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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

ESCOLA DE ENGENHARIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA E DE PETRÓLEO
CURSO DE ENGENHARIA DE PETRÓLEO

ESTUDO DOS MÉTODOS DE CONTROLE DE POÇO

MONOGRAFIA DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PETRÓLEO

ALOYSIO GARCIA NETO

Niterói, 2011
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
ESCOLA DE ENGENHARIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA E DE PETRÓLEO
CURSO DE ENGENHARIA DE PETRÓLEO

ALOYSIO GARCIA NETO

ESTUDO DOS MÉTODOS DE CONTROLE DE POÇO

Monografia apresentada ao Curso de


Engenharia de Petróleo da Universidade
Federal Fluminense, como requisito parcial
para a obtenção do Grau de Bacharel em
Engenharia de Petróleo.

Orientadora: Claudia Ossanai Ourique

Niterói
2011
AGRADECIMENTOS

Primeiramente gostaria de agradecer a todas as pessoas que participaram da minha vida


durante minha vida acadêmica

À minha mãe Theresa e meu irmão Jonas pelo incentivo, amor e amizade de sermpre.

Ao meu pai Marcelo e irmão Thiago pelo suporte e carinho.

À minha avó Dulcilia pela paciência e apoio durate toda minha vida.

Ao meu avô Jayme, tias e demais familiares.

Aos amigos da Marinha, sempre presentes nas melhores lembranças.

Ao amigo Carlos Eduardo pela ajuda e apoio durante todo o curso.

Aos amigos do grupo Ken, por tornarem os últimos cinco anos da minha vida mais
fáceis e divertidos.

À minha professora otientadora Claudia, por me “aceitar” de maneira repentina e


principalmente pelo suporte durante a execução deste trabalho.

iii
RESUMO

As operações de exploração e produção de petróleo envolvem aspectos que colocam em


risco a segurança dos trabalhadores e a integridade do meio ambiente. Para que o
desenvolvimento dessas atividades sejam bem sucedidas é fundamental que esses riscos
sejam minimizados através da manutenção do controle sobre as pressões e fluidos
envolvidos nessas operações. O estudo dos métodos de controle de poços é
fundamental para a determinação das principais variáveis envolvidas nessas atividades,
o que garante um aumento no controle de operações de perfuração, completação e
workover. Nesse sentido, esse trabalho apresenta um estudo dos principais aspectos
envolvidos nas operações de controle de poços, além de apresentar um estudo de casos
que analisará os motivos da perda do controle dos maiores acidentes da história da
indústria de petróleo, para que toda a perda humana, ambiental e financeira se torne um
legado para as futuras operações, as tornando mais seguras e eficiêntes.

Palavras-chave: Controle, primário, poço, secundário, kick, blowout, influxo.

iv
ABSTRACT

The oil and gas exploration & production operations involve a lot of issues regarding
the worker’s safety and the environment’s health. It is essential that the risks regarding
these operations are optimized to a minimum, through the maintance and control over
the pressures and types fluids involved. This is important in order to achieve completely
successful and safe operations. The study of such methods and techniques to control
wells is significant to determine the main variables involved in these activities,
guaranteeing an increase of safety and control over drilling, completion and workover
operations. In that regard, this paper aims to present a study about the main aspects
involved in the well control operations, with an additional case study which analyses
the issues and reasons the led to some of the biggest accidents regarding the well
control in the oil industry history, for all human, financial and environmental losses
becomes a legacy to all future operations, making them safer and more efficient.

Keywords: Control, primary, well, secondary, kick, blowout, influx.

v
LISTA DE FIGURAS

.
Figura 2.1 Tanque de Manobra ...................................................................................... 7

Figura 2.2 Circulação de Lama no Poço.......................................................................... 7

Figura 2.3 Sistema de Circulação de Lama...................................................................... 8

Figura 3.1 Ilustração da Manobra e Cálculos para Identificação de kicks....................... 14

Figura 3.2 Ilustração de Pistoneio................................................................................... 15

Figura 3.3 Ilustração de Surging...................................................................................... 15

Figura 3.4 Ilustração de gráficos que indicam kick.......................................................... 23

Figura 3.5 Ilustração da sísmica identificando Shallow Gas.......................................... 26

Figura 4.1 BOP Stack...................................................................................................... 32

Figura 4.2 BOP Gavetas ................................................................................................. 33

Figura 4.3 BOP Gavetas ................................................................................................. 34

Figura 4.4 BOP Gavetas Vazadas.................................................................................... 34

Figura 4.5 BOP Gavetas Cisalhantes............................................................................... 34

Figura 4.6 BOP Anular .................................................................................................. 35

Figura 4.7 Exemplo de funcionamento de um Diverter.................................................. 38

Figura 4.8 Fechamento do Poço...................................................................................... 39

Figura 4.9 Comportamento das pressões após o fechamento do poço............................. 44

Figura 4.10 Comportamento do Influxo............................................................................ 46

Figura 4.11 Comportamento das Pressões......................................................................... 52

Figura 4.12 Comportamento das Pressões......................................................................... 55

Figura 5.1 Sedco 135F blowout....................................................................................... 60

Figura 5.2 Poço Enchova Central.................................................................................... 62

Figura 5.3 Ocean Odyssey Blowout................................................................................ 64

Figura 5.4 Ekofisk Bravo................................................................................................ 65

Figura 5.5 Acionamento do BOP anular......................................................................... 71

vi
Figura 5.6 Ruptura na coluna.......................................................................................... 71

Figura 5.7 Ruptura total da coluna................................................................................... 72

Figura 5.8 Acionamento das gavetas cegas..................................................................... 72

vii
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Determinação do tipo de influxo.................................................................... 47

viii
SUMÁRIO

1 –CONSIDERAÇÕES INICIAIS ................................................................................... 1

1.1 –MOTIVAÇÃO ............................................................................................................. 2

1.2 – OBJETIVO ................................................................................................................. 2

1.3 – ORGANIZAÇÃO ....................................................................................................... 2

2 – CONCEITOS PRELIMINARES .............................................................................. 4

2.1 – CONTROLE DE POÇO ............................................................................................ 4

2.2 – PRESSÃO DE PORO ................................................................................................. 4

2.3 – FLUIDOS DE CONTROLE ....................................................................................... 5

2.4 – MANOBRA ................................................................................................................ 6

2.4.1 – TANQUE DE MANOBRA................................................................................... 6

2.5 – CIRCULAÇÃO .......................................................................................................... 6

2.5.1 – SISTEMA DE CIRCULAÇÃO DE LAMA ......................................................... 7

2.6 – RISER........................................................................................................................... 9

2.7 – FLOW CHECK ........................................................................................................... 9

3 – CONTROLE PRIMÁRIO DE POÇO........................................................................ 10

3.1 – CAUSAS DE KICK .................................................................................................... 10

3.1.1 – CAUSAS DE KICK DURANTE A PERFURAÇÃO............................................ 10


3.1.1.1 – LAMAS COM MASSA ESPECÍFICA MENOR QUE A PRESSÃO DA
10
FORMAÇÃO........................................................................................................................
3.1.1.2 – FALTA DE ATAQUE AO POÇO DURANTE A MANOBRA .................... 11

3.1.1.3 – PISTONEIO E SURGING .............................................................................. 14

3.1.1.4 – PERDA DE CIRCULAÇÃO........................................................................... 17

3.1.2 – CAUSAS DE KICK DURANTE A COMPLETAÇÃO E WORKOVER.............. 18

3.1.2.1 – FALTA DE ATAQUE AO POÇO DURANTE A MANOBRA.................... 18

3.1.2.2 – PISTONEIO .................................................................................................... 18


3.1.2.3 – FLUIDO DE COMPLETAÇÃO/WORKOVER COM DENSIDADE
18
INSUFICIENTE ...................................................... ...........................................................

ix
3.1.2.4 – CANHONEIO ................................................................................................. 19

3.1.2.5 – MANOBRAS COM PERDAS DE FLUIDOS................................................ 19

3.1.2.6 – PESCARIA....................................................................................................... 20

3.2 – INDICADORES DE KICK........................... .............................................................. 20

3.2.1 – AUMENTO DA TAXA DE PERFURAÇÃO....................................................... 20


3.2.2 – DECRÉSSIMO DA PRESSÃO DE CIRCULAÇÃO OU AUMENTO DA
21
VELOCIDADE DA BOMBA .............................................................................................
3.2.3 – AUMENTO DO TORQUE E ARRASTE ............................................................ 22

3.2.4 – REDUÇÃO DO PESO DA COLUNA DE PERFURAÇÃO................................ 22

3.2.5 – MUDANÇA NO FATOR “d” ............................................................................. 22

3.2.6 – MUDANÇA DO TAMANHO E FORMA DOS CASCALHOS.......................... 24

3.2.7 – MUDANÇA NA DENSIDADE DOS FOLHELHOS........................................... 24

3.2.8 – CORTE ÓLEO,GÁS E ÁGUA NA LAMA ........................................................ 25

3.3 – SHALLOW GAS........................................................................................................... 25

3.3.1 – AVALIAÇÃO DE UM SHALLOW GAS............................................................... 26

3.3.2 – CONSIDERAÇÕES PARA O DESIGNER DO POÇO........................................ 27

3.4 – COMPORTAMENTO DO FLUIDO INVASOR........................................................ 27

3.4.1 – POÇO ABERTO.................................................................................................... 27

3.4.2 – POÇO FECHADO................................................................................................. 28

3.5 – TOLERÂNCIA DE KICK........................................................................................... 29

4 –CONTROLE SECUNDÁRIO DE POÇO .................................................................. 31

4.1 –BOP.............................................................................................................................. 31

4.1.1– FUNÇÕES DO BOP.................................. .................................. ......................... 32

4.1.2 –COMPONENTES DO BOP STACK. .................................................................... 32

4.1.2.1- BOP DE GAVETAS......................................................................................... 33

4.1.2.2- BOP DE ANULAR........................................................................................... 35

4.1.2.3- LINHA DE CHOKE.......................................................................................... 35

4.1.2.4 - LINHA DE KILL.............................................................................................. 36

x
4.1.3 – DIMENSIONAMENTO DO BOP........................................................................ 36

4.2 – OUTROS EQUIPAMENTOS .................................................................................... 37

4.2.1 – DIVERTER ............................................................................................................ 37

4.3– FECHAMENTO DO POÇO......................................................................................... 38

4.3.1– FECHAMENTO LENTO (SOFT).......................................................................... 39

4.3.2 – FECHAMENTO RÁPIDO (HARD) ..................................................................... 40

4.3.3 – PROCEDIMENTOS PARA FECHAMENTO DE POÇO.................................... 41

4.3.3.1 –FECHAMENTO DE POÇO DURANTE A PERFURAÇÃO.......................... 41

4.3.3.2 –FECHAMENTO DE POÇO DURANTE A MANOBRA............................... 41

4.3.3.3 –FECHAMENTO DE POÇO DURANTE A MANOBRA DE COMANDOS. 42

4.3.3.4 – FECHAMENTO DE POÇO SEM COLUNA NO POÇO............................... 42


4.3.3.5 – FECHAMENTO DE POÇO DURANTE A DESCIDA DO
43
REVESTIMENTO ...............................................................................................................
4.3.4 – PRESSÕES NO POÇO APÓS SEU FECHAMENTO.......................................... 43

4.4 – ESTIMATIVA DO COMPRIMENTO DE KICK....................................................... 45

4.5 – ESTIMATIVA DO TIPO DE KICK............................................................................ 46

4.6 – PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS DE SEGURANÇA...................................... 47

4.6.1 – FLOW CHECK...................................................................................................... 47

4.6.2 – PROCEDIMENTOS GERAIS.............................................................................. 48

4.6.3 – NA PERFURAÇÃO.............................................................................................. 48

4.6.4 – NA MANOBRA.................................................................................................... 49

4.6.5 – DURANTE A DESCIDA DO REVESTIMENTO................................................ 50

4.7 – CONTROLE DE KICK............................................................................................... 50

4.7.1 – PRINCÍPIO DA PRESSÃO CONSTANTE NO FUNDO DO POÇO.................. 51

4.7.2 – MÉTODOS COM CIRCULAÇÃO....................................................................... 51

4.7.2.1 – MÉTODO DO SONDADOR.......................................................................... 52

4.7.2.2 – MÉTODO DO ENGENHEIRO....................................................................... 54

4.7.2.3 – MÉTODO SIMULTANEO............................................................................. 55

xi
4.7.2.4 – CIRCULAÇÃO REVESRSA.......................................................................... 56

4.7.3 – MÉTODOS SEM CIRCULAÇÃO........................................................................ 57

4.7.3.1 – MÉTODO VOLUMÉTRICO.......................................................................... 57

4.7.3.2 – LUBRIFICAR E DRENAR............................................................................. 58

4.7.3.3 – BULHEADING................................................................................................ 58

5 – ESTUDO DE CASO..................................................................................................... 59

5.1 – SEDCO 135F .............................................................................................................. 59

5.2 – ENCHOVA CENTRAL - 1988................................................................................... 60

5.3 – C.P. BAKER................................................................................................................ 63

5.4 – OCEAN ODYSSEY…………………………...……………………………………. 63

5.5 – EKOFISK BRAVO..................................................................................................... 65

5.6 – DEEPWATER HORIZON......................................................................................... 66

5.7 – ANÁLISE CRÍTICA DO ESTUDO............................................................................ 73

6 – CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................... 75

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................. 77

xii
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

A demanda contínua e crescente de energia no cenário mundial, bem como a


disponibilidade de tecnologias baseadas na utilização dos derivados de hidrocarbonetos,
dificulta o desenvolvimento de outras fontes e colocam o petróleo como a principal
fonte da matriz energética mundial para as próximas décadas.

A redução das reservas de fácil acesso e lucrativas tem obrigado as empresas a


buscar alternativas mais onerosas para suprir essa demanda, pois, mesmo sendo um
petróleo mais “caro”, a lucratividade dessas operações está garantida devido as
constantes altas nos preços do barril de petróleo no mercado internacional. Isso significa
que a quantidade de novos poços perfurados sobre grandes lâminas d’água a enormes
profundidades tem aumentado consideravelmente.

O desenvolvimento de poços nessas condições é um processo ainda mais


complexo, pois se trabalha com altos valores de pressão e temperatura, num ambiente
inóspito onde de acordo com site Portos e Navios1as ondas podem atingir até 19m em
uma tempestade, além de ventos e correntes. Para que se executem essas operações com
um grau aceitável de segurança, deve-se fazer um estudo complexo de controle de poço.

Em 2010, no poço de Macondo situado no Golfo do México, ocorreu um dos


maiores acidentes da história da indústria do petróleo, quando pelo mau funcionamento
de alguns equipamentos e pela falha da perfuradora em manter o controle do poço,
ocorreu um blowout2, causando incêndio da plataforma, mortes e um enorme vazamento
de óleo, quando de acordo com Costa et al.3cerca de 780 mil m³ de óleo foram
derramados no mar. Caso as devidas precauções tivessem sido tomadas, esse desastre

1
PORTOS E NAVIOS, Os dez campos de petróleo mais perigosos do mundo. Disponível em:
<http://www.portosenavios.com.br/site/noticiario/industria-naval/4474-os-10-campos-de-petroleo-mais-
perigosos-do-mundo>, Acessado em 23 de agosto de 2011.
2
Blowout é o escoamento descontrolado de gás, óleo ou qualquer outro fluido originalmente contido numa
formação rochosa, o reservatório, para a atmosfera, para o fundo do mar ou para uma outra formação
rochosa que não é o reservatório portador do fluido produzido. Retirado de FERNÁNDEZ, E. F. y;
JUNIOR, O. A. P.; PINHO, A. C. de. Dicionário do petróleo em língua portuguesa: exploração e
produção de petróleo e gás – Rio de Janeiro: Lexikon: PUC-Rio, 2009. 656p.
3
COSTA, D. O. da; Lopez, J. de C.: Tecnologia dos métodos de controle de poço e blowout , 76 f.
Monografia de Graduação em Engenharia de Petróleo, UFRJ, Rio de Janeiro/RJ, 2011.
1
poderia ter sido controlado a tempo de não atingir níveis catastróficos ou até mesmo ser
evitado completamente.

1.1 Motivação

Este trabalho foi incentivado pelos fatores supracitados e pela necessidade de


uma revisão bibliográfica em português direcionada ao controle de poços durante a
perfuração, completação e workover.

A crescente preocupação das autoridades e da sociedade com a questão


ambiental, também foi fundamental para escolha do tema a ser trabalhado nos capítulos
subsequentes, visto que o controle de poços é uma ferramenta fundamental para que a
vida de um poço transcorra sem a ocorrência de acidentes.

1.2 Objetivo

No presente trabalho será feito um estudo em diversos materiais de controle de


poço com intuito de reunir as mais importantes informações disponíveis em uma só
fonte que se torne instrumento de apoio e pesquisas dos estudantes e profissionais da
área. Certamente, a principal preocupação dos engenheiros é projetar um poço com o
menor risco possível de acidentes e, por isso mesmo é fundamental estar preparado para
quaisquer intercorrências que possam vir a ocorrer durante a vida útil do projeto.

Além disso, também será desenvolvido um estudo de caso onde serão analisados
os principais acidentes ocorridos na história da indústria de petróleo e gás, evidenciando
as principais causas da perda do controle primário e as causas da impossibilidade da
manutenção do controle secundário.

