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Perguntas e Respostas (Rio 01/11/2004)

Swami Nirmalatmananda & Swami Sunirmalananda

Devoto: Com relação ao Karma, personalidade e caráter gostaria que o Swami falasse sobre
o impacto das boas ações a curto e longo prazos, já que nossa visão é quase sempre
imediatista.

Swami Sunirmalananda: No momento em que passamos a praticar Karma Yoga – serviço


desinteressado a Deus através do próximo, começamos a caminhar em direção a Ele. Num prazo
de dois a três anos poderemos perceber que nossa mente começou a se tornar mais pura. Nosso
caráter está sofrendo transformações para melhor, e sentimos que estamos progredindo. É certo, é
claro que todos nós queremos resultados imediatos, mas o que Vedanta diz é que todos nós já
vivemos milhões de vidas. Miríades de diferentes cores matizaram nosso passado. O certo é que
no momento em que começamos a fazer bem ao próximo, sentimos que algo também está
ocorrendo dentro de nós. Citarei uma história ocorrida com Swami Premananda, um dos apóstolos
de Sri Ramakrishna, que a princípio não acreditava em Karma Yoga. Sua inclinação natural era
para o culto de adoração e à leitura. Swami Vivekananda certamente valorizava todas estas
práticas, mas para que tornasse a mentalidade de Premananda mais abrangente, menos
unilateral, mandou-o a Belur Math para servir algumas pessoas pobres. Depois de regressar da
missão incumbida, foi argüido por Swami Vivekananda em como estava se sentindo. Respondeu
que estava sentindo uma tremenda paz e felicidade interiores. Swamiji falou então: ‘Nesta vida, se
você puder trazer um pequeno momento de alegria ao coração do próximo, isso em si basta como
religião. Tudo o mais não é nada. Isso eu aprendi em minha vida através do sofrimento.’

Devota: Swami Sunirmalananda disse ontem que o karma pode ser mudado. Ao mesmo tempo
Swami Nirmalatmananda nos deu o exemplo da aljava de flechas para representar a relação entre
a ação e seu fruto, mostrando-nos que depois de uma flecha ter sido lançada não poderíamos mais
obter controle sobre ela, e que por isso observássemos e cuidássemos da direção em que
lançamos nossas flechas. Mas o senhor nos deu o exemplo da perna que deveria ser perdida,
poderia se mantida se o karma fosse mudado. Como então podemos mudar o karma? Por favor,
Swami, explique isso cientificamente.

Swami Sunirmalananda: A ciência termina onde começa a religião. Isto é algo de fundamental
que devemos nos lembrar. Uma segunda coisa é que nós vedantistas acreditamos firmemente que
Deus pode fazer tudo aquilo que lhe apraz. Um jovem veio pedir iniciação à santa Mãe. Depois da
iniciação a Santa Mãe pressentiu que a morte daquele jovem era iminente. E ela o enviou à Belur
Math para receber os votos de Saniasin, de maneira que ela mudou o rumo da vida desse jovem.
Deus pode fazer tudo o que queira. E no concernente às flechas, corroboro com Swami
Nirmalatmananda, que através desse exemplo explicou um assunto muito técnico com palavras
simples. Karma tem três aspectos. Os termos técnicos são Sanchita, Aghami e Kryamana. Quando
realizo determinadas ações, desejo os seus resultados, e esses resultados podem nos afetar
igualmente de três maneiras. Ele estava falando de Sanchita Karma, que significa o karma
armazenado, que ainda não começou a produzir frutos. Depois vem o Kryamana Karma, que já
começou a produzir suas conseqüências. E como Swami bem explicou ontem, sobre este karma já
não temos qualquer controle. Mas existe também o Aghami Karma, que é aquilo que faremos no
futuro; sobre ele nós temos controle total. Podemos mudar o nosso destino por meio de nossas
ações. Isso é Vedanta. A filosofia Yoga Vedanta afirma que o ser humano é totalmente livre. Tem
tremendas potencialidades em seu interior. E aí citarei novamente Swami Vivekananda: ‘um poder
infinito aplicado sobre a matéria produz desenvolvimento material; o mesmo pode aplicado à mente
produz a excelência intelectual; e sua aplicação sobre o espírito converte o homem em deus.’
Todos estas três poderes temos dentro de nós.
Devoto: Como podemos controlar pensamentos fortes indesejáveis, tanto no cotidiano como na
prática espiritual?

