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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 2
UNIDADE 1 – CONCEITOS, DEFINIÇÕES E IMPORTÂNCIA DA ARTETERAPIA .. 6
UNIDADE 2 – SURGIMENTO E EVOLUÇÃO DA ARTETERAPIA.......................... 13
2.1 ARTETERAPIA NO MUNDO .................................................................................... 13
2.2 ARTETERAPIA NO BRASIL – OSÓRIO CÉSAR .......................................................... 19
2.3 O TRABALHO DE NISE DA SILVEIRA ....................................................................... 21
UNIDADE 3 – OBJETIVOS, FUNÇÕES E LINHAS DE ATUAÇÃO ......................... 25
3.1 PRESSUPOSTOS FUNDAMENTAIS DA ARTETERAPIA ................................................ 25
3.2 POSSIBILIDADES E OBJETIVOS DA ARTETERAPIA .................................................... 27
3.3 BENEFÍCIOS, APLICAÇÃO E ROTINA DE PROCEDIMENTOS DA ARTETERAPIA ............... 29
UNIDADE 4 – A FORMAÇÃO DO ARTETERAPEUTA............................................ 33
UNIDADE 5 – A ÉTICA EM ARTETERAPIA ............................................................ 39
CÓDIGO DE ÉTICA DOS ARTETERAPEUTAS ...................................................... 44
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 49
2

INTRODUÇÃO

A arte é ao mesmo tempo, expressão e comunicação, e se voltarmos nossas


memórias ao passado mais remoto do homem, veremos de imediato à nossa frente
aqueles “rabiscos” nas pedras e nas cavernas: a primeira manifestação de
comunicação do homem e um legado que nos faz conhecer os percursos que
nossos ancestrais caminharam ao longo da evolução.

Figura 1: Desenho rupestre – cavernas do Piauí.


Fonte: http://sabermaisarte.blogspot.com.br/2015/04/arte-pre-historica.html

Com certeza essa arte rupestre, muito antes da escrita, foi a primeira
maneira, inconsciente que seja, do ser humano retratar e comunicar sua forma
cotidiana de vida.
De acordo com Foucault (1978), a arte para o homem pré-histórico teria um
sentido mágico, referia-se ao mundo invisível dos espíritos. Talvez o temor, ou uma
forma de controle da natureza fez o homem construir utensílios, moradias, entre
outros. A arte foi associada à forma e função, o trabalho do homem como
construção de sua própria cultura. No mundo árabe, em hospitais destinados
somente a loucos, por volta do século XII, eram utilizadas manifestações artísticas
como dança, música, narrativas de contos e espetáculos como forma de cura da
alma.

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
3

Disso podemos inferir que a arte é uma representação, é dizer um fato, um


evento por meio de outra forma.
E Arteterapia?
A Associação Brasileira de Arteterapia (2009), a define como um modo de
trabalhar utilizando a linguagem artística como base da comunicação cliente-
profissional. Sua essência seria a criação estética e a elaboração artística em prol
da saúde.
Como campo específico do conhecimento, a Arteterapia firma-se nos
Estados Unidos, em 1940, com o trabalho de Margareth Nauberg, conhecida como a
“mãe” da Arteterapia por estabelecer as fundamentações teóricas para seu
desenvolvimento, além de demarcá-la como área do saber.
A Arteterapia é um dispositivo terapêutico que absorve saberes das diversas
áreas do conhecimento, constituindo-se como uma prática transdisciplinar, visando
resgatar o homem em sua integralidade através de processos de autoconhecimento
e transformação. Esse mecanismo seria então um caminho para o sujeito perceber
as possibilidades de expressão, a construção e a reconstrução de suas dificuldades
de relacionar-se consigo e com o mundo, por meio de técnicas e materiais artísticos
(COQUEIRO; FERNANDES, 2011).
Para uma prática ser nomeada como Arteterapia, é necessário que esteja
presente no contexto arteterapêutico, o seguinte triângulo (CARVALHO, 2006) é
composto pelo processo expressivo ou pela produção, pelo indivíduo que participa
do processo e pelo arteterapeuta:

Figura 2: Processo expressivo/produção.


Fonte: SEI (2010, p. 8).

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direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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Da breve introdução acima, podemos perceber que o módulo tratará do


surgimento, evolução, história e fundamentos da Arteterapia, seus objetivos, a
formação do profissional da área e a ética que permeia o trabalho do arteterapeuta.
Desejamos boa leitura e bons estudos, mas antes algumas observações se
fazem necessárias:
1) Ao final do módulo, encontram-se muitas referências utilizadas
efetivamente e outras somente consultadas, principalmente artigos retirados da
World Wide Web (www), conhecida popularmente como Internet, que devido ao
acesso facilitado na atualidade e até mesmo democrático, ajudam sobremaneira
para enriquecimentos, para sanar questionamentos que por ventura surjam ao longo
da leitura e, mais, para manterem-se atualizados.
2) Deixamos bem claro que esta composição não se trata de um artigo
original1, pelo contrário, é uma compilação do pensamento de vários estudiosos que
têm muito a contribuir para a ampliação dos nossos conhecimentos. Também
reforçamos que existem autores considerados clássicos que não podem ser
deixados de lado, apesar de parecer (pela data da publicação) que seus escritos
estão ultrapassados, afinal de contas, uma obra clássica é aquela capaz de
comunicar-se com o presente, mesmo que seu passado datável esteja separado
pela cronologia que lhe é exterior por milênios de distância.
3) Em se tratando de Jurisprudência, entendida como “Interpretação
reiterada que os tribunais dão à lei, nos casos concretos submetidos ao seu
julgamento” (FERREIRA, 2005)2, ou conjunto de soluções dadas às questões de
direito pelos tribunais superiores, algumas delas poderão constar em nota de rodapé
ou em anexo, a título apenas de exemplo e enriquecimento.
4) Por uma questão ética, a empresa/instituto não defende posições
ideológico-partidária, priorizando o estímulo ao conhecimento e ao pensamento
crítico.
5) Pedimos compreensão por usar a lógica ocidental tradicional que funciona
como uma divisão binária: masculino x feminino, macho x fêmea ou homem x

1
Trabalho inédito de opinião ou pesquisa que nunca foi publicado em revista, anais de congresso ou
similares.
2
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Eletrônico Aurélio. Versão 5.0. Editora
Positivo, 2005.
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direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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mulher, mas na medida do possível iremos nos adequando à identidade de gênero,


cientes de que no mundo atual as pessoas tem liberdade de se expressarem de
forma tão diversa e plural e que o respeito à singularidade e a tolerância de cada
indivíduo torna-se fator de extrema importância.
6) Sabemos que a escrita acadêmica tem como premissa ser científica, ou
seja, baseada em normas e padrões da academia, portanto, pedimos licença para
fugir um pouco às regras com o objetivo de nos aproximarmos de vocês e para que
os temas abordados cheguem de maneira clara e objetiva, mas não menos
científicos.
Por fim:
7) Deixaremos em nota de rodapé, sempre que necessário, o link para
consulta de documentos e legislação pertinente ao assunto, visto que esta última
está em constante atualização. Caso esteja com material digital, basta dar um Ctrl +
clique que chegará ao documento original e ali encontrará possíveis leis
complementares e/ou outras informações atualizadas. Caso esteja com material
impresso e tendo acesso à Internet, basta digitar o link e chegará ao mesmo local.

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UNIDADE 1 – CONCEITOS, DEFINIÇÕES E IMPORTÂNCIA


DA ARTETERAPIA

Para começo de conversa, precisamos entender que a Arteterapia cuida do


ser humano na sua essência, integrando as áreas básicas: neurológica, cognitiva,
afetiva e emocional, aprimorando as funções egóicas como percepção, atenção,
memória, pensamento, capacidade de previsão, exploração, execução, controle da
ação, além de sua função social (FRANCISQUETTI, 2004 apud CIORNAI, 2004).
Também precisamos desfazer alguns pontos que passam pelo senso
comum: costuma-se confundir Arteterapia com Terapia Ocupacional, ou artesanato,
ou ainda Arte-Educação, colocando os usuários para desenhar e pintar unicamente.
Alguns professores de Artes, muitas pessoas leigas, outras que produzem
algum tipo de Arte ou Artesanato, muitas vezes se intitulam, de forma equivocada,
“Arteterapeutas”. Por conta disso, muitas pessoas se perdem em informações
erradas, acreditando que Arteterapia, como tantas outras técnicas consideradas
alternativas, é uma espécie de curandeirismo (OLIVER, 2008).
Enquanto a Arte Educação ensina Arte, a Arteterapia possui a finalidade de
propiciar mudanças psíquicas, assim como a expansão da consciência, a
reconciliação de conflitos emocionais, o autoconhecimento e o desenvolvimento
pessoal. A Arteterapia tem também o objetivo de facilitar a resolução de conflitos
interiores e o desenvolvimento da personalidade.

Figura 3: Arte, Educação e Terapia.


Fonte: https://i.ytimg.com/vi/qGpwE5yCG2g/maxresdefault.jpg

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Devemos fazer uma reflexão entre essas duas áreas que estabelecem
fronteira com a arte e entre si. Ambas, Arteterapia e Arte/Educação, agregam dois
campos do saber, formando um terceiro, não apenas um somatório de
conhecimentos, mas a manifestação de algo com contornos próprios (MENEZES,
2013).
Arte/Educação e Arteterapia são campos que se tocam, áreas distintas e
permeadas, em cujas fronteiras se formam tensões podendo dialogar sob o viés de
determinadas concepções teóricas. Duarte (2005), inspirado no Filósofo Gilles
Deleuze, se refere à fronteira como construções simbólicas produzidas social e
historicamente que carregam características de mutação e subversão, nas quais
regem os princípios de relatividade, multiplicidade e reciprocidade. Pode-se dizer
que Arteterapia e Arte/Educação são áreas fronteiriças, já que preservam sua
identidade, porém regiões de fronteira não estão livres de contaminação. Para
Duarte (2005), “Fronteiras são sítios da exacerbação e do excesso, onde limites são
ultrapassados, novas dimensões descobertas, e reordenamentos encaminhados”.
No entanto, a Arteterapia é:

uma profissão assistencial ao ser humano. Ela oferece oportunidade de


exploração de problemas e de potencialidades pessoais, por meio das
expressões verbal e não verbal e do desenvolvimento de recursos físicos,
cognitivos e emocionais, bem como a aprendizagem por meio de
experiências terapêuticas com linguagens artísticas variadas (FABIETTI,
2004, p 18).

A Arteterapia, ao contrário da visão cartesiana, possuindo uma abordagem


sistêmica, vem auxiliando muitos profissionais das áreas da Saúde e da Educação
nas tarefas de compreensão e elaboração de alguns conteúdos emocionais
presentes em todas as etapas da vida, oferecendo subsídios para que os sujeitos
desenvolvam, durante o processo, um olhar que permita a adoção de novas
posturas de leitura de mundo, dedicando-se à construção de uma existência mais
gratificante (VASQUES, 2009).
Tratando-se de uma área construída no diálogo entre duas formas de
conhecimento – Arte e Ciência – deve, quer como prática quer por seus
pressupostos teóricos, passar pelo crivo de uma reflexão mais substantiva e de uma
investigação voltada para a confirmação, ou não, de seu lugar e do papel que

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desempenha no processo de ressignificação da vida. Segundo Ciornai (2004), “a


criatividade e as atividades artísticas podem ser facilitadores e catalisadores do
processo de resgate da qualidade de vida”.

