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I- INTRODUÇÃO AO ESTUDO

DE CONTROLE DE POÇO

CONCEITOS FUNDAMENTAIS

Ufrn/LAPET- Curso de Fluidos


de perfuração e completação
Facilitador: Hélder Girão
heldergirao@hotmail.com
POR QUE INVESTIR TANTO
TEMPO E DINHEIRO EM
TREINAMENTO E EQUIPAMENTOS
PARA CONTROLAR O POÇO?


❖ VIDAS HUMANAS
❖ MEIO AMBIENTE
❖ GARANTIA DE EQUIPAMENTOS,
POÇO E RESERVATÓRIO (U$)
1- Definições de Kick e blow out
KICK: É o influxo inesperado e indesejado,
mas controlado, de fluido (água, óleo ou
gás) da formação para o poço. Neste caso,
a segunda barreira de segurança, o BOP,
ainda atua.
Blow Out: É o influxo descontrolado de
fluido da formação para o poço e deste para
fora. Neste caso, a segunda barreira de
segurança foi rompida.
Barreira de segurança
NORSOK D-10 R3 2004 – Conjunto de um ou
vários elementos de barreiras dependentes que
impede o fluxo não intencional de fluidos da
formação para outra formação ou para o meio
ambiente.
PETROBRAS - É definida como a separação
física apta a impedir o fluxo não intencional dos
fluidos de um intervalo permeável (formação) p/o
meio ambiente ao longo de um caminho
específico.
Caminho específico
É Qualquer via de fluxo possível e
capaz de interconectar um intervalo
permeável (formação contendo fluido
pressurizado) ao meio ambiente.
Obs: camada sem competência é uma camada que se
rompe quando submetida a esforços, podendo criar
caminhos específicos capazes de conduzir os fluidos de
uma formação pressurizada até uma formação menos
pressurizada ou até o meio ambiente.
Desvio ou atalho
É uma conexão não intencional entre dois
caminhos específicos. Exemplo: vazamento
da coluna de produção para o espaço
anular, entre esta e o revestimento de
produção
Conjunto solidário de barreiras
Conjunto de dispositivos de segurança de
um poço de petróleo, que impede o fluxo
não intencional por todos os caminhos
específicos possíveis entre um intervalo
permeável e o meio ambiente
Esquema de um poço em perfuração no mar
2- Conceitos fundamentais
• Tipos de fluidos
– A base de água (WBM)
– A base de óleo natural, ésteres, acetais, etc.
– A base de óleo diesel (OBM), parafina (SBM), etc.
– A base de olefinas internas (IO)
– Gasosos (N2, Ar, Gás Natural - UBD)
– Mistos (névoas, espumas ou fluidos aerados - UBD)
– Pasta de Cimento
– Fluidos de completação
Fluidos de Perfuração - Funções

• Reter os fluidos da formação (SP)


• Carrear os cascalhos até a superfície
• Limpar, resfriar, e lubrificar a coluna e a broca
• Evitar o desmoronamento/fechamento das
paredes do poço (SP)
• Manter os cascalhos em suspensão com bomba
desligada
• Transmitir Potência Hidráulica à broca
• Evitar ataques corrosivos à coluna e ao
revestimento
Propriedades dos Fluidos de
perfuração
Massa específica - ME - ρ
– ρ = m/V
– Unidades: lbm/gal ou ppg, g/cm³, kg/L
– Margem de segurança em relação em relação à
pressão de poros: 0,3 a 0,5 ppg (MSM na OBD)
– Tem relação direta com as perdas de carga ao longo
do caminho do fluido: superfície, tubos, jatos da
broca, anular e choke ajustável
– No campo é medida usando a balança densimétrica,
mais conhecida como balança de lama.
– 1g/cm³=1Kg/L=8,345lb/gal=62,4lb/pé³=350,5lb/bbl
Peso específico - ρ*
ρ* = Peso/Vol
ρ* = Mxg/V
ρ* = ME x g ou ρ* = ρ x g
– g=9,80665≈9,8 m/s² ou g=32,17405≈32,2 ft/s²
– Unidades de ρ*: lbf/gal, Kgf/L
Por definição, 1,0 Kgf é a força capaz de imprimir uma aceleração de
9,80665 m/s² a um corpo de massa de 1,0 Kg ao NM e 45° de latitude.
Portanto, um corpo de massa igual a 1,0 Kg tem peso equivalente a
1,0 Kgf = 1 Kg x 9,80665 m/s² = 9,80665 N, no SI.
Por sua vez, 1lb =0,45359237 kg, logo:
1lbf = 0,45359237 kg x 9,80665 m/s² → 1 lbf = 4,448221615 N →
1 N=0,224808943 lbf
Densidade - D

Relação entre a ME de um líquido ou sólido, nas


CNTP, e a ME da água a 4ºC. Como este valor é
1,0 g/mL, numericamente, a densidade de L e S
equivale a sua ME. (D é Adimensional).

Para um gás, “D” é dada por:


DGás = MmolarGás/MmolarAr (28,96g/mol)
– Para O2: D-O2 = 32/29 = 1,1
– Para CH4: D-CH4 = 16/29 = 0,55
Exemplo de aplicação
Calcular a densidade de um fluido de
perfuração de massa específica igual a
16,69 lb/gal
D = ρfluido/ρágua = 16,69ppg/8,345ppg = 2
Obs: o termo inglês “density” tem sido equivocadamente
traduzido para o português como “densidade” - o termo
inglês “specific gravity” é o que verdadeiramente
representa o conceito de densidade, sendo, portanto,
adimensional. O termo “Density” equivale à “massa
especifica”, ρ, tendo unidade de massa/volume.
• Parâmetros Reológicos
– Viscosidade plástica: Vp – cP
– Limite de escoamento: LE – lbf/100ft2
– Índice de consistência: K (lbf/100 ft2)/segN
– Índice de comportamento: N (adm)
– Viscosidade equivalente: μ (cP ou mPa.s)
– Força Gel: G0/G10/G30 (lbf/100 ft2)
Devem-se usar as leituras do fluido no
Viscosímetro para determinar sua curva
reológica e sua equação de fluxo, antes de
realizar cálculos de perda de carga. A
viscosidade equivalente é função do tipo de
fluido, da vazão, da temperatura, ME, etc.
• Salinidade: Concentração afeta viscosidade
Conceito e cálculo de Pressão

• Definição de pressão
– P= F/A (lbf/in2 = psi; Pa = N/m2; Kgf/cm2)
• Conceito de tubo em U
ρ 1< ρ 2
H1>H2
H1; ρ1
P1 = P2
H2; ρ2

2 1
ρ1.g.H1 = ρ2.g.H2

Figura 1- tubo em “U”


Tipos de pressão e conceitos
importantes para o controle de um Kick
• Pressão Hidrostática
– Pressão exercida pelo peso de uma coluna
de fluido

• P = F/A = ρ.g.Hv
– Ppsi = 0,1704.ρppg.Hvm
– Ppsi = 0,0520.ρppg.Hvft
• Hv = Profundidade vertical
• ρ = Massa específica
Exemplo de aplicação

Determine a pressão hidrostática atuando


em um poço vertical a 2000 m, com fluido
de perfuração com ME igual a 13,5 ppg.

Ph = 0,1704 x ρ x Hv

Ph = 0,1704 x 13,5 x 2000 = 4600,8 psi


Exemplo de aplicação

No tubo em “u” da figura 1, considere:


ρ2 = 10,5 ppg e ρ1 = 10 ppg; H1 = 3000 m.
Calcule:
– H2
– A distância da saída do flow line ao topo do fluido na coluna;
– Os gradientes dos fluidos na coluna e no anular em psi/m;
– Caso o gradiente do fluido fosse 1,82 psi/m, qual seria sua
massa específica;
– OBS: Gpsi/m =Ppsi/Hvm ou Gpsi/m = 0,1704 x ρ
– A pressão na base do tubo em psi
solução
ρ1.H1 = ρ2.H2
10x3000=10,5xH2 → H2 = 2857 m
ΔH=3000-2857=143 m

Gcol = 0,1704*10,5 = 1,79 psi/m


Gan = 0,1704*10 = 1,70 psi/m

ρ = G/0,1704 = 1,82/0,1704 = 10,68 ppg

Ph = 0,1704 x ρ x H = 0,1704 x 10,5 x 2857 = 5112 psi


Ph = 0,1704 x ρ x H = 0,1704 x 10 x 3000 = 5112 psi
Bolsão de gás sob uma coluna
de fluido
↓14,7 psi

