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DIREITO ADMINISTRATIVO FACILITADO

Prezado concurseiro,

Sou o professor Evandro Zillmer, atualmente sou Analista Judiciário do Superior Tribunal de
Justiça e, antes disso, fui militar de carreira da Força Aérea Brasileira por mais de 20 anos.

Esse é o nosso segundo módulo de direito administrativo que estou disponibilizando


GRATUITAMENTE para meus alunos e ex-alunos.
Certamente, caso o seu edital peça direito administrativo, o tópico PRINCÍPIOS DA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA estará presente.

Além dos 5 princípios básicos da administração pública (LIMPE), as bancas gostam muito dos
dois princípios que formam o regime jurídico administrativo, então, foco neles.

Caso queira acompanhar meu trabalho, possuo outras redes sociais, nas quais eu compartilho
informações sobre concursos, dicas de preparação, resoluções de questões e uma infinidade de
benefícios que meus alunos poderão usufruir. Seguem os links:

https://www.youtube.com/c/ProfEvandroZillmer

https://www.instagram.com/evandrozillmer/

https://www.facebook.com/groups/165864320751489/

Desde já agradeço pela confiança no meu trabalho e desejo que faça um ótimo proveito para
as suas pretensões de ser um ótimo servidor público.

Bons estudos e lembre-se que você é capaz, basta perseverar.

Prof. Evandro Zillmer

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PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Os princípios são as bases fundamentais de um sistema de normas, que condicionam toda a


estruturação de um determinado ramo do Direito. São comandos genéricos e abstratos,
aplicáveis a diversas situações.

Segundo Celso Antônio Bandeira de Mello, princípio “é por definição, mandamento nuclear
de um sistema, verdadeiro alicerce dele, disposição fundamental que se irradia sobre
diferentes normas compondo-lhes o espírito e servindo de critério para sua exata compreensão
e inteligência exatamente por definir a lógica e a racionalidade do sistema normativo, no que
lhe confere a tônica e lhe dá sentido harmônico.”

1 – REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO

Regime quer dizer o conjunto de normas e de princípios aplicáveis a uma determinada


situação.

A expressão regime jurídico da Administração Pública é utilizada para designar, em sentido


amplo, os regimes de direito público e de direito privado a que pode submeter-se à
Administração Pública. Já a expressão regime jurídico-administrativo é reservada tão
somente para abranger o conjunto de traços, de conotações, que tipificam o Direito
Administrativo, colocando a Administração Pública numa posição privilegiada, vertical, na
relação jurídico-administrativa.

REGIME DE DIREITO PRIVADO


- Horizontalidade
- Não tem prerrogativas e sim, restrições de Direito Público.
- Art. 173 CF/88
- Ex. Petrobrás

Regime Jurídico da Administração


(Regime Jurídico Administrativo – em sentido
amplo ) REGIME DE DIREITO PÚBLICO (Regime Jurídico
Administrativo – em sentido estrito)
- Verticalidade
- Tem prerrogativas e restrições
- Ex. INSS, BACEN
SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO SOBRE O PRIVADO
INDISPONIBILIDADE DO INTERESSE PÚBLICO

O Regime Jurídico Administrativo é um conjunto de prerrogativas e sujeições concedido à


Administração Pública, para melhor cumprimento dos interesses públicos.

CESPE/TCU/2009 – O Regime jurídico-administrativo fundamenta-se, conforme entende a


doutrina, nos princípios da supremacia do interesse público sobre o privado e na
indisponibilidade do interesse público.

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(2016/FCC/AL-MS/Nível Médio) O regime jurídico administrativo tipifica o próprio direito


administrativo e confere à Administração prerrogativas não aplicáveis ao particular e
instrumentais à cura do interesse público, tais como a autotutela e o poder de polícia, dentre
outras tantas, que lhe permitem assegurar a supremacia do interesse público sobre o privado.

Interesse público primário: representa a Administração Pública no sentido finalístico,


extroverso, ou seja, é o interesse público propriamente dito, pois, dirigido diretamente aos
cidadãos (de dentro do Estado para fora – Administração Extroversa)

Interesse público secundário: diz respeito aos interesses do próprio Estado, internos,
introversos, portanto inconfundíveis com os primários. Ex. locação de imóvel para guardar
livros enquanto a biblioteca seja reformada.

1.1 – SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO SOBRE O PRIVADO

Significa que a Administração Pública é colocada em posição VERTICAL (diferenciada) quando


comparada aos particulares, ou seja, ela possuirá prerrogativas (privilégios). No caso de
confronto entre o interesse individual e o público, será o público que prevalecerá.

É princípio implícito da Administração Pública.

O princípio da supremacia do interesse público sobre o privado não é absoluto, comportando


limites e relativizações. Ex. direitos individuais, direito adquirido, coisa julgada, ato jurídico
perfeito, etc.

1.2 – INDISPONIBILIDADE DO INTERESSE PÚBLICO

Esse princípio faz com que a Administração, por intermédio de seus agentes, não tenha vontade
própria, por estar investida no papel de satisfazer a vontade de terceiros, quais sejam, o
coletivo, a sociedade. Assim, diz-se que a Administração Pública sofre restrições em sua
atuação. Ex. Licitação, concurso público, etc.

Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino asseveram que o princípio da indisponibilidade do


interesse público está diretamente presente em toda e qualquer atuação da Administração
Pública, ao contrário do que ocorre com o princípio da supremacia do interesse público, que,
de forma direta, fundamenta essencialmente os atos de império do Poder Público, nos quais ele
se coloca em posição vertical em relação aos administrados.

Por fim, Maria Sílvia Di Pietro afirma que, por não ser possível à Administração dispor dos
interesses públicos, “os poderes que lhe são atribuídos têm o caráter de poder-dever; são
poderes que ela não pode deixar de exercer, sob pena de responder por omissão.
Assim, a autoridade não pode renunciar ao exercício das competências que lhe são outorgadas
por lei; não pode deixar de punir quando constate a prática de ilícito administrativo; não pode
deixar de exercer o poder de polícia para coibir o exercício dos direitos individuais em conflito
com o bem-estar coletivo; não pode deixar de exercer os poderes decorrentes da hierarquia;
não pode fazer liberalidade com o dinheiro público. Cada vez que ela se omite no exercício dos
seus poderes, é o interesse público que está sendo prejudicado.

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PRINCÍPIOS EXPRESSOS PRINCÍPIOS IMPLÍCITOS

São aqueles que estão escritos com todas as


letras em uma norma de caráter geral (se São aqueles que não estão expressos em
aplica a toda a Adm Pub Brasileira) uma norma de caráter geral. Ex.
Razoabilidade.
Ex. Legalidade

OBS: A lei 9.784/99, art. 2º, traz expressamente o princípio da razoabilidade, porém, essa
lei é de caráter geral apenas para a Administração Pública Federal, e não para toda a
Administração Pública brasileira, por isso esse princípio é considerado implícito.

Colisão entre princípios:

No caso de conflito entre princípios, haverá uma ponderação de valores (teoria da


ponderação de interesses). Essa teoria nos diz que não há princípios absolutos, assim, todos
os princípios do nosso ordenamento jurídico são importantes e devem ser levados em
consideração. Desse modo, de acordo com as circunstâncias do caso concreto, deve-se
ponderar os interesses e verificar qual princípio deve prevalecer.

OBS: NÃO há hierarquia entre os princípios da Administração Pública.

PRINCÍPIOS BÁSICOS (EXPRESSOS OU


PRINCÍPIOS GERAIS
EXPLÍCITOS)

LIMPE – art. 37, caput, CF/88 Todos os demais princípios: Ex.


- Legalidade - Razoabilidade e Proporcionalidade

- Impessoalidade - Supremacia do interesse público

- Moralidade - Indisponibilidade de interesse público

- Publicidade - Autotutela

- Eficiência - Continuidade

OBS:o princípio da EFICIÊNCIA, foi - etc


incluído na CF/88 pela EC 19/98, tornando-
se princípio expresso.

COPESE/UFT/DPE-TO/2012 - A administração pública direta e indireta de qualquer dos


Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios
de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.

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OBS: os princípios constitucionais se aplicam a toda Administração Pública, ou seja, tanto a


administração direta como a indireta de todos os poderes (executivo, legislativo e judiciário) e
de todos os entes federativos (União, Estados, Distrito Federal e Municípios).

2 – PRINCÍPIOS BÁSICOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

2.1 - PRINCÍPIO DA LEGALIDADE

O princípio da Legalidade significa a subordinação da Administração Pública à vontade popular,


sendo assim, a Administração Pública só pode praticar as condutas previstas em lei. Podemos
afirmar, ainda, que o princípio da legalidade é um dos pilares do Estado Democrático de
Direito.
Possui duas acepções:

EM RELAÇÃO AOS PARTICULARES EM RELAÇÃO À ADM PUB

- Art. 5°, II, CF/88 = Ninguém será obrigado - A Administração Pública só poderá fazer o
a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão que a lei permitir (vontade legal)
em virtude de lei.

- o particular só deixará de agir quando a lei


proibir.
- o particular poderá fazer tudo o que a lei
não proíbe (autonomia de vontade)

OBS: surge como decorrência natural da indisponibilidade do interesse público.

OBS: pode sofrer CONSTRIÇÕES em virtude de situações excepcionais. É o que ocorre quando
tem que se cumprir um ato mesmo não previsto em lei em sentido estrito (criada pelo Poder
Legislativo). Ex.: Medidas Provisórias e Decretos Autônomos, não são Leis criadas pelo Poder
Legislativo, mas possuem força de lei. O PRINCÍPIO DA LEGALIDADE NÃO É ABSOLUTO.

OBS: A atividade administrativa não pode ser exercida contra legem nem praeter legem,
mas apenas secundum legem.

ESAF: Em face da sistemática constitucional do Estado brasileiro, regido que é pelo fundamento
do Estado Democrático de Direito, a plenitude da vigência do princípio da legalidade (art. 37,
caput, CF/88) pode sofrer constrição provisória e excepcional.
CESPE/2010: Em decorrência do princípio da legalidade, a Administração Pública não pode,
por simples ato administrativo, conceder direitos de qualquer espécie, criar obrigações ou impor
vedações aos administrados, para tanto, ela depende de lei.

CESPE/2012 - De acordo com a CF, a medida provisória, o estado de defesa e o estado de


sítio constituem exceção ao princípio da legalidade na administração pública.

CESPE/2012 - Segundo jurisprudência do STJ, a administração, por estar submetida ao


princípio da legalidade, não pode levar a termo interpretação extensiva ou restritiva de direitos,
quando a lei assim não o dispuser de forma expressa.

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Atualmente, tem-se assimilado o princípio da juridicidade, como uma nova roupagem à


ideia de legalidade. Pelo princípio da juridicidade, o administrador estaria vinculado a toda
ordem jurídica – que inclui os princípios a ela inerentes -, e não somente à ideia de lei em
sentido formal.

2.2 - PRINCÍPIO DA IMPESSOALIDADE

Pode ser estudado sob 3 aspectos (acepções) distintos:

1 – dever de tratamento isonômico aos administrados

Consoante a lição de Maria Sylvia Zanella Di Pietro, a Administração não pode atuar com vistas
a prejudicar ou beneficiar pessoas determinadas, uma vez que é sempre o interesse público
que tem que nortear o seu comportamento.
Nesse primeiro aspecto, o princípio da impessoalidade é corolário da isonomia ou
igualdade.

O princípio da impessoalidade, para fins de concurso público, pode ser confundido com o
princípio da isonomia, ou seja, eles se confundem. A realização e concurso público é
consequência da aplicação do princípio da impessoalidade/isonomia.

2 – dever de sempre satisfazer o interesse público

O administrador público deve sempre buscar a satisfação do interesse público, isto é, deve
seguir a finalidade de todas a leis. Para Hely Lopes Meirelles, o princípio da impessoalidade é
sinônimo do princípio da finalidade.

3 – imputação dos atos praticados pelos agentes públicos à pessoa jurídica em que
atuam.

Art. 37 § 1° - A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos
públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo
constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou
servidores públicos.

OBS: o princípio que justifica a manutenção dos efeitos dos atos praticados por um funcionário
de fato é o princípio da impessoalidade. É o caso do servidor que ingressou no serviço público
para um cargo de nível superior e depois de algum tempo foi descoberto que ele apresentou
um diploma falso no ato da posse. Os atos praticados por esse servidor continuam valendo,
pois, apesar de não ser um servidor de direito, ele era um servidor de fato, agindo em nome
do Estado.

