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FACULDADE DE DIREITO DE BISSAU

Centro de Estudos e de Apoio às Reformas Legislativas

Universidade Amílcar Cabral

Complexo Escolar 14 de Novembro


Bissau
Guiné-Bissau

3.ª Edição

2018

Com o apoio da Cooperação Portuguesa:

0
Índice

NOTA PRÉVIA À 3ª EDIÇÃO.............................................................................................................. 3

NOTA PRÉVIA À 2ª EDIÇÃO.............................................................................................................. 4

PREFÁCIO............................................................................................................................................... 6

PREFÁCIO............................................................................................................................................... 7

NOTA DE APRESENTAÇÃO ............................................................................................................... 8

INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 10

PROTOCOLO DE COOPERAÇÃO ENTRE A REPÚBLICA PORTUGUESA E A REPUBLICA


DA GUINÉ-BISSAU, ADICIONAL AO ACORDO DE COOPERAÇÃO JURIDICA, RELATIVO
AO APOIO À FACULDADE DE DIREITO DE BISSAU ................................................................. 14

PROTOCOLO DE PRORROGAÇÃO DO PROTOCOLO DE COOPERAÇÃO ENTRE A


REPÚBLICA PORTUGUESA E A REPÚBLICA DA GUINÉ-BISSAU, ADICIONAL AO
ACORDO DE COOPERAÇÃO JURÍDICA, RELATIVO A CRIAÇÃO E APOIO À FACULDADE
DE DIREITO DE BISSAU ................................................................................................................... 17

DECRETO N.º 4-A/2005, DE 18 DE JULHO DE 2005............................................................... 21

LICENCIATURA EM DIREITO ......................................................................................................... 32

MENÇÃO ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ......................................................................................... 32

DECRETO QUE CRIA A FACULDADE DE DIREITO DE BISSAU ............................................. 33

DECRETO N.º 34/90, DE 26 DE NOVEMBRO DE 1990 ........................................................... 33

REGULAMENTO INTERNO DA FACULDADE DE DIREITO DE BISSAU ............................... 49

DESPACHO ........................................................................................................................................... 49

REGULAMENTO DOS DOCENTES DA FACULDADE DE DIREITO DE BISSAU .................. 54


1
REGULAMENTO DA ASSEMBLEIA DE ESCOLA ......................................................................... 63

REGULAMENTO DA SALA DE INFORMÁTICA E FOTOCÓPIAS............................................. 74

CENTRO DE ESTUDO E DE APOIO ÀS REFORMAS LEGISLATIVAS ..................................... 78

PROTOCOLO DE COLABORAÇÃO ................................................................................................. 81

ENTRE ................................................................................................................................................... 81

A FACULDADE DE DIREITO DE BISSAU ...................................................................................... 81

E O INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISA .......................................................... 81

DA FACULDADE DE DIREITO DE BISSAU................................................................................... 84

NA FACULDADE DE DIREITO DE BISSAU E REFORMA DO PLANO DE CURSO ............... 89

CONVÉNIO DE COOPERAÇÃO ENTRE A FACULDADE DE DIREITO DE LISBOA E A


FACULDADE DE DIREITO DE BISSAU ...................................................................................... 103

DELIBERAÇÃO N.º 05/CDFDB/2017 ....................................................................................... 110

REGULAMENTO DE PROPINAS E TAXAS DE INSCRIÇÃO DO CURSO DE LICENCIATURA


.............................................................................................................................................................. 110

DESPACHO N.º 16/2010 .............................................................................................................. 114

REGULAMENTO DE AVALIAÇÃO DA FACULDADE DE DIREITO DE BISSAU DO


MINISTRO DA EDUCAÇÃO NACIONAL, CULTURA, CIÊNCIA, JUVENTUDE E
DESPORTOS. .................................................................................................................................... 114

ASSOCIAÇÃO ACADÉMICA DA FACULDADE DE DIREITO DE BISSAU ............................ 123

ESTATUTOS ...................................................................................................................................... 123

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NOTA PRÉVIA À 3ª EDIÇÃO
Decorrem em 2018 doze anos desde a publicação da segunda edição do presente Guia, que há
muito se encontra esgotada.

O Guia constitui um importante instrumento de conhecimento do enquadramento normativo da


Faculdade de Direito, instituição de referência no ensino universitário na Guiné-Bissau. Essa
importância é reconhecida quer pelos alunos quer pelos docentes da Faculdade, na medida em
que o Guia constitui o repositório do conjunto normativo que, diariamente, rege, enquanto tais,
as suas actividades. Mas o Guia é também instrumento de conhecimento da Faculdade por
terceiros que nisso possam ter interesse, designadamente a Administração Pública, que, com
proveito, pode beneficiar, por exemplo, de um conhecimento detalhado da estrutura do curso de
licenciatura na menção de “Administração Pública”, ou do regime do Centro do Estudos, na sua
actividade de Parecerística. O Guia está também pensado para servir de veículo de
conhecimento da Faculdade a todos aqueles que alimentem a expectativa de vir a cursar a
licenciatura que a mesma ministra.

No ano lectivo de 2017/2018, a assessoria científica e a direcção da Faculdade tomaram a cargo


a tarefa de proceder à reedição do Guia, para o que solicitaram o apoio dos serviços públicos de
cooperação portugueses, que, prontamente, através do Camões, Instituto da Língua e da
Cultura, acederam à solicitação, o que aqui se agradece.

Doze anos passados sobre a segunda edição do Guia não permitiram que se recuperasse o
ficheiro informático que serviu de maquete àquela edição. Foi, assim, necessário refazer todo o
texto, o que foi conseguido em pouco tempo com o auxílio de um grupo de alunos da
Faculdade que, com trabalho distribuído e a partir de exemplares em papel da segunda edição,
recriaram o texto sob a orientação de um docente; a todos é devido um especial agradecimento
pelo trabalho desenvolvido em prol da Faculdade e da comunidade académica.

Entre a data da segunda edição do Guia e a desta edição produziram-se algumas mudanças no
enquadramento normativo da Faculdade, designadamente com a aprovação de um novo
regulamento de avaliação, em 2010, que naturalmente, se acrescenta nesta nova edição.

A presente edição do Guia materializa um dos muitos pontos da ligação histórica e afectiva que
une os povos da Guiné-Bissau e de Portugal e que tem na frutuosa relação entre a Faculdade de
Direito da Universidade de Lisboa e na Faculdade de Direito de Bissau/Universidade Amílcar
Cabral o espelho de uma cultura jurídica comum em aprofundamento contínuo.

O DIRETOR, O ASSESSOR CIENTÍFICO,


Alcides Gomes João Espírito Santo

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NOTA PRÉVIA À 2ª EDIÇÃO
1. Após um interregno de largos anos, decidiu-se publicar a segunda edição do Guia da
Faculdade de Direito de Bissau, esgotada que estava há muito a que fora organizada em 1991.
A utilidade do Guia é manifesta, servindo para divulgar, de forma concentrada, todos os
instrumentos jurídicos, internos e internacionais, que dão pleno enquadramento legal à
instituição. Alunos, docentes, funcionários e terceiros, interessados em conhecer os Estatutos
da Faculdade, passam assim a dispor de um meio fácil de consulta que lhes permite inteirarem-
se do seu modelo de organização e funcionamento.
2. A razão de ser desta iniciativa é ainda reforçada pela premente necessidade de trazer a
público as importantes alterações sofridas nos últimos anos pelos Estatutos da Faculdade de
Direito de Bissau, designadamente em 2004 e 2005, as quais, incidiram, sobretudo, no plano de
curso, mas também em alguns elementos do regime de avaliação de conhecimentos, como a
época de recurso e os exames de melhoria, assim como no Regulamento da Biblioteca.
Com efeito, em 2004, introduziu-se, finalmente, na estrutura curricular da Faculdade de Direito
de Bissau, a menção especializada em Administração Publica, a partir do 3.º ano do curso,
inclusive, assim se satisfazendo uma antiga aspiração da Guiné-Bissau. Logo vertida, aliás, no
artigo 3.º, n.º 4, do primeiro Protocolo de Cooperação entre Portugal e a Guiné-Bissau relativo
ao apoio à Faculdade de Direito de Bissau, outorgado em 22 de Julho de 1990.
Iniciada no ano lectivo de 2004-05, esta vertente produzirá o seu primeiro contingente dos
licenciados em 2007, esperando-se que represente um valioso contributo para a reforma da
Administração Publica do País para efectiva implementação dos Tribunais Administrativos
criados em 2002 mais ainda por instalar – ao formar juristas especializados nas principais áreas
da gestão pública e do contencioso administrativo. O curriculum da menção inicialmente
aprovado, sofreu um ligeiro reajustamento deliberado em 2005 pelo Conselho da FDB,
publicando-se já a sua versão actualizada.
Simultaneamente, reformou-se também o plano de curso tronco comum, criando-se duas novas
disciplinas no 5.º ano, Direito Comercial II e Direito Privado, cujo objecto tem incidido,
respectivamente, nas Sociedades Comercial e Garantias, sem prejuízo de poderem ser
aproveitadas para leccionar outras matérias, como o Direito Bancário ou dos Transportes, uma
vez que se trata de cadeiras de conteúdos variável, aprofundando-se, assim, formação
especializada que a Faculdade proporciona aos seus alunos. O ensejo permitiu, ainda,
formalizar a introdução, também no 5.º ano, da disciplina de Direito Penal II, que em 2002-03
ingressara no plano de estudos e a autonomização, operada no ano lectivo 2003-04, da
disciplina de Direito Comunitário face ao Direito Internacional Publico, ambas leccionadas no
2.º ano.
3. Por seu lado, em 2005, teve lugar uma outra transformação curricular de largo alcance. Com
efeito, sob proposta do Ministro da Educação Nacional, o Conselho de Ministros deliberou
confiar à Faculdade de Direito de Bissau a organização do ano zero.
Servindo para colmatar a grave lacuna do sistema de estudos do ensino secundário da Guiné-
Bissau que ainda não institucionalizou o 12.º ano de escolaridade bem como a deficiente
preparação dos candidatos aos novos ingressos, a decisão suaviza a transição para as especiais
exigências de rigor de avaliação de conhecimentos cultivadas pela Faculdade, ao criar um ano
vestibular que inicia a familiarização com as matérias que pertencem a enciclopédias jurídicas.
Há, pois, fundadas razões para confiar na redução das elevadas taxas de reprovação verificadas
nos primeiros anos do curso, em especial, na disciplinas nucleares, como Introdução ao Estudo
de Direito, Direito Constitucional, Teoria Geral do Direito Civil e Direito Administrativo I.

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Outros, alias, não foi o objectivo que presidiu à concepção do currículo do ano zero, em que
avulta, de um lado, a introdução da cadeira de Noções Preliminares do Direito, cuja regência
disporá, consequentemente, de mais tempo lectivo para se concentrar nas matérias de superior
complexidade técnica e, doutro, a autonomização da cadeira de Ciência Politica, libertando a
disciplina de Direito Constitucional, leccionado no 1ᵒ ano.
Ainda neste quadro, o ensino da Língua Portuguesa conheceu uma consolidação excepcional no
novo plano de estudos da Faculdade, o que, seguramente, também contribuirá para incrementar
os níveis de sucesso escolar. Com efeito, as graves dificuldades de expressão escrita e oral em
português limitam substancialmente a prestação dos alunos, incluindo muitas das que revelam
boa capacidade de raciocínio jurídico. Com a reforma de 2005, o ensino da Língua Portuguesa
desdobra-se, agora, pelos três primeiros anos do curso, com uma carga horaria de 10 horas
semanais no ano zero, cinco no primeiro ano e três no segundo ano, perfazendo um total de
dezoito horas no curriculum da licenciatura, estando, pois, criadas as condições para melhorar a
formação jurídica, através do superior domínio da língua veicular.
Todas estas modificações provocaram inevitáveis repercussões na relação de precedências, cujo
novo quadro também se divulga.
4. Por sua vez, o regime de avaliação de conhecimentos sofreu também algumas modificações
pontuais, imputáveis às alterações curriculares verificadas.
Embora se mantenha o limite de duas disciplinas para os estudantes inscritos nos anos com
cinco disciplinas, permitiu-se aos alunos inscritos em anos com mais de cinco disciplinas,
realizar três exames na época de recurso em Setembro/Outubro, estendendo-se essa mesma
facilidade às provas de melhoria dos alunos inscritos nesses anos. Em termos práticos, esta
alteração só produz efeitos no segundo e quinto ano do tronco comum e no terceiro, quarto e
quinto da menção especializada em Administração Publica. Ainda no respeitante aos exames de
melhoria, a prova escrita adquiriu caracter meramente facultativo.
5. Decidiu-se ainda incluir na presente edição do Guia de FDB, o Convénio celebrado entre a
Faculdade de Direito de Lisboa e a Faculdade de Direito de Bissau em 23 de Março de 2006, na
sessão solene de abertura das comemorações do 15ᵒaniversário da instituição, realizadas no
novo edifício da Assembleia Nacional Popular, Palácio Colinas de Boé.
Este Convénio, que pressupõe e complementa o Protocolo, outorgado em Setembro d 2004,
pelo Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento e Faculdade de Direito de Lisboa,
relativo ao projecto de cooperação com a Faculdade de Direito de Bissau, regula de forma
minuciosa as relações entre as duas instituições universitárias, ao precisar as competências de
coordenação científica e pedagógica que assistem à Faculdade de Direito de Lisboa e o seu
modo de exercício, constituindo, portanto, um instrumento jurídico fundamental para a cabal
compreensão da filosofia e objectivos deste projecto de cooperação.
6. Finalmente, é devido um rasgado agradecimento ao Banco da Africa Ocidental por ter
patrocinado a presente edição do Guia da Faculdade de Direito de Bissau, testemunhando o
constante apoio que as mais variadas iniciativas da FDB têm merecido junto desta prestigiada
instituição bancaria.
Bissau, 30 de Setembro de 2006

O DIRETOR, O ASSESSOR CIENTÍFICO,


João Mendes Pereira Rui Paulo Coutinho de Mascarenhas Ataíde

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PREFÁCIO
A abertura ao pluralismo político e o aprofundamento da Democracia, que neste momento se
preconiza e se debate em todo o país, constitui razão suplementar para nos felicitarmos pela
recente inauguração da Faculdade de Direito de Bissau.
Portugueses e Guineenses, animados da mesma vontade política, decidiram unir esforços para o
empreendimento que é a primeira Faculdade que Portugal ajuda a criar num dos Cinco, depois
de ascensão à independência dos respectivos povos.
Não carece ser realçada a importância da Faculdade de Direito na actual conjuntura politica e
socioeconómica nacional, se nos lembrarmos que, quer a nível económico quer a nível político,
a reestruturação e a renovação – para sedimentarem e oferecem garantias ao cidadão em geral e
ao investidor em particular – precisam de inúmera legislação e de instituições eficazes que as
apliquem e defendem.
O Jurista e o Administrador, técnicos que a Faculdade vai formar, precisam de ser competentes
e dedicados a fim de poderem situar-se devidamente num país cultural e juridicamente
diversificado, mas que visa construir a Unidade Nacional, base essencial para o progresso
económico-social e para a instauração de um Estado de Direito, de Democracia participativa e
pluralista.
Compete, pois, à Faculdade, ao corpo docente e discente e a todos os trabalhadores das
diferentes categorias, dar o melhor e si mesmos com o objectivo de materializar o sonho secular
da humanidade: justiça e bem-estar para todos, numa sociedade aberta, pluralista e
democrática.

Mário Cabral
Ministro da Justiça

6
PREFÁCIO
Os meios são sempre limitados. Não obstante, foi possível erguer uma Faculdade de Direito em
Bissau, que se afirma como uma instituição modelar.
Quando um projecto de cooperação tem êxito, pergunta-se qual foi o segredo.
Não há segredo, mas há lições a tirar.
Sobretudo, aprende-se mais uma vez que a cooperação, mesmo no mais alto nível técnico, é
muito mais do que técnica.
Nem nunca poderia ser só técnica quando está em causa uma realidade como o Direito, que é
técnica cerrada mas é ao mesmo tempo vivência no dia-a-dia dum povo. O Direito tem uma
alma, porque está ancorado na alma dos que dele participam.
Cooperar é antes de mais viver uma aventura em comum. A cooperação bem entendida é
comunhão ― no sentir do problema e na busca de solução. É simpatia no que o sentido forte
originário da palavra nos ensina.
Mas só vive em comum quem sente em comum. Só dois povos com laços tão fortes entre si
poderiam abalançar-se a um projecto tão difícil e suportar todas as angústias da realização.
A instituição criada já é também passado comum. Esse passado permite encarar com redobrada
confiança o futuro. Há que ir mais além.

José de Oliveira Ascensão


Presidente de Conselho Científico da Faculdade de Direito de Lisboa

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NOTA DE APRESENTAÇÃO
Sem querer fazer uma história detalhada da vida da nossa instituição académica, não será por
demais traçar a linha de evolução da Escola de Direito, deste 1979, até à criação da Faculdade
de Direito de Bissau, em 1990.
Assim, pode-se dividir a história da Faculdade de Direito em dois pequenos períodos,
separados por uma crise que reflecte evidentemente a situação socioecónomica de transição em
que o país se encontra inserido.
O Governo, em 1979, através do Decreto n.º 22, de 27 de Setembro, criou a Escola de Direito,
reconhecendo a necessidade de promover a formação de quadros técnicos com o nível
académico de bacharelato no âmbito de Ciência do Direito, tendo em conta as carências agudas
que se verificavam nos Tribunais, Advocacia Popular, Conservatórias. Notariados e
Administração Publica.
O curso começou com 64 alunos e funcionou mediante a cooperação das Faculdades de Direito
de Lisboa e de Coimbra, bem como das instituições universitárias da República Democrática
Alemã, da URSS e do Brasil.
É de reconhecer a abnegada dedicação, dinâmica e esforços empreendidos pela Direcção da
Escola e pelos docentes oriundos de diferentes países.
Pode afirmar-se, honestamente, que os primeiros anos deste período alcançaram bons
resultados graças à estreita articulação entre o Ministério da tutela (Justiça) e a Direcção da
Escola.
Foram, nessa altura, concebidas algumas plataformas de cooperação com instituições
estrangeiras congéneres.
Em 1983 as Faculdades de Direito de Coimbra e de Lisboa, em colaboração com as autoridades
guineenses e portuguesas, reconheceram o curso ministrado na Escola de Direito de Bissau
como equivalente aos seus primeiros anos de curso, com ligeiras excepções de algumas
disciplinas do seu “curriculum‫ײ‬. É de destacar o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian, que
concedeu à Escola nessa altura um valioso donativo em manuais e documentação jurídica. Em
1982, foi celebrado um Convénio de Cooperação entre a Faculdade de São Paulo (Brasil) e a
Escola de Direito. Entre a Empresa Soviética “Techno Expor”" e o Ministério da Justiça da
Guiné Bissau. Foi elaborado em 1985 um acordo sobre envio de docentes para a Escola de
Direito. Foi, igualmente, preparado um anteprojecto de Protocolo de Cooperação entre a
Universidade do Minho e a Escola de Direito de Bissau, que previa a permuta de publicações e
o intercâmbio de docentes, além de outras acções.
Todavia, não se conseguiram concretizar todas essas ambições. Logo desde o início o projecto
foi marcado por enorme empirismo que impediu que fossem, então, levantadas diversas e
oportunas questões, tais como as consequências e os custos deste tipo de ensino, a articulação
do projecto da Escola de Direito com outros projectos de formação profissional, o estudo
minucioso das necessidades de mercado profissional. Por outro lado, até então o funcionamento
da Escola de Direito ressentiu-se da falta de um apoio de cooperação coordenado das
Faculdades congéneres que se interessavam pelo projecto.
Estes motivos contribuíram para que a Escola de Direito viesse a diminuir a sua actividade, o
que culminou com a crise de 1986 e a suspensão do curso que vinha ministrando.
Não é menos difícil o período que apenas agora se inicia. Durante algum tempo, as autoridades
guineenses tomaram várias providências com o objectivo de retomar o projecto, estruturado já
em novas bases e visando a criação da Faculdade de Direito.

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Uma missão universitária portuguesa, chefiada pelo Professor Doutor Marcelo Rebelo de
Sousa, em Maio de 1988, em colaboração com autoridades guineenses, analisou as condições
básicas de relançamento de estudo de Direito na Guiné. Por outro lado, a visita a Bissau, em
Março de 1989 do Primeiro-ministro Português, Prof. Doutor Aníbal Cavaco Silva,
impulsionou o desenvolvimento de todo o processo, que foi concretizado nas negociações
ocorridos posteriormente em Lisboa, em Outubro de 1989, através dos Ministros da Justiça dos
dois Países.
Espero que para toda Academia, para os docentes e para os estudantes, os documentos que
agora se publicam sirvam de referência importante e simultaneamente, de testemunho histórico.
Não queria terminar esta nota de apresentação sem exprimir os meus agradecimentos sinceros
ao Senhor Ministro Nicandro Barreto e o Prof. Doutor José de Oliveira Ascensão, que
souberam encaminhar devidamente e nos melhores termos, todo o processo de entrada em
funcionamento do curso de direito no início de 1990; bem como ao Senhor Ministro Mário
Cabral e ao Senhor Prof. Sérvulo Correia, pela forma empenhada como continuaram e
apoiaram o seu desenvolvimento.
Em seguida, agradeço calorosamente à Faculdade de Direito de Lisboa que concedeu ao
projecto da Faculdade de Direito de Bissau todo o apoio, sem o qual seria em difícil a sua
instalação. E quero recordar três docentes: Dr. Ricardo Sá Fernandes (Assessor Científico), Dr.
Jorge Quintas e Dr. Frederico de Lacerda da Costa Pinto, que, num espaço de tempo muito
curto, entre carências e dificuldades, conseguiram promover a instalação da Faculdade e o
funcionamento dos seus dois primeiros anos lectivos.
Acresce ainda um voto de agradecimento ao Dr. Rui Tereno, da Embaixada de Portugal em
Bissau, e à Dras. Ana Maria Baiã e Isabel Martins, do Centro Cultural da mesma Embaixada,
que assegurarem, com sobrecarga das suas funções, algumas necessidades de leccionação da
Faculdade do domínio da Historia do Direito e da Língua Portuguesa, bem como ao Dr. Jorge
Costa Santos, que recentemente se juntou à equipa universitária portuguesa acima referida.
O intercâmbio entre diversos Povos é uma das ricas componentes do mundo actual. Por isso, a
Faculdade de Direito de Bissau apela às instituições de formação congéneres para uma estreita
colaboração no sentido de facilitar a expansão das suas actividades e o aprofundamento da
investigação científica do Direito.
O Diretor da Faculdade,
Ivo Djaló

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INTRODUÇÃO
1. Hoje existe em Bissau uma Faculdade de Direito. Com alunos e professores que asseguram
com êxito o funcionamento dos dois primeiros anos de curso. Solidamente implantada numa
estrutura jurídica preparada até ao detalhe. Em instalações condignas. Com uma biblioteca
minimamente apetrechada. Estando garantidos os meios que lhe vão permitir viver sem
estrangulamentos financeiros. Com a perspectiva de uma integração gradual e exigente de
juristas guineenses no seu corpo docente, por enquanto fundamentalmente dependente dos
elementos da missão universitária portuguesa. Virada para o exterior, com protocolos firmados
com outras instituições de investigação e de âmbito cultural. Disposta a colaborar no
levantamento e preservação do direito consuetudinário e contribuir para a construção de um
Estado de Direito na Guiné-Bissau. Vocacionada para a difusão de saber e de um espírito
realmente universitário.
2. Não chegámos aqui por acaso.
Chegámos, porque houve vontade política dos Estados guineense e português acertada para
esse fim.
Chegamos, porque foi possível congregar meios humanos, financeiros, logísticos e materiais
que se organizaram no quadro de um planeamento rigoroso, adequado às necessidades locais e
às disponibilidades existentes.
Chegamos, porque se encontrou uma equipa de guineenses e portugueses dispostos a deitar
mão ao trabalho, com afinco, competência, espírito de serviço e – porque não recordá-lo – com
amor a uma obra que nos honra a todos.
Chegamos, sabendo que o local de chegada é um ponto de partida. Deitámos a semente ao chão
que lavrámos. Estão criadas as condições para o seu desenvolvimento. Mas todos sabemos que
há ainda tanto a fazer até à meta a que aspiramos, uma árvore frondosa, de raízes profundas e
copa acolhedora. Como os poilões desta terra.
3. Uma Faculdade pode formar-se de várias maneiras.
Ou através da evolução histórica de realidades que a precederam. Ou resultado de uma ou
várias dissidências. Ou fruto da cooperação entre instituições.
A primeira hipótese não era possível num país jovem sem tradição Universitária. A seguinte
exigia a transferência, a título definitivo, de docentes de outras faculdades, o que não era
exequível.
Restava a via da cooperação.
Definiu-se um modelo assente na escolha de uma entidade prestigiada que esta dotada dos
meios humanos e técnicos necessários para garantir e orientação científica e pedagógica da
nova Escola durante o período de tempo adequado à sua maturação.
Tiveram-se presentes os graves inconvenientes de apoio disperso e descoordenada que
contribuiu para a suspensão da experiência da antiga Escola de Direito, criada em 1979, que
visava uma formação superior de grau intermédio, a qual dependia de contribuições
provenientes de quatro Estados.
A Faculdade de Direito de Lisboa, organismo escolhido para realizar a tutela em causa,
assegura não só o pessoal docente necessário ao funcionamento da nova Faculdade enquanto
esta não dispuser de um quadro docente suficiente, mas também a imprescindível supervisão
técnica que permitirá construir com solidez todos os alicerces em que deverá assentar a
instituição.

10
4. A estruturação do suporte jurídico da Faculdade de Direito de Bissau mereceu uma atenção
esmerada.
E no momento de apresentar a obra constitui motivo de justo orgulho poder afirmar que o rigor
ensaiado não tem paralelo na cooperação de qualquer dos países.
No período de um ano foi possível estabelecer o Protocolo da Cooperação entre os dois
Estados, bem como o Convénio entre as instituições que o executam. Criou-se a Faculdade,
determinando-se o seu regime jurídico. Regulamentaram-se com detalhe as condições do
exercício da escolaridade. Definiu-se um plano de estudos. Aprovaram-se diplomas autónomos
que desenvolvem regras aplicáveis a alunos e docentes, aos órgãos da Escola e, em geral, à vida
académica. Acordaram-se protocolos com outras entidades que servem a dimensão
universitária e polivalente do projecto.
5. A Faculdade está virada para a sociedade e para o país a que pertence.
Foi criado, no seu âmbito, o Centro de Estudos e de Apoio às Reformas Legislativas, que
contribuirá para a investigação do Direito e das ciências afins, mas também se destina a prestar
serviços a entidades públicas ou privadas que deles careçam, nomeadamente no quadro das
reformas legislativas já anunciadas e que se avizinham.
Desse modo estará ainda a Faculdade a autofinanciar-se, bem como a instituir estímulos
materiais tão decisivos para a atracção e fixação de docentes e outros investigadores.
Por outro lado, consciente da importância, diversidade e riqueza do direito consuetudinário
guineense, lançaram-se as bases para uma frutuosa colaboração com o Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisa, que visa proceder ao levantamento e estudo desse extraordinário
património.
6. A língua portuguesa constitui o veículo do ensino ministrado, como não podia deixar de ser,
num projecto de dois países de língua oficial portuguesa.
Isso não põe em causa a dimensão cultural e social do crioulo e das línguas étnicas, que,
conjuntamente com o português, traduzem uma diversidade linguística que só enriquece a
identidade do povo guineense.
Neste quadro assume especial relevância o Protocolo celebrado com o Instituto da Cultura e
Língua Portuguesa, que, entre outros aspectos, proverá um professorado de português na
Faculdade, assegurará bolsas para alunos e licenciados e dinamizará, através de conferências,
oferta de livros e outras medidas, a difusão cultural e o intercâmbio científico.
7. No próximo mês de Fevereiro de 1991 realizar-se-ão, em Bissau, as Primeiras Jornadas
Jurídicas Luso-Guineenses, iniciativa do Ministério da Justiça de Guiné-Bissau, que conta com
o apoio da Faculdade de Direito de Bissau e da Faculdade de Direito da Lisboa, bem como com
a ajuda financeira do Estado e de outras instituições portuguesas.
Está prevista a presença de convidados angolanos, moçambicanos, cabo-verdianos, são-
tomenses e brasileiros, além de portugueses e guineenses, que versarão assuntos de Direito
Constitucional, Direito Consuetudinário, Direito Penal e Direito da Economia, numa
demonstração da vitalidade da cultura jurídica dos países de expressão oficial portuguesa.
Os docentes portugueses e guineenses da Faculdade de Direito de Bissau abordarão alguns
temas daquelas áreas, evidenciando, assim, o trabalho de investigação que já produz no seu
âmbito.
8. Os resultados alcançados são consequência de muitos empenhos que registo com prazer e
com a consciência clara de que não fora o trabalho colectivo e não teríamos construído nada.

11
A missão universitária portuguesa, que, em Bissau, tive o privilégio de coordenar, é a primeira
demonstração desse espírito. Aos Drs. Jorge Quintas e Frederico da Costa Pinto, desde o
começo incansáveis lutadores desta causa, ao Dr. Jorge Costa Santos, que com o mesmo animo
se nos juntou mais recentemente, devem ser reconhecidos todos os méritos que a cooperação
portuguesa patenteou. Pelas insuficiências, que certamente as houve, assumo integral
responsabilidade.
A orientação deste núcleo da Faculdade de Direito de Lisboa esteve a cargo do Prof. Oliveira
Ascensão, no arranque do projecto, e do Prof. Sérvulo Correia, a partir de Fevereiro de 1990. A
confiança de que fomos depositários e o apoio constante e total de que beneficiámos foram
indispensáveis para o sucesso da instalação e funcionamento dos dois primeiros anos lectivos
do curso.
Do lado guineense, contámos com empenho na obra comum e tivemos a colaboração de que
carecíamos. A nível governamental, dos Ministros da Justiça, Nicandro Barreto (na fase inicial)
e Mário Cabral (durante o desenvolvimento e consolidação do projecto), e da Educação,
Rambout Barcelos, e do Secretário de Estado da Justiça, Daniel Ferreira. Na Faculdade, do
Diretor, Dr. Ivo Djaló, que tudo nos facilitou, do Chefe da Secretaria, Sr. Lino Cunha, e dos
restantes funcionários, bem como, e de forma muito especial, dos assistentes estagiários
guineenses, Drs. Anildo Cruz, Armando Procel, Joãozinho Có, Juliano Fernandes, Pinto Pereira
e Vera Monteiro, os quais têm sido cumpridores zelosos das suas funções e entusiastas do
projecto. Nas comissões Luso-Guineenses em que participamos, e para além de alguns já
referidos, do Presidente do Supremo Tribunal de Justiça, Conselheiro Cruz Pinto, e dos
técnicos dos Ministérios da Educação e da Justiça, Professora Eugénia Pina e Dr. António
Gravelho.
Pela parte portuguesa, devemos recordar o apoio das instituições oficiais envolvidas.
Assim: os Ministros da Justiça, Fernando Nogueira e Laborinho Lúcio, e dos Negócios
Estrangeiros, Deus Pinheiro, o Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da
Cooperação, Durão Barroso; o Presidente do ICALP, Prof. Armando Marques Guedes, e os
técnicos desse organismo, Drs. Hernâni Vilela e Vera Palma; o Director-Geral e o Subdirector
da Cooperação, Drs. Rocha Paris e Vieira Branco.
Uma palavra especial de agradecimento é devida à Embaixada de Portugal em Bissau, que nos
cumulou de gentilezas e esteve sempre ao nosso lado, aos Senhores Embaixador, Dr. Gonçalves
Pedro, Conselheiro Cultural, Dr. Matos e Lemos, Secretário, Dr. Rui Tereno, e Adido para a
Cooperação, Dr. Almeida Machado. Do resto, o Dr. Matos e Lemos esteve especialmente
ligado ao projecto através do Centro Cultural que dirige, nomeadamente no âmbito das
disciplinas de língua portuguesa, que têm sido regidas, com toda a competência, por duas
Professoras do mesmo, Dras. Ana Maria Bayan Ferreira e Isabel Martins.
Por outro lado, o Dr. Rui Tereno, antigo assistente da FDL, numa emergência, assegurou com
dedicação a leccionação de uma das disciplinas do curso.
9. Finalmente, destaco os alunos da Faculdade de Direito de Bissau. A Faculdade é sobretudo
para eles. Para os que hão-de sair dela, formados e preparados para enfrentar uma vida
profissional extra-académica. E para os que nela ficarão como futuros docentes e
investigadores.
Hoje são cerca de uma centena. Devotados à sua Escola e conscientes de que têm nas mãos um
instrumento para se melhorarem e para contribuírem para o progresso do seu país. São a melhor
garantia do sucesso deste projecto.
10. Grande é o desafio. Muitos são os riscos.

