Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
O conhecimento é uma das heranças da humanidade. Se, por um lado, o conhecimento é uma
identidade histórica, por outro lado, de acordo com Francis Bacon, é um poder. Vejamos: com o
conhecimento as sociedades ganham o poder de realizar grandes conquistas tanto para si, como
sociedades particulares, quanto para a humanidade no geral. Quando dizemos que o
conhecimento é uma das heranças da humanidade, fazemo-lo tendo em conta que não existe, até
então, uma sociedade composta por indivíduos da espécie humana que seja desprovida de
conhecimento.
Certos tipos de conhecimentos como a religião, a filosofia e a moral foram vítimas de uma
tendência epistemológica que dominou toda modernidade, chamada de positivismo. Esta corrente
possui cânones, balizas, que determinam aquilo que é conhecimento e aquilo que não é. Seus
cânones são: a verificação, a mensuração, a experimentação, a quantificação e a análise.
A ecologia de saberes elimina aquela ideia positivista de que o conhecimento é legitimado pela
sua performance, isto é, agora o importante não são os resultados quantificáveis que o
conhecimento traz, mas que determinado conhecimento seja capaz de resolver problemas
concretos de uma determinada comunidade.
A ecologia das temporalidades reconhece que existem outras temporalidades, outros espaços e
outros tempos coexistindo em simultâneo, isto é, existe uma Europa com supertecnologia e uma
ilha no sul da Ásia com conhecimentos locais, culturais; ambas temporalidades são igualmente
contemporâneas, não há uma que deve ser considerada mais avançada do que a outra. É nisto que
reside a ecologia das temporalidades.
A ecologia do reconhecimento é uma proposta para a descolonização das mentes presas naquela
lógica das hierarquias epistemológicas positivistas, que são hierarquias de diferenças. “Somente
devemos aceitar as diferenças que restem depois que as hierarquias forem descartadas”
(SANTOS; 2009: 35).
Por fim, temos a ecologia das produtividades. Este tipo de ecologia considera sistemas
alternativos de produção, ocultados e desacreditados pela economia capitalista. Santos 2009)
apresenta um raciocínio que leva a considerar paradoxal e inconcebível a existência de diferenças
profundas entre seres humanos num quadro de dissolução de fronteiras. Deste modo, Santos
defende que o processo de globalização hegemónica, através da lógica de mercado e dos valores
que promove, tem produzido efeitos profundamente negativos nos povos africanos.
BIBLIOGRAFIA
SANTOS, Boaventura de Sousa. Um Discurso Sobre as Ciências. 5.ed., São Paulo, Cortez, 2008.