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Eron Campos Saraiva de Andrade – CPF 504575944-20, CREA 5509-D/AL, Engenheiro Eletricista, Perito
nomeado nos autos do processo em referência, vem apresentar o LAUDO TÉCNICO PERICIAL a seguir, em
atendimento à honrosa designação de Vossa Excelência.
Este perito conclui seu convencimento, baseado nos fatos e estudos contidos neste laudo, que o medidor, objeto
da perícia, foi adulterado de forma a medir o consumo da REQUERENTE sempre com um valor a
menor do que o consumo real. A partir dos testes e ensaios realizados no medidor o erro encontrado foi de -
65,82% contra a REQUERIDA. Não foi possível determinar quando o medidor foi adulterado. Observou-se
também que o procedimento de adulteração do medidor foi sofisticado e de difícil percepção em uma inspeção
visual simples. Este perito sugere que o cálculo para recuperação da receita, tome como base a média dos
Laudo Técnico Pericial 04/11/2019
primeiros seis meses de consumo posteriores a descoberta da irregularidade, cujo valor é de 12.107,83kWh.
Refazendo-se os cálculos, o valor de receita a ser recuperada é de 47.140,98kWh.
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LAUDO TÉCNICO PERICIAL
Índice
1 IDENTIFICAÇÃO DO PROCESSO E DAS PARTES. ..................................................................................... 1
2 SÍNTESE DO RESULTADO DA PERÍCIA TÉCNICA ..................................................................................... 1
3 OBJETIVO DA PERÍCIA.................................................................................................................. 4
4 OBJETO DA PERÍCIA. ................................................................................................................... 4
5 IDENTIFICAÇÃO DO PERITO JUDICIAL. .............................................................................................. 4
6 IDENTIFICAÇÃO DOS ASSISTENTES TÉCNICOS DAS PARTES. ....................................................................... 4
7 DEFINIÇÕES E CONCEITOS. ........................................................................................................... 4
8 PREMISSAS E RESTRIÇÕES NO TRABALHO PERICIAL. ............................................................................... 6
8.1 PREMISSA. ........................................................................................................................ 6
8.2 RESTRIÇÕES. ..................................................................................................................... 7
9 ESCOPO DE TRABALHO DA PERÍCIA. ................................................................................................. 7
10 NORMAS E DOCUMENTOS DE APOIO UTILIZADAS NA PERÍCIA. .................................................................. 7
11 METODOLOGIA ADOTADA PARA OS TRABALHOS PERICIAIS. ..................................................................... 8
11.1 DIAGRAMA DO PROCESSO PERICIAL. ......................................................................................... 8
11.2 FLUXOGRAMA DO PROCESSO PERICIAL. ..................................................................................... 9
12 EXECUÇÃO DA PERÍCIA. ............................................................................................................. 10
12.1 EXAME DOCUMENTAL. ....................................................................................................... 10
12.1.1 DA DOCUMENTAÇÃO PRESENTE NOS AUTOS DO PROCESSO. ...................................................... 10
12.2 ENTREVISTAS E CONVERSAS.................................................................................................. 13
12.3 VISTORIA E INSPEÇÃO TÉCNICA. ............................................................................................ 13
12.3.1 DA LOCALIZAÇÃO ONDE O MEDIDOR ESTAVA INSTALADO ......................................................... 13
12.3.2 DO OBJETO PERICIADO ................................................................................................. 16
12.3.3 DO CÁLCULO DE RECUPERAÇÃO DA RECEITA ........................................................................ 23
12.4 RESPOSTA AOS QUESITOS .................................................................................................... 23
12.4.1 QUESITOS PERICIAIS DA REQUERIDA ELABORADO EM 07-05-2013 ............................................ 23
12.4.2 QUESITOS PERICIAIS DO REQUERENTE ............................................................................ 25
13 CONCLUSÃO. ......................................................................................................................... 25
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ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1-Diagrama do processo pericial .............................................................................................................. 8
ÍNDICE DE FOTOS