12
Os problemas estruturais do ensino secundário guineense de que o nível estudantil universitário
depende, a escassez relativa de recursos financeiros e humanos (mau grado o esforço feito), os
estímulos para manter uma missão portuguesa à altura do empreendimento, a integração
progressiva de juristas guineenses no corpo docente da Faculdade e a sua especialização através
de cursos de aperfeiçoamento e mestrado (já iniciada), a dinamização de um campus realmente
universitário, tudo são questões que, entre outras, se nos deparam e que é preciso que,
guineenses e portugueses, se preparem para enfrentar.
É a primeira Faculdade que Portugal, no quadro de um projecto global, ajuda a criar em África
depois de 1974.
Estamos a fazê-lo sem complexos. No respeito profundo pela independência e identidade
cultural do povo guineense. No âmbito duma muita rica experiência de cooperação entre dois
países que, para além do passado, também tem um futuro comum.
Outra aposta dificilmente seria, no domínio da cooperação, tão audaciosa. Mas nenhuma seria
tão sedutora.
Ricardo Sá Fernandes
Assessor Científico da Faculdade de Direito de Bissau

13
PROTOCOLO DE COOPERAÇÃO ENTRE A REPÚBLICA PORTUGUESA E A
REPÚBLICA DA GUINÉ-BISSAU, ADICIONAL AO ACORDO DE COOPERAÇÃO
JURIDICA, RELATIVO AO APOIO À FACULDADE DE DIREITO DE BISSAU1

A República Portuguesa e a República da Guiné-Bissau:


Desejosas de aprofundar as profícuas relações bilaterais de cooperação no domínio da Justiça
que se vêm desenvolvendo ao abrigo de Acordo de Cooperação Jurídica por elas assinado em 5
de Julho de 1988.
Persuadidas de que a criação de uma Faculdade de Direito constituirá um contributo da maior
relevância para o processo de desenvolvimento da República da Guiné-Bissau, decidem o
seguinte:
ARTIGO 1.⁰
O presente Protocolo destina-se fixar os princípios gerais que nortearão a cooperação bilateral
no âmbito do projecto de criação da Faculdade de Direito de Bissau.

ARTIGO 2.⁰
A execução do referido projecto é confiada, pela Parte Portuguesa, à Faculdade de Direito da
Universidade de Lisboa, e pela Parte Guineense, à Faculdade de Direito de Bissau, e até à
criação desta, à Escola de Direito de Bissau, sob a coordenação dos Ministérios dos Negócios
Estrangeiros e da Justiça de Portugal e do Ministério da Justiça da Guiné-Bissau.

ARTIGO 3.⁰
1. Os organismos de execução do projecto fixarão, logo após a assinatura deste Protocolo e
com respeito pelos princípios neles consagrados, as condições de previsível desenvolvimento
para todo o período da sua vigência.
2. Serão fixadas anualmente as condições concretas da execução do projecto, as quais
deverão obedecer aos seguintes requisitos:
a) A Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa concederá à Faculdade de Direito de
Bissau apoio docente até ao ano lectivo de 1993/94;
b) Organizará, paralelamente, cursos, estágios, e outras acções de formação de professores em
Lisboa e, sempre que as circunstâncias o aconselharem e permitirem, em Bissau;
c) Dará a sua colaboração em matéria de estudos jurídicos e projectos de investigação,
assegurando designadamente o seu apoio à realização de seminários, conferências, reuniões e
exposições;
d) Contribuirá, ainda, para um intercâmbio sistemático de publicações e informações de
carácter científico e técnico.
3. A Parte Guineense definirá as condições de organização e funcionamento da Faculdade de
Direito de Bissau com respeito pelos seguintes princípios:
a) Consulta da Faculdade de Direito de Lisboa em todas as matérias relevantes para essa
organização e funcionamento;

1
Publicado em Portugal no Diário da República, I Série-A, em 17-1-91, após aprovação pelo Decreto n.º 5/91, de
17 de Janeiro, pendente de publicação na Guiné-Bissau.
14
b) Procura de uma decisão conjunta, participada pela Faculdade de Direito de Lisboa, nos
assuntos de índole científica e pedagógica;
c) Autonomia científica e pedagógica dos docentes portugueses, que serão coordenados pelo
assessor científico designado pela Faculdade de Direito de Lisboa;
d) Progressiva integração de nacionais guineenses no corpo docente da Faculdade de Direito
de Bissau, escolhidos de acordo com critérios de nível académico, científico e pedagógico.
4. A Faculdade de Direito de Bissau conferirá até ao ano lectivo de 1993/94 uma licenciatura
em Administração Publica, concebida como uma variante criada a partir do 3.⁰ ano de curso.

ARTIGO 4.⁰
1. A direcção do projecto será confiada a uma Comissão Coordenadora Paritária composta:
a) Pela Parte Portuguesa, pelo professor da Faculdade de Direito de Universidade de Lisboa
encarregado do pelouro da cooperação, pelo assessor científico designado, pelo adido de
cooperação da Embaixada de Portugal em Bissau e por um professor de nacionalidade
portuguesa;
b) Pela Parte Guineense, por um representante do Ministro da Justiça da República da Guiné-
Bissau, um representante do Ministro da Educação, o director da Faculdade de Direito de
Bissau e um dos membros do corpo docente de nacionalidade guineense.
2. Cada Parte designará um dos membros para co-presidir aos trabalhos da referida Comissão
Paritária.
3. A competência da Comissão Paritária e os aspectos concretos do seu funcionamento serão
fixados em documentos próprios, cabendo-lhe nomeadamente:
a) Aprovar os programas anuais do projecto;
b) Proceder à avaliação do cumprimento dos programas anuais e apresentar o respectivo
relatório.

ARTIGO 5.⁰
1. O suporte financeiro das acções decorrentes do projecto constantes dos programas anuais
estabelecidos será assegurado pela conjugação de verbas das Partes, bem como por outros
financiamentos que seja possível afectar a este fim.
2. A Parte Guineense suportará:
a) O alojamento dos assistentes técnicos portugueses;
b) Os encargos com a disponibilização de viaturas para utilização diária dos assistentes
técnicos portugueses (numa relação mínima de 1 viatura – 3 assistentes);
c) A aquisição dos livros essenciais ao estudo dos alunos, que lhes serão entregues nas
condições que a Parte Guineense definir.
3. A Parte Portuguesa suportará:
a) Os vencimentos dos assistentes técnicos portugueses;
b) Os encargos com o transporte Lisboa-Bissau-Lisboa dos assistentes técnicos portugueses;
c) A aquisição de uma biblioteca jurídica mínima para a Faculdade;
d) Os encargos relativos a três bolsas por ano lectivo, para três licenciados guineenses, com o
fim de aperfeiçoamento científico e pedagógico, que será efectuado com o recurso ao
contingente anual de bolsas à disposição das autoridades guineenses.

ARTIGO 6.⁰
Será observada, em matéria de repartição de encargos com o envio de missões, o regime
previsto no artigo 75.⁰ do Acordo nos Domínios do Ensino e da Formação Profissional,
assinado por ambas as Partes em 13 de Janeiro de 1978.

15
ARTIGO 7.⁰
1. O presente Protocolo entrará em vigor, com efeitos retroactivos a 1 de Janeiro de 1990,
na data da última notificação do cumprimento das formalidades exigidas para efeito pela ordem
jurídica de cada uma das Partes e será valido por um período de cinco anos, podendo ser
denunciado por qualquer das Partes mediante comunicação escrita à outra com uma
antecedência mínima de nove meses.
2. O presente Protocolo poderá ser prorrogado, por acordo entre as partes, por um período
suscitável de ir até cinco anos, tendo em conta a avaliação do projecto feita no decurso do ano
lectivo de 1993/94.

Feito em Bissau, em 22 de Julho de 1990, em dois exemplares em língua portuguesa, fazendo


ambos igualmente fé.

PELA REPÚBLICA PORTUGUESA,


João de Deus Rogado Salvador Pinheiro
Ministro dos Negócios Estrangeiros

PELA REPÚBLICA DA GUINÉ-BISSAU


Júlio Semedo
Ministro dos Negócios Estrangeiro

16
PROTOCOLO DE PRORROGAÇÃO DO PROTOCOLO DE COOPERAÇÃO ENTRE
A REPÚBLICA PORTUGUESA E A REPÚBLICA DA GUINÉ-BISSAU, ADICIONAL
AO ACORDO DE COOPERAÇÃO JURÍDICA, RELATIVO A CRIAÇÃO E APOIO À
FACULDADE DE DIREITO DE BISSAU

O Governo da República Portuguesa e o Governo da República da Guiné-Bissau:


Verificando o êxito do projecto Luso-Guineense relativo à Criação da Faculdade de Direito de
Bissau.
Considerando o desejo expresso da Parte Guineense no sentido de prorrogar a vigência do
protocolo de 22 de Julho de 1990 relativo a esta matéria, tal como está previsto, no seu artigo
7.º, em ordem a garantir a consolidação do empreendimento;
Tendo em conta a importância de introduzir algumas alterações nas condições de execução do
Protocolo, que correspondam ao estádio actual do desenvolvimento de Projecto;
Cientes de que a implementação de um entendimento de Ensino Superior, mormente num país
com os condicionalismos da Guiné-Bissau, é um processo moroso, sujeito a imponderáveis e
necessárias correcções;
Decidem o seguinte:
ARTIGO 1.º
O presente Protocolo destina-se a fixar os princípios gerais que nortearão a prorrogação da
vigência do Protocolo celebrado a 22 de Julho de 1990, relativo a cooperação bilateral no
âmbito do projecto referente a Faculdade de Direito de Bissau.

ARTIGO 2.º
A execução do referido projecto é confiada, pela Parte Portuguesa, à Faculdade de Direito da
Universidade de Lisboa e, pela Parte Guineense, à Faculdade de Direito de Bissau, sob a
coordenação dos Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal e Ministro da Justiça da
Guiné-Bissau.

ARTIGO 3.º
1. Os organismos de execução do projecto fixarão, logo após a assinatura deste Protocolo e
com respeito pelos princípios nele consagrados, as condições de previsível desenvolvimento
para todo o período da sua vigência.
2. As condições concretas de execução do projecto deverão obedecer aos seguintes requisitos:
a) Autonomia científica, pedagógica e administrativa da Faculdade de Direito de Bissau;
b) Procura de uma decisão conjunta em todos os assuntos relevantes para a vida da Faculdade
de Direito de Bissau;
c) Orientação científica e pedagógica do projecto confiada a um assessor científico,
designado pela Faculdade de Direito de Lisboa, o qual terá ainda competência para efectuar o
acompanhamento dos restantes aspectos da acção da Faculdade de Direito de Bissau,
designadamente do seu Conselho Directivo e da sua biblioteca.
d) Escolha, pela Parte Guineense, do Director da Faculdade de Direito de Bissau;
e) Redução progressiva do apoio docente da parte Portuguesa, de acordo com os progressos
verificados na formação dos docentes guineenses;

17
f) Dinamização do debate académico e das acções de formação da comunidade jurídica
guineense;
g) Diversificação das actividades da Faculdade, de forma a poder colaborar na realização de
cursos para outras áreas afins, tendo em conta os recursos e as necessidades existentes;
h) Utilização das estruturas da Faculdade de Direito de Bissau no apoio às reformas
guineenses.

ARTIGO 4.º
1. A direcção do projecto será confiada a uma Comissão Coordenadora Paritária composta:
a) Pela Parte Portuguesa, pelo professor da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa,
encarregado do pelouro da cooperação, pelo assessor científico designado, pelo adido de
cooperação da Embaixada de Portugal em Bissau e por um professor de nacionalidade
portuguesa;
b) Pela Parte Guineense, por um representante do Ministério da Justiça da República da
Guiné-Bissau, por um representante do Ministério da Educação, pelo director da Faculdade de
Direito e por um dos membros do seu corpo docente de nacionalidade guineense.
2. Cada Parte contratante designará um dos membros para co-presidir aos trabalhos da
referida Comissão Paritária.
3. A competência da Comissão paritária e os aspectos concretos do seu funcionamento serão
fixados em documento próprio, cabendo-lhe, nomeadamente:
a) Aprovar os programas anuais do projecto;
b) Proceder à avaliação do cumprimento dos programas anuais e apresentar o respectivo
relatório.

ARTIGO 5.º
1. Caberá especialmente à Parte Portuguesa:
a) Dar apoio docente à Faculdade de Direito de Bissau durante a vigência deste Protocolo;
b) Organizar, paralelamente, cursos, estágios e outras acções de formação de docentes em
Lisboa e, sempre que as circunstâncias o aconselhem e permitam, em Bissau;
c) Dar a sua colaboração em matéria de estudos jurídicos e projectos de investigação,
assegurando designadamente o seu apoio à realização de seminários, conferências, reuniões e
exposições, bem como ao Boletim da Faculdade de Direito de Bissau;
d) Contribuir para um intercâmbio de publicações e informações de carácter científico e
técnico;
2. Caberá especialmente à Parte Guineense:
a) Ampliar as instalações da Faculdade de Direito de Bissau de forma a garantir o seu regular
funcionamento no quadro do crescimento entretanto ocorrido;
b) Assegurar o funcionamento administrativo e financeiro da Faculdade de Direito de Bissau,
publicando anualmente as respectivas contas;
c) Escolher o corpo docente guineense de acordo com critérios de nível científico e
pedagógico, precedendo acordo do assessor científico;
d) Promover uma adequada formação dos estudantes dos últimos anos do curso liceal com
vista ao ingresso no ensino superior;
e) Utilizar as potencialidades da Faculdade de Direito de Bissau no apoio às reformas
legislativas guineenses;
f) Organizar, através da Faculdade de Direito de Bissau, estudos jurídicos e projectos de
investigação, bem como seminários, conferências, reuniões e exposições sobre matérias
jurídicas e afins.
18
ARTIGO 6.º
1. O suporte financeiro das acções decorrentes do projecto constantes dos programas anuais
estabelecidos será assegurado pela conjugação das verbas das Partes Contratantes, bem como
por outros financiamentos que seja possível afectar a esse fim.
2. A Parte Guineense suportará:
a) O alojamento dos assistentes técnicos Portugueses;
b) Os encargos com a disponibilização, manutenção e abastecimento de viatura de utilização
diária dos assistentes técnicos Portugueses (numa relação mínima de 1 viatura -3 docentes);
c) Os vencimentos do pessoal docente guineense e do pessoal administrativo;
3. A Parte Portuguesa suportará:
a) Os vencimentos dos técnicos portugueses;
b) Os encargos com o transporte anual Lisboa-Bissau-Lisboa dos assistentes técnicos
portugueses;
c) O reforço do aperfeiçoamento da biblioteca da Faculdade;
d) Os encargos relativos a bolsas para licenciados guineenses que se destinam a ser
aproveitados na docência da Faculdade, com o fim do seu aperfeiçoamento científico e
pedagógico, o que será efectuado com recurso ao contingente especial anual de bolsas à
disposição das autoridades guineenses;
e) A aquisição dos livros essenciais ao estudo dos alunos.

ARTIGO 7.º
Será observada, em matéria de repartição de encargos com o envio de missões, regime previsto
no artigo 18.º do Acordo nos Domínios do Ensino e da Formação Profissional, assinado por as
partes em 13 de Janeiro de 1978.

ARTIGO 8.º
1. O presente Protocolo entrará em vigor na data da última notificação do cumprimento das
formalidades exigidas pela ordem jurídica de cada uma das Partes Contratantes, de forma a
produzir efeito a partir de 1 de Outubro de 1994, e será valido por um período de 5 anos,
podendo ser denunciado por qualquer uma das Partes Contratantes mediante comunicação
escrita à outra com uma antecedência mínima de 9 meses.
2. O presente protocolo considerar-se-á prorrogado por um período de cinco anos se, após a
avaliação global do projecto, essa vontade for manifestada, por ambas as Partes.
3. As medidas previstas no presente Protocolo poderão ser objecto de outras acções
concertadas das Partes se, após o período previsto no número anterior, tal for julgado e útil.

Feito em Bissau, aos 22 dias do mês de Setembro de 1995, em dois exemplares em língua
portuguesa, fazendo ambas igualmente fé.

PELA PARTE PORTUGUESA


JOSE MANUEL BRIOSA E GALA
(Secretário de Estado da Cooperação)

PELA PARTE GUINEENSE

ARISTIDES GOMES
19
(Ministro do Plano e Cooperação Internacional)

20
Decreto n.º 4-A/2005, de 18 de Julho de 20052

(Alteração os estatutos da Faculdade de Direito de Bissau, aprovados pelo Decreto n.º


34/90, de 26 de Novembro de 1990)

Em Julho de 1988, Portugal e a Guiné-Bissau assinaram um acordo de cooperação jurídica, ao


abrigo do qual foi outorgado em Julho de 1990 o Protocolo de Cooperação que instituiu a
Faculdade de Direito de Bissau, a qual veio a ser criada pelo Decreto n.º 34/94 de 26 de
Novembro.
Os quinze anos de vida deste projecto têm revelado o indiscutível acerto das grandes soluções
então adoptadas. Com efeito, enquanto pessoa colectiva de direito publico guineense, dotada de
autonomia administrativa, disciplinar, financeira, patrimonial, científica e pedagógica, o
desempenho da Faculdade de Direito de Bissau tem vindo a corresponder de forma cabal aos
objectivos essenciais que lhe foram traçados. Prossegue, com efeito, em bom ritmo, a formação
de juristas qualificados que servem as estruturas do Estado de Direito democrático e as
profissões forenses tradicionais, satisfazendo ainda as carências de consultoria jurídica sentidas
por entidades publicas e privadas, colmatando-se assim gradualmente as principais lacunas de
quadros especializados destes domínios sensíveis da vida nacional.
O sucesso deste projecto de cooperação luso-guineense materializado na progressiva
consolidação de um corpo docente nacional de invejável qualidade técnica tem vindo solidificar
de maneira tal a Faculdade de Direito de Bissau que se encontram, enfim, reunidas as
condições para levar a cabo um conjunto de iniciativas de largo alcance, apoiadas pelo Instituto
Português ao Desenvolvimento, destinadas a ampliar o âmbito das actividades curriculares que
actualmente desenvolve e, por consequência, a reforçar a sua importância enquanto instituição
fundamental na formação de quadros de nível superior.
Deste modo, institui-se, por um lado, o ano zero do curso de Direito no plano da licenciatura,
cuja estrutura curricular obedece ao objectivo primordial de preparar devidamente os novos
alunos para as crescentes exigências de complexidade do ensino jurídico, procurando-se
também reduzir de forma apreciável a elevada taxa de crónico insucesso escolar que se verifica
nos primeiros anos do curso.
Por outro, aproveitou-se ainda a oportunidade para introduzir algumas alterações no currículo
do tronco comum, aproximando-o das modernas tendências do ensino universitário na área das
Ciências Jurídicas e proceder a alguns aperfeiçoamentos técnicos do Decreto n.º 34/90, de 26
de Novembro.

2
Publicado no Boletim Oficial n.º 29, de 18 de Junho de 2005.
21
Formaliza-se, enfim, a criação da tão almejada menção em Administração Publica, enquanto
variante especialidade da Licenciatura em Direito a partir do 3.º ano do curso, previsto no
artigo 3.º, n.º 4, do Protocolo celebrado em Julho de 1990 e no artigo 27.º, n.º 3, do Decreto n.º
34/90, de 26 de Novembro, vindo plenamente ao encontro desta antiga aspiração da Guiné-
Bissau de reservar à Faculdade de Direito de Bissau a responsabilidade de chamar a si a
formação do pessoal dirigente da Administração, incluindo os de técnicos superiores e
inspectores dos organismos e serviços públicos, bem como de magistrados e advogados
especializados em vista da instalação de uma ordem de tribunais administrativos e dum novo
sistema de contencioso administrativo, indispensável à defesa dos direitos dos cidadãos perante
o Estado.
Desta forma, ouvidos os nossos parceiros deste projecto de cooperação — em conformidade,
aliás, com o disposto no artigo 32.º, n.º 1, do Decreto n.º 34/90, que prescreve uma prática de
permanente consulta nos processos de decisão que incidem em todas as matérias relevantes de
organização e funcionamento da Faculdade de Direito de Bissau, os quais manifestaram plena
concordância com as modificações preconizadas, o Governo decreta o seguinte, nos termos do
artigo 100.º, n.º 1, alínea d), da Constituição, e em cumprimento do previsto o artigo 27.º, n.º 3,
do Decreto n.º 34/90, de 26 de Novembro:

CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS

ARTIGO 1.º
1. A partir do ano lectivo de 2005/06, é criado o ano zero no plano do curso de Licenciatura
em Direito ministrado na Faculdade de Direito de Bissau.
2. A estrutura curricular do ano zero consta do anexo A.

ARTIGO 2.º
A nova estrutura curricular do curso de Licenciatura em Direito da Faculdade de Direito de
Bissau consta anexo B.

ARTIGO 3.º
1. A partir do ano lectivo de 2004/05, é criada uma variante em Administração Publica no
3.º ano do curso de Licenciatura em Direito ministrado na Faculdade de Direito de Bissau.
2. A estrutura curricular da variante em Administração Pública constitui o Anexo C.

ARTIGO 4.º

22
Os novos quadros de precedências constam do anexo D.

ARTIGO 5.º
A redacção dos artigos 4.º, n.º 2, 27.º, números 1, 2, 3 e 4, 28.º, números 2 e 3, 29.º, números 3
e 4, 34.º, n.º 1 e 35, n.º 4, do Decreto n.º 34/90, de 26 de Novembro, sofre as seguintes
alterações.
ARTIGO 4.º
1. [...]
2. O grau de licenciatura em Direito é inerente à aprovação em todas disciplinas dos seis anos
do curso.
3. [...].

ARTIGO 27.º
CONTEÚDO
1. As disciplinas leccionadas no curso de Direito são as que constam do Anexo A ao
presente diploma.
2. As disciplinas leccionadas no curso de Direito na variante em Administração Pública
constituem o Anexo B.
3. Revogado
4. As disciplinas da Língua Portuguesa I, II e III, embora extracurriculares, são obrigatórios,
mas não contam para o cálculo da classificação final da licenciatura.
5.
ARTIGO 28.º
DURAÇÃO DAS DISCIPLINAS
1. [...]
2. As disciplinas têm, em princípio, dez, cinco ou três tempos semanais, nos termos
constantes dos Anexos A e B3.
3. As disciplinas com dez tempos semanais devem ser leccionadas, em princípio, em cinco
aulas teóricas e cinco aulas praticas; as disciplinas com cinco tempos semanais em aulas
teóricas e duas práticas e as disciplinas com três tempos semanais, em duas aulas teóricas e
uma prática3.

ARTIGO 29.º
PRECEDÊNCIAS
1. [...]
2. [...]
3. Revogado
4. As precedências são as constantes do quadro que constitui o Anexo C.

ARTIGO 34.º
MINISTÉRIO DA TUTELA

3
A actual redacção do preceito foi introduzida pela deliberação do Conselho Científico da Faculdade de Direito de
Bissau aprovada na reunião realizada em 5 de Outubro de 2005.
23
1. O Ministério da tutela do Governo responsável pelo sector da Educação.
2. [...]

ARTIGO 35.º
EXTINÇÃO DA ESCOLA DE DIREITO E CRIAÇÃO DA FACULDADE DE DIREITO
1. [...]
2. [...]
3. [...]
4. A sede da FDB fica localizada nas instalações que actualmente ocupa no Complexo Escolar
14 de Novembro.
5. [...]

CAPÍTULO II
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIOS
ARTIGO 6.º
São revogados o n.º 3 do artigo 27.º, o n.º 3 do artigo 29.º e o artigo 36.º do Decreto n.º 34/90,
de 26 de Novembro.
ARTIGO 7.º
Entre 1 de Março de 2005 e 29 de Julho de 2005, a Faculdade de Direito de Bissau organizará
um curso especial de preparação para as suas provas de admissão a realizar em Setembro de
2005, nas seguintes condições:
1. O curso será aberto até ao limite máximo de 200 alunos que tenham completado o 11.º
ano de escolaridade, seleccionados segundo a respectiva media;
2. A estrutura curricular e carga horária do curso constam do Anexo E;
3. Os demais aspectos organizativos do curso serão fixados pela Faculdade de Direito de
Bissau, em conformidade com o teor da deliberação proferida pelo seu Conselho Científico na
reunião plenária de 18 de Janeiro de 2005.

ARTIGO 8.º
O numerus clausus da Faculdade de Direito de Bissau no ano lectivo de 2005/06 será,
excepcionalmente, de 100 alunos, distribuído da seguinte forma:
1. Os primeiros cinquenta aprovados nos exames de aptidão a realizar em Setembro de 2005
ingressarão no primeiro ano do curso;
2. Os segundos cinquenta aprovados nesses exames de aptidão ingressarão no ano zero do
curso.
ARTIGO 9.º
Em anexo, republica-se, na íntegra, o Decreto n.º 34/90, com a sua redacção actualizada.
Aprovado em Conselho de Ministros de 5 de Abril de 2005.

O Primeiro-Ministro, O Ministro da Educação Nacional,

24
Carlos Gomes Júnior Marciano Silva Barbeiro

Promulgado em 19 de Abril de 2005

Publique-se.
O Presidente da República de Transição
Henrique Pereira Rosa

25
ANEXO A

ANO ZERO

Estrutura curricular e carga horária:

Língua Portuguesa I (10h)

História Universal e da África (3 h)

Filosofia (3 h)

Noções Preliminares de Direito (3 h)

Ciência Política (3 h)

ANEXO B

PLANO DE CURSO

ANO ZERO

Língua Portuguesa I (10 h)

História Universal e da África (3 h)

Filosofia (3 h)

Noções Preliminares de Direito (3 h)

Ciência Política (3 h)

1.º ANO

Introdução ao Estudo de Direito (5 h)

Direito Constitucional (5 h)

Economia Política (5 h)

História do Direito e do Estado da Guiné-Bissau (5 h)

Língua Portuguesa II (5 h)

2.º ANO

Teoria Geral do Direito Civil (5 h)

Direito Administrativo I (5 h)

Direito Internacional Económico e Relações Económicas Internacionais (5 h)

26
Direito Internacional Publico (3 h)

Direito Comunitário (3 h)

Língua Portuguesa III (3 h)

3.º ANO

Direito das Obrigações (5 h)

Direito Processual Civil I (5 h)

Direito Reais e Direito Agrário (5 h)

Direito do Trabalho (5 h)

Finanças Públicas e Direito Fiscal (5 h)

4.º ANO

Direito penal I (5 h)

Direito Comercial I (5 h)

Direito da Família e das Sucessões (5 h)

Direito dos Contratos (5 h)

Direito da Economia e Economia da Guiné-Bissau (5 h)

5.º ANO

Direito Internacional Privado e da Arbitragem (5 h)

Direito Processual Civil II (5 h)

Direito Penal II (5 h)

Direitos Fundamentais (3 h)

Direito Processual Penal (3 h)

Direito Comercial II (3 h)

Direito Internacional (disciplina de conteúdo variável) (3 h)

27
ANEXO C

LICENCIATURA EM DIREITO

MENÇÃO ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

PLANO DE CURSO

ANO ZERO

(idem)

1.º ANO

(idem)

2.ºANO

(idem)

3.º ANO

Direito das Obrigações (5 h)

Processo Processual Civil I (5 h)

Direitos Reais e Direito Agrário (3 h)

Direito do Trabalho (3 h)

Finanças Públicas e Direito Fiscal (5 h)

Direito do Mar e Direito Marítimo (3 h)

Ciência da Administração (3 h)

4.º ANO4

Direito Penal I (5 h)

Direito Comercial I (5 h)

Direito da Família e das Sucessões (5 h)

Direito Económico e Economia da Guiné-Bissau (5 h)

Direito Administrativo II (3 h)

Direito da Função Pública (3 h)

4
O actual currículo do 4.º ano de menção em Administração Pública foi aprovado na reunião do Conselho
Científico da Faculdade de Direito de Bissau realizada em 5 de Outubro de 2005.
28
5 ANO5

Direito Internacional Privado e da Arbitragem (5 h)

Direitos Fundamentais (3 h)

Direito Processual Penal (3 h)

Fiscalização Financeira do Estado (3 h)

Contabilidade Pública (3 h)

Legística e Ciência da Legislação (3 h)

Direito do Urbanismo, Ordenamento do Território e Ambiente (5 h)

5
O actual currículo do 5.º ano de menção em Administração Pública foi aprovado na reunião do Conselho
Científico da Faculdade de Direito de Bissau realizada em 5 de Outubro de 2005.
29
SEMINÁRIOS6
Informática Jurídica (obrigatório)

Técnicas de elaboração de monografias, relatórios e outros documentos (obrigatório)

Noções de Gestão Publica (obrigatório apenas para a menção publica em Administração

Pública)

Histórias da Administração Pública

Gestão e avaliação de projectos

Relações Internacionais

Planeamento económico

Noções de Estatística

Psicologia social e das organizações

Psicologia Judiciária

Direito eleitoral

Poder local e direito autárquico

Outros a definir pelo Conselho Científico

6
Aplicável também aos inscritos no 3.º ano a partir do ano lectivo 2004-2005, em termos a precisar pelo Conselho
Científico.
30
ANEXO D
7
QUADROS DE PRECEDÊNCIAS
1) LICENCIATURA EM DIREITO

PRECEDENTES PRECEDIDAS

Língua Portuguesa I Língua Portuguesa II

História Universal e de África História do Direito e do Estado da GB

Ciência Política Direito Constitucional

Noções Preliminares de Direito Introdução ao Estudo do Direito

Direito Administrativo I
Direito Constitucional Direito Internacional Público
Direito Comunitário

DIE/REI
Economia Política Finanças Públicas e Direito Fiscal
Direito Económico e Economia da GB

Língua Portuguesa II Língua Portuguesa III

Direito das Obrigações


Direitos Reais e Direito Agrário
Teoria Geral do Direito Civil Direito de Trabalho
Direito da Família e das Sucessões

Direito Administrativo I Direito Administrativo II

Direito Comercial
Direito das Obrigações Direito dos Contratos
Direito Privado

Direito Processual Civil I Direito Processual Civil II

Direito Penal II
Direito Penal I Direito Processual Penal

Direito Comercial I Direito Comercial II

7
Os dois actuais quadros de precedências foram aprovados na reunião do Conselho Científico da Faculdade de
Direito e Bissau realizada em 5 de Outubro de 2005.
31
LICENCIATURA EM DIREITO
MENÇÃO ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

PRECEDENTES PRECEDIDAS

Direito internacional Público Direito do Mar e Direito Marítimo

Ciência da Administração
Direito Administrativo II
Direito Administrativo I Direito da Função Pública
Direito do Urbanismo, Ordenamento do
Território e Ambiente

Finanças Públicas e Direito Fiscal Fiscalização Financeira do Estado


Contabilidade Pública

Direito do Trabalho Direito da Função Pública

Ciência da Administração Legística e Ciência da Legislação

ANEXO E

ESTRUTURA CURRICULAR DO CURSO ESPECIAL DE PREPARAÇÃO PARA AS

PROVAS DE ADMISSÃO DE SETEMBRO DE 2005

Língua Portuguesa (6 h)

História Universal (3 h)

Filosofia (3 h)

32
DECRETO QUE CRIA A FACULDADE DE DIREITO DE BISSAU
DECRETO n.º 34/90, de 26 de Novembro de 19908
(revisto e republicado na íntegra)
O Decreto n.º 22/79 de Setembro criou a Escola de Direito de Bissau, tendo o respectivo curso
uma duração de três anos, conferindo uma formação em direito de grau intermédio.
A Escola funcionou durante alguns anos com apoio docente diversificado, oriundo de vários
países.
Por razões de distinta natureza, entre as quais avulta o facto de não ter existido um apoio de
cooperação coordenado, a Escola de Direito veio a diminuir a sua actividade, o que culminou,
há alguns anos com a suspensão do curso que vinha ministrando.
Porém, o Governo sempre considerou prioritário o reactivamento do projecto, estruturado em
novas bases e visando a criação de uma Faculdade de Direito.
Tal projecto insere-se na política de garantir o eficaz funcionamento de um Estado de Direito
na Guiné-Bissau, bem como da formação de quadros que satisfaçam as necessidades das
profissões jurídicas tradicionais, mas também de técnicos valorizados para a Administração
Publica e para gestão de actividades privadas.
O protocolo de Cooperação celebrado com Portugal, que vai apoiar o ensino do direito na
Guiné-Bissau, constituiu o instrumento adequado ao incremento do projecto.
Encontrando-se, assim, reunidas as condições necessárias à criação da Faculdade de Direito de
Bissau, o Governo decreta, nos termos do artigo 72.º, n.º 1, alínea a), conjugado com o artigo
74.º, ambos da Constituição, o seguinte:

CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS

ARTIGO 1.º
Criação
1. É criada a Faculdade de Direito de Bissau (de ora em diante designada pela abreviatura
FDB).
2. A FDB é uma instituição da natureza pública, centro de criação, transmissão e difusão de
cultura e de ciência.
3.
ARTIGO 2
NATUREZA
A FDB é uma pessoa colectiva de direito público e goza de autonomia científica, pedagógica,
administrativa, financeira e disciplinar.

