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Aula 06

Aspectos de Dir Processual Aplicáveis à Fazenda Pública p/


Magistratura Estadual 2019 Curso Regular
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Sumário
Considerações Iniciais ............................................................................... 3

1 – Ação Popular ...................................................................................... 4

1.1 – Considerações Iniciais .................................................................... 4

1.2 – Legitimidade Ativa ......................................................................... 6

1.3 – Legitimidade Passiva ...................................................................... 8

1.4 – Legitimação Bifronte ...................................................................... 9

1.5 – Objeto da Ação Popular ................................................................ 11

1.6 – Ação Popular X Ação Civil Pública ................................................... 14

1.7 – Competência ............................................................................... 16

1.8 – Ação Popular e Controle de Constitucionalidade ............................... 17

1.9 – Procedimento .............................................................................. 18

2 – Habeas Data ..................................................................................... 22

2.1 – Considerações Iniciais .................................................................. 22

2.2 – Legitimidade ativa e passiva ......................................................... 29

2.3 – Do prévio esgotamento da via administrativa .................................. 32

2.4 – Procedimento .............................................................................. 33

2.5 – Competência ............................................................................... 34

3 – Mandado de Injunção ........................................................................ 37

3.1 – Considerações Iniciais .................................................................. 37

3.2 – Legitimidade Ativa e Passiva ......................................................... 38

3.3 – Mandado de Injunção X ADI por Omissão ....................................... 40

3.4 – Efeitos da Decisão ....................................................................... 41

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a) Teoria Não Concretista .................................................................. 42

b) Teoria Concretista Individual Intermediária ...................................... 43

c) Teoria Concretista Individual Direta ................................................ 43

d) Teoria Concretista Geral ................................................................ 44

e) Previsão da Lei 13.300/2016 .......................................................... 46

3.5 – Competência ............................................................................... 48

3.6 – Procedimento .............................................................................. 51

4 - Jurisprudência Correlata ..................................................................... 52

5 - Bibliografia ....................................................................................... 62

6 - Resumo da Aula ................................................................................ 63

7 – Questões Objetivas ........................................................................... 67

7.1 – Quesitos ..................................................................................... 67

7.2 – Gabaritos.................................................................................... 73

7.3 – Comentários ............................................................................... 74

8 - Considerações Finais .......................................................................... 98

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Considerações Iniciais

Olá meus amigos, tudo bem? Firmes nos estudos?

Vamos seguir com nosso curso.

Quaisquer dúvidas, estou às ordens nos seguintes contatos:

Grande abraço,

Igor Maciel

profigormaciel@gmail.com

Convido-os a seguir minhas redes sociais. Basta clicar no ícone


desejado:

@ProfIgorMaciel

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1 – Ação Popular

1.1 – Considerações Iniciais

A Ação Popular é um procedimento previsto na Constituição Federal que


visa anular condutas lesivas ao patrimônio público, nos termos do inciso LXXIII,
do artigo 5º, da Constituição Federal:

LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato
lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade
administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo
comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência;

De acordo com Hely Lopes Meirelles (2013, pg. 174):

Ação popular é o meio constitucional posto à disposição de qualquer cidadão para obter a
invalidação de atos ou contratos administrativos – ou a estes equiparados – ilegais e lesivos
ao patrimônio federal, estadual e municipal, ou de suas autarquias, entidades paraestatais
e pessoas jurídicas subvencionadas com dinheiros públicos.

Da análise do dispositivo constitucional, percebe-se que o autor da


demanda, salvo comprovada má-fé, será “isento” de custas judiciais e do ônus
da sucumbência. Contudo, por se tratar de expressa disposição constitucional,
em essência, tem-se não uma hipótese de isenção, mas de imunidade tributária.

É que segundo Ricardo Alexandre (pg. 145 e 146):

As imunidades são limitações constitucionais ao poder de tributar consistentes na


delimitação da competência tributária constitucionalmente conferida aos entes políticos.
(Assim)
A isenção opera no âmbito do exercício da competência, enquanto a imunidade, como
visto, opera no âmbito da própria delimitação da competência.

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Uma vez que o Supremo Tribunal Federal já pacificou a natureza tributária


das custas judiciais, classificando-as como taxas, tem-se hipótese de imunidade
tributária.

A lei que rege o instituto é a 4.717/65.

FCC – TJ/PI – Juiz Estadual -2015

Empresa Pecúnia Informática S/A, tem sede em Teresina, Piauí. No regular


exercício de suas atividades, foi contratada em 2014 pelo Município de São
Paulo para prestar serviços de informática de janeiro a dezembro de 2015,
prevendo-se no contrato o pagamento mensal dos valores devidos à
empresa contratada.

Um cidadão propõe uma ação popular questionando a lisura da contratação


direta, formalizada em 2014, entre a empresa Pecúnia Informática S/A e o
Município de São Paulo, tendo por objeto a prestação de serviços de
informática.

Segundo o art. 5° , LXXIII da Constituição da República, qualquer cidadão é


parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao
patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade
administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural,
ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do
ônus da sucumbência.

Considerando os confins da competência constitucional tributária, o dever de


não pagar as custas judiciais, na hipótese em apreço, decorre de

a) anistia.

b) isenção.

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c) imunidade.

d) não-incidência.

e) remissão.

Comentários

Alternativa Correta: Letra “C”.

Trata-se de questão da Fundação Carlos Chagas em que se discute


exatamente a imunidade das custas judiciais quando do manejo de Ação Popular.

1.2 – Legitimidade Ativa

Qualquer cidadão poderá propor Ação Popular, desde que esteja em pleno
gozo de seus direitos políticos e fazendo-se representar por um advogado. Isto
porque a prova da cidadania para justificar o ingresso em juízo é exatamente o
título de eleitor do indivíduo ou certidão a ele equivalente.

Lei 4.717/65
Art. 1º Qualquer cidadão será parte legítima para pleitear a anulação ou a declaração de
nulidade de atos lesivos ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dos Estados, dos
Municípios, de entidades autárquicas, de sociedades de economia mista (Constituição, art.
141, § 38), de sociedades mútuas de seguro nas quais a União represente os segurados
ausentes, de empresas públicas, de serviços sociais autônomos, de instituições ou
fundações para cuja criação ou custeio o tesouro público haja concorrido ou concorra com
mais de cinqüenta por cento do patrimônio ou da receita anual de empresas incorporadas
ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dos Estados e dos Municípios, e de quaisquer
pessoas jurídicas ou entidades subvencionadas pelos cofres públicos.
§ 3º A prova da cidadania, para ingresso em juízo, será feita com o título eleitoral, ou com
documento que a ele corresponda.

Assim, o Supremo Tribunal Federal já decidiu que:

Súmula 365 – STF – Pessoa jurídica não tem legitimidade para propor ação popular.

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Além disso (FONTELES, pg. 135):

o estrangeiro não poderá ajuizar ação popular, exceto os portugueses equiparados. Isto
porque o Direito Lusitano reconhece aos brasileiros, que residem em Portugal, a
prerrogativa de propor ação popular naquele país. Assim, ante a reciprocidade de
tratamento, o Brasil também franqueou aos portugueses equiparados o direito de intentar
ação popular.

Não poderá, ainda, o Ministério Público propor ação popular, cabendo-lhe


acompanhar a demanda como custos legis e, ainda, acaso o Autor desista ou
negligencie a ação, poderá o MP dar prosseguimento ao feito, hipótese em que
ocupará o polo ativo da demanda.

Trata-se de interpretação do artigo 9º, da Lei 4.717/65:

Art. 9º Se o autor desistir da ação ou der motivo à absolvição da instância, serão publicados
editais nos prazos e condições previstos no art. 7º, inciso II, ficando assegurado a qualquer
cidadão, bem como ao representante do Ministério Público, dentro do prazo de 90 (noventa)
dias da última publicação feita, promover o prosseguimento da ação.

Não poderá, pois, o Ministério Público ser o Autor da Ação Popular, mas, a
depender do caso concreto, poderá o parquet ocupar o polo ativo da demanda.

Ressalte-se que qualquer cidadão tem a faculdade de se habilitar como


litisconsorte ou assistente do autor da ação popular, nos termos do artigo 6º,
parágrafo 5º, da Lei 4.717/65:

§ 5º É facultado a qualquer cidadão habilitar-se como litisconsorte ou assistente do autor


da ação popular.

Por fim, quanto à natureza jurídica da legitimação do cidadão (FONTELES,


pg. 136):

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tem prevalecido na doutrina e jurisprudência que o cidadão, quando vai a juízo por meio da
ação popular, tutela em nome próprio direito alheio. Ou seja, trata-se do fenômeno da
substituição processual ou da legitimação extraordinária. A consequência prática da ação
dessa corrente é das mais relevantes, qual seja, a impossibilidade de reconvenção na ação
popular.

Neste sentido:

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO POPULAR. RECONVENÇÃO.


IMPOSSIBILIDADE. DANO MORAL. AFERIÇÃO. SÚMULA 07/STJ.
1. A ação popular é um dos mais antigos meios constitucionais de participação do cidadão
nos negócios públicos, na defesa da sociedade e dos relevantes valores a que foi destinada.
Admitir o uso da reconvenção produziria efeito inibitório do manejo desse importante
instrumento de cidadania, o que o constituinte procurou arredar, quando isentou o autor
das custas processuais e do ônus da sucumbência.
2. O instituto da reconvenção exige, como pressuposto de cabimento, a conexão entre a
causa deduzida em juízo e a pretensão contraposta pelo réu. A conexão de causas, por sua
vez, dá-se por coincidência de objeto ou causa de pedir.
3. Na hipótese, existe clara diversidade entre a ação popular e a reconvenção. Enquanto a
primeira objetiva a anulação de ato administrativo e tem como causa de pedir a suposta
lesividade ao patrimônio público, a segunda visa à indenização por danos morais e tem
como fundamento o exercício abusivo do direito à ação popular.
4. O pedido reconvencional pressupõe que as partes estejam litigando sobre situações
jurídicas que lhes são próprias. Na ação popular, o autor não ostenta posição jurídica
própria, nem titulariza o direito discutido na ação, que é de natureza indisponível. Defende-
se, em verdade, interesses pertencentes a toda sociedade. É de se aplicar, assim, o
parágrafo único do art. 315 do CPC, que não permite ao réu, "em seu próprio nome, reconvir
ao autor, quando este demandar em nome de outrem".
5. A discussão a respeito da suposta má-fé do autor popular ao propor a demanda sem um
mínimo de provas aceitáveis resvala no óbice da Súmula n.º 07/STJ, que impede o reexame,
na via especial, do suporte fático-probatório que fundamenta a decisão recorrida.
6. Recurso especial improvido. (REsp 72.065/RS, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA
TURMA, julgado em 03/08/2004, DJ 06/09/2004, p. 185)

1.3 – Legitimidade Passiva

De acordo com o artigo 6º, da Lei 4.7147/65 o polo passivo da demanda


será composto por:

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Art. 6º A ação será proposta contra as pessoas públicas ou privadas e as entidades referidas
no art. 1º, contra as autoridades, funcionários ou administradores que houverem
autorizado, aprovado, ratificado ou praticado o ato impugnado, ou que, por omissão,
tiverem dado oportunidade à lesão, e contra os beneficiários diretos do mesmo.

Acaso não haja beneficiário direto do ato lesivo, ou se for ele indeterminado
ou desconhecido, a ação será proposta somente contra as outras pessoas
indicadas no artigo.

1.4 – Legitimação Bifronte

A legitimação bifronte na Ação Popular ocorre uma vez que a pessoa jurídica
de direito público ou de direito privado, cujo ato seja objeto de impugnação, não
é ré na ação, podendo abster-se de contestar o pedido. Pode, inclusive, atuar em
defesa do patrimônio público, ao lado do autor e contrário ao gestor, desde que
isso se afigure útil ao interesse público, a juízo do respectivo representante legal
ou dirigente.

Trata-se de disposição do parágrafo 3º, do artigo 6º, da Lei 4.717:

§ 3º A pessoa jurídica de direito público ou de direito privado, cujo ato seja objeto de
impugnação, poderá abster-se de contestar o pedido, ou poderá atuar ao lado do autor,
desde que isso se afigure útil ao interesse público, a juízo do respectivo representante legal
ou dirigente.

Assim, uma vez que a pessoa jurídica de direito público ou privado poderá
mover-se para o polo ativo, denomina-se tal previsão de legitimação bifronte ou
intervenção móvel.

Em síntese, trata-se da possibilidade da pessoa jurídica de direito público


ou privado, que iniciou uma ação coletiva no polo passivo da demanda, poder,

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abstendo-se de contestar, optar por integrar, posteriormente, o polo ativo da


demanda, passando a atuar ao lado do autor.

Haverá, desta forma, uma espécie peculiar de litisconsórcio ativo ulterior


formado pelo autor originário e um dos réus originários.

Para o Superior Tribunal de Justiça, referido deslocamento da pessoa


jurídica de direito público do polo passivo para o ativo da demanda pode ser feito
a qualquer tempo, não se sujeitando à preclusão:

PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO POPULAR. MIGRAÇÃO DE ENTE PÚBLICO PARA O PÓLO ATIVO
APÓS A CONTESTAÇÃO. PRECLUSÃO. NÃO-OCORRÊNCIA.
1. Hipótese em que o Tribunal a quo concluiu que o ente público somente pode migrar para
o pólo ativo da demanda logo após a citação, sob pena de preclusão, nos termos do art.
183 do Código de Processo Civil.
2. O deslocamento de pessoa jurídica de Direito Público do pólo passivo para o ativo na
Ação Popular é possível, desde que útil ao interesse público, a juízo do representante legal
ou do dirigente, nos moldes do art. 6º, § 3º, da Lei 4.717/1965.
3. Não há falar em preclusão do direito, pois, além de a mencionada lei não trazer limitação
quanto ao momento em que deve ser realizada a migração, o seu art. 17 preceitua que a
entidade pode, ainda que tenha contestado a ação, proceder à execução da sentença na
parte que lhe caiba, ficando evidente a viabilidade de composição do pólo ativo a qualquer
tempo. Precedentes do STJ.
4. Recurso Especial provido.
(REsp 945.238/SP, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em
09/12/2008, DJe 20/04/2009)

E não apenas isso, conforme já decidiu o STJ, em caso de cumulação de


pedidos, poderá a pessoa jurídica permanecer no polo passivo em relação a parte
deles e migrar para o polo ativo com relação a outros pedidos:

PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. INTERESSES TRANSINDIVIDUAIS.


MICROSSISTEMA DE DEFESA DO PATRIMÔNIO PÚBLICO. LEGITIMIDADE DA UNIÃO PARA
FIGURAR NOS PÓLOS PASSIVO E ATIVO DA AÇÃO. POSSIBILIDADE.DEVER DE FISCALIZAR
A ATUAÇÃO DOS DELEGATÁRIOS DO SUS. DIREITO À RECOMPOSIÇÃO DO PATRIMÔNIO
DA UNIÃO DECORRENTE DO REPASSE DE VERBA.
1. As ações de defesa dos interesses transindividuais e que encerram proteção ao
patrimônio público, notadamente por força do objeto mediato do pedido, apresentam regras
diversas acerca da legitimação para causa, que as distingue da polarização das ações uti

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singuli, onde é possível evitar a 'confusão jurídica' identificando-se autor e réu e dando-lhes
a alteração das posições na relação processual, por força do artigo 264 do CPC.
2. A ação civil pública e a ação popular compõem um microssistema de defesa do
patrimônio público na acepção mais ampla do termo, por isso que regulam a legitimatio ad
causam de forma especialíssima.
3. Nesse seguimento, ao Poder Público, muito embora legitimado passivo para a ação civil
pública, nos termos do § 2º, do art. 5º, da lei 7347/85, fica facultado habilitar-se como
litisconsorte de qualquer das partes.
4. O art. 6º da lei da Ação Popular, por seu turno, dispõe que, muito embora a ação possa
ser proposta contra as pessoas públicas ou privadas e as entidades referidas no art. 1º,
bem como as autoridades, funcionários ou administradores que houverem autorizado,
aprovado, ratificado ou praticado o ato impugnado, ou que, por omissão, tiverem dado
oportunidade à lesão, e contra os beneficiários diretos do mesmo, ressalva no parágrafo 3º
do mesmo dispositivo que, verbis: § 3º - A pessoa jurídica de direito público ou de direito
privado, cujo ato seja objeto de impugnação, poderá abster-se de contestar o pedido, ou
poderá atuar ao lado do autor, desde que isso se afigure útil ao interesse público, a juízo
do respectivo representante legal ou dirigente.
5. Essas singularidades no âmbito da legitimação para agir, além de conjurar as
soluções ortodoxas, implicam a decomposição dos pedidos formulados, por isso
que o poder público pode assumir as posturas acima indicadas em relação a um
dos pedidos cumulados e manter-se no pólo passivo em relação aos demais.
6. In casu, a União é demandada para cumprir obrigação de fazer consistente na exação do
dever de fiscalizar a atuação dos delegatários do SUS e, ao mesmo tempo, beneficiária do
pedido formulado de recomposição de seu patrimônio por força de repasse de verbas.
7. Revelam-se notórios, o interesse e a legitimidade da União, quanto a esse outro pedido
de reparação pecuniária, mercê de no mérito aferir-se se realmente a entidade federativa
maior deve ser compelida à fazer o que consta do pedido do parquet.
8. Recurso especial desprovido para manter a União em ambos os pólos em relação aos
pedidos distintos em face da mesma formulados.
(REsp 791.042/PR, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 19/10/2006, DJ
09/11/2006, p. 261)

1.5 – Objeto da Ação Popular

A Ação Popular terá cabimento para anular atos lesivos ao patrimônio


público, de entidade que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio
ambiente e ao patrimônio histórico e cultural.

Os artigos 2º, 3º e 4º, da Lei 4.717/65 esmiúçam atos em espécie que são
considerados nulos:

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Art. 2º São nulos os atos lesivos ao patrimônio das entidades mencionadas no artigo
anterior, nos casos de:
a) incompetência;
b) vício de forma;
c) ilegalidade do objeto;
d) inexistência dos motivos;
e) desvio de finalidade.
Parágrafo único. Para a conceituação dos casos de nulidade observar-se-ão as seguintes
normas:
a) a incompetência fica caracterizada quando o ato não se incluir nas atribuições legais do
agente que o praticou;
b) o vício de forma consiste na omissão ou na observância incompleta ou irregular de
formalidades indispensáveis à existência ou seriedade do ato;
c) a ilegalidade do objeto ocorre quando o resultado do ato importa em violação de lei,
regulamento ou outro ato normativo;
d) a inexistência dos motivos se verifica quando a matéria de fato ou de direito, em que se
fundamenta o ato, é materialmente inexistente ou juridicamente inadequada ao resultado
obtido;
e) o desvio de finalidade se verifica quando o agente pratica o ato visando a fim diverso
daquele previsto, explícita ou implicitamente, na regra de competência.

Art. 3º Os atos lesivos ao patrimônio das pessoas de direito público ou privado, ou das
entidades mencionadas no art. 1º, cujos vícios não se compreendam nas especificações do
artigo anterior, serão anuláveis, segundo as prescrições legais, enquanto compatíveis com
a natureza deles.

Art. 4º São também nulos os seguintes atos ou contratos, praticados ou celebrados por
quaisquer das pessoas ou entidades referidas no artigo 1º:
I - a admissão ao serviço público remunerado, com desobediência, quanto às condições de
habilitação, das normas legais, regulamentares ou constantes de instruções gerais.
II - a operação bancária ou de crédito real, quando:
a) for realizada com desobediência a normas legais, regulamentares, estatutárias,
regimentais ou internas;
b) o valor real do bem dado em hipoteca ou penhor for inferior ao constante de escritura,
contrato ou avaliação.
III - a empreitada, a tarefa e a concessão do serviço público, quando:
a) o respectivo contrato houver sido celebrado sem prévia concorrência pública ou
administrativa, sem que essa condição seja estabelecida em lei, regulamento ou norma
geral;
b) no edital de concorrência forem incluídas cláusulas ou condições, que comprometam o
seu caráter competitivo;
c) a concorrência administrativa for processada em condições que impliquem na limitação
das possibilidades normais de competição.

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IV - As modificações ou vantagens, inclusive prorrogações, que forem admitidas, em favor


do adjudicatário, durante a execução dos contratos de empreitada, tarefa e concessão de
serviço público, sem que estejam previstas em lei ou nos respectivos instrumentos.
V - a compra e venda de bens móveis ou imóveis, nos casos em que não for cabível
concorrência pública ou administrativa, quando:
a) for realizada com desobediência a normas legais, regulamentares, ou constantes de
instruções gerais;
b) o preço de compra dos bens for superior ao corrente no mercado, na época da operação;
c) o preço de venda dos bens for inferior ao corrente no mercado, na época da operação.
VI - A concessão de licença de exportação ou importação, qualquer que seja a sua
modalidade, quando:
a) houver sido praticada com violação das normas legais e regulamentares ou de instruções
e ordens de serviço;
b) resultar em exceção ou privilégio, em favor de exportador ou importador.
VII - a operação de redesconto quando, sob qualquer aspecto, inclusive o limite de valor,
desobedecer a normas legais, regulamentares ou constantes de instruções gerais.
VIII - o empréstimo concedido pelo Banco Central da República, quando:
a) concedido com desobediência de quaisquer normas legais, regulamentares, regimentais
ou constantes de instruções gerais;
b) o valor dos bens dados em garantia, na época da operação, for inferior ao da avaliação.
IX - a emissão quando efetuada sem observância das normas constitucionais, legais e
regulamentadoras que regem a espécie.

Além disso, o artigo 11 estabelece a possibilidade de se requerer a


invalidade do ato impugnado, bem como a condenação do agente causador do
dano ao pagamento de perdas e danos:

Art. 11. A sentença que, julgando procedente a ação popular, decretar a invalidade do
ato impugnado, condenará ao pagamento de perdas e danos os responsáveis pela
sua prática e os beneficiários dele, ressalvada a ação regressiva contra os funcionários
causadores de dano, quando incorrerem em culpa.

Todavia, entende Samuel Fonteles (2015, pg. 140):

Segundo a Lei de Ação Popular, dois pedidos podem ser formulados: a invalidação do ato
lesivo e a condenação ao pagamento de uma indenização reparatória (...)
Não obstante, embora não explicitado pelo diploma legal, também será possível postular
uma tutela mandamental (fazer ou não fazer) ou executiva lato sensu (entregar coisa).

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1.6 – Ação Popular X Ação Civil Pública

O objeto da Ação Civil Pública é mais amplo que o da Ação Popular,


albergando não apenas as lesões ao patrimônio público à moralidade
administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural. É aquela
ação instrumento hábil para discutir também lesões causadas aos consumidores,
à ordem econômica e urbanística, bem como a qualquer outro interesse difuso
ou coletivo.

Assim, uma mesma situação fática, poderá ser protegida tanto por uma
ação popular, cuja legitimidade ativa caberá ao cidadão, como por uma ação civil
pública, cujos legitimados estão dispostos no artigo 5º, da Lei 7.347/85 1.
Exatamente por isto, em um dado caso concreto, será possível o manejo de
ambas as ações, podendo operar-se a conexão entre elas. (FONTELES, 2015, pg.
141)

FMP – DPE/PA – Defensor Público -2015

Assinale a opção CORRETA.

a) A ação popular se presta à anulação de ato lesivo ao patrimônio público


apenas quando este detém valor econômico.

1
Art. 5o Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar: I - o Ministério Público;
II - a Defensoria Pública; III - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; IV - a
autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia mista; V - a associação que,
concomitantemente: a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil; b)
inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao patrimônio público e social, ao meio
ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência, aos direitos de grupos raciais,
étnicos ou religiosos ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico.

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b) Descabe o ajuizamento de ação civil pública, quando já houver ação


popular ajuizada sobre o mesmo fato.

c) A ação popular poderá ser intentada por cidadão e por partido político
com representação no Congresso Nacional.

d) É facultado a qualquer cidadão habilitar-se como litisconsorte ou


assistente do autor da ação popular.

e) A ação popular pode ser proposta contra pessoas públicas ou privadas


que praticarem atos lesivos ao patrimônio público, não alcançando seus
administradores ou os beneficiários diretos do ato danoso, cujas
responsabilidades devem ser apuradas em ação própria.

Comentários

Alternativa Correta: Letra “D”, uma vez que se trata de disposição expressa
do artigo 6º, parágrafo 5º, da Lei 4.717/65:

§ 5º É facultado a qualquer cidadão habilitar-se como litisconsorte ou assistente do autor


da ação popular.

A alternativa “A” está equivocada uma vez que a ação popular poderá ser
utilizada, inclusive, para combater atos lesivos tão somente à moralidade
administrativa, não necessariamente com reflexos econômicos.

A alternativa “B” também está errada, eis que a legislação não apresenta
nenhum óbice ou impedimento entre a Ação Popular e a Ação Civil Pública, sendo
certo que a propositura de Ação Popular irá tornar o juiz prevento, nos termos
do artigo 5º, parágrafo 3º, da Lei 4.717/65:

§ 3º A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para todas as ações, que forem
posteriormente intentadas contra as mesmas partes e sob os mesmos fundamentos.

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Já o equívoco da alternativa “C” está em colocar um partido político entre


os legitimados ativos para o manejo da Ação Popular, quando apenas cidadãos
são parte legítimas.

