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Notas de Aula - Combinações Lineares, Bases e Dimensão

Prof. Aldemir J. da Silva Pinto


Exemplo 1. Considere o polinômio p(x) = 1 + 2 t2 . Deseja-se escrever p(t) como combinação
linear dos vetores do conjunto {1, 1 − t, 1 − t2 }.
Solução: Queremos encontrar (se possível) números reais α0 , α1 , α2 tais que

p(t) = α0 · 1 + α1 · (1 − t) + α2 · (1 − t2 ).
De fato:
√ 2
1+2t = α0 · 1 + α1 · (1 − t) + α2 · (1 − t2 )

⇔ (1 − α0 − α1 − α2 ) + α1 t + ( 2 + α2 )t2 = 0.
Um polinômio é nulo se, e somente se, seus coeficientes são todos nulos e então, deve-se ter:


 1 − α0 − α1 − α2 = 0 (I)

α1 = 0 (II)

 √
 2+α
2 = 0 (III)

De (III), segue que α2 = − 2; de (II), segue que α1 = 0 e assim sendo, deve-se ter que
√ √
1 − α0 − α1 − α2 = 0 ⇔ 1 − α0 − 0 − (− 2) = 0 ⇔ α0 = 1 + 2.

Portanto,  √

 α0 = 1 + 2

α1 = 0
 α = −√2


2

Obs.: Utilizando-se o fato de que o conjunto B = {1, t, t2 } é linearmente independente em


P2 (R), mostra-se, de forma similar, que p(t) também é uma combinação linear dos vetores de
B.

Exemplo 2. Deseja-se mostrar que [1, 1 − t, 1 − t2 ] = P2 (R).


Solução: Tem-se que verificar se ocorrem as duas seguintes inclusões

P2 (R) ⊂ [1, 1 − t, 1 − t2 ] (I)

e
[1, 1 − t, 1 − t2 ] ⊂ P2 (R) (II)
A inclusão (II) é trivial pois qualquer combinação linear dos vetores 1, 1 − t e 1 − t2 resulta
em um polinômio de grau menor que ou igual a 2.
Portanto, resta verificar a inclusão (I). Para tanto, considere um polinômio arbitrário p(t) ∈
P2 (R); então, existem escalares a1 , a2 , a3 tais que
p(t) = a1 · 1 + a2 · t + a3 · t2
(pois {1, t, t2 } é uma base (a base canônica) de P2 (R)).
Vamos mostrar que existem escalares α0 , α1 , α2 tais que

p(t) = α0 · 1 + α1 · (1 − t) + α2 · (1 − t2 ),
isto é,

a1 · 1 + a2 · t + a3 · t2 = α0 · 1 + α1 · (1 − t) + α2 · (1 − t2 ) (∗)
(note que os escalares a1 , a2 , a3 são dados; vamos verificar se existem os escalares α0 , α1 , α2 !)
Desenvolvendo (∗), tem-se que:

a1 · 1 + a2 · t + a3 · t2 = α0 + α1 − α1 t + α2 − α2 t2 )
⇔ (a1 − α0 − α1 − α2 ) + (a2 + α1 ) t + (a3 + α2 ) t2 = 0. (polinômio nulo)
Dado que {1, t, t2 } é um conjunto L.I. segue que:

a − α0 − α1 − α2 = 0 (1)

 1

a2 + α 1 = 0 (2)


a3 + α 2 = 0 (3)
De (3) segue que α2 = −a3 ; de (2) segue que α1 = −a2 e assim, de (1) segue que

α0 = a1 − α1 − α2 = a1 − (−a2 ) − (−a3 ), ou seja,


α0 = a1 + a2 + a3 ,
de onde se conclui que P2 (R) ⊂ [1, 1 − t, 1 − t2 ].
Finalmente, por (I) e (II), conclui-se que P2 (R) = [1, 1 − t, 1 − t2 ].

Exemplo 3. Mostrar que o conjunto β = {1, 1 − t, t2 , 1 − t3 } é uma base de P3 (distinta da


base canônica).
Solução: De forma totalmente análoga àquela utilizada no Exemplo 2, mostra-se que P3 (R) =
[1, 1 − t, t2 , 1 − t3 ], ou seja, β é um conjunto de geradores de P3 (R). Resta verificar que β é um
conjunto linearmente independente.
Para tal, seja a combinação linear

c0 · 1 + c1 · (1 − t) + c2 · t2 + c3 · (1 − t3 ) = 0
⇔ (c0 + c1 + c3 ) + (−c1 ) t + c2 t2 + (−c3 )t3 = 0.
Utilizando-se identidade de polinômios (ou então, o fato de que {1, t, t2 , t3 } é L.I.), segue que
os coeficientes c0 , c1 , c2 , c3 devem satisfazer ao sistema:

2


 c0 + c1 + c3 =0

 −c

=0
1



 c2 =0

−c3

=0
cuja única solução é c0 = c1 = c2 = c3 = 0.
Conclui-se, portanto, que o conjunto β = {1, 1 − t, t2 1 − t3 } é L.I. e como

P3 (R) = [1, 1 − t, t2 , 1 − t3 ],

conclui-se que β é uma base de P3 (R).

Obs.: Dos exemplos acima, conclui-se que dim(P2 (R)) = 3 e que dim(P3 (R)) = 4. Prova-se
que para qualquer n ∈ N tem-se que dim(Pn (R)) = n + 1.

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