Swami Sunirmalananda: Nos estágios iniciais da vida espiritual, a mente ainda não está sob
controle. Isso é natural. A medida que continuamos a nossa prática, a mente ficará gradualmente
sob nosso controle. E aí poderemos dar ordens à mente para que ela pense aquilo que desejamos
pensar. Não precisamos nos preocupar com os pensamentos que estão surgindo, borbulhando em
nossa mente. Mas tenhamos sempre à mão a espada de Viveka ou discriminação. Nossa meta é
chegar à Deus. Suponha que desejemos ir daqui ao aeroporto. Vemos tantos carros indo e vindo
de todas as direções, porém não nos preocupamos com isso. Queremos chegar ao aeroporto, essa
é a meta. Isso é o que os nossos sábios nos dizem.

Swami Nirmalatmananda: A maior fonte de todos os nossos problemas, de todas as dificuldades


está dentro de nós, que é a nossa própria mente. Mas existe também um magnífico presente que
Deus deu a todos nós, e isso a maioria das pessoas não exercita. Nossa mente parece totalmente
incontrolável, como as ondas da praia de Copacabana, indo e vindo continuamente, dia e noite.
Algumas vezes ondas grandes, outras vezes pequenas ondas. Este é o problema, como podemos
ter sob controle as ondas de nossa mente? Parece que num minuto temos milhares e milhares de
pensamentos aflorando. Em algumas ocasiões, parece que temos condição de controlar tudo a
nossa volta exceto a própria mente. Fundamentalmente a fonte de todos os nossos problemas é a
mente. Mas isso é apenas um lado da questão, o outro lado é que Deus também nos deu um lindo
presente, só que ele permanece fechado, ainda não o abrimos. Não sabemos como ele é, e
mesmo quando sabemos não fazemos o menor esforço em utilizá-lo, falta algo. Que presente é
este? Ele é considerado de diversas maneiras, mas uma delas é dita como sendo o poder da
escolha. Todos nós temos o poder da escolha. Sabemos o que é bom e o que é mau. Porém não
temos a força para fazer o que é bom e nem de parar o que é mau. Este é o problema. Você sabe
que o gosto de algum alimento não é tão bom assim, mas você quer experimentar, lentamente
você se envolve naquilo, e aquilo começa a lhe devorar. E você acaba se perdendo nesse
envolvimento. De maneira que perdemos o poder de discriminação. Esse é um dos maiores
equívocos que nós comentemos. Deus nos deu esse poder de discriminação e não temos
condições de exercê-lo adequadamente. Isso precisa de um pouco de controle, parece algo muito
simples – ‘isso não é bom, então eu não quero isso’, parece muito simples, mas quando se tenta
por em prática, mostra-se uma imensa dificuldade. Então quando usarmos adequadamente esse
poder de discriminação, que no início parece ser difícil de se conseguir; por nossos esforços, por
nossa paciência e perseverança, se pudermos exercitar estas virtudes por algum tempo,
começaremos a obter controle sobre as situações. E uma das formas de se conseguir chegar a
este ponto é a prática espiritual feita com regularidade. Para lhes dar um exemplo, a nossa mente
pode ser comparada à tromba de um elefante, que está sempre balançando de um lado para o
outro. O que é que o amo do elefante faz. Quando vê aquela tromba oscilando sem controle, assim
como a mente, o amo diz: ‘conseguirei uma coisa que deixará essa tromba quieta.’ Ele pega um
bom pedaço de madeira, e dá para o elefante segurá-lo com a tromba. O elefante segura o lenho
com sua tromba, que não mais fica balançando, está quieto. Da mesma forma, o mestre nos dá um
mantra, e esse mantra tem o poder de provocar o mesmo efeito que o tronco sobre a tromba.
Agarrem a esse tronco que é o mantra, mantenham suas mente seguras a este mantra, e verão
que com paciência e perseverança, lenta e lentamente, esta mente será pacificada. Claro que isso
não acontece de um dia para o outro. Mas dependendo de sua paciência, de sua perseverança, da
sua prática regular, do seu desejo, da sua ânsia de ter uma experiência espiritual, com certeza isto
acontecerá muito breve, e você mesmo ficará surpreso – ‘ó minha mente era tão turbulenta há
algum tempo, agora eu posso sentir o efeito’, já temos centenas de milhares de pessoas que
passaram por essa experiência. Muitos de vocês na assembléia já passaram por essa experiência.
Somado a tudo isso, você pode orar, meditar, envolver-se em ações altruístas, buscar a companhia
de homens santos, pode ler bons livros com as mensagens de seres realizados. Todas estas
práticas são ferramentas que lhe ajudam a adquirir controle sobre a mente. O que se tem que fazer
é pôr em prática todas esses pontos e ver o que vai acontecer. Agora é muito difícil controlar os
pensamentos, mas a medida em que você fizer estas práticas, chegará o dia em que nenhum
pensamento lhe advirá, mas você estará perfeitamente consciente, totalmente atento,
completamente alerta e consciente. Você dirá assim – ‘está chegando um pensamento’ porém
conseguirá comandar – ‘Não entre, entrada proibida, vá embora!’ A pessoa pode fazer assim,
literalmente dessa maneira. Então vocês verão o que realmente significa a paz, e também os frutos
da prática espiritual.
É pela prática regular, perseverança e paciência, e grande fé nas palavras do seu mestre que se
chega lá. Se isso for conseguido pelo impulso do seu amor à Verdade, do seu amor a Deus, seu
efeito será imenso.

