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Roberto Rodrigues Prado

Teoria da
Contabilidade

Adaptada/Revisada por Luís Carlos Gruenfeld (setembro/2012)


APRESENTAÇÃO

É com satisfação que a Unisa Digital oferece a você, aluno(a), esta apostila de Teoria da Contabilidade,
parte integrante de um conjunto de materiais de pesquisa voltado ao aprendizado dinâmico e autônomo
que a educação a distância exige. O principal objetivo desta apostila é propiciar aos(às) alunos(as) uma
apresentação do conteúdo básico da disciplina.
A Unisa Digital oferece outras formas de solidificar seu aprendizado, por meio de recursos multidis-
ciplinares, como chats, fóruns, aulas web, material de apoio e e-mail.
Para enriquecer o seu aprendizado, você ainda pode contar com a Biblioteca Virtual: www.unisa.br,
a Biblioteca Central da Unisa, juntamente às bibliotecas setoriais, que fornecem acervo digital e impresso,
bem como acesso a redes de informação e documentação.
Nesse contexto, os recursos disponíveis e necessários para apoiá-lo(a) no seu estudo são o suple-
mento que a Unisa Digital oferece, tornando seu aprendizado eficiente e prazeroso, concorrendo para
uma formação completa, na qual o conteúdo aprendido influencia sua vida profissional e pessoal.
A Unisa Digital é assim para você: Universidade a qualquer hora e em qualquer lugar!

Unisa Digital
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.................................................................................................................................................7
1 ATUAÇÃO PROFISSIONAL.................................................................................................................9
1.1 A Evolução da Contabilidade.......................................................................................................................................9
1.2 Contabilidade na Bíblia............................................................................................................................................... 12
1.3 Contabilidade Despertando como Ciência......................................................................................................... 12
1.4 Teorias Descritivas e Prescritivas.............................................................................................................................. 14
1.5 Doutrinas e Escolas de Contabilidade................................................................................................................... 14
1.6 O Cenário Atual da Contabilidade.......................................................................................................................... 16
1.7 Resumo do Capítulo..................................................................................................................................................... 17
1.8 Atividades Propostas.................................................................................................................................................... 18

2 CONTABILIDADE E CONTADOR.................................................................................................. 19
2.1 A Tomada de Decisão................................................................................................................................................... 19
2.2 A Função do Contador................................................................................................................................................. 20
2.3 A Contabilidade como Profissão.............................................................................................................................. 20
2.4 Visão Geral da Profissão Contábil............................................................................................................................ 22
2.5 A Contabilidade em outros Cursos......................................................................................................................... 23
2.6 Resumo do Capítulo..................................................................................................................................................... 24
2.7 Atividades Propostas.................................................................................................................................................... 24

3 OBJETIVOS DA CONTABILIDADE E UTILIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO


CONTÁBIL...................................................................................................................................................25
3.1 Utilização da Informação Contábil e Campo de Atuação da Contabilidade.......................................... 26
3.2 Patrimônio da Entidade.............................................................................................................................................. 26
3.3 Finalidade Social do Contador................................................................................................................................. 27
3.4 Resumo do Capítulo..................................................................................................................................................... 27
3.5 Atividades Propostas.................................................................................................................................................... 28

4 QUALIDADE E CARACTERÍSTICA DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL: O


PRODUTO FINAL DA CONTABILIDADE................................................................................. 29
4.1 Informação Econômica............................................................................................................................................... 29
4.2 Custos versus Benefícios.............................................................................................................................................. 30
4.3 Compreensibilidade..................................................................................................................................................... 30
4.4 Relevância........................................................................................................................................................................ 30
4.5 Confiabilidade................................................................................................................................................................. 31
4.6 Comparabilidade........................................................................................................................................................... 32
4.7 A Importância da Comparação................................................................................................................................ 32
4.8 Políticas Contábeis........................................................................................................................................................ 32
4.9 Tempestividade ............................................................................................................................................................. 33
4.10 Intempestividade ..................................................................................................................................................... 33
4.11 Tomada de Decisões.................................................................................................................................................. 34
4.12 Resumo do Capítulo..................................................................................................................................................34
4.13 Atividades Propostas.................................................................................................................................................35

5 RELATÓRIOS CONTÁBEIS................................................................................................................ 37
5.1 Demonstrações Financeiras......................................................................................................................................37
5.2 Relatórios Contábeis Obrigatórios..........................................................................................................................37
5.3 Complementação às Demonstrações Financeiras............................................................................................39
5.4 Resumo do Capítulo.....................................................................................................................................................45
5.5 Atividades Propostas....................................................................................................................................................45

6 OS PRINCÍPIOS DE CONTABILIDADE – A ENTIDADE E A CONTINUIDADE............. 47


6.1 Aplicação da Contabilidade.......................................................................................................................................47
6.2 Usuários da Contabilidade.........................................................................................................................................47
6.3 Para quem é Mantida a Contabilidade..................................................................................................................48
6.4 Pilares da Contabilidade.............................................................................................................................................48
6.5 Princípios da Contabilidade......................................................................................................................................50
6.6 Resumo do Capítulo.....................................................................................................................................................54
6.7 Atividades Propostas....................................................................................................................................................54

7 PATRIMÔNIO E RESULTADO.......................................................................................................... 55
7.1 O Ativo e sua Mensuração (Avaliação)..................................................................................................................55
7.2 Algumas Definições de Ativo....................................................................................................................................55
7.3 Ativo Circulante..............................................................................................................................................................56
7.4 Ativo Realizável em Longo Prazo.............................................................................................................................58
7.5 Ativo Permanente..........................................................................................................................................................58
7.6 Contas Retificadoras do Ativo...................................................................................................................................59
7.7 Dedução do Ativo Permanente................................................................................................................................60
7.8 Resumo do Capítulo.....................................................................................................................................................60
7.9 Atividades Propostas....................................................................................................................................................61

8 O PASSIVO E SUA MENSURAÇÃO (AVALIAÇÃO)............................................................ 63


8.1 Generalidades.................................................................................................................................................................63
8.2 Definições de Passivo...................................................................................................................................................63
8.3 Passivo Circulante..........................................................................................................................................................64
8.4 Passivo Exigível em Longo Prazo.............................................................................................................................64
8.5 Resultado de Exercício Futuros................................................................................................................................64
8.6 Patrimônio Líquido.......................................................................................................................................................65
8.7 Contas Retificadoras do Passivo..............................................................................................................................65
8.8 Resumo do Capítulo.....................................................................................................................................................66
8.9 Atividades Propostas....................................................................................................................................................66

9 TERMINOLOGIA CONTÁBIL BÁSICA USADA EM CONTABILIDADE................... 67


9.1 Receitas e Ganhos.........................................................................................................................................................67
9.2 Despesas e Perdas.........................................................................................................................................................68
9.3 Outras Terminologias Usadas....................................................................................................................................69
9.4 Resumo do Capítulo.....................................................................................................................................................69
9.5 Atividades Propostas....................................................................................................................................................70

10 PATRIMÔNIO E RESULTADO...................................................................................................... 71
10.1 Relatórios Contábeis..................................................................................................................................................71
10.2 O Balanço Patrimonial...............................................................................................................................................71
10.3 Poder Preditivo do Balanço Patrimonial.............................................................................................................72
10.4 Uma Estrutura de Balanços não Usada entre Nós..........................................................................................73
10.5 As Normas Brasileiras de Contabilidade e o Balanço Patrimonial............................................................74
10.6 Cfc e Lei das S.A.........................................................................................................................................................74
10.7 Passivo Descoberto....................................................................................................................................................74
10.8 Algumas Diferenças...................................................................................................................................................74
10.9 Resultado de Exercícios Futuros............................................................................................................................75
10.10 Resultados de Exercícios Futuros versus Exigível..........................................................................................75
10.11 As Normas Brasileiras de Contabilidade (as Nbcs).....................................................................................75
10.12 Resumo do Capítulo................................................................................................................................................78
10.13 Atividades Propostas...............................................................................................................................................78

RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS...................................... 79


REFERÊNCIAS.............................................................................................................................................. 83
INTRODUÇÃO

Você está iniciando o estudo da disciplina Teoria da Contabilidade, a qual tem como objetivo prin-
cipal solidificar os estudos teóricos relacionados à origem da contabilidade, sua história, doutrinas e es-
colas e o surgimento do período pré-científico.
Será possível compreender a evolução da Contabilidade com o progresso das sociedades e o de-
senvolvimento da contabilidade como uma Ciência Social Aplicada.
Ainda, você conhecerá a necessidade e a criação de organismos de regulamentação, como o Con-
selho Federal de Contabilidade (CFC).
Por meio desta disciplina, você aprofundará sua compreensão do surgimento dos Postulados, Con-
venções e o significado dos Princípios de Contabilidade.
Você terá o entendimento sobre as demonstrações contábeis, seus diversos grupos e Critérios de
Mensuração do Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido, Receitas e Despesas, Ganhos e Perdas, e Princípios
Fundamentais da Contabilidade.
O presente material foi especialmente desenvolvido para os alunos do Ensino a Distância (EaD) e
seu uso será de grande valia no decorrer das aulas do curso, devendo ser usado como bibliografia básica.
Ao final de cada capítulo, leia com atenção os enunciados e responda às questões propostas. Essas
questões objetivam auxiliá-lo(la) na aprendizagem. Primeiramente, responda a todas as questões e so-
mente ao final verifique as suas respostas, relacionando-as com as respostas e comentários do professor,
ao final desta apostila.

Bons estudos e sucesso!

Prof. Roberto Rodrigues Prado

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1 ATUAÇÃO PROFISSIONAL

Caro(a) aluno(a), neste capítulo você tem Assim, você conhecerá a História da Con-
um rápido comentário da estabilidade da profis- tabilidade e poderá associar a sua origem à ne-
são contábil e da evolução da contabilidade. A cessidade de controle da riqueza e dos estoques
profissão contábil tem hoje uma posição bem de- na produção de alimentos e animais em antigas
finida na economia global, um campo de trabalho civilizações.
bastante amplo e diversificado e objetivos bem Entenderá, ainda, os acontecimentos que
claros de onde pretende chegar. Essa estabilidade contribuíram para surgir o Método das Partidas
profissional, esses horizontes bem definidos têm Dobradas, que é origem das palavras “débito” e
uma longa história! “crédito”, de Frei Luca Pacioli.

1.1 A Evolução da Contabilidade

Pense na contabilidade em uma época na frio que matava. Era um período de monotonia,
qual não existia moeda, escrita e números! de ociosidade. Depois de tosquiar (cortar rente)
Imagine um homem, na Antiguidade, sem as ovelhas, não se tinha nada para fazer a não ser
conhecer números e, muito menos, a escrita, olhar pelas frestas a neve caindo. O que fazer nes-
exercendo a atividade de pastoreio. O inverno se período?
está chegando. O homem prepara toda a provi- De repente, o homem se questiona: “Quanto
são para o sustento do seu rebanho de ovelhas, será que o meu rebanho cresceu desde o último
olhando para um período longo de muito frio que
frio até hoje? Será que o meu cresceu mais que do
está se aproximando. Ainda que ele nunca tenha
Floreto?” (Floreto era o pastor de ovelhas vizinho
aprendido sobre os meses do ano, ele sabe que a
desse homem na Antiguidade). Esse homem, as-
neve está se aproximando, pois as folhas das ár-
vores ficaram amarelas e caíram e assim ocorreu sim como qualquer um, era ambicioso, tinha de-
no passado, por inúmeras vezes. Ele não sabia o safios e queria ver sua riqueza aumentando.
que eram as estações do ano, mas tinha experiên-
cia: árvores secando, frio chegando. Atenção
Pense a respeito!
Aqui entra a função da Contabilidade, já no início
O home tem natureza materialista, pois des- da civilização: avaliar a riqueza do homem; ava-
de seu surgimento é ligado aos bens materiais. liar os acréscimos ou decréscimos dessa riqueza.
Como o homem naturalmente é ambicioso, a
Contabilidade existe desde o início da civilização.
A Contabilidade no Início de Tudo Alguns teóricos preferem dizer que ela existe, pe-
los menos, desde 4.000 antes de Cristo.

Antes que caísse a 1ª neve, ele recolhia seu


rebanho num aprisco (curral), para protegê-lo do

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Mas como contar o rebanho e avaliar seu e lá ia ele dirigindo o seu rebanho, protegendo
crescimento se não existiam números (da forma contra os predadores, administrando assim a sua
que sabemos hoje), nem escrita e, muito menos, riqueza. Passado algum tempo, novas ovelhinhas
moeda? surgiram e já se percebia que o nascimento era
Na monotonia do inverno, entre os balidos maior que a mortalidade e o descarte (escapató-
(voz de ovelha ou cordeiro) ininterruptos das ove- ria). A lã era tirada e parte dela negociada em tro-
lhas, o homem tem uma ideia. Havendo um pe- ca de alguns equipamentos rudimentares de caça
queno monte de pedrinhas ao seu lado, o homem e pesca.
separa uma pedrinha para cada cabeça de ovelha, O tempo passava. Novamente as folhas das
executando assim o que o contabilista chamaria árvores voltavam a ficar amarelas e começavam
hoje de inventário. Após o término dessa mis- a cair. Para nós, chamamos, hoje, esse fenômeno
são, o homem separa o conjunto de pedrinhas, de outono. Para aquele homem, era o momento
guardando-o com muito cuidado, pois o conjun- de fazer a provisão para sustentar sua riqueza no
to representava a sua riqueza num determinado período da seca do inverno.
momento. Novamente a neve caía. No aprisco (uma
Finalmente, a neve derretia e o sol voltava grande caverna no alto da montanha), estavam
a aquecer a montanha do homem do pastoreio. de volta o pastor e seu rebanho. Nada mais natu-
A superfície da montanha voltava a ficar verde ral que fazer uma pedrinha por cabeça de ovelha:

Figura 1 – Contagem abstrata.


Resultado da contagem
Cada símbolo (pedrinha) corresponde a uma cabeça de ovelha:

Primeiro Inverno Segundo Inverno Comparação entre 2 invernos

O+O+O+O+O P+P+P+P+P+P+P O+O+O+O+O PP


O+O+O+O+O P+P+P+P+P+P+P O+O+O+O+O PP
O+O+O+O+O P+P+P+P+P+P O+O+O+O+O P

ACRÉSCIMO DE CABEÇAS DE
1º INVENTÁRIO 2º INVENTÁRIO
OVELHAS

Fonte: Iudícibus (2010, p. 5).

Resultado Positivo é Igual ao Lucro? período. A lã proporcionara não só agasalho para


proteger sua família, como também fora utilizada
Ao comparar o atual conjunto de pedrinhas como meio de troca na aquisição de instrumentos
com o anterior, feito no inverno passado, o pastor de caça e pesca.
constata que houve um excedente de pedrinhas Além disso, havia uma quantidade de lã recém-
(para nós, cinco pedrinhas) e isso representava -obtida no processo de tosquiamento nesse inverno.
que ele tinha sido bem-sucedido naquele perío-
do, ou seja, houve um acréscimo real no seu reba- Um Inventário Completo
nho (um resultado positivo).
Todavia, o pastor não estava satisfeito pelo O homem estima que, se fosse trocar ove-
fato de apenas avaliar o crescimento do plantel. Ele lhas por agasalho, precisaria de pelo menos duas
sabia que seu rebanho havia produzido lã naquele cabeças para suprir sua família nesse inverno.

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Teoria da Contabilidade

Como seu próprio rebanho havia produzido, ele ovelhas, ou seja, ele conseguiria trocar seu depó-
separa duas novas pedrinhas correspondentes a sito de lã por quatro cabeças. Assim, ele teria um
duas ovelhas, representando aquele adicional de novo conjunto de nove pedrinhas para acrescen-
riqueza da sua família. Os instrumentos de caça tar à contagem realizada nesse segundo inverno.
e pesca obtidos equivalem a três ovelhas. Toda a Observe, caro(a) aluno(a), a situação a seguir:
lã estocada corresponderia a, pelo menos, quatro

 
ACRÉSCIMO DO PERÍODO

Instrumentos
1º Inverno 2º Inverno Agasalhos Estoque de Lã
Caça/Pesca

OOOOO PP A C/P X

OOOOO PP A C/P X

OOOOO P   C/P X

1º INVENTÁRIO 2º INVENTÁRIO Corresponde a 2 ovelhas Corresponde a 3 ovelhas Corresponde a 4 ovelhas

Total do Rebanho Resultado da Produção do Período

Total da Riqueza à Disposição do Pastor

Imagine se houvessem números e escrita, dinheiro. Todavia, o que fica bem claro é que,
poderíamos apresentar um relatório da riqueza mesmo sem moeda, escrita e número, a Conta-
do pastor! bilidade, como inventário, já existia, ficando evi-
denciado que ela é tão antiga quanto a existência
Relatório Contábil do homem em atividade econômica, ou melhor,
quem sabe, do homem sapiente.
Esta pode ser chamada de fase empírica da
O acréscimo do primeiro para o segundo in-
Contabilidade, em que se utilizavam desenhos, fi-
verno foi correspondente a 14 ovelhas, que, num
guras, imagens para identificar o patrimônio exis-
sentido econômico, podemos chamar de lucro.
tente.
O pastor da Antiguidade certamente iria vibrar,
pois sua riqueza praticamente dobrou no perío- Com o passar do tempo, o homem começa a
do analisado. fazer marcas em árvores e pedras, podendo, assim,
conferir seu rebanho em termos de crescimento,
Se nós tivéssemos moeda, o denominador
de extravio (perdas) de ovelhas, mortes etc.
comum não seria ovelhas, mas sim o valor em

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Assim, conclui-se que, desde os povos mais


Curiosidade
primitivos, a Contabilidade já existia em função
da necessidade de controlar, medir e preservar o O livro de Jó, ainda que não seja o primeiro da
patrimônio familiar e, até mesmo, em função de Bíblia, é considerado o mais antigo. Jó era um ho-
trocar bens para maior satisfação das pessoas. mem muito rico e justo, da terra de Uz, no Oriente,
que certamente tinha um bom contador, pois, na
descrição de sua riqueza, no versículo três do pri-
meiro capítulo, observa-se: “E era o seu gado sete
mil ovelhas, e três mil camelos, e quinhentas jun-
tas de bois e quinhentas jumentas.”

1.2 Contabilidade na Bíblia

A relação de bens de Jó demonstra um cui- povos, ainda que os conhecimentos da matemá-


dado no controle do seu patrimônio pessoal. tica, das letras, dos negócios e até mesmo de pa-
Por questões espirituais, um dia, Jó perde trimônio fossem limitados.
toda a sua fortuna, tornando-se um homem po-
bre, sem nenhum bem. Símbolos na Argila
Mas no final do livro de Jó, algo surpreen-
dente acontece. Também por motivos espirituais, Talvez, na época de Jó, já se introduzisse o
ele recupera a sua fortuna e não deixa de reen- período Mnemônico da Contabilidade, através de
contrar um contador que, num certo momento, cuneiforme. Outras evoluções foram observadas,
apresenta um relatório surpreendente: sua ri- principalmente nas escritas em papiro, descober-
queza estava duplicada em relação ao primeiro to pelos egípcios.
inventário: “E assim abençoou o Senhor o último
estado de Jó, mais do que o primeiro; porque teve
catorze mil ovelhas, e seis mil camelos, e mil jun- Dicionário
tas de bois e mil jumentas.” (descrito no capítulo Cuneiforme: símbolos gravados em barro ou placa
42, versículo 12, do Livro de Jó). de argila, dando-se os primeiros passos para os re-
gistros. As próprias placas de argila serviam como
Esse e diversos exemplos mostram que a relatórios.
Contabilidade já existia com o primitivismo dos

1.3 Contabilidade Despertando como Ciência

Você sabia que a Contabilidade vai iniciar Ainda que a Contabilidade, como já vimos,
a sua fase adulta, fase racional, exatamente no existisse desde o princípio da civilização, nota-se um
aperfeiçoamento da Imprensa por Gutenberg, na desenvolvimento muito lento ao longo dos séculos.
Alemanha, no século XV d.C.? Somente em torno do século XV (com pre-
Pense a respeito! sença relevante no século XIII), isto é, praticamen-
te após 5.500 anos (partindo-se da hipótese de

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Teoria da Contabilidade

que ela existe desde 4.000 a.C.), é que a Contabi- A obra de Pacioli pode muito bem ser vista
lidade atinge um nível de desenvolvimento notó- como início do pensamento científico da Conta-
rio, sendo chamada de fase lógico-racional ou, até bilidade.
mesmo, fase pré-científica da Contabilidade. Pense a respeito!
Doutrinadores contábeis, sucessores de Pa-
Do Renascimento para a Ciência cioli, na Europa (principalmente na Itália), nos sé-
culos seguintes, vão dar um cunho científico para
O que toda a história tem mostrado é que a a Contabilidade e origem à (denominada pos-
Contabilidade torna-se importante à medida que teriormente) Escola Contábil Europeia ou, mais
há desenvolvimento econômico. Hoje, por exem- especificamente, Escola Contábil Italiana. A Itália
plo, a profissão é muito valorizada nos países do pode ser chamada de Berço da Contabilidade.
primeiro mundo. No Brasil, até a década de 1960,
esse profissional era chamado de “guarda-livros”, a Origem das Palavras ‘Débito’ e ‘Crédito’
nosso ver, título pejorativo (desagradável) e pou-
co indicador. Todavia, com o milagre econômico As palavras utilizadas para a escrituração
na década de 1970, essa expressão desapareceu e por partidas dobradas têm sua origem no latim,
observou-se um excelente e valorizado mercado em que a palavra ‘débito’ significa: dívidas, deve-
de trabalho para os contabilistas. dores, debêntures, que são palavras que resultam
Na Idade Moderna, em torno dos séculos da base debere, ou deber.
XIV a XVI, principalmente no Renascimento, diver- E a palavra ‘crédito’ vem da raiz da palavra
sos acontecimentos no mundo das artes, na eco- credo, ou seja, algo em que se acredita e também
nomia, nas nações, proporcionaram um impulso pode referir-se a pessoas nas quais se acreditam
espetacular das Ciências Contábeis, sobretudo credores.
na Itália. Em torno desse período, tivemos, sem
É possível compreender que, como um Frei
a preocupação de ordem cronológica, Copérni-
da Igreja, Luca Pacioli associou o significado des-
co, Galileu e Newton, revolucionando a visão da
sas palavras com os direitos e obrigações de uma
humanidade, o aperfeiçoamento da Imprensa
pessoa.
por Gutenberg (já referido), Colombo iniciando
as grandes descobertas, o mercantilismo, o surgi- Veja, caro(a) aluno(a), como tudo começou!
mento da burguesia, o protestantismo, a desco- A Contabilidade não é uma ciência exata.
berta de diversos campos de conhecimento etc. Ela é uma ciência social, pois é a ação humana que
gera e modifica o fenômeno patrimonial. Todavia,
a Contabilidade utiliza os métodos quantitativos
O Frade Franciscano
(matemática e estatística) como sua principal fer-
ramenta.
Todavia, o marco, nesse período, foi a pri-
Aliás, em tudo o que fazemos na vida, preci-
meira literatura contábil relevante pelo Frei Luca
samos dos métodos quantitativos, dos números.
Pacioli, em 1494, consolidando o método das par-
Desde o momento em que levantamos, subme-
tidas dobradas, expressando a causa e o efeito do
temo-nos aos números: identificamos no relógio
fenômeno patrimonial com os termos “débito” e
que horas são; o nosso café está sujeito a uma
“crédito” (esse método já era conhecido antes de
quantidade de colheres de açúcar ou gotas de
Pacioli: era praticado no século XIII).
adoçante; a velocidade do carro; o nosso salário,
recebimentos e pagamentos; o canal de televisão;
as vantagens e desvantagens, em tudo se envol-
vem números.