ESAF/2008 – O princípio constitucional do direito administrativo, cuja observância forçosa, na


prática dos atos administrativos, importa assegurar que, o seu resultado, efetivamente, atinja
o seu fim legal, de interesse público, é o da impessoalidade.

CESPE/2012 - Em decorrência dos princípios da impessoalidade e da boa-fé, reconhecem-se


como válidos os atos praticados por agente de fato, ainda que este tivesse ciência do ilícito
praticado.

ESAF/2007 – São exemplos da aplicação do princípio da impessoalidade, exceto:

a) licitação
b) concurso público

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c) precatório

d) otimização da relação custo/benefício (eficiência)


e) ato legislativo perfeito

2.3 – PRINCÍPIO DA MORALIDADE

Impõe que os agentes públicos atuem com honestidade, boa-fé e lealdade, respeitando a
isonomia e demais preceitos éticos, sempre perseguindo a boa administração.

MORAL ADMINISTRATIVA MORAL COMUM

- são as condutas que o agente público deve


- são as condutas que o agente público deve
tomar fora da administração pública, fora do
tomar no exercício da função pública. Ex: não
exercício da atividade. Apesar de em
chegar atrasado, agir com discrição,
várias situações as duas se
probidade, etc.
interligarem, elas não se confundem.

Moralidade administrativa (relacionada a boa-fé, lealdade e justeza) X Probidade


administrativa (relacionada a má qualidade da administração).
A moralidade é o gênero e a probidade é uma das espécies da moralidade administrativa. A
probidade é um aspecto da moralidade administrativa. A moralidade e a probidade
não são sinônimas.

OBS: a moralidade administrativa constitui requisito de validade do ato administrativo.

2.4 – PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE

Apresenta dupla acepção, a saber:


a) exigência de publicação em órgão oficial como requisito de eficácia dos atos administrativos
que devam produzir efeitos externos e dos atos que impliquem ônus para o patrimônio público.

b) exigência de transparência da autuação administrativa.


Segundo Matheus Carvalho, a publicidade sempre foi vista como forma de controle da
administração pelos seus cidadãos. A sociedade só poderá controlar os atos
administrativos se estes forem devidamente publicizados, sendo impossível efetivar essa
garantia em relação a atos praticados de forma alheia ao conhecimento popular.

Art. 5°, XXXIII - todos têm direito de receber dos órgãos públicos informações de seu
interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob
pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à
segurança da sociedade e do Estado.

OBS: Em regra os atos da Administração Pública devem ser divulgados pelo Diário Oficial. Se
o município não tiver DO, deve publicar em quadro de avisos. Caso o ato do município seja de
publicação obrigatória em DO, o ato será publicado no DO do estado ao qual pertence o referido
município.

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OBS: a publicação do ato administrativo em órgão oficial de imprensa não é condição de sua
validade, mas sim de condição de eficácia e moralidade. Negar a publicidade a ato oficial é
considerado ato de improbidade administrativa.

OBS: a publicidade deriva do princípio da indisponibilidade do interesse público.

CESPE/TJ-AL/2012 - O princípio da publicidade assegura a divulgação ampla dos atos


praticados pela administração pública, quer tratem eles de assuntos de interesse particular,
quer tratem de assuntos de interesse coletivo ou geral, ressalvadas as hipóteses de sigilo
previstas em lei.

2.5 – PINCÍPIO DA EFICIÊNCIA


Somente foi incorporado na CF/88 pela EC-19/98, tornando o princípio da eficiência expresso
para toda a Administração Pública brasileira.

Segundo Di Pietro, o princípio da eficiência apresenta, na realidade, dois aspectos: pode


ser considerado em relação ao modo de atuação do agente público, do qual se espera o
melhor desempenho possível de suas atribuições, para lograr os melhores resultados; e em
relação ao modo de organizar, estruturar e disciplinar a Administração Pública,
também como o mesmo objetivo de alcançar os melhores resultados na prestação do serviço
público.
Impõe à Administração Pública direta e indireta a obrigação de realizar suas atribuições com
rapidez, perfeição e rendimento.

OBS: O princípio da eficiência relaciona-se com a Administração gerencial, enquanto o princípio


da legalidade relaciona-se com a Administração burocrática.

O princípio da eficiência é uma consequência do princípio da economicidade, essa economia


está diretamente relacionada com o custo-benefício.

A ênfase se dá nos resultados alcançados pela Administração Pública e não nos meios para
alcançar os resultados.

CESPE/2018 - O núcleo do princípio da eficiência no direito administrativo é a procura da


produtividade e economicidade, sendo este um dever constitucional da administração, que
não poderá ser desrespeitado pelos agentes públicos, sob pena de responsabilização pelos seus
atos.

3 –PRINCÍPIOS GERAIS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

3.1 – PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE

Em regra, esses princípios são implícitos.


O princípio da razoabilidade é consequência do devido processo legal, e se reflete no bom
senso das atividades administrativas.

O princípio da proporcionalidade impõe à administração a adequação entre meios e fins,


sendo vedada a imposição de obrigações, restrições e sanções em medida superior àquelas
estritamente necessárias ao atendimento do interesse público (lei 9.784/99, art. 2°, VI).

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Segundo Celso Antônio Bandeira de Mello, enuncia-se com esse princípio (razoabilidade) que a
Administração, ao atuar no exercício de discrição, terá de obedecer a critérios aceitáveis do
ponto de vista racional, em sintonia com o senso normal de pessoas equilibradas e
respeitosa das finalidades que presidiram a outorga da competência exercida. Segundo o
mesmo autor, os atos que violem o princípio da razoabilidade devem ser invalidados,
autorizando o controle judicial desses atos.

CESPE: O princípio da razoabilidade se evidencia nos limites do que pode, ou não, ser
considerado aceitável, e sua inobservância resulta em vício do ato administrativo.

Um ato razoável deve ser um ato adequado, necessário e proporcional, ocorrendo dessa forma
que alguns autores dizem que o princípio da proporcionalidade deriva do princípio da
razoabilidade.
CESPE/TER-RJ/2012 - No âmbito da administração pública, a correlação entre meios e fins
é uma expressão cujos sentido e alcance costumam ser diretamente associados ao princípio da
eficiência. (FALSO – AO PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE)

3.2 – PRINCÍPIO DA AUTOTUTELA E DA TUTELA

O princípio da autotutela é a possibilidade de a administração pública rever os seus próprios


atos, seja para anulá-los (ilegais) ou revogá-los (inconvenientes ou inoportunos), de ofício
ou mediante provocação de terceiros interessados.

Já o princípio da tutela administrativa é o controle finalístico que a administração direta


efetua sobre as entidades da administração indireta, visando garantir a observância de suas
finalidades institucionais.

SÚMULA 473 STF – A Administração pode anular seus próprios atos quando eivados de vícios
que os tornem ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de
conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os
casos, a apreciação judicial.

Os atos ilegais devem ser anulados e os legais podem ser revogados.


SÚMULA 346 STF – A Administração Pública pode declarar a nulidade dos seus próprios atos.
O Poder Judiciário não pode revogar atos administrativos editados pela Administração Pública,
mas poderá revogar os seus próprios atos quando editados no exercício da função
administrativa, quando inconvenientes ou inoportunos.

PRINCÍPIO DA AUTOTUTELA PRINCÍPIO DA TUTELA ADMINISTRATIVA

- é a Adm Pub como um todo revendo - também é chamado de princípio do controle.


os seus próprios atos, anulando-os ou
- controle finalístico, tutela administrativa ou
revogando-os.
supervisão ministerial.
- decorre do poder hierárquico.
- tem relação de vinculação, e não de
subordinação.

- está presente na administração pública indireta.


- decorre do poder de polícia administrativa.

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ESAF/ATRF/2012 - A Súmula n. 473 do Supremo Tribunal Federal – STF enuncia: “A


administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais,
porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou
oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação
judicial”. Por meio da Súmula n. 473, o STF consagrou o princípio da autotutela.

ESAF/AFRF/2012 - A possibilidade jurídica de submeter-se efetivamente qualquer lesão de


direito e, por extensão, as ameaças de lesão de direito a algum tipo de controle denomina-se
princípio da sindicabilidade.

ESAF/CGU/2012 - O princípio que instrumentaliza a Administração para a revisão de seus


próprios atos, consubstanciando um meio adicional de controle da sua atuação e, no que toca
ao controle de legalidade, representando potencial redução do congestionamento do Poder
Judiciário, denomina-se autotutela.

3.3 – PRINCÍPIO DA SEGURANÇA JURÍDICA

O princípio da segurança jurídica tem a finalidade de evitar alterações supervenientes que


possam causar instabilidade social e diminuir os efeitos traumáticos de novas disposições,
protegendo sempre a estabilidade jurídica.

A Constituição em seu art. 5°, XXXVI, dispõe que a lei não prejudicará o direito adquirido, o
ato jurídico perfeito e a coisa julgada.

A lei 9.784/99, em seu art. 2° Parágrafo único assevera que nos processos administrativos
serão observados, entre outros, os critérios de: XIII - interpretação da norma administrativa
da forma que melhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige, vedada aplicação
retroativa de nova interpretação.

CESPE/2004 – A vedação de aplicação retroativa de nova interpretação de norma


administrativa encontra-se consagrada no ordenamento jurídico pátrio e decorre do princípio
da segurança jurídica.

CESPE/ANATEL/2012 - O princípio da segurança jurídica resguarda a estabilidade das


relações no âmbito da administração; um de seus reflexos é a vedação à aplicação retroativa
de nova interpretação de norma em processo administrativo.
Segundo Rafael Carvalho Resende Oliveira, a decadência administrativa é a perda do direito
de anular o ato administrativo ilegal, tendo em vista o decurso do tempo. Nesse caso, os
princípios da segurança jurídica, da confiança legítima e da boa-fé, prevalecem sobre o
princípio da legalidade por opção do próprio legislador que estabelece prazo para a anulação
de atos ilegais.

Teoria do fato consumado:


Segundo o STJ, aplica-se a teoria do fato consumado apenas em situações excepcionalíssimas,
nas quais a inércia da administração ou a morosidade do Judiciário deram ensejo a que
situações precárias se consolidassem pelo decurso do tempo (RMS 34.189).

OBS: a teoria do fato consumado não se aplica em matéria de concurso público. Assim, não
se aplica a teoria do fato consumado na hipótese em que o candidato toma posse em virtude
de decisão liminar, salvo situações fáticas excepcionais.

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3.4 – PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE DOS SERVIÇOS PÚBLICOS

LEI N. 8.987/95, art. 6°, § 3o - Não se caracteriza como descontinuidade do serviço a sua
interrupção em situação de emergência ou após prévio aviso, quando:

I - motivada por razões de ordem técnica ou de segurança das instalações; e,


II - por inadimplemento do usuário, considerado o interesse da coletividade.

ESAF/2012/CGU – A impossibilidade de o particular prestador de serviço público por


delegação interromper sua prestação é restrição que decorre do princípio da continuidade do
serviço público.

3.5 – PRINCÍPIO DA MOTIVAÇÃO


O princípio da motivação impõe a Administração Pública a obrigação de apresentar as razões
de fato (o acontecimento, a circunstância real) e as razões de direito (o dispositivo legal) que
a levaram a praticar determinado ato.

A motivação é a apresentação dos motivos por escrito. Motivo e Motivação não são expressões
sinônimas. A motivação faz parte da forma do ato, isto é, ela integra o elemento forma e não
o elemento motivo. Se o ato deve ser motivado para ser válido, e a motivação não é feita, o
ato é nulo por vício de forma (vício insanável) e não por vício de motivo.

Não é um princípio de caráter absoluto, existem exceções ao princípio da motivação:


- cargos em comissão e cargos de confiança.

TEORIA DOS MOTIVOS DETERMINANTES: consiste em, simplesmente, explicitar que a


administração pública está sujeita ao controle administrativo e judicial (portanto, controle de
legalidade ou legitimidade) relativo à existência e à pertinência ou adequação dos motivos –
fático e legal – que ela declarou como causa determinante da prática de um ato.

Aplica-se tanto aos atos vinculados como aos discricionários.

ATOS QUE NECESSARIAMENTE DEVEM SER MOTIVADOS:

Lei 9.784/99 Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos
e dos fundamentos jurídicos, quando:
I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;

II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;

III - decidam processos administrativos de concurso ou seleção pública;

IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório;

V - decidam recursos administrativos;

VI - decorram de reexame de ofício;

VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepem de pareceres,


laudos, propostas e relatórios oficiais;

VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de ato administrativo.

