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Ae Bg10 Teste Avaliacao 1
Ae Bg10 Teste Avaliacao 1
Grupo I
Há mais de cinco décadas que se investigam os sedimentos dos fundos oceânicos, assim como os
microfósseis aí presentes. Recentemente, uma equipa internacional de investigadores recorreu a estes
vestígios para estudar os padrões do clima nos últimos 66 milhões de anos (Ma). Os cientistas reconstruíram e
analisaram as alterações climáticas globais examinando as evidências preservadas em isótopos de oxigénio e
de carbono (18O e 13C, respetivamente) obtendo informações relativas às paleotemperaturas dos mares
profundos, aos volumes globais de gelo e ao ciclo do carbono. Estes isótopos são armazenados em conchas de
microrganismos unicelulares dos fundos marinhos, os foraminíferos. Estas conchas são formadas por
precipitação de carbonato1, pelo que, ao incorporar este elemento, os foraminíferos criam uma “impressão
digital química” da água do mar. Assim, ficam registadas alterações nos ciclos do carbono e do oxigénio,
influenciados pela temperatura e nível do mar. A velocidade de deposição de material no fundo marinho é de
cerca de 1 centímetro/1000 anos, pelo que o clima global vai ficando gravado, de forma lenta mas precisa, nas
profundezas do oceano.
Estes estudos resultaram numa nova curva de referência climática (figura 1), a partir de 14 registos de
perfuração oceânica de 12 laboratórios internacionais e de arquivos do solo oceânico recolhido na Antártida
desde 1966.
Foram detetadas nas conchas pequenas variações na proporção de carbono, que estão diretamente ligadas
à biosfera e ao ciclo global do carbono: a emissão de CO 2 para a atmosfera, por fenómenos naturais como
erupções vulcânicas, conduz ao aumento da dissolução deste gás no oceano.
1 CO 32
carbonato - substância mineral que apresenta na sua composição química o ião .
Quantidade de 18O
(unidades simplificadas) –2
65 35 0
Idade (Ma)
Figura 1- Variação do isótopo 18O registado em sedimentos marinhos desde há 65 Ma até ao presente.
Baseado em www.publico.pt (consultado em setembro de 2020), Westerhold, T. et al. (2020) An astronomically dated
record of Earth’s climate and its predictability over the last 66 million years, Science
1
Nas questões de 1. a 3., selecione a opção que completa corretamente as afirmações.
2. As rochas sedimentares que englobam restos de seres vivos, como conchas, e as rochas formadas por
clastos denominam-se, respetivamente,
(A) detríticas e biogénicas. (C) biogénicas e detríticas.
(B) quimiogénicas e detríticas. (D) detríticas e quimiogénicas.
3. A proporção entre isótopos instáveis e isótopos estáveis informa sobre a idade da estrutura em que
estes são encontrados. A datação baseada em radioisótopos
(A) é uma técnica de datação relativa, que permite atribuir um valor numérico à idade da rocha ou da
estrutura a ser datada.
(B) apenas pode ser utilizada de forma segura na datação de rochas magmáticas e sedimentares.
(C) admite que o tempo de semivida de um par de isótopos é igual a metade do tempo de vida dos
isótopos-pai.
(D) é fiável pois a variação da proporção isótopos-pai/isótopos-filho não é afetada pela variação das
condições ambientais.
2
8. Tendo em conta a velocidade de deposição de sedimentos no fundo oceânico
(A) é previsível que esta aumente com o aumento da temperatura do oceano.
(B) serão necessários 100 000 anos para a formação de uma camada de sedimentos com 1 metro de
espessura.
(C) é possível determinar com exatidão as variações nas correntes mais profundas desde o Mesozoico.
(D) os cientistas conseguiram determinar a idade da Terra.
9. Justifique a afirmação: “A deposição de sedimentos nos fundos marinhos pode enquadrar-se numa
perspetiva uniformitarista”.
10.1 Indique, utilizando os dados da figura 1, qual a relação entre a quantidade de 18O identificada nos
sedimentos do fundo oceânico e a temperatura global do planeta.
