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A INSTITUCIONALIZAÇÃO DA TEORIA INSTITUCIONAL(*)

Pamela S. Tolbert e Lynne G. Zucker

Desde a publicação do clássico artigo de Meyer e Rowan (1977), proliferaram análises


organizacionais baseadas em uma perspectiva institucional. Trabalhos sob a bandeira da
teoria institucional têm investigado uma vasta gama de fenômenos, desde a expansão de
políticas de pessoal específicas (Tolbert e Zucker, 1983; Baron et al, 1986; Edelman, 1992) à
redefinição elementar de missões e formas organizacionais (DiMaggio, 1991; Fligstein,
1985), passando pelo desenvolvimento de políticas nacionais e internacionais por
organizações governamentais (Strang, 1990; Zhou, 1993). No entanto, ironicamente, a
abordagem institucional ainda há que tornar-se institucionalizada. Há pouco consenso sobre a
definição de conceitos-chave, mensurações ou métodos no âmbito desta tradição teórica. Ao
contrário da ecologia populacional, com suas medidas padronizadas de densidade, a teoria
institucional ainda não desenvolveu um conjunto central de variáveis-padrão, não tem uma
metodologia-padrão de pesquisa e tampouco um conjunto de métodos. Os estudos têm se
baseado em uma variedade de técnicas que incluem estudos de caso, regressão cruzada,
modelos longitudinais de vários tipos, entre outras (veja também Davies e Powell, 1992; Scott
e Meyer, 1994). Nossa revisão da literatura sugere uma importante origem para esta variedade
de abordagens: a despeito do considerável corpo de trabalhos condensando parte desta
tradição, tem-se dado uma surpreendente pouca atenção à conceitualização e à especificação
dos processos de institucionalização ( a respeito, ver DiMaggio, 1991; Strang e Meyer, 1993;
e Rura e Miner, 1994, com relatos de progressos recentes nesta direção).

Conforme notado no trabalho anterior de Zucker (1977), que se concentrava nas


conseqüências de níveis de institucionalização diferenciados, a institucionalização aparece
tanto como processo quanto como uma variável-atributo. Isso se deve, talvez, por seu trabalho
ter sido baseado em uma amostra de pequenos grupos, muito embora, na maioria das análises
organizacionais, não tenha sido utilizada uma abordagem para a institucionalização baseada
em processo. Pelo contrário, a institucionalização é quase sempre tratada como um estado
qualitativo: ou as estruturas são institucionalizadas ou não o são. Conseqüentemente,
negligenciam-se importantes questões sobre os fatores determinantes das variações nos níveis
de institucionalização, e sobre como tais variações podem afetar o grau de similaridade entre
conjuntos de organizações.

Neste capítulo, abordamos estas questões oferecendo uma especificação teórica dos processos
de institucionalização. Começamos apresentando um breve panorama histórico da pesquisa e
da teorização sociológica em organizações em meados da década de 70. Esta visão geral
pretende não só esclarecer as ligações entre a teoria institucional e a precedente tradição
sociológica sobre estrutura organizacional como também contextualizar a compreensão a
respeito da aceitação, por parte dos estudiosos de organizações, do quadro explanatório da
teoria institucional no final da década de 70. A seção seguinte examina a exposição inicial da
teoria no artigo original de Meyer e Rowan (1977), concentrando-se no modo como este
desafiou as tradições teóricas e empíricas então dominantes na pesquisa organizacional.
Apontamos uma aparente ambigüidade lógica nesta formulação, que envolve a condição

(*)
In: Clegg, S., Hardy, C. & Nordy, W. Handbook de Estudos Organizacionais. Atlas, pp. 196-219.
Tradução de Humberto F. Martins e Regina Luna S. Cardoso.
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fenomenológica de arranjos estruturais que são os objetos dos processos de


institucionalização. No restante do capítulo, oferecemos um modelo geral do processo
institucional, com o propósito de esclarecer esta ambigüidade e de elaborar as implicações
lógicas e empíricas de uma versão da teoria institucional baseada na fenomenologia, originada
por Zucker. Finalmente, com base nesta análise, consideramos uma variedade de questões que
requerem desenvolvimento teórico adicional e estudo empírico.