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MOTIVAÇÃO ALIUNDE (em outro lugar): Art. 50 § 1o A motivação deve ser explícita, clara
e congruente, podendo consistir em declaração de concordância com fundamentos de
anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte
integrante do ato.

CESPE/2008 – Pelo princípio da motivação, é possível a chamada motivação aliunde, ou seja,


a mera referência, no ato, à sua concordância com anteriores pareceres, informações, decisões
ou propostas, como forma de suprimento da motivação do ato.

CESPE/ABIN/2008 - Não viola o princípio da motivação dos atos administrativos o ato da


autoridade que, ao deliberar acerca de recurso administrativo, mantém decisão com base em
parecer da consultoria jurídica, sem maiores considerações.

3.6 – PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE

A finalidade legalmente estabelecida para as entidades da Administração Pública indireta não


pode ser administrativamente alterada pelos seus dirigentes, sob pena de responsabilização
nas esferas penal, administrativas e cível.

FCC/2016 - Um dos princípios do Direito Administrativo denomina-se especialidade. Referido


princípio decorre dos princípios da legalidade e da indisponibilidade do interesse
público e concerne à ideia de descentralização administrativa.

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4 - QUESTÕES:

01 (2017/CESPE/MPE-RR/Promotor de Justiça) De acordo com o entendimento do STF,


no que se refere à inscrição de candidatos que possuam tatuagens gravadas na pele, não
havendo lei que disponha sobre o tema, os editais de concursos públicos

a) estão impedidos de restringi-la, com exceção dos casos em que essas tatuagens violem
valores constitucionais.

b) devem restringi-la com base na relação objetiva e direta entre tatuagem e conduta
atentatória à moral e aos bons costumes.

c) estão impedidos de restringi-la, para garantir o pleno e livre exercício da função pública.

d) devem restringi-la, quando se tratar de cargo efetivo da polícia militar.

GABARITO: Letra A
COMENTÁRIO:

Informativo 835/STF:

O STF, ao analisar o tema em sede de repercussão geral, fixou a seguinte tese:


Editais de concurso público não podem estabelecer restrição a pessoas com
tatuagem, salvo situações excepcionais em razão de conteúdo que viole valores
constitucionais.
STF. Plenário. RE 898450/SP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 17/8/2016 (repercussão geral)
(Info 835).
Percebam que é uma decisão recente e, portanto, ainda deve ser muito explorada pelas bancas
de concurso.

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02 (2017/FCC/DPE-PR/Defensor Público) Sobre Agentes Públicos e Princípios e Regime


Jurídico Administrativo, é correto afirmar:a) O princípio da impessoalidade destina-se a
proteger simultaneamente o interesse público e o interesse privado, pautando-se pela
igualdade de tratamento a todos administrados, independentemente de quaisquer preferências
pessoais.
b) São entes da Administração Indireta as autarquias, as fundações públicas, as empresas
públicas, as sociedades de economia mista, e as subsidiárias destas duas últimas. As
subsidiárias não dependem de autorização legislativa justamente por integrarem a
Administração Pública Indireta.

c) As contas bancárias de entes públicos que contenham recursos de origem pública prescindem
de autorização específica para fins do exercício do controle externo.
d) Os atos punitivos são os atos por meio dos quais o Poder Público aplica sanções por infrações
administrativas pelos servidores públicos. Trata-se de exercício de Poder de Polícia com base
na hierarquia.

e) A licença não é classificada como ato negocial, pois se trata de ato vinculado, concedida
desde que cumpridos os requisitos objetivamente definidos em lei.

GABARITO: Letra C

COMENTÁRIO:

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Letra a) O princípio da impessoalidade visa proteger o interesse da coletividade (interesse


público) e não o interesse privado como afirma a alternativa. A segunda parte da alternativa
está correta, porquanto pauta-se pela igualdade de tratamento entre os administrados.

Letra b) As subsidiárias não fazem parte da administração indireta. São entidades integrantes
da administração indireta as autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas e as
sociedades de economia mista. Também está errado afirmar que a criação de subsidiárias não
precisa de autorização legislativa. Precisa sim, porém, essa autorização, segundo o STF, pode
ser genérica (autorização legislativa na própria lei que autorizou a criação da entidade), ou
seja, não precisa uma nova autorização a cada subsidiária criada.

Letra c) Segundo o STF, as contas bancárias de entes públicos que contenham recursos de
origem pública dispensam autorização específica para fins do exercício do controle externo
(prescindir = dispensar)

Letra d) a aplicação de sanções pela administração pública aos seus servidores (atos punitivos
internos) decorre imediatamente do exercício do poder disciplinar e mediatamente do
poder hierárquico.

Letra e) a licença é sim ato negocial e trata-se de ato vinculado, concedida sempre que
cumpridos os requisitos objetivamente definidos em lei.

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03 (2017/CESPE/Prefeitura de Fortaleza – CE/Procurador Municipal) Acerca do direito
administrativo, julgue o item que se segue.

Considerando os princípios constitucionais explícitos da administração pública, o STF estendeu


a vedação da prática do nepotismo às sociedades de economia mista, embora elas sejam
pessoas jurídicas de direito privado.

GABARITO: Correto

COMENTÁRIO:

O STF tratou do assunto nepotismo na Súmula Vinculante n. 13, de seguinte teor: “a


nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o
terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica
investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em
comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta
e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do DF e dos Municípios,
compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal”.

Perceba que a referida vedação abrange todas as entidades da administração indireta,


incluídas, portanto, as pessoas jurídicas de direito privado.

Ademais, é correto afirmar que a Suprema Corte considerou os princípios explícitos da


administração pública (LIMPE) para vedar a prática do nepotismo. Assim, o STF entendeu
que violaria os princípios da moralidade, da impessoalidade e até mesmo poderia
violar o princípio da eficiência nos casos de ocorrência de nepotismo na administração
pública.

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DIREITO ADMINISTRATIVO FACILITADO

04 (2017/CESPE/TJ-PR/Juiz de Direito) De acordo com o art. 54 da Lei n. 9.784/1999, o


direito da administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis
para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo
comprovada má-fé. Trata-se de hipótese em que o legislador, em detrimento da legalidade,
prestigiou outros valores. Tais valores têm por fundamento o princípio administrativo da

a) presunção de legitimidade.

b) autotutela.

c) segurança jurídica.

d) continuidade do serviço público.

GABARITO: Letra C

COMENTÁRIO:
O princípio da segurança jurídica tem a finalidade de evitar alterações supervenientes que
possam causar instabilidade social e diminuir os efeitos traumáticos de novas disposições,
protegendo sempre a estabilidade jurídica.

Segundo Rafael Carvalho Resende Oliveira, a decadência administrativa é a perda do direito


de anular o ato administrativo ilegal, tendo em vista o decurso do tempo. Nesse caso, os
princípios da segurança jurídica, da confiança legítima e da boa-fé, prevalecem sobre o
princípio da legalidade por opção do próprio legislador que estabelece prazo para a anulação
de atos ilegais.

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05 (2017/FCC/TRT - 24ª REGIÃO (MS)/Analista Judiciário - Área Administrativa) Em


importante julgamento proferido pelo Supremo Tribunal Federal, foi considerada
inconstitucional lei que destinava verbas públicas para o custeio de evento cultural tipicamente
privado, sem amparo jurídico-administrativo. Assim, entendeu a Corte Suprema tratar-se de
favorecimento a seguimento social determinado, incompatível com o interesse público e com
princípios que norteiam a atuação administrativa, especificamente, o princípio da

a) presunção de legitimidade restrita.


b) motivação.

c) impessoalidade.
d) continuidade dos serviços públicos.

e) publicidade.

GABARITO: Letra C

COMENTÁRIO:

O princípio da impessoalidade pode ser estudado sob 3 aspectos (acepções) distintos:

1 – dever de tratamento isonômico aos administrados


2 – dever de sempre satisfazer o interesse público

3 – imputação dos atos praticados pelos agentes públicos à pessoa jurídica em que
atuam.

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DIREITO ADMINISTRATIVO FACILITADO

No caso, o favorecimento a seguimento social determinado violaria o princípio da


impessoalidade no seu primeiro aspecto, o dever de tratamento isonômico aos administrados.

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06 (2017/FCC/TRT - 24ª REGIÃO (MS)/Técnico Judiciário - Área Administrativa) Em
importante julgamento proferido pelo Superior Tribunal de Justiça, reconheceu a Corte Superior
a impossibilidade de acumulação de cargos públicos de profissionais da área da saúde quando
a jornada de trabalho superar sessenta horas semanais. Assim, foi considerada a legalidade da
limitação da jornada de trabalho do profissional de saúde para sessenta horas semanais, na
medida em que o profissional da área da saúde precisa estar em boas condições físicas e
mentais para bem exercer as suas atribuições, o que certamente depende de adequado
descanso no intervalo entre o final de uma jornada de trabalho e o início da outra, o que é
impossível em condições de sobrecarga de trabalho. Tal entendimento está em consonância
com um dos princípios básicos que regem a atuação administrativa, qual seja, o princípio da

a) publicidade.

b) motivação.
c) eficiência.

d) moralidade.

e) impessoalidade.
GABARITO: Letra C

COMENTÁRIO:

No caso, para que o servidor possa exercer suas atribuições com eficiência, ele precisa de um
adequado intervalo de descanso entre uma jornada e outra.

Assim, o STJ reconheceu a impossibilidade de cumulação de cargos de profissionais de saúde


quando a jornada de trabalho superar 60 horas semanais. Isso porque, apesar de a Constituição
Federal permitir a cumulação de dois cargos privativos de profissionais de saúde, deve haver,
além da compatibilidade de horários, observância ao princípio constitucional da eficiência, o
que significa que o servidor deve gozar de boas condições físicas e mentais para exercer suas
atribuições. (REsp 1565429).

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07 (2017/CESPE/TRE-PE/Analista Judiciário - Área Administrativa) O princípio da
razoabilidade

a) se evidencia nos limites do que pode, ou não, ser considerado aceitável, e sua inobservância
resulta em vício do ato administrativo.

b) incide apenas sobre a função administrativa do Estado.


c) é autônomo em relação aos princípios da legalidade e da finalidade.

d) comporta significado unívoco, a despeito de sua amplitude, sendo sua observação pelo
administrador algo simples.

e) pode servir de fundamento para a atuação do Poder Judiciário quanto ao mérito


administrativo.

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DIREITO ADMINISTRATIVO FACILITADO

GABARITO: Letra A

COMENTÁRIO:
Letra a) Segundo Celso Antônio Bandeira de Mello, enuncia-se com esse princípio
(razoabilidade) que a Administração, ao atuar no exercício de discrição, terá de obedecer a
critérios aceitáveis do ponto de vista racional, em sintonia com o senso normal de pessoas
equilibradas e respeitosa das finalidades que presidiram a outorga da competência exercida.
Segundo o mesmo autor, os atos que violem o princípio da razoabilidade devem ser invalidados,
autorizando o controle judicial desses atos.

Letra b) O princípio da razoabilidade incide também sobre a função legislativa do Estado,


servindo como mecanismo para o controle da atividade legislativa.

Letra c) O princípio da razoabilidade não é autônomo em relação aos princípios da legalidade


e da finalidade. Isso porque o princípio da razoabilidade fundamenta-se nos princípios da
legalidade e finalidade, ou seja, uma ação desarrazoada da administração pública
invariavelmente também será ilegal e com fim diverso da finalidade pública.

Letra d) Totalmente errada. A razoabilidade não comporta significado unívoco, o que pode ser
razoável para uns, pode não ser para outros. Assim, sua observação não é algo simples para o
administrador público.

Letra e) o judiciário não analisa o mérito administrativo quando atua. Assim, quando um ato
possui vício de razoabilidade ele é, na verdade, um ato ilegal.