Já a alternativa “E” está errada por contrariar o disposto no caput do artigo


6º, da Lei 4.717/65:

Art. 6º A ação será proposta contra as pessoas públicas ou privadas e as entidades referidas
no art. 1º, contra as autoridades, funcionários ou administradores que houverem
autorizado, aprovado, ratificado ou praticado o ato impugnado, ou que, por omissão,
tiverem dado oportunidade à lesão, e contra os beneficiários diretos do mesmo.

1.7 – Competência

Independente de quem seja o Réu na Ação Popular, se detentor ou não de


foro privilegiado por prerrogativa de função, a competência para processar e
julgar a demanda será, regra geral, do juiz de primeiro grau de jurisdição. Assim,
a depender de quem seja apontado como réu na demanda, a competência será
de um juiz de direito ou de um juiz federal.

Para Samuel Fonteles (2015, pg. 141):

O fundamento é muito simples: em se tratando de um instrumento de exercício da


cidadania, deve-se franquear ao cidadão, que ajuizou a ação, todas as comodidades e
facilidades do acesso à justiça. Exatamente para viabilizar o acompanhamento da ação, o
processo será instaurado no juízo singular de primeiro grau, não em Tribunal, sendo
irrelevante que a autoridade pública desfrute de foro por prerrogativa de função.

A competência do Supremo Tribunal Federal para processar e julgar a Ação


Popular pode ocorrer, não em função do tipo de ação, mas das circunstâncias
fáticas ou da matéria envolvida, a exemplo de hipóteses de conflito federativo

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(alínea “f”, inciso I, artigo 102, CF) ou de impedimento de mais da metade dos
desembargadores do Tribunal local (alínea “n”, inciso I, artigo 102, CF)

Neste sentido:

EMENTA: AÇÃO ORIGINÁRIA. QUESTÃO DE ORDEM. AÇÃO POPULAR. COMPETÊNCIA


ORIGINÁRIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: NÃO-OCORRÊNCIA. PRECEDENTES.
1. A competência para julgar ação popular contra ato de qualquer autoridade, até
mesmo do Presidente da República, é, via de regra, do juízo competente de
primeiro grau. Precedentes.
2. Julgado o feito na primeira instância, se ficar configurado o impedimento de mais
da metade dos desembargadores para apreciar o recurso voluntário ou a remessa
obrigatória, ocorrerá a competência do Supremo Tribunal Federal, com base na letra
n do inciso I, segunda parte, do artigo 102 da Constituição Federal.
3. Resolvida a Questão de Ordem para estabelecer a competência de um dos juízes de
primeiro grau da Justiça do Estado do Amapá.
(AO 859 QO, Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, Relator(a) p/ Acórdão: Min. MAURÍCIO
CORRÊA, Tribunal Pleno, julgado em 11/10/2001, DJ 01-08-2003 PP-00102 EMENT VOL-
02117-16 PP-03213)

1.8 – Ação Popular e Controle de Constitucionalidade

Sendo certo que o controle concentrado de constitucionalidade no Brasil


possui como pedido o reconhecimento da inconstitucionalidade da norma, tem-
se que a análise de tal demanda é feita através do dispositivo da decisão. Possível
realizar-se este controle através das ações de ADI, ADC e ADPF, cujos efeitos são
erga omnes.

Por outro lado, no controle difuso, permite-se a discussão da


constitucionalidade da norma como causa de pedir e não no pedido, apreciando-
se o tema na fundamentação da sentença ou do acórdão, e não no dispositivo.
Os efeitos aqui produzidos serão inter partes.

A questão que se faz é sobre a possibilidade de se discutir, em sede de


Ação Popular, demanda destinada a proteger interesses difusos e cuja decisão
gera efeitos erga omnes, a constitucionalidade de determinada norma.

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Segundo Samuel Fonteles (2015, pg. 146):

Hoje, prevalece na doutrina e na jurisprudência que o controle difuso de constitucionalidade


pode ser exercido na ação popular (e nas demais ações coletivas).

Contudo, tal discussão seria feita como causa de pedir da ação popular,
razão pela qual a discussão sobre a constitucionalidade da norma faria parte da
fundamentação da decisão, não de seu dispositivo. Assim, uma vez que
(FONTELES, 2015, pg. 146):

a única parte da sentença que opera efeitos de coisa julgada (erga omnes) é a dispositiva,
(...) a inconstitucionalidade da lei, enfrentada nas razões de decidir, não se sujeitaria a
esses efeitos. Em suma: a competência do STF permanece íntegra.

1.9 – Procedimento

Quanto ao procedimento, este seguirá o rito ordinário, previsto no Código


de Processo Civil, com algumas peculiaridades. Cabe-nos, contudo, destacar
alguns pontos:

a) Admite-se a citação de qualquer beneficiário do ato impugnado cuja


existência se torne conhecida no curso do processo a qualquer tempo,
desde que antes de proferida a sentença:

Lei 4.717/65. Artigo 7º.


III - Qualquer pessoa, beneficiada ou responsável pelo ato impugnado, cuja existência ou
identidade se torne conhecida no curso do processo e antes de proferida a sentença final de
primeira instância, deverá ser citada para a integração do contraditório, sendo-lhe restituído
o prazo para contestação e produção de provas. Salvo quanto a beneficiário, se a citação
se houver feito na forma do inciso anterior.

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b) O prazo para defesa será de 20 (vinte) dias, podendo ser prorrogado, a


requerimento do interessado:

Lei 4.717/65. Artigo 7º.


IV - O prazo de contestação é de 20 (vinte) dias prorrogáveis por mais 20 (vinte), a
requerimento do interessado, se particularmente difícil a produção de prova documental, e
será comum a todos os interessados, correndo da entrega em cartório do mandado
cumprido, ou, quando for o caso, do decurso do prazo assinado em edital.

c) Não haverá prazo diferenciado para a Fazenda Pública, dada a


especificidade do prazo da Lei 4.717/65.

d) Será possível a concessão de tutela de urgência na Ação Popular, desde


que presentes os requisitos autorizadores, sendo certo que esta poderá ser
intentada tanto de forma preventiva como repressiva, em relação aos atos
lesivos.

e) Quanto à remessa necessária, o artigo 19, da Lei 4.717/65, a prevê em


relação às sentenças que extinguem o processo sem resolução do mérito e
em relação às sentenças que julgam improcedente o pedido:

Art. 19. A sentença que concluir pela carência ou pela improcedência da ação está sujeita
ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de confirmada pelo tribunal;
da que julgar a ação procedente caberá apelação, com efeito suspensivo.

Ademais, segundo já decidiu o Superior Tribunal de Justiça, por aplicação


analógica, as sentenças proferidas da mesma forma nas Ações Civis Públicas
também se sujeitam à remessa necessária:

PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. REEXAME


NECESSÁRIO. CABIMENTO. APLICAÇÃO, POR ANALOGIA, DO ART. 19 DA LEI 4.717/1965.
1. "Por aplicação analógica da primeira parte do art. 19 da Lei nº 4.717/65, as sentenças
de improcedência de ação civil pública sujeitam-se indistintamente ao reexame necessário"

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(REsp 1.108.542/SC, Rel. Ministro Castro Meira, j. 19.5.2009, Dje 29.5.2009). 2. Agravo
Regimental não provido.
(AgRg no REsp 1219033/RJ, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado
em 17/03/2011, DJe 25/04/2011)

A ideia é que tanto a ação popular como a Ação Civil Pública destinam-se à
proteção do interesse público, exatamente a pretensão das prerrogativas e
benefícios processuais aplicáveis à Fazenda Pública.

f) Contra a sentença proferida em Ação Popular, qualquer cidadão ou o


Ministério Público possuem legitimidade para recorrer:

Lei 4.717/65. Artigo 19.


§ 2º Das sentenças e decisões proferidas contra o autor da ação e suscetíveis de recurso,
poderá recorrer qualquer cidadão e também o Ministério Público.

g) Ressalte-se, ainda, que em caso de lides manifestamente temerárias, será


o Autor condenado ao pagamento do décuplo das custas processuais.

Art. 13. A sentença que, apreciando o fundamento de direito do pedido, julgar a lide
manifestamente temerária, condenará o autor ao pagamento do décuplo das custas.

h) Quanto à coisa julgada, Pedro Lenza ensina (2015, pg. 1266):

A coisa julgada se opera secundum eventum litis, ou seja, se a ação for julgada procedente
ou improcedente por ser infundada, produzirá efeito de coisa julgada oponível erga omnes.
No entando, se a improcedência se der por deficiência de provas, haverá apenas a coisa
julgada formal, podendo qualquer cidadão intentar outra ação com idêntico fundamento,
valendo-se de nova prova (art. 18 da lei), já que não terá sido analisado o mérito.

Trata-se do disposto no artigo 18 da Lei 4.717/65:

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Art. 18. A sentença terá eficácia de coisa julgada oponível erga omnes, exceto no caso de
haver sido a ação julgada improcedente por deficiência de prova; neste caso, qualquer
cidadão poderá intentar outra ação com idêntico fundamento, valendo-se de nova prova.

FCC – CNMP – Analista -2015

Na ação popular é correto afirmar que


a) a proposta contra o Presidente da República a competência originária é do STF.
b) a sentença estará sempre sujeita a reexame obrigatório.
c) se pode impugnar ato administrativo e lei de efeito concreto.
d) o Ministério Público não pode aditar a inicial.
e) é viável a tutela e a defesa do consumidor em razão do princípio da integratividade do
microssistema processual coletivo.

Comentários

Alternativa correta: Letra “C“, eis que a lei de efeitos concretos é


considerada materialmente pela doutrina como equiparada a um ato
administrativo e, por isso mesmo, atacável por ação popular, conforme o direito
ou interesse lesado.

A alternativa “A” está equivocada. O STF já decidiu que a competência para


julgar ação popular contra ato de qualquer autoridade, até mesmo do Presidente
da República, é, em regra, do juízo competente de primeiro grau.

O erro da alternativa “B” é que apenas as sentenças que concluírem pela


carência ou improcedência da ação popular é que estarão sujeitas ao reexame
necessário, nos termos do artigo 19, da Lei 4.717/65:

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Art. 19. A sentença que concluir pela carência ou pela improcedência da ação está sujeita
ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de confirmada pelo tribunal;
da que julgar a ação procedente, caberá apelação, com efeito suspensivo.

Quanto à alternativa “D”, esta contraria o disposto no artigo 9º, da Lei


4717/65:

Art. 9º Se o autor desistir da ação ou der motivo à absolvição da instância, serão publicados
editais nos prazos e condições previstos no art. 7º, inciso II, ficando assegurado a qualquer
cidadão, bem como ao representante do Ministério Público, dentro do prazo de 90 (noventa)
dias da última publicação feita, promover o prosseguimento da ação.

Já a alternativa “E” está equivocada porque a Ação Popular não se presta


para defender interesses relativos aos consumidores.

2 – Habeas Data

2.1 – Considerações Iniciais

O Habeas Data é um remédio constitucional previsto para tutelar o direito


de informação das pessoas, encontrando razão de existir original no autoritarismo
do regime militar. Sua previsão constitucional encontra-se no inciso IXXII, do
artigo 5º:

LXXII - conceder-se-á habeas data:


a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante,
constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter
público;
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial
ou administrativo;

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Para Paulo Dantas (2015, pg. 388):

O habeas data tem por finalidade a proteção da dignidade da pessoa humana, prevista no
art. 1º, inciso III, da Carta Magna, e também da intimidade, da vida privada, da honra e da
imagem do indivíduo, conforme art. 5º, inciso X, da Carta Magna, contra eventual abuso
existente em informações constantes de bancos de dados governamentais ou de caráter
público.

Já Hely Lopes Meireles conceitua o instituto como (2013, pg. 339):

Habeas data é o meio constitucional posto à disposição de pessoa física ou jurídica para lhe
assegurar o conhecimento de registros concernentes ao postulante e constantes de
repartições públicas ou particulares acessíveis ao público, para retificação de seus dados
pessoais.

O Habeas Data é regulamentado pela Lei 9.507/97 e não se confunde com


o direito de obter certidões ou com o direito de obter informações de seu interesse
particular, previstos também no artigo 5º, da Constituição Federal:

XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse
particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena
de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da
sociedade e do Estado;

XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas:


b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento
de situações de interesse pessoal;

É que (LENZA, 2015, pg. 1258):

Havendo recusa no fornecimento de certidões (para a defesa de direitos ou esclarecimento


de situações de interesse pessoal, próprio ou de terceiros), ou informações de terceiros, o
remédio próprio é o mandado de segurança, e não o habeas data. Se o pedido for para

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assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, aí sim o


remédio será o habeas data.

Neste sentido, é trilhada a jurisprudência do STJ:

HABEAS DATA - EMBARGOS DE DECLARAÇÃO - INEXISTÊNCIA DE QUALQUER DOS VÍCIOS


PREVISTOS NO ART. 535, CPC - EFEITOS INFRINGENTES - IMPOSSIBILIDADE.
1. Os embargos de declaração somente são cabíveis nos rígidos limites do artigo 535 do
Código de Processo Civil.
2. A natureza do Habeas Data não se confunde com o direito constitucional de se
obter certidões. A pretensão de cada impetrante é sempre obter todas as
informações, objetivas ou subjetivas, que constem, a seu respeito, em registros
ou banco de dados governamentais.
3. Embargos de Declaração rejeitados.
(EDcl no HD 67/DF, Rel. Ministra DENISE ARRUDA, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em
09/06/2004, DJ 02/08/2004, p. 273)

Assim, de acordo com o artigo 7º, da Lei 9.507/97, caberá habeas data nas
seguintes hipóteses:

Art. 7° Conceder-se-á habeas data:


I - para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante,
constantes de registro ou banco de dados de entidades governamentais ou de caráter
público;
II - para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial
ou administrativo;
III - para a anotação nos assentamentos do interessado, de contestação ou explicação sobre
dado verdadeiro mas justificável e que esteja sob pendência judicial ou amigável.

Note-se que além de ser cabível o remédio processual para assegurar o


conhecimento de informações relativa à pessoa do impetrante e para a retificação
de dados, o disposto no inciso III estabelece uma hipótese de se impetrar Habeas
Data para anotar explicação sobre fato verdadeiro mas justificável nos
assentamentos do interessado.

Tal hipótese (FONTELES, 2015, pg. 121):

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Não ofende a Constituição, afinal, se seria possível até mesmo retificar uma informação, o
que se dirá manter a integridade desses dados e inserir uma mera justificação. Em suma,
à luz da Constituição e da lei de regência, a finalidade do remédio em estudo é a obtenção,
a retificação ou justificação de dados relativos à pessoa do impetrante.

Por fim, o jovem professor nos aponta ainda, que (FONTELES, 2015, pg.
124):

a) Não cabe Habeas Data para se obter cópia de processos


administrativos

RECURSO ESPECIAL. HABEAS DATA. CÓPIA DE PROCESSO ADMINISTRATIVO. AUSÊNCIA


DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA 282/STF. DISPOSITIVO LEGAL APONTADO COMO
VIOLADO QUE NÃO CONTÊM COMANDO CAPAZ DE INFIRMAR O JUÍZO FORMULADO PELO
ACÓRDÃO RECORRIDO. SÚMULA 284/STF. (...)
3. Busca o impetrante a "extração de cópia na íntegra alusiva ao objetivado processo
administrativo" (fl. 22). Ora, a hipótese aventada nos autos não se enquadra no inciso I, do
art. 7º, da Lei 9.507/97, que regula o direito de acesso a informações e disciplina o rito
processual do habeas data, uma vez que o impetrante não busca simplesmente assegurar
o conhecimento de informações relativas à sua pessoa ou pede esclarecimentos do que
consta arquivado em registro ou banco de dados de entidades governamentais. Na verdade,
pretende o impetrante a obtenção de cópia de processo administrativo de seu interesse,
finalidade esta não amparada por habeas data, restando aberta a via do mandado de
segurança.
4. Recurso especial parcialmente conhecido e, nesta parte, desprovido. (REsp 904.447/RJ,
Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA TURMA, julgado em 08/05/2007, DJ
24/05/2007, p. 333)

b) Não cabe Habeas Data para discutir correção de provas de concurso


público

HABEAS DATA. CONCURSO PÚBLICO. ACESSO A INFORMAÇÕES SOBRE OS CRITÉRIOS


UTILIZADOS NA CORREÇÃO DE PROVA DISCURSIVA. IMPROPRIEDADE DA VIA ELEITA.
1. A Lei n. 9.507/97 é suficientemente clara ao expor, no art. 7º, as hipóteses em que se
justifica o manuseio do habeas data, não estando ali prevista, nem sequer implicitamente,
a possibilidade de utilização da via com o propósito de revolver os critérios utilizados por
instituição de ensino na correção de prova discursiva realizada com vista ao preenchimento
de cargos na Administração Pública.
2. Agravo regimental não-provido. (AgRg no HD 127/DF, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE
NORONHA, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 14/06/2006, DJ 14/08/2006, p. 250)

c) Não cabe Habeas Data para se quebrar o sigilo de Inquérito Policial

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PROCESSUAL CIVIL. HABEAS DATA. OBTENÇÃO DE INFORMAÇÕES CONSTANTES DE


INQUÉRITO SIGILOSO. INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA.
1. O habeas data não é meio processual idôneo para obrigar autoridade coatora a
prestar informações sobre inquérito que tramita em segredo de justiça, cuja finalidade
precípua é a de elucidar a prática de uma infração penal e cuja quebra de sigilo poderá
frustrar seu objetivo de descobrir a autoria e materialidade do delito. Não se enquadra,
portanto, nas hipóteses de cabimento do habeas data, previstas no art. 7º da Lei 9.507/97.
2. Agravo regimental desprovido. (AgRg nos EDcl no HD 98/DF, Rel. Ministro TEORI ALBINO
ZAVASCKI, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 22/09/2004, DJ 11/10/2004, p. 211)

FCC – PGM/Campinas - Procurador - 2016

Em sede de denúncia formulada por cidadão, perante o Tribunal de Contas da União, os


dirigentes de empresa fornecedora de insumos para a construção civil figurariam como
beneficiários de supostas irregularidades cometidas na execução de obra pública. Tendo
tomado conhecimento do envolvimento de seu nome por intermédio de informações
veiculadas por meios de comunicação, os dirigentes em questão requerem vista dos autos
no TCU, pedido que é negado pelo Relator da denúncia, sob o fundamento de que a apuração
tramita em sigilo. Nessa hipótese, em tese, poderão os dirigentes interessados na vista dos
autos valer-se, judicialmente, de:
a) habeas corpus, de competência originária do Supremo Tribunal Federal.
b) habeas data, de competência originária do Superior Tribunal de Justiça.
c) mandado de segurança, de competência originária do Superior Tribunal de Justiça.
d) habeas data, de competência originária do Supremo Tribunal Federal.
e) mandado de segurança, de competência originária do Supremo Tribunal Federal.

Comentários

Alternativa Correta: Letra “E”.

Esta exatamente a discussão que travamos até aqui: não cabe Habeas Data
para se obter cópia de processo administrativo, sendo certo que se trata na
hipótese de violação aos incisos XXXIII e XXXIV da Constituição Federal,
atacáveis por Mandado de Segurança.

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Quanto à competência, a Súmula 248 do Supremo Tribunal Federal


estabelece ser este competente para apreciar Mandado de Segurança impetrado
em face de ato do TCU:

Súmula 248 – STF - É competente, originariamente, o Supremo Tribunal Federal, para


mandado de segurança contra ato do Tribunal de Contas da União.

Em junho de 2015, em decisão divulgada no Informativo 790 do STF, este


Tribunal fixou a tese de Repercussão Geral no sentido de que:

O Habeas Data é garantia constitucional adequada para a obtenção dos dados


concernentes ao pagamento de tributos do próprio contribuinte constantes dos
sistemas informatizados de apoio à arrecadação dos órgãos da administração
fazendária dos entes estatais.

Em verdade, apreciou o STF hipótese onde a Receita Federal negou a um


determinado contribuinte acesso a suas informações junto ao SINCOR – Sistema
de Conta Corrente da Secretaria da Receita Federal do Brasil, que registra e
armazena dados acerca de débitos e créditos tributários de cada contribuinte.

Tais informações, em que pese sigilosas, não devem ser negadas quando
solicitadas pelo próprio contribuinte, eis que o sigilo fiscal deve ser oposto a
terceiros e não ao próprio interessado acerca de seus próprios dados.

Por fim, em que pese decisão proferida relativa ao SINCOR, entende-se que
a tese firmada terá aplicação para os diversos bancos de dados das
Administrações Fazendárias municipais e estaduais.

Eis a ementa do julgado:

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Ementa: DIREITO CONSTITUCIONAL. DIREITO TRIBUTÁRIO. HABEAS DATA. ARTIGO 5º,


LXXII, CRFB/88. LEI Nº 9.507/97. ACESSO ÀS INFORMAÇÕES CONSTANTES DE SISTEMAS
INFORMATIZADOS DE CONTROLE DE PAGAMENTOS DE TRIBUTOS. SISTEMA DE CONTA
CORRENTE DA SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL-SINCOR. DIREITO
SUBJETIVO DO CONTRIBUINTE. RECURSO A QUE SE DÁ PROVIMENTO.
1. O habeas data, posto instrumento de tutela de direitos fundamentais, encerra amplo
espectro, rejeitando-se visão reducionista da garantia constitucional inaugurada pela carta
pós-positivista de 1988.
2. A tese fixada na presente repercussão geral é a seguinte: “O Habeas Data é garantia
constitucional adequada para a obtenção dos dados concernentes ao pagamento de tributos
do próprio contribuinte constantes dos sistemas informatizados de apoio à arrecadação dos
órgãos da administração fazendária dos entes estatais.”
3. O Sistema de Conta Corrente da Secretaria da Receita Federal do Brasil, conhecido
também como SINCOR, registra os dados de apoio à arrecadação federal ao armazenar os
débitos e créditos tributários existentes acerca dos contribuintes.
4. O caráter público de todo registro ou banco de dados contendo informações que sejam
ou que possam ser transmitidas a terceiros ou que não sejam de uso privativo do órgão ou
entidade produtora ou depositária das informações é inequívoco (art. 1º, Lei nº 9.507/97).
5. O registro de dados deve ser entendido em seu sentido mais amplo, abrangendo tudo
que diga respeito ao interessado, seja de modo direto ou indireto. (…) Registro de dados
deve ser entendido em seu sentido mais amplo, abrangendo tudo que diga respeito ao
interessado, seja de modo direto ou indireto, causando-lhe dano ao seu direito de
privacidade.(...) in José Joaquim Gomes Canotilho, Gilmar Ferreira Mendes, Ingo Wolfgang
Sarlet e Lenio Luiz Streck. Comentários à Constituição. Editora Saraiva, 1ª Edição, 2013,
p.487.
6. A legitimatio ad causam para interpretação de Habeas Data estende-se às pessoas físicas
e jurídicas, nacionais e estrangeiras, porquanto garantia constitucional aos direitos
individuais ou coletivas.
7. Aos contribuintes foi assegurado constitucionalmente o direito de conhecer as
informações que lhes digam respeito em bancos de dados públicos ou de caráter público,
em razão da necessidade de preservar o status de seu nome, planejamento empresarial,
estratégia de investimento e, em especial, a recuperação de tributos pagos indevidamente,
verbis: Art. 5º. …LXXII. Conceder-se-á habeas data para assegurar o conhecimento de
informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados
de entidades governamentais ou de caráter público, considerado como um writ, uma
garantia, um remédio constitucional à disposição dos cidadãos para que possam
implementar direitos subjetivos que estão sendo obstaculados.
8. As informações fiscais conexas ao próprio contribuinte, se forem sigilosas, não importa
em que grau, devem ser protegidas da sociedade em geral, segundo os termos da lei ou da
constituição, mas não de quem a elas se referem, por força da consagração do direito à
informação do art. 5º, inciso XXXIII, da Carta Magna, que traz como única ressalva o sigilo
imprescindível à segurança da sociedade e do Estado, o que não se aplica no caso sub
examine, verbis: Art. 5º.…XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos
informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão
prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo
seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado.
9. In casu, o recorrente requereu à Secretaria da Receita Federal do Brasil os extratos
atinentes às anotações constantes do Sistema de Conta-Corrente de Pessoa Jurídica-
SINCOR, o Sistema Conta-Corrente de Pessoa Jurídica-CONTACORPJ, como de quaisquer
dos sistemas informatizados de apoio à arrecadação federal, no que tange aos pagamentos

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de tributos federais, informações que não estão acobertadas pelo sigilo legal ou
constitucional, posto que requerida pelo próprio contribuinte, sobre dados próprios.
10. Ex positis, DOU PROVIMENTO ao recurso extraordinário.
(RE 673707, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em 17/06/2015, ACÓRDÃO
ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-195 DIVULG 29-09-2015 PUBLIC 30-09-
2015)

A Fundação Carlos Chagas já cobrou este novo entendimento na prova de


Auditor do Tribunal de Contas do Amazonas realizada no final do ano de 2015,
quando estabeleceu como alternativa correta a Letra “E” da seguinte questão:

FCC – TCE/AM - Auditor -2015

Para a obtenção, pela via judicial, pelo próprio contribuinte, de dados relativos ao
pagamento de tributos, constantes de sistemas informatizados dos órgãos de administração
fazendária,
a) não cabe ajuizar ação de caráter mandamental.
b) cabe impetrar mandado de segurança.
c) cabe impetrar habeas corpus.
d) cabe impetrar mandado de injunção.
e) cabe impetrar habeas data.