10.2. Relacione a queima de combustíveis fósseis com um estado climático futuro sem glaciares.
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Grupo II
O Maciço Calcário Estremenho (MCE) é constituído essencialmente por rochas calcárias que se apresentam
sobrelevadas por atuação de movimentos tectónicos. O maciço inclui toda a área do Parque Natural das Serras
de Aire e Candeeiros (figuras 1 e 2).
O património geológico do MCE é notável, quer a nível nacional, quer a nível internacional, destacando-se
as jazidas com pegadas de dinossáurios da Pedreira do Galinha e a jazida com fósseis de equinodermes 1 do
Cabeço da Ladeira.
A paisagem é dominada por campos de lapiás, formados devido à interação da água com as rochas
carbonatadas. Nestas regiões também abundam depressões fechadas com vertentes rochosas (covões) que
apresentam o fundo coberto por solos vermelhos (terra rossa) resultante da deposição de argilas do calcário. A
água penetra nas fissuras da rocha e alarga-as, formando grandes corredores ou poços naturais, designados
algares. Foi num desses algares que alguns habitantes de Mira de Aire descobriram, em 1947, um conjunto
fascinantes de grutas, que pertencem a um conjunto de mais de 1500 grutas que cruzam o interior do maciço.
Estas grutas são habitat para diversas espécies, nomeadamente morcegos insetívoros, e as suas águas
constituem talvez um dos maiores reservatórios de água subterrânea do país.
Na sua maior parte, estas regiões são áridas mas em depressões denominadas dolinas, é ancestral o cultivo
de espécies como o milho, a batata e outras espécies resistentes.
Além dos calcários, existem na zona aluviões2 e rochas associadas a episódios vulcânicos, como os basaltos.
O MCE integra a Bacia Lusitânica, localizada no bordo oeste da microplaca ibérica, com origem associada a
episódios que levaram à abertura do Oceano Atlântico durante o Mesozoico. No final desta Era, a microplaca
ibérica colidiu com as placas africana e Euro-asiática, mantendo esse regime tectónico até à atualidade.
1
equinoderme - animal invertebrado marinho com espinhos e pés ambulacrários (ouriço-do-mar, estrela-do-mar).
2
aluvião - matéria acumulada (areias, terras, lodo) por ação das correntes fluviais, formando um terreno.
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Nas questões de 1. a 5., selecione a opção que completa corretamente as afirmações.
4. As grutas calcárias, de que é exemplo a Gruta de Mira De Aire, são _______ e são importantes _______ .
(A) relativamente raras no MCE (...) habitats para diversos seres vivos
(B) abundantes no MCE (...) fontes de recursos hídricos
(C) constituídas por terra rossa (...) locais de estudos geológicos
(D) constituídas por algares (...) jazidas fossilíferas
6. A litologia de determinada região tem influência nas características da água, nomeadamente a sua
“dureza”, a qual se deve à concentração de iões, como o Ca 2+, presentes na água.
0-75 Macia
150-300 Dura
Fonte: https://web.fe.up.pt/
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6.1. Classifique as águas do MCE quanto à dureza e concentração em CaCO 3 (mg/L), tendo em conta a sua
localização geográfica.
a) b) c)
d) e)
1. litosfera 1. biosfera
2. atmosfera 2. hidrosfera
3. hidrosfera 3. litosfera
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10. A fossilização é um processo complexo, que depende não só das características dos próprios seres vivos
mas também das condições termodinâmicas do ambiente.
Relacione a abundância de fósseis no MCE com o tipo de rocha que caracteriza a região.
Grupo III
Texto 1
Alfred Wegener propôs, em 1912, a existência de um supercontinente que no passado incluiu todas as
massas continentais da Terra. Meio século depois, Tuzo Wilson apresentou evidências de que o “Atlântico”
terá fechado e aberto aproximadamente no mesmo local, e em finais dos anos 1970 existiam já várias
evidências da existência de outros supercontinentes, favorecendo a ideia de ciclicidade na dispersão e na
agregação dos continentes ao longo da história da Terra.