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08 (2017/FCC/TRT - 11ª Região (AM e RR)/Técnico Judiciário - Área Administrativa)


A atuação da Administração é pautada por determinados princípios, alguns positivados em
âmbito constitucional ou legal e outros consolidados por construções doutrinárias. Exemplo de
tais princípios são a tutela ou controle e a autotutela, que diferem entre si nos seguintes
aspectos:

a) a autotutela é espontânea e se opera de ofício, enquanto a tutela é exercida sempre


mediante provocação do interessado ou de terceiros prejudicados.
b) a autotutela se dá no âmbito administrativo, de ofício pela Administração direta ou mediante
representação, e a tutela é exercida pelo Poder Judiciário.

c) ambas são exercidas pela própria Administração, sendo a tutela expressão do poder
disciplinar e a autotutela do poder hierárquico.
d) a tutela decorre do poder hierárquico e a autotutela é expressão da supremacia do interesse
público fundamentando o poder de polícia.

e) é através da tutela que a Administração direta exerce o controle finalístico sobre entidades
da Administração indireta, enquanto pela autotutela exerce controle sobre seus próprios atos.
GABARITO: Letra E

COMENTÁRIO:

O princípio da autotutela é a possibilidade de a administração pública rever os seus próprios


atos, seja para anulá-los (ilegais) ou revogá-los (inconvenientes ou inoportunos), de ofício
ou mediante provocação de terceiros interessados.

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DIREITO ADMINISTRATIVO FACILITADO

Já o princípio da tutela administrativa é o controle finalístico que a administração direta


efetua sobre as entidades da administração indireta, visando garantir a observância de suas
finalidades institucionais.

A letra a está errada porque tanto a autotutela como a tutela administrativa podem ser
operadas de ofício quanto por provocação de terceiros interessados.

A letra b está errada pois tanto a autotutela como a tutela são realizadas pela própria
administração pública, e não pelo Judiciário.

Na letra c, realmente ambas são exercidas pela própria administração. E a autotutela realmente
deriva do poder hierárquico. Porém, a tutela administrativa não deriva do poder disciplinar,
mas sim do poder de polícia administrativa.

Na letra d, conforme pontuado acima, a tutela decorre do poder de polícia e a autotutela do


poder hierárquico.

A letra e é o gabarito da questão.

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09 (2017/FCC/TRE-SP/Técnico Judiciário - Área Administrativa) Considere a lição de


Maria Sylvia Zanella Di Pietro: A Administração não pode atuar com vistas a prejudicar ou
beneficiar pessoas determinadas, uma vez que é sempre o interesse público que tem que
nortear o seu comportamento. (Direito Administrativo, São Paulo: Atlas, 29ª edição, p. 99).
Essa lição expressa o conteúdo do princípio da

a) impessoalidade, expressamente previsto na Constituição Federal, que norteia a atuação da


Administração pública de forma a evitar favorecimentos e viabilizar o atingimento do interesse
público, finalidade da função executiva.

b) legalidade, que determina à Administração sempre atuar de acordo com o que estiver
expressamente previsto na lei, em sentido estrito, admitindo-se mitigação do cumprimento em
prol do princípio da eficiência.

c) eficiência, que orienta a atuação e o controle da Administração pública pelo resultado, de


forma que os demais princípios e regras podem ser relativizados.
d) supremacia do interesse público, que se coloca com primazia sobre os demais princípios e
interesses, uma vez que atinente à finalidade da função executiva.

e) publicidade, tendo em vista que todos os atos da Administração pública devem ser de
conhecimento dos administrados, para que possam exercer o devido controle.

GABARITO: Letra A

COMENTÁRIO:

Letra a) é o gabarito da questão. O princípio da impessoalidade visa tratamento isonômico,


atingimento do interesse público e a não promoção pessoal do agente público.
Letra b) pelo princípio da legalidade, a administração pública deve sempre atuar de acordo
com o previsto em lei, em sentido amplo e estrito, não se admitindo a mitigação do
cumprimento da lei em prol do princípio da eficiência.

Letra c) é verdade que o princípio da eficiência orienta a atuação e o controle da administração


pública pelo resultado, porém, os demais princípios e regras não podem ser relativizados.

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DIREITO ADMINISTRATIVO FACILITADO

Letra d) o princípio da supremacia do interesse público sobre o privado é princípio basilar do


direito administrativo. Junto com o princípio da indisponibilidade do interesse público sobre o
privado, formam o chamado regime jurídico administrativo. No entanto, eles não estão acima
dos demais princípios, na verdade, os princípios estão todos no mesmo nível, não existe
hierarquia entre os princípios da administração pública.

Letra e) via de regra, os atos devem ser públicos, em respeito ao princípio da publicidade. No
entanto, alguns atos podem ser sigilosos, quando houver interesse público justificado e nos
casos de segurança nacional.

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10 (2017/CESPE/SEDF/Professor da Educação Básica) A respeito dos princípios da


administração pública e da organização administrativa, julgue o item a seguir.

Se uma autoridade pública, ao dar publicidade a determinado programa de governo, fizer


constar seu nome de modo a caracterizar promoção pessoal, então, nesse caso, haverá, pela
autoridade, violação de preceito relacionado ao princípio da impessoalidade.

GABARITO: Correto

COMENTÁRIO:

Uma das acepções do princípio da impessoalidade é a vedação à promoção pessoal do agente


público. Assim, está correta a assertiva.

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11 (2017/CESPE/SEDF/Professor de Educação Básica) Acerca de administração pública,


organização do Estado e agentes públicos, julgue o item a seguir.

O direito de petição é um dos instrumentos para a concretização do princípio da publicidade.

GABARITO: Correto

COMENTÁRIO:

Segundo a doutrina de Rafael Carvalho Rezende Oliveira, o ordenamento jurídico consagrou


diversos instrumentos jurídicos aptos a exigir a publicidade dos atos do Poder Público, tais
como: o direito de petição ao Poder Público em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou
abuso de poder (art. 5º, XXXIV, ‘a’ da CRFB); o direito de obter certidões em repartições
públicas para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal (...). Assim,
correta a assertiva ao afirmar que o direito de petição é um dos instrumentos para a
concretização do princípio da publicidade.

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12 (2017/CESPE/SEDF/Professor de Educação Básica) No que se refere ao controle e à


responsabilidade da administração, julgue o item subsequente.

A legalidade de qualquer ato administrativo pode ser submetida à apreciação judicial.

GABARITO: Correto

COMENTÁRIO:

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DIREITO ADMINISTRATIVO FACILITADO

Realmente todos os atos podem ser submetidos à apreciação judicial. Além disso, o Poder
Judiciário efetua controle de legalidade tanto em atos vinculados como em atos discricionários.
SÚMULA 473 STF – A Administração pode anular seus próprios atos quando eivados de vícios
que os tornem ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de
conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os
casos, a apreciação judicial.

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13 (2017/CESPE/SEDF/Nível Médio) Em relação aos princípios da administração pública e


à organização administrativa, julgue o item que se segue.

O administrador, quando gere a coisa pública conforme o que na lei estiver determinado, ciente
de que desempenha o papel de mero gestor de coisa que não é sua, observa o princípio da
indisponibilidade do interesse público.

GABARITO: Correto

COMENTÁRIO:

O princípio da indisponibilidade do interesse público faz com que a Administração, por


intermédio de seus agentes, não tenha vontade própria, por estar investida no papel de
satisfazer a vontade de terceiros, quais sejam, o coletivo, a sociedade. Assim, diz-se que a
Administração Pública sofre restrições em sua atuação. Ex. Licitação, concurso público, etc.

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14 (2017/CESPE/SEDF/Direito) Mauro editou portaria disciplinando regras de remoção no


serviço público que beneficiaram, diretamente, amigos seus. A competência para a edição do
referido ato normativo seria de Pedro, superior hierárquico de Mauro. Os servidores que se
sentiram prejudicados com o resultado do concurso de remoção apresentaram recurso quinze
dias após a data da publicação do resultado.

Nessa situação hipotética, ao editar a referida portaria, Mauro violou os princípios da legalidade
e da impessoalidade.
GABARITO: Correto

COMENTÁRIO:
Realmente houve violação dos princípios da legalidade (edição de portaria sem ser o sujeito
competente) e impessoalidade (beneficiar amigos ao invés de buscar a isonomia).

Para complementar, nos termos da lei n. 9.784/99, os atos de caráter normativo não podem
ser delegados. Com efeito, houve mais uma ilegalidade na edição da referida portaria.

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15 (2017/CESPE/SEDF/Administrador) À luz da legislação que rege os atos
administrativos, a requisição dos servidores distritais e a ética no serviço público, julgue o
seguinte item.

Legalidade e publicidade são princípios constitucionais expressos aplicáveis à administração


pública direta e indireta do DF.

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DIREITO ADMINISTRATIVO FACILITADO

GABARITO: Correto

COMENTÁRIO:
CF/88, art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
Assim, correta a assertiva.

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16 (2016/CESPE/FUB/Assistente - Apoio administrativo) Acerca dos princípios


fundamentais que regem a administração pública brasileira, julgue o item a seguir.

O princípio fundamental do controle determina que o controle das atividades da administração


federal seja exercido em todos os seus níveis e órgãos, sem exceções.

GABARITO: Correto

COMENTÁRIO:

Essa é uma daquelas questões do CESPE complicadíssimas. Conforme o aluno vai acumulando
experiência em questões de concursos, ele observa que as expressões do tipo “sem exceções”,
“sempre”, “nunca”, etc quase sempre estão erradas, principalmente quando se tratar de
questão do CESPE.

No entanto, essa é uma daquelas regras que realmente não comporta exceções.
Segundo o art. 13 do Decreto Lei n. 200/67, o controle das atividades da administração federal
deverá exercer-se em todos os níveis e em todos os órgãos. Portanto, correta a assertiva.

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17 (2016/CESPE/FUB/Assistente - Apoio administrativo) Acerca dos princípios


fundamentais que regem a administração pública brasileira, julgue o item a seguir.

Os princípios que regem a administração pública federal brasileira estão estabelecidos no Título
I – Dos Princípios Fundamentais, da Constituição Federal de 1988.

GABARITO: Errado
COMENTÁRIO:

Os princípios que regem a administração pública federal estão estabelecidos no Título III –
Da Organização do Estado, Capítulo VII – Da Administração Pública, Seção I – Disposições
Gerais, no Art. 37.

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:

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18 (2016/CESPE/FUB/Assistente - Apoio administrativo) Acerca dos princípios


fundamentais que regem a administração pública brasileira, julgue o item a seguir.

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DIREITO ADMINISTRATIVO FACILITADO

Entre esses princípios inclui-se aquele que autoriza que o administrador público federal, em
determinadas situações, delegue competência para a prática de atos administrativos.
GABARITO: Correto

COMENTÁRIO:
O princípio em comento é o princípio da hierarquia. Segundo esse princípio, os órgãos da
administração pública devem ser estruturados de forma tal que haja uma relação de
coordenação e subordinação entre eles, cada um titular de atribuições definidas na lei.

Como consequência desse princípio surge a possibilidade de revisão de atos dos subordinados,
delegação e avocação de atribuições, aplicação de penalidades. Do ponto de vista do
subordinado, há o dever de obediência.

Por fim, essa relação de hierarquia só existe no exercício da atividade administrativa, não existe
nas atividades legislativas e judicantes.

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19 (2016/CESPE/FUB/Assistente - Apoio administrativo) No que diz respeito aos


poderes e deveres dos administradores públicos, julgue o item que se segue.
O dever do administrador público de agir de forma ética e com boa-fé se refere ao seu dever
de eficiência.

GABARITO: Errado
COMENTÁRIO:

O dever de o administrador público agir de forma ética e com boa-fé se refere ao seu dever
de moralidade.

O dever do administrador público de agir de forma célere e econômica se refere ao seu dever
de eficiência.

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20 (2016/CESPE/FUB/Auxiliar de Administração) Com relação à administração pública,


julgue o item que se segue.
Como um dos princípios da administração pública brasileira, a publicidade destina-se a garantir
a transparência dos atos dos agentes públicos.

GABARITO: Correto

COMENTÁRIO:

O princípio da publicidade apresenta dupla acepção, a saber:

a) exigência de publicação em órgão oficial como requisito de eficácia dos atos administrativos
que devam produzir efeitos externos e dos atos que impliquem ônus para o patrimônio público.

b) exigência de transparência da autuação administrativa.


Correta, portanto, a assertiva.

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DIREITO ADMINISTRATIVO FACILITADO

21 (2016/FCC/PGE-MT/Analista – Administrador) A respeito dos princípios básicos da


Administração pública no Brasil, é INCORRETO afirmar que o princípio
a) de impessoalidade demanda objetividade no atendimento do interesse público, vedada a
promoção pessoal de agentes públicos.

b) de legalidade demanda atuação da Administração pública conforme a lei e o Direito.


c) de moralidade demanda atuação da Administração pública segundo padrões éticos de
probidade, decoro e boa-fé.

d) da eficiência demanda celeridade na atuação da Administração pública, se necessário em


contrariedade à lei, dada a primazia do resultado sobre a burocracia.

e) de publicidade demanda a divulgação oficial dos atos administrativos, ressalvadas as


hipóteses de sigilo previstas no ordenamento jurídico.
GABARITO: Letra D

COMENTÁRIO:

Todos os conceitos estão corretos, exceto a alternativa d.

