Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Autoria
HAROLDO DE SÁ MEDEIROS - haroldo_sm@hotmail.com
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO/FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE
RONDÔNIA
Resumo
Os estudos sobre a corrupção brasileira tratam majoritariamente de questões relacionadas à
modernização política posterior ao período da segunda guerra mundial, de práticas
patrimonialistas e das reformas que ocorreram a partir do ano de 1995, com a adoção de um
modelo público-administrativo que utiliza os princípios da Nova Administração Pública.
Embora essas contribuições sejam significativas, não analisam todos os aspectos que a
corrupção brasileira pode proporcionar. Dessa forma, propõe-se que uma nova abordagem
teórica seja adotada para as análises o Public Value (PV - Valor Público). Portanto, o
objetivo deste artigo é avaliar como as características corrupção percebida influenciam a
forma na qual a sociedade entende a legitimidade das ações públicas. Para atender ao
objetivo, foi realizado uma survey com 419 respondentes e foram adotados procedimentos
metodológicos quantitativos por meio de equações estruturais com o uso do software
SmartPLS 3. Os resultados indicam que a legitimidade processual sobre as ações públicas é
afetada positivamente pelo sentimento de representação, negativamente pelo clientelismo e
negativamente pela mídia. A legitimidade política é afetada positivamente pelo sentimento
de representação e negativamente pelo clientelismo.
XLIII Encontro da ANPAD - EnANPAD 2019
São Paulo/SP - 02 a 05 de outubro
Resumo
1 Introdução
1
XLIII Encontro da ANPAD - EnANPAD 2019
São Paulo/SP - 02 a 05 de outubro
Embora esses grupos apresentem contribuições significativas, eles não analisam todos
os aspectos que a situação brasileira pode proporcionar. O primeiro e segundo grupos tratam
das causas e dos efeitos político-administrativos da corrupção, enquanto o terceiro, ao tratar da
opinião pública, envolve essencialmente aspectos ideológicos e instrumentais de comunicação.
Desta forma, algumas lacunas ainda necessitam ser preenchidas para compreender o fenômeno
que relaciona a corrupção e a sua percepção. Portanto, o intuito de ter a legitimidade como uma
variável relacionada à corrupção percebida se dá pela necessidade de avançar no conhecimento
de práticas que não foram abrangidas por análises anteriores quanto ao contexto brasileiro. Os
estudos que tratam das práticas de patrimonialismo, da NPM e da opinião pública não buscam
avaliar a legitimidade das ações públicas a partir de práticas societais participativas. Por isso,
busca-se responder ao seguinte questionamento: Como as características de corrupção
percebida influenciama percepção de legitimidade sobre as ações públicas?
Como meio de apresentar as definições relacionadas à legitimação das ações públicas
foram utilizadas as definições relacionadas ao triângulo estratégico de valor público
provenientes do trabalho de Moore (2000), pois este tem a legitimidade como um de seus
principais elementos. O emprego do PV, em detrimento das teorias tradicionais, decorre do fato
de que essas teorias não são adequadas à análise proposta por desconsiderar a participação
societal na administração pública, enquanto o PV se adequa por ter sua abordagem pautada na
colaboração entre Estado e sociedade. Portanto, o objetivo deste artigo é avaliar como as
características corrupção percebida influenciama forma na qual a sociedade entende a
legitimidade das ações públicas.
Esse artigo apresenta relevâncias teórica, contextual, prática e social. A relevância
teórica é proveniente da utilização do PV como um construto de base para a análise da
legitimidade das ações públicas. Justifica-se essa contribuição em decorrência das abordagens
que foram dadas em outros trabalhos que tem como alvo a legitimidade e o valor público. A
relevância contextual se apresenta pelas análises realizadas no cenário no Brasil em 2018 de
problemas na atribuição de legitimidade às ações públicas em decorrência dos problemas
políticos. Ao objetivar uma avaliação dos efeitos da corrupção percebida pela população em
relação à legitimidade atribuída às ações públicas no Brasil, tem-se a relevância prática, de
forma que as informações geradas a partir da análise podem ser úteis para gestores públicos que
se interessem em minimizar os efeitos da baixa confiança da sociedade e os problemas de
legitimidade que suas organizações enfrentam na prestação de serviços ou quaisquer elaboração
e implementação de ações públicas. Ainda, a contribuição social se dá por meio da natureza do
PV, na qual há um sentido mais democrático do que as abordagens tradicionais, considerando
a participação societal como um elemento que deveria ser próximo da administração pública,
menos subordinada aos comandos político-partidários e mais colaborativos com o Estado.
2 Fundamentação Teórica
2
XLIII Encontro da ANPAD - EnANPAD 2019
São Paulo/SP - 02 a 05 de outubro
3
XLIII Encontro da ANPAD - EnANPAD 2019
São Paulo/SP - 02 a 05 de outubro
4
XLIII Encontro da ANPAD - EnANPAD 2019
São Paulo/SP - 02 a 05 de outubro
setor e sociedade para sustentar as ações relacionadas aos objetivos estratégicos (Benington &
Moore, 2011).