Foto 1 - Estabelecimento Bistecão .................................................................................................................... 14
Foto 2-Acesso restrito ao medidor - porta de ferro ............................................................................................... 14
Foto 3-Detalhe do acesso ao medidor com a porta aberta ........................................................................................ 15
Foto 4-Padrão de entrada onde o medidor estava instalado ...................................................................................... 15
Foto 5-Detalhe do medidor que substituiu o antigo dentro do padrão de entrada ........................................................... 16
Foto 6-Vista superior do medidor .................................................................................................................... 17
Foto 7-Vista frontal do medidor ...................................................................................................................... 17
Foto 8-Vista lateral direita do medidor .............................................................................................................. 18
Foto 9-Vista lateral esquerda do medidor ........................................................................................................... 18
Foto 10-Vista posterior do medidor .................................................................................................................. 19
Foto 11-Corte dos condutores de alimentação das bobinas de potencial A e C .............................................................. 19
Foto 12-Detalhe do corte realizado em um dos condutores de alimentação das bobinas de potencial ................................... 20
Foto 13-Placa de circuito impresso com os LEDs jumpeados ................................................................................... 21
Foto 14-Detalhe de outro medidor com o circuito impresso normal, sem jumpers. ....................................................... 21
Foto 15-Medidor periciado em bancada de ensaios, ilustrando os LEDs acesos .............................................................. 22
Foto 16-Ensaio de verificação do erro do medidor ................................................................................................ 22
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3 Objetivo da perícia.
Verificar se houve adulteração no medidor de energia elétrica, objeto da perícia e, no caso de confirmação da
violação, determinar qual o valor devido da diferença de consumo.
4 Objeto da perícia.
O objeto da perícia é o medidor de energia elétrica ATIVA tipo ELETROMECÂNICO, do fabricante FAE,
modelo MFT-120G, ano de fabricação 2008, série 02444314, número de patrimônio 1115197.
7 Definições e conceitos.
Para os efeitos desse laudo técnico aplicam-se as seguintes definições constantes nas normas da ABNT e nas
normas do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia - IBAPE:
Potência ATIVA: É o produto da tensão fornecida a uma carga pelo valor da corrente elétrica que passa por ela.
Essa potência elétrica é a que possibilita o equipamento desempenhar suas funções, por exemplo, uma lâmpada
iluminar um ambiente, um ar-condicionado refrigerar uma sala, um motor girar, um ferro aquecer, etc. Sua
unidade de medida é expressa, normalmente, em kW (quilo watt).
Energia Elétrica ATIVA: É o produto da potência ativa de uma carga pela quantidade de tempo em que ela
ficou ligada. Sua unidade de medida é expressa, normalmente, em kWh (quilo watt hora).
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Medidor de energia elétrica ativa polifásico, classe 2: Medidor de energia ativa polifásico, cujos erros
não excedam 2% para todos os valores de corrente entre 10% de corrente nominal e a corrente máxima, com
fator de potência unitário
Partes do medidor
Base: Parte do medidor destinada à sua instalação e sobre a qual são fixadas a estrutura, a tampa do medidor, o
bloco de terminais e a tampa do bloco de terminais.
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Terminal de prova: Dispositivo destinado a separar o circuito de potencial, do circuito de corrente do mesmo
elemento motor para fins de ensaios.
Bloco de terminais: Suporte de material isolante no qual são agrupados os terminais do medidor.
Tampa do bloco de terminais: Peça destinada a cobrir e proteger o bloco de terminais, o(s) furo(s)
inferior(es) de fixação do medidor e o compartimento do bloco de terminais, quando existir.
Mostrador: Placa que contém abertura para leitura dos algarismos do ciclômetro.
Primeiro cilindro ciclométrico: Cilindro do ciclômetro que indica a menor quantidade de energia expressa
em números inteiros de quilowatts-hora.
Elemento motor: Conjunto formado pela bobina de potencial e seu núcleo, por uma ou mais bobinas de
corrente e seu núcleo, destinado a produzir um conjugado motor sobre o elemento móvel.
