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Produto interno, externo e misto

Definição: Chama-se norma (ou comprimento) do vector u ao comprimento do segmento


de recta [OP ] e representa-se por ||u||.

−→ −−→
Definição: Sejam a = OA e b = OB dois vectores não nulos. Dizemos que θ é o ângulo
formado pelos vectores a e b, e denotamos θ = ](a, b) se θ for o menor dos ângulos
definido pela semi-recta com origem em O que passa pelo ponto A e pela semi-recta
com origem em O que passa pelo ponto B.

Convenção: Se algum dos vectores é o vector nulo convenciona-se que o ângulo é zero.

−−→ −→ −

Definição: Sejam u = OX e a = OA dois vectores com u 6= 0 .Seja U o ponto de
intersecção da recta que passa por A e é perpendicular a u com a recta OX. A
projecção ortogonal do vector a sobre o vector u é, por definição, o número real proju a
definido por:
−−→
||OU || , se u pertence à semi-recta de origem no ponto O e que passa pelo ponto X.

−−→
−||OU || ,caso contrário.

1
Propriedades:

• A projecção ortogonal de um vector a sobre um vector u não nulo não depende da


norma de u, ou seja, para qualquer λ > 0 tem-se:

proju a = projλu a



• Dados três vectores a, b, e u tais que u 6= 0 ,

proju (a + b) = proju a + proju b

PRODUTO INTERNO

Definição:

Sejam a e b dois quaisquer vectores de R3 e seja θ o ângulo formado por a e b . Chamamos


produto interno dos vectores a e b ao número real

a|b = ||a|| ||b|| cosθ

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Observações:
p
||a|| = a |a|


Em particular a|a = 0 ⇔ a = 0 e


a|a > 0, se a 6= 0
Reparemos ainda que


a|b = ||a||proja b, se a 6= 0 e


a|b = ||b||projb a, se b 6= 0


proja b = ||b||cosθ, θ = ](a, b) se a 6= 0

Propriedades:

1. a|b = b|a
2.λ(a|b) = (λa)|b = a|(λb), λ ∈ R
3. (a + b)|c = a|c + b|c
4. a|(b + c) = a|b + a|c

Definição:

Sejam v1 , v2 , . . . , vk vectores de R3
Dizemos que (v1 , v2 , . . . , vk ) é uma sequência ortogonal de vectores se os vectores v1 , v2 , . . . , vk
são ortogonais dois a dois, isto é,
vi |vj = 0 se i 6= j
Dizemos que uma base (e1 , e2 , e3 )de R3 é uma base ortogonal se é uma sequência ortog-
onal de vectores.
Dizemos que é uma base ortonormada se é uma base ortogonal constituı́da por vectores
de norma 1.
Observações:

1. Se (v1 , v2 , . . . , vk ) é uma sequência ortogonal de vectores não nulos de R3 então é uma


sequência de vectores linearmente independentes e, portanto k ≤ 3.

2. Sejam (e1 , e2 , e3 ) uma base ortonormada de R3 e x um vector de R3 . Então existem


x1 , x2 , x3 ∈ R tais que x = x1 e1 + x2 e2 + x3 e3 .

Os co-senos directores do vector x relativamente a (e1 , e2 , e3 ) são dados por


x1 x2 x3
, ,
||x1 || ||x2 || ||x3 ||

Teorema:

Sejam (e1 , e2 , e3 ) uma base de R3 . Então, dados dois vectores u = u1 e1 + u2 e2 + u3 e3


e v = v1 e1 + v2 e2 + v3 e3 , temos:

3
X
u|v = (ui vj )(ei |ej )
i,j=1

Além disso, se a base (e1 , e2 , e3 ) é ortonormada,

u|v = u1 v1 + u2 v2 + u3 v3

3
Corolário:

Seja (e1 , e2 , e3 ) uma base ortonormada de R3 . Então para um vector u = u1 e1 + u2 e2 +


u3 e3 de R3 , tem-se: q
||u|| = u21 + u22 + u23

O produto externo e o produto misto


Definição:

Seja (e1 , e2 , e3 ) uma base de R3 e


P = M (idR3 ; (e1 , e2 , e3 ); ((1, 0, 0), (0, 1, 0), (0, 0, 1))).
Dizemos que (e1 , e2 , e3 ) é uma base directa de R3 se |P | > 0. Se|P | < 0 dizemos que a
base é inversa.