Figura 4: Arteterapia.
Fonte: http://www.projetoartedeviver.com.br/arteterapia.php

Fiorindo (2014) ressalta que para compreendermos o papel da Arte na vida


dos seres humanos, faz-se necessário, de forma breve, conceituarmos a referida
área de conhecimento, a fim de estabelecermos um diálogo possível entre a
Psicologia e Arte, imagem, com intuito de observar a contribuição dos elementos
artísticos no processo de autoconhecimento.
A imagem desde a pré-história “foi considerada um símbolo cheio de
significados e na esteira da nossa evolução, a visão, o gesto, a imagem e o som
(ritmo), foram acompanhando lenta e gradativamente o desenvolvimento da escrita”
(BARTHES; MARTY, 1987 apud JORGE, 1999, p. 20).
Os autores acima, ao analisarem a arte pictográfica com desenhos de
animais e homens, acreditam que não se trata de uma simples transcrição ou
imitação da realidade, visto que estes desenhos possuem uma organização sintática
e simbólica.
Nesta perspectiva, Fiorindo (2014) citando Maslow (1982) ressalta a
importância da educação por meio da arte para o desenvolvimento integral do ser

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humano, não pelo fato de produzir artistas ou produtos artísticos, mas por produzir
pessoas melhores.
Vamos a alguns conceitos/entendimentos sobre a matéria em estudo dada
por arteterapeutas espalhados pelo mundo, os quais geram definições diferenciadas,
mas com mesma essência.
Malchiodi (2005 apud MARTINS, 2012) observa que parece se dividirem em
duas categorias gerais. A primeira é baseada na afirmação de que o processo
criativo pode ser também um processo terapêutico, definindo-a como “arte como
terapia”. O fazer artístico é visto como uma experiência que oferece a oportunidade
de se expressar com imaginação, autenticamente e espontaneamente. Um processo
que, ao longo do tempo, leva à realização pessoal, reparação emocional e
transformação a nível psíquico.
Uma visão holística e extensiva do ser humano é empregada na Arteterapia.
Sendo uma prática terapêutica que objetiva resgatar, não só a dimensão integral do
sujeito, mas também os seus processos de autoconhecimento e de transformação
pessoal. É objetivo ainda, através da criação artística, resgatar a produção de
imagens, a autonomia criativa, o desenvolvimento da comunicação, a valorização da
subjetividade, a liberdade de expressão, o reconciliar de problemas emocionais e a
sua função catártica (VALLADARES, 2005). A Arteterapia sobressai pela sua
transdisciplinaridade e pela sua vasta aplicação, tendo pouca ou nenhuma
contraindicação.
Philippini (2004) argumenta que o processo arteterapêutico permite que
simbolicamente, e de forma perene, através das atividades expressivas, sejam
retratadas com precisão as sutis transformações que marcam o desenrolar da
existência, documentando seus contínuos movimentos do vir a ser, que se
configuram e materializam conflitos e afetos.
Nesse contexto, o “fazer terapêutico” expressa a singularidade e identidade
criativa de cada um. A descoberta gradual de eventos psíquicos cujo significado
antes era obscuro, amplia possibilidades de estruturação da personalidade, ativa
potencialidades e contribui para a construção de modos mais harmônicos de
comunicação, interação, e de “estar no mundo” (PHILIPPINI, 2004).

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Com tradição de algumas décadas nesta área, o Brasil é um país que conta
com dezenas de associações de Arteterapia. Além de Angela Philippini (diretora da
Clínica Pomar no Rio de Janeiro), Selma Ciornai, com um trabalho de relevo em São
Paulo, define-a como

um campo de interface com especialidade própria, pois não se trata de


simples junção de conhecimentos de Arte e Psicologia. Isso significa que
não basta ser psicólogo e gostar de arte, ou, ser artista/arte-educador e
gostar de trabalhar com pessoas com dificuldade especiais para tornar-se
arteterapeuta (CIORNAI, 2004, p. 7).

Segundo Martins (2012), esse ponto de vista é partilhado por todos os


arteterapeutas com formação específica. Essa profissão é frequentemente
desvalorizada, submetendo-se a uma visão de pouco crédito por parte de outros
profissionais, por causa da falta de recursos teóricos e técnicos de pessoas que se
auto intitulam arteterapeutas.
A Associação Britânica de Arteterapia (BAAT) define-a como uma forma de
Psicoterapia que utiliza os meios da arte como seu principal modo de comunicação,
na qual o paciente não precisa ter experiência anterior ou habilidade na arte e o
arteterapeuta não se preocupa em fazer avaliação estética ou de diagnóstico da
criação do paciente. O objetivo global da Arteterapia é permitir que a pessoa efetue
mudanças e promover o crescimento pessoal através do uso de materiais artísticos,
num ambiente seguro e de facilitação. Também coloca ênfase na relação entre o
terapeuta e o paciente, sendo esta de importância central, mas aponta que a
Arteterapia difere de outras terapias psicológicas em que este é um processo de três
vias entre o paciente, o terapeuta e a criação. Assim, oferece a oportunidade de
expressão e comunicação. E, particularmente, útil para pessoas que têm dificuldade
em expressar seus pensamentos e sentimentos verbalmente (MARTINS, 2012).
A Associação Americana de Arteterapia (AATA) converge com uma
definição bem semelhante às citadas anteriormente, definindo-a como uma profissão
da área de Saúde Mental que utiliza o processo criativo em arte para melhorar e
aprimorar o físico, mental e emocional, bem-estar dos indivíduos de todas as idades.
A AATA confirma que o processo criativo envolvido na expressão artística ajuda as
pessoas a se tornarem fisicamente, mentalmente e emocionalmente mais saudáveis
e funcionais, a resolverem conflitos e problemas, a desenvolverem habilidades
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interpessoais, a gerenciarem o comportamento, a reduzirem o estresse, a lidarem


com ajustes de vida e a alcançarem insight (MARTINS, 2012).
De acordo com a Associação de Arteterapia do Estado de São Paulo
(AATESP, 2008), a Arteterapia insere-se dentro de um contexto de exploração
criativa e valorização do sensível, viabilizado por meio da utilização dos recursos
artístico-expressivos. A Arteterapia caracteriza-se por possibilitar que qualquer um
entre em contato com seu próprio universo interno, com aqueles que estão à sua
volta e com o mundo. À medida que a emergência da expressão se mostra cada vez
mais indispensável, tanto mais o sentido da vida torna-se evidente e,
consequentemente, o despertar do desejo de como aprender a lidar com os
problemas, com os medos, com as deficiências, de modo a tornar os pensamentos e
os atos mais consonantes com o viver pleno.
Para a União Brasileira de Associações de Arteterapia – UBAAT –, a
Arteterapia é o uso da Arte como base de um processo terapêutico e que propicia
resultados em um breve espaço de tempo. Visa estimular o crescimento interior,
abrir novos horizontes e ampliar a consciência do indivíduo sobre si e sobre sua
existência. Utiliza a expressão simbólica, de forma espontânea, sem preocupar-se
com a estética, através de modalidades expressivas como: pintura; modelagem;
colagem; desenho; tecelagem; expressão corporal; sons; músicas; criação de
personagens, dentre outras, mas utiliza fundamentalmente as artes plásticas e é
isso que a identifica como uma disciplina diferenciada.

Guarde...
Na Arteterapia, o fazer artístico é um instrumento para a promoção da saúde
e da qualidade de vida. Nela podem ser usadas como recursos terapêuticos as mais
diversas atividades artísticas: desenho, pintura, modelagem, música, poesia,
dramatização e dança.
Essas atividades visam a facilitar a expressão do sujeito por meio de outras
linguagens (plástica, sonora, escrita, corporal), além da verbal, ampliando as
possibilidades de comunicação, facilitando o autoconhecimento e promovendo o
desenvolvimento da criatividade (REIS, 2014).

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Vamos nos adiantar à unidade que tratará da formação desse profissional


para lembrar que a Arteterapia é uma ciência de interface, nasceu assim, híbrida,
entre a Psicologia, as Artes, a Educação, a Sociologia, a Criatividade... só para
mencionar alguns campos afins. Isso faz com que a pluralidade seja parte da sua
essência e que esses profissionais acabarão por conviver com vários estilos,
enfoques, técnicas, posturas e teorias (NORGREN, 2010).
Portanto, já fica a dica de estarem sempre se atualizando em todos os
campos citados acima, e também na pesquisa e no embasamento de sua atuação,
além da autorreflexão, porque faz, o que é relevante para seu cliente, quais seus
ideais... a evolução não para e a excelência não ocupa espaço!

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UNIDADE 2 – SURGIMENTO E EVOLUÇÃO DA


ARTETERAPIA

Conforme Ciornai (2004, p. 27),

Os seres humanos desenhavam imagens, buscando representar, organizar


e significar o mundo em que viviam. Em tempos imemoriais utilizam
recursos como danças, cantos, tatuagens e pinturas em rituais de cura, de
poder e de invocação às forças da natureza. O uso terapêutico das artes
remonta às civilizações mais antigas. Porém, só em meados do século XX,
a Arteterapia se delineia com um corpo próprio de conhecimento e atuação,
motivada pela crise da modernidade, em meio às mudanças que marcaram
essa época. Após duas guerras mundiais, uma das principais mudanças foi
a queda do mito de que a razão e a ciência seriam a resposta para tudo.

Pois bem, do surgimento aos dias atuais, o caminho percorrido pela


Arteterapia foi longo. Podemos dizer, secular, portanto, faremos recortes ao longo
dessa história pontuando os fatos mais importantes, já pedindo desculpas se
esquecermos de algum evento ou cientista importante.

2.1 Arteterapia no mundo


Na Grécia Antiga (século V antes de Cristo), em Epidauro3, centro de cura,
os indivíduos enfermos assistiam peças teatrais e musicais, entre outras artes
depois se recolhiam à prática da “incubação” na qual acreditavam receber uma
indicação das divindades, pela via do sonho, e encontrar assim a chave para
transformar a situação gerada pela doença. Enfim, o homem já utilizava a arte como
alívio ou cura (BURLAMAQUE, 2011).
Evidentemente que a Arte com fins terapêuticos não ocorria com a forma
estruturada da hoje, e outra observação pertinente feita por Sei (2009) diz respeito a
uma cisão no conhecimento que separou a Arte e a Ciência e fez o homem dividir-se
entre a razão e a emoção. Hoje, ao contrário, o homem busca integrar Arte e
Terapia.