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Caro(a) aluno(a), a seguir, faça uma pausa


Curiosidade
para a seguinte reflexão!
Praticamente, no século XIII, é que os números
indo-arábicos (0, 1, 2, 3, ...) vieram substituir o siste-
Este é o grande impulso que a Contabilida-
ma greco-romano (I, II, III, IV, ...) e hebraico, que usa-
vam letras para contar e calcular (desconheciam o de precisava. Já imaginou a Contabilidade sem os
zero). A história dos números, no Ocidente, come- números arábicos, sem o zero, só com letras?
ça com o livro Liber Abaci (Livro do Ábaco), escrito,
em 1202, por Leonardo Pisano, conhecido como
Fibonacci (“cabeça dura”). Esse livro, entre inúme-
ras contribuições, inclui Contabilidade (cálculo de
margem de lucro, moedas, câmbio...) e juros.

1.4 Teorias Descritivas e Prescritivas

A classificação consiste em questionar se os são apresentadas e comunicadas aos


argumentos advêm de generalizações e observa- usuários de dados contábeis, ou seja, o
ções específicas. Tanto as teorias indutivas quan- que é;
to as teorias dedutivas podem ser descritivas (po- ƒƒ Prescritivas (normativas): visam a reco-
sitivas) ou prescritivas (normativas). mendar que dados devem ser comuni-
cados e como devem ser apresentados,
ƒƒ Descritivas (positivas): visam a mostrar ou seja, o que deve ser.
e explicar quais informações financeiras

1.5 Doutrinas e Escolas de Contabilidade

Até o século XVIII, pode-se afirmar que de contas para registrar suas transações comer-
não houve evolução do pensamento científico ciais: o livro de Gastos, o livro Diário e o livro-razão.
da Contabilidade sob influência da obra de Luca A teoria das cinco contas de Edmundo De-
Pacioli, cuja preocupação era o aprimoramento granges, em 1975, sustentava que o comércio ti-
da técnica contábil, que criou regras e princípios nha cinco objetos principais, que, sucessivamen-
voltados para o funcionamento das contas para o te, poderiam ser negociados: (1) mercadorias; (2)
registro dos direitos e das obrigações. dinheiro; (3) Contas a Receber; (4) Contas a Pagar;
(5) Lucros e Perdas.
Escola Contista
Escola Materialista
Surgiu com o comerciante Benedetto Co-
trugli, em 1458, considerado por alguns autores Orientou o início do período científico da
o primeiro a descrever o sistema de registro das Contabilidade e seu precursor foi o italiano Fran-
partidas dobradas. As regras estabelecidas eram cesco Villa, em 1840, com a publicação de La con-
de que o comerciante deveria possuir três livros tabilità applicata alle amministrazioni private e
pubbliche.

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Teoria da Contabilidade

O objeto essencial da Contabilidade era a ƒƒ As contas são abertas em nome das


gestão, a riqueza gerada e, para os seus pensa- pessoas físicas ou jurídicas;
dores, a conta limitava-se a representar os valores ƒƒ Considera o aspecto jurídico das rela-
gerados e a escrituração contábil auxiliava o estu- ções entre as pessoas.
do contábil. Consequentemente, a Contabilidade
deveria ser elevada a uma condição de importan-
te fonte de informação sobre o gerenciamento do Período em que surgiu a teoria logismo-
Patrimônio. gráfica.
Essa escola preocupou-se em aumentar a
quantidade de informações apresentadas nos Dicionário
relatórios contábeis, implantando os dados que
Teoria logismográfica: método de coordenar e
geravam impactos nos resultados das empresas, representar os fatos administrativos da azienda e
como os custos de produtos e os gastos realiza- analisar seus processos e os efeitos jurídicos eco-
nômicos agrupados (HENDRIKSEN; BREDA, 1999).
dos. Esses pensadores forneceram grande contri-
buição para:

Escola Controlista
ƒƒ Avaliação do ativo permanente a preço
corrente em atividades comerciais e in-
dustriais; Com a obra do italiano Fabio Besta, em
ƒƒ Desvinculação da Contabilidade de ci- 1880, La ragioneria, sobre a figura do controle,
fras e números; surgiu a filosofia do Controlismo, em que o con-
trole da riqueza aziendal era o objeto do estudo
ƒƒ Estabelecimento do controle como ob-
da Contabilidade. Seus principais pensadores fo-
jeto da Contabilidade.
ram: Fabio Besta, Vittorio Alfieri, Carlo Ghidiglia,
Pietro Rigobon e Pietro D’Alvise.
Escola Personalista Nesse sentido, a riqueza deveria ser con-
siderada sobre ela mesma e o patrimônio como
Surgiu em 1867, com Francesco Marchi, que uma grandeza que se pudesse medir, sendo ne-
cessário que os fatos administrativos fossem es-
publicou o livro I cinquecontist ovvero la inganne-
criturados, em (1) permutativos: quando ocorre
vola teórica che viene insegnata negli istituti tecnici
mudança entre elementos do ativo e do passivo
del Regno e fluori del Regno intorno il Sistema de
(mudam duas contas); (2) modificativos: quando
Scrittura a partita dopia e nuovo saggio per La facile ocorre mudança entre elementos do ativo ou do
intelligenza ed applicazione del sistema. passivo e patrimônio líquido (mudam duas con-
Foram também pensadores dessa escola tas); (3) mistos: quando ocorre mudança entre
Giuseppe Cerboni e Giovanni Rossi. elementos do ativo ou do passivo e patrimônio
Assinalou uma nova postura da ciência líquido (mudam três contas).
contábil. A Contabilidade deixava de ser voltada
apenas para a arte de registrar e contar a riqueza Escola Reditualista ou Alemã
gerada, com as seguintes características:
Segundo o alemão Eugen Schmalenbach,
ƒƒ Quem recebe é debitado; o sucesso ou o insucesso de uma empresa esta-
ƒƒ Quem entrega é creditado; va diretamente vinculado aos lucros ou prejuízos
ƒƒ Os agentes e correspondentes são de- obtidos; portanto, a filosofia do Reditualismo con-
sistia em que o redito (lucro/rendimento) detinha
bitados à medida que o proprietário é
prioridade sobre a estrutura patrimonial, sendo o
creditado e vice-versa;
principal objeto de estudo da Contabilidade.

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Roberto Rodrigues Prado

Escola Aziendalista A escrituração e as demonstrações con-


tábeis representam apenas instrumentos para
Seus pensadores foram Alberto Ceccherelli registrar os fatos, devendo conter explicações e
e Gino Zappa, seguidos por Pietro Onida, Lino Az- interpretação, propondo uma nova classificação
zini, Carlo Masini, entre outros. das contas em patrimoniais e de resultado.

Essa escola tinha como filosofia que a azien- Seus principais seguidores foram Francisco
da (bens, direitos e obrigações que constituíam o D’Áuria, Jaime Lopes Amorim e José Maria Fer-
patrimônio) era o objeto do estudo da Contabili- nandez Pirea, entre outros.
dade.
Escola do Pensamento Contábil
Escola Patrimonialista
Formada pela Escola Europeia, que predomi-
nou em todo o mundo durante séculos. O expressi-
Foi Vincenzo Masi o precursor da escola
vo crescimento e a influência da economia ameri-
patrimonialista, cuja filosofia consistia em que o
cana nas economias dos outros países, por volta do
patrimônio era objeto da Contabilidade e seu es- século XIV, quebraram sua hegemonia, surgindo a
tudo estava relacionado à estática patrimonial, à Escola Norte-Americana, que teve seu início volta-
dinâmica patrimonial e à relevância patrimonial. do para o tratamento prático das questões econô-
mico-administrativas da Contabilidade.

1.6 O Cenário Atual da Contabilidade

O desenvolvimento contábil, como já dis- De maneira geral, poderíamos dizer que o


semos, acompanha de perto o desenvolvimento início do século XX presenciou a queda da cha-
econômico. Com a ascensão econômica do colos- mada Escola Europeia (mais especificamente, a
so norte-americano, o mundo contábil volta sua Italiana) e a ascensão da chamada Escola Norte-
atenção para os Estados Unidos, principalmente a -Americana no mundo contábil. Sem pretender
partir de 1920, dando origem ao que alguns cha- esgotar o tema, apresentamos alguns motivos
mam de Escola Contábil Norte-Americana. que levaram à mudança do cenário internacio-
O surgimento das gigantescas Corporations, nal da Contabilidade. Hoje em dia, entretanto, a
principalmente no início do século anterior, alia- tendência é rumo à harmonização internacional
do ao formidável desenvolvimento do mercado das normas contábeis, adotando o modelo do In-
de capitais e ao extraordinário ritmo de desen- ternational Accounting Standards Committee (IASC
volvimento que aquele país experimentou e ain- – Comitê Internacional de Normas Contábeis), de
da experimenta, constitui um campo fértil para inspiração Anglo.
o avanço das teorias e práticas contábeis norte-
-americanas.
Não podemos esquecer também que os Es-
tados Unidos herdaram da Inglaterra uma exce-
lente tradição no campo da auditoria, criando lá
sólidas raízes.

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Teoria da Contabilidade

Comparação das duas escolas.


Algumas razões da Queda da Escola Europeia Algumas razões da Ascensão da Escola Norte-
(especificamente, a italiana) Americana
1. Ênfase ao Usuário da Informação Contábil:
1. Excessivo Culto à Personalidade: grandes mestres
a Contabilidade é apresentada como algo útil
da Contabilidade ganharam tanta notoriedade que
para a tomada de decisões, evitando-se endeusar
passaram a ser vistos como “oráculos” da verdade
demasiadamente a contabilidade; atender aos
contábil.
usuários é o grande objetivo.

2. Ênfase à Contabilidade Aplicada: principalmente,


2. Ênfase a uma Contabilidade Teórica: as mentes
à Contabilidade Gerencial. Ao contrário dos europeus,
privilegiadas produziam trabalhos excessivamente
não havia uma preocupação com a teoria das contas
teóricos, apenas pelo gosto de serem teóricos,
ou com querer provar que a Contabilidade é uma
difundindo-se ideias com pouca aplicação prática.
ciência.

3. Bastante Importância à Auditoria: como herança


3. Pouca Importância à Auditoria: principalmente
dos ingleses e transparência para os investidores
na legislação italiana, o grau de confiabilidade e a
das Sociedades Anônimas (e outros usuários) nos
importância da auditagem não eram enfatizados.
relatórios contábeis, a auditoria é muito enfatizada.

4. Universidades em busca de qualidade: grandes


4. Queda do nível das principais faculdades: quantias para as pesquisas no campo contábil, o
principalmente as faculdades italianas, superpovoadas professor em dedicação exclusiva e o aluno em
de alunos. período integral valorizam o ensino nos Estados
Unidos.

Saiba mais

Entidades contábeis
As entidades mais atuantes no campo contábil têm sido, tradicionalmente, o Conselho Federal de Contabilidade (CFC),
o Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (IBRACON) e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A partir de
2007, com a promulgação da Lei nº 11.638, que veio alterar em alguns aspectos a Lei nº 6.404/1976, a Lei das Socieda-
des por Ações, foi constituído o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC).

1.7 Resumo do Capítulo

Neste capítulo, você foi conduzido(a) à reflexão sobre as origens e história da Contabilidade. Co-
nheceu que as origens estão registradas desde o surgimento da humanidade, possibilitando atender às
necessidades de controlar e medir as riquezas possuídas pelo homem.
Aprendeu que se registram os antecedentes da Contabilidade, através da história, desde a Anti-
guidade dos povos. Viu como a arte da escrita e a aritmética conduziram à Contabilidade como ciência.
Foi a partir do período pré-científico, com o Método das Partidas Dobradas, criado pelo Frei Luca
Pacioli, que o uso da Contabilidade ganhou impulso, surgindo as escolas e doutrinas contábeis.
A partir desse período, a Contabilidade é dominada pela Escola Europeia, também denominada
Italiana, até sua queda, com a ascensão da escola Norte-Americana.

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1.8 Atividades Propostas

1. Pode-se dizer que Pacioli é o criador do método das partidas dobradas?

2. Quais as vantagens da Escola Contábil Norte-Americana em relação à Europeia?

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2 CONTABILIDADE E CONTADOR

2.1 A Tomada de Decisão

Frequentemente, estamos tomando deci- sem dúvida, contribuem para debilitar a empresa.
sões: a que hora iremos levantar, que roupa ire- Entretanto, descendo a fundo nas nossas investi-
mos vestir, qual tipo de comida iremos almoçar, gações, constatamos que, muitas vezes, a “célula
a que programa iremos assistir, qual trabalho ire- cancerosa” não repousa naquelas críticas, mas na
mos desenvolver durante o dia etc. Algumas ve- má gerência, nas decisões tomadas sem respaldo,
zes, são decisões importantíssimas: o casamento, sem dados confiáveis. Por fim, observamos, nes-
a carreira que escolhemos, a aquisição de casa ses casos, uma contabilidade irreal, distorcida, em
própria, para exemplificar. consequência de ter sido elaborada única e exclu-
Dentro de uma empresa, a situação não é sivamente para atender às exigências fiscais.
diferente. Frequentemente, os responsáveis pela Vivemos um momento em que “aplicar
administração estão tomando decisões, quase os recursos escassos disponíveis com a máxima
todas importantes, vitais para o sucesso do ne- eficiência” tornou-se, dadas as dificuldades eco-
gócio. Por isso, há necessidade de dados, de in- nômicas (concorrência, globalização etc.), uma
formações corretas, de subsídios que contribuam tarefa nada fácil. A experiência e o feeling do ad-
ministrador não são mais fatores decisivos no
para uma boa tomada de decisão. Decisões tais
quadro atual; exige-se um elenco de informações
como comprar ou alugar uma máquina, preço
reais, que norteiem tais decisões. E essas informa-
de um produto, contrair uma dívida em longo ou
ções estão nos relatórios elaborados pela Conta-
curto prazo, quanto de dívida contrairemos, que bilidade.
quantidade de material para estoque deveremos
comprar, reduzir custos, produzir mais etc.
Tomada de Decisão Fora dos Limites da
A contabilidade é o grande instrumento
Empresa
que auxilia a administração a tomar decisões. Na
verdade, ela coleta todos os dados econômicos,
mensurando-os monetariamente, registrando- Evidentemente, o processo decisório de-
-os e sumarizando-os em forma de relatórios ou corrente das informações apuradas pela Contabi-
de comunicados, que contribuem sobremaneira lidade não se restringe apenas aos limites da em-
para a tomada de decisões. presa, aos administradores e gerentes (usuários
Observamos, com certa frequência, que internos), mas também a outros segmentos, quais
várias empresas, principalmente as pequenas, sejam: usuários externos.
têm falido ou enfrentam sérios problemas de so-
brevivência. Ouvimos empresários que criticam ƒƒ Investidores: é através dos relatórios
a carga tributária, os encargos sociais, a falta de contábeis que se identifica a situação
recursos, os juros altos etc., fatores esses que, econômico-financeira da empresa; des-

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sa forma, o investidor tem à mão os ele- finalidade de arrecadação de impostos,


mentos necessários para decidir sobre como também para dados estatísticos,
as melhores alternativas de investimen- no sentido de melhor redimensionar a
tos. Os relatórios evidenciam a capaci- economia (Instituto Brasileiro de Geo-
dade da empresa em gerar lucros e ou- grafia e Estatística –IBGE, por exemplo);
tras informações; ƒƒ Sindicatos: utilizam os relatórios para
ƒƒ Fornecedores de bens e serviços a determinar a produtividade do setor,
crédito: usam os relatórios para anali- fator preponderante para reajuste de
sar a capacidade de pagamento da em- salários;
presa compradora; ƒƒ Outros interessados: funcionários
ƒƒ Bancos: utilizam os relatórios para (este, usuário interno), órgãos de clas-
aprovar empréstimos, limite de crédito ses, pessoas e diversos institutos, como
etc.; a CVM, o Conselho Regional de Conta-
ƒƒ Governo: não só usa os relatórios com a bilidade (CRC) etc.

2.2 A Função do Contador

Diante de um leque diversificado de ativi- ÁREAS DE ATUAÇÃO DO CONTADOR


dades, podemos dizer que a tarefa básica do Con- Coleta de Dados
tador é produzir e/ou gerenciar informações úteis Registro dos Dados e Processamento
aos usuários da Contabilidade para a tomada de
Relatórios
decisões. Ressalte-se, entretanto, que, em nosso
país, em alguns segmentos da nossa economia, Usuários (tomada de decisão):
principalmente na pequena empresa, a função ƒƒ Administração
do contador foi distorcida (infelizmente), estando ƒƒ Investidores
voltada quase exclusivamente para satisfazer as ƒƒ Bancos
exigências do Fisco. ƒƒ Governo
ƒƒ Outros Interessados

2.3 A Contabilidade como Profissão

A Contabilidade é uma das áreas que mais ƒƒ Contabilidade Financeira: é a con-


proporcionam oportunidades para o profissional. tabilidade geral, necessária a todas as
O estudante que optou por um curso superior de empresas. Fornece informações básicas
Contabilidade terá inúmeras alternativas, entre as aos seus usuários e é obrigatória, con-
quais, citaremos as seguintes: forme a legislação comercial;
ƒƒ Contabilidade de Custos: está voltada
Atenção
para o cálculo, interpretação e controle
CONTADOR: é o profissional que exerce as fun- dos custos dos bens fabricados ou co-
ções contábeis, com formação superior de ensino mercializados ou dos serviços presta-
Contábil (Bacharel em Ciências Contábeis).
dos pela empresa;

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Teoria da Contabilidade

ƒƒ Contabilidade Gerencial: voltada para verificação na exatidão dos registros


fins internos, procura suprir os gerentes contábeis e em outros aspectos, daí a
de um elenco maior de informações, designação Perito Contábil;
exclusivamente para a tomada de de- ƒƒ Consultor Contábil: a consultoria, em
cisões. Diferencia-se das contabilidades franco desenvolvimento em nosso país,
já abordadas, pois não se prende aos não se restringe especificamente à par-
Princípios Fundamentais da Contabili- te contábil e financeira, mas também
dade. O profissional que exerce a Con- – e aqui houve um grande avanço da
tabilidade Gerencial também é conhe- profissão – à consultoria fiscal (Imposto
cido como Controller; de Renda, IPI, ICMS e outros), na área de
processamento de dados comércio ex-
Atenção terior etc.;
ƒƒ Professor de Contabilidade: exerce o
AUDITOR: auditoria é o exame, a verificação da
exatidão dos procedimentos contábeis. magistério de 2º grau ou de faculdade
(nesse caso, há necessidade de pós-gra-
duação), não só na área Contábil, como
também em cursos de Ciências Econô-
ƒƒ Auditor Independente: é o profissio- micas e de Administração;
nal que não é empregado da empresa ƒƒ Pesquisador Contábil: para aqueles
em que está realizando o trabalho de que optaram pela carreira universitária e
Auditoria. É um profissional liberal, em- que normalmente dedicam um período
bora possa estar vinculado a uma em- maior à universidade, há um campo pou-
presa de Auditoria. O registro definitivo co explorado no Brasil, ou seja, a inves-
de Auditor Independente é conferido tigação científica na Contabilidade. Na
ao Contador que estiver registrado no Faculdade de Economia, Administração
CRC e tiver exercido atividade de Au- e Contabilidade da Universidade de São
ditoria por período não inferior a cinco Paulo (USP), através do Departamento
anos (podendo ser reduzido para três de Contabilidade (no qual há os cursos
anos, após conclusão do curso de es- de Mestrado e de Doutorado em Conta-
pecialização em Auditoria Contábil, em bilidade) e da Fundação Instituto de Pes-
nível de pós-graduação, reconhecido quisas Contábeis, Atuariais e Financeiras
pelo Conselho Federal de Educação); (FIPECAFI), temos observado o desenvol-
ƒƒ Auditor Interno: é o Auditor que é vimento de pesquisas contábeis;
empregado (ou dependente econômi- ƒƒ Cargos Públicos: em muitos concur-
co), preocupado principalmente com o sos, tais como para Fiscal de Renda, tan-
Controle Interno da empresa; to na área Federal quanto na Estadual e
ƒƒ Analista Financeiro: analisa a situação na Municipal, tem havido grande con-
econômico-financeira da empresa, por tingente de contadores aprovados;
meio de relatórios fornecidos pela Con- ƒƒ Cargos Administrativos: observamos,
tabilidade. A análise pode ter os mais ainda, contadores que exercem cargos
diversos fins: medida de desempenho, de assessoria, elevados postos de che-
concessão de crédito, investimentos fia, de gerência e, até mesmo, de dire-
etc.; toria, com relativo sucesso. O contador
ƒƒ Perito Contábil: a perícia contábil é é um profissional gabaritado para tais
motivada por questão judicial, solici- cargos, pois, no exercício de sua ativi-
tada pela justiça. O contador fará uma dade, entra em contato com todos os

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setores da empresa. É comum afirmar-


-se que o elemento que mais conhece Dicionário
a empresa é o contador. Por fim, ainda
Arbitragem: a arbitragem, há décadas utilizada nos
encontramos contadores que exercem países desenvolvidos, é regulamentada no Brasil
a função de executivos. pela Lei nº 9.307/1996, a chamada Lei da Arbitra-
gem, e vem sendo reconhecida como o método
mais eficiente de resolução de conflitos, contri-
Outras áreas ainda ocupadas pelo Conta- buindo para o descongestionamento do Poder
Judiciário.
dor: Investigador de Fraude, Escritor, Parecerista,
Fonte: www.camaradomercado.com.br/arbitragem.asp
Avaliador de Empresas, Conselheiro Fiscal, Media-
ção e Arbitragem etc.
Quais outras profissões têm um leque tão
grande de alternativas quanto a profissão contábil?
Pense a respeito!