Nossos principais objetivos nesse esforço são dois: classificar as contribuições teóricas
independentes da teoria institucional para a análise organizacional e também avançar nesta
perspectiva teórica a fim de melhorar sua utilização em pesquisa empírica (1). Há também um
objetivo mais geral e mais ambicioso, que é o de construir uma ponte entre os dois modelos
distintos de ator social subjacentes à maioria das análises organizacionais, aos quais nos
referiremos como modelo do ator racional e modelo institucional. O primeiro baseia-se na
premissa de que indivíduos estão constantemente envolvidos em cálculos dos custos e
benefícios das diferentes escolhas de ação e que o comportamento reflete estes cálculos de
maximização de utilidade (Coleman, 1990; Hechter, 1990). No outro modelo, ao contrário,
assume-se que os indivíduos "supersocializados" supostamente aceitam e seguem normas
sociais sem questioná-las, sem qualquer reflexão ou resistência comportamental baseadas em
seus interesses pessoais particulares (veja Wrong, 1961). Sugerimos que estes dois modelos
gerais devem ser tratados não como opostos, mas sim representando dois pólos de um
continuum de processos de tomadas de decisão e comportamentos. Deste modo, um
problema-chave para a teoria e a pesquisa é especificar as condições sob as quais o
comportamento penderá para um lado ou outro deste continuum. Em síntese, são necessárias
teorias que discutam sobre quando a racionalidade estará mais ou menos limitada. Uma
concepção desenvolvida dos processos de institucionalização proporciona um ponto de
partida útil para a exploração dessa questão.

ANÁLISES SOCIOLÓGICAS DAS ORGANIZAÇÕES; AS ORIGENS DA TEORIA INSTITUCIONAL

Análises Funcionalistas das Organizações

O estudo das organizações tem uma história relativamente curta dentro do campo da
Sociologia. Antes do trabalho de Robert Merton e seus discípulos, no fim da década de 40, as
organizações não eram propriamente reconhecidas pelos sociólogos americanos como um
fenômeno social distinto, merecedor de estudo próprio. Embora organizações tenham
certamente sido objeto de estudo por sociólogos antes do advento da análise funcional (veja,
por exemplo, o trabalho de teóricos americanos associados à escola de Chicago: Park, 1922;
Thomas e Znaniecki, 1927), tais estudos tratavam as organizações mais propriamente como
aspectos de problemas sociais gerais, tais como desigualdade social, relações entre
comunidades, desvio social, etc; o foco da análise não estava nas organizações como
organizações. A despeito do papel-chave atribuído por Weber (1946) e Michels (1962) às
organizações formais nas suas análises sobre a ordem industrial, a noção de que organizações
representam atores sociais independentes nos processos sociais modernos não foi amplamente
reconhecida até o trabalho pioneiro de Merton e seus colegas (veja Coleman ,1980; 1990).
Conforme será explorado mais adiante em nossa análise, consideramos tanto os atores
organizacionais quanto os individuais como criadores potenciais de uma nova estrutura
instucional (Zucker, 1988). (Veja também a discussão de DiMaggio de 1988 sobre
empreendedores institucionais).
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O interesse inicial de Merton (1948) no estudo das organizações parece ter sido direcionado
por uma preocupação com o teste e o desenvolvimento empírico da lógica geral da teoria
social funcionalista. As organizações, vistas como sociedades em microcosmos, ofereciam a
oportunidade de condução do tipo de pesquisa comparativa necessária ao exame empírico dos
princípios funcionalistas (veja Selznick, 1959; Gouldner, 1950; Blau, 1955). Deste modo,
uma das maiores marcas produzidas pela análise de organizações realizadas por Merton e seus
alunos foi o foco na dinâmica da mudança social, uma questão negligenciada pela teoria
funcionalista, pelo menos na opinião de seus críticos (Turner 1974).

A preocupação com a mudança se refletia em dois objetivos principais que foram as