3 Cidade da Grécia antiga, situada às margens do mar Egeu e célebre pelo santuário de Esculápio,
deus da Medicina, que atraía doentes de todo o mundo. Seu teatro ao ar livre está bem conservado.
Fundada pelos jônicos, foi ocupada pelos dóricos e aliou-se à Esparta, perdendo sua importância
com o desenvolvimento da cidade de Egina, na ilha de mesmo nome. Decaiu com a conquista
romana.
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Assim, pode-se dizer que a Arte é utilizada com finalidades terapêuticas há


séculos, contudo, uma estruturação do uso dos recursos artísticos no campo das
terapias ocorreu mais recentemente. Na literatura acadêmica (CATERINA, 2005
apud SEI, 2010), encontra-se relatos acerca do trabalho desenvolvido pelo médico
psiquiatra alemão, Johann Christian Reil, sobre a interlocução entre Arte e Saúde,
no século XIX.
Reil foi um contemporâneo de Pinel, que construiu no início do século XIX
um protocolo terapêutico almejando a cura psiquiátrica, ou seja, seu emprego
voltava-se para pacientes com doenças mentais. Este era composto de três
estágios, que incluíam:
1. o envolvimento do paciente em atividades realizadas ao ar livre, de
trabalho físico;
2. estímulos sensoriais a partir da utilização de objetos específicos para a
proposta;
3. estímulos relacionados ao campo intelectual, por meio de desenhos,
símbolos e elementos com sentidos no campo cognitivo e no campo afetivo.
Por meio destes estágios, buscava-se que o interesse do indivíduo pelo
mundo externo fosse despertado e que houvesse maior ligação entre este e meio
que o circunda. Compreendia-se que a expressão obtida nos desenhos, sons, texto,
movimentos se organizavam como uma forma de comunicação dos conteúdos
internos (CATERINA, 2005 apud SEI, 2010).
Posteriormente, outros profissionais estudaram a arte desenvolvida por
pacientes psiquiátricos. De acordo com Andriolo (2006), já em 1845, Pliny Earle, um
alienista4, havia publicado um ensaio acerca da produção artística daqueles
denominados como insanos. Em 1848, Forbes Winslow, alienista britânico, publicou
o estudo “On the insanity of men of genius”, que apontava semelhanças nas
produções de doentes mentais, dando seguimento ao interesse de Pliny Earle. Em
1872, o psiquiatra francês Abrjoise Tardieu assinalou novamente a importância de
uma atenção para as produções de doentes mentais, no texto “Études médico-légale
sur la folie” (ANDRIOLO, 2006).

4 Aquele que trata de pessoas que não têm ou que perderam sua identidade, ou que vivem num
estado em que se tornaram alheios a si mesmos, a si próprios, em um estado em que não são
responsáveis plenamente por seus atos. Psiquiatra.
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Sei (2009 apud César, 1929) elenca outros estudos ainda do século XIX e
início do século XX ao redor do mundo. Vejamos um breve apanhado deles:
Morselli, em 1894, preocupou-se com os desenhos de pacientes psiquiátricos,
articulando arte e psiquiatria;
Julio Dantas, em Portugal, publicou no ano de 1900 uma obra acerca das
produções artísticas do Hospício de Rilhafolles;
Rogues de Fursac, reuniu, em 1905, uma publicação com produções
artísticas de pacientes psiquiátricos;
Marrei Reja, médico que se dedicou também à crítica da arte, foi o primeiro a
notar elementos propriamente artísticos naquelas obras (ANDRIOLO, 2006, p.
47).

Andriolo (2006) cita outro importante nome na área que foi o psiquiatra
Prinzhorn. Ele organizou uma vasta coleção de produções artísticas, exposta na
Coleção Prinzhorn – Museum Sammlung Prinzhorn, em Heidelberg – Alemanha. De
acordo com Ferraz (1998, p. 23), a importância deste psiquiatra encontra-se no fato
de que em um “momento em que a psiquiatria considera apenas os aspectos
nosocomiais e mórbidos, o médico Prinzhorn mostra que o doente mental também
tem possibilidades criadoras que sobrevivem à desagregação da personalidade”.
Suas publicações posteriores se utilizaram de pressupostos teóricos psicanalíticos,
de forma diversa de outros estudiosos, numa busca de encontrar, “do ponto de vista
cultural e estético, um núcleo criador comum a todos os homens” (ANDRIOLO, 2006,
p. 48).
No campo exclusivo da Psicanálise, Freud interessou-se por estabelecer
relações entre Arte e Psicanálise, seguido por outros estudiosos, como o
psicanalista Pfister, que passou a incluir atividades artísticas em sessões
terapêuticas (FERRAZ, 1998).
Na área da Psicologia Analítica, o psiquiatra Carl Gustav Jung começou a
empregar, a partir da década de 1920, recursos advindos do campo da arte como
parte do tratamento. Pedia aos pacientes que desenhassem seus sonhos ou
situações conflitivas e considerava os desenhos como uma simbolização do
inconsciente pessoal ou coletivo (ANDRADE, 2000 apud SEI, 2009).

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Outros psiquiatras deram atenção ao seu efeito, mas, “quem mais aplicou e
difundiu o uso de expressões artísticas em consultório foi o psiquiatra suíço Carl
Gustav Jung” (CARNEIRO, 2015, p. 77).
Quando Carl G. Jung, no início do séc. XX, percebeu a força libertadora da
arte, passou a pedir que seus clientes desenhassem ou pintassem livremente seus
conflitos, sonhos e sentimentos, sem nenhuma preocupação estética. Eles falavam e
percebiam com mais clareza seus pontos críticos, revelando de forma inesperada o
seu inconsciente e as questões que paralisam o fluir da vida com a vitalidade e a
harmonia necessárias para se sentir feliz. Algumas vezes, esses desenhos
expressavam símbolos que eram comuns a vários povos e civilizações, mitos
diversos, levando a Jung a ideia do inconsciente coletivo ou arquetípico,
acrescentando uma contribuição valiosa para o estudo do ser e de suas
manifestações artísticas (CARNEIRO, 2015).
A prática da Arteterapia, nomeada dessa maneira, tem como grande
precursora em território norte-americano, a psicóloga de orientação psicanalítica
Margaret Naumburg. Sua atuação foi intitulada de Artepsicoterapia e propunha a
liberação de expressão espontânea e incentivo à associação livre por parte do
paciente. Sua irmã, Florance Cane, era arte-educadora e desenvolveu uma prática
no campo da Arteterapia, denominada de Arte como terapia, que se apresentava
como uma estratégia de ensino da Arte a partir das funções movimento, pensamento
e sentimento (SEI, 2010).
Segundo a literatura britânica sobre Arteterapia, foi na década de 1940 que o
pintor inglês Adrian Hill5 estabelece a Arteterapia como método psicoterapêutico. Ele
esteve internado num hospital durante a Segunda Guerra Mundial, convalescendo-
se de tuberculose, e durante esse tempo pintava e desenhava como forma de
encontrar algum consolo ao encontrar-se naquele estado. Com o tempo, Hill percebe
o quanto a prática artística pode auxiliar na recuperação de doentes, ao encontrarem

5 Martins (2012, p. 47) explica que “Fontes bibliográficas de outras origens, como as americanas ou
as francesas, não associam o nome de Adrian Hill como o pioneiro da Arteterapia. Mas, segundo a
informação geral que nos consta, compreendemos ser Adrian Hill que cunhou o termo Arteterapia.
Mesmo havendo outros profissionais da área psicoterapêutica ou da educação, que já trabalhassem
com a arte como meio de tratamento terapêutico, mas ainda sem utilizarem-se do termo definido
como tal”.

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17

na arte um meio de expressão do desespero trazido pela doença e pela situação da


época de guerra. Nesse hospital, em Midhurst, Hill cria um atelier e recebe soldados
feridos que regressavam da guerra. Esses têm a oportunidade de expressarem os
horrores vividos nesse período, e Hill compreende que podem libertarem-se dos
traumas da vivência da guerra. As pinturas e os desenhos são também veículos
para falarem sobre as dores e os medos da doença e da morte. Através do exercício
de expressão artística e da elaboração das emoções, os pacientes desenvolvem
uma atitude de mais esperança perante a vida e de menos ansiedade e angústia
(MARTINS, 2012; SEI, 2010).
Focando o universo infantil, teremos as primeiras intervenções
arteterapêuticas, seja em Inglaterra, nos Estados Unidos ou na França,
estabelecendo fortes ligações com a Educação Artística, sendo de grande influência
as teorias contemporâneas da Educação Artística. Autores como Herbert Read,
Viktor Lowenfeld, John Dewey, e mais tarde Howard Gardner, entre outros, são
referências teóricas para aplicação da Arteterapia a crianças.
É nesse momento que a intervenção arteterapêutica sai dos círculos
hospitalares e instala-se nas escolas, quando é dada uma importância diferenciada
para o desenvolvimento integral infantil. No momento em que a arte é vista como um
dos principais meios promovedores de crescimento e desenvolvimento emocional da
criança, o brincar passa a ser observado por psicanalistas e educadores. Freud dá
importância às brincadeiras das crianças, apresentando-as como ‘atos sintomáticos’,
ou seja, como uma atividade em que a criança elabora a sua realidade e dá voz às
suas fantasias. Dessa maneira, o brincar passa a ser uma ‘coisa séria’, digna de
estudos e observações por pedagogos, psicólogos, educadores, médicos e demais
profissionais interessados no desenvolvimento infantil. O brincar, portanto, não é
mais apenas recreação, distração e divertimento (MARTINS, 2012).
Mais de dois mil trabalhos científicos já foram publicados nas áreas de
literatura médica e psicológica internacional, especialmente nos Estados Unidos e
Europa, assim como livros no Brasil e no exterior, relacionados ao efeito da
Arteterapia em diversas necessidades: crianças hospitalizadas; pacientes de câncer;
pessoas com dificuldade de aprendizagem; distúrbios psiquiátricos, tais como
esquizofrenia, depressão, estresse pós-traumático, autismo, transtornos alimentares,

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18

distúrbios de ansiedade e transtorno obsessivo-compulsivo; recuperação de


algumas lesões neurológicas, em especial as sequelas de traumatismo craniano,
acidente vascular cerebral e paralisia cerebral; com usuários de drogas. Em idosos,
existem relatos de equilíbrio do humor e das funções cognitivas, assim como
melhora em indivíduos com mal de Alzheimer e outros tipos de processos
demenciais.

