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LAUDO TÉCNICO PERICIAL

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUÍZ DE DIREITO DA PRIMEIRA VARA


DA FAZENDA PÚBLICA DO DISTRITO FEDERAL – FÓRUM DESEMBARGADOR
JOAQUIM SOUSA NETO, TJDFT.

Eron Campos Saraiva de Andrade – CPF 504575944-20, CREA 5509-D/AL, Engenheiro Eletricista, Perito
nomeado nos autos do processo em referência, vem apresentar o LAUDO TÉCNICO PERICIAL a seguir, em
atendimento à honrosa designação de Vossa Excelência.

Vara : Primeira Vara da Fazenda Pública do DF


Juiz : Lizandro Garcia Gomes Filho
Diretor (a) : Thaissa Satie Silva Taniguchi
Ação (Classe) : Procedimento Ordinário
Processo nº : 2012.01.1.137987-8
Assunto : Fornecimento de Energia Elétrica
Adelmo Zancanaro, brasileiro, casado, comerciante portador da CI n0
Requerente : 2.656.022 SSP-DF e do CPF n0 127.732.639-87, residente e domiciliado à
QR 405 Cj 10 Lote 28 – Samambaia-DF.
CEB Distribuição S/A, concessionária do serviço público de distribuição de
energia elétrica do Distrito Federal, inscrita no CGC/MF sob o número
Requerida :
07.522.669/0001-92, com sede no SAI – setor de áreas públicas – Lote C –
CEP 71215-902, Brasília-DF.

Brasília, 4 de novembro de 2019


1 Identificação do processo e das partes .
Trata-se do processo de ação declaratória de inexistência de débito c/c pedido de antecipação de tutela em que o
autor requer que seja suspensa a exigibilidade do pagamento de conta de energia elétrica, bem como que a ré seja
impedida de suspender o fornecimento de energia elétrica.

Identifica-se a seguir os dados do processo:

Vara : Primeira Vara da Fazenda Pública do DF


Juiz : Lizandro Garcia Gomes
Diretor (a) : Thaissa Satie Silva Taniguchi
Ação (Classe) : Procedimento Comum
Processo nº : 2012.01.1.137987-8
Assunto : Fornecimento de Energia Elétrica
Adelmo Zancanaro, brasileiro, casado, comerciante portador da CI n0 2.656.022
Requerente : SSP-DF e do CPF n0 127.732.639-87, residente e domiciliado à QR 405 Cj 10 Lote
28 – Samambaia-DF.

CEB Distribuição S/A, concessionária do serviço público de distribuição de energia


Requerido : elétrica do Distrito Federal, inscrita no CGC/MF sob o número 07.522.669/0001-
92, com sede no SAI – setor de áreas públicas – Lote C – CEP 71215-902, Brasília-
DF.

2 Síntese do resultado da perícia técnica


A perícia teve como objetivo verificar se houve adulteração no medidor de energia elétrica do REQUERENTE e,
no caso de confirmação da violação, determinar qual o valor devido da diferença de consumo. Para isso este
perito analisou e estudou a documentação presente nos autos do processo, conversou com os principais atores
envolvidos nessa ocorrência, realizou vistorias e inspeções no padrão de entrada da REQUERENTE e no
medidor, objeto da perícia.

Este perito conclui seu convencimento, baseado nos fatos e estudos contidos neste laudo, que o medidor, objeto
da perícia, foi adulterado de forma a medir o consumo da REQUERENTE sempre com um valor a
menor do que o consumo real. A partir dos testes e ensaios realizados no medidor o erro encontrado foi de -
65,82% contra a REQUERIDA. Não foi possível determinar quando o medidor foi adulterado. Observou-se
também que o procedimento de adulteração do medidor foi sofisticado e de difícil percepção em uma inspeção
visual simples. Este perito sugere que o cálculo para recuperação da receita, tome como base a média dos
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primeiros seis meses de consumo posteriores a descoberta da irregularidade, cujo valor é de 12.107,83kWh.
Refazendo-se os cálculos, o valor de receita a ser recuperada é de 47.140,98kWh.