F
L
U
I
D
O

D=13,5ppg

PhT = ↓P T 2000m
4601 psi G
Á
S
D=0,63
↓P B 5300m
• Pressão hidrostática exercida por
uma coluna de gás
– Phg = PB – PT (psi -1)
– PT = PhT + 14,7 (psia-2)
– PB = PT. e[(Dg.ΔHv)/(16,3.Z(T+460))] (psia-3)
• Dg – Densidade do gás em relação ao ar, adm
• Phg – Pressão hidrostática da coluna de gás, psi
• PT – Pressão absoluta no topo da bolha (é a
Pressão hidrostática + Pressão atmosférica, psia)
• PB – Pressão absoluta na base da bolha, psia
• ΔHv – Altura vertical da coluna de gás, m
• Z – Fator de compressibilidade do gás, adm
• T – temperatura do gás, °F
Exemplo de aplicação - gás
Determine a pressão hidrostática de uma coluna
de gás de 3300 metros de profundidade vertical,
cuja densidade em relação ao ar é 0,63, sabendo-
se que a pressão hidrostática devido ao fluido no
topo da mesma é de 3200 psi.
Sabe-se que a temperatura média do gás é de
110 ºF e que o fator de compressibilidade médio
equivale a 0,84. Qual seria esta hidrostática se a
bolha de gás estivesse abaixo de uma coluna de
fluido peso 13,5 ppg, de 2000 m de profundidade
vertical?
Esquema do poço
SPM

↓ 14,7 psi
R
a
i
s
e
r
BOP BOP

CSCP
BOP BOP

Mud line Mud line

Fluido

Areias não consolidadas Areias não consolidadas

↓ PhT=3200 psi

Arenito permeável consolidado Arenito permeável consolidado

Folhelho Folhelho
Gás

D=0,63
Camada permeável T = 110 ºF Camada permeável
Z=0,84
∆H v=3300m
Camada permeável Camada permeável

Camada impermeável Folhelho capeador


PbB

Zona de interesse Presença de HC Pressurizados

EMBASAMENTO
solução
ΔHv = 3300 m; Dg = 0,63; Ph = 3200 psi; T = 110 °F; Z = 0,84

PT = PhT + Patm = 3200 + 14,7 = 3214,7 psia (Pabs no topo da B)

PB = PT. e[(Dg.ΔH)/(16,3.Z(T+460))]
PB = 3214,7. e[(0,63x3300)/(16,3x0,84(110+460))] (Pabs na base da B)
PB = 4196 psia, então, PhB = 4196 – 14,7 = 4181,3 psi

Phg = PB-PT = 4196psia – 3214,7psia = 981,3 psi


Ou,

Phg = PhB-PhT = 4181,3 – 3200 = 981,3 psi


• Gradiente
É a pressão devida a uma coluna de fluido
por unidade de comprimento
– G = Ph/Hv (psi/ft; psi/m; kg/cm2/m)

Como Ph = 0,1704 x ρ x Hv
– G = 0,1704 x ρ (psi/m)
– G = 0,0520 x ρ (psi/ft)
• Pressão da Formação
• É a pressão existente nos poros da rocha a ser perfurada. As
formações são classificadas de acordo com seus gradientes Gp,
como segue:

1,42(psi/m) < Gp < 1,53(psi/m)


(Água 8,345 ppg) (Salmoura 9 ppg)

• Gp > 1,53 psi/m – pressão anormalmente alta


– Rápida deposição de sedimentos – subcompactação
– Regiões com poços de injeção de água ou EOR

• Gp < 1,42 psi/m – pressão anormalmente baixa


– Reservatórios depletados
• Massa Específica Equivalente em
condição Estática (ρeq ou MEeq)
A pressão “P” atuando em uma dada profundidade “Hv” pode ser
expressa em termos de Massa Específica Equivalente, ρeq. Seu valor
pode ser calculado usando a seguinte expressão:

ρeq = P / (0,1704 x Hv)

ρeq é a Massa Especifica Equivalente em ppg

Exemplo de aplicação

Se no poço Hv = 4800 m e PP = 10224 psi, qual o ρeq?

ρeq = 10224 / (0,1704 x 4800)


ρeq = 12,5 ppg ou, ρp = 12,5 ppg
Migração de bolha em poço fechado, ρp = 10,56 ppg
Continuação
Continuação
Exemplo de aplicação utilizando o conceito
de pressão de poros e gradiente de pressão
do gás dentro do poço: N-2752-BR

Um poço exploratório perfurado em LAP=2182 m (mud line


= LA = 2182m) e “Air Gap” de 25 m, encontrando-se a 4510
m de profundidade, será revestido com um liner de 11 7/8”,
após ter sido alargado para 14 ¼”. Sabe-se que a próxima
fase será perfurada com broca de 8 ½”, podendo chegar à
profundidade vertical de 4800m, e que se encontrará dentro
de uma rampa crescente de pressão de poros, com um
valor de peso equivalente máximo previsto igual a 12,5 ppg,
estimado pelos estudos de geo-pressões. Calcular a
pressão de teste do BOP para perfurar a fase de 8 1/2”.
Solução
Conforme a norma N-2752 da Petrobras, para o cálculo da
pressão de teste do BOP, em poço exploratório, devem-se
considerar os seguintes aspectos:
– Se há previsão de HC na fase a ser perfurada
– Se for atendido o item acima, considerar o poço cheio de gás
• gás-1, G1=0,34 psi/m, do BOP até Hv=3000m; ΔHv=3000-HBOP
• gás-2, G2=0,45 psi/m, para Hv>3000m; ΔHv=HVpoço-3000
– Profundidade de instalação do BOP no fundo do mar
• HBOP = LA + Air Gap
– A pressão de poros esperada na formação a ser perfurada
– A pressão na base da coluna de gás será considerada igual à
pressão de poros da formação estimada por
– PP = 0,1704 x 12,5 x 4800 = 10224 psi
– Pteste BOP = PP - ∑Phgás
Usando a N-2752 da BR:

• Hv ≤ 3000m → gás-1 com G1 = 0,34 psi/m


• ΔHv=3000 – 2207 = 793 m

• Hv ≥ 3000m → gás-2 com G2 = 0,45 psi/m


• ΔHv=4800 – 3000 = 1800 m

• ∑Phgás = 0,34x793 + 0,45x1800 = 270 + 810 = 1080 psi


• Pteste BOP = PP - ∑Phgás
• Pteste BOP = 10224 – 1080 = 9144 psi

• Deve-se arredondar para o múltiplo de 500 mais próximo e superior


• Pteste BOP = 9500 psi
Pressões no sistema sonda-poço
Considerar o poço como um tubo em “U”, onde a coluna é um ramo do
tubo e o espaço anular o outro.
PRESSÕES NO INTERIOR DO POÇO – Condição estática
• Pressão na cabeça do poço
– É a pressão Registrada na superfície podendo ser no casing (anular:
Rev-Col) ou no bengala (Int. da coluna).
• Pressão num ponto do poço
– É função da pressão lida na superfície e da pressão hidrostática
atuando naquele ponto. Se o fluido está em movimento, “P” é função
também da perda de carga por fricção no poço.
– P = Ps + Ph (cond. estática)
• Diferencial de Pressão
– Diferença entre a pressão atuando no fundo poço (BHP) e a pressão de
poros da formação (PP).
– ΔP = BHP – PP
• ΔP > 0 → Poço em Over balance
• ΔP < 0 → Poço em Under balance
• Pressão trapeada
– Pressão na superfície acima do necessário para contrabalançar a
pressão de poros da formação
• Migração do gás
• Fechamento do poço com as bombas em movimento
• Demanda Cuidado na abertura das linhas
• Pressões em condições dinâmicas
ρan = ρint
(I) PC = ΣΔPpcf = ΔPs + ΔPint + ΔPb + ΔPan-oh + ΔPan-csg

(II)PC = ΣΔPpcf = ΔPs+ ΔPint+ ΔPb+ ΔPan-oh+ ΔPan-csg+ ΔPan-ris

(III)PC = ΣΔPpcf = ΔPs+ ΔPint+ ΔPb+ ΔPan-oh+ ΔPan-csg+ ΔPch-l+ ΔPch

ρan > ρint


Acrescentar: ΔPh=(Phan-Phint)

A perda de carga por fricção (pcf) é função dos parâmetros reológicos do


fluido, da vazão de bombeio (velocidade), da massa específica, do regime de
fluxo (número de Reynolds), dos diâmetros da coluna e anulares, dos jatos da
broca, das rugosidades, etc. A ΔPs depende do tipo de sonda em uso, e pode
ser aplicada a tabela a seguir para determinar o diâmetro e o comprimento do
tubo equivalente para seu cálculo.
SURFACE EQUIPMENT ΔP
Case Stand pipe Swivel Kelly Equiv Length (ft)
(in) (in) (in) 3.826-in ID

1 3 2 2.25 2600

2 3.5 2.5 3.25 946

3 4 2.5 3.25 610

4 4 3 4 424
Durante a circulação pelo sistema sonda-poço, surgem
pressões dinâmicas ou perdas de carga por atrito, ΔP
(tubos, jatos da broca, anulares, choke).
ΔP α ρ, Visc efet, ΔH, Q², rugosidade
Exemplo de aplicação
A pressão de circulação durante a perfuração é 2500 psi
para uma vazão de 100 spm e massa específica de 9,0
ppg. Se a massa especifica for elevada em 1 ppg e a
vazão reduzida, para 90 spm estime a nova pressão de
bombeio.
PBN = PBA x (ρN/ρA) x (SPMN/SPMA)²
PBN = 2500 x (10/9) x (90/100)²
PBN = 2250 psi
N=novo, A=atual, SPM=stroke por min, equivalente da vazão gpm
Exemplo de aplicação
São dadas as seguintes perdas de carga, em psi, no sistema de
circulação de um poço terrestre:
• ΔPs = 60
• ΔPint = 240
• ΔPb = 1300
• ΔPan = 100
Devido à presença de cascalho no anular, a hidrostática no mesmo é
50 psi acima da hidrostática da coluna. Calcule a Pressão de
circulação do sistema.