características marcantes dos estudos organizacionais na tradição funcionalista: o exame da
natureza da 'co-variação' entre diferentes elementos da estrutura, e a avaliação do equilíbrio
dinâmico entre os efeitos benéficos e disfuncionais de determinados arranjos estruturais. Estes
focos se referem diretamente às duas premissas-chave encrustadas na teoria funcionalista a
respeito de requisitos de sobrevivência de coletividade sociais. A primeira premissa é a de
que os componentes estruturais de um sistema devem ser integrados para que o sistema
sobreviva, uma vez que os componentes são partes interrelacionadas do todo. Um corolário
derivado deste pressuposto principal é que uma mudança em um componente estrutural requer
mudanças adaptativas em outros componentes. Assim, dado este quadro teórico geral, o
exame empírico das relações entre os elementos da estrutura organizacional era um foco
natural de estudo. A segunda premissa é a de que as estruturas existentes contribuem para o
funcionamento de um sistema social, pelo menos para a manutenção de seu equilíbrio pois, de
outro modo, o sistema não sobreviveria. Uma implicação desta premissa, mencionada por
Merton (1948), seria que a mudança provavelmente ocorreria quando as disfunções de um
determinado arranjo institucional superassem as suas contribuições funcionais. Este raciocínio
levou a um interesse explícito na identificação das conseqüências funcionais e disfuncionais
de certos arranjos estruturais. (2)

Análises Quantitativas da Co-variação Estrutural

A busca do primeiro problema, o exame das interrelações entre elementos estruturais,


estabeleceu as bases para uma linha geral de pesquisa que veio a dominar e definir os estudos
sociológicos de organizações para as próximas duas décadas. Esta linha de pesquisa foi cada
vez mais caracterizada por análises quantitativas das co-variações entre os elementos da
estrutura organizacional formal, e por explicações essencialmente econômicas destas co-
variações. A rápida ascendência desta abordagem na análise organizacional reflete
preferencialmente sua afinidade com tradições de pesquisa organizacional já estabelecidas no
campo da Administração, na época em que os sociólogos voltaram sua atenção para o estudo
da burocracia (Follet, 1942; Fayol, 1949; Gulick e Urwick, 1937; Woodward, 1965).
Considerava-se que a estrutura formal refletia os esforços racionais dos decisores no sentido
de maximizar a eficiência assegurando-se coordenação e controle de atividades de trabalho.
Assim, a descoberta de uma relação positiva entre tamanho e complexidade era explicada em
termos da necessidade e da capacidade das organizações maiores se especializarem, buscando
o aumento da eficiência, a relação entre complexidade e o tamanho do componente
administrativo em termos do crescimento da necessidade de supervisão para lidar com
problemas de coordenação decorrentes da especialização, e assim por diante (3).

A pesquisa organizacional mudou seu foco no fim dos anos 60 para incluir considerações
sobre os efeitos das forças ambientais na determinação da estrutura, mas o quadro
explanatório básico funcionalista/econômico foi mantido na maioria dos trabalhos (veja por
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exemplo Thompson, 1967; Lawrence e Lorsch, 1967). Apesar do domínio desta abordagem
na análise e na explicação da estrutura organizacional formal (ou talvez por causa dela), este
paradigma esteve sujeito a críticas crescentes no começo dos anos 70. Em parte, um crescente
ceticismo refletia a ausência geral de descobertas empíricas cumulativas feitas por trabalhos
nesta tradição (Meyer, 1979). O amplo renascimento e reavaliação da aplicabilidade geral de
argumentos desenvolvidos anteriormente por Barnard (1938), Simon (1947), e March e
Simon (1957), enfatizando os limites da racionalidade dos decisores pode também ter ajudado
a estabelecer as bases para a aceitação de paradigmas alternativos (Weick 1969).

Refletindo a crescente insatisfação com explicações tradicionais da estrutura formal, um novo


enfoque às relações organização-ambiente, chamada dependência de recursos (Pfeffer e
Salancik, 1978), tornou-se cada vez mais proeminente na década de 70. Esta perspectiva
concentrava sua atenção no interesse dos decisores em manter a autonomia e poder
organizacionais sobre outras organizações. Ao enfatizar o papel determinante de
considerações de poder para explicar a estrutura das organizações (veja Thompson e
McEwen, 1958), esta abordagem desafiava outras hegemônicas que focalizavam, em grande
parte ou exclusivamente os aspectos da eficiência da produção. No entanto, conforme
trabalhos anteriores, uma abordagem voltada para a dependência de recursos também estava
implicitamente ligada ao modelo de racionalidade decisória organizacional, embora, nesse
modelo, o comportamento dos atores estivesse baseado em cálculos voltados para a
maximização do poder e da autonomia em lugar das eficiência pura. A influência de
processos sociais, tais como a imitação ou a conformidade normativa, que poderiam reduzir
ou limitar o processo decisório autônomo, era largamente ignorada.