O ambiente cooperativo proporcionado pela construção da legitimidade, alvo deste
artigo, proporciona a manutenção da confiança dos stakeholders nos valores que fazem parte
da gestão pública, bem como das normas técnicas e leis que são criadas pelos gestores públicos.
Além disso, proporciona a valorização da democracia ao ampliar a possibilidade de participação
de toda a sociedade na criação de PV, mesmo que as normas, leis e ações públicas não sejam
preferência de um grupo específico de indivíduos ou organizações (Benington & Moore, 2011;
Talbot, 2011).
A legitimidade, a partir do PV se enquadra em duas categorias distintas, porém
complementares: política e processual (Bryson, Sancino, Benington & Sørensen, 2017). A
categoria política compreende um avanço nos estudos de Moore (1994), ampliando a
necessidade de legitimação para além dos líderes e gestores da administração pública ao
envolver parceiros de negócio, líderes de bairros, indivíduos com conhecimento técnico sobre
serviços, profissionais, usuários, auditores ou outros indivíduos e organizações que possam
estar ligados à elaboração, implementação e avaliação das políticas ou ações públicas (Mintrom
& Luetjens, 2015). A importância deste envolvimento decorre da necessidade em haver a
identificação sobre os valores que podem orientar a criação de PV, de forma que cada
stakeholder pode ter um entendimento distinto sobre como isso ocorre (Meynhardt, 2009).
A legitimidade processual baseia-se na criação e utilização de processos justos,
transparentes, racionais e que consideram as intenções de todos os stakeholders envolvidos com
a administração pública. Sua importância reside em auxiliar o compartilhamento de objetivos e
em evitar ou solucionar conflitos entre indivíduos e organizações com cultura ou estrutura
muito distintas, como no caso de cooperações intersetoriais. Para que haja legitimidade
processual significativa, os processos devem ser racionais ao envolver a coleta de informações
relevantes para as tomadas de decisões conjuntas, justos para que a transparência e veracidade
não sejam prejudicadas e controladas por mecanismos de governança e gestão, como planos,
orçamentos e cronogramas (Bryson et al., 2017; Page et al., 2015).
A complementaridade da legitimidade política e processual reside na co-produção das
políticas, ações e serviços públicos, sendo esta compreendida como a produção conjunta entre
diversos atores, desde que este seja de interesse público (Ronconi, Debetir & Mattia, 2011).
Deste modo, enquanto os elementos políticos orientam o amplo envolvimento de stakeholders,
os processuais garantem que o resultado decorrente dessa interação seja justo e transparente
(Meynhardt, 2009; Sancino, Benington & Sørensen, 2016).
Por outro lado, há um destaque para as práticas distorcidas que envolvem a legitimidade
a partir da definição de PV. Neste caso, os processos que garantem a participação pública não
devem reforçar um modelo de democracia administrada, de modo que a administração pública
não seja apenas gestora das expectativas dos stakeholdersparacriar uma falsa impressão de
poder dos cidadãos. Para que exista legitimidade efetiva, os gestores e líderes devem
desenvolver seus papéis como coparticipantes em processos políticos abertos, objetivando
formas claras para informar, representar, incluir e engajar a sociedade (Dahl et al., 2014).
Baseado em Graycar (2016), que faz uma afirmação generalista, é possível inferir que
todos os elementos da corrupção percebida podem ter um efeito negativo sobre os componentes
do PV, sendo assim, a legitimidade, alvo deste estudo, também seria afetada negativamente em
seus âmbitos político e processual. No entanto, para a proposta de aprofundamento teórico deste
5
XLIII Encontro da ANPAD - EnANPAD 2019
São Paulo/SP - 02 a 05 de outubro
trabalho, foram avaliados os efeitos inerentes de cada variável da corrupção percebida sobre a
legitimidade, derivando hipóteses que explicariam melhor este fenômeno.
Ao buscar explicações específicas para as relações entre os componentes da corrupção
percebida e da legitimidade, não foram encontrados estudos que fizessem distinções entre
legitimidade política e processual. Desta forma, foram utilizadas as mesmas hipóteses para os
dois âmbitos, conforme pode ser visto na Figura 1.
6
XLIII Encontro da ANPAD - EnANPAD 2019
São Paulo/SP - 02 a 05 de outubro
Rothstein (2015), Rothstein e Sorak (2017) e Viviani (2018). Assim, o clientelismo seria um
mecanismo corrupto de troca por favores que está enraizado na sociedade brasileira e tem o
meio político, seja público ou privado, para promovê-lo. Schwella (2016) e Sturm (2016)
apresentam esta relação em pesquisas realizadas na África do Sul, nas quais relatam que os
indivíduos que praticam ações corruptas não atribuem legitimidade ao Estado, pois entendem
que a corrupção faz “parte do sistema” e os interesses de classes privilegiadas economicamente
prevalecem sobre as ações e organizações públicas.