1.3 Organização

O trabalho foi dividido em seis capítulos. O Capítulo 1 será composto da


presente introdução, que será seguida de uma introdução de conceitos preliminares que
são fundamentais para o entendimento dos capítulos posteriores, apresentada no
Capítulo 2. O Capítulo 3, Controle Primário de Poços, apresentará os conceitos que

2
envolvem essa atividade, assim como os principais fatores que podem levar a um
insucesso da mesma. No Capítulo 4, serão apresentados os principais equipamentos
responsáveis pela manutenção do controle secundário de poços e alguns métodos para o
desenvolvimento do mesmo. Posteriormente será feito um estudo dos principais
acidentes da história da indústria de exploração e produção de petróleo e gás, onde
também serão identificados os principais motivos que levaram a perda do controle
primário e secundário dos poços em estudo, estão apresentados no capítulo 5. O
Capítulo 6 apresentará as considerações finais.

3
2 CONCEITOS PRELIMINARES

O presente capítulo desse estudo é uma introdução a conceitos essenciais para


facilitação do entendimento do trabalho em questão. O controle de poço de petróleo é
uma operação que está presente em diversas etapas da vida útil de um poço, daí a
necessidade de expandir o conhecimento de alguns termos relativos a estas operações.

2.1 Controle de Poço

As atividades de controle de poço são fundamentais para a manutenção da


segurança das operações de um projeto de perfuração, completação e produção. Para tal
é necessário que se faça uma análise profunda de todos os possíveis percalços que
possam ocorrer para que assim a equipe possa evitar acidentes que ponham em risco o
meio ambiente, a vida e o lucro.

Segundo Grace4 essas atividades são dividias em controle primário e secundário


de poços, conceitos esses que serão abordados profundamente nos capítulos a seguir.

2.2 Pressão de Poro

De acordo com o Fernández et al.5, pressão de poro é a pressão dos fluidos


contidos nos poros da formação, podendo ser medida por testes de formação, pela
descida de mostradores ou estimada com base em informações no tempo de trânsito de
ondas compressionais.

Segundo Ohara6, o seu valor máximo pode ser estimado através da utilização do
gradiente de pressão na profundidade máxima do poço, que é calculado através da
pressão exercida pela coluna de fluido por unidade de comprimento, como pode ser
observado na fórmula a seguir:

4
GRACE, R. D.: Advanced Blowout & Well Control. Houston, Texas: Gulf Publishing Company, 1994.
396p.
5
FERNÁNDEZ, E. F. y; JUNIOR, O. A. P.; PINHO, A. C. de. Dicionário do petróleo em língua
portuguesa: exploração e produção de petróleo e gás – Rio de Janeiro: Lexikon: PUC-Rio, 2009. 656p.
6
OHARA, S. Perfuração de Poços: Parte 3 – Controle de Poços – Universidade Federal do Rio de Janeiro,
Rio de Janeiro , 2008.

4
(1)

Assim, o valor máximo para a pressão dos poros pode ser dada através da
seguinte fórmula:

(2)

Na qual:

Gp,max = é o gradiente de pressão de poros no ponto mais fundo do poço em lb/gal;


h = distância total entre a cabeça e o fundo do poço em m.

2.3 Fluidos de Controle

De acordo com Fernández et al.7, para que a operação de controle de poço seja
bem sucedida é fundamental a utilização de fluidos que dentre outras utilidades são
responsáveis pela manutenção da pressão hidrostática dentro dos poços.

Os principais fluidos utilizados são para a perfuração, completação, workover8,


etc. Apesar de serem fundamentais para o desenvolvimento das atividades citadas, esses
fluidos também geram alguns efeitos colaterais, que devem ser minimizados, como:

 Danos à formação de poços abertos: A utilização desses fluidos pode causar


prejuízos à formação da rocha onde os hidrocarbonetos se encontram, alterando
a forma em que os mesmos são produzidos e a estabilidade do poço. Por muitas
vezes é necessário que se trate quimicamente a formação para reduzir os danos
causados;

7
FERNÁNDEZ, E. F. y; JUNIOR, O. A. P.; PINHO, A. C. de. Dicionário do petróleo em língua
portuguesa: exploração e produção de petróleo e gás – Rio de Janeiro: Lexikon: PUC-Rio, 2009. 656p.
8
Workover é a intervenção feita com uma sonda no poço após a sua completação para a manutenção.
Retirado de FERNÁNDEZ, E. F. y; JUNIOR, O. A. P.; PINHO, A. C. de. Dicionário do petróleo em
língua portuguesa: exploração e produção de petróleo e gás – Rio de Janeiro: Lexikon: PUC-Rio,
2009. 656p.

5
 Corrosão dos equipamentos do poço: Para evitar que os fluidos danifiquem o
revestimento, a coluna e os demais equipamentos utilizados, é necessário que
seja feito um tratamento no mesmo ou que se utilize aditivos nos fluidos;
 Perda da circulação: Se a pressão que o fluido exerce na parede do poço for
superior a pressão de poros, o poço poderá experimentar perda de fluidos para a
formação, podendo danificá-la;
 Erosão na parede do poço: isso pode causar problemas para a cimentação,
aprisionamento da tubulação e etc. Para ser evitada deve-se atentar a velocidade
da bomba e a interação entre formação e fluido.

2.4 Manobra

Manobra é toda operação de descida ou retirada de qualquer ferramenta no poço.

2.4.1 Tanque de Manobra

Como bem definido por Fernández et al9, tanque de manobra é um tanque


auxiliar que monitora os volumes de fluidos deslocados pela descida ou subida das
ferramentas, através de um sistema de circulação. Com a análise da figura 2.1, pode-se
entender de que forma as linhas do tanque de manobra funcionam.

2.5 Circulação

De acordo com Fernández et al.10, a circulação é uma operação que objetiva


condicionar as características dos fluidos para que estes mantenham o poço sob
controle, remover cascalhos, avaliar as condições hidráulicas do poço e o preparar para
operações posteriores.

A figura 2.2 apresenta uma representação de como ocorre à circulação da lama


durante a perfuração de um poço.

9
FERNÁNDEZ, E. F. y; JUNIOR, O. A. P.; PINHO, A. C. de. Dicionário do petróleo em língua
portuguesa: exploração e produção de petróleo e gás – Rio de Janeiro: Lexikon: PUC-Rio, 2009. 656p.
10
FERNÁNDEZ, E. F. y; JUNIOR, O. A. P.; PINHO, A. C. de. Dicionário do petróleo em língua
portuguesa: exploração e produção de petróleo e gás – Rio de Janeiro: Lexikon: PUC-Rio, 2009. 656p.

6
Figura 2.1 – Tanque de Manobra
Fonte: Aberdeen11

Figura 2.2 – Circulação de Lama no Poço


Fonte: Site Tudo Sobre12

2.5.1 Sistema de Circulação de Lama

Segundo informações disponíveis no site Buyung13 e no livro Fernández et al.14o


sistema de circulação é o conjunto de equipamentos que são responsáveis pela

11
ABERDEEN Drilling Schools & Well Control Training Centre: Well Control for Rig-Site Team –
Aberdeen: 2002. 390p. Disponível em: <http://pt.scribd.com/doc/4209107/ABERDEEN-Drilling-
Schools-Well-Control>.
12
TUDO SOBRE, Como tudo funciona. Disponível em: <http://ciencia.hsw.uol.com.br/perfuracao-de-
petroleo2.htm>. Acessado em 08 de setembro de 2011.
13
BUYUNG, Radity. How oil drilling works. Disponível em:<http://radityabuyung.blogspot.com
/2010/03/how-oil-drilling-works.html>, Acessado em 03 de setembro de 2011.
7
circulação da lama entre a coluna e o poço, o poço e a superfície e pelo seu tratamento
na superfície, e é composto pelos seguintes equipamentos:

 Bomba: suga a lama dos fossos e a bombeia para o mecanismo de sondagem;


 Tubulações e mangueiras: conectam a bomba ao mecanismo de sondagem;
 Linha de retorno de lama: retorna a lama do poço;
 Peneira oscilante: peneira/coador que separa os cortes de rocha da lama;
 Calha de folhelho: transporta os cortes de rocha para o fosso de reserva;
 Fosso de reserva: recolhe os cortes de rocha separados da lama;
 Fossos de lama: onde a lama da perfuração é misturada e reciclada;
 Lameiro: onde a nova lama é misturada e então enviada para os fossos de lama.

Pode-se observar na figura 2.3 uma ilustração completa do sistema de circulação


de lama.

Figura 2.3 – Sistema de Circulação de Lama


Fonte: Site Tudo Sobre15

14
FERNÁNDEZ, E. F. y; JUNIOR, O. A. P.; PINHO, A. C. de. Dicionário do petróleo em língua
portuguesa: exploração e produção de petróleo e gás – Rio de Janeiro: Lexikon: PUC-Rio, 2009. 656p.
15
TUDO SOBRE, Como tudo funciona. Disponível em:<http://ciencia.hsw.uol.com.br/perfuracao-de-
petroleo2.htm>. Acessado em 08 de setembro de 2011.

8
2.6 Riser

Segundo Fernández et al.16, riser é um duto flexível que permite que o poço e a
plataforma flutuante permaneçam constantemente conectados.

2.7 Flow Check

De acordo com Grace17 e Fernández18flow check é o período em que se para


operações de perfuração, manobra e circulação para conferir se o poço está estático.
Normalmente, esse tempo é suficiente para definir se existe algum risco ao controle do
poço. O período necessário para essa avaliação costuma ser de 15 a 30 minutos,
dependendo das condições que o poço se encontra. Além disso, também deve ser
executado sempre que há uma suspeita de influxo da formação.

Essa operação é fundamental para que as operações de perfuração, workover e


completação sejam executadas de maneira segura, mas para isso é necessário que se siga
o seguinte procedimento:

 Espaçar a coluna de perfuração para fora do poço é necessário para que no caso
de o poço não parar de escoar com o flow check seja possível fechar o poço
imediatamente.
 Manter o monitoramento constante do nível de lama no tanque de manobra, para
que assim rapidamente se identifique um ganho ou perda do fluido de controle.

16
FERNÁNDEZ, E. F. y; JUNIOR, O. A. P.; PINHO, A. C. de. Dicionário do petróleo em língua
portuguesa: exploração e produção de petróleo e gás – Rio de Janeiro: Lexikon: PUC-Rio, 2009. 656p.
17
GRACE, R. D. Advanced Blowout & Well Control. Houston, Texas: Gulf Publishing Company, 1994.
396p
18
FERNÁNDEZ, E. F. y; JUNIOR, O. A. P.; PINHO, A. C. de. Dicionário do petróleo em língua
portuguesa: exploração e produção de petróleo e gás – Rio de Janeiro: Lexikon: PUC-Rio, 2009. 656p.
9
3. CONTROLE PRIMÁRIO DE POÇO

É uma atividade que tem como princípio a manutenção da pressão hidrostática


exercida na parede do poço maior que às pressões dos fluidos presentes nas formações
que estão sendo perfuradas, completadas ou sobre workover. Tal controle é exercido
pelo fluido de perfuração que deve ter densidade dentro de uma janela operacional
tendo como limites inferior e superior as pressões de poro e de fratura respectivamente.
É essencial que o fluido de perfuração exerça uma pressão suficientemente grande para
evitar o influxo19 de fluidos da formação (pressão de poro), mas também não pode ser
tão grande a ponto de danificar a formação (pressão de fratura).

3.1 Causas de Kick

Segundo Blog Oil20 “Kick” é um influxo indesejável e não esperado de água, gás
ou óleo, das rochas para dentro do poço. Esse fenômeno é resultado da diminuição da
pressão dentro do poço em relação a pressão dos poros da formação. Basicamente, são
cinco os principais fatores que causam a perda do controle do poço primário.

3.1.1 Causas de Kick Durante a Perfuração

3.1.1.1 Lamas com Massa Específica Menor que a Pressão da Formação:

Quando a pressão hidrostática exercida pelo fluido de perfuração não é


suficiente para manter os fluidos de reservatório fora do poço, diz-se que há ocorrência
de kick. Normalmente, isso pode acontecer quando:

 A perfuração está sendo feita em uma zona de pressões anormais;


 Ocorre a diluição da lama de perfuração;
 A densidade da lama é reduzida pelo influxo de fluido da formação (gás);
 Erro na interpretação dos parâmetros da perfuração;
19
Influxo é a invasão de fluidos da formação para o poço, se que haja a necessidade da existência de um
diferencial de pressão entre a lama e a formação. Retirado de FERNÁNDEZ, E. F. y; JUNIOR, O. A.
P.; PINHO, A. C. de. Dicionário do petróleo em língua portuguesa: exploração e produção de petróleo
e gás – Rio de Janeiro: Lexikon: PUC-Rio, 2009. 656p.
20
BLOG OIL. Disponível em: <http://blog-oil.blogspot.com/2009/11/apostila-controle-de-kick.html>.
Acessado em 22 de agosto de 2011.

10
 Lida-se com altas temperaturas.

Atualmente, tem sido muito comum a perfuração de poços com a pressão do


fluido muito próxima ou até inferior a pressão da formação (underbalanced). Essa
técnica é utilizada visando o aumento da taxa de penetração da broca na rocha perfurada
e, ainda que sejam mais rentáveis, aumentam o risco de kicks durante a perfuração, por
isso é fundamental estar sobre alerta quando se está perfurando em situações desse tipo.

3.1.1.2 Falta de Ataque ao Poço durante a Manobra:

Um dos primeiros passos para a execução da manobra é o desligamento das


bombas, o que de acordo com Aberdeen21 costuma ser um grande causador de kicks,
pois o poço perde a pressão gerada pela circulação do fluido e a pressão no fundo poço
é reduzida à pressão hidrostática. Por esse motivo, deve-se executar um flow check antes
que se inicie a operação de retirada da coluna. Não havendo fluxo, a manobra pode ser
iniciada com segurança.

Além disso, durante a retirada da coluna de perfuração ou ferramentas, de


acordo com Schlumberger22 e Aberdeen23, é necessário que se complete o poço com o
volume equivalente de lama, porque a queda desse volume gera uma reduç na pressão
hidrostática, sendo isso suficiente para a perda do controle primário do poço, permitindo
assim o influxo de fluidos. Normalmente, a falta de ataque ao poço é a mais comum
causa de kicks.

Alguns cálculos podem ser feitos para que se garanta a não ocorrência desses
tipos de kicks. Essas contas são relacionadas aos valores da densidade do fluido de
perfuração, às características do tubo de perfuração e do revestimento e também ao tipo
de manobra a ser adotado.

21
ABERDEEN Drilling Schools & Well Control Training Centre: Well Control for Rig-Site Team –
Aberdeen: 2002. 390p. Disponível em: <http://pt.scribd.com/doc/4209107/ABERDEEN-Drilling-
Schools-Well-Control>
22
SCHLUMBERGER – Well Control Manual. 288 p. Disponível em: <http://www.4shared.com
/document/UrKae8ya/Schlumberger_-_Well_Control_Ma.html>.
23
ABERDEEN Drilling Schools & Well Control Training Centre: Well Control for Rig-Site Team –
Aberdeen: 2002. 390p. Disponível em: <http://pt.scribd.com/doc/4209107/ABERDEEN-Drilling-
Schools-Well-Control>
11
O tubo de perfuração pode ser puxado seco ou molhado:

 Manobra com tubo seco: A retirada do tubo seco visa facilitar a operação,
pois ao se bombear uma golfada de um fluido mais leve do que o lama de
perfuração para dentro da coluna diminui-se o esforço a ser feito para a
manobra da mesma. Com isso, para se calcular a variação da pressão
hidrostática durante essa operação, utiliza-se a seguinte fórmula24:

o º Passo:
(3)

o 2º Passo:

(4)

Na qual:

Bd = é o volume de Barris deslocados, bbl.


Sp = é o número de stands25 deslocados
lS = é o comprimento médio do stand, ft.
Pd = volume por ft de tubulação, bbl/ft.
HP = Redução na pressão, psi.
Mw = peso da lama, ppg.
Cc = Capacidade do revestimento, bbl/ft

 Manobra com tubo molhado: Caso o tubo seja retirado molhado, significa
que dentro da coluna há lama de perfuração, logo, utiliza-se a seguinte
fórmula26 para o cálculo da redução na pressão:

24
DRILLING FORMULAS. Disponível em: <http://www.drillingformulas.com/>. Acessado em 23 de
agosto de 2011.
25
Stand é uma seção de tubos, normalmente três tubos de perfuração. Retirado de FERNÁNDEZ, E. F. y;
JUNIOR, O. A. P.; PINHO, A. C. de. Dicionário do petróleo em língua portuguesa: exploração e
produção de petróleo e gás – Rio de Janeiro: Lexikon: PUC-Rio, 2009. 656p.
26
DRILLING FORMULAS. Disponível em: <http://www.drillingformulas.com/>. Acessado em 23 de
agosto de 2011.

12
o 1º Passo:

(5)

o 2º Passo:

(6)

Na qual:

Bd = é o volume de Barris deslocados, bbl


Sp = é o número de stands deslocados
lS = é o comprimento médio do stand, ft
Cp = é a capacidade da tubulação, bbl/ft
Pd = volume por ft de tubulação, bbl/ft
HP = Redução na pressão, psi
Mw = peso da lama, ppg.
Cc = Capacidade do revestimento, bbl/ft

Para que a operação de manobra seja executada de forma segura, também é


comum a utilização de margens de segurança na densidade da lama de perfuração. O
que é feito através da estimativa de valores que compensem a perda de pressão pela
parada na circulação.

É importante ressaltar a diferença da utilização da golfada e das margens de


segurança: a golfada gera um aumento da pressão no fundo do poço após a retirada da
coluna, já a margem de segurança para a densidade da lama minimiza fatores negativos
durante todas as operações de perfuração.

A utilização excessiva da margem de segurança pode gerar uma perda na


circulação e, se insuficiente, pode causar um kick. Para que seja bem aplicada, é
fundamental que se julgue o tamanho do poço, suas condições, velocidade de retirada da
coluna e propriedades do fluido de perfuração e da formação.