Solução
PC = ΣΔPc = ΔPs + ΔPint + ΔPb + ΔPan +(Phan-Phint)
PC = 60 + 240 + 1300 + 100 + 50
PC = 1750 psi
• Pressões no fundo do poço - BHP
– Sem circulação e sem pressão na cabeça: Estática
• BHP = Ph
– Com Circulação: Dinâmica com BOP anular aberto
• BHP = Ph + ΔPan-oh + ΔPan-csg + ΔPan-ris
– Com Circulação: Dinâmica pelo Choke Ajustável e
estrangulado - BOP anular fechado
• BHP = Ph + ΔPan-oh + ΔPan-csg + ΔPch-l + ΔPch

• Pressões na sapata do revestimento


– Sem circulação e sem pressão na cabeça : Estática
• Psap = Phsap
– Com Circulação: Dinâmica com BOP anular aberto
• Psap = Phsap + ΔPan-csg + ΔPan-ris
– Com Circulação: Dinâmica pelo Choke Ajustável/Est
• Psap = Phsap + ΔPan-csg + ΔPch-l + ΔPch
• Massa especifica Equivalente em Cond. Dinâmica
Suponha um poço com 2500 m e um fluido de massa específica, ρ=9,5
ppg, circulando pelo flow line, com vazão tal que a perda de carga no
anular é igual 100 psi.

Neste caso a pressão dinâmica no fundo poço será dada por:


BHP = Ph + ΔPan
BHP = 0,1704*D*Hv + 100
BHP = 0,1704*9,5*2500 + 100
BHP = 4047 + 100 psi
BHP = 4147 psi
Qual a massa especifica de um fluido que, em condições estáticas,
daria esta pressão no fundo do poço?
4147 = 0,1704*ρeq*2500
ρeq = 9,73 ppg
Este valor é o que comumente se traduz do termo inglês “ECD”, como
“densidade equivalente de circulação”
ECD = (Ph + ΔPan)/(0,1704*Hv)
Exemplo de aplicação
Determine a PC e as pressões atuando no fundo do poço e no topo dos
comandos e os ECD’s correspondentes para o seguinte cenário de perfuração:
• UPM flutuante atuando em lâmina d’água profunda;
• Poço fechado e circulando pelo choke aberto;
• ρ = 12 ppg
• Hv = 2500 m
• Distância drill flor-mud line=700m
• HDC=150m
• Perdas de carga (psi)
– Eq de superfície = 100
– Interior dos DP’s = 500
– Interior dos DC’s = 100
– Jatos da broca = 1000
– Anular poço-DC = 100
– Anular poço-DP = 100
– Anular riser-DP = 0
– Linha do choke =200
Solução
Pressão de circulação
PC = ΣΔPpcf = ΔPs+ΔPint+ΔPb+ΔPan-oh+ΔPan-csg+ΔPan-ris+ΔPch-l +ΔPch
PC = ΔPs+Δpint-dp+Δpint-dc+ΔPb+ΔPan-dc+ΔPan-dp+ΔPch-l
PC = 100 + 500 + 100 + 1000 + 100 + 100 + 200
PC = 2100 psi

Pressão atuando no fundo


BHP = Ph + ΔPan-dc + ΔPan-dp + ΔPan-ris+ ΔPch-l + ΔPch
BHP = Ph + ΔPan-dc + ΔPan-dp + ΔPch-l
BHP = 0,1704x12x2500 + 100 + 100 + 200
BHP = 5512 psi ECD = 5512/(0,1704X2500) = 12,94 ppg

Pressão atuando no topo dos DC’s


BHP = Ph + ΔPan-dc + ΔPan-dp + ΔPan-ris+ ΔPch-l + ΔPch
Ptopo-dc = Phtopo-dc + ΔPan-dp + ΔPch-l
Ptopo-dc = 0,1704x12x(2500-150) + 100 + 200
Ptopo-dc = 5105 psi ECD = 5105/(0,1704X2350) = 12,75 ppg
• Capacidade volumétrica de um tubo
Vtubo = AT.HV = (π*D2/4).Hv in2.m
Vtubo = (π/4)*(1/39,372) D2. Hv(m3).6,29(bbl/m3)
Vtubo = (6,29*π)/(4*39,372) D2.Hv (bbl)
Vtubo = D2.Hv / [(4*39,372)/(6,2897*π)] (bbl)
Vtubo = D2.Hv /313,77 bbl (D - in e Hv - m)
Cap = Vtubo / Hv , como HV = 1 → Cap = Vtubo
Cap = D2 / 313,77 (bbl/m)

AT - Área transversal ao fluxo,


HV - Altura vertical da coluna de fluido, no caso, 1 m.

• Capacidade de um anular
Cap = (D2-d²) / 313,77 (bbl/m)
• Capacidade Hidrostática (Chid)
Imagine 1,0 barril de um fluido, ρ=15 ppg, dentro de tubos de
diferentes diâmetros: 7” e 9 5/8”. Estes tubos apresentam capacidades
volumétricas, respectivamente, iguais a

C1=0,1562 bbl/m obs: a importância deste parâmetro se dá pelo fato de termos


C2=0,2953 bbl/m diferentes CH’s no poço (Ex: Anular do Csg x Choque line)

Logo, se você colocar 1,0 bbl em cada um desses tubos terá as


seguintes alturas e pressões hidrostáticas:

H1 = 6,4 m → Ph1 = 0,1704*15*6,4 = 16,36 psi/bbl


H2 = 3,4 m → Ph2 = 0,1704*15*3,4 = 8,60 psi/bbl

As pressões Ph1 e Ph2 são o que chamamos de capacidade


hidrostática do fluido, ou seja é a pressão na base da coluna de 1,0 bbl
de um dado fluido dentro de um tubo. Pode ser calculada diretamente
usando a equação a seguir - sua unidade no sistema inglês é psi/bbl:

Chid = Ph/Vol = 0,1704 x ρ x Hv / (Ctubo x Hv) = 0,1704 x ρ / Ctubo


Tópicos sobre a pressão de fratura e pressão de
absorção

• Pressão de absorção - Pabs


É aquela pressão que atuando numa formação dá início ao processo
de absorção do fluido de perfuração, sem provocar o rompimento da
formação. O conhecimento desta pressão é utilizado como fator
limitante de pressão naquele ponto e deve ser reportado nos BDP’s e
estar disponível.

• Pressão de fratura - Pfrat


É a pressão que provoca o rompimento mecânico da rocha por tração.
Durante a perfuração, deve-se limitar a pressão à “Pabs” de modo
que a “Pfrat” não seja atingida.

– Fratura superior: Aumento de pressão no poço (MEeq. Excessiva)


– Fratura inferior: Redução de pressão no poço (MEeq. Insuficiente)
Porque é importante conhecer a Pfrat ?
• Na fase de projeto do poço - determinação das
profundidades de assentamento dos revestimentos
• Durante as operações de controle de poço - a Pmax na
sapata do ultimo casing não deve exceder a Pfrat.

Como é possível conhecer a Pfrat ?


• De forma indireta, usando técnicas de cálculo semi-
empíricas
• Por medição direta através de testes de absorção
Métodos indiretos para determinação da Pfrat

Método da tensão mínima para poços verticais


Pfrat = PP + K x (PO – PP)

• Pfrat – pressão de fratura em psi


• PP – Pressão de poros da formação, em psi
• PO – Pressão de sobrecarga ou “over burden presure”
– Estudos de dados de perfis de densidade.
• K – Coeficiente de tensões na matriz da rocha
– O “K” é definido pela relação entre a tensão efetiva horizontal
mínima e a tensão efetiva vertical. Pode ser determinado para a
área considerada, utilizando dados de testes de absorção ou de
fraturamento hidráulico. Na ausência destes dados, podem-se
usar, com reservas, os gráficos do exemplo a seguir.
Exemplo de aplicação

Estimar a Pfrat de uma formação na profundidade de 3000m, em um


poço perfurado sob lâmina d’água de 1000m, utilizando a abordagem
gráfica, para um peso específico equivalente de pressão de poros de 9
lb/gal.
Solução:
Esp. da col. litostática = 3000-1000 = 2000m
Entrar com a esp. litostática no gráfico “Prof x MEeq. de Sobrecarga, ρo- ppg”
ρo = 18 lb/gal
Po= 0,1704 x (ρo x Ho + ρAg-mar x HLA)
Po= 0,1704 x (18 x 2000 + 8,5 x 1000)= 7583 psi
K = 0,725 (retirado do gráfico ”Prof x Coef. de Tensão de Matriz - CTM, K”
PP = 0,1704 x 9,0 x 3000 = 4601 psi
Pfrat = 4601 + 0,725 x (7583 – 4601) → Pf = 6763 psi
Quando não se dispõe da curva de CTM da rocha, “HoxK”,
o valor de K, localmente, para um determinado poço, pode
ser estimado por meio da Eq-2, usando-se valores de
pressão de absorção (PA) de poços da área, como uma
aproximação do valor da tensão horizontal mínima (σH)
para o poço em estudo, assumindo-se a tensão vertical
(σV) igual à pressão de sobrecarga, Po.