Guarde...
Na década de 20, Jung passa a fazer uso da linguagem não verbal – imagens
e símbolos, expressos plasticamente – que emergiam do inconsciente através
dos sonhos, como parte integrante de sua abordagem terapêutica.
Ao desenvolver sua própria teoria, a Psicologia Analítica, Jung foi quem
propriamente começou a usar a linguagem artística associada à Psicoterapia.
Diferentemente de Freud, que considerava a arte uma forma de sublimação
das pulsões, Jung considerava a criatividade artística uma função psíquica
natural e estruturante, cuja capacidade de cura estava em dar forma, em
transformar conteúdos inconscientes em imagens simbólicas (SILVEIRA,
2001).
Partindo dessas duas vertentes teóricas (Freud e Jung), o uso da arte como
instrumento terapêutico foi progressivamente ganhando espaço. A educadora
norte-americana Margareth Naumburg (1890-1983) pode ser considerada a
fundadora da Arteterapia, pois foi a primeira a sistematizá-la, em 1941
(ANDRADE, 1995, 2000). Seu trabalho é denominado Arteterapia de
Orientação Dinâmica, e foi desenvolvido com base na teoria psicanalítica
(NAUMBURG, 1966). Nessa perspectiva, as técnicas de Arteterapia visam a
facilitar a projeção de conflitos inconscientes em representações pictóricas,
sendo esse material submetido à interpretação seguindo o modelo teórico
proposto por Freud.
Na década de 40, nos Estados Unidos, consolidou-se o que hoje é conhecido
como Arteterapia, pelas mãos de duas irmãs, até hoje celebradas como
precursoras: Florence Cane e Margareth Naumburg. Ambas sistematizaram

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significativas metodologias de trabalho nos campos da Psicoterapia e da


Pedagogia, enfatizando a importância da expressão artística.
Em 1969, a Arteterapia surge como profissão, época da fundação da
American Art Terapy Association (VASQUES, 2009).
A Arteterapia praticada há várias décadas, encontra-se em praticamente
todos os países. No XIX Congresso Internacional da SIPE, realizado em
conjunto com o X Congresso Português de Arteterapia, em 2009, em Lisboa,
reuniu profissionais da Coreia, Japão, Hungria, Estados Unidos, Canadá,
Brasil, Chile, Rússia, Inglaterra, França e Itália. Igualmente em toda a Europa
há exemplos de atuação arteterapêutica, bem como nos demais continentes.
A formação de arteterapeutas é efetivada para que não haja mais equívocos
como os iniciais, nos primórdios da Arteterapia, em que o papel do
arteterapeuta era difuso, confundindo-se com o dos outros profissionais,
como psicólogos que se utilizam da arte, artistas investigadores de teorias
psicológicas, arte-educadores, terapeutas ocupacionais, entre outros. No
momento atual, o movimento de afirmação da Arteterapia é patente, o que
passa por diferenciar o arteterapeuta dos demais profissionais, através de
uma formação bem consolidada (MARTINS, 2012).

2.2 Arteterapia no Brasil – Osório César


No Brasil, a história da Arteterapia nasce na primeira metade do século XX,
entrelaçada com a Psiquiatria e influenciada tanto pela vertente psicanalítica quanto
pela junguiana.
Segundo Botsaris (2010), o psiquiatra Ulysses Pernambucano foi o pioneiro
no uso da Arteterapia entre pacientes psiquiátricos, já na década de 20. Outros
médicos inspirados em seu trabalho publicaram artigos e aplicaram a técnica em
algumas instituições ao longo do século XX.
Tanto a vertente psicanalítica quanto a junguiana encontram-se
representadas respectivamente nas figuras de Osório Cesar (1895-1979) e Nise da
Silveira (1905-1999), psiquiatras precursores no trabalho com arte junto a pacientes
em instituições de saúde mental. Ambos contribuíram para o desenvolvimento de
uma outra abordagem frente à loucura, contrapondo aos métodos agressivos de

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contenção vigentes na época (eletrochoque, isolamento) à possibilidade de


expressão da loucura e de sua eventual cura através da arte. Conforme relata
Silveira (2001), nesse caminho alternativo, construiu-se um tratamento mais
humano, com inegáveis efeitos terapêuticos na reabilitação dos pacientes, que
promovia a recuperação do indivíduo para a comunidade em nível até mesmo
superior àquele em que se encontrava antes da experiência psicótica (REIS, 2014).
Em 1923, Osório Cesar já era estudante interno no Hospital Psiquiátrico de
Juqueri, localizado em Franco da Rocha, região metropolitana de São Paulo, e, a
partir de 1925, trabalhou neste local como médico ao longo de 40 anos (ANDRIOLO,
2003). Já em 1925, cria a Escola Livre de Artes Plásticas do Juqueri e, em 1948, é o
organizador da 1ª Exposição de Arte do Hospital do Juqueri, no Museu de Arte de
São Paulo (CARVALHO; ANDRADE, 1995). Sobre seu trabalho de arte com
psicóticos, o Dr. Osório publica, em 1929, sua obra principal ‘A Expressão Artística
nos Alienados’, na qual apresenta seu método de classificação e de análise de obras
de arte de pacientes psiquiátricos.
Andriolo (2003) considera a importância do pensamento de Osório Cesar,
localizando-o no início da formação do campo da Psicologia da arte no Brasil, no
qual sua obra representaria um exemplo consistente de leitura freudiana de arte,
embora hoje passível de crítica pelo reducionismo da obra artística a uma Psicologia
individual e patologizante, em detrimento dos seus aspectos históricos e sociais.
No que tange à história da Arteterapia, Carvalho e Andrade (1995, p. 34)
destacam “o papel de Osório Cesar pela contribuição que trouxe no plano teórico, ao
articular os conceitos freudianos à análise da arte, considerando-o o precursor no
Brasil da análise da expressão psicopatológica de doentes mentais”.
Na perspectiva psicanalítica clássica, Osório Cesar analisa a simbologia
sexual presente nas produções artísticas de seus pacientes, compreendendo a obra
de arte como uma representação dos desejos pessoais do autor, disfarçados nos
elementos simbólicos presentes nas imagens (CESAR, 1944 apud REIS, 2014).
Andrade (2000) ressalta ainda a relevância do trabalho de Osório Cesar para
a valorização da Arteterapia, pois ele realizou mais de 50 exposições divulgando a
expressão artística de doentes mentais, procurando, com isso, afirmar a dignidade
humana dessas pessoas. Em termos da prática, de acordo com Carvalho e Andrade

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(1995), o seu método era baseado na espontaneidade e na crença de que o fazer


arte já propiciava a cura por si por ser um veículo de acesso ao conhecimento do
mundo interior.

2.3 O trabalho de Nise da Silveira


Evidentemente que não podemos esquecer da Dra. Nise da Silveira,
psiquiatra que trabalhava no Centro Psiquiátrico D. Pedro II, em Engenho de Dentro,
Rio de Janeiro. Em 1946, assumiu a Seção de Terapêutica Ocupacional, na qual os
pacientes realizam variadas atividades expressivas (sobretudo pintura e
modelagem), dando-lhe uma nova orientação, pois, para ela, a terapia com arte não
deveria ter a finalidade de distrair, mas de contribuir efetivamente para a cura dos
pacientes. Em 1952, ela criou, na mesma instituição, o Museu de Imagens do
Inconsciente, composto pelo acervo crescente das obras produzidas pelos internos,
que conta com mais de 300.000 documentos plásticos, entre telas, papéis e
esculturas. Desse modo, constituiu um rico campo de pesquisa, em que a prática
realizada na Seção de Terapêutica Ocupacional era respaldada pelo estudo do valor
terapêutico da atividade criadora, a partir da investigação das imagens arquivadas
no Museu de Imagens do Inconsciente. Essa trajetória é narrada por ela no livro ‘O
Mundo das Imagens’, no qual explica seu método e traz diversos exemplos de
análise de obras de arte no processo psicoterapêutico de pacientes, em uma leitura
junguiana (REIS, 2014).
Embora seja considerada uma pioneira na história da Arteterapia no Brasil
(CARVALHO; ANDRADE, 1995; ANDRADE, 2000), Nise da Silveira não aceitava
essa denominação ao seu trabalho, preferindo designá-lo como terapêutica
ocupacional. Ela considerava que a palavra arte trazia uma conotação de valor, de
qualidade estética, que não tinha em vista ao utilizar a atividade expressiva com
seus pacientes. Apesar disso, críticos de arte como Mário Pedrosa e outros que
passaram a frequentar o Museu de Imagens do Inconsciente reconheceram ali
verdadeiras obras de arte, como analisa Frayze-Pereira (2003).
Outros aspectos a embasar a crítica de Nise da Silveira à Arteterapia é que
esta se caracteriza pela intervenção do terapeuta, enquanto, na prática adotada em
Engenho de Dentro, as atividades realizadas pelos pacientes eram absolutamente

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22

livres, suas criações davam-se espontaneamente a partir do material disponibilizado


nos ateliers, sendo apenas acompanhadas por uma monitora, mas não dirigidas por
ela. Nisso, encontramos uma distinção não somente metodológica, mas também
teórica, pois Nise da Silveira, junguiana, refere-se especificamente à Arteterapia
desenvolvida por Margaret Naumburg, psicanalítica, na qual o paciente é
dinamicamente orientado, a partir da relação transferencial, a descobrir a
significação de suas criações, um processo de interpretação que não ocorria na
abordagem proposta por Nise da Silveira (REIS, 2014).
Para ela, a função terapêutica da arte era permitir a expressão de vivências
não verbalizáveis por aqueles que se encontravam imersos no inconsciente, ou seja,
em um mundo fora do alcance da elaboração racional, cabendo ao terapeuta a
tarefa de “estabelecer conexões entre imagens que emergem do inconsciente e a
situação emocional vivida pelo indivíduo” (SILVEIRA, 2001, p. 18).
Nessa tarefa, apoiava-se, sobretudo na Psicologia Analítica de Jung, da qual
derivou uma das mais importantes abordagens em Arteterapia. Para Nise da
Silveira, as produções artísticas não somente trazem elementos esclarecedores
acerca do processo psicótico (sobretudo quando as obras de um mesmo autor são
examinadas em série, revelando temas recorrentes), mas também trazem um valor
terapêutico em si mesmas, “pois davam forma a emoções tumultuosas,
despotencializando-as, e objetivavam forças autocurativas que se moviam em
direção à consciência, isto é, à realidade” (SILVEIRA, 2001, p. 17).
Para os pacientes, a atividade criadora permitia não somente dar uma forma
ao seu tumulto emocional, mas também transformá-lo por meio dessa expressão
(REIS, 2014).
Nise da Silveira destaca que a eficiência do tratamento através de atividades
expressivas se revelou na diminuição da porcentagem de recaídas na condição
psicótica e de reinternações de pacientes beneficiados por esse trabalho em
Engenho de Dentro, especialmente quando os egressos continuaram com algum
acompanhamento. Este foi viabilizado por ela com a criação da Casa das Palmeiras,
em 1956, instituição pioneira no atendimento de pacientes em regime de portas-
abertas.

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23

O trabalho de Nise da Silveira inaugurou um novo olhar acerca da relação


entre arte e loucura. Conforme analisa Frayze-Pereira (2003), o Museu de Imagens
do Inconsciente se constituiu, desde sua origem, como um núcleo de pesquisa da
esquizofrenia.
No entanto, mais do que somente dar acesso à interioridade dos
esquizofrênicos e levar as suas obras ao conhecimento do grande público, o autor
destaca a importância do Museu na formação de um novo campo de sentidos, “que
abre a passagem entre o hospício e o mundo das imagens, campo que articula
Psicologia, Arte e Política numa trama cultural” (FRAYZE-PEREIRA, 2003, p. 198).

Nesse campo, a Arte não só é instrumento de transformação da realidade


interna do esquizofrênico como também de sua realidade externa, à medida
que sua expressão ganha o espaço do Museu: na moldura de uma
exposição legitimada pela cultura, a expressão marginal certamente ganha
o selo de obra de arte. O marginal, o louco, o psiquiatrizado, torna-se artista
e aos olhos do espectador, gênio (FRAYZE-PEREIRA 2003, p. 204).