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LAUDO TÉCNICO PERICIAL
Índice
1 IDENTIFICAÇÃO DO PROCESSO E DAS PARTES. ..................................................................................... 1
2 SÍNTESE DO RESULTADO DA PERÍCIA TÉCNICA ..................................................................................... 1
3 OBJETIVO DA PERÍCIA.................................................................................................................. 4
4 OBJETO DA PERÍCIA. ................................................................................................................... 4
5 IDENTIFICAÇÃO DO PERITO JUDICIAL. .............................................................................................. 4
6 IDENTIFICAÇÃO DOS ASSISTENTES TÉCNICOS DAS PARTES. ....................................................................... 4
7 DEFINIÇÕES E CONCEITOS. ........................................................................................................... 4
8 PREMISSAS E RESTRIÇÕES NO TRABALHO PERICIAL. ............................................................................... 6
8.1 PREMISSA. ........................................................................................................................ 6
8.2 RESTRIÇÕES. ..................................................................................................................... 7
9 ESCOPO DE TRABALHO DA PERÍCIA. ................................................................................................. 7
10 NORMAS E DOCUMENTOS DE APOIO UTILIZADAS NA PERÍCIA. .................................................................. 7
11 METODOLOGIA ADOTADA PARA OS TRABALHOS PERICIAIS. ..................................................................... 8
11.1 DIAGRAMA DO PROCESSO PERICIAL. ......................................................................................... 8
11.2 FLUXOGRAMA DO PROCESSO PERICIAL. ..................................................................................... 9
12 EXECUÇÃO DA PERÍCIA. ............................................................................................................. 10
12.1 EXAME DOCUMENTAL. ....................................................................................................... 10
12.1.1 DA DOCUMENTAÇÃO PRESENTE NOS AUTOS DO PROCESSO. ...................................................... 10
12.2 ENTREVISTAS E CONVERSAS.................................................................................................. 13
12.3 VISTORIA E INSPEÇÃO TÉCNICA. ............................................................................................ 13
12.3.1 DA LOCALIZAÇÃO ONDE O MEDIDOR ESTAVA INSTALADO ......................................................... 13
12.3.2 DO OBJETO PERICIADO ................................................................................................. 16
12.3.3 DO CÁLCULO DE RECUPERAÇÃO DA RECEITA ........................................................................ 23
12.4 RESPOSTA AOS QUESITOS .................................................................................................... 23
12.4.1 QUESITOS PERICIAIS DA REQUERIDA ELABORADO EM 07-05-2013 ............................................ 23
12.4.2 QUESITOS PERICIAIS DO REQUERENTE ............................................................................ 25
13 CONCLUSÃO. ......................................................................................................................... 25

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ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1-Diagrama do processo pericial .............................................................................................................. 8

ÍNDICE DE FOTOS
Foto 1 - Estabelecimento Bistecão .................................................................................................................... 14
Foto 2-Acesso restrito ao medidor - porta de ferro ............................................................................................... 14
Foto 3-Detalhe do acesso ao medidor com a porta aberta ........................................................................................ 15
Foto 4-Padrão de entrada onde o medidor estava instalado ...................................................................................... 15
Foto 5-Detalhe do medidor que substituiu o antigo dentro do padrão de entrada ........................................................... 16
Foto 6-Vista superior do medidor .................................................................................................................... 17
Foto 7-Vista frontal do medidor ...................................................................................................................... 17
Foto 8-Vista lateral direita do medidor .............................................................................................................. 18
Foto 9-Vista lateral esquerda do medidor ........................................................................................................... 18
Foto 10-Vista posterior do medidor .................................................................................................................. 19
Foto 11-Corte dos condutores de alimentação das bobinas de potencial A e C .............................................................. 19
Foto 12-Detalhe do corte realizado em um dos condutores de alimentação das bobinas de potencial ................................... 20
Foto 13-Placa de circuito impresso com os LEDs jumpeados ................................................................................... 21
Foto 14-Detalhe de outro medidor com o circuito impresso normal, sem jumpers. ....................................................... 21
Foto 15-Medidor periciado em bancada de ensaios, ilustrando os LEDs acesos .............................................................. 22
Foto 16-Ensaio de verificação do erro do medidor ................................................................................................ 22
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3 Objetivo da perícia.
Verificar se houve adulteração no medidor de energia elétrica, objeto da perícia e, no caso de confirmação da
violação, determinar qual o valor devido da diferença de consumo.

4 Objeto da perícia.
O objeto da perícia é o medidor de energia elétrica ATIVA tipo ELETROMECÂNICO, do fabricante FAE,
modelo MFT-120G, ano de fabricação 2008, série 02444314, número de patrimônio 1115197.

5 Identificação do perito judicial.


Eron Campos Saraiva de Andrade, CPF 504575944-20, CREA 5509/D – AL, engenheiro eletricista com ênfase
em eletrotécnica pela Universidade Federal da Paraíba. Mestre em gestão do conhecimento e especialista em
redes de computadores pela Universidade Católica de Brasília. Pós-Graduando em Auditoria, Perícias e
Avaliações de Engenharia pelo Instituto de pós-graduação – IPOG. Filiado e membro da diretoria do Instituto
Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia do Distrito Federal. Perito nomeado do juízo na forma do artigo
465 do Código de Processo Civil, conforme especificado na fl. 268 dos autos do processo 2012.01.1.137987-8.

6 Identificação dos assistentes técnicos das partes.


REQUERENTE: Não apresentou nos autos do processo assistente técnico.

REQUERIDA: Paulo Rocha de Almeida, fone (61) 3465-9303

7 Definições e conceitos.
Para os efeitos desse laudo técnico aplicam-se as seguintes definições constantes nas normas da ABNT e nas
normas do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia - IBAPE:

Potência ATIVA: É o produto da tensão fornecida a uma carga pelo valor da corrente elétrica que passa por ela.
Essa potência elétrica é a que possibilita o equipamento desempenhar suas funções, por exemplo, uma lâmpada
iluminar um ambiente, um ar-condicionado refrigerar uma sala, um motor girar, um ferro aquecer, etc. Sua
unidade de medida é expressa, normalmente, em kW (quilo watt).

