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Incrustação

Brasil

Roberta Oliveira
Industry Technical Consultant II - Flow Assurance
O que é incrustação?

As incrustações são formadas por compostos inorgânicos depositados gradualmente ao longo do


processo de produção. Esse problema é recorrente quando há produção concomitante de HC e
água do reservatório.
A formação é decorrente de precipitação de sais ou óxidos presentes na água produzida, podendo
ocorrer em diferentes composições e intensidades desde a rocha reservatório até as instalações de
superfície.

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Exemplos de incrustação:
Podem ocorrer: colunas de produção, válvula de segurança de subsuperfície, linhas de produção, risers,
vasos separadores, hidrociclones, torres de refrigeração, trocadores de calor, evaporadores, etc.

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Como a incrustação afeta o sistema de produção de óleo e gás?

A formação de incrustação pode:

 Reduzir ou até mesmo parar a produção por bloquear a


passagem dos fluidos
 Acelerar o processo de corrosão por criar, por ex, pontos
localizados de corrosão
 Impedir a transferência de calor nos permutadores
 Aumentar o custo de operação

Quais são os indicativos de problema?

 Mudanças na pressão do sistema


 Redução na produção
 A água produzida tendo pH alto
 Água produzida com alto teor de HCO3

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Como se forma a incrustação?
 Para a formação e depósito de incrustação, primeiro é
necessário que haja a precipitação dos íons dissolvidos
na água produzida
 Quando há mudanças nas condições, que afetem a
solubilidade dos componentes da salmoura, cátions e Cátions (+) Ânions (-)
ânions precipitam, onde podemos visualizar partículas
sólidas no fluido Cálcio Bicarbonato
Magnésio Carbonato
Nota: Não é qualquer água que forma incrustação, estamos
falando de salmoura, que contêm minerais dissolvidos Bário Sulfato
Estrôncio
Ferro

 Mudanças nas condições:

 Temperatura e/ou Pressão = os limites de solubilidade da água não são suficientes para manter
a quantidade de soluto dissolvido na mesma.
 Composição da água

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Todas as incrustações se comportam da mesma maneira?
Temperatura versus solubilidade

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Ciclo da formação de incrustação:
Parâmetros preponderantes:

Íons em solução
 Tempo
 pH
Supersaturação  Pressão
 Temperatura
 Tamanho de partícula
 Agitação
Nucleação

Crescimento de cristais  Temperatura


 Velocidade de
fluxo
 Composição
Incrustação  Superfície

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Ciclo da formação de incrustação:

Estágio 1: Solução supersaturada

 Assim que as condições mudam e alteram a solubilidade, a salmoura pode começar a ficar
supersaturada de alguns componentes
 Os cátions e ânions já não conseguem permanecer em solução ou dissolvidos e precipitam

Nota: Você tem que ter uma solução supersaturada para ter incrustação!

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Ciclo da formação de incrustação:
Estágio 2: Nucleação

 Os cátions (carregados +) e ânions (carregados -) são atraídos um pelo outro e precipitam fora da
solução em forma microscópica de cristais
 O processo de nucleação pode ser acelerado pela presença de outras partículas como areia

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Ciclo da formação de incrustação:
Estágio 3: Crescimento do cristal

 Os pequenos cristais começam a aumentar o tamanho à medida que mais cátions e ânions “saem
de solução” e vão sendo adicionados ao cristal já formado.
 Até esse momento, embora os cristais sejam parte da incrustação, ainda não podemos classificar
até que ocorra o estágio 4.

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Ciclo da formação de incrustação:
Estágio 4: Aderência

 A medida que os pequenos cristais aumentam de tamanho, eles começam a aderir à superfície da
tubulação ou vaso.
 Quando os cristais aderem a superfície, são oficialmente denominados depósito de incrustação

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Toda incrustação é igual?

A lista de tipos de incrustação pode ser longa se você considerar todos os tipos mais comuns e os
menos comuns encontrados

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Porque ocorrem diferentes tipos de incrustação

Apesar da formação de incrustação seja via “4 estágios”, o tipo de incrustação é


determinado pela maneira como os cátions (+) e ânions (-) se combinam para formar
os cristais

Em teoria, qualquer cátion pode se combinar com qualquer ânion para formar um
cristal

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Todas as incrustações se comportam da mesma maneira?

Do ponto de vista operacional, as principais incrustações de campo podem ser classificadas em


três grandes grupos:
i. Incrustações que não dependem da variação de pH da água produzida
ii. Incrustações que dependem do pH da água produzida
iii. Incrustações que apresentam radioatividade

No primeiro grupo temos as incrustações de sulfatos e de cloretos. No segundo grupo


encontram-se as incrustações de natureza carbonática e as formadas por sulfetos. No terceiro
grupo, encontram-se as incrustações de metais alcalinosterrosos contaminadas com o íon rádio

Exemplos:

I. Barita (sulfato de bário), Celestita (sulfato de estrôncio), Sulfatos de cálcio, Halita (cloreto de
sódio)
II. Incrustações carbonáticas, incrustações de sulfeto
III. São conhecidas como “materiais radioativos de ocorrência natural modificados
tecnologicamente”

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Podemos prever a incrustação?
Como a formação de incrustação depende da composição química da água, condições de
temperatura e pressão do sistema, existem formas de prever os problemas com incrustação.

Os softwares de previsão/modelagem são:

 ScaleSoft Ptizer
 ScaleChem
 Multiscale

ScaleSoftPitzer – Modelagem Termodinâmica

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Podemos evitar a incrustação?
Problemas de incrustação podem ser evitados através de prevenção.

 Remoção de íons “formadores de incrustação” da água


O que requer um equipamento caro

 Evitar a mistura de águas incompatíveis


Requer controle operacional ou equipamento também

 Controle dinâmico de temperatura e pressão no sistema


Requer modificações no design do sistema

 Inibição da incrustação com aplicação de químicos


Inibidores da Nalco Champion

Dessulfatação da água do Mar

Além dos processos químicos de inibição e remoção de incrustações, a dessulfatação da água do mar,
usada como água de injeção, possibilita reduzir drasticamente o potencial de precipitação de sulfatos
durante seu contato com a água do mar rica em metais alcalinoterrosos.

 Isso ocorre porque a concentração de sulfato na água injetada se torna inferior a concentração
necessária para atingir o produto de solubilidade dos sais de sulfato

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Como a incrustação é inibida?
A maioria dos inibidores químicos interrompem o ciclo de formação da incrustação ou
impedindo os cristais a aderirem à superfície.

Supersaturação Opções de tratamento:

 Remoção física com


equipamento
Nucleação  Dissolver o depósito com
químicos

Crescimento de cristais
Modificação/crescimento
Aderência do cristal

Dispersão/Floculação

Tipos de inibidores de incrustação: éster fosfato, fosfonatos e polímeros

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Fosfonato/Éster fosfato
Vantagens: Desvantagens:
• Eficientes inibidores de nucleação • Alguns inibidores são para
• Facilmente Monitorado incrustações especificas
• Forte adsorção na aplicação de • Problemas de solubilidade em
squeeze salmoura com alto teor de cálcio
• Eficiente na injeção contínua • Estabilidade térmica de alguns
• Estável até 170°C inibidores é limitada

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Fosfonato/Éster fosfato

ATMP (Aminotrimethylene phosphonic acid) HEDPA (Hydroxyethylidene-diphosphonic Acid

HEMPA (Hydroxyethylamino bis(methylene


phosphonic acid)

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Polímeros
Vantagens: Desvantagens:
• Eficientes inibidores de crescimento • Geralmente são mais caros
do cristal • Difícil monitoramento
• Geralmente tem mais estabilidade
térmica do que os fosfonatos
• Alta adsorção e desorção
• Estável até 230°C

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Como os inibidores de incrustação são aplicados?
Injeção contínua

A aplicação da injeção contínua, na flowline ou


downhole requer que o produto químico seja injetado
no sistema de produção à montante da zona onde há
possibilidade de ocorrência do deposito.

A injeção contínua, em uma


flowline é sempre à
montante da área do
problema, de modo que o
inibidor tenha tempo de
trabalhar

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Como os inibidores de incrustação são aplicados?
Squeeze
 Se a incrustação está ocorrendo na formação, próximo a
entrada do poço, ou nas perfurações, a injeção contínua não
será eficaz
Neste caso o inibidor químico tem que ir dentro da formação, a
água pode ser tratada antes que ela chegue à área onde os
sólidos estão se depositando

 Na aplicação Squeeze, colocamos um volume pré-determinado


de inibidor de incrustação dentro do reservatório

 Uma vez no reservatório, o produto químico será absorvido


pela rocha de formação e lentamente irá se solubilizar
novamente na fase aquosa ao passar pelos poros, mantendo
durante certo período de tempo um residual do inibidor no
meio e com isso inibindo a incrustação. (aplicação deve ser
repetida de tempos em tempos)

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Gerenciamento Analítico da Incrustação

Análises da água produzida:

Utilização dos dados como KPI’s para o poço e para o processo de


produção. Há incrustação ocorrendo? Qual tipo?

Caracterização de íons solubilizados na amostra (Ba, Ca, Sr, Na,


Cl, SO4, etc.).

Possível determinação da concentração residual de inibidor de


incrustação presente.

Utilizam-se 2 equipamentos IC (Ion Chromatograph) e ICP


(Inductively Coupled Plasma).

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Gerenciamento Analítico da Incrustação
IC: Análise de ânions

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Gerenciamento Analítico da Incrustação
ICP: Análise de cátions

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Gerenciamento Analítico da Incrustação
Análise de sólidos suspensos:

Utilização dos dados como KPI’s para o poço e para o processo de


produção. Há incrustação ocorrendo? Qual tipo?

Morfologia, tamanho e caracterização de partículas / sólidos.

 Análises semi quantitativas por detector de Raio X via SEM


(Scaning Electronic Microscope).

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Gerenciamento Analítico da Incrustação
RESULTADOS:

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Estudo de caso: Qualificação de inibidor de incrustação

Modelagem e avaliação do potencial de incrustação utilizando o software ScaleSoftPitzer:

Parâmetro de temperature e pressão

Beta-54 Beta- 56 Beta- 58 Beta- 59

Na+ 63,000.00 51,000.00 68,000.00 67,000.00


K+ 2,300.00 1,700.00 2,700.00 2,700.00
Mg2+ 930.00 820.00 1.000.00 1000.00
Ca2+ 7,500.00 5,400.00 8,800.00 8,900.00
Sr2+ 430.00 310.00 560.00 580.00
Ba2+ 1.40 2.10 1.40 1.40
Fe2+ 2.90 2.90 2.60
121,000.0 128,000.0 127,000.0
Cl- 0 93,700.00 0 0
SO42- 650.00 770.00 520.00 490.00
Br- 410.00 270.00 450.00 450.00
SiO2
HCO3 Alkalinity 414.80 500.20 439.20 378.20
Carboxylic acids 170.00 209.85 130.00 130.00
TDS (Measured) 180000 160000 200000 200000
Calc. Density
(STP) 1.123 1.098 1.132 1.131
pH. measured
(STP) 7.00 6.30 7.00 7.10

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Parâmetro de temperatura e pressão

Oil T Water Water T


Vessel Name
P (Kpa
g)
T( °C) P (Kpa
g)
T( °C) Inlet Gas Rate
(m3/h)
Oil rate
(m3/h)
°
( C) Rate °
( C)
Outlet (m3/h) Outlet
500 - 84 (56 na
ABC-1015 HP separator 900-1100 55 700 laser gun) 65663 190 - 210 45 9 49
Test 500 -
ABC -1010 separator 170-1100 55 700 14 15922 20 - 40 18 1 27
4000 -
ABC -1125 LP separator 170 59 -81 100 - 90 74 -80 6000 350 - 370 84 65 -70 64
Eletrostaic 514 -
ABC -1140 Treater 450 57-80 530 64 - 160 82 2 64
ABC -3610 Skim Vessel 135 56-79 4 68 - - - 190 - 200 71
820 -
ABC -3620 Hydrocyclone 851 56-79 840 71 - - - ?? 69
ABC -3630 Flotation Cell 201 56-79 91 69 - - - 75 -90 68

Índice de saturação para CaCO3 and BaSO4

Process vessels and test separator


Node T( °C) P (bar)
pH
Calcium carbonate
Mass
Barium sulfate
Mass
SI SI
(mg/L) (mg/L)
Crude Intel
56 6.4 7.1 2 185 0.11 1
Heater
HP separator
56 5 6.6 1.44 137 - -
Inlet
HP separator
49 5 6.7 1.59 185 0.14 1
Outlet
LP Separator 64 1 6.7 1.85 117 - -
Coalescer 64 5.3 6.7 1.6 93 - -
Skin Vessel
68 1 6.6 1.9 117 - -
Inlet
Skin Vessel
71 1 6.7 1.56 91 - -
Outlet
Flotation Cell 68 1 6.9 2.06 137 - -
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Estudo de caso
Avaliação de compatibilidade com a água de formação, utilizando a matriz de
compatibilidade interna da empresa “PetroSudeste”:

Matriz de compatibilidade interna

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Estudo de caso – Avaliação Dinâmica

Teste de eficiência Dinâmica

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Estudo de caso – Avaliação Dinâmica

Teste de eficiência Dinâmica

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Estudo de caso
Teste de Eficiência Dinâmica para encontrar a mínima dosagem efetiva (MED)

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Dúvidas?

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