Guarde...
Vasques (2009) faz um recorte no tempo e relembra que após a Ditadura
Militar, no ano de 1985, precisamente, com a reconquista da liberdade de expressão
e criação, houve um desenvolvimento significativo das chamadas “Terapias
Expressivas” e nas trilhas da abertura, brotaram as primeiras sementes da
Arteterapia. Os primeiros núcleos de trabalho se concentraram no Rio de Janeiro e
São Paulo, surgindo também núcleos em Goiás e Minas Gerais. Observa-se, mais
recentemente, de Norte a Sul do país, uma ampla expansão dessa prática
terapêutica. Em 1999, foi criada a primeira Associação de Arteterapeutas do Brasil,
na cidade do Rio de Janeiro. Atualmente, temos a União Brasileira de Associações
de Arteterapia que congrega profissionais de vários estados brasileiros.
No Brasil, o campo da Arteterapia tem se expandido na última década, o que
se reflete na ampliação das publicações sobre a temática. Philippini (2007) aborda a
Arteterapia como um campo de conhecimento transdisciplinar, focando métodos e
processos em Arteterapia como caminhos não apenas de criação, mas de
transformação dos sujeitos. O livro “Estudos de Arteterapia”, da Associação de
Arteterapia do Rio de Janeiro (2009), traz uma compilação de relatos de experiência,

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24

proporcionando exemplos de diferentes trabalhos desenvolvidos neste campo


(REIS, 2014).
Uma área na qual a Arteterapia ganha cada vez mais espaço e
reconhecimento é a Saúde, tal como mostra Valladares (2008), que apresenta
pesquisas nas quais a Arteterapia vem contribuindo significativamente no tratamento
de crianças hospitalizadas. A autora ressalta como a Arteterapia pode auxiliar na
humanização dos espaços de saúde, em especial no contexto hospitalar.
Nos diferentes contextos de aplicação, a Arteterapia tem se desenvolvido
especialmente baseada em um enfoque grupal. Neste sentido, Sei e Gonçalves
(2012) abordam aspectos teóricos e práticos na atuação do arteterapeuta, para o
acompanhamento de variados tipos de grupos.

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25

UNIDADE 3 – OBJETIVOS, FUNÇÕES E LINHAS DE


ATUAÇÃO

Tendo em vista a formação do profissional e o público com o qual trabalha, a


Arteterapia encontra diferentes aplicações: na avaliação, na prevenção, no
tratamento e na reabilitação voltados para a saúde, como instrumento pedagógico
na educação e como meio para o desenvolvimento (inter) pessoal através da
criatividade em contextos grupais (REIS, 2014).
Desse modo, o campo de atuação da Arteterapia tem se ampliado,
abrangendo além do contexto clínico também o educacional, o comunitário e o
organizacional. No entanto, o desenvolvimento da Arteterapia como área específica
de trabalho deu-se na Psicologia, ligado primordialmente à questão da saúde
mental, como veremos ao longo do curso.

3.1 Pressupostos fundamentais da Arteterapia


Embora possa ser desenvolvida a partir de diferentes referenciais teóricos, a
Arteterapia se define em todos eles por um ponto em comum: o uso da arte como
meio à expressão da subjetividade. Sua noção central é que a linguagem artística
reflete (em muitos casos melhor do que a verbal) nossas experiências interiores,
proporcionando uma ampliação da consciência acerca dos fenômenos subjetivos
(CIORNAI, 1995).
Para Andrade (2000), a expressividade ou a arte se torna um instrumento de
trabalho quando combinada a um objetivo educacional ou terapêutico, apresentando
como pressupostos fundamentais da Arteterapia:
a) a expressão ‘artística’ revela a interioridade do homem, fala do modo de
ser e visão de cada um e seu mundo. Esse ato revela um suposto sentido, e cada
teoria e método em Arteterapia e terapia expressiva se apodera desse ato
diferentemente;
b) por intermédio desse ‘fazer arte’, expressar-se, o terapeuta pode
estabelecer um contato com o cliente possibilitando a este último o
autoconhecimento, a resolução de conflitos pessoais e de relacionamento e o
desenvolvimento geral da personalidade (ANDRADE, 2000).

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Reis (2014) acredita que o autor utilize aspas quando remete à arte porque,
no âmbito da Arteterapia, as atividades expressivas não têm uma finalidade estética,
ou seja, a produção artística não é realizada e analisada por seu valor estético como
obra de arte, ainda que muitas vezes seja posteriormente reconhecida como tal pelo
público, a exemplo do desenho seguinte.
Por ser bastante transformadora, a Arteterapia pode ser praticada por
crianças, adolescentes, adultos, idosos, por pessoas com necessidades especiais,
enfermas ou saudáveis. Hoje, é exercida em ateliês e instituições com atendimentos
individuais ou em grupos.

Figura 5: Nanquim sobre papel, 47,0 x 31,0 cm, 1948, por Raphael Domingues.
Fonte: http://museuimagensdoinconsciente.org.br/ colecoes/raphael00.html#

O autor do trabalho, Raphael Domingues (1912-1979), foi um dos


pacientes-artistas de Engenho de Dentro que participaram de importantes
exposições, dentre as quais uma realizada em 1949, no Museu de Arte
Moderna de São Paulo, cuja repercussão na imprensa e no meio artístico é
examinada por Dionísio (2001). O autor lembra que, nessa ocasião, o crítico
de arte Mário Pedrosa cria o termo arte virgem para designar os trabalhos
dos nove participantes, então pacientes da Dra. Nise da Silveira. Entre eles,
Raphael e Emygdio de Barros (1895-1986) são hoje vistos como grandes
6
artistas esquizofrênicos (REIS, 2014, p. 148).

6 Referência aos artistas, em notícia sobre a exposição Raphael e Emygdio: Dois Modernos no
Engenho de Dentro, realizada no Instituto Moreira Salles, Rio de Janeiro, em 2012. A notícia foi
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27

3.2 Possibilidades e objetivos da Arteterapia


A Arteterapia é um recurso que tem como proposta interligar os universos de
um paciente: o externo e o que ele vive em sua imaginação. Tudo isso por meio da
arte e criatividade, com a produção de desenhos, textos e pinturas.
Com base em símbolos, metáforas e desenhos, é possível criar uma
linguagem e comunicação entre o paciente-artista e o profissional que o atende,
assim como com familiares e amigos.
Essa experiência, que pode intensificar as relações, proporciona a
possibilidade do artista se expressar e se comunicar de forma única, sem que haja
repressões ou censuras. Isso facilita uma vida psicológica mais livre, além de
oferecer equilíbrio para o dia a dia do paciente.
Podemos também, utilizando propostas de Edgar Morin e Leonardo Boff,
pensando nos problemas globais que todos enfrentamos, fazer da Arteterapia um
instrumento para desenvolvermos uma consciência planetária (ecológica,
humanitária e espiritual) que é fundamental para a garantia de uma boa qualidade
de vida e requer de cada ser humano ações individuais e coletivas que possibilitem
o cuidar do ser e do planeta holisticamente (COSTA; CAROLINO; COSTA, 2009).
O desenvolvimento dessa consciência planetária será condição para a
sobrevivência humana no século XXI.
Diante desse contexto, a Arteterapia pode ser apontada como uma
possibilidade para o desenvolvimento dessa consciência. Nessa modalidade de
terapia, pode-se trabalhar tanto a consciência humana quanto a planetária: sua
abordagem multidisciplinar permite o diálogo entre diversas formas de conhecimento
e de expressão. Por meio da arte, é possível contribuir para construir e reconstruir a
subjetividade humana (PHILIPPINI, 2008).
Valendo-se de técnicas criativas e terapêuticas, a Arteterapia permite o
cuidado com o desenvolvimento individual, da personalidade, bem como das
relações sociais, neste caso, cuidando de grupos de pessoas, unindo-os e apoiando-
os. O sentimento e a vivência de apoio facilitados no grupo arteterapêutico assumem
uma dimensão simbólica de solidariedade e cooperação (URRUTIGARAY, 2008).

publicada em 26/06/2012, pelo Estadão (Recuperado em 07/08/2012, de http://www.estadao.


com.br/noticias/ impresso,emygdiode-barros-eraphael-dominguesganham-exposicaono-ims,905787,0.
htm).
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28

Precisamos pensar em ações autossustentáveis para o planeta e para as


relações humanas. O saber fazer criativo pode ser um caminho para mudanças
internas individuais, que gerem novas formas de relação entre as pessoas e o meio
(COSTA; CAROLINO; COSTA, 2009).

A relação entre a Arteterapia e o cuidado é parte essencial do processo de


humanização, por isso, a Arteterapia é um processo de vivência educativa,
espiritual, em que o ser humano encontra oportunidade para se
autoconhecer através da sua linguagem corporal, pictórica, vocal ou textual
(DITTRICH, 2004, p. 54).

Cuidar com Arteterapia é uma forma de cuidar do ser. Segundo Ciornai


(2005), a Arteterapia é um caminho que possibilita ao indivíduo a descoberta de
expressão para figurar e reconfigurar, através de técnicas e materiais artísticos, suas
dificuldades de relacionamento com o outro e com o mundo. O indivíduo equilibrado
e cuidado transforma a si mesmo e tudo ao seu redor, ampliando a capacidade de
respeitar e conviver.
A Arteterapia proporciona ao indivíduo, por meio do desbloqueio do
processo criativo, o autoconhecimento mediado pelas imagens e recursos artísticos,
levando-o a um crescimento individual e coletivo.
Como forma de cuidar, a Arteterapia poderá ser um viés da consciência
planetária, podendo atuar principalmente nos pontos mais sensíveis (emoção,
sensibilidade, criatividade e espiritualidade) do ser humano que os recursos
artísticos podem atingir. Integrando os conhecimentos advindos da Arte e da
Psicologia, a Arteterapia se propõe trabalhar com técnicas expressivas e vivenciais,
possibilitando o conhecimento profundo do ser (COSTA; CAROLINO; COSTA,
2009).
Conforme Urrutigaray (2008, p. 18),

O trabalho com Arteterapia possibilita a reconstrução e integração de uma


personalidade [...], apoiado num referencial teórico de suporte, que permita
a aquisição da autonomia, como objetivo ou meta para melhora da vida
humana.

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eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
29

Figura 6: Arteterapia.
Fonte: http://arteinfantil-elartes.blogspot.com.br/2012/11/arteterapia.html

O universo da Arteterapia – constituído pelas cores, imagens, colagens,


caixa de areia, modelagem, música, teatro, escrita criativa, entre outros elementos
artísticos – se presta a exprimir os conflitos internos, que são projetados em
imagens, ensejando a busca de soluções para as necessidades individuais e/ou
coletivas.
Enfim: atuando como processo terapêutico, a Arteterapia oferece
possibilidades de entender as imagens contidas no inconsciente de cada indivíduo,
fortalecendo o processo expressivo, apontando para um caminho de cuidados
criativo para a solução de conflitos (COSTA; CAROLINO; COSTA, 2009).