13
Figura 3.1 – Ilustração da Manobra e Cálculos para Identificação de kicks.
Fonte: Lima27

3.1.1.3 Pistoneio e Surging

Pistoneio é o resultado da redução da pressão hidrostática exercida pelo fluido


de perfuração que se encontra abaixo da coluna de perfuração, quando se retira de
maneira excessivamente rápida as ferramentas ou a coluna de dentro do poço. Também
pode ser resultado da adoção de lamas de perfuração com alta viscosidade ou com
restrições no anular. Esse diferencial de pressão é um dos maiores responsáveis pela
causa de kicks. (Figura 3.2)

Surging é o inverso do pistoneio, ou seja, ocorre o aumento da pressão


hidrostática que o fluido exerce sobre a formação, quando se coloca muito rapidamente
as ferramentas ou o tubo de perfuração dentro do poço. Essa pressurização pode gerar
fratura na formação causando kicks. (Figura 3.3)

27
LIMA, H.. Segurança de poço. 2009. Disponível em: <http://www.slideshare.net
/Victorslideshare/segurana-de-poo-heitor-lima> - Acessado em 18 de agosto de 2011.

14
Figura 3.2 Ilustração de Pistoneio
Fonte: Aberdeen28

Figura 3.3 Ilustração de Surging


Fonte: Aberdeen29

Os principais fatores que afetam o Pistoneio e Surging:

 Quanto maior a velocidade da manobra maior a chance de ocorrer


pistoneio e surging e um consequente kick;
 Quando a retirada da coluna em grande velocidade é combinada com
BHA30extensa, utilização de estabilizadores, packers, e poços com

28
ABERDEEN Drilling Schools & Well Control Training Centre: Well Control for Rig-Site Team –
Aberdeen: 2002. 390p. Disponível em: <http://pt.scribd.com/doc/4209107/ABERDEEN-Drilling-
Schools-Well-Control>
29
ABERDEEN Drilling Schools & Well Control Training Centre: Well Control for Rig-Site Team –
Aberdeen: 2002. 390p. Disponível em: <http://pt.scribd.com/doc/4209107/ABERDEEN-Drilling-
Schools-Well-Control>
15
pequenos diâmetros aumentam a possibilidade da ocorrência de pistoneio
e surging;
 Um claro sinal da ocorrência de surging é quando ao se se colocar a
coluna para dentro do poço percebe-se um fluxo de lama na sua conexão
de topo;
 Quanto menor a distância entre o tubo de perfuração e a parede do poço
(folga) mais difícil é para o fluido de perfuração começar a escoar e
assim é maior a chance da ocorrência desses eventos. Isso pode ocorrer
pelas seguintes causas:
o Balling – Quando há um acúmulo de materiais em volta da
coluna, diminuindo a folga.
o Formações Selantes – Quando se está perfurando formações
selantes como sais, pois devido a sua grande elasticidade elas
dilatam e praticamente fecham a folga dificultando muito a
circulação da lama.
o Desvios – Quando se está fazendo um desvio no poço é comum
que a raspagem na parede do poço libere alguns cascalhos que
podem se acumular próximo a coluna e diminuir a folga.
o Estabilizadores – Quanto mais estabilizadores, maior a chance da
ocorrência de balling, pois eles causam grande acúmulo de
materiais.
 A ocorrência desses eventos está totalmente relacionada a
facilidade/dificuldade que o fluido tem de escoar, por isso é fundamental
que se conheça algumas propriedades dos fluidos, como:
o Viscosidade: É a medida da resistência de um fluido a uma taxa
de deformação causada por um torque ou uma tensão, ou
simplesmente a dificuldade/facilidade que um fluido tem de
escoar. Essa é a propriedade de fluidos mais importante a ser
estudada, quando se busca evitar a ocorrência de pistoneio ou de
surging.

30
Bottom-Hole Assembly retirado de FERNÁNDEZ, E. F. y; JUNIOR, O. A. P.; PINHO, A. C. de.
Dicionário do petróleo em língua portuguesa: exploração e produção de petróleo e gás – Rio de
Janeiro: Lexikon: PUC-Rio, 2009. 656p.

16
o Força Gel: É a capacidade que o fluido de perfuração tem de
manter os sólidos em suspensão quando não há circulação.
Quanto maior a força gel, maior a possibilidade da ocorrência de
pistoneio.
o Filtrado: É a propriedade do fluido de perfuração que expressa
sua capacidade de ser absorvido pela formação, formando assim
uma camada de lama chamada de reboco ou torta de filtração.
Isso diminui o espaço anular do poço, aumentando a
possibilidade de pistoneio ou surging.

3.1.1.4 Perda de Circulação

Quando ocorre a perda de circulação, ou perda de fluidos para a formação, o


nível do fluido de perfuração no poço diminui o que consequentemente causará uma
redução na pressão hidrostática exercida no fundo do poço, podendo lervar a perda do
controle de poço. Isso pode se dar pelos seguintes motivos: Existência de formações
cavernosas; formações naturalmente fraturadas ou zonas de baixa pressão; fraturas
induzidas por elevadas velocidades de perfuração; falhas no anular pelo atrito com a
coluna de perfuração; falha mecânica (revestimentos, risers, etc.).

De acordo com Belém31, a menor altura de lama que o poço pode suportar sem a
ocorrência de kick pode ser calculada de acordo com a seguinte expressão retirado de :

(7)

Na qual:

H = ft
Overbalanced = É o valor acima da pressão dos poros, psi.
Gradiente da lama = psi/ft

31
BELÉM, F. A. T.. Operador de sonda de perfuração, controle de poço I. Petrobras-Promimp, 1998.
44p.Disponível em :<http://pt.scribd.com/doc/52421774/50/VI-%E2%80%93-COMPORTAMENTO-
DO-FLUIDO-INVASOR>.
17
3.1.2 Causas de Kick Durante a Completação e Workover

Como falado anteriormente na seção 3.1, kick é uma invasão indesejada de um


fluido proveniente da formação no poço. Apesar de menos frequentes, quando
comparada as operações de perfuração, durante a completação e o workover também é
comum a ocorrência desse fenômeno. Caso não se controle rapidamente esse influxo
poderá advir em um blowout. Abaixo, pode-se conhecer os principais causadores de
kicks durante a execução dessas atividades.

3.1.2.1 Falta de Ataque ao Poço Durante a Manobra:

Quando a coluna de completação ou workover é retirada do poço, assim como


com a coluna de perfuração, é necessário que se preencha o poço com fluido de
completação ou workover para que o nível do mesmo não diminua. Caso esse nível
sofra uma grande queda, a pressão hidrostática, responsável pela manutenção dos
fluidos da formação na mesma, também sofrerá redução, podendo resultar num kick.

3.1.2.2 Pistoneio

Existe grande preocupação quanto ao pistoneio durante essas atividades, devido


sua elevada frequência. Esse fenômeno normalmente é resultado de uma rápida retirada
da coluna ou da utilização de equipamentos e ferramentas, como por exemplo, os
packers, que possuem elementos selantes que se expandem enquanto estão sendo
puxadas, diminuindo assim a área livre para a passagem do fluido, tornando a operação
mais suscetível a reduções da pressão abaixo dessas ferramentas e o consequente
pistoneio.

3.1.2.3 Fluido de Completação/Workover com Densidade Insuficiente.

Se o fluido não estiver com densidade suficiente para conter os fluidos da


formação que se encontram na zona em que o poço está aberto, haverá a ocorrência de
um kick. Essa situação durante as a workover/completação, é crítica, pois normalmente

18
a única parte da parede do poço que está exposta é a payzone32, com os fluidos prontos
para serem produzidos, assim facilitando a ocorrência do influxo.

Grande parte dos fluidos de completação são feitos a base de salmouras, ou seja,
saturados em sal, o que favorece a diluição do mesmo quando em contato com a água
do reservatório devido a diferença de concentração. Por isso, é fundamental que
constantemente se cheque as características dos fluidos de completação/workover para
diminuir a chance da ocorrência de um kick.

3.1.2.4 Canhoneio

O canhoneio é amplamente utilizado para interligar a zona produtora de um poço


revestido ao poço propriamente dito. Essa atividade, expõe a formação a um fluido de
baixa viscosidade e livre de sólidos, o que pode ser muito perigoso quando se está
trabalhando ambientes underbalanced, pois a tendência é que o fluido da formação
escoe, causando um kick.

3.1.2.5 Manobras com Perda de Fluidos

Segundo Ismail et al.33 é comum a perda de fluidos durante as operações de


workover e completação, principalmente devido a sobre pressão que a formação está
submetida pelo fluido de completação/workover.

Além de ser essencial para reduzir os gastos, segundo Hardy34, controlar a perda
de fluidos também é importante para o controle de poços durante as manobras, visto que
a manutenção da pressão hidrostática no fundo do poço é fundamental para a não
ocorrência de kicks, e quando o nível de fluido no poço diminui a certo nível a essa
pressão também sofre a mesma alteração. Para tal, faz-se necessário acompanhar
cuidadosamente a operação analisando o nível do tanque de manobra.
32
Payzone é parte do reservatório que deseja-se produzir. Retirado de FERNÁNDEZ, E. F. y; JUNIOR,
O. A. P.; PINHO, A. C. de. Dicionário do petróleo em língua portuguesa: exploração e produção de
petróleo e gás – Rio de Janeiro: Lexikon: PUC-Rio, 2009. 656p.
33
ISMAIL, I.; KADIR, A. A, A.: The importance of implementing proper mixing procedures in the
preparation of hec and corn starct mixures fort controlling fluid loss. Universiti Teknologi Malaysia,
1998. 8p. Disponível em <http://eprints.utm.my/4155/1/SKMBT_60007080711130.pdf>.
34
HARDY, M.: The Unexpected Advantages of a Temporary Fluid-Loss Control Pill. Texas: Society of
Petroleum Engineers, 1997. 4p.
19
3.1.2.6 Pescaria

Pescaria é um conjunto de operações que tem como intuito liberar uma coluna
presa ou quebrada, recuperar ferramentas ou objetos perdidos no poço.

De acordo com Fernández et al.35, essa operação é fundamental para o


desenvolvimento das atividades de exploração de um poço de petróleo, no entanto
também podem aumentar a probabilidade da ocorrência de um kick e até mesmo
dificultar o controle primário do poço, pois:

 Aumenta a quantidade de manobras necessárias;


 Possibilita a ocorrência de pistoneio devido à necessidade da utilização de
packers, que diminuem a folga;
 Pode limitar ou impossibilitar a circulação, caso a coluna ou equipamento
perdido no poço estiver a grande profundidade.

3.2 Indicadores de Kick

Para que o poço se mantenha controlado e seguro é necessária a rápida


identificação de qualquer anormalidade que possa vir a causar um eventual kick. Para tal
é importante conhecer os principais indícios que nos alertam sobre uma possível
ocorrência do mesmo. A saber:

3.2.1 Aumento da Taxa de Perfuração

Segundo Shubert36, um dos primeiros a ser identificados e mais comuns indícios


de kicks durante a perfuração é a ocorrência do drilling break, que significa a ocorrência
de um aumento repentino da taxa de perfuração. Normalmente, isso é resultado de uma
mudança no tipo da formação que está sendo perfurada, como por exemplo, mudanças
de folhelhos para rochas arenosas, isso ocorre principalmente porque as brocas
costumam perfurar mais facilmente esses últimos tipos de formação.

35
FERNÁNDEZ, E. F. y; JUNIOR, O. A. P.; PINHO, A. C. de. Dicionário do petróleo em língua
portuguesa: exploração e produção de petróleo e gás – Rio de Janeiro: Lexikon: PUC-Rio, 2009. 656p.
36
SHUBERT, J. J. Well Control. Texas: B.S. Texas A&M University. 1995. 1987 p. Disponível em:
<http://www.pe.tamu.edu/schubert/public_html/PETE%20625/MEng%20Report.pdf>.

20
No entanto uma simples mudança do tipo de formação não é um indicador da ocorrência
de um kick.

Para que a variação na taxa de penetração seja um bom parâmetro para


identificação de kicks, é necessário que esta seja avaliada em conjunto com outros
fatores. É comum a não ocorrência de influxos para dentro do poço quando se está
perfurando underbalanced um folhelho, no entanto, formações arenosas possuem
permeabilidade baixa o suficiente para escoar quando a pressão no fundo do poço é
menor do que a da formação. Ou seja, é possível perfurar underbalanced um folhelho
sem a incidência de kicks, mas assim que a broca atingir o topo de uma formação
arenosa permeável, o poço começará a escoar.

Além disso, segundo Schlumberger37,quando se está perfurando um poço,


assumindo que o peso da coluna de perfuração, RPM e peso da lama se mantenham
constantes, a taxa de perfuração deve diminuir com o tempo. Logo, um acréscimo nesse
valor deve ser considerado fora do esperado, sendo possivelmente um indício de que o
diferencial de pressão e a densidade da formação estão diminuindo, podendo
rapidamente causar um kick.

3.2.2 Decréscimo da Pressão de Circulação ou Aumento na Velocidade da Bomba

De acordo com Grace38, quando ocorre influxo no poço, o fluido que está
preenchendo o anular costuma ficar mais leve do que o fluido que se encontra dentro da
coluna de perfuração. Como esse sistema funciona como um tubo em “U”, essa redução
da pressão será evidenciada na bomba, já que a pressão requerida para deslocar a lama
será menor do que a necessária antes da invasão de fluidos da formação, causando um
aumento na velocidade da mesma. Não necessariamente isso é um sinal de kick, é
possível que isso seja um indício de problemas na bomba, da presença de fluidos de
lavagem na coluna, dentre outros fatores. Com isso, faz-se necessário a execução de um
flow check para assegurar a não ocorrência de influxo.

37
SCHLUMBERGER – Well Control Manual. 288 p. Disponível em: <http://www.4shared.com
/document/UrKae8ya/Schlumberger_-_Well_Control_Ma.html>.
38
GRACE, R. D. Advanced Blowout & Well Control. Houston, Texas: Gulf Publishing Company, 1994.
396p.
21
3.2.3 Aumento de Torque e Arraste:

Segundo Schlumberger39, o aumento do torque e arraste pode ocorre quando se


está perfurando underbalanced intervalos de folhelhos, podendo isso ser resultado do
excesso de cascalhos que acabam se acumulando no anular ou fruto do demasiado
preenchimento de lama durante a manobra e a conexão. Quando analisados juntos, esses
fatores podem ser considerados indícios de aumento da pressão de poro da formação, no
entanto, se o aumento do torque e arraste forem analisados separadamente, eles não
serão indicadores confiáveis, pois podem ser resultantes de mudança de rocha, desgaste
da broca, entre outras possibilidades.

3.2.4 Redução do Peso da Coluna de Perfuração:

A redução do peso da coluna de perfuração costuma ser resultado da ocorrência


de um kick, comum durante a perfuração de payzones. No entanto, esse fonômeno
costuma se manifestar de maneira tardia, ou seja, após uma prévia detecção de outro
indicador de kick.

3.2.5 Mudança no Fator “d”:

Segundo Aberdeen40, em 1966 foi desenvolvida uma normalização da taxa de


penetração. Essa normalização é função de medidas como: peso na broca, taxa de
penetração, comprimento e velocidade de rotação de acordo com a seguinte expressão:

(8)

Na qual:

R = taxa de penetração (ft/hr)


N = velocidade de rotação (RPM)
39
SCHLUMBERGER – Well Control Manual. 288 p. Disponível em: <http://www.4shared.com
/document/UrKae8ya/Schlumberger_-_Well_Control_Ma.html>.
40
ABERDEEN Drilling Schools & Well Control Training Centre: Well Control for Rig-Site Team –
Aberdeen: 2002. 390p. Disponível em: <http://pt.scribd.com/doc/4209107/ABERDEEN-Drilling-
Schools-Well-Control>

22
W = peso na broca (Lb)
D = comprimento da broca (in)
d = Fator “d”

Como “d” é um fator de penetrabilidade, se plotarmos “d” versus profundidade


(em seções de folhelhos) é possível estimarmos com um alto grau de confiabilidade
alterações na pressão da formação. O fator “d” normalmente aumenta com a
profundidade, mas quando em zonas de transição, ele assume um valor abaixo do
esperado.

Na figura 3.4 é possível observar um exemplo da produção de um desses


gráficos que indicam a possível ocorrência de um kick.

Figura 3.4 Ilustração de gráficos que indicam kick.


Fonte: Adaptado de Aberdeen41

Com o passar dos anos, a fórmula acima foi sofrendo diversas adaptações que a
tornaram mais eficiente. De acordo com o site Calculaoredge42, uma dessas novas
equações podem ser observadas abaixo.

41
ABERDEEN Drilling Schools & Well Control Training Centre: Well Control for Rig-Site Team –
Aberdeen: 2002. 390p. Disponível em: <http://pt.scribd.com/doc/4209107/ABERDEEN-Drilling-
Schools-Well-Control>.
42
CALCULAOREDGE. Disponível em: <http://www.calculatoredge.com/calc/d-exponent.htm>.
Acessado em 19 de agosto de 2011.
23
(9)

Na qual:

R = taxa de penetração (ft/hr)


N = velocidade de rotação (RPM)
W = peso na broca (Lb)
D = comprimento da broca (in)
d = Fator “d”
ρn = peso inicial da lama (ppg)
ρm = peso atual da lama (ppg)
c = coeficiente de compactabilidade da formação.

3.2.6 Mudança do Tamanho e Forma de Cascalhos:

Segundo Aberdeen43 e Schlumberger44, outra maneira de verificar a


possibilidade da ocorrência de kicks é a através da análise dos cascalhos, pois, quando
esses são provenientes de folhelhos pressurizados, costumam ser planos com bordas
arredondadas, já os provenientes de folhelhos com pressões anormais são estilhaçados
com bordas angulares. Além da mudança na forma, também será percebido um aumento
na quantidade de cascalhos, indicando assim uma provável anomalia na pressão de poro,
ou seja, uma grande chance de ter ocorrido um kick.