A eficiência demanda celeridade na atuação da administração pública, porém, não poderá


contrariar a lei, sempre deverá buscar eficiência agindo em conformidade com o ordenamento
jurídico.

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22 (2016/FCC/PGE-MT/Analista – Administrador) Os atos e provimentos administrativos
são imputáveis não ao funcionário que o pratica, mas ao órgão ou entidade administrativa em
nome do qual age o funcionário. Este é um mero agente da Administração Pública, de sorte
que não é ele o autor institucional do ato. Ele é apenas o órgão que formalmente manifesta a
vontade estatal. (José Afonso da Silva em Comentário Contextual à Constituição)

Esse comentário refere-se ao princípio da Administração pública da

a) impessoalidade.

b) legalidade.

c) moralidade.
d) eficiência.
e) publicidade.

GABARITO: Letra A

COMENTÁRIO:

O princípio que justifica a manutenção dos efeitos dos atos praticados por um funcionário de
fato é o princípio da impessoalidade.

É o caso do servidor que ingressou no serviço público para um cargo de nível superior e depois
de algum tempo foi descoberto que ele apresentou um diploma falso no ato da posse. Os atos
praticados por esse servidor continuam válidos, pois, apesar de não ser um servidor de direito,
ele era um servidor de fato, agindo em nome do Estado.

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DIREITO ADMINISTRATIVO FACILITADO

23 (2018/CESPE/CGM de João Pessoa – PB/Técnico de Controle Interno) Acerca da


administração pública e da organização dos poderes, julgue o item subsequente à luz da CF.
O princípio da eficiência determina que a administração pública direta e indireta adote critérios
necessários para a melhor utilização possível dos recursos públicos, evitando desperdícios e
garantindo a maior rentabilidade social.

GABARITO: Correto

COMENTÁRIO:

Consoante o que preleciona Alexandre de Morais, o princípio da eficiência pode caracterizar-se


como “aquele que impõe à Administração Pública direta e indireta a seus agentes a persuasão
do bem comum, por meio do exercício de suas competências de forma imparcial, neutra,
transparente, participativa, eficaz, sem burocracia e sempre em busca da qualidade, primando
pela adoção dos critérios legais e morais necessários para a melhor utilização possível dos
recursos públicos, de maneira a evitar-se desperdícios e garantir-se maior
rentabilidade social. Note-se que não se trata da consagração da tecnocracia, muito pelo
contrário, o princípio da eficiência dirige-se para a razão e fim maior do Estado, a prestação
dos serviços essenciais à população, visando à adoção de todos os meios legais e morais
possíveis para a satisfação do bem comum”.

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24 (2018/CESPE/CGM de João Pessoa – PB/Auditor de Controle Interno) Com relação
ao controle no âmbito da administração pública, julgue o item seguinte.

O controle administrativo deriva do poder-dever de autotutela que a administração pública tem


sobre seus próprios atos e agentes.

GABARITO: Correto

COMENTÁRIO:

Exato, o controle administrativo deriva do princípio da autotutela da administração pública.

A Súmula n. 473/STF retrata o referido princípio:

SÚMULA 473 STF – A Administração pode anular seus próprios atos quando eivados de vícios
que os tornem ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de
conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os
casos, a apreciação judicial.

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25 (2016/FCC/TRT - 20ª REGIÃO (SE)/Analista Judiciário - Área Administrativa) Em


importante julgamento proferido pelo Supremo Tribunal Federal, considerou a Suprema Corte,
em síntese, que no julgamento de impeachment do Presidente da República, todas as votações
devem ser abertas, de modo a permitir maior transparência, controle dos representantes e
legitimação do processo. Trata-se, especificamente, de observância ao princípio da

a) publicidade.

b) proporcionalidade restrita.

c) supremacia do interesse privado.

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DIREITO ADMINISTRATIVO FACILITADO

d) presunção de legitimidade.

e) motivação.
GABARITO: Letra A

COMENTÁRIO:

Esse julgado foi na ADPF 378/DF:

"[...] No processo de impeachment, as votações devem ser abertas, de modo a


permitir maior transparência, accountability e legitimação. No silêncio da Constituição,
da Lei 1.079/1950 e do Regimento Interno sobre a forma de votação, não é admissível que o
Presidente da Câmara dos Deputados possa, por decisão unipessoal e discricionária, estender
hipótese inespecífica de votação secreta prevista no RICD, por analogia, à eleição para a
comissão especial de impeachment. Além disso, o sigilo do escrutínio é incompatível com a
natureza e a gravidade do processo por crime de responsabilidade. Em processo de tamanha
magnitude, que pode levar o Presidente a ser afastado e perder o mandato, é preciso
garantir o maior grau de transparência e publicidade possível. Nesse caso, não é
possível invocar como justificativa para o voto secreto a necessidade de garantir a liberdade e
independência dos congressistas, afastando a possibilidade de ingerências indevidas. Se a
votação secreta pode ser capaz de afastar determinadas pressões, ao mesmo tempo, ela
enfraquece a possibilidade de controle popular sobre os representantes, em violação aos
princípios democrático, representativo e republicano. Por fim, a votação aberta (simbólica) foi
adotada para a composição da comissão especial no processo de impeachment de Collor, de
modo que a manutenção do mesmo rito seguido em 1992 contribui para a segurança jurídica
e a previsibilidade do procedimento. [...]"

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26 (2016/CESPE/PC-GO/Escrivão de Polícia Civil) Sem ter sido aprovado em concurso


público, um indivíduo foi contratado para exercer cargo em uma delegacia de polícia de
determinado município, por ter contribuído na campanha política do agente contratante.

Nessa situação hipotética, ocorreu, precipuamente, violação do princípio da

a) supremacia do interesse público.


b) impessoalidade.
c) eficiência.

d) publicidade.

e) indisponibilidade.

GABARITO: Letra B

COMENTÁRIO:

Precipuamente é o mesmo que “sobretudo”, “principalmente”, “essencialmente”.

No caso, houve violação ao princípio da impessoalidade, na sua acepção de isonomia. Se ele


ingressou no serviço público sem concurso público, apenas por ter contribuído para a campanha

Prof. Evandro Zillmer 26


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do agente contratante, houve violação ao postulado da isonomia entre os que pretendiam o


cargo em questão.

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27 (2016/FCC/AL-MS/Nível Médio) O regime jurídico administrativo tipifica o próprio
direito administrativo e confere à Administração

a) prerrogativas instrumentais à consecução de fins de interesse geral, não a sujeitando, no


entanto, a restrições, isso em razão do princípio da supremacia do interesse público sobre o
privado.

b) prerrogativas não aplicáveis ao particular e instrumentais à cura do interesse público, tais


como a autotutela e o poder de polícia, dentre outras tantas, que lhe permitem assegurar a
supremacia do interesse público sobre o privado.

c) privilégios em face do particular, que podem ser exercidos de forma ampla e irrestrita, em
razão de sua posição vertical face aos mesmos.

d) restrições e prerrogativas necessárias à consecução dos seus fins, que são igualmente
identificáveis nas relações entre os privados em razão do princípio da isonomia.

e) amplo poder em face do particular, que se sujeita aos seus comandos independentemente
do fim objetivado, uma vez que o agir administrativo é presumidamente de acordo com a lei.
GABARITO: Letra B
COMENTÁRIO:

Letra a) o regime jurídico administrativo é dividido em dois supra princípios: o da supremacia


do interesse público sobre o privado (privilégios) e o da indisponibilidade do interesse
público (restrições). Assim, erra a alternativa ao afirmar que não há restrições para a
administração pública. Podemos citar como restrições, o concurso público, a licitação, o dever
de agir, o dever de prestar contas, etc.

Letra b) realmente a autotutela e o poder de polícia são prerrogativas da administração pública


para alcançar seu objetivo principal: o interesse público.

Letra c) os privilégios não podem ser exercidos de modo amplo e irrestrito. Pelo contrário,
esses privilégios só poderão ser exercidos nos estritos limites definidos em lei. Por fim, vale
ressaltar que a supremacia do interesse público sobre o privado é princípio não absoluto (já
falamos que não existem princípios de natureza absoluta no direito administrativo).

Letra d) as prerrogativas e restrições não são identificáveis nas relações entre os privados.

Letra e) independente do fim objetivado não, o fim objetivado pela administração pública é
sempre o interesse da coletividade.

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28 (2016/FCC/AL-MS/Assistente Legislativo) A Administração pública está sujeita a
regime jurídico administrativo, quea) não se aplica às hipóteses de desconcentração do serviço
público, método de gestão administrativa utilizado para flexibilização do regime jurídico
aplicável à atuação da Administração.

b) não se aplica às hipóteses de descentralização do serviço público, que passa a ser de


competência de pessoas jurídicas com personalidade própria e distinta do Estado.

Prof. Evandro Zillmer 27


DIREITO ADMINISTRATIVO FACILITADO

c) não se aplica às autarquias, porque integrantes da Administração pública indireta.

d) aplica-se às autarquias, pessoas jurídicas de direito público que integram a Administração


pública indireta do Estado.

e) pode ser afastado por decisão discricionária do Administrador, desde que justificada, em
razão dos princípios da eficiência e economicidade.
GABARITO: Letra D

COMENTÁRIO:

Dica de prova: nessa questão temos duas alternativas completamente opostas


(contraditórias), as letras c e d. Quando isso acontece, a resposta geralmente é uma delas.
Assim, o primeiro passo é avaliarmos nas outras alternativas que sobraram se alguma delas
tem o mesmo conceito que as contraditórias. Vejam a letra b e a letra c. Em outras palavras
elas dizem a mesma coisa, ou seja, elas não podem ser a nossa resposta. Assim, só nos resta
a letra d. Por fim, mesmo que essa técnica não fosse possível, se tivéssemos que chutar essa
questão e soubéssemos que as letras c e d eram contraditórias, o eventual chute resumir-se-
ia a apenas duas opções, e não cinco.

Dito isso, vamos às alternativas:

Letra a) o regime jurídico administrativo aplica-se à técnica da desconcentração (criação de


órgãos).

Letra b, c, d) aplica-se também às hipóteses de descentralização (criação de entidades da


administração indireta). Na verdade, o regime jurídico administrativo aplica-se a toda a
administração pública (administração direta e indireta).

Letra e) o regime jurídico administrativo é definido em lei, não há, portanto,


discricionariedade.

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29 (2016/FCC/SEGEP-MA/Tecnologia da Informação) Sobre os princípios da


Administração pública é exemplo de infração ao princípio da:

I. legalidade, atuação administrativa conforme o Direito.


II. moralidade, desapropriar imóvel pelo fato de a autoridade pública pretende prejudicar um
inimigo.
III. publicidade, se negar a publicar as contas de um Município.

IV. eficiência, prefeito que contrata a filha para ser assessora lotada em seu gabinete.

Está correto o que se afirma APENAS em

a) I e II.

b) II e III.

c) III e IV.
d) I e III.

e) II e IV.

GABARITO: Letra B

COMENTÁRIO:

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DIREITO ADMINISTRATIVO FACILITADO

I – errado – atuar conforme o direito não é infração ao princípio da legalidade, pelo contrário,
atuar conforme o direito é obediência ao princípio da legalidade.
II – correto – realmente desapropriar um imóvel para prejudicar um inimigo viola o princípio
da moralidade administrativa. As desapropriações devem buscar sempre o interesse público.
No caso, além do princípio da moralidade também podemos afirmar que haverá violação ao
princípio da impessoalidade, os quais, aliás, costumam caminhar lado a lado. Assim,
normalmente quando um desses princípios é violado o outro também o é.

III – correto – de fato, se negar a publicar as contas de um município fere o princípio da


publicidade.

IV – errado - quando uma autoridade pública nomeia parentes para sua assessoria, ele está
praticando nepotismo, conduta vedada pela Súmula Vinculante n. 13/STF. A prática do
nepotismo viola os princípios da moralidade e da impessoalidade de forma direta.
Afirmar que o nepotismo viola a eficiência administrativa não é sempre verdadeiro, depende
do caso concreto, por isso o erro da questão. Assim, a prática do nepotismo poderá violar o
princípio da eficiência, caso fique comprovado que o nomeado não era competente para o cargo.