3.3 Benefícios, aplicação e rotina de procedimentos da Arteterapia


São benefícios da Arteterapia:
estimular a criatividade;
proporcionar emoção e equilíbrio;
integrar o artista em relações pessoais.
Como é aplicada a Arteterapia:
i) identificação da forma de arte na qual o paciente se expressa com mais
espontaneidade e prazer – estímulo ao uso desse canal de expressão – inclusive
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eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
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dando suporte (ensinando) para melhorar a técnica do paciente para que ele se
expresse cada vez melhor nesse canal;
ii) interpretação da produção artística do paciente, contextualizando de
acordo com seu problema e seu histórico – apoio psicoterápico ao paciente usando
o conteúdo simbólico por ele produzido como instrumento de tratamento;
iii) apresentação ao paciente – da obra de algum artista que o terapeuta
entenda que vá estimular sua criatividade, ou estimular simbolicamente os
conteúdos que ele produz;
iv) sugestão de temas e ideias para serem desenvolvidas artisticamente –
que sejam importantes na elaboração do material apresentado pelo paciente;
v) utilização de técnicas da Arteterapia para estimular o cérebro e ajudar o
psiquismo – como a repetição, contextualização, inspiração em outros artistas, entre
outros, que foram identificados como efetivos para essa terapia.
Botsaris (2016) ressalta que a Arteterapia só usa os recursos da arte
plástica. Os da música são do universo da musicoterapia.
De acordo com Ciornai (2004), os recursos artísticos em terapia facilitam:
o desenvolvimento da individualidade (por meio da busca do estilo pessoal);
o desenvolvimento dos recursos pessoais (sensoriais, perceptivos,
emocionais, simbólicos e criativos);
a comunicação intersubjetiva e o vínculo;
a expressão do a princípio não verbalizável, do indizível;
a expressão e organização de conteúdos relevantes;
a expressão da complexidade e de múltiplas perspectivas;
o diálogo com a própria criação (ajudando a transformar atitudes críticas
negativas em atitudes de interesse e curiosidade mais positivas);
a expansão da consciência (awareness) mediante insights e também
outsights (isto é, a possibilidade de olhar “de fora”, com distância reflexiva);
o contato mais aprofundado: consigo, com o outro e com o meio;
novas percepções, desconstruções e reconfigurações.

O trabalho de arte em grupo facilita:


perceber-se percebido;

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eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
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31

perceber identidades, identificações e alianças;


elaborar temáticas comuns;
mover o foco da atenção terapêutica de processos individuais para
interpessoais e grupais.
São etapas do processo:
acolhimento, notícias;
aquecimento;
emergência de tema (grupal ou individual);
envolvimento na atividade;
transposição ou complementação de linguagens;
compartilhar de processos/reflexões individuais ou em duplas;
desdobramentos.

Durante uma sessão arteterapêutica, observa-se o ‘como’: antes, durante e


depois do processo (ou seja, o ritmo, os movimentos, a postura, a linguagem da
arte, o comportamento).

Guarde...
A verdade é que a Arte como ferramenta terapêutica, no Brasil, ainda é vista
com reservas. Contudo, na abordagem psicanalítica de Carl Jung7, ela sempre
esteve presente entre as estratégias terapêuticas utilizadas. Parte-se da premissa
que os indivíduos, em seu processo de autoconhecimento e transformação, são
orientados por símbolos. Estes emanam do Self – centro da saúde, equilíbrio e
harmonia, representando o pleno potencial da psique e a sua essência. Na vida, o
Self, através de seus símbolos, precisa ser reconhecido, compreendido e respeitado
(PHILIPPINE, 1994).
Os objetivos da Arteterapia, na visão junguiana, são o de apoiar e o de gerar
instrumentos apropriados, para que a energia psíquica forme símbolos em variadas
produções, o que ativa a comunicação entre o inconsciente e o consciente
(PHILIPPINI, 2000).

7
Em outro módulo, aprofundaremos em diversas abordagens arteterapêuticas.
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32

Enfim, as expressões artísticas têm o poder de cura no sentido de


possibilitar a expressão das sensações, percepções e sentimentos, ao indivíduo ou
ao grupo, libertando da rigidez e dos aprisionamentos que se apresentam como
doenças (FAGALI, 2004 apud CIORNAI, 2004).
A Arteterapia baseia-se na crença de que o processo criativo envolvido na
atividade artística é terapêutico e enriquecedor da qualidade de vida das pessoas.
Arteterapia é o uso terapêutico da atividade artística no contexto de uma relação
profissional por pessoas que experienciam doenças, traumas ou dificuldades na
vida, assim como por pessoas que buscam desenvolvimento pessoal (UBAAT,
2008).
A Arteterapia é baseada na crença de que os recursos artístico-expressivos
contribuem para a expressão e comunicação de sentimentos, pensamentos,
vivências, tendo a vantagem de quebrar a barreira da palavra.
A Arteterapia é tida como uma atividade de purificação e reorganização
interior, pois a arte por si só, feita esporadicamente, já é uma forma de renovo
interno e quando feita especificamente como terapia, produz resultados
surpreendentes.

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UNIDADE 4 – A FORMAÇÃO DO ARTETERAPEUTA

Vamos começar a falar da formação desse profissional por uma conquista


muito importante! A inserção na Classificação Brasileira de Ocupações8 (CBO).
Reconhecida em 2013 pelo Ministério do Trabalho e Emprego e inserida
com o número 2263-10, na Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), a
ocupação de arteterapeuta, obtém destaque cada vez maior, em Hospitais e
Clínicas, Escolas e Empresas, ONG e Grupos de Apoio às diversas necessidades,
visando a saúde, o bem-estar, o equilíbrio e a integração.
De acordo com a definição do Ministério do Trabalho e Emprego, após
demorada coleta de informações prestadas por reconhecidos arteterapeutas
vinculados à União Brasileira das Associações de Arteterapia, os arteterapeutas
(UBAAT): realizam atendimento terapêutico em clientes utilizando programas,
métodos e técnicas específicas de Arteterapia. Atuam na orientação de pacientes,
familiares e cuidadores. Desenvolvem programas de prevenção, promoção de saúde
e qualidade de vida. Exercem atividades técnico-científicas através da realização de
pesquisas, trabalhos específicos, organização e participação em eventos científicos.

8 A Classificação Brasileira de Ocupações – CBO –, instituída por portaria ministerial nº 397, de 9 de


outubro de 2002, tem por finalidade a identificação das ocupações no mercado de trabalho, para fins
classificatórios junto aos registros administrativos e domiciliares. Os efeitos de uniformização
pretendida pela Classificação Brasileira de Ocupações são de ordem administrativa e não se
estendem às relações de trabalho. Já a regulamentação da profissão, diferentemente da CBO, é
realizada por meio de lei, cuja apreciação é feita pelo Congresso Nacional, por meio de seus
Deputados e Senadores , e levada à sanção do Presidente da República.
Desde a sua primeira edição, em 1982, a CBO sofreu alterações pontuais, sem modificações
estruturais e metodológicas. A edição 2002 utiliza uma nova metodologia de classificação e faz a
revisão e atualização completas de seu conteúdo.
A CBO é o documento que reconhece, nomeia e codifica os títulos e descreve as características das
ocupações do mercado de trabalho brasileiro. Sua atualização e modernização se devem às
profundas mudanças ocorridas no cenário cultural, econômico e social do País nos últimos anos,
implicando alterações estruturais no mercado de trabalho.
A nova versão contém as ocupações do mercado brasileiro, organizadas e descritas por famílias.
Cada família constitui um conjunto de ocupações similares correspondente a um domínio de trabalho
mais amplo que aquele da ocupação.
Se tiver maiores interesses acesse a página do Ministério do Trabalho em
http://www.mtecbo.gov.br/cbosite/pages/saibaMais.jsf
A legislação – Portaria nº 397, de 09 de outubro de 2002 está na página:
http://www.mtecbo.gov.br/cbosite/pages/legislacao.jsf

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O acompanhamento arteterapêutico propicia mudanças psíquicas, facilita a


expansão da consciência, oferece formas criativas para resolução de conflitos
internos e estimula o desenvolvimento do potencial humano. Restaura a criatividade,
aumenta a autoestima e a segurança emocional, realizando o tratamento
biopsicossocioespiritual (CARNEIRO, 2015).
Nos atendimentos são estimulados os recursos da imaginação, a expressão
dos símbolos, dos sonhos e o uso da metáfora para enriquecer o processo
terapêutico.
Mas quem pode ser arteterapeuta?
Profissionais graduados na área da saúde, educação e artes,
preferencialmente, mas, é preciso procurar um curso de formação ou pós-graduação
em instituições que sigam parâmetros curriculares reconhecidos pela União
Brasileira de Associações de Arteterapia – UBAAT.
Segundo a UBAAT (2008), a prática da Arteterapia, no Brasil, vem
acontecendo há algumas décadas, embora, a oficialização de sua história seja
recente.
Durante o V Congresso Brasileiro de Arteterapia em Ouro Preto, no ano de
2002, observando-se a necessidade de uma maior integração das Associações de
Arteterapia, ocorreu o I Fórum de Arteterapia.
No Rio de Janeiro, em 2003, aconteceu o II Fórum e iniciou-se o movimento
para a fundação da União Brasileira de Arteterapia.
No III e no IV Fórum, no Espírito Santo, acordou-se que a palavra
Arteterapia seria escrita sem hífen e foi votada a sigla UBAAT. Na ocasião,
reuniram-se comissões com participantes de diversos Estados e iniciou-se a
formatação do currículo mínimo para os cursos de formação e especialização, bem
como foi iniciada a elaboração do Código de Ética. Acordou-se que o 1º Encontro de
Arteterapia do Mercosul seria realizado no Rio de Janeiro.
Na véspera do 1º Encontro de Arteterapia do Mercosul, em 2005, reunidos
no V Fórum, iniciou-se a elaboração do estatuto da UBAAT e acordou-se que o Rio
de Janeiro acolheria a primeira sede da entidade, e comporia a 1ª Diretoria
Executiva. Definiu-se que a sede mudaria de Estado sempre que ocorresse a
mudança da Diretoria Executiva. Estabeleceu-se que o Conselho Diretor da UBAAT,