3.2.7 Mudança na densidade dos Folhelhos:

Outra maneira não muito comum de se identificar influxos é através da análise


da densidade dos cascalhos provenientes da perfuração. Normalmente a densidade da
formação aumenta com a profundidade, mas diminui quando se está perfurando zonas

43
ABERDEEN Drilling Schools & Well Control Training Centre: Well Control for Rig-Site Team –
Aberdeen: 2002. 390p.Disponível em: <http://pt.scribd.com/doc/4209107/ABERDEEN-Drilling-
Schools-Well-Control>.
44
SCHLUMBERGER – Well Control Manual. 288 p. Disponível em: <http://www.4shared.com
/document/UrKae8ya/Schlumberger_-_Well_Control_Ma.html>.

24
com pressões anormais. A densidade dos cascalhos é determinada na superfície e
plotada contra a profundidade, um desvio fora do normal nesse gráfico, teoricamente,
indica mudanças na pressão de poro das formações.

3.2.8 Corte de Gás, Óleo e Água na Lama:

É imprescindível aumentar a precaução quando se identifica o corte da lama com


óleo, gás ou água, pois quando acompanhado de outro indicio de kick, certamente o
poço está experimentando influxo de fluidos da formação.

3.3 Shallow Gas

De acordo com Schlumberger45 é chamado Shallow Gas qualquer acúmulo de


gás próximo à superfície. Quando encontrado durante a perfuração pode rapidamente
levar o poço a entrar em blowout, representando grande risco para o controle de poço.
Por isso, quando a equipe de perfuração se depara com esse tipo de reservatório deverá
rapidamente decidir se desviará o poço ou se deverá fechá-lo para evitar um possível
acidente.

Esse tipo de concentração de gás normalmente ocorre em formações


sedimentares areníticas, com alta porosidade e permeabilidade, que podem facilmente
ser sobre pressurizadas em relação ao gradiente de pressões da formação. Por isso deve-
se ter muito cuidado ao perfurar esse tipo de rocha, já que é quase impossível uma
detecção precoce do influxo de gás, pois como ocorre muito próximo à superfície o gás
atinge rapidamente a cabeça do poço.

É imprescindível que se adotem prevenções nos projetos de perfuração onde um


risco de Shallow Gas deva ser antecipado e, sempre quando possível, a perfuração em
locais perigosos como estes devem ser evitadas.

45
SCHLUMBERGER – Well Control Manual. 288 p. Disponível em: <http://www.4shared.com
/document/UrKae8ya/Schlumberger_-_Well_Control_Ma.html>.

25
3.3.1 Avaliação de um Shallow Gas

Schlumberger46 aponta que normalmente a sísmica dessas avaliações só são


feitas em operações offshore. No entanto, deve-se cuidadosamente considerar a
possibilidade de shallow gas em determinadas áreas onshore. Na falta de uma pesquisa
mais detalhada é importante que a avaliação seja feita de acordo com os dados já
existentes de sísmica e histórico geológico de poços com formações semelhantes.

A pesquisa feita através de sísmicas são as melhores ferramentas disponíveis


para identificação da presença de possíveis acumulações do tipo Shallow Gas. Esse tipo
de aquisição de dados é muito utilizado offshore, pois o custo é muito alto, não
justificando sua utilização em poços onshore. Um bom exemplo de uma sísmica que
identificou a existência de acúmulos de Shallow Gas pode ser observado na figura 3.5.

É preciso estar alerta porque a confiabilidade desse tipo de pesquisa depende


muito dos métodos utilizados para aquisição de dados, processamento e interpretação.
Os resultados obtidos dessa pesquisa devem ser considerados como guia, e nunca como
uma garantia.

Figura 3.5:Illustração da sísmica identificando Shallow Gas.


Fonte: Earth Stories47

46
SCHLUMBERGER – Well Control Manual. 288 p. Disponível em: <http://www.4shared.com
/document/UrKae8ya/Schlumberger_-_Well_Control_Ma.html>.
47
EARTHSTORIES. Mixed stories about science, journey and experiences in my life….Disponível em
<http://inibumi.blogspot.com/2010/01/shallow-gas.html>. Acessado em 25 de agosto de 2011.

26
3.3.2 Considerações para o Designer do Poço

De acordo com Schlumberger48, a localização e a direção do poço devem ser


alteradas no caso da indicação de uma possível acumulação de Shallow Gas obtida
através de sísmicas. No entanto, caso se decida perfurar uma zona com presença de
Shallow Gas, uma série de revestimentos devem ser assentados e devidamente
cimentados onde se encontra a primeira formação seladora, mesmo que para isso seja
necessária utilização de revestimentos extras. Com isso, o risco de blowout torna-se
menor durante a perfuração. Outra maneira de aumentar a segurança dessa operação é
através da perfuração de um poço piloto (diâmetro de no máximo 250.8 mm). Esse
procedimento aumentará a capacidade de controle de kicks provenientes de acumulações
desse tipo Shallow Gas.

3.4 Comportamento do Fluido Invasor

De acordo com o apresentado na seção 3.1, o influxo da formação para o poço


pode ser de água, óleo ou gás. Apesar de perigosos para o controle do poço, kicks de
água e óleo são mais fáceis de controlar. De acordo com Belém49, quando o kick é de
gás o controle do poço é mais complexo e perigoso, devido as suas propriedades
expansivas e à diferença entre sua massa específica e a do fluido de perfuração.

Assim, é fundamental conhecer e analisar o comportamento dos fluidos nas


diferentes condições de operação, a saber, com poço aberto e poço fechado.

3.4.1 Poço Aberto

Quando ocorre um kick e o poço é mantido aberto, esse influxo é circulado


juntamente ao fluido de perfuração. Isso pode tornar o controle do poço insustentável,
pois à medida que o gás sobe, este se expande devido a diminuição da pressão que atua
sobre o mesmo. A expansão do gás faz com que a lama tenha sua densidade reduzida,
gerando consequentemente uma redução da pressão hidrostática que a coluna de fluido
48
SCHLUMBERGER – Well Control Manual. 288 p. Disponível em: <http://www.4shared.com
/document/UrKae8ya/Schlumberger_-_Well_Control_Ma.html>.
49
BELÉM, F. A. T. Operador de sonda de perfuração, controle de poço I. Petrobras-Promimp, 1998.
44p.Disponível em :<http://pt.scribd.com/doc/52421774/50/VI-%E2%80%93-COMPORTAMENTO-
DO-FLUIDO-INVASOR>.
27
de perfuração exerce sobre a formação. Esse fenômeno deve ser cuidadosamente
estudado, pois normalmente facilita a ocorrência do influxo da formação para o poço.

Segundo Belém50, esse tipo de comportamento pode ser verificado pela equação
dos gases reais mostrada abaixo:

(10)

Na qual:

P = pressão absoluta;
V = volume;
T = temperatura;
Z = Fator de compressibilidade;
1 = Local onde ocorreu o kick;
2 = Cabeça do poço;

Se considerarmos que T1 = T2 e que o gás em questão é ideal (Z1=Z2=1),


obtemos a seguinte equação:

(11)

Assim, facilmente podemos inferir que o volume do gás aumenta a medida que
ele sobe no poço, pois a pressão atuante sobre ele reduz.

3.4.2 Poço Fechado

Quando se fecha o poço após a identificação de um kick, não há a ocorrência do


fenômeno citado anteriormente. No entanto, como também abordado por Belém51,

50
BELÉM, F. A. T.. Operador de sonda de perfuração, controle de poço I. Petrobras-Promimp, 1998.
44p.Disponível em :<http://pt.scribd.com/doc/52421774/50/VI-%E2%80%93-COMPORTAMENTO-
DO-FLUIDO-INVASOR>.

28
verifica-se que devido à grande diferença de massa específica do gás e fluido de
perfuração há migração do gás pelo efeito de segregação gravitacional.

Como o poço está fechado, não há alívio da pressão e consequente não ocorre a
expansão do gás, ou seja, ele sobe com a mesma pressão que entrou no poço, a pressão
de poro da formação.Com isso, ele transmite essa pressão para as formações enquanto
migra para a superfície, podendo causar assim um aumento da pressão em todos os
pontos do poço e consequentemente uma fratura na formação.

Logo, segundo Costa et al.52 o ideal para se controlar o kick, sem causar danos à
formação, é não permitir que o poço fique completamente aberto e nem indefinidamente
fechado. Deve-se controlar a sua abertura/fechamento pelo choke, permitindo o controle
da expansão do gás até que ele atinja a superfície. A correta execução dos
procedimentos, que serão posteriormente abordados, auxiliarão a retomada do controle
do poço antes que ocorra um blowout ou até mesmo a fratura da formação, durante a
subida do gás até à superfície.

3.5 Tolerância de Kick

A definição de tolerância de kick, nada mais é do que o volume máximo de kick


que o poço pode aceitar, existindo a possibilidade de circulação sem que ocorra
fraturamento na formação pela diferença da pressão do poro e do peso da coluna de
lama.

De acordo com Almeida53, a tolerância de kick é baseada em uma série de


cálculos e análises de resultados, que atualmente tiveram sua importância ampliada,
pois tem sido um fator decisivo para as decisões de designer de poços, de perfuração e
nas operações de controle de poço.

51
BELÉM, F. A. T. Operador de sonda de perfuração, controle de poço I. Petrobras-Promimp, 1998.
44p.Disponível em :<http://pt.scribd.com/doc/52421774/50/VI-%E2%80%93-COMPORTAMENTO-
DO-FLUIDO-INVASOR>.
52
COSTA, D. O. da; LOPEZ, J. de C.. Tecnologia dos métodos de controle de poço e blowout , 76 f.
Monografia de Graduação em Engenharia de Petróleo, UFRJ, Rio de Janeiro/RJ, 2011.
53
ALMEIDA, M. de A.. Controle de Poços. Disponível em: <http://xa.yimg.com/kq/groups
/22113478/190079740/name/Controle+de+po%C3%A7o1.ppt>. Acessado em 22 de setembro de 2011.
29
Almeida54 também defende que os métodos e cálculos de tolerância de kick
podem permitir que as operações de perfuração e controle de poço sejam mais seguras e
econômicas, já que com essa técnica, se corretamente aplicada, reduz a probabilidade da
ocorrência de um acidente.

54
ALMEIDA, M. de A.. Controle de Poços. Disponível em: <http://xa.yimg.com/kq/groups
/22113478/190079740/name/Controle+de+po%C3%A7o1.ppt>. Acessado em 22 de setembro de 2011.

30
4 CONTROLE SECUNDÁRIO DE POÇO

O controle de poço secundário entra em cena quando o controle primário não é


capaz de controlar o kick e o acionamento do Blowout Preventer (BOP) se faz
necessário. Uma rápida identificação do influxo no poço e o acionamento do mesmo são
essenciais para o sucesso do controle de poço.

Juntamente a isso, uma rápida tomada de decisão a respeito de qual método será
utilizado para retomar o controle do poço, faz com que menos fluido invada o poço,
facilitando as operações posteriores. A severidade e o tamanho do kick dependem
basicamente do grau de underbalanced, da permeabilidade da formação e do tempo
total que a formação permaneceu sobre essa condição.

4.1 BOP

O Blowout Preventer é um conjunto de válvulas, colocado acima da cabeça do


poço, utilizado principalmente para selar, controlar e monitorar poços de gás e petróleo.
Essas válvulas foram desenvolvidas para lidar com pressões extremamente grandes e
com escoamentos descontrolados de fluidos provenientes do reservatório para o poço.

Uma das principais funções do BOP é permitir o controle das pressões no fundo
do poço, mas ele também é fundamental para a segurança das operações, pois é a última
chance de se conseguir conter um kick e assim evitar um possível blowout. Outra
importante função desse equipamento é evitar que a coluna de produção, ferramentas ou
até mesmo o revestimento sejam lançados para fora do poço no caso da ocorrência de
um blowout. Assim, esse instrumento é fundamental para a segurança e integridade do
poço, dos trabalhadores e do meio ambiente.

Normalmente, é utilizado como BOP stack, ou seja, uma “pilha” de válvulas que
visam aumentar o controle e diminuir a chance de falha em uma situação de
emergência. Esses equipamentos são produzidos em diversos estilos, tamanhos e classes
de pressão. No entanto, Broder55reportou que os BOP em uso até 2011 não são capazes

55
JOHN, M. B.; C. K.. Regulation of Offshore Rigs Is a Work in Progress. New York Times. Retrieved 17
April 2011.
31
de prevenir que fortes erupções, como a do blowout ocorrido em Deepwater Horizon
(acidente que será amplamente abordado no capítulo 5 deste trabalho), ocorram. Ele
também indicou a necessidade de melhorias emergenciais.

4.1.1 Funções do BOP

As funções primárias de um sistema de BOP são:

 Confinar o fluido do poço dentro do poço;


 Possibilitar a adição de fluidos no poço;
 Permitir o controle da quantidade de fluido a ser produzido.

Além disso, esse sistema possui outras funções como:

 Regular e monitorar as pressões dentro do poço;


 Segurar e centralizar a coluna de perfuração;
 Possibilitar o fechamento do poço;
 Permitir que se mate o poço quando necessário;
 Cortar o revestimento e a coluna de perfuração em caso de emergência.

4.1.2 Componentes do BOP Stack

Figura 4.1: BOP stack


Fonte: Adaptado de http://cenvironment.blogspot.com/2010/05/offshore-blowout-preventer-bop.html

32
De acordo com Osha56 o blowout preventer stack é composto por dois tipos de
BOP, o de gavetas e o anular, a linha de choke a e a linha de kill, como ilustrado na
figura 4.1.

4.1.2.1 BOP de Gavetas

Criado em 1922, esse tipo de preventor funciona como uma válvula de gaveta. É
composto por duas gavetas de aço que são responsáveis por restringir ou permitir o
fluxo no poço. Um exemplo desse equipamento pode ser observado na figura 4.2.

Figura 4.2: BOP de Gavetas


Fonte: Lima57

Existem três tipos de BOP de gavetas:

 Os de gavetas cegas que são feitas para fechar o poço sem a presença de colunas
ou ferramentas (Desenho (a) da figura 4.3);
 Os de gavetas vazadas (Desenho (b) da figura 4.3 e a figura 4.4), que visam
fechar somente o anular.
 Os de gaveta cisalhante (Desenho (c) da figura 4.3 e figura 4.5) que fecham todo
o poço, inclusive cortando a coluna.

56
OSHA. Oil and gas well drilling and servicing tool. Disponível em: <http://www.osha.gov/
SLTC/etools/oilandgas/drilling/wellcontrol_bop.html>. Acessado em 28 de agosto de 2011.
57
LIMA, H.. Segurança de poço:2009. Disponível em: <http://www.slideshare.net/Victor
slideshare/segurana-de-poo-heitor-lima> - Acessado em 18 de agosto de 2011.
33
Figura 4.3: BOP de Gavetas
Fonte: <http://pediaview.com/openpedia/Blowout_preventer>

Figura 4.4: BOP de Gavetas Vazadas


Fonte: <http://www.alibaba.com/product-gs/357822086/pipe_ram_block_Assembly.html

Figura 4.5: BOP Gavetas cisalhantes


Fonte: http://www.slideshare.net/Victor slideshare/segurana-de-poo-heitor-lima

34
4.1.2.2 BOP Anular

Inventado em 1946, esse tipo de preventor pode fechar o fluxo em volta da


coluna de perfuração, do revestimento ou até mesmo em volta de ferramentas não
cilíndricas como o kelly58. Uma boa ilustração desse tipo de BOP pode ser visto na
figura 4.6

Figura 4.6: BOP Anular


Fonte: Lima59

Através de uma série de elementos hidráulicos essa ferramenta consegue vedar


completamente a seção anular do poço, mesmo que a coluna de perfuração esteja
girando. Quando se utiliza sistemas de BOP múltiplos, é comum que o anular seja o
primeiro BOP da pilha, como o representado na figura 4.1.

4.1.2.3 Linha de Choke

Segundo Fernández et al.60 é uma tubulação capaz de suportar altas pressões,


responsável por transportar os fluidos provenientes do anular para o choke manifold61,

58
É o elemento que transmite a rotação originada na mesa rotativa para a coluna de perfuração, cuja seção
pode ser quadrada ou hexagonal. Retirado de FERNÁNDEZ, E. F. y; JUNIOR, O. A. P.; PINHO, A. C.
de. Dicionário do petróleo em língua portuguesa: exploração e produção de petróleo e gás – Rio de
Janeiro: Lexikon: PUC-Rio, 2009. 656p.
59
LIMA, H.. Segurança de poço: 2009. Disponível em: <http://www.slideshare.net/Victor
slideshare/segurana-de-poo-heitor-lima> - Acessado às 10 horas e 27 minutos em 18 de agosto de 2011.
60
FERNÁNDEZ, E. F. y; JUNIOR, O. A. P.; PINHO, A. C. de. Dicionário do petróleo em língua
portuguesa: exploração e produção de petróleo e gás – Rio de Janeiro: Lexikon: PUC-Rio, 2009. 656p.
35
que se no caso de operação no mar se encontra na superfície. Em operações de controle
de poço, a partir do fechamento do BOP, a circulação de um kick é feita pela linha de
choke.

4.1.2.4 Linha de Kill

De acordo com Fernández et al.62, linha de kill é uma linha de alta pressão
responsável por ligar o BOP aos equipamentos que fazem o bombeamento. É onde se
injeta fluidos de perfuração com o devido peso no poço durante o controle de um kick,
com o intuito de amortecer o poço ou até mesmo “matá-lo”.