ESTRUTURAS FORMAIS COMO MITO E CERIMÔNIA

Propriedades Simbólicas da Estrutura

A análise feita no agora clássico artigo de Meyer e Rowan (1977) ofereceu, portanto, uma
mudança radical nos modos convencionais de pensar a estrutura formal e a natureza da
decisão organizacional por meio da qual se produz a estrutura. Sua análise foi guiada por uma
idéia- chave, qual seja: as estruturas formais tem propriedades simbólicas assim como as
propriedades geradoras de ação. Em outras palavras, as estruturas podem ser revestidas de
significados socialmente compartilhados e então, além das funções "objetivas", podem servir
para informar um público tanto interno quanto externo sobre a organização (Kamens 1977).
Explicar as estruturas formais deste ponto de vista proporcionou aos pesquisadores
organizacionais a oportunidade de explorar um amplo raio de novas idéias sobre as causas e
conseqüências da estrutura.

A noção de que organizações têm aspectos simbólicos não era totalmente nova: uma
variedade de autores já havia enfatizado anteriormente funções simbólicas chave utilizadas
por declarações de missão, arranjos estruturais, e altos membros de organizações (Cark, 1956;
Selznick, 1957; Zald e Demon, 1963). Na tradição funcionalista dizia-se que tais elementos
eram críticos para assegurar apoio ambiental por meio da demonstração de consistência entre
os valores centrais da organização e aqueles de sociedade maior (Parsons, 1956; 1960). A
contribuição de Meyer e Rowan a esse primeiro trabalho repousa em seu esforço sistemático
para compreender as implicações do uso da estrutura formal para propósitos simbólicos,
particularmente em termos de ressaltar as limitações de explicações de cunho mais racional da
estrutura.
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Implicações

Baseada na noção de que uma estrutura formal pode indicar um comprometimento com
padrões eficientes e racionais de organização e, portanto, oferecer “respostas” sociais gerais
(Scott e Lyman, 1968), a análise de Meyer e Rowan especificou três grandes implicações
desta noção. A primeira é a de que a adoção da estrutura formal pode ocorrer não obstante a
existência de problemas específicos e imediatos de coordenação e controle que uma
organização pode enfrentar relativamente às atividades e seus membros.

As organizações são levadas a incorporar as práticas e procedimentos definidos por conceitos


racionalizados de trabalho organizacional prevalecentes e institucionalizados na sociedade.
Organizações que fazem isto aumentam sua legitimidade e suas perspectivas de
sobrevivência, independentemente da eficácia imediata das práticas e procedimentos
adquiridos.(1977:340).

Este aumento desafiou os diversos aspectos dos então dominantes modelos causais de
estrutura. Primeiramente, no que se refere aos determinantes da estrutura, dirigia a atenção
para influências externas não relacionadas ao processo de produção real, tais como mudanças
na legislação e o desenvolvimento de sólidas normas sociais dentro da rede organizacional.
Ao fazer isto, enfatizou-se a importância relativa de características organizacionais internas
tradicionalmente investigadas como fontes de estrutura formal, tais como tamanho e
tecnologia. O argumento também sugeria indiretamente interpretações alternativas destas
características(como , por exemplo, indicadores da visibilidade das organizações junto ao
público em geral e relações em rede).

Mais ainda, em termos de conseqüências ou resultados, o argumento resultou no foco na


adoção de arranjos estruturais específicos que haviam adquirido significado social, tais como
políticas formais de contratação, práticas de contabilidade e de orçamento e cargos ou funções
associadas à eqüidade empregatícia. Isto resultou num questionamento sobre a utilidade dos
esforços teóricos e empíricos existentes destinados à conceitualização e medição de estruturas
em termos gerais e abstratos, tais como formalização, complexidade e centralização.

Uma segunda grande implicação apontada pela análise de Meyer e Rowan é que a avaliação
social das organizações e, consequentemente, de sua sobrevivência, pode estar na observação
das estruturas formais (que pode ou não funcionar de fato), em vez de estar nos resultados
observáveis relacionados ao desempenho das tarefas em questão.

Assim, o sucesso organizacional depende de fatores que vão além da eficiência na


coordenação e controle das atividade de produção. Independentemente da sua
eficiência produtiva, organizações inseridas em ambientes institucionais altamente
elaborados legitimam-se e ganham os recursos necessários à sua sobrevivência se
conseguirem tornar-se isomórficas nos ambientes.