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composto por dois representantes de cada Associação, atuaria sobre forma de


colegiado, sem privilégio para nenhuma Associação ou pessoa, sendo este o órgão
gestor máximo. A Diretoria Executiva teria apenas fins administrativos.
Em 2006, no VI Fórum em Recife, concluiu-se que a Arteterapia utiliza várias
modalidades expressivas - Música, Teatro, Expressão Corporal, Dança, Literatura,
entre outros – que devem ser contempladas pelos cursos de formação. Mas, ficou
claro que seus fundamentos provêm das Artes Plásticas, o que a identifica como
uma disciplina diferenciada. Profissionais de diversas áreas, podem participar de
seus cursos de formação.
Ficou definido que cursos de Pós-Graduação, Especialização e Formação
em Arteterapia deverão ter o seguinte currículo mínimo:
- Fundamentos da Arteterapia: introdução, panorama geral, história e teorias;
- Linguagem e Práticas em Arteterapia;
- Fundamentos da Arte: história da arte; linguagens artísticas diversas com
predominância e aprofundamento nas Artes Plásticas; criatividade;
- Fundamentos Psicológicos e Psicossociais: fundamentos da teoria
psicológica que embasa o curso; postura terapêutica; Ética no exercício terapêutico;
ciclos de desenvolvimento humano; psicopatologia; noções de psicossocial;
- Estágio e Supervisão – Prática;
- Trabalho de Conclusão de Curso.
Foi aprovado o Código de Ética dos Arteterapeutas Brasileiros e criou-se o
cargo de Conselheiro de Honra da UBAAT, que será composto por membros do
Conselho Diretor após dois anos de mandato, com direito a participação nos Fóruns
da UBAAT, sem direito a voto. O voto será uma exclusividade do Conselho Diretor
em exercício.
Em Niterói, no ano de 2007, no VII Fórum, estabeleceu-se que: as
Associações Regionais credenciarão os Arteterapeutas que comprovarem sua
aprovação em cursos que seguem os parâmetros da UBAAT. Na ocasião, foram
definidos critérios para credenciamento de casos especiais. São considerados casos
especiais, profissionais, sem o curso formal na área, mas que apresentarem
currículo-lattes, cursos, dossiês, publicações, estudos de casos e/ou apresentarem
um trabalho (monografia, caso clínico) que demonstre a prática em Arteterapia, por

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no mínimo cinco anos. Os documentos serão avaliados pela Comissão Científica da


Associação Estadual, com a participação, a partir de um convite, de um membro do
Conselho Diretor de outra Associação Estadual, que ajudará no processo.
Acordou-se que as Associações Regionais deverão convidar os profissionais
conhecidos e residentes em seu Estado, com prática e/ou publicações em
Arteterapia e que ainda não estejam associados, visto que o objetivo das
Associações é integrar e unir a classe dos Arteterapeutas, com profissionalismo e
imparcialidade.
Em Belo Horizonte, no ano de 2007, aconteceu o VIII Fórum, onde foi
redigida a carta a ser encaminhada aos cursos de Arteterapia existentes no Brasil,
dando conhecimento dos parâmetros estabelecidos pela UBAAT para cursos.
Conforme parecer do Ministério da Educação e do Desporto e o Conselho Nacional
de Educação, cursos de especialização oferecidos por instituições de ensino
superior podem ter seu título acadêmico reconhecido, para o exercício do magistério
superior, mas não tem necessariamente valor para o exercício profissional. Para
exercer a Arteterapia, o profissional deve estar inscrito na Associação do Estado em
que reside.
Acordou-se que cada associação divulgaria a Arteterapia em seu Estado,
procurando a mídia para abranger a população em geral. Foi votada a sigla ARTT
para Arteterapia.
O IX Fórum Brasileiro de Arteterapia aconteceu em Salvador, no ano de
2008. Foi aprovada neste Fórum, a comunicação sobre os parâmetros curriculares
para todos os cursos de Arteterapia.
No X Fórum Brasileiro de Arteterapia, ocorrido em Canela, formou-se uma
comissão que irá agendar reunião no Ministério da Saúde e da Educação, no
Conselho Federal de Terapia Ocupacional e de Psicologia para trabalhar no
reconhecimento da Arteterapia. A Sociedade Brasileira de Medicina e Arte apoia
este processo e comprometeu-se a acompanhar a comissão (SOUZA, 2008).
Segundo consta no site da entidade, a UBAAT já tem definido e à disposição
de interessados, os seguintes documentos orientadores:
- Estatuto Social;
- Código de Ética;

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- Parâmetros curriculares;
- Parâmetros de credenciamento de professores e coordenadores de curso;
- Banco de dados sobre publicações existentes na área em Português (livros
e revistas);
- Critérios para credenciamento de arteterapeutas nas associações
regionais;
- Cursos cujos programas de Arteterapia estão de acordo com os
parâmetros estabelecidos pela UBAAT, listados no site de suas associações.9

Abaixo, temos links de algumas associações estaduais:


Associação Catarinense de Arteterapia: http://acatarteterapia.blogspot.com.br/
Associação de Arteterapia da Bahia: http://asbart.blogspot.com/
Associação Brasil Central de Arteterapia: http://www.brasilcentralarteterapia.org/
Associação de Arteterapia do Estado de São Paulo: http://www.aatesp.com.br/
Associação de Arteterapia do Rio de Janeiro: http://www.aarj.com.br/
Associação Mineira de Arteterapia: http://www.amart.com.br/
Associação Potiguar de Arteterapia: http://www.aspoart.blogspot.com/
Associação de Arteterapia do Espírito Santo: http://www.aartes.net/
Associação de Arteterapia do Rio Grande do Sul: http://www.aatergs.com.br/
Associação Sul-brasileira de Arteterapia:
http://www.arteedancaterapia.hpg.ig.com.br/

Guarde...

9
Ver no site: http://www.portalcapixabao.com/sites/?c=6061&p=4088&exibe=4088
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eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
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38

De acordo com a CBO:


2 – PROFISSIONAIS DAS CIÊNCIAS E DAS ARTES.
22 – PROFISSIONAIS DAS CIÊNCIAS BIOLÓGICAS, DA SAÚDE E AFINS.
226 – PROFISSIONAIS DE SAÚDE EM PRÁTICAS INTEGRATIVAS E
COMPLEMENTARES.
2263 – PROFISSIONAIS DAS TERAPIAS CRIATIVAS, EQUOTERÁPICAS E
NATUROLÓGICAS.
Títulos:
2263-05 – Musicoterapeuta.
2263-10 – Arteterapeuta.
2263-15 – Equoterapeuta.
2263-20 – Naturólogo.

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UNIDADE 5 – A ÉTICA EM ARTETERAPIA

Uma das grandes questões do ser humano deste século é a falta de


parâmetros éticos. Diante da complexidade da vida humana, perdeu-se o conceito
sobre o que é ou não é Ética, portanto, o profissional arteterapeuta (como todos os
demais profissionais) deve saber que o conceito de Ética se forma na psique, por
meio da formação familiar, educação, religião e sociedade, e que faz parte do
caráter e da personalidade (TOMMASI, NERING, 2017).
Segundo Neumann (1991, p. 19): “o acordo com os valores do coletivo é a
linha diretiva ética do indivíduo que faz do grupo, e a consciência é a instância do
sistema psíquico que reagindo, tenta produzir esse acordo”.
O trabalho terapêutico exige uma postura ética a priori. O setting terapêutico
é um lugar sigiloso. O arteterapeuta deve zelar pelo sigilo absoluto. Portanto, deve-
se pensar antes de expor as obras dos sujeitos, e em expor seus casos
publicamente, mesmo tendo em mãos termos de consentimentos (TOMMASI,
NERING, 2017).

Figura 7: Ética.
Fonte: http://bombeirocivilrn.com/educacao/codigo-de-etica-profissional-dos-bombeiros-
civis/

Mas...o que vem a ser ética?

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A ética dos antigos resumia-se em três aspectos: o agir em conformidade


com a razão; o agir em conformidade com a Natureza e com o caráter natural de
cada indivíduo; a união permanente entre ética (a conduta do indivíduo) e a política
(valores da sociedade). A ética era uma maneira de educar o sujeito moral (seu
caráter) no intuito de propiciar a harmonia entre o mesmo e os valores coletivos,
sendo ambos virtuosos.

A Ética moderna traz à tona o conceito de que os seres humanos devem ser
tratados sempre como fim da ação e nunca como meio para alcançar seus
interesses. Immannuel Kant, um dos principais filósofos da Modernidade,
afirmava que não existe bondade natural. Por natureza somos egoístas,
ambiciosos, destrutivos, agressivos, cruéis, ávidos de prazeres que nunca
nos saciam e pelos quais matamos, mentimos, roubamos (ABBAGNANO,
1998, p. 384).

Na contemporaneidade, Nietzsche, filósofo alemão, atribui a origem dos


valores éticos não à razão, mas à emoção. Homem forte é aquele que não reprime
seus impulsos e desejos, que não se submete à moral demagógica e repressora
(TOMMASI, NERING, 2017).
A experiência ética reúne caráter e costume: comportamento adquirido ou
conquistado, hábito, durante o desenvolvimento da psique humana. É um conjunto
de valores morais e princípios que norteiam a conduta humana na sociedade. Para
Cortella (2011, p. 106), “a ética é um conjunto de valores que você usa para
responder as três grandes perguntas da vida humana: Quero? Devo? Posso?”.
Para viver em sociedade, é necessário ter uma conduta que leve em
consideração a pessoa na sua integralidade, portanto, uma conduta ética, na qual os
valores sejam relevantes, o sujeito é consciente das suas responsabilidades frente
às suas escolhas.
Ter uma postura ética no processo arteterapêutico, significa que o
profissional precisa estar ciente de suas responsabilidades no que se refere tanto às
ferramentas a serem utilizadas nos atendimentos, sejam elas teóricas ou práticas,
como também estar atento às suas potencialidades e limitações.
O processo terapêutico, seja ele individual ou em grupo, exige da parte do
profissional uma postura ética a priori. Isso significa buscar sempre fazer o máximo
para o bem-estar do paciente, respeitar seus valores e escolhas pessoais, não julgá-

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41

lo segundo seus próprios (do terapeuta) códigos morais e religiosos e evitar fazer
qualquer coisa que possa eventualmente prejudicá-lo (TOMMASI, NERING, 2017).
Leite (2010) pondera que sendo a Arteterapia uma área de estudos ainda
muito nova, novos também são os questionamentos que se originam como
fundantes de um compromisso com uma ética profissional que assegure a qualidade
dos serviços prestados.
Na medida em que um grupo de profissionais se organiza, faz-se necessário
refletir e estabelecer critérios válidos para o reconhecimento de uma identidade
profissional aceita e respeitada pela sociedade. Nesse sentido, o tema da ética
apresenta-se como um dos mais relevantes. Tanto que o longo dos fóruns da
UBAAT (Salvador, 21 de abril de 2008) chegou-se à elaboração do Código de Ética
da Classe, transcrito ao final da unidade.
Vejamos alguns dispositivos:
[...]
A saúde e o bem-estar do cliente são os principais objetivos do arteterapeuta. No
atendimento a seus clientes, o arteterapeuta deve:
Artigo 6º - Respeitar seus direitos e sua dignidade e, em todas as circunstâncias, atuar em
seu benefício [...]
[...]
Artigo 13 - Proteger o caráter confidencial das informações a respeito do cliente, registradas
ou produzidas por diversos meios (áudio, vídeo, textos, imagens plásticas, entre outros). A divulgação
com fins científicos será condicionada à autorização prévia do cliente ou seu responsável, sempre
que identifique o cliente. [...].