ARTIGO 3.º
Fins

8
Redacção introduzida pelo artigo 5.º do Decreto n.º 4-A/2005, de 18 Janeiro de 2015.
33
1. Na prossecução dos objectivos permanentes de formação humana, cívica, científica e
cultural, bem como no desempenho da sua função social, são fins genéricos da FDB:
a) O ensino superior universitário;
b) A investigação científica;
c) A difusão do saber;
d) A prestação de serviços à comunidade;
e) O intercâmbio científico e cultural;
f) A cooperação para o entendimento e aproximação entre os povos.
2. Em particular, a FDB destina-se a cultivar, investigar e ensinar as ciências jurídicas e,
bem assim, as ciências históricas, políticas, económicas e sociais, cujo estudo deva apoiar o das
primeiras.
3.
ARTIGO 4.º
Concessão de graus
1. A FDB confere os graus de Licenciatura em Direito, Mestrado em Direito e Doutor em
Direito.
2. O grau de Licenciatura em Direito é inerente à aprovação em todas as disciplinas dos seis
anos do curso8.
3. Os graus de Mestre e Doutor em Direito são inerentes à aprovação nas respectivas provas,
nos termos dos diplomas que as vierem a regular.
4.
ARTIGO 5.º
Concurso e provas académicas
1. As carreiras docente e de investigação são preenchidas por pessoas habilitadas com os
competentes graus académicos e o seu recrutamento far-se-á, sem prejuízo do que se encontra
previsto no artigo 33.º, mediante o concurso público.
2. As provas académicas serão sempre públicas.

ARTIGO 6.º
Autonomia
1. A FDB goza de autonomia científica, pedagógica e disciplinar, nos termos deste diploma
e do seu Regulamento Interno.
2. A FDB goza de autonomia administrativa e financeira, nos termos da legislação da
contabilidade pública.

ARTIGO 7.º
Sede
A FDB tem a sua sede em Bissau.

ARTIGO 8.º
Receitas
A FDB tem as receitas que lhe forem atribuídas pelo Estado e ainda receitas próprias
correspondentes aos rendimentos dos seus bens, à contrapartida dos serviços e quaisquer outras
permitidas por lei.
34
ARTIGO 9.º
Património
O património da FDB inclui todos os bens e direitos que tenham sido afectados à realização dos
seus fins pelo Estado ou outras entidades públicas ou privadas ou, ainda, por ela adquiridos a
título gratuito ou oneroso.

CAPÍTULO II
DOS ÓRGÃOS DA FDB

SECCÇÃO I
Disposições gerais

ARTIGO 10.º
Enumeração
São órgãos da FDB:
a) A Assembleia da Escola;
b) O Director;
c) O Conselho Directivo;
d) O Conselho Científico;
e) O Conselho pedagógico.

ARTIGO 11.º
Formas dos actos
Os actos dos órgãos da FDB revestem-se da seguinte forma:
a) Deliberação, no caso das resoluções da Assembleia de Escola, de Conselho Directivo, do
Conselho Científico e do Conselho Pedagógico;
b) Despacho, no caso das decisões do Director.

SECÇÃO II

ARTIGO 12.º
Da Assembleia de Escola
1. A Assembleia de Escola é composta por representantes dos docentes, dos alunos e do
pessoal técnico, administrativo e auxiliar, eleitos pelo período de um ano, sendo o seu número
estabelecido da seguinte forma:
a) Cinco representantes dos docentes;
b) Cinco representantes dos alunos;
c) Dois representantes do pessoal técnico, administrativo e auxiliar.
2. O processo de eleição dos representantes referidos no número anterior será definido pelo
Regulamento Interno da FDB.

35
3. A Assembleia de Escola elegerá os seus presidente e vice-presidente de entre os docentes
eleitos.

ARTIGO 13.º
Competência
Compete à Assembleia de Escola:
a) Eleger, através de cada um dos seus corpos, os membros do Conselho Directivo referidos
nas alíneas b), c) e d) do artigo 17.º;
b) Destituir os membros do Conselho Directivo referidos na alínea anterior;
c) Aprovar o plano de actividades do Conselho Directivo;
d) Fiscalizar genericamente os actos do Conselho Directivo, com salvaguarda do exercício
efectivo da competência própria deste;
e) Aprovar recomendações sobre qualquer matéria inerente à vida da FDB;
f) Pronunciar-se sobre todas as matérias em relação às quais seja solicitada;
g) Aprovar o seu regulamento interno;
h) Outras atribuições que lhe sejam fixadas.

ARTIGO 14.º
Funcionamento
1. O quórum da Assembleia de Escola é de metade dos seus membros.
2. As deliberações da Assembleia de Escola são tomadas por maioria de votos, cabendo ao
Presidente ou, nos impedimentos deste, ao Vice-presidente, voto de qualidade.
3. A Assembleia de Escola é convocada pelo seu Presidente ou, nos impedimentos deste,
pelo Vice-presidente, por iniciativa destes ou a pedido de 1/3 dos seus membros ou dos
restantes órgãos de escola.

SECÇÃO III
Do Director e do Subdirector

ARTIGO 15.º
Designação
1. O Director é nomeado e exonerado sob proposta do Ministro da tutela.
2. Nas suas ausências e impedimentos, o Director é substituído por um Subdirector, que será
represente dos docentes no Conselho Directivo.

ARTIGO 16.º
Compete ao Director:
a) Representar a Escola em todos os actos públicos em que está intervenha;
b) Convocar o Conselho Directivo e dirigir as suas reuniões;
c) Fazer cumprir as deliberações dos órgãos da Escola, bem como as ordens e instruções
provenientes de órgãos do Estado que a ela sejam aplicáveis;
d) Exercer o poder de direcção sobre o pessoal técnico, administrativo e auxiliar;
36
e) Dirigir os Serviços Administrativos da Escola;
f) Outras atribuições que lhe sejam fixadas.

SECÇÃO IV
Do Conselho Directivo

ARTIGO 17.º
Composição
1. O Conselho Directivo tem a seguinte composição:
a) O Director,
b) Um representante dos docentes;
c) Um representante dos alunos;
d) Um representante do pessoal técnico, administrativo e auxiliar.
2. O mandato dos representantes eleitos, nos termos da al. a) do artigo 13.º, é de um ano,
mas só termina com a entrada em função de novos membros.
3. Os membros eleitos do Conselho Directivo perdem o mandato:
a) No caso de destituição pela Assembleia de Escola;
b) Quando renunciarem expressamente ao exercício de funções;
c) No caso de impedimento permanente, apreciado pelo Conselho.

ARTIGO 18.º
Competência
Compete ao Conselho Directivo:
a) Assegurar o regular funcionamento da Escola;
b) Implantar e fiscalizar o cumprimento do seu plano de actividades;
c) Zelar pela execução de todos os actos emanados dos restantes órgãos de escola, no
exercício da sua competência própria;
d) Administrar e gerir a escola em todos os assuntos que não sejam da expressa competência
de outros órgãos;
e) Outras atribuições que lhe sejam fixadas.

ARTIGO 19.º
Funcionamento
1. O Conselho Directivo será presidido pelo Director e, nos seus impedimentos, pelo
representante dos docentes.
2. O quórum do Conselho Directivo é de metade dos seus membros.
3. As deliberações do Conselho Directivo são tomadas por maioria de votos, cabendo ao
Director voto de qualidade.
4. O Conselho Directivo terá reuniões ordinárias mensais, excepto durante o período de
férias, e extraordinárias, sempre que tal for julgado necessário pelo Director ou por metade dos
seus membros.
5. Todos os membros do Conselho serão avisados pessoalmente da realização e ordem de
trabalhos das reuniões extraordinárias.
6.

37
SECÇÃO V
Do Conselho Científico

ARTIGO 20.º
Composição
1. O Conselho Científico é composto por todos os docentes, cabendo-lhe designar entre si o
seu presidente, que será substituído, nas suas ausências e impedimentos, pelo membro mais
antigo.
2. Só os regentes das disciplinas terão direito a voto, excepto quanto à eleição dos membros
do Conselho Pedagógico.
3. O Conselho Científico poderá convidar para participar nas suas reuniões, embora sem
direito a voto, para fins específicos, individualidades de reconhecido mérito.

ARTIGO 21.º
Competência
Compete ao Conselho Científico:
a) Deliberar sobre todos as matérias de índole científica, bem como as relativas à
organização do ano escolar;
b) Estabelecer relações com outras instituições em matérias de índole científica;
c) Propor ao Ministro da tutela o número de alunos a admitir em cada ano;
d) Deliberar sobre as condições de acesso à escola, designadamente quanto ao regime das
respectivas provas e à hierarquização dos candidatos sujeitos a numerus clausus;
e) Deliberar sobre as condições de realização dos exames;
f) Designar o docente encarregado da organização e funcionamento da Biblioteca, bem
como dos Centros de Estudos e da Revista que venham a ser criados, aprovando os respectivos
regulamentos, salvo disposição em contrário contida nos diplomas que os instituam;
g) Exercer a competência disciplinar em relação aos docentes;
h) Outras atribuições que lhe sejam fixadas.

ARTIGO 22.º
Funcionamento
1. O Conselho Científico será dirigido pelo seu Presidente, aplicando-se ao seu
funcionamento as regras constantes do artigo 19.º, com as necessárias adaptações.
2. O Conselho Científico poderá delegar as suas competências previstas nas alíneas a), d) e
e) numa Comissão Permanente, composta por cinco membros, um dos quais o seu Presidente e
os restantes escolhidos através de eleição, a qual poderá subdelegá-los no Presidente.

SECÇÃO VI
Do Conselho Pedagógico

ARTIGO 23.º

38
O Conselho Pedagógico é composto por cinco docentes que serão o Director, que presidirá, o
Subdirector e os restantes docentes escolhidos por eleição efectuada no Conselho Científico,
devendo dois deles ser regentes de disciplinas.

ARTIGO 24
Competência
Compete ao Conselho Pedagógico:
a) Pronunciar-se sobre todas as matérias referentes à orientação pedagógica da Escola;
b) Deliberar sobre as equivalências a conceder relativamente a disciplina feitas noutras
instituições de ensino superior, respeitando, na falta de outro critério legal, uma identidade
substancial entre as disciplinas;
c) Outras atribuições que lhe sejam fixadas.

ARTIGO 25.º
Funcionamento
Ao funcionamento do Conselho Pedagógico aplicam-se, com as necessárias adaptações, as
regras constantes do artigo 19.º, mas a periodicidade das reuniões ordinárias será trimestral.

SECÇÃO VII
Outros serviços

ARTIGO 26.º
Serviços administrativos e de apoio
1. Além dos órgãos referidos nas secções anteriores, a organização da escola é ainda
constituída por:
a) Serviços administrativos;
b) Biblioteca.
2. A orientação e direcção da Biblioteca, nos seus aspectos científicos, pedagógico e de
funcionamento, compete ao decente designado pelo Conselho Científico.
3. Poderão ser criados pelo Ministério da tutela, sob proposta do Conselho Científico, no
âmbito da FDB, Centros de Estudo com vista à prossecução de fins específicos.

CAPÍTULO III
PLANOS DE ESTUDOS

ARTIGO 27.º
Conteúdo
1. As disciplinas leccionadas no curso de Direito são as que constam de Anexo A ao
presente diploma.
2. As disciplinas leccionadas no curso de Direito na variante especializada em
Administração Pública constituem o Anexo B.

39
3. As disciplinas de Língua Portuguesa I, II e III, embora extracurriculares, são obrigatórias,
mas não contam para o cálculo da classificação final de licenciatura99.

ARTIGO 28.º
Duração das disciplinas
1. As disciplinas são todas anuais.
2. As disciplinas têm, em princípio, dez, cinco ou três tempos semanais, nos termos
constantes do Anexo A10..
3. As disciplinas com dez tempos semanais devem ser leccionadas, em princípio, em cinco
aulas teórica e cinco práticas; as disciplinas com cinco tempos semanais em três aulas teóricas e
duas práticas e as disciplinas com três tempos semanais, em duas aulas teóricas e uma prática11.

ARTIGO 29.º
Precedências
1. Todas as precedências são de exame.
2. A precedência de exame significa que o aluno não pode na mesma época fazer o exame
da disciplina precedente e da disciplina precedida.
3. As precedências são as constantes do quadro que constitui o Anexo C12.

ARTIGO 30.º
Os alunos que, estando inscritos, não passarem de ano durante três anos seguidos ou cinco
alternados ficarão impedidos de se inscrever durante um ano; após o que, não obtendo
passagem, serão impedidos de fazer nova inscrição.

CAPÍTULO IV
REGULAMENTO INTERNO

ARTIGO 31.º
As regras referentes às condições gerais de escolaridade, ao regime aplicável aos alunos e
docentes, à organização de escola e ao seu funcionamento constarão, no que estiver previsto
neste diploma, de um Regulamento interno a aprovar por despacho do Ministério da tutela.
CAPÍTULO V
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

9
O actual n.º 3 do preceito corresponde, com a redacção que lhe foi dada pelo artigo 5.º do Decreto n.º 4-A/2005,
de 18 de Julho de 2005, ao antigo n.º 4, tendo o artigo 6.º do mesmo diploma revogado o primitivo n.º 3
10
A actual redacção do preceito foi introduzida pela deliberação do Conselho Científico da Faculdade de Direito
de Bissau aprovada na reunião realizada em 5 de Outubro de 2005.
11
A actual redacção do preceito foi introduzida pela deliberação do Conselho Científico da Faculdade de Direito
de Bissau aprovada na reunião realizada em 5 de Outubro de 2005.
12
O antigo n.º3 do preceito foi revogado pelo artigo 6.º do Decreto n.º 4-A-2005, de 18 de Julho; o actual n.º3
corresponde basicamente ao anterior n.º4., apenas com uma diferença respeitante à identificação do anexo das
precedências (antes, era o Anexo B)
40
ARTIGO 32.º
Do apoio da Faculdade de Direito de Lisboa
1. Enquanto vigorar o Protocolo de Cooperação entre o Estado Português e a República da
Guiné-Bissau, relativo à criação e funcionamento da FDB, a Faculdade de Direito de Lisboa
será ouvida quanta às matérias constantes deste diploma e do Regulamento Interno previsto no
artigo 31.º.
2. Enquanto vigorar o Protocolo referido no número anterior, o Assessor Científico,
designado pelo Conselho Científico da Faculdade de Lisboa, terá por funções:
a) Assessor em todos os domínios os órgãos da escola;
b) Presidir ao Conselho Científico;
c) Coordenar a actuação dos docentes;
d) Ser o elemento de ligação à Faculdade de Lisboa.

ARTIGO 33.º
Contratação de docentes
1. Enquanto vigorar o Protocolo referido no número 1 do artigo anterior, a contratação dos
docentes portugueses será efectuada através da Faculdade de Direito de Lisboa, nos termos que
esta regulamentar, a contratação dos restantes docentes será feita pelo Ministério da tutela, nos
termos que este regulamentar.
2. Após esta fase transitória, e na falta de estatuto da carreira docente e de investigação
universitária, será publicado diploma regulador desta actividade aplicável à FDB.
3. Com vista à preparação de regentes, poderá o Ministério da tutela contratar assessores das
regências das disciplinas do curso, nos termos que regulamentar.

ARTIGO 34.º
Ministério da tutela
1. O Ministério da tutela é o Ministério da Educação.13
2. As competências do Ministro da tutela, referidas no presente diploma e no Regulamento
Interno previsto no artigo 31.º, serão exercidas, salvo disposição em contrário, através de
despacho.

ARTIGO 35.º
Extinção da Escola de Direito e criação da Faculdade de Direito
1. É extinta a Escola de Direito de Bissau, criada pelo Decreto n.º 22/79, de 27 de Setembro.
2. Os Direitos e obrigações da ora extinta Escola de Direito de Bissau são transferidos para a
FDB.
3. A FDB tem existência legal, para todos os efeitos, a partir de 15 de Outubro de 1990,
considerando-se o ano lectivo de 1989/90 como ano de instalação da mesma e funcionamento
do seu primeiro ano escolar.
4. A sede da FDB fica localizada nas instalações que actualmente ocupa no Complexo Escolar
14 de Novembro14

13
Redacção introduzida pelo artigo 5.º do Decreto n.º4-A/2005, de 18 de Julho de 2005.
41
5. Os regulamentos relativos ao funcionamento da Escola, aprovados antes de entrada em
funções dos órgãos previstos neste diploma, mantêm-se em vigor até que venham a ser
alterados nos termos estabelecidos.
ARTIGO 36.º15
Alunos da Escola de Direito

14
Redacção introduzida pelo artigo 5.º do Decreto n.º4-A/2005, de 18 de Julho de 2005.
15
Revogado pelo artigo 6.º do Decreto n.º4-A/2005, de 18 de Julho de 2005.

42
ANEXO A

PLANO DE CURSO

ANO ZERO

Língua Portuguesa (10 h)

História (3 h)

Filosofia (3 h)

Noções Preliminares de Direito (3 h)

Ciência Política (3 h)

1.º ANO

Introdução ao Estudo de Direito (5 h)

Direito Constitucional (5 h)

Economia Política (5 h)

História do Direito e do Estado da Guiné-Bissau (5 h)

Língua Portuguesa II (5 h)

2.º ANO

Teoria Geral do Direito Civil (5 h)

Direito Administrativo I (5 h)

Direito Internacional Económico e Relações Económicas Internacional (5 h)

Direito Internacional Público (3 h)

Direito Comunitário (3 h)

Língua Portuguesa III (3 h)

3.º ANO

Direito das Obrigações (5 h)

43
Direito Processual Civil I (5 h)

Direito Reais e Direito Agrário (5 h)

Direito do Trabalho (5 h)

Finanças Públicas e Direito Fiscal (5 h)

4.º ANO

Direito Penal I (5 h)

Direito Comercial I (5 h)

Direito da Família e das Sucessões (5 h)

Direito dos Contratos (5 h)

Direito da Economia da Guiné-Bissau (5 h)

5.º ANO

Direito Internacional Privado e da Arbitragem (5 h)

Direito Processual Civil II (3 h)

Direito Penal II (5 h)

Direitos Fundamentais (3 h)

Direito Processual Penal (3 h)

Direito Comercial II (3 h)

Direito Privado (disciplina de conteúdo variável) (3 h)

ou Direito Marítimo e dos Transportes (3 h)

ANEXO B

LICENCIATURA EM DIREITO

MENÇÃO ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

PLANO DE CURSO

44
ANO ZERO

(idem)

1.º ANO

(idem)

2.ºANO

(idem)

3.º ANO

Direito das Obrigações (5 h)

Direito Processual Civil I (5 h)

Direito Reais e Direito Agrário (3 h)

Direito do Trabalho (3 h)

Finanças Públicas e Direito Fiscal (5 h)

Direito do Mar e Direito Marítimo (3 h)

Ciência da Administração (3 h)

4.º ANO16

Direito Penal I (5 h)

Direito Comercial I (5 h)

Direito da Família e das Sucessões (5 h)

Direito Económico/Economia da Guiné-Bissau (5 h)

Direito Administrativo II (3 h)

Direito da Função Publica (3 h)

5.º ANO17

16
O actual currículo do 4.º ano da menção em Administração Pública foi aprovado na reunião do conselho
Científico da Faculdade de Direito de Bissau realizada em 5 de Outubro de 2005.
45
Direito Internacional e da Arbitragem (5 h)

Direitos Fundamentais (3 h)

Direito Processual Penal (3 h)

Direito do Ambiente (3 h)

Contabilidade Pública (3 h)

Fiscalização Financeira do Estado (3 h)

Legística e Ciência da Legislação (3 h)

Direito do Urbanismo, Ordenamento do Território e do Ambiente (5 h)

SEMINÀRIOS18

Informática Jurídica (obrigatório)

Técnicas de elaboração de relatórios e outros documentos (obrigatório)

História da Administração Pública

Gestão e avaliação de projectos

Relações internacionais

Planeamento Económico

Noções de Estatística

Psicologia social e das organizações

Psicologia Judiciária

Direito eleitoral

Poder local e direito autárquico

Outros a definir pelo Conselho Científico

17
O actual currículo do 5.º ano da menção em Administração Pública foi aprovado na reunião do conselho
Científico da Faculdade de Direito de Bissau realizada em 5 de Outubro de 2005.
18
Aplicável também aos inscritos no 3.º ano a partir do ano lectivo 2004-2005, em termos a precisar pelo
Conselho Científico.
46
ANEXO C
QUADROS DE PRECEDÊNCIAS19
1´) LICENCIATURA EM DIREITO

PRECEDENTES PRECEDIDAS

Língua Portuguesa I Língua Portuguesa II

História Universal e de África História do Direito e do Estado da GB

Ciência Política Direito Constitucional

Noções Preliminares de Direito Introdução ao Estudo do Direito

Introdução ao Estudo do Direito Teoria Geral do Direito Civil

Direito Constitucional Direito Administrativo I


Direito Internacional Público
Direito Comunitário

Economia Política DIE/REI


Finanças Públicas e Direito Fiscal
Direito Económico e Economia da Guiné-Bissau

Língua Portuguesa II Língua Portuguesa III

Teoria Geral do Direito Civil Direito das Obrigações


Direitos Reais e Direito Agrário
Direito do Trabalho
Direito da Família e das Sucessões

Direito Administrativo I Direito Administrativo II

Direito das Obrigações Direito Comercial


Direito dos Contratos
Direito Privado

Direito Processual Civil I Direito Processual Civil II

Direito Penal I Direito Penal II


Direito Processual Penal

Direito Comercial I Direito Comercial II

47
2) LICENCIATURA EM DIREITO
MENÇÃO ADMINISTRAÇÃO PUBLICA

PRECEDENTES PRECEDIDAS

Direito Internacional Público Direito do Mar e Direito Marítimo

Ciência da Administração
Direito Administrativo II
Direito Administrativo I Direito da Função Publica
Direito do Urbanismo, Ordenamento do
Território e Ambiente

Finanças Públicas e Direito Fiscal Fiscalização Financeira do Estado


Contabilidade Pública

Direito do Trabalho Direito da Função Pública

Ciência da Administração Legística e Ciência da Legislação

48
REGULAMENTO INTERNO DA FACULDADE DE DIREITO DE BISSAU
DESPACHO19
Nos termos do disposto no artigo 31.º do Decreto n.º 34/90, de 26 de Novembro, determino o
seguinte:

ARTIGO 1.º
Revogado

ARTIGO 2.º
Revogado

ARTIGO 3.º
Cidadãos estrangeiros
Podem matricular-se como alunos da FDB os cidadãos residentes na República da Guiné-
Bissau que preencham os requisitos indicados nas alíneas a), c), d), e) ou f) do artigo anterior.

ARTIGO 4.º
Revogado

ARTIGO 5.º
Revogado

ARTIGO 6.º
Revogado

ARTIGO 7.º
Revogado

CAPTULO II
DIREITOS E DEVERES DOS ALUNOS E DOCENTES

ARTIGO 8.º
Direitos
São direitos dos alunos e docentes participar na vida da escola, nos termos da lei deste
Regulamento e ainda, das deliberações e decisões dos órgãos da instituição.
19
Parcialmente revogado pelo Despacho n.º 16/2010, do Ministro da Educação Nacional, Cultura, Ciência,
Juventude e Desportos.
49
ARTIGO 9.º
Deveres gerais
Os alunos e docentes estão adstritos ao dever geral de diligência, no cumprimento das suas
obrigações académicas; ao dever de obediência, relativo ao acatamento de ordens e instruções
legítimas; ao dever de urbanidade, no contexto das relações estabelecidas na escola.

ARTIGO 10.º
Deveres especiais dos docentes
São deveres especiais dos docentes:
a) Cumprir o horário escolar;
b) Estabelecer o programa das disciplinas de que sejam regentes;
c) Preencher o Livro de Sumários;
d) Fixar um horário de atendimento aos alunos, para efeitos de esclarecimentos e
acompanhamento pedagógico e científico.

ARTIGO 11.º
Processo Disciplinar
1. É garantido o direito de defesa aos arguidos em qualquer processo disciplinar.
2. Poderão o Conselho Directivo e o Conselho Científico, no uso das suas competências
próprias, fixar as regras de tramitação dos processos disciplinares, no quadro de Regulamento
Disciplinar aprovado pelo Ministério da tutela.
3. As regras referidas no número anterior devem prever que ao presumível infractor seja
entregue uma nota de culpa escrita, bem como a indicação de prazo razoável para apresentação
da defesa.
4. Da decisão final cabe recurso para o Ministro da tutela.

ARTIGO 12.º
Sanções
Os infractores ficam sujeitos a sanções disciplinares, a serem aplicadas segundo um critério de
proporcionalidade entre a gravidade da infracção e a respectiva sanção, numa graduação a ser
respeitada de acordo com a seguinte tipologia:
a) Repreensão verbal;
b) Repreensão escrita;
c) Suspensão por período não superior a noventa dias;
d) Expulsão, no caso dos alunos, e demissão, no caso dos docentes.

ARTIGO 13.º

50
Pessoal Técnico, Administrativo e Auxiliar
Na falta de outra legislação especialmente aplicável, o pessoal técnico, administrativo e auxiliar
fica submetido, com as necessárias adaptações, às regras deste capítulo.

CAPÍTULO III
ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO DA VIDA ESCOLAR

ARTIGO 14.º
Ano escolar
1. O Conselho Científico, no exercício da sua competência específica em sede de
organização do ano escolar, deve designadamente:
a) Fixar o calendário escolar;
b) Fixar o número de turmas;
c) Fixar a distribuição do serviço docente;
d) Fixar os horários escolares.
2. Enquanto vigorar o Protocolo de Cooperação entre a República da Guiné-Bissau e o
Estado Português, competirá à Faculdade de Direito de Lisboa a distribuição de serviço dos
docentes portugueses.

ARTIGO 15.º
Revogado

ARTIGO 16.º
Processo eleitoral para a Assembleia de Escola
1. O Conselho Directivo diligenciará para que até trinta dias depois da abertura do novo ano
lectivo sejam elaborados e publicados os cadernos eleitorais actualizados dos corpos docente,
discente e do pessoal técnico-administrativo e auxiliar.
2. O Conselho Directivo fixará a data da eleição dos representantes para a Assembleia de
Escola, a qual deverá ter lugar entre o trigésimo e o sexagésimo dia após o início do ano lectivo
e que não poderá ser anunciada sem um mínimo de vinte dias de antecedência.
3. As eleições para cada corpo são feitas por meio de listas, as quais devem ser subscritas
por um mínimo de 20% dos membros que compõem cada um dos corpos, com excepção dos
alunos em que esse mínimo é de 10%.
4. As listas serão entregues ao Conselho Directivo com a antecedência de oito dias em
relação à data marcada para as eleições, devendo o Conselho Directivo notificar o primeiro
proponente de qualquer das listas para que seja suprimida alguma deficiência verificada, sob
pena da sua não aceitação.
5. O voto é por escrutínio secreto; não é admitido o voto por procuração ou
correspondência.

51
6. A assembleia de voto será composta por um membro do Conselho Directivo para o efeito
designado, que a ela presidirá, e por um representante de cada uma das listas concorrentes.
7. O escrutínio é feito pela assembleia de voto, que deliberará por maioria, tendo o
presidente voto de qualidade.
8. O preenchimento dos lugares far-se-á em função do resultado das eleições, segundo o
sistema proporcional e método de Hondt.

ARTIGO 17.º
Revogado

ARTIGO 18.º
Revogado

ARTIGO 19.º
Revogado

ARTIGO 20.º
Revisão das provas escritas
Revogado

ARTIGO 21.º
Revogado

ARTIGO 22.º
Revogado

ARTIGO 23.º
Revogado

ARTIGO 24.º
Revogado

ARTIGO 25.º
Livros obrigatórios
Na FDB existirão obrigatoriamente os seguintes livros;
a) Livros de sumários para as disciplinas leccionadas;

52
b) Livros de termos para inscrição das classificações finais;
c) Cadernetas escolares dos alunos para registo das classificações finais;
d) Livros de actas para os órgãos colegiais.

Ministério de Justiça, em Bissau, 26 de Novembro de 1990

O Ministro da justiça,
Mário Cabral

53
REGULAMENTO DOS DOCENTES DA FACULDADE DE DIREITO DE BISSAU
DESPACHO*
O artigo 33.º do Decreto n.º 34/90, de 26 de Novembro, que criou a Faculdade de Direito de
Bissau, prevê que, para além da contratação de docentes portugueses no âmbito da colaboração
prestada pela Faculdade de Direito de Lisboa, o Ministério da tutela contratará, em termos a
regulamentar, outros docentes, com vista a assegurar o ensino de todas as disciplinas do curso e
tendo em perspectiva a necessidade de, progressivamente, integrar nacionais guineenses no
corpo docente da Faculdade.
A Guiné-Bissau não tem ainda um estatuto da carreira docente e de investigação, que se aplique
ao ensino superior universitário, o que, naturalmente, deverá vir a ser efectuado a médio prazo.
Neste contexto, considerando a necessidade imperiosa de definir, ainda que a título transitório,
o regime jurídico dos docentes em causa, aprovo o seguinte Regulamento dos Docentes da
Faculdade de Direito de Bissau:

ARTIGO 1.º
Âmbito de aplicação e categorias funcionais
1. O presente Regulamento aplica-se a todos os docentes que prestam serviço na Faculdade
de Direito de Bissau (FDB).
2. O disposto no número anterior é feito ressalvando o respeito pelo regime em que forem
contratados os docentes designados pela Faculdade de Direito de Lisboa, no âmbito do
Protocolo de Cooperação celebrado neste domínio entre Portugal e a Guiné-Bissau, como está
previsto pelo artigo 33.º, n.º 1, do Decreto n.º 34/90.
3. Os docentes contratados nos termos do número anterior manterão na FDB a categoria que
possuem na Faculdade de Direito de Lisboa, com excepção dos assistentes estagiários, que,
desde que tenham a seu cargo uma ou mais regência de disciplinas, passarão, no quadro da
FDB, a assistentes.
4. Os docentes contratados pelo Ministério da tutela terão a categoria de assistentes ou de
assistentes estagiários, consoante tenham ou não o encargo da regência de pelo menos uma
disciplina do curso.
5. Se os docentes contratados nos termos do número anterior tiverem o grau de doutor em
direito, devidamente reconhecido pela Guiné-Bissau nos termos legais, terão direito à categoria
de professor auxiliar ou outra superior, nos termos do que vier a ser regulamentado pelo
Ministério da Educação.

ARTIGO 2.º
Candidaturas
1. Para além dos docentes contratados pela Faculdade de Direito de Lisboa, podem
concorrer a docentes da FDB todos os licenciados em Direito de nacionalidade guineense ou de
quaisquer outros países de língua oficial portuguesa.
2. O Ministério da Tutela fixará anualmente prazo para a apresentação das candidaturas.
3. Constituem factores de preferência, a ponderar pelo Ministro da Tutela, o bom e efectivo
serviço prestado em ano ou anos anteriores, o mérito curricular, a nota de licenciatura, outras

54
experiências pedagógicas, a realização de cursos ou de trabalhos que sejam considerados
relevantes para o efeito da avaliação do nível do candidato.
4. Os candidatos deverão instruir os respectivos processos de candidatura com certidão de
licenciatura, currículo e outros elementos que considerem relevantes para a apreciação do seu
mérito.
5.
ARTIGO 3.º
Funções
1. Os regentes das disciplinas do curso têm por função assegurar a leccionação das aulas,
coadjuvados pelos assessores que lhes forem adstritos, cabendo-lhes designadamente:
a) Dar as aulas teóricas e práticas;
b) Organizar os actos de avaliação, escritos e orais;
c) Prestar atendimento pedagógico aos alunos;
d) Produzir, na medida do possível, elementos escritos sobre as matérias leccionadas para o
estudo dos alunos:
e) Orientar os trabalhos dos assistentes estagiários que lhes estejam adstritos;
f) Colaborar nas actividades da Biblioteca e de outros serviços da Faculdade, de acordo com
as necessidades desta.
2. Os assessores de regência têm por atribuição genérica coadjuvar os regentes das
disciplinas do curso, cabendo-lhes designadamente:
a) Assistir às aulas teóricas e práticas;
b) Assegurar as aulas que lhes sejam confiadas pelos regentes;
c) Colaborar na fiscalização, correcção e feitura dos actos de avaliação, escritos ou orais;
d) Colaborar no levantamento do direito guineense no âmbito das disciplinas a que estejam
adstritos;
e) Prestar atendimento pedagógico aos alunos;
f) Colaborar nas actividades da Biblioteca e de outros serviços da Faculdade, de acordo com
as necessidades desta.
g)
ARTIGO 4.º
Responsabilidade civil e penal
A responsabilidade disciplinar sancionada nos termos deste diploma não obsta à eventual
responsabilidade civil ou penal gerada pelos factos praticados.