Núcleos: Conjunto de lâminas de material magnético que forma os circuitos magnéticos das bobinas de potencial
e de corrente.
Bobina de corrente: Bobina cujo campo magnético resultante é função da corrente que circula no circuito cuja
energia se pretende medir.
Bobina de potencial: Bobina cujo campo magnético resultante é função da tensão do circuito cuja energia se
pretende medir.
Elemento móvel: Conjunto formado pelo(s) disco(s), eixo e partes solidárias que gira com velocidade
proporcional à potência do circuito cuja energia se pretende medir.
Mancais: Conjunto de peças destinadas a manter o elemento móvel em posição adequada a permitir sua rotação.
Elemento frenador: Conjunto compreendendo um ou mais ímãs, destinado a produzir um conjugado frenador
sobre o elemento móvel.
Constante do disco (Kd): Número de watts-hora correspondentes a uma rotação completa do elemento
móvel.
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Constante do registrador (K): Número pelo qual se deve multiplicar a leitura do mostrador para se obter a
quantidade de energia medida.
Constante primária (Kdp): Constante do disco multiplicada pela relação de transformação dos
transformadores para instrumentos associados ao medidor.
Erro absoluto: Diferença entre as quantidades de energia medida pelo medidor e o medidor padrão ou
determinada pelo Método da Potência x Tempo. Se a diferença for negativa, o medidor está atrasado, se positiva,
o medidor está adiantado.
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Erro relativo: Relação entre o erro absoluto e a quantidade de energia medida pelo medidor padrão ou
determinada pelo método da Potência x Tempo.
Erro percentual admissível: Maior erro percentual do medidor admitido na NBR 8377.
Exatidão percentual: Relação entre as quantidades de energia medidas pelo medidor e pelo medidor padrão
(ou determinada pelo Método de Potência x Tempo) multiplicada por 100.
Relação de acoplamento (Ra): Número de rotações do elemento móvel, correspondente a uma rotação
completa da primeira engrenagem motora do registrador.
Relação total das engrenagens (Re): Número de rotações do elemento móvel correspondente a uma rotação
completa do cilindro ciclométrico da unidade de kWh.
Tensão nominal: Tensão para a qual o medidor é projetado e que serve de referência para a realização dos
ensaios constantes na NBR 8377.
Laudo: Peça na qual o perito, profissional habilitado, relata o que observou e dá as suas conclusões ou avalia,
fundamentadamente, o valor de coisas ou direitos.
8.1 Premissa.
Uma premissa é algo (documento, equipamento, serviço, instalações, pessoas, etc.) que o perito, durante o
planejamento do processo pericial, considera ter disponível ou possuir acesso. Premissas que NÃO se
concretizam devem ser avaliadas quanto ao impacto e riscos da perícia. As premissas consideradas pelo perito no
planejamento dessa perícia e suas respectivas avaliações foram:
ok --
de medidores da REQUERIDA.
Acesso às instalações onde o equipamento ok --
estava operando.
Acesso à rede de distribuição da CEB até o ok --
ponto de entrega.
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8.2 Restrições.
Uma restrição é algo (tempo, orçamento, legislação, horários, etc.) que limita, restringe, o processo pericial.
Restrição Avaliação
Na análise do TOI, FL.109 e 110 dos autos do processo, o
REQUERENTE não autorizou os técnicos da REQUERIDA
realizar o levantamento das cargas ligadas ao medidor. Esse
procedimento teria sido importante para estimar com
Não ter o levantamento de cargas relacionadas maior grau de precisão o consumo de energia elétrica do
ao medidor, objeto da perícia. estabelecimento medido pelo medidor.
O fato ocorreu em 2011, portanto, um levantamento de
cargas realizado durante a perícia (12-2016) não faz mais
sentido e, por isso, não foi realizado.
Resposta aos quesitos elaborados pelos assistentes técnicos das partes na inicial. Resposta 3h
a quesitos suplementares ou complementares serão orçados e cobrados a parte.