2.2 – Legitimidade ativa e passiva

Qualquer pessoa, física ou jurídica, poderá ajuizar a ação constitucional de


habeas data para ter acesso às informações a seu respeito. Trata-se de direito
personalíssimo que apenas pode ser exercido por seu titular.

Contudo, excepcionalmente, decidiu o STJ que os herdeiros legítimos ou


o cônjuge supérstite poderão impetrar Habeas Data em nome do de cujus para
obter informações a seu respeito:

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CONSTITUCIONAL. HABEAS DATA. VIÚVA DE MILITAR DA AERONÁUTICA. ACESSO A


DOCUMENTOS FUNCIONAIS. ILEGITIMIDADE PASSIVA E ATIVA.
NÃO-OCORRÊNCIA. OMISSÃO DA ADMINISTRAÇÃO CARATERIZADA. ORDEM CONCEDIDA.
(...)
2. É parte legítima para impetrar habeas data o cônjuge sobrevivente na defesa
de interesse do falecido.
3. O habeas data configura remédio jurídico-processual, de natureza constitucional, que se
destina a garantir, em favor da pessoa interessada, o exercício de pretensão jurídica
discernível em seu tríplice aspecto: (a) direito de acesso aos registros existentes; (b) direito
de retificação dos registros errôneos e (c) direito de complementação dos registros
insuficientes ou incompletos.
4. Sua utilização está diretamente relacionada à existência de uma pretensão resistida,
consubstanciada na recusa da autoridade em responder ao pedido de informações, seja de
forma explícita ou implícita (por omissão ou retardamento no fazê-lo). (...)
6. Ordem concedida.
(HD 147/DF, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em
12/12/2007, DJ 28/02/2008, p. 69)

Na prova de concurso, devemos ter atenção sobre o que fora pedido pelo
quesito, eis que a regra continua sendo: o habeas data é vocacionado para
obter, retificar ou complementar informação pessoal e não relativa a
terceiros. (FONTELES, 2015, pg. 128);

Quanto ao polo passivo, este deve ser ocupado pela entidade que mantém
as informações a respeito do impetrante, conforme lição de Pedro Lenza (2015,
pg. 1259):

Em se tratando de registro ou banco de dados de entidade governamental, o sujeito passivo


será a pessoa jurídica componente da administração direta e indireta do Estado. Na hipótese
de registro ou banco de dados de entidade de caráter público, a entidade não é
governamental, mas, de fato, figurará no polo passivo da ação.

Assim afirma o processualista porque o Superior Tribunal de Justiça já


decidiu que poderá ser impetrado habeas data em face de entidades particulares
mas que possuam registros ou bancos de dados de caráter público, a exemplo do
SPC e SERASA.

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Isto porque o artigo 1º, parágrafo único da Lei 9.507/97 considera de


caráter público:

Parágrafo único. Considera-se de caráter público todo registro ou banco de dados contendo
informações que sejam ou que possam ser transmitidas a terceiros ou que não sejam de
uso privativo do órgão ou entidade produtora ou depositária das informações.

Assim, perfeitamente possível enquadrarmos as empresas privadas de


serviço de proteção ao crédito (SPC) no polo passivo na ação de habeas data.

Samuel Fonteles (2015, pg. 128) defende que, tal qual no Mandado de
Segurança, o impetrado seria a autoridade coatora responsável pela omissão,
assim devendo ser considerada aquela que figura no topo da cadeia hierárquica
e que deu a última palavra quanto ao indeferimento, não se devendo confundir a
autoridade coatora com o órgão depositário das informações.

Para sustentar suas afirmações, o professor aponta a aplicação da Teoria


da Encampação pelo STJ em processos de Habeas Data:

HABEAS DATA. LEGITIMIDADE PASSIVA DO COMANDANTE DO EXÉRCITO. APLICAÇÃO,


MUTATIS MUTANDIS, DA TEORIA DA ENCAMPAÇÃO. AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO DE
RECUSA, NA VIA ADMINISTRATIVA, DE ACESSO A INFORMAÇÃO. SÚMULA 2/STJ E ART. 8º,
I, DA LEI Nº 9.507/97. PEDIDO DE CÓPIA DE PARECER QUE TERIA DADO CAUSA À
EXONERAÇÃO DO IMPETRANTE. DEFERIMENTO.
1. A teoria da encampação aplica-se ao habeas data, mutatis mutandis, quando o
impetrado é autoridade hierarquicamente superior aos responsáveis pelas
informações pessoais referentes ao impetrante e, além disso, responde na via
administrativa ao pedido de acesso aos documentos.
2. A demonstração da recusa de acesso a informação pela autoridade administrativa é
indispensável no habeas data, sob pena de ausência de interesse de agir. Aplicação, quanto
a um dos documentos pleiteados, da Súmula 2/STJ e do disposto no artigo 8º, I, da Lei nº
9.507/97.
3. Deve ser deferido o pedido de acesso a cópia de parecer que teria dado causa à
exoneração do impetrante. A possibilidade de acesso das informações será sua garantia à
defesa de sua honra e imagem, uma vez que esclarecerá os motivos pelos quais, segundo
alega, teria sofrido prejuízos tanto morais como materiais.
4. Habeas data deferido em parte.
(HD 84/DF, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em
27/09/2006, DJ 30/10/2006, p. 236)

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2.3 – Do prévio esgotamento da via administrativa

O artigo 8º, da Lei 9.507/97 exige o prévio esgotamento da via


administrativa para viabilizar a propositura de habeas data ou o decurso de prazo
razoável sem qualquer decisão:

Art. 8° A petição inicial, que deverá preencher os requisitos dos arts. 282 a 285 do Código
de Processo Civil, será apresentada em duas vias, e os documentos que instruírem a
primeira serão reproduzidos por cópia na segunda.
Parágrafo único. A petição inicial deverá ser instruída com prova:
I - da recusa ao acesso às informações ou do decurso de mais de dez dias sem decisão;
II - da recusa em fazer-se a retificação ou do decurso de mais de quinze dias, sem decisão;
ou
III - da recusa em fazer-se a anotação a que se refere o § 2° do art. 4° ou do decurso de
mais de quinze dias sem decisão.

Assim, a Súmula 02 do STJ estabelece que não cabe habeas data se não
houve recusa de informações por parte da autoridade administrativa:

Súmula 02 – STJ - Não cabe o habeas data (CF/88, art. 5º, LXXII, «a») se não houve
recusa de informações por parte da autoridade administrativa.

O STF partilha deste entendimento:

E M E N T A: HABEAS DATA - NATUREZA JURÍDICA - REGIME DO PODER VISÍVEL COMO


PRESSUPOSTO DA ORDEM DEMOCRÁTICA - A JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL DAS
LIBERDADES - SERVIÇO NACIONAL DE INFORMAÇÕES (SNI) - ACESSO NÃO RECUSADO
AOS REGISTROS ESTATAIS - AUSÊNCIA DO INTERESSE DE AGIR - RECURSO IMPROVIDO.
– (...) A prova do anterior indeferimento do pedido de informação de dados
pessoais, ou da omissão em atendê-lo, constitui requisito indispensável para que
se concretize o interesse de agir no habeas data. Sem que se configure situação
prévia de pretensão resistida, há carência da ação constitucional do habeas data.
(RHD 22, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Relator(a) p/ Acórdão: Min. CELSO DE MELLO,

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Tribunal Pleno, julgado em 19/09/1991, DJ 01-09-1995 PP-27378 EMENT VOL-01798-01


PP-00001)

2.4 – Procedimento

A impetração do habeas data é gratuita, nos termos do artigo 21, da Lei


9.507/97:

Art. 21. São gratuitos o procedimento administrativo para acesso a informações e retificação
de dados e para anotação de justificação, bem como a ação de habeas data.

A petição inicial deve vir acompanhada com duas vias com cópias de todos
os documentos. Ao despachar a inicial, o juiz determinará a notificação do coator
do conteúdo da petição, acompanhada da 2ª via e das cópias dos documentos, a
fim de que, no prazo de 10 dias, preste as informações que julgar necessárias.

Se não for o caso de habeas data, a petição deverá ser indeferida, cuja
decisão caberá apelação. Contudo, em o sendo, deverá o magistrado ouvir o
Ministério Público no prazo de cinco dias:

Art. 11. Feita a notificação, o serventuário em cujo cartório corra o feito, juntará aos autos
cópia autêntica do ofício endereçado ao coator, bem como a prova da sua entrega a este
ou da recusa, seja de recebê-lo, seja de dar recibo.
Art. 12. Findo o prazo a que se refere o art. 9°, e ouvido o representante do Ministério
Público dentro de cinco dias, os autos serão conclusos ao juiz para decisão a ser proferida
em cinco dias.

Após, os autos serão conclusos para o juiz proferir decisão no prazo de


cinco dias. Acaso não apreciado o mérito, o pedido poderá ser renovado:

Art. 18. O pedido de habeas data poderá ser renovado se a decisão denegatória não lhe
houver apreciado o mérito.

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Ademais, acaso julgue procedente o mérito do pedido, o juiz determinará


data e horário para que a autoridade coatora apresente as informações a respeito
do impetrante ou demonstre a prova da retificação ou da anotação feita nos
assentamentos do impetrante.

Art. 13. Na decisão, se julgar procedente o pedido, o juiz marcará data e horário para que
o coator:
I - apresente ao impetrante as informações a seu respeito, constantes de registros ou
bancos de dadas; ou
II - apresente em juízo a prova da retificação ou da anotação feita nos assentamentos do
impetrante.

2.5 – Competência

As regras sobre competência são similares ao Mandado de Segurança e


estão previstas no artigo 21 da Lei 9.507/97:

Art. 20. O julgamento do habeas data compete:


I - originariamente:
a) ao Supremo Tribunal Federal, contra atos do Presidente da República, das Mesas da
Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, do
Procurador-Geral da República e do próprio Supremo Tribunal Federal;
b) ao Superior Tribunal de Justiça, contra atos de Ministro de Estado ou do próprio Tribunal;
c) aos Tribunais Regionais Federais contra atos do próprio Tribunal ou de juiz federal;
d) a juiz federal, contra ato de autoridade federal, excetuados os casos de competência dos
tribunais federais;
e) a tribunais estaduais, segundo o disposto na Constituição do Estado;
f) a juiz estadual, nos demais casos;
II - em grau de recurso:

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a) ao Supremo Tribunal Federal, quando a decisão denegatória for proferida em única


instância pelos Tribunais Superiores;
b) ao Superior Tribunal de Justiça, quando a decisão for proferida em única instância pelos
Tribunais Regionais Federais;
c) aos Tribunais Regionais Federais, quando a decisão for proferida por juiz federal;
d) aos Tribunais Estaduais e ao do Distrito Federal e Territórios, conforme dispuserem a
respectiva Constituição e a lei que organizar a Justiça do Distrito Federal;
III - mediante recurso extraordinário ao Supremo Tribunal Federal, nos casos previstos
na Constituição.

Ressalte-se que, segundo Samuel Fonteles (2015, pg. 1340):

Percebam que não é possível interpor recurso ordinário constitucional para o Superior
Tribunal de Justiça da decisão do TJ ou TRF que venha a denegar habeas data, por ausência
de previsão constitucional.

Para sintetizar o conteúdo, trazemos interessante questão formulada na


prova para Juiz do Trabalho da 15ª. Região.

TRT 15ª Região – Juiz do Trabalho -2011

A respeito da ação de habeas data é incorreto afirmar que:


a) é remédio constitucional que pode ser utilizado para a retificação de dados, quando não
se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo;
b) conforme a natureza da matéria envolvida, é possível atribuir-se à justiça laboral o seu
processamento e julgamento;
c) a medida pode ser impetrada por pessoa jurídica;
d) conforme entendimento do STJ, trata-se de medida cabível ainda que não tenha havido
recusa de prestação de informações por parte da autoridade administrativa;
e) pode ser concedido para assegurar o conhecimento de informações relativas ao
impetrante constantes em bancos de dados de entidades de caráter público.

Comentários

Alternativa Correta: Letra “D”.

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Trata-se de interpretação literal da Súmula 02 do STJ:

Súmula 02 – STJ - Não cabe o habeas data (CF/88, art. 5º, LXXII, «a») se não houve
recusa de informações por parte da autoridade administrativa.

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3 – Mandado de Injunção

3.1 – Considerações Iniciais

De acordo com o artigo 5º, inciso LXXI, da Constituição Federal:

LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora


torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas
inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania;

Segundo Hely Lopes Meirelles (2013, pg. 321):

Mandado de Injunção é o meio constitucional posto à disposição de quem se considera


prejudicado pela falta de norma regulamentadora que torne inviável o exercício dos direitos
e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à
cidadania.

O Mandado de Injunção é útil, portanto, para viabilizar o exercício desses


direitos diante de uma norma constitucional de eficácia limitada, ainda pendente
de norma regulamentadora face à omissão do Poder Público.

Durante muito tempo, o Mandado de Injunção careceu de norma


regulamentadora, contudo, a Lei 13.300/2016 disciplinou o processo e o
julgamento dos mandados de injunção individual e coletivo.

O artigo 2º, da respectiva lei, estabelece que:

Art. 2º. Conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta total ou parcial de norma
regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das
prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania.
Parágrafo único. Considera-se parcial a regulamentação quando forem insuficientes as
normas editadas pelo órgão legislador competente.

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A falta de norma regulamentadora poderá ser, portanto, total (quando não


houver qualquer norma tratando sobre a matéria) ou parcial (quando em que
pese existente a norma regulamentadora, esta o faça de forma insuficiente). Esta
possibilidade de propositura de Mandado de Injunção parcial foi uma alteração
nova da Lei 13.300/2016 que possivelmente será explorada em provas de
concurso público.

Não caberá Mandado de Injunção quando a norma constitucional tiver


eficácia plena e, por si só, já viabilizar o exercício do direito pelo cidadão. Além
disso, Samuel Fonteles nos lembra que (2015, pg. 107):

É importante distinguir duas situações: quando a Constituição Federal ordena o legislador a


elaborar uma norma e quando apenas permite-lhe que o faça. No primeiro caso, tem-se
uma ordem. No segundo, uma permissão. (...) O mandado de injunção só tem
cabimento quando a Constituição impõe a feitura de norma regulamentadora, não
quando a elaboração desta traduz apenas uma faculdade.

Por fim, o ato normativo determinado pela Constituição e que ainda não
fora elaborado pode ser ou administrativo, quando o responsável pela sua edição
é um órgão administrativo ou legislativo, quando o direito está sendo inviabilizado
por falta de uma lei.

3.2 – Legitimidade Ativa e Passiva

Qualquer pessoa poderá impetrar mandado de injunção, quando a falta de


norma regulamentadora estiver inviabilizando o exercício de direitos, liberdades
e prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania.

O STF chegou inclusive a reconhecer a possibilidade de propositura de


mandado de injunção coletivo, antes da regulamentação trazida pela Lei
13.300/2016. Tal dispositivo superou a discussão:

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Art. 3o. São legitimados para o mandado de injunção, como impetrantes, as pessoas
naturais ou jurídicas que se afirmam titulares dos direitos, das liberdades ou das
prerrogativas referidos no art. 2o e, como impetrado, o Poder, o órgão ou a autoridade com
atribuição para editar a norma regulamentadora.

Assim, tanto a pessoa física quanto a pessoa jurídica poderão propor


mandado de injunção que poderá ser individual ou coletivo.

Quanto ao polo passivo, este deverá ser ocupado pelo Poder, órgão ou
autoridade com atribuição para editar a norma regulamentadora. É por isso que
Pedro Lenza assim esclarece (2015, pg. 1253):

No tocante ao polo passivo da ação, somente a pessoa estatal poderá ser demandada e
nunca o particular (que não tem o dever de regulamentar a CF). Ou seja, os entes estatais
é que devem regulamentar as normas constitucionais de eficácia limitada, como o
Congresso Nacional.

Assim, na prova de Procurador do Município de João Pessoa/PB, realizada


em 2012 pela Fundação Carlos Chagas, deveria o candidato marcar como
alternativa correta da questão a seguir a letra “D”.

FCC – PGM/João Pessoa – Procurador - 2012

De acordo com a Constituição Federal e a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, cabe


a impetração de mandado de injunção
a) quando o exercício de direito, liberdade ou prerrogativa constitucional esteja sendo
inviabilizado em virtude de falta de norma reguladora da Constituição Federal, não sendo
cabível, por falta de previsão constitucional, o mandado de injunção coletivo.
b) para pleitear interpretação de norma infraconstitucional que, a pretexto de regulamentar
direito, liberdade ou prerrogativa constitucional, viola a Constituição Federal.
c) quando o exercício do direito previsto em norma infraconstitucional esteja sendo
inviabilizado em virtude de falta de norma regulamentadora do Poder Executivo, sendo
cabível o mandado de injunção individual e o coletivo.

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d) para o exercício do direito de greve do servidor público federal, inviabilizado por falta de
norma regulamentadora da Constituição Federal, podendo ser impetrado por associação
de classe.
e) apenas para declarar a mora do Poder Legislativo, não podendo ser suprida a lacuna
normativa que inviabiliza o exercício de direito, liberdade ou prerrogativa constitucional.

Ressalte-se que a lei 13.300/2016 estabeleceu como partes legítimas para


propositura do mandado de injunção coletivo as pessoas indicadas no seu artigo
12, dentre os quais destaca-se o Ministério Público e a Defensoria Pública:

Art. 12. O mandado de injunção coletivo pode ser promovido:


I - pelo Ministério Público, quando a tutela requerida for especialmente relevante para a
defesa da ordem jurídica, do regime democrático ou dos interesses sociais ou individuais
indisponíveis;
II - por partido político com representação no Congresso Nacional, para assegurar o
exercício de direitos, liberdades e prerrogativas de seus integrantes ou relacionados com a
finalidade partidária;
III - por organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em
funcionamento há pelo menos 1 (um) ano, para assegurar o exercício de direitos, liberdades
e prerrogativas em favor da totalidade ou de parte de seus membros ou associados, na
forma de seus estatutos e desde que pertinentes a suas finalidades, dispensada, para tanto,
autorização especial;
IV - pela Defensoria Pública, quando a tutela requerida for especialmente relevante para a
promoção dos direitos humanos e a defesa dos direitos individuais e coletivos dos
necessitados, na forma do inciso LXXIV do art. 5o da Constituição Federal.
Parágrafo único. Os direitos, as liberdades e as prerrogativas protegidos por mandado de
injunção coletivo são os pertencentes, indistintamente, a uma coletividade indeterminada
de pessoas ou determinada por grupo, classe ou categoria.

3.3 – Mandado de Injunção X ADI por Omissão

O Mandado de Injunção e a Ação Direta de Inconstitucionalidade por


Omissão são medidas processuais utilizadas para suprir a denominada síndrome
da inefetividade das normas constitucionais. Tais normas no momento da
promulgação da Constituição não tem o condão de produzir todos os seus efeitos,

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precisando de ato normativo integrativo infraconstitucional. (LENZA, 2015, pg.


1252)

Para Dirley da Cunha Júnior (2004, pg. 553):

O mandado de injunção foi concebido como instrumento de controle concreto ou incidental


de inconstitucionalidade da omissão, voltado a tutela dos direitos subjetivos. Já a ação direta
de inconstitucionalidade por omissão foi ideada como instrumento de controle abstrato ou
principal de constitucionalidade da omissão, empenhado na defesa objetiva da Constituição.
Isso significa que o mandado de injunção é uma ação constitucional de garantia individual,
enquanto a ação direta de inconstitucionalidade por omissão é uma ação constitucional de
garantia da Constituição.

Ademais, no Mandado de Injunção qualquer pessoa natural ou jurídica que


alegue ter um direito, liberdade ou prerrogativa garantido constitucionalmente e
que, por omissão do Poder Público, não pode exercê-lo, é parte legítima para
propor a demanda. Quanto ao Mandado de In junção Coletivo, os legitimados são
aqueles previstos no artigo 12 da Lei 13.300/2016.

Já na Ação Direta de Inconstitucionalidade por omissão, os legitimados


ativos são apenas aqueles previstos no artigo 103 da Constituição Federal.

Por fim, a competência para apreciar a ADI por omissão será do STF ou do
TJ, a depender da norma constitucional, se federal ou estadual. Já a competência
para apreciar o Mandado de Injunção será definida a depender da autoridade que
figura no polo passivo da demanda.

3.4 – Efeitos da Decisão

Mesmo antes do advento da Lei 13.300/2016, o Supremo Tribunal Federal


já havia decidido que a norma constitucional que previa o instituto era
autoaplicável. Assim, independente da normatização do Mandado de Injunção, já

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era possível o uso do remédio, utilizando-se por analogia o procedimento relativo


ao mandado de segurança.

Contudo, com relação aos efeitos da decisão proferida em sede de Mandado


de Injunção, a jurisprudência do STF sofrera diversas alterações, tendo
reconhecido, ao longo do tempo, os seguintes posicionamentos.

a) Teoria Não Concretista

Durante muito tempo, esta teoria foi dominante no Supremo Tribunal


Federal. Ao apreciar o Mandado de Injunção, o Tribunal limitava-se a declarar a
inconstitucionalidade por omissão e comunicar a mora ao Congresso Nacional,
para que o legislador suprisse a inconstitucionalidade produzindo a norma.

Para Samuel Fonteles (2015, pg. 110):

Segundo este entendimento, se o Judiciário concretizasse o direito, isso equivaleria a


legislar positivamente. O resultado foi dos piores. Os parlamentares não se sensibilizaram
com o apelo do STF, afinal, sempre estiveram sob o manto da separação dos poderes.

Exemplo desta posição no seio do STF, tem-se o MI 95:

MANDADO DE INJUNÇÃO: AUSÊNCIA DE LEI REGULAMENTADORA DO DIREITO AO AVISO


PREVIO PROPORCIONAL; ILEGITIMIDADE PASSIVA DO EMPREGADOR SUPRIDA PELA
INTEGRAÇÃO AO PROCESSO DO CONGRESSO NACIONAL; MORA LEGISLATIVA: CRITÉRIO
OBJETIVO DE SUA VERIFICAÇÃO: PROCEDENCIA, PARA, DECLARADA A MORA,
NOTIFICAR O LEGISLADOR PARA QUE A SUPRA.
(MI 95, Relator(a): Min. CARLOS VELLOSO, Relator(a) p/ Acórdão: Min. SEPÚLVEDA
PERTENCE, Tribunal Pleno, julgado em 07/10/1992, DJ 18-06-1993 PP-12108 EMENT VOL-
01708-01 PP-00075)

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b) Teoria Concretista Individual Intermediária

Segundo Pedro Lenza (2015, pg. 1255):

Avançando, o STF adotou em alguns casos a posição concretista individual


intermediária (...), qual seja, fixar um prazo e comunicar ao órgão omisso para que
elabore a norma naquele período. Decorrido in albis o prazo fixado, o autor passaria a ter o
direito pleiteado (efeitos inter partes).

Assim, o Judiciário regularia a situação após decorrido o prazo do


Legislativo. Trata-se da posição adotada pelo STF nos autos do MI 232:

Mandado de injunção. - Legitimidade ativa da requerente para impetrar mandado de


injunção por falta de regulamentação do disposto no par. 7. do artigo 195 da Constituição
Federal. - Ocorrencia, no caso, em face do disposto no artigo 59 do ADCT, de mora, por
parte do Congresso, na regulamentação daquele preceito constitucional. Mandado de
injunção conhecido, em parte, e, nessa parte, deferido para declarar-se o estado
de mora em que se encontra o Congresso Nacional, a fim de que, no prazo de seis
meses, adote ele as providencias legislativas que se impoem para o cumprimento
da obrigação de legislar decorrente do artigo 195, par. 7., da Constituição, sob
pena de, vencido esse prazo sem que essa obrigação se cumpra, passar o
requerente a gozar da imunidade requerida.

(MI 232, Relator(a): Min. MOREIRA ALVES, Tribunal Pleno, julgado em 02/08/1991, DJ 27-
03-1992 PP-03800 EMENT VOL-01655-01 PP-00018 RTJ VOL-00137-03 PP-00965)

c) Teoria Concretista Individual Direta

Esta posição também foi adotada pelo STF, em especial, no MI 721/DF,


onde o Ministro Relator Marco Aurélio salientou o caráter mandamental e não
simplesmente declaratório do Mandado de Injunção. Assim, cabe ao Judiciário
não apenas emitir certidão da omissão do poder incumbido de regulamentar os
direitos constitucionais, mas viabilizar no caso concreto o exercício desse direito,
afastando as consequências da inércia do legislador.