Observação: A base canónica de R3 é directa.

Definição: Sejam u e v dois vectores de R3 . Chamamos produto externo ou produto vectorial do


vector u pelo vector v, ao vector de R3 , que denotamos por u × v ou por u ∧ v definido
do seguinte modo:


1. Se ue v são linearmente dependentes então u × v = 0 .

2. Se u e v são linearmente independentes, u × v é o vector perpendicular aos vectores u


e v de norma igual a
||u||||v||sen(θ)
tal que(u, v, u×v) é uma base directa de R3 , sendo θ o ângulo formado pelos vectores u
e v.

Observações:

• O produto externo não é comutativo.


• O produto externo não é associativo.

Definição:

Sejam u , v e w três vectores de R3 . Ao número real (u × v)|w chamamos produto


misto dos vectores u , v e w (por esta ordem).

Propriedades do produto misto:

Sejam u , v e w três vectores de R3 . Então:

1. (u × v)|w = 0 se, e só se, os vectores u ,v e w são linearmente dependentes;

2. (u × v)|w > 0 se, e só se, (u, v, w) é uma base directa de R3 ;

3. (u × v)|w < 0 se, e só se, (u, v, w) é uma base inversa de R3

4. (u × v)|w = (w × u)|v = (v × w)|u;

5. (u × v)|w = −(v × u)|w = −(w × v)|u = −(u × w)|v;

6. (u × v)|w = u|(v × w).

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Propriedades do produto externo:
Sejam u , v e w três vectores de R3 e λ um número real. Então:

1. u × v = −v × u;

2. λ(u × v) = (λu) × v = u × (λv);

3. (u + v) × w = (u × w) + (v × w);

4. u × (v + w) = (u × v) + (u × w).

Teorema:

Seja (e1 , e2 , e3 ) uma base ortonormada directa de R3 . Então


u × v = (α2 β 3 − α3 β 2 )e1 + (α3 β 1 − α1 β 3 )e2 + (α1 β 2 − α2 β 1 )e3
para quaisquer vectores de R3
u = α1 e1 + α2 e2 + α3 e3 e v = β 1 e1 + β 2 e2 + β 3 e3 .

Observação: Nas condições do teorema anterior é usual escrevermos simbolicamente:

¯ ¯
¯ e1 e2 e3 ¯
¯ ¯
u × v = ¯¯ α1 α2 α3 ¯¯
¯ β β β ¯
1 2 3

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Teorema:

Seja (e1 , e2 , e3 ) uma base ortonormada directa de R3 . Então dados três vectores
u = u1 e1 + u2 e2 + u3 e3 , v = v1 e1 + v2 e2 + v3 e3 , e w = w1 e1 + w2 e2 + w3 e3 temos:

¯ ¯
¯ u1 u2 u3 ¯
¯ ¯
(u × v)|w = ¯¯ v1 v2 v3 ¯
¯
¯ w1 w2 w3 ¯

Aplicações

1. Considere-se o seguinte paralelogramo

A área do paralelogramo é dada por

−−→ −→
||OC × OA||

6
−→ −−→ −−→
2. Sejam u = OA, v = OB e w = OC três vectores não complanares de R3 . Então os
vectores u , v, e w definem um paralelipı́pedo de volume não nulo :

O volume deste paralelipı́pedo é dado por

¯³−→ −−→´ −−→¯


¯ ¯
¯ OA × OB |OC ¯

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RECTA E PLANO
Representação cartesiana da recta
Definição:

Designa-se por representação cartesiana de uma recta a uma equação ou sistema de equações
cujas soluções são as coordenadas dos seus pontos em relação a um certo referencial.
Dado um ponto P = (a, b, c) duma recta e um vector u = (u1 , u2 , u3 ) com a direcção
dessa mesma recta, um ponto qualquer (x, y, z) da recta é dado por:

(x, y, z) = (a, b, c) + λ(u1 , u2 , u3 ), λ ∈ R


EQUAÇÃO VECTORIAL DA RECTA


 x = a + λu1
y = b + λu2 , λ ∈ R

z = c + λu3
EQUAÇÕES PARAMÉTRICAS DA RECTA

Para u1 6= 0, u2 6= 0 e u3 6= 0,

x−a y−b z−c


= =
u1 u2 u3
EQUAÇÕES NORMAIS DA RECTA

Estas equações vêm:

Para u1 = 0, u2 6= 0 e u3 6= 0,
y−b z−c
x=a e =
u2 u3

Para u1 6= 0, u2 = 0 e u3 6= 0,
x−a z−c
y=b e =
u1 u3

Para u1 6= 0, u2 6= 0 e u3 = 0,

x−a y−b
z=c e =
u1 u2

Se u1 = 0, u2 = 0 e u3 6= 0,

X∈R⇔x=aey=b

Se u1 = 0, u2 6= 0 e u3 = 0,

X∈R⇔x=aez=c

Se u1 6= 0, u2 = 0 e u3 = 0,

X∈R⇔y=bez=c

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Para u3 6= 0 temos ainda que se:

u1 u2 cu1 cu2
m= ,n = ,p = a − e q =b− ,
u3 u3 u3 u3

Então

½
x = mz + p
y = nz + q
EQUAÇÕES REDUZIDAS DA RECTA

Representação cartesiana do plano

Dado um ponto P = (p1 , p2 , p3 ) dum plano e dois vectores u = ( u1 , u2 , u3 ) e v = (v1 , v2 , v3 )


linearmente independentes, um ponto qualquer (x, y, z) do plano definido pelo ponto P e
pelos vectores u e v é dado por:

(x, y, z) = (p1 , p2 , p3 ) + λ( u1 , u2 , u3 ) + µ(v1 , v2 , v3 ), λ, µ ∈ R


EQUAÇÃO VECTORIAL DO PLANO


 x = a + λu1 + µv1
y = b + λu2 + µv2 , λ, µ ∈ R

z = c + λu3 + µv3
EQUAÇÕES PARAMÉTRICAS DO PLANO

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Por outro lado sabemos que

X ∈ P ⇔ X ∈ P + h u, vi ⇔
−−→ −−→
⇔ P X ∈ h u, vi ⇔ P X | (u × v) = 0 ⇔
¯ ¯
¯ x − p1 y − p2 z − p3 ¯
¯ ¯
⇔ ¯¯ u1 u2 u3 ¯¯ = 0
¯ v1 v2 v3 ¯

Assim os pontos do plano P são os pontos de R3 que são solução da equação linear nas
variaveis x, y e z:

ax + by + cz + d = 0
EQUAÇÃO GERAL DO PLANO

Sabemos que (a, b, c) são as coordenadas dum vector perpendicular ao plano P.

INCIDÊNCIA E PARALELISMO

• Sejam P1 e P2 dois planos, P1 e P2 verificam uma e uma só das condições:

a) P1 = P2

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b) P1 e P2 são estritamente paralelos

c) A intersecção de P1 com P2 é uma recta

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• Seja P1 um plano e R1 uma recta, P1 e R1 verificam uma e uma só das condições:
a) R1 ⊆ P1

b) R1 é estritamente paralela a P1

c) A intersecção de R1 com P1 é um ponto, ou seja, a recta R1 e o plano P1 são


concorrentes.

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• Sejam R1 e R2 duas rectas, R1 e R2 verificam uma e uma só das seguintes
condições:
a) R1 = R2
b) R1 e R2 são estritamente paralelas

c) R1 e R2 são concorrentes

d) R1 e R2 são enviezadas.

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DISTÂNCIAS
• Distância entre dois pontos
Sejam P = (a, b, c) e Q = (x, y, z) dois pontos de R3 .