Eq-1: K = (σH - PP)/(σV - PP)


↓ ↓
Eq-2: K = (PA - PP)/(Po - PP)
Exemplo de aplicação – poço terrestre

Durante a perfuração de um poço terrestre, a uma profundidade vertical de


4500 m, as massas específicas equivalentes de PP e PO foram
respectivamente, 10,5 e 18,7 lb/gal,. Sabendo-se que a relação entre a menor
tensão horizontal e tensão de sobrecarga é igual a 0,60, calcule a massa
específica equivalente de fratura, em lb/gal, para essa profundidade, utilizando
a fórmula:
Gfrat = GP + K.(Go-GP)
Vale ressaltar que a comunidade da área de geo-pressões utiliza o termo
“gradiente de pressão”, cuja unidade é “psi/m”, para aplicar à ρeq, cuja
unidade é “lb/gal”, por isso o “G” da fórmula acima é de fato o ρeq em lb/gal.

Gfrat = GP + K.(Go-GP)
Gfrat = 10,5 + 0,60.(18,7-10,5)
Gfrat = 15,4 lb/gal (massa específica equivalente de fratura)
Exemplo de aplicação – poço marítimo

Este exemplo compara um poço terrestre com Hv=4500m, com poço


marítimo vertical, com mesma profundidade e LA=1500m.

PO = 0,1704 x (3000 x 18,7 + 1500 x 8,5)


PO = 11.732 psi

GO = 11.732/(0,1704 X 4500)
GO = 15,3 lb/gal

Gfrat = 10,5 + 0,6 x (15,3 – 10,5)


Gfrat = 13,4 lb/gal

Repita o problema para LA=2000 m.


Hp=4500m e LA=2000 m
PO = 0,1704 x (2500 x 18,7 + 2000 x 8,5)
PO = 10.863 psi

GO = 10.863/(0,1704 X 4500)
GO = 14,17 lb/gal

Gfrat = 10,5 + 0,6 x (14,17 – 10,5)


Gfrat = 12,7 lb/gal
Gfrat X LA
O exemplo mostra que para uma mesma profundidade, PP
e K, a massa específica equivalente de fratura, Gf, será
menor para poços marítimos e tende a diminuir com o
aumento da lâmina d’água. Isto torna mais criticas as
operações de controle de poço marítimo, porque os ρeq-frat
são menores para uma mesma profundidade, terra x mar,
dificultando a circulação do kick, devido ao maior risco de
fraturar a formação na região da sapata.

Poço Hv LA Gfrat (ppg)


Terrestre 4500 0 15,4
Marítimo 4500 1500 13,4
Marítimo 4500 2000 12,7
Métodos diretos para determinação da Pfrat

O mais utilizados são:

• Teste de absorção clássico – LOT

• Teste de absorção estendido

• Teste de microfaturamento
Teste de absorção clássico – LOT
As rochas das formações perfuradas possuem fissuras naturais ou se tornam
fissuradas durante a perfuração. A pressão na qual estas fissuras começam a
se abrir é chamada de pressão de absorção.
O teste consiste em pressurizar o poço com BOP fechado bombeando entre
0,2 e 0,5 bpm, usando uma unidade de cimentação. Na operação, registra-se
um gráfico “P(psi) x Vol (bbl)”.
No caso de BOP submarino, o bombeio é feito pela kill/choke line, mas pode-
se bombear também simultaneamente pela coluna e pela kill ou choke line
para reduzir as ΔP’s. No Gráfico seguinte temos:

• OA – Compressão do fluido e expansão linear elástica das rochas


• Trecho curvo em “O” – ar nas linhas/fluido
• Ponto “A” – Inicio da absorção de fluido pela formação. Neste ponto as
fissuras das rochas iniciam suas aberturas, sendo atingida a pressão de
absorção, Pabs
• Ponto “B” - Bomba é desligada e a pressão é monitorada até estabilização.
Esquema do teste de absorção
Pc=2500 psi

F
L
U
I
D
O

D=9,5ppg

Sapata 2000m PF= 5738 psi


ρf = 16,8 ppg
No instante inicial da absorção temos:

Pabs = PSup+ Phsap


Então a massa especifica equivalente de absorção é:
ρabs = Pabs ÷ (0.1704xHv-sap)

Pabs - pressão total atuando na sapata


PSup- pressão lida na superfície
Phsap - pressão hidrostática atuando na sapata

Reportar no BDP:

ρfluido, Hvsap, Hvpoço, Vol bombeado, Vol devolvido, Vol


absorvido, Tempo de estabilização, Pabs e ρabs.
Teste estendido
Obedece ao mesmo procedimento do teste clássico, mas o bombeio
se extende até ocorrer o primeiro decréscimo de pressão, o que
caracteriza que a pressão de fratura da formação (FBP) foi atingida.
A pressão de quebra é interpretada como a pressão que inicia a fratura
e a propaga rapidamente. Neste instante, a bomba é desligada e a
pressão cai de maneira rápida, de um valor equivalente às perdas de
carga durante o bombeio. Deste ponto em diante, segue caindo
obedecendo uma curva com tendência de estabilização até atingir a
pressão instantânea de fechamento (ISIP) da formação e continua
caindo de forma mais lenta tendendo a estabilizar. Neste período, deve
ser monitorada a cada minuto até atingir a estabilização, quando
ocorre o fechamento da fratura (FCP).
A queda brusca de pressão entre a pressão de quebra (FBP) e a
pressão instantânea de fechamento é equivalente às perdas de carga
do teste.
Teste de integridade da formação-FIT
O FIT consiste na pressurização da formação até
um patamar pré-fixado, cujo valor corresponde a
um ρeq que atenda as condições de projeto. O
teste segue o mesmo procedimento de um teste
de absorção clássico, com a interrupção do
bombeio ao atingir o valor de pressão pré-
estabelecido. O conhecimento do FIT permite
definir a máxima pressão permitida na superfície
em uma situação de controle de poço, ou auxiliar
no cálculo das profundidades verticais de
assentamento das sapatas dos revestimentos
intermediários, com base na teoria da tolerância
ao kick.
.
Janela operacional
O conjuto das tensões atuando em uma rocha forma o denominado “estado de
tensões”, que em certas situações pode resultar na falha da rocha. O conceito
de falha da rocha definirá os limites de pressão, possíveis dentro do poço. As
pressões que levam à falha de uma rocha são:
Pressão de fratura – leva à falha por tensões de tração devido excessivo ρeq
com perda de fluido para a formação (Fratura superior – falha por tração).
Pressão de colapso – leva à falha por tensões de compressão devido
insuficiente ρeq resultando no desmoronamento (Fratura inferior – falha por
cisalhamento).
A janela operacional determina o intervalo de pressão a ser praticado no poço
de forma a manter a integridade do mesmo, respeitando-se as pressões de
poros, de fratura e de colapso das formações.
Como mostrado no exemplo a seguir, o ρeq do fluido deve garantir no poço
uma pressão sempre acima das pressões de poros e de colapso e abaixo das
pressões de fratura.
Tolerância ao kick em condições estáticas
Consiste em verificar se ocorrerá ou não a fratura da formação mais fraca
durante o fechamento do poço após detectado um kick. Isto deve ser feito: na
fase de projeto, para determinar a profundidade vertical de assentamento da
sapata; durante o acompanhamento da perfuração do poço e ainda na
verificação das condições de segurança do ponto de vista da fratura da
formação, em caso de ocorrência de kick. Envolve os seguintes parâmetros

• Profundidade vertical da sapata, Hvsap


• Profundidade vertical da formação geradora do kick, Hv
• Massa específica do fluido de perfuração, ρ
• Massa específica do fluido do kick, ρk
– Normalmente considera-se um kick de metano, ρk=2ppg
• Massa específica equivalente de fratura da formação mais frágil, ρabs
• Volume do kick (depende da fase do poço)

A tolerância ao kick permite calcular o valor da massa específica equivalente


de fratura na sapata para subsidiar o projeto do poço, podendo ser efetuado,
na perfuração, um LOT ou um FIT.
Definição e dedução da equação
A tolerância ao kick é definida como a máxima pressão de poros da formação
geradora (expressa em termos de massa específica equivalente) tal que,
ocorrendo um kick com determinado volume, a certa profundidade com o fluido
de perfuração existente, o poço poderá ser fechado sem que ocorra a fratura
da formação mais frágil, localizada na sapata.
Sua equação relaciona a pressão de poros da formação geradora do kick com
a pressão de fratura da formação na sapata do último revestimento. Assim,
para o poço mostrado na figura a seguir, valem as expressões:

(I) Pabs = PKT - (Phk + Ph-ks) → (II) PKT = Pabs + Phk + Ph-ks

Pabs - pressão máxima permitida na sapata → 0,1704.ρabs.Hvsap


PKT - máxima pressão de poros possível → 0,1704.ρkt.Hv
Phk - pressão hidrostática do fluido do kick → 0,1704.ρk.Hk
Ph-ks - pressão hid. do FP. (topo kick-sapata) → 0,1704.ρ.[Hv-(Hvsap+Hk)]

Substituindo estes valores em “II” e dividindo por 0,1704.Hv chegamos a:

ρkt = Hvsap.(ρabs - ρ) - Hk.(ρ - ρk) + ρ


Hv Hv
Hvsap

ρabs ↓ρ
Hv
H’

↓ ρk Hk

↑ ρp

Psap = Pp - (PhK + PhK-sap)


Discussão da lógica por trás da equação I.
Na figura anterior vale a expressão:
Psap = PP – (Phk + Phk-s), onde
Phk - pressão hidrostática exercida pelo fluido do kick.
Phk-s - pressão hidrostática exercida pelo fluido de perfuração residente entre o
topo do kick e a sapata do último revestimento.
Na equação acima, vemos que Psap aumenta com o aumento da PP a qual
cresce com o aumento da profundidade.
Sabemos que a pressão máxima na sapata, do ponto de vista da segurança do
poço, é Pabs.
Então, se PP, crescer até atingir um valor tal que Psap = Pabs, esta PP será o
máximo valor possível para garantir a segurança no fechamento do poço. A
este valor de PP denominamos PKT. A esta PKT corresponde uma massa
específica equivalente que chamamos ρKT, ou seja PKT = 0,1704. ρKT.Hv.
Psap = PP – (Phk + Phk-s)

Pabs = PKT - (Phk + Phk-s) (I)


Uso do conceito de TK estático durante a
perfuração e margem de pressão de poros
A margem de segurança de pressão de poros, é definida em termos de massa
específica equivalente, como sendo a diferença entre o ρKT e o ρP. Esta
diferença, denominada ΔρKT, é calculada a intervalos regulares de
profundidade, principalmente em poços exploratórios, utilizando a curva de
pressão de poros fornecida em tempo real pela unidade de mudloggin ou pelo
LWD.
Para trabalhar com segurança, não se deve aceitar uma margem de pressão
de poros inferior a 0,5 lb/gal

ΔρKT = ρKT – ρP e ΔρKT > 0,5

Para fins de cálculo da fase de projeto, adotam-se para Vk os seguintes


valores:
Fase de 12 ¼: Vk = 30 bbl, o Hk equivalente é 62,7m
Fase de 8 ½: Vk = 20 bbl, , o Hk equivalente é 86,8m
Exemplo de aplicação
Determine a tolerância ao kick e a margem de pressão de poros para a
seguinte situação: massa específica do fluido=12,0 ppg; profundidade vertical
do poço=4300 m; pressão de poros a 4300 m=11,5 ppg; profundidade vertical
da sapata=2200 m; altura do kick=100 m; massa específica do fluido do kick=3
ppg; massa específica equivalente de fratura=14 ppg.
Solução:
ρkt = Hvsap.(ρabs - ρ) - Hk.(ρ - ρk) + ρ
Hv Hv

ρKT = (2200/4300) X (14-12) - (100/4300) X (12-3) + 12 = 12,8 lb/gal

ΔρKT = = ρKT – ρP → ΔρKT = 12,8 – 11,5 = 1,3 lb/gal

Como ρ > ρP → Não ocorre o kick

Como ΔρKT > 0,5 → Não ocorreria fratura da sapata durante o


fechamento do poço em caso de kick.
Exemplo de aplicação
Para cada um dos cenários de pressão de poros de formação produtora da
tabela seguinte, determinar se haverá ou não kick e, em caso de ocorrência de
kick, se haverá ou não fratura da formação mais frágil no momento do
fechamento do poço.

Dados : ρKT = 11,9 lb/gal e ρ = 9,9 lb/gal.

Cenário Pressão ΔρKT Haverá Haverá


de poros Kick? fratura?
I 9,0 2,9 N N
II 10,0 1,9 S N
II 11,0 0,9 S N
IV 12,0 -0,1 S S
Exercícios de aplicação
1-Nas diversas situações a seguir, considere a mesma Hv, o mesmo
Vk e uma MSM=0,4ppg. A equação de tolerância ao kick é: ρkt =
0,39.ρ + 7,2. Para cada situação da tabela a seguir responda.
a. Haverá kick perfurando?
b. Haverá kick manobrando?
c. Haverá fratura no fechamento

2-Faltavam 400 m para a conclusão da fase de interesse (8 ½ in). O


fiscal realizando o acompanhamento com as curvas de fratura e
pressão de poros no mesmo gráfico, juntamente com os dados de
tolerância ao kick, observou o seguinte dado na profundidade “X” (ver
figura adiante). Pergunta-se:
a. O que voce pode comentar sobre o fechamento do poço até a
profundidade “X”?
b. Exatamente na profundidade “X “o que ocorreu?
c. Que decisão gerencial deverá ser tomada?
ρ ρKT ρp ΔρKT MSM A B C
ppg ppg ppg ppg ppg perf manob frat?
10 11,1 11,6 -0,5 0,4 S S S

11,3 11,6 11,6 0 0,4 S N Inicia


Absor
11,7 11,8 11,6 0,2 0,4 N N N

12 11,9 11,6 0,3 0,4 N N N

12,1 11,9 11,6 0,3 0,4 N N N

ρkt = 0,39.ρ + 7,2


OBS
Nos slides 87 a 100, do arquivo
“CONTROLE DE POÇO-GEOLOGIA”
encontra-se uma rica discussão sobre
a aplicação do conceito de tolerância
ao kick em condições dinâmicas e a
comparação com a Aplicação do
conceito de tolerância ao Kick em
condições estáticas
Particularidades no controle de poço em
unidades flutuantes com BOP submarino
Sondas flutuantes em DW são caracterizadas por:
• BOP e cabeça de poço submarinos
• presença de riser (embarcação-poço)
• Fluidos e cascalhos conduzidos pelo riser
• BOP fechado e circulação por kill e/ou choke
line e coluna, em caso de kick
• Dificuldades de controle agravados com
aumento da LD
Principais particularidades e cenários possíveis

• Baixas pressões de fratura


• Elevada perda de carga adicional na CL
• Necessidade de ajustes rápidos na abertura do choke quando o gás
entra na CL e após sua saída, devido a grande diferença de
capacidade hidrostática choke-anular – monitorar manômetros do
stand pipe e do choke (Psp: Pfp>Pform e Pchk: Psap<Pfrat sap)
– PIC + 100 < Pcirc < PIC + 150
• Formação de hidrato nas linhas e BOP
• Presença de gás no riser, após o fechamento do BOP
• Trapeamento de gás no BOP após a circulação de um kick
• Necessidade de incremento na massa especifica do FP – MSR, por
falha do BOP, em caso de emergência
• A coluna deve ser posicionada em hang off, após o fechamento do
BOP anular – A gaveta de hang off deve ser previamente definida e
não deve haver dúvida na equipe de perfuração quanto ao correto
fechamento do poço.
Margem de Segurança de Raiser - MSR
Valor acrescido à ME do fluido, para compensar a queda de pressão
hidrostática durante uma desconexão não prevista do riser, este valor
deve compor o peso do fluido, pois nunca se sabe em que momento o
riser poderá ser desconectado.

Na dedução a seguir considere:

Hv – profundidade atual do poço ou fase (m)


Hw – profundidade do fundo mar, a partir da mesa rotativa (m)
Lw – lâmina d’água (m)
ρp – massa específica equivalente da maior pressão de poros do poço
ou fase (ppg)
ρ – massa específica do fluido (ppg)
ρw – massa específica da água (ppg)
Drill flor

Hw
Lw

Hv
ML
Tomemos um fluido tal que, ρ ≥ρp →BHP= 0,17xρxHv≥Pp=0,17xρpxHv

(1) Com riser instalado temos


P1 = 0,17 x ρ x Hv Não há risco de kick (P1≥Pp)

(2) Sem Riser instalado


P2 = 0,17 x [ρ.(Hv - Hw) + ρw.Lw] Ocorrência de kick (P2<Pp)

No caso “2”, necessitamos de um fluido, tal que: BHP = Pp

0,17 [ρ.(Hv - Hw) + ρw.Lw] = 0,17xρpxHv

ρ = [ρpxHv - ρw.Lw]/[Hv - Hw]

Esta deve ser da massa específica mínima que o fluido residente no


poço deve ter para não ocorrer um kick ao retirar-se o riser, portanto:

Definindo, MSR = ρ – ρp
MSR= [Hw.ρp - Lw.ρw]/[Hv - Hw]
ρ = ρp + MSR
Exemplo de aplicação
Determine a MSR e a ME do fluido de perfuração para um
poço vertical de 5000 m, em lâmina d’água de 2000 m, air
gap de 25 m e com MEE de pressão de poros igual a 11
ppg para que o riser possa ser retirado sem ocorrência de
kick.