4.1.3 Dimensionamento do BOP

De acordo com Ohara63 para que a eficácia do BOP seja garantida, é


fundamental que se determine o limite de pressão a que ele estará sujeito. Normalmente,
os BOP são fabricados em três diferentes tipos, de acordo com as pressões que estarão
submetidos: 5000 psi, 10000 psi e 15000 psi.

Os cálculos de dimensionamento do BOP permitem a escolha do equipamento


que atenda as normas de segurança e que tenha o menor custo possível. Para tal,
inicialmente, é necessário calcular a pressão na cabeça do poço, a qual o BOP estará
submetido, PBOP, de acordo com a seguinte fórmula:

(12)

Na qual:

Pp,max= pressão de poros máxima o na região mas profunda do poço em psi;

61
Conjunto de válvulas automáticas, sensores, chokes e linhas em uma sonda de perfuração. É utilizado
para circular um influxo para fora do poço, ou circular fluidos de perfuração, pesado, para dentro do
poço, e assim controla-lo. Retirado de FERNÁNDEZ, E. F. y; JUNIOR, O. A. P.; PINHO, A. C. de.
Dicionário do petróleo em língua portuguesa: exploração e produção de petróleo e gás – Rio de
Janeiro: Lexikon: PUC-Rio, 2009. 656p.
62
FERNÁNDEZ, E. F. y; JUNIOR, O. A. P.; PINHO, A. C. de. Dicionário do petróleo em língua
portuguesa: exploração e produção de petróleo e gás – Rio de Janeiro: Lexikon: PUC-Rio, 2009. 656p.
63
OHARA, S. Perfuração de Poços: Parte 3 – Controle de Poços – Universidade Federal do Rio de
Janeiro, Rio de Janeiro , 2008.

36
Ph,gas= é a pressão hidrostática do gás em psi.

O cálculo da pressão hidrostática do gás é feito através da seguinte fórmula:

(13)

Na qual:

ρgas= massa específica do gás em lb/gal;


h = distância entre o fundo do poço e o BOP em m.

O cálculo da pressão de poros máxima na região mais profunda do poço, Pp,max,


pode ser obtida através de formulação indicada na seção 2.2.

De acordo com Ohara64,esses cálculos são suficientes para se estimar a pressão


máxima que o BOP deverá suportar.

4.2 Outros Equipamentos

O BOP é o equipamento responsável pelo controle secundário do poço, mas


existem outros que auxiliam e permitem a manutenção do controle no poço, como:

4.2.1 Diverter

Utilizado principalmente em perfurações no mar, de acordo com Watson65 é um


equipamento que aumenta a segurança durante esta atividade e tem como função
direcionar o escoamento que retorna do poço para longe da sonda de perfuração.

Normalmente, esse equipamento entra em ação quando durante a perfuração,


ocorre um kick proveniente de zonas de shallow gas. Como explicado anteriormente,
esse influxo pode atingir a cabeça do poço muito rapidamente, não havendo assim

64
OHARA, S. Perfuração de Poços: Parte 3 – Controle de Poços – Universidade Federal do Rio de
Janeiro, Rio de Janeiro , 2008.
65
WATSON, D.; BRITTENHAM, T; MOORE, P. L. Advanced Well Control. Richardson Texas. SPE
Textbook Series, 2003. 386p.
37
tempo suficiente para que se feche o poço e que se circule o kick. Assim, para evitar
acidentes na sonda, deve-se direcionar esse escoamento para uma região onde a
segurança da sonda não seja afetada, como pode ser observado na figura 4.7.

Figura 4.7: Exemplo de funcionamento de um Diverter


Fonte:<http://www.canadianwellsite.com/images/Photo%20Gallery/BFM/West_Vanguard_Blowout.jpg

Esse equipamento só pode entrar em funcionamento quando:


 Quando somente o revestimento condutor está assentado;
 Quando não se pode fechar o poço por desejo de não se perder a circulação e de
não causar quebra da formação;
 Quando existe um alto fluxo de baixa pressão.

4.3 Fechamento do Poço

Logo que se verifique qualquer indício de kick, é preciso rapidamente fechar o


poço, de modo a minimizar o volume de influxo a entrar no poço. As recomendações do
API RP 5966 citam dois procedimentos de fechamento: o soft e o hard.

66
Recomendações de práticas para operações de controle de poço. Retirado de FERNÁNDEZ, E. F. y;
JUNIOR, O. A. P.; PINHO, A. C. de. Dicionário do petróleo em língua portuguesa: exploração e
produção de petróleo e gás – Rio de Janeiro: Lexikon: PUC-Rio, 2009. 656p.

38
Figura 4.8: Fechamento do Poço
Fonte: Almeida67.

4.3.1 Fechamento Lento (soft)

De acordo com Watson68 e com o Belém69, no fechamento lento o choke fica


aberto durante as operações de perfuração. Além disso, o fechamento do BOP é feito
com a linha de choke aberta. O choke é gradualmente fechado de maneira a permitir um
acompanhamento detalhado do crescimento da pressão e fazendo com que seja possível
administrá-la de acordo com a limitação dos equipamentos. Além de também
possibilitar a rápida aplicação do método de baixa pressão no choke (low choke pressure
method), onde a pressão no choke é mantida na máxima pressão permissível ou abaixo
dela.

67
ALMEIDA, Mauricio de Aguiar. Controle de Poços. Disponível em: <http://xa.yimg.com/kq/groups/
22113478/190079740/name/Controle+de+po%C3%A7o1.ppt>. Acessado em 22 de setembro de 2011.
68
WATSON, D.; BRITTENHAM, T.; MOORE, P. L. Advanced Well Control. Richardson Texas. SPE
Textbook Series, 2003. 386p.
69
BELÉM, Francisco Aldemir Teles. Operador de sonda de perfuração, controle de poço I. Petrobras-
Promimp, 1998. 44p. Disponível em :<http://pt.scribd.com/doc/52421774/50/VI-%E2%80%93-
COMPORTAMENTO-DO-FLUIDO-INVASOR>.
39
No entanto, a utilização desse método também pode ser muito perigosa para o
controle do poço, pois o fato de ser mantido aberto, permite que mais fluido da
formação entre no poço.

4.3.2 Fechamento rápido (hard)

Ainda de acordo com Watson70 e com o Belém71, o choke permanece fechado


durante as operações de perfuração. Nesse caso, o BOP é fechado com a linha do choke
fechada. O volume de influxo que entra no poço é reduzido quando comparado com o
método anterior, pois esse método permite o fechamento do poço de forma rápida.
Também é importante ressaltar que o fechamento rápido é mais simples que o outro
procedimento em questão já que possui um passo a menos.

No entanto, o rápido fechamento dessa válvula causa um efeito muito comum


chamado golpe de aríete, que é a formação de um vácuo próximo a válvula, podendo
prejudicar a integridade das tubulações ou da válvula em questão.

Belém afirma que :

“Devido a maior simplicidade do método rápido e ao menor volume


de influxo gerado, o DP-PS recomendou que esse método seja usado
no fechamento de poço quando operando em águas profundas.
Estudos teóricos e experimentais recentemente publicados também
mostraram que o aumento de pressão devido ao golpe de aríete gerado
durante o fechamento rápido não é muito significativo quando
comparado ao aumento da pressão de fechamento no choke devido ao
volume adicional de gás obtido caso o método lento tivesse sido
implementado.”72

70
WATSON, D.; BRITTENHAM, T.; MOORE, P. L. Advanced Well Control. Richardson Texas. SPE
Textbook Series, 2003. 386p.
71
BELÉM, F. A. T.. Operador de sonda de perfuração, controle de poço I. Petrobras-Promimp, 1998.
44p.Disponível em :<http://pt.scribd.com/doc/52421774/50/VI-%E2%80%93-COMPORTAMENTO-
DO-FLUIDO-INVASOR>.
72
BELÉM, F. A. T.. Operador de sonda de perfuração, controle de poço I. Petrobras-Promimp, 1998.
44p.Disponível em :<http://pt.scribd.com/doc/52421774/50/VI-%E2%80%93-COMPORTAMENTO-
DO-FLUIDO-INVASOR>.

40
4.3.3 Procedimentos para o Fechamento de Poço

A seguir, serão mostrados os procedimentos para que se execute o fechamento


do poço de maneira segura e eficiente de acordo com Belém73e Almeida74. Os
procedimentos abaixo são relacionados ao fechamento de poço rápido, pois pelos fatos
explanados no tópico anterior é o mais comum na indústria do petróleo.

4.3.3.1 Fechamento do Poço Durante a Perfuração

 Parar a mesa rotativa;


 Elevar kelly, posicionando um tool joint75 acima da mesa rotativa;
 Parar a bomba de lama;
 Abrir a linha do choke;
 Fechar o BOP anular;
 Observar no manômetro do choke a pressão máxima permissível;
 Ler as pressões estabilizadas na coluna de perfuração (SIDPP) e no
choke (SICP);
 Aplicar o método do sondador, que será futuramente abordado, para a
circulação do kick.

4.3.3.2 Fechamento do Poço Durante a Manobra

 Posicionar um tool joint acima da mesa rotativa e acunhar a coluna de


perfuração;
 Abrir a linha do choke;
 Instalar a válvula de segurança da coluna;
 Fechar a válvula de segurança da coluna;
 Retirar as cunhas e posicionar o do tubo em frente ao BOP de gaveta;

73
BELÉM, F. A. T.. Operador de sonda de perfuração, controle de poço I. Petrobras-Promimp, 1998.
44p.Disponível em :<http://pt.scribd.com/doc/52421774/50/VI-%E2%80%93-COMPORTAMENTO-
DO-FLUIDO-INVASOR>.
74
ALMEIDA, M. de A.. Controle de Poços. Disponível em: <http://xa.yimg.com/kq/groups
/22113478/190079740/name/Controle+de+po%C3%A7o1.ppt>. Acessado em 22 de setembro de 2011.
75
É a conexão entre os tubos de perfuração. Retirado de FERNÁNDEZ, E. F. y; JUNIOR, O. A. .;
PINHO, A. C. de. Dicionário do petróleo em língua portuguesa: exploração e produção de petróleo e
gás – Rio de Janeiro: Lexikon: PUC-Rio, 2009. 656p.
41
 Fechar o BOP anular;
 Observar a pressão máxima permissível no manômetro do choke ;
 Ler SICP;
 Aplicar um método de controle de kick . No caso da escolha da operação
de stripping76,deve-se fechar a válvula de segurança da coluna, retirar o
kelly, instalar o inside-BOP, abrir a válvula de segurança e proceder ao
stripping.

4.3.3.3 Fechamento do Poço Durante a Manobra de Comandos

 Posicionar uma tool joint acima da mesa rotativa e acunhar a coluna de


perfuração;
 Abrir a linha do choke;
 Instalar a válvula de segurança da coluna;
 Fechar a válvula de segurança da coluna;
 Fechar o BOP anular;
 Observar a pressão máxima permissível no manômetro do choke ;
 Ler SICP;
 Aplicar um método de controle de kick. No caso da escolha da operação
de stripping , deve-se fechar a válvula de segurança da coluna, retirar o
kelly, instalar o inside -BOP, abrir a válvula de segurança e proceder ao
stripping.

4.3.3.4 Fechamento do Poço sem Coluna no Poço

 Abrir a linha do choke;


 Fechar gaveta cega ou cisalhante;
 Observar a pressão máxima permissível no manômetro do choke;
 Ler SICP;
 Aplicar um método de controle de kick.

76
É quando se coloca a coluna dentro do poço quando o BOP está fechado e as pressões estão confinadas
dentro do poço. Isso é necessário quando ocorre um kick com a coluna fora do poço e é necessário
circular o poço para retomar o controle do poço. Retirado de <http://www.glossary.o
ilfield.slb.com/Display.cfm?Term=stripping> acessado em 18 de setembro de 2011.

42
4.3.3.5 Fechamento do Poço Durante a Descida do Revestimento

 Posicionar uma tool joint acima da mesa rotativa;


 Abrira linha do choke;
 Fechar a gaveta de revestimento;
 Observar a pressão máxima permissível no manômetro do choke;
 Ler SICP;
 Completar o revestimento com lama;
 Conectar a cabeça de circulação à coluna de revestimento;
 Efetuar os cálculos da planilha de controle e aplicar um método de
controle de poço.

4.3.4 Pressões no Poço Após o seu Fechamento

Quando ocorre um kick e se fecha o poço, é comum que as pressões registradas


nos manômetros da coluna de perfuração e do choke subam até que a pressão da parede
do poço e a pressão de poro da formação se estabilizem. Essas novas pressões, são
conhecidas respectivamente como SIDPP e SICP.

Segundo Belém77 e Watson78, se não houver fluido da formação no interior da


coluna, o valor da SIDPP representa o gradiente de pressão existente no poço, ou seja, a
diferença entre a pressão da formação e a coluna hidrostática de fluido no interior da
coluna de perfuração. É fundamental também ressaltar que este valor não é função do
volume de kick que invadiu o anular do poço, na medida em que o valor de SICP é
dependente e diretamente proporcional à quantidade de influxo da formação presente no
anular, ou seja, quanto maior for o volume do influxo, maior será o valor de SICP.

A Figura 4.9 é uma boa representação de como se comportam as pressões após o


fechamento do poço, e através desta pode-se concluir que inicialmente essas pressões
crescem rapidamente, depois reduzem o seu crescimento até atingir a estabilização. Isso

77
BELÉM, F. A. T.. Operador de sonda de perfuração, controle de poço I. Petrobras-Promimp, 1998.
44p.Disponível em :<http://pt.scribd.com/doc/52421774/50/VI-%E2%80%93-COMPORTAMENTO-
DO-FLUIDO-INVASOR>.
78
WATSON, D.; BRITTENHAM, T.; MOORE, P. L. Advanced Well Control. Textbook Series, 2003.
386p.
43
ocorre pela parada do fluxo da formação para o poço, devido ao equilíbrio entre a
pressão de fundo e a pressão da formação geradora do kick. A duração deste período se
dá em função de algumas variáveis como tipo de fluido, permeabilidade e porosidade da
formação e grau de desbalanceamento hidrostático no instante do kick. Dessa forma,
não existe um valor arbitrário para a duração deste período. Por isso é recomendado que
se faça um gráfico semelhante ao da figura 4.9, para que assim, seja possível visualizar
a duração deste período.

Figura4.9: Comportamento das pressões após fechamento do poço


Fonte: Belém79

Após o período de estabilização, as pressões de fechamento tenderão a subir


devido à migração do gás. Se por algum motivo a imediata circulação do kick não for
possível, é fundamental que se monitore o comportamento dessas pressões, pois caso
excedam um determinado valor, por exemplo 50 psi acima do valor estabilizado, será
preciso a drenagem do poço até que seu valor na coluna volte a ser SIDPP.

O valor de SIDPP, normalmente é menor que o de SICP, pois na maioria dos


influxos só existe fluido invasor no espaço anular. Entretanto, segundo o Belém80é

79
BELÉM, F. A. T.. Operador de sonda de perfuração, controle de poço I. Petrobras-Promimp, 1998.
44p.Disponível em :<http://pt.scribd.com/doc/52421774/50/VI-%E2%80%93-COMPORTAMENTO-
DO-FLUIDO-INVASOR>.
80
BELÉM, F. A.T.. Operador de sonda de perfuração, controle de poço I. Petrobras-Promimp, 1998.
44p.Disponível em :<http://pt.scribd.com/doc/52421774/50/VI-%E2%80%93-COMPORTAMENTO-
DO-FLUIDO-INVASOR>.

44
importante considerar que existem situações nas quais se pode observar o contrário. As
possíveis causas para este comportamento são:

a) excesso de cascalhos no espaço anular;


b) manômetros defeituosos;
c) massa específica do fluido invasor maior que a do influxo;
d) gás no interior da coluna;
e) bloqueio do espaço anular.

4.4 Estimativa do comprimento do kick

Para se estimar o comprimento de um kick, inicialmente, toma-se como hipótese


que esse influxo fica arranjado de forma coesa no poço, ou seja, o fluido proveniente da
formação não se mistura com os fluidos do poço, de maneira semelhante a figura 4.10.
Além disso, segundo Watson81 e Almeida82 também é plausível assumir que o ganho de
volume no tanque de lama é o volume de kick que o poço recebeu.

A partir disso, com a fórmula83abaixo, é possível calcular com grande grau de


precisão o comprimento do kick.

(14)

Onde :
 = comprimento do kick,ft;

 = volume do kick, bbl = G = Ganho de volume no tanque de lama, bbl;

 = capacidade do anular, bbl/ft.

81
WATSON, D.; BRITTENHAM, T.; MOORE, P. L. Advanced Well Control. Richardson Texas. SPE
Textbook Series, 2003. 386p.
82
ALMEIDA, M. de A.. Controle de Poços. Disponível em: <http://xa.yimg.com/kq/groups/2
2113478/190079740/name/Controle+de+po%C3%A7o1.ppt>. Acessado em 22 de setembro de 2011.
83
DRILLING FORMULAS. Disponível em: <http://www.drillingformulas.com/>. Acessado em 23 de
Setembro de 2011.
45
Figura 4.10: Comprimento do influxo
Fonte: http://www.drillingformulas.com/calculate-influx-height/

4.5 Estimativa Do Tipo De Kick

Tendo o conhecimento do conceito U-Tube desenvolvido anteriormente e da


estimativa do comprimento do kick, é possível estimar o tipo de kick através da seguinte
fórmula84:

(15)

Na qual:

 = peso do kick, ppg;

 = peso atual da lama, ppg;

 = pressão de fechamento no choke, psi;

84
DRILLING FORMULAS. Disponível em: <http://www.drillingformulas.com/>. Acessado em 23 de
Setembro de 2011.

46
 = pressão de fechamento no tubo bengala, psi;

 = comprimento do kick, ft.