Então:
−−→ p
d(P, Q) = ||P Q|| = (x − a)2 + (y − b)2 + (z − c)2
• Distância de um ponto a um plano
P = (x0 , y0 , z0 ) ∈ R3 P um plano
Seja R a recta perpendicular ao plano P que passa pelo ponto P . Se Q é o ponto de
intersecção desta recta com o plano P .
−−→
d(P, P) = d(P, Q) = ||P Q||

M ∈ P, w⊥P
¯ −−→¯
¯ ¯ ¯ ¯
¯ −−→¯ ¯w|M P ¯
d(P, P) = ¯projw M P ¯ =
kwk

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Se o plano P está representado pela equação vectorial:

X = M + λ u + µv, λ, µ ∈ R

Dado que o vector u × v é perpendicular ao plano P, da equação anterior vem:

¯ −−→¯¯
¯ ¯ ¯
¯ −−→¯ ¯u × v|MP¯
d(P, P) = ¯proju×v M P ¯ =
ku × vk

Se o plano P é representado pela equação geral

ax + by + cz + d = 0

|ax0 + by0 + cz0 + d|


d(P, P) = √
a2 + b2 + c2

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• Distância dum ponto a uma recta

Sejam P um ponto de R3 e R uma recta. Dado um ponto M da recta R sabemos que:

°−−→°
° °
d(P, R) = °M P ° senθ

Se u é um vector director da recta então:

° −−→°
° °
°u × M P °
d(P, R) =
kuk

Se S é a recta que passa pelo ponto P e é perpendicular e concorrente no ponto Q com


a recta R, então :

−−→
d(P, R) = d(P, Q) = ||P Q||

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• Distância entre dois planos
Sejam P e P’ dois planos

1. Se os planos são coincidentes

d(P, P 0 ) = 0

2. Se os planos P e P’ se intersectam segundo uma recta então:

d(P, P 0 ) = 0

3. Se os planos P e P’ são estritamente paralelos a distância entre P e P’ é igual à


distância de um ponto qualquer de P ao plano P 0 .

d(P, P 0 ) = d(P, P 0 )com P ∈ P

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• Distância de uma recta a um plano

1. Se a recta e o plano são concorrentes:

d(R, P) = 0

2. Se a recta R é paralela ao plano P

d(P, R) = d(P, P), P ∈ R

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• Distância entre duas rectas

1. Se as rectas são concorrentes:


d(R, R0 ) = 0

2. Se as rectas são paralelas:

d(R, R0 ) = d(P, R0 ), P ∈ R

3. Se a recta R é paralela ao plano P que contêm a recta R0 , i. e., R e R0 são enviezadas,


e u e v são os vectores directores de R e R0 respectivamente

¯ −−→¯¯
¯
¯u × v|QP ¯
d(R, R0 ) = , P ∈ R, Q ∈ R0
ku × vk

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ÂNGULOS

• Ângulo de duas rectas

Sejam R1 e R2 duas rectas cujos vectores directores são u e v respectivamente

|u|v|
](R1 , R2 ) = Arc cos
kuk kvk

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• Ângulo de uma recta com um plano

Seja P um plano, R uma recta e R0 uma recta perpendicular a P

π
](R, P) = − ](R, R0 )
2

Se w é um vector director da recta e u e v são os vectores directores do plano então


k = u × v é um vector director de R0 e:

|w| k|
](R, P) = Arc sen
kwk kkk

Se o plano P é representado pela equação geral ax + by + cz + d = 0

vem que k = (a, b, c) e sendo w = ( w1 , w2 , w3 )

|aw1 + bw2 + cw3 |


](R, P) = Arc sen √ p
a2 + b2 + c2 w12 + w22 + w32

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• Ângulo de dois planos
Sejam P1 e P2 dois planos e k1 e k2 dois vectores perpendiculares a P1 e P2 respectiva-
mente

|k1 |k2 |
](P1 , P2 ) = Arc cos
kk1 k kk2 k
Suponhamos que a1 x + b1 y + c1 z + d1 = 0 e a2 x + b2 y + c2 z + d2 = 0 são as equações
gerais de
P1 e P2 respectivamente,

|a1 a2 + b1 b2 + c1 c2 |
](P1 , P2 ) = Arc cos p 2 p
a1 + b21 + c21 a22 + b22 + c22

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