ARTIGO 5.º
Exclusão da responsabilidade disciplinar
1. Fica excluída a responsabilidade disciplinar daquele que no cumprimento de ordens ou
instruções do seu legitimo superior hierárquico delas reclamar previamente ou exigir a sua

55
confirmação por escrito, nomeadamente por as considerar ilegais, facto que deve mencionar
nos actos descritos.
2. Não é exigível o cumprimento dos deveres tipificados neste diploma sempre que ele
implique a prática de um crime, de uma transgressão ou contra-ordenação.
3. Fica excluída a responsabilidade disciplinar quando o agente, preterindo um dever ou
uma ordem legítima, satisfaz outro dever ou ordem de igual ou superior valor à ordem ou dever
que sacrifica.
4. Fica genericamente excluída a responsabilidade disciplinar quando, por motivo razoável,
o cumprimento da ordem ou dever não for exigível ao agente.
ARTIGO 6.º
Prescrição do procedimento disciplinar
O direito de instaurar procedimento disciplinar prescreve passado três anos sobre a data em que
houver sido cometida a infracção.

ARTIGO 7.º
Direito subsidiário
É subsidiariamente aplicável, sempre que necessário, o regime disciplinar dos funcionários
públicos, o Código Penal e o Código de Processo Penal, com as devidas adaptações e desde que
não contrariem os princípios fundamentais deste diploma.

CAPÍTULO II
DA INFRAÇÃO DISCIPLINAR

ARTIGO 8.º
Conteúdo das infracções disciplinares
1. Considera-se infracção disciplinar o facto, cometido por acção ou omissão, praticado
pelos sujeitos descritos no artigo 1.º, com a violação de alguns deveres gerais ou específicos.
2. A violação de tais deveres é imputável quer a título doloso, quer a título negligente e tem
a natureza pessoal.
3. São deveres gerais os deveres de diligência, obediência e urbanidade.
4. O dever de diligência pressupõe o conhecimento das normas legais e regulamentares, das
instruções dos superiores hierárquicos, bem como a posse dos conhecimentos técnicos
adequados ao correcto e eficiente exercício das suas funções.
5. O dever de diligência compreende, além disto, os deveres de isenção, lealdade, sigilo,
assiduidade e pontualidade, nos termos seguintes:
a) O dever de isenção consiste em não retirar vantagens, directas ou indirectas, pecuniárias
ou de outra natureza, das funções que exerce, actuando sempre com independência em relação
aos interesses e pressões públicas ou particulares de qualquer índole, de modo a garantir o
respeito pela igualdade dos cidadãos:
b) O dever de lealdade consiste no desempenho das funções em estrita vinculação e respeito
pelos objectivos académicos:
56
c) O dever de sigilo consiste em guardar segredo profissional relativamente aos factos de
que tenha conhecimento em virtude do exercício das suas funções e que não devam ser do
domínio público:
d) O dever de assiduidade consiste na comparência regular e continua às actividades
académicas que possuam essa natureza:
e) O dever de pontualidade consiste em comparecer às actividades académicas dentro das
horas designadas.
6. O dever de obediência consiste em acatar e cumprir as ordens dos seus legítimos
superiores hierárquicos dados em objecto de serviço e com a forma legal.
7. O dever de urbanidade consiste em tratar com respeito e correcção todos aqueles com que
se estabeleçam contactos funcionais relativos à vida da instituição.

ARTIGO 9.º
Deveres especiais dos docentes
São deveres específicos dos docentes:
a) Cumprir o horário escolar;
b) Estabelecer e cumprir o programa das disciplinas que estejam sob sua regência;
c) Preencher o livro de sumários;
d) Fixar um horário de atendimento aos alunos, para efeitos de esclarecimentos a prestar e
acompanhamento pedagógico e científico;
e) Os deveres especificados no Regulamento dos Docentes da Faculdade de Direito de
Bissau.

CAPÍTULO III
DAS SANÇOES DISCIPLINARES

ARTIGO 10.º
Elenco e aplicação das sanções
1. Os infractores ficam sujeitos a sanções disciplinares, a serem aplicadas segundo um
critério de proporcionalidade entre a gravidade da infracção e a respectiva sanção.
2. A graduação das sanções aplicadas deve respeitar a seguinte tipologia:
a) Repreensão verbal;
b) Repreensão escrita;
c) Suspensão por período não superior a 90 dias;
d) Expulsão, no caso dos alunos, e, demissão no caso dos docentes.
3. A violação pelos alunos do dever de lealdade na prestação de provas académicas que
consista no recurso a meios fraudulentos é sancionada pelo docente responsável pela disciplina
ou pela vigilância da prova com a anulação da mesma.

57
ARTIGO 11.º
Efeitos das sanções
1. As sanções disciplinares produzem unicamente os efeitos declarados no presente
diploma.
2. A suspensão aplicada aos docentes implica a perda da remuneração correspondente ao
período determinado.
3. Quando aplicada aos alunos, a suspensão implica a impossibilidade de realização de
provas académicas durante o período determinado, com as consequências equivalentes a uma
falta injustificada às mesmas.
4. Em função da gravidade dos actos praticados e da existência de motivos razoáveis que o
aconselhem, nomeadamente quando a presença do presumível infractor se revele inconveniente
para o serviço ou o apuramento da verdade, pode a entidade competente decretar a sua
suspensão preventiva acessória ou interdição aos serviços da instituição.

ARTIGO 12.º
Unidade e cumulação de infracções
Sem prejuízo do disposto no n.º 3 do artigo 10.º e dos efeitos acessórios das sanções descritos
no artigo anterior, não pode ao mesmo agente ser aplicada mais de uma sanção disciplinar por
cada infracção ou pelas infracções cumuladas no mesmo processo.

CAPÍTULO IV
DO PROCESSO DISCIPLINAR, DO INQUÉRITO
DA SINDICÂNCIA E DAS A VERIGUAÇÕES

ARTIGO 13.º
Início e termo da instrução
1. A instrução do processo disciplinar deve iniciar-se no prazo máximo de 10 dias, contados
da data da notificação ao instrutor do despacho que o mandou instaurar e ultimar-se no prazo de
45 dias, só podendo ser excedido este prazo por despacho da entidade que o mandou instaurar,
sob proposta fundamentada do instrutor, nos casos de excepcional complexidade.
2. O prazo de 45 dias referido no número anterior conta-se da data de início efectivo da
instauração, que se determina a partir do momento em que o instrutor do processo informa a
entidade que o tiver nomeado, bem como o arguido e o participante, da data em que der início à
instrução do processo.
3. Decorrido o prazo de instrução sem que esta esteja concluída caduca o procedimento
disciplinar, excepto nas situações em que tal demora se deva a impedimento ou falta de zelo do
instrutor, caso em que a autoridade competente designará novo instrutor, fixando-lhe, para o
efeito, um prazo nunca superior a 30 dias.

ARTIGO 14.º
Participação

58
1. Todos os que tiverem conhecimento que um aluno ou docente praticou uma infracção
disciplinar poderão participá-la a qualquer superior hierárquico do arguido, devendo, contudo,
fazê-lo sempre que esteja em causa uma violação grave do dever de diligência.
2. As participações ou queixas serão remetidas imediatamente à entidade competente para
instaurar o processo disciplinar, quando a entidade que recebeu a participação ou queixa não
possuir tal competência.
3. As participações ou queixas verbais serão sempre reduzidas a auto pela entidade que as
receber.

ARTIGO 15.º
Nomeação do instrutor
1. A entidade que instaurar o processo disciplinar deve nomear um instrutor escolhido de
entre os docentes, devendo, se o arguido for docente, ter uma categoria superior à deste.
2. O instrutor pode escolher secretário da sua confiança, cuja nomeação compete à entidade
que o nomeou, bem como requisitar a colaboração de técnicos sempre que necessário.
3. As funções de instrutor preferem a quaisquer outras que a pessoa nomeada tenha a seu
cargo, podendo ficar exclusivamente adstrito ao processo se a complexidade deste o justificar.
4. Desde a sua nomeação, deve o instrutor tomar providências adequadas de forma a evitar
alterações de estado de factos e documentos, em que se descobriu ou se presume existir alguma
irregularidade, ou a subtracção de qualquer meio de prova relevante.

ARTIGO 16.º
Suspeição do instrutor
1. O arguido e o participante poderão deduzir a suspeição do instrutor do processo
disciplinar com qualquer um dos seguintes fundamentos:
a) Se o instrutor tiver sido directo ou indirectamente atingido pela infracção;
b) Se o instrutor tiver qualquer forma de parentesco com o arguido, o participante, o
ofendido ou alguém que com os referidos indivíduos viva em economia comum;
c) Se estiver pendente em tribunal processo em que o instrutor e o arguido, participante ou
ofendido sejam partes;
d) Se o instrutor for credor ou devedor do arguido, participante, ofendido ou de algum seu
parente;
e) Se existir grave inimizade ou grande intimidade entre o arguido e o instrutor, ou entre
este e o participante ou ofendido;
2. A entidade que tiver mandado instaurar o processo disciplinar decidirá em despacho
fundamentado, no prazo máximo de 48 horas.

ARTIGO 17.º
Suspensão preventiva acessória

59
1. Caso tenha sido decretada a suspensão preventiva acessória do presumível infractor, nos
termos do artigo 11.º n.º 4, ela não implica necessariamente a perda de vencimentos ou regalias
e em caso algum poderá exceder o prazo normal de duração do processo disciplinar.
2. Se o processo disciplinar, em função da sua complexidade, tiver nos termos deste
diploma uma durarão alargada, a suspensão acessória preventiva não excederá um período de
90 dias.
3. A possível perda de vencimento ou regalias, quando determinadas, serão reparadas ou
levadas em contas na decisão final do processo.

ARTIGO 18.º
Instrução do processo
1. O instrutor fará autuar o despacho com o auto, participação, queixa ou ofício que o
contém e procederá à investigação, ouvindo o participante, as testemunhas por este indicadas e
as mais que julgar necessárias, procedendo a exames e outras diligências que possam esclarecer
a verdade. Fazendo juntar aos autos certificado do registo disciplinar do arguido.
2. O instrutor deverá ouvir o arguido a requerimento deste e sempre que o entender
conveniente, até se ultimar a instrução, podendo também acareá-lo com as testemunhas ou os
participantes.
3. Durante a fase de instrução do processo poderá o arguido requerer ao instrutor a
promoção de diligências para as quais aquele tenha competências e tidas por essenciais para o
apuramento da verdade, cabendo ao instrutor deferir ou não o requerimento consoante ache
suficiente aprova produzida.
4. Concluída a investigação pode o processo ser arquivado desde que exista qualquer
circunstância que exclua a responsabilidade do agente. Devendo o instrutor elaborar no prazo
de 5 dias um relatório a enviar de imediato à entidade com poderes decisórios, propondo o
arquivamento.
5. Caso contrário, deduzirá no mesmo prazo, acusação, articulando a indicação dos factos
que fundamentam a infracção, as circunstâncias de tempo, modo e lugar da mesma, as
circunstâncias que entenda agravantes ou atenuantes, referindo sempre os preceitos legais
invocados e as sanções em causa.
ARTIGO 19.º
Defesa do arguido
1. Da acusação formulada será extraída uma cópia, no prazo de 48 horas, a ser entregue ao
arguido mediante notificação pessoal ou, não sendo esta possível, por carta registada com aviso
de recepção: na impossibilidade desta última via será, no prazo de 48 horas, citado
publicamente mediante aviso colocado na porta da sua residência habitual, outro local de
trabalho que possua e na instituição.
2. A notificação ou o aviso devem conter ou permitir o rápido acesso de arguido ao
conteúdo detalhado da acusação.
3. Findas esta diligências tem o arguido um prazo entre 10 a 20 dias para apresentar por
escrito a sua defesa, podendo para esse efeito constituir advogado.
4. Em sua defesa poderá o arguido invocar todos os meios de prova documental ou
testemunhal admitidos por lei, que deverão ser avaliadas pelo instrutor no prazo de 15 dias.

60
ARTIGO 20.º
Relatório final
1. Terminada a instrução, o instrutor do processo elaborará no prazo de 5 dias um relatório
completo e conciso, donde constem todos os elementos relevantes do processo, propondo a
sanção que entenda adequada ou o arquivamento dos autos.
2. O relatório deverá ser enviado à instância competente para exercer o poder disciplinar no
prazo de 24 horas.

ARTIGO 21.º
Decisão
1. A entidade competente ou ordenará novas diligências a efectuarem-se no prazo de 15
dias, findo o qual terá de decidir, ou concordará com o relatório do instrutor, sendo neste caso
aplicada a sanção prevista, ou discordará nos termos do número seguinte.
2. Caso a decisão seja discordante da proposta do instrutor, deverá, no prazo máximo de 20
dias decidir de forma fundamentada.

ARTIGO 22.º
Recurso, revisão e reabilitação
1. Das decisões que culminem com a aplicação de uma sanção cabe recurso hierárquico
necessário, no prazo de 15 dias após a notificação, para Ministro da tutela.
2. Da decisão que determine a suspensão preventiva acessória cabe igualmente recurso para
o Ministro da tutela, a subir imediatamente e em separado.
3. A revisão dos processos disciplinares é admitida a todo o tempo, por requerimento
dirigido à entidade disciplinar competente, quando existam circunstâncias dos factos que
determinam a condenação e que não pudessem ter sido utilizados pelo arguido no processo
disciplinar.
4. A revisão, a ser proferida no prazo de 30 dias, pode conduzir à revogação ou alteração da
decisão proferida no processo revisto, não podendo em caso algum ser agravada a sanção.
5. Sempre que o agente haja sido prejudicado na sua carreira com o processo disciplinar
revisto, a revisão procedente deverá compensar plenamente a carreira afectada do aluno ou
docente.
6. Os infractores condenados têm o direito a reabilitação que poderão requerer à entidade
disciplinar competente, com os fundamentos que entenderem persuasivos e os meios de prova
legalmente admitidos.
7. A reabilitação poderá ser requerida 1 ano após a aplicação das sanções de repreensão, 2
anos após a sanção de suspensão e 3 anos após a expulsão ou demissão
8. Das decisões finais proferidas em sede de processo de revisão ou reabilitação cabe
recurso hierárquico necessário, no prazo de 15 dia, para o Ministro da tutela.
9. De todas as decisões finais da tutela cabe recurso contencioso.

ARTIGO 23.º

61
Inquérito, sindicâncias e averiguações
1. O Ministro da tutela pode ordenar inquéritos e sindicâncias à instituição com o objectivo
de respectivamente, apurar factos determinados e realizar averiguações gerais acerca dos
serviços.
2. Se a simplicidade das matérias o justificar, pode Ministro da tutela ordenar, para os
efeitos do número anterior, averiguações sumárias,

Mistério da Justiça, em Bissau, 26 de Novembro de 1990

O Ministro da Justiça
Mário Cabral

62
REGULAMENTO DA ASSEMBLEIA DE ESCOLA

DESPACHO20
O Decreto n.º 34/90 de 26, Novembro, criador da Faculdade de Direito de Bissau, prevê no
elenco de órgãos da mesma, uma Assembleia de Escola, com a composição, competência e
regras de funcionamento, prevista nos seus artigos 12.º, 13.º e 14.º.

ARTIGO1.º
Natureza das reuniões
1. A Assembleia de Escola terá reuniões ordinárias e extraordinárias.
2. A Assembleia terá anualmente uma reunião ordinária, para o exercício das suas
competências refentes à eleição do Conselho Directivo e aprovação do respectivo plano de
actividades.
3. A Assembleia reunirá extraordinariamente nos casos da iniciativa prevista no número 3
do artigo 14.º do Decreto n.º 34/90.

ARTIGO 2.º
Convocatória das reuniões
1. As reuniões ordinárias serão convocadas com uma antecedência mínima de 5 dias.
2. As reuniões extraordinárias serão convocadas com a antecedência mínima de 72 horas.
3. A convocatória fixará obrigatoriamente o dia, hora, local, assuntos a debater e será
sempre assinada pelo presidente ou, no seu impedimento, pelo vice-presidente.
4. Às convocatórias deverá ser dada publicidade, que consistirá, no mínimo, na sua afixação
em três locais bem visíveis da Escola.
5. Em todas as reuniões haverá um período de antes da ordem do dia, no qual poderão ser
deliberadas moções ou recomendações sobre assuntos não incluídos na mesma.

ARTIGO3.º
Mesa da Assembleia
1. A mesa da Assembleia da Escola é composta por um presidente, um vice-presidente que
o substituirá nas suas faltas e impedimentos e um secretário.
2. O presidente e o vice-presidente serão obrigatoriamente docentes.
3. O secretário será obrigatoriamente aluno.
4. Na falta de secretário, o presidente da mesa escolherá, de entre os membros presentes à
reunião, quem o substitua.
5. Ao presidente compete:

20
Publicado no Boletim Oficial de 26 de Novembro de 1990 (suplemento).

63
a) Orientar os trabalhos;
b) Dar a palavra àqueles que se inscreverem para o efeito, bem como retirá-la, quando for
caso disso;
c) Abril e encerar as secções;
d) Proceder à chamada dos membros presentes;
e) Assinar as actas;
6. Ao secretário compete elaborar a acta da reunião e auxiliar o presidente da mesa nas
atribuições deste, sob a sua orientação.

ARTIGO4.º
Quórum
O quórum da Assembleia de Escola é de metade dos seus membros.

ARTIGO 5.º
Deliberações
1. As deliberações da Assembleia de Escola serão tomadas por maioria de votos, cabendo
ao presidente voto de qualidade.
2. Serão obrigatoriamente em alternativa as votações que digam respeito a qualquer
processo de eleição.
3. Quanto às restantes deliberações, só serão tomadas em alternativa se a Assembleia
previamente se pronunciar nesse sentido.
4. As deliberações relativas a qualquer processo de eleição serão sempre tomadas por
escrutínio secreto; as restantes sê-lo-ão também se tal for deliberado por, pelo menos 1/3 dos
membros presentes.

ARTIGO 6.º
Uso da palavra
1. Os membros da Assembleia usarão da palavra de acordo com a sua ordem de inscrição.
2. A Assembleia poderá deliberar um período máximo de uso da palavra para cada
interveniente, tendo em conta a necessidade de fazer cumprir em tempo útil a ordem de
trabalhos.

ARTIGO 7.º
Proposta e requerimento
1. Os membros da Assembleia, para além de usarem da palavra para se pronunciarem sobre
os temas objecto da reunião, poderão apresentar, verbalmente ou por escrito, propostas para
serem submetidas à votação da assembleia.

64
2. Os membros da Assembleia poderão ainda apresentar por escrito requerimentos com vista
a regular quaisquer questões de natureza processual, designadamente para os efeitos do número
2 do artigo 6.º ou para que se passe imediatamente à votação das propostas em discussões.
3. Apresentado qualquer requerimento, nos termos do número anterior, será o mesmo lido à
Assembleia que deliberará logo de seguida, admissão ou rejeição liminar, uma vez admitido,
proceder- se -à de imediato à votação.

ARTIGO 8.º
Suspensão das reuniões
1. Se, em função do adiantado da hora ou por qualquer outro motivo que a Assembleia
considere atendível, a reunião não puder prosseguir, serão os trabalhos suspensos, devendo a
Assembleia fixar logo nova data para continuação dos mesmos.
2. A nova data será anunciada através de convocatória elaborada nos termos dos números 3
e 4 do artigo 2.º, mas não terá de ser respeitada a antecedência prevista nos números 1 e 2 do
mesmo artigo.

ARTIGO 9.º
Publicidade das reuniões
Às reuniões poderão assistir os docentes, alunos e funcionários, bem como quaisquer pessoas
que a Assembleia convide para o efeito.

ARTIGO 10.º
Entrada em vigor
1. O presente regulamento entra imediatamente em vigor, mas até à data da primeira reunião
as funções atribuídas ao presidente da Assembleia são confiadas ao Director.
2. O presente Regulamento será substituído ou ratificado pela Assembleia de Escola na sua
primeira reunião.

Ministério da Justiça, em Bissau.

26 de Novembro de 1990

O Ministro da Justiça
Mário Cabral

65
REGULAMENTO DA BIBLIOTECA DA FACULDADE DE DIREITO DE BISSAU

DESPACHO21

Considerando que a Biblioteca constitui um importante contributo para o estudo e investigação


dos alunos e docentes da Faculdade de Direito de Bissau.
Considerando que a remodelação da Biblioteca constituiu uma realidade que importa regular,
Considerando que o aumento da comunidade jurídica implica a abertura da Biblioteca a leitores
externos à Faculdade e
Considerando que apenas por meio da imposição de uma disciplina rigorosa e imparcial é
possível proporcionar a alunos, docentes e a leitores externos uma utilização plena dos serviços
da Biblioteca,
É estabelecido o seguinte regulamento da Biblioteca da Faculdade de Direito de Bissau.

ARTIGO 1.º
Composição da Biblioteca
1. A Biblioteca é composta pela sala de depósito e pela sala de estudo.
2. A sala de depósito é o local onde os livros e demais obras científicas são arrumados.
3. A sala de estudo é o local onde os utentes podem consultar as obras nela requisitada nos
termos definidos pelos artigos seguintes.

ARTIGO2.º
Requisição de obras
1. A Biblioteca disponibiliza a docentes e alunos da Faculdade de Direito de Bissau o
serviço de requisição de manuais e demais obras científicas.
2. É permitida a requisição para consulta na Biblioteca de manuais e demais obras
científicas por pessoas sem vínculo à Faculdade de Direito de Bissau, denominados leitores
externos, nas condições definidas pelo artigo 3.º.

ARTIGO 3.º
Leitor externo
1. A Biblioteca disponibiliza a pessoas estranhas à Faculdade de Direito de Bissau,
denominados leitores externos, o serviço de requisição de manuais e demais obras científicas.
2. Ao leitor externo é entregue um «cartão de leitor externo» constante do Anexo B a este
regulamento. No entanto, o cartão do leitor externo só pode ser concedido após o
preenchimento dos elementos constante da ficha de inscrição constante do Anexo A ao presente
regulamento.
3. A utilização da Biblioteca pelos leitores externos é condicionada ao pagamento mensal de
3.000 (três mil francos CFA). O não cumprimento desta obrigação implica a proibição de
utilização dos serviços da Biblioteca pelo infractor enquanto as quantias em dívida não forem
pagas.

21
Publicado no Boletim Oficial de 26 de Novembro de 1990 (Suplemento), com as alterações introduzidas pelas
deliberações de Conselho Científico da Faculdade de Direito de Bissau adoptadas nas reuniões de 5 de Outubro de
2005 e 28 de Setembro de 2006, nos termos da permissão constante do artigo 15.º do Despacho originário.
66
4. Compete ao Professor Bibliotecário e ao Professor Bibliotecário Adjunto a admissão do
candidato a leitor externo. Esta admissão pode ser recusada nas seguintes situações:
a) Não preenchimento dos elementos constantes da ficha de requisição referida no n.º 2
deste artigo;
b) Incumprimento do pagamento da quantia mencionada no n.º 3 do presente artigo;
c) Existência de motivos determinantes que ponham em risco a regular utilização da
Biblioteca.
5. O cartão de leitor externo é devolvido pelo utilizador quando este declare não pretender
utilizar mais a Biblioteca.
6. A utilização da Biblioteca pelo leitor externo só é permitida mediante apresentação do
cartão de leitor externo acima referido e entrega do bilhete de identidade válido, o qual ficará
retido pelo funcionário durante o tempo de utilização dos serviços bibliotecários, para além da
sujeição ao regime estabelecido nos artigos seguintes para a utilização da Biblioteca pelos
alunos e docentes.

ARTIGO 4.º
Proibição do acesso directo
É proibido aos alunos e aos leitores externos o acesso directo às obras da Biblioteca. Estes
devem solicitar ao funcionário da Biblioteca as obras pretendidas, os quais ficam encarregues
de as entregar.

ARTIGO 5.º
Requisitos da requisição
1. A requisição das obras encontra-se dependente de:
a) Apresentação e entrega ao funcionário da Biblioteca, durante o período da requisição, de
um bilhete de identidade válido;
b) Preenchimento correcto da Ficha de Requisição, constante do Livro de Requisições.
2. O cartão de identidade referido na alínea a) do número anterior não pode, em caso algum,
ser substituído por fotocópia.
3. A Ficha de Requisição contém os seguintes elementos:
a) A cota da obra requisitada;
b) Título da obra, e, sendo caso disso, identificação do seu autor;
c) Indicação da qualidade do requisitante, nomeadamente, se é aluno, docente ou leitor
externo;
d) Identificação do nome do requisitante, e, sendo caso disso, do número de aluno;
e) Data e hora da requisição;
f) Assinatura do requisitante indicando que recebeu a obra;
g) Assinatura do funcionário indicando que a obra foi devolvida;
4. Compete ao funcionário da Biblioteca zelar pelo preenchimento completo da Ficha de
Requisição pelo requisitante.

ARTIGO 6.º
Infracções
1. O não cumprimento do disposto no artigo 4.º e nos números 1 a 3 do artigo 5.º constitui
infracção e implica, para o seu autor, a inibição da utilização do serviço de requisição, bem
como da frequência da Biblioteca pelo período de 1 a 30 dias. A determinação exacta do
período de inibição compete ao Professor Bibliotecário e ao Professor Bibliotecário Adjunto,
tendo em conta a gravidade da infracção e as consequências dela resultantes.
2. O não cumprimento do disposto no n.º 4 do artigo 5.º constitui infracção disciplinar do
funcionário da Biblioteca, nos termos gerais do regulamento disciplinar da Faculdade de
Direito de Bissau.
67
ARTIGO 7.º
Proibição de requisição por interposta pessoa
1. O requisitante só pode requisitar obras para sua consulta pessoal, sendo proibida a
disponibilização das mesmas a qualquer título a outras pessoas.
2. A violação do disposto no número anterior do presente artigo constitui infracção e
implica, para o seu autor, as seguintes consequências:
a) Inibição da utilização de serviço de requisição, pelo período de 1 a 30 dias. A
determinação exacta do período de inibição compete ao Professor Bibliotecário e ao Professor
Bibliotecário Adjunto, tendo em conta a gravidade da infracção e as consequências dela
resultantes;
b) Sujeição do infractor a responsabilidade disciplinar.
3. Para efeitos de disposto na alínea b) do número 2 do presente artigo, o Professor
Bibliotecário ou o Professor Bibliotecário Adjunto devem comunicar imediatamente à Direcção
da Faculdade de Direito de Bissau a infracção, com vista à abertura do correspondente
procedimento disciplinar.
4. Nos períodos de ausência, a competência para a determinação da inibição referida na
alínea a) do número 2 deste artigo pode ser delegada pelo Professor Bibliotecário ou pelo
Professor Bibliotecário Adjunto nos assessores da Biblioteca.

ARTIGO 8.º
Limite máximo de obras requisitadas
1. Cada utilizador da Biblioteca, seja aluno, docente ou leitor externo, apenas pode
requisitar número máximo de três obras de cada vez, sendo este o número máximo de obras que
cada aluno, docente ou leito externo poderá consultar ao mesmo tempo.
2. O incumprimento desta regra implica a infracção por parte do utilizador da Biblioteca e
implica a inibição da utilização do serviço de requisição, bem como da frequência da
Biblioteca, pelo período de 1 a 15 dias. A determinação exacta do período de inibição compete
ao Professor Bibliotecário e ao Professor Bibliotecário Adjunto, tendo em conta a gravidade da
infracção e as consequências dela resultantes.

ARTIGO 9.º
Proibição da leitura domiciliária
1. É proibida a leitura domiciliária, devendo todas as obras requisitadas ser
impreterivelmente devolvidas no próprio dia da requisição, até à hora de encerramento da
Biblioteca.
2. O não cumprimento desta regra tem as seguintes consequências:
a) Não restituição do bilhete de identidade entregue pelo utente no acto da requisição,
enquanto não forem restituídas as obras requisitadas;
b) Inibição da utilização do serviço de requisição, bem como da frequência da Biblioteca,
até a restituição da obra e pelo período de 1 a 30 dias posteriores a essa restituição;
c) Sujeição à responsabilidade disciplinar aplicável;
d) Obrigação de pagamento de 500FCFA (quinhentos francos CFA) por cada dia de atraso
na devolução da(s)obra(s) requisitada(s), a contar do dia da requisição.

ARTIGO 9.º A
Determinação do período da inibição
1. A determinação do período de inibição referida na alínea a) do número 2 do artigo 8.º
compete ao Professor Bibliotecário e ao Professor Bibliotecário Adjunto, tendo em conta a
gravidade da infracção e as consequências dela resultantes.
2. Em caso de reincidência, o período da inibição pode ir até 60 dias.
68
3. Nos períodos de ausência, o Professor Bibliotecário e o Professor Bibliotecário Adjunto,
podem delegar a consequência referida no número 1 do presente artigo nos assessores da
Biblioteca.

ARTIGO 9.º B
Sujeição à responsabilidade disciplinar
1. Em caso de violação da proibição de leitura domiciliária constante do n.º 1 do artigo 9.º, o
Professor Bibliotecário ou o Professor Bibliotecário Adjunto, devem comunicar de imediato
essa situação à Direcção da Faculdade de Direito de Bissau, com vista à abertura de um
procedimento disciplinar contra o infractor.
2. Nos períodos de ausência, o Professor Bibliotecário e o Professor Bibliotecário Adjunto
podem delegar a competência referida no número anterior do presente artigo nos Assessores da
Biblioteca.

ARTIGO 9.º C
Não pagamento
1. O incumprimento da obrigação imposta na alínea d) do n.º 2 do artigo 9.º implica para o
infractor a inibição da utilização do serviço de requisição da Biblioteca e sujeita-o à
responsabilidade disciplinar aplicável.
2. O período da inibição referido número anterior pode ir de 1 a 30 dias, sendo determinado
em concreto pelo Professor Bibliotecário ou pelo Professor Bibliotecário Adjunto. Nos
períodos de ausência destes, pode esta competência ser delegada nos Assessores da Biblioteca.
3. Para o efeito do disposto no número 1 do presente artigo, o Professor Bibliotecário ou o
Professor Bibliotecário Adjunto devem comunicar à Direcção da Faculdade de Direito de
Bissau a infracção, com vista à abertura do respectivo procedimento disciplinar.

ARTIGO 10.º
Proibição do uso indevido das obras requisitadas
1. É absolutamente vedado a alunos, docentes e leitores externos o uso indevido das obras
requisitadas.
2. Para o efeito do presente regulamento, considera-se uso indevido, designadamente:
a) Actos que deteriorem a apresentação da obra: colocação de manuscritos nas margens das
obras, na capa ou na sobrecapa, etc.
b) Actos que inutilizem parcial ou totalmente a obra: arranque de folhas ou de partes das
obras, etc.

ARTIGO 11.º
Sanções em caso de utilização indevida
1. A prática de actos que constituam uso indevido das obras requisitadas na Biblioteca
constitui infracção e implica as seguintes consequências, para além da responsabilidade
aplicável nos termos gerais de direito:
a) No caso de práticas de actos que deteriorem a apresentação da obra, fica o infractor
inibido de utilizar o serviço de requisição da Biblioteca e de frequentar qualquer das salas da
Biblioteca durante um período que pode ir de 10 a 30 dias;
b) No caso de prática de actos que inutilizem parcial ou totalmente a obra, fica o infractor
inibido de utilizar o serviço de requisição da Biblioteca e de frequentar qualquer das salas da
Biblioteca durante um período que pode ir até 60 dias.

69
2. A determinação concreta do período da inibição será fixada pelo Professor Bibliotecário e
pelo Professor Bibliotecário Adjunto, tendo em conta a gravidade da infracção e as
consequências dela resultantes. Nos períodos de ausência destes, pode esta competência ser
delegada nos Assessores da Biblioteca.

ARTIGO 12.º
Dever de comunicação
1. Os utilizadores do serviço de requisição de obras da Biblioteca têm o dever de comunicar
ao funcionário responsável qualquer infracção que presenciem ou de que suspeitem, bem como
da detecção de qualquer vício ou deficiência que detectem na obra por si requisitada.
2. Neste caso, o funcionário a quem seja efectuada a comunicação tem o dever de
preencher o formulário de apuramento de infracção constante no Anexo C que importa a
indicação obrigatória dos seguintes elementos:
a) O tipo de infracção presenciado ou suspeitado, ou a cota, título e autor da obra que
apresenta vício ou deficiência;
b) Sendo caso disso, identificação do suspeito da infracção;
c) Descrição do vício ou deficiência da obra;
d) Data do preenchimento do formulário;
e) Indicação da qualidade do denunciante;
f) Identificação do denunciante;
g) Assinatura do denunciante;
h) Assinatura do funcionário;
3. O funcionário da Biblioteca que recebe o formulário acima referido tem o dever de o
entregar ao Professor Bibliotecário ou ao Professor Bibliotecário Adjunto no mais curto
período possível.

Novembro de 1990
O Ministro da Justiça,
Mário Cabral

Bissau,28 de Setembro de 2006.