Esta afirmação contradiz frontalmente premissas subjacentes orientadas para o mercado ou,
pelo menos, para o desempenho, das funções da estrutura formal, que dominaram trabalhos
anteriores: (1) que organizações ineficientes em termos de produção seriam eliminadas por
meio de um processo de competição interorganizacional; e (2) que as correlações entre
medidas de estrutura formal e nas características tais como tamanho e tecnologia resultariam
então, da sobrevivência de organizações cuja forma condizia com as demandas de seus
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ambientes de produção. Embora estas suposições estivessem na base da maioria das análise
quantitativas sobre os determinantes das estruturas, e eram freqüentemente explicadas apenas
em estudos que examinavam diretamente a eficácia organizacional (Goodman e Pennings
1977). A noção de que as organizações poderiam sobreviver, não obstante um desempenho
objetivo muito baixo implicava a possibilidade de organizações em 'constante fracasso'
(Meyer e Zucker, 1989), isto é, organizações que sobrevivem a despeito de ineficiências
evidentes que, pela lógica, deveriam levá-las ao fracasso.

Finalmente, a terceira grande implicação, originada pelo trabalho de Meyer e Rowan, foi que
a relação entre atividades correntes do dia-a-dia e comportamentos dos membros da
organização e as estruturas formais pode ser desprezada:

... Na maior parte das vezes, as organizações formais estão frouxamente agrupadas...
elementos estruturais estão apenas frouxamente ligados entre si e às atividades,
freqüentemente não-implementadas, ou, se implementadas, têm conseqüências incertas,
tecnologias são de eficiências problemática, e sistemas de avaliação e inspeção são
subvertidos ou se tornados vagos de modo que garantam pouca coordenação. (1977;342)

Esta implicação também representa um desafio às explicações tradicionais sobre estrutura, as


quais, ao tratar as estruturas formais como o meio para coordenação e controle de atividades,
assumiram necessariamente uma conexão estreita entre as estruturas e os comportamentos dos
membros da organização.

AMBIGÜIDADES NA TEORIA INSTITUCIONAL

Ao traçar esta última implicação, Meyer e Rowan separam estrutura formal da ação, definindo
implicitamente estruturas institucionais como aquelas que estão sujeitas à separação. No
entanto, em seu argumento anterior, eles usam o conceito de estruturas institucionais do
mesmo modo que Berger e Luckman (1967) e Zucker (1977): uma estrutura que se tornou
institucionalizada e que é considerada pelos membros de um grupo social como eficaz e
necessária; servindo, então, como uma importante força causal para padrões estáveis de
comportamento.

Isto cria uma ambigüidade inerente no argumento fenomenológico subjacente, pois a própria
definição de `institucionalizado' contradiz a alegação de que estruturas institucionais são
passíveis de serem separadas do comportamento. Para ser institucional, a estrutura deve
gerar uma ação. Segundo argumento de Giddens (1979), uma estrutura que não se traduz em
ação é fundamentalmente, uma estrutura não-“social”. Geertz toca numa tecla semelhante:
“Acessamos sistemas simbólicos somente por meio do fluxo do comportamento - ou, mais
precisamente, da ação social". (1973;17)

A discussão sobre a separação entre estrutura e ação implica uma definição típica de Hoffman
de “bastidores/palco” das estruturas institucionalizadas (Hoffman, 1959), segundo a qual a
crença na eficácia e na necessidade de tais estruturas é controversa, mas as estruturas são, de
qualquer modo, vistas como servindo a um útil propósito de apresentação. Isto implica que a
tais estruturas fundamentais falta legitimidade normativa e cognitiva (Delle Fave, 1986;
Walker et al., 1986; Stryker, 1994; Aldrich e Fiol, 1994), e que elas não são, de modo algum,
sinais reais de intenções subjacentes. No entanto, há dúvidas quanto a extensão na qual tais
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estruturas podem ser adequadamente descritas como institucionalizadas, segundo a definição-


padrão do termo.