MSR = [Hw.ρp – Lw.ρw]/[Hv-Hw]


MSR = (2025.11,0 - 2000.8,5)/(5000 - 2025)
MSR = 1.77 ≈ 1.8 ppg

MSR = ρ – ρp
ρ = MSR + ρp
ρ = 1,8 + 11
ρ = 12,8 ppg
Exemplo de aplicação para conceituar
SICP e SIDPP
Considere um poço que tem 2500 m de
profundidade vertical e lâmina d’água + air gap de
700m. Foi Fechado após detecção de um kick de
gás com massa específica igual a 2,0 lb/gal. As
massas específicas do fluido de perfuração no
interior do poço e na linha do choke são,
respectivamente, 9,0 e 8,5 ppg. Determine as
pressões de fechamento na superfície,
considerando que a formação geradora do kick
tem uma pressão de poros equivalente a 9,5 ppg e
que a altura do kick no espaço anular é de 100m.
Solução
PP = 0,1704 x ρ x Hv = 0,1704 x 9,5 x 2500 = 4047 psi
Phint = 0,1704 x 9,0 x 2500 = 3834 psi
Pelo interior da coluna temos
Psupint = PP – Phint = 4047 – 3834 = 213 psi → SIDPP
Pelo anular temos
Pchoke = PP - ∑Ph
∑Ph = Phkick + Phan + Phchoke line
∑Ph =0,1704 x {2x100 + 9,0x[2500-(700+100)] + 8,5x700}
∑Ph = 3655 psi
Pchoke = 4047 – 3655
Pchoke = 392 psi → SICP
Causas de kick
Fluxos da formação p/o poço (BHP<Pp)
A- fluxo intencional
– Teste de formação
– Completação

B- Fluxo não intencional


– Abastecimento incorreto de poço
– Pistoneio
– Perda de circulação
– Massa específica do fluido insuficiente
– Corte do fluido de perfuração (W-O-G)
– Cimentação inadequada
– Pressão anormalmente alta
B.1 Incorreto abastecimento do poço
Quando a coluna é retirada do poço sem abastecimento, o nível de
fluido cai e, consequentemente, a hidrostática.
Vaço ret = L * Cd
VΦ = (Can + Cint). HΦ = Vaço ret = L * Cd
(Can + Cint). HΦ = L.Cd
HΦ = L.Cd/(Can + Cint)
ΔP = 0.1706 . ρ . HΦ
Obs: O deslocamento da coluna depende de ela ter ou não o inside BOP.

Exemplo de aplicação
Qual a redução de pressão no fundo poço quando se retiram 20
seções (90 ft/seção) sem abastecer o poço? Dados: Hv = 2050 m,
ρp=9,6 ppg, Rev de 9 5/8 in, 36 lb/pé, K55, 8,921 in id; DP de 5 in od,
18 lb/pé, 4,276 in id; fluido de perfuração com massa específica = 10
ppg.
Solução
HΦ = L.Cd/(Can + Cint)
Cd = (5²-4,276²)/313,77 = 0,02140 bbl/m
Can = (8,921²-5²)/313,77 = 0,17396 bbl/m
Cint = 4,276²/313,77 = 0,05827 bbl/m
HΦ = 20x90x0,3048x0,02140 /(0,17396 + 0,05827)
HΦ = 20x90x0,3048 = 50,56 m

∆P = 0,1704x10x50,56 = 86,2 psi qual a implicação disto?


BHPatual = 0,1704x10x(2050-50,56)=3407 psi

Neste caso temos uma massa específica equivalente dada por


ρeq = 3407/(0,1704x2050) = 9,75 ppg

Como ρp= 9,6 ppg e ρeq = 9,75 ppg → ρp< ρeq → Ainda não ocorreu
um kick, mas poderá se continuar sem abastecer o poço.
Perda do fluido durante manobra
• Para evitar a perda de fluido durante a
manobra, ou seja realizar manobra seca,
posso:
– Estabelecer o volume de tampão e a altura desejada
de espaço vazio acima do mesmo para cálculo da
massa especifica.
ou
– Estabelecer o volume do tampão pesado e sua
massa especifica, para calcular a altura do espaço
vazio acima do mesmo.
Demonstração das equações
aplicáveis

ρT HT
ρ HV

ρ HV-(Hφ+HT)

P1 P2
Volume que deve retornar após
injetar o tampão no poço.
Cálculo da massa especifica do tampão
ρT = ρ.(1 + HФ/HT)

HT = VT/Cint-dp
Exemplo: Para realizar uma manobra seca, retirando tubo
a tubo (de 30 pés cada), se injeto VT=25bbl e almejo 50 m
de coluna vazia, sabendo que as massas específicas na
coluna e anular são iguais, qual deve ser a massa
específica do tampão injetado?
Dados: ρ=9ppg, IDdp= 4.276in, coluna sem MF/LWD/ML

HT = 25/0,0583 = 429 m

ρT = 9.(1 + 50/429) = 10 ppg


Cálculo da altura do espaço vazio acima do
tampão e volume retornado do poço
Exemplo de aplicação

Exemplo de aplicação : O químico preparou, para uma


manobra seca, 25 bbl de tampão pesado com densidade
10,5 ppg para um fluido peso 9 ppg e injetou 20 bbl deste
tampão. Considerando que na manobra eram retiradas
seções de 90 pés, após atingir-se a condição estática no
poço, pergunta-se: que altura da coluna ficou sem fluido,
este peso garante uma manobra seca? que volume de
fluido retornou pelo flow line e qual a pressão no fundo
poço? Dados: HV=2350m; DIdrillpipe=4,276in; 1pé=0,3048 m.
Solução
Cint = 4,276²/313,77 = 0,05827 bbl/m
VT = 20 bbl
HT = 20 bbl / 0,05827 bbl/m = 343,23 m
Cseção DP = 90 pé x 0,3048 m/pé = 27,43 m

HФ = 343,23 m x (10,5/9 -1)


HФ = 57,2 m

VR = 20x(10,5/9) P = 0,1704x9x2350
VR = 23,3 bbl P = 3604 psi

Obs: mesmo o problema mostrando que teremos manobra seca nesta


situação, não devemos arriscar quando há motor de fundo. Neste caso
deve-se usar um tampão de no mínimo 2,0 ppb.
B.2 Pistoneio
Ação pistão-cilindro da coluna em relação ao poço. Pode ser dos tipos:
Hidráulico e Mecânico.
Fatores que promovem o pistoneio:
• Geometria do poço e tubos
• Profundidade do poço
• Reologia do Fluido
• Condições do poço e propriedades do fluido
• Velocidade de retirada/descida da coluna
• Configurações do BHA
Pistoneio Mecânico
Ocorre quando se retira uma coluna com Broca, Estabilizador ou
Reamer encerados, ou na completação, quando se retira a coluna com
Packer, cujas borrachas não foram 100% recolhidas no
desassentamento. O fluido acima do ponto encerado é expulso do
poço e o espaço vazio, abaixo deste ponto, é preenchido pelo fluido
que está dentro da coluna, resultando perda de hidrostática no interior
da mesma. Associado a isso ocorre a sucção. Atentar para os drags.
X Raiser C Raiser X

Kill line O Choke line

L
U
N
A

F
L
U
790m I 790m

D
O

D
9,1 ppg

Sapata ↔ 1500m ↔ 9 5/8

EST EST

ρp = 9,6 ppg → BROCA 2700m


Pistoneio Hidráulico
A descida da coluna pressiona o fluido (P=F/A) gerando uma pressão
extra no fundo do poço (surge pressure ou sobrepressão) que pode
induzir uma perda de circulação. A retirada da coluna, pistoneando,
causará um alívio de pressão por sucção (swab pressure).
A expressão que fornece a variação de pressão gerada no pistoneio é:

L * LE L *VP *V
P = +
60,96(dh − dp) 5574(dh − dp) 2

∆P- variação de pressão (psi); L – comprimento total da tubulação (m);


LE - limite de escoamento (lbf/100pé²); Vp – Viscosidade Plástica (cP);
dh – diâmetro do poço ou interno do revestimento (pol); dp – diâmetro
externo do tubo de perfuração (pol); V – velocidade da manobra
(m/min);
MSM: A margem de segurança de manobra (ppg) é obtida pela
equação abaixo, onde Hv é a profundidade vertical do poço (m).
MSMppg = 2*∆P/(0,1704*Hv)
Exemplo de aplicação
Qual a redução de pressão no fundo do poço quando se
retira a coluna e a margem de segurança de manobra para
a seguinte situação?Resp:141,4psi/0,5ppg

Dados: diâmetro do poço 8 ½ pol; tubos de perfuração de


5 pol; LE = 8 lbf/100 pé²; Vp = 12 cp; velocidade da coluna
= 38 m/min; profundidade vertical = 3200 m.