– H3a: a percepção sobre o clientelismo influencia a percepção de legitimidade
política.
– H3b: a percepção sobre o clientelismo influencia a percepção de legitimidade
processual.
A quarta hipótese aborda os efeitos das pressões institucionais sobre a legitimidade.
Essas, conforme Baccouche (2016) e Cruz-Rubio (2015), partem da sociedade e de
organizações públicas e privadas para que haja o cumprimento de normas legais e
especificações técnicas vigentes, causando um efeito positivo entre corrupção percebida e
legitimidade. Dessa forma, as pressões institucionais são verificadas por meio das políticas
públicas, que ao serem oriundas de ativismo popular, seja presencial ou online, como resposta
governamental para melhorar a opinião pública, findam por tornar sua implementação e
resultados legitimados (Bond, 2008; Dominguez, 2014; Ranney, 1969).
– H4a: o ativismo popular influencia a percepção de legitimidade política.
– H4b: o ativismo popular influencia a percepção de legitimidade processual.
A quinta hipótese aborda o papel da mídia de massa como influenciadora da
legitimidade, sendo isto relacionado à intensificação de veiculação de notícias positivas e
negativas sobre a corrupção governamental. Cho (2017), Cruz, Tavares, Marques, Jorge &
Sousa (2017), Linders (2012), Piotrwoski, Grimmelikhuijsen e Deat (2017) e Quick e Bryson
(2016) apontam que atualmente as mídias sociais são os principais meios veiculadores de
notícias, influenciando a percepção sobre as ações públicas por mostrarem conteúdos gerados
pelos próprios usuários, causando efeitos de engajamento e posicionamento político sobre a
legitimidade.
Embora possa se considerar que haja alguma distinção entre o impacto da veiculação
de notícias positivas ou negativas na legitimidade pública, os problemas éticos no
desenvolvimento dos conteúdos e o clientelismo das organizações midiáticas são características
de corrupção que tornam tendenciosa a disseminação de notícias, sempre com o intuito de
atender grupos de interesse (Braghirolli, 2008; Silva, 2007). Desta forma, assume-se que
independente dos conteúdos veiculados pelas mídias de massa serem a favor ou contra uma
política pública, organização pública ou representante político, sempre terão um efeito
prejudicial à opinião, confiança e legitimidade pública.
– H5a: a mídia de massa influencia a legitimidade política.
– H5b: a mídia de massa influencia a legitimidade processual.
Apresentadas as hipóteses elaboradas para explicar melhor a relação os elementos que
influenciam a corrupção percebida e a legitimidade política e processual, a próxima seção
descreve a metodologia e as estratégias de pesquisas adotadas neste trabalho.
3 Metodologia da Pesquisa
7
XLIII Encontro da ANPAD - EnANPAD 2019
São Paulo/SP - 02 a 05 de outubro
O instrumento de coleta possui 57 itens e foi dividido em oito blocos. O primeiro possui
oito perguntas, sendo elas o gênero, idade, renda, escolaridade, estado civil, religião, local de
nascimento, sendo este último definido por Unidades da Federação [UF]. A partir do segundo
bloco, as questões são oriundas de escalas previamente validadas em pesquisas anteriores.
O segundo bloco, contendo dez afirmações, trata da escala de sentimento de
representação, sendo utilizada a escala denominada Identification with a Psychological Group
[IDPG] elaborada por Greene (2002). O terceiro bloco, contendo oito afirmações, trata da escala
de percepção de injustiça, de forma que foi utilizada a escala de Moely, Mercer, Ilustre, Miron
& Megan (2002), denominada originalmente de Social Justice Attitudes. O quarto bloco de
questões, com onze questões, aborda o clientelismo e foi utilizado o instrumento de Gbadamosi
e Bello (2009). Originalmente, essa escala possuía vinte afirmações divididas em duas
subescalas: clientelismo e corrupção como cultura. Foram utilizadas apenas as onze afirmações
da subescala de clientelismo, pois eram as que se relacionam com os propósitos deste artigo.
O quinto bloco, que aborda o ativismo popular com quatro afirmações, utiliza a escala
denominada de Civil Engagement de Li (2016). O sexto bloco, que trata das influências da
mídia e possui duas afirmações, utilizou a escala Presumed Media Influence elaborada por
Cohen, Tsfati e Sheafer (2008).