Dependência de Recursos versus Processos Institucionais

Ademais, a ambigüidade inerente a esta visão de mudança estrutural nas organizações leva a
uma confusão fundamental entre as teorias institucional e a teoria de dependência de recursos
(Zucker 1991;104). Scott (1987;497) argumentou que uma mudança na teoria institucional no
sentido de explicar as "fontes ou loci de 'prescrições racionalizadas e impessoais'", em vez de
explicar as "propriedades de sistemas de crenças generalizadas", tem a vantagem de alargar o
quadro explicativo das estruturas formais, para incluir nele a conformidade das organizações
com as demandas de atores externos, a fim de obter os recursos necessários para sua
sobrevivência. Mais recentemente, ele formulou: "Boa parte da pesquisa empírica e teórica
sobre instituições está corretamente direcionada a agências regulatórias...que exercem poderes
legítimos de formular e aplicar sistemas de regras..[que levam a uma ênfase no] fluxo de
recompensas e sanções" (1994;98). Nesta abordagem não se percebe, no entanto, nitidez entre
as fronteiras das teorias de dependência de recursos e a institucional, obscurecendo deste
modo a autêntica contribuição teórica desta última, para a análise organizacional em
particular.

Para ilustrar essa questão, é interessante fazer uma comparação entre estudos recentes
baseados na teoria institucional e estudos anteriores no âmbito conceitual da dependência de
recursos. Usando uma perspectiva institucional para examinar os efeitos de leis e políticas
governamentais sobre estruturas de emprego, Sutton et al. argumentam: “Confrontados com
um ambiente legal aparentemente hostil, os empregadores tomam uma atitude de não-
confrontação para prevenir quaisquer potenciais litígios e demonstrar boa-fé na aceitação das
deliberações governamentais " (1994: 946). Do mesmo modo, Edelman sugere que as
organizações que constróem estruturas formais como gestos simbólicos de conformação com
a política governamental são “menos sujeitos a provocar protestos por parte das classe
protegidas de empregados na firma na comunidade que procuram emprego e, mais
provavelmente, assegurarão mais recursos governamentais (contratos, dotações, etc) e ...
serão menos sujeitos a regulamentação externa por agências regulatórias” (1992:1542).
Assim, a adoção da estrutura é tratada como estratégica, mas aparentemente, é apenas uma
mudança superficial; é a contrapartida organizacional das ações manipulativas de narcisistas
que conscientemente utilizam “máscaras falsas” como meio de obter seus próprios objetivos
por meio de outros.

Outros estudos, descritos nos trabalhos de Pfeffer e Salancik (1978) sobre a teoria da
dependência de recursos refletem uma explicação lógica muito similar. Eles relatam, por
exemplo, (1978:197-200) um estudo de caso de Pfeffer de uma organização que,
intencionalmente criou duas unidades estruturais separadas, uma das quais não era voltada
para a obtenção de lucros, a fim de se conformar às definições sociais existentes da forma
apropriada às organizações educacionais e, assim, assegurar o necessário apoio do ambiente
externo. Similarmente, descrevem (1978:56-9) uma pesquisa conduzida por Salancik que
examinava o relacionamento entre os indicadores de visibilidade das firmas e a dependência
relativa dos contratos governamentais federais, além da presença de arranjos organizacionais
mostrando compromisso com igualdade de oportunidade de emprego. Os resultados
indicaram que maior dependência estava associada com sinalização mais intensiva de
aceitação com leis de ação afirmativa via criação de posições formais e documentação, por
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escrito, de programas e de políticas. A lacuna entre esses argumentos e os oriundos de


trabalhos mais recentes, dentro do quadro de referência da teoria institucional, é gritante.

A falta de distinção teórica nesses estudos resultam, em parte, da falta de ênfase em uma
característica distintiva da teoria institucional - o foco no papel das compreensões culturais
como determinantes do comportamento (Strang, 1994) e nas limitações normativas do
processo decisório. Ao mudar rumo a uma ênfase maior nas mudanças na “aparência”, em
detrimento das conseqüências internas da estrutura institucionalizada, tratando-a como um
mero símbolo e um signo, terminamos com o argumento implícito de que uma estrutura
consegue manter seu valor simbólico, face ao conhecimento que a amplitude de seus efeitos
nos comportamentos dos indivíduos é negligenciável. Como essa contradição em acepções
culturais pode perdurar (isto é, que as estruturas significam comprometimento com alguma
ação e que as estruturas podem não estar relacionadas com a ação), isso deixa a abordagem
em xeque.