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O próprio STF regulou, pois, o direito do impetrante com efeitos inter partes
da decisão:

MANDADO DE INJUNÇÃO - NATUREZA. Conforme disposto no inciso LXXI do artigo 5º da


Constituição Federal, conceder-se-á mandado de injunção quando necessário ao exercício
dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à
soberania e à cidadania. Há ação mandamental e não simplesmente declaratória de
omissão. A carga de declaração não é objeto da impetração, mas premissa da
ordem a ser formalizada. MANDADO DE INJUNÇÃO - DECISÃO - BALIZAS.
Tratando-se de processo subjetivo, a decisão possui eficácia considerada a relação
jurídica nele revelada. APOSENTADORIA - TRABALHO EM CONDIÇÕES ESPECIAIS -
PREJUÍZO À SAÚDE DO SERVIDOR - INEXISTÊNCIA DE LEI COMPLEMENTAR - ARTIGO 40,
§ 4º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. Inexistente a disciplina específica da
aposentadoria especial do servidor, impõe-se a adoção, via pronunciamento
judicial, daquela própria aos trabalhadores em geral - artigo 57, § 1º, da Lei nº
8.213/91.
(MI 721, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 30/08/2007, DJe-
152 DIVULG 29-11-2007 PUBLIC 30-11-2007 DJ 30-11-2007 PP-00029 EMENT VOL-02301-
01 PP-00001 RTJ VOL-00203-01 PP-00011 RDDP n. 60, 2008, p. 134-142)

d) Teoria Concretista Geral

Já a teoria concretista geral foi adotada pelo STF no julgamento acerca do


direito de greve dos servidores públicos, onde o Tribunal, por unanimidade de
votos, declarou a omissão legislativa e, por maioria, determinou a aplicação, no
que couber, da lei de greve vigente no setor privado, a Lei 7.783/89.

Trata-se de decisão onde o Tribunal não somente declara a aomissão do


Legislativo, mas também regulamenta o direito com eficácia erga omnes.
Segundo Pedro Lenza (2015, pg. 1257):

A aplicação da lei não se restringiu aos impetrantes, mas a todo o funcionalismo público.
(...) Assim, pode-se afirmar que o STF consagrou, em referido julgado e de modo
excepcional, a teoria concretista geral.

Transcreve-se, por oportuno, a relevante ementa do julgado proferido no


MI 712:

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EMENTA: MANDADO DE INJUNÇÃO. ART. 5º, LXXI DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL.


CONCESSÃO DE EFETIVIDADE À NORMA VEICULADA PELO ARTIGO 37, INCISO VII, DA
CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. LEGITIMIDADE ATIVA DE ENTIDADE SINDICAL. GREVE DOS
TRABALHADORES EM GERAL [ART. 9º DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL]. APLICAÇÃO DA LEI
FEDERAL N. 7.783/89 À GREVE NO SERVIÇO PÚBLICO ATÉ QUE SOBREVENHA LEI
REGULAMENTADORA. PARÂMETROS CONCERNENTES AO EXERCÍCIO DO DIREITO DE
GREVE PELOS SERVIDORES PÚBLICOS DEFINIDOS POR ESTA CORTE. CONTINUIDADE DO
SERVIÇO PÚBLICO. GREVE NO SERVIÇO PÚBLICO. ALTERAÇÃO DE ENTENDIMENTO
ANTERIOR QUANTO À SUBSTÂNCIA DO MANDADO DE INJUNÇÃO. PREVALÊNCIA DO
INTERESSE SOCIAL. INSUBSSISTÊNCIA DO ARGUMENTO SEGUNDO O QUAL DAR-SE-IA
OFENSA À INDEPENDÊNCIA E HARMONIA ENTRE OS PODERES [ART. 2O DA CONSTITUIÇÃO
DO BRASIL] E À SEPARAÇÃO DOS PODERES [art. 60, § 4o, III, DA CONSTITUIÇÃO DO
BRASIL]. INCUMBE AO PODER JUDICIÁRIO PRODUZIR A NORMA SUFICIENTE PARA TORNAR
VIÁVEL O EXERCÍCIO DO DIREITO DE GREVE DOS SERVIDORES PÚBLICOS, CONSAGRADO
NO ARTIGO 37, VII, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL.
1. O acesso de entidades de classe à via do mandado de injunção coletivo é processualmente
admissível, desde que legalmente constituídas e em funcionamento há pelo menos um ano.
2. A Constituição do Brasil reconhece expressamente possam os servidores públicos civis
exercer o direito de greve --- artigo 37, inciso VII. A Lei n. 7.783/89 dispõe sobre o exercício
do direito de greve dos trabalhadores em geral, afirmado pelo artigo 9º da Constituição do
Brasil. Ato normativo de início inaplicável aos servidores públicos civis.
3. O preceito veiculado pelo artigo 37, inciso VII, da CB/88 exige a edição de ato normativo
que integre sua eficácia. Reclama-se, para fins de plena incidência do preceito, atuação
legislativa que dê concreção ao comando positivado no texto da Constituição.
4. Reconhecimento, por esta Corte, em diversas oportunidades, de omissão do Congresso
Nacional no que respeita ao dever, que lhe incumbe, de dar concreção ao preceito
constitucional. Precedentes.
5. Diante de mora legislativa, cumpre ao Supremo Tribunal Federal decidir no sentido de
suprir omissão dessa ordem. Esta Corte não se presta, quando se trate da apreciação de
mandados de injunção, a emitir decisões desnutridas de eficácia.
6. A greve, poder de fato, é a arma mais eficaz de que dispõem os trabalhadores visando à
conquista de melhores condições de vida. Sua auto-aplicabilidade é inquestionável; trata-
se de direito fundamental de caráter instrumental.
7. A Constituição, ao dispor sobre os trabalhadores em geral, não prevê limitação do direito
de greve: a eles compete decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses
que devam por meio dela defender. Por isso a lei não pode restringi-lo, senão protegê-lo,
sendo constitucionalmente admissíveis todos os tipos de greve.
8. Na relação estatutária do emprego público não se manifesta tensão entre trabalho e
capital, tal como se realiza no campo da exploração da atividade econômica pelos
particulares. Neste, o exercício do poder de fato, a greve, coloca em risco os interesses
egoísticos do sujeito detentor de capital --- indivíduo ou empresa --- que, em face dela,
suporta, em tese, potencial ou efetivamente redução de sua capacidade de acumulação de
capital. Verifica-se, então, oposição direta entre os interesses dos trabalhadores e os
interesses dos capitalistas. Como a greve pode conduzir à diminuição de ganhos do titular
de capital, os trabalhadores podem em tese vir a obter, efetiva ou potencialmente, algumas
vantagens mercê do seu exercício. O mesmo não se dá na relação estatutária, no âmbito
da qual, em tese, aos interesses dos trabalhadores não correspondem, antagonicamente,
interesses individuais, senão o interesse social. A greve no serviço público não compromete,
diretamente, interesses egoísticos do detentor de capital, mas sim os interesses dos
cidadãos que necessitam da prestação do serviço público.

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9. A norma veiculada pelo artigo 37, VII, da Constituição do Brasil reclama reg
ulamentação, a fim de que seja adequadamente assegurada a coesão social.
10. A regulamentação do exercício do direito de greve pelos servidores públicos há de ser
peculiar, mesmo porque "serviços ou atividades essenciais" e "necessidades inadiáveis da
coletividade" não se superpõem a "serviços públicos"; e vice-versa.
11. Daí porque não deve ser aplicado ao exercício do direito de greve no âmbito da
Administração tão-somente o disposto na Lei n. 7.783/89. A esta Corte impõe-se traçar os
parâmetros atinentes a esse exercício.
12. O que deve ser regulado, na hipótese dos autos, é a coerência entre o exercício do
direito de greve pelo servidor público e as condições necessárias à coesão e
interdependência social, que a prestação continuada dos serviços públicos assegura.
13. O argumento de que a Corte estaria então a legislar --- o que se afiguraria inconcebível,
por ferir a independência e harmonia entre os poderes [art. 2o da Constituição do Brasil] e
a separação dos poderes [art. 60, § 4o, III] --- é insubsistente.
14. O Poder Judiciário está vinculado pelo dever-poder de, no mandado de injunção,
formular supletivamente a norma regulamentadora de que carece o ordenamento jurídico.
15. No mandado de injunção o Poder Judiciário não define norma de decisão, mas enuncia
o texto normativo que faltava para, no caso, tornar viável o exercício do direito de greve
dos servidores públicos.
16. Mandado de injunção julgado procedente, para remover o obstáculo decorrente da
omissão legislativa e, supletivamente, tornar viável o exercício do direito consagrado no
artigo 37, VII, da Constituição do Brasil.
(MI 712, Relator(a): Min. EROS GRAU, Tribunal Pleno, julgado em 25/10/2007, DJe-206
DIVULG 30-10-2008 PUBLIC 31-10-2008 EMENT VOL-02339-03 PP-00384)

e) Previsão da Lei 13.300/2016

A Lei 13.300/2016 veio regular os efeitos da decisão proferida em Mandado


de Injunção. De acordo com o artigo 8º, reconhecida a mora legislativa, deverá
o magistrado determinar prazo razoável para que seja promovida a edição da
norma regulamentadora.

Acaso não suprida a omissão no prazo estabelecido, deverá o magistrado


determinar as condições em que se dará o exercício dos direitos ou, se for o caso,
as condições em que o impetrante poderá promover ação própria para exercer
tais direitos.

Por outro lado, acaso em processos semelhantes o impetrado já tenha


deixado de atender ao prazo estabelecido pelo Judiciário, poderá o magistrado

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dispensar a concessão de prazo razoável e, de pronto, estabelecer as condições


para o exercício de tais direitos.

Art. 8º. Reconhecido o estado de mora legislativa, será deferida a injunção para:
I - determinar prazo razoável para que o impetrado promova a edição da norma
regulamentadora;
II - estabelecer as condições em que se dará o exercício dos direitos, das liberdades ou das
prerrogativas reclamados ou, se for o caso, as condições em que poderá o interessado
promover ação própria visando a exercê-los, caso não seja suprida a mora legislativa no
prazo determinado.
Parágrafo único. Será dispensada a determinação a que se refere o inciso I do caput quando
comprovado que o impetrado deixou de atender, em mandado de injunção anterior, ao
prazo estabelecido para a edição da norma.

Quanto à eficácia subjetiva, a regra adotada pela Lei é a eficácia inter


partes. Contudo, poderá ser conferida eficácia ultra partes ou erga omnes,
quando inerente ou indispensável ao exercício do direito objeto da impetração.
E, uma vez transitada em julgado a decisão, seus efeitos poderão ser estendidos
aos casos análogos por decisão monocrática do relator.

Art. 9º. A decisão terá eficácia subjetiva limitada às partes e produzirá efeitos até o advento
da norma regulamentadora.
§ 1º. Poderá ser conferida eficácia ultra partes ou erga omnes à decisão, quando isso for
inerente ou indispensável ao exercício do direito, da liberdade ou da prerrogativa objeto da
impetração.
§ 2º. Transitada em julgado a decisão, seus efeitos poderão ser estendidos aos casos
análogos por decisão monocrática do relator.
§ 3º. O indeferimento do pedido por insuficiência de prova não impede a renovação da
impetração fundada em outros elementos probatórios.

Quanto ao Mandado de Injunção Coletivo, a sentença fará coisa julgada


limitadamente às pessoas integrantes da coletividade, grupo, classe ou categoria
substituídos pelo impetrante. Contudo, a depender da hipótese, os efeitos
poderão ser estendidos ultra partes ou erga omnes.

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Ademais, o mandado de injunção coletivo não induz litispendência em


relação aos individuais, mas os efeitos da coisa julgada apenas beneficiarão os
indivíduos que requererem a desistência da ação individual no prazo de 30
(trinta) dias a contar da ciência comprovada da impetração coletiva.

Art. 13. No mandado de injunção coletivo, a sentença fará coisa julgada limitadamente às
pessoas integrantes da coletividade, do grupo, da classe ou da categoria substituídos pelo
impetrante, sem prejuízo do disposto nos §§ 1o e 2o do art. 9o.
Parágrafo único. O mandado de injunção coletivo não induz litispendência em relação aos
individuais, mas os efeitos da coisa julgada não beneficiarão o impetrante que não requerer
a desistência da demanda individual no prazo de 30 (trinta) dias a contar da ciência
comprovada da impetração coletiva.

Ressalte-se que, acaso criada pelo Poder Público a norma objeto de


Mandado de Injunção, seus efeitos serão ex nunc (daqui para frente) em relação
aos beneficiários de decisões transitadas em julgado. Contudo, se a norma
editada for mais favorável ao impetrante, seus efeitos serão ex tunc (retroativos).

Por outro lado, se a norma regulamentadora surgir antes da decisão do MI,


a impetração restará prejudicada e o processo deverá ser extinto sem resolução
do mérito.

Art. 11. A norma regulamentadora superveniente produzirá efeitos ex nunc em relação aos
beneficiados por decisão transitada em julgado, salvo se a aplicação da norma editada lhes
for mais favorável.
Parágrafo único. Estará prejudicada a impetração se a norma regulamentadora for editada
antes da decisão, caso em que o processo será extinto sem resolução de mérito.

3.5 – Competência

A competência para processar e julgar o Mandado de Injunção depende da


Autoridade apontada como impetrada. No mandado de injunção, a competência
é absoluta e ratione personae (FONTELES, 2015, pg. 115).

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De acordo com o artigo 102, I, q, da CF, caberá ao Supremo Tribunal


Federal, originariamente, o mandado de injunção quando a elaboração da norma
regulamentadora for atribuição das seguintes autoridades (UCHOA, 2016, pg.
355):

i. Presidente da República;
ii. Congresso Nacional;
iii. Câmara dos Deputados;
iv. Senado Federal;
v. Mesa de uma dessas casas legislativas;
vi. Tribunal de Contas da União;
vii. Um dos Tribunais Superiores;
viii. Supremo Tribunal Federal;

Já o Superior Tribunal de Justiça será competente para processar e julgar


(art. 105, I, h, CF/88):

h) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição


de órgão, entidade ou autoridade federal, da administração direta ou indireta, excetuados
os casos de competência do Supremo Tribunal Federal e dos órgãos da Justiça Militar, da
Justiça Eleitoral, da Justiça do Trabalho e da Justiça Federal;

Segundo Samuel Fonteles (2015, pg. 116):

O mais comum será que a competência seja da Justiça Federal ou do STF, reservando-se
ao STJ somente as hipóteses residuais. Para exemplificar, quando a entidade responsável
pela elaboração da norma regulamentadora é uma autarquia, tem-se entendido que a
competência é da Justiça Federal (MI 571). EM se tratando de Ministro de Estado, o juiz
natural será o STJ (MI 193).

Transcreve-se a ementa do MI 571 citado pelo Autor:

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EMENTA: Mandado de injunção: omissão normativa imputada a autarquia federal (Banco


Central do Brasil): competência originária do Juiz Federal e não do Supremo Tribunal, nem
do Superior Tribunal de Justiça: inteligência da ressalva final do art. 105, I, h, da
Constituição.
(MI 571 QO, Relator(a): Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, Tribunal Pleno, julgado em
08/10/1998, DJ 20-11-1998 PP-00005 EMENT VOL-01932-01 PP-00041)

Acaso denegatória a decisão de mandado de injunção de competência


originária de qualquer tribunal superior, poderá ser interposto recurso ordinário
para o STF, nos termos do artigo 102, II, a, da CF/88:

II - julgar, em recurso ordinário:


a) o habeas corpus, o mandado de segurança, o habeas data e o mandado de injunção
decididos em única instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão;

Por outro lado, por ausência de disposição constitucional e uma vez que as
Constituições Estaduais poderão prever o mandado de injunção em seus textos,
os recursos possíveis contra as decisões proferidas em sede de mandado de
injunção apreciado por Tribunal de Justiça estadual serão o recurso extraordinário
e o recurso especial. Neste sentido:

ADMINISTRATIVO - RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA - POLICIAIS


MILITARES - REAJUSTE PERIÓDICO DOS VENCIMENTOS - MANDADO DE INJUNÇÃO -
EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM JULGAMENTO DO MÉRITO - RECURSO ORDINÁRIO -
AUSÊNCIA DE REQUISITO PROCESSUAL (CABIMENTO) - PRELIMINAR ACOLHIDA - NÃO
CONHECIMENTO.
1 - Tendo o processo de Mandado de Injunção impetrado pelos ora recorrentes sido extinto
sem julgamento do mérito perante o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, os mesmos
interpuseram o presente Recurso Ordinário Constitucional. Entretanto, o acórdão proferido
em sede de Mandado de Injunção por parte de Tribunal Estadual não é recorrível por meio
de Recurso Ordinário, mas de Recursos Extraordinário ou Especial. Assim, estando ausente
o requisito processual do cabimento do recurso, não há como conhecer deste. Preliminar
suscitada pela recorrida e ratificada pelo Parquet Federal acolhida.
2 - Precedente (PET nº 983/SP). 3 - Recurso não conhecido.
(RMS 16.751/SP, Rel. Ministro JORGE SCARTEZZINI, QUINTA TURMA, julgado em
03/02/2004, DJ 26/04/2004, p. 182)

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3.6 – Procedimento

Quanto ao procedimento, uma vez recebida a petição inicial, será notificada


a autoridade impetrada para prestar informações no prazo de 10 (dez) dias, bem
como será dada ciência da impetração ao órgão de representação judicial da
pessoa jurídica interessada.

Findo o prazo para apresentação de informações, o Ministério Público


poderá apresentar parecer no prazo de 10 (dez) dias

Art. 5º. Recebida a petição inicial, será ordenada:


I - a notificação do impetrado sobre o conteúdo da petição inicial, devendo-lhe ser enviada
a segunda via apresentada com as cópias dos documentos, a fim de que, no prazo de 10
(dez) dias, preste informações;
II - a ciência do ajuizamento da ação ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica
interessada, devendo-lhe ser enviada cópia da petição inicial, para que, querendo, ingresse
no feito.
Art. 7º. Findo o prazo para apresentação das informações, será ouvido o Ministério Público,
que opinará em 10 (dez) dias, após o que, com ou sem parecer, os autos serão conclusos
para decisão.

Quando a impetração for manifestamente incabível ou improcedente, a


petição inicial será indeferida. E, acaso a competência originária seja de um
Tribunal, indeferida a inicial, caberá agravo no prazo de 05 (cinco) dias.

Interessante atentar que diferentemente do CPC que estabelece ser o prazo


de agravo de 15 (quinze) dias, aqui o prazo específico será de 05 (cinco) dias.

Art. 6º. A petição inicial será desde logo indeferida quando a impetração for manifestamente
incabível ou manifestamente improcedente.
Parágrafo único. Da decisão de relator que indeferir a petição inicial, caberá agravo, em 5
(cinco) dias, para o órgão colegiado competente para o julgamento da impetração.

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Ressalte-se que a Lei 13.300/2016 estabeleceu um procedimento de


revisão da decisão concessiva de mandado de injunção que não deve ser
confundido com a ação rescisória. Segundo estabelece o artigo 10, sem
prejudicar os efeitos já produzidos na decisão transitada em julgado, esta decisão
poderá ser revista, a pedido de qualquer interessado.

Contudo, há que ser demonstrado o surgimento de modificações relevantes


nas circunstâncias de fato ou de direito.

Art. 10. Sem prejuízo dos efeitos já produzidos, a decisão poderá ser revista, a pedido de
qualquer interessado, quando sobrevierem relevantes modificações das circunstâncias de
fato ou de direito.
Parágrafo único. A ação de revisão observará, no que couber, o procedimento estabelecido
nesta Lei.

4 - Jurisprudência Correlata

A seguir, transcreve-se novamente toda a jurisprudência utilizada na


presente aula para que o aluno possa tentar memorizar os trechos mais
importantes.

Supremo Tribunal Federal

Súmula 248 – STF - É competente, originariamente, o Supremo Tribunal Federal, para


mandado de segurança contra ato do Tribunal de Contas da União.

Ementa: DIREITO CONSTITUCIONAL. DIREITO TRIBUTÁRIO. HABEAS DATA. ARTIGO 5º,


LXXII, CRFB/88. LEI Nº 9.507/97. ACESSO ÀS INFORMAÇÕES CONSTANTES DE SISTEMAS
INFORMATIZADOS DE CONTROLE DE PAGAMENTOS DE TRIBUTOS. SISTEMA DE CONTA
CORRENTE DA SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL-SINCOR. DIREITO
SUBJETIVO DO CONTRIBUINTE. RECURSO A QUE SE DÁ PROVIMENTO.

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1. O habeas data, posto instrumento de tutela de direitos fundamentais, encerra amplo


espectro, rejeitando-se visão reducionista da garantia constitucional inaugurada pela carta
pós-positivista de 1988.
2. A tese fixada na presente repercussão geral é a seguinte: “O Habeas Data é garantia
constitucional adequada para a obtenção dos dados concernentes ao pagamento de tributos
do próprio contribuinte constantes dos sistemas informatizados de apoio à arrecadação dos
órgãos da administração fazendária dos entes estatais.”
3. O Sistema de Conta Corrente da Secretaria da Receita Federal do Brasil, conhecido
também como SINCOR, registra os dados de apoio à arrecadação federal ao armazenar os
débitos e créditos tributários existentes acerca dos contribuintes.
4. O caráter público de todo registro ou banco de dados contendo informações que sejam
ou que possam ser transmitidas a terceiros ou que não sejam de uso privativo do órgão ou
entidade produtora ou depositária das informações é inequívoco (art. 1º, Lei nº 9.507/97).
5. O registro de dados deve ser entendido em seu sentido mais amplo, abrangendo tudo
que diga respeito ao interessado, seja de modo direto ou indireto. (…) Registro de dados
deve ser entendido em seu sentido mais amplo, abrangendo tudo que diga respeito ao
interessado, seja de modo direto ou indireto, causando-lhe dano ao seu direito de
privacidade.(...) in José Joaquim Gomes Canotilho, Gilmar Ferreira Mendes, Ingo Wolfgang
Sarlet e Lenio Luiz Streck. Comentários à Constituição. Editora Saraiva, 1ª Edição, 2013,
p.487.
6. A legitimatio ad causam para interpretação de Habeas Data estende-se às pessoas físicas
e jurídicas, nacionais e estrangeiras, porquanto garantia constitucional aos direitos
individuais ou coletivas.
7. Aos contribuintes foi assegurado constitucionalmente o direito de conhecer as
informações que lhes digam respeito em bancos de dados públicos ou de caráter público,
em razão da necessidade de preservar o status de seu nome, planejamento empresarial,
estratégia de investimento e, em especial, a recuperação de tributos pagos indevidamente,
verbis: Art. 5º. …LXXII. Conceder-se-á habeas data para assegurar o conhecimento de
informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados
de entidades governamentais ou de caráter público, considerado como um writ, uma
garantia, um remédio constitucional à disposição dos cidadãos para que possam
implementar direitos subjetivos que estão sendo obstaculados.
8. As informações fiscais conexas ao próprio contribuinte, se forem sigilosas, não importa
em que grau, devem ser protegidas da sociedade em geral, segundo os termos da lei ou da
constituição, mas não de quem a elas se referem, por força da consagração do direito à
informação do art. 5º, inciso XXXIII, da Carta Magna, que traz como única ressalva o sigilo
imprescindível à segurança da sociedade e do Estado, o que não se aplica no caso sub
examine, verbis: Art. 5º.…XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos
informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão
prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo
seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado.
9. In casu, o recorrente requereu à Secretaria da Receita Federal do Brasil os extratos
atinentes às anotações constantes do Sistema de Conta-Corrente de Pessoa Jurídica-
SINCOR, o Sistema Conta-Corrente de Pessoa Jurídica-CONTACORPJ, como de quaisquer
dos sistemas informatizados de apoio à arrecadação federal, no que tange aos pagamentos
de tributos federais, informações que não estão acobertadas pelo sigilo legal ou
constitucional, posto que requerida pelo próprio contribuinte, sobre dados próprios.
10. Ex positis, DOU PROVIMENTO ao recurso extraordinário.