O sétimo bloco, que trata da legitimidade política e possui sete afirmações, utilizou a
escala de Graça (2009). Originalmente, a escala se refere à legitimidade de modo geral, porém
na sua construçãoforam utilizadas apenas definições de legitimidade política, sendo esta a razão
do seu uso. De forma similar, o oitavo bloco, contendo oito afirmações, trata da legitimidade
processual por meio da escala de Thibaut e Walker (1975). Esta escala, denominada
originalmente de Procedural Justice, também trata da legitimidade de modo generalista, porém
sua construção deriva de definições que se relacionam aos procedimentos que podem ser
adotados por organizações públicas.
Todas as escalas passaram previamente por validação convergente e nomológica em
seus trabalhos originais. No entanto, as escalas de Cohen, Tsfati e Sheafer (2008), Gbadamosi
e Bello (2009), Greene (2002), Li (2016), Moelyet al. (2002) e Thibaut e Walker (1975) foram
originalmente elaboradas na língua inglesa. Dessa forma, todas foram traduzidas pelos autores
e posteriormente corrigidas por uma tradutora especializada em língua inglesa. No caso
específico da escala construída por Graça (2009), não foi feito nenhum ajuste linguístico ou
tradução, pois a versão original é em português. Ainda, foi realizado um pré-teste como
procedimento de validação de face com 12 pessoas para verificar se o conteúdo do instrumento
estava compreensível. A partir do pré-teste foram corrigidos alguns erros de digitação e de
formatação. O tempo médio para responder o questionário foi de 14 minutos durante o pré-
teste.
Para todas as escalas foi utilizado o padrão original de mensuração, o Likert de cinco
pontos em níveis de concordância, sendo a escala de ativismo popular a única exceção, na qual
utiliza uma métrica de razão que varia de 0 a 10, porém também adotando um padrão de
concordância nas afirmações.
Baseado no cálculo amostral de Santos, Guevara & Amorim (1997), que possui um
nível de confiança de 95% e um erro de 5%, ao considerar que população brasileira tem
207.660.929 indivíduos, conforme divulgação feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística [IBGE] (2017), o tamanho mínimo da amostra deveria ser de 384 respondentes. Por
isso, a amostra foi composta de 427 respondentes, embora apenas 419 questionários tenham
sido considerados válidos. A exclusão de oito questionários se deu em decorrência de erros e
falta de respostas.
Para a análise foi a utilizada a Modelagem de Equações Estruturais (Structural
Equations Modeling- SEM) - por meio do método dos mínimos quadrados parciais (PLS) com
o apoio do software SmartPLS 3. Essa análise teve por objetivo testar as hipóteses apresentadas
8
XLIII Encontro da ANPAD - EnANPAD 2019
São Paulo/SP - 02 a 05 de outubro
na seção 3. Justifica-se a escolha da SEM por este método permitir a análise de relações
simultâneas de dependência, conforme Hair, Anderson, Tatham & Black (2009). Além disso, a
SEM pode permitir o adensamento teórico das relações entre corrupção percebida e
legitimidade.
Para testar a validade do modelo foram utilizados os procedimentos descritos por
Ringle, Silva e Bido (2014) e os parâmetros de Henseler, Ringle e Sinkovics (2009), formados
pela Validade Convergente [VC], Consistência Interna [CI], Validade Discriminante [VD] e
Bootstrapping.
A fim de verificar se as relações positivas ou negativas estabelecidas nas hipóteses são
válidas foram analisados os coeficientes de caminhos, representados pelos β das regressões
lineares e que estão presentes nas setas entre as VL, conforme Ringle, Silva e Bido (2014). No
entanto, para iniciar a apresentação dos resultados, foi realizada a estatística descritiva do perfil
dos respondentes por meio do uso de frequências relativas.
4 Resultados e Discussão
A análise por meio da estatística descritiva mostrou que 48% dos respondentes são
mulheres, 48,9% são homens, enquanto 3,1% se identificam em outros gêneros ou preferiram
não responder. Em relação à faixa etária, 43,9% possuem idades entre 18 e 30 anos, 27,2%
possuem idades entre 31 e 40 anos, 17,7% possuem idades entre 41 e 50 anos e 11,2% possui
mais do que 50 anos. Quanto à renda individual, 63,5% declararam ter renda de até R$3.000,00
(três mil reais) e 19,1% possuem renda superior a R$3.000,00 (três mil reais) e 17,4%
preferiram não responder. A respeito da escolaridade, 54,4% possuem o ensino médio
completo, 21,5% possuem ensino superior completo, 13,1% possuem especialização, 0,5% não
possui escolaridade e 10,5% possuem outros níveis de escolaridade. Tratando do estado civil,
55,4% estão solteiros, 36,8% estão casados, 4,8% são divorciados, enquanto 3% se enquadram
em outras situações. Na religião, 34,4% se declararam católicos, 30,5% se enquadram em
religiões protestantes/evangélicas, 12,4% se declararam cristãos sem nenhuma denominação
específica, 12,2% preferiram não responder, 3,1% declararam ser ateus e 7,4% se enquadram
em outras denominações religiosas. Quanto ao local de nascimento, houve predominância de
rondonienses com 64% dos respondentes, amazonenses com 8,6%, acreanos com 4,5%,
paraenses com 1,2% e roraimenses com 0,2%. Dentre as outras regiões, o Nordeste ficou 6,7%
dos respondentes, sudeste com 6,4%, centro-oeste com 4,3%, sul com 3,3% e 0,5% preferiu
não responder.