Há um problema geral relacionado com o trabalho que enfatiza as funções puramente


simbólicas, destinadas a assegurar recursos da estrutura que jaz no pressuposto implícito de
que os custos de se criar tais elementos estruturais são relativamente baixos, comparados aos
potenciais ganhos de recursos do ambiente. Esse pressuposto presumivelmente segue a noção
de que as mudanças nas estruturas formais freqüentemente não alteram a ação. Embora haja
freqüentes citações teóricas a respeito, não há evidência empírica que sustente que a ação
social tenha todas as características distintivas de bens públicos puros, tais como o ar
(Granovetter, 1985). A partir da pesquisa desenvolvida até o momento, não sabenos dizer, de
fato, que estrutura é regularmente separada do funcionamento interno da organização ou qual
o custo de se criar tal estrutura, comparado com qualquer incremento nos fluxos de recursos
para a instituição (uma revisão dessa evidência pode ser encontrada em Scott e Meyer, 1994).

A reorientação da teoria institucional para ser mais derivativa de uma abordagem de


dependência de recursos provavelmente reflete, em parte o desconforto generalizado com a
falta de voluntarismo implicado por versões de teorias institucionais com maior influência
fenomenológica, ou o que Oliver chama de “uma descrição abertamente passiva e conformista
das organizações” (1991:146). Isso pode surgir da aparente predominância da stasis em uma
abordagem fenomenológica (DiMaggio, 1988): como é a prática corrente na análise
organizacional, o foco de uma abordagem institucional tem tradicionalmente considerado que
os atores seguem “scripts” institucionais e questiona o negligenciamento do estudo do
processo pelo qual esses “scripts” são produzidos, mantidos e modificados (Barley e Tolbert,
1988). Dessas questões nos ocuparemos em seguida, usando análises teóricas de Berger e
Luckmann (1967) e Zucker (1977) como nosso ponto de partida.

Ao abordarmos essas questões, privilegiamos o pressuposto de que a criação de uma nova


estrutura envolve mais recursos que a manutenção da antiga: a alteração e a criação de
estruturas organizacionais constituem custos para a organização. A estrutura social não é
simplesmente um subproduto da atividade humana; em vez disso, a ação humana é requerida
para produzi-la (Zucker et al., 1995; Zucker e Kreft, 1994). Assim, as estruturas que são
alteradas ou criadas carecem de credibilidade para agregar algum valor positivo à
organização, ou os decisores tipicamente não alocariam recursos para alterar ou criar nova
estrutura formal. Os decisores organizacionais, com certeza, podem ter mais ou menos poder
discricionário: algumas vezes o poder decisório é bastante amplo, às vezes, não. A análise
aqui desenvolvida é mais aplicada a exemplos em que os decisores tem graus de poder
discricionário relativamente altos, em relação à adoção das estruturas (5).
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PROCESSOS DE INSTITUCIONALIZAÇÃO

A partir de trabalhos identificados com a tradição filosófica da fenomenologia, Berger e


Luckmann (l967) identificaram a institucionalização como um processo central na criação e
perpetuação de grupos sociais duradouros. Uma instituição, o resultado ou o resultado final de
um processo de institucionalização, foi definido como "uma tipificação recíproca de atos
habitualizados por tipos de atores." (1967; 54; seguindo Schutz, 1962; 1967).

Nesta definição, ação habitualizada se refere a comportamentos que se desenvolveram


empiricamente e foram adotados por um ator ou um grupo de atores a fim de resolver
problemas recorrentes. Tais comportamentos são habitualizados na medida em que são
evocados com um mínimo esforço de tomada de decisão por atores em resposta a estímulos
particulares. Tipificação recíproca, para os atores, envolve o desenvolvimento de definições
compartilhadas ou sentidos que estão ligados a estes comportamentos habitualizados (veja
Schutz, 1962; 1967). Uma vez que tipificações acarretam classificações ou categorizações de
atores aos quais as ações são associadas, este conceito implica que os significados atribuídos
à ação habitualizada se tornaram generalizados, isto é, independentes de indivíduos
específicos que desempenham a ação. Zucker (l977) referiu-se a este processo de
generalização do significado de uma ação como “objetificação”, e identificou-o como um dos
componentes-chave do processo de institucionalização.