Se a massa específica equivalente de pressão de poros for


igual a 9,8 ppg, qual deve ser a massa específica do fluido
de perfuração de forma que a ocorrência do pistoneio não
venha a provocar um kick? Resp: 10,3 ppg
Solução
∆P=(3200x8)/[60,96.(8,5-5)] + 3200x12x38/[5574.(8,5-5)²]
∆P = 119,985 + 21,370
∆P = 141,4 psi

MSM = 2x141,4/(0,1704x3200)
MSM = 0,5 lb/gal

Cálculo da massa específica para manobrar a coluna


ρ = ρAtual + MSM
ρ = 9,8 + 0,5
ρ = 10,3 ppg
B.3 Perda de circulação
A perda de circulação pode ser total ou parcial. No caso de perda total, ocorre
uma diminuição da altura da coluna de fluido, e portanto, da pressão
hidrostática ao longo do poço. Se ocorrer BHP<Pp, então há um cenário de
kick.
No caso de perda parcial, deve-se ter o cuidado de observar o nível do poço,
em condições estáticas, quando a bomba for desligada, pois não havendo
alimentação, se o poço estiver bebendo haverá o risco de um kick.
A perda de circulação pode ser:
– Normal
•Formações fraturadas;
•Formações vulgulares;
•Formações cavernosas;
•Formações com pressão anormalmente baixas;
•Formações depletadas.
– Induzida
•Excesso de PH;
•Excessiva perda de carga no anular;
•Trapeamento de pressão;
•Pistoneio hidráulico (surge pressure) na descida da Col/Rev.
B.4 Massa específica do fluido insuficiente
Isto se dá quando ocorrem formações com pressões
anormalmente altas. O acompanhamento rigoroso dos
indicadores das pressões de poros ao longo poço é
fundamental. Sendo detectada, deve-se elevar imediata e
cuidadosamente a massa específica do fluido.
Pode ocorrer que não exista PAA no poço, mas que o
fluido perdeu peso por motivos variados:
– Remoção de barita por centrifugação
– Decantação de barita no poço/tanques por baixa reologia
•Diluição para tratamento de sólido
•Alta temperatura no poço (HTHP)
– Incorporação de água, quando o peso do fluido é ligeiramente
inferior ao da formação (campos maduros com influência de injeção
de água ou zonas portadoras de água pressurizada) questão 7 lista
B.5 Corte do fluido de perfuração
Ocorre quando o fluido de perfuração é contaminado por fluido da
formação. Isto provoca a diminuição do peso do fluido, podendo
resultar em um kick.
• Corte do fluido por gás
A expansão das bolhas de gás bem próximo à superfície reduz o peso
do fluido o que diminui a PH
– Quantidade pequena de gás → efeito não significativo
– Suficiente para promover o corte → massa específica do fluido que
retorna do poço é reduzida, mas a BHP não sofre grande variação devido a
compressibilidade do gás
– Equação para estimar ∆P por corte de gás

De Ph + 15
P = 34, 5 * ( − 1) * Log ( )
Ds 15

Ph − P
Deq =
0,1704 * Hv
– De: massa especifica do fluido entrando no poço, ppg
– Ds: massa especifica do fluido no retorno, ppg
– Deq: massa especifica equivalente do fluido, ppg
– Hv: profundidade vertical, m
– ∆P: decréscimo de pressão em Hv, psi
– Ph: pressão hidrostática em Hv, psi

Exemplo de aplicação
Qual deve ser a redução da BHP, a 3000 m, devido a um corte de
fluido por gás, que reduziu o peso do fluido de 14.5 para 9 ppg. Você
consideraria que este poço corre risco iminente de entrar em kick,
sabendo que foi dada uma margem de segurança de 50 psi, em
relação à pressão de poros da formação, no cálculo da massa
específica do fluido em uso?
Que atitude dever ser tomada?
Resp:∆P=57 psi / Deq=14,4 ppg. Como foram acrescidos 50 psi de segurança no cálculo
da ME do fluido, e a perda de pressão liquida foi 7 o poço corre risco iminente de
entrar kick em condições estáticas.
Solução
PH = 0,1704x14,5x 3000
PH = 7412,4 então: PP = 7412,5 – 50 = 7362,4 psi ↔ ρp = 14,4 psi

∆P = 34,5x[(14,5/9) -1]xLog[(7412,4+14,7)/14,7]

∆P = 57 psi ↔ ρeq-perd = 57/(0,1704x3000)=0,1psi


BHPatual = 7412,4 – 57 = 7355,4 psi

ρeq = 7355,4/(0,1704x3000) = 14,4psi, ou

ρeq = 14,5 - 0,1 → ρeq = 14,4psi


Origem do gás de corte
– Formação de baixa permeabilidade portadora de gás
• Concentração do gás é constante, mas demanda cuidado
– Gás de manobra (Ocorre na circ. após manobra -
recomenda-se ajustar a MSM do fluido)
– Gás de conexão (perda de ECD&pistoneio permite a
migração - recomenda-se ajustar a MSM do fluido)
– Formação com alta porosidade e portadora de gás
Diminuição do BHP pelo gás contido nos cascalhos. Providências:
– Reduzir a ROP
– Aumentar a vazão, quando possível
– Circular para limpeza regularmente, sem perfurar

Contaminação por água ou óleo


Embora não seja tão crítica quanto a contaminação por gás, pode
causar diminuição do peso e levar a um kick, por isso, ao primeiro
sinal, tomar providências para efetuar o controle. Locações em campos
com poços injetores demandam cuidado. Aumentar peso se possível.
B.6 Cimentação inadequada
No início da pega, forma-se uma estrutura auto-sustentável, que faz
com que a hidrostática da pasta se reduza à hidrostática da água de
mistura, enquanto ainda existe permeabilidade ao gás. A estrutura gel
da pasta, antes da pega, que dificulta a transmissão da Ph, e a
redução do volume da pasta por perda de filtrado contribuem para
provocar uma redução na Ph da pasta, podendo permitir um influxo de
gás através da pasta.
Providências para evitar a migração do gás através da pasta:
•Minimizar a altura da pasta
•Manter o anular pressurizado
•Usar sais para aumentar a densidade da água de mistura
•Usar pastas com tempos de pega diferenciados
•Aumentar o peso do fluido antes da cimentação
•Usar múltiplos estágios de cimentação
•Usar ECP (external casing paker) na coluna de revestimento
B7- Pressão anormal
Causas de pressão anormal
A Pf pode variar em função da geologia da área onde se localiza o
poço. As mesmas trapas, provocadas por dobras e falhas, que
aprisionam o hidrocarboneto, podem também trapear fluidos sob altas
pressões.
A pressão da formação pode aumentar em função da condição
geológica

• Falhas geológicas
Quando ocorrem falhas, um bloco desliza em relação ao outro, ficando
uma camada mais baixa e outra mais alta. Como estas camadas
tinham a mesma pressão originalmente, após a falha o bloco que está
mais acima terá uma pressão que só seria esperada mais abaixo. Por
isso, se um poço atravessar este bloco superior, poderá haver um risco
de aumento inesperado da Pf e resultar em um kick.
B.8- Grandes Estruturas

As Grandes estruturas dobradas são as regiões


geológicas onde existe sempre a possibilidade de
existir HC e ai se encontrarem pressões elevadas,
especialmente acima do contato HC-ÁGUA, na
parte mais elevada das camadas permeáveis –
zonas de óleo ou gás. Portanto, todo cuidado deve
tomado quando perfurando domos salinos e
anticlinais, principalmente, em poços exploratórios.
B.9- Camadas Espessas de Folhelho
Devido à natureza impermeável das argilas, ocorre restrição ao
movimento da água/HC durante o período de compactação de
folhelhos, especialmente se as camadas são espessas. Mesmo tendo
se depositado inicialmente na superfície, os sedimentos argilosos e os
fluidos sofrem compactação com o passar do tempo, o que causa um
aumento de pressão não aliviado devido à baixa permeabilidade: água,
gás e óleo trapeados em um folhelho espesso não têm como escapar
suficientemente rápido, gerando-se altas pressões.
Sempre que uma camada espessa de folhelho for encontrada, especial
atenção deve ser dada à possibilidade de se encontrarem altas
pressões.
Pressões relacionadas a folhelhos podem ocorrer desde a superfície
até elevadas profundidades.
Perfurando arenitos porosos, ficar alerta às intercalações com
folhelhos.
B.10- Camadas Espessas de Sal

Camadas de sal são plásticas e transmitem todo


seu peso litostático para a camada de rocha
subjacente. Altas pressões são sempre
encontradas dentro e abaixo de camadas de sal.
Pesos específicos variando entre 16 e 19 ppg são
requeridos para os fluidos de perfuração, quando
dentro e logo abaixo de camadas espessas de sal.
B.11- Arenitos intercomunicáveis

Elevadas pressões de formação podem resultar de prévias erupções


subterrâneas. Um kick subterrâneo pode resultar na transmissão de HC
a altas pressões de uma camada inferior a outra superior de arenito, de
forma que as duas camadas se tornem pressurizadas.