Inicialmente, sobre o modelo proposto, as variáveis latentes foram representadas da
seguinte forma: Legitimidade Processual (Leg_Process), Legitimidade Política (Leg_Poli),
Sentimento de Representação (Sent_Repres), Percepção de Injustiça (Perc_Injus), Clientelismo
(Client), Ativismo Popular (Ati_Pop) e Mídia (Mid).
Mediante as avaliações do modelo apresentadas por Ringle, Silva e Bido (2014) e os
parâmetros de Henseler, Ringle e Sinkovics (2009), verificaram-se que alguns ajustes eram
necessários, pois os valores do Alfa de Cronbach, da Confiabilidade composta e da AVE não
atenderam os parâmetros mínimos necessários. Portanto, com base nas cargas de cada variável,
foram excluídas 28 variáveis relacionadas ao sentimento de representação,à percepção de
injustiça,ao clientelismo,ao ativismo popular, à legitimidade política e à legitimidade
processual. Dessa forma, o modelo ficou com a estrutura conforme a Figura 2.
9
XLIII Encontro da ANPAD - EnANPAD 2019
São Paulo/SP - 02 a 05 de outubro
Feita a análise inicial e a exclusão das variáveis observáveis e latentes que possuíam
cargas baixas, foi realiza uma segunda avaliação da VC, consistência interna e Validade
Discriminante (VD), com base nos parâmetros de Henseler, Ringle e Sinkovics (2009),
conforme pode ser visto na Tabela 1.
Tabela 1
Validade do modelo
Variáveis Latentes Alfa de Confiabilidade Variância Média √AVE
Cronbach composta Extraída (AVE)
Clientelismo 0,724 0,844 0,645 0,803
Legitimidade
0,780 0,848 0,530
política 0,728
Legitimidade
0,707 0,818 0,530
processual 0,728
Mídia 0,840 0,916 0,846 0,920
Percepção de
0,732 0,828 0,548
injustiça 0,740
Sentimento de
0,722 0,827 0,547
representação 0,740
Fonte: Elaborada pelos autores com base nos dados da pesquisa (2019).
10
XLIII Encontro da ANPAD - EnANPAD 2019
São Paulo/SP - 02 a 05 de outubro
Tabela 2
Correlações entre as Variáveis Latentes [VL]
Variáveis Clientelism Legitimidad Legitimidad Mídi Percepçã Sentimento
latentes o e política e processual a o de de
injustiça representaçã
o
Clientelismo 1,000 -0,150 -0,137 0,268 -0,204 -0,137
Legitimidad -
e política -0,150 1,000 0,395 0,025 0,158 0,453
Legitimidad -
e processual -0,137 0,395 1,000 0,132 0,337 0,357
Mídia 0,268 -0,025 -0,132 1,000 -0,138 0,071
Percepção de -
injustiça -0,204 0,158 0,337 0,138 1,000 0,214
Sentimento
de
representaçã
o -0,137 0,453 0,357 0,071 0,214 1,000
Fonte: Elaborada pelos autores com base nos dados da pesquisa (2019).
Em uma análise mais detalhada do modelo validado, sendo esta feita em convergência
das teorias e das hipóteses apresentadas nas seções anteriores, afirma-se que apenas na relação
entre o ativismo popular e as legitimidades política e processual não há causalidade, ou seja, o
ativismo popular não afeta a legitimidade. Por outro lado, o clientelismo, a mídia, a percepção
de injustiça e o sentimento de representação possuem uma relação com as legitimidades. No
entanto, como parte significativa das variáveis observáveis precisaram ser excluídas do modelo
inicial, cabem algumas considerações sobre as relações averiguadas para avaliar as hipóteses.
Como forma de verificar as hipóteses e confirmar a significância estatística das
correlações apontadas na Tabela 3, foi realizado o procedimento de bootstrapping, Verifica-se
que as relações com p<0,05 são aquelas que ocorrem positivamente entre legitimidade política
e sentimento de representação; negativamente entre legitimidade processual e mídia;
positivamente entre legitimidade processual e percepção de injustiça; e positivamente entre
legitimidade processual e sentimento de representação. Dessa forma, a partir do bootstrapping
(na Tabela 3), entende-se que apenas as hipóteses H1a, H1b, H2b e H5b foram válidas por ter
correlação relevante e significância estatística.As relações sem significância estatística não
foram consideradas como relevantes para validação das hipóteses, sendo elas H2a, H3a, H3b e
H5a,apesar de estarem ajustadas ao modelo.