Energia Elétrica ATIVA: É o produto da potência ativa de uma carga pela quantidade de tempo em que ela
ficou ligada. Sua unidade de medida é expressa, normalmente, em kWh (quilo watt hora).
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Medidor de energia elétrica ativa polifásico, classe 2: Medidor de energia ativa polifásico, cujos erros
não excedam 2% para todos os valores de corrente entre 10% de corrente nominal e a corrente máxima, com
fator de potência unitário

Partes do medidor

Base: Parte do medidor destinada à sua instalação e sobre a qual são fixadas a estrutura, a tampa do medidor, o
bloco de terminais e a tampa do bloco de terminais.

Estrutura: Armação destinada a fixar algumas partes do medidor à base.

Terminais: Dispositivos destinados a ligar o medidor ao circuito a ser medido.

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Terminal de prova: Dispositivo destinado a separar o circuito de potencial, do circuito de corrente do mesmo
elemento motor para fins de ensaios.

Compartimento do bloco de terminais: Parte onde fica localizado o bloco de terminais.

Bloco de terminais: Suporte de material isolante no qual são agrupados os terminais do medidor.

Tampa do bloco de terminais: Peça destinada a cobrir e proteger o bloco de terminais, o(s) furo(s)
inferior(es) de fixação do medidor e o compartimento do bloco de terminais, quando existir.

Registrador: Conjunto formado pelo mostrador, sistema de engrenagens e cilindros ciclométricos.

Mostrador: Placa que contém abertura para leitura dos algarismos do ciclômetro.

Ciclômetro: Tipo de registrador dotado de cilindros com algarismos.

Primeiro cilindro ciclométrico: Cilindro do ciclômetro que indica a menor quantidade de energia expressa
em números inteiros de quilowatts-hora.

Elemento motor: Conjunto formado pela bobina de potencial e seu núcleo, por uma ou mais bobinas de
corrente e seu núcleo, destinado a produzir um conjugado motor sobre o elemento móvel.

Núcleos: Conjunto de lâminas de material magnético que forma os circuitos magnéticos das bobinas de potencial
e de corrente.

Bobina de corrente: Bobina cujo campo magnético resultante é função da corrente que circula no circuito cuja
energia se pretende medir.

Bobina de potencial: Bobina cujo campo magnético resultante é função da tensão do circuito cuja energia se
pretende medir.

Elemento móvel: Conjunto formado pelo(s) disco(s), eixo e partes solidárias que gira com velocidade
proporcional à potência do circuito cuja energia se pretende medir.

Mancais: Conjunto de peças destinadas a manter o elemento móvel em posição adequada a permitir sua rotação.

Elemento frenador: Conjunto compreendendo um ou mais ímãs, destinado a produzir um conjugado frenador
sobre o elemento móvel.

Placa de identificação: Peça destinada à identificação do medidor.

Constantes, erros e relações

Constante do disco (Kd): Número de watts-hora correspondentes a uma rotação completa do elemento
móvel.
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Constante do registrador (K): Número pelo qual se deve multiplicar a leitura do mostrador para se obter a
quantidade de energia medida.

Constante primária (Kdp): Constante do disco multiplicada pela relação de transformação dos
transformadores para instrumentos associados ao medidor.

Erro absoluto: Diferença entre as quantidades de energia medida pelo medidor e o medidor padrão ou
determinada pelo Método da Potência x Tempo. Se a diferença for negativa, o medidor está atrasado, se positiva,
o medidor está adiantado.

5
Erro relativo: Relação entre o erro absoluto e a quantidade de energia medida pelo medidor padrão ou
determinada pelo método da Potência x Tempo.

Erro percentual: Erro relativo do medidor multiplicado por 100.

Erro percentual admissível: Maior erro percentual do medidor admitido na NBR 8377.

Exatidão percentual: Relação entre as quantidades de energia medidas pelo medidor e pelo medidor padrão
(ou determinada pelo Método de Potência x Tempo) multiplicada por 100.

Relação do registrador (Rr): Número de rotações da primeira engrenagem motora do registrador,


correspondente a uma rotação completa do cilindro ciclométrico da unidade de kWh.

Relação de acoplamento (Ra): Número de rotações do elemento móvel, correspondente a uma rotação
completa da primeira engrenagem motora do registrador.

Relação total das engrenagens (Re): Número de rotações do elemento móvel correspondente a uma rotação
completa do cilindro ciclométrico da unidade de kWh.

Tensão nominal: Tensão para a qual o medidor é projetado e que serve de referência para a realização dos
ensaios constantes na NBR 8377.

Laudo: Peça na qual o perito, profissional habilitado, relata o que observou e dá as suas conclusões ou avalia,
fundamentadamente, o valor de coisas ou direitos.

8 Premissas e Restrições no trabalho pericial.

8.1 Premissa.
Uma premissa é algo (documento, equipamento, serviço, instalações, pessoas, etc.) que o perito, durante o
planejamento do processo pericial, considera ter disponível ou possuir acesso. Premissas que NÃO se
concretizam devem ser avaliadas quanto ao impacto e riscos da perícia. As premissas consideradas pelo perito no
planejamento dessa perícia e suas respectivas avaliações foram:

Premissa Situação Avaliação

Acesso à documentação dos autos. ok --

Acesso ao equipamento objeto da perícia. ok --

Acesso ao laboratório de ensaios e verificação


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ok --
de medidores da REQUERIDA.
Acesso às instalações onde o equipamento ok --
estava operando.
Acesso à rede de distribuição da CEB até o ok --
ponto de entrega.

