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2018/19
10º Ano
Teste de Avaliação 1 de Português
Critérios de Correção A/B/C
Pero de Viviães
In Ema Tarracha Ferreira, Op. Cit., s/d (pp. 93-94).
Glossário:
1. madres: mães; 2. San Simon de Val de Prados: local de peregrinação. As romarias referenciadas
na lírica trovadoresca pertencem, na sua generalidade, à Galiza ou ao Minho; 3. acender velas ao santo
para cumprir promessas; 4. meninas; 5. esforcemo-nos por andar, tratemos de andar; 6. acendam
velas, façam promessas;7. i: aí; 8. para; 9. em cós: sem manto que lhes tape o corpo, as formas
feminis; em corpo bem feito;10. alá: lá; 11. cousir: contemplar; admirar, apreciar, ver com
atenção, examinar.
1. Atente nos versos «Pois nossas madres van a Sam Simon / De Val de Prados
candeas queimar / nós, as meninhas, punhemos d'andar / com nossas madres», vv.
1-4.
1.1. A partir da circunstância apresentada, as raparigas traçam um plano que
envolve três grupos de personagens. Identifique-os.
As personagens apresentadas são as meninas, as mães e os amigos.
Níveis Descritores do nível de desempenho Pontuação
3 9
Identifica, corretamente, os 3 grupos de personagens.
2 6
Identifica, corretamente, 2 grupos de personagens.
Identifica, corretamente, 1 grupo de personagens
1 3
ou
identifica, de forma vaga e imprecisa, 2 grupos de personagens.
Aspetos de conteúdo (C) 9 pontos
Aspetos de estruturação do discurso e correção linguística (F) 6 pontos
- Estruturação do discurso (E) 3 pontos
- Correção linguística (CL) 3 pontos
Desde logo original por apresentar, não uma voz feminina individual, mas um coro de
meninas, esta célebre cantiga de Pero Viviães explicita aquilo que as restantes cantigas
ditas “de santuário”/ de “romaria” deixam perceber: a mistura do sagrado e do profano
que caracteriza esses espaços de culto popular, lugares privilegiados de encontro das
moças e seus amigos, tal como é referido em todas essas cantigas.
A esta alegre e irónica fala das meninas, Pero Viviães acrescenta ainda pormenores de
notável visualidade, como acontece, por exemplo, nas últimas estrofes, onde quase
conseguimos visualizar o grupo dos jovens rapazes a observar, apreciar as moças
dançando em cós (sem manto), avaliando da sua beleza.
Os jograis
Os jograis são uma das mais importantes instituições da Idade Média, porque são
eles quem conserva e vulgariza 1 a cultura da palavra num tempo em que o livro era
um objeto tão precioso como uma joia cara. Através dele se comunicam entre si os
diversos grupos sociais com os seus valores; as diferentes regiões culturais do
5 mundo com as suas criações próprias. Eles transmitem o repertório folclórico
internacional, assim como as invenções que o vão enriquecendo. Além disso, é por
via deles que passam à cultura oral muitas criações registadas em livros. São os
intermediários culturais por excelência […].
O camponês, o burguês, o senhor, ou nas feiras e romarias, ou nos festins e
10 banquetes, ao ar livre ou em salões, até mesmo nas naves das igrejas, entretinham-
se a ver o jogral que tocava, cantava e bailava, mostrava o macaco dançarino,
executava malabarismos com facas ou maçãs, fazia trejeitos2 e paródias3 e por vezes
recitava poemas ou relatava notícias de longínquas e extraordinárias terras. Se o
sacerdote tinha o prestígio do saber e entendia os mágicos sinais que enegreciam os
15 livros, o jogral despertava a imaginação com as suas estórias de países fantásticos
ou de guerreiros invencíveis, com as suas canções, a desenvoltura 4 de viajante
sabedor e de aventureiro. Enquanto no clérigo se via um ministro de Deus, um
guardião da porta do Céu, o jogral parecia um discípulo do Diabo, sem vergonha,
sem eira nem beira, errante 5. E a mulher que o acompanhava, dançarina ou
20 cantadeira, não era também uma mulher como as outras: livre e devassa 6, mostrava
o corpo no bailado e nas acrobacias, e os seus cantares eram uma provocação ao
jogo erótico.
Do ponto de vista eclesiástico, o jogral, parente do Diabo, só como agente do mal
podia encontrar o seu lugar. Mas isso mesmo o tornava perigosamente sedutor. As
25 suas estórias e cantares levavam a imaginação para um mundo livre bem longe das
naves da igreja: para o luar, para as florestas na primavera, para as cidades de
sonho, para as ilhas encantadas do mar desconhecido. Por isso, durante muito tempo
a Igreja e os moralistas condenaram os jograis. Lembrava-se a frase de Santo
Agostinho segundo a qual dar presentes aos jograis era o mesmo que dá-los ao
30 Diabo. São Gregório Magno, Papa, num texto traduzido em Alcobaça, narrava
complacentemente7 a morte desastrosa de um jogral em castigo de se ter
intrometido numa festa religiosa.