11
XLIII Encontro da ANPAD - EnANPAD 2019
São Paulo/SP - 02 a 05 de outubro
Tabela 3
Bootstrapping
Hipótes Relações Amostra Média Estatística Valores de Resultad
es original (O) da T P o
amostr
a (M)
Legitimidade política ->
H3a
Clientelismo -0,114 -0,119 1,555 0,121 Rejeitada
Legitimidade política ->
H5a
Mídia 0,028 0,021 0,374 0,709 Rejeitada
Legitimidade política ->
H2a
Percepção de injustiça 0,029 0,027 0,523 0,601 Rejeitada
Legitimidade política ->
H1a Sentimento de
representação 0,370 0,373 7,805 0,000 Aceita
Legitimidade processual
H3b
-> Clientelismo -0,093 -0,102 1,134 0,257 Rejeitada
Legitimidade processual
H5a
-> Mídia -0,144 -0,141 2,023 0,044 Aceita
Legitimidade processual
H2b -> Percepção de
injustiça 0,326 0,337 6,746 0,000 Aceita
Legitimidade processual
H1b -> Sentimento de
representação 0,210 0,212 4,180 0,000 Aceita
Fonte: Dados da pesquisa (2019).
12
XLIII Encontro da ANPAD - EnANPAD 2019
São Paulo/SP - 02 a 05 de outubro
noção própria, pouco influenciada pelo poder público, mas direcionada pelos meios midiáticos,
para legitimar politicamente e processualmente a Administração Pública.
5 Conclusão
Com base nos resultados e nas análises pode-se afirmar que a legitimidade processual
sobre as ações públicas é influenciadapositivamente pelo sentimento de representação,
negativamente pelo clientelismo e negativamente pela mídia. A legitimidade política é
influenciadapositivamente pelo sentimento de representação e negativamente pelo clientelismo.
Dessa forma, quatro hipóteses foram válidas, sendo elas H1a, H1b, H2b e H5b.
Acredita-se que o emprego do valor público como teoria de base para a análise
legitimidade foi relevante ao permitir que classificações pouco usuais pudessem ser avaliadas
em relação a escalas de mensuração com naturezas distintas. Além disso, os usos de técnicas
quantitativas de análise poderão contribuir com inferências estatísticas e generalizações em
outros contextos de pesquisa, que não sejam o de organizações privadas ou de comunidades
específicas, como no trabalho de Yang (2016).
Sugerem-se três diretrizes para pesquisas futuras. a primeira abordaria o valor público
e a legitimidade da forma mais gerencial possível, para que gestores públicos e privados possam
adotar seus princípios na criação, planejamento, execução e avaliação de políticas públicas. A
segunda abordaria o ativismo popular sendo investigado qualitativamente para que as razões de
suas deficiências em legitimar as ações públicas sejam avaliadas, enquanto a terceira sugestão
trata-se de realizar uma análise fatorial confirmatória para o modelo com as hipóteses validadas.
Referências
13
XLIII Encontro da ANPAD - EnANPAD 2019
São Paulo/SP - 02 a 05 de outubro
Cho, W. (017). Change and Continuity in Police Organizations: Institution, Legitimacy, and
Democratization. In The Experience of Democracy and Bureaucracy in South Korea.
Emerald Publishing Limited, 2, 113-139.
Choi, E., & Woo, J. (2015). Bureaucrats' Perception of Corruption and Political Trust in South
Korea. Korea Observer, 46(4), 669.
Cohen, J., Tsfati, Y., & Sheafer, T. (2008). The influence of presumed media influence in
politics: Do politicians’ perceptions of media power matter?. Public Opinion
Quarterly, 72(2), 331-344.
Cruz, N. F., Tavares, A. F., Marques, R. C., Jorge, S., & Sousa, L. (2016). Measuring local
government transparency. Public Management Review, 18(6), 866-893.
Cruz-Rubio, C. N. (2015). O que é (e o que não é) governo aberto? Uma discussão
conceitual. Temas de Administração Pública, 10(1).
Dahl, A., & Soss, J. (2014). Neoliberalism for the common good? Public value governance
and the downsizing of democracy. Public Administration Review, 74(4), 496-504.
Dhingra, M., & Dhingra, V. (2011). Perception: Scriptures’ Perspective. Journal of Human
Values, 17(1, 63-72.
Di Pietra, R., & Melis, A. (2016 ). “Governance and corruption: is history repeating itself?”
Fostering a debate and inviting contributions from a multidisciplinary
perspective. Journal of Management & Governance, 20(4), 689-701.
Essien, E. D. (2016). Navigating the Nexus between Social Media, Political Scandal, and
Good Governance in Nigeria. Political Scandal, Corruption, and Legitimacy in the
Age of Social Media, 157.