2.4 Visão Geral da Profissão Contábil

e) Auditor Interno: auditor de sistema, au-


CONTADOR
ditoria de gestão, controle interno;
f) Contador de Custo: custos de empresa
prestadora de serviços, custos indus-
triais, análise de custos, orçamentos,
NA EMPRESA
custos de serviço público;
g) Contador Gerencial: controladoria, con-
tabilidade internacional, contabilidade
a) Planejador Tributário: orientador dos ambiental, contabilidade estratégica,
processos tributários/ICMS/IR e outros, controladoria estratégica, balanço so-
bem como Especialista nas Fusões, In- cial;
corporações e Cisões; h) Atuário: contador que se especializa em
b) Analista Financeiro: analista de crédito, previdência privada, pública e seguros.
desempenho, mercado de capitais, in-
vestimento, custos;
c) Contador Geral: poderá se especializar INDEPENDENTE
em Contabilidade rural, hospitalar, fis-
cal, imobiliária, hotelaria, industrial, se- (AUTÔNOMO)
curitária, de condomínio, de empresas
transportadoras, bancária, pública, de a) Auditor Independente: especialização
empresas sem fins lucrativos, de empre- em sistemas, tributos, custos;
sas de turismo, de empresas minerado- b) Consultor: expert em avaliação de em-
ras, cooperativas; presa, tributos, comércio exterior, infor-
d) Cargos Administrativos: área financeira, mática, sistemas, custos, controladoria,
comércio exterior, Chef Information Offi- qualidade total, planejamento estraté-
cer (CIO), executivo, logística; gico, orçamento;

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Teoria da Contabilidade

c) Empresário Contábil: escritório de con- d) Parecerista: docente e pesquisador com


tabilidade, “despachante” (serviços fis- currículo notável. Parecer sobre: laudo
cal, departamento de pessoal etc.), cen- pericial, causa judicial, envolvendo em-
tro de treinamento; presas, avaliação de empresas, ques-
d) Perito Contábil: perícia contábil, judi- tões contábeis;
cial, fiscal, extrajudicial; e) Conferencista: palestra em universida-
e) nvestigador de Fraude: detecta o lado des, empresas, convenções, congressos.
“podre” da empresa. Empresas na Euro-
pa e Estados Unidos contratam, às ve-
zes, até semestralmente esses serviços.
ÓRGÃO PÚBLICO

a) Contador Público: gerenciar as finanças


NO ENSINO dos órgãos públicos;
b) Agente Fiscal de Renda: agente fiscal de
Municípios, Estado e União;
a) Professor: cursos técnicos, cursos espe- c) Diversos Concursos Públicos: controla-
ciais (In Company, concursos públicos dor de arrecadação, contador do Minis-
etc.), carreira acadêmica (mestre, dou- tério Público da União, fiscal do Ministé-
tor etc.); rio Público da União, fiscal do Ministério
b) Pesquisador: pesquisa autônoma (FA- do Trabalho, Banco Central, analista de
PES, CNPq, empresas etc.), fundação de finanças e controle etc.;
pesquisa (FIPECAFI, FIA, FIPE etc.), pes- d) Tribunal de Contas: controladoria, fis-
quisas para sindicatos, instituições de calização, parecerista, analista contábil,
ensino, órgãos de classe; auditoria pública, contabilidade orça-
c) Escritor: há revistas/boletins que remu- mentária;
neram os escassos escritores contábeis. e) Oficial Contador: policial militar, exérci-
Livros didáticos e técnicos, articulista to, contador e auditor com a patente de
contábil/financeiro/tributário para jor- general de divisão.
nais, revisão de livros;

2.5 A Contabilidade em outros Cursos

Entretanto, não são apenas os cursos de Eco-


Saiba mais
nomia e de Administração de Empresas que têm
em seus currículos as disciplinas de Contabilidade.
Áreas afins à Contabilidade, como Economia e Ad-
ministração de Empresas, utilizam com muita frequ-
Na Faculdade de Direito – para os estudantes que se
ência a Contabilidade. Poderíamos dizer que essas especializam em Direito Comercial –, ministra-se a
duas ciências estão intimamente ligadas à Conta- disciplina Contabilidade Empresarial; na Faculdade
bilidade, que lhes expõe quantitativa e qualitativa- de Higiene e Saúde, observamos a disciplina Custos
mente os dados econômicos.
Hospitalares; na Faculdade de Comunicação, dão-
-se noções de Contabilidade para que o futuro pro-
fissional possa interpretar melhor a situação econô-
mico-financeira das empresas; alunos do curso de

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Estatística já fazem optativamente Contabilidade, a utilizam, quando o estudante se especializa em


para melhor aplicar aquela disciplina aos dados Administração Esportiva; por fim, na grande maio-
econômicos dentro da empresa; em diversas espe- ria das profissões liberais, em que o profissional irá
cificações dos cursos de Engenharia, principalmen- desenvolver atividade em seu próprio escritório ou
te aquelas ligadas diretamente à indústria, já se mi- consultório (médico, dentista, advogado etc.), são
nistra a Contabilidade; cursos de Processamento de necessários conhecimentos, mesmo que elemen-
Dados (Computação) incorporaram disciplinas de tares, de Contabilidade.
Contabilidade; cursos de Educação Física também

2.6 Resumo do Capítulo

Neste capítulo, você foi levado(a) à reflexão sobre a importância da Contabilidade e a função do
Contador para a tomada de decisões nas organizações empresariais.
Você compreendeu que Contabilidade é uma das áreas que mais proporcionam oportunidades
para o profissional, pois oferece diversas alternativas de atuação profissional para os egressos dos cursos
de Bacharelado em Ciências Contábeis.
Compreendeu que outros cursos recebem a contribuição da Contabilidade na formação.

2.7 Atividades Propostas

1. Qual a tarefa básica do contador?

2. Trace algumas diferenças entre a Contabilidade Financeira (Geral), a Contabilidade de Custos e


a Contabilidade Gerencial.

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3 OBJETIVOS DA CONTABILIDADE
E UTILIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO
CONTÁBIL

Neste capítulo, você deve aprender que o Para os usuários externos, temos as tradi-
objetivo da Contabilidade pode ser estabelecido cionais demonstrações contábeis, como o Balan-
como sendo o de fornecer informação estrutu- ço Patrimonial (posição das contas num determi-
rada de natureza econômica, financeira e, subsi- nado momento), Demonstração de Resultado do
diariamente, física, de produtividade e social, aos Exercício (uma demonstração de fluxos econômi-
usuários internos e externos à entidade objeto da cos), Demonstração de Origens e Aplicações de
Contabilidade. Recursos ou, mais recentemente, Fluxo de Caixa
(demonstrações de fluxos financeiros) e outras.
Dicionário Essas demonstrações serão estudadas no
curso de ciências contábeis.
Informação estruturada: significa que a Contabilida-
de não fornece dados e informações de forma dis-
persa e apenas seguindo as solicitações imediatas
dos interessados, mas sim que o faz de maneira es- Usuários Internos
truturada, dentro de um esquema de planejamento
contábil, em que um sistema de informação é de-
senhado, colocado em funcionamento e periodica- Já para os usuários internos à entidade, in-
mente revisto, tendo em vista parâmetros próprios. teressam, além das demonstrações citadas que,
como ponto de partida, também subsidiam os
Inicie, agora, a leitura! tomadores internos de decisões, outros tipos de
relatórios que aliem conceitos e informações de-
rivantes do sistema de Contabilidade Financeira
A informação, os Relatórios e os Usuários (geral) – que produz os relatórios tradicionais – a
outros derivantes da Contabilidade de Custos, da
Assim, as operações da entidade à qual se administração financeira, da administração da
está aplicando a Contabilidade são estudadas mi- produção e outras disciplinas que apresentem
nuciosamente, sendo então desenhado o Plano e conceitos importantes para tomada de decisões.
Manual de Contas, para contabilização sistemá- Nem sempre tais tipos de relatórios podem
tica das operações rotineiras da entidade, ao mes- ser incluídos no sistema contábil de forma rotinei-
mo tempo que são delineados os principais tipos ra e repetitivamente. Incluem-se, entre tais tipos
de relatórios (demonstrações) que devem sair do de relatórios:
processo contábil.
Esses relatórios devem atender às necessi- 1. Comparações entre custos orçados (ou
dades: padrão) e reais;
2. Relatório para decisões especiais do
1. Dos usuários externos (bancos, even- tipo:
tuais investidores etc.);
a) Fabricar versus adquirir;
2. Dos usuários internos à entidade.
b) Orçamento de capital;

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c) Expansão da fábrica; Sistema Avançado


d) Criação de divisões;
e) Relatórios sobre mix de produtos e De maneira geral, pode-se dizer que um
serviços etc. sistema de informação contábil será tão avança-
do quanto mais for capaz de produzir todos os
Em maior ou menor grau, tais tipos de rela- relatórios gerenciais (além dos tradicionais), da
tórios deverão utilizar outros conceitos, além dos forma mais automática e repetitiva possível, com
Princípios Fundamentais de Contabilidade, tais o menor grau de trabalho adicional por parte do
como: custos de oportunidade, taxas de juros e Contador. Nesse caso, tem-se um sistema contábil
de desconto, custos de reposição, custos imputa- que atende às decisões de natureza operacional,
dos e econômicos, noções e cálculos de risco eco- tática e, no limite, estratégica.
nômico e financeiro e outros.

3.1 Utilização da Informação Contábil e Campo de Atuação da Contabilidade

A informação contábil é utilizada por uma em seus vários níveis, está interessado na infor-
vasta gama de pessoas e entidades com as mais mação contábil como base de imposição fiscal e
variadas finalidades. para estudos macroeconômicos; os empregados
Assim, os eventuais compradores de ações da entidade procuram extrair informações sobre
ou debêntures (títulos de longo prazo com garan- a capacidade da entidade de pagar maiores salá-
tias, emitidos por empresas para solicitar emprésti- rios e benefícios; macroeconomistas e analistas fi-
mo ao público em geral, pagando juros periódicos nanceiros estão interessados nas agregações con-
e concedendo amortizações regulares, classificados tábeis para extrair agregados financeiros (vendas
no exigível em longo prazo) da entidade (se for por setor, liquidez etc.), mas ninguém estará tão
de capital aberto) procuram extrair informações vitalmente (vigor) interessado quanto o tomador
para sua decisão sobre se vale a pena ou não de decisão interno à entidade.
investir na empresa; bancos emprestadores de Para ele, as informações contábeis estrutu-
dinheiro estão interessados em avaliar se a enti- radas, fidedignas, tempestivas (no tempo) e com-
dade oferece boas perspectivas de retorno para pletas podem ser a diferença entre o sucesso e o
seus empréstimos e financiamentos; o governo, fracasso.

3.2 Patrimônio da Entidade

O campo de atuação da Contabilidade, na to merece interesse por parte da Contabilidade,


verdade, seu objeto, é o patrimônio de toda e da mesma forma que o patrimônio individual de
qualquer entidade; ela acompanha a evolução um de seus sócios. A entidade pode ser privada ou
qualitativa e quantitativa desse patrimônio. pública, de finalidade lucrativa ou não. A entidade
É importante salientar que entidade, para a pode ser, em certas circunstâncias, contabilmente,
Contabilidade, pode ser pessoa jurídica ou física. O uma consolidação de patrimônios de outras en-
acompanhamento das variações do patrimônio de tidades individuais, bem como uma divisão (uma
uma grande sociedade por ações de capital aber- parte) de uma ou outra entidade multidivisional.

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Teoria da Contabilidade

Assim, esquematicamente, temos:

ƒƒ Campo de Atuação da Contabilida-


de: toda entidade que exerça atividade Saiba mais
econômica como meio ou fim;
Se você desejar, aprofunde os conteúdos estuda-
ƒƒ Objeto da Contabilidade: o patrimô- dos neste capítulo consultando o CPC 0 – Estrutura
nio de tais entidades, sejam elas pes- Conceitual Básica da Contabilidade.
Fonte: www.cpc.org.br/pdf/pronunciamento_conceitual.
soas físicas ou jurídicas, seja esse patri-
pdf
mônio resultante da consolidação de
patrimônio de outras entidades distin-
tas ou da subdivisão do patrimônio de
uma entidade em parcelas menores,
que mereçam ser acompanhadas em
suas mutações e variações.

3.3 Finalidade Social do Contador

entidade amalgamou (combinou/entrelaçou) os


Atenção fatores de produção, se pagou salários competiti-
vos, se efetuou programas de treinamento de sua
No que se refere à Contabilidade Geral ou Finan-
ceira, o trabalho do contador tem alcance social força de trabalho e se, após ter feito todos esses
em termos amplos, além do estritamente econô- pagamentos, inclusive de impostos, ainda foi ca-
mico. Afinal, informando à sociedade quão bem
paz de gerar margem para seus acionistas e para
(ou mal) certa entidade utiliza os recursos confe-
ridos pelos sócios ou pelo povo, exerce um papel reinvestir dentro da própria entidade, se é moder-
de grande relevância nessa mesma sociedade. na e competitiva etc.
Assim, verifica-se que a Contabilidade tem
uma função social muito relevante, independen-
A Contabilidade é o melhor repórter e intér- temente de a entidade praticar a chamada Con-
prete desse desempenho, pois verifica o volume tabilidade Social (ou Balanço Social), em que essa
dos (e se necessário quais) produtos ou serviços importância fica mais caracterizada, pois, nesse
que a entidade repassou à sociedade, se o fez a caso, além das demonstrações contábeis tradicio-
preços razoáveis, com boa qualidade, como a nais, a entidade fornece outras específicas.

3.4 Resumo do Capítulo

Neste capítulo, você foi conduzido(a) à reflexão sobre os objetivos da contabilidade e a utilização
da informação contábil.
Viu assuntos relacionados à informação, aos relatórios e aos usuários internos e como é criado o
Plano e Manual de Contas para contabilização sistemática das operações rotineiras da entidade.
Também aprendeu que o Patrimônio é o campo de atuação da Contabilidade e compreendeu que
a finalidade social do contador é fornecer informações corretas à sociedade.

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3.5 Atividades Propostas

1. A Contabilidade poderia ter como objeto uma pessoa física? Explique.

2. Qual a finalidade social do Contador?

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4 QUALIDADE E CARACTERÍSTICA DA
INFORMAÇÃO CONTÁBIL: O PRODUTO
FINAL DA CONTABILIDADE

Neste capítulo, você deve compreender A informação contábil, como todo bem eco-
que o objetivo principal da contabilidade é prover nômico, tem um custo e esse custo deve ser sem-
seus usuários de informações úteis para a tomada pre comparado com os benefícios esperados da
de decisão. Em outras palavras, a função principal informação.
da contabilidade reside em ser instrumento útil Em última análise, o benefício esperado de
para a tomada de decisões pelo usuário, tendo um sistema de informação é o valor presente dos
em vista a entidade. lucros adicionais (ou fluxos de caixa), que não se-
Também vamos compreender que as infor- riam obtidos caso aquele particular sistema de
mações geradas pela contabilidade são apresen- informação não tivesse sido adotado ou não es-
tadas aos usuários em forma de resumos ordena- tivesse disponível.
dos, periódicos... Inicie, agora, a leitura!

4.1 Informação Econômica

Frequentemente (na verdade, quase sem- O melhor que se pode fazer em muitas si-
pre), não é tão fácil mensurar tais custos e bene- tuações práticas é confiar na experiência, no
fícios, embora exista um ramo da Economia (a In- bom-senso, nos exemplos de outras empresas e,
formation Economics) que considera a informação acima de tudo, tentar estabelecer relacionamen-
um produto qualquer, que tem seu preço e custo. tos entre casos de empresas muito bem-sucedi-
As aplicações contábeis de tais conceitos das (no longo prazo) e o grau de complexidade
não têm sido tão abundantes e as que existem e originalidade de seus sistemas de informação.
são elaboradas em situações de empresa bem
simplificadas. Assim, embora a “consciência” da
comparação entre custo e benefício de uma infor- Saiba mais
mação (ou de um sistema) ou de uma informação Se você desejar, aprofunde os conteúdos estuda-
adicional sempre deve estar presente na mente dos neste capítulo consultando o CPC 0 – Estrutura
do gerente, mensurar tais variáveis é difícil. Conceitual Básica da Contabilidade.
Fonte: www.cpc.org.br/pdf/pronunciamento_conceitual.
pdf

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4.2 Custos versus Benefícios

Sem negar a eventualidade de uma desco- leite de pedra” de informações simples, ao passo
berta extremamente original, deve-se sempre se que outros nem tomam conhecimento de siste-
guiar pelo que a média das empresas bem-suce- mas mais complexos. Para esses últimos, a infor-
didas e inteligentes está fazendo, desconfiando mação quase terá somente custo e nenhum be-
sempre daquela forma “única e absolutamente nefício.
original” de bolar (arquitetar, conceber) o siste- Uma das formas de avaliar a qualidade da
ma de informação que ninguém pensou ou usou informação contábil e, portanto, sua utilidade
imaginar antes. (benefício), quando comparada ao custo, é ana-
É claro, todavia, que empresas diferentes e lisar algumas qualidades ou características que
gerentes diferentes sabem lidar de formas diver- deve possuir, tais como: compreensibilidade, rele-
sas com o mesmo sistema de informação, utili- vância, confiabilidade e comparabilidade.
zando com maior ou menor grau de eficiência o Pense a respeito!
nível e a qualidade da informação existente. A análise Custo x Benefício é fundamental em
Alguns tomadores de decisão sabem “tirar termos de elaboração dos Relatórios Contábeis.

4.3 Compreensibilidade

Fácil de entender! que afeta o patrimônio precisam ser levados em


A informação contábil precisa ser com- conta. É o caso da elaboração da demonstração
preensiva, isto é, completa, e retratar todos os de origem e aplicação de recursos (ou de caixa),
aspectos contábeis de determinada operação ou que deveria evidenciar recursos e aplicações sem
conjunto de eventos ou operações. Não se de- compensações, por levantamento direto das ope-
vem compensar créditos com débitos ou direitos rações e não por diferenças de saldos de balanço,
e obrigações. Todos os aspectos de uma operação em princípio.

4.4 Relevância

A fim de ser útil, a informação precisa ser re-


Saiba mais
levante para as necessidades de tomada de deci-
sões dos usuários. A informação possui a qualida- Segundo o trabalho do IASC intitulado Framework
de da relevância quando ela influencia as decisões for the Preparation of Financial Statements (estrutura
econômicas dos usuários, ajudando-os a avaliar para a preparação do relatório financeiro), a relevân-
cia é uma das características ou qualidades mais im-
eventos passados, presentes ou futuros ou confir- portantes da informação contábil.
mando ou corrigindo suas avaliações passadas.

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Teoria da Contabilidade

Ainda, o IASC (1989) afirma que futuro, bem como outros assuntos sobre quais os
usuários estão diretamente interessados, tais como
os papéis preditivo (dito ou citado an- pagamentos de salários e de dividendos, movimen-
teriormente) e confirmatório das infor- tações e flutuações de preços de ações e títulos e a
mações estão inter-relacionados. Por habilidade da empresa em honrar suas obrigações à
exemplo, informação sobre o nível atual medida que vão vencendo.
e sobre a estrutura dos ativos mantidos
pela entidade somente tem valor para o A fim de que tenha valor preditivo, a infor-
usuário quando ele tenta prever a habili- mação não precisa, necessariamente, estar co-
dade que a empresa tem de aproveitar as locada na forma de previsão explícita (de forma
oportunidades e também sua habilidade
clara).
em reagir a situações adversas. A mesma
informação exerce um papel confirma- A habilidade de efetuar previsões a partir
tório com relação a previsões como, por das demonstrações contábeis é realçada, entre-
exemplo, a forma pela qual a empresa tanto, pela forma de evidenciar informações so-
seria estruturada ou o resultado das ope-
bre transações passadas.
rações planejadas.
Caro(a) aluno(a), você sabia que o valor pre-
ditivo da demonstração de resultados é realçado
A informação sobre a posição financeira e o se itens não usuais, anormais e não recorrentes
desempenho do passado é frequentemente utiliza- de renda (receita) ou despesa forem evidenciados
da, segundo aquele documento do IASC, como base separadamente.
para prever a situação financeira e o desempenho
Você concorda com esse exemplo?

4.5 Confiabilidade

Para que seja útil, a informação também Visão Verdadeira e Apropriada


precisa ser confiável. A informação possui a quali-
dade da confiabilidade quando está livre de erros O CPC 0 – Estrutura Conceitual Básica define:
materiais e vícios e pode ser aceita pelos usuários
como representando fielmente o que está desti-
Demonstrações contábeis são freqüen-
nada a representar ou que poderia razoavelmen- temente descritas como apresentando
te se esperar que representasse. uma visão verdadeira e apropriada (true
A informação pode ser relevante, mas tão and fair view) da posição patrimonial e
inafiançável (não afiançável – responsabilidade, financeira, do desempenho e das muta-
ções na posição financeira de uma enti-
garantia), pela sua natureza ou pela sua exterio- dade. Embora esta Estrutura Conceitual
rização (manifestar, externar), que seu reconhe- não trate diretamente de tais conceitos,
cimento pode ser potencialmente enganoso. Por a aplicação das principais características
exemplo, se a validade e o total de uma indeni- qualitativas e de normas e práticas de
contabilidade apropriadas normalmente
zação por danos numa ação judicial estão sendo
resultam em demonstrações contábeis
discutidos, pode ser inapropriado para a empresa que refletem aquilo que geralmente se
reconhecer o valor total da ação no balanço, em- entende como apresentação verdadeira
bora possa ser apropriado evidenciar a dimensão e apropriada das referidas informações.
e as circunstâncias da disputa. (CPC, 2008, p. 3).

Faça uma reflexão sobre a confiabilidade e a


Ética do Contador!

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4.6 Comparabilidade

Os usuários precisam ter condições de com- Os usuários também precisam ter condi-
parar as demonstrações contábeis de uma enti- ções de comparar as demonstrações contábeis de
dade através dos anos, a fim de identificar ten- diferentes entidades, a fim de avaliar sua situação
dências em sua situação patrimonial e financeira patrimonial e financeira em termos comparati-
e em seu desempenho. vos, seu desempenho e as mudanças na situação
financeira.

4.7 A Importância da Comparação

Assim, a mensuração e a evidenciação dos


efeitos financeiros de transações semelhantes e Atenção
outros eventos precisam ser efetuadas de forma
Uma importante implicação da característica qua-
consistente por uma entidade através do tempo litativa da comparabilidade é que os usuários pre-
e também por diferentes entidades ao mesmo cisam ser informados sobre as políticas contábeis
utilizadas na preparação das demonstrações con-
tempo.
tábeis, sobre quaisquer variações nas políticas e os
efeitos de tais mudanças.