Um kick ocorreu em poço, e a equipe o controlou e concluiu o poço


com segurança. Porém, a primeira erupção se propagou
subterraneamente para um arenito mais raso, e manteve-se trapeada
no mesmo. Quando o próximo poço for perfurado nesta área, haverá o
risco de um blow out, pois a pressão anormal no arenito superior será
inesperada. Isto pode ocorrer também na natureza sem a interferência
humana.

Em regiões onde existem injeções de vapor/água, combustão in situ,


etc., podem ocorrer eventos de pressões anormais. Isto modifica o
gradiente de pressão do campo e, ao se perfurar novos poços, kicks
podem ocorrer. Deve haver uma comunicação entre pessoal de
perfuração e de reservatório para que se alertem quanto a todos os
perigos.
B.12- Operações de testes de formação

Principais riscos

• Fratura da formação durante a circulação reversa


• Existência de gás acumulado abaixo do packer, após a
circulação reversa
• Queda do nível no anular após abertura da válvula de
circulação reversa
• Pistoneio mecânico causado pelo packer na retirada da
coluna
B.13- Colisão de poços
Pode ocorrer um kick, se durante a perfuração um poço
interceptar outro já existente e em produção. Existe um
conjunto de normas de segurança a serem aplicadas
quando for necessário perfurar poços em locações onde
existem poços em fase de produção.

B.14- Desconexão emergencial do RISER


Após a desconexão de emergência do riser, em poço sem
MSR, caso a gaveta cisalhante do BOP falhe no
isolamento do poço, este poderá entrar em kick e
provavelmente em blow out.
B.15- Falha na barreira de segurança em
poço vivo durante operação em poço
multilateral
Quando o poço principal (poço morto) não fica
devidamente isolado e as operações no poço vivo causam
a redução da pressão hidrostática no poço principal. Por
exemplo: deslocando tampão de parafina para a
cimentação em poço vivo, reduz-se a pressão sobre a
stand valve, podendo causar a abertura da mesma,
colocando em kick o poço morto. A stand valve só funciona
como barreira de segurança, caso a Ph na coluna de fluido
acima dela seja superior à Pp do reservatório.
3. Indicadores de aumento da PP

A – indicadores diretos de pressão anormal


Pressão anormalmente alta pode estar associada ao fenômeno da
sub-compactação e a formação contém, em geral, maior quantidade de
água
• Aumento da pressão de poros
• Tamanho e forma dos cascalhos
• Mudança na temperatura do FP
• Aumento do Teor de gás no FP
• Mudança das propriedades do FP
• Aumento da ROP
• Outros
Aumento da PP
Existe sempre um risco de ocorrer um kick em
áreas com PAA. Quando a PAA for causada por
subcompactação, há uma zona de transição onde
a PP aumenta gradativamente com Hv. Podem-se
perceber mudanças nas propriedades da
formação e do fluido, indicando e até mesmo
quantificando o aumento da PP. A observação e
análise destes indicadores durante a perfuração
fazem-se imperativas, pois embasam a tomada de
ações preventivas, como o aumento da ME do FP,
quando exequível.
A.1 Tamanho e forma dos cascalhos

Cascalhos de zonas de alta pressão apresentam-se maiores, em maior


quantidade e com extremidades angulares e superfícies brilhantes,
com aparência de desmoronamento. Tudo isto serve como advertência
de uma mudança no fundo do poço, que pode ser causada por uma
pressão mais elevada. O aumento no tamanho e quantidade de
cascalho resulta em:

• Aumento de torque, em função do aumento da concentração e


tamanho de cascalho em torno dos comandos, e
• Aumento do arraste, que se dá em função do estreitamento do poço
causado por PP>PH ou PP>BHP
• Fundo Falso
A.2 Mudança na temperatura do FP
Um dos fenômenos associados ao aumento de pressão é a elevação
de temperatura, que resulta na elevação da temperatura do fluido de
perfuração que retorna à superfície

A.3 Teor de gás no FP


O aumento na concentração de gás de manobra e conexão, medidos
pelo detector de gás pode ser um forte indicativo de mudança na
pressão da formação

A.4 Mudança das propriedades do FP


Maior quantidade de cascalhos é incorporada ao FP, alterando suas
propriedades: teor de sólidos, peso específico, filtrado, viscosidade,
MBT, etc. Quando a rocha capeadora de um domo salino ou de uma
anidrita é perfurada, dá-se aumento da viscosidade do FP e do filtrado.
No caso de rocha salina ocorre o aumento da salinidade.
A.5 Aumento da ROP
Mantendo-se constantes os demais parâmetros da perfuração, um
aumento da ROP pode estar associado ao aumento da PP, diminuindo
a diferença PH-PP. Pode-se detectar o surgimento de pressão alta
através do expoente “dc” que é função, dentre outros, da ROP; do
WOB; da Rotação da broca e seu diâmetro.

dc = [Log(R/60.N)/Log(12.W/106.OD)] x [ρn/ρ]

R – ROP - taxa de penetração (FPH)


N – rotação (RPM)
W – WOB, peso sobre a broca, lbm
OD – Diâmetro da broca (In)
ρn – Massa específica equivalente à pressão normal da área (ppg)
ρ – Massa específica do FP em uso (ppg)
Os valores do índice “dc”, calculados para formações
normalmente pressurizadas, são lançados em um gráfico
cartesiano em função da profundidade, resultando uma
linha reta chamada “linha de tendência de pressão
normal”, observando-se um crescimento linear de “dc” com
a profundidade.

Os valores para o poço em questão são plotados para


comparação com a Reta de Pressão Normal.

Quando uma zona de transição é encontrada, os valores


de “dc” começam a diminuir, indicando o início de pressão
anormalmente alta. O desvio entre o valor calculado e o da
reta de tendência, numa mesma profundidade, é usado na
estimativa da pressão de poros naquela profundidade.
A.5 Outros indicadores

• Mud logging (unidades de monitoramento)


• Densidade dos cascalhos

Observar todos os indicadores para tirar as


conclusões quanto à presença de pressão
anormalmente alta, não se pode depender
de um único indicador.
B – indicadores indiretos
• Interpretação sísmica
Tamanho da estrutura, profundidade e espessura de camadas de sal e
folhelho, etc

• Perfilagem
Perfis de poços de correlação constituem-se em fontes excelentes de
informações. Mudanças nas pressões causam mudanças bem
definidas nos perfis.

• Testes de formação
Pode-se usar também informações obtidas de outros poços da área
onde testes de formação foram realizados.
4- Detecção de um kick
A- indícios de kick durante a perfuração

• Aumento da ROP (Sec)


• Aumento da vazão de retorno (Prim)
• Aumento do volume de FP nos tanques (Prim)
• Aumento da velocidade da bomba e diminuição
da pressão de bombeio (Sec)
• Corte da lama por líquido ou gás (Prim)
• Fluxo com as bombas desligadas (Prim)
B- indícios de kick durante a manobra
• Poço aceitando menos FP que o volume de aço
retirado (Prim)
– Uso do trip tank e preenchimento de planilha
• Poço devolvendo mais FP que o volume de aço descido
(Prim)
– Na retirada da coluna pode ter ocorrido um pistoneio
– Indução de perda de fluido p/a formação na descida, com a
diminuição da PH, gerando PF>PH (poço em kick – surge
pressure ou sobrepressão)
– Poço não corretamente abastecido, provavelmente durante a
retirada dos comandos
C- Indícios de kick durante uma perda de
circulação
A recuperação do nível de FP no poço após sua
diminuição pode ser um indício de um kick. Por ter entrado
um fluido mais leve no poço, a pressão atuante na
formação onde ocorreu a perda, pode ser insuficiente para
que a absorção pela formação continue e a formação
passa a empurrar de volta o fluido bebido. Trata-se de um
indicador secundário, pois pode ser apenas a devolução
do fluido absorvido. Deve-se observar atentamente o
comportamento do poço.
5- Importância da rápida detecção
de um kick
• Minimiza-se
– O tamanho do kick
– As pressões lidas no choke
– As perdas de tempo nas operações de controle
– Eleva-se a possibilidade de controle seguro
• A demora favorece
– Evolução do kick para um blow out
– Liberação de gases venenosos na área
– Poluição do meio ambiente
– Incêndio e riscos para a segurança do pessoal, da sonda e do
reservatório
– Prejuízos materiais de elevadas cifras
6- Distinção entre indicadores de
Kick e outras ocorrências
• Ganho de volume nos tanques
– Movimentações de FP na superfície (adição,
tratamento ou transferência): não é kick.
– Fluxo da Formação: é kick
• Diminuição do nível de FP nos tanques
– O controle de sólidos e a remoção dos mesmos
resulta em redução de vol de FP
– Descarte de FP contaminado
– Perda de Circulação (sendo constada uma perda,
pode ocorrer redução no nível de FP no poço e,
consequentemente, um kick)
• Mudança na ROP
– Aumento na ROP como função do WOB, do
tipo de formação, da RPM e de Q (GPM).
Normal.

– Formação com P elevada, resultando em


rápido incremento de ROP. Indício de kick.

– A variação da ROP em função do tipo de


formação é gradativa

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