70
ANEXO A

FICHA DE INSCRIÇÃO DE LEITOR EXTERNO

(fotografia)

Nome:
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

Morada:
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

Profissão
____________________________________________________________________________
N.º de telefone e/ ou de telemóvel ____________________________
Data de nascimento ______/______/______
Data da inscrição ______/______/______

Assinatura do candidato a leitor externo

71
ANEXO B

República da Guiné- Bissau


Faculdade de Direito de Bissau
CARTÃO DE LEITOR EXTERNO

Nome: ________________________________________________________________________
Morada: _______________________________________________________________________
Data de nascimento: ______/______/________
N.º de telefone/telemóvel ____________________________________
Validade: : ______/______/________ até-: ______/______/________
(fotografia)

O Professor bibliotecário A/O Leitor externo


_________________________________ ___________________________

72
ANEXO C
FORMULÁRIO DE APURAMENTO DE INFRACÇÃO

Identificação do denunciante: ___________________________________________________

O denunciante é docente/aluno/funcionário/leitor externo (riscar o que não interessa)


Identificação da infracção presenciada ou suspeitada, ou a cota, titulo e autor da obra que
apresenta vício ou
deficiência:___________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
Identificação do suspeito de
infracção:____________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
Descrição do vício ou deficiência da obra (sendo caso
disso):_______________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
Data de preenchimento do formulário ____________/_____________/____________

Assinatura do denunciante:

Assinatura do funcionário:

73
REGULAMENTO DA SALA DE INFORMÁTICA E FOTOCÓPIAS

A Sala de Informática e Fotocópias da Faculdade de Direito de Bissau, em funcionamento


desde Fevereiro de 2005, resulta de um esforço de equipa da cooperação portuguesa a leccionar
nesta Faculdade, e só foi possível graças à oferta da generalidade dos materiais que a compõem
pela CPLP.
A sala de informática é composta por 12 computadores, uma fotocopiadora, duas impressoras e
um aparelho multifunções (a funcionar como scanner).
Considerando que o funcionamento da sala implica despesas e que uma utilização prudente e
controlada da Sala ajuda a funcionar e racionalizar essas despesas, considerando ainda a
necessidade de estabelecer regras para a utilização da Sala que salvaguardem o seu regular
funcionamento e ajudem a manter em boas condições os materiais que a compõem. É adoptado
o seguinte regulamento de Utilização da Sala de Informática:

ARTIGO 1.º
Acesso à Sala de Informática
A Faculdade de Direito de Bissau disponibiliza o acesso à Sala de Informática a todos os que a
queiram utilizar de acordo com o presente regulamento.

ARTIGO 2.º
Serviços disponíveis
A Sala de Informática da Faculdade de Direito de Bissau disponibiliza os seguintes serviços:
a) Utilização de computadores para processamento de texto, uso de qualquer programa lícito
e acesso à Internet.
b) Impressão de documentos, imagens ou ficheiros a preto e branco e a corres.
c) Scan de documentos ou imagens.
d) Venda de material informático de apoio.

ARTIGO 3.º
Utilização de computadores
1. Aquele que pretenda utilizar um dos computadores da Sala deve dirigir-se ao funcionário
da Sala que registará na folha de registo de utilização de computador, o nome do cliente, a hora
de entrada, tempo de utilização, hora de saída e número de computador a ser utilizado.
2. Depois de efectuado o pagamento correspondente ao tempo de utilização previsto,
conforme indicado em tabela de preços afixada na sala, o funcionário da Sala indicará ao
utilizador qual o computador que este pode utilizar.
3. O utilizador deverá utilizar o computador de forma diligente e se verificar algum
problema com o computador o utilizador avisará de imediato o funcionário da Sala.
4. Se pretender mudar de computador o utilizador terá de o solicitar ao funcionário.
5. Findo o tempo de utilização pago o utilizador deve abandonar o computador, avisando o
funcionário.
6. Se pretender utilizar o computador por mais tempo o utilizador informará o funcionário e
pagará de imediato o acréscimo de tempo que prevê utilizar.
7. Cada computador só pode ser utilizado por uma pessoa de cada vez. Só será permitida a
presença de um acompanhante a cada utilizador mas aquele não terá direito a lugar sentado.
8. O utilizador facilitará ao funcionário da Sala o controlo dos computadores a que este está
obrigado.

74
ARTIGO 4.º
Situações especiais de utilização dos computadores
1. Na sala de Informática três computadores estão reservados a utilização gratuita para os
docentes da Faculdade de Direito de Bissau, para processamento de texto; tratando-se de uma
reserva apenas na medida da disponibilidade da Sala e não exclusiva.
2. Os docentes que pretendam aceder à Internet, fazer impressões, scan ou afins têm de
pagar os respectivos preços.
3. A Associação de Estudantes da FDB (AEFDB) tem direito à utilização gratuita, diária de
2 horas de um computador da sala de informática, na medida da disponibilidade desta e apenas
para efeitos de processamento de textos.
4. A AEFDB deve informar os responsáveis da Sala de Informática da identidade dos seus
membros que utilizarão o computador da Sala de Informática, sendo que apenas serão
admitidos, no máximo, o nome de três pessoas diferentes.
5. Se a AEFDB ou o seu representante quiser aceder à Internet, fazer impressões, scan ou
afins têm de pagar os respectivos preços.

ARTIGO 5.º
Impressões
1. Os utilizadores que pretendam imprimir qualquer documento, imagens ou ficheiro devem
previamente comunicar ao funcionário da Sala.
2. A impressão de documentos, imagens ou ficheiros a preto e branco é feita a partir de
qualquer computador da Sala pela impressora predefinida.
3. A impressão de documentos, imagens ou ficheiros a cores só pode ser feita a partir do
computador administrador, reservado ao funcionário da Sala, pelo que essa impressão deve ser
solicitada a este, a partir da entrega do respectivo documento, imagens ou ficheiros em suporte
digital.
4. Finda qualquer impressão, esta é retida pelo funcionário, que apenas a entregará ao
cliente contra entrega do respectivo pagamento.
5. O custo de cada impressão consta da tabela de preços afixada na Sala.

ARTIGO 6.º
Scan
1. Aquele que pretender o scan de uma imagem ou documento, deve entregá-lo ao
funcionário da Sala, que procederá ao scan e o entregará ao cliente no suporte digital por este
entregue para o efeito ou o imprimirá, conforme o caso, depois de efectuado o respectivo
pagamento.
2. O scan corresponde apenas à passagem de uma imagem ou documento físico para um
suporte digital e não implica qualquer tratamento do ficheiro por parte do funcionário da Sala.
3. O custo de cada scan consta da tabela de preços afixada na Sala.

ARTIGO 7.º

75
Utilização de dispositivos de armazenamento
1. Aqueles que pretendam utilizar disquetes, CD´s ou memory drives nos computadores da
Sala devem solicitar a prévia permissão ao funcionário da Sala, o qual fará a verificação de
vírus.
2. O funcionário da Sala de Informática é responsável pelo controlo da utilização de
disquetes CD´s memory drives.

ARTIGO 8.º
Venda de material informático de apoio
A Sala tem ao dispor dos utilizadores material informático de apoio, que pode ser adquirido por
qualquer pessoa pelo preço correspondente ao afixado na tabela de preço da Sala.

ARTIGO 9.º
Função do funcionário da Sala
1. O funcionário da Sala de Informática é responsável pelo controlo da utilização dos
computares e do respectivo tempo de utilização.
2. O funcionário da Sala de Informática é responsável pelo controlo da utilização das
impressoras, bem como do número de impressões efectuadas.
3. O funcionário é ainda responsável pelo recebimento das quantias devidas a qualquer
título.

ARTIGO 10.º
Proibições e infracções
1. É expressamente vedado o acesso ao computador administrador a qualquer pessoa que se
encontre na Sala, que não seja o funcionário ou os responsáveis da Sala.
2. É expressamente proibido a qualquer utilizador mudar configuração da home page ou
página inicial de qualquer computador, a qual está predefinida para o site da FDB
(www.fdbissau.com).
3. É expressamente proibido fazer barulho que perturbe a correcta utilização da Sala, que é
ainda uma Sala de estudos e pesquisas.
4. Constituem informações graves:
A incorrecta utilização que provoque danos nos materiais da Sala.
O não pagamento das quantias devidas a qualquer título.
A utilização de disquetes, CD´s ou memory drive sem o controlo prévio pelo funcionário da
Sala.
Quaisquer desrespeitos por normas do presente regulamento.
Qualquer conduta, objectivamente danosa e que, como tal, deva ser sancionada.

ARTIGO 12.º

76
Sanções
1. Os utilizadores da Sala que desrespeitem o presente regulamento ou cometam qualquer
das infracções a que refere o artigo anterior podem ser inibidos da utilização da Sala de
Informática da FDB, pelo período mínimo de cinco (5) dias e máximo de trinta (30) dias.
2. Durante o período de inibição, o inibido não será, sequer, admitido a entrar na Sala, nem
poderá beneficiar de qualquer dos serviços por esta prestados.
3. A determinação do período de inibição cabe aos responsáveis da Sala, que atenderão à
gravidade da situação, à culpabilidade do infractor e a reincidência do mesmo.
4. Não obstante a inibição da Sala, os infractores incorrem ainda responsabilidade civil que
em cada caso poderá ter lugar.
ARTIGO 13.º
Disposições finais
A sala manterá afixada uma tabela de preços dos serviços prestados actualizada.

Bissau, 24 de Março de 2006

77
CENTRO DE ESTUDO E DE APOIO ÀS REFORMAS LEGISLATIVAS
DESPACHO22

Constitui vocação de qualquer instituição universitária expandir as suas actividades e


influências de forma a conseguir uma profícua inserção social.
No momento em que se tornam necessárias e prementes reformas em diversos sectores de vida
do nosso país, devem as mesmas ser apoiadas e incrementadas por núcleos ou organismos
especializados e para o efeito vocacionados.
Neste contexto, é de particular importância, no campo do Direito, trabalhar no sentido de
conseguir sólidas e adequadas reformas jurídicas, revelando-se, para tal, oportuna a criação de
um Centro de Estudos e de Apoio às Reformas Legislativas no seio da Faculdade de Direito de
Bissau.
Assim, ao abrigo do artigo 26.º do Decreto n.º 34 90, de 26 de Novembro, determino o
seguinte:

ARTIGO 1.º
Criação
É criado, no âmbito da Faculdade de Direito de Bissau, o “Centro de Estudos e de Apoio às
Reformas Legislativas”.

ARTIGO 2.º
Funções
São funções do Centro de Estudos:
a) Realizar estudos e projectos de investigação sobre temas de qualquer ramo de Direito que
relevem para o levantamento, análise, produção e interpretação da legislação vigente na Guiné-
Bissau;
b) Desenvolver estudos e projectos de investigação sobre temas das ciências auxiliares do
Direito que contribuam para o conhecimento, análise, caracterização e desenvolvimento da
ordem jurídico-social na Guiné-Bissau:
c) Efectuar estudos e projectos de investigação de Direito Comparado que se inscrevam no
âmbito do disposto nas alíneas a) e b):
d) Apoiar a elaboração de anteprojectos de diplomas legislativas.

ARTIGO 3.º
Composição e Direcção
1. O Centro de Estudos é composto por todos os docentes em exercício de funções na
Faculdade de Direito de Bissau.
2. O Centro de Estudos será dirigido administrativa e financeiramente pelo Director da
Faculdade.

22
Publicado no Boletim Oficial de 26 de Novembro de 1990 (Suplemento).
78
3. O Centro de Estudos terá uma Direcção Técnica e Científica, composta pelo presidente
do Conselho Científico, que presidirá, com voto de qualidade, dois regentes de disciplinas
leccionadas na Faculdade e um assessor de regência, eleitos pelo Conselho Científico.

ARTIGO 4.º
Funcionamento
1. O Centro de Estudos desempenha as funções previstas no artigo 2.º, por iniciativa própria
ou a solicitação de qualquer entidade pública ou privada, de acordo com as suas
disponibilidades.
2. Nos casos em que funcione por iniciativa própria, o Centro de Estudos promoverá
diligências no sentido de obter apoio financeiro, material e logístico junto de instituições
guineenses, estrangeiras ou internacionais.
3. Nos casos em que funcione a solicitação externa, o Centro de Estudos deve previamente
acordar com a entidade solicitante as condições da sua prestação de serviços, designadamente a
respectiva remuneração.
4. O Centro de Estudos deve fixar previamente quais os seus membros e em que condições,
realizarão os estudos ou projectos de investigação por ele promovidos ou prestarão o serviço
solicitado.
5. A entidade solicitante pode indicar a sua preferência quanto ao técnico ou técnicos a que
pretende que os trabalhos adjudicados.
6. O Centro de Estudos poderá recorrer à colaboração ocasional de técnicos independentes
ou de outras instituições públicas ou privadas nacionais ou estrangeiras, quando tal se torne
necessário ao cabal desempenho das suas funções.
7. O Centro de Estudos poderá aprovar, em sessão plenária, um regulamento interno.

ARTIGO 5.º
Destino das receitas
1. Da receita líquida apurada em cada prestação de serviço a solicitação externa ou em cada
projecto de investigação promovido por iniciativa Centro, construirá receita da Faculdade uma
parte desse montante a determinar pelo Ministro da tutela.
2. Em ambos os casos previstos no número anterior, o excedente será entregue aos autores
do trabalho efectuado, nos termos previamente estatuído aquando da sua adjudicação.

ARTIGO 6.º
Instalações e apoio material
O Centro de Estudos funcionará nas instalações da Faculdade de Direito de Bissau e terá apoio
logístico e material dos seus serviços administrativos, bem como do Gabinete de Estudos do
Ministério da Justiça.

Ministério da Justiça, em Bissau, 26 de Novembro de 1990

79
O Ministro da Justiça
Mário Cabral

80
PROTOCOLO DE COLABORAÇÃO
ENTRE
A FACULDADE DE DIREITO DE BISSAU
E O INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISA

1. A Escola de Direito de Bissau, representada pelo seu Director Dr. Ivo Djaló e pelo
Assessor Científico designado pela Faculdade de Direito de Lisboa, no âmbito de Protocolo de
Cooperação Relativo à criação da Faculdade de Direito de Bissau, Dr. Ricardo Sá Fernandes;
2. INEP, Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa, representado pelo seu Director, Dr.
Carlos Cardoso; Considerando:
a) A enorme riqueza do património cultural da Guiné-Bissau, no que diz respeito ao Direito
Consuetudinário;
b) A imperiosa necessidade de o estudar e preservar;
c) A necessidade de realizar uma investigação interdisciplinar;
É assinado o presente Protocolo de Colaboração com as seguintes cláusulas:

1.ᵃ Objecto
O presente Protocolo visa estabelecer a cooperação entre as instituições signatárias no domínio
da investigação e do estudo sistemático do Direito Consuetudinário na Guiné-Bissau.

2.ᵃ Coordenação
1. As actividades a empreender serão desenvolvidas sob a égide de uma Comissão de
Coordenação, composta por três docentes da Escola de Direito de Bissau e por três
investigadores do INEP, a designar por ambas instituições.
2. A comissão de coordenação reunirá pelo menos semestralmente, cabendo-lhe definir as
demais regras do seu funcionamento.

3.ᵃ Áreas preferenciais


1. Os temas de investigação a privilegiar serão, fundamentalmente, os seguintes:
a) Direitos Reais;
b) Direito dos Contratos;
c) Direito da Família;
d) Direito das Sucessões;
e) Direito Penal;
f) Organização Jurídico-económica;
g) Administração da Justiça;
h) Mecanismos e consequências dos fenómenos de pluralismo jurídico.

81
2. As preferências referidas nos números anteriores são meramente indicativas das áreas a
estudar.

4.ᵃ Interdisciplinaridade
As acções conjuntas a levar a cabo terão especialmente em conta a necessidade de conduzir
investigações pluridisciplinares com o contributo de juristas, antropólogos, sociólogos,
etnólogos e outros técnicos.

5.ᵃ Apoios
1. A comissão de coordenação promoverá diligências no sentido de obter apoio financeiro,
material e logístico junto de instituições guineenses, estrangeiras ou internacionais.
2. No que toca a Portugal, será instituição de contacto a Faculdade de Direito de Lisboa.

6.ᵃ Desenvolvimento dos projectos


1. Os projectos a levar a cabo com patrocínio das instituições signatárias serão
preferencialmente confiados a técnicos que estejam ou tenham estado a si ligados.
2. A Comissão de Coordenação fixará anualmente prazos para a apresentação de
candidaturas a projectos de investigação que possam merecer o seu patrocínio e que se
enquadrem no âmbito deste Protocolo, podendo os candidatos concorrer individual ou
colectivamente.
3. As instituições signatárias podem criar conjuntamente Centros de Estudos especialmente
vocacionados para os objectivos ora consagrados, que terão a integração e autonomia que
ambas as instituições vierem a definir na altura da sua criação.

7.ᵃ Troca de informações


As instituições signatárias obrigam-se a trocar informações sobre todas as matérias relevantes
para o efeito do presente Protocolo.

8.ᵃ Publicações
As instituições signatárias poderão promover publicações conjuntas no âmbito do objecto deste
Protocolo.

9.ᵃ Entrada em vigor


1. O presente Protocolo entra em vigor na data da sua assinatura.
2. Após a criação da Faculdade de Direito de Bissau, esta sucederá à Escola de Direito
Bissau nos direitos e obrigações daqui decorrentes.

Em Bissau, em três exemplares, aos 27 de Julho de 1990.

82
Pelo INEP,
Carlos Cardoso

Pela Escola de Direito de Bissau,


Ivo Djaló, Ricardo Sá Fernandes

83
ESTATUTOS DA ASSOCIAÇÃO DE ESTUDANTES
DA FACULDADE DE DIREITO DE BISSAU

CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
ARTIGO 1.º
Natureza
A Associação de Estudantes da Faculdade de Direito de Bissau, abreviadamente designada por
AEFDB, é uma associação de direito privado, regida pelo presente estatuto, pelas leis e
regulamentos vigentes, gozando de personalidade jurídica e de capacidade para a prática de
todos os actos necessários ou convenientes para a prossecução dos seus fins.

ARTIGO 2.º
Fins
São fins genéricos da AEFDB:
Representar e defender os interesses dos estudantes da Faculdade de Direito de Bissau;
1. Pronunciar-se sobre quaisquer aspectos da vida escolar da Faculdade de Direito de Bissau
que directa ou indirectamente afectem o seu corpo discente;
2. Contribuir para o prestígio e a dignificação da Faculdade de Direito de Bissau;
3. Concorrer para formação dos quadros que satisfaçam as necessidades da Guiné-Bissau no
âmbito das profissões jurídicas tradicionais (advogados, magistrados, notários, conservadores,
etc.), bem como de técnicos valorizados para a Administração Pública e para a gestão das
actividades privadas;
4. Colaborar na difusão da cultura jurídica e na consolidação do Estado de Direito na Guiné-
Bissau;
5. Promover publicações de índole científica e pedagógica;
6. Organizar actividades extra-escolares e de desporto escolar;
7. Fomentar o intercâmbio científico e cultural entre os povos, bem como o seu
entendimento e aproximação.
ARTIGO 3.º
Independência
A AEFDB é independente do Estado e de quaisquer organizações, designadamente políticas e
religiosas.
ARTIGO 4.º
Sede
1. A AEFDB tem a sua sede em Bissau.

Constituida por escritura pública celebrada no 1.º Cartório Notarial de Bissau em Fevereiro de 1991.

84
2. A sede da AEFDB fica localizada nas instalações da Faculdade de Direito de Bissau,
podendo ser transferida para localização por deliberação da Assembleia-Geral.

ARTIGO 5.º
Receitas
A AEFDB tem as seguintes receitas:
a) As cotizações dos seus sócios;
b) A contrapartida dos seus serviços;
c) Os rendimentos dos seus bens ou de quaisquer actividades por si prosseguidas;
d) Os donativos que lhe forem feitos.

ARTIGO 6.º
Duração
A AEFDB constitui-se por tempo indeterminado.

CAPÍTULO II
DOS SÓCIOS

ARTIGO 8.º
Categoria dos Sócios
1. Na AEFDB haverá duas categorias de sócios: efectivos e honorários.
2. São sócios efectivos os estudantes matriculados na Faculdade Direito de Bissau, que
tendo solicitado a sua inscrição tenham sido admitidos.
3. São sócios honorários as individualidades que, pela excepcional relevância das
actividades desenvolvidas em prol dos fins da AEFDB, tenham sido propostas para essa
categoria por deliberação da Assembleia-Geral, tendo aceite a distinção.

ARTIGO 9.º
Admissão dos sócios efectivos
1. Têm direito de ser admitidos como sócios da AEFDB todos os estudantes matriculados na
Faculdade Direito de Bissau, desde que não tenham praticado actos gravemente lesivos dos
seus interesses ou que ofendam os fins que ela prossegue.
2. Caberá à direcção da AEFDB deliberar sobre a admissão dos sócios, cabendo recurso da
sua deliberação para a Assembleia-Geral, a interpor pelo candidato afectado no prazo de trinta
dias a contar da data da comunicação que lhe for feita do indeferimento da sua admissão.

ARTIGO 10.º
Direito e Deveres dos Sócios
85
1. São direitos dos sócios participar em todos os actos que digam respeito à vida da
AEFDB, nos termos da lei, destes estatutos e demais disposições regulamentares.
2. São deveres dos sócios contribuir, na medida das suas possibilidades, para os fins da
AEFDB, cumprir as deliberações estatutariamente tomadas, salvo o caso de objecção da
consciência devidamente justificada, e pagar as suas cotas.

ARTIGO 11.º
Suspensão e exclusão dos sócios
1. A Assembleia-Geral poderá deliberar a suspensão ou exclusão dos sócios se por estes
forem praticados actos que violem gravemente deveres a que estão adstritos.
2. A suspensão não pode ser por prazo superior a seis meses e a sanção deve ser graduada
de forma proporcional à gravidade dos factos em causa.
3. A deliberação de suspensão ou exclusão não pode ser tomada sem que previamente se
tenha dado ao sócio a possibilidade de se defender das acusações contra ele formuladas.

CAPÍTULO III
DOS ÓRGÃOS

ARTIGO 12.º
Enumeração
São órgãos da AEFDB:
a) Assembleia-Geral;
b) A Direcção
c) O Conselho Fiscal.
ARTIGO 13.º
A Assembleia-Geral
1. A Assembleia-Geral é composta por todos os sócios da AEFDB que não estejam
suspensos e que não tenham as suas cotas em atraso mais de três meses.
2. A Assembleia-Geral reúne-se obrigatoriamente uma vez por ano para aprovação do
balanço e ainda sempre que seja convocada, com fins legítimos, pela Direcção ou por número
de sócios não inferior a um terço do seu total.
3. A mesa de Assembleia-Geral é composta por um presidente, um vice-presidente e um
secretário, eleitos pela Assembleia-Geral, em votação separada, por escrutínio secreto, sendo o
seu mandato de um ano, renovável.
4. São da exclusiva competência da Assembleia-Geral a eleição e destituição dos titulares
dos órgãos da Associação, a aprovação do balanço, alteração dos estatutos e a sua extinção,
bem como as deliberações não compreendidas nas atribuições legais ou estatutárias dos outros
órgãos e bem assim aquelas que por lei ou disposição estatutária devam por si ser
obrigatoriamente tomadas.

86
5. A Assembleia-Geral poderá definir orientações gerais sobre a vida da Associação, bem
como deliberar sobre quaisquer matérias que interessem à prossecução dos fins.
6. A Assembleia-Geral adoptará o seu regulamento interno.

ARTIGO 14.º
Direcção
1. A Direcção é composta por cinco membros eleitos pela Assembleia-Geral, por lista e
escrutínio secreto, sendo eleita aquela que obtiver o maior número de votos.
2. O mandato da Direcção é de um ano renovável.
3. À Direcção eleita caberá escolher o seu presidente, o qual terá voto de qualidade.
4. A representação da AEFDB em juízo ou fora dele, caberá à Direcção ou a quem por ela
for designado, sendo a sua representação protocolar assegurada pelo presidente ou por quem o
substitua.
5. À direcção competirá desenvolver todas as actividades adequadas à prossecução dos fins
da AEFDB, bem como geri-la nos seus aspectos administrativos, financeiros e patrimoniais,
sem prejuízo das competências da Assembleia-Geral previstas nos artigos 4.º. 11.º. e 13.º.
6. A direcção reunirá ordinariamente todos os meses e extraordinariamente sempre que o
seu presidente o entender conveniente ou ainda a pedido da maioria absoluta dos seus
membros.
7. O quórum de funcionamento da Direcção é de três membros.

ARTIGO 15.º
Conselho Fiscal
1. O Conselho Fiscal é composto por três membros eleitos pela Assembleia, por lista e
escrutínio secreto, sendo eleita aquela que obtiver maior número de votos.
2. O mandato do Conselho Fiscal é de um ano, renovável.
3. Ao Conselho Fiscal cabe a fiscalização da contabilidade da AEFDB, bem como, em
geral, a legalidade dos seus actos, cabendo-lhe especialmente dar parecer sobre o balanço anual
a submeter a aprovação da Assembleia-Geral.
4. Ao Conselho Fiscal caberá escolher o seu presidente, que terá voto de qualidade.
5. O Conselho Fiscal reunirá ordinariamente todos os trimestres e extraordinariamente
sempre que convocado pelo seu presidente ou pela maioria dos seus membros.
6. O quórum do funcionamento do conselho fiscal é de dois membros.

CAPÍTULO IV
DISPOSICÕES FINAIS

ARTIGO 16.º
Regulamento Interno

87
A Assembleia-Geral poderá deliberar a aprovação de regulamentos internos sobre quaisquer
aspectos da vida da AEFDB.
ARTIGO 17.º
Convénios com outras Associações de Estudantes
A AEFDB é livre de estabelecer convénios de colaboração com outras associações de
estudantes desde que inseridos no âmbito dos fins que prossegue.

ARTIGO 18.º
Destino dos Bens no caso de Extinção
Em caso de extinção da AEFDB, os seus bens disponíveis serão destinados à Faculdade Direito
de Bissau.

88
PROJECTO DE IMPLEMENTAÇÃO DA MENÇÃO “ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA’’
NA LICENCIATURA EM DIREITO
NA FACULDADE DE DIREITO DE BISSAU E REFORMA DO PLANO DE CURSO

Breve exposição de motivos

Manuel Januário da Costa Gomes23

1. Introdução

I. Em Abril de 2002, sendo Presidente do Instituto da Cooperação Jurídica da Faculdade de


Direito da Universidade de Lisboa (adiante ICJ) o saudoso Prof. Doutor António Marques dos
Santos, fui nomeado, pelo Conselho Directivo, a que presidia o Prof. Doutor Luís Menezes
Leitão, até então o Vice-Presidente do mesmo Instituto, com o pelouro da cooperação com a
Faculdade de Direito de Bissau (adiante FDB), Vice-Presidente do ICJ, sucedendo a este último
Professor. Ao tempo, ou seja no ano lectivo 2001-2002, o cargo de Assessor Científico na
Faculdade de Direito de Bissau era assegurado pela Mestra Florbela Pires. Por sua vez o cargo
de Director da FDB era (e continua a ser) desempenhado pelo Dr. Fodé Mané, Mestre em
Ciências Jurídicas pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa (adiante FDL).
Entre Abril de 2002 e Maio de 2004, mês em que cesso as referidas funções de Vice-Presidente
do ICJ, foi-me sempre acentuada a importância da implementação de uma variante em
Administração Pública, conforme já fora, aliás, previsto em 1990, no Protocolo de Cooperação
entre a República Portuguesa e a República da Guiné-Bissau – Adicional ao Acordo de
Cooperação Jurídica relativo ao Apoio à Faculdade de Direito de Bissau (adiante Adicional) e
fora reafirmado no artigo 27.º/3 do Decreto n.º 34/90, de 26 de Novembro – diploma que criou
a FDB.
A necessidade de implementação da variante foi-me salientada directamente, na minha primeira
visita a Bissau (em Junho de 2002), quer pelo então Ministro da Educação da Guiné-Bissau,
quer pelo Director da FDB, tendo também o Sr. Embaixador de Portugal em Bissau (Dr.
António Jacob de Carvalho), interpretando o sentido das instâncias políticas da Guiné-Bissau,
manifestado grande empenho e interesse nessa implementação.
É neste final do ano lectivo 2003-2004 que se apresenta formalmente um projecto tendente à
implementação da menção “Administração Pública”, a partir do ano lectivo 2004-2005,
aproveitando-se para sugerir também alterações ao plano de curso vigente.
Esta apresentação, que constituiu o meu último acto como Vice-Presidente do ICJ com o
pelouro das relações com a FDB, surgiu na sequência de um pedido oficial feito em 14 de
Agosto de 2003 pela então Ministra da Educação da Guiné-Bissau (Sr.ᵃ Antónia Cumba Dias)
às autoridades portuguesas, no sentido da implementação da Menção, pedido esse que integrava
a solicitação de a responsabilidade dessa implementação ser cometida à FDL.
A esta solicitação, encaminhada para a FDL através da IPAD, a FDL respondeu
afirmativamente, através de carta de 5 de Novembro de 2003, dirigida à Ministra da Educação
(entretanto substituída pela Dr.ᵃ Fátima Barbosa) e encaminhada para o IPAD, carta essa
subscrita pelo Presidente do Conselho Directivo (Prof. Doutor Menezes Leitão) e pelo Prof.
Doutor Jorge Miranda, Presidente do ICJ, sucedendo ao Prof. Doutor António Marques dos
Santos. Nessa carta, cujo encaminhamento para o governo da Guiné-Bissau ficou a cargo do
IPAD, a FDL disponibilizou-se para, no quadro geral da cooperação portuguesa com a

23
Professor da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa.
89
República da Guiné-Bissau, assegurar a implementação da Menção, no pressuposto do cabal
funcionamento do projecto, nas suas várias vertentes, por parte do IPAD.
A apresentação de um projecto deste tipo só é possível na sequência da constatação de que a
FDB está madura para este desafio.
Neste particular, é de elementar justiça destacar o papel estabilizador que, após o conflito
político militar de 1998, e continuando o excelente trabalho da Mestra Florbela Pires e da sua
equipa24, tem tido a actual equipa de docentes da FDL na FDB, a saber, o Mestre Rui Ataíde,
Assessor Científico, desde 2002-2003, que tem protagonizado múltiplas e excelentes iniciativas
em benefício da FDB, o Dr. Filipe Falcão (que, no ano lectivo 2003-2004, completa três anos
de docência na FDB), a Dr.ᵃ Cláudia Madaleno e, reforçando a equipa a meio do ano lectivo, a
Dr.ᵃ Mónica Freitas. Teve também uma curta passagem pela FDB, a convite directo desta, a
Mestra Ana Coimbra, ex-assistente da FDL.
Por outro lado, os docentes guineenses, quer os Mestres quer os licenciados, têm revelado um
grande empenho no serviço docente e no bom funcionamento da escola. Finalmente, the last
but not the least, os cativantes alunos da FDB, com que tive um contacto estreito nas Jornadas
de 2003 sobre o direito da OHADA, mostram uma enorme confiança no futuro da FDB e do
país, pese embora as conhecidas dificuldades que atravessam.
Na elaboração deste Projecto contei, ao longo de várias semanas, com valiosos contributos,
sobretudo da parte do Mestre Rui Ataíde e do Dr. Filipe Falcão; foram sobretudo estes,
profundos conhecedores da Guiné-Bissau e da FDB – saber de experiência feito – que foram
corrigindo alguns “excessos vanguardistas” da minha parte, que seriam certamente exequíveis
noutras latitudes mas não na FDB; desde logo em função das grandes dificuldades de
funcionamento a nível de secretaria e demais serviços.
Destaco também os contributos – maduros – da jovem assistente Dr.ᵃ Cláudia Madaleno.
Contei ainda com preciosas sugestões e indicações do Director da FDB, Mestre Fodé Mané, e
dos assistentes da FDL Mestres Florbela Pires e Ricardo Borges.
O presente Projecto, em Anexo, foi entregue ao Sr. Assessor Científico na FDB, acompanhado
de uma carta, datada de 31 de Maio de 2004, subscrita pelo Prof. Doutor Jorge Miranda, na
qualidade de Presidente do Conselho Científico eleito, com o seguinte conteúdo:
“Junta-se, em anexo, para apreciação e eventual aprovação pelos órgãos próprios da Faculdade
de Direito de Bissau e pelo Governo da República da Guiné-Bissau, um projecto de reforma do
plano de Cooperação Jurídica, com a colaboração do Sr. Assessor Científico da Faculdade de
Direito de Bissau e de vários actuais e antigos docentes nessa Faculdade.
Faço votos para que a Faculdade de Direito de Bissau, mantendo as suas autonomias, tal qual
legalmente consagradas, consiga, finalmente, implementar a reforma, conjuntamente com a
almejada menção”.