4.8 Políticas Contábeis

Os usuários precisam ter condições de iden- É também inapropriado para uma entidade
tificar diferenças entre as políticas contábeis para deixar intocáveis suas práticas contábeis quando
transações semelhantes utilizadas pela mesma existirem alternativas mais relevantes e confiá-
entidade de um período para outro e também veis.
por diferentes entidades ao mesmo tempo. A Pelo fato de os usuários quererem comparar
adequação aos padrões contábeis nacionais e a situação patrimonial, o desempenho e as mu-
internacionais, incluindo a evidenciação das po- danças na posição de uma entidade através do
líticas contábeis utilizadas pela entidade, ajuda a tempo, é importante que as demonstrações con-
conseguir a comparabilidade. tábeis evidenciem a informação correspondente
A necessidade de comparabilidade não de- para os períodos precedentes (ocorrer antes).
veria ser confundida com mera uniformidade e não
deveria ser um impedimento para a introdução de
padrões contábeis aperfeiçoados. Não é apropria-
do para uma empresa continuar a contabilizar da
mesma forma uma determinada transação se a
política adotada não se mantém aderente às condi-
ções de relevância e confiabilidade.

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4.9 Tempestividade

e fidedigna se ela “passou do ponto”, ou melhor, da


Dicionário hora.
Tempestividade: oportunidade; que vem ou sucede Não é fácil saber, a priori, esse tempo certo.
no tempo devido. Depende do tipo de decisão e avaliação que está
sendo realizado em cada caso.
Existem algumas variáveis que restringem a Para o analista econômico que gosta de
utilidade e a plena potencialidade das qualidades examinar balanços de várias empresas, para ex-
da informação descritas. São a tempestividade e trair tendências setoriais ou valores de agregados
a relação custo/benefício. contábeis, como lucratividade sobre vendas, so-
Pode-se afirmar que a relevância, principal- bre patrimônio etc., não vai fazer diferença se ele
mente, é afetada pela tempestividade, no sentido de fizer essa análise um dia após a publicação dos
que muito pouco adianta ter informação relevante balanços ou dois meses depois.

4.10 Intempestividade

Dicionário

Intempestividade: fora do tempo próprio; inoportuno!

Saiba mais
Entretanto, quase na mesma situação, se
um investidor estiver interessado na compra das Primazia da essência sobre a forma
ações de uma determinada empresa, o timing
Para que a informação represente adequadamente
(adaptação; acomodação; ajustamento) das pe- as transações e outros eventos que ela se propõe
ças contábeis dessa empresa que ele vai utilizar a representar, é necessário que essas transações e
para assessorá-lo na decisão é tremendamente eventos sejam contabilizados e apresentados de
acordo com a sua substância e realidade econômi-
importante, pois a situação da empresa em parti- ca e não meramente sua forma legal. A essência das
cular pode se alterar em curto prazo, invalidando transações ou outros eventos nem sempre é con-
a informação intempestiva. sistente com o que aparenta ser com base na sua
forma legal ou artificialmente produzida. Por exem-
Mais dramática ainda é a importância da plo, uma entidade pode vender um ativo a um ter-
tempestividade nas decisões gerenciais dentro ceiro, de tal maneira que a documentação indique
a transferência legal da propriedade a esse terceiro;
da empresa, visando às operações e mesmo às entretanto, poderão existir acordos que assegurem
decisões de longo prazo, em que informação es- que a entidade continuará a usufruir os futuros be-
truturada e a semiestruturada são necessárias, na nefícios econômicos gerados pelo ativo e o recom-
prará depois de certo tempo, por um montante que
qualidade e no tempo certo. se aproxima do valor original de venda, acrescido
Já a relação custo/benefício precisa estar de juros de mercado durante esse período. Em tais
sempre presente na mente do planejador do sis- circunstâncias, reportar a venda não representa-
ria adequadamente a transação formalizada (CPC,
tema contábil ao estabelecer o nível de informa- 2008).
ção que é considerado ótimo.

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Representação Adequada de dificuldades inerentes à identificação


das transações ou outros eventos a serem
avaliados ou à identificação e aplicação
A Estrutura Conceitual Básica (CPC, 2008) define de técnicas de mensuração e apresenta-
que ção que possam transmitir, adequada-
mente, informações que correspondam
a tais transações e eventos. Em certos ca-
para ser confiável, a informação deve re- sos, a mensuração dos efeitos financeiros
presentar adequadamente as transações dos itens pode ser tão incerta que não
e outros eventos que ela diz representar. é apropriado o seu reconhecimento nas
Assim, por exemplo, o balanço patrimo- demonstrações contábeis; por exemplo,
nial numa determinada data deve repre- embora muitas entidades gerem, inter-
sentar adequadamente as transações e namente, ágio decorrente de expectativa
outros eventos que resultam em ativos, de rentabilidade futura ao longo do tem-
passivos e patrimônio líquido da entida- po (goodwill), é usualmente difícil identi-
de e que atendam aos critérios de reco- ficar ou mensurar esse ágio com confiabi-
nhecimento. lidade. Em outros casos, entretanto, pode
A maioria das informações contábeis está ser relevante reconhecer itens e divulgar
sujeita a algum risco de ser menos do o risco de erro envolvendo o seu reco-
que uma representação fiel daquilo que nhecimento e mensuração. (p. 12).
se propõe a retratar. Isso pode decorrer

4.11 Tomada de Decisões

Só que, se já é difícil nos sistemas contábeis Não se pode esquecer de que o sistema de
isolar custos e receitas marginais, muito mais o informação é um meio para o que é essencial, que
será para o caso de valor da informação. Assim, é o processo decisório.
valem muito mais as considerações feitas alhures O ideal seria dispor de um quadro de gerentes
(noutro lugar) de que o bom-senso e o que acon- tão superdotados, tão imaginativos, tão previsores
tece em organizações comparáveis à nossa, con- do que irá ocorrer, que nenhum sistema de infor-
sideradas sofisticadas em matéria de informação, mação seria necessário. É claro que esses super-
devem ser observados com cuidado. -homens (ou mulheres) não existem, na realidade.

4.12 Resumo do Capítulo

Neste capítulo, você compreendeu que o objetivo principal da contabilidade é prover seus usuá-
rios de informações úteis para a tomada de decisão.
Também foi levado(a) a refletir sobre algumas qualidades ou características que devem possuir as
informações contábeis, tais como: compreensibilidade, relevância, confiabilidade e comparabilidade.

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4.13 Atividades Propostas

1. Cite uma situação em que você entenda que o Custo é mais que o Benefício na Contabilidade.

2. Explique por que a comparação em dois ou mais períodos dos relatórios contábeis é funda-
mental.

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5 RELATÓRIOS CONTÁBEIS

Neste capítulo, você deve compreender que contábeis os principais fatos registrados por aque-
relatório contábil é a exposição resumida e orde- le setor (contabilidade) em determinado período.
nada de dados colhidos pela Contabilidade. Ele Também conhecido como informe contábil, dis-
objetiva relatar às pessoas que utilizam os dados tingue-se em obrigatório e não obrigatório.

5.1 Demonstrações Financeiras

Os relatórios obrigatórios são aqueles exigi- Os relatórios contábeis não obrigatórios,


dos por lei, sendo conhecidos como Demonstra- evidentemente, são aqueles não exigidos por lei,
ções Financeiras. São exigidos na totalidade para o que não significa que sejam menos importan-
as sociedades anônimas e parte deles estendida tes. Há relatórios não obrigatórios imprescindí-
a outros tipos societários, através do Imposto de veis para a administração.
Renda.

5.2 Relatórios Contábeis Obrigatórios

Lei das Sociedades Anônimas toriedade de auditoria independente por


auditor registrado na Comissão de Valores
Mobiliários. (BRASIL, 2007).
A Lei das Sociedades Anônimas por Ações
estabelece que, ao fim de cada exercício social Atenção
(ano), a diretoria fará elaborar, com base na es-
crituração contábil, as seguintes demonstrações “Parágrafo único. Considera-se de grande porte,
para fins exclusivos desta Lei, a sociedade ou con-
financeiras (ou contábeis): junto de sociedades sob controle comum que
tiver, no exercício social anterior, ativo total su-
perior a R$ 240.000.000,00 (duzentos e quarenta
Demonstrações financeiras de Sociedades de milhões de reais) ou receita bruta anual superior
Grande Porte a R$ 300.000.000,00 (trezentos milhões de reais).”
(BRASIL, 2007).

Art. 3º Aplicam-se às sociedades de gran-


de porte, ainda que não constituídas sob Art. 176. Ao fim de cada exercício social,
forma de sociedades por ações, as dispo- a diretoria fará elaborar, com base na es-
sições da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro crituração mercantil da companhia, as se-
de 1976, sobre escrituração e elaboração guintes demonstrações financeiras, que
de demonstrações financeiras e a obriga- deverão exprimir com clareza a situação

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do patrimônio da companhia e as mu- ƒƒ A Demonstração do Valor Adicionado


tações ocorridas no exercício. (BRASIL, é obrigatória somente para as compa-
2007).
nhias abertas;
ƒƒ A companhia é aberta ou fechada, con-
A Lei nº 11.638/2007 substitui a obrigato- forme os valores mobiliários de sua
riedade de elaboração de uma demonstração e emissão estejam ou não admitidos à
inclui outra: negociação no mercado de valores mo-
biliários (art. 4º da Lei nº 6.404/1976);
a) A Demonstração das Origens e Aplica-
ções de Recursos (DOAR) foi substituída
Parágrafo 6ª. A companhia fechada, com
pela Demonstração dos Fluxos de Caixa patrimônio líquido, na data do balanço,
(DFC); inferior a R$ 2.000.000,00 (dois milhões
b) Foi incluída, entre as demonstrações de de reais) não será obrigada à elaboração
e publicação da demonstração dos fluxos
elaboração obrigatória, a Demonstra- de caixa.(BRASIL, 2007).
ção do Valor Adicionado (DVA).

Notas explicativas
As demonstrações financeiras exigidas pela
Lei nº 6.404/1976, a partir de 1º de janeiro de
2008, são, portanto, as seguintes: As notas explicativas devem complemen-
tar, juntamente a outros quadros analíticos ou de-
monstrações contábeis, as demonstrações finan-
I – balanço patrimonial (BP);
ceiras, servindo para esclarecimento da situação
II – demonstração do resultado do exer- patrimonial e dos resultados do exercício.
cício (DRE);
As demonstrações financeiras das socieda-
III – demonstração dos lucros ou prejuí-
zos acumulados (DLPA); des por ações de capital aberto observarão, ain-
da, as normas expedidas pela Comissão de Valo-
IV – demonstração das mutações do pa-
trimônio líquido (DMPL); res Mobiliários (CVM) e serão obrigatoriamente
auditadas por auditores independentes, registra-
IV – demonstração dos fluxos de caixa
(DFC); (redação dada pela Lei nº 11.638, dos na mesma comissão (parecer da auditoria).
de 2007). A CVM determina que todas as sociedades
V – se companhia aberta, demonstração anônimas de capital aberto apresentem a De-
do valor adicionado (DVA). (incluído pela monstração das Mutações do Patrimônio Líquido
Lei nº 11.638, de 2007). em substituição à Demonstração de Lucros ou
Prejuízos Acumulados.
Notas As demonstrações financeiras serão assina-
das pelos administradores e por contabilista, le-
ƒƒ A Lei nº 6.404/1976 denomina as de- galmente habilitados.
monstrações contábeis de demonstra-
ção financeiras; Saiba mais
ƒƒ Quando a companhia elaborar e publi-
car a Demonstração das Mutações do Se você desejar, aprofunde os conteúdos estuda-
dos neste capítulo consultando o CPC 0 – Estrutura
Patrimônio Líquido, estará dispensada Conceitual Básica da Contabilidade.
da elaboração da Demonstração de Lu- Fonte: www.cpc.org.br/pdf/pronunciamento_conceitual.
cros ou Prejuízos Acumulados (parágra- pdf

fo 2º do art. 186 da Lei nº 6.404/1976);

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Teoria da Contabilidade

5.3 Complementação às Demonstrações Financeiras

No momento da publicação das Demons- A Lei das Sociedades por Ações estabelece
trações Financeiras, as Sociedades por Ações de- que as Demonstrações serão complementadas
verão informar aos usuários desses relatórios os por Notas Explicativas e outros quadros analíticos
dados adicionais seguintes: ou demonstrações contábeis necessários para es-
clarecimento da situação patrimonial e dos resul-
Relatório da Diretoria (ou da Administração) tados do exercício.
Como alguns exemplos de Notas Explicati-
vas, podemos citar:
Após a identificação da empresa, na publi-
cação das Demonstrações Financeiras, destaca-se,
em primeiro plano, o Relatório da Administração, a) Critérios de cálculos na obtenção de
em que a diretoria dará as informações normal- itens que afetam o lucro;
mente de caráter não financeiro (não monetário). b) Obrigações de longo prazo, destacan-
As principais informações são: do os credores, taxa de juros, garantias
a dívidas etc.;
ƒƒ Dados estatísticos diversos; c) Composição do capital social por tipos
ƒƒ Indicadores de produtividade; de ações;
ƒƒ Desenvolvimento tecnológico; d) Ajustes de exercícios anteriores etc.
ƒƒ A empresa no contexto socioeconômico;
ƒƒ Políticas diversas: recursos humanos, É importante que você entenda por que
exportações etc.; Notas Explicativas não são Demonstrações Finan-
ƒƒ Expectativas com relação ao futuro; ceiras!
ƒƒ Dados do orçamento de capital;
ƒƒ Projeto de expansão; Parecer dos Auditores
ƒƒ Desempenho em relação aos concor-
rentes etc.
De maneira geral, as companhias abertas,
instituições financeiras e alguns outros casos es-
Essas informações seriam mais significati- pecíficos estão obrigados a publicar as Demons-
vas se não houvesse excesso de otimismo (incon- trações com o Parecer da Auditoria.
sequente), como algumas vezes se observa. Trata-se de parecer de auditor externo, que
Você sabia que existe uma grande diferen- difere do auditor interno, pois esse último é em-
ça entre Relatório da Diretoria e Demonstração pregado da empresa, enquanto o primeiro não
Financeira? possui nenhum tipo de vínculo com a instituição,
Pense a respeito! tendo total independência para manifestar sua
opinião, daí o título “Auditor Independente”.
A auditoria pode ser feita por pessoa física
Notas Explicativas
(contador credenciado) ou por empresa de audi-
toria (escritório). A opinião dada por empresa de
Também conhecidas como “Notas de Roda- auditoria, normalmente, é mais confiável, princi-
pé”, as Notas Explicativas são normalmente desta- palmente porque há a preocupação com o pres-
cadas após as Demonstrações Financeiras (quan- tígio da firma, muitas vezes representada em di-
do publicadas). versos países.

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O auditor emite sua opinião informando de pública, saneamento, assistência social etc.);
se as Demonstrações Financeiras representam investimentos no meio ambiente etc. Dentro da
adequadamente a Situação Patrimonial e a Posi- ideia de Balanço Social, o item que mais se des-
ção Financeira na data do exame. Informa se as taca é o valor agregado (valor adicionado).
Demonstrações Financeiras foram levantadas de
acordo com os Princípios Fundamentais de Con- Saiba mais
tabilidade (PFCs) e se há uniformidade em relação
Muito comum nos países da Europa Ocidental, o
ao exercício anterior. Valor Adicionado ou Valor Agregado procura evi-
Muitas vezes, ocorre que informações con- denciar para quem a empresa está canalizando a
renda obtida ou, ainda, admitindo que o valor que a
tidas nos comentários do auditor já constam de
empresa adiciona através de sua atividade seja um
Notas Explicativas. Essa dupla evidenciação vem “bolo”, para quem estão sendo distribuídas as fatias
trazer maior segurança para o usuário das De- do bolo e de que tamanho são essas fatias.
monstrações Financeiras.

Parecer Confiável Se subtrairmos das vendas todas as com-


pras de bens e serviços, teremos o montante de
recursos que a empresa gera para remunerar sa-
Uma das formas de avaliar se o parecer é lários, juros, impostos e reinvestir em seu negó-
confiável é identificar se a empresa de auditoria cio. Esses recursos financeiros gerados levam-nos
não está demasiadamente dependente de um a contemplar o momento de valor que a empresa
único cliente. Diz-se que, se a empresa de audito- está agregando (adicionando como consequên-
ria tiver um cliente que represente mais que 2% cia de sua atividade).
de seu faturamento, já é comprometedor, tornan-
do-se uma ameaça para sua independência eco-
nômica. Exemplo – Uma Prefeitura

Imagine, por exemplo, um grande banco


contratando uma pequena empresa de auditoria. Imagine, por exemplo, que a prefeitura de
Esta se estrutura em função do grande cliente. En- uma cidade tem que tomar a decisão de receber
tretanto, no momento em que precisar fazer uma ou não determinada empresa em seu município.
ressalva no parecer referente às Demonstrações A pergunta correta seria: quanto a determinada
Financeiras do grande cliente, poderá ter proble- empresa vai agregar em renda para a região?
mas se o cliente estiver disposto a ocultar infor- Em função dessa empresa, o orçamento do
mações aos usuários. A pequena empresa correrá município será acrescido, pois terá que investir
o risco de ficar sem o cliente e, em consequência em infraestrutura e em sua manutenção, em fun-
disso, comprometer seu futuro, já que ela é alta- ção de uma nova demanda.
mente dependente de um grande cliente. Admita-se que a prefeitura terá gastos adi-
cionais anuais na área de ensino, saúde, seguran-
Valor Adicionado (Balanço Social) ça, ambiente (despoluição de rio e outros) no to-
tal de $250, tudo em decorrência da instalação da
nova empresa.
O Balanço Social evidencia o perfil social
das empresas: relações de trabalho dentro da Para melhor análise, ela solicita uma de-
empresa (empregados: quantidade, sexo, escola- monstração do Valor Adicionado da empresa, que
ridade, encargos sociais, gastos com alimentação, mostra o seguinte:
educação e saúde do trabalhador, previdência
privada); tributos pagos; investimentos para a co-
munidade (em cultura, esportes, habitação, saú-

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Teoria da Contabilidade

Exemplo de valor adicionado


Descrição Ano 1 % Ano 2 %
Vendas 5.000 - 5.000 -
(-) Compras de Bens/Serviços (2.500) - (2.000) -
Valor Adicionado 2.500 100 3.000 100
Distribuição Valor Adicionado
Salários
• Pessoal de Fábrica 500 20 510 17
• Pessoal Administrativo 400 16 480 16
36 33
Diretoria/Acionista
• Pró-Labore (honor. Diretoria) 800 32 1.050 35
• Dividendos 250 10 360 12
42 47
Juros 150 06 90 03
Impostos
• Municipal 25 01 30 01
• Estadual 50 02 60 02
• Federal 75 03 90 03
06 06
Reinvestimento 200 08 270 09
Outros 50 02 60 02

Na Demonstração do Valor Adicionado, Um sindicato


observa-se que o item Impostos permanece inal-
terado, o que propicia uma boa análise para a pre- Imagine, ainda, o presidente do sindicato
feitura. Todavia, o valor do imposto recolhido ao analisando a “distribuição do bolo”, que aumen-
município é muito baixo. tou em 20% do ano 1 para o ano 2 (de $2.500
Admitindo-se que os diretores/acionistas para $3.000). Certamente, ele não ficaria calado
não morarão na cidade e que os juros não se re- diante de uma redução da fatia do bolo para seus
verterão em favor do município, o que se agre- afiliados (salário de fábrica caiu de 20 para 17%).
gará ao fluxo de renda do município será o item Poderia ficar irritado ao ver que a fatia do bolo
Salário. aumentou consideravelmente para os diretores/
Com esses dados, caberia analisar se o pe- acionistas. Seria um bom motivo para uma greve?
queno imposto para o município e o acréscimo no
fluxo de renda em salário de pessoas que residirão Contabilidade Social
na região (gerando mais negócio, mais arrecada-
ção) compensarão o acréscimo no orçamento e se
o benefício da vinda da empresa seria viável. Poderíamos dizer que o Balanço Social está
no contexto da Contabilidade Social.

