SANTOS, A. S. Produção de
fermentado alcoólico de laranja. Revista Verde de Agroecologia e Desenvolvimento
Sustentável, v. 10, n. 3, p. 35-41, jul-set. 2015.
PARENTE G. D. L.; ALMEIDA, M. M; SILVA, J. L.; SILVA, C. G.; ALVES, M. F.
Cinética da produção do fermentado alcoólico de abacaxi ‘pérola’ e caracterização da
bebida. Revista Verde de Agroecologia e Desenvolvimento Sustentável. Mossoró, v 9,
n. 2, p. 230 - 247, 2014.
SILVA, J. L. A.; Dantas, D. L. L.; GASPARETO, O. C. P.; FALCÃO FILHO, R. S.
Utilização de abacaxi para elaboração de vinhos: avaliação físico-química e aceitabilidade.
HOLOS. v. 3. n. 26, p. 108-118, 2010.
TORRES NETO, A. B.; SILVA, M. E.; SILVA, W. B.; SWARNAKAR, R.; SILVA; F. L.
H. Cinética e caracterização físico-química do fermentado do pseudofruto do caju
(Anarcadium occidentale L.). Química Nova. v. 29, n.3, p. 489-492, 2006.