Após o cálculo do peso do kick, através da análise da tabela 1 abaixo, é possível


determinar com uma precisão aceitável, o tipo de influxo no poço:

Tabela 1: Determinação do tipo de influxo.


Fonte: Próprio baseado no http://www.drillingformulas.com/estimate-type-of-influx-kick/?lang

4.6 Procedimentos Operacionais de Segurança

4.6.1 Flow check

Como definido na seção 2.7, a execução do flow check é fundamental para a


análise da existência riscos para a continuidade das operações. Porém, Watson85
defende que o tempo gasto na realização do flow check pode permitir um significante
aumento do volume do kick, o que pode ser intolerável no cenário de águas profundas.
Por isso, com o intuito de mitigar esse efeito colateral, recomenda-se fechar de imediato
o poço, tão logo seja detectado influxo sem a realização de flow check de confirmação.
Entretanto, quando os aumentos da vazão de retorno e do nível de lama nos tanques são
difíceis de serem detectados, um flow check pode ser realizado para confirmar se o poço
está fluindo.

85
WATSON, D.; BRITTENHAM, T.; MOORE, P. L. Advanced Well Control. Richardson Texas. SPE
Textbook Series, 2003. 386p.
47
4.6.2 Procedimentos Gerais:

Para Belém86, inicialmente é de fundamental importância que o programa do


poço contenha todas as informações a respeito das formações a serem perfuradas, tais
como: as curvas de pressão de poros e de fratura, as propriedades recomendadas do
fluido de perfuração e a possibilidade de formação de hidratos.

Além disso, é vital que se exija aos integrantes das equipes de perfuração das
sondas que operam em águas profundas a certificação válida em controle de poço e
também é amplamente recomendado que se prepare e divulgue um plano de ações para
o caso da ocorrência de um kick. Também é preciso certificar que os elementos
envolvidos nas operações de controle de poço estão cientes de suas funções e
responsabilidades e que os equipamentos de segurança do poço estão operando
satisfatoriamente.

4.6.3 Na Perfuração

Para que as atividades de perfuração procedam sem riscos desnecessários de


acidentes, inicialmente é preciso revisar os alarmes dos indicadores do nível dos tanques
e do fluxo de retorno do poço.

É necessária a delegação clara de um responsável para constantemente


monitoramento das principais propriedades do fluido (massa específica e viscosidade) e
comunicar o imediato do sondador quaisquer anomalias verificadas, tais como o
aumento do fluxo de retorno e corte de gás ou óleo do fluido de perfuração.

É considerado crucial que diariamente se faça circulação pelo choke e pelo kill,
para que assim o risco de entupimento dessas linhas reduzam significativamente.
Executar um flow check preventivo antes das conexões durante a perfuração de uma
zona potencialmente produtora.

86
BELÉM, F. A.T.. Operador de sonda de perfuração, controle de poço I. Petrobras-Promimp, 1998.
44p.Disponível em :<http://pt.scribd.com/doc/52421774/50/VI-%E2%80%93-COMPORTAMENTO-
DO-FLUIDO-INVASOR>.

48
4.6.4 Na Manobra

Como já citado anteriormente, a maior parte dos kicks ocorrem quando se está
puxando a coluna de perfuração para fora do poço, o que pode facilmente ser evitado
caso sejam seguidos de maneira correta os procedimentos e é claro, se a equipe estiver
bem treinada. De acordo com Belém87 e Watson88, as seguintes preparações para a
manobra devem ser tomadas para o sucesso da operação:

 Checar as Condições do Poço: Antes da execução da manobra, o fluido de


perfuração deve estar em boas condições e com a circulação assegurada. Além
disso, não pode haver indícios de influxos antes de tirar a coluna e a densidade
da lama que entra pelo choke e da que sai pelo kill não pode ser maior que 24
kg/m³.
 Tanque de Manobra: deve estar completo com um fluido de peso adequado, de
acordo com o teste previamente feito para que assim se possa remover o kelly e
o topdrive89.
 Válvula de Segurança: Deve ser adequada e com as apropriadas conexões de
conversão de rosca para encaixar em toda a coluna, além das conexões BHA no
piso da plataforma estar na posição aberta.
 Golfadas: Quando for possível e após a checagem da confirmação de fluxo,
deverá ser preparada e lançada uma golfada de lama na coluna antes de sua
retirada. Um balde de lama deve ser adicionado no caso da golfada não
conseguir ser bombeada ou mesmo se for necessário retirar a coluna molhada.
 Completação de Lama: Caso o volume de aço retirado não esteja sendo
compensado da maneira ideal é importante que se pare a manobra e se faça uma
checagem de fluxo.

87
BELÉM, F. A.T.. Operador de sonda de perfuração, controle de poço I. Petrobras-Promimp, 1998.
44p.Disponível em :<http://pt.scribd.com/doc/52421774/50/VI-%E2%80%93-COMPORTAMENTO-
DO-FLUIDO-INVASOR>.
88
WATSON, D.; BRITTENHAM, T.; MOORE, P. L. Advanced Well Control. Richardson Texas. SPE
Textbook Series, 2003. 386p.
89
É o equipamento utilizado para girar a coluna de perfuração no lugar da mesa rotativa. É acoplado ao
mastro , que sustenta todo o torque gerado na rotação da coluna. Muito utilizado em perfurações
horizontais e direcionais , pois permite que a coluna esteja em movimento durante a manobra, assim
diminuindo o atrito entre a parede do poço e a coluna. Retirado de FERNÁNDEZ, E. F. y; JUNIOR, O.
A. P.; PINHO, A. C. de. Dicionário do petróleo em língua portuguesa: exploração e produção de
petróleo e gás – Rio de Janeiro: Lexikon: PUC-Rio, 2009. 656p.
49
 Checagem de Fluxo: É fundamental para a garantia de uma operação de
manobra e, principalmente, é a maneira adequada de assegurar que o poço não
esteja com kick. Esta manobra consiste em deixar o poço momentaneamente sem
circulação e observar o seu comportamento. Caso seja mantida certa quantidade
de fluxo, o poço está sofrendo invasão de fluidos da formação.

4.6.5 Durante a Descida do Revestimento

 Inserir na planilha de informações prévias os dados relativos à coluna de


revestimento que está sendo descida no poço.
 Em sondas com ESCP de superfície, antes da descida da coluna de revestimento,
deve-se trocar a gaveta cega ou cisalhante por gaveta vazada compatível com o
tubo de revestimento a ser descido.
 Descer a coluna de revestimento com velocidade compatível com a pressão de
fratura da formação mais fraca exposta no poço para evitar problemas com o
surgimento de pressões anormais.
 Fazer um flow check preventivo antes da coluna de revestimento passar pelo
BOP.

4.7 Controle de Kick

De acordo com Watson90 e com o já citado anteriormente, após a confirmação da


existência de um kick no poço é amplamente recomendado que se feche o poço e se
decida qual método será utilizado para assegurar o seu controle.

Existem basicamente dois tipos de métodos de controle de poço, os que


controlam o poço através da circulação do kick com fluido de amortecer91 e os que não
utilizam nenhum tipo de circulação.

90
WATSON, D.; BRITTENHAM, T.; MOORE, P. L. Advanced Well Control. Richardson Texas. SPE
Textbook Series, 2003. 386p.
91
É um fluido de perfuração ou de completação com densidade que proporcione uma pressão hidrostática
superior à da formação na profundidade que ocorre o influxo, cessando dessa forma o fluxo para o poço.
Retirado de FERNÁNDEZ, E. F. y; JUNIOR, O. A. P.; PINHO, A. C. de. Dicionário do petróleo em
língua portuguesa: exploração e produção de petróleo e gás – Rio de Janeiro: Lexikon: PUC-Rio,
2009. 656p.

50
Apesar de diferentes, ambos possuem o mesmo objetivo final, ou seja,
possibilitar a continuidade das operações de extração de petróleo sem que haja riscos ao
meio ambiente, a saúde dos trabalhadores e ao lucro da operação.

4.7.1 Princípio da pressão constante no fundo do poço

Watson92 também sugere que ao se fechar o poço após a detecção de um kick, as


pressões no seu interior aumentam até o instante que se igualam à pressão da formação
no fundo do poço. Conforme visto anteriormente, neste momento o fluxo da formação
cessa e então um método de controle de poço pode ser aplicado.

Seja qual for o método de controle adotado, ele utiliza o princípio básico de
manutenção da pressão de fundo do poço constante. Para evitar a ocorrência de novos
kicks essa pressão deve ser igual ao valor da pressão da formação que o originou,
acrescido de uma margem de segurança.

Controlar as pressões de um poço sobre kick é fundamental para o sucesso das


atividades de controle de poço. Essas pressões são controladas através da manipulação
do choke, ou seja, quando a pressão de bombeio é mantida constante e lentamente se
abre o choke, o poço irá sentir um decréscimo nas pressões, pois além aumentar a
drenagem do fluido que preenche o anular, também se diminui o atrito do escoamento
desse fluido pelo choke. Por outro lado, quando lentamente se fecha o choke, o poço
sofre um acréscimo nas pressões.

4.7.2 Métodos com Circulação:

Basicamente, os objetivos desses métodos de controle de kicks são os de


remover do poço o fluido invasor e reestabelecer seu o controle primário através do
ajuste da massa específica do fluido de perfuração ou completação. Além disso, de
acordo Watson93, nos métodos circulatórios, o controle secundário do poço, após o seu
fechamento, é recuperado envolvendo duas etapas que serão descritas a seguir.

92
WATSON, D.; BRITTENHAM, T.; MOORE, P. L. Advanced Well Control. Richardson Texas. SPE
Textbook Series, 2003. 386p.
93
WATSON, D.; BRITTENHAM, T.; MOORE, P. L. Advanced Well Control. Richardson Texas. SPE
Textbook Series, 2003. 386p.
51
Inicialmente, para a remoção do influxo é preciso que se prepare um fluido de
amortecimento de maneira que estabilize as pressões da formação e do fundo do poço.
Adicionalmente, o estado de pressão no poço deve ser mantido num nível
suficientemente alto para evitar a ocorrência de mais influxo, contudo, mas não tão
grande a ponto de causar danos à formação, aos equipamentos de segurança de cabeça
de poço e ao revestimento.

Antes da retomada das operações normais, é preciso que toda a lama de


perfuração possua as características necessárias para manter o controle do poço. As
etapas descritas devem ser cumpridas juntas ou separadas e esta decisão dependerá do
método de controle de poço utilizado.

4.7.2.1 Método do Sondador

Esse método é muito utilizado na indústria do petróleo por ser simples, seguro e
eficiente, além de também poder ser utilizado em operações terrestres e marítimas. É
um método baseado basicamente em dois princípios, o da circulação do kick para fora
do poço e a substituição da lama contaminada com fluidos da formação pelo novo
fluido de perfuração.

Na Figura 4.11, é apresentada a evolução da pressão de circulação com o volume


de lama bombeado, ao longo da operação.

Figura 4.11: Comportamento das Pressões


Fonte: Almeida94.

94
ALMEIDA, M. de A.. Controle de Poços. Disponível em: <http://xa.yimg.com/kq/groups/
22113478/190079740/name/Controle+de+po%C3%A7o1.ppt>. Acessado em 22 de setembro de 2011.

52
De acordo com Watson95 o procedimento para matar o poço por esse método é:

i. Cuidar das pressões no poço até que a aplicação do método possa ser iniciada.
Deve-se manter a pressão no fundo do poço constante e permitir que o gás
migrante se expanda.
ii. Abrir lentamente o choke e aumentar a vazão de bombeio. Essa operação deve
ser sincronizada de modo a SICP seja mantida constante até que se atinja a
velocidade de circulação.
iii. Comparar a pressão da coluna de perfuração com a pressão inicial de circulação
(ICP). A ICP deve ser mantida constante através do choke até que se circule o
kick e a nova lama esteja preparada para ser circulada para dentro do poço.
iv. O fechamento do choke deve ser feito de forma sincronizada à diminuição da
velocidade do bombeamento, para que assim a pressão no revestimento seja
mantida constante. Quando a bomba estiver praticamente parada, fechar o choke
e desligar a bomba.
v. Verificar se os medidores de pressão estão condizentes com os valores iniciais
do SIDPP. Caso não estejam, deve-se verificar a existência de erros nas
medições das pressões;
vi. Recalcular o peso da lama de circulação de kick e aumentar a densidade da lama
nos tanques.
vii. Reabrir o choke simultaneamente ao aumento da velocidade de bombeio, para
manter a pressão no revestimento constante.
viii. Manter a pressão no revestimento constante até que a nova lama comece a entrar
no anular.
ix. Manter constante a pressão na coluna de perfuração até que se refaça a medição
da densidade da nova lama ao sair pelo choke.
x. Desligar a bomba e fechar o poço.
xi. Abrir o choke e fazer um check flow.
xii. Voltar às operações normais.

95
WATSON, D.; BRITTENHAM, T.; MOORE, P. L. Advanced Well Control. Richardson Texas. SPE
Textbook Series, 2003. 386p.

53
4.7.2.2 Método do Engenheiro

Nesse método, o controle do poço é retomado através uma circulação.


Comparado ao método do sondador, este método é mais eficiente e rápido. Dentre todos
os métodos esse é o que mantém a parede do poço e os equipamentos de superfície
sobre menores pressões. Por outro lado é o mais complexo e trabalhoso.

Na Figura 4.12, é apresentada a evolução da pressão de circulação com o volume


de lama bombeado, ao longo da operação.

De acordo com Watson 96 o procedimento para matar o poço por esse método é:

i. Cuidar das pressões no poço até que a aplicação do método possa ser iniciada.
Deve-se manter a pressão no fundo do poço constante e permitir que o gás
migrante se expanda.
ii. Recalcular o peso da lama de circulação de kick e aumentar a densidade da lama
nos tanques. Determinar o aumento na taxa de bombeio para que essa operação e
gerar um gráfico ou tabela de redução da pressão da coluna;
iii. Lentamente, abrir o choke e aumentar a vazão de bombeio. Essa operação deve
ser sincronizada de modo a SICP seja mantida constante até que a velocidade de
circulação seja atingida.
iv. Comparar a pressão da coluna de perfuração com a pressão inicial de circulação
(ICP). Manipular o choke de maneira a controlar a pressão de circulação na
coluna de perfuração (CDDP)até que o cronograma de redução de pressão seja
cumprido.
v. Manter constante a pressão na coluna de perfuração com o valor da pressão final
de circulação (FCP), até que se refaça a medição da densidade da nova lama ao
sair pelo choke.
vi. O fechamento do choke deve ser feito de forma sincronizada com a diminuição
da velocidade da bombeamento, para que assim a pressão no revestimento seja
mantida constante. Quando a bomba estiver praticamente parada, fechar o choke
e desligar a bomba.

96
WATSON, D.; BRITTENHAM, T.; MOORE, P. L. Advanced Well Control. Richardson Texas. SPE
Textbook Series, 2003. 386p.

54
vii. Observar os medidores de pressão, caso eles não estejam marcando zero,
verificar possíveis armadilhas de pressão.
viii. Abrir o choke e fazer um check flow.
ix. Voltar as operações normais.

Figura 4.12: Comportamento das Pressões


Fonte: Almeida97.

4.7.2.3 Método Simultâneo

Este método é caracterizado principalmente pelo peso da lama ser gradualmente


aumentado durante a circulação do influxo. Isso ocorre até que o fluido de perfuração
atinja o valor ideal para resistir a futuras invasões de fluidos de formação.

O controle desse método pelo choke é reduzido, devido ao fato de o operador


não ter conhecimento da localização exata do limite entre lama nova e lama velha.

De acordo com Watson98 o procedimento para matar o poço por esse método é:

i. Cuidar das pressões no poço até que a aplicação do método possa ser iniciada.
Deve se manter a pressão no fundo do poço constante e permitir que o gás que
migrar se expanda.

97
ALMEIDA, M. de A.. Controle de Poços. Disponível em: <http://xa.yimg.com/kq/group
s/22113478/190079740/name/Controle+de+po%C3%A7o1.ppt>. Acessado em 22 de setembro de 2011.
98
WATSON, D.; BRITTENHAM, T.; MOORE, P. L. Advanced Well Control. Richardson Texas. SPE
Textbook Series, 2003. 386p.
55
ii. Calcular o peso da lama de circulação do kick e preparar um gráfico ou tabela
mostrando o valor desejado para CDDP como função do peso da lama na broca.
iii. Lentamente abrir o choke e aumentar a vazão de bombeio. Essa operação deve
ser sincronizada de modo a SICP seja mantida constante até que a velocidade de
circulação seja atingida.
iv. Comparar a pressão na coluna de perfuração com o valor computado de ICP.
Começar a aumentar a densidade da lama no tanque.
v. Verificar o curso da bomba, sempre que 0,1 a 0,2 lbm/gal de aumento na
densidade seja bombeado para dentro da coluna;
vi. A partir do gráfico de CDDP, ajustar a pressão na coluna sempre que 0.1 ou 0.2
lbm/gal de aumento na densidade atinja a broca. Repetir esse procedimento
sempre que haja o aumento na densidade da lama, até que a coluna de
perfuração esteja preenchida com lama de matar o poço.
vii. Manter constante a pressão na coluna de perfuração com o valor de FCP, até que
se refaça a medição da densidade da nova lama ao sair pelo choke.
viii. O fechamento do choke deve ser feito de forma sincronizada com a diminuição
da velocidade de bombeamento, para que assim a pressão no revestimento seja
mantida constante. Quando a bomba estiver praticamente parada, fechar o choke
e desligar a bomba.
ix. Observar os medidores de pressão, caso eles não estejam marcando zero,
verificar possíveis armadilhas de pressão.
x. Abrir o choke e fazer um check flow.
xi. Voltar as operações normais.