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A Contabilidade Social envolve aspectos a manipulação dos medicamentos à orientação


econômicos e sociais de um país. Alguns denomi- final (posologia, modo de usar, interação medica-
nam essa Contabilidade de Contabilidade Nacio- mentosa, entre outras).
nal, já que ela envolve a renda nacional, balanço A nossa atividade está basicamente voltada
de pagamentos etc. para três segmentos: Homeopatia, Fitoterapia e
De maneira geral, quando tratamos do Ba- Fitocosmética.
lanço Social da empresa, de uma unidade indi-
vidualizada, podemos dizer que se trata de um a) Homeopatia: é um método científico
campo da Contabilidade. baseado em três leis que foram larga-
Todavia, quando tratamos o Balanço So- mente experimentadas pelo seu pre-
cial no âmbito geral da economia (seja regional, cursor, Samuel Hahnemann. Ele iniciou
municipal, estadual ou nacional), considerando a seus estudos em 1970, quando, tradu-
soma dos ramos de atividades, a renda nacional, zindo a Matéria Médica de Cullen, ficou
podemos dizer que se trata de um campo da Eco- admirado com a sintomatologia pro-
nomia e não da Contabilidade. duzida pela China oficinallis (medicinal,
usado em farmácia), quando tomada
Contabilidade Ambiental em doses excessivas. Observou, ainda,
que a malária produzia esses mesmos
sintomas e que a medicação indicada
A Contabilidade Ambiental se preocupa para o tratamento dessa doença era a
com a proteção do meio ambiente. Em função China (usada até os nossos dias). A par-
de os recursos naturais se tornarem cada vez mais tir dessa observação, imaginou a possi-
escassos, um número crescente de empresas par- bilidade de outras substâncias possuí-
ticipa de um desenvolvimento sustentável, de ge- rem as mesmas propriedades – LEI DOS
renciamento ambiental para redução de custos SEMELHANTES.
operacionais, de cuidados para reduzir o risco de
A partir dessa constatação, começou a
poluição acidental ou insidiosa (traiçoeiro, pérfi-
experimentar várias substâncias no ho-
do, falso) etc.
mem são. Começou consigo, seus fami-
A Contabilidade Financeira, quando apli- liares e discípulos. Iniciou catalogando
cada à avaliação e mensuração das informações os sintomas mentais, gerais e locais que
relativas ao meio ambiente, é denominada Con- cada substância provocava, quando in-
tabilidade Ambiental ou Ecológica. gerida pelo homem são. Chamou esse
De maneira geral, a Contabilidade Ambien- conjunto de sintomas de PATOGENESIA
tal destaca os custos ambientais nas despesas (mecanismo pelo qual os agentes mór-
gerais (proporcionando uma análise financeira bidos [enfermo, doente] produzem as
em relação à preservação do meio ambiente), evi- doenças). O resultado desses estudos
dencia no Ativo os investimentos nessa área, cria denominou EXPERIMENTAÇÃO NO HO-
provisão para os riscos ambientais no Passivo etc. MEM SÃO.
Com a continuação do experimento,
Um exemplo de balanço social de uma pequena ele observou que, se diluísse a dose,
empresa os efeitos causados eram atenuados
no homem são, entretanto, ao ser ad-
Farmácia Homeopática Natural (FHC) ministrado no paciente em doses cada
A empresa está inserida no mercado há 16 vez mais diluídas, os resultados obti-
anos, desenvolvendo um trabalho que visa a uma dos tinham maior eficácia. Essas doses
assistência farmacêutica integral ao cliente, desde obedeciam a um critério determinado,

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que compreendia diluições, seguidas ƒƒ 4 farmacêuticas;


de certo número de agitações (sucus- ƒƒ 4 técnicas;
sões). Chamou essa técnica de DINAMI- ƒƒ 2 estoquistas;
ZAÇÃO. Com esse processo de diluições ƒƒ 1 auxiliar administrativo;
e sucussões, foi estabelecida a terceira
ƒƒ 1 gerente de informática;
lei – DOSES MÍNIMAS.
ƒƒ 6 balconistas.
b) Fitoterapia: a fitoterapia, ou terapia
pelas plantas, era conhecida e praticada
O grau de instrução deles é, no mínimo,
pelas antigas civilizações. Pode-se afir-
2º grau, cursos técnicos específicos (informática,
mar que o hábito de recorrer às virtudes
química) e superior (farmácia).
curativas de certos vegetais é uma das
A farmácia conta ainda com participação
primeiras manifestações do esforço do efetiva da sócia-gerente, que também é farma-
homem para compreender e utilizar a cêutica e responde como responsável técnica
natureza. pela empresa.
A história da fitoterapia se confunde
com a história da farmácia, visto que,
Saúde
até o século passado, os medicamentos
eram basicamente formulados à base
A Farmácia implantou o programa de Me-
de plantas medicinais.
dicina e Segurança no Trabalho, com contratação
O descobrimento das propriedades de consultoria específica. Temos plano de saúde
curativas das plantas foi, no início, me- próprio, em parceria com a UNIMED, sendo o cus-
ramente intuitivo (intuição) ou obser- to compartilhado, 50% para a empresa e 50% res-
vando os animais, que, quando doen- tante para os empregados.
tes, buscavam nas ervas cura para suas
afecções. Educação
c) Fitocosmética: segmento da ciência
cosmetológica (cosméticos) que se Desenvolvemos um programa de qualida-
dedica ao estudo e aplicação dos prin- de total. Sempre estamos reciclando nosso pes-
cípios ativos vegetais em proveito da soal dentro de um programa de educação conti-
higiene da estética de correção e ma- nuada.
nutenção de um estado normal e sadio
da pele e dos cabelos.
Legislação
Nesse contexto, temos como objetivo
divulgar o medicamento como bem de
A Farmácia cumpre à risca a Legislação em
saúde, deixando a visão mercantilista
vigor, como também acata todas as orientações/
de bem de consumo. normativos provenientes do Conselho Regional
de Farmácia, e obedece ao padrão estabelecido
Recursos humanos pela Vigilância Sanitária.
No aspecto tributário, a empresa aderiu ao
Sistema de Imposto Simplificado (SIMPLES), im-
A empresa conta com dezoito funcionários
plantado pelo Governo Federal.
distribuídos na matriz – Centro – e nas Filiais Farol
Para o Governo Estadual, em cumprimento
e Mangabeiras. Dezesseis do sexo feminino e dois
à legislação, efetuamos o pagamento do ICMS de
do sexo masculino, assim compostos:
forma antecipada. Trabalhamos com todo o sis-
tema fiscal informatizado, em todas as unidades
farmacêuticas.

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Meio ambiente disponibilizado para coleta depois de esterilizado.


Ressaltamos que todas as nossas embalagens, car-
A empresa está sempre atenta, buscando tões de aniversário e outros documentos enviados
comprar material de embalagem reciclável. Cuida- aos clientes são feitos em papel reciclado, evitan-
do especial é dado ao lixo contaminado, que só é do ao máximo o uso de plástico ou qualquer outro
material contaminante.

Demonstração do valor adicionado – 2006


Descrição R$
Vendas/Receitas 524.962,65
Produtos manipulados 403.609,20
Mercadorias revendidas 120.881,62
Receitas financeiras 471,83

Materiais adquiridos de terceiros (139.777,51)


Serviços de terceiros (118.118,59)
Despesas diversas (19.249,17)

Valor adicionado 247.817,38

Distribuição do valor adicionado


DESCRIÇÃO R$ %
EMPREGADOS
Salários 122.246,07 49%
Benefícios, encargos sociais e treinamento 29.185,87 12%
61%
GOVERNO
Federal – Simples 30.562,00 12%
Estadual – ICMS 46.574,38 19%
31%
FINANCIADORES
Encargos financeiros 9.061,63 04%
Sócios 1.000,00 0,5%

RETENÇÕES
Depreciação 7.953,72 03%
Lucros 1.233,71 0,5%

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5.4 Resumo do Capítulo

Neste capítulo, você conheceu os Relatórios Contábeis Obrigatórios e os complementares às De-


monstrações Financeiras.
Também detalhamos o Balanço Social e a importância do valor adicionado em distintas aplicações.
Viu que a Contabilidade Ambiental se preocupa com a proteção do meio ambiente e que seu prin-
cipal destaque é classificar os custos ambientais para evidenciar no Ativo os investimentos com riscos
ambientais.

5.5 Atividades Propostas

1. Diferencie os termos: Contabilidade Social e Contabilidade Ambiental.

2. Tente diferenciar os termos Demonstrações Contábeis e Demonstrações Financeiras.

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OS PRINCÍPIOS DE CONTABILIDADE –
6 A ENTIDADE E A CONTINUIDADE

Neste capítulo, você deve compreender os dos objetivos da Contabilidade, que consistem
conceitos básicos que constituem o núcleo es- em apresentar informação estruturada para os
sencial que deve guiar a profissão na consecução usuários.

6.1 Aplicação da Contabilidade

A Contabilidade pode ser estudada de ƒƒ Comerciais, denomina-se Contabilida-


modo geral (para todas as empresas) ou em par- de Comercial;
ticular (aplicada em certo ramo de atividade ou ƒƒ Industriais, denomina-se Contabilidade
setor da economia). Industrial;
ƒƒ Públicas, denomina-se Contabilidade
Atenção Pública;
ƒƒ Bancárias, denomina-se Contabilidade
A Contabilidade Geral, também conhecida como Bancária;
Contabilidade Financeira, pode ser aplicada a di-
versos ramos de atividades. ƒƒ Hospitalares, denomina-se Contabilida-
de Hospitalar;
ƒƒ Agropecuárias, denomina-se Contabili-
Quando a Contabilidade Geral for aplicada dade Agropecuária;
a empresas: ƒƒ De seguros, denomina-se Contabilida-
de Securitária etc.

6.2 Usuários da Contabilidade

Os usuários são as pessoas que se utilizam lisando se a empresa é rentável; os fornecedores


da Contabilidade, que se interessam pela situa- de mercadoria a prazo querem saber se a empre-
ção da empresa e buscam na Contabilidade suas sa tem condições de pagar suas dívidas; os ban-
respostas. cos, por sua vez, emprestam dinheiro, desde que
Evidentemente, os gerentes (administrado- a empresa tenha condições de pagamento; o go-
res) não são os únicos que se utilizam da Contabi- verno quer saber quanto de impostos foi gerado
lidade. Os investidores (sócios ou acionistas), ou para os cofres públicos; outros interessados dese-
seja, aqueles que aplicam dinheiro na empresa, jam conhecer melhor a situação da empresa: os
estão interessados basicamente em obter lucro, empregados, os sindicatos, os concorrentes etc.
por isso se utilizam dos relatórios contábeis, ana-

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6.3 Para quem é Mantida a Contabilidade

A Contabilidade pode ser feita para Pessoa Quando se faz Contabilidade para a pessoa
Física ou Pessoa Jurídica. Considera-se pessoa, física (embora não seja comum) ou pessoa jurídi-
juridicamente falando, todo ser capaz de direitos ca, essa pessoa é denominada entidade contábil.
e obrigações. Dessa forma, qualquer pessoa que tenha neces-
sidade de Contabilidade (e a Contabilidade é
Dicionário mantida para essa pessoa) é chamada entidade
contábil.
Pessoa física: é a pessoa natural, é todo ser huma-
no, é todo indivíduo (sem qualquer exceção). A O novo Código Civil usa o vocábulo “conta-
existência de pessoa física termina com a morte. bilista” em substituição ao “contador” e à expres-
Pessoa jurídica: é a união de indivíduos que, atra-
vés de um contrato reconhecido por lei, formam
são “técnico em contabilidade”, que são duas cate-
uma nova pessoa, com personalidade distinta da gorias previstas em lei.
de seus membros. Obs.: Para o exercício profissional da Conta-
bilidade, é necessário estar habilitado pelo CRC.
As pessoas jurídicas podem ter fins lucrati- O CPC 0 – Estrutura Conceitual define que
vos (empresas industriais, comerciais etc.) ou não
(cooperativas, associações culturais, religiosas o objetivo das demonstrações contábeis
etc.). Normalmente, as pessoas jurídicas denomi- é fornecer informações sobre a posição
nam-se empresas. patrimonial e financeira, o desempenho
A Contabilidade, portanto, pode ser feita e as mudanças na posição financeira da
para um indivíduo – pessoa física (desde que haja entidade, que sejam úteis a um grande
número de usuários em suas avaliações
necessidade, em virtude do volume de negócios)
e tomadas de decisão econômica. (CPC,
– ou para uma empresa com ou sem fins lucrati- 2008, p. 15).
vos – pessoa jurídica.

6.4 Pilares da Contabilidade

Pilares da Contabilidade são as regras bási- realizada para a entidade, devendo o contador
cas da Contabilidade, que podemos chamar ge- fazer um esforço para não misturar as movimen-
nericamente de princípios contábeis. tações da entidade com as dos proprietários.
A Contabilidade repousa, basicamente, em Pessoas físicas e jurídicas não devem ser confun-
dois pilares da teoria contábil: a entidade contábil didas; os sócios não devem ser confundidos com
e a continuidade da empresa. empresas.
Em primeiro lugar, há necessidade da exis- O segundo pilar é baseado no pressupos-
tência da entidade contábil, ou seja, uma pessoa to de que a empresa é algo em andamento, em
para quem é mantida a Contabilidade. Não ha- continuidade, que funcionará por prazo indeter-
vendo entidade contábil, não há, evidentemente, minado. Uma empresa em processo de extinção
a contabilidade aplicada. (descontinuidade) ou liquidação será contabiliza-
Desse primeiro conceito, deduz-se que a da por outras regras, que estudaremos mais tarde
Contabilidade é mantida para a entidade como em disciplina específica.
pessoa distinta dos sócios. A Contabilidade é

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Teoria da Contabilidade

A Resolução CFC nº 750/1993 dispõe sobre os


PFCs e é composta dos seguintes princípios: entida- Atenção
de, continuidade, oportunidade, registro pelo valor
Por conta dessa harmonização, a denominação
original, atualização monetária, competência e Princípios Fundamentais de Contabilidade foi al-
prudência. terada para Princípios de Contabilidade, conforme
Resolução CFC nº 1.282, de 28 de maio de 2010.

I-Entidade - o patrimônio da entidade


não se confunde com os seus sócios ou “O Princípio da Continuidade pressupõe
acionistas, ou proprietário individual. que a Entidade continuará em operação no fu-
II-Continuidade – a vida da empresa ou turo e, portanto, a mensuração e a apresentação
instituição é continuada. dos componentes do patrimônio levam em conta
III-Oportunidade – significa que todas esta circunstância.” (Art. 5º da Resolução CFC nº
as variações que ocorrem no patrimônio 1.282/2010).
de uma entidade deverão ser registradas
“O Princípio da Oportunidade refere-se
e relatadas no momento em que elas
ocorrem, mesmo na hipótese de existir ao processo de mensuração e apresentação dos
somente razoável certeza de sua ocor- componentes patrimoniais para produzir infor-
rência. mações íntegras e tempestivas.” (Art. 6º da Reso-
IV-Registro pelo valor original – os re- lução CFC nº 1.282/2010).
gistros são feitos pelo valor de aquisição “Parágrafo único. A falta de integridade e
do bem ou pelo custo de fabricação, ex-
tempestividade na produção e na divulgação da
pressos em moeda corrente do país.
informação contábil pode ocasionar a perda de
V-Atualização monetária – em função
sua relevância, por isso é necessário ponderar a
da inflação, o registro pelo valor original
fica defasado no decorrer do tempo. A relação entre a oportunidade e a confiabilidade
atualização monetária é ajustar este valor da informação.” (Resolução CFC nº 1.282/2012).
(por exemplo, uma máquina) mediante A Resolução, em seu art. 7º, define:
aplicação de índices oficiais que reflitam
o poder aquisitivo da moeda.
O Princípio do Registro pelo Valor Origi-
VI-Competência – este princípio está li-
nal determina que os componentes do
gado ao fato de registrar no momento
patrimônio devem ser inicialmente regis-
certo as vendas e as despesas que com-
trados pelos valores originais das transa-
petem (pertencem) a um período de
ções, expressos em moeda nacional.
tempo, independentemente de recebi-
mento ou pagamento. § 1º. As seguintes bases de mensu-
ração devem ser utilizadas em graus
VII-Prudência – uma posição conserva-
distintos e combinadas, ao lon-
dora do profissional contábil: se existirem
go do tempo, de diferentes formas:
dois valores diferentes de bens e direitos,
I – Custo histórico. Os ativos são registra-
deverá optar pelo menor; se existirem
dos pelos valores pagos ou a serem pa-
dois valores diferentes de dívida, deverá
gos em caixa ou equivalentes de caixa ou
optar pelo maior. (CFC, 1993).
pelo valor justo dos recursos que são en-
tregues para adquiri-los na data da aqui-
sição. Os passivos são registrados pelos
O CFC, por conta do processo de conver-
valores dos recursos que foram recebidos
gência às normas internacionais de contabilida- em troca da obrigação ou, em algumas
de, emitiu a NBC TG Estrutura Conceitual – Estru- circunstâncias, pelos valores em caixa ou
tura Conceitual para a Elaboração e Apresentação equivalentes de caixa, os quais serão ne-
das Demonstrações Contábeis, que discute a apli- cessários para liquidar o passivo no curso
normal das operações; e
cabilidade dos PFCs contidos na Resolução CFC
nº 750/1993.

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II – Variação do custo histórico. Uma vez ajustamento da expressão formal dos


integrado ao patrimônio, os componen- valores dos componentes patrimoniais.
tes patrimoniais, ativos e passivos, po- § 2º. São resultantes da adoção da atuali-
dem sofrer variações decorrentes dos se- zação monetária:
guintes fatores: I – a moeda, embora aceita universalmente
a) Custo corrente. Os ativos são reconhe- como medida de valor, não representa unida-
cidos pelos valores em caixa ou equiva- de constante em termos do poder aquisitivo;
lentes de caixa, os quais teriam de ser II – para que a avaliação do patrimônio pos-
pagos se esses ativos ou ativos equiva- sa manter os valores das transações origi-
lentes fossem adquiridos na data ou no nais, é necessário atualizar sua expressão
período das demonstrações contábeis. formal em moeda nacional, a fim de que
Os passivos são reconhecidos pelos va- permaneçam substantivamente corretos
lores em caixa ou equivalentes de caixa, os valores dos componentes patrimoniais e,
não descontados, que seriam necessários por consequência, o do Patrimônio Líquido;
para liquidar a obrigação na data ou no e
período das demonstrações contábeis; III – a atualização monetária não repre-
b) Valor realizável. Os ativos são mantidos senta nova avaliação, mas tão somente
pelos valores em caixa ou equivalentes de o ajustamento dos valores originais para
caixa, os quais poderiam ser obtidos pela determinada data, mediante a aplicação
venda em uma forma ordenada. Os passi- de indexadores ou outros elementos ap-
vos são mantidos pelos valores em caixa tos a traduzir a variação do poder aquisi-
e equivalentes de caixa, não desconta- tivo da moeda nacional em um dado pe-
dos, que se espera seriam pagos para li- ríodo. [...]. (CFC, 2010).
quidar as correspondentes obrigações no
curso normal das operações da Entidade; Art. 9º. O Princípio da Competência de-
c) Valor presente. Os ativos são manti- termina que os efeitos das transações e
dos pelo valor presente, descontado do outros eventos sejam reconhecidos nos
fluxo futuro de entrada líquida de caixa períodos a que se referem, independen-
que se espera seja gerado pelo item no temente do recebimento ou pagamento.
curso normal das operações da Entida- Parágrafo único: O Princípio da Compe-
de. Os passivos são mantidos pelo valor tência pressupõe a simultaneidade da
presente, descontado do fluxo futuro de confrontação de receitas e de despesas
saída líquida de caixa que se espera seja correlatas. (CFC, 2010).
necessário para liquidar o passivo no cur-
Art. 10. O Princípio da Prudência pressu-
so normal das operações da Entidade;
põe o emprego de certo grau de precau-
d) Valor justo. É o valor pelo qual um ativo ção no exercício dos julgamentos neces-
pode ser trocado, ou um passivo liquida- sários às estimativas em certas condições
do, entre partes conhecedoras, dispostas de incerteza, no sentido de que ativos e
a isso, em uma transação sem favoreci- receitas não sejam superestimados e que
mentos; e passivos e despesas não sejam subesti-
e) Atualização monetária. Os efeitos da mados, atribuindo maior confiabilidade
alteração do poder aquisitivo da moe- ao processo de mensuração e apresenta-
da nacional devem ser reconhecidos ção dos componentes patrimoniais. (CFC,
nos registros contábeis mediante o 2010).

6.5 Princípios da Contabilidade

A emissão de pronunciamentos sobre Prin- quebra da Bolsa de Nova Iorque. Desde então,
cípios de Contabilidade para orientação dos con- houve uma maior preocupação com a uniformi-
tadores no exercício da sua profissão teve início zação de princípios que pudessem dar embasa-
nos Estados Unidos, na década de 1930, após a mento às normas e regras contábeis.

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IBRACON beis, tem vida autônoma das pessoas que a cons-


tituem ou que venham a ingressar.
No Brasil, o antigo Instituto Brasileiro de Exemplo de Anthony, segundo o Professor
Contadores, hoje conhecido como Instituto dos Sérgio de Iudícibus e Marion (2009, p. 91):
Auditores Independentes do Brasil, teve uma par-
ticipação importante para o início da normatiza- O famoso autor Robert Anthony apre-
ção dos Princípios Contábeis, o que ocorreu atra- senta um exemplo que sempre é bom
vés da Circular nº 179/1972 do Banco Central do reproduzir. ‘Um casal mora num sobrado,
na parte alta do mesmo. No nível da rua,
Brasil. Seu esforço constante no sentido de emitir
exerce pequena atividade comercial. As
pronunciamentos de interesse da classe culmi- contas de água, luz, telefone etc., vêm
nou com a publicação, em 1986, de um trabalho para o sobrado como um todo. O princí-
intitulado Estrutura Conceitual Básica da Conta- pio da Entidade manda que se faça um
bilidade. esforço para verificar, se necessário por
critérios de rateio, qual parte das despe-
Em 1981, através da Resolução nº 530, o CFC sas que vieram numa só conta, indiscri-
havia se pronunciado acerca dos Princípios Con- minada, deve ser apropriada à entidade
tábeis. Com a tendência recente de aperfeiçoar que exerce a atividade comercial e qual
aquela resolução, o CFC publicou a Resolução nº à entidade familiar.’
750, de 29 de dezembro de 1993, que define os
PFCs, de observância obrigatória no exercício da Princípio da Continuidade
profissão.

A vida da empresa ou instituição é conti-


Resolução CFC nº 750/1993
nuada; por consequência, como as demonstra-
ções contábeis são estáticas, por relatar a situação
O CFC preocupou-se em disciplinar tal ma- patrimonial em um determinado momento, não
téria, editando tais princípios por meio das Reso- podem ser desvinculadas dos períodos anteriores
luções CFC nos 750/1993 e 774/1994, essa última e subsequentes.
válida a partir de 16/12/1994. Caso a empresa ou instituição tenha vida
por prazo indeterminado, porém, devido às cir-
Saiba mais cunstâncias, haja uma reversão sustentada de
expectativas que levem a concluir que a empresa
Os PFCs são os conceitos básicos que constituem o ou instituição passou a ter vida com data provável
núcleo essencial que deve guiar a profissão na con-
de encerramento, deve ser analisada sobre a ade-
secução dos objetivos da Contabilidade, que, como
vimos, constituem em apresentar informação estru- quada classificação e avaliação das mutações pa-
turada para os usuários (IUDÍCIBUS; MARION, 2009). trimoniais, nos âmbitos quantitativo e qualitativo.
Exemplo: uma sociedade estabeleceu em
seus atos constitutivos que o seu prazo de vida
é indeterminado. Porém, diante da dinâmica em-
Princípio da Entidade presarial, detecta-se que a empresa está em esta-
do pré-falimentar. Ora, os estoques da empresa
O patrimônio da entidade (consideram-se constam em seu balanço pelo seu valor original,
aqui as sociedades Comerciais ou Civis) não se porém, diante da reversão das expectativas quan-
confunde com os seus sócios, acionistas ou pro- to à continuidade da sociedade, para efeito con-
prietário individual. tábil, tão somente, devem passar a ser avaliados
Conclui-se, então, que o patrimônio da em- pelo seu valor de realização, ou seja, a valor de
presa ou instituição, para todos os efeitos contá- mercado, com as devidas explicações aos usuá-

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rios das informações contábeis dos motivos que Princípio do Registro pelo Valor Original
levaram a essa mudança de critério para avaliação
de um item patrimonial, além de outros itens que Os componentes do patrimônio devem ser
possam vir a ser justificáveis à mudança. registrados pelos valores originais das transações
Perceba que a continuidade da empresa ou com o mundo exterior, expressos a valor presente
instituição influencia o valor econômico dos ati- na moeda do País, que serão mantidos na avalia-
vos e, em muitos casos, o valor ou o vencimento ção das variações patrimoniais posteriores, inclu-
dos passivos, especialmente quando a extinção sive quando configurarem agregações ou decom-
da empresa ou instituição tem prazo determina- posições no interior da empresa ou instituição.
do ou provável. Diante disso, tem-se que:
A observação do Princípio da Continuidade
é indispensável para que o Princípio da Compe- 1. A avaliação dos componentes patrimo-
tência venha a ser aplicado com consistência, pois niais deve ser feita com base nos valo-
assim se relacionará diretamente à quantificação res de entrada, considerando-se como
dos componentes patrimoniais e à formação do tais os resultantes do pactuado com os
resultado, além de constituir dado importante agentes externos ou da imposição des-
para auferir a capacidade futura de geração de tes;
resultado.
2. Uma vez integrado no patrimônio o
bem, direito ou obrigação, não pode-
Princípio da Oportunidade rão ser alterados seus valores intrínse-
cos (que está dentro de uma coisa ou
As mudanças nos ativos, passivos e na ex- pessoa e lhe é próprio), aditando-se,
pressão contábil do patrimônio líquido devem ser tão somente, sua decomposição em
contabilizadas logo que ocorrerem e com exten- elementos e/ou sua agregação, parcial
são correta, independentemente das causas que ou integral, a outros elementos patri-
as originaram. moniais;
Para observância do Princípio da Oportuni- 3. O valor original será mantido enquanto
dade: o componente permanecer como par-
te do patrimônio, inclusive quando da
a) Desde que tecnicamente estimável, saída deste;
o registro das mutações patrimoniais 4. Os Princípios da Atualização Monetária
deve ser feito mesmo na hipótese de e do Registro pelo Valor Original são
somente existir razoável certeza de sua compatíveis entre si e complementa-
ocorrência; res, dado que o primeiro apenas atua-
b) O registro compreende os elementos liza e mantém atualizado o valor de
quantitativos e qualitativos, contem- entrada;
plando os aspectos físicos e monetários; 5. O uso da moeda do País na tradução
c) O registro deve ensejar o reconheci- do valor dos componentes patrimo-
mento universal das variações ocor- niais constitui imperativo (que ordena
ridas no patrimônio da empresa ou ou exprime uma ordem) de homoge-
instituição, em um período de tempo neização (que são da mesma natureza)
determinado, base necessária para ge- quantitativa destes.
rar informações úteis ao processo deci-
sório da gestão administrativa.