Total 13h
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11 Metodologia adotada para os trabalhos periciais.
A produção de um laudo pericial precisa estar suportada por uma metodologia que tenha o objetivo de garantir
um padrão na execução do processo pericial, com o objetivo de garantir sua capacidade de reprodução utilizando-
se das mesmas técnicas, instrumentos, conceitos e definições. A metodologia utilizada por este perito cumpre
esse objetivo e tem como referenciais teóricos as Normas da ABNT e o novo CPC.
Entradas Saída
s
Perícia
Ferramentas e
Técnicas
Entradas:
Premissas e Restrições:
Ferramentas e Técnicas
• Análise da documentação;
•
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Saída
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11.2 Fluxograma do processo pericial .
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12 Execução da perícia.
Esse item trata de esclarecer todos os aspectos considerados relevantes para o entendimento dos fatos, na visão
deste perito, e proporcionar o devido embasamento técnico-cientifico para o alcance do objetivo da perícia, qual
seja o de verificar se houve adulteração no medidor de energia elétrica, objeto da perícia e, no caso de
confirmação da violação, determinar qual o valor devido da diferença de consumo.
A síntese dos principais fatos constantes nos autos do processo, na visão deste perito, para atingir o objetivo da
perícia está identificada abaixo por meio do diagrama temporal das ocorrências.
A REQUERIDA recebeu carta (FL. 20 a 37 dos autos do processo) do REQUERENTE com sua
09/03/2012
defesa prévia no âmbito administrativo.
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A REQUERIDA recebeu carta do REQUERENTE informando ter ciência do agendamento da
03/04/2012 perícia, mas solicitou marcação de nova data, posterior ao dia 15-05-2012, pois não se encontrava no
Distrito Federal – FL.50 dos autos do processo.
01/03/2013 A REQUERIDA solicita por meio de petição o exame pericial, haja vista, que existe uma discordância
sobre a legitimidade de consumo aferido pelo medidor, portanto, há necessidade de que haja um
exame técnico quanto a regularidade do medidor – FL. 148 dos autos do processo.
07/05/2013 A REQUERIDA apresentou, por meio de petição, 23 (vinte e três) quesitos a serem respondidos
pelo perito nomeado e identifica o Sr. Paulo Rocha de Almeida como seu assistente técnico – FL. 185
e 186 dos autos do processo.
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Este perito solicitou, por meio de petição, a intimação das partes para realização da perícia técnica no
24/11/2016 dia 15-12-2016, quinta-feira, às 15h no estabelecimento do REQUERENTE com o seguinte plano
de trabalho: (1) Reconhecimento do ponto de entrega de energia e instalações do medidor na unidade
consumidora; (2) Reconhecimento dos procedimentos de ensaio e testes realizados no medidor de
número 1115197, pelo requerido (CEB) – FL 289 dos autos do processo.
Nos autos do processo – FL. 52 e 53 - consta o resultado da perícia realizada pelos técnicos da REQUERIDA no
dia 21-05-2012 sem a presença do REQUERENTE. A perícia foi realizada no laboratório de ensaio em medidores
de energia elétrica da REQUERIDA e constatou: medidor com dois lacres da tampa principal violados,
condutores que alimentam as bobinas de potencial dos elementos A e C ou 1 e 3 interrompidos e jumpers nas
ligações dos LEDs fazendo com que os mesmos permaneçam acesos mesmo com os condutores que alimentam as
bobinas de potencial interrompidas.
Considerações do Perito
De fato a interrupção dos condutores das bobinas de potencial dos elementos A e C do medidor prejudicam a
medição. Nessa condição o giro do disco só recebe a contribuição do conjugado de um elemento, neste caso o
elemento B. Assim, por exemplo, se tivermos esse medidor ligado a uma carga trifásica de 100W durante uma
hora o medidor iria apenas indicar um consumo de aproximadamente 1/3 de 100W, ou seja, 33,33Wh. Este
perito na fase de Vistoria e Inspeção técnica irá periciar o medidor e realizar os devidos ensaios para verificação do
estado de funcionamento do medidor.
