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CONCLUSÃO

Os anos 70 do século XX, inauguraram uma nova linha de abordagem relativa às vivências da
humanidade. Uma época em que tudo é vivenciado na velocidade máxima, a hipermodernidade,
uma sociedade que sugere a superação da pós-modernidade, por ser considerada mais moderna
que a própria modernidade, dada a sua extrema velocidade na desenvoltura das suas práticas
relativamente a todos os factores que propiciam o desenvolvimento bioético do homem que vive
na sociedade hiperbólica.

Este trabalho possibilitou a compreensão das características do período considerado como a


terceira fase da sociedade de consumo, o período dos excessos: o aprofundamento da economia
de mercado, a invasão quotidiana dos mass midia nas vidas das pessoas, a improcedência de uma
autonomia colectivizada. Com a intensificação dos alicerces da hipermodernidade, a reflexão
sobre as preocupações comummente associadas ao consumo excessivo da moda, das marcas, da
estética, da arte, da alimentação, da intimidade alheia, tem levantado na comunidade académica,
debates acesos em relação ao significado do consumo em nossas vidas. Com isso, pôde-se
perceber a pertinência da compreensão das relações sociais metamorfoseadas pelo consumo
hiperbólico e a necessidade de uma reflexão em torno do lugar da ética nos novos moldes
sociais.

Para que fosse possível a compreensão dessa realidade, foram definidos três objectivos
específicos que tentamos alcançar em três capítulos distintos. O primeiro, fez a contextualização
e conceptualização histórica e filosófica do processo de construção da sociedade do
hiperconsumo, o que demandou uma compreensão de todas as fases que compõem a sociedade
de consumo, juntamente com os seus elementos de transição. Em cada fase da sociedade de
consumo reina uma psicologia distinta em relação ao consumo, isto é, um modo de pensar e
conceber o consumo e as necessidades de consumo, diferentes modos de conceber o consumo e
suas derivações na esfera da vida pública e privada. O segundo, explicou de que modo, na
sociedade actual, se realiza o processo da passagem do hiperconsumismo às decepções crónico-
reflexivas, o individualismo e a publicitação da via privada ao público. Nesta senda, o tempo
mostra-se relativamente curto para o alcance de tudo que, à primeira vista, é acessível a todos. A
publicidade e o marketing transmitem a sensação de tudo estar ao alcance de todos, até para
quem é impossibilitado.
Devido às metamorfoses criadas pela terceira fase da sociedade de consumo, nada e nem
ninguém está isento de cair, nas mazelas da decepção acompanhada pelo tempo, uma patologia
quase que negligenciada, a saber: stress psicológico.

O terceiro capítulo analisou a necessidade de uma ética reguladora das relações sociais face ao
consumismo hipermoderno, com especial enfoque no consumo mais característico da
hipermodernidade: o consumo da intimidade alheia. Neste diapasão, foi necessário debruçar
sobre a relação da necessidade de compreender como são materializadas as relações
hipermodernas na ausência de uma ética reguladora dos comportamentos consumistas
exacerbados. Nessa análise, percebeu-se como podemos harmonizar a ética e o
hiperconsumismo, sem que um aniquile o outro.

De modo a alcançar tal proeza, seguindo a linha de pensamento de nosso autor, propusemos que
houvesse mais consumo, porém, que seja para fins benéficos e que desenvolvam tanto o
indivíduo quanto a sociedade, como o consumo de alimentos com o intuito de reduzir a fome e a
desnutrição, o consumo de mercadorias para o desenvolvimento económico, entre outros. E,
simultaneamente, propusemos que houvesse menos consumo, no sentido do consumo que não
produz ou não leva ao bem individual e colectivo, como o consumo das pornografias, que deve
ser impedido aos menores de idade, pois isso prejudica sua educação sexual, entre outros
consumos que consideramos necessária sua redução, pois só assim, com base nesta ética
reguladora do consumo, poderemos ter relações sociais saudáveis, bem como as relações
pessoais e conjugais.

Colocando freios no consumo da intimidade alheia, teremos como conviver com os outros sem
aqueles sentimentos maléficos de inveja e intenções tenebrosas para com os vizinhos e amigos.
Colocando freios, também, na forma de exposição de nossas conquistas e fortunas, evitaremos
ser alvos do mal da inveja, e seremos capazes de cultivar amizades verdadeiras, não por interesse
aos bens materiais que um e outro possam ter. Similarmente, reduzindo o consumo da intimidade
alheia, serão reduzidos os casos de difamação e maledicência entre os indivíduos da sociedade, o
que propiciará no desenvolvimento inter-relacional entre os membros da sociedade, ou pelo
menos reduzirá os casos de intrigas e contendas.

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