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Princípio da Atualização Monetária trimônio líquido, estabelecendo diretrizes para


classificação das mutações patrimoniais, resultan-
É do conhecimento público que a moeda tes da observância do Princípio da Oportunidade.
perde seu poder aquisitivo diante da inflação. O reconhecimento simultâneo das receitas
Assim, os efeitos do poder aquisitivo da e despesas, quando correlatas, é consequência
moeda nacional devem ser reconhecidos nos natural do respeito ao período em que ocorrer
registros contábeis através do ajustamento da sua geração.
expressão formal dos valores dos componentes As receitas consideram-se realizadas:
patrimoniais.
O Princípio da Atualização Monetária se a) Nas transações com terceiros, quando
apoia nas seguintes afirmativas: estes efetuarem o pagamento ou assu-
mirem compromisso firme de efetivá-
-lo, quer pela posse da propriedade
1. A moeda, embora aceita universalmen- de bens anteriormente pertencentes à
te como medida de valor, não repre- empresa ou instituição, quer pela frui-
senta unidade constante em termos do ção (gozo, posse, usufruto) de serviços
poder aquisitivo; por esta prestados;
2. Para que a avaliação do patrimônio b) Quando da extinção, parcial ou total, de
possa manter os valores das transações um passivo, qualquer que seja o motivo,
originais, é necessário atualizar sua ex- sem o desaparecimento concomitante
pressão formal em moeda nacional, a de um ativo de valor igual ou maior;
fim de que permaneçam substantiva- c) Pela geração natural de novos ativos,
mente (que define, caracteriza ou acen- independentemente da intervenção de
tua alguma coisa) corretos os valores terceiros;
dos componentes patrimoniais e, por d) No recebimento efetivo de doações e
consequência, o do patrimônio líquido; subvenções.
3. A atualização monetária não repre-
senta nova avaliação, tão somente o Consideram-se incorridas as despesas:
ajustamento dos valores originais para
determinada data, mediante aplicação
a) Quando deixar de existir o correspon-
de indexadores ou outros elementos dente valor ativo, por transferência de
aptos a traduzir a variação do poder sua propriedade para terceiros;
aquisitivo da moeda nacional em um
b) Pela diminuição ou extinção do valor
dado período. econômico de um ativo;
c) Pelo surgimento de um passivo, sem o
Princípio da Competência correspondente ativo.

As receitas e as despesas devem ser incluí- Princípio da Prudência


das na apuração do resultado do período em que
ocorrerem, sempre simultaneamente quando se
O Princípio da Prudência determina a ado-
correlacionarem, independentemente de recebi-
ção do menor valor para os componentes do Ati-
mento ou pagamento.
vo e do maior para os do Passivo, sempre que se
O Princípio da Competência determina o apresentem alternativas igualmente válidas para
momento em que as alterações no ativo ou no a quantificação das mutações patrimoniais que
passivo levarão a aumento ou diminuição no pa- alterem o patrimônio líquido.

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O Princípio da Prudência impõe a escolha constituindo-se ordenamento à correta aplicação


da hipótese que resulte menor patrimônio líqui- do Princípio da Competência.
do, quando se apresentarem opções igualmente A aplicação do Princípio da Prudência ga-
aceitáveis diante dos demais PFCs. nha ênfase quando, para definição dos valores re-
Observado o disposto quanto ao Princípio lativos às variações patrimoniais, vier a ser neces-
do Registro pelo Valor Original, o Princípio da Pru- sário fazer estimativas que envolvam incertezas
dência somente se aplica às mutações posteriores, de grau variável.

6.6 Resumo do Capítulo

Neste capítulo, você compreendeu os conceitos básicos que constituem o núcleo essencial, que
consiste em apresentar informação estruturada para os usuários, através dos Princípios da Contabilidade.
Você foi levado(a) a refletir sobre a Resolução CFC nº 750/1993, atualizada pela Resolução CFC nº
1.282, de 28 de maio de 2010, para atender ao processo de convergência para as Normas Internacionais
de Contabilidade.

6.7 Atividades Propostas

1. Por que os postulados da Entidade e da Continuidade são tratados como pilares da Contabilidade?

2. Onde teve início a emissão dos pronunciamentos sobre Princípios de Contabilidade?

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7 PATRIMÔNIO E RESULTADO

Caro(a) aluno(a), pode-se dizer que a “espi- O Patrimônio Líquido é modificado pelas
nha dorsal” da Teoria da Contabilidade é o Ativo, Receitas, Despesas, Perdas e Ganhos. Daí a impor-
o Passivo e o Patrimônio Líquido. tância dessa parte.
Esses três itens representam o Patrimônio da
Empresa, que é o alvo de estudo da Contabilidade.

7.1 O Ativo e sua Mensuração (Avaliação)

Balanço Patrimonial Contabilidade, porque à sua definição e mensu-


ração (medir) está ligada a multiplicidade de rela-
A empresa deve manter escrituração contá- cionamentos contábeis que envolvem receitas e
bil com base na legislação comercial e com obser- despesas. É crítico o entendimento da verdadeira
vância das Normas Brasileiras de Contabilidade. natureza do ativo, em suas características gerais, a
fim de que possamos entender bem as subclassi-
O balanço patrimonial é uma das demons-
ficações que aparecem em vários tipos de padro-
trações contábeis, que visa a evidenciar, de forma
nização, em vários países. Entre nós, por exemplo,
sintética, a situação patrimonial da empresa e dos
tem-se entendido o grupo pendente, até a pouco
atos e fatos consignados na escrituração contábil.
vigente (antes do advento atual da Lei das Socie-
Essa demonstração deve ser escriturada de dades por Ações), de forma muitas vezes desfi-
acordo com os preceitos da Lei nº 6.404/1976 e gurada, devido a mau entendimento da natureza
segundo os PFCs. geral do ativo. Ativo é ativo, independentemente
de pertencer, por uma ou por outra classificação,
Generalidades a este ou àquele grupo.

É tão importante o estudo do ativo que po-


deríamos dizer que é o capítulo fundamental da

7.2 Algumas Definições de Ativo

Segundo Francisco D’Auria (1958, p. 65), que esse possa operar de modo a conseguir os
a ativo é, finalmente, “o conjunto de meios ou a fins que a entidade entregue à sua direção tem
matéria posta à disposição do administrador para em vista.”

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Essa definição é, de certa forma, restrita, algo representado por um saldo devedor
pois fala em conjunto de meios ou da matéria que é mantido após o encerramento dos
livros contábeis de acordo com as normas
posta à disposição. Pode dar a entender que se
ou os princípios de Contabilidade, na pre-
trata apenas de meios materiais ou tangíveis, dei- missa de que representa ou um direito de
xando de lado elementos tão importantes quan- propriedade ou um valor adquirido, ou
to o goodwill. um gasto realizado que criou um direito.
Além do mais, não projeta exatamente o
que esses meios devem realizar para que possam Uma definição que se chegou, juntamente
ser considerados ativos. Que tipo de serviço está a várias turmas de alunos de Teoria, tanto na USP
implícito em tais meios? Tem, todavia, o mérito de quanto na Pontifícia Universidade Católica de São
pôr em realce, implicitamente, a distinção entre Paulo (PUCSP), é a seguinte: ativos são recursos
donos do capital e gerência. controlados por uma entidade, capazes de gerar,
O professor Eliseu Martins (1972) apresen- mediata ou imediatamente, fluxos de caixa.
ta uma definição interessante que, livremente O termo ‘recursos’ é amplo, incluindo tan-
interpretada, define Ativo como os benefícios fu- gíveis e intangíveis. O fato de serem controlados
turos provocados por um agente. Essa definição por uma entidade é uma dimensão mais moder-
tem a vantagem de deixar bem claro que é o valor na de ativo. Ao controlarmos, podemos ter ou não
dos benefícios que determinará o valor do ativo e a propriedade. Por outro lado, a posse nem sem-
não, propriamente, o agente (que opera, que age), pre é indispensável para caracterizar um ativo.
per si. Entretanto, é muito difícil separar o agente Podemos ter adquirido um ativo e ele estar ainda
dos benefícios que gera. em trânsito, não chegou, fisicamente, em nossa
Segundo Sprouse e Moonitz (apud KRAE- entidade, mas, nem por isso, deixa de ser ativo.
MER, 2000, p. 22), “ativos representam benefícios Finalmente, o teste de um ativo é que, ao
futuros esperados, direitos que foram adquiridos trazer benefícios imediatos ou futuros, transfor-
pela entidade como resultado de alguma transa- mará esses benefícios em entradas líquidas de
ção corrente ou passada.” caixa ou em economia de saídas líquidas de caixa.
Paton (apud IUDÍCIUS, 2010, p. 94) conside- Essa definição e a do Professor Martins nos
ra que “ativo é qualquer contraprestação, material parecem as mais adequadas, segundo o Professor
ou não, possuída por uma empresa específica e Sérgio de Iudícibus (2006).
que tem valor para aquela empresa.”
O comitê de Terminologia do American Saiba mais
Institute of Certified Public Accountants (AICPA), Se você desejar, aprofunde os conteúdos estuda-
em 1941 e em 1953, no Accounting Terminology dos neste capítulo consultando o CPC 0 – Estrutura
Bulletin nº 1, apresentou uma definição casuística Conceitual Básica da Contabilidade.
Fonte: www.cpc.org.br/pdf/pronunciamento_conceitual.
(aceitação passiva de ideias ou de doutrinas) de pdf
ativo da seguinte forma:

7.3 Ativo Circulante

Este grupo de contas é dividido, segundo a ƒƒ Direitos realizáveis no curso do exercí-


Lei nº 6.404/1976, em: cio social subsequente;
ƒƒ Aplicações de recursos em despesas do
ƒƒ Disponibilidades; exercício seguinte.

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A NBC T 3 estabelece a divisão do ATIVO c) NBC T 3: neste subgrupo, classificam-se


CIRCULANTE em: os seguintes valores:
1. Estoque de produtos e mercadorias,
ƒƒ Disponível; matérias-primas e material secun-
ƒƒ Créditos; dário empregado em processo em
ƒƒ Estoques; andamento, material de consumo,
ƒƒ Despesas antecipadas; produtos em trânsito, subprodutos,
ƒƒ Outros valores e bens. resíduos e serviços em andamento;
2. Estoque de imóveis prontos para
venda ou em construção, com pra-
DISPONÍVEIS: são entendidos como dispo-
zo de entrega até 12 meses;
nibilidades de dinheiro em caixa, os saldos mo-
netários em contas de movimento bancário, os 3. Estoque de mercadorias em poder
saldos de contas relativas ao ativo imediatamente de terceiros, para beneficiamento.
liquidável (títulos no mercado aberto) e o nume- DESPESAS ANTECIPADAS: são regis-
rário em trânsito por qualquer motivo. trados, neste subgrupo, os valores das
despesas antecipadas que devem ser
a) NBC T 3: são os recursos financeiros que apropriadas como despesa no decurso
se encontram à disposição imediata da do exercício seguinte (prêmio de segu-
Entidade, compreendendo os meios de ros, despesas financeiras etc.).
pagamento em moeda e em outras es-
A NBC T 3 estabeleceu o título DESPE-
pécies, os depósitos bancários à vista e
SAS ANTECIPADAS por ser mais ade-
os títulos de liquidez imediata.
quado e tecnicamente correto, como a
CRÉDITOS: estes direitos representam,
própria conceituação anterior reconhe-
normalmente, um dos mais importan-
ce.
tes ativos das empresas em geral. São
oriundos de vendas a prazo, de merca-
dorias e serviços a clientes, ou decorrem d) NBC T 3: são as aplicações em gastos
de outras transações que geram valores que tenham realização no curso do pe-
a receber. ríodo subsequente à data do balanço
A Lei nº 6.404/76 não separa as transa- patrimonial.
ções relacionadas às atividades fins das OUTROS VALORES E BENS: a NBC T 3
não relacionadas com as atividades fins estabelece a identificação das transa-
da empresa. A NBC T 3 determina essa
ções reais relacionadas com as ativida-
segregação, classificando as transações
des fins da empresa. Devem ser usadas
não relacionadas com as atividades fins
as mesmas contas já previstas nos gru-
em Outros Valores e Bens.
pos anteriores. São exemplos: Bens Não
b) NBC T 3: são os títulos de crédito, quais- Destinados ao Uso, Imóveis Recebidos
quer valores imobiliários e os outros di- em Garantia para Revenda etc.
reitos.
ESTOQUES: são os valores referentes às e) NBC T 3: são os não relacionados às ati-
existências de produtos acabados, pro- vidades fins da Entidade.
dutos em elaboração, matérias-primas,
mercadorias, materiais de consumo,
serviços em andamento e outros valo-
res relacionados às atividades fins da
Entidade.

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7.4 Ativo Realizável em Longo Prazo

De uma forma geral, são classificáveis no lhe assegurem, de modo permanente, preponde-
Realizável em Longo Prazo contas da mesma na- rância nas deliberações sociais e o poder de eleger a
tureza das do Ativo Circulante, que, todavia, te- maioria dos administradores), diretores, acionistas
nham sua realização certa ou provável após o tér- ou participantes no lucro da empresa, que não
mino do exercício seguinte, o que, normalmente, constituírem negócios usuais na exploração do
significa realização num prazo superior a um ano, objeto da empresa, serão classificados no Ativo
a partir do próprio balanço. Realizável em Longo Prazo.
As despesas apropriáveis após o exercício Em geral, por se constituírem poucas con-
seguinte também são classificadas no Ativo Reali- tas, não há no Ativo Realizável em Longo Prazo
zável em Longo Prazo. uma abertura em subgrupos, como ocorre no Ati-
Os direitos não derivados de vendas e vo Circulante. Esse procedimento pode, todavia,
adiantamentos ou empréstimos a sociedades co- ser adotado no Plano de Contas como uniformi-
ligadas (sociedades que participam com 10%, ou zação de estrutura, porém abreviado quando da
mais, do capital da outra, sem controlá-la, ou par- divulgação das demonstrações contábeis.
ticipação igual ou maior que 10% e igual ou menor NBC T 3: são os ativos referidos nos itens
que 50% do capital total) ou controladas (socieda- a, b, c, d, e anteriores, cujos prazos esperados de
des cuja controladora, diretamente ou por meio de realização situem-se após o término do exercício
outras controladas, é titular de direito de sócios que subsequente à data do balanço patrimonial.

7.5 Ativo Permanente

São incluídos neste grupo todos os bens de ƒƒ Aplicações em incentivos fiscais, após
permanência duradoura, destinados ao funciona- o certificado de investimentos, quando
mento normal da sociedade e do seu empreen- houver intenção de manter esses valo-
dimento, assim como os direitos exercidos com res como investimentos;
essa finalidade.
ƒƒ Aquisição de imóveis, desde que não
O Ativo Permanente é composto de 4 (qua- sejam para revenda ou destinados à
tro) subgrupos: Investimentos, Imobilizado, In- manutenção das atividades da empre-
tangível (novo grupamento) e Diferido.
sa.
NBC T 3: são os bens e direitos não desti-
nados à transformação direta em meios de pa-
gamento e cuja perspectiva de permanência na a) NBC T 3: são as participações em socie-
Entidade ultrapasse um exercício. É constituído dades, além dos bens e direitos que não
pelos seguintes subgrupos: se destinem à manutenção das ativida-
des fins da Entidade.
INVESTIMENTOS: são escrituradas neste IMOBILIZADO: são escriturados neste
subgrupo: subgrupo os direitos que tenham por ob-
jeto bens destinados à manutenção das
atividades operacionais da empresa ou
ƒƒ Participações permanentes em outras
que sejam exercidos com essa finalidade,
empresas;

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abrangendo, inclusive, os de proprieda- DIFERIDO: serão classificadas no Ativo


de industrial ou comercial. Os itens clas- Diferido as aplicações de recursos em
sificados na categoria Ativo Imobilizado despesas, que contribuirão para a for-
incluem bens tangíveis e intangíveis. mação do resultado de mais um exer-
cício social, inclusive os juros pagos ou
creditados aos acionistas durante o pe-
Dicionário
ríodo que anteceder ao início das ope-
Bens tangíveis: aqueles que têm corpo físico, tais rações sociais.
como terrenos, máquinas, veículos, benfeitorias
em propriedades arrendadas, direitos sobre recur-
sos naturais etc. Saiba mais
Bens intangíveis: aqueles cujo valor reside não
em qualquer propriedade física, mas nos direitos Se você desejar, aprofunde os conteúdos estuda-
de propriedade legalmente conferidos aos seus dos neste capítulo consultando o CPC 0 – Estrutura
possuidores, tais como: patentes, direitos autorais, Conceitual Básica da Contabilidade.
marcas etc. Fonte: www.cpc.org.br/pdf/pronunciamento_conceitual.
pdf

Obs.: Também integram o Imobilizado


os recursos aplicados ou já destinados Pela Lei Federal nº 11.638: as despesas
a bens da natureza citada, mesmo que pré-operacionais e os gastos de reestru-
ainda não em operação, mas que se des- turação que contribuirão, efetivamente,
tinem a tal finalidade, tais como constru- para o aumento do resultado de mais
ção e importação em andamento. de um exercício social e que não con-
figurem tão somente uma redução de
b) NBC T 3: são os bens e direitos, tangí- custos ou acréscimos na eficiência ope-
veis e intangíveis, utilizados na conse- racional.
cução das atividades fins da Entidade. Exemplos: gastos de implantação e pré-
INTANGÍVEL: os direitos que tenham -operacionais; pesquisas e desenvolvi-
por objeto bens incorpóreos destina- mento de produtos.
dos à manutenção da companhia ou
exercício com essa finalidade, inclusive c) NBC T 3: são as aplicações de recursos
o fundo de comércio adquirido (Lei Fe- em despesas, que contribuirão para a
deral nº 11.638). formação do resultado de mais de um
exercício social.

7.6 Contas Retificadoras do Ativo

No balanço patrimonial, algumas contas Contas Retificadoras do Ativo Circulante


que apresentam saldo credor devem ser agrupa-
das no ativo, uma vez que representam valores ƒƒ Títulos descontados;
retificativos de elementos que integram os seus ƒƒ Provisão para crédito de liquidação du-
grupos. vidosa;
ƒƒ Provisão para ajuste de estoque ao va-
lor de mercado;

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ƒƒ Provisão para perdas (registrará os valo- Contas Retificadoras do Ativo Permanente


res estimados de perdas de investimen-
tos temporários). ƒƒ INVESTIMENTOS
••
Provisão para perdas prováveis na
Contas Retificadoras do Ativo Realizável em realização de investimentos.
Longo Prazo ƒƒ IMOBILIZADO
•• Depreciação acumulada;
ƒƒ Títulos descontados; •• Exaustão acumulada;
•• Amortizações acumuladas.
ƒƒ Provisão para crédito de liquidação du-
ƒƒ DIFERIDO
vidosa;
•• Amortizações acumuladas.
ƒƒ Provisão para perdas (registrará os valo-
res estimados de perdas de investimen-
tos temporários).

7.7 Dedução do Ativo Permanente

ƒƒ Depreciação acumulada: perda da ração de direitos cujos objetos sejam


capacidade (pelo desgaste ou pela de- recursos minerais ou florestais ou bens
terioração tecnológica) daquele imo- aplicados nessa exploração;
bilizado de produzir eficientemente. ƒƒ Amortização acumulada: corresponde
Obtém-se assim o valor líquido (valor à perda do valor do capital aplicado em
bruto - depreciação acumulada), que ativos intangíveis. Assim, são amortizá-
deverá aproximar-se do valor dos ativos veis os ativos permanentes intangíveis
imobilizados em termos de potencial de duração limitada, ou seja, o Fundo
de benefícios futuros para a empresa. de Comércio (Goodwill), o ponto comer-
O Imposto de Renda fixa taxas de de- cial, os direitos autorais, as patentes e o
preciação anuais. Por exemplo, máqui- direito de exploração.
nas, equipamentos, móveis e utensílios
depreciam-se à base de 10% ao ano; Atenção
veículos e ferramentas, 20% ao ano;
prédios, 4% ao ano; Capital a Integralizar e Prejuízos Acumulados são
contas de natureza devedora, mas devem ser clas-
ƒƒ Exaustão acumulada: corresponde à sificadas no Patrimônio Líquido, pois são contas
perda do valor, decorrente da explo- retificadoras deste.

7.8 Resumo do Capítulo

Neste capítulo, você compreendeu o Ativo e sua avaliação.


Ainda, aprofundou seu aprendizado sobre os conceitos essenciais de Ativos, compreendeu o im-
pacto das contas redutoras do ativo sobre o patrimônio líquido e a formação do resultado, e viu sobre os
conceitos essenciais de Deduções sobre o Ativo Permanente.