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8.2 Restrições.
Uma restrição é algo (tempo, orçamento, legislação, horários, etc.) que limita, restringe, o processo pericial.

Restrição Avaliação
Na análise do TOI, FL.109 e 110 dos autos do processo, o
REQUERENTE não autorizou os técnicos da REQUERIDA
realizar o levantamento das cargas ligadas ao medidor. Esse
procedimento teria sido importante para estimar com
Não ter o levantamento de cargas relacionadas maior grau de precisão o consumo de energia elétrica do
ao medidor, objeto da perícia. estabelecimento medido pelo medidor.
O fato ocorreu em 2011, portanto, um levantamento de
cargas realizado durante a perícia (12-2016) não faz mais
sentido e, por isso, não foi realizado.

9 Escopo de trabalho da perícia.


O escopo de trabalho foi definido pelas seguintes atividades:

Atividades Horas técnicas


Leitura dos autos e exame da documentação juntada para entendimento dos fatos e 1,5h
alegações constantes nos autos, assim como elaboração de possíveis petições e/ou
solicitações para embasamento deste expert;

Reconhecimento do ponto de entrega de energia e instalações do medidor na unidade 1,5h


consumidora;

Reconhecimento dos procedimentos de ensaio e testes realizados no medidor de número 1,5h


1115197, pelo requerido (CEB);

Verificação e estudo relacionado ao perfil histórico de consumo-demanda e valores do 1,5h


KWh, da unidade consumidora, antes e depois da possível irregularidade detectada no
medidor de número 1115197;

Elaboração do Laudo Pericial, com o devido rigor técnico e ética profissional 4h

Resposta aos quesitos elaborados pelos assistentes técnicos das partes na inicial. Resposta 3h
a quesitos suplementares ou complementares serão orçados e cobrados a parte.

Total 13h
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10 Normas e documentos de apoio utilizadas na perícia.


A seguir apresentam-se as principais normas e documentos de apoio utilizadas na perícia técnica. Essa relação não
esgota a consulta a outras normas que, quando necessário, foram também consultadas.

1. ABNT – NBR8377:1995 – Medidor de energia ativa;


2. IBAPE/SP – Norma básica para perícias de engenharia
3. ANELL – Resolução Normativa nº 414, de 9 de setembro de 2010.

7
11 Metodologia adotada para os trabalhos periciais.
A produção de um laudo pericial precisa estar suportada por uma metodologia que tenha o objetivo de garantir
um padrão na execução do processo pericial, com o objetivo de garantir sua capacidade de reprodução utilizando-
se das mesmas técnicas, instrumentos, conceitos e definições. A metodologia utilizada por este perito cumpre
esse objetivo e tem como referenciais teóricos as Normas da ABNT e o novo CPC.

A seguir, serão apresentados os aspectos mais relevantes da metodologia aplicada.

11.1 Diagrama do processo pericial .


A Figura 1 ilustra o diagrama do processo pericial e seus principais elementos de interação.
F IGURA 1-D IAGRAMA DO PROCESSO PERICIAL
Premissas e
Restrições

Entradas Saída
s
Perícia

Ferramentas e
Técnicas
Entradas:

• Documentação constante nos autos do processo;


• Informações coletadas pelo perito.

Premissas e Restrições:

• Ver item 7 deste laudo.

Ferramentas e Técnicas

• Análise da documentação;

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Vistoria técnica (constatação de não conformidades)


• Inspeção técnica (análise das não conformidades do ponto de vista do grau de risco, da gravidade, da
urgência, da tendência e de sua priorização)
• Entrevistas e conversas
• Normas técnicas Nacionais e/ou Internacionais (ver item 8 deste laudo)

Saída

• Laudo Técnico Pericial

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11.2 Fluxograma do processo pericial .
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12 Execução da perícia.
Esse item trata de esclarecer todos os aspectos considerados relevantes para o entendimento dos fatos, na visão
deste perito, e proporcionar o devido embasamento técnico-cientifico para o alcance do objetivo da perícia, qual
seja o de verificar se houve adulteração no medidor de energia elétrica, objeto da perícia e, no caso de
confirmação da violação, determinar qual o valor devido da diferença de consumo.

12.1 Exame documental.


O exame foi realizado na documentação constante nos autos do processo.

12.1.1 Da documentação presente nos autos do processo .

A síntese dos principais fatos constantes nos autos do processo, na visão deste perito, para atingir o objetivo da
perícia está identificada abaixo por meio do diagrama temporal das ocorrências.

Uma equipe de técnicos da REQUERIDA realizou procedimento de vistoria e fiscalização na medição


14/11/2011 da unidade consumidora, que compreendeu em: realizar a abertura da caixa de medição, verificar os
3 lacres do medidor, checar suas conexões, observar o estado do medidor e a regularização da medição
- FL. 96v dos autos do processo. Nessa fiscalização foi constatado adulteração no medidor: LED´s
jumpeados e bobinas de potencial 1(um) e 3(três) abertas. Foi lavrado o Termo de Ocorrência e
Inspeção (TOI) – FL. 96v dos autos do processo. O medidor foi retirado e substituído por outro.