Farias, L. O., & Vaitsman, J. (2002). Interação e conflito entre categorias profissionais em
organizações hospitalares públicas. Cadernos de Saúde Pública, 18, 1229-1241.
Fraiha, P. S. (2014, outubro). Indicadores de percepção da corrupção: variações sob o efeito
dos meios de comunicação e comportamento político. PMKT – Revista Brasileiro de
Pesquisas de Marketing, São Paulo, 15, 59-76.
Fung, A. (2015). Putting the public backinto governance: The challenges of citizen
participation and its future. Public Administration Review, 75(4), 513-522.
Gbadamosi, G., & Bello, M. (2009). The King’s new clothes in the eyes of the beholder:
Developing a measurement scale for attitude towards corruption. In E. Kaynak, & T.
D. Harcar (Eds. Management challenges in an environment of increasing regional and
global concerns. Proceedings of the World Business Congress, Georgia, Tbilisi, 18.
Retrieved from http://eprints.worc.ac.uk/664/1/WRaP___Attitude_towards_corruption_-
_Gbadamosi%2C_G.%26_ Bello% 2C_M.__IMDA_2009.pdf
Gomes, J. V. L. (2010). A corrupção em perspectivas teóricas. Teoria e Cultura, 5(1-2).
Graça, J. D. de S. (2009). Autonomia e autoridade em contexto escolar. Dissertação de
mestrado, Instituto Universitário de Lisboa, Lisboa.
Graycar, A. (2014). Awareness of corruption in the community and public service: A
Victorian study. Australian Journal of Public Administration, 73(2, 271-281.
Graycar, A. (2016). Corruption and Public Value. Public Integrity, 18(4), 339-341.
Greene, S. (2002). The social-psychological measurement of partisanship. Political Behavior,
24(3), 171-197.
Hair, J. F., Anderson, R., Tatham,, R. & Black, W. (2009). Análise multivariada de dados.
Porto Alegre: Bookman.
Hartley, J., Alford, J., Knies, E. & Douglas, S. (2017). Towards an empirical research agenda
for public value theory. Public Management Review, 19(5), 670-685.
Hauk, E., Oviedo, M., & Ramos, X. Perception of corruption and public support for
redistribution in Latin America. Retirado de
http://www.ecineq.org/ecineq_lux15/FILESx2015/CR2/p119.pdf
14
XLIII Encontro da ANPAD - EnANPAD 2019
São Paulo/SP - 02 a 05 de outubro
Henseler, J., Ringle, C. M., & Sinkovics, R. R. The use of partial least squares path modeling
in international marketing. In New challenges to international marketing. Emerald
Group Publishing Limited, 2009.
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. (2017). Estimativas da população residente no
brasil e unidades da federação com data de referência em 1º de julho de 2017.
Retirado de
ftp://ftp.ibge.gov.br/Estimativas_de_Populacao/Estimativas_2017/estimativa_dou_20
17.pdf
Iroghama, I. P. (2011). Trends in perception of corruption in a developing
democracy. Journal of Economics and International Finance, 3(10), 571, 2011.
Li, L. (2016). Measuring the subjective perceptions of the social censure of corruption in post-
1997 Hong Kong. Crime, Law and Social Change, 65(1-2), 93-112.
Lima, V. A. (2013). A mídia e sua abordagem da corrupção. Revista do Centro Acadêmico
Afonso Pena, 19(1).
Linders, D. (2012). From e-government to we-government: Defining a typology for citizen
coproduction in the age of social media. Government Information Quarterly, 29(4),
446-454.
Melgar, N., Rossi, M., & Smith, T. W. (2010a). The perception of corruption. International
Journal of Public Opinion Research, 22(1), 120-131.
Melgar, N., Rossi, M., & Smith, Tom W. (2010b). The perception of corruption in a cross-
country perspective: why are some individuals more perceptive than
others?. Economia Aplicada, 14(2), 183-198.
Meynhardt, T. (2009). Public value inside: What is public value creation?. Intl Journal of
Public Administration, 32(3-4), 192-219.
Mintrom, M., & Luetjens, J. Creating public value: Tightening connections between policy
design and public management. Policy Studies Journal, 45(1, 170-190, 2017.
Moely, B. E., Mercer, S., Ilustre, V., Miron, D. & Megan, M. (2002). Psychometric properties
and correlates of the Civic Attitudes and Skills Questionnaire (CASQ): A measure of
students' attitudes related to service-learning. Michigan JournalofCommunity Service
Learning, 8(2).
Moore, Mark H. Managing for value: Organizational strategy in for-profit, nonprofit, and
governmental organizations. Nonprofit and Voluntary Sector Quarterly, 29(1_suppl,
183-204.
Moore, M. H. (1994). Public value as the focus of strategy. Australian Journal of Public
Administration, 53(3), 296-303.