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7.9 Atividades Propostas

1. O que a NBC T 3 informa sobre o subgrupo Disponíveis?

2. Como a NBC T 3 classifica o subgrupo de Estoques?

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O PASSIVO E SUA MENSURAÇÃO
8 (AVALIAÇÃO)

A empresa deve manter escrituração contá- sintética, a situação patrimonial da empresa e dos
bil com base na legislação comercial e com obser- atos e fatos consignados na escrituração contábil.
vância das Normas Brasileiras de Contabilidade. Essa demonstração deve ser escriturada de
O balanço patrimonial é uma das demons- acordo com os preceitos da Lei nº 6.404/1976 e
trações contábeis, que visa a evidenciar, de forma segundo os Princípios de Contabilidade.

8.1 Generalidades

Trataremos do passivo como sinônimo de A avaliação recai, usualmente, na natureza


exigibilidades. Fazemos essa ressalva, pois se po- de itens monetários fixos; às vezes, existe cláusu-
deria entender o termo “passivo” em sentido mais la de correção monetária ou variação cambial, de
amplo, de todas as contas com saldo credor inse- qualquer forma, são sempre expressos em moeda
ridas no lado direito do balanço patrimonial. corrente na data dos balanços. Uma diferenciação
poderia ser constituída pelas receitas recebidas
Atenção antecipadamente, as quais nem sempre são itens
monetários.
O problema principal do passivo não reside em
sua avaliação, mas em quando reconhecê-lo e
registrá-lo.

8.2 Definições de Passivo

Hatfield (1927 apud IUDÍCIUS, 2010, p. 98) as- Esta é uma visão nítida de teoria da proprie-
sim definiu exigibilidades: dade (abordagem do Patrimônio Líquido; essa
forma de entender o Patrimônio Líquido facili-
Num sentido restrito, exigibilidades [...] ta a aplicação e a explicação do funcionamento
são subtraendos dos ativos, ou ativos das contas e tem estado em grande evidência,
negativos. Seria lógico, portanto, prepa- principalmente em razão disso), como podemos
rar um balanço no qual as exigibilidades
notar. Já a teoria dos fundos poderia interpretar
totais fossem subtraídas dos ativos totais,
deixando no lado direito do balanço me- os passivos de forma diferente, como reservas ou
ramente os itens que representam a pro- restrições aos ativos, derivantes de considerações
priedade. legais, equitativas (reconhecer o direito de cada
um), econômicas ou gerenciais.

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a entidade continua sendo vista como organismo


Dicionário com vida própria. Nem mesmo o patrimônio líqui-
do pertence aos proprietários, na continuidade,
Teoria dos Fundos: essa forma de entender o Patri-
mônio Líquido considera que o Fundo é o núcleo mas à entidade.
de interesse.
Saiba mais
Por outro lado, a visão da teoria da entida- Se você desejar, aprofunde os conteúdos estuda-
de é outra, isto é, consideram-se as exigibilidades dos neste capítulo consultando o CPC 0 – Estrutura
como reclamos contra a entidade ou, mais especifi- Conceitual Básica da Contabilidade.
Fonte: www.cpc.org.br/pdf/pronunciamento_conceitual.
camente, contra os ativos da entidade. Entretanto, pdf

8.3 Passivo Circulante

Neste grupo, são escrituradas as obrigações da direitos do ativo permanente, quando vencerem no
empresa, inclusive financiamento para aquisição de exercício seguinte.

8.4 Passivo Exigível em Longo Prazo

Neste grupo, são escrituradas as obrigações do ativo permanente. No caso de o ciclo operacio-
da empresa vencíveis após o exercício seguinte, nal da empresa ter duração maior que o do exercí-
inclusive financiamento para aquisição de direitos cio social, a concepção (conceber) terá por base o
prazo desse ciclo.

8.5 Resultado de Exercício Futuros

Este grupo consta no balanço entre o passi- a) NBC T 3: não considerou o grupo Resul-
vo exigível em longo prazo e o patrimônio líqui- tado de Exercícios Futuros, entendendo
do; o seu objetivo é abrigar receitas já recebidas, que tais contas devem ser classificadas
que efetivamente devem ser reconhecidas em no Ativo e Passivo Circulante. A Lei nº
resultados em anos futuros, sendo que já devem 6.404/1976 prevê este grupo e, por con-
estar deduzidas dos custos e despesas corres- sequência, pode ser considerado no
pondentes. Somente deve englobar tais receitas plano contábil das empresas.
menos despesas, ou seja, resultados futuros rece- O mais adequado, todavia, é classificar
bidos ou faturados antecipadamente, mas para tais contas no Ativo e no Passivo Circu-
os quais não haja qualquer tipo de obrigação de lante.
devolução por parte da empresa. Há uma tendência entre os doutrinado-
res da ciência contábil em não conside-
rar este subgrupo do passivo.

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8.6 Patrimônio Líquido

É a diferença entre o valor dos ativos e dos No caso, se houver Passivo a Descoberto
passivos e o resultado de exercícios futuros. É (passivo maior que o ativo), devido à sua excep-
constituído por Capital Social, Reservas de Ca- cionalidade, a empresa deverá alterar a forma ha-
pital, Ajustes de Avaliação Patrimonial (novo bitual da equação patrimonial, apresentando,
agrupamento), Reservas de Lucros, Ajustes em de forma vertical, o Ativo diminuído do Passivo,
Tesouraria e Prejuízos Acumulados (antes previa tendo como resultado o Passivo a Descoberto.
também: reservas de reavaliação e lucros ou pre- Passivo a Descoberto: denominação dada
juízos acumulados). ao Patrimônio Líquido Negativo, quando o Passi-
Obs.: Lucros ou Prejuízos Acumulados são vo Exigível for maior que o Ativo (IUDÍCIBUS; MA-
também resultados obtidos, mas retidos sem fi- RION, 2009).
nalidade específica (quando lucros) ou à espera
de absorção futura (quando prejuízos). Pela Lei nº
11.638/2007, os Lucros Acumulados serão desti-
nados para uma reserva de expansão ou investi-
mentos (reserva de lucros).

ƒƒ Capital Social: representa valores rece-


bidos pela empresa, ou por ela gerados,
e que estão formalmente incorporados
Equação Patrimonial
ao Capital;
ƒƒ Reservas de Capital: representam valo-
res recebidos que não transitaram pelo Ativo = Passivo + Patrimônio Líquido, tam-
bém conhecida como Equação Contábil (IUDÍCI-
seu resultado como receitas;
BUS; MARION, 2009).
ƒƒ Ajustes de Avaliação Patrimonial: foi
criado um novo subgrupo de contas, no
patrimônio líquido, específico para os Equilíbrio Patrimonial
ajustes de avaliação patrimonial, decor-
rentes da avaliação de ativos e passivos Igualdade patrimonial indicada no Balanço
pelo seu valor de mercado; Patrimonial, ou seja, os valores do Ativo devem
ƒƒ Reservas de Lucros: representam lucros ser iguais aos valores do Passivo e Patrimônio Lí-
obtidos pela empresa retidos com fina- quido, porque as aplicações devem ser iguais às
lidade específica. origens (IUDÍCIBUS; MARION, 2009).

8.7 Contas Retificadoras do Passivo

ƒƒ Os custos e despesas relativos a receitas elementos do Patrimônio Líquido;


antecipadas, registradas em conta do ƒƒ A parcela do Capital a Realizar e/ou a In-
grupo Resultado de Exercícios Futuros; tegralizar, que será deduzida do Capital
ƒƒ A que representa os prejuízos acumula- Social.
dos, que serão um valor deduzido dos

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8.8 Resumo do Capítulo

Neste capítulo, você compreendeu o passivo e sua mensuração.


Ainda, aprofundou seu aprendizado sobre os conceitos essenciais de Passivos, compreendeu o pa-
trimônio líquido e a formação do resultado e viu sobre os conceitos essenciais de Patrimônio Líquido.

8.9 Atividades Propostas

1. Identifique as principais diferenças entre Provisão e Reserva.

2. Faça um breve resumo de todas as teorias de Patrimônio Líquido.

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TERMINOLOGIA CONTÁBIL BÁSICA
9 USADA EM CONTABILIDADE

Neste capítulo, você será conduzido(a) a Além dos termos de natureza subtrativa, há
aprender que, na Contabilidade, encontramos aqueles que significam acréscimos, como receita,
diversos termos com significados diferentes, que, ganho, encaixe etc.
muitas vezes, são utilizados de forma inadequa- Vamos descrever os significados desses ter-
da. Por exemplo, podemos encontrar termos mos, sem uma preocupação de esgotar o assunto ou
como: desembolso, dispêndio, gasto, desencaixe, de dar uma conotação de profundidade, pois, nesse
despesa, custo, perda e outros de natureza sub- caso, deveriam ser vistos livros mais específicos.
trativa. Boa leitura!

9.1 Receitas e Ganhos

Receita Ganhos

Representa a entrada de ativos, sob a forma Representam itens não recorrentes (repetiti-
de dinheiro ou direitos a receber, corresponden- vos), que têm o mesmo efeito líquido no patrimô-
te, normalmente, à venda de mercadorias, de pro- nio, mas que podem ou não surgir na atividade
dutos ou à prestação de serviços. Pode também normal de uma empresa, ao passo que a receita
derivar de juros sobre depósitos bancários ou tí- sempre surge de atividades normais. Entretanto,
tulos e de outros ganhos eventuais. como o efeito no patrimônio é o mesmo, não se
Ainda, a receita corresponde, em geral, a excluem os ganhos no tratamento desse item,
vendas de mercadorias ou prestações de servi- embora, às vezes, não estritamente operacionais
ços. Ela aparece (é refletida) no Balanço através (como no caso de uma aplicação financeira, que
de entrada de dinheiro no Caixa (receita à vista) gera receita financeira).
ou entrada em forma de Direitos a Receber e/ou Iudícibus e Marion (2009) comentam que
Duplicatas a Receber (receita a prazo). ganho é: 1) acréscimo no Patrimônio Líquido, in-
A Receita sempre aumenta o Ativo, embo- dependente da atividade operacional da empre-
ra nem todo aumento de Ativo signifique Receita sa; e 2) resultado líquido favorável resultante de
(empréstimos bancários, financiamentos etc. au- transações ou eventos não relacionados às ope-
mentam o Caixa/Bancos – Ativo da empresa e não rações normais do empreendimento.
são Receitas). Ainda, da mesma forma que perda, ganho é
Toda vez que entra dinheiro no Caixa/Banco bastante aleatório. É um lucro que independe da
por meio de receita à vista, recebimentos etc., de- atividade operacional. Exemplos: ganhos monetá-
nominamos essa entrada de Encaixe. rios (ganhos com a inflação), venda de um imobi-
lizado por valor acima de seu custo, recebimento

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de seguro por um bem perdido etc. O ganho au-


Saiba mais
menta o Ativo (consequentemente, o Patrimônio
Líquido). Tanto a perda quanto o ganho refletem Se você desejar, aprofunde os conteúdos estuda-
no Patrimônio Líquido, diminuindo ou aumentan- dos neste capítulo consultando o CPC 0 – Estrutura
Conceitual Básica da Contabilidade.
do o lucro apurado na Demonstração de Resulta-
Fonte: www.cpc.org.br/pdf/pronunciamento_conceitual.
do do Exercício (DRE). pdf

9.2 Despesas e Perdas

De maneira geral, pode-se conceituar Des-


pesa como o sacrifício de ativos realizado em Dicionário
troca da obtenção de Receitas (cujo montante,
Perda: bem ou serviço consumido de forma anor-
espera-se, supere o das despesas). mal e involuntária. Perda é um gasto involuntário,
Iudícibus e Marion (2009) comentam que anormal, extraordinário.

despesa representa a utilização ou consumo de


bens e serviços no processo de produzir receitas. Exemplos: desfalque no caixa, inundações,
O que caracteriza a despesa é o fato de ela tratar greves, incêndio, perda de um veículo em um
de expirações (terminar) de fatores de serviços, di- desastre etc. Na prática, é bastante difícil prever
reta ou indiretamente relacionadas com a produ- uma perda (por ser anormal). Geralmente, a perda
ção ou a venda do produto (serviço) da entidade. reduz o Ativo (consequentemente, o Patrimônio
Líquido).
Atenção Caro(a) aluno(a), informa-nos a esse respei-
to Martins (2003, p. 26):
Despesa é todo consumo de bens ou serviços
para obtenção de receita. É exatamente aqui que
despesa se diferencia de perda, pois, enquanto Perda não se confunde com a despesa
aquela (despesa) representa sacrifícios no senti- (muito menos com o custo), exatamente
do de obter receita, esta (perda) não gera receita. por sua característica de anormalidade e
Despesas são gastos que provocam redução do
involuntariedade; não é um sacrifício fei-
patrimônio.
to com intenção de obtenção de receita.
Exemplos: perdas com incêndios, obsole-
tismo de estoques etc.
Por exemplo, no momento em que é gerada
Cabe aqui ressaltar que inúmeras perdas
a despesa de comissão dos vendedores, há tam- de pequeníssimo valor são, na prática, co-
bém uma receita, ou seja, venda de bens ou ser- mumente consideradas dentro dos cus-
viços resultante do trabalho dos vendedores. Essa tos ou das despesas, sem sua separação;
despesa é normal, previsível, orçável. e isso é permitido devido à irrelevância
do valor envolvido. No caso de montan-
Uma perda com desfalque no caixa não tes apreciáveis, esse tratamento não é
provocou nenhuma receita, só subtração. É um correto.
fato anormal, imprevisível, não foi orçado.

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9.3 Outras Terminologias Usadas

Gasto (ou Dispêndio) Investimento

É o termo genérico que pode representar Gasto ativado em função de sua vida útil ou
tanto um custo quanto uma despesa. É todo sa- de benefícios atribuíveis a futuro(s) período(s).
crifício para aquisição de um bem ou serviço, com
pagamento no ato (desembolso) ou no futuro Custo
(cria uma dívida). Assim, a empresa tem gasto na
compra de Imobilizado, na compra de matéria-
-prima, na produção etc. Num primeiro estágio, Quando a matéria-prima é adquirida, de-
todo sacrifício para aquisição de bem ou serviço é nominamos esse primeiro estágio de Gasto; em
um gasto (é um conceito consideravelmente am- seguida, ela foi estocada no Ativo (ativada); no
plo). Portanto, no momento em que a empresa instante em que a matéria-prima entra na pro-
adquire um bem ou um serviço, defrontamo-nos dução (produção em andamento), associando-se
com um gasto. a outros gastos de fabricação, reconhecemos (a
matéria-prima + outros gastos) como Custo.
Portanto, todos os gastos no processo de
Desembolso
industrialização, que contribuem com a transfor-
mação da matéria-prima (fabricação), entende-
É todo dinheiro que sai do Caixa (disponí- mos como custo: mão de obra, energia elétrica,
vel) para um pagamento. Podemos também uti- desgaste das máquinas utilizadas para a produ-
lizar o termo Desencaixe como sinônimo de de- ção, embalagens etc. Assim, numa indústria, iden-
sembolso. tificamos como custo todo gasto de dentro da
Na verdade, mais cedo ou mais tarde, o fábrica, seja ele matéria-prima, mão de obra, des-
gasto será um desembolso. Todavia, nem todo gaste de máquina, aluguel da fábrica, imposto
desembolso é um gasto. Por exemplo: amortiza- predial da fábrica, pintura da fábrica etc.
ção ou quitação de empréstimo bancário é um Eliseu Martins (2003) comenta em seu
desembolso, mas não é um gasto. livro que custos são gastos relacionados com a
transformação de ativos.

9.4 Resumo do Capítulo

Neste capítulo, você viu outras terminologias e os conceitos de Receitas, Despesas, Ganhos e Perdas.
Ainda, aprofundou seu aprendizado sobre os diversos termos com significados diferentes, como:
desembolso, dispêndio, gasto, desencaixe, despesa, custo, perda e outros de natureza subtrativa.

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9.5 Atividades Propostas

1. O que você entende por Receita e Ganho?

2. O que você entende por Despesas e Perdas?

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10 PATRIMÔNIO E RESULTADO

10.1 Relatórios Contábeis

Os relatórios contábeis significam os produ- Aqui, existe uma preocupação em mostrar


tos finais da contabilidade. aspectos diferenciados entre a Lei das Sociedades
A preocupação desta parte é mostrar como Anônimas e as Normas do CFC.
a Teoria da Contabilidade influencia na confecção
desses relatórios.

10.2 O Balanço Patrimonial

O Balanço Patrimonial é a peça contábil que de modo a facilitar o conhecimento e a análise da


retrata a posição das contas de uma entidade situação financeira da companhia.
após todos os lançamentos das operações de um
período terem sido feitos, após todos os provi- Hierarquia
sionamentos (depreciação, devedores duvidosos
etc.) e ajustes, bem como após o encerramento
das contas de Receitas e Despesas também ter O Balanço Patrimonial é a mais importante
sido executado. demonstração contábil de “posição” das contas
num determinado momento. Imagine a estrutu-
De acordo com art. 178 (Lei das S.A.), no ba-
ra e hierarquia do sistema contábil de informação
lanço, as contas serão classificadas segundo os ele-
mais ou menos dessa forma simplificada:
mentos do patrimônio que registrem e agrupadas

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Os PFCs representam a cúpula de todo o Os Fluxos


edifício contábil, principalmente da Contabilida-
de Financeira. Os Relatórios de Fluxos descrevem o que
O Processamento e os Ajustes correspon- aconteceu em determinadas contas durante o
dem à fase de acumulação sistemática dos re- período. Assim, tem-se Relatório de Receitas e
gistros de operações, bem como dos ajustes de Despesas (nossa Demonstração de Resultados),
final de exercício (incluindo os encerramentos de que retrata a movimentação, no período, de re-
receitas e despesas). ceitas e despesas, pelo Regime de Competência.
Outro relatório de fluxos importante é a Demons-
Principal Relatório tração de Fluxo de Caixa (em substituição às De-
monstrações de Origens e Aplicações de Recur-
sos), entendida aqui a palavra “Recursos” como
Os Relatórios de Posição representam a po-
Capital de Giro Líquido, mas, na verdade, poden-
sição da entidade num determinado momento,
do vir a ter várias conotações.
no que se refere a suas principais contas. O Balan-
ço Patrimonial é o principal deles. Podem-se ter, Os relatórios de Comparação e de Exceção
todavia, detalhamentos de grupos do Balanço, (ou de situações especiais) já pertencem mais ao
como Bancos, Valores a Receber, Imobilizados etc. campo da Contabilidade Gerencial e não serão
tratados aqui.

10.3 Poder Preditivo do Balanço Patrimonial

Inferência (indução, conclusão) em Curto Prazo) com o Circulante Ativo


(Realizável em Curto Prazo) etc.;
Obs.: Preditivo é um adjetivo formado a par- ƒƒ Se as contas tiverem sido avaliadas e
tir de predizer (dizer antes, anunciar com antece- colocadas em termos de poder aquisiti-
dência, prognosticar); é aquele em que se afirma vo da data do Balanço ou estiverem ex-
algo antecipadamente. pressas em algum tipo de moeda forte
Embora o Balanço represente uma situação ou a custos de reposição etc., o Balanço
aparentemente estática, informando, portanto, pode ser uma indicação inicial de quan-
sobre o passado e o presente, principalmente, ele, to um investidor deveria investir, apro-
como todas as peças contábeis, apresenta um po- ximadamente, para ter uma empresa
der informativo de natureza preditiva, na me- equivalente.
dida em que os usuários, sabedores do cuidado e
do zelo com que foi elaborado o Balanço, podem É evidente que as avaliações e comparações
inferir, com alguns ajustes pessoais adicionais, as anteriores e outras ficam fortalecidas à medida
seguintes dimensões básicas, importantes para a que se dispõe de Balanços para mais de um pe-
tomada de decisões visando ao futuro: ríodo, de Balanços de empresas concorrentes etc.
O poder preditivo geral do Balanço Patri-
ƒƒ Posição de liquidez e endividamento; monial, entretanto, consiste em dar uma razoável
ƒƒ A representatividade dos principais gru- dose de confiança de que, se os eventos retrata-
pos patrimoniais, como, por exemplo, o dos se repetirem, os resultados serão equivalen-
Imobilizado comparado com o Patrimô- tes, no futuro.
nio Líquido, o Circulante Passivo (Exigível

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Passado e Futuro fazer as estimativas necessárias para ajustar o Ba-


lanço às mudanças nas expectativas e transações.
Assim, o Balanço é uma sombra do passado Também, não se pode esquecer que o próprio
que se projeta para o futuro. Os analistas deverão Balanço já incorpora estimativas, como deprecia-
ções, provisionamentos etc.

10.4 Uma Estrutura de Balanços não Usada entre Nós

O Balanço Patrimonial não dispensa uma O lado esquerdo do Balanço tem sido, tra-
boa estruturação das principais categorias de ati- dicionalmente, o lado do ativo. Uma estruturação
vos e passivos, bem como, residualmente, do pa- que se poderia considerar seria (bastante típica
trimônio líquido, que o compõem. de Balanços Europeus):

ATIVO PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO


Ativo Não Corrente Passivo Exigível em Longo Prazo
Imobilizações Técnicas Passivo Exigível em Curto Prazo
Imobilizações Financeiras Patrimônio Líquido
Diferidos Capital
Realizável em Longo Prazo Reservas de Lucros
Lucros Acumulados
Ativo Corrente
Estoques
Recebíveis
Disponibilidades

Liquidez Crescente O essencial é que os subgrupos represen-


tem com adequação as contas componentes.
A razão pela qual se pode preferir ordem cres-
cente de liquidez é, exatamente, mostrar os ativos Ciclo Operacional
na ordem crescente de seu equivalente de caixa,
que é, como visto, o ativo por excelência e contra o
As definições de curto e longo prazo pre-
qual todos os demais devem ser referenciados.
cisariam ser cuidadosamente revistas. Talvez a
Ao mesmo tempo, tem-se que verificar pri- adoção do ciclo operacional da empresa, como
meiro, principalmente nas empresas de porte, divisor, pudesse ser um critério mais interessante.
manufatureiras, a estrutura permanente de fun- Entretanto, por razões de comparabilidade entre
cionamento e manutenção das atividades da em- empresas, tem sido mais utilizado um critério de
presa. tempo.
Entretanto, a ordem inversa também tem No que se refere a certos valores a receber
suas vantagens. e a pagar, como já visto, defende-se seu cálculo a
valor presente.

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O Balanço Patrimonial é o herdeiro das o descendente direto do Inventário e como in-


primeiras manifestações da existência da Conta- ventário patrimonial geral aperfeiçoado deve ser
bilidade, antes mesmo das partidas dobradas. É considerado.