O REQUERENTE recebeu carta (FL. 18 e 19 dos autos do processo) da REQUERIDA informando a


10/02/2012 memória descritiva dos cálculos do valor apurado, os critérios adotados para o cálculo, a tarifa
utilizada e o direito de reclamação, tudo conforme art. 133 da Res. 414:2010 da ANEEL – FL. 100
dos autos do processo. Consta na carta o período de irregularidade: 01-12-2008 a 01-11-2011,
totalizando o valor de R$ 130.094,08 a ser paga pela REQUERENTE.

A REQUERIDA recebeu carta (FL. 20 a 37 dos autos do processo) do REQUERENTE com sua
09/03/2012
defesa prévia no âmbito administrativo.
3
Laudo Técnico Pericial |04/11/2019

O REQUERENTE recebeu carta da REQUERIDA informando o agendamento da perícia pelos seus


técnicos para o dia 09-04-2012, segunda, às 16h na CEB do SIA SAPS Trecho 1 BL. C SL.01. Na
23/03/2012
oportunidade convidou o REQUERENTE para participar da perícia – FL.51 dos autos do processo.

10
A REQUERIDA recebeu carta do REQUERENTE informando ter ciência do agendamento da
03/04/2012 perícia, mas solicitou marcação de nova data, posterior ao dia 15-05-2012, pois não se encontrava no
Distrito Federal – FL.50 dos autos do processo.

O REQUERENTE recebeu carta da REQUERIDA informando a nova data da perícia no medidor


11/04/2012 para o dia 09-05-2012, quarta, às 08h na CEB do SIA SAPS Trecho 1 BL. C SL.01. Informou ainda
que o consumidor não poderá solicitar novo agendamento e, que no caso do não comparecimento a
execução do serviço será realizada na ausência do cliente – FL. 122 dos autos do processo.

A REQUERIDA realizou a perícia técnica no medidor e produziu o RELATÓRIO DE ENSAIO N 0


21/05/2012
1000/2012, sem a presença do REQUERENTE – FL. 52 e 53 dos autos do processo.

A REQUERIDA enviou resposta ao recurso do REQUERENTE informando que os valores de


recuperação de receita foram recalculados tomando-se como referência o período de 06-2011 a 11-
16/07/2012
2011 totalizando uma diferença de consumo de 48.954kWh já deduzido os valores pagos pelo cliente
em igual período – FL. 102 e 124 dos autos do processo.

01/03/2013 A REQUERIDA solicita por meio de petição o exame pericial, haja vista, que existe uma discordância
sobre a legitimidade de consumo aferido pelo medidor, portanto, há necessidade de que haja um
exame técnico quanto a regularidade do medidor – FL. 148 dos autos do processo.

07/05/2013 A REQUERIDA apresentou, por meio de petição, 23 (vinte e três) quesitos a serem respondidos
pelo perito nomeado e identifica o Sr. Paulo Rocha de Almeida como seu assistente técnico – FL. 185
e 186 dos autos do processo.
Laudo Técnico Pericial 04/11/2019

10/02/2015 A REQUERIDA apresentou o histórico de consumo do REQUERENTE e a impressão da sua tela de


cadastro com carga instalada, declarada, de 800 kW – FL. 220, 221, 222 dos autos do processo.

11
Este perito solicitou, por meio de petição, a intimação das partes para realização da perícia técnica no
24/11/2016 dia 15-12-2016, quinta-feira, às 15h no estabelecimento do REQUERENTE com o seguinte plano
de trabalho: (1) Reconhecimento do ponto de entrega de energia e instalações do medidor na unidade
consumidora; (2) Reconhecimento dos procedimentos de ensaio e testes realizados no medidor de
número 1115197, pelo requerido (CEB) – FL 289 dos autos do processo.

Nos autos do processo – FL. 52 e 53 - consta o resultado da perícia realizada pelos técnicos da REQUERIDA no
dia 21-05-2012 sem a presença do REQUERENTE. A perícia foi realizada no laboratório de ensaio em medidores
de energia elétrica da REQUERIDA e constatou: medidor com dois lacres da tampa principal violados,
condutores que alimentam as bobinas de potencial dos elementos A e C ou 1 e 3 interrompidos e jumpers nas
ligações dos LEDs fazendo com que os mesmos permaneçam acesos mesmo com os condutores que alimentam as
bobinas de potencial interrompidas.

Considerações do Perito
De fato a interrupção dos condutores das bobinas de potencial dos elementos A e C do medidor prejudicam a
medição. Nessa condição o giro do disco só recebe a contribuição do conjugado de um elemento, neste caso o
elemento B. Assim, por exemplo, se tivermos esse medidor ligado a uma carga trifásica de 100W durante uma
hora o medidor iria apenas indicar um consumo de aproximadamente 1/3 de 100W, ou seja, 33,33Wh. Este
perito na fase de Vistoria e Inspeção técnica irá periciar o medidor e realizar os devidos ensaios para verificação do
estado de funcionamento do medidor.