Ainda explorando a documentação dos autos do processo encontra-se o registro do histórico de consumo da
unidade e a tela de cadastro do cliente com a declaração da carga instalada.
Considerações do Perito
A partir das informações do histórico de consumo, pode-se gerar, resumidamente, o gráfico a seguir:
Leitura kWh
jan/07 1427
jul/07 1182 kWh
dez/07 1025 16000
jan/08 1318 14000
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jul/08 1311
12000 dez/11; 10133
dez/08 1460
10000
jan/09 861
A
jul/09 1887 8000
dez/09 2936 6000
jan/10 3509 4000
jul/10 3213 nov/11; 4378
2000
dez/10 4171
0
jan/11 3907
fev/11 1886
mar/11 1934
12
abr/11 2491
Pode-se verificar pelo gráfico três patamares diferente de consumo. O
mai/11 2425
primeiro, compreendido entre os meses de jan-2007 a jan-2009, com
jun/11 4037
um consumo abaixo de 2000kWh. Em seguida houve um aumento no
jul/11 4135
consumo e durante o período de dez-2009 à jan-2011 se estabilizou
ago/11 4050
entre 3000kWh e 4000kWh. Em fev-2011 o consumo caiu
set/11 4166
abruptamente, como ilustrado pelo ponto A no gráfico. Em seguida há
out/11 4740
outro período de crescimento até que em nov-2011, com a mudança
nov/11 4378
do medidor, o consumo tem um aumento abrupto, passando de
dez/11 10133
4378kWh, em nov-2011, para 10133kWh em dez-2011, e se
jan/12 11980
estabilizando numa média de 12164kWh.
jul/12 10688
dez/12 12571
jan/13 14099
fev/13 11822
mar/13 13957
abr/13 12069
13
F OTO 1 - E STABELECIMENTO B ISTECÃO
A Foto 2, Foto 3, Foto 4 e Foto 5 ilustram o local exato onde o medidor estava instalado.
F OTO 2-A CESSO RESTRITO AO MEDIDOR - PORTA DE FERRO
14
F OTO 3-D ETALHE DO ACESSO AO MEDIDOR COM A PORTA ABERTA
15
F OTO 5-D ETALHE DO MEDIDOR QUE SUBSTITUIU O ANTIGO DENTRO DO PADRÃO DE ENTRADA
Considerações do Perito
Observa-se pelas fotos que o local onde o medidor estava instalado é de acesso restrito. Para chegar até o medidor
é necessário passar por uma porta de ferro.
O objeto periciado trata-se do medidor de energia elétrica ATIVA tipo ELETROMECÂNICO, do fabricante
FAE, modelo MFT-120G, ano de fabricação 2008, série 02444314, número de patrimônio 1115197.
No dia 15 de dezembro de 2016 este perito foi até o laboratório de ensaio em medidores de energia elétrica da
REQUERIDA onde periciou o medidor e acompanhou os ensaios realizados.
O conjunto de Fotos a seguir ilustram o medidor periciado. Em uma inspeção visual o medidor apresenta
normalidade, sem danos aparentes.
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F OTO 6-V ISTA SUPERIOR DO MEDIDOR
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F OTO 8-V ISTA LATERAL DIREITA DO MEDIDOR
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F OTO 10-V ISTA POSTERIOR DO MEDIDOR
Em seguida o medidor foi aberto para verificação detalhada de seus componentes de funcionamento. De fato,
conforme ilustram as fotos abaixo, houve adulteração especializada no medidor. Verifica-se, por exemplo, na
Foto 12 o cuidado que a pessoa teve para desencapar a fiação de um dos elementos da bobina de potencial e cortar
apenas o cobre (condutor), deixando o isolamento parcialmente cortado, dando a impressão que o condutor ainda
estaria alimentando as bobinas de potencial.
