Bad News: o perfil do lendário obituarista do The New York
Times”
Alden Whitman por Gay Talese
Isabela Landim Isabela.lndim@gmail.com
“ A morte, que obcecava Hemingway e amesquinhou John Donne, representa
para Alden Whitman um trabalho de cinco dias por semana de que gosta muito, e ele com certeza morreria mais cedo se lhe tirassem de sua função e o colocassem como copidesque e não pudesse mais escrever obituários” tal frase, sobre o obituarista do The New York Times, assim como muitas outras um tanto quanto emblemáticas encontram- se escritas pelas mãos de um exímio mestre do jornalismo literário, Gay Talese em sua obra” Fama e Anonimato” publicada pela Companhia das Letras. O texto, intitulado “ “Mr. Bad News: o perfil do lendário obituarista do The New York Times” trata te trazer a um jornalista anônimo, cujos obituários, verdadeiras obras de letras escritas aos mortos se tornaram lendários no jornal nova-iorquino The New York Times. Alden Whitman, o obtuarista de quem se trata o perfil e o homem que se cercava de morte, não tinha nada de muito mórbido em si, sendo ele calmo e previsível, cercado por uma rotina diária inabalável. No entanto, “ o senhor más noticias” mantinha diversos obituários semiprontos , aos quais sempre atualizava e muitas vezes confundia vivos e mortos. Casado duas vezes, e com dois filhos, era feliz em meio a Editoria de Notícias Locais, do tamanho de um ou dois campos de futebol, onde ocupava uma mesa ao fundo da sala e assistia seus colegas enlouquecerem no dia a dia barulhento e recheado de noticias de uma redação. Alden, no entanto, podia se concentrar naqueles que passariam dessa para a melhor” tão logo sua hora chegasse. O homem não se acanhava em tomar notas dos vivos para quando a morte destes viesse, assim como não fazia grande caso dela. De fato, confessa a Talese que muitas vezes, após escrever um belo obituário antecipado, aguardava impacientemente o momento em que o referido falecerá para então, ver seu texto desfilar marcha fúnebre na página do jornal. São estas e outras informações curiosas, não apenas sobre Whitman, mas sobre o oficio, que Talese se concentra ao homenagear o obituarista em seu livro. Com seu talento único para a literariedade própria do New Journalism, estilo que ele próprio e alguns outros punhados de grandes nomes podem dizer-se fundadores, Gay enriquece o texto com uma eximia escolha de informações, bem como um aprimoramento de detalhes cuja riqueza poderia se estender ainda pelo dobro de páginas, sem que o leitor se cansasse de saber sobre as façanhas do trabalho nada glamoroso de um homem que escreve sobre pessoas mortas. A pesar da homenagem, Talese não deixa de ressaltar a pesquisa de um bibliotecário cujo resultado pode ser interpretado como uma critica direta ao jornal e ao trabalho de quem o perfil se refere. Tal informação se encontra no trecho “A acreditar apenas no que é publicado no Times, porém, a mais alta taxa de mortalidade se registra entre diretores de empresas, observou o sr. Vaulchier” o tal bibliotecário “Os almirantes, no Times, em geral têm obituários maus longos que os generais, continuou ele, os arquitetos tem mais prestigio que os engenheiros, os pintores maus que outros artistas, e estes sempre parecem morrer em Woodstock, Nova York. As mulheres e os negros, ao que parece, raramente morrem. Os redatores de obituários nunca morrem”