Ainda explorando a documentação dos autos do processo encontra-se o registro do histórico de consumo da
unidade e a tela de cadastro do cliente com a declaração da carga instalada.

Considerações do Perito
A partir das informações do histórico de consumo, pode-se gerar, resumidamente, o gráfico a seguir:

Leitura kWh
jan/07 1427
jul/07 1182 kWh
dez/07 1025 16000
jan/08 1318 14000
Laudo Técnico Pericial |04/11/2019

jul/08 1311
12000 dez/11; 10133
dez/08 1460
10000
jan/09 861
A
jul/09 1887 8000
dez/09 2936 6000
jan/10 3509 4000
jul/10 3213 nov/11; 4378
2000
dez/10 4171
0
jan/11 3907
fev/11 1886
mar/11 1934

12
abr/11 2491
Pode-se verificar pelo gráfico três patamares diferente de consumo. O
mai/11 2425
primeiro, compreendido entre os meses de jan-2007 a jan-2009, com
jun/11 4037
um consumo abaixo de 2000kWh. Em seguida houve um aumento no
jul/11 4135
consumo e durante o período de dez-2009 à jan-2011 se estabilizou
ago/11 4050
entre 3000kWh e 4000kWh. Em fev-2011 o consumo caiu
set/11 4166
abruptamente, como ilustrado pelo ponto A no gráfico. Em seguida há
out/11 4740
outro período de crescimento até que em nov-2011, com a mudança
nov/11 4378
do medidor, o consumo tem um aumento abrupto, passando de
dez/11 10133
4378kWh, em nov-2011, para 10133kWh em dez-2011, e se
jan/12 11980
estabilizando numa média de 12164kWh.
jul/12 10688
dez/12 12571
jan/13 14099
fev/13 11822
mar/13 13957
abr/13 12069

12.2 Entrevistas e conversas.


Foram realizadas conversas com os seguintes atores:

• Ivonei Zancanaro Junior - REQUERENTE


• Uglivisson Gonçalves da Cruz - CEB
• Paulo de Tarso - CEB
• Paulo Rocha de Almeida - CEB
• Euclides Ferreira da Silva - CEB

12.3 Vistoria e inspeção técnica.


A fase de vistoria e inspeção técnica ocorreu no dia 15-12-2016 com a presença dos eletricistas Uglivisson
Gonçalves da Cruz e Paulo de Tarso por parte da REQUERIDA e pelo Sr. Ivonei Zancanaro Junior por parte da
REQUERENTE.

12.3.1 Da loca lização onde o med idor estava instalado

O medidor atende a um estabelecimento comercial localizado na QR 405 Cj 10 Lote 28 – Samambaia-DF. A Foto


1 ilustra o estabelecimento. O medidor, objeto da perícia, atendia ao supermercado BISTECÃO.
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F OTO 1 - E STABELECIMENTO B ISTECÃO

A Foto 2, Foto 3, Foto 4 e Foto 5 ilustram o local exato onde o medidor estava instalado.
F OTO 2-A CESSO RESTRITO AO MEDIDOR - PORTA DE FERRO

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F OTO 3-D ETALHE DO ACESSO AO MEDIDOR COM A PORTA ABERTA

F OTO 4-P ADRÃO DE ENTRADA ONDE O MEDIDOR ESTAVA INST ALADO


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F OTO 5-D ETALHE DO MEDIDOR QUE SUBSTITUIU O ANTIGO DENTRO DO PADRÃO DE ENTRADA

Considerações do Perito
Observa-se pelas fotos que o local onde o medidor estava instalado é de acesso restrito. Para chegar até o medidor
é necessário passar por uma porta de ferro.

12.3.2 Do objeto Periciado

O objeto periciado trata-se do medidor de energia elétrica ATIVA tipo ELETROMECÂNICO, do fabricante
FAE, modelo MFT-120G, ano de fabricação 2008, série 02444314, número de patrimônio 1115197.

No dia 15 de dezembro de 2016 este perito foi até o laboratório de ensaio em medidores de energia elétrica da
REQUERIDA onde periciou o medidor e acompanhou os ensaios realizados.

O conjunto de Fotos a seguir ilustram o medidor periciado. Em uma inspeção visual o medidor apresenta
normalidade, sem danos aparentes.
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F OTO 6-V ISTA SUPERIOR DO MEDIDOR

F OTO 7-V ISTA FRONTAL DO MEDIDOR


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F OTO 8-V ISTA LATERAL DIREITA DO MEDIDOR

F OTO 9-V ISTA LATERAL ESQUERDA DO MEDIDOR

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F OTO 10-V ISTA POSTERIOR DO MEDIDOR

Em seguida o medidor foi aberto para verificação detalhada de seus componentes de funcionamento. De fato,
conforme ilustram as fotos abaixo, houve adulteração especializada no medidor. Verifica-se, por exemplo, na
Foto 12 o cuidado que a pessoa teve para desencapar a fiação de um dos elementos da bobina de potencial e cortar
apenas o cobre (condutor), deixando o isolamento parcialmente cortado, dando a impressão que o condutor ainda
estaria alimentando as bobinas de potencial.
F OTO 11-C ORTE DOS CONDUTORES DE ALIMENTAÇÃO DAS BOBINAS DE POTENCIAL A E C
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F OTO 12-D ETALHE DO CORTE REALIZADO EM UM DOS CONDUTORES DE ALI MENTAÇÃO DAS BOBINAS DE POTENCIAL