F OTO 11-C ORTE DOS CONDUTORES DE ALIMENTAÇÃO DAS BOBINAS DE POTENCIAL A E C
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F OTO 12-D ETALHE DO CORTE REALIZADO EM UM DOS CONDUTORES DE ALI MENTAÇÃO DAS BOBINAS DE POTENCIAL
Outra adulteração qualificada e confirmada durante a perícia foram os jumpers executados nos LEDs do medidor,
conforme ilustra a Foto 13. Esse procedimento faz com que os LEDs permaneçam acesos mesmo sem as duas
bobinas de potencial estarem alimentadas. Até para um técnico experiente, este tipo de fraude é bastante difícil
de ser detectado apenas com uma inspeção visual. A Foto 14 ilustra outro medidor com os LEDs normais, sem
estarem jumpeados, e a Foto 15 ilustra o medidor periciado na bancada de ensaios com os LEDs acesos, porém
sem o funcionamento (energização) de duas bobinas de potencial.
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F OTO 13-P LACA DE CIRCUITO IMPRESSO COM OS LED S JUMPEADOS
F OTO 14-D ETALHE DE OUTRO MEDIDOR COM O CIRCUITO IMPRESSO NORMAL , SEM JUMPERS .
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F OTO 15-M EDIDOR PERICIADO EM BANCADA DE ENSAIOS , ILUSTRANDO OS LED S ACESOS
Por fim este perito acompanhou os ensaios para verificação de erros no medidor, constatando um erro de -
65,82% na leitura do medidor, contra a REQUERIDA, conforme evidencia-se na Foto 16.
F OTO 16-E NSAIO DE VERIFICAÇÃO DO ERRO DO MEDIDOR
22
12.3.3 Do cálculo de recuperação da receita
O cálculo de recuperação da receita realizado pela REQUERIDA teve por base o § 10 do art. 132 da Resolução da
ANEEL n0 414:2010, abaixo transcrito.
“Art.132. O período de duração, para fins de recuperação da receita, no caso da prática comprovada de procedimentos
irregulares ou de deficiência de medição decorrente de aumento de carga à revelia, deve ser determinado tecnicamente ou pela
análise do histórico dos consumos de energia elétrica e demanda de potência, respeitados os limites instituídos neste artigo.
O cálculo realizado pela REQUERIDA foi o seguinte: em primeiro lugar foi verificado que o máximo consumo
registrado no período anterior à irregularidade foi de 12.410kWh. Ela então multiplicou esse valor por 6
(conforme explicitado no § 10 do art. 132 da Resolução 414:2010 da ANEEL) resultando em 74.460kWh. Desse
valor ela subtraiu o consumo já pago pelo REQUERENTE no período de 6 meses anteriores à constatação da
irregularidade, ou seja de jun-11 a nov-11, que totalizou o valor de 25.506kWh. O resultado dessa subtração
(74460 – 25506) kWh é de 48.954kWh. Esse é o consumo que o REQUERENTE deve a REQUERIDA.
Este perito propõem um cálculo mais adequado, em sua visão, a situação em lide. Ao invés de tomar o máximo
consumo registrado no período anterior à irregularidade como base para os cálculos, utilizar a média dos
primeiros seis meses de consumo posteriores a descoberta da irregularidade. Utilizando-se como base esse
critério o valor base de cálculo seria de 12.107,83kWh (média do consumo dos meses de dez-11 a maio-12).
Refazendo-se os cálculos com esse valor base, tem-se o valor de 47.140,98kWh que o REQUERENTE deve a
REQUERIDA.
Essa memória de cálculo está amparada pelo Art.132 da Resolução 414:2010 da ANEEL, quando menciona que o
período de duração, para fins de recuperação da receita, deve ser determinado, também, pela análise do histórico
dos consumos de energia elétrica.
3. Caso a resposta do item 2 seja positiva, isto indica que os mecanismos internos do medidor poderiam ser
acessados?