2. Opções estruturantes

2.1. Menção em Administração Pública versus Licenciatura em Administração Pública

Na dicotomia entre Menção ou Variante em Administração Pública-adoptada no artigo 27.º/3


do Decreto n.º 34/90, de 26/11 – e Licenciatura em Administração Pública – a que se refere o
Adicional, opta-se declaradamente pela lógica da Menção.
Esta opção não decorre de qualquer identificada incompatibilidade entre uma Faculdade de
Direito e uma licenciatura em Administração Pública: não haveria qualquer incongruência
nessa opção, que foi adoptada, por exemplo, na Faculdade de Direito de Coimbra. Aliás,
noutros países europeus, máxime em França, independentemente da questão da inserção da

24
Equipa integrada, no ano lectivo 2001-2001, também pelo Dr. Filipe Falcão, pelo Dr. Nuno Aureliano e pelo
malogrado Tiago Mata de Almeida, cuja memória se evoca.
90
licenciatura em causa numa Faculdade de Direito ou noutra, estão instaladas, aparentemente
com sucesso, licenciaturas em Administração Pública.
O afastamento da opção licenciatura em favor da Menção deve-se a duas razões fundamentais:
a primeira respeita à absorção de licenciados em Administração Pública por um pequeno país
como a República da Guiné-Bissau: apesar das patentes dificuldades sentidas por país, a esse
nível, e de urgente necessidade de dotar a Administração Pública de quadros altamente
qualificados, poderia criar-se, ao longo ou médio prazo, uma situação de excesso de licenciados
para colocação em funções de responsabilidade.
A segunda razão, mais evidente, resulta da convicção de que a especialização em
Administração Pública pode ser conseguida, com pleno sucesso, com uma variante na
licenciatura em Direito, solução que, além de assegurar aos licenciados uma sólida formação
jurídica, constitui uma enorme vantagem para os mesmos que, assim, terão um maior leque de
alternativas profissionais. Na verdade, essa Menção assegura aos diplomados acesso a todas as
profissões jurídicas, nos mesmos termos dos licenciados no, digamos, tronco – que corresponde
a licenciatura nos termos em que tem funcionado, ou seja, sem variante. É certo que os
licenciados em Direito na menção de Administração Pública não terão o mesmo grau de
preparação para uma profissão forense; contudo, têm as disciplinas fundamentais dessa área e
têm, naturalmente, a preparação especifica em Administração Pública decorrente da inserção na
Menção. Acresce que a preparação na Menção abre outros horizontes para além da máquina da
Administração: eles estarão certamente melhor preparados para integrar o quadro de
funcionários de organizações internacionais ou a carreira diplomática.
Mutatis mutandis, o acesso a fazer carreira na Administração Pública não fica vedado aos
licenciados em Direito sem Menção, os quais terão, no entanto, a relativa desvantagem de
poderem ser preteridos por licenciados em Direito mas na Menção.
Assinale-se ainda o seguinte: a nível de reconhecimento de diplomas noutros países de língua
oficial portuguesa, será certamente mais fácil a um licenciado em Direito com a Menção de
Administração Pública obter a equivalência na licenciatura em Direito do que com numa
licenciatura inexistente nos outros países. Um licenciado guineense em Administração Pública
– se licenciatura fosse – lograria, quando muito obter equivalência em disciplinas do curso de
Direito noutro país.
2.2. “Administração Pública” versus “Jurídico-Políticas” ou “Jurídico-Administrativas”
Na licenciatura em Direito na FDL, em cujo âmbito existem menções a partir do 4.º ano, a
menção mais “sintonizada” com os problemas da Administração Pública é a de Jurídico-
Políticas (Opção C). Para o caso especifico da FDB, entre a designação da Menção
“Administração Pública” ou “Jurídico-Políticas”, julgamos ser claramente preferível a primeira,
por duas razões.
A primeira razão é a histórica: como vimos, quer o adicional quer o Dec. n.º 39/90 referem-se a
Administração Pública, razão esta mais do que bastante, tanto mais de que as comunidades
jurídica e política guineenses conhecem o dossiê sob essa designação.
A segunda razão é de conteúdo: basta confrontar o programa da Menção Jurídico-Políticas na
FDL com o conteúdo – as disciplinas – do projecto para a FDB, para nos apercebermos de que
há, neste último, uma atenção direccionada para os problemas da Administração Pública – quer
no seu sentido orgânico ou subjectivo quer no seu sentido material ou objectivo25– aos mais
diversos níveis: jurídico, económico, financeiro, contabilístico, urbanístico, autárquico e
ambiental.
25
Cf. Diogo Freitas do Amaral, “Administração Pública”, in Dicionário Jurídico da Administração Pública, 1.º
Suplemento, Lisboa, 1998, p. 13 e ss.
91
Quanto à designação “Jurídico-Administrativas”, julgamos que a mesma peca por defeito: a
Menção dever dar uma formação que vá para além do direito administrativo e das suas
ramificações. O projecto em anexo fala por si, neste particular.
2.3. Nível universitário versus ensino politécnico
O facto de a Administração Pública constituir uma Menção da licenciatura em Direito revela,
de forma muito clara, que o objectivo não é formar “técnicos administrativos”, mas licenciados
em Direito, familiarizados com os problemas da Administração, a nível superior, aos mais
diversos níveis.
O modelo do curso profissional ou de ensino politécnico está claramente arredado deste
projecto. Isto não significa, como é óbvio, que a República da Guiné-Bissau não possa – ou
eventualmente não deva – prever a instalação no país, precisamos no âmbito do ensino
politécnico, de cursos profissionais habilitantes do desempenho de funções especificas na
Administração. Contudo, essa é matéria sobre a qual não nos devemos – nem sequer podemos –
pronunciar.
2.4. Manutenção dos 5 anos de licenciatura?
Estando na Europa em acesa discussão a implementação da Declaração de Bolonha, poderia
equacionar-se também para a FDB, à semelhança do modelo “bolonhês”, uma redução do
número de anos de licenciatura, ainda que com a previsão de um ou dois anos complementares,
em função do número de anos reduzidos.
Opta-se aqui, claramente, por manter o sistema tradicional, que tão bons resultados tem gerado
na FDB. Na verdade, para além de o nível de preparação dos alunos que chegam à Faculdade
não assegurar, a priori, o êxito de uma redução do número de anos de licenciatura, não se vê
como garantir um nível de formação adequado quer no tronco da licenciatura quer na Menção,
reduzindo o número de anos.
A ser modificado algo, neste particular, seria exactamente no sentido contrário, de
implementar, no âmbito da FDB, um ano vestibular, onde fossem dadas, de forma intensiva,
disciplinas como Língua Portuguesa, História, Filosofia, Lógica, Organizações Internacionais
ou Noções Fundamentais de Direito, para além de Informática (na óptica do utilizador) e
Informática Jurídica.
Não há, portanto, razões – antes pelo contrário – para sugerir para a FDB, pelo menos para já,
um modelo que, mesmo no caso português, suscita as maiorias dúvidas e reservas.
2.5. Disciplinas anuais versus disciplinas semestrais
A implementação de algumas disciplinas semestrais teria a vantagem de diversificar as
disciplinas e os conteúdos. Essa vantagem seria particularmente visível na Menção
Administração Pública, atenta a necessidade de introduzir áreas de leccionação e aprendizagem
não estritamente jurídicas e que dificilmente preenchem um ano lectivo.
Apesar disso, manteve-se a lógica das disciplinas anuais, distinguindo-se aquelas que têm cinco
aulas semanais, distribuídas por teóricas e práticas, das que têm três. Foi decisivo, neste
particular, o factor “funcionamento administrativo” da FDB: tanto o Assessor Científico,
quanto o Director da Faculdade e os docentes em serviço manifestaram uma clara preocupação
pela alteração da situação vigente e pelas perturbações que existiriam, a todos os níveis, com a
introdução de uma época de exames a meio do ano lectivo.
2.6. Menção a partir do 3.º ano inclusive ou do 2.º ano inclusive?
A introdução da Menção a partir do 3.º ano, inclusive, assegura que a mesma se processe de
forma suave. Na verdade, enquanto que as disciplinas do 2.º ano são comuns, na sua totalidade,
92
no 3.º ano inicia-se a derivação, havendo na Menção disciplinas comuns com os mesmos
tempos lectivos (“Direito das Obrigações”, “Direito Processual Civil”), disciplinas comuns com
carga horária reduzida relativamente ao tronco da licenciatura (“Direitos Reais e Direito
Agrário” e “Direito do Trabalho”) e as novas disciplinas “Ciências da Administração” e
“Direito do Mar e Direito Marítimo”.
A especialização aumenta progressivamente até ao 5.º ano, sempre sem prejuízo da manutenção
de disciplinas comuns ao tronco da licenciatura, ainda que com cargas horárias reduzidas.
2.7. Leccionação por docentes não residentes e recurso a instituições alheias à FDL ou à
FDB.
A implementação da Menção em Administração Pública e a simultânea reforma do plano de
curso irão exigir a introdução de novas formas de leccionação, em relação a algumas
disciplinas, pelo menos nos primeiros anos.
Uma via possível será o recurso a docentes não residentes em Bissau que ministrariam blocos
de matéria, de forma intensiva, distribuídos ao longo do ano lectivo (v.g. 2 blocos de 2
semanas, um no princípio do ano e outro a meio). Os assessores nacionais desenvolveriam nas
aulas práticas subsequentes as matérias dadas em bloco, recorrendo também, se necessário, a
material audiovisual (no âmbito do qual se poderia incluir a gravação dos próprios blocos
intensivos).
Poderá ser desejável que os blocos sejam assegurados por docentes diferentes, apesar de tal
opção trazer, a jusante, algumas dificuldades a nível do processo de avaliação. Tomemos como
exemplo eluciaditivo (cf. Adiante ponto 3.1) a disciplina “Direito do Mar e Direito Marítimo”;
sendo decidido optar pelo método ora em análise, cada uma das áreas seria assegurada por um
especialista diferente.
Essencial seria uma estreita articulação entre ambos e entre estes e o Assessor Científico da
FDB, quer para gestão de tempos quer para organização dos exames.
Uma solução alternativa, mas ainda dentro de uma lógica de leccionação por não residentes,
seria recorrer, através da celebração de protocolos específicos, a instituições, como sejam o
INA, o ISCTE ou outros, para assegurarem, sempre sob a coordenação do Assessor Científico
da FDB, a leccionação de determinadas disciplinas (v.g. “Ciência da Administração”,
“Contabilidade Pública” ou “Poder local e Direito Autárquico”).
2.8. Formação de docentes nacionais
As novas disciplinas exigirão um forte investimento na formação de docentes nacionais.
A solução passa pela formação de mestres habilitados nessas áreas. Para já, é mister recorrer a
apoios financeiros para estágio de investigação e aperfeiçoamento em Portugal, um pouco à
semelhança dos estágios financiados pela Gulbenkian para o ano lectivo 2003-2004, para dois
docentes guineenses. O local de realização desses estágios seria determinado em função da
disciplina em causa.
2.9. Institucionalização de seminários
Paralelamente ao funcionamento das aulas, prevê-se (não só para a Menção mas também para a
licenciatura) o desenvolvimento de seminários ao longo do curso, tendo por objecto temas
como, por exemplo, “História da Administração Pública”, “Noções de Gestão Pública”,
“Gestão e Avaliação de Projectos”, “Relações Internacionais”, “Planeamento Económico”,
“Noções de Estatística”, “Psicologia Social e das Organizações” ou “Psicologia Jurídica”.
Esses seminários seriam ministrados por monitores convidados para o efeito, tendo uma
duração variável, mas nunca superior a uma semana.

93
A obrigatoriedade ou facultatividade de frequência dos seminários seria definida pelo Conselho
Científico. Como exemplos de seminários obrigatórios teríamos os de “Informática Jurídica” e
“Técnicas de elaboração de relatórios e outros documentos”, seminários estes que deveriam
funcionar logo no primeiro e segundo anos da licenciatura. É, na verdade, indispensável, por
um lado, que os alunos tenham acesso às novas técnicas da informação e de busca documental;
por outro, é importante que sejam industriados, desde o princípio, sobre a maneira de fazer
relatórios ou elaborar documentos.
2.10. O ensino da língua portuguesa
O aperfeiçoamento da língua portuguesa, quer a nível falado quer a nível escrito, constitui um
desafio do novo plano do curso e da Menção em Administração Pública. Para além de se prever
a continuação da disciplina no primeiro e no segundo ano (agora com 5 horas de leccionação
também no 2.º ano), introduz-se no 3.º ano “Língua Portuguesa III” como disciplina cuja
implementação está, naturalmente, dependente da disponibilização de docentes por parte da
Cooperação Portuguesa, para o que se afigura mister a celebração de um protocolo com o
Instituto Camões.
2.11. Realização de estágios
A realização de estágio durante o 4.º e 5.º anos da licenciatura poderá “concorrer” com a
realização de seminários (cf. Supra, ponto 2.9). Enquanto que no tronco da licenciatura poderá
ser instituído como obrigatória a realização de um estágio num tribunal, num organismo ou
numa empresa, o Conselho Científico poderá exigir para a Menção um estágio numa repartição
pública.
Os estágios, comprovados pela entidade acolhedora (previamente credenciada pela FDB),
seriam seguidos de um relatório.
A outro nível, poderiam ser institucionalizados estágios pós-licenciatura em Portugal aos
melhores alunos do curso, com a celebração de protocolos específicos com entidades públicas
ou privadas.
3. As disciplinas na Menção Administração Pública
3.1. As disciplinas do 3.º ano
Conforme se referiu, as disciplinas do 1.º e 2.º ano são comuns aos estudantes do tronco da
licenciatura e aos da Menção, uma vez que esta só tem lugar a partir do 3.º ano. A ideia,
também já aludida, é fazer uma introdução suave na Menção, mais sempre com a directriz de
que a Menção não pode descurar as disciplinas estritamente jurídicas.
Nesta lógica, o 3.º ano apresenta disciplinas comuns, embora com cargas horárias não
coincidentes. As disciplinas “Direito das Obrigações” e “Direito Processual Civil”, enquanto
disciplinas pilares da licenciatura em Direito, mantêm as 5 horas semanais previstas para o
tronco da licenciatura, mas o mesmo não ocorre já com “Direitos Reais e Direito Agrário” e
ainda com “Direito do Trabalho”, que, no tronco, têm 5 horas semanais, passando a ter 3 horas
semanais na Menção, como forma de abrir espaço para as novas disciplinas. Entendeu-se que,
no que concerne aos “Direitos Reais e Direito Agrário”, disciplina de conteúdo praticamente
idêntico à disciplina “Direitos Reais” na FDL – onde tem uma estrutura semestral, embora
funcionando durante todo o ano lectivo – serão suficiente 3 horas semanais, como, de resto,
acontece agora na FDL. O mesmo se dirá do “Direito do Trabalho” (no caso particular da
Guiné-Bissau), sendo certo que a menção terá, no 4.º ano, uma disciplina específica que
continua, de algum modo, o Direito do Trabalho: o “Direito da Função Pública”.
É certo que a existência de disciplinas iguais com cargas horárias diferentes – e,
consequentemente, com conteúdo não inteiramente coincidentes, pelo menos em termos de
94
dimensão – em função de se integrarem no tronco da licenciatura ou na Menção, irá trazer
dificuldades a nível da distribuição de serviço docente e mesmo da disponibilidade de salas.
Contudo essa é uma desvantagem que pode ser gerida com uma boa distribuição de tempos
lectivos.
Quanto à disciplina “Finanças Públicas e Direito Fiscal”, entendeu-se ser de manter as 5 horas
semanais existentes no tronco da licenciatura, tanto mais que a disciplina é preenchida, em
grande parte, com Finanças Públicas, matéria essencial para a Menção.
Introduziram-se, como, vimos, duas novas disciplinas com 3 horas semanais: “Direito do Mar e
Direito Marítimo” e Ciência da Administração”.
A importância da “Ciência da Administração” para a menção é tão evidente que fala por si: ela
será uma disciplina fundamental para o próprio enquadramento e razão de ser da Menção.
Adivinham-se dificuldades na leccionação desta disciplina, nos primeiros anos, podendo
constituir uma solução o recurso a docentes não residentes (cf. Supra, ponto 2.7).
A disciplina “Direito do Mar e Direito Marítimo” tem, é certo, uma designação pouco
ortodoxa. Para além disso, e não menos importante, temos o facto de a disciplina pretender
conjugar áreas do Direito a priori pouco comunicantes: o Direito Internacional Público (onde,
fundamentalmente, se situa o Direito do Mar) e o Direito Comercial (onde é usual sedear o
Direito Marítimo, por isso também chamado Direito Comercial Marítimo). Não parece, porém,
que tenhamos aqui um verdadeiro obstáculo: para além de existirem largos canais (naturais) de
ligação entre umas e outras águas, o que é importante vincar é que se pretende o estudo do mar,
dos seus recursos, dos acontecimentos e actividades, numa perspectiva jurídica. Aliás a
designação tradicional das matérias agora aglutinadas nos dois polos “Direito do Mar” e Direito
Marítimo” era Direito Marítimo, correspondendo a primeira, bem mais recente, à expressão
inglesa Law of the Sea.26
Sendo o mar, os seus recursos e as actividades marítimas uma das grandes riquezas da Guiné-
Bissau, é essencial que sejam estudados, independentemente do lugar onde se situem na
enciclopédia jurídica.
Conforme já se referiu supra (ponto 2.7), a especificidade desta nova disciplina poderá,
eventualmente, justificar o recurso a docentes não residentes.
Conforme também se referiu supra (ponto 2.10), propõe-se a introdução da disciplina “Língua
Portuguesa III” quer no tronco da licenciatura quer na Menção. Essa disciplina terá,
naturalmente, lugar no 3.º ano. No caso concreto da Menção, atenta a eventual perturbação
decorrente da entrada do aluno num conjunto mais diversificado de disciplinas, prevê-se que
“Língua Portuguesa III” possa ser feita, alternativamente, no 3.ºou no 4.º ano.
3.2. As disciplinas do 4.º ano
Tal como no 3.º ano, encontramos no 4.º ano disciplinas comuns ao tronco da licenciatura e
disciplinas novas. Contudo, diversamente do 3.º ano, todas as disciplinas coincidentes têm a
mesma carga horária no tronco da licenciatura e na Menção. As disciplinas em causa – “Direito
Penal I”, “Direito Comercial I” e “Direito da Família e das Sucessões” – são disciplinas
estruturantes da licenciatura em Direito, não sendo possível o respectivo aligeiramento.
Todas as novas disciplinas – que têm uma carga horária de 3 horas semanais – estão
direccionadas para Menção em Administração Pública: “Contabilidade Pública”, “Direito
Administrativo II”, “Fiscalização Financeira do Estado” e “Direito da Função Pública”:

26
Cf., v. g. Armando Marques Guedes, “Direito do Mar”, in Dicionário Jurídico da Administração Pública, 2.º
Suplemento, Lisboa, 2001, p. 237.
95
a) O estudo da “Contabilidade Pública” ― entendida27 como o “conjunto de preceitos legais e
de práticas administrativas destinadas a assegurar a ordem e a economia na administração
financeira do Estado” – merece, naturalmente, um lugar especial. O respectivo estudo não
prescindirá de uma prévia familiarização com os princípios e técnicas da Contabilidade Geral,
com relevo para SYSCOA.
b) A disciplina “Direito Administrativo II” tenderá, naturalmente, a abarcar o contencioso
administrativo, entendido28 como “o conjunto institucional ordenado normativamente à
resolução de questões de direito administrativo, nascidas de relações jurídico-administrativas
externas, atribuídas à ordem judicial administrativa e a julgar segundo um processo
administrativo específico”. A colocação de “Direito Administrativo II” no 4.º ano beneficia do
facto de os alunos já terem, então, assimilada a matéria de Direito Processual Civil.
c) O estudo da “Fiscalização Financeira do Estado” revela-se fundamental, constituindo um
desenvolvimento da matéria de Finanças Públicas.
d) O estudo do “Direito da Função Pública” surge como uma necessidade evidente,
beneficiando do facto de o aluno ter já, então, adquirido conhecimentos de Direito do Trabalho
no 3.º ano. Neste âmbito, enquadra-se o estudo29 do enquadramento e conceito de serviços
públicos, dos agentes dos serviços públicos, do preenchimento de cargos e lugares, dos direitos
e deveres dos agentes, da responsabilidade dos mesmos e ainda da cessação de funções.
Algumas das novas disciplinas poderão exigir o recurso a docentes não residentes (cf. supra,
ponto 2.7): o caso mais evidente será o de “Contabilidade Pública”.
Entre as disciplinas do 4.º ano haverá que contar ainda com “Língua Portuguesa III” (cf. supra,
ponto 3.1.).
3.3. As disciplinas do 5.º ano
Como disciplina comum ao tronco da licenciatura, o 5.º ano da Menção tem apenas o “Direito
Internacional Privado e da Arbitragem”, “Direitos Fundamentais” e “Direito Processual Penal”,
com a mesma carga horária.
Introduziram-se, depois, novas disciplinas específicas da Menção: “Direito do Ambiente”,
“Direito da Contratação Pública”, “Poder Local e Direito Autárquico”, “Legística e Ciência da
Legislação” e “Direito do Urbanismo e do Ordenamento do Território”:
a) O “Direito do Ambiente” será estudado como realidade multidisciplinar30, sendo entendido
como31 o “conjunto de princípios e normas que disciplinam as intervenções humanas sobre os
bens ecológicos, de forma a promover a sua preservação, a impedir destruições irreversíveis
para a subsistência equilibrada dos ecossistemas e a sancionar as condutas que os lesem nas
suas integridade e capacidade regenerativa”. Nesta será dado relevo32 aos seguintes pontos
fundamentais (capítulos): Ambiente e Direito, Princípios constitucionais em matéria de
ambiente, Procedimento do ambiente, Formas de actuação administrativa em matéria ambiental
e Contencioso do Ambiente.

27
Cf. v. g., Sabino Teixeira, “Contabilidade Pública”, in Dicionário Jurídico da Administração Pública, II,
Lisboa, 1990. pp. 683-684.
28
Cf. José Carlos Vieira de Andrade e José Figueiredo Dias, “Contencioso Administrativo”, in Dicionário
Jurídico da Administração Pública, 2.º Suplemento, Lisboa, 2001, p. 109.
29
Cf., v. g., João Afaia, Regime jurídico do funcionalismo público, Lisboa, Ática, 1962, passim.
30
Cf. Vasco Pereira da Silva, Verde Cor de Direito. Lições de Direito do Ambiente, Almedina, Coimbra, 2002, p.
52.
31
Cf. Carla Amado Gomes, “Ambiente (Direito do)”, in Dicionário Jurídico da Administração Pública, 2.º
Suplemento, Lisboa, 2001, p. 9.
32
Cf. O Programa de “Direito de Ambiente”, por Vasco Pereira da Silva, in Guia Pedagógico da Faculdade de
Direito de Lisboa, 2003-2004, p. 325 e ss.
96
b) No “Direito da Contratação Pública” serão estudados33 os modelos tradicionais de
contratação pública, o procedimento pré-contratual, a execução dos contratos, a patologia e
responsabilidade em matéria de contratos de administração pública, o respectivo contencioso e
ainda alguns contratos em especial, destacando-se34 a empreitada de obras públicas, a
concessão de obras e de serviços públicos, a concessão de exploração do domínio publico e a
concessão de uso privativo do domínio público, a concessão de exploração de jogos de fortuna
ou azar ou fornecimento contínuo.
c) Na disciplina “Poder Local e Direito Autárquico”, para além da caracterização,
enquadramento e dimensão, do Poder Local35, deverá ser estudada a Administração Local
Autárquica quer em sentido subjectivo ou orgânico quer em sentido objectivo ou material,
designando a actividade administrativa pelas autarquias locais36. Neste âmbito, caberá o estudo
de questões como371 o enquadramento constitucional do poder local, o sistema do governo
municipal, a criação, modificação e extinção de autarquias locais, o poder regulamentar das
autarquias, os poderes de tutela sobre as autarquias, os serviços públicos locais, o sector
empresarial das autarquias, o planeamento e gestão urbanística municipal ou as Finanças
Locais.
d) A disciplina “ Legística e Ciência da Legislação” deverá ser estruturada de modo a abranger
temas como38: Concepção e redacção de actos normativos, Processo de criação de actos
normativos, Organização humana de criação de actos normativos, Informação para a criação de
actos normativos, Avaliação prévia do impacto dos actos legislativos, Simplificação legislativa,
Implicações financeiras da legislação, Legística formal, Procedimento dos principais actos
normativos, Publicação dos principais actos e projectos dos actos normativos, Execução
administrativa das leis ou aplicação da lei no tempo e no espaço.
e) O Direito de Urbanismo é entendido39 como o “conjunto de normas e de instintos
respeitantes à ocupação, uso e transformação do solo, isto é, ao complexo da intervenção e das
formas de utilização deste bem”. Por sua vez40, através do Ordenamento do Território estuda-se
a “procura, no quadro geográfico de um país, de uma melhor repartição dos homens em função
dos recursos naturais e das actividades económicas”. Justifica-se, pois, a junção destas matérias
numa única disciplina designada, precisamente, “Direito do Urbanismo e do Ordenamento do
Território”.
Conforme se referiu supra (ponto 2.7), poderá ser necessário recorrer a docentes não residentes.
3.4. Disciplinas alternativas
O Conselho Científico poderá criar disciplinas alternativas a algumas das propostas, embora
essa criação devesse ser limitada a situações de excepção, como por exemplo a dificuldade em

33
Cf. O Programa de “Contratos da Função Pública”, por Maria João Estorninho, in FDL-Guia Pedagógico, 2002-
2003, pp 301-302.
34
Cf. Diogo Freitas do Amaral, Curso de Direito Administrativo, II, Almedina, Coimbra, 2003, p. 523 e ss.
35
Cf. Diogo Freitas do Amaral, Curso de Direito Administrativo, I, 2.ª ed , Almedina, Coimbra, 1994, pp. 424-425.
36
Cf. Diogo Freitas do Amaral, Curso de Direito Administrativo, I, 2ª ed , Almedina, Coimbra, 1994, p. 417.
37
Cf. também o Programa do “Curso de Pós-Graduação em Direito das Autarquias Locais”, promovido, em 2004,
pelo Instituto de Ciências Jurídico-Políticas, da Faculdade de Direito de Lisboa e coordenado pelo Prof. Doutor
Jorge Miranda.
38
Cf. a obra colectiva Legística –Perspectivas sobre a concepção e redacção de actos normativos, por David
Duarte, Alexandre Sousa Pinheiro, Miguel Lopes Romão e Tiago Duarte, GPLP- Ministério da Justiça e Almeida,
2002, passim e ainda o “Programa de Pós-Graduação de Legística e Ciência da Legislação”, promovido em 2004
pelo Instituto de Ciências Jurídico-Políticas, da Faculdade de Direito de Lisboa.
39
Cf. Fernando Alves Correia, “Urbanismo (Direito do)”, in Dicionário Jurídico da Administração Pública, 2.º
Suplemento, Lisboa, 2001, p. 675.
40
Cf. José Fernando Nunes Barata, Ordenamento do Território”, in Dicionário Jurídico da Administração
Pública, 1.º Suplemento, Lisboa, 1998, p. 263.
97
encontrar pessoal docente adequado ou a premência nacional de estudar uma determinada área
(v.g. um novo regime da segurança social).
Entre as disciplinas possíveis de serem substituídas por outras, apontaria “Direito do
Ambiente” ou “Poder Local e Direito Autárquico”. Para ocupar o lugar das mesmas, poderia
indicar-se, por exemplo, “Direito Público da Economia”, “Direito da Segurança Social” ou
“Direito das Organizações Internacionais”. O Conselho Científico da FDB poderia mesmo,
aquando da apreciação do Projecto e sua eventual aprovação, deixar já expressa a lógica das
alternativas.
4. A reforma do plano de uso (tronco da licenciatura)
Conforme se referiu supra, aproveita-se o momento da introdução da Menção para sugerir
algumas pequenas alterações no tronco comum.
Algumas alterações são meramente formais, podendo dizer-se que as alterações substanciais
obedecem ao propósito de introduzir, com mais enfâse, o estudo dos Actos Uniformes da
OHADA no plano do curso.
Para além do acrescento da disciplina “Língua Portuguesa III”, no terceiro ano (cf. supra, ponto
2.10.), as únicas modificações, sem necessário relevo a nível de conteúdo da disciplina e da
respectiva carga horária, são:
a) A substituição da designação da disciplina “Direito Administrativo”, do 2.º ano, por
“Direito Administrativo I”, alteração esta que se deve à introdução da disciplina “Direito
Administrativo II”, no 4.º ano;
b) A substituição da designação da disciplina “Direito dos Contratos em Especial”, do 4.º
ano, por “Direito dos Contratos”, alteração esta que permite uma maior versatilidade de
conteúdo, abandonando-se também, desta forma, uma designação de algum modo cativa do
código civil, ficando também o campo mais aberto para, se for caso disso, abordar contratos
comerciais. Por outro lado, a prevista entrada em vigor de um Acto Uniforme da OHADA
sobre os Contratos, permitirá que a sede específica do respectivo estudo (que seguramente não
será possível em Direito das Obrigações) seja precisamente a disciplina “Direito dos
Contratos”.
c) A substituição da designação da disciplina “Direito Comercial”, do 4.º ano, por “Direito
Comercial I”, atenta a introdução de um “Direito Comercial II” no 5.º ano.
d) A substituição da designação da disciplina “Economia da Guiné-Bissau” por uma outra
mais conforme ao respectivo conteúdo: “Direito da Economia e Economia da Guiné-Bissau”.
Já no 5.º ano destacam-se várias sugestões de alteração.
e) Substituição da designação da disciplina “Direito Internacional Privado” por “Direito
Internacional Privado e da Arbitragem”, mantendo-se a carga horária de 5 horas semanais. É
certo que a matéria da arbitragem é amiúde estudada em Direito Internacional Privado, mas
nem sempre41; pretende-se, por outro lado, dar, desta forma, um especial enfoque à necessidade
de inclusão, no âmbito da disciplina, do estudo do Acto Uniforme da OHADA sobre a
arbitragem.

41
Se olharmos, a título de exemplo, para o Programa da disciplina “Direito Internacional Privado”, por Luís Lima
Pinheiro, in Guia da Faculdade de Direito de Lisboa 2003-2004, pp.341-342, constatamos que à matéria da
arbitragem é destinada apenas o Cap. IV (Reconhecimento de decisões arbitrais) da Parte III (Direito de
Reconhecimento). Já na autónoma disciplina de “Direito do Comércio Internacional” (Guia citado, pp. 353-356), o
mesmo docente dá, na Parte III (Modos de resolução das controvérsias dos contratos internacionais), um relevo
directo à matéria da arbitragem, incluindo a transnacional.

98
Mantêm-se as disciplinas “Direito Penal II” (5 horas), “Direito Processual Civil II” (5 horas) e
“Direito Processual Penal” (3horas) e ainda a disciplina “Direito Constitucional II” (que passa
para 3 horas), cuja designação é modificada para “Direito Fundamentais”, ficando, assim, mais
conforme com o respectivo conteúdo, à semelhança do que ocorre na FDL.
f) Acrescenta-se a disciplina (3 horas) “Direito Comercial II (Sociedades Comerciais)”, no
âmbito da qual será estudado, em especial, o Acto Uniforme da OHADA sobre as sociedades.
g) Acrescentam-se duas novas disciplinas (ambas de 3 horas), devendo o aluno optar por
uma delas. A primeira de conteúdo variável, é designada por “Direito Privado”. Uma das
possíveis áreas de estudo é o direito das garantias, tendo, naturalmente como objectivo
principal o Acto Uniforme da OHADA sobre a matéria. A segunda é o “Direito Marítimo e dos
Transportes”. A importância do mar no país justifica-o, por outro lado, a disciplina permitirá
estudar, complexivamente, o Direito dos Transportes, com relevo para o Acto Uniforme da
OHADA relativo ao transporte rodoviário de mercadorias.
Conforme decorre do sumariamente exposto, a implementação do projecto implicará um
aumento da carga horária no tronco da licenciatura. É um aumento, não só para introduzir
adequadamente o estudo do direito da OHADA como também para evitar as sintonias de carga
horária em relação à menção.
Faculdade de Direito de Lisboa, 31 de Maio de 2004
Em nexo: Projecto.