Súmula Vinculante n. 13 - a nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta,


colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor
da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o
exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na
administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do DF e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas,
viola a Constituição Federal.

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30 (2016/CESPE/TCE-PR/Analista de Controle) Quando a União firma um convênio com


um estado da Federação, a relação jurídica envolve a União e o ente federado e não a União e
determinado governador ou outro agente. O governo se alterna periodicamente nos termos da
soberania popular, mas o estado federado é permanente. A mudança de comando político não
exonera o estado das obrigações assumidas. Nesse sentido, o Supremo Tribunal Federal (STF)
tem entendido que a inscrição do nome de estado-membro em cadastro federal de
inadimplentes devido a ações e(ou) omissões de gestões anteriores não configura ofensa ao
princípio da administração pública denominado princípio do(a)
a) intranscendência.

b) contraditório e da ampla defesa.

c) continuidade do serviço público.

d) confiança legítima.
e) moralidade.

GABARITO: Letra A

COMENTÁRIO:

INFORMATIVO 791 - STF

O princípio da intranscendência subjetiva impede que sanções e restrições superem a


dimensão estritamente pessoal do infrator e atinjam pessoas que não tenham sido as
causadoras do ato ilícito. Assim, o princípio da intranscendência subjetiva das sanções

Prof. Evandro Zillmer 29


DIREITO ADMINISTRATIVO FACILITADO

proíbe a aplicação de sanções às administrações atuais por atos de gestão praticados


por administrações anteriores. A inscrição do Estado de Pernambuco no CAUC ocorreu em
razão do descumprimento de convênio celebrado por gestão anterior, ou seja, na época de
outro Governador. Ademais, ficou demonstrado que os novos gestores estavam tomando as
providências necessárias para sanar as irregularidades verificadas. Logo, deve-se aplicar, no
caso concreto, o princípio da intranscendência subjetiva das sanções, impedindo que
a Administração atual seja punida com a restrição na celebração de novos convênios
ou recebimento de repasses federais. STF. 1ª Turma. AC 2614/PE, AC 781/PI e AC 2946/PI,
Rel. Min. Luiz Fux, julgados em 23/6/2015 (Info 791)

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31 (2016/CESPE/TCE-PR/Analista de Controle) O princípio da proteção à confiança da
administração pública

a) determina que a administração pública atenda apenas ao que a lei impõe.

b) dá à administração pública o poder da execução imediata das decisões administrativas,


possibilitando a criação de obrigações para o particular.
c) corresponde ao aspecto subjetivo do princípio da segurança jurídica.

d) é considerado uma imposição da limitação à discricionariedade da administração pública.

e) é um dos princípios expressamente arrolados no art. 37 da Constituição Federal de 1988.


GABARITO: Letra C

COMENTÁRIO:

Letra a) o princípio da legalidade é que determina que a administração pública atenda apenas
ao que a lei impõe.

Letra b) dar à administração pública o poder de execução imediata das decisões


administrativas é atributo da autoexecutoriedade e possibilitar a criação de obrigações ao
particular é característica do atributo da imperatividade dos atos administrativos.

Letra c) é verdade que o princípio da proteção à confiança da administração pública


corresponde ao aspecto subjetivo do princípio da segurança jurídica.
Letra d) os princípios da legalidade e da proporcionalidade/razoabilidade são considerados
limitações à discricionariedade administrativa, o princípio da proteção à confiança não.
Letra e) os princípios expressos no art. 37 da CF/88 são o nosso famoso LIMPE –
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.

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32 (2016/CESPE/TCE-PA/Auditor de Controle Externo) Acerca de função administrativa


e atos administrativos, julgue o item a seguir.

Em razão do princípio da indisponibilidade do interesse público, o Estado somente poderá


exercer sua função administrativa sob o regime de direito público.

GABARITO: Errada.

COMENTÁRIO:

Esse princípio – indisponibilidade do interesse público - faz com que a Administração, por
intermédio de seus agentes, não tenha vontade própria, por estar investida no papel de

Prof. Evandro Zillmer 30


DIREITO ADMINISTRATIVO FACILITADO

satisfazer a vontade de terceiros, quais sejam, o coletivo, a sociedade. Assim, diz-se que a
Administração Pública sofre restrições em sua atuação. Ex. Licitação, concurso público, etc.
Ademais, o Estado exercerá sua função administrativa predominantemente sob o regime
de direito público, no entanto, em alguns casos poderá ser regido por regras de direito
privado, cito como exemplo um contrato de locação de imóvel de propriedade de particular.
Nesse caso o Estado fará esse contrato de locação regido pelas regras do direito civil.

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33 (2016/CESPE/TCE-PA/Auxiliar Técnico – Administração) No que se refere aos


princípios da administração pública, julgue o item subsequente.

O princípio da publicidade viabiliza o controle social da conduta dos agentes administrativos.


GABARITO: Correto.

COMENTÁRIO:

O princípio da publicidade apresenta dupla acepção, a saber:

a) exigência de publicação em órgão oficial como requisito de eficácia dos atos administrativos
que devam produzir efeitos externos e dos atos que impliquem ônus para o patrimônio público.

b) exigência de transparência da autuação administrativa.

Segundo Matheus Carvalho, a publicidade sempre foi vista como forma de controle da
administração pelos seus cidadãos. A sociedade só poderá controlar os atos
administrativos se estes forem devidamente publicizados, sendo impossível efetivar essa
garantia em relação a atos praticados de forma alheia ao conhecimento popular.

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34 (2016/CESPE/TCE-PA/Auxiliar Técnico – Administração) No que se refere aos


princípios da administração pública, julgue o item subsequente.

O princípio da precaução impõe à administração, diante de situações e ações que envolvam


risco, a adoção de medidas preventivas contra a ocorrência de dano para a coletividade.

GABARITO: Correto
COMENTÁRIO:
Segundo ensina José dos Santos Carvalho Filho, esse postulado teve origem no âmbito do
direito ambiental, efetivamente foro próprio para seu estudo e aprofundamento. Significa que,
em caso de risco de danos graves e degradação ambientais, medidas preventivas devem ser
adotadas de imediato, ainda que não haja certeza científica absoluta, fator este que não pode
justificar eventual procrastinação das providências protetivas. Autorizada doutrina, a propósito,
já deixou consignado que, existindo dúvida sobre a possibilidade de dano, a solução deve ser
favorável ao ambiente e não ao lucro imediato.
De acordo com o autor atualmente, o axioma tem sido invocado também para a tutela
do interesse público, em ordem a considerar que, se determinada ação acarreta risco
para a coletividade, deve a Administração adotar a postura de precaução para evitar
que eventuais danos acabem por concretizar-se. Semelhante cautela é de todo
conveniente na medida em que se sabe que alguns tipos de dano, por sua gravidade e extensão,
são irreversíveis ou, no mínimo, de dificílima reparação.

Prof. Evandro Zillmer 31


DIREITO ADMINISTRATIVO FACILITADO

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35 (2016/CESPE/TCE-PA/Auxiliar Técnico – Administração) No que se refere aos
princípios da administração pública, julgue o item subsequente.
O princípio da eficiência norteia essencialmente a prestação de serviços públicos à coletividade,
sem impactar, necessariamente, rotinas e procedimentos internos da administração.

GABARITO: Errado

COMENTÁRIO:

Segundo Di Pietro, pode ser estudado sob dois aspectos:

1) em relação ao modo de atuação do agente público; e

2) em relação ao modo de estruturar e disciplinar a Administração Pública (administração


gerencial).

Assim, o princípio da eficiência impacta sim rotinas e procedimentos internos da


administração.

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36 (2016/CESPE/TCE-PA/Auditor de Controle Externo – Direito) Acerca dos servidores
públicos, dos poderes da administração pública e do regime jurídico-administrativo, julgue o
item que se segue.
A supremacia do interesse público sobre o interesse particular, embora consista em um
princípio implícito na Constituição Federal de 1988, possui a mesma força dos princípios que
estão explícitos no referido texto, como o princípio da moralidade e o princípio da legalidade.

GABARITO: Correto

COMENTÁRIO:

Basta lembrarmos que não existe hierarquia entre os princípios, todos eles possuem a mesma
força, independente se explícitos ou implícitos na CF/88.

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37 (2018/CESPE/CGM de João Pessoa – PB/Auditor de Controle Interno) Com relação
aos princípios aplicáveis à administração pública e ao enriquecimento ilícito por agente público,
julgue o item a seguir.

Decorre do princípio de autotutela o poder da administração pública de rever os seus atos ilegais,
independentemente de provocação.

GABARITO: Correto.

COMENTÁRIO:

O princípio da autotutela é a possibilidade de a administração pública rever os seus próprios


atos, seja para anulá-los (ilegais) ou revogá-los (inconvenientes ou inoportunos), de ofício
ou mediante provocação de terceiros interessados.

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DIREITO ADMINISTRATIVO FACILITADO

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38 (2016/FCC/Copergás – PE/Analista – Administrador) O Governador de determinado


Estado praticou ato administrativo sem interesse público e sem conveniência para a
Administração pública, visando unicamente a perseguição de Prefeito Municipal. Trata-se de
violação do seguinte princípio de Direito Administrativo, dentre outros,

a) publicidade.

b) impessoalidade.

c) proporcionalidade.

d) especialidade.

e) continuidade do serviço público.

GABARITO: Letra B
COMENTÁRIO:

De acordo com o princípio da impessoalidade, a administração pública não pode praticar


qualquer ato com o objetivo de prejudicar ou beneficiar alguém, porquanto os agentes públicos
devem visar tão somente o interesse público.

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39 (2016/FCC/Copergás – PE/Auxiliar administrativo) Um dos princípios do Direito


Administrativo denomina-se especialidade. Referido princípio
a) decorre dos princípios da legalidade e da indisponibilidade do interesse público e concerne à
ideia de descentralização administrativa.

b) tem aplicabilidade no âmbito dos órgãos públicos, haja vista a relação de coordenação e
subordinação que existe dentro dos referidos órgãos.

c) aplica-se somente no âmbito da Administração direta.

d) decorre do princípio da razoabilidade e está intimamente ligado ao conceito de


desconcentração administrativa.

e) relaciona-se ao princípio da continuidade do serviço público e destina-se tão somente aos


entes da Administração pública direta.
GABARITO: Letra A

COMENTÁRIO:
Letra a) o princípio da especialidade nos remete à ideia de descentralização administrativa.
Esse princípio significa que as entidades da administração indireta devem atender às finalidades
previstas em sua lei de criação ou autorização (princípio da legalidade) e assim como toda a
administração pública, as entidades criadas com base no princípio da especialidade
(administração indireta) devem buscar sempre o interesse da coletividade (indisponibilidade do
interesse público).
Letra b) o princípio da especialidade tem aplicação no âmbito da administração pública
indireta.

Letra c) aplica-se no âmbito da administração indireta.

Prof. Evandro Zillmer 33


DIREITO ADMINISTRATIVO FACILITADO

Letra d) decorre dos princípios da legalidade e da indisponibilidade do interesse público e está


intimamente ligado ao conceito de descentralização administrativa.
Letra e) relaciona-se aos princípios da legalidade e da indisponibilidade do interesse público e
destina-se aos entes da administração pública indireta.

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40 (2018/CESPE/PC-MA/Escrivão de Polícia Civil) O preenchimento de cargos públicos


mediante concurso público, por privilegiar a isonomia entre os concorrentes, constitui expressão
do princípio constitucional fundamental

a) federativo.

b) da eficiência.
c) da separação de poderes.

d) do valor social do trabalho.

e) republicano.

GABARITO: Letra E

COMENTÁRIO:
O princípio constitucional fundamental ligado à ideia de igualdade/isonomia/impessoalidade é
o princípio republicano.

Isso porque em uma república todas as pessoas são iguais, não há nobres e plebeus, há, sim,
cidadãos.

CESPE/2012 – o Brasil adota a forma de governo, de acordo com o princípio republicano,


em que o acesso aos cargos públicos em geral é franqueado àqueles que preencham as
condições de capacidade previstas na CF ou em normas infraconstitucionais obedientes ao texto
constitucional.

---------------------------------------------------------------------------------------------------

41 (2018/CESPE/PC-MA/Escrivão de Polícia Civil) A revisão, de ofício, pela administração


pública, de decisões sancionatórias aplicadas a servidor público por meio de regular processo
administrativo é
a) vedada, em razão da necessidade de provocação do servidor público.

b) permitida, ainda que tenha ocorrido a preclusão administrativa, em razão do princípio da


autotutela.

c) permitida, em decorrência do princípio da oficialidade.

d) permitida apenas se as alegações da revisão coincidirem com as suscitadas pela parte no


decorrer do processo.

e) vedada, em obediência ao princípio da economia processual.