Numa iluminura8 francesa do século XII, num manuscrito do Breviário de Amor, de
Matfré de Armengaud, os jograis são representados como demónios à mesa de
35 um festim, servindo os manjares e tocando trompa e violino. Algum rei mais
piedoso os expulsou da sua corte. Afonso X, o Sábio, conta nas Cantigas de
Santa Maria como um jogral que quis arremedar9 uma imagem da Virgem com o
Menino nos braços foi logo castigado, ficando torto na boca e nos braços.
Mas não era fácil dispensá-los. Os moralistas distinguiram subtilmente entre os bons
e os maus jograis, e a joglaria10 acabou por adquirir direitos de cidade na sociedade
medieval.
António José Saraiva, A cultura em Portugal – teoria e história – Livro II – primeira época: a formação,
Lisboa, Livraria Bertrand, 1984, pp. 56-57.
Vocabulário
1
divulga; 2 gestos estranhos, cheios de comicidade; 3 brincadeiras imitativas de natureza
cómica; 4 o à vontade; 5 viajante; 6 pecadora; 7 com satisfação; 8 desenho, miniatura,
grafismo que ornamenta livros, especialmente manuscritos medievais; 9 imitar de forma
caricatural, distorcida, zombeteira; 10 os jograis enquanto instituição.
1.5. Apesar de mal vistos, os jograis eram aceites na sociedade. Os «moralistas», l. 37,
encontraram um modo de os integrar porque
(A) admitiam a inexistência de maus jograis.
(B) não admitiam a existência de maus jograis.
(C) admitiam a existência de bons jograis.
(D) não admitiam a inexistência de bons jograis.
VERSÃO C
1.8. A função sintática desempenhada pelo pronome pessoal átono existente na frase
«dar presentes aos jograis era o mesmo que dá-los ao Diabo.», ll. 27-28, é a de
(A) complemento direto.
(B) complemento indireto.
(C) complemento oblíquo.
1.9. A oração presente em «[…] entretinham-se a ver o jogral que tocava», ll. 10-11, é:
(A) uma oração coordenada adversativa.
(B) uma oração subordinada adjetiva relativa restritiva.
(C) uma oração subordinada adverbial causal.
(D) uma oração subordinada adverbial consecutiva.
1.10. O processo fonético presente na evolução de em IBI > ii > i > aí (Grupo I) é:
(A) a síncope do “b”, crase de vogais (“ii) e a prótese de “a”.
(B) a síncope do “b”e prótese de “a”.
(C) a crase de vogais (“ii).
(D) a prótese de “a”.
VERSÃO B
1.5. Apesar de mal vistos, os jograis eram aceites na sociedade. Os «moralistas», l. 36,
encontraram um modo de os integrar porque
(A) admitiam a existência de bons jograis.
(B) não admitiam a existência de bons jograis.
(C) não admitiam a inexistência de maus jograis.
(D) admitiam a existência de maus jograis.
2.1. Identifique o processo fonético presente na evolução de IBI > ii > i > aí.
2.2. Indique a função sintática desempenhada pelo pronome pessoal átono existente
na frase «dar presentes aos jograis era o mesmo que dá-los ao Diabo.», ll. 27-
28, (texto do Grupo II).
VERSÃO A VERSÃO B
1.1. A 1.1. B
1.2. A 1.2. C
1.3. D 1.3. C
1.4. C 1.4. A
1.5. C 1.5. A
1.6. C 1.6. A
1.7. C 1.7. A
2.1. 2.1.
a) Síncope do “b”; crase de vogais a) Síncope do “b”; crase de vogais
(“ii) e prótese de “a”. (“ii) e prótese de “a”.
VERSÃO C
Versão adaptada a ALUNOS com NEEspeciais (a mesma que a
versão A com diferenças nas 3 últimas questões)
1.1. A
1.2. A
1.3. D
1.4. C
1.5. C
1.6. C
1.7. C
1.8. A
1.9. B
1.10. A
GRUPO III
NOTA - A exposição deve ser estruturada, segundo um plano prévio, em três partes:
introdução – primeiro parágrafo de apresentação breve do tema;
desenvolvimento – apresentação, devidamente organizada dos tópicos a tratar e da respetiva
fundamentação;
conclusão – breve parágrafo final de fecho, que confirme, genericamente, as informações expostas.
Observações:
1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em
branco, mesmo quando esta integre elementos ligados por hífen (ex.: /dir-se-ia/). Qualquer número
conta como uma única palavra, independentemente dos algarismos que o constituam (ex.: /2018/).
2. Um desvio dos limites de extensão indicados implica uma desvalorização parcial ou total do texto
produzido.
3. O não cumprimento da instrução implica uma desvalorização total.