99
ANEXO
LICENCIATURA EM DIREITO
1.º ANO
Introdução ao Estudo do Direito (5)
Ciência Política e Direito Constitucional (5)
Economia Política (5)
História do Direito e do Estado da Guiné-Bissau (5)
Língua Portuguesa I (5)

2.º ANO
Teoria Geral do Direito Civil (5)
Direito Administrativo (5)
Direito Internacional Económico e Relações Económicas Internacionais (5)
Direito Internacional Público (3)
Direito Comunitário (3)
Língua Portuguesa II (5)

3.º ANO
Direito das Obrigações (5)
Direito Processual Civil I (5)
Direitos Reais e Direito Agrário (5)
Direito do Trabalho (5)
Finanças Públicas e Direito Fiscal (5)
Língua Portuguesa III (3)

4.ºANO

Direito Penal I (5)


Direito Comercial (5)
Direito da Família e das Sucessões (5)
Direito dos Contratos (5)
Direito da Economia e da Economia da Guiné-Bissau (5)

5.º ANO
Direito Internacional Privado e da Arbitragem (5)
100
Direito Processual Civil II (5)
Direito Penal II (5)
Direitos Fundamentais (3)
Direito Processual Penal (3)
Direito Comercial II (Sociedades Comerciais) (3)
Direito Privado (disciplina de conteúdo variável) (3)
ou Direito Marítimos e dos Transportes (3)

LICENCIATURA EM DIREITO
MENÇÃO ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

1.º ANO
(idem)
2.º ANO
(idem)

3.º ANO
Direito das Obrigações (5)
Direito Processual I (5)
Direitos Reais e Direito Agrário (3)
Direito do Trabalho (3)
Finanças Públicas e Direito Fiscal (5)
Direito do Mar e Direito Marítimo (3)
Ciência da Administração (3)
Língua portuguesa III (3)
(ou do 4.º ano; opção do aluno)

4.º ANO
Direito Penal (5)
Direito Comercial I (5)
Direito da Família e das Sucessões (5)
Contabilidade Pública (3)
Direito Administrativo II (3)
Fiscalização Financeira do Estado (3)
Direito da Função Pública (3)
Língua Portuguesa III (3)
101
(ou no 3.º ano; opção do aluno)

5.º ANO
Direito Internacional Privado (5)
Direitos Fundamentais (3)
Direito Processual Penal (3)
Direito do Ambiente (3)
Direito da Contratação Pública (3)
Poder Local e Direito Autárquico (3)
Legística e Ciência da Legislação (3)
Direito do Urbanismo e do Ordenamento do Território (3)

SEMINÁRIOS42
Informática jurídica (obrigatório)
Técnicas de elaboração de relatórios e outros documentos (obrigatório)
Noções de Gestão Pública (obrigatório apenas para a menção em administração pública)
História da Administração Pública
Gestão e Avaliação de Projectos
Relações Internacionais
Planeamento económico
Noções de Estatística
Psicologia social e das organizações
Psicologia jurídica
Outros a definir pelo Conselho Científico

42
Aplicável também aos inscritos no 3.º ano a partir do ano lectivo 2004-2005, em termos a precisar pelo
Conselho Científico.

102
CONVÉNIO DE COOPERAÇÃO ENTRE A FACULDADE DE DIREITO DE LISBOA
E A FACULDADE DE DIREITO DE BISSAU
1. Em Julho de 1988, Portugal e a Guiné-Bissau assinaram um acordo de cooperação
jurídica, ao abrigo do qual foi outorgado em 1990 o Protocolo de Cooperação que instituiu a
Faculdade de Direito de Bissau.
Os quinze anos de vida deste projecto têm revelado o acerto das grandes soluções então
adoptadas. A Faculdade de Direito de Bissau, criada pelo Decreto n.º 34/90, de 26 de
Novembro, constitui uma pessoa colectiva de direito público guineense, dotada de plena
autonomia administrativa, financeira, patrimonial, científica e pedagógica, embora
temporariamente – enquanto vigorar o Acordo de Cooperação – a sua coordenação científica e
pedagógica caiba à Faculdade de Direito de Lisboa, instituição a que, pelo lado português, foi
confiada a execução do projecto.
2. O figurino escolhido, que combina de forma feliz o carácter nacional da instituição com a
sua supervisão científica e pedagógica pela Faculdade de Direito de Lisboa, tem dado
excelentes provas, resistindo bem às vicissitudes dos últimos anos.
Com efeito, e, se por um lado, a formação de competências próprias do lado da entidade
beneficiária, enquanto escopo característico de um genuíno projecto de cooperação,
aconselhava a que se optasse pela criação de uma instituição nacional em detrimento de meras
extensões ou pólos de instituição nacional com sede nos países doadores, por forma a que
pouco a pouco se sedimentem as raízes de uma plena autonomia devidamente sedimentada
sustentada, por outro, é a própria carência de quadros especializados nacionais na específica
área de intervenção do projecto que, constituindo a sua razão de ser, determina que o controlo
do normal funcionamento científico e pedagógico das novéis instituições seja confiado a um
parceiro de reconhecida valia no respectivo domínio do conhecimento.
3. Acresce que são os próprios resultados já conseguidos a recomendar inequivocamente
que, nesta fase decisiva da vida da Faculdade de Direito de Bissau, se mantenham as grandes
orientações estratégicas que têm norteado o seu relacionamento com a Faculdade de Direito de
Lisboa.
Mais de cento e cinquenta licenciados em Direito, dez Mestres, quinze Mestrandos e três
Doutorandos, em apenas dez cursos jurídicos, são realizações notáveis, se nos tivermos às
difíceis condições em que a Faculdade de Direito de Bissau teve de recuperar das sequelas
devastadoras do conflito político militar, confrontando-se ainda com incompreensões que só
recentemente foram ultrapassadas.
4. A consolidação e o alargamento dos apoios recebidos testemunham o reconhecimento do
trabalho desenvolvido. Com efeito, em Setembro de 2004, o Instituto Português de Apoio ao
Desenvolvimento e a Faculdade de Direito de Lisboa celebraram um Protocolo, com a vigência
de três anos, que enquadrou o financiamento do projecto de cooperação com a Faculdade de
Direito de Bissau, cujas necessidades complementares têm sido asseguradas pela própria
Faculdade de Direito de Lisboa e pela Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento,
além de incentivos pontuais prestados pela Fundação Calouste Gulbenkian.
É à luz daquele Protocolo que se justifica agora regular com precisão o exercício efectivo das
competências de coordenação científica e pedagógica que cabem à Faculdade de Direito de
Lisboa, em vista do aprofundamento das relações de cooperação com a Faculdade de Direito de
Bissau.
Mantém-se o princípio fundamental da referida coordenação ser exercida através do Assessor
Científico designado pela Faculdade de Direito de Lisboa, vinculado, naturalmente, às
orientações e instruções definidas pelo Instituto da Cooperação Jurídica, embora se preveja que,
103
em algumas matérias, o exercício das suas competências seja precedido de audição prévia do
Director da Faculdade de Direito de Bissau, dentro do espírito de permanente concertação que
importa observar em todos os assuntos relevantes da vida da instituição.
5. O objectivo final de conseguir a plena autonomia científica e pedagógica da Faculdade de
Direito de Bissau satisfaz-se pela consolidação de um corpo docente nacional seleccionado
segundo critérios objectivos de rigor académico.
Também neste domínio, aliás, se afiguram excelentes os resultados obtidos, os quais se
evidenciam claramente a progressiva apropriação do projecto pela parte nacional, como espelha
a distribuição do serviço docente para o ano lectivo de 2005/06, em que a regência de vinte e
seis das trinta e sete disciplinas curriculares do plano do curso foi confiada a docentes
nacionais, o que representa a inversão total da correlação existente ainda há poucos anos
(1995/96), em que apenas um terço das cadeiras era regida por docentes nacionais.
Impõe-se deste modo, consolidar a política de formação pós-graduada na Faculdade de Direito
de Lisboa dos licenciados pela Faculdade de Direito de Bissau com melhores classificações,
intensificando o programa anual de bolsas de Mestrado e Doutoramento atribuídas pela
Cooperação Portuguesa, sem embargo de apoios complementares de natureza similar que
possam ser prestados por outras instituições.
Ainda neste campo, tudo se deverá fazer para que prossiga com regularidade a pioneira
iniciativa desencadeada em 2004 pelo Instituto de Cooperação Jurídica, com o apoio da
Fundação Calouste Gulbenkian, de promover estágios de actualização e aperfeiçoamento
científicos na Faculdade de Direito de Lisboa, sob a orientação dos seus Professores
doutorados, reservados a docentes nacionais, com ou sem mestrado, por forma a aperfeiçoar a
sua capacidade técnica e, por consequência, a melhorar a qualidade do ensino que ministram
aos estudantes da Faculdade de Direito de Bissau.
É, justamente, nesta área da constante qualificação do corpo docente nacional, em conjugação
com o respeito intransigente por critérios de rigor académico na selecção do corpo docente, que
se decide a futura plena autonomia científica e pedagógica da instituição e, assim sendo, o
sucesso final deste projecto de cooperação.
Logo, é de saudar a atribuição pela Cooperação Portuguesa, no ano lectivo 2004/04, das
primeiras bolsas de doutoramento em Direito aos Mestres formados no âmbito do projecto,
permitindo elevar o patamar da formação pós-graduada e consumando, assim, a plena
valorização académica dos melhores elementos do corpo docente nacional.
6. Por seu turno, as gritantes carências administrativas e de formação profissional dos
funcionários dos serviços da Faculdade de Direito de Bissau postulam um sério esforço de
auxílio complementar.
Embora caiba ao Director da Faculdade de Direito de Bissau – nomeado em Conselho de
Ministros, sob proposta do ministro da tutela – a sua gestão administrativa e financeira, não se
pode ficar indiferente às tremendas dificuldades causadas pelo frágil financiamento estatal dos
últimos anos nem à ausência de qualificação profissional mínima dos funcionários que
trabalham nos seus serviços administrativos, tanto mais que este conjunto de deficiências
ameaça, por vezes, a própria regularidade do correcto funcionamento pedagógico da escola,
como sucede, por exemplo, com os atrasos crónicos na apresentação das relações definitivas de
alunos, criando percalços e contrariedades desnecessárias ao normal funcionamento curricular.
A intervenção portuguesa neste domínio não deve, contudo, assumir o carácter de contribuição
financeira, sob pena de se desresponsabilizar o Estado da Guiné-Bissau da sua obrigação
elementar de habilitar o orçamento corrente da Faculdade com uma dotação que viabilize o seu
regular funcionamento.
104
Daí que se preveja a continuação de acções de formação dirigidas por funcionários
administrativos e bibliotecários da Faculdade de Direito de Lisboa, a fim de prestar apoios à
reorganização da Secretaria e Biblioteca da Faculdade de Direito de Bissau, em ordem a
incrementar a qualificação dos seus funcionários e a informativa ambos os serviços.
7. Por fim, mantêm-se, também, a atribuição de bolsas de docência e de investigação ao
corpo docente nacional, orientação indispensável ao sucesso final deste projecto, a qual se tem
revelado como o principal factor de estabilidade da instituição, permitindo atrair e conservar os
quadros docentes mais qualificados.
Nestes termos, as Partes signatárias acordam na celebração do seguinte Convénio:

Capítulo I
Disposições gerais
Artigo 1.º
(Objecto)
O presente Convénio fixa os termos e as condições que presidirão às relações de cooperação
científica e pedagógica e intercâmbio académico entre a Faculdade de Direito de Lisboa e a
Faculdade de Direito de Bissau.

Artigo 2.º
(Pressupostos)
São pressupostos fundamentais do presente Convénio:
§ 1.º. O respeito permanente pelo Governo da Guiné-Bissau do regime de autonomia legal da
Faculdade de Direito de Bissau;
§ 2.º. O regular funcionamento administrativo e financeiro da Faculdade de Direito de Bissau.

Artigo 3.º
(Fins)
O presente Convénio visa promover a plena autonomia científica e pedagógica da Faculdade de
Direito de Bissau e melhorar a qualidade de funcionamento dos seus serviços administrativos e
bibliotecários.

Capítulo II
Coordenação Científica e pedagógica

Artigo 4.º
(Coordenação científica e pedagógica da Faculdade de Direito de Bissau)
A coordenação científica e pedagógica da Faculdade de Direito de Bissau compete à Faculdade
de Direito de Lisboa, que a exercerá através do Assessor Científico por si designado, segundo
as orientações e instruções definidas pelo Instituto da Cooperação Jurídica.

105
Artigo 5.º
(Competências do Assessor Científico)
São, designadamente, deveres funcionais do Assessor Científico:
a) Presidir ao Conselho Científico;
b) Assessorar os restantes órgãos da Faculdade, por iniciativa própria ou sempre que instado
para tal;
c) Coordenador o desempenho do corpo docente, supervisionando, nomeadamente, a
adequação e a harmonização dos programas curriculares, bem como a observância dos critérios
pedagógicos definidos pelos estatutos da Faculdade de Direito de Bissau e pelas deliberações
do seu Conselho Científico;
d) Proceder à distribuição do serviço docente, ouvido o Director da Faculdade de Direito de
Bissau;
e) Seleccionar, ouvido o Director da Faculdade de Direito de Bissau, os Licenciados e
Mestres que beneficiarão de bolsas de Mestrado e Doutoramento da Cooperação Portuguesa;
f) Seleccionar, ouvido o Director da Faculdade de Direito de Bissau, os docentes nacionais
que frequentarão os estágios de investigação e actualização científica a realizar na Faculdade de
Direito de Lisboa;
g) Organizar o ano lectivo, definindo, nomeadamente, o calendário, os horários escolares e
os mapas de exames e das provas de admissão;
h) Decidir, ouvido o Director da Faculdade de Direito de Bissau, a composição dos júris de
exames escritos e orais das provas de admissão.

Artigo 6.º
(Apoio docente)
A Faculdade de Direito de Lisboa seleccionará anualmente uma equipa de Assistentes técnicos
que prestarão apoio à Faculdade de Direito de Bissau e as demais actividades previstas no aviso
de abertura do concurso.
§ único. O apoio docente da Faculdade de Direito de Lisboa irá sendo reduzido à medida dos
progressos que se verificarem na formação do corpo docente nacional.

Artigo 7.º
(Produção científica)
Os docentes nacionais e os assistentes técnicos portugueses a prestar serviço docente na
Faculdade de Direito de Bissau deverão providenciar a elaboração de Sumários, Lições ou
Monografias sobre as matérias curriculares que leccionam, os que serão publicados na
Colecção “Estudos do Direito Africano” ou no âmbito de outras edições, organizadas pelo
Instituto da Cooperação Jurídica da Faculdade de Direito de Lisboa.

Capítulo III
Bolsas de docência e investigação

Artigo 8.º
(Beneficiários)
Os regentes e assessores nacionais da Faculdade de Direito de Bissau receberão bolsas de
docência e investigação, nos termos do respectivo Regulamento.

106
Artigo 9.º
(Pagamento trimestral; contraprestação)
As bolsas de docência e investigação serão pagas trimestralmente, exigindo uma
contraprestação efectiva de serviço docente.

Capítulo IV
Valorização académica e científica do corpo docente nacional

Artigo 10.º
(Mestrados)
A Faculdade de Direito de Bissau abrirá anualmente concurso para seleccionar os bolseiros que
frequentarão os Cursos de Mestrado da Faculdade de Direito de Lisboa.

§ 1.º. A licenciatura em Direito pela Faculdade de Direito de Bissau constituirá factor de


preferência absoluta;
§ 2. Os candidatos deverão ter desempenhado pelo menos um ano de bom e efectivo serviço
docente na Faculdade de Direito de Bissau.

Artigo 11.º
(Doutoramento)
A Faculdade de Direito de Bissau abrirá anualmente concurso para seleccionar os bolseiros que
pretendam realizar o seu doutoramento na Faculdade de Direito de Lisboa.
§ único. O Mestrado em Direito pela Faculdade de Direito de Lisboa constituirá factor de
preferência absoluta.

Artigo 12.º
(Estágios de actualização científica)
Obtidos os necessários meios financeiros, a Faculdade de Direito de Lisboa promoverá
anualmente a organização de estágios de actualização científica, reservados a Regentes e
Assessores da Faculdade de Direito de Bissau, destinados a incentivar o espírito de
investigação e a aperfeiçoar a sua formação.

§ 1.º. Os estágios terão a duração mínima de um mês, decorrendo sob a orientação de


Professores doutorados da Faculdade de Direito de Lisboa;
§ 2.º. No final do estágio, os estagiários deverão apresentar ao Professor orientador um relatório
desenvolvido da investigação realizada.

Artigo 14.º
(Formação complementar)
Obtidos os necessários meios financeiros, a Faculdade de Direito de Lisboa promoverá
deslocações periódicas a Bissau dos seus Professores e Assistentes, a fim de orientarem
colóquios, seminários e outras iniciativas de cariz similar que estimulem o espírito de
investigação jurídica e contribuam para o aperfeiçoamento científico do corpo docente nacional
da Faculdade de Direito de Bissau.

Capítulo V
107
Apoio administrativo e bibliotecário

Artigo 14.º
(Reorganização da Secretaria e Biblioteca da Faculdade de Direito de Bissau)

Obtidos os necessários meios financeiros, a Faculdade de Direito de Lisboa promoverá


deslocações periódicas dos seus funcionários administrativos e bibliotecários a fim de
prestarem apoio à reorganização da Secretaria e Biblioteca da Faculdade de Direito de Bissau.

Artigo 15.º
(Reorganização da Secretaria)
O apoio à reorganização da Secretaria da Faculdade de Direito de Bissau visará essencialmente
a informatização dos serviços administrativos e a qualificação profissional dos seus
funcionários.

Artigo 16.º
(Reorganização da Biblioteca)
O apoio à Biblioteca da Faculdade de Direito de Bissau visará essencialmente a catalogação das
obras, da informatização do acervo bibliográfico e a qualificação profissional dos seus
funcionários.

Artigo 17.º
(Reforço do acervo bibliotecário)
A Faculdade de Direito de Lisboa providenciará a constante valorização do acervo
bibliográfico da Biblioteca da Faculdade de Direito de Bissau por meio de contributos próprios
e alheios, individuais e institucionais.

§ 1.º. A Biblioteca da Faculdade de Direito de Bissau receberá um exemplar de cada Relatório


e Dissertação de Mestrado e Doutoramento que forem apresentados na Faculdade de Direito de
Lisboa pelos Mestrandos e Doutorandos guineenses.
§ 2.º. A Faculdade de Direito de Lisboa oferecerá à Biblioteca da Faculdade de Direito de
Bissau um exemplar de cada número da sua Revista.

Capítulo VI
Disposições finais

Artigo 18.º
(Vigência e denúncia)
O presente Convénio vigorará por tempo indeterminado, podendo ser livremente denunciado
por qualquer das partes com a antecedência mínima de sessenta dias.

Artigo 19.º
(Apoio aos docentes portugueses)
A Faculdade de Direito de Bissau providenciará, junto do Ministério da tutela, a aquisição de
mais uma viatura, cuja utilização será reservada aos assistentes portugueses, de forma a manter-
se a ratio de uma viatura automóvel por cada três docentes portugueses.

Feito em duplicado, destinando-se um exemplar a cada uma das partes signatárias.


Bissau, aos 23 dias do mês de Março do ano de dois mil e seis

A FACULDADE DE DIREIO DE LISBOA


108
O VICE-PRESIDENTE DO CONSELHO DIRECTIVO,
(Professor Doutor Eduardo Vera Cruz)

FACULDADE DE DIREITO DE BISSAU


O DIRECTOR,
(Mestre João Mendes Pereira)

109
DELIBERAÇÃO N.º 05/CDFDB/2017

Regulamento de propinas e taxas de inscrição do curso de Licenciatura

A inscrição e o pagamento das respectivas taxas e propinas são realidades incontornáveis num
estabelecimento de ensino, coexistindo permanentemente com o seu funcionamento.
Os alunos, na qualidade de destinatários principais, bem como os funcionários, enquanto
aplicadores das normas respeitantes, quer à matrícula como à inscrição, precisam sentir uma
estabilidade quanto ao regime aplicável, sem a dúvida de anualmente poder se alterar algum
aspecto ou outro.
Aliás, embora seja um hábito nos últimos anos, a fixação anual por meio de Despacho do
regime das inscrições, por regra, não tem havido muitas mudanças, tirando uma ou outra
questão.
Entendeu-se por isso que o ideal era criar um regime estável que não fique sujeito à alteração
anual, como acontece até ao momento, ainda se entendeu mais prático a determinação de uma
data uniforme para a realização de matrícula e inscrição, e é criado um regime de inscrição para
os alunos finalistas submetidos ao exame especial, mas que não conseguiram aproveitamento.
Ligada à questão das inscrições e matrículas está o problema das propinas e de todas as
implicações em seu redor, quer no que diz respeito ao seu pagamento como à falta do
pagamento, regulando-se o regime que garanta o cumprimento atempado, através de criação de
um incentivo, de um lado, e de penalização por cumprimento tardio, doutro lado, mas sem
deixar de ter em consideração outros factores nas consequências do mesmo.
Assim, no âmbito dos poderes que lhe são conferidos, nos termos das alíneas a) e d) do art. 18.º
do Decreto n.º 34/90, de 26 de Novembro, modificado pelo Decreto n.º 4-A/2005, de 18 de
Julho, o Conselho Directivo determina:
Artigo 1.º
Objecto
O presente regulamento define o regime da matrícula e inscrição e do pagamento das
propinas e taxas de inscrição.

Artigo 2.º
Período de matrícula e inscrição
1. A matrícula e inscrição têm lugar entre a última semana de Setembro e o último dia útil
de Outubro.

110
2. Findo este prazo não se admite inscrição a qualquer candidato, independentemente dos
factos motivantes da não inscrição atempada.
3. Exceptuam-se os alunos inscritos nos exames de época especial e que não venham a
concluir o curso, cujo prazo de inscrição é de 20 dias a contar do último exame
efectuado.
Artigo 3.º
Taxa de inscrição
É devido um montante de 5 000 XOF (cinco mil Francos CFA) como taxa de inscrição e
deve ser paga por todos os alunos no período fixado para a matrícula e inscrição.

Artigo 4.º
Valor e pagamento da propina
1. A propina anual devida à Faculdade de Direito de Bissau é de 100 000 XOF (cem mil
Francos CFA).
2. A propina pode ser paga uma única vez no acto de inscrição ou em 4 prestações, nos
seguintes prazos:
a) 1.ª prestação, no acto da inscrição;
b) 2.ª prestação, até ao último dia útil de Dezembro;
c) 3.ª prestação, até ao final da primeira quinzena de Março;
d) 4.ª prestação, até ao final da primeira quinzena de Maio.
3. A propina considera-se paga com a apresentação do respectivo talão de depósito
bancário na Secretaria dos Serviços Administrativos da Faculdade.
4. Quem proceder ao depósito no último dia do prazo, pode apresentar-se junto à secretaria
até ao primeiro dia útil seguinte, sem que seja considerado o pagamento fora do prazo.
5. A propina dos alunos inscritos no exame de época especial e que não concluam o curso
é de metade do valor da propina anual fixado e pode ser paga em duas prestações.

Artigo 5.º
Benefícios e consequências relativos à propina
1. O aluno que optar pelo pagamento integral da propina no acto da inscrição beneficia de
desconto de 20% sobre o valor da propina.
2. Sempre que o aluno pagar a propina fora do prazo fica sujeito a uma multa, que varia
nos seguintes termos:

111
a) Se o atraso for até 15 dias, o valor da multa é de 2 500 XOF (dois mil e quinhentos
Francos CFA);
b) Se o atraso for superior a 15 dias, mas não superior a 30 dias, a multa é de 5 000
XOF (cinco mil Francos CFA);
c) Se o atraso for superior a 30 dias, a multa é de 7 500 XOF (sete mil e quinhentos
Francos CFA).
3. Quando faltar 15 dias para o termo do prazo do pagamento das prestações, a Secretaria
informa os alunos através de aviso afixado na vitrina ou por via de correio electrónico.

Artigo 6.º
Anulação de inscrição
1. Qualquer aluno pode pedir a anulação da inscrição a todo o tempo, a não ser que se
tenha iniciado o período de exame final de Junho.
2. A anulação de inscrição que ocorra até 15 dias depois do prazo da inscrição desobriga o
aluno de pagamento da propina, mas continua a dever a taxa de inscrição.
3. Se, porém, a desistência ocorrer depois do período referido no n.º 1, o aluno fica
vinculado ao pagamento da prestação vencida no momento do pedido de anulação da
inscrição.
Artigo 7.º
Dívida da propina
Além das multas referidas no artigo 5.º, o aluno em situação de dívida não pode
inscrever-se no ano lectivo seguinte, nem requerer certidões, diplomas e declarações sem que
regularize a situação.
Artigo 8.º
Alunos bolseiros
Os alunos bolseiros de Instituições com protocolo com a FDB pagam a propina até 30
dias a contar da data em que foi colocada à sua disposição a prestação devida.

Artigo 9.º
Disposições transitórias
1. Os actuais alunos bolseiros da Cooperação Portuguesa pagam metade do valor da
propina fixada até à conclusão do curso.

112
2. Qualquer aluno que venha a beneficiar de bolsa da Cooperação Portuguesa beneficia da
situação referida no número anterior até à conclusão do curso do último dos actuais
bolseiros.
Artigo 10.º
Entrada em vigor
Este Despacho entra em vigor no dia seguinte ao da sua publicação.

Bissau, 15 de Maio de 2017

O Presidente do Conselho Directivo


Alcides Gomes

113
Despacho n.º 16/201043

REGULAMENTO DE AVALIAÇÃO DA FACULDADE DE DIREITO DE BISSAU DO MINISTRO DA


EDUCAÇÃO NACIONAL, CULTURA, CIÊNCIA, JUVENTUDE E DESPORTOS.

Preâmbulo
A Faculdade de Direito de Bissau se afirmou como instituição de ensino superior de
reconhecida qualidade quer interna quer internacionalmente.
Contudo, volvidas duas décadas após a sua criação, torna-se patente a necessidade de
aperfeiçoar alguns aspectos do seu funcionamento, mormente o regime jurídico que define as
condições de acesso e avaliação de conhecimentos dos formandos.
Assim, nos termos do disposto no artigo 31.º do Decreto n.º 34/90, de 26 de Novembro,
determino o seguinte:
CAPÍTULO I
ADMISSÃO À FACULDADE DE DIREITO DE BISSAU

ARTIGO 1.º
Ingresso na Faculdade de Direito de Bissau
1. Podem ingressar como alunos da Faculdade de Direito de Bissau (FDB) todos aqueles
que:
a) Tenham concluído o 11.º ano de escolaridade;
b) Sejam licenciados noutra área científica;
c) Peçam o reingresso;
d) Peçam transferência de outro estabelecimento de ensino da mesma área científica.
2. As inscrições devem ser entregues na Secretaria da FDB até à data marcada.
3. Todas as inscrições são acompanhadas do documento de identificação pessoal e de
todos os documentos que comprovem a situação do candidato, nomeadamente certificado
de habilitações do estabelecimento de ensino, podendo ser o original ou cópia autenticada.
4. Os candidatos a que se refere a alínea b) do n.º 1, devem entregar cópia autenticada do
diploma e uma carta com as razões para a frequência da licenciatura em Direito.
5. As candidaturas são condicionadas pelo pagamento de um emolumento, fixado em cada
ano lectivo por decisão do Conselho Directivo.

ARTIGO 2.º
Numerus clausus

1. Para cada uma das formas de admissão previstas no artigo anterior é estabelecido, em
Conselho Científico, o número máximo de candidatos a admitir.
2. Na falta de preenchimento do numerus clausus em qualquer das outras formas de
admissão são esses lugares preenchidos, preferencialmente por licenciados em outra
área científica, ou em seguida pelos candidatos a que se refere a alínea a) do n.º 1 do
artigo 1.º.
ARTIGO 3.º
Exames de Admissão à Faculdade de Direito de Bissau

43
Publicado no 2.º Suplemento do Boletim Oficial n.º 25, de 23 de Junho de 2010.
114
1. Os exames de admissão que devem ser realizados pelos candidatos previstos na alínea
a) do n.º 1 do artigo 1.º são de dois tipos: exames escritos e exames oral.
2. São dois os exames escritos a realizar: um exame de Língua Portuguesa e um exame
sobre História e Filosofia.
3. O programa que pode ser objecto de avaliação em cada exame é disponibilizado na FDB
até ao último dia útil de cada mês de Julho.

ARTIGO 4.º
Exames Orais de Admissão à Faculdade de Direito de Bissau

1. É agendado exame oral a todos os candidatos que obtiverem na média dos exames
escritos nota igual ou superior a 10.
2. Se o número de candidatos admitidos ao exame oral nos termos do número anterior não
perfizer o dobro do número de candidatos a admitir, são agendados exames orais a mais
candidatos até atingir esse número, com o limite dos candidatos com média de exames
escritos inferior à nota 7.
3. Os exames orais são agendados com a antecedência mínima de 48 horas.
4. O júri dos exames orais é constituído por dois docentes da FDB.
5. São critérios de avaliação nos exames orais:
a) As capacidades de raciocínio e expressão;
b) O nível de cultura geral;
c) A entrevista pessoal;
d) O conteúdo dos programas de História e Filosofia.
6. No final do exame oral é atribuída uma classificação entre 0 e 20 valores.

ARTIGO 5.º
Graduação

No final de todos os exames é elaborada uma lista por ordem decrescente da média obtida
entre a média dos exames escritos e a nota do exame oral.

ARTIGO 6.º
Faltas

A falta a qualquer exame não é justificável.

ARTIGO 7.º
Reclamações

1. Apenas é admissível a reclamação junto da Secretaria sobre erros informáticos ou de


soma de cotações de respostas, e no prazo de 5 dias após o acto a que disser respeito.
2. Não é admissível a revisão de exames escritos de admissão.

ARTIGO 8.º
Candidatos licenciados em outra área científica

1. Aos candidatos a que se refere a alínea b) do n.º 1 do artigo 1.º é marcada uma entrevista
pessoal, com o Director e um docente da FDB, com a antecedência mínima de 48 horas.
2. No final de todas as entrevistas é feita uma graduação destes candidatos, que é assinada
pelos entrevistadores.
3. Não são admitidas justificações de faltas à entrevista.
115
ARTIGO 9.º
Reingressos

Os alunos da FDB que interromperem o curso por mais de três anos lectivos têm de efectuar
nova matrícula e ficam sujeitos ao numerus clausus que em cada ano é estabelecido para os
reingressos.

ARTIGO 10.º
Transferências

1. Os candidatos que pretendam requerer a sua transferência de outro estabelecimento de


ensino superior da mesma área científica para a FDB devem entregar um documento
original ou cópia autenticada que certifique as cadeiras feitas e a avaliação obtida em
cada uma delas.
2. A inscrição no ano de curso em que o candidato se encontrava inscrito no anterior
estabelecimento de ensino superior depende da equivalência dada às cadeiras realizadas
nesse estabelecimento de ensino e atendendo ao plano de curso da FDB em vigor.

CAPÍTULO II
MATRÍCULA E INSCRIÇÃO

ARTIGO 11.º
Matrícula e inscrição na Faculdade de Direito de Bissau
1. Depois de apurados todos os candidatos a admitir à FDB nos termos dos artigos
anteriores, são os mesmos admitidos a matricularem-se como alunos na FDB e a inscreverem-
se no ano curricular respectivo.
2. Em geral, os candidatos são admitidos para se inscrevem no ano zero do curso.
3. Os candidatos admitidos que sejam licenciados noutra área científica podem inscrever-
se directamente no primeiro ano do curso.
4. Os alunos que reingressem no curso são admitidos ao ano em que se encontravam
quando interromperam o curso e só estão sujeitos à alteração do plano de curso para esse ano e
anos seguintes, não podendo ser obrigados a realizar cadeiras de um ano que já tenham
concluído se a cadeira tiver sido criada posteriormente à conclusão.
5. Os candidatos admitidos pela forma de transferência devem inscrever-se no ano
curricular que lhes for indicado após a determinação da equivalência dada.

ARTIGO 12.º
Condições de inscrição no ano curricular

1. Todos os alunos da FDB têm de proceder à sua inscrição no ano curricular respectivo
no início de cada ano lectivo.
2. Podem inscrever-se no ano curricular seguinte os alunos que não tenham reprovado a
mais de duas cadeiras.

ARTIGO 13.º
Prescrições

116
1. São impedidos de se inscrever em novo ano lectivo os alunos que não passarem de ano
durante três anos seguidos ou cinco alternados.
2. No ano lectivo seguinte os alunos impedidos nos termos do número anterior podem
voltar a inscrever-se mas têm de passar de ano nesse ano lectivo sob pena de
prescrição definitiva.
3. Não prescrevem os alunos inscritos no último ano do curso.

CAPÍTULO III
AVALIAÇÃO DE CONHECIMENTOS

SECÇÃO I
DISPOSIÇÕES GERAIS

ARTIGO 14.º
Avaliação
A avaliação consiste na atribuição ao aluno de uma classificação numérica, de zero (0) a vinte
(20) valores, que expressa:
a) A aquisição de conhecimentos ministrados;
b) A aptidão para a investigação;
c) A capacidade de exposição escrita e oral;
d) A interpretação contextualizada de problemas colocados;
e) A criatividade na apreensão de materiais;
f) O empenho pessoal na justiça das soluções;
g) O interesse pela cultura humanista do Direito.

ARTIGO 15.º
Situação escolar irregular do aluno

1. O aluno matriculado com situação escolar irregular, nomeadamente por atraso no


pagamento de prestações de propinas ou taxas por pagar, pode ser admitido
condicionalmente pelo Conselho Directivo, à prestação de exames.
2. O lançamento das notas do aluno em situação escolar irregular fica condicionado à
regularização da sua situação escolar.