GABARITO: Letra C

COMENTÁRIO:

Prof. Evandro Zillmer 34


DIREITO ADMINISTRATIVO FACILITADO

Segundo Matheus Carvalho, a administração pública pode atuar de ofício na condução de todas
as fases do processo, inclusive com iniciativa de investigação dos fatos, podendo produzir
provas de ofício e proteger os direitos dos cidadãos interessados na regular condução do
processo. Isso decorre do entendimento de que o processo tem finalidade pública, mesmo nas
situações em que o particular dá início a sua tramitação.

Ainda, o art. 65 da Lei n. 9.784/99 assevera que os processos administrativos de que


resultem sanções poderão ser revistos, a qualquer tempo, a pedido ou de ofício, quando
surgirem fatos novos ou circunstâncias relevantes suscetíveis de justificar a inadequação da
sanção aplicada.

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42 (2016/CESPE/PC-PE/Agente de Polícia) O diretor-geral da polícia civil de determinado
estado exarou um ato administrativo e, posteriormente, revogou-o, por entender ser
inconveniente sua manutenção.

Nessa situação hipotética, o princípio em que se fundamentou o ato de revogação foi o princípio
da
a) segurança jurídica.

b) especialidade.

c) autotutela.
d) supremacia do interesse público.

e) publicidade.

GABARITO: Letra C

COMENTÁRIO:

O princípio da autotutela é a possibilidade de a administração pública rever os seus próprios


atos, seja para anulá-los (ilegais) ou revogá-los (inconvenientes ou inoportunos), de ofício
ou mediante provocação de terceiros interessados.

SÚMULA 473 STF – A Administração pode anular seus próprios atos quando eivados de vícios
que os tornem ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de
conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os
casos, a apreciação judicial.

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43 (2018/CESPE/PC-MA/Escrivão de Polícia Civil) A conduta do agente público que busca


o melhor desempenho possível, com a finalidade de obter o melhor resultado, atende ao princípio
da

a) eficiência.
b) legalidade.

c) impessoalidade.

d) moralidade.
e) publicidade.

Prof. Evandro Zillmer 35


DIREITO ADMINISTRATIVO FACILITADO

GABARITO: Letra A

COMENTÁRIO:
Somente foi incorporado na CF/88 pela EC-19/98, tornando o princípio da eficiência expresso
para toda a Administração Pública brasileira.
Impõe à Administração Pública direta e indireta a obrigação de realizar suas atribuições com
rapidez, perfeição e rendimento.

OBS: O princípio da eficiência relaciona-se com a Administração gerencial, enquanto o princípio


da legalidade relaciona-se com a Administração burocrática.

O princípio da eficiência é uma consequência do princípio da economicidade, essa economia


está diretamente relacionada com o custo-benefício.

A ênfase se dá nos resultados alcançados pela Administração Pública e não nos meios para
alcançar os resultados.

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44 (2018/CESPE/STM/Técnico Judiciário - Área Administrativa) A respeito dos princípios


da administração pública, de noções de organização administrativa e da administração direta e
indireta, julgue o item que se segue.

Embora não estejam previstos expressamente na Constituição vigente, os princípios da


indisponibilidade, da razoabilidade e da segurança jurídica devem orientar a atividade da
administração pública.

GABARITO: Correto

COMENTÁRIO:

Quando o parâmetro é a própria CF/88, apenas o LIMPE (legalidade, impessoalidade,


moralidade, publicidade e eficiência) estão expressos no tocante a princípios da administração
pública.

Assim, é correto afirmar que os princípios da indisponibilidade, da razoabilidade e da segurança


jurídica devem orientar a atividade da administração pública, ainda que não expressos no texto
constitucional no capítulo da administração pública.

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45 (2016/CESPE/TCE-SC/Auditor de Controle Externo – Direito) Em relação aos
consórcios públicos, aos princípios do direito administrativo e à organização da administração
pública, julgue o item a seguir.

De acordo com a jurisprudência do STF, em exceção ao princípio da publicidade, o acesso às


informações referentes às verbas indenizatórias recebidas para o exercício da atividade
parlamentar é permitido apenas aos órgãos fiscalizadores e aos parlamentares, dado o caráter
sigiloso da natureza da verba e a necessidade de preservar dados relacionados à intimidade e
à vida privada do parlamentar.

GABARITO: Errado

COMENTÁRIO:

Prof. Evandro Zillmer 36


DIREITO ADMINISTRATIVO FACILITADO

Segundo entendimento do STF, as verbas indenizatórias para o exercício da atividade


parlamentar têm natureza pública, não havendo razões de segurança ou de intimidade que
justifiquem genericamente seu caráter sigiloso (MS 28.178 – DJE de 8.5.2015)

Art. 5°, XXXIII - todos têm direito de receber dos órgãos públicos informações de seu
interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob
pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à
segurança da sociedade e do Estado.

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46 (2016/CESPE/INSS/Técnico do Seguro Social) Julgue o item que se segue, acerca da


administração pública.
Na análise da moralidade administrativa, pressuposto de validade de todo ato da administração
pública, é imprescindível avaliar a intenção do agente.

GABARITO: Errado.

COMENTÁRIO:

Segundo a doutrina de Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo, "A doutrina enfatiza que a
moralidade administrativa independe da concepção subjetiva (pessoal) de conduta
moral, ética, que o agente público tenha; importa, sim, a noção objetiva, embora
indeterminada, passível de ser extraída do conjunto de normas concernentes à conduta de
agentes públicos, existentes no ordenamento jurídico. O vocábulo 'objetivo', aqui, significa que
não se toma como referência um conceito pessoal, subjetivo - referente ao sujeito - de moral,
mas um conceito impessoal, geral, anônimo de moral, que pode ser obtido a partir da análise
das normas de conduta dos agentes públicos presentes no ordenamento jurídico."

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47 (2016/CESPE/INSS/Técnico do Seguro Social) Julgue o item que se segue, acerca da


administração pública.

Em decorrência do princípio da impessoalidade, as realizações administrativo-governamentais


são imputadas ao ente público e não ao agente político.

GABARITO: Correto.
COMENTÁRIO:
O princípio da impessoalidade pode ser estudado sob 3 aspectos (acepções) distintos:

1 – dever de tratamento isonômico aos administrados

Consoante a lição de Maria Sylvia Zanella Di Pietro, a Administração não pode atuar com vistas
a prejudicar ou beneficiar pessoas determinadas, uma vez que é sempre o interesse público
que tem que nortear o seu comportamento.
O princípio da impessoalidade, para fins de concurso público, pode ser confundido com o
princípio da isonomia, ou seja, eles se confundem. A realização e concurso público é
consequência da aplicação do princípio da impessoalidade/isonomia.

2 – dever de sempre satisfazer o interesse público

Prof. Evandro Zillmer 37


DIREITO ADMINISTRATIVO FACILITADO

O administrador público deve sempre buscar a satisfação do interesse público, isto é, deve
seguir a finalidade de todas a leis. O princípio da impessoalidade é sinônimo do princípio da
finalidade.

3 – imputação dos atos praticados pelos agentes públicos à pessoa jurídica em que
atuam.

Art. 37 § 1° - A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos
públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo
constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou
servidores públicos.

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47 (2016/CESPE/INSS/Técnico do Seguro Social) Julgue o item que se segue, acerca da


administração pública.

Em decorrência do princípio da impessoalidade, as realizações administrativo-governamentais


são imputadas ao ente público e não ao agente político.

GABARITO: Correto.

COMENTÁRIO:

Erra a assertiva ao afirmar que não há limites para o poder da administração de regovar seus
próprios atos. Como já vimos, o princípio da autotutela não é absoluto.

ATOS QUE NÃO PODEM SER REVOGADOS

- os atos vinculados

- os atos consumados (que exauriram os seus efeitos)

- os atos que integram um procedimento

- os atos que já geraram direitos adquiridos

- os meros atos administrativos (certidões, atestados, votos e pareceres)

---------------------------------------------------------------------------------------------------
49 (2016/FCC/TRT - 1ª REGIÃO (RJ)/Juiz do trabalho) São princípios previstos na
Constituição Federal e que devem ser obedecidos pela Administração Pública Direta e Indireta
de qualquer dos poderes da União, Estados, Distrito Federal e Municípios:

I. Pessoalidade

II. Legalidade

III. Formalidade

IV. Eficiência

Está correto o que consta em


a) I e III, apenas.

b) II e IV, apenas.

Prof. Evandro Zillmer 38


DIREITO ADMINISTRATIVO FACILITADO

c) I, II, III e IV.

d) I e IV, apenas.
e) II e III, apenas.

GABARITO: Letra B.

COMENTÁRIO:

São princípios previstos no art. 37, caput, da CF/88 o famoso LIMPE (legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência).

Assim, apenas os itens II e IV são corretos.

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50 (2016/CESPE/TRT - 8ª Região (PA e AP)/Analista Judiciário - Área


Administrativa) A respeito dos princípios da administração pública, assinale a opção correta.

a) Decorre do princípio da hierarquia uma série de prerrogativas para a administração,


aplicando-se esse princípio, inclusive, às funções legislativa e judicial.
b) Decorre do princípio da continuidade do serviço público a possibilidade de preencher,
mediante institutos como a delegação e a substituição, as funções públicas temporariamente
vagas.

c) O princípio do controle ou tutela autoriza a administração a realizar controle dos seus atos,
podendo anular os ilegais e revogar os inconvenientes ou inoportunos, independentemente de
decisão do Poder Judiciário.

d) Dado o princípio da autotutela, a administração exerce controle sobre pessoa jurídica por
ela instituída, com o objetivo de garantir a observância de suas finalidades institucionais.

e) Em decorrência do princípio da publicidade, a administração pública deve indicar os


fundamentos de fato e de direito de suas decisões.

GABARITO: Letra B.

COMENTÁRIO:

Letra a) não se aplica o princípio da hierarquia às funções legislativas e jurisdicionais. Assim,


podemos afirmar que não há hierarquia no exercício das funções legislativas e jurisdicionais.
Letra b) segundo Di Pietro, por esse princípio entende-se que o serviço público, sendo a forma
pela qual o Estado desempenha funções essenciais ou necessárias à coletividade, não pode
parar. Afirma ainda a referida autora que decorrem consequências como a necessidade
de institutos como a suplência, a delegação e a substituição para preencher as
funções públicas temporariamente vagas.

Letra c) o princípio da autotutela (não do controle ou tutela) autoriza a administração a


realizar controle dos seus atos, podendo anular os ilegais e revogar os inconvenientes e
inoportunos, independentemente de decisão do Poder Judiciário.
Letra d) pelo princípio da tutela a administração exerce controle sobre pessoa jurídica por ela
instituída, com o objetivo de garantir a observância de suas finalidades institucionais.

Letra e) em decorrência do princípio da motivação, a administração pública deve indicar os


fundamentos de fato e de direito de suas decisões.

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51 (2016/CESPE/TRT - 8ª Região (PA e AP)/Técnico Judiciário - Área Administrativa)
A respeito dos princípios da administração pública, assinale a opção correta.
a) Em decorrência do princípio da autotutela, apenas o Poder Judiciário pode revogar atos
administrativos.

b) O princípio da indisponibilidade do interesse público e o princípio da supremacia do interesse


público equivalem-se.

c) Estão expressamente previstos na CF o princípio da moralidade e o da eficiência.

d) O princípio da legalidade visa garantir a satisfação do interesse público.

e) A exigência da transparência dos atos administrativos decorre do princípio da eficiência.


GABARITO: Letra C

COMENTÁRIO:

Letra a) em decorrência do princípio da autotutela, apenas a própria administração que


editou o ato pode revogá-lo, o poder judiciário poderá apenas anulá-lo, verificando aspectos
de legalidade do ato.

Letra b) está errado afirmar que esses dois princípios são equivalentes. No princípio da
supremacia do interesse público sobre o privado há privilégios para a administração pública,
enquanto que no princípio da indisponibilidade do interesse público há restrições à
administração pública.

Letra c) realmente os princípios da moralidade e da eficiência estão expressamente previstos


na CF/88.

Letra d) é o princípio da impessoalidade, na sua vertente finalidade é que visa garantir a


satisfação do interesse público.

Letra e) a exigência da transparência dos atos administrativos decorre do princípio da


publicidade.