10.5 As Normas Brasileiras de Contabilidade e o Balanço Patrimonial

O CFC dedicou a NBC T 3 ao tratamento e es- demonstrações contábeis e NBC T 3.2 trata, espe-
truturação das Demonstrações Contábeis, em ge- cificamente, do Balanço Patrimonial; serão tecidos
ral. A NBC T 3.1 trata de Disposições Gerais sobre alguns comentários a respeito.

10.6 Cfc e Lei das S.A.

Os conceitos e definições expedidos estão denciar, quantitativa (qtde) e qualitativamente


em linha, de maneira geral, com os da Lei das So- (qualidade), numa determinada data, a posição
ciedades por Ações. Entretanto, adicionalmente a patrimonial e financeira da Entidade [...].” (Resolu-
esta, a NBC T 3.2 conceitua Balanço Patrimonial ção CFC nº 1.049/2005).
como “a demonstração contábil destinada a evi-

10.7 Passivo Descoberto

Em seguida, define o conteúdo e a estrutura não é encontrada na Lei das S.A. e, de fato, é prefe-
do Balanço Patrimonial, ressaltando que, na hipó- rível Passivo a Descoberto a Patrimônio Líquido
tese de o passivo superar o ativo, a diferença deno- Negativo.
mina-se “Passivo a Descoberto”. Essa denominação

10.8 Algumas Diferenças

Enquanto a Lei das S.A. define, por exemplo, Por outro lado, mantém a noção de prazo,
de forma global o que deve conter o Ativo Circu- no sentido de que os prazos de realização dos di-
lante, a redação dada pela NBC T 3.2 prefere de- reitos e os prazos das obrigações, estabelecidos
finir de maneira geral que tipos de direitos e obri- ou esperados, situem-se após o término do exer-
gações devem constar em grupos do circulante. cício subsequente à data do balanço patrimonial
Quando desce ao detalhe de definir a composição (com exceção, da mesma forma que na Lei das
do Ativo Circulante, chamando-o simplesmente S.A., do caso em que o ciclo operacional tiver du-
de Circulante, define separadamente Disponível, ração maior que o exercício social, em que a clas-
Créditos, Estoques, Despesas Antecipadas e Ou- sificação em Circulante em Longo Prazo terá por
tros Valores e Bens. base o prazo desse Ciclo).

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10.9 Resultado de Exercícios Futuros

A NBC T 3.2 não faz menção, como grupo de exercícios futuros, na legislação, serão
específico, a Resultados de Exercícios Futuros (art. demonstrados com a dedução dos valo-
res ativos a eles vinculados como direitos
181 da Lei das S.A.), a não ser no item genérico
ou obrigações, dentro do respectivo gru-
3.2.2.7, em que se afirma: po do ativo e passivo.

que os valores recebidos como receitas


antecipadas por conta de produtos ou Uma redação algo complexa, como se pode
serviços a serem concluídos em exercícios observar, e fora do que genericamente se enten-
futuros, denominados como resultados de por Resultados de Exercícios Futuros.

10.10 Resultados de Exercícios Futuros versus Exigível

Pela Lei das S.A., qualquer obrigação fica no De resto, na definição dos grupos de Ativo,
Passivo Circulante ou Exigível em Longo Prazo. Passivo e Patrimônio Líquido, segue a NBC T 3.2,
Assim, valores recebidos por conta de mercado- basicamente, os conceitos da lei comercial, sen-
rias ou serviços a entregar ficam nesse Passivo e do essa última, todavia, muito mais detalhada na
não nos Resultados de Exercícios Futuros. Nestes, composição do Patrimônio Líquido.
só podem ficar valores recebidos que não sejam Por outro lado, a lei trata também dos crité-
ainda receitas pelo regime de competência, mas rios de avaliação do Ativo, Passivo e da Correção
que não impliquem Exigibilidades, como no caso Monetária, ao passo que o CFC dedica uma NBC
de aluguel recebido adiantado e absolutamente (a T 4) à Avaliação Patrimonial, especialmente, a
não restituível ou então no caso de receitas de ta- ser comentada em outro item.
xas de abertura de crédito que são apropriadas ao
longo do contrato e que não são devolvíveis.

10.11 As Normas Brasileiras de Contabilidade (as Nbcs)

NBC T 3 – Conceito, Conteúdo, Estrutura e seus recursos (fluxo de caixa) e das mutações do
Nomenclatura das Demonstrações Contábeis seu patrimônio líquido num determinado período.

Esta norma estabelece os conceitos e regras NBC T 3.2 – Do Balanço Patrimonial


sobre o conteúdo, a estrutura e a nomenclatura
das demonstrações contábeis de natureza geral. 3.2.1 – Conceito
A norma estabelece o conjunto das de- 3.2.1.1. O balanço patrimonial é a demons-
tração contábil destinada a evidenciar,
monstrações capaz de propiciar aos usuários um quantitativa e qualitativamente, numa
grau de revelação suficiente para o entendimento determinada data, a posição patrimonial e
da situação patrimonial e financeira da Entidade, financeira da Entidade.
do resultado apurado, das origens e aplicações de 3.2.2 – Conteúdo e Estrutura

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3.2.2.1. O balanço patrimonial é constituí- ou obrigações, dentro do respectivo gru-


do pelo Ativo, pelo Passivo e pelo Patri- po do ativo ou do passivo.
mônio Líquido. 3.2.2.8. Os saldos devedores e credores
a) O Ativo compreende as aplicações de serão demonstrados separadamente, sal-
recursos representadas por bens e direi- vo nos casos em que a Entidade tiver di-
tos; reito ou obrigação de compensá-los.
b) O Passivo compreende as origens de 3.2.2.9. Os elementos da mesma natureza
recursos representadas por obrigações; e os pequenos saldos serão agrupados,
c) O Patrimônio Líquido compreende os desde que seja indicada a sua natureza e
recursos próprios da Entidade, ou seja, a nunca ultrapassem, no total, um décimo
diferença a maior do ativo sobre o pas- do valor do respectivo grupo de contas,
sivo. Na hipótese do passivo superar o sendo dedada a utilização de títulos ge-
ativo, a diferença denomina-se ‘Passivo a néricos como “diversas contas” ou “con-
Descoberto’. Portanto, o valor do PL, pode tas-correntes”.
ser positivo, nulo ou negativo. 3.2.2.10. As contas que compõem o ativo
3.2.2.2. As contas do ativo são dispostas devem ser agrupadas, segundo sua ex-
em ordem crescente dos prazos espera- pressão qualitativa, em:
dos de realização, e as contas do passivo I. Circulante
são dispostas em ordem crescente dos O Circulante compõe-se de:
prazos de exigibilidade, estabelecidos ou a) Disponível
esperados, observando-se iguais proce-
dimentos para os grupos e subgrupos. São os recursos financeiros que se encon-
tram à disposição imediata da Entidade,
3.2.2.3. Os direitos e as obrigações são compreendendo os meios de pagamen-
classificados em grupos do Circulan- tos e em outras espécies, os depósitos
te, desde que os prazos esperados de bancários à vista e os títulos de liquidez
realização dos direitos e os prazos das imediata.
obrigações, estabelecidos ou esperados,
situem-se no curso do exercício subse- b) Créditos
qüente à data do balanço patrimonial. São os títulos de crédito, quaisquer valo-
3.2.2.4. Os direitos e as obrigações são res mobiliários e outros direitos.
classificados, respectivamente, em gru- c) Estoques
pos de Realizável e Exigível a Longo Pra- São os valores referentes às existências
zo, desde que os prazos esperados de de produtos acabados, produtos em ela-
realização dos direitos e os prazos das boração, matérias-primas, mercadorias,
obrigações estabelecidas ou esperados, materiais de consumo, serviços em anda-
situem-se após o término do exercício mento e outros valores relacionados às
subseqüente à data do balanço patrimo- atividades-fins da Entidade.
nial. d) Despesas Antecipadas
3.2.2.5. Na Entidade em que o ciclo ope- São aplicações em gastos que tenham
racional tiver duração maior que o exercí- realização no curso do período subse-
cio social, a classificação no Circulante ou qüente à data do balanço patrimonial.
Longo Prazo terá por base o prazo desse e) Outros Valores e Bens
ciclo. São os não relacionados às atividades –
3.2.2.6. Os saldos devedores ou credores fins da Entidade.
de todas as contas retificadoras deverão II. Realizável a Longo Prazo
ser apresentados como valores redutores
São os ativos referidos nos itens I. b, c, d,
das contas ou grupo de contas que lhes
e anteriores, cujos prazos esperados de
deram origem.
realização situem-se após o término do
3.2.2.7. Os valores recebidos como recei- exercício subseqüente à data do balanço
tas antecipadas por conta de produtos ou
patrimonial.
serviços a serem concluídos em exercícios
futuros, denominados como resultados III. Permanente
de exercícios futuros, na legislação, serão São os bens e direitos não destinados à
demonstrados com a dedução dos valo- transformação direta em meios de paga-
res ativos a eles vinculados, como direitos mento e cuja perspectiva de permanência

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da Entidade ultrapasse um exercício. É cons- Obs.: Pela Lei nº 11.638, de 28/12/2007, no


tituído pelos seguintes subgrupos: Patrimônio Líquido, portanto, as contas represen-
a) Investimentos tativas dos capitais próprios são classificadas da
São as participações em sociedades além seguinte maneira:
dos bens e direitos que não se destinem
à manutenção das atividades - fins da En-
tidade. a) Capital Social: subgrupo composto
b) Imobilizado pela conta Capital, que representa os
São os bens e direitos, tangíveis, utiliza- valores investidos na empresa pelos
dos na consecução das atividades – fins titulares, e pela conta Capital a reali-
da Entidade. zar (ou Titular conta Capital a Realizar;
c) Intangível Quotistas conta Capital a Realizar; Acio-
São os direitos que tenham por objeto nistas conta Capital a Realizar etc.), que
bens incorpóreos destinados à manuten-
ção da companhia ou exercidos com essa
representa a parcela do capital já subs-
finalidade, inclusive o fundo de comércio crita pelos sócios, porém ainda não
adquirido. realizada. Poderão figurar, ainda, nesse
d) Diferido subgrupo, as contas que representam
São as aplicações de recursos em despe- o montante do capital autorizado, bem
sas que contribuirão para a formação do como da parcela desse capital ainda
resultado de mais de um exercício social.
não subscrita;
3.2.2.11. As contas que compõem o pas-
sivo devem ser agrupadas, segundo sua b) Reservas de Capital: subgrupo de con-
expressão qualitativa, em: tas representativas de algumas receitas
I. Circulante que, por força do § 1º do art. 182 da
São as obrigações conhecidas e os encar- Lei nº 6.404/1976, não devem transitar
gos estimados, cujos prazos estabeleci- pelo resultado do exercício, como é o
dos ou esperados situem-se no curso do caso das receitas decorrentes de ágio
exercício subseqüente à data do balanço
na emissão de ações e na alienação de
patrimonial.
partes beneficiárias ou de bônus de
II. Exigível a Longo Prazo
subscrição;
São as obrigações conhecidas e os en-
cargos estimados, cujos prazos estabe- c) Ajustes de Avaliação Patrimonial: se-
lecidos ou esperados situem-se após o rão classificadas como ajustes de ava-
término do exercício subseqüente à data
do balanço patrimonial.
liação patrimonial, enquanto não com-
3.2.2.12. As contas que compõem o Pa-
putadas no resultado do exercício, em
trimônio Líquido devem ser agrupadas, obediência ao regime de competência,
segundo sua expressão qualitativa, em: as contrapartidas de aumentos ou dimi-
I. Capital nuições de valor atribuído a elementos
São os valores apontados pelos proprie- do ativo (§ 5º do art. 177, inciso I, do ca-
tários e os decorrentes de incorporação put do art. 183 e § 3º do art. 226 des-
de reservas e lucros.
ta Lei) e do passivo, em decorrência da
II. Reservas
avaliação a preço de mercado (§ 3º do
São os valores decorrentes de retenções
de lucros, de reavaliação de ativos e de
art. 182 da Lei nº 6.404/1976);
outras circunstâncias. d) Reservas de Lucros: subgrupo compos-
III. Lucros ou Prejuízos Acumulados to pelas contas representativas das Re-
São os lucros retidos ou ainda não desti- servas constituídas com parte dos lucros
nados e os prejuízos ainda não compen- apurados pela empresa em decorrência
sados, estes apresentados como parcela
redutora do Patrimônio Líquido. (CFC, de Lei ou da vontade do proprietário,
1990). dos sócios ou dos administradores;

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e) Ações em Tesouraria: correspondem a f) Prejuízos Acumulados: compreendem


ações da própria empresa, adquiridas os prejuízos apurados pela empresa no
por ela mesma; exercício atual ou em exercícios ante-
riores, até que sejam compensados ou
assumidos pelos sócios.

10.12 Resumo do Capítulo

Neste capítulo, você viu os conceitos de Patrimônio e resultados.


Ainda, aprofundou seu aprendizado sobre os grupos e subgrupos do Passivo e Patrimônio Líquido.

10.13 Atividades Propostas

1. O que retrata o Balanço Patrimonial?

2. O que é Passivo a Descoberto? Qual pode ser o futuro da entidade que está nessa situação?

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RESPOSTAS COMENTADAS DAS
ATIVIDADES PROPOSTAS

CAPÍTULO 1

1. A primeira literatura contábil relevante foi do Frei Luca Pacioli, em 1494, consolidando o mé-
todo das partidas dobradas, expressando a causa e o efeito do fenômeno patrimonial com
os termos ‘débito’ e ‘crédito’ (esse método já era conhecido antes de Pacioli; era praticado no
século XIII). A obra de Pacioli pode muito bem ser vista como início do pensamento científico
da Contabilidade.

2. A Escola Europeia predominou em todo o mundo durante séculos. O expressivo crescimento e


a influência da economia americana nas economias dos outros países, por volta do século XIV,
quebraram sua hegemonia, surgindo a Escola Norte-Americana, que teve seu início voltado
para o tratamento prático das questões econômico-administrativas da Contabilidade.

CAPÍTULO 2

1. A tarefa básica do contador é produzir e/ou gerenciar informações úteis aos usuários da Conta-
bilidade para a tomada de decisões.

2. A contabilidade geral é necessária a todas as empresas. Fornece informações básicas aos seus
usuários externos e é obrigatória, conforme legislação comercial. A contabilidade de custos
está voltada para o cálculo, interpretação e controle dos custos dos bens fabricados ou co-
mercializados ou dos serviços prestados pela empresa. A contabilidade gerencial, voltada para
fins internos, procura suprir os gestores de um elenco maior de informações, exclusivamente
para a tomada de decisões. Diferencia-se dos tipos de Contabilidades já abordados, pois não se
prende aos princípios Contábeis. O profissional que exerce a Contabilidade gerencial também
é conhecido como Controller.

CAPÍTULO 3

1. A contabilidade é mantida para quem precisa dela, seja pessoa física, seja pessoa jurídica. Des-
de que haja volume considerável de negócios, justifica-se a necessidade da contabilidade.
Dessa forma, dever-se-ia fazer a contabilidade para pessoa física, sendo tratada, a partir desse
momento, como entidade contábil.

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2. A finalidade é atender às necessidades dos usuários da contabilidade, que dela necessitam


para conhecer a saúde da empresa. Sem ela, não se pode decidir nada. Daí a importância da
finalidade do contador e da contabilidade.

CAPÍTULO 4

1. Uma das formas de avaliar a qualidade da informação contábil e, portanto, sua utilidade (be-
nefício), quando comparada ao custo, é analisar algumas qualidades ou características que
deve possuir, tais como: compreensibilidade, relevância, confiabilidade e comparabilidade.

2. São fundamentais a mensuração e a evidenciação dos efeitos financeiros de transações seme-


lhantes e outros eventos que precisam ser efetuados de forma consistente por uma entidade
através do tempo e também por diferentes entidades ao mesmo tempo.

Capítulo 5

1. Poderíamos dizer que o Balanço Social está no contexto da Contabilidade Social. A Contabilida-
de Social envolve aspectos econômicos e sociais de um país. Alguns denominam essa Conta-
bilidade de Contabilidade Nacional, já que ela envolve a renda nacional, balanço de pagamen-
tos etc. De maneira geral, quando tratamos do Balanço Social da empresa, de uma unidade
individualizada, podemos dizer que se trata de um campo da Contabilidade. Todavia, quando
tratamos o Balanço Social no âmbito geral da economia (seja regional, municipal, estadual ou
nacional), considerando a soma dos ramos de atividades, a renda nacional, podemos dizer que
se trata de um campo da Economia e não da Contabilidade. A Contabilidade Ambiental se
preocupa com a proteção do meio ambiente. Em função de os recursos naturais se tornarem
cada vez mais escassos, um número crescente de empresas participa de um desenvolvimento
sustentável, de gerenciamento ambiental para redução de custos operacionais, de cuidados
para reduzir o risco de poluição acidental ou insidiosa (traiçoeiro, pérfido, falso) etc. A Contabili-
dade Financeira, quando aplicada à avaliação e mensuração das informações relativas ao meio
ambiente, é denominada Contabilidade Ambiental ou Ecológica. De maneira geral, a Contabili-
dade Ambiental destaca os custos ambientais nas despesas gerais (proporcionando uma análi-
se financeira em relação à preservação do meio ambiente), evidencia no Ativo os investimentos
nessa área, cria provisão para os riscos ambientais no Passivo etc.

2. Não há diferença entre os dois termos; eles têm o mesmo significado. Elas são o conjunto
de informações que devem ser obrigatoriamente divulgadas anualmente, segundo a Lei nº
6.404/1976, pela administração de uma sociedade por ações e representam a sua prestação de
contas para os sócios e acionistas.

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Teoria da Contabilidade

CAPÍTULO 6

1. Os pilares da contabilidade são a Entidade e a Continuidade. São dois princípios contábeis,


que, na verdade, podemos até classificar como Postulados. Sem eles não há contabilidade. O
princípio da Entidade é o que reconhece o Patrimônio como objeto da contabilidade, reco-
nhece esta ou aquela pessoa, instituição etc. como possuidora do patrimônio. O princípio da
Continuidade, como o nome revela, entende que há contabilidade até enquanto a entidade
existe, podendo ainda haver contabilidade antes da entidade, que é o que aparece no balanço
classificado como Ativo Diferido.

2. A emissão de pronunciamentos sobre Princípios de Contabilidade para orientação dos conta-


dores no exercício da sua profissão teve início nos Estados Unidos, na década de 1930, após a
quebra da Bolsa de Nova Iorque. Desde então, houve uma maior preocupação com a uniformi-
zação de princípios que pudessem dar embasamento às normas e regras contábeis.

CAPÍTULO 7

1. São os recursos financeiros que se encontram à disposição imediata da Entidade, compreen-


dendo os meios de pagamento em moeda e em outras espécies, os depósitos bancários à vista
e os títulos de liquidez imediata.

2. Neste subgrupo, classificam-se os seguintes valores:


ƒƒ Estoque de produtos e mercadorias, matérias-primas e material secundário empregado
em processo em andamento, material de consumo, produtos em trânsito, subprodutos,
resíduos e serviços em andamento;
ƒƒ Estoque de imóveis prontos para venda ou em construção, com prazo de entrega até 12
meses;
ƒƒ Estoque de mercadorias em poder de terceiros, para beneficiamento.

CAPÍTULO 8

1. Algumas exigibilidades somente podem ser mensuradas se utilizar um grau substancial de es-
timativa. São as provisões. Já a criação de Reservas é, às vezes, requerida por disposição estatu-
tária ou legal, a fim de dar à entidade e a seus credores uma medida adicional de proteção com
relação ao efeito de possíveis perdas.

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2. Num sentido restrito, exigibilidades são subtraendos dos ativos ou ativos negativos. Seria lógi-
co, portanto, preparar um balanço no qual as exigibilidades totais fossem subtraídas dos ativos
totais, deixando no lado direito do balanço meramente os itens que representam a proprieda-
de. Esta é uma visão nítida de teoria da propriedade (abordagem do Patrimônio Líquido; essa
forma de entender o Patrimônio Líquido facilita a aplicação e a explicação do funcionamento
das contas e tem estado em grande evidência, principalmente em razão disso), como pode-
mos notar. Já a teoria dos fundos poderia interpretar os passivos de forma diferente, como re-
servas ou restrições aos ativos, derivantes de considerações legais, equitativas (reconhecer o
direito de cada um), econômicas ou gerenciais. Por outro lado, a visão da teoria da entidade é
outra, isto é, consideram-se as exigibilidades como reclamos contra a entidade ou, mais espe-
cificamente, contra os ativos da entidade. Entretanto, a entidade continua sendo vista como
organismo com vida própria. Nem mesmo o patrimônio líquido pertence aos proprietários, na
continuidade, mas à entidade.

CAPÍTULO 9

1. A receita corresponde, em geral, a vendas de mercadorias ou prestações de serviços. Ela apare-


ce (é refletida) no Balanço através de entrada de dinheiro no Caixa (Receita à Vista) ou entrada
em forma de Direitos a Receber (Receita a Prazo). Já ganho é bastante aleatório. É um lucro que
independe das atividades operacionais da empresa. Exemplo: recebimento de seguro por um
bem perdido.

2. Despesa é todo consumo de bens ou serviços para obtenção de receita. Ainda, despesas são
gastos que provocam redução do patrimônio. Perdas são gastos involuntários, anormais, ex-
traordinários. Exemplos: desfalque no caixa, inundações, incêndio etc. Na prática, é bastante
difícil prever uma perda (por ser anormal). Geralmente, a perda reduz o Ativo e, consequente-
mente, o Patrimônio Líquido.

CAPÍTULO 10

1. O Balanço Patrimonial é a peça contábil que retrata a posição das contas de uma entidade,
após todos os lançamentos das operações de um período terem sido feitos, após todos os pro-
visionamentos (depreciação, devedores duvidosos etc.) e ajustes, bem como após o encerra-
mento das contas de Receitas e Despesas também ter sido executado. De acordo com art. 178
(Lei das S.A.), no balanço, as contas serão classificadas segundo os elementos do patrimônio
que registrem e agrupadas de modo a facilitar o conhecimento e a análise da situação finan-
ceira da companhia.

2. Em seguida, define o conteúdo e a estrutura do Balanço Patrimonial, ressaltando que, na hi-


pótese de o passivo superar o ativo, a diferença denomina-se “Passivo a Descoberto”. Essa de-
nominação não é encontrada na Lei das S.A. e, de fato, é preferível Passivo a Descoberto a
Patrimônio Líquido Negativo, ou seja, a Empresa, no futuro, pode não ter riqueza, ou seja,
seus bens + direitos não são suficientes para pagar suas obrigações. A situação seria péssima.

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REFERÊNCIAS

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