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(RE 673707, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em 17/06/2015, ACÓRDÃO
ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-195 DIVULG 29-09-2015 PUBLIC 30-09-
2015)

EMENTA: AÇÃO ORIGINÁRIA. QUESTÃO DE ORDEM. AÇÃO POPULAR. COMPETÊNCIA


ORIGINÁRIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: NÃO-OCORRÊNCIA. PRECEDENTES.
1. A competência para julgar ação popular contra ato de qualquer autoridade, até
mesmo do Presidente da República, é, via de regra, do juízo competente de
primeiro grau. Precedentes.
2. Julgado o feito na primeira instância, se ficar configurado o impedimento de mais
da metade dos desembargadores para apreciar o recurso voluntário ou a remessa
obrigatória, ocorrerá a competência do Supremo Tribunal Federal, com base na letra
n do inciso I, segunda parte, do artigo 102 da Constituição Federal.
3. Resolvida a Questão de Ordem para estabelecer a competência de um dos juízes de
primeiro grau da Justiça do Estado do Amapá.
(AO 859 QO, Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, Relator(a) p/ Acórdão: Min. MAURÍCIO
CORRÊA, Tribunal Pleno, julgado em 11/10/2001, DJ 01-08-2003 PP-00102 EMENT VOL-
02117-16 PP-03213)

E M E N T A: HABEAS DATA - NATUREZA JURÍDICA - REGIME DO PODER VISÍVEL COMO


PRESSUPOSTO DA ORDEM DEMOCRÁTICA - A JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL DAS
LIBERDADES - SERVIÇO NACIONAL DE INFORMAÇÕES (SNI) - ACESSO NÃO RECUSADO
AOS REGISTROS ESTATAIS - AUSÊNCIA DO INTERESSE DE AGIR - RECURSO IMPROVIDO.
– (...) A prova do anterior indeferimento do pedido de informação de dados
pessoais, ou da omissão em atendê-lo, constitui requisito indispensável para que
se concretize o interesse de agir no habeas data. Sem que se configure situação
prévia de pretensão resistida, há carência da ação constitucional do habeas
data.(RHD 22, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Relator(a) p/ Acórdão: Min. CELSO DE
MELLO, Tribunal Pleno, julgado em 19/09/1991, DJ 01-09-1995 PP-27378 EMENT VOL-
01798-01 PP-00001)
MANDADO DE INJUNÇÃO: AUSÊNCIA DE LEI REGULAMENTADORA DO DIREITO AO AVISO
PREVIO PROPORCIONAL; ILEGITIMIDADE PASSIVA DO EMPREGADOR SUPRIDA PELA
INTEGRAÇÃO AO PROCESSO DO CONGRESSO NACIONAL; MORA LEGISLATIVA: CRITÉRIO
OBJETIVO DE SUA VERIFICAÇÃO: PROCEDENCIA, PARA, DECLARADA A MORA,
NOTIFICAR O LEGISLADOR PARA QUE A SUPRA.
(MI 95, Relator(a): Min. CARLOS VELLOSO, Relator(a) p/ Acórdão: Min. SEPÚLVEDA
PERTENCE, Tribunal Pleno, julgado em 07/10/1992, DJ 18-06-1993 PP-12108 EMENT VOL-
01708-01 PP-00075)

Mandado de injunção. - Legitimidade ativa da requerente para impetrar mandado de


injunção por falta de regulamentação do disposto no par. 7. do artigo 195 da Constituição
Federal. - Ocorrencia, no caso, em face do disposto no artigo 59 do ADCT, de mora, por
parte do Congresso, na regulamentação daquele preceito constitucional. Mandado de
injunção conhecido, em parte, e, nessa parte, deferido para declarar-se o estado

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de mora em que se encontra o Congresso Nacional, a fim de que, no prazo de seis


meses, adote ele as providencias legislativas que se impoem para o cumprimento
da obrigação de legislar decorrente do artigo 195, par. 7., da Constituição, sob
pena de, vencido esse prazo sem que essa obrigação se cumpra, passar o
requerente a gozar da imunidade requerida.

(MI 232, Relator(a): Min. MOREIRA ALVES, Tribunal Pleno, julgado em 02/08/1991, DJ 27-
03-1992 PP-03800 EMENT VOL-01655-01 PP-00018 RTJ VOL-00137-03 PP-00965)

MANDADO DE INJUNÇÃO - NATUREZA. Conforme disposto no inciso LXXI do artigo 5º da


Constituição Federal, conceder-se-á mandado de injunção quando necessário ao exercício
dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à
soberania e à cidadania. Há ação mandamental e não simplesmente declaratória de
omissão. A carga de declaração não é objeto da impetração, mas premissa da
ordem a ser formalizada. MANDADO DE INJUNÇÃO - DECISÃO - BALIZAS.
Tratando-se de processo subjetivo, a decisão possui eficácia considerada a relação
jurídica nele revelada. APOSENTADORIA - TRABALHO EM CONDIÇÕES ESPECIAIS -
PREJUÍZO À SAÚDE DO SERVIDOR - INEXISTÊNCIA DE LEI COMPLEMENTAR - ARTIGO 40,
§ 4º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. Inexistente a disciplina específica da
aposentadoria especial do servidor, impõe-se a adoção, via pronunciamento
judicial, daquela própria aos trabalhadores em geral - artigo 57, § 1º, da Lei nº
8.213/91.
(MI 721, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 30/08/2007, DJe-
152 DIVULG 29-11-2007 PUBLIC 30-11-2007 DJ 30-11-2007 PP-00029 EMENT VOL-02301-
01 PP-00001 RTJ VOL-00203-01 PP-00011 RDDP n. 60, 2008, p. 134-142)

EMENTA: MANDADO DE INJUNÇÃO. ART. 5º, LXXI DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL.


CONCESSÃO DE EFETIVIDADE À NORMA VEICULADA PELO ARTIGO 37, INCISO VII, DA
CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. LEGITIMIDADE ATIVA DE ENTIDADE SINDICAL. GREVE DOS
TRABALHADORES EM GERAL [ART. 9º DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL]. APLICAÇÃO DA LEI
FEDERAL N. 7.783/89 À GREVE NO SERVIÇO PÚBLICO ATÉ QUE SOBREVENHA LEI
REGULAMENTADORA. PARÂMETROS CONCERNENTES AO EXERCÍCIO DO DIREITO DE
GREVE PELOS SERVIDORES PÚBLICOS DEFINIDOS POR ESTA CORTE. CONTINUIDADE DO
SERVIÇO PÚBLICO. GREVE NO SERVIÇO PÚBLICO. ALTERAÇÃO DE ENTENDIMENTO
ANTERIOR QUANTO À SUBSTÂNCIA DO MANDADO DE INJUNÇÃO. PREVALÊNCIA DO
INTERESSE SOCIAL. INSUBSSISTÊNCIA DO ARGUMENTO SEGUNDO O QUAL DAR-SE-IA
OFENSA À INDEPENDÊNCIA E HARMONIA ENTRE OS PODERES [ART. 2O DA CONSTITUIÇÃO
DO BRASIL] E À SEPARAÇÃO DOS PODERES [art. 60, § 4o, III, DA CONSTITUIÇÃO DO
BRASIL]. INCUMBE AO PODER JUDICIÁRIO PRODUZIR A NORMA SUFICIENTE PARA TORNAR
VIÁVEL O EXERCÍCIO DO DIREITO DE GREVE DOS SERVIDORES PÚBLICOS, CONSAGRADO
NO ARTIGO 37, VII, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL.
1. O acesso de entidades de classe à via do mandado de injunção coletivo é processualmente
admissível, desde que legalmente constituídas e em funcionamento há pelo menos um ano.
2. A Constituição do Brasil reconhece expressamente possam os servidores públicos civis
exercer o direito de greve --- artigo 37, inciso VII. A Lei n. 7.783/89 dispõe sobre o exercício
do direito de greve dos trabalhadores em geral, afirmado pelo artigo 9º da Constituição do
Brasil. Ato normativo de início inaplicável aos servidores públicos civis.

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3. O preceito veiculado pelo artigo 37, inciso VII, da CB/88 exige a edição de ato normativo
que integre sua eficácia. Reclama-se, para fins de plena incidência do preceito, atuação
legislativa que dê concreção ao comando positivado no texto da Constituição.
4. Reconhecimento, por esta Corte, em diversas oportunidades, de omissão do Congresso
Nacional no que respeita ao dever, que lhe incumbe, de dar concreção ao preceito
constitucional. Precedentes.
5. Diante de mora legislativa, cumpre ao Supremo Tribunal Federal decidir no sentido de
suprir omissão dessa ordem. Esta Corte não se presta, quando se trate da apreciação de
mandados de injunção, a emitir decisões desnutridas de eficácia.
6. A greve, poder de fato, é a arma mais eficaz de que dispõem os trabalhadores visando à
conquista de melhores condições de vida. Sua auto-aplicabilidade é inquestionável; trata-
se de direito fundamental de caráter instrumental.
7. A Constituição, ao dispor sobre os trabalhadores em geral, não prevê limitação do direito
de greve: a eles compete decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses
que devam por meio dela defender. Por isso a lei não pode restringi-lo, senão protegê-lo,
sendo constitucionalmente admissíveis todos os tipos de greve.
8. Na relação estatutária do emprego público não se manifesta tensão entre trabalho e
capital, tal como se realiza no campo da exploração da atividade econômica pelos
particulares. Neste, o exercício do poder de fato, a greve, coloca em risco os interesses
egoísticos do sujeito detentor de capital --- indivíduo ou empresa --- que, em face dela,
suporta, em tese, potencial ou efetivamente redução de sua capacidade de acumulação de
capital. Verifica-se, então, oposição direta entre os interesses dos trabalhadores e os
interesses dos capitalistas. Como a greve pode conduzir à diminuição de ganhos do titular
de capital, os trabalhadores podem em tese vir a obter, efetiva ou potencialmente, algumas
vantagens mercê do seu exercício. O mesmo não se dá na relação estatutária, no âmbito
da qual, em tese, aos interesses dos trabalhadores não correspondem, antagonicamente,
interesses individuais, senão o interesse social. A greve no serviço público não compromete,
diretamente, interesses egoísticos do detentor de capital, mas sim os interesses dos
cidadãos que necessitam da prestação do serviço público.
9. A norma veiculada pelo artigo 37, VII, da Constituição do Brasil reclama reg
ulamentação, a fim de que seja adequadamente assegurada a coesão social.
10. A regulamentação do exercício do direito de greve pelos servidores públicos há de ser
peculiar, mesmo porque "serviços ou atividades essenciais" e "necessidades inadiáveis da
coletividade" não se superpõem a "serviços públicos"; e vice-versa.
11. Daí porque não deve ser aplicado ao exercício do direito de greve no âmbito da
Administração tão-somente o disposto na Lei n. 7.783/89. A esta Corte impõe-se traçar os
parâmetros atinentes a esse exercício.
12. O que deve ser regulado, na hipótese dos autos, é a coerência entre o exercício do
direito de greve pelo servidor público e as condições necessárias à coesão e
interdependência social, que a prestação continuada dos serviços públicos assegura.
13. O argumento de que a Corte estaria então a legislar --- o que se afiguraria inconcebível,
por ferir a independência e harmonia entre os poderes [art. 2o da Constituição do Brasil] e
a separação dos poderes [art. 60, § 4o, III] --- é insubsistente.
14. O Poder Judiciário está vinculado pelo dever-poder de, no mandado de injunção,
formular supletivamente a norma regulamentadora de que carece o ordenamento jurídico.
15. No mandado de injunção o Poder Judiciário não define norma de decisão, mas enuncia
o texto normativo que faltava para, no caso, tornar viável o exercício do direito de greve
dos servidores públicos.

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16. Mandado de injunção julgado procedente, para remover o obstáculo decorrente da


omissão legislativa e, supletivamente, tornar viável o exercício do direito consagrado no
artigo 37, VII, da Constituição do Brasil.
(MI 712, Relator(a): Min. EROS GRAU, Tribunal Pleno, julgado em 25/10/2007, DJe-206
DIVULG 30-10-2008 PUBLIC 31-10-2008 EMENT VOL-02339-03 PP-00384)

EMENTA: Mandado de injunção: omissão normativa imputada a autarquia federal (Banco


Central do Brasil): competência originária do Juiz Federal e não do Supremo Tribunal, nem
do Superior Tribunal de Justiça: inteligência da ressalva final do art. 105, I, h, da
Constituição.
(MI 571 QO, Relator(a): Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, Tribunal Pleno, julgado em
08/10/1998, DJ 20-11-1998 PP-00005 EMENT VOL-01932-01 PP-00041)

Superior Tribunal de Justiça

Súmula 02 – STJ - Não cabe o habeas data (CF/88, art. 5º, LXXII, «a») se não houve
recusa de informações por parte da autoridade administrativa.

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO POPULAR. RECONVENÇÃO.


IMPOSSIBILIDADE. DANO MORAL. AFERIÇÃO. SÚMULA 07/STJ.
1. A ação popular é um dos mais antigos meios constitucionais de participação do cidadão
nos negócios públicos, na defesa da sociedade e dos relevantes valores a que foi destinada.
Admitir o uso da reconvenção produziria efeito inibitório do manejo desse importante
instrumento de cidadania, o que o constituinte procurou arredar, quando isentou o autor
das custas processuais e do ônus da sucumbência.
2. O instituto da reconvenção exige, como pressuposto de cabimento, a conexão entre a
causa deduzida em juízo e a pretensão contraposta pelo réu. A conexão de causas, por sua
vez, dá-se por coincidência de objeto ou causa de pedir.
3. Na hipótese, existe clara diversidade entre a ação popular e a reconvenção. Enquanto a
primeira objetiva a anulação de ato administrativo e tem como causa de pedir a suposta
lesividade ao patrimônio público, a segunda visa à indenização por danos morais e tem
como fundamento o exercício abusivo do direito à ação popular.
4. O pedido reconvencional pressupõe que as partes estejam litigando sobre situações
jurídicas que lhes são próprias. Na ação popular, o autor não ostenta posição jurídica
própria, nem titulariza o direito discutido na ação, que é de natureza indisponível. Defende-
se, em verdade, interesses pertencentes a toda sociedade. É de se aplicar, assim, o
parágrafo único do art. 315 do CPC, que não permite ao réu, "em seu próprio nome, reconvir
ao autor, quando este demandar em nome de outrem".
5. A discussão a respeito da suposta má-fé do autor popular ao propor a demanda sem um
mínimo de provas aceitáveis resvala no óbice da Súmula n.º 07/STJ, que impede o reexame,
na via especial, do suporte fático-probatório que fundamenta a decisão recorrida.
6. Recurso especial improvido.

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(REsp 72.065/RS, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 03/08/2004,
DJ 06/09/2004, p. 185)

PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO POPULAR. MIGRAÇÃO DE ENTE PÚBLICO PARA O PÓLO ATIVO
APÓS A CONTESTAÇÃO. PRECLUSÃO. NÃO-OCORRÊNCIA.
1. Hipótese em que o Tribunal a quo concluiu que o ente público somente pode migrar para
o pólo ativo da demanda logo após a citação, sob pena de preclusão, nos termos do art.
183 do Código de Processo Civil.
2. O deslocamento de pessoa jurídica de Direito Público do pólo passivo para o ativo na
Ação Popular é possível, desde que útil ao interesse público, a juízo do representante legal
ou do dirigente, nos moldes do art. 6º, § 3º, da Lei 4.717/1965.
3. Não há falar em preclusão do direito, pois, além de a mencionada lei não trazer limitação
quanto ao momento em que deve ser realizada a migração, o seu art. 17 preceitua que a
entidade pode, ainda que tenha contestado a ação, proceder à execução da sentença na
parte que lhe caiba, ficando evidente a viabilidade de composição do pólo ativo a qualquer
tempo. Precedentes do STJ.
4. Recurso Especial provido.
(REsp 945.238/SP, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em
09/12/2008, DJe 20/04/2009)

PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. INTERESSES TRANSINDIVIDUAIS.


MICROSSISTEMA DE DEFESA DO PATRIMÔNIO PÚBLICO. LEGITIMIDADE DA UNIÃO PARA
FIGURAR NOS PÓLOS PASSIVO E ATIVO DA AÇÃO. POSSIBILIDADE.DEVER DE FISCALIZAR
A ATUAÇÃO DOS DELEGATÁRIOS DO SUS. DIREITO À RECOMPOSIÇÃO DO PATRIMÔNIO
DA UNIÃO DECORRENTE DO REPASSE DE VERBA.
1. As ações de defesa dos interesses transindividuais e que encerram proteção ao
patrimônio público, notadamente por força do objeto mediato do pedido, apresentam regras
diversas acerca da legitimação para causa, que as distingue da polarização das ações uti
singuli, onde é possível evitar a 'confusão jurídica' identificando-se autor e réu e dando-lhes
a alteração das posições na relação processual, por força do artigo 264 do CPC.
2. A ação civil pública e a ação popular compõem um microssistema de defesa do
patrimônio público na acepção mais ampla do termo, por isso que regulam a legitimatio ad
causam de forma especialíssima.
3. Nesse seguimento, ao Poder Público, muito embora legitimado passivo para a ação civil
pública, nos termos do § 2º, do art. 5º, da lei 7347/85, fica facultado habilitar-se como
litisconsorte de qualquer das partes.
4. O art. 6º da lei da Ação Popular, por seu turno, dispõe que, muito embora a ação possa
ser proposta contra as pessoas públicas ou privadas e as entidades referidas no art. 1º,
bem como as autoridades, funcionários ou administradores que houverem autorizado,
aprovado, ratificado ou praticado o ato impugnado, ou que, por omissão, tiverem dado
oportunidade à lesão, e contra os beneficiários diretos do mesmo, ressalva no parágrafo 3º
do mesmo dispositivo que, verbis: § 3º - A pessoa jurídica de direito público ou de direito
privado, cujo ato seja objeto de impugnação, poderá abster-se de contestar o pedido, ou
poderá atuar ao lado do autor, desde que isso se afigure útil ao interesse público, a juízo
do respectivo representante legal ou dirigente.

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5. Essas singularidades no âmbito da legitimação para agir, além de conjurar as


soluções ortodoxas, implicam a decomposição dos pedidos formulados, por isso
que o poder público pode assumir as posturas acima indicadas em relação a um
dos pedidos cumulados e manter-se no pólo passivo em relação aos demais.
6. In casu, a União é demandada para cumprir obrigação de fazer consistente na exação do
dever de fiscalizar a atuação dos delegatários do SUS e, ao mesmo tempo, beneficiária do
pedido formulado de recomposição de seu patrimônio por força de repasse de verbas.
7. Revelam-se notórios, o interesse e a legitimidade da União, quanto a esse outro pedido
de reparação pecuniária, mercê de no mérito aferir-se se realmente a entidade federativa
maior deve ser compelida à fazer o que consta do pedido do parquet.
8. Recurso especial desprovido para manter a União em ambos os pólos em relação aos
pedidos distintos em face da mesma formulados.
(REsp 791.042/PR, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 19/10/2006, DJ
09/11/2006, p. 261)
PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. REEXAME
NECESSÁRIO. CABIMENTO. APLICAÇÃO, POR ANALOGIA, DO ART. 19 DA LEI 4.717/1965.
1. "Por aplicação analógica da primeira parte do art. 19 da Lei nº 4.717/65, as sentenças
de improcedência de ação civil pública sujeitam-se indistintamente ao reexame necessário"
(REsp 1.108.542/SC, Rel. Ministro Castro Meira, j. 19.5.2009, Dje 29.5.2009). 2. Agravo
Regimental não provido.
(AgRg no REsp 1219033/RJ, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado
em 17/03/2011, DJe 25/04/2011)

HABEAS DATA - EMBARGOS DE DECLARAÇÃO - INEXISTÊNCIA DE QUALQUER DOS VÍCIOS


PREVISTOS NO ART. 535, CPC - EFEITOS INFRINGENTES - IMPOSSIBILIDADE.
1. Os embargos de declaração somente são cabíveis nos rígidos limites do artigo 535 do
Código de Processo Civil.
2. A natureza do Habeas Data não se confunde com o direito constitucional de se
obter certidões. A pretensão de cada impetrante é sempre obter todas as
informações, objetivas ou subjetivas, que constem, a seu respeito, em registros
ou banco de dados governamentais.
3. Embargos de Declaração rejeitados.
(EDcl no HD 67/DF, Rel. Ministra DENISE ARRUDA, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em
09/06/2004, DJ 02/08/2004, p. 273)

RECURSO ESPECIAL. HABEAS DATA. CÓPIA DE PROCESSO ADMINISTRATIVO. AUSÊNCIA


DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA 282/STF. DISPOSITIVO LEGAL APONTADO COMO
VIOLADO QUE NÃO CONTÊM COMANDO CAPAZ DE INFIRMAR O JUÍZO FORMULADO PELO
ACÓRDÃO RECORRIDO. SÚMULA 284/STF. (...)
3. Busca o impetrante a "extração de cópia na íntegra alusiva ao objetivado processo
administrativo" (fl. 22). Ora, a hipótese aventada nos autos não se enquadra no inciso I, do
art. 7º, da Lei 9.507/97, que regula o direito de acesso a informações e disciplina o rito
processual do habeas data, uma vez que o impetrante não busca simplesmente assegurar
o conhecimento de informações relativas à sua pessoa ou pede esclarecimentos do que

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consta arquivado em registro ou banco de dados de entidades governamentais. Na verdade,


pretende o impetrante a obtenção de cópia de processo administrativo de seu interesse,
finalidade esta não amparada por habeas data, restando aberta a via do mandado de
segurança.
4. Recurso especial parcialmente conhecido e, nesta parte, desprovido. (REsp 904.447/RJ,
Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA TURMA, julgado em 08/05/2007, DJ
24/05/2007, p. 333)

HABEAS DATA. CONCURSO PÚBLICO. ACESSO A INFORMAÇÕES SOBRE OS CRITÉRIOS


UTILIZADOS NA CORREÇÃO DE PROVA DISCURSIVA. IMPROPRIEDADE DA VIA ELEITA.
1. A Lei n. 9.507/97 é suficientemente clara ao expor, no art. 7º, as hipóteses em que se
justifica o manuseio do habeas data, não estando ali prevista, nem sequer implicitamente,
a possibilidade de utilização da via com o propósito de revolver os critérios utilizados por
instituição de ensino na correção de prova discursiva realizada com vista ao preenchimento
de cargos na Administração Pública.
2. Agravo regimental não-provido.
(AgRg no HD 127/DF, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado
em 14/06/2006, DJ 14/08/2006, p. 250)ROCESSUAL CIVIL. HABEAS DATA. OBTENÇÃO DE
INFORMAÇÕES CONSTANTES DE INQUÉRITO SIGILOSO. INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA.
1. O habeas data não é meio processual idôneo para obrigar autoridade coatora a
prestar informações sobre inquérito que tramita em segredo de justiça, cuja finalidade
precípua é a de elucidar a prática de uma infração penal e cuja quebra de sigilo poderá
frustrar seu objetivo de descobrir a autoria e materialidade do delito. Não se enquadra,
portanto, nas hipóteses de cabimento do habeas data, previstas no art. 7º da Lei 9.507/97.
2. Agravo regimental desprovido.
(AgRg nos EDcl no HD 98/DF, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA SEÇÃO,
julgado em 22/09/2004, DJ 11/10/2004, p. 211)

CONSTITUCIONAL. HABEAS DATA. VIÚVA DE MILITAR DA AERONÁUTICA. ACESSO A


DOCUMENTOS FUNCIONAIS. ILEGITIMIDADE PASSIVA E ATIVA.
NÃO-OCORRÊNCIA. OMISSÃO DA ADMINISTRAÇÃO CARATERIZADA. ORDEM CONCEDIDA.
(...)
2. É parte legítima para impetrar habeas data o cônjuge sobrevivente na defesa
de interesse do falecido.
3. O habeas data configura remédio jurídico-processual, de natureza constitucional, que se
destina a garantir, em favor da pessoa interessada, o exercício de pretensão jurídica
discernível em seu tríplice aspecto: (a) direito de acesso aos registros existentes; (b) direito
de retificação dos registros errôneos e (c) direito de complementação dos registros
insuficientes ou incompletos.
4. Sua utilização está diretamente relacionada à existência de uma pretensão resistida,
consubstanciada na recusa da autoridade em responder ao pedido de informações, seja de
forma explícita ou implícita (por omissão ou retardamento no fazê-lo). (...) 6. Ordem
concedida.

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(HD 147/DF, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em
12/12/2007, DJ 28/02/2008, p. 69)

HABEAS DATA. LEGITIMIDADE PASSIVA DO COMANDANTE DO EXÉRCITO. APLICAÇÃO,


MUTATIS MUTANDIS, DA TEORIA DA ENCAMPAÇÃO. AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO DE
RECUSA, NA VIA ADMINISTRATIVA, DE ACESSO A INFORMAÇÃO. SÚMULA 2/STJ E ART. 8º,
I, DA LEI Nº 9.507/97. PEDIDO DE CÓPIA DE PARECER QUE TERIA DADO CAUSA À
EXONERAÇÃO DO IMPETRANTE. DEFERIMENTO.
1. A teoria da encampação aplica-se ao habeas data, mutatis mutandis, quando o
impetrado é autoridade hierarquicamente superior aos responsáveis pelas
informações pessoais referentes ao impetrante e, além disso, responde na via
administrativa ao pedido de acesso aos documentos.
2. A demonstração da recusa de acesso a informação pela autoridade administrativa é
indispensável no habeas data, sob pena de ausência de interesse de agir. Aplicação, quanto
a um dos documentos pleiteados, da Súmula 2/STJ e do disposto no artigo 8º, I, da Lei nº
9.507/97.
3. Deve ser deferido o pedido de acesso a cópia de parecer que teria dado causa à
exoneração do impetrante. A possibilidade de acesso das informações será sua garantia à
defesa de sua honra e imagem, uma vez que esclarecerá os motivos pelos quais, segundo
alega, teria sofrido prejuízos tanto morais como materiais.
4. Habeas data deferido em parte.
(HD 84/DF, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em
27/09/2006, DJ 30/10/2006, p. 236)

ADMINISTRATIVO - RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA - POLICIAIS


MILITARES - REAJUSTE PERIÓDICO DOS VENCIMENTOS - MANDADO DE INJUNÇÃO -
EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM JULGAMENTO DO MÉRITO - RECURSO ORDINÁRIO -
AUSÊNCIA DE REQUISITO PROCESSUAL (CABIMENTO) - PRELIMINAR ACOLHIDA - NÃO
CONHECIMENTO.
1 - Tendo o processo de Mandado de Injunção impetrado pelos ora recorrentes sido extinto
sem julgamento do mérito perante o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, os mesmos
interpuseram o presente Recurso Ordinário Constitucional. Entretanto, o acórdão proferido
em sede de Mandado de Injunção por parte de Tribunal Estadual não é recorrível por meio
de Recurso Ordinário, mas de Recursos Extraordinário ou Especial. Assim, estando ausente
o requisito processual do cabimento do recurso, não há como conhecer deste. Preliminar
suscitada pela recorrida e ratificada pelo Parquet Federal acolhida.
2 - Precedente (PET nº 983/SP). 3 - Recurso não conhecido. (RMS 16.751/SP, Rel. Ministro
JORGE SCARTEZZINI, QUINTA TURMA, julgado em 03/02/2004, DJ 26/04/2004, p. 182)

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5 - Bibliografia

CUNHA JÚNIOR, Dirley da. Controle das omissões do Poder Público em


busca de uma dogmática constitucional transformadora à luz do direito
fundamental à efetivação da Constituição. São Paulo: Saraiva, 2004.