Esse compromisso com o caráter confidencial das informações deve pautar


as ações de todas as terapias. No entanto, em especial na Arteterapia, grande parte
do material produzido se traduz em imagens, o que determina que o cuidado deve
ser ainda maior, pois segundo um dizer popular: uma imagem vale por mil palavras
(LEITE, 2010).
Judith Rubin (1984 apud LEITE, 2010), uma importante arteterapeuta
americana, elenca três itens fundamentais a se pensar, que são:
o que o arteterapeuta precisa saber;
em que precisa acreditar; e,
quem precisa ser.
Sobre o primeiro item, discorre sobre a Arteterapia como disciplina híbrida e,
por isso, complexa, o que se aproxima sobremaneira do paradigma atual, voltado à
complexidade. Elenca similaridades superficiais como a recreação e terapia
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ocupacional, e similaridades profundas como a arte e terapias criativas (música,


movimento, dança, poesia, fototerapia). Entende que o diferencial da Arteterapia
está na criação, enquanto outros profissionais utilizam a arte somente como
ferramenta adjunta.
No item em que discorre sobre ‘o que o arteterapeuta deve acreditar’, estão:
acreditar na Arteterapia e em sua efetividade, acreditar que o ser humano necessita,
tem o direito e habilidade para se expressar criativamente e, finalmente, acreditar
que a arte pode ajudar no desenvolvimento humano.
Já no que se refere ao ‘quem o arteterapeuta precisa ser’, discorre sobre a
qualidade de um pensamento criativo que abarca as seguintes características:
fluência, flexibilidade, originalidade, habilidade para lidar com riscos e tolerar
ambiguidade. Também declara que é de fundamental importância que tenha
exercitado o processo criativo antes de o fazer com o outro, pois agindo assim terá
se conhecido melhor e estará apto a perceber as limitações do processo criativo
daqueles com quem vier a trabalhar.
Rubin entende “que um arteterapeuta efetivo é uma pessoa que aceita o
desafio de utilizar seu pensamento criativo em prol da atividade terapêutica”, além
de qualificar-se como profissional capaz de lidar com resistências e estados
inibitórios, ser genuíno e comportar-se como um ser humano real, bem como estar
em processo de terapia.
O conjunto dessas qualidades ajuda a delimitar a identidade profissional do
arteterapeuta, levando-se em consideração, em primeira instância, um ser e fazer
éticos. É por isso que essa breve explanação tem por objetivo alertar para o cuidado
que se deve ter com todo tipo de material coletado e a ser veiculado publicamente.
Principalmente porque também faz parte do código de ética duas sessões que
discorrem sobre as punições ao não cumprimento deste.
Enfim:
Para auxiliar na tomada de decisões, melhor atender, ser um instrumental
para fixar acordos capazes de orientar as relações, o arteterapeuta conta com o
chamado Código de Ética, cujo objetivo é nortear o arteterapeuta em sua prática
profissional. Essas normas visam resguardar a integridade e o bem-estar do cliente,
bem como proteger a comunidade arteterapêutica e a sociedade.

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Além disso, cabe ao profissional usar do bom senso frente às diversas


situações que lhe são apresentadas, mantendo sigilo absoluto, acolhendo, sendo
sensível ao processo de autoconhecimento do sujeito, estimulando-o a desenvolver-
se como um ser ético saudável, que use a liberdade de escolha com
responsabilidade. Ética é reverenciar a vida e seus valores, usufruir da liberdade
com responsabilidade (TOMMASI, NERING, 2017).

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CÓDIGO DE ÉTICA DOS ARTETERAPEUTAS

INTRODUÇÃO
Este código tem por objetivo nortear o arteterapeuta em sua prática
profissional. Estas normas visam resguardar a integridade e o bem-estar do cliente,
bem como proteger a comunidade arteterapêutica e a sociedade.

CAPÍTULO I
PRINCÍPIOS GERAIS
Artigo 1º - O arteterapeuta deve exercer somente as funções para as quais
ele está qualificado pessoal e tecnicamente;
Artigo 2º - O arteterapeuta não deve fazer discriminação em relação a
clientes em termos de raça, gênero, cor, nacionalidade, idade, orientação sexual,
classe social, doenças, deficiências, sequelas e necessidades especiais;
Artigo 3º - O arteterapeuta deve desenvolver constantemente a sua
competência profissional através de uma permanente atualização de conhecimentos
e habilidades;
Artigo 4º - O arteterapeuta deve buscar manter a sua saúde física e mental,
e observar as limitações pessoais que possam interferir na qualidade do seu
trabalho, inclusive durante a sua formação;
Artigo 5º - O arteterapeuta deve indicar sua qualificação profissional em
relatórios e outros documentos, acompanhada do número de registro na associação
regional de Arteterapia à qual seja filiado.

CAPÍTULO II
RESPONSABILIDADES
SESSÃO I - PARA COM O CLIENTE
A saúde e o bem-estar do cliente são os principais objetivos do
arteterapeuta. No atendimento a seus clientes, o arteterapeuta deve:
Artigo 6º - Respeitar seus direitos e sua dignidade e, em todas as
circunstâncias, atuar em seu benefício;
Artigo 7º - Preservar sua integridade e não explorá-lo de forma sexual,
financeira, ou buscar vantagens emocionais ou pessoais de qualquer natureza;
Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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Artigo 8º - Não estabelecer com ele qualquer tipo de relacionamento sexual;


Artigo 9º - Prestar serviços somente em contexto de uma relação profissional
e em espaços que garantam a sua segurança;
Artigo 10 - Considerar tanto possibilidades quanto limitações físicas, mentais
e emocionais do cliente, desenvolvendo objetivos apropriados para o atendimento
das suas necessidades e avaliar constantemente o desenvolvimento do processo
arteterapêutico;
Artigo 11 - Finalizar o tratamento quando o cliente não se beneficiar mais
deste;
Artigo 12 - Estabelecer e cumprir o contrato terapêutico, inclusive
considerando a elaboração da alta;
Artigo 13 - Proteger o caráter confidencial das informações a respeito do
cliente, registradas ou produzidas por diversos meios (áudio, vídeo, textos, imagens
plásticas, entre outros). A divulgação com fins científicos será condicionada à
autorização prévia do cliente ou seu responsável, sempre que identifique o cliente.

SESSÃO II - PARA COM ARTETERAPEUTAS E OUTROS PROFISSIONAIS


Artigo 14 - A atuação do arteterapeuta é pautada no respeito, discrição e
integridade em relação a arteterapeutas, estagiários e profissionais de outras áreas;
Artigo 15 - O arteterapeuta deve empenhar-se para manter contato e
estabelecer colaboração com outros profissionais envolvidos no tratamento do
cliente, tendo a liberdade de decidir sobre a pertinência de documentos técnicos a
serem fornecidos, observando-se os princípios éticos deste código;
Artigo 16 - O arteterapeuta, em função do espírito de solidariedade, não
deve ser conivente com erros, faltas éticas, crimes ou contravenções penais
praticadas por outros na prestação de serviços profissionais;
Artigo 17 - A crítica ao comportamento ético de outro arteterapeuta deverá
ser comprovada e dirigida à associação a qual pertence;
Artigo 18 - O arteterapeuta não deve aceitar como cliente alguém que esteja
em tratamento com outro arteterapeuta, salvo com a concordância deste último, ou
após ter recebido alta pelo referido profissional.

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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SESSÃO III - PARA COM A PROFISSÃO E A CARREIRA


Artigo 19 - O arteterapeuta deve ser responsável pelo desenvolvimento da
Arteterapia nos seus aspectos científico, clínico, educacional e artístico;
Artigo 20 - O arteterapeuta só deve representar a associação a qual é filiado,
assim como a UBAAT, somente quando autorizado para isto;
Artigo 21 - O arteterapeuta deve se empenhar em ampliar e fortalecer a
associação regional e a UBAAT, órgãos representativos e agregadores dos
profissionais de Arteterapia.

SESSÃO IV - PARA COM A PESQUISA CIENTÍFICA


O arteterapeuta, ao realizar qualquer tipo de pesquisa científica, deve:
Artigo 22 - Obter autorização dos sujeitos pesquisados e das instituições
envolvidas, antes de começar a pesquisa;
Artigo 23 - Proteger a integridade dos sujeitos que estiverem participando da
pesquisa;
Artigo 24 - Informar ao sujeito ou responsável dos possíveis riscos e
benefícios da participação na pesquisa;
Artigo 25 - Considerar que a participação na pesquisa deve ser voluntária ou
consentida pelos responsáveis, no caso de cliente que não tenha condição de tomar
decisões. A participação na pesquisa pode ser interrompida a qualquer momento por
decisão dos sujeitos ou dos seus responsáveis;
Artigo 26 - Manter o caráter confidencial com relação à identidade dos
sujeitos nos relatórios de pesquisa;
Artigo 27 - Dar crédito em publicações ou apresentações profissionais
àqueles que colaboraram no trabalho, na proporção de sua contribuição;
Artigo 28 - Relatar achados científicos de acordo com as normas técnicas e
científicas.

SESSÃO V - PARA COM ALUNOS/ SUPERVISANDOS E ESTAGIÁRIOS


Artigo 29 - O professor/supervisor deve avaliar a conveniência de atender
terapeuticamente os seus alunos/supervisandos;

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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Artigo 30 - O professor/supervisor deve manter o caráter confidencial relativo


à atuação e aspectos pessoais relatados pelos alunos/supervisandos, discutindo-os
somente com as pessoas apropriadas e dentro da instituição.

SESSÃO VI - PARA COM OS EMPREGADORES


Artigo 31 - O arteterapeuta deve cumprir as leis trabalhistas;
Artigo 32 - O arteterapeuta deve informar ao empregador qualquer condição
trabalhista que possa interferir na qualidade do trabalho a ser realizado.

CAPÍTULO III
DIREITOS
Artigo 33 - Os honorários devem ser fixados de forma a representar justa
remuneração pelo serviço prestado;
Artigo 34 - Em instituições, o arteterapeuta não deverá aceitar remuneração
inferior a de outros profissionais de mesmo nível de qualificação profissional.

CAPÍTULO IV
CUMPRIMENTO DO CÓDIGO
Artigo 35 - É dever de todo arteterapeuta conhecer, cumprir e fazer cumprir o
presente código;
Artigo 36 - Compete à Comissão de Ética formada por arteterapeutas
idôneos analisar denúncias apresentadas por arteterapeutas, clientes, instituições e
outros profissionais, relativas ou não ao cumprimento do presente código;
Artigo 37 - A Comissão de Ética, após ouvir as partes envolvidas, avaliará se
houve infração do código.

CAPÍTULO V
MEDIDAS DISCIPLINARES
Artigo 38 - Serão aplicadas pelo Conselho Diretor da Associação Estadual
de Arteterapia por recomendação da Comissão de Ética as seguintes medidas:
1- advertência sigilosa;
2- advertência pública;

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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3- suspensão dos direitos de associado;


4- desligamento da associação Estadual de Arteterapia.

CAPÍTULO VI
DISPOSIÇÕES GERAIS
Artigo 39 - Os casos omissos no presente Código ficarão a cargo do
Conselho Diretor da Associação Estadual de Arteterapia;
Artigo 40 - A indicação dos membros da Comissão de Ética, assim como
eventuais mudanças na sua composição, são da competência do Conselho Diretor
da Associação Estadual de Arteterapia.

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eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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REFERÊNCIAS

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