Os designados superciclos (ciclos de larga escala temporal) implicam a dispersão e agregação de
praticamente todas as massas continentais, de que são exemplos a formação da Rodínia (há cerca de 1 100
Ma) e da Pangeia (há cerca de 250 Ma). Em escalas um pouco menores, ocorre o denominado Ciclo de Wilson,
que este investigador dividiu em fases (figura 1). Ainda que nem todos os fenómenos de fecho oceânico
tenham resultado na formação de supercontinentes, os dois processos estão intimamente relacionados.
Devido à escassez de dados e ao reduzido número de superciclos que ocorreram até ao presente, não há
certezas relativamente a uma possível periodicidade, mas pensa-se que a formação de supercontinentes possa
ocorrer a cada 600 a 300 Ma.
Atualmente, é possível observar a maioria das fases do ciclo de Wilson (por exemplo, no rifte continental na
zona este-africana ou nas zonas de subducção em redor do Pacífico), mas ainda remanescem dúvidas
relativamente ao mecanismo de formação de zonas de subducção em oceanos prístinos 1 como o Atlântico.
1
prístino- antigo, primitivo.
3. Comparando a idade média de rochas da crusta oceânica com a de rochas da crusta continental,
verifica-se que
(A) as primeiras são mais antigas.
(B) as primeiras são mais recentes.
(C) as rochas nos fundos oceânicos apresentam mais de 600 Ma de idade.
(D) não se registam diferenças significativas entre elas, pois a atividade tectónica em zonas oceânicas e em
zonas continentais é comparável.
6. O termo tectónica deriva de uma palavra grega, τεκτονικός, que deu origem à palavra latina tectonicus,
significando “construção”.
Compare os limites conservativos com os limites construtivos das placas litosféricas, tendo em conta a sua
atividade tectónica.
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Texto 2
A generalidade dos autores defende que o Pacífico será o próximo oceano a fechar. Mas, o facto do
Atlântico estar em fase de abertura há cerca de 200 Ma e em média, a crusta oceânica apresentar,
atualmente, cerca de 60 Ma de idade, fortalece a hipótese de que este oceano poderá fechar aquando do
fecho do Pacífico.
Têm sido apontadas algumas hipóteses para a evolução futura da distribuição das massas continentais
terrestres, com a formação de novos supercontinentes:
Hipótese 1 – Novopangaea, por fecho do Pacífico e abertura do Atlântico;
Hipótese 2 – Pangaea Proxima, por fecho do Atlântico e manutenção do Pacífico;
Hipótese 3 – Amasia, por migração das placas Norte-americana e Euro-asiática para norte, juntando-se
próximo do Polo Norte.
Todas estas hipóteses pressupõem o crescimento do Atlântico e/ou do Pacífico durante os próximos 100 a
400 Ma. Tendo em conta estes dados e as velocidades médias atuais das placas, uma equipa que integra os
investigadores portugueses João Duarte e Filipe Rosas apresentou a proposta de formação de um novo
supercontinente dentro de aproximadamente 300 Ma, com a Australia e a América no centro (figura 2). Este
supercontinente recebeu o nome de Aurica e pressupõe a formação, no futuro, de um novo limite a partir do
sudoeste da Península Ibérica (figura 3).
Evolução do SO da Ibéria
Oligoceno ~ 30 Ma Presente Futuro ~ 20 Ma
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Baseado em www.ametsoc.org (consultado em setembro 2020) e Duarte, J., Schellart, W., Rosas, F. (2018) The future
of Earth's oceans: consequences of subduction initiation in the Atlantic and implications for supercontinent formation.
Geological Magazine
Nas questões de 7. a 11., selecione a opção que completa corretamente as afirmações.
12. Lystrosaurus e Cynognathus eram espécies de répteis terrestres que viveram há cerca de 250 Ma, cujos
fósseis apresentam uma distribuição geográfica peculiar.
Explique a importância da descoberta de fósseis de animais que ocupavam ambientes terrestres para a
reconstituição dos movimentos das placas litosféricas, ao longo da história da Terra.
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