DANTAS, Paulo Roberto de Figueiredo. Direito Processual Constitucional. 6ª.


Edição. São Paulo: Atlas, 2015.

FONTELES, Samuel Sales. Remédios constitucionais para concursos. 2ª


edição. Salvador: Editora JusPodivm, 2015.

LENZA, Pedro. Direito Constitucional esquematizado. 19ª edição. São Paulo:


Saraiva, 2015.

MEIRELLES, Hely Lopes; MENDES, Gilmar Ferreira e WALD, Arnoldo. Mandado


de Segurança e Outras Ações Constitucionais. 35ª edição. São Paulo:
Malheiros Editores, 2013.

UCHÔA, Rostonio. Curso de Direito Processual Constitucional. 2ª Edição. Rio


de Janeiro: Lumen Juris, 2016.

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6 - Resumo da Aula

1. Ação popular é o meio constitucional posto à disposição de qualquer cidadão


para obter a invalidação de atos ou contratos administrativos – ou a estes
equiparados – ilegais e lesivos ao patrimônio federal, estadual e municipal,
ou de suas autarquias, entidades paraestatais e pessoas jurídicas
subvencionadas com dinheiros públicos

2. Pessoa jurídica não tem legitimidade para propor ação popular.

3. A legitimação bifronte na Ação Popular ocorre uma vez que a pessoa jurídica
de direito público ou de direito privado, cujo ato seja objeto de impugnação,
não é ré na ação, podendo abster-se de contestar o pedido. Pode, inclusive,
atuar em defesa do patrimônio público, ao lado do autor e contrário ao gestor,
desde que isso se afigure útil ao interesse público, a juízo do respectivo
representante legal ou dirigente.

4. A Ação Popular terá cabimento para anular atos lesivos ao patrimônio público,
de entidade que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio
ambiente e ao patrimônio histórico e cultural.

5. Independente de quem seja o Réu na Ação Popular, se detentor ou não de


foro privilegiado por prerrogativa de função, a competência para processar e
julgar a demanda será, regra geral, do juiz de primeiro grau de jurisdição.
Assim, a depender de quem seja apontado como réu na demanda, a
competência será de um juiz de direito ou de um juiz federal.

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6. Hoje, prevalece na doutrina e na jurisprudência que o controle difuso de


constitucionalidade pode ser exercido na ação popular (e nas demais ações
coletivas). Contudo, tal discussão seria feita como causa de pedir da ação
popular, razão pela qual a discussão sobre a constitucionalidade da norma
faria parte da fundamentação da decisão, não de seu dispositivo.

7. A sentença da ação popular terá eficácia de coisa julgada oponível erga


omnes, exceto no caso de haver sido a ação julgada improcedente por
deficiência de prova; neste caso, qualquer cidadão poderá intentar outra ação
com idêntico fundamento, valendo-se de nova prova.

8. Habeas data é o meio constitucional posto à disposição de pessoa física ou


jurídica para lhe assegurar o conhecimento de registros concernentes ao
postulante e constantes de repartições públicas ou particulares acessíveis ao
público, para retificação de seus dados pessoais.

9. Havendo recusa no fornecimento de certidões (para a defesa de direitos ou


esclarecimento de situações de interesse pessoal, próprio ou de terceiros), ou
informações de terceiros, o remédio próprio é o mandado de segurança, e não
o habeas data. Se o pedido for para assegurar o conhecimento de informações
relativas à pessoa do impetrante, aí sim o remédio será o habeas data.

10. Não cabe Habeas Data para se obter cópia de processos administrativos

11. Não cabe Habeas Data para discutir correção de provas de concurso público

12. Não cabe Habeas Data para se quebrar o sigilo de Inquérito Policial

13. O Habeas Data é garantia constitucional adequada para a obtenção dos dados
concernentes ao pagamento de tributos do próprio contribuinte constantes

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dos sistemas informatizados de apoio à arrecadação dos órgãos da


administração fazendária dos entes estatais.

14. É parte legítima para impetrar habeas data o cônjuge sobrevivente na defesa
de interesse do falecido.

15. Não cabe o habeas data (CF/88, art. 5º, LXXII, «a») se não houve recusa de
informações por parte da autoridade administrativa.

16. Mandado de Injunção é o meio constitucional posto à disposição de quem se


considera prejudicado pela falta de norma regulamentadora que torne inviável
o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas
inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania.

17. É importante distinguir duas situações: quando a Constituição Federal ordena


o legislador a elaborar uma norma e quando apenas permite-lhe que o faça.
No primeiro caso, tem-se uma ordem. No segundo, uma permissão. (...) O
mandado de injunção só tem cabimento quando a Constituição impõe a feitura
de norma regulamentadora, não quando a elaboração desta traduz apenas
uma faculdade.

18. Qualquer pessoa poderá impetrar mandado de injunção, quando a falta de


norma regulamentadora estiver inviabilizando o exercício de direitos,
liberdades e prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à
cidadania.

19. Quanto à eficácia subjetiva, a regra adotada pela Lei é a eficácia inter partes.
Contudo, poderá ser conferida eficácia ultra partes ou erga omnes, quando
inerente ou indispensável ao exercício do direito objeto da impetração. E, uma
vez transitada em julgado a decisão, seus efeitos poderão ser estendidos aos
casos análogos por decisão monocrática do relator.

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20. Quanto ao Mandado de Injunção Coletivo, a sentença fará coisa julgada


limitadamente às pessoas integrantes da coletividade, grupo, classe ou
categoria substituídos pelo impetrante. Contudo, a depender da hipótese, os
efeitos poderão ser estendidos ultra partes ou erga omnes.

21. Sem prejuízo dos efeitos já produzidos, a decisão do Mandado de Injunção


poderá ser revista, a pedido de qualquer interessado, quando sobrevierem
relevantes modificações das circunstâncias de fato ou de direito.

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7 – Questões Objetivas

7.1 – Quesitos

Questão 01 – FCC – Prefeitura de Campinas – Procurador - 2016

Em tema de Ação Popular, de acordo com a posição prevalecente nos Tribunais Superiores,
é correto afirmar
a) O Superior Tribunal de Justiça tem admitido, excepcionalmente, a utilização de
reconvenção em ação popular, nos casos de indenização por danos morais que tenha
como fundamento o exercício abusivo do direito de ação.
b) Na hipótese de adesão ao pedido autoral pelas pessoas jurídicas de direito público ou de
direito privado, cujo ato seja objeto de impugnação, havendo desistência do autor
original da ação popular, tais pessoas jurídicas poderão promover sozinhas o
prosseguimento da ação.
c) No Supremo Tribunal Federal prevalece a tese de que a lesão material ao patrimônio
público é condição essencial para a propositura de ação popular e para o julgamento de
seu mérito.
d) O Superior Tribunal de Justiça tem admitido que o Poder Público migre para o polo ativo
da ação em relação a um ou a alguns dos pedidos cumulados e mantenha-se no polo
passivo em relação aos demais. Tem admitido ainda, que o Poder Público migre para o
polo ativo da ação mesmo após a apresentação da contestação.
e) É possível a declaração incidental de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, via
ação popular, considerados os efeitos inter partes da sentença que a decide.

Questão 02 – FCC – TJ/GO – Juiz - 2015

Um indivíduo foi informado de que não teria acesso a financiamento para aquisição de
imóvel a que pleiteava, em função de ter seu nome “negativado" junto a banco de dados
de determinado serviço de proteção ao crédito. Em consulta à instituição responsável pelo
serviço, descobriu que as restrições ao crédito deviam-se a uma série de cheques seus,
emitidos e não adimplidos, que haviam em verdade sido furtados, fato que foi objeto de
investigação criminal e ajuizamento de ação, em andamento, contra o acusado pela suposta
prática de estelionato. Pretende, assim, que essas circunstâncias relativas ao
inadimplemento sejam anotadas no cadastro mantido pela instituição. Na hipótese de não
ser atendido administrativamente, o interessado, em sede judicial,

a) não poderá valer-se de habeas data, por ausência de interesse de agir, uma vez que a
instituição não lhe recusou acesso às informações existentes a seu respeito no banco de
dados.
b) deverá recorrer às vias ordinárias, por inexistir ação de caráter mandamental cabível
diante da situação descrita.

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c) poderá valer-se de habeas data, devendo instruir a petição inicial com prova de recusa
da instituição em fazer a anotação pretendida, sob pena de indeferimento, por inépcia.
d) não poderá valer-se de habeas data, por inexistirem dados a serem retificados, já que
a informação referente ao inadimplemento dos cheques é verdadeira.
e) poderá valer-se de mandado de segurança, na hipótese de o órgão não proceder à
anotação pretendida no prazo de dez dias contados da entrada do requerimento.

Questão 03 – FCC – TJ/AL – Juiz - 2015

Considere as seguintes afirmativas:


I. É cabível a impetração de mandado de injunção, ainda que já tenha sido editada a norma
exigida pelo texto constitucional, para que seja sanada a omissão existente no período
anterior à tardia edição da lei regulamentadora.
II. Ainda que haja expressa previsão no texto constitucional sobre a matéria, não cabe a
impetração de mandado de injunção em face da ausência de norma regulamentadora que
disponha sobre os crimes de responsabilidade a serem atribuídos aos Desembargadores dos
Tribunais de Justiça.
III. Admite-se que as decisões proferidas em sede de mandado de injunção, em caso de
juízo procedente, estipulem prazo para a elaboração da norma regulamentadora faltante,
sob pena de que seja aplicada multa pecuniária pela mora legislativa.
IV. O mandado de injunção cabe ser impetrado contra o poder, o órgão, a entidade ou a
autoridade que tem o dever de regulamentar a norma constitucional, cabendo ser incluído
também no polo passivo da ação o empregador, caso a tutela reclamada recaia sobre direito
constitucionalmente assegurado a trabalhador ou empregado doméstico.

Está correto o afirmado APENAS em

a) III e IV.
b) II.
c) I.
d) I e IV.
e) II e III.

Questão 04 – FCC – Prefeitura de São Luiz – Procurador - 2016

O Sindicato das Casas de Diversões de determinado Estado da federação, que desde o início
dos anos 2000 congrega empresas que atuam no setor do entretenimento e eventos,
impetra mandado de injunção no Supremo Tribunal Federal, diante da inércia do Congresso
Nacional em regulamentar a atividade de jogos de bingo no país. Nessa hipótese, à luz da
Constituição da República e da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal sobre a matéria,
o mandado de injunção
a) é cabível, na medida em que a ausência da norma regulamentadora inviabiliza o
exercício do direito à livre iniciativa e à liberdade de exercício de trabalho, ofício ou
profissão.

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b) não é cabível, por ser do Superior Tribunal de Justiça a competência para processar e
julgar o mandado de injunção quando a norma regulamentadora cuja ausência se
pretenda suprir for atribuição de autoridade federal.
c) não é cabível, pois o sindicato não possui legitimidade para a propositura de mandado
de injunção.
d) é cabível, na medida em que é competência da União legislar privativamente sobre
sorteios e consórcios.
e) não é cabível, por inexistir direito constitucionalmente assegurado cujo exercício seja
inviabilizado pela ausência de norma regulamentadora.

Questão 05 – FCC – SEFAZ/PE – Julgador Tribunal Administrativo -


2015

Sob o fundamento de que a não constituição de Câmaras Regionais inviabiliza o pleno acesso
do jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo, a pretensão de promover
judicialmente o funcionamento descentralizado de determinado Tribunal Regional Federal
a) não enseja a impetração de ação de caráter mandamental
b) enseja a impetração de mandado de injunção, de competência do Superior Tribunal de
Justiça.
c) enseja a impetração de mandado de injunção, de competência do Supremo Tribunal
Federal.
d) enseja a impetração de mandado de segurança, de competência do Superior Tribunal
de Justiça.
e) enseja a impetração de mandado de segurança, de competência do Supremo Tribunal
Federal.

Questão 06 – FCC – MANAUSPREV – Procurador Autárquico - 2015

Sendo indeferido, por Ministro de Estado, pedido de vista a processo administrativo


formulado por indivíduo que neste tenha sido citado como beneficiário de suposto desvio de
recursos públicos sob a gestão da Pasta, caberá ao interessado, em tese, valer- se
judicialmente de
a) habeas data, de competência originária do Superior Tribunal de Justiça, sendo cabível
recurso ordinário para o Supremo Tribunal Federal, se denegatória a decisão.
b) mandado de segurança, de competência originária do Tribunal de Justiça estadual,
sendo cabível recurso ordinário para o Superior Tribunal de Justiça, se denegatória a
decisão.
c) mandado de segurança, de competência originária do Supremo Tribunal Federal.
d) habeas data, de competência originária do Supremo Tribunal Federal.
e) mandado de segurança, de competência originária do Superior Tribunal de Justiça,
sendo cabível recurso ordinário para o Supremo Tribunal Federal, se denegatória a
decisão.

Questão 07 – FCC – TCM/GO – Procurador do Ministério Público de


Contas - 2015

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Segundo o regime jurídico das ações constitucionais, é correto afirmar que


a) permite que se utilize o habeas data para obtenção de vista de processos
administrativos.
b) o direito a ser resguardado por mandado de injunção somente se evidencia nos casos
em que a função de legislar refletir uma obrigação jurídica indeclinável imposta ao poder
público
c) conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém estiver submetido as decisões ilegais
que impliquem condenação em pena privativa de direitos, privativa de liberdade ou de
multa
d) os substituídos podem ser admitidos como terceiros interessados no mandado de
segurança coletivo
e) aplica-se ao mandado de injunção as regras processuais sobre litisconsórcio, sendo
admitida a formação de litisconsórcio passivo entre a autoridade competente para a
regulamentação da norma constitucional e particular responsável por seu cumprimento.

Questão 08 – FCC – SEFAZ/PI – Auditor - 2015

Cidadão que pretenda obter, judicialmente, a anulação de atos de despesas com


hospedagem e alimentação de familiares do Presidente da República, autorizados e
praticados em viagem oficial pelo próprio chefe do Executivo federal, bem como o
consequente ressarcimento ao erário das verbas dispendidas a esse título, sob alegação de
ofensa à moralidade administrativa e lesividade ao patrimônio público, poderá, em tese,
valer-se de
a) mandado de segurança, de competência da Justiça federal.
b) ação civil pública, de competência do Supremo Tribunal Federal.
c) ação popular, de competência do Supremo Tribunal Federal.
d) mandado de segurança, de competência do Supremo Tribunal Federal.
e) ação popular, de competência da Justiça federal.

Questão 09 – PUC/PR – Prefeitura de Maringá/PR – Procurador - 2015

A respeito das ações constitucionais, considere as seguintes afirmativas:

I. Conceder-se-á habeas data para assegurar o conhecimento de informações relativas à


pessoa do impetrante, constantes de registro ou banco de dados de entidades
governamentais, salvo as de caráter público.
II. O mandado de segurança coletivo não induz litispendência para as ações individuais,
mas os efeitos da coisa julgada não beneficiarão o impetrante a título individual se não
requerer a desistência de seu mandado de segurança no prazo de 30 (trinta) dias a contar
da ciência comprovada da impetração da segurança coletiva.
III. A sentença civil de ação coletiva fará coisa julgada erga omnes, nos limites da
competência territorial do órgão prolator, exceto se o pedido for julgado improcedente por
insuficiência de provas, hipótese em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação
com idêntico fundamento, valendo-se de nova prova.
IV. A pessoa jurídica é parte legítima para aforar ação popular a fim de pleitear a anulação
ou a declaração de nulidade de atos lesivos ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dos
Estados, dos Municípios, de entidades autárquicas, de sociedades de economia mista, de
sociedades mútuas de seguro nas quais a União represente os segurados ausentes, de
empresas públicas, de serviços sociais autônomos, de instituições ou fundações para cuja

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cria- ção ou custeio o tesouro público haja concorrido ou concorra com mais de cinquenta
por cento do patrimônio ou da receita ânua, de empresas incorporadas ao patrimônio da
União, do Distrito Federal, dos Estados e dos Municípios, e de quaisquer pessoas jurídicas
ou entidades subvencionadas pelos cofres públicos.

Assinale a alternativa CORRETA.


a) Somente as afirmativas I e IV estão corretas.
b) Somente as afirmativas I, II e IV estão corretas.
c) As afirmativas I, II, III e IV estão corretas.
d) Somente a afirmativa IV está correta.
e) Somente as afirmativas II e III estão corretas.

Questão 10 – VUNESP – IPSMI - Procurador - 2016

A ação popular, assim como o voto, a iniciativa popular, o plebiscito e o referendo,


configura-se como relevante instrumento de democracia direta e de participação política. A
respeito da ação popular, assinale a alternativa correta.
a) Pode ser proposta por qualquer brasileiro nato ou naturalizado.
b) Esse remédio constitucional tem por escopo anular ato lesivo ao patrimônio público, à
moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural.
c) O autor da ação popular é isento de custas judiciais, salvo se a ação for julgada
improcedente. Nesse caso, dispensa-se o recolhimento retroativo dos valores, sendo
obrigatório, porém, o pagamento das custas judiciais a partir de então.
d) A propositura de ação popular, como forma de dar maior efetividade ao direito de petição
e ao acesso à Justiça, tal qual o caso excepcional das ações propostas perante os
juizados especiais cíveis, pode ocorrer sem a presença de advogado.
e) Trata-se de remédio constitucional que pode ser utilizado pelo Ministério Público em
razão de pedido subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional,
distribuído pelo menos por cinco Estados, com não menos de três décimos por cento dos
eleitores de cada um deles.

Questão 11 – CESPE – TJDFT – Juiz - 2016

No que se refere à ação popular, assinale a opção correta.


a) A decisão proferida pelo STF em ação popular possui força vinculante para juízes e
tribunais, quando do exame de outros processos em que se discuta matéria similar.
b) A ação popular sujeita-se a prazo prescricional quinquenal previsto expressamente em lei,
que a jurisprudência consolidada do STJ aplica por analogia à ação civil pública.
c) Para o cabimento da ação popular é exigível a demonstração do prejuízo material aos
cofres públicos.
d) O MP, havendo comprometimento de interesse social qualificado, possui legitimidade ativa
para propor ação popular.
e) Compete ao STF julgar ação popular contra autoridade cujas resoluções estejam sujeitas,
em sede de mandado de segurança, à jurisdição imediata do STF.

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Questão 12 – CESPE – DPE/RN – Defensor - 2015

Assinale a opção correta no que diz respeito à ação popular.


a) A competência para processar e julgar ação popular proposta contra o presidente da
República é do STF.
b) O menor de dezesseis anos pode propor ação popular, mas, para fazê-lo, tem de ser
assistido em juízo.
c) De acordo com o entendimento do STJ, o cidadão autor de ação popular tem de residir no
domicílio eleitoral do local onde for proposta a ação, sob pena de indeferimento da inicial.
d) A execução de multa diária por descumprimento de obrigação fixada em medida liminar
concedida em ação popular independe do trânsito em julgado desta ação, conforme
posição do STJ.
e) A jurisprudência do STJ vem admitindo o emprego da ação popular para a defesa de
interesses difusos dos consumidores.

Questão 13 – CESPE – PGE/AM – Procurador - 2016

Acerca de competências ambientais legislativas, ação popular e espaços territoriais


especialmente protegidos, julgue o item a seguir.
Situação hipotética: Determinado empreendimento obteve licença ambiental do estado X
sem observância das exigências normativas previstas, o que resultou em lesão ao meio
ambiente. Assertiva: Nessa situação, brasileiro naturalizado, residente e eleitor no estado
Y, terá legitimidade para ajuizar ação popular no juízo competente contra o estado X com o
objetivo de anular o ato concessório.

Questão 14 – CESPE – DPE/RN – Defensor - 2015

Com relação ao mandado de injunção, ao habeas data e à ADPF, assinale a opção correta.

I. O STF é competente para processar e julgar originariamente o habeas data


impetrado contra ato de ministro de Estado.
II. Não se admite a impetração de mandado de injunção coletivo, por ausência de
previsão constitucional expressa para tal.
III. É cabível a impetração de mandado de injunção coletivo para proceder à revisão
geral anual dos vencimentos dos servidores públicos, conforme entendimento do
STF.
IV. Quando a sentença conceder o habeas data, o recurso interposto em face dessa
decisão terá efeito suspensivo e devolutivo.

Questão 15 – CESPE – DPE/PE – Defensor - 2015

Acerca do mandado de injunção, julgue o item seguinte.

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A jurisprudência do STF acerca do mandado de injunção evoluiu para admitir que, além de
declarar omisso o Poder Legislativo, o próprio tribunal edite a norma geral de que depende
o exercício do direito invocado pelo impetrante.

7.2 – Gabaritos

Questão Resposta Questão Resposta

1 D 8 E

2 C 9 E

3 B 10 B

4 E 11 B

5 A 12 D

6 E 13 V

7 B 14 FFFF

15 V

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7.3 – Comentários

Questão 01 – FCC – Prefeitura de Campinas – Procurador -


2016
Em tema de Ação Popular, de acordo com a posição prevalecente nos Tribunais
Superiores, é correto afirmar
a) O Superior Tribunal de Justiça tem admitido, excepcionalmente, a utilização de
reconvenção em ação popular, nos casos de indenização por danos morais que
tenha como fundamento o exercício abusivo do direito de ação.
b) Na hipótese de adesão ao pedido autoral pelas pessoas jurídicas de direito
público ou de direito privado, cujo ato seja objeto de impugnação, havendo
desistência do autor original da ação popular, tais pessoas jurídicas poderão
promover sozinhas o prosseguimento da ação.
c) No Supremo Tribunal Federal prevalece a tese de que a lesão material ao
patrimônio público é condição essencial para a propositura de ação popular e
para o julgamento de seu mérito.
d) O Superior Tribunal de Justiça tem admitido que o Poder Público migre para o
polo ativo da ação em relação a um ou a alguns dos pedidos cumulados e
mantenha-se no polo passivo em relação aos demais. Tem admitido ainda, que
o Poder Público migre para o polo ativo da ação mesmo após a apresentação da
contestação.
e) É possível a declaração incidental de inconstitucionalidade de lei ou ato
normativo, via ação popular, considerados os efeitos inter partes da sentença
que a decide.
Comentários

Alternativa correta, letra D.


Trata-se de disposição do parágrafo 3º, do artigo 6º, da Lei 4.717:

§ 3º A pessoa jurídica de direito público ou de direito privado, cujo ato seja objeto
de impugnação, poderá abster-se de contestar o pedido, ou poderá atuar ao lado
do autor, desde que isso se afigure útil ao interesse público, a juízo do respectivo
representante legal ou dirigente.

Para o Superior Tribunal de Justiça, referido deslocamento da pessoa


jurídica de direito público do polo passivo para o ativo da demanda pode ser feito
a qualquer tempo, não se sujeitando à preclusão:

PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO POPULAR. MIGRAÇÃO DE ENTE PÚBLICO PARA O PÓLO


ATIVO APÓS A CONTESTAÇÃO. PRECLUSÃO. NÃO-OCORRÊNCIA.

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1. Hipótese em que o Tribunal a quo concluiu que o ente público somente pode
migrar para o pólo ativo da demanda logo após a citação, sob pena de preclusão,
nos termos do art. 183 do Código de Processo Civil.
2. O deslocamento de pessoa jurídica de Direito Público do pólo passivo para o ativo
na Ação Popular é possível, desde que útil ao interesse público, a juízo do
representante legal ou do dirigente, nos moldes do art. 6º, § 3º, da Lei 4.717/1965.
3. Não há falar em preclusão do direito, pois, além de a mencionada lei não trazer
limitação quanto ao momento em que deve ser realizada a migração, o seu art. 17
preceitua que a entidade pode, ainda que tenha contestado a ação, proceder à
execução da sentença na parte que lhe caiba, ficando evidente a viabilidade de
composição do pólo ativo a qualquer tempo. Precedentes do STJ.
4. Recurso Especial provido.
(REsp 945.238/SP, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado
em 09/12/2008, DJe 20/04/2009)

A alternativa A está falsa, uma vez que para o STJ permitir a


reconvenção em Ação Popular produziria efeito inibitório do manejo desse
importante instrumento de cidadania, o que o constituinte procurou arredar,
quando isentou o autor das custas processuais e do ônus da sucumbência.
Neste sentido:

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO POPULAR. RECONVENÇÃO.