4.7.2.4 Circulação Reversa

Esse método circula o kick que se encontra no interior do poço através de uma
circulação reversa, ou seja, o choke funciona como a linha de kill e vice-versa.

Esse método possui as seguintes vantagens:


i. É a maneira mais rápida de circular um kick para a superfície;

56
ii. O kick é circulado pelo interior da coluna, ou seja, estará dentro de uma
tubulação mais resistente que o revestimento, diminuindo assim a possibilidade
de ocorrência de acidentes por colapso do tubo.
iii. Reduz a quantidade de lama de amortecimento, pois a pressão hidrostática que a
coluna de líquidos do anular exerce sobre a coluna de fluido é muito maior que a
pressão exercida pela coluna de líquido da coluna de perfuração, assim é
necessário menos tempo e esforço para circular o kick.

No entanto, possui as seguintes desvantagens:

i. A formação e o revestimento ficam sobre ação de maiores pressões;


ii. Pressões excessivas podem causar perda de fluidos para a formação ou até
mesmo fratura da mesma;
iii. Kicks de gás ou fluidos de perfuração com diferentes pressões podem gerar
dificuldades de estabilização da velocidade de bombeamento necessária para a
circulação desse influxo.

4.7.3 Métodos sem Circulação:

Normalmente esses métodos são utilizados quando a circulação não é possível.

4.3.7.1 Método Volumétrico

De acordo com Watson99, este método é caracterizado por permitir a expansão


controlada do gás durante sua migração a superfície. Além disso, também objetiva a
manutenção da pressão no fundo do poço constante, igual ou pouco maior que pressão
de poros. Deve ser utilizado até que a circulação possa ser utilizada.

As principais situações em que esse método costuma ser utilizado são quando:

i. A coluna está fora do poço;


ii. As bombas não estão funcionando;

99
WATSON, D.; BRITTENHAM, T.; MOORE, P. L. Advanced Well Control. Richardson Texas. SPE
Textbook Series, 2003. 386p.
57
iii. A Coluna não se encontra no fundo do poço;
iv. Está se fazendo stripping ou snubbing;
v. Se está fechando o poço ou reparando algum equipamento de superfície;

4.7.3.2 Lubrificar e Drenar

Esse método normalmente é utilizado quando o fluido proveniente da formação


atinge a cabeça do poço, é considerado a continuação do método do engenheiro.
Costuma ser amplamente utilizado em operações de workover, pois existem diversas
situações em que a circulação não é possível.

Esse método é desenvolvido através do bombeamento de um fluido, mais denso


que o kick, para dentro do anular do poço. Após esse procedimento deve-se esperar
tempo suficiente para que esse fluido pesado esteja abaixo do influxo. É fundamental
que o volume de kick seja precisamente calculado para que o ganho de pressão
hidrostática no poço possa ser determinado. Ao atingir a cabeça do poço, o volume
calculado de influxo é drenado do poço.

4.7.3.3 Bulheading

Segundo Oilfield100 esse método consiste em bombear pelo anular grande


quantidade de fluido de amortecimento injetando assim o kick de volta para o
reservatório. É muito utilizado quando se está fazendo workover e só é aplicável quando
não há obstruções e quando a formação pode sustentar um influxo para dentro dela sem
que haja fratura.

É uma operação que envolve muitos riscos, por isso, é fundamental atentar para
a possibilidade do revestimento e da coluna colapsarem, a possibilidade de fratura da
formação e a possível ocorrência de migração de gás para a superfície.

100
OILFIELD. Oil and Gas glossary. Disponível em : <http://oilgasglossary.com/bullheading.html>.
Acessado em 18 de setembro de 2011.

58
5 ESTUDO DE CASOS

O presente capítulo fará um estudo dos principais acidentes ocorridos na


Indústria do Petróleo, analisando o que gerou a perda do controle primário de poço, e a
razão do insucesso do controle secundário.

5.1 Sedco 135F

No ano de 1979, a sonda Sedco 135F estava perfurando o poço IXTOC I para a
empresa PEMEX quando ocorreu um blowout. Segundo Oil Rig Disaster101, estima-se
que esse acidente provocou o derramamento de cerca de 550 milhões de litros de óleo
no mar, afetando por diversos anos as atividades econômicas, a vida marinha e terrestre
da região onde ocorreu o acidente em questão.

De acordo com Cherniak102, um dia antes da ocorrência desse acidente, a broca


atingiu uma zona rochosa com características bem diferentes da rocha que estava sendo
perfurada anteriormente. Essa inesperada mudança causou fraturas na formação devido
à excessiva pressão hidrostática que estava sendo exercida no fundo do poço. Com o
fraturamento, o fluido de perfuração começou a invadir a formação e o poço perdeu a
circulação. Com isso, os engenheiros da PEMEX decidiram que iriam puxar a coluna de
perfuração para fora do poço, retirar a broca e recolocar a coluna no poço para fazer a
circulação de lama sem a broca. O principal objetivo dessa operação era selar
rapidamente a formação através da circulação de fluidos com a coluna aberta (sem a
broca) e assim cessar a perda de fluidos para a formação, normalizando assim a
circulação.

Entretanto, durante a manobra de retirada da coluna, veio a ocorrer pistoneio, o


que rapidamente levou à perda do controle primário do poço. Como já citado
anteriormente neste trabalho, esta é a causa mais comum de ocorrência de kicks
provenientes da formação.

101
OIL RIG DISASTER. Offshore Blowouts. Disponível em: <http://home.versatel.nl/the_
sims/rig/ixtoc1.htm>. Acessado em 10 de outubro de 2011.
102
CHERNIAK, Christopher. Oil spill part 1, 2010. Disponível em <http://radiogreeneart
h.org/blog/?p=1885>. Acessado em 10 de outubro de 2011.
59
Ao identificar na superfície que o poço começou a escoar, o procedimento
padrão para assegurar o controle secundário foi tomado, ou seja, o BOP foi acionado.
No entanto, esse equipamento não funcionou como esperado, pois suas gavetas, que
deveriam conter o fluxo e fechar o poço, não o fizeram. Assim, não foi possível manter
o controle secundário desse poço, e ao atingir a cabeça do mesmo, esse escoamento
composto por lama de perfuração e hidrocarbonetos provenientes da formação causou o
blowout, que ao entrar em contato com as bombas causou uma enorme explosão.

Figura 5.1: Sedco 135F blowout


Fonte : <http://uvamagazine.org/first_person/article/an_almost_forgotten_oil_spill/ >

Algum tempo depois, constatou-se que o BOP não foi capaz de selar o poço,
pois a parte da coluna que se encontrava dentro do BOP stack eram os comandos, e as
gavetas cisalhantes desse equipamento não foram projetadas para cortar esse
seguimento mais grosso e resistente da coluna.

5.2 Enchova Central - 1988

De acordo com vídeo disponibilizado pela Petrobras103, a companhia estava


produzindo a seção da formação Macaé, quando esta se tornou economicamente

103
PETROBRAS. Blowout Enchova Central. Vídeo disponível em: <http://www.youtube.com/
watch?v=ebJYFaDWqSY>. Acessado em 11 de outubro de 2011.

60
inviável devido o aumento da razão água-óleo104, por isso, decidiu-se começar a
explorar uma zona de arenito porosa, friável105 (em 1983 não se tinha conhecimento de
que esse reservatório possuía essas características) e rica em gás, conhecida como
formação Campos-Carapebus. Essa formação se encontrava acima da formação Macaé e
para começar a ser produzida foi necessário abandonar o poço nessa na zona de Macaé e
recompletar o poço na zona de interesse.

Em 1983, durante a perfuração, essa formação com gás não foi revestida, para
que posteriormente facilitasse uma eventual recompletação para produção desse
hidrocarboneto. No entanto, houve um erro no cálculo da cimentação e a formação
arenítica não foi preenchida, ficando em contato com o fluido de completação que se
encontrava no anular, como pode ser visto na figura 5.2. Devido a presença de um
obturador decidiu-se não recimentar para corrigir esse erro.

Acredita-se que o gás tenha contaminado o anular, diminuindo sua massa


específica e, por isso, em 1988, ao canhonear essa região para recompletar essa zona e
recimentá-la houve perda de fluido para a formação. Para tentar vencer essa perda para
a formação, preparou-se um novo fluido de completação com massa específica menor
que o anterior. A perda foi contida. A tripulação tentou circular, pelo anular, o fluido
contaminado por gás que lá se encontrava. Essa tentativa deixou claro o
desconhecimento da presença do obturador, que foi o responsável pelo insucesso da
operação e acabou por induzir a uma nova perda de fluido para a formação, que foi
rapidamente contida.

Para tentar manter o controle primário, a tripulação decidiu canhonear um pouco


abaixo desse obturador para assim possibilitar a circulação do fluido que preenchia o

104
É a razão de números de barris e o número de barris de óleo produzidos por um poço. Retirado de
FERNÁNDEZ, E. F. y; JUNIOR, O. A. P.; PINHO, A. C. de. Dicionário do petróleo em língua
portuguesa: exploração e produção de petróleo e gás – Rio de Janeiro: Lexikon: PUC-Rio, 2009. 656p.
105
É um tipo de arenito não consolidado, semelhante ao consolidado, com boa qualidade de mineral
cimentante entre os grãos, mas quando o poço sofre alterações nas condições operacionais de produção
(como aumento da vazão ou depleção) pode desestabilizar a formação. Quanto à completação para este
tipo de arenito, pode-se utilizar até poço aberto em condições normais, as paredes são suficientemente
estáveis (não chegam a desmoronar, pode ocorrer formação de areia). Quando o poço é cimentado e
revestido, a produção de areia se dá mais na fase inicial da produção, depois reduz. Retirado de
(Sparlinetal, 1982, apud Martins, 2011) Rafael Gonçalves Martins. Controle da Produção de Areia em
Poços de Petróleo Brasileiros. Monografia de Graduação em Engenharia de Petróleo, UFF, Niterói/RJ,
2011.
61
anular. Porém, ao executá-lo, o fluido da formação- gás - invadiu o anular de produção
sem que a equipe que trabalhava na plataforma percebesse. Devido sua baixa massa
específica, esse influxo causou uma queda na pressão hidrostática, que a coluna de
fluido de completação estava exercendo na formação a ser completada, causando assim
o aumento do volume de kick.

Figura 5.2: Poço Enchova Central


106
Fonte: Petrobras

Com a perda do controle primário, para evitar o blowout foram adotadas duas
estratégias:

 Instalar o inside-BOP acionando-o. Essa operação não foi bem sucedida, pois
devido a enorme pressão que o gás exercia no inside-BOP, a coluna subiu
descontroladamente, sendo parada somente pela ação da gaveta cega do BOP.
 Ataque ao poço pela linha de kill. Essa operação também não obteve o sucesso
esperado.

106
PETROBRAS. Blowout Enchova Central. Vídeo disponível em: <http://www.youtube.com
/watch?v=ebJYFaDWqSY>. Acessado em 11 de outubro de 2011.

62
Com a perda total do controle secundário, a situação na plataforma tornou-se
insustentável e foi preciso que todos os tripulantes a abandonassem. Houve uma grande
explosão sem a ocorrência de fatalidades.

5.3 C.P. Baker

Segundo Oil Rig Disaster107, em 1964, a plataforma C.P. Baker, estava


perfurando um poço com cerca de 10000 pés de profundidade em região próxima a ilha
de Eugene. Cerca de 684 pés já haviam sido perfurados e a tripulação estava se
preparando para assentar o revestimento condutor, juntamente com o BOP, quando
percebeu-se que a água do mar no entorno do poço começou a borbulhar. A pressão
com que o gás subia era muito grande e a água invadiu o convés dessa embarcação. Em
poucos minutos, a plataforma ficou sem eletricidade e explodiu. O fogo se alastrou por
cerca de 100 pés em volta da plataforma e cerca de 22 pessoas morreram nesse
incidente.

A perda do controle primário foi decorrente do influxo de gás em uma região


muito próxima a superfície, não havendo tempo suficiente para a tripulação agir e evitar
essa perda. Pela falta de equipamentos de segurança a perda do controle secundário não
pode ser evitado.

Esse acidente foi decorrente da perfuração de uma região de shallow gas. Os


equipamentos de segurança ainda não estavam instalados e, como citado anteriormente,
a perfuração desse tipo de formação é uma das mais perigosas e devem ser evitadas ou,
pelo menos, caso seja extremamente necessário, deve ser feita com todos os
equipamentos que possam controlar o poço e evitar o blowout.

5.4 Ocean Odyssey

Ocean Odyssey foi uma plataforma feita para perfurar poços em regiões
perigosas e de altas pressões, tais como o Mar do Norte e Alaska. Em 1988, foi
contratada pela ARCO para perfurar o poço 22/30b-3 no Mar do Norte.

107
OIL RIG DISASTER. Offshore Blowouts. Disponível em: <http://home.versatel.nl/the
_sims/rig/cpbaker.htm>. Acessado em 10 de outubro de 2011.
63
Figura 5.3: Ocean Odyssey Blowout
Retirado de: http://www.japt.org/html/iinkai/drilling/guinees/blowout.html

Segundo Oil Rig Disaster108, as operações estavam sendo desenvolvidas com


sucesso e já haviam sido perfurados cerca de 16160 pés, quando tiveram que ser
reduzidas na medida em que a tripulação tentava conter severas perdas de circulação.
Em certo momento, restando pouca lama e barita em estoque e contra o julgamento de
muitos que estavam a bordo, os representantes da ARCO decidiram retirar a coluna de
dentro do poço para tentar retomar a circulação, forçando “pistoneio”. Mais de 70
barris de lama foram recuperados com essa operação e decidiu-se suspender a manobra
para tentar recuperar o controle do poço e retomar a circulação, via a linha de choke.

De repente, percebeu-se que a pressão no revestimento sofreu um rápido


aumento e que a lama que retornava do poço estava contaminada por gás. Como a
coluna não se encontrava mais no fundo do poço, a pressão de circulação não foi
suficiente para conter esse kick. Com isso, o fluido da formação começou a escoar para
dentro do poço, caracterizando assim a perda do controle primário.

Cientes do agravamento da situação e da incapacidade de se manter o controle


secundário, pois não foi possível fechar o poço, ordenou-se o abandono da plataforma.
O gerente da plataforma ordenou que a pessoa responsável pelas comunicações, que
estava a caminho dos botes salva-vidas, retornasse para sua sala para avisar sobre os
108
OIL RIG DISASTER. Offshore Blowouts. Disponível em: <http://home.versatel.nl/the_sims/rig/o-
odyssey.htm>. Acessado em 10 de outubro de 2011.

64
problemas ocorridos. Logo depois houve explosões e o chefe de comunicações veio a
falecer. Na figura 5.3 pode-se obersevar o blowout dessa plataforma.

Esse incidente levou o Departamento de Energia do Reino Unido proibisse por


diversos anos perfurações de poços com pressões acima de 10000 psi.

5.5 Ekofisk Bravo

Oil Rig Disaster109, o blowout da plataforma Ekofisk ocorreu num workover,


durante a manobra da coluna de produção. A árvore de natal já havia sido retirada, no
entanto o BOP ainda não tinha sido instalado. O poço perdeu o controle primário após a
ocorrência de um kick, gerado pelo pistoneio dos fluidos da formação. Devido à falha de
uma válvula de segurança não foi possível manter o controle secundário, causando o
blowout, ilutrado na figura 5.4.

Figura 5.4: Ekofisk Bravo


Retirado de: http://home.versatel.nl/the_sims/rig/ekofiskb.htm

109
OIL RIG DISASTER. Offshore Blowouts. Disponível em: <http://home.versatel.nl/the_sims/r
ig/ekofiskb.htm>. Acessado em 10 de outubro de 2011.
65
Todos conseguiram evacuar a embarcação a tempo, mas, cerca de 32 milhões de
litros de óleo foram derramados no mar, causando grande prejuízo à sociedade e ao
meio ambiente.

Após 7 dias, retomou-se o controle do poço. Em um relatório posteriormente


divulgado, conclui-se que o acidente o correu por falha humana na instalação da válvula
que deveria manter o controle do poço enquanto o BOP não se encontrava devidamente
em funcionamento.

5.6 Deepwater Horizon

A plataforma Deepwater Horizon era propriedade da Transocean e estava


perfurando um poço no campo Macondo, que pertence a British Petroleum (BP),
quando no dia 20 de abril de 2010 ocorreu um blowout que causou a morte de 11
funcionários e o vazamento de cerca 750 milhões de litro de óleo durante os 87 dias que
o poço ficou fora de controle. Este acidente de proporções catastróficas é considerado o
maior da história da indústria do petróleo. Segundo Brasilagro110o governo americano
obrigou a BP a criar um fundo de indenização no valor de cerca de 20 bilhões de dólares
em virtude desse acidente.

A plataforma Deepwater Horizon era propriedade da Transocean e estava


perfurando um poço no campo Macondo, que pertence a British Petroleum (BP),
quando no dia 20 de abril de 2010 ocorreu um blowout que causou a morte de 11
funcionários e o vazamento de cerca 750 milhões de litro de óleo durante os 87 dias que
o poço ficou fora de controle. Este acidente de proporções catastróficas é considerado o
maior da história da indústria do petróleo. Segundo Brasilagro111o governo americano
obrigou a BP a criar um fundo de indenização no valor de cerca de 20 bilhões de dólares
em virtude desse acidente.