Outra adulteração qualificada e confirmada durante a perícia foram os jumpers executados nos LEDs do medidor,
conforme ilustra a Foto 13. Esse procedimento faz com que os LEDs permaneçam acesos mesmo sem as duas
bobinas de potencial estarem alimentadas. Até para um técnico experiente, este tipo de fraude é bastante difícil
de ser detectado apenas com uma inspeção visual. A Foto 14 ilustra outro medidor com os LEDs normais, sem
estarem jumpeados, e a Foto 15 ilustra o medidor periciado na bancada de ensaios com os LEDs acesos, porém
sem o funcionamento (energização) de duas bobinas de potencial.
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F OTO 13-P LACA DE CIRCUITO IMPRESSO COM OS LED S JUMPEADOS

F OTO 14-D ETALHE DE OUTRO MEDIDOR COM O CIRCUITO IMPRESSO NORMAL , SEM JUMPERS .
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F OTO 15-M EDIDOR PERICIADO EM BANCADA DE ENSAIOS , ILUSTRANDO OS LED S ACESOS

Por fim este perito acompanhou os ensaios para verificação de erros no medidor, constatando um erro de -
65,82% na leitura do medidor, contra a REQUERIDA, conforme evidencia-se na Foto 16.
F OTO 16-E NSAIO DE VERIFICAÇÃO DO ERRO DO MEDIDOR

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12.3.3 Do cálculo de recuperação da receita

O cálculo de recuperação da receita realizado pela REQUERIDA teve por base o § 10 do art. 132 da Resolução da
ANEEL n0 414:2010, abaixo transcrito.

“Art.132. O período de duração, para fins de recuperação da receita, no caso da prática comprovada de procedimentos
irregulares ou de deficiência de medição decorrente de aumento de carga à revelia, deve ser determinado tecnicamente ou pela
análise do histórico dos consumos de energia elétrica e demanda de potência, respeitados os limites instituídos neste artigo.

§ 10 Na impossibilidade de a distribuidora identificar o período de duração da irregularidade, mediante a utilização


dos critérios citados no caput, o período de cobrança fica limitado a 6 (seis) ciclos, imediatamente anteriores à constatação da
irregularidade. ”

O cálculo realizado pela REQUERIDA foi o seguinte: em primeiro lugar foi verificado que o máximo consumo
registrado no período anterior à irregularidade foi de 12.410kWh. Ela então multiplicou esse valor por 6
(conforme explicitado no § 10 do art. 132 da Resolução 414:2010 da ANEEL) resultando em 74.460kWh. Desse
valor ela subtraiu o consumo já pago pelo REQUERENTE no período de 6 meses anteriores à constatação da
irregularidade, ou seja de jun-11 a nov-11, que totalizou o valor de 25.506kWh. O resultado dessa subtração
(74460 – 25506) kWh é de 48.954kWh. Esse é o consumo que o REQUERENTE deve a REQUERIDA.

Este perito propõem um cálculo mais adequado, em sua visão, a situação em lide. Ao invés de tomar o máximo
consumo registrado no período anterior à irregularidade como base para os cálculos, utilizar a média dos
primeiros seis meses de consumo posteriores a descoberta da irregularidade. Utilizando-se como base esse
critério o valor base de cálculo seria de 12.107,83kWh (média do consumo dos meses de dez-11 a maio-12).
Refazendo-se os cálculos com esse valor base, tem-se o valor de 47.140,98kWh que o REQUERENTE deve a
REQUERIDA.

Essa memória de cálculo está amparada pelo Art.132 da Resolução 414:2010 da ANEEL, quando menciona que o
período de duração, para fins de recuperação da receita, deve ser determinado, também, pela análise do histórico
dos consumos de energia elétrica.

12.4 Resposta aos q uesitos


Neste item são respondidos todos os quesitos relacionados com a perícia realizada.

12.4.1 Ques itos pericia is da REQUERIDA elaborado em 07 -05-2013

1. Em inspeção visual quais lacres estão presentes no medidor?

Perito) O medidor foi periciado sem os lacres.


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2. Quais lacres foram adulterados?

Perito) O medidor foi periciado sem os lacres.

3. Caso a resposta do item 2 seja positiva, isto indica que os mecanismos internos do medidor poderiam ser
acessados?

Perito) O quesito ficou prejudicado pois a perícia foi realizada com o medidor sem os lacres.

4. Em inspeção visual como se encontra a placa com as informações do fabricante?

Perito) Em condições normais.

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5. Em inspeção visual como se encontra o bloco de terminais?

Perito) Em condições normais.

6. Se realizado um ensaio a vazio, qual o resultado?

Perito) Entendendo que um ensaio a vazio é um ensaio onde o medidor não está conectado a carga, o
resultado é o disco não girar, ou seja, não há medição de energia.

7. O disco do medidor está normal ou adulterado? Qual o movimento do disco do medidor sob carga? Há
arrastamento do disco do medidor?

Perito) O disco do medidor está normal, não há arrastamento do disco. O movimento do disco sob carga
aparentemente está normal.