IMPOSSIBILIDADE. DANO MORAL. AFERIÇÃO. SÚMULA 07/STJ.
1. A ação popular é um dos mais antigos meios constitucionais de participação do
cidadão nos negócios públicos, na defesa da sociedade e dos relevantes valores a
que foi destinada. Admitir o uso da reconvenção produziria efeito inibitório do
manejo desse importante instrumento de cidadania, o que o constituinte procurou
arredar, quando isentou o autor das custas processuais e do ônus da sucumbência.
2. O instituto da reconvenção exige, como pressuposto de cabimento, a conexão
entre a causa deduzida em juízo e a pretensão contraposta pelo réu. A conexão de
causas, por sua vez, dá-se por coincidência de objeto ou causa de pedir.
3. Na hipótese, existe clara diversidade entre a ação popular e a reconvenção.
Enquanto a primeira objetiva a anulação de ato administrativo e tem como causa
de pedir a suposta lesividade ao patrimônio público, a segunda visa à indenização
por danos morais e tem como fundamento o exercício abusivo do direito à ação
popular.
4. O pedido reconvencional pressupõe que as partes estejam litigando sobre
situações jurídicas que lhes são próprias. Na ação popular, o autor não ostenta
posição jurídica própria, nem titulariza o direito discutido na ação, que é de natureza
indisponível. Defende-se, em verdade, interesses pertencentes a toda sociedade. É
de se aplicar, assim, o parágrafo único do art. 315 do CPC, que não permite ao réu,
"em seu próprio nome, reconvir ao autor, quando este demandar em nome de
outrem".

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5. A discussão a respeito da suposta má-fé do autor popular ao propor a demanda


sem um mínimo de provas aceitáveis resvala no óbice da Súmula n.º 07/STJ, que
impede o reexame, na via especial, do suporte fático-probatório que fundamenta a
decisão recorrida.
6. Recurso especial improvido.
(REsp 72.065/RS, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em
03/08/2004, DJ 06/09/2004, p. 185)

A letra B está falsa, uma vez que a pessoa jurídica não poderá propor
ação popular, conforme iteratriva jurisprudência do STF:

Súmula 365 – STF – Pessoa jurídica não tem legitimidade para propor ação
popular.

Além disso se o autor desistir da ação ou der motivo à absolvição da


instância, serão publicados editais nos prazos e condições previstos no art. 7º,
inciso II, da Lei 4.717 ficando assegurado a qualquer cidadão, bem como
ao representante do Ministério Público, dentro do prazo de 90 (noventa)
dias da última publicação feita, promover o prosseguimento da ação.
Este o teor do artigo 9º.

Já a letra C está falsa uma vez que não é necessária a lesão material ao
patrimônio público para se legitimar a propositura da ação popular. A lesão a
princípios da administração pública como a moralidade são suficientes para
justificar a ação popular.

Por fim, a letra E está falsa por afirmar que os efeitos da sentença são
apenas inter partes quando o artigo 18 da Lei 4.717/65 afirma:

Art. 18. A sentença terá eficácia de coisa julgada oponível erga omnes, exceto no
caso de haver sido a ação julgada improcedente por deficiência de prova; neste
caso, qualquer cidadão poderá intentar outra ação com idêntico fundamento,
valendo-se de nova prova.

Questão 02 – FCC – TJ/GO – Juiz - 2015


Um indivíduo foi informado de que não teria acesso a financiamento para aquisição
de imóvel a que pleiteava, em função de ter seu nome “negativado" junto a banco
de dados de determinado serviço de proteção ao crédito. Em consulta à instituição
responsável pelo serviço, descobriu que as restrições ao crédito deviam-se a uma

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série de cheques seus, emitidos e não adimplidos, que haviam em verdade sido
furtados, fato que foi objeto de investigação criminal e ajuizamento de ação, em
andamento, contra o acusado pela suposta prática de estelionato. Pretende, assim,
que essas circunstâncias relativas ao inadimplemento sejam anotadas no cadastro
mantido pela instituição. Na hipótese de não ser atendido administrativamente, o
interessado, em sede judicial,

a) não poderá valer-se de habeas data, por ausência de interesse de agir, uma vez
que a instituição não lhe recusou acesso às informações existentes a seu
respeito no banco de dados.
b) deverá recorrer às vias ordinárias, por inexistir ação de caráter mandamental
cabível diante da situação descrita.
c) poderá valer-se de habeas data, devendo instruir a petição inicial com prova de
recusa da instituição em fazer a anotação pretendida, sob pena de
indeferimento, por inépcia.
d) não poderá valer-se de habeas data, por inexistirem dados a serem retificados,
já que a informação referente ao inadimplemento dos cheques é verdadeira.
e) poderá valer-se de mandado de segurança, na hipótese de o órgão não proceder
à anotação pretendida no prazo de dez dias contados da entrada do
requerimento.
Comentários

Alternativa correta, letra C.

Trata-se de interpretação do inciso III, do artigo 7º, da Lei 9.507/97 que


estabelece caber habeas data nas seguintes hipóteses:

Art. 7° Conceder-se-á habeas data:


III - para a anotação nos assentamentos do interessado, de contestação ou
explicação sobre dado verdadeiro mas justificável e que esteja sob pendência
judicial ou amigável.

Note-se que além de ser cabível o remédio processual para assegurar o


conhecimento de informações relativa à pessoa do impetrante e para a retificação
de dados, o disposto no inciso III estabelece uma hipótese de se impetrar Habeas
Data para anotar explicação sobre fato verdadeiro mas justificável nos
assentamentos do interessado.
E, conforme sedimentado pelo STJ poderá ser impetrado habeas data em
face de entidades particulares mas que possuam registros ou bancos de dados
de caráter público, a exemplo do SPC e SERASA.

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Isto porque o artigo 1º, parágrafo único da Lei 9.507/97 considera de


caráter público:

Parágrafo único. Considera-se de caráter público todo registro ou banco de dados


contendo informações que sejam ou que possam ser transmitidas a terceiros ou
que não sejam de uso privativo do órgão ou entidade produtora ou depositária das
informações.

Questão 03 – FCC – TJ/AL – Juiz - 2015


Considere as seguintes afirmativas:
I. É cabível a impetração de mandado de injunção, ainda que já tenha sido editada
a norma exigida pelo texto constitucional, para que seja sanada a omissão existente
no período anterior à tardia edição da lei regulamentadora.
II. Ainda que haja expressa previsão no texto constitucional sobre a matéria, não
cabe a impetração de mandado de injunção em face da ausência de norma
regulamentadora que disponha sobre os crimes de responsabilidade a serem
atribuídos aos Desembargadores dos Tribunais de Justiça.
III. Admite-se que as decisões proferidas em sede de mandado de injunção, em
caso de juízo procedente, estipulem prazo para a elaboração da norma
regulamentadora faltante, sob pena de que seja aplicada multa pecuniária pela
mora legislativa.
IV. O mandado de injunção cabe ser impetrado contra o poder, o órgão, a entidade
ou a autoridade que tem o dever de regulamentar a norma constitucional, cabendo
ser incluído também no polo passivo da ação o empregador, caso a tutela reclamada
recaia sobre direito constitucionalmente assegurado a trabalhador ou empregado
doméstico.
Está correto o afirmado APENAS em

a) III e IV.
b) II.
c) I.
d) I e IV.
e) II e III.
Comentários

Alternativa correta, letra B: apenas o item II é verdadeiro.

Trata-se de decisão proferida pelo STF nos autos do MI 624:

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EMENTA Mandado de injunção. Falta de norma tipificando crime de responsabilidade


dos Magistrados. Inadequação da via eleita. 1. O mandado de injunção exige para
sua impetração a falta de norma regulamentadora que torne inviável o exercício de
direito subjetivo do impetrante. 2. Mandado de injunção não conhecido.

(MI 624, Relator(a): Min. MENEZES DIREITO, Tribunal Pleno, julgado em


21/11/2007, DJe-055 DIVULG 27-03-2008 PUBLIC 28-03-2008 EMENT VOL-02312-
01 PP-00017)

O item I está falso, em razão do disposto no artigo 11, parágrafo único,


da Lei do Mandado de Injunção:

Art. 11. A norma regulamentadora superveniente produzirá efeitos ex nunc em


relação aos beneficiados por decisão transitada em julgado, salvo se a aplicação da
norma editada lhes for mais favorável.
Parágrafo único. Estará prejudicada a impetração se a norma regulamentadora for
editada antes da decisão, caso em que o processo será extinto sem resolução de
mérito.

O item III está falso, em razão da impossibilidade do Poder Judiciário


impor multa pela não atuação do Poder Legislativo:

EMENTA: MANDADO DE INJUNÇÃO. CONCESSÃO DE EFETIVIDADE À NORMA


INSCRITA NO ARTIGO 37, INCISO VII, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. APLICAÇÃO
DA LEI FEDERAL N. 7.783/89, QUE REGE O DIREITO DE GREVE NA INICIATIVA
PRIVADA, ATÉ QUE SOBREVENHA LEI REGULAMENTADORA. LEGITIMIDADE ATIVA
DE ENTIDADE SINDICAL. MANDADO DE INJUNÇÃO UTILIZADO COMO SUCEDÂNEO
DO MANDADO DE SEGURANÇÃO. NÃO-CONHECIMENTO. 1. O acesso de entidades
de classe à via do mandado de injunção coletivo é processualmente admissível,
desde que legalmente constituídas e em funcionamento há pelo menos um ano. 2.
Este Tribunal entende que a utilização do mandado de injunção como sucedâneo
do mandado de segurança é inviável. Precedentes. 3. O mandado de injunção é
ação constitutiva; não é ação condenatória, não se presta a condenar o
Congresso ao cumprimento de obrigação de fazer. Não cabe a cominação
de pena pecuniária pela continuidade da omissão legislativa 4. Mandado de
injunção não conhecido.

(MI 689, Relator(a): Min. EROS GRAU, Tribunal Pleno, julgado em 07/06/2006, DJ
18-08-2006 PP-00019 EMENT VOL-02243-01 PP-00001 RTJ VOL-00200-01 PP-
00003 LEXSTF v. 28, n. 333, 2006, p. 139-143)

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Já o item IV está falso, já que não se forma o litisconsórcio passivo com


a autoridade e particulares, conforme já decidido pelo STF:

EMENTA Agravo regimental. Mandado de injunção. Aviso prévio proporcional.


Ordem parcialmente deferida. Possibilidade do direito ao aviso prévio ser analisado
nos termos da lei nº 12.506/11. Ilegitimidade passiva ad causam da pessoa jurídica
de direito privado. Recurso de José Goulart de Melo do qual se conhece e ao qual
se nega provimento. Agravo regimental da Vale S/A do qual não se conhece. 1.
Impossibilidade de formação de litisconsórcio passivo, em sede de
mandado de injunção, entre a autoridade competente para a elaboração da
norma regulamentadora de dispositivo constitucional e particulares. 2. Vale
S/A não figura no polo passivo da presente lide em mandado de injunção, conforme
já referendado pela jurisprudência do Supremo Tribunal Federal e assentido nas
razões do próprio recurso interposto. 3. Agravo regimental de José Goulart de Melo
do qual se conhece e ao qual se nega provimento. 4. Agravo de Vale s/a do qual
não se conhece.

(MI 1007 AgR, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Tribunal Pleno, julgado em
19/09/2013, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-047 DIVULG 10-03-2014 PUBLIC 11-03-
2014)

Questão 04 – FCC – Prefeitura de São Luiz – Procurador -


2016
O Sindicato das Casas de Diversões de determinado Estado da federação, que desde
o início dos anos 2000 congrega empresas que atuam no setor do entretenimento
e eventos, impetra mandado de injunção no Supremo Tribunal Federal, diante da
inércia do Congresso Nacional em regulamentar a atividade de jogos de bingo no
país. Nessa hipótese, à luz da Constituição da República e da jurisprudência do
Supremo Tribunal Federal sobre a matéria, o mandado de injunção
a) é cabível, na medida em que a ausência da norma regulamentadora inviabiliza
o exercício do direito à livre iniciativa e à liberdade de exercício de trabalho,
ofício ou profissão.
b) não é cabível, por ser do Superior Tribunal de Justiça a competência para
processar e julgar o mandado de injunção quando a norma regulamentadora
cuja ausência se pretenda suprir for atribuição de autoridade federal.
c) não é cabível, pois o sindicato não possui legitimidade para a propositura de
mandado de injunção.
d) é cabível, na medida em que é competência da União legislar privativamente
sobre sorteios e consórcios.
e) não é cabível, por inexistir direito constitucionalmente assegurado cujo exercício
seja inviabilizado pela ausência de norma regulamentadora.
Comentários

Alternativa correta, letra E.

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O Mandado de Injunção é cabível para buscar a regulamentação de norma


constitucional que garanta o exercício de direitos e liberdades constitucionais. No
caso trazido, inexiste um direito constitucionalmente assegurado para legalização
dos jogos de bingo.

Questão 05 – FCC – SEFAZ/PE – Julgador Tribunal


Administrativo - 2015
Sob o fundamento de que a não constituição de Câmaras Regionais inviabiliza o
pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo, a pretensão
de promover judicialmente o funcionamento descentralizado de determinado
Tribunal Regional Federal
a) não enseja a impetração de ação de caráter mandamental
b) enseja a impetração de mandado de injunção, de competência do Superior
Tribunal de Justiça.
c) enseja a impetração de mandado de injunção, de competência do Supremo
Tribunal Federal.
d) enseja a impetração de mandado de segurança, de competência do Superior
Tribunal de Justiça.
e) enseja a impetração de mandado de segurança, de competência do Supremo
Tribunal Federal.
Comentários

Alternativa correta, letra A.

De acordo com o artigo 107, parágrafo 3º, da Constituição Federal:

§ 3º Os Tribunais Regionais Federais poderão funcionar descentralizadamente,


constituindo Câmaras regionais, a fim de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado
à justiça em todas as fases do processo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
45, de 2004)

Trata-se pois de uma faculdade dos Tribunais e, exatamente por isto, não
enseja a impetração de qualquer remédio constitucional a ser discutido pelo
particular.

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Questão 06 – FCC – MANAUSPREV – Procurador Autárquico -


2015
Sendo indeferido, por Ministro de Estado, pedido de vista a processo administrativo
formulado por indivíduo que neste tenha sido citado como beneficiário de suposto
desvio de recursos públicos sob a gestão da Pasta, caberá ao interessado, em tese,
valer- se judicialmente de
a) habeas data, de competência originária do Superior Tribunal de Justiça, sendo
cabível recurso ordinário para o Supremo Tribunal Federal, se denegatória a
decisão.
b) mandado de segurança, de competência originária do Tribunal de Justiça
estadual, sendo cabível recurso ordinário para o Superior Tribunal de Justiça, se
denegatória a decisão.
c) mandado de segurança, de competência originária do Supremo Tribunal Federal.
d) habeas data, de competência originária do Supremo Tribunal Federal.
e) mandado de segurança, de competência originária do Superior Tribunal de
Justiça, sendo cabível recurso ordinário para o Supremo Tribunal Federal, se
denegatória a decisão.
Comentários

Alternativa correta, letra E.

A demanda versava sobre a negativa de fornecimento de vista de processo


administrativo, sendo certo que o STF já decidiu ser cabível a via do Mandado de
Segurança e não do Habeas Data:

RECURSO ESPECIAL. HABEAS DATA. CÓPIA DE PROCESSO ADMINISTRATIVO.


AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA 282/STF. DISPOSITIVO LEGAL
APONTADO COMO VIOLADO QUE NÃO CONTÊM COMANDO CAPAZ DE INFIRMAR O
JUÍZO FORMULADO PELO ACÓRDÃO RECORRIDO. SÚMULA 284/STF. (...)
3. Busca o impetrante a "extração de cópia na íntegra alusiva ao objetivado
processo administrativo" (fl. 22). Ora, a hipótese aventada nos autos não se
enquadra no inciso I, do art. 7º, da Lei 9.507/97, que regula o direito de acesso a
informações e disciplina o rito processual do habeas data, uma vez que o impetrante
não busca simplesmente assegurar o conhecimento de informações relativas à sua
pessoa ou pede esclarecimentos do que consta arquivado em registro ou banco de
dados de entidades governamentais. Na verdade, pretende o impetrante a obtenção
de cópia de processo administrativo de seu interesse, finalidade esta não amparada
por habeas data, restando aberta a via do mandado de segurança.
4. Recurso especial parcialmente conhecido e, nesta parte, desprovido. (REsp
904.447/RJ, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA TURMA, julgado em
08/05/2007, DJ 24/05/2007, p. 333)

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Além disso, a competência será do STJ com recurso para o Supremo Tribunal
Federal, em razão de a autoridade impetrada tratar-se de Ministro de Estado,
conforme artigo 105, I, b, da CF:

Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:


I - processar e julgar, originariamente:
b) os mandados de segurança e os habeas data contra ato de Ministro de Estado,
dos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica ou do próprio Tribunal;

Questão 07 – FCC – TCM/GO – Procurador do Ministério


Público de Contas - 2015
Segundo o regime jurídico das ações constitucionais, é correto afirmar que
a) permite que se utilize o habeas data para obtenção de vista de processos
administrativos.
b) o direito a ser resguardado por mandado de injunção somente se evidencia nos
casos em que a função de legislar refletir uma obrigação jurídica indeclinável
imposta ao poder público
c) conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém estiver submetido as decisões
ilegais que impliquem condenação em pena privativa de direitos, privativa de
liberdade ou de multa
d) os substituídos podem ser admitidos como terceiros interessados no mandado
de segurança coletivo
e) aplica-se ao mandado de injunção as regras processuais sobre litisconsórcio,
sendo admitida a formação de litisconsórcio passivo entre a autoridade
competente para a regulamentação da norma constitucional e particular
responsável por seu cumprimento.
Comentários

Alternativa correta, letra B. Este o entendimento do STF:

E M E N T A: MANDADO DE INJUNÇÃO – INEXISTÊNCIA DE LACUNA TÉCNICA –


INADMISSIBILIDADE DO “WRIT” INJUNCIONAL – RECURSO DE AGRAVO
IMPROVIDO. - O direito à legislação só pode ser invocado pelo interessado, quando
também existir – simultaneamente imposta pelo próprio texto constitucional – a
previsão do dever estatal de emanar normas legais. Isso significa que o direito
individual à atividade legislativa do Estado apenas se evidenciará naquelas
estritas hipóteses em que o desempenho da função de legislar refletir, por
efeito de exclusiva determinação constitucional, uma obrigação jurídica
indeclinável imposta ao Poder Público. Para que possa atuar a norma

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pertinente ao instituto do mandado de injunção, revela-se essencial que se


estabeleça a necessária correlação entre a imposição constitucional de legislar, de
um lado, e o consequente reconhecimento do direito público subjetivo à legislação,
de outro, de tal forma que, ausente a obrigação jurídico-constitucional de emanar
provimentos legislativos, não se tornará possível imputar comportamento moroso
ao Estado nem pretender acesso legítimo à via injuncional. Precedentes.

(MI 5926 AgR, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Tribunal Pleno, julgado em
10/04/2014, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-105 DIVULG 30-05-2014 PUBLIC 02-06-
2014)

A alternativa A está falsa, uma vez que não é cabível habeas data para
se obter vistas de processos administrativos, conforme já pacificado pelo STJ:

RECURSO ESPECIAL. HABEAS DATA. CÓPIA DE PROCESSO ADMINISTRATIVO.


AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA 282/STF. DISPOSITIVO LEGAL
APONTADO COMO VIOLADO QUE NÃO CONTÊM COMANDO CAPAZ DE INFIRMAR O
JUÍZO FORMULADO PELO ACÓRDÃO RECORRIDO. SÚMULA 284/STF. (...)
3. Busca o impetrante a "extração de cópia na íntegra alusiva ao objetivado
processo administrativo" (fl. 22). Ora, a hipótese aventada nos autos não se
enquadra no inciso I, do art. 7º, da Lei 9.507/97, que regula o direito de acesso a
informações e disciplina o rito processual do habeas data, uma vez que o impetrante
não busca simplesmente assegurar o conhecimento de informações relativas à sua
pessoa ou pede esclarecimentos do que consta arquivado em registro ou banco de
dados de entidades governamentais. Na verdade, pretende o impetrante a obtenção
de cópia de processo administrativo de seu interesse, finalidade esta não amparada
por habeas data, restando aberta a via do mandado de segurança.
4. Recurso especial parcialmente conhecido e, nesta parte, desprovido. (REsp
904.447/RJ, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA TURMA, julgado em
08/05/2007, DJ 24/05/2007, p. 333)

A alternativa C está falsa, em razão da posição do STF:

" Habeas Corpus ". - Procede a preliminar, levantada no parecer da Procuradoria-


Geral da Republica, no sentido do não-conhecimento do presente "habeas corpus",
porquanto, em acórdãos recentes (RHC 65497 e HC 66.937), esta Primeira Turma
tem entendido que "enquanto não houver risco de conversão da multa em prisão,
não há nem mesmo ameaça a liberdade de locomoção do paciente (ART. 5., LXVIII,
da C. F. de 1988)". " Habeas corpus " não conhecido.

(HC 68619, Relator(a): Min. MOREIRA ALVES, Primeira Turma, julgado em


18/06/1991, DJ 06-09-1991 PP-12036 EMENT VOL-01632-01 PP-00136 RTJ VOL-
00136-03 PP-01229)

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Já a alternativa D está falsa em razão do também já decidido pelo STF:

MANDADO DE SEGURANÇA – ASSISTÊNCIA – IMPROPRIEDADE. Impetrado


mandado de segurança coletivo, descabe admitir, como terceiros interessados, os
substituídos.

(MS 26794 AgR, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em
23/05/2013, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-148 DIVULG 31-07-2013 PUBLIC 01-08-
2013)

Por fim, a alternativa E está falsa, uma vez que não se forma o
litisconsórcio passivo com a autoridade e particulares, conforme já decidido pelo
STF:

EMENTA Agravo regimental. Mandado de injunção. Aviso prévio proporcional.


Ordem parcialmente deferida. Possibilidade do direito ao aviso prévio ser analisado
nos termos da lei nº 12.506/11. Ilegitimidade passiva ad causam da pessoa jurídica
de direito privado. Recurso de José Goulart de Melo do qual se conhece e ao qual
se nega provimento. Agravo regimental da Vale S/A do qual não se conhece. 1.
Impossibilidade de formação de litisconsórcio passivo, em sede de
mandado de injunção, entre a autoridade competente para a elaboração da
norma regulamentadora de dispositivo constitucional e particulares. 2. Vale
S/A não figura no polo passivo da presente lide em mandado de injunção, conforme
já referendado pela jurisprudência do Supremo Tribunal Federal e assentido nas
razões do próprio recurso interposto. 3. Agravo regimental de José Goulart de Melo
do qual se conhece e ao qual se nega provimento. 4. Agravo de Vale s/a do qual
não se conhece.

(MI 1007 AgR, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Tribunal Pleno, julgado em
19/09/2013, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-047 DIVULG 10-03-2014 PUBLIC 11-03-
2014)

Questão 08 – FCC – SEFAZ/PI – Auditor - 2015


Cidadão que pretenda obter, judicialmente, a anulação de atos de despesas com
hospedagem e alimentação de familiares do Presidente da República, autorizados e
praticados em viagem oficial pelo próprio chefe do Executivo federal, bem como o
consequente ressarcimento ao erário das verbas dispendidas a esse título, sob
alegação de ofensa à moralidade administrativa e lesividade ao patrimônio público,
poderá, em tese, valer-se de
a) mandado de segurança, de competência da Justiça federal.
b) ação civil pública, de competência do Supremo Tribunal Federal.

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c) ação popular, de competência do Supremo Tribunal Federal.


d) mandado de segurança, de competência do Supremo Tribunal Federal.
e) ação popular, de competência da Justiça federal.
Comentários

Alternativa correta letra E.

A questão exigia o conhecimento de que a Ação Popular serve para a


proteção do patrimônio público pelo cidadão e que independente de quem seja o
Réu na Ação Popular, se detentor ou não de foro privilegiado por prerrogativa de
função, a competência para processar e julgar a demanda será, regra geral, do
juiz de primeiro grau de jurisdição.

Questão 09 – PUC/PR – Prefeitura de Maringá/PR –


Procurador - 2015
A respeito das ações constitucionais, considere as seguintes afirmativas:

I. Conceder-se-á habeas data para assegurar o conhecimento de informações


relativas à pessoa do impetrante, constantes de registro ou banco de dados de
entidades governamentais, salvo as de caráter público.
II. O mandado de segurança coletivo não induz litispendência para as ações
individuais, mas os efeitos da coisa julgada não beneficiarão o impetrante a título
individual se não requerer a desistência de seu mandado de segurança no prazo de
30 (trinta) dias a contar da ciência comprovada da impetração da segurança
coletiva.
III. A sentença civil de ação coletiva fará coisa julgada erga omnes, nos limites da
competência territorial do órgão prolator, exceto se o pedido for julgado
improcedente por insuficiência de provas, hipótese em que qualquer legitimado
poderá intentar outra ação com idêntico fundamento, valendo-se de nova prova.
IV. A pessoa jurídica é parte legítima para aforar ação popular a fim de pleitear a
anulação ou a declaração de nulidade de atos lesivos ao patrimônio da União, do
Distrito Federal, dos Estados, dos Municípios, de entidades autárquicas, de
sociedades de economia mista, de sociedades mútuas de seguro nas quais a União
represente os segurados ausentes, de empresas públicas, de serviços sociais
autônomos, de instituições ou fundações para cuja criação ou custeio o tesouro
público haja concorrido ou concorra com mais de cinquenta por cento do patrimônio
ou da receita ânua, de empresas incorporadas ao patrimônio da União, do Distrito
Federal, dos Estados e dos Municípios, e de quaisquer pessoas jurídicas ou
entidades subvencionadas pelos cofres públicos.