SECÇÃO II
MÉTODOS DE AVALIAÇÃO

ARTIGO 16.º
Tipos de Métodos de Avaliação

Na FDB existem dois métodos de avaliação dos alunos:


a) O método de avaliação continua;
b) O método de avaliação final.

ARTIGO 17.º
Avaliação Contínua

1. A avaliação continua é um conjunto de testes escritos, orais e trabalhos científicos


realizados durante o ano lectivo, que se destina a apurar os conhecimentos do aluno na
disciplina.
2. Os elementos de avaliação contínua podem consistir, nomeadamente em:
117
a) Testes escritos;
b) Realização de trabalhos escritos de pesquisa e/ou investigações;
c) Realização de recensões e comentários de jurisprudência;
d) Resolução de hipóteses práticas nas aulas ou como trabalho de casa;
e) Preparação e realização de debates sobre temas constantes do programa;
f) Exposição oral de temas indicados pelo docente;
g) Respostas no âmbito de chamadas orais especificamente convocadas para o efeito.
3. Estão sujeitos à avaliação continua todos os alunos, exceptuando aqueles que passem a
estar sujeitos a avaliação final, nos termos do artigo seguinte.
4. Aos alunos sujeitos a avaliação continua é atribuída por cada docente uma nota de
informação final em cada cadeira, no final do período de aulas de cada ano lectivo.
5. Cada docente entrega as notas de informação final na Secretaria no prazo máximo de 5
dias após o último dia de aulas.

ARTIGO 18.º
Avaliação Final

Ficam sujeitos a avaliação final os alunos que não obtenham na avaliação continua nota de
informação final positiva e todos aqueles que não possam ficar sujeitos aos elementos de
avaliação continua, nomeadamente por não poderem frequentar com regularidade as aulas.

SECÇÃO III
ÉPOCAS DE EXAMES

SUBSECÇÃO I
DISPOSIÇÕES GERAIS RELATIVAS A EXAMES

ARTIGO 19.º
Correcção e entrega de exame final

1. A correcção dos exames escritos é assegurada pela respectiva equipa de docência, de


acordo com a grelha de correcção fornecida pelo regente da disciplina.
2. O juízo global sobre o exame escrito, expresso na classificação numérica atribuída, na
escala de 0 a 20 valores, corresponde ao somatório das cotações automaticamente
inscritas no fim de cada resposta, tendo presente o que consta da grelha de correcção.
3. O exame escrito deve ser entregue na Secretaria da FDB com a respectiva grelha de
correcção pelo regente da disciplina nos 10 dias imediatos que se segue à data da sua
realização.
4. Em caso de ultrapassar o prazo previsto no número anterior, a Secretária informa disso
o Conselho Científico.
5. A Secretária da FDB entrega ao docente, no acto de depósito de exames escritos, o
correspondente documento certificativo dessa entrega.

ARTIGO 20.º
Revisão de exames escritos

1. Os alunos podem requerer a revisão da classificação atribuída aos exames escritos, no


prazo máximo de 48 horas após a afixação da nota, por meio de requerimento
devidamente fundamentado e mediante o pagamento do emolumento previsto.
2. Quando a classificação tiver sido atribuída por um assessor de regência, a revisão será
obrigatoriamente decidida pelo respectivo regente.
118
3. Quando a classificação tiver sido atribuída por um regente, a revisão será
obrigatoriamente decidida pelo coordenador da área científica respectiva.
4. O docente competente para revisão do exame escrito entrega a decisão na Secretaria
5. no prazo máximo de 3 dias úteis.
6. Em caso de indeferimento, a manutenção da nota é fundamentada atendendo aos
argumentos expostos no recurso, não podendo ser atribuída nota inferior à apreciada.

ARTIGO 21.º
Exame oral

1. O exame oral é obrigatório.


2. O acesso ao exame oral depende de obtenção no exame final escrito de uma
classificação mínima de 7 valores.

ARTIGO 22.º
Procedimentos no exame oral

1. O exame oral é sempre público e realizado nas instalações da FDB.


2. Cada sessão de exames orais não pode ter duração superior a 5 horas, nem mais de 10
orais.
3. O exame oral não pode ter duração inferior a 15 minutos.
4. O aluno que está a prestar exame pode desistir a todo o tempo, equivalendo a
desistência a reprovação.
5. O resultado do exame oral é lido publicamente no fim da sessão de orais, após a qual o
regente elabora o respectivo termo no Livro de Termos da cadeira.
6. É autorizada a alteração da data da oral, desde que obtido o consentimento do
presidente de júri e do aluno, bem como a troca de datas de orais entre alunos, devendo
as declarações correspondentes constar de documento devidamente assinado,
respectivamente, pelo aluno ou pelos alunos, entregue ao presidente de júri.

ARTIGO 23.º
Júri de exames orais

O júri dos exames orais é constituído pelos docentes da cadeira e, se possível, reforçado por
docentes da mesma área.
ARTIGO 24.º
Exames de coincidência

Havendo coincidência na marcação de exames no mesmo dia ou para dias consecutivos a


menos de 24 horas, o aluno deve realizar exame da disciplina do ano em que está inscrito,
realizando o outro exame na data indicada de exames de coincidência.
ARTIGO 25.º
Melhoria de notas

1. Os alunos podem voltar a realizar os exames de qualquer disciplina, após terem obtido
aproveitamento, com vista à obtenção de uma classificação mais elevada.
2. As regras de avaliação de tais exames dispensam a realização do exame escrito.
3. A melhoria de nota só é possível uma vez por disciplina e, no máximo, duas épocas de
exames após o aluno ter obtido a antecedência classificação.
4. O resultado obtido no exame de melhoria só altera a classificação se for superior ao
anteriormente alcançado.
119
ARTIGO 26.º
Alunos com deficiência física

Os alunos que por causa de deficiência física, permanente ou temporária, estejam


diminuídos para a normal realização dos exames, poderão ser objecto de regimes especiais a
fixar pelo Conselho Directivo ou na sua falta, pelo regente da disciplina, ponderadas as
circunstâncias de cada caso.
ARTIGO 27.º
Fraude nos exames escritos

1. Ao aluno que durante a prestação do exame não observar as regras de avaliação


individual e personalizada, recorrendo a meios ilegítimos ou não autorizados para obter
informações ou conhecimentos, é declarado nulo o seu exame pelo docente vigilante.
2. Caso o docente considere que um exame reproduz integralmente passos significativos
de textos publicados, ou que dois exames são tão semelhantes que, plausivelmente, só
podem resultar de cópia, deve o regente declarar nulos, fundamentando, esses exames,
após audição dos interessados, cabendo recurso da decisão para o respectivo docente
coordenador da área científica.

SUBSECÇÃO II
PRIMEIRA ÉPOCA DE EXAMES
ARTIGO 28.º
Regime

1. A primeira época de exames é realizada os meses de Junho e Julho e composta por um


exame escrito e um exame oral por cadeira.
2. Sem prejuízo do disposto no número seguinte, o exame final escrito da primeira época é
obrigatório para todos os alunos.
3. O aluno cuja informação final em avaliação continua seja igual ou superior a 12 valores
fica dispensado da realização do exame final escrito da primeira época.

SUBSECÇÃO III
ÉPOCA DE RECURSO

ARTIGO 29.º
Regime

1. A segunda época ou de recurso, é a avaliação que, de acordo com o calendário da FDB,


tem lugar em Setembro e Outubro, e se destina a dar uma segunda oportunidade aos
alunos que não tenham conseguido a aprovação na primeira época de exames.
2. Os alunos não poderão realizar na época de recurso exames em mais de duas
disciplinas, a não ser que estejam inscritos num ano de curso com mais de cinco
disciplinas, caso em que poderão realizar exames em três disciplinas.
3. A época de recurso inclui um exame escrito e um exame oral.

120
SUBSECÇÃO IV
ÉPOCA ESPECIAL

ARTIGO 30.º
Regime

1. O exame de época especial é a avaliação que, de acordo com o calendário da FDB, tem
lugar em Dezembro, e se destina a permitir aos alunos do último ano do curso, em
condições de terminar o curso, de o fazerem sem terem de aguardar pelas épocas
ordinárias dos exames.
2. Têm acesso os alunos aos quais faltarem até três disciplinas para concluir o curso.

CAPÍTULO IV
CLASSIFICAÇÃO FINAL E FIM DE CURSO

ARTIGO 31.º
Classificação final
1. A classificação final corresponde a nota obtida no exame oral quando essa nota for
superior à nota de informação final ou à nota de exame escrito.
2. Se a nota do exame oral for inferior à nota de informação final ou à nota de exame
escrito, a classificação final é obtida da seguinte forma:
a) Se a nota de informação final for igual ou superior a 12 valores, a classificação
final resulta da média aritmética entre essa nota e a nota do exame oral;
b) Se a nota de informação final for de 10 ou 11 valores, a classificação final
resulta da média aritmética entre as notas de informação final, do exame escrito
e do exame oral
c) Na falta de nota de informação final positiva, a classificação final resulta da
média aritmética entre as notas do exame escrito e do exame oral.

ARTIGO 32.º
Média anual

1. A média de cada ano é determinada pela soma aritmética não arredondada das
classificações nas disciplinas do respectivo ano.
2. Acresce à média de cada ano lectivo 0,3 valores se o aluno obtiver passagem em todas
as disciplinas do ano lectivo em causa.
3. Entende-se que o aluno obteve a aprovação em todas as disciplinas ainda que tenha tido
aprovação apenas na época do recurso.

ARTIGO 33.º
Classificação final do curso

1. A classificação final do curso é expressa em valores, de 10 a 20, e determina-se nos


seguintes termos:
a) Média aritmética arredondada das médias aritméticas não arredondada dos cinco
anos do curso ou;
b) Caso o resultado obtido seja superior, a média aritmética entre a média aritmética
dos cinco anos do curso e a dos dois últimos, calculada nos termos da alínea
anterior.

121
2. Ao aluno que obtiver passagem em todas os anos sem deixar disciplinas em atraso, será
acrescido à sua média final do curso 0,6 valores, antes de se proceder ao
arredondamento.

ARTIGO 34.º
Disciplinas extracurriculares
As disciplinas extracurriculares constam do certificado mas não contam para efeitos do cálculo
da média anual e da média final do curso.

CAPÍTULO V
DISPOSIÇÕES FINAIS

ARTIGO 35.º
Norma revogatória

Ficam revogados os artigos 1.º, 2.º, 4.º, 5.º, 6.º, 7.º, 15.º, 17.º, 18.º, 19.º, 20.º, 21.º, 22.º, 23.º
e 24.º do Despacho do Ministro da Justiça de 26 de Novembro de 1990.

ARTIGO 36.º
Entrada em vigor
O presente Despacho entra em vigor imediatamente após a sua publicação.

Bissau, 14 de Abril de 2010. — O Ministro da Educação Nacional, Cultura, Ciência, Juventude


e dos Desportos, Eng.º Artur Silva.

122
ASSOCIAÇÃO ACADÉMICA DA FACULDADE DE DIREITO DE BISSAU

Estatutos

Artigo 1.º
Natureza
A Associação Académica da Faculdade de Direito de Bissau, designada pela sigla
AAFDB, é uma organização de Direito Privado, representativa dos estudantes da Faculdade de
Direito de Bissau (FDB), constituída por tempo indeterminado, regida pelos presentes
Estatutos, pelas leis e regulamentos internos, gozando de personalidade jurídica e de
capacidade para prática de actos necessários ou convenientes para prossecução dos seus fins.

Artigo 2.º
Símbolo
A AAFDB possui o símbolo que costa do Anexo único do presente Estatutos.

Artigo 3.º
Sede
1. A AAFDB tem a sua sede em Bissau.
2. A sede da AAFDB fica localizada nas instalações da FDB, podendo ser transferida para
outro local por deliberação da assembleia-Geral.

Artigo 4.º
Princípios
A AAFDB é regida, de entre outros, pelos seguintes princípios:
a) Democraticidade, que atribui a todos os estudantes nela inscritos o direito de participar na
vida associativa, incluindo o de eleger e ser eleito para os cargos directivos e serem nomeados
para cargos associativos;
b) Independência, que implica a não submissão da Associação a partidos políticos, às
organizações estatais, religiosas ou às quaisquer outras organizações que, pelo seu carácter,
impliquem a perda de independência dos estudantes ou dos seus órgãos representativos;
c) Autonomia, que atribui a liberdade à AAFDB na elaboração dos respectivos Estatutos e
demais normas internas, na eleição dos seus órgãos dirigentes, na gestão e administração do
respectivo património e na elaboração dos planos de actividades.

Artigo 5.º
Fins
1. São fins genéricos da AAFDB:
a) Representar e defender os interesses dos estudantes da FDB;
b) Pronunciar-se sobre quaisquer aspectos da vida escolar da FDB que, directa ou
indirectamente, afectam o seu corpo discente;
c) Contribuir para o prestígio e a dignidade da FDB;
d) Promover a formação cívica, física, cultural, e científica dos seus membros, nomeadamente:
(i) Concorrer para a formação de quadros que satisfaçam as necessidades da Guiné-
Bissau no âmbito das profissões jurídicas tradicionais, bem como de técnicos
valorizados para a administração Pública e para a gestão de actividades privadas;
123
(ii) Promover publicações de índole científica e pedagógica
(iii) Organizar actividades circum-escolares e de desporto escolar;
(iv) Fomentar o intercâmbio científico e cultural entre os povos, bem como o
entendimento e a aproximação;
(v) Contribuir para a participação dos seus membros na discussão dos problemas
educativos.
e) Colaborar na difusão da cultura jurídica e na consolidação do Estado de Direito na
Guiné-Bissau;
f) Cooperar com todos os organismos estudantis e juvenis, nacionais ou estrangeiros, cujos
princípios não contrariem os aqui definidos.
2. São ainda fins da AAFDB quaisquer outros objectivos que venham a ser definidos
pelos órgãos desta associação ou através do programa pelo qual foram eleitos.

Artigo 6.º
Categoria
1. Na AAFDB há três categorias de membros: ordinários, extraordinários e honorários.
2. São membros ordinários os estudantes matriculados na FDB que, tendo solicitado a sua
inscrição, tenham sido admitidos.
3. São membros extraordinários os licenciados pela FDB.
4. A mudança de categoria de membro, de ordinário para extraordinário, far-se-á mediante
manifestação de vontade nesse sentido e aproveita a anterior inscrição.
5. São membros honorários as individualidades que, pela excepcional relevância das
actividades em prol dos fins da AAFDB, tenham sido propostos para essa categoria por
deliberação da Assembleia-Geral, tendo aceite a distinção.

Artigo 7.º
Admissão dos membros
1. Têm direito a serem admitidos como membros da AAFDB todos os estudantes
matriculados na FDB, ou por ela licenciados, desde que não tenham praticado actos
gravemente lesivos dos seus interesses ou que ofendam os fins que ela prossegue.
2. Caberá à direcção da AAFDB deliberar sobre a admissão dos membros, cabendo
recurso da sua deliberação à Assembleia-Geral, a interpor pelo candidato afectado, no
prazo de trinta dias a contar da data da comunicação do indeferimento da sua admissão.

Artigo 8.º
Direito e deveres dos Sócios
1. São direitos dos membros:
a) Participar em todos os actos que digam respeito à vida da AAFDB, nos termos da lei,
destes estatutos e demais disposições regulamentares, nomeadamente:
(i) Eleger e ser eleito para os cargos associativos;
(ii) Tomar parte em todas as reuniões da Assembleia-Geral e exercer o seu direito de
voto;
(iii) Fazer propostas e sugestões direcção;
(iv) Pedir a convocação da Assembleia-Geral nos termos definidos nestes estatutos;
(v) Consultar os documentos da AAFDB.
b) Usufruir de todas as regalias que a AAFDB possa proporcionar;
c) Possuir um cartão de membro.
3. São deveres dos membros:
a) Contribuir para o prestígio da AAFDB;
b) Contribuir, na medida das suas possibilidades, para os fins da AAFDB;
124
c) Participar activamente nas suas actividades, especialmente na Assembleia-Geral;
d) Cumprir as deliberações estatutariamente tomadas, salvo no caso de objecção de
consciência devidamente justificada;
e) Pagar as quotas.

Artigo 9.º
Sanções e perda de qualidade
1. Os membros podem incorrer às seguintes sanções:
a) Advertência oral;
b) Repreensão escrita;
c) Suspensão;
d) Exclusão.
2. A suspensão ou exclusão dos membros é da competência da Assembleia-Geral e é reservada
aos casos de prática de actos que violem gravemente deveres a que se encontrem adstritos e não
pode ser tomada sem que ao acusado se tenha dado a possibilidade de defesa.
3. A suspensão é decretada por um período máximo de seis meses e é graduada de forma
proporcional à gravidade dos factos em causa.
4. Perde a qualidade de membro ordinário aquele que:
a) Deixar de ser estudante da FDB;
b) Não pagar a quota anual nos planos estabelecidos pela direcção.

Artigo 10.º
Enumeração
São órgãos da AAFDB:
a) A Assembleia-Geral;
b) A direcção; e
c) O conselho fiscal.

Artigo 11.º
Mandato e demissão
1. Os órgãos da AAFDB são eleitos para um mandato de dois anos, renovável.
2. Em caso de demissão ou impedimento definitivo de um ou mais membros dos órgãos da
AAFDB, estes serão substituídos pelos suplentes apresentados na lista de candidatura,
salvo no caso em que a demissão envolva o presidente da direcção.
3. Caso a demissão envolva o presidente da direcção, deve ser realizada eleição geral,
desse órgão, no prazo de quarenta e cinco dias.

Artigo 12.º
Regulamento interno
1Cada órgão adopta o seu próprio regulamento interno. Associação Académica da Faculdade
de Direito de Bissau AAFDB

Artigo 13.º
Composição
1. A Assembleia-Geral é o supremo órgão deliberativo da AAFDB e é constituída por
todos os seus membros que não estejam suspensos e que não tenham as suas cotas em
atraso mais de três meses.
2. A mesa da assembleia-Geral é composta por um presidente, um Vice-Presidente, e um
secretário, todos eleitos.
125
Artigo 14.º
Competências da Assembleia-Geral
1. Compete à Assembleia-geral:
a) Deliberar sobre todas as matérias que lhe forem apresentadas dentro dos fins e
objectivos da AAFDB;
b) Aprovar o relatório de actividades e contas de gerência da direcção;
c) Eleger e destituir os titulares dos órgãos da AAFDB, nos termos a regular pela
Assembleia-Geral;
d) Proceder ao recenseamento eleitoral;
e) Proceder à revisão dos estatutos;
f) Deliberar sobre todas as matérias que não estejam expressamente conferidas a outro
órgão da AAFDB;
g) Integrar os casos omissos, a luz da lei e dos princípios gerais de Direito.
2. Compete ao presidente da Mesa da Assembleia-Geral:
a) Convocar as reuniões;
b) Declarar a abertura e o encerramento da secção;
c) Dirigir os trabalhos, orientar os debates, declarar o assunto suficientemente discutido;
d) Mandar proceder às votações;
e) Presidir a CE.
3. Compete ao Vice-Presidente:
a) Coadjuvar o Presidente no exercício das suas funções;
b) Substituir o Presidente nas suas ausências ou impedimentos.
4. Compete ao Secretário lavrar as actas da Assembleia-Geral, guardá-las e assegurar o
expediente da mesa.

Artigo 15.º
Quórum
1. A Assembleia-Geral reúne com a presença da metade dos seus membros.
2. Não havendo o número suficiente de presenças, a mesa da Assembleia-Geral decide,
meia hora depois, se se convoca uma outra assembleia, que se realizará ainda que com
20% dos seus membros.
3. As deliberações da Assembleia-Geral são tomadas por maioria absoluta dos votos
expressos dos membros presentes no momento da votação.
4. É consagrado o princípio “um estudante, um voto”, não podendo nenhum membro
fazer-se representar nas reuniões da Assembleia-Geral.

Artigo 16.º
Convocação
1. A Assembleia-Geral, tanto ordinária como extraordinária, é convocada pelo Presidente
da Mesa, através de avisos afixados em locais visíveis da faculdade, com a antecedência
mínima de oito dias, com a indicação do dia, hora, local e a ordem de trabalhos da
reunião.
2. Não tendo o Presidente da Mesa convocado a reunião nos termos precedentes, nos casos
em que é obrigado a fazê-lo, é lícito à um terço dos seus membros, em pleno gozo dos
seus direitos e deveres, proceder à sua convocação
3. Em caso de reconhecida urgência, o Presidente da Mesa convocará a Assembleia-Geral
com quarenta e oito horas de antecedência, procedendo á colocação em locais visíveis
da faculdade, a informação sobre o dia, hora, local e a ordem de trabalhos.

126
Artigo 17.º
Reuniões da Assembleia-Geral
1. A Assembleia-Geral reúne-se uma vez por ano, trinta dias após o início das aulas.
2. Da ordem do dia constarão obrigatoriamente as seguintes matérias:
a) Apresentação, discussão e votação do relatório de actividades e do relatório de
contas;
b) Apreciação do parecer do Conselho fiscal;
c) Marcação da data das eleições.
3. A Assembleia-Geral reunirá extraordinariamente sempre que seja convocada, com fins
legítimos, pela direcção ou por um número de sócios não inferior a um terço do seu total,
dos quais é obrigatória a presença de metade.

Artigo 18.º
Falta de membros da Mesa
1. Na falta simultânea de dois ou de todos os membros da mesa da Assembleia-Geral, será
eleita uma nova Mesa, que funcionará durante essa reunião.
2. Essa reunião será presidida pelo presidente da Direcção ou, na sua falta, pelo sócio mais
antigo..
Artigo 19.º
Composição
A Direcção é o órgão executivo da AAFDB e é composta no mínimo por seis membros:
um presidente, um Vice-Presidente, um Secretário, um Tesoureiro e dois Vogais.

Artigo 20.º
Competência funcional da Direcção
À Direcção compete, nomeadamente:
a) Desenvolver todas as actividades adequadas à prossecução dos fins da AAFDB;
b) Zelar pelo cumprimento destes Estatutos;
c) Gerir a AAFDB nos seus aspectos administrativos, financeiros e patrimoniais;
d) Executar e fazer cumprir as deliberações tomadas pela Assembleia-Geral;
e) Apresentar o seu orçamento e plano de actividades trinta dias após a tomada de posse;
f) Apresentar o seu relatório de contas e de actividades;
g) Assegurar a permanente representação da AAFDB, em juízo ou fora dela;
h) Atribuir a qualidade de membros extraordinário;
i) Propor as sanções previstas no número 1 do artigo 9.º;
j) Entregar à Direcção sucessora todos os documentos e haveres da AAFDB, assim como o
respectivo inventário, no acto da tomada de posse;
k) Comparecer nas reuniões da Assembleia-Geral;
l) Exercer as demais competências previstas na lei ou decorrentes da aplicação dos presentes
Estatutos.

Artigo 21.º
Competência
1. Compete ao presidente da Direcção:
a) Representar a AAFDB dentro e fora da FDB,
b) Cumprir e fazer cumprir as deliberações da Assembleia-Geral;
c) Convocar e presidir as reuniões da Direcção;
d) Elaborar, em conjunto com os membros da Direcção, o relatório de actividades e de
contas da sua gerência.
127
2. Compete ao Vice-Presidente:
a) Coadjuvar o Presidente no exercício das suas funções;
b) Substituir o Presidente nas suas ausências ou impedimentos;
c) Definir o plano de actividades do departamento ou área sob sua responsabilidade.
3. Ao Secretário compete:
a) Lavrar e guardar as actas de todas as reuniões da Direcção;
b) Assegurar o expediente da Direcção;
c) Proceder ao inventário dos bens da AAFDB e mantê-lo em dia.
4. Ao Tesoureiro compete:
a) Proceder ao registo de movimentação de verbas no livro de contabilidade;
b) Receber e arrecadar receitas e satisfazer as despesas outorgadas pelo Presidente da
Direcção;
c) Organizar orçamento anual e os balancetes mensais em colaboração com os outros
membros da Direcção;
d) Colaborar com o secretário na inventariação dos bens da AAFDB.
5. Compete aos Vogais, nomeadamente:
a) Definir o plano de actividade da área ou departamento de sua responsabilidade e
apresentar o respectivo orçamento;
b) Colaborar com os restantes membros da Direcção na organização das actividades da
AAFDB.

Artigo 22.º
Funcionamento
1. A Direcção só reúne, na presença do seu Presidente, com mais de metade dos seus
membros.
2. No caso de ausência ou impedimento temporário do presidente, a Direcção reúne, nos
mesmos termos do número anterior, com a presença do Vice-Presidente ou um dos
membros a quem o Presidente tenha delegado esses poderes.
3. O Presidente tem o voto de qualidade.

Artigo 23.º
Reuniões da Direcção
1. A Direcção reúne quinzenalmente.
2. A reunião em sessão extraordinária é feita por iniciativa do presidente ou a
requerimento da maioria dos seus membros.
3. A Direcção pode autorizar ou convidar qualquer pessoa a participar nas suas reuniões,
sem direito ao voto.

Artigo 24.º
Responsabilidades
Cada membro da Direcção é responsável pessoal e solidariamente com os restantes
membros pelas medidas tomadas e actos praticados sem a sua expressa discordância exarada e
assinada na acta da reunião.

Artigo 25.º
Composição
O Conselho Fiscal é o órgão fiscalizador da AAFDB em matéria financeira e compõe-se de
um Presidente, um Vice-Presidente e um Secretário.

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Artigo 26.º
Competências do Conselho Fiscal
1. Compete ao Conselho Fiscal:
a) Informar a Mesa da Assembleia-Geral sobre as matérias que julgar convenientes;
b) Zelar pelo cumprimento do Estatuto, advertindo a Direcção de qualquer
irregularidade que detectar;
c) Examinar mensalmente as contas de Direcção;
d) Apreciar as contas de Direcção e dar sobre elas o seu parecer e submetê-lo à
Assembleia-Geral.
2. Compete ao presidente assegurar o bom funcionamento do órgão, convocar e presidir às
suas reuniões.
a) Compete ao Vice-Presidente coadjuvar o Presidente no exercício das suas funções e
substitui-lo na sua ausência.
b) Compete ao Secretário lavrar e fazer assinar as actas das reuniões.

Artigo 27.º
Quórum de funcionamento
O Quórum do Conselho Fiscal é de dois membros.

Artigo 28.º
Reuniões
1. O Conselho Fiscal reunirá ordinariamente todos os meses e extraordinariamente sempre
que convocado pelo seu Presidente ou pela maioria dos seus membros.
2. O Presidente do Conselho Fiscal tem voto de qualidade.

Artigo 29.º
Responsabilidade
1. Cada membro do Conselho Fiscal é pessoal e solidariamente responsável com os outros
membros pelas medidas tomadas por este órgão.
2. O Conselho Fiscal é ainda responsável solidariamente com a Direcção em relação à
todos os actos a que tenha dado o seu parecer favorável.

Artigo 30.º
Âmbito
As disposições do presente capítulo aplicam-se à eleição dos órgãos da AAFDB.

Artigo 31.º
Realização das eleições
As eleições realizam-se bienalmente entre o quadragésimo oitavo e quinquagésimo quinto
dia após o início das aulas.

Artigo 32.º
Elegibilidade
1. São eleitores todos os estudantes da FDB inscritos na AAFDB.
2. São elegíveis para os órgãos da AAFDB, os estudantes da FDB que se tenham inscrito
na AAFDB e que estejam em pleno uso dos seus direitos.

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Artigo 33.º
Recenseamento eleitoral
O recenseamento eleitoral é organizado pela Mesa da Assembleia-Geral em cadernos onde
consta o nome de todos os eleitores, que são publicados e afixados em locais visíveis da FDB
até quinze dias antes das eleições.

Artigo 34.º
Reclamação
Qualquer membro pode reclamar da má inscrição ou omissão do seu nome junto à Mesa da
Assembleia-Geral.

Artigo 35.º
Apresentação das
1. As candidaturas para os órgãos da AAFDB são apresentadas à Mesa da Assembleia-
Geral até vinte dias antes das eleições, em listas separadas.
2. As listas devem conter a identificação completa do candidato, o cargo ao qual se
candidata e a identificação do respectivo suplente.
3. As listas de candidatura são afixadas, no mínimo, em três lugares públicos da FDB, no
dia seguinte ao referido no número um.

Artigo 36.º
Incompatibilidades
Nenhum candidato pode figurar em mais de uma lista nem acumular cargos em diferentes
órgãos da AAFDB.

Artigo 37.º
Comissão eleitoral
1. A comissão eleitoral (CE) é composta pelo Presidente da Mesa da Assembleia-Geral,
que a preside, e por um elemento de cada lista concorrente.
2. A CE entra em funções dez dias antes das eleições e extingue-se com a tomada de posse
dos membros dos órgãos eleitos.

Artigo 38.º
Competência da Comissão Eleitoral
Compete à CE:
a) Julgar da elegibilidade ou não dos candidatos;
b) Verificar a legalidade do processo;
c) Orientar os membros da mesa de voto designados pelas listas candidatas;
d) Proceder o apuramento dos resultados;
e) Proclamar a lista vencedora.

Artigo 39.º
Impugnação
1. As listas concorrentes podem reclamar, fundamentadamente, junto ao CE, da validade
de todos os actos do processo eleitoral, quer seja para impugnar a candidatura de um
membro da lista, quer seja para impugnar a candidatura da própria lista.
2. Recebida a reclamação, a CE tem vinte e quatro horas para apreciar a impugnação,
ouvir a parte impugnada e se pronunciar, decorridas as quais ela é considerada
procedente e a lista impugnada automaticamente excluída.

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3. O requerimento de impugnação deve ser apresentado até as treze horas do quarto dia
anterior ao das eleições.
4. A reclamação do acto de votação deve ser apresentada dentro de trinta minutos depois
do anúncio dos resultados.
5. A CE, recebida a reclamação do acto eleitoral, delibera dentro dos trinta minutos
subsequentes à sua aprovação.
6. Cabe recurso das decisões da CE à Comissão Arbitral que será criada vinte e quatro
horas depois e composta por dois docentes e um aluno por comum acordo das listas em
conflito, ao qual delibera dentro de quarenta e oito horas.

Artigo 40.º
Campanha eleitoral e período de votação
1. A campanha eleitoral tem a duração dias úteis.
2. A votação tem lugar vinte e quatro horas depois do fecho da campanha eleitoral.
3. As urnas devem estar abertas das nove às dezassete horas do dia das eleições.

Artigo 41.º
Método de eleição
1. Cada órgão e a Mesa da Assembleia-Geral são eleitos por sufrágio universal, directo e
secreto.
2. É considerada eleita à primeira volta a lista que obtiver mais de cinquenta por cento dos
votos validamente expressos.
3. Caso nenhuma lista possa ser declarada vencedora nos termos do número anterior é
realizada a segunda volta das eleições quarenta e oito horas depois, à qual concorrem as
duas listas votadas.

Artigo 42.º
Apuramento dos votos
1. Encerrada a sessão eleitoral, a CE procede, publicamente à contagem dos votos,
verificando se correspondem ao número de descargas no caderno eleitoral.
2. Caso o número de boletins de votos constantes na urna seja inferior ao número de
votantes vale, para efeitos de apuramento, o número de boletins de votos existentes na
urna.
3. Se o número de boletins de voto for superior ao número de votantes, repete-se a votação
nos termos do número três do artigo anterior.
4. Apurados os resultados, o presidente da CE proclama vencedoras as listas mais votadas
e assina a acta da reunião de apuramento eleitoral, que afixará.

Artigo 43.º
Tomada de posse
1. Os membros eleitos são empossados, em sessão pública, no prazo de 15 dias após as
eleições, pelo presidente da assembleia-Geral em funções.
2. É lavrada a acta da tomada de posse, que deve ser assinada pelos membros eleitos.

Artigo 44.º
Gestão corrente
1. Marcada a data das eleições, os titulares dos órgãos, nos termos das suas competências,
só podem exercer actos de gestão corrente até à tomada de posse dos novos titulares.
2. No dia da tomada de posse, todos os valores e documentos da AAFDB, bem como o
respectivo inventário, devem ser entregues aos novos titulares.

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3. Desse acto é lavrada a acta contendo as assinaturas dos respectivos titulares.

Artigo 45.º
Receitas e plano financeiro
1. A AAFDB tem as seguintes receitas:
a) As quotizações dos seus membros;
b) As contrapartidas dos seus serviços;
c) Os rendimentos dos seus bens ou de quaisquer actividades por si prosseguidas,
d) Os donativos que lhe forem feitos;
2. O plano financeiro da AAFDB é elaborado e executado anualmente pela direcção em
funções.

Artigo 46.º
Revisão dos Estatutos
As deliberações sobre a revisão dos estatutos deverão ser tomadas numa reunião da
Assembleia-Geral convocada para esse fim, por uma maioria de três quartos dos membros
presentes.

Artigo 47.º
Destino dos bens em caso de extinção
Em caso de extinção da AAFDB, os seus bens disponíveis são destinados à FDB.

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