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52 (2018/CESPE/STM/Técnico Judiciário - Área Administrativa) A respeito dos princípios
da administração pública, de noções de organização administrativa e da administração direta e
indireta, julgue o item que se segue.

O princípio da impessoalidade está diretamente relacionado à obrigação de que a autoridade


pública não dispense os preceitos éticos, os quais devem estar presentes em sua conduta.

GABARITO: Errado

COMENTÁRIO:

O princípio da moralidade é que está diretamente relacionado à obrigação de que a autoridade


pública não dispense os preceitos éticos, os quais devem estar presentes em sua conduta.

Resumidamente, o princípio da impessoalidade:

- busca tratar todos de forma isonômica (princípio da isonomia)

- busca os interesses da coletividade (princípio da finalidade)

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- veda a promoção pessoal do agente público.

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53 (2016/FCC/TRT - 23ª REGIÃO (MT)/Analista Judiciário - Área Administrativa)


Manoela foi irregularmente investida no cargo público de Analista do Tribunal Regional do
Trabalho da 23ª Região, tendo, nessa qualidade, praticado inúmeros atos administrativos. O
Tribunal, ao constatar o ocorrido, reconheceu a validade dos atos praticados, sob o fundamento
de que os atos pertencem ao órgão e não ao agente público. Trata-se de aplicação específica
do princípio da

a) impessoalidade.

b) eficiência.
c) motivação.

d) publicidade.

e) presunção de veracidade.

GABARITO: Letra A
COMENTÁRIO:

Segundo a professora Di Pietro, uma outra importante aplicação do princípio da


impessoalidade encontra-se em matéria de exercício de fato, quando se reconhece
validade aos atos praticados por funcionário irregularmente investido no cargo ou função,
sob o fundamento de que os atos são do órgão e não do agente público.

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54 (2018/CESPE/ABIN/Oficial Técnico de Inteligência) Julgue o item que se segue, a


respeito de aspectos diversos relacionados ao direito administrativo.

O núcleo do princípio da eficiência no direito administrativo é a procura da produtividade e


economicidade, sendo este um dever constitucional da administração, que não poderá ser
desrespeitado pelos agentes públicos, sob pena de responsabilização pelos seus atos.

GABARITO: Correto.
COMENTÁRIO:
Questão retirada do Livro "Manual de Direito Administrativo" de Carvalho Filho:

"O núcleo do princípio (eficiência) é a procura de produtividade e economicidade [...] Trata-se,


na verdade, de dever constitucional da Administração, que não poderá desrespeitá-lo, sob pena
de serem responsabilizados os agentes que derem causa à violação."

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55 (2016/CESPE/TRE-PI/Técnico de Administração) Determinada autoridade


administrativa deixou de anular ato administrativo ilegal, do qual decorriam efeitos favoráveis
para seu destinatário, em razão de ter decorrido mais de cinco anos desde a prática do ato,
praticado de boa-fé. Nessa situação hipotética, a atuação da autoridade administrativa está
fundada no princípio administrativo da

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a) tutela.

b) moralidade.
c) segurança jurídica.

d) legalidade.

e) especialidade.

GABARITO: Letra C

COMENTÁRIO:

O Cespe adora a professora Di Pietro, veja o que a doutrinadora dispõe sobre cada um dos
princípios:

Letra a) Tutela: em consonância com o qual a Administração Pública direta fiscaliza as


atividades dos referidos entes, com o objetivo de garantir a observância de suas finalidades
institucionais.

Letra b) Moralidade: Em resumo, sempre que em matéria administrativa se verificar que o


comportamento da Administração ou do administrado que com ela se relaciona juridicamente,
embora em consonância com a lei, ofende a moral, os bons costumes, as regras de boa
administração, os princípios de justiça e de equidade, a ideia comum de honestidade, estará
havendo ofensa ao princípio da moralidade administrativa.

Letra c) É o nosso gabarito. Segurança Jurídica: A segurança jurídica tem muita relação
com a ideia de respeito à boa-fé.
Se a Administração adotou determinada interpretação corno a correta e a aplicou a casos
concretos, não pode depois vir a anular atos anteriores, sob o pretexto de que os mesmos
foram praticados com base em errônea interpretação.

Se o administrado teve reconhecido determinado direito com base em interpretação adotada


em caráter uniforme para toda a Administração, é evidente que a sua boa-fé deve ser
respeitada.

Se a lei deve respeitar o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada, por respeito
ao princípio da segurança jurídica, não é admissível que o administrado tenha seus direitos
flutuando ao sabor de interpretações jurídicas variáveis no tempo.
Letra d) Legalidade: Isto porque a lei, ao mesmo tempo em que os define, estabelece
também os limites da atuação administrativa que tenha por objeto a restrição ao exercício de
tais direitos em benefício da coletividade. É aqui que melhor se enquadra aquela ideia de que,
na relação administrativa, a vontade da Administração Pública é a que decorre da lei. Segundo
o princípio da legalidade, a Administração Pública só pode fazer o que a lei permite.

Letra e) Especialidade: concernente à ideia de descentralização administrativa. Quando o


Estado cria pessoas jurídicas públicas administrativas - as autarquias - como forma de
descentralizar a prestação de serviços públicos, com vistas à especialização de função, a lei
que cria a entidade estabelece com precisão as finalidades que lhe incumbe atender, de tal
modo que não cabe aos seus administradores afastar-se dos objetivos definidos na lei; isto
precisamente pelo fato de não terem a livre disponibilidade dos interesses públicos.

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56 (2016/CESPE/TRE-PI/Técnico de Administração) O regime jurídico-administrativo


caracteriza-se
a) pelas prerrogativas e sujeições a que se submete a administração pública.

b) pela prevalência da autonomia da vontade do indivíduo.


c) por princípios da teoria geral do direito.

d) pela relação de horizontalidade entre o Estado e os administrados.

e) pela aplicação preponderante de normas do direito privado.

GABARITO: Letra A

COMENTÁRIO:

O Regime Jurídico-administrativo é um conjunto de prerrogativas e sujeições concedido à


Administração Pública, para melhor cumprimento dos interesses públicos.
Portanto correta a alternativa A.

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57 (2018/CESPE/ABIN/Oficial Técnico de Inteligência) Julgue o item que se segue, a


respeito de aspectos diversos relacionados ao direito administrativo.

São considerados princípios informativos da atividade administrativa a legalidade e a supremacia


do interesse público, sendo o primeiro mencionado na Constituição vigente, e o segundo,
fundamentado nas próprias ideias do Estado em favor da defesa, da segurança e do
desenvolvimento da sociedade.

GABARITO: Correto.

COMENTÁRIO:

A grande maioria dos doutrinadores considera que a base do regime jurídico administrativo é
formada pelos princípios da Supremacia do Interesse Público sobre o Privado e Indisponibilidade
do Interesse Público.

Porém, Di Pietro considera que a base da atividade administrativa é formada pelos princípios
da legalidade e da supremacia do interesse público sobre o privado. No caso, o Cespe adotou
o entendimento da referida professora.
Por fim, é correto afirmar que o princípio da legalidade está mencionado na Constituição vigente
(art. 37, caput) e o segundo é implícito e fundamentado nas próprias ideias do Estado em favor
da defesa, da segurança e do desenvolvimento da sociedade.

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58 (2018/CESPE/TCM-BA/Auditor) A administração possui posição de superioridade em


relação aos administrados, além de possuir prerrogativas e obrigações que não são extensíveis
aos particulares. Além disso, os assuntos públicos possuem preferência em relação aos
particulares. Essas características da administração pública decorrem do princípio da

a) supremacia do interesse público, previsto expressamente na legislação ordinária.

b) presunção de legitimidade, previsto implicitamente na Constituição Federal e na legislação


ordinária.

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c) supremacia do interesse público, previsto implicitamente na Constituição Federal e


expressamente na legislação ordinária.
d) legalidade, previsto expressamente na Constituição Federal e na legislação ordinária.

e) segurança jurídica, previsto expressamente na Constituição Federal.


GABARITO: Letra C

COMENTÁRIO:

Significa que a Administração Pública é colocada em posição VERTICAL (diferenciada) quando


comparada aos particulares, ou seja, ela possuirá prerrogativas (privilégios). No caso de
confronto entre o interesse individual e o público, será o público que prevalecerá.

É princípio implícito da Administração Pública, pois não está expresso na CF/88. No entanto,
é princípio expresso na legislação ordinária, art. 2º da Lei n. 9.7984/99.

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59 (2018/CESPE/STJ/Analista Judiciário - Área Administrativa) Em relação aos


princípios aplicáveis à administração pública, julgue o próximo item.
A indicação dos fundamentos jurídicos que determinaram a decisão administrativa de realizar
contratação por dispensa de licitação é suficiente para satisfazer o princípio da motivação.

GABARITO: Errado.

COMENTÁRIO:
De acordo com o art. 50 da Lei n. 9.784/99, os atos administrativos que dispensem ou declarem
a inexigibilidade de processo licitatório deverão ser motivados com indiciação dos fatos e
dos fundamentos jurídicos. Com efeito, a indiciação dos fundamentos jurídicos não é
suficiente, sendo também necessário indicar os fundamentos fáticos.

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60 (2018/CESPE/STJ/Analista Judiciário - Área Judiciária) Considerando a doutrina e a


jurisprudência dos tribunais superiores no tocante aos princípios administrativos e a licitação,
julgue o item que se segue.
Embora sem previsão expressa no ordenamento jurídico brasileiro, o princípio da confiança
relaciona-se à crença do administrado de que os atos administrativos serão lícitos e, portanto,
seus efeitos serão mantidos e respeitados pela própria administração pública.

GABARITO: Correto.

COMENTÁRIO:

Exato, Segundo a doutrina de Di Pietro, o princípio da proteção à confiança (ou princípio da


segurança jurídica) leva em conta a boa-fé do cidadão, que acredita e espera que os atos
praticados pelo Poder Público sejam lícitos e, nessa qualidade, serão mantidos pela propria
administração.

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61 (2018/CESPE/STJ/Analista Judiciário - Oficial de Justiça Avaliador) Acerca dos


princípios e dos poderes da administração pública, da organização administrativa, dos atos e do
controle administrativo, julgue o item a seguir, considerando a legislação, a doutrina e a
jurisprudência dos tribunais superiores.

Situação hipotética: O prefeito de determinado município promoveu campanha publicitária para


combate ao mosquito da dengue. Nos panfletos, constava sua imagem, além do símbolo da sua
campanha eleitoral.

Assertiva: No caso, não há ofensa ao princípio da impessoalidade.

GABARITO: Errado.

COMENTÁRIO:

No caso, o ato do prefeito afrontou claramente o princípio da impessoalidade, que proíbe


a utilização de símbolos e imagens pessoais nos atos administrativos como forma de promover
o agente público.

Essa proibição encontra-se expressa no § 1º do art. 37 da CF/88:

“A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá
ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes,
símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou
servidores públicos.”

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62 (2018/CESPE/STJ/Analista Judiciário - Área Administrativa) Em relação aos
princípios aplicáveis à administração pública, julgue o próximo item.

Em decorrência do princípio da segurança jurídica, é proibido que nova interpretação de norma


administrativa tenha efeitos retroativos, exceto quando isso se der para atender o interesse
público.

GABARITO: Errado.

COMENTÁRIO:

A lei 9.784/99, em seu art. 2° Parágrafo único assevera que nos processos administrativos
serão observados, entre outros, os critérios de: XIII - interpretação da norma administrativa
da forma que melhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige, vedada aplicação
retroativa de nova interpretação.
Perceba que a lei não traz a exceção disposta na asservita. Assim, é proibido que nova
interpretação de norma administrativa tenha efeitos retroativos, mesmo quando isso se der
para atender o interesse público.

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63 (2018/CESPE/STJ/Analista Judiciário - Área Administrativa) Em relação aos


princípios aplicáveis à administração pública, julgue o próximo item.

O princípio da proporcionalidade, que determina a adequação entre os meios e os fins, deve ser
obrigatoriamente observado no processo administrativo, sendo vedada a imposição de
obrigações, restrições e sanções em medida superior àquelas estritamente necessárias ao
atendimento do interesse público.

GABARITO: Correto.

Prof. Evandro Zillmer 45


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COMENTÁRIO:

Mais uma vez o Cespe trouxe uma questão tratando da Lei n. 9.784/99 (lei do processo
administrativo federal):

Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade,


finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa,
contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência.

VI – adequação entre meios e fins, vedada a imposição de obrigações, restrições e sanções em


medida superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse público;

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