Assinale a alternativa CORRETA.


a) Somente as afirmativas I e IV estão corretas.
b) Somente as afirmativas I, II e IV estão corretas.

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c) As afirmativas I, II, III e IV estão corretas.


d) Somente a afirmativa IV está correta.
e) Somente as afirmativas II e III estão corretas.
Comentários

Alternativa correta, letra E: somente as afirmativas II e III estão


corretas.

Ambos os itens são transcrições literais de textos legais, senão vejamos.

Item II – Transcrição da Lei 12.016/2009. Artigo 22.


§ 1o O mandado de segurança coletivo não induz litispendência para as ações
individuais, mas os efeitos da coisa julgada não beneficiarão o impetrante a título
individual se não requerer a desistência de seu mandado de segurança no prazo de
30 (trinta) dias a contar da ciência comprovada da impetração da segurança
coletiva.

Item III – Transcrição do Código de Defesa do Consumidor


Art. 103. Nas ações coletivas de que trata este código, a sentença fará coisa
julgada:
I - erga omnes, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de
provas, hipótese em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação, com
idêntico fundamento valendo-se de nova prova, na hipótese do inciso I do parágrafo
único do art. 81;

O item I está falso, em razão de inexistir a exceção das informações de


caráter público quanto ao manejo do habeas data.

O item IV está falso, em razão de a pessoa jurídica não ser parte legítima
para o manejo da Ação Popular, conforme pacificado pelo STF:

Súmula 365 – STF – Pessoa jurídica não tem legitimidade para propor ação popular.

Questão 10 – VUNESP – IPSMI - Procurador - 2016


A ação popular, assim como o voto, a iniciativa popular, o plebiscito e o referendo,
configura-se como relevante instrumento de democracia direta e de participação
política. A respeito da ação popular, assinale a alternativa correta.

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a) Pode ser proposta por qualquer brasileiro nato ou naturalizado.


b) Esse remédio constitucional tem por escopo anular ato lesivo ao patrimônio
público, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio
histórico e cultural.
c) O autor da ação popular é isento de custas judiciais, salvo se a ação for julgada
improcedente. Nesse caso, dispensa-se o recolhimento retroativo dos valores,
sendo obrigatório, porém, o pagamento das custas judiciais a partir de então.
d) A propositura de ação popular, como forma de dar maior efetividade ao direito
de petição e ao acesso à Justiça, tal qual o caso excepcional das ações propostas
perante os juizados especiais cíveis, pode ocorrer sem a presença de advogado.
e) Trata-se de remédio constitucional que pode ser utilizado pelo Ministério Público
em razão de pedido subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado
nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não menos de três
décimos por cento dos eleitores de cada um deles.
Comentários

Alternativa correta, letra B, conforme dicção do artigo 5º, da


Constituição Federal:

LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a
anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à
moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural,
ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da
sucumbência;

A alternativa A está falsa, uma vez que apenas os cidadãos podem


propor a Ação Popular.

A alternativa C está falsa, em razão de que não é o julgamento de


improcedência que enseja o pagamento de custas, mas quando a demanda é
julgada manifestamente temerária:

Art. 13. A sentença que, apreciando o fundamento de direito do pedido, julgar a


lide manifestamente temerária, condenará o autor ao pagamento do décuplo das
custas.

A alternativa D está falsa, uma vez que a ação popular não permite ao
cidadão demandar em juízo sem a presença de advogado.

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Por fim, a alternativa E está falsa, em razão de não ser o Ministério


Público parte legítima para manejar a Ação Popular.

Questão 11 – CESPE – TJDFT – Juiz - 2016


No que se refere à ação popular, assinale a opção correta.
a) A decisão proferida pelo STF em ação popular possui força vinculante para juízes
e tribunais, quando do exame de outros processos em que se discuta matéria
similar.
b) A ação popular sujeita-se a prazo prescricional quinquenal previsto expressamente
em lei, que a jurisprudência consolidada do STJ aplica por analogia à ação civil
pública.
c) Para o cabimento da ação popular é exigível a demonstração do prejuízo material
aos cofres públicos.
d) O MP, havendo comprometimento de interesse social qualificado, possui
legitimidade ativa padra propor ação popular.
e) Compete ao STF julgar ação popular contra autoridade cujas resoluções estejam
sujeitas, em sede de mandado de segurança, à jurisdição imediata do STF.
Comentários

Alternativa correta, letra B. Trata-se do disposto no artigo 21 da Lei


4.717/65 e da posição sedimentada do STJ:

Art. 21. A ação prevista nesta Lei prescreve em 5 (cinco) anos.

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. RESSARCIMENTO


DE DANOS AO PATRIMÔNIO PÚBLICO. PRAZO PRESCRICIONAL DA AÇÃO POPULAR.
ANALOGIA (UBI EADEM RATIO IBI EADEM LEGIS DISPOSITIO). PRESCRIÇÃO
RECONHECIDA.
1. A Ação Civil Pública e a Ação Popular veiculam pretensões relevantes para a
coletividade.
2. Destarte, hodiernamente ambas as ações fazem parte de um microssistema de
tutela dos direitos difusos onde se encartam a moralidade administrativa sob seus
vários ângulos e facetas. Assim, à míngua de previsão do prazo prescricional para
a propositura da Ação Civil Pública, inafastável a incidência da analogia legis,
recomendando o prazo quinquenal para a prescrição das Ações Civis Públicas, tal
como ocorre com a prescritibilidade da Ação Popular, porquanto ubi eadem ratio ibi
eadem legis dispositio. Precedentes do STJ:REsp 890552/MG, Relator Ministro José
Delgado, DJ de 22.03.2007 e REsp 406.545/SP, Relator Ministro Luiz Fux, DJ
09.12.2002.

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3. Ação Civil Pública ajuizada pelo Ministério Público Estadual em face de ex-prefeito
e co-réu, por ato de improbidade administrativa, causador de lesão ao erário público
e atentatório dos princípios da Administração Pública, consistente na permuta de
04 (quatro) imóveis públicos, situados no perímetro central de São Bernardo do
Campo-SP, por imóvel localizado na zona rural do mesmo município, de propriedade
de do co-réu, objetivando a declaração de nulidade da mencionada permuta, bem
como a condenação dos requeridos, de forma solidária, ao ressarcimento ao erário
do prejuízo causado ao município no valor Cz$ 114.425.391,01 (cento e quatorze
milhões, quatrocentos e vinte e cinco mil cruzeiros e trezentos e noventa e um
centavos), que, atualizado pelo Parquet Estadual por ocasião do recurso de
apelação, equivale a R$ 1.760.448,32 (um milhão, setecentos e sessenta mil,
quatrocentos e quarenta e oito reais e trinta e dois centavos) (fls. 1121/1135).
4. A Medida Provisória 2.180-35 editada em 24/08/2001, no afã de dirimir dúvidas
sobre o tema, introduziu o art. 1º- C na Lei nº 9.494/97 (que alterou a Lei
7.347/85), estabelecendo o prazo prescricional de cinco anos para ações que visam
a obter indenização por danos causados por agentes de pessoas jurídicas de direito
público e privado prestadores de serviço público, senão vejamos: "Art. 4o A Lei no
9.494, de 10 de setembro de 1997, passa a vigorar acrescida dos seguintes artigos:
"Art. 1.º-C. Prescreverá em cinco anos o direito de obter indenização dos danos
causados por agentes de pessoas jurídicas de direito público e de pessoas jurídicas
de direito privado prestadoras de serviços públicos." (NR) 5. A Lei 8.429/92, que
regula o ajuizamento das ações civis de improbidade administrativa em face de
agentes públicos, dispõe em seu art. 23: "Art. 23. As ações destinadas a levar a
efeitos as sanções previstas nesta lei podem ser propostas: I - até cinco anos após
o término do exercício de mandato, de cargo em comissão ou de função de
confiança; II - dentro do prazo prescricional previsto em lei específica para faltas
disciplinares puníveis com demissão a bem do serviço público, nos casos de
exercício de cargo efetivo ou emprego.
6. A doutrina do tema assenta que: "Trata o art. 23 da prescrição das ações civis
de improbidade administrativa.(...).O prazo prescricional é de 5 anos para serem
ajuizadas contra agentes públicos eleitos ou ocupantes de cargo de comissão ou de
função de confiança, contados a partir do término do mandato ou do exercício
funcional (inciso I).O prazo prescricional em relação aos demais agentes públicos
que exerçam cargo efetivo ou emprego público, é o estabelecido em lei específica
para as faltas disciplinares puníveis com demissão a bem do serviço público (inciso
II).No âmbito da União, é de 5 anos e começa a correr da data em que o fato
tornou-se conhecido, não pendendo causa interruptiva ou suspensiva, e dos
Estados ou Municípios, no prazo previsto nas leis por eles editadas sobre essa
matéria. No caso de particulares acionados por ato de improbidade administrativa,
por serem coniventes com o agente público improbo, tendo induzido-os ou
concorrendo para a sua prática, entendo eu, que observa a regra dos incisos I ou
II, conforme a qualificação do agente público envolvido. (...)" Marino Pazzaglini
Filho, in Lei de Improbidade Administrativa Comentada, Atlas, 2007, p. 228-229 7.
Sob esse enfoque também é assente que: "(...)No entanto, não se pode deixar de
trazer à baila, disposições a respeito da Ação Civil Pública trazidas pela Lei
8.429/92, que visa o controle da probidade administrativa, quando o ato de
improbidade é cometido por agente público que exerça mandato, ou cargo em
comissão com atribuições de direção, chefia e assessoramento, ou função de
confiança. O art. 23 da Lei 8.429/92 dispõe: "Art. 23. As ações destinadas a levar

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a efeitos as sanções previstas nesta lei podem ser propostas: I - até cinco anos
após o término do exercício de mandato, de cargo em comissão ou de função de
confiança;II - dentro do prazo prescricional previsto em lei específica para faltas
disciplinares puníveis com demissão a bem do serviço público, nos casos de
exercício de cargo efetivo ou emprego.
Nota-se que simplesmente limitar-se a dizer que as ações civis públicas não
prescrevem, não nos parece cientificamente correto afirmar, haja vista que o inc. I
do art. 23 se refere ao prazo prescricional da Ação Civil Pública, quando o ato de
improbidade administrativa tiver sido cometido por agente político, exercente dos
cargos públicos e funções disciplinadas na citada lei.
Em relação aos casos não previstos no artigo acima citado, Mateus Eduardo Siqueira
Nunes, citando Hely Lopes Meirelles, que entende que diante da ausência de
previsão específica, estariam na falta de lei fixadora do prazo prescricional, não
pode o servidor público ou o particular ficar perpetuamente sujeito a sanção
administrativa por ato ou fato praticado há muito tempo. A esse propósito, O STF
já decidiu que "a regra é a da prescritibilidade". Entendemos que, quando a lei não
fixa o prazo da prescrição administrativa, esta deve ocorrer em cinco anos, à
semelhança da prescrição das ações pessoais contra a Fazenda Pública (Dec.
20.910/32), das punições dos profissionais liberais (lei 6.838/80 e para a cobrança
do crédito tributário (CTN, art. 174)" Fábio Lemos Zanão in Revista do Instituto dos
Advogados de São Paulo, RT, 2006, p 33-34 8. A exegese dos dispositivos legais
atinentes à questão sub examine conduz à conclusão de que o ajuizamento das
ações de improbidade em face de agentes públicos eleitos, ocupantes de cargo em
comissão ou de função de confiança, submetem-se ao prazo prescricional de 5 anos,
cujo termo a quo é o término do mandato ou do exercício funcional, consoante a
ratio essendi do art. 23, inciso I, da Lei 8429/92.
(...)
12. Recurso Especial provido para acolher a prescrição qüinqüenal da Ação
Civil Pública, mercê da inexistência de prova de dolo, restando prejudicada
a apreciação das demais questões suscitadas.
(REsp 727.131/SP, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em
11/03/2008, DJe 23/04/2008)

O item A está falso um a vez que a lei não estabelece qualquer


condicionante neste sentido.

O item C está falso, uma vez que cabível ação popular, inclusive, em face
da agressão a princípios da Administração Pública, a exemplo do princípio da
moralidade.

O item D está falso, uma vez que apenas o cidadão possui legitimidade
para o manejo da Ação Popular, não gozando o Ministério Público de tal
prerrogativa.

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O item E está falso, em razão de que independente de quem seja o Réu


na Ação Popular, se detentor ou não de foro privilegiado por prerrogativa de
função, a competência para processar e julgar a demanda será, regra geral, do
juiz de primeiro grau de jurisdição.

Questão 12 – CESPE – DPE/RN – Defensor - 2015


Assinale a opção correta no que diz respeito à ação popular.
a) A competência para processar e julgar ação popular proposta contra o presidente
da República é do STF.
b) O menor de dezesseis anos pode propor ação popular, mas, para fazê-lo, tem de
ser assistido em juízo.
c) De acordo com o entendimento do STJ, o cidadão autor de ação popular tem de
residir no domicílio eleitoral do local onde for proposta a ação, sob pena de
indeferimento da inicial.
d) A execução de multa diária por descumprimento de obrigação fixada em medida
liminar concedida em ação popular independe do trânsito em julgado desta ação,
conforme posição do STJ.
e) A jurisprudência do STJ vem admitindo o emprego da ação popular para a defesa
de interesses difusos dos consumidores.
Comentários

Alternativa correta, letra D. Trata-se de tema polêmico e bastante


divergente, inclusive no STJ.

PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. AÇÃO POPULAR. PLACAS INSTALADAS EM


OBRAS PÚBLICAS CONTENDO SÍMBOLO DE CAMPANHA POLÍTICA. REMOÇÃO.
ANTECIPAÇÃO DE TUTELA COMINAÇÃO DE MULTA DIÁRIA. ASTREINTES.
OBRIGAÇÃO DE FAZER. INCIDÊNCIA DO MEIO DE COERÇÃO. ART. 461, § 4, DO
CPC. MULTA COMINADA EM DECISÃO INTERLOCUTÓRIA. EXECUÇÃO. CUSTAS
JUDICIAIS. ISENÇÃO. DIVERGÊNCIA INDEMONSTRADA.
1. A tutela antecipada efetiva-se via execução provisória, que hodiernamente se
processa como definitiva (art. 475-O, do CPC).
2. A execução de multa diária (astreintes) por descumprimento de
obrigação de fazer, fixada em liminar concedida em Ação Popular, pode ser
realizada nos próprios autos, por isso que não carece do trânsito em
julgado da sentença final condenatória.
3. É que a decisão interlocutória, que fixa multa diária por descumprimento de
obrigação de fazer, é título executivo hábil para a execução definitiva. Precedentes
do STJ: AgRg no REsp 1116800/RS, TERCEIRA TURMA, DJe 25/09/2009; AgRg no
REsp 724.160/RJ, TERCEIRA TURMA, DJ 01/02/2008 e REsp 885.737/SE,
PRIMEIRA TURMA, DJ 12/04/2007.

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4. É cediço que a função multa diária (astreintes) é vencer a obstinação do devedor


ao cumprimento da obrigação de fazer (fungível ou infungível) ou entregar coisa,
incidindo a partir da ciência do obrigado e da sua recalcitrância. Precedentes do
STJ: AgRg no Ag 1025234/SP, DJ de 11/09/2008; AgRg no Ag 1040411/RS, DJ de
19/12/2008; REsp 1067211/RS, DJ de 23/10/2008; REsp 973.647/RS, DJ de
29.10.2007; REsp 689.038/RJ, DJ de 03.08.2007: REsp 719.344/PE, DJ de
05.12.2006; e REsp 869.106/RS, DJ de 30.11.2006.
5. A 1ª Turma, em decisão unânime, assentou que: a "(...) função das astreintes é
vencer a obstinação do devedor ao cumprimento da obrigação de fazer ou de não
fazer, incidindo a partir da ciência do obrigado e da sua recalcitrância" (REsp nº
699.495/RS, Rel. Min. LUIZ FUX, DJ de 05.09.05), é possível sua execução de
imediato, sem que tal se configure infringência ao artigo 475-N, do então vigente
Código de Processo Civil" (REsp 885737/SE, PRIMEIRA TURMA, DJ 12/04/2007).
(...)
9. Recurso Especial provido
(REsp 1098028/SP, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em
09/02/2010, DJe 02/03/2010)

A alternativa A está falsa, em razão de que independente de quem seja


o Réu na Ação Popular, se detentor ou não de foro privilegiado por prerrogativa
de função, a competência para processar e julgar a demanda será, regra geral,
do juiz de primeiro grau de jurisdição.

A alternativa B está falsa, uma vez que apenas o cidadão poderá propor
a Ação Popular no Brasil e a prova da cidadania para justificar o ingresso em juízo
é exatamente o título de eleitor do indivíduo ou certidão a ele equivalente. Ora,
no Brasil, o menor de dezesseis anos não pode ter um título de eleitor e,
exatamente por isto, não poderá propor ação popular.

A alternativa C está falsa, uma vez que a lei não faz qualquer restrição
quanto ao domicílio do Autor popular. Neste sentido:

Note-se que a legitimidade ativa é deferida a cidadão. A afirmativa é importante


porque, ao contrário do que pretende o recorrente, a legitimidade ativa não é do
eleitor, mas do cidadão. [...] Vê-se, portanto, que a condição de eleitor não é
condição de legitimidade ativa, mas apenas e tão-só meio de prova documental da
cidadania, daí porque pouco importa qual o domicílio eleitoral do autor da ação
popular.

(STJ, REsp 1.242.800/MS, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA


TURMA, julgado em 07/06/2011).

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Já a alternativa E está falsa, em razão do seguinte entendimento do STJ:

PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. AÇÃO POPULAR. CONCESSÃO DE


SERVIÇO. SUSPENSÃO DAS ATIVIDADES DE EMPRESA CONCESSIONÁRIA DE
SERVIÇO DE GESTÃO DE ÁREAS DESTINADAS A ESTACIONAMENTO ROTATIVO.
INOBSERVÂNCIA DE DIREITO CONSUMERISTA. INÉPCIA DA INICIAL.
ILEGITIMIDADE ATIVA. AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR. SÚMULA 211/STJ.
1. A Ação Popular não é servil à defesa dos consumidores, porquanto
instrumento flagrantemente inadequado mercê de evidente ilegitimatio ad
causam (art. 1º, da Lei 4717/65 c/c art. 5º, LXXIII, da Constituição
Federal) do autor popular, o qual não pode atuar em prol da coletividade
nessas hipóteses.
2. A ilegitimidade do autor popular, in casu, coadjuvada pela inadequação da via
eleita ab origine, porquanto a ação popular é instrumento de defesa dos interesses
da coletividade, utilizável por qualquer de seus membros, revela-se inequívoca, por
isso que não é servil ao amparo de direitos individuais próprios, como sóem ser os
direitos dos consumidores, que, consoante cediço, dispõem de meio processual
adequado à sua defesa, mediante a propositura de ação civil pública, com
supedâneo nos arts. 81 e 82 do Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/90).
3. A concessão de serviço de gestão das áreas destinadas ao estacionamento
rotativo, denominado "zona azul eletrônica", mediante a realização da concorrência
pública nº 001/2001 (processo nº 463/2001), obedecida a reserva legal, não resta
eivada de vícios acaso a empresa vencedora do certame, ad argumentandum
tantum, por ocasião da prestação dos serviços, não proceda à comprovação do
estacionamento do veículo e da concessão de horário suplementar, não empreenda
à identificação dos dados atinentes ao seu nome, endereço e CNPJ, nos cupons de
estacionamento ensejando a supressão de receita de serviços e, consectariamente,
redução do valor pago mensalmente a título de ISSQN e utilize paquímetros sem
aferição pelo INMETRO, porquanto questões insindicáveis pelo E. S.T.J à luz do
verbete sumular nº 07 e ocorrentes ex post facto (certame licitatório). (...)
(REsp 818.725/SP, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em
13/05/2008, DJe 16/06/2008)

Questão 13 – CESPE – PGE/AM – Procurador - 2016


Acerca de competências ambientais legislativas, ação popular e espaços territoriais
especialmente protegidos, julgue o item a seguir.
Situação hipotética: Determinado empreendimento obteve licença ambiental do
estado X sem observância das exigências normativas previstas, o que resultou em
lesão ao meio ambiente. Assertiva: Nessa situação, brasileiro naturalizado,
residente e eleitor no estado Y, terá legitimidade para ajuizar ação popular no juízo
competente contra o estado X com o objetivo de anular o ato concessório.
Comentários

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Item Verdadeiro.

Qualquer cidadão poderá propor Ação Popular, desde que esteja em pleno
gozo de seus direitos políticos e fazendo-se representar por um advogado. Isto
porque a prova da cidadania para justificar o ingresso em juízo é exatamente o
título de eleitor do indivíduo ou certidão a ele equivalente.
Ademais, a lei não faz qualquer restrição quanto ao domicílio do Autor
popular. Neste sentido:

Note-se que a legitimidade ativa é deferida a cidadão. A afirmativa é importante


porque, ao contrário do que pretende o recorrente, a legitimidade ativa não é do
eleitor, mas do cidadão. [...] Vê-se, portanto, que a condição de eleitor não é
condição de legitimidade ativa, mas apenas e tão-só meio de prova documental da
cidadania, daí porque pouco importa qual o domicílio eleitoral do autor da ação
popular.

(STJ, REsp 1.242.800/MS, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA


TURMA, julgado em 07/06/2011).

Questão 14 – CESPE – DPE/RN – Defensor - 2015


Com relação ao mandado de injunção, ao habeas data e à ADPF, assinale a opção
correta.

I. O STF é competente para processar e julgar originariamente o habeas data


impetrado contra ato de ministro de Estado.
II. Não se admite a impetração de mandado de injunção coletivo, por ausência
de previsão constitucional expressa para tal.
III. É cabível a impetração de mandado de injunção coletivo para proceder à
revisão geral anual dos vencimentos dos servidores públicos, conforme
entendimento do STF.
IV. Quando a sentença conceder o habeas data, o recurso interposto em face
dessa decisão terá efeito suspensivo e devolutivo.
Comentários

Todos os itens são Falsos.

Isto porque:

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Item I
Lei 9.507/97. Art. 20. O julgamento do habeas data compete:
I - originariamente:
a) ao Supremo Tribunal Federal, contra atos do Presidente da República, das Mesas
da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União,
do Procurador-Geral da República e do próprio Supremo Tribunal Federal;
b) ao Superior Tribunal de Justiça, contra atos de Ministro de Estado ou do
próprio Tribunal;

Item II

O STF chegou inclusive a reconhecer a possibilidade de propositura de


mandado de injunção coletivo, antes da regulamentação trazida pela Lei
13.300/2016. Tal dispositivo superou a discussão:

Art. 3o. São legitimados para o mandado de injunção, como impetrantes, as


pessoas naturais ou jurídicas que se afirmam titulares dos direitos, das liberdades
ou das prerrogativas referidos no art. 2o e, como impetrado, o Poder, o órgão ou a
autoridade com atribuição para editar a norma regulamentadora.

Item III

Trata-se de entendimento já manifestado pelo Supremo Tribunal Federal:

Independentemente da atuação do Poder Legislativo Estadual, é perceptível que


não se está diante da possibilidade de cabimento do mandado de injunção, porque
o Supremo Tribunal Federal já se pronunciou quanto à impossibilidade da referida
impetração para proceder a revisão geral anual: "Agravo regimental em mandado
de injunção coletivo. 2. Art. 37, X, da Constituição Federal. 3. Não cabe mandado
de injunção para proceder à revisão geral anual. Precedentes. 4. Agravo a que se
nega provimento."

(MI 4265 AgR/DF, Relator (a): Min. GILMAR MENDES, Julgamento: 30/04/2014,
Órgão Julgador: Tribunal Pleno, Publicação 02/06/14)

Item IV

Trata-se de literal disposição do artigo 15, da Lei 9.507/97:

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Art. 15. Da sentença que conceder ou negar o habeas data cabe apelação.
Parágrafo único. Quando a sentença conceder o habeas data, o recurso terá efeito
meramente devolutivo.

Questão 15 – CESPE – DPE/PE – Defensor - 2015


Acerca do mandado de injunção, julgue o item seguinte.

A jurisprudência do STF acerca do mandado de injunção evoluiu para admitir que,


além de declarar omisso o Poder Legislativo, o próprio tribunal edite a norma geral
de que depende o exercício do direito invocado pelo impetrante.

Comentários

Item verdadeiro.

Conforme discutido no tópico referente aos efeitos da decisão, o Supremo


Tribunal Federal passou a adotar a Teoria Concretista Geral onde o Tribunal não
somente declara a omissão do Legislativo, mas também regulamenta o direito
com eficácia erga omnes.

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8 - Considerações Finais

Chegamos ao final de mais uma aula!

Espero que vocês tenham gostado! Quaisquer dúvidas, estou às ordens nos
canais do curso e nos seguintes contatos:

profigormaciel@gmail.com

@ProfIgorMaciel

Aguardo vocês na próxima aula.

Grande abraço e até lá!

Igor Maciel

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