Perito) O quesito ficou prejudicado pois a perícia foi realizada com o medidor sem os lacres.
23
5. Em inspeção visual como se encontra o bloco de terminais?
Perito) Entendendo que um ensaio a vazio é um ensaio onde o medidor não está conectado a carga, o
resultado é o disco não girar, ou seja, não há medição de energia.
7. O disco do medidor está normal ou adulterado? Qual o movimento do disco do medidor sob carga? Há
arrastamento do disco do medidor?
Perito) O disco do medidor está normal, não há arrastamento do disco. O movimento do disco sob carga
aparentemente está normal.
13. Os dados de placa (Kd, Rr, Km e Ra) estão de acordo com série numérica ou foram adulterados?
14. Qual é o erro apresentado por este medidor? Este erro é a favor ou contra a CEB?
Perito) Conforme ilustrado na foto 16, página 22 deste Laudo Pericial o erro encontrado foi de -65,82%
contra a CEB.
Perito) Sim. Aparentemente tudo parece estar normal. O registrador ciclométrico sincroniza com a volta
do disco.
Perito) Não. Conforme ilustrado na foto 12, página 20 deste Laudo Pericial os fios das bobinas de potencial
1 (um) e 3 (três) encontravam-se cortados. Observa-se que a pessoa teve o cuidado de desencapar o fio e
cortar apenas o cobre, dessa forma o fio não fica solto, dando a impressão de estar tudo conectado.
24
17. Qual o resultado após um ensaio de exatidão, considerando os erros máximos admissíveis, conforme as
normas aplicáveis ABNT e INMETRO?
18. Qual o resultado após uma aferição realizada por padrão com calibração RBC?
19. O erro encontrado indica que o medidor está normal ou fora dos padrões de funcionamento?
Perito) Sim. Conforme ilustrado nas fotos 11, 12, 13 e 14 das páginas 19, 20 e 21 deste Laudo Pericial a
adulteração foi realizada de forma sofisticada e de difícil percepção. O procedimento realizado para adulterar
o medidor requer pessoa qualificada.
21. Diante dos resultados, pode-se afirmar que o Autor consumiu energia sem a devida medição?
Perito) Pode-se afirmar que a energia consumida pelo Autor estava sendo medida com um erro de 65,82%
contra a CEB, ou seja, a cada 100Wh realmente consumido pelo cliente o medidor só media 34,18Wh.
22. Após a fiscalização e troca do medidor, houve aumento de consumo da unidade consumidora?
Perito) Sim, conforme demonstra a curva de consumo ilustrada na página 12 deste Laudo Pericial.
Perito) Não. O medidor no momento da perícia foi trazido sem estar no invólucro.
13 Conclusão.
Laudo Técnico Pericial 04/11/2019
A perícia teve como objetivo verificar se houve adulteração no medidor de energia elétrica da REQUERENTE e,
no caso de confirmação da violação, determinar qual o valor devido da diferença de consumo. Para isso este
perito analisou e estudou a documentação presente nos autos do processo, conversou com os principais atores
envolvidos nessa ocorrência, realizou vistorias e inspeções no padrão de entrada da REQUERENTE e no
medidor, objeto da perícia.
Este perito conclui seu convencimento, baseado nos fatos e estudos contidos neste laudo, que o medidor, objeto
da perícia, foi adulterado de forma a medir o consumo da REQUERENTE sempre com um valor a
menor do que o consumo real. Não foi possível determinar quando o medidor foi adulterado. Observou-se
também que o procedimento de adulteração do medidor foi sofisticado e de difícil percepção em uma inspeção
visual simples. Este perito sugere que o cálculo para recuperação da receita, tome como base a média dos
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primeiros seis meses de consumo posteriores a descoberta da irregularidade, cujo valor é de 12.107,83kWh.
Refazendo-se os cálculos, o valor de receita a ser recuperada é de 47.140,98kWh.
Sem mais para o momento este perito encerra o laudo pericial composto por 26 páginas, impressas apenas de um
lado e todas rubricadas.
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