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APARATO CRÍTICO (APPARATUS CRITICUS)

Registo das variantes que o editor considerou terem modificado o texto durante a
sua transmissão, acompanhadas de anotações do mesmo editor. Enquanto a
verdadeira proposta editorial, na edição crítica, ocupa a mancha central da página e
constitui o seu texto crítico, as variantes consideradas não originais, geradas pela
tradição, ocupam um lugar marginal, normalmente o rodapé, e formam o aparato
de variantes que, acompanhado de notas justificativas, se chama aparato crítico. A
análise do aparato crítico permite acompanhar a metodologia de trabalho do editor,
ficando expostas quer as escolhas que ele não fez ao constituir o texto crítico, quer
o grau de complexidade do trabalho de recensão de testemunhos. Um aparato
exaustivo quanto à relação dos testemunhos que contêm a lição do texto, e quanto
àqueles que contêm variantes desprezadas, tem o nome de aparato positivo,
enquanto que um aparato omisso quanto aos testemunhos que não divergem, em
cada lugar, da versão editada é um aparato negativo. Havendo algumas tradições
de texto muito ricas em termos de variação gráfica e morfológica, as variantes
assim geradas (variantes acidentais) podem não chegar a figurar no aparato crítico,
sendo apenas mencionadas no estudo preliminar da edição. As variantes que
atingem níveis como o léxico, a sintaxe e o discurso, dada a sua utilidade para a
identificação do percurso do texto, são já consideradas variantes substantivas e
figuram obrigatoriamente no aparato crítico.

DISPOSITIF

Bib.: Alberto Blecua: Manual de Crítica Textual (1983); Ivo Castro: "Filologia",
Enciclopédia Biblos (em publicação); Miguel Ángel Pérez Priego: La Edición de
Textos (1997); Phil Rosen (ed.): Apparatus, Ideology (1986); Theresa Hak Kyung
Cha (ed.): Apparatus (1980).

Rita Marquilhas

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