8. O mancal (apoio) do disco está normal ou adulterado?

Perito) O mancal do disco está normal.

9. Os ajustes no medidor estão normais ou foram adulterados?

Perito) Os ajustes no medidor estão normais.

10. O registrador do medidor está normal ou foi adulterado?

Perito) O registrador do medidor está normal.

11. As engrenagens do medidor estão normais ou foram adulteradas?

Perito) As engrenagens do medidor estão normais.

12. O vidro do medidor está normal ou foi adulterado?

Perito) O vidro do medidor está normal.

13. Os dados de placa (Kd, Rr, Km e Ra) estão de acordo com série numérica ou foram adulterados?

Perito) Os dados de placa não foram adulterados.

14. Qual é o erro apresentado por este medidor? Este erro é a favor ou contra a CEB?

Perito) Conforme ilustrado na foto 16, página 22 deste Laudo Pericial o erro encontrado foi de -65,82%
contra a CEB.

15. Em inspeção visual, há sincronismo do registrador? Há sincronismo do registrador ciclométrico após a


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abertura da tampa do medidor?

Perito) Sim. Aparentemente tudo parece estar normal. O registrador ciclométrico sincroniza com a volta
do disco.

16. Os fios que interligam os elementos de medição estão intactos?

Perito) Não. Conforme ilustrado na foto 12, página 20 deste Laudo Pericial os fios das bobinas de potencial
1 (um) e 3 (três) encontravam-se cortados. Observa-se que a pessoa teve o cuidado de desencapar o fio e
cortar apenas o cobre, dessa forma o fio não fica solto, dando a impressão de estar tudo conectado.

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17. Qual o resultado após um ensaio de exatidão, considerando os erros máximos admissíveis, conforme as
normas aplicáveis ABNT e INMETRO?

Perito) O medidor estaria reprovado.

18. Qual o resultado após uma aferição realizada por padrão com calibração RBC?

Perito) O medidor estaria reprovado.

19. O erro encontrado indica que o medidor está normal ou fora dos padrões de funcionamento?

Perito) Completamente fora dos padrões.

20. O medidor foi adulterado internamente?

Perito) Sim. Conforme ilustrado nas fotos 11, 12, 13 e 14 das páginas 19, 20 e 21 deste Laudo Pericial a
adulteração foi realizada de forma sofisticada e de difícil percepção. O procedimento realizado para adulterar
o medidor requer pessoa qualificada.

21. Diante dos resultados, pode-se afirmar que o Autor consumiu energia sem a devida medição?

Perito) Pode-se afirmar que a energia consumida pelo Autor estava sendo medida com um erro de 65,82%
contra a CEB, ou seja, a cada 100Wh realmente consumido pelo cliente o medidor só media 34,18Wh.

22. Após a fiscalização e troca do medidor, houve aumento de consumo da unidade consumidora?

Perito) Sim, conforme demonstra a curva de consumo ilustrada na página 12 deste Laudo Pericial.

23. O medidor de energia a ser periciado permanece guardado em invólucro?

Perito) Não. O medidor no momento da perícia foi trazido sem estar no invólucro.

12.4.2 Ques itos pericia is d o REQUERENTE

O REQUERENTE não apresentou quesitos.

13 Conclusão.
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A perícia teve como objetivo verificar se houve adulteração no medidor de energia elétrica da REQUERENTE e,
no caso de confirmação da violação, determinar qual o valor devido da diferença de consumo. Para isso este
perito analisou e estudou a documentação presente nos autos do processo, conversou com os principais atores
envolvidos nessa ocorrência, realizou vistorias e inspeções no padrão de entrada da REQUERENTE e no
medidor, objeto da perícia.

Este perito conclui seu convencimento, baseado nos fatos e estudos contidos neste laudo, que o medidor, objeto
da perícia, foi adulterado de forma a medir o consumo da REQUERENTE sempre com um valor a
menor do que o consumo real. Não foi possível determinar quando o medidor foi adulterado. Observou-se
também que o procedimento de adulteração do medidor foi sofisticado e de difícil percepção em uma inspeção
visual simples. Este perito sugere que o cálculo para recuperação da receita, tome como base a média dos

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primeiros seis meses de consumo posteriores a descoberta da irregularidade, cujo valor é de 12.107,83kWh.
Refazendo-se os cálculos, o valor de receita a ser recuperada é de 47.140,98kWh.

Sem mais para o momento este perito encerra o laudo pericial composto por 26 páginas, impressas apenas de um
lado e todas rubricadas.

Brasília, 4 de novembro de 2019

Eron Campos Saraiva de Andrade


Engenheiro Eletricista com ênfase em Eletrotécnica pela Universidade Federal da Paraíba - UFPB
Me. em Gestão do Conhecimento pela Universidade Católica de Brasília - UCB
Especialista em Redes de Computadores - UCB
Project Management Professional, PMP pelo Project Management Institute – PMI
Pós-Graduando em Auditoria, Perícias e Avaliações de Engenharia pelo Instituto de Pós-Graduação - IPOG
Membro da Diretoria do Instituto Brasileiro de Avaliação e Perícias de Engenharia – IBAPE/DF
CREA – 5509/D – AL

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