Moraes, T. P. B., Santos, R. M., & Torrecillas, G. L. S. (2014). Qualidade democrática,
percepção de corrupção e confiança política na América Latina. RevistaEletrônica de
CiênciaPolítica, 5(1), 12-29.
Obicci, P. A. (2016). Ethics, Corruption and Performance in Developing Economies Public
Service. Ethics, 4(2).
Oliveira, T. M., Júnior, Costa, F. J. L. da, & Mendes, A. P. (2016). Perspectivas teóricas da
corrupção no campo da administração pública brasileira: características, limites e
alternativas. Revista Serviço Público, 67, 111-138.
Oquendo, A. R. (1999). Corruptionand Legitimation Crises in Latin America. Conn. J. Int'l
L., 14(475).
Oquendo, Á. R. (2016). Delegitimizing, corruptive crises. Revista Direito GV, 12(3), 892-912.
Page, S. B. Stone, M., Bryson, J. & Crosby, B. (2015). Public Value Creation by Cross‐Sector
Collaborations: A Framework and Challenges of Assessment. Public Administration,
93(3), 715-732.
15
XLIII Encontro da ANPAD - EnANPAD 2019
São Paulo/SP - 02 a 05 de outubro
Parasuraman, A., Zeithaml, V. A., & Berry, L. L. (1985). A conceptual model of service
quality and its implications for future research. The Journal of Marketing, 49, 41-50.
Paz, E. M. (2014). A corrupção no Brasil atual conforme a percepção de empresários
brasileiros. Dissertação de mestrado, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, PR,
Brasil.
Pierre, J., & Røiseland, A. (2011). Democratic legitimacy by performance? Exploring a
research field. Proceedings of the Ecpr General Conference, Reykjavik, Iceland,
Reykjavik, ECPR.
Quick, K. S., & Bryson, J. M. (2016). Public participation. In J. Torbing, & C. Ansell.
Handbook on theories of governance. Cheltenham: Edward Elgar, 1-12.
Ranney, J. A. (1969). Popular pressure on government. Naval War College Review, 22(10),
10-16.
RINGLE, C. M., da Silva, D., & Bido, D. de S. (2014). Modelagem de equações estruturais
com utilização do SmartPLS. Revista Brasileira de Marketing, 13(2), 56-73.
Ronconi, L. F. A., Debetir, E., & de Mattia, C. (2011). Conselhos gestores de políticas
públicas: potenciais espaços para a coprodução dos serviços públicos. Contabilidade,
Gestão e Governança, 14(3).
Rothstein, Bo. Corruption and social trust: Why the fish rots from the head down. Social
Research, 80(4), 1009-1032.
Rothstein, B., & Sorak, N. (2017). Ethical Codes for the Public Administration: a comparative
survey. Working Paper Series.
Rundmo, T., & Nordfjærn, T. (2017). Does risk perception really exist? Safety Science, 93,
230-240.
Santos, R. A., Hoyos Guevara, A. J., & Amorim, M. C. S. Corrupção nas organizações
privadas: análise da percepção moral segundo gênero, idade e grau de
instrução. Revista de Administração, 48(1), 53-66.
Schwella, E. (2016). Federalism in South Africa: a complex context and continued challenges.
In B. Hans, & L. Susanne, & P. Volker (Eds.). Federalism – a success story?. Hanns
Seidel Foundation: Munich, 1, 73-102.
Silva, P. A. (2007). O setor de saúde sob supervisão: legitimidade política, confiança
institucional, e o papel da mídia de massa. Revista Eletrônica de Comunicação,
Informação & Inovação em Saúde, 1(2).
Sturm, R. (2016). Federalism as a model for successful policy-making and as a challenge to a
governance. In: B. Hans, S. Luther, & P. Volker (Eds.). Federalism – a success story?
Hanns Seidel Foundation: Munich, 1, 9-22.
Talbot, C. (2011). Paradoxes and prospects of ‘public value’. Public Money & Management,
31(1), 27-34.
Thibaut, J. W., & Walker, L. (1975). Procedural justice: A psychological analysis. L. Erlbaum
Associates.
Torsello, D. (2013). The perception of corruption as social and institutional pressure: A
comparative analysis of cultural biases. Human Affairs, 23(2), 160-173.
Viviani, F. (2018). Corrupção, sociologia e gerenciamento de projetos: uma análise da
corrupção na cultura corporativa brasileira. Boletim do Gerenciamento, 1(1), 26-31.
Yang, K. (2016). Creating public value and institutional innovations across boundaries: An
integrative process of participation, legitimation, and implementation. Public
Administration Review, 76(6), 873-885.
Zakaria, P. (2016). The Influence of Socioeconomic Trends and Experiences on Individual
Perception of Corruption: The Case of Croatia. Public Integrity, 18(4), 419-440.
16