Análises fenomenológicas institucionais anteriores, sugerem, deste modo, ao menos dois


processos seqüenciais envolvidos na formação inicial das instituições e em seu
desenvolvimento: a habitualização, o desenvolvimento de comportamentos padronizados para
a solução de problemas e a associação de tais comportamentos a estímulos particulares, e a
objetíficação, o desenvolvimento de significados gerais socialmente compartilhados ligados a
esses comportamentos, um desenvolvimento necessário para a transposição de ações para
contextos fora do seu ponto de origem.

Mais adiante em sua análise, Berger e Luckmann (l967) sugerem um aspecto adicional da
institucionalização, que foi também identificado por Zucker e chamado de exterioridade.
Exterioridade se refere ao grau em que as tipificações são "vivenciadas como possuindo uma
realidade própria, uma realidade que confronta o indivíduo como um fato externo e
coercitivo" (lO67:58). Ela está relacionada à continuidade histórica das tipificações (Zucker;
1977) e, em particular, à transmissão das tipificações aos novos membros que, não tendo
conhecimento das suas origens, estão aptos a tratá-los como 'dados sociais' (Berger e
Luckmann 1967; Tolbert 1988). Estamos aqui nos referindo ao processo através do qual as
ações adquirem a qualidade de exterioridade como sedimentação.

Em um estudo experimental anterior, Zucker (l977) demonstrou que o aumento do grau de


objetificação e exterioridade de uma ação, também aumenta o grau de institucionalização
(indicado pela conformidade dos indivíduos ao comportamento de outros), e que, quando a
institucionalização é alta, a transmissão da ação, a manutenção desta ação ao longo do tempo,
e a resistência desta ação à mudança também são altas. Nelson e Winter (l982) encontraram
um processo semelhante em curso na criação de tarefas rotineiras dentro de organizações.
Segundo eles, quanto mais institucionalizadas as rotinas, mais prontamente elas eram
transmitidas aos novos empregados. Deste modo, a transmissão é casual e conseqüentemente
relacionada à institucionalização. Ao enfatizar a exterioridade de um conjunto de
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comportamentos, a transmissão aumenta o grau de institucionalização desses


comportamentos; a institucionalização, por outro lado, afeta a facilidade de transmissões
subsequentes (Tolbert 1988).

Este conjunto de processos seqüenciais - habitualização, objetificação e sedimentação -


sugerem variabilidade nos níveis de institucionalização, implicando, deste modo, que alguns
padrões de comportamento social estão mais sujeitos do que outros à avaliação crítica,
modificação e mesmo a eliminação. Em resumo, tais padrões comportamentais podem variar
em relação ao grau em que estão profundamente enraizados no sistema social (mais objetivo,
mais exterior) e, portanto variam em termos da sua estabilidade e de seu poder de determinar
comportamentos.

A análise de Berger e Luckmann concentrava-se na ocorrência de processos de


institucionalização entre atores individuais e não organizacionais. A pesquisa experimental de
Zucker estendeu a análise às organizações, mas ainda em um nível micro. Os atores
organizacionais se distinguem por um determinado número de propriedades - autoridade
hierárquica, período de vida potencialmente ilimitado, responsabilidades legais específicas,
entre outros, (veja Coleman, 1980) que provavelmente afetarão o modo pelo qual os
processos institucionais são desempenhados, tanto entre as organizações como dentro delas
(6). Deste modo, consideramos a extensão desta análise especificamente para fluxos
instítucíonaís entre organizações formais. A figura l mostra um sumário da nossa análise do
processo de institucionalização, e as forças causais que são críticas em diferentes pontos do
processo.

Habitualização

Em um contexto organizacional, o processo de habitualização envolve a geração de novos


arranjos estruturais em resposta a problemas ou conjuntos de problemas organizacionais
específicos e a normalização de tais arranjos em políticas e procedimentos de uma dada
organização, ou um conjunto de organizações que encontrem problemas iguais ou
semelhantes. Estes processos resultam em estruturas que podem ser classificadas como um
estágio de pré- institucionalização.

Há farta literatura a respeito da inovação organizacional e da mudança organizacional,


relevante para a compreensão destes processos (por exemplo Quinn e Cameron, 1988; Huber
e Glick, 1993). o que é essencial para os propósitos de nossa análise, no entanto, é que neste
estágio a criação de novas estruturas em organizações é, em grande parte, uma atividade
independente. Uma vez que os decisores organizacionais podem compartilhar uma base
comum de conhecimentos e idéias que tornem a inovação factível e atraente, a adoção de uma
dada inovação pode ocorrer