A empresa operadora do poço em questão disponibilizou um relatório técnico


com o intuito de apurar o ocorrido nesse evento e constatou oito possíveis motivos que

110
BRASILAGRO. Um ano após acidente BP enfrenta mais uma crise, 2011. Disponível em: http://www.
brasilagro.com.br/index.php?noticias/detalhes/6/35256. >. Acessado em 14 de outubro de 2011.
111
BRASILAGRO. Um ano após acidente BP enfrenta mais uma crise, 2011. Disponível em: http://www.
brasilagro.com.br/index.php?noticias/detalhes/6/35256. >. Acessado em 14 de outubro de 2011.

66
podem ter causado a perda do controle primário do poço. Outrossim, de acordo com
British Petroleum112 ficou constatado que:

1. Cimentação inadequada: Acredita-se que por ser composto por nitritos, o


nitrogênio se desprendeu, causando falhas na cimentação e permitindo o fluxo
de hidrocarbonetos para o poço. A BP concluiu que houve falha na avaliação da
integridade da cimentação e falha no teste de pressão negativa executado logo
após essa operação.
2. Falha da sapata e do colar flutuante: Outra hipótese é a de que houve falha na
instalação ou produção dessas ferramentas, pois elas não foram capazes de
conter o influxo de gás e óleo para o interior do poço. No entanto, não foi
possível examinar as ferramentas, pois estas foram destruídas com o fechamento
do poço.
3. Falha na interpretação do teste de pressão negativa executado antes do abandono
temporário: Foi constatado diversos indícios de fluidos da formação dentro do
poço, no entanto BP e a Transocean falharam ao interpretar os resultados desse
teste.
4. Demora na detecção do kick: A não identificação desse incidente antes que ele
atingisse o riser foi um fator que agravou a situação, dificultando a retomada do
controle primário.
5. Erro na aplicação do método de retomada do controle secundário: Decidiu-se
que esse escoamento indesejado seria recebido pela plataforma, ou seja, não se
faria a utilização do diverter, o que causou a explosão, dificultando assim a
retomada do controle secundário.
6. Erro na decisão de direcionamento do fluido de perfuração: A falha na
identificação do volume de kick presente na coluna, fez com que se decidisse por
direcionar o fluido de perfuração, contaminado com fluidos da formação, que se
encontravam no interior da mesma, para o sistema de separação. A primeira
explosão ocorreu nesse momento, pois a quantidade de gás presente na lama era
maior do que esse equipamento podia suportar, causando vazamentos na sala de
máquinas.

112
BRITISH PETROLEUM. Deepwater Horizon Accident Investigation Report, 2010. Disponível em :
<http://www.bp.com/liveassets/bp_internet/globalbp/globalbp_uk_english/gom_response/STAGING/lo
cal_assets/downloads_pdfs/Deepwater_Horizon_Accident_Investigation_Report.pdf>. Acessado em 14
de outubro de 2011.
67
7. Falha no BOP: O BOP falhou, pois os seus três possíveis métodos de
acionamento não funcionaram. Inicialmente, as explosões iniciais destruíram os
equipamentos de ativação do sistema de desconexão de emergência. Além disso,
após a perda de energia na plataforma, houve falha nos métodos automáticos de
acionamento do BOP, pois, os chamados pods amarelos encontravam-se com
uma válvula defeituosa e os pods azuis estavam com suas baterias
descarregadas.

Como a perfuração já havia ultrapassado em 43 dias o prazo para o seu término e


o prejuízo financeiro já era superior a 60 milhões de dólares, a BP também cita como
fator determinante para o acidente, a decisão das empresas envolvidas em cortar os
custos e acelerar a perfuração. Um bom exemplo disso foi a adoção de
liners113consecutivos que visavam acelerar o processo e economizar gastos, mas
aumentavam os riscos que envolviam operação.

A Transocean, empresa responsável pela plataforma e pela perfuração, tornou


público um relatório114 no qual concluiu que o acidente da Deepwater Horizon foi
resultado de uma série de decisões no tangente ao projeto do poço e ao abandono do
mesmo. Essas decisões, findaram por reduzir as margens de segurança que envolviam as
operações, aumentando, assim, os riscos de falhas de equipamentos e consequentemente
de possibilidade de acidentes.

Em síntese, o relatório da Transocean inicialmente relata que a BP era a


responsável por todo o projeto de perfuração e completação e que, durante a execução
destes, foram experimentados diversos kicks e muitas perdas de circulação. Visando
manter o controle primário do poço, diversas mudanças no projeto inicial foram
implementadas, mas acabaram por preparar o terreno para o acidente ocorrido. Os
seguintes pontos foram considerados chave pelo relatório em questão:

113
É uma coluna de revestimento que se situa um pouco acima da sapata do revestimento anterior.
Retirado de FERNÁNDEZ, E. F. y; JUNIOR, O. A. P.; PINHO, A. C. de. Dicionário do petróleo em
língua portuguesa: exploração e produção de petróleo e gás – Rio de Janeiro: Lexikon: PUC-Rio,
2009. 656p
114
Disponível em: http://www.deepwater.com/_filelib/FileCabinet/pdfs/02_TRANSOCEAN_Ch_1-0.pdf
acessada em 10/10/2011

68
 Redução da profundidade alvo do poço: O poço fora projetado para atingir o
reservatório na profundidade de 20200 ft, mas, visando manter a integridade do
mesmo, a BP decidiu que sua profundidade máxima passaria a ser 18360 ft.
 A coluna de produção: Foi escolhida um long string115como coluna de produção.
De acordo com o relatório em questão, apesar dessa opção estar de acordo com
as práticas usuais da indústria de petróleo, esse tipo de coluna aumenta o risco
envolvidos na operação por requerer uma cimentação mais complexa e com
pequenos volumes de cimento. A utilização de liner e tie-back116 permitiria uma
grande redução nesses riscos, pois adicionariam novas barreiras no poço.
 Baixa razão de circulação durante a conversão do colar flutuante 117: O plano
inicial da BP para a conversão dessa ferramenta era de que lentamente se
aumentaria a taxa de circulação da lama (5-8 barris por minuto), gerando assim
uma pressão de 500-700 psi no colar flutuante. A BP tentou converter esse colar
por mais de nove vezes e em nenhum momento gerou um aumento na taxa de
circulação maior que 2 barris por minuto, o que causou uma pressão de 3142 psi
no colar. Caso esse valor tenha sido muito elevado para a troca do colar, a
cimentação pode ter sido comprometida.
 Redução na densidade de cimentação: A equipe responsável pela execução do
plano de cimentação e também de todos os testes era composta por funcionários
da BP e da Halliburton. O relatório concluiu que a causa que precipitou o
incidente de Macondo foi a falha da cimentação no shoe track e a falha na
cimentação primária no entorno da formação produtora, o que permitiu que
hidrocarbonetos fluíssem para dentro do poço. Essas falhas foram resultantes
dos seguintes fatores:
o O poço foi inadequadamente circulado antes da cimentação;

115
É a mais longa dentre as colunas de revestimento, cujo comprimento vai desde a zona de produção até
a cabeça do poço. Retirado de FERNÁNDEZ, E. F. y; JUNIOR, O. A. P.; PINHO, A. C. de. Dicionário
do petróleo em língua portuguesa: exploração e produção de petróleo e gás – Rio de Janeiro: Lexikon:
PUC-Rio, 2009. 656p
116
É o revestimento usado para complementar uma coluna liner até a superfície, quando limitações
técnicas ou operacionais exigem proteção do revestimento anterior. Retirado de FERNÁNDEZ, E. F. y;
JUNIOR, O. A. P.; PINHO, A. C. de. Dicionário do petróleo em língua portuguesa: exploração e
produção de petróleo e gás – Rio de Janeiro: Lexikon: PUC-Rio, 2009. 656p
117
È um acessório descido conectado ao revestimento por dois tubos acima da sapata, cuja função é servir
de batente ara os tampões de fundo e de topo. Possuem um dispositivo que não permitem o retorno de
fluidos para dentro do revestimento. Os dois tubos entre a sapata e o colar flutuante garantem a
cimentação da parte inferior do revestimento e, principalmente a sapata. Retirado de FERNÁNDEZ, E.
F. y; JUNIOR, O. A. P.; PINHO, A. C. de. Dicionário do petróleo em língua portuguesa: exploração e
produção de petróleo e gás – Rio de Janeiro: Lexikon: PUC-Rio, 2009. 656p
69
o O programa de cimentação era demasiadamente complexo para prevenir
perdas para a formação;
o Falha no teste prévio da pasta de cimentação;
o Não houve execução de testes para a verificação da operação de
cimentação.
 Procedimentos de Abandono Temporário: O plano final de abandono temporário
do poço possuía demasiados riscos, que não foram devidamente submetidos a
uma formal análise de riscos.
 Falha na substituição dos fluidos que preenchiam o anular: O plano de abandono
temporário envolvia uma etapa de substituição do fluido que se encontrava no
anular. Essa operação basicamente seria preencher o anular abaixo do BOP com
água do mar para que assim ficassem garantidas as condições do teste de pressão
negativa. No entanto, os testes pós acidente indicaram que por falhas na
circulação essas condições não foram atingidas.
 Ativação do BOP: O BOP estava completamente funcional na hora da
ocorrência do acidente e o equipamento funcionou. Após detectar o kick, a
tripulação acionou o BOP anular, que não foi capaz de selar o poço, pois o tool
joint118impediu seu fechamento, ilustrado na figura 5.5. O escoamento altamente
pressurizado nessa região corroeu o tubo, como pode ser visto nessa mesma
figura. Visando parar o escoamento no anular, as gavetas vazadas foram
fechadas, gerando um aumento na pressão dentro da coluna, o que causou o
rompimento da mesma na área onde esta sofreu corrosão, como pode ser
percebido na figura 5.6. Essa ruptura permitiu que os hidrocarbonetos
atingissem o riser, a plataforma perdeu energia, o seu posicionamento dinâmico
parou de funcionar e a coluna partiu completamente (Figura 5.7). Em
consequência das explosões, à plataforma e o BOP perderam a comunicação e
assim o modo de funcionamento automático (AMF) foi acionado para que
operasse as gavetas cegas. Como pode ser percebido na figura 5.8 o acionamento
destas não foi capaz de conter o escoamento, pois devido sua elevada pressão as
gavetas não conseguiram cortar completamente a coluna.

118
É a conexão do tubo de perfuração, normalmente é rosqueada entre seções da colina de perfuração,
sejam tubos, hastes ou ferramentas. Retirado de FERNÁNDEZ, E. F. y; JUNIOR, O. A. P.; PINHO, A.
C. de. Dicionário do petróleo em língua portuguesa: exploração e produção de petróleo e gás – Rio de
Janeiro: Lexikon: PUC-Rio, 2009. 656p

70
Figura 5.5: Acionamento do BOP anular.
Fonte: Retirado vídeo Transocean119

Figura 5.6: Ruptura na coluna.


Fonte: Retirado vídeo Transocean120

119
Vídeo BOP Transocean. Disponível em: <http://www.deepwater.com/fw/main/BOP-Video-
1079.html>. Acessado em 01 de outubro 2011.
120
Vídeo BOP Transocean. Disponível em: <http://www.deepwater.com/fw/main/BOP-Video-
1079.html>. Acessado em 01 de outubro 2011.
71
Figura 5.7: Ruptura total da coluna
Fonte: Retirado vídeo Transocean121.

Figura 5.8: Acionamento das gavetas cegas


Fonte: Retirado vídeo Transocean122

121
Vídeo BOP Transocean. Disponível em: <http://www.deepwater.com/fw/main/BOP-Video-1079.html>.
Acessado em 01 de outubro 2011.
122
Vídeo BOP Transocean. Disponível em: <http://www.deepwater.com/fw/main/BOP-Video-1079.html>.
Acessado em 01 de outubro 2011.

72
5.7 Análise crítica do Estudo

Quando se busca aprimorar a segurança de qualquer processo, é fundamental e


necessário que, incialmente, investigue-se as lições aprendidas através do
desenvolvimento um estudo detalhado dos principais acidentes ocorridos na história,
durante a execução das atividades em questão, avaliando as principais falhas geradoras
dos acidentes, identificando como e o porquê elas ocorreram.

Após a implementação desse estudo, os envolvidos nos processos devem


determinar quais são as etapas deste que necessitam sofrer alterações para que então se
reduza o risco de acidentes.

Neste aspecto, o tópico anterior, do presente trabalho identificou, nos principais


acidentes da história da indústria de extração e produção de petróleo, as principais
razões de sua ocorrência. Para que esse estudo seja utilizado como ferramenta de
melhoria do processo, e assim, cumpra a razão de sua existência, será feita, a seguir,
uma análise das possíveis melhorias que podem ser implementadas para a mitigação dos
riscos de acidentes durante o desenvolvimento das atividades de perfuração,
Completação e workover.

Foram analisados seis acidentes, os quais foram responsáveis pelo


derramamento de mais de 1,5 bilhões de litros de óleo no mar, pela morte de trinta e
quatro pessoas, por imensuráveis danos ao meio ambiente e, é claro, por prejuízos de
bilhões e bilhões de dólares às empresas responsáveis pelos desenvolvimentos das
atividades.

Após a identificação das causas da perda do controle primário e secundário dos


poços, os principais dados que chamaram atenção foram:

• Em cinquenta porcento dos casos analisados, a perda do controle primário foi


decorrente do pistoneio durante a execução da manobra, como abordado anteriormente,
esse é o principal causador de kicks.

73
• A perda do controle secundário, em todos os casos, foi causada por
falha/inexistência da barreira de segurança do BOP.

Com o estudo desenvolvido anteriormente e com o exposto acima, fica clara a


necessidade de melhoria nos procedimentos para a execução de manobras. A
importância da execução do check flow antes do início dessa operação deve ser
intensificada durante os treinamentos nos cursos de controle de poços. O pessoal
envolvido nas operações deve estar atento à qualquer indício de kick, e caso haja a
suspeita da ocorrência do mesmo, é fundamental a parada das operações, a execução do
check flow, e caso se confirme o fluxo, deve-se aplicar os procedimentos de fechamento
do poço estabelecidos nos pocedimentos padrão. Caso não se confirme, as operações
normais podem ser retomadas. Além disso, é fundamental que constantemente se
mantenha o controle sobre a velocidade de retirada da coluna, reduzindo assim a chance
da ocorrência de pistoneio.

O estudo identificou claramente que a perda do controle secundário é


decorrência da inexistência do BOP ou principalmente da incapacidade do mesmo em
fechar uma zona mais grossa da coluna. Portanto, para que a chance de ocorrência de
blowouts quando se está desenvolvendo uma operação sem a presença de BOP seja
evitada, é fundamental que se aprimore os procedimentos de segurança, que se adicione
mais barreiras dentro do poço e que se fique muito atentos a possibilidade de um kick,
executando sempre que preciso um check flow. Além disso, tem se mostrado necessário
o desenvolvimento de gavetas cisalhantes e anulares com capacidade de fechar e/ou
cisalhar qualquer trecho da coluna, seja ele de tool joint, de comandos ou de coluna.

74
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A redução na disponibilidade de reservas baratas de óleo e gás, a crescente


demanda mundial por energia aliada a baixa eficiência energética das energias
renováveis e o rápido desenvolvimento tecnológico das técnicas de extração de petróleo
são os principais fatores que impulsionarão as empresas da indústria do petrolífera a
buscar novas reservas de hidrocarbonetos em locais cada vez mais inóspitos e de difícil
acesso. Essa tendência pode ser claramente notada pelo aumento dos poços no ambiente
marítimo.

O desenvolvimento das atividades da indústria de petróleo nesses ambientes


aumentam os riscos de acidentes e dificultam o controle das operações. Por isso é
fundamental que se trabalhe com amplas margens de segurança, que se faça uma
detalhada avaliação dos riscos e que se treinem cada vez mais os trabalhadores para que
estejam devidamente preparados para controlar o poço em situações extremas.
O presente trabalho teve o objetivo de estudar diversos materiais de controle de
poços, reunindo as mais importantes informações disponíveis em uma só fonte para que
este se torne um instrumento de apoio e pesquisas dos estudantes e profissionais da área.

Primeiramente foi feita uma contextualização do atual cenário da indústria de


extração e produção de petróleo e gás. Logo após, no segundo capítulo foram
apresentados alguns conceitos para facilitar o entendimento do trabalho que foi
desenvolvido nos capítulos posteriores.

O capítulo 3 conceitua o controle primário de poços, as principais causas que


podem levar a perda do mesmo e como podemos identificar a ocorrência de um kick.
Apesar de alguns conceitos parecerem óbvios, um profundo conhecimento destes é
fundamental para o desenvolvimento das atividades de perfuração, workover e
completação sem que se coloque em risco a integridade dos trabalhadores e do meio
ambiente.

Posteriormente, no capítulo quatro foram apresentados os principais


equipamentos responsáveis pela manutenção do controle secundário e suas principais
funções. Além disso, também foram destacados alguns procedimentos que devem ser
75
seguidos para que se minimize a possibilidade da ocorrência de kicks e apresentados os
principais métodos que são utilizados pelos profissionais da área para a retomada das
operações após a ocorrência de um influxo. É importante destacar que independente do
método utilizado, todos os procedimentos devem ser seguidos para que não sejam
causados prejuízos à formação e aos equipamentos de fundo do poço.

Finalmente, no capítulo cinco, foi apresentado um estudo de casos que destacou


e analisou os mais expressivos acidentes de toda história moderna da indústria de
petróleo. O principal objetivo desse estudo foi observar as principais causas da perda do
controle primário e secundário. Com isso, o desenvolvimento desse capítulo apenas
confirmou os capítulos anteriores, onde foram destacadas as principais causas da perda
do controle do poço. Ficou claro que pequenas falhas operacionais podem causar
acidentes catastróficos e que para mitiga-los é fundamental o investimento em
treinamento de pessoal e no desenvolvimento de tecnologias que ajudem a aumentar a
segurança e a eficiência das operações desenvolvidas pela indústria de petróleo.

76
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