Devota: Nós que somos discípulos de Thakur e temos nossas práticas diárias, quando atingirmos
a plena consciência, o que nos restará a fazer? O que nos resta em termos de prazer e amor, há
algo além disso?

Swami Nirmalatmananda: O que mais você pode querer depois disso?

Devota: Nada!

Swami Nirmalatmananda: Então... (todos riem). A paz que sentimos agora temporariamente pode
se tornar permanente. Isso só nos chega por intermédio da prática persistente. A paz que sentimos
agora é apenas uma indicação das potencialidades que nós temos, e que podemos estender ao
infinito. Esta é a maior prova da ação da sua prática espiritual, da sua perseverança e paciência,
da sua fé. Tudo isso resulta em que? Em conhecimento, absoluta existência, e paz e harmonia
imperturbáveis. Quando a pessoa tem certeza dessas coisas o efeito é a libertação de todo medo.
Livre de qualquer tipo de dúvida. Quando você se liberta tanto do medo quanto da dúvida, sua vida
se torna completamente diferente. Quais são os maiores problemas do dia a dia? Por todo tempo
você tem dúvidas, por todo tempo sente medo. Há um permanente sentimento de fraqueza. E toda
esta questão fica definitivamente resolvida. O que mais se pode querer? É isso a que Jesus Cristo
chama ‘Reino do Céu’. E essa fonte, esse Reino do Céu está no dentro de você mesma. E esta é a
meta da vida humana. Alcançar este tipo de existência. E isto é possível.

Devota: Tenho praticado meditação regularmente, mas às vezes tenho dúvida com relação à
oração. Penso que Deus sabe tudo, e acredito que não haja necessidade de Lhe pedir nada,
bastando apenas agir e praticar. Então gostaria que Swami nos falasse sobre o como orar?

Swami Nirmalatmananda: Tenho uma idéia de que existam vários posicionamentos que as
pessoas assumem a respeito de seu relacionamento com Deus. Suponhamos, em especial para os
vedantistas, que Deus é tão próximo, tão caro a nós, ele é o mais próximo dentre os mais
próximos, nosso tudo em tudo. Ele é o pai e a mãe, o amigo e o irmão, ou o que quer que você
pense. Ele é nosso. E sendo ele tão íntimo, tão nosso, deveríamos sentir medo dele? O filho nunca
tem medo do pai e da mãe. Não existe qualquer tipo de medo no relacionamento de um vedantista
com Deus. Se você tiver algum tipo de medo, certamente haverá várias coisas que estarão
obstruindo este relacionamento. De forma que a ausência de medo é algo que existe no
relacionamento entre o vedantista e Deus. Você teme seu pai ou sua mãe? Por que você não vai a
seu pai e sua mãe e pede o que você precisa. Eles sabem o que é bom para você. Pode ser que
eles não lhe dê aquilo que você pediu, mas eles sabem o que lhe é bom. De maneira que você
pode fazer seus pedidos a Deus. Por exemplo, o seu filhinho pode pedir algumas coisas para você,
mas não é tudo que ele pede que você lhe dará. Você tem o direito de pedir a Deus, mas Ele sabe
o que é o melhor. Não pelo fato de se pedir que se alcançará. Mas mesmo assim pode-se pedir.
Esse é um dos tipos de relacionamento entre o devoto e Deus, mas existem outros tipos também.
Não peça insignificâncias, bobagens a Deus. Peça a Ele aquilo que for o máximo. A pessoa
deveria pedir a Deus a realização divina e nada mais. A sua aspiração espiritual é muito forte, e
então você não vai pedir insignificâncias a Deus – uma promoção, um emprego, um noivo, um
namorado. Você Lhe pedirá mais devoção, mais conhecimento. Portanto o pedido dependerá e
estará em acordo com o desenvolvimento espiritual do devoto. E agora então procure se enquadrar
naquele nível em que acredita estar.

Devota: Mas mesmo esses pedidos mais elevados devem ser feitos a Deus?

Swami Nirmalatmananda: Sim. No início, este estágio prático será necessário até que você tenha
consciência de ter alcançado o que pediu. É necessário, porque a própria prática faz brotar mais
amor, mais devoção, que ainda falta, e que nós queremos mais e mais. Por isso podemos pedir por
isso, e repetindo esses pedidos, vamos nos tornando cada vez mais fortes em nossa vida
espiritual.
Um ponto interessante sobre a nossa mente é o seguinte: o que quer que repitamos,
consciencientemente ou não, torna-se pouco a pouco cada vez mais forte dentro de nós. Suponha
que você venha repetindo algo de negativo em sua vida, ou que continue sempre pedindo por
ninharias, por quimeras. O que está acontecendo é simplesmente o fortalecimento dessa pequenez
através da repetição.

Por isso devemos tomar cuidado com aquilo que desejamos fortalecer ou não. Uma senhora teve
uma entrevista comigo e me disse – ‘Swami, eu fui para um lugar em que me senti muito mal, mal,
mal, muito mal mesmo.’ Eu a interrompi dizendo – ‘Para, para, eu não quero todo este mal; uma
vez só já é suficiente para mim... Por que você está repetindo “mal, mal, mal”?’ (risadas). Passados
cinco minutos ela repetiu a mesma coisa – ‘mal, mal, mal...’ Novamente a interrompi dizendo – ‘não
quero isso, Deus me livre desse mal, mal, mal! Por que você está repetindo estas palavras? Isso
não é bom para você mesma. Você se sentiu mal uma vez, está entendido. Agora fique calma e
vamos conversar sobre como mudar esta situação.’ Pela repetição, ela estava tornando cada vez
mais forte aquilo que sabidamente não era bom, não há necessidade afirmar o negativo pela
repetição, tem-se que aprender a mudar esta situação. Reduza estas repetições. Ao contrário,
repita aquilo que é positivo. E isso lhe fará muito bem.

Devota: O que devemos fazer para não cair no comodismo? Quantas vezes devemos
continuar tentando?

Swami Nirmalatmananda: É muito simples. Perguntei a uma pessoa já faz alguns anos: ‘Suponha
que um bebê tentando se levantar, venha a cair no chão. O que vai acontecer? A criança tentará
se levantar novamente, uma, duas, três vezes..., até que consiga manter-se sobre as próprias
pernas. Repetirá sua tentativa até que consiga ficar de pé. Se você cai, qual será sua reação a
isso? Tentará se levantar novamente. Esta é a natureza da vida: Nunca aceitar a fraqueza, a
natureza da vida é nunca aceitar a morte, nunca. Ao cair, queira levanta-se mais uma vez. Quantas
vezes? Sem fim, sem fim. Essa é a natureza da vida. Por causa disso cada pessoa quer um dia
mais para viver, um dia mais para ser feliz. A glória do ser humano não está no não cair jamais,
mas no se levantar a cada vez que se caia. A simples recordação disso poderá mudar a vida de
todos. Repetirei mais uma vez: A glória do ser humano não está na sua pretensa infalibilidade, mas
sim na superação de suas próprias falhas, no levantar-se de cada queda ocorrida.

Devoto: Se uma pessoa atingir um nível espiritual muito elevado, como ficam as suas
questões terrenas, suas ligações ainda existentes, porém não mais valorizadas, sua família,
etc.?

Swami Nirmalatmananda: Você continuará fazendo tudo aquilo que tem que ser feito. O que
ocorre é que o peso de seus deveres e responsabilidades vai diminuindo. Conforme se cresce na
vida espiritual, sua atitude interior para com suas obrigações e responsabilidades, com relação a
seus parentes, passa pela pergunta: ‘Quem é o fazedor?’ Isto tudo se tornará muito claro, e as
coisas se tornarão muito suaves para você. Hoje, tudo aquilo que você pensa ser uma grande
responsabilidade sobre seus ombros, com o desenvolvimento espiritual, não mais será
considerado como um fardo, como um sol escaldante sobre sua cabeça. Agora tudo será feito com
o sentimento de completa leveza. Não há problemas.

Devota: Quando já estamos nos desenvolvendo espiritualmente, tendo obtido um pouco de


paz mental e temos que entrar em contato com pessoas, familiares que não entram nesta
sintonia, que são muito negativos, que acreditam que tudo vai dar errado... como podemos
lidar com isso?

Swami Nirmalatmananda: Uma bailarina experiente não reclama do piso em que está dançando.
Ela sabe como dançar. Você já tem esse desenvolvimento espiritual interior, sua mente pura vai
lhe mostrar como lidar com essas pessoas. Algumas vezes temos que demonstrar compaixão,
outras vezes reagir mais duramente, outras ainda teremos que dar um beliscão – como faço com o
presidente deste centro – outras vezes você afagará. A idéia é saber em que situação destas nos
encontramos, isso variará de pessoa para pessoa. O essencial é firmar-se em sua paz interior, em
sua paz, em sua harmonia. E aí o problema será encarado com muita clareza. Não perca jamais
sua harmonia interior. Mas suponhamos que você esteja tentando por todos os meios, e mesmo
assim não consegue um resultado bom. Então uma atitude drástica terá que ser tomada. Isto faz
parte da vida. Mas seus sentimentos agora não são aqueles que tinha quando sua mente era
incontrolável. Ao lermos sobre a vida da Santa Mãe Sarada Devi, encontraremos exemplos vivos
de como lidar com as mais desagradáveis situações sem perder a harmonia interior.

Devoto: Algumas vezes as pessoas me perguntam sobre Shiva. Gostaria que o Swami nos
falasse um pouco sobre este assunto.

Swami Sunirmalananda: Temos pouco tempo para responder sua pergunta, mas tenha em mente
que o Ser Supremo é adorado sob várias formas. De acordo com os Puranas, a existência tem três
aspectos – criação, preservação e destruição. E cada um destes três aspectos foi associado a uma
determinada divindade. Em nossos corpos estão ocorrendo mudanças continuamente. Da mesma
forma o macrocosmos está continuamente sujeito a modificações. E diz-se que Shiva é o
responsável por estas transformações.

Devoto: Qual é o papel da graça de Deus, da graça do Guru para que sejamos vitoriosos
sobre nós mesmos.

Swami Sunirmalananda: Sri Ramakrishna disse que em princípio temos dois egos, um superior e
outro inferior. Nós nos identificamos com o ego inferior, que é chamado ego imaturo. O ego
superior, ou ego maduro, é a graça de Deus, ou o próprio Deus que está sempre tentando se
manifestar em nós. O ego inferior quer se afirmar como o mais elevado. Mas na verdade existe
apenas um ego que é o ego superior. É como o sol e seu reflexo. O reflexo pensa que é o sol, mas
o reflexo jamais poderá ser o sol. Portanto Sri Ramakrishna nos estimula a mantermos algum tipo
de relacionamento para com Deus, seja o de um servo de Deus, de um filho de Deus, etc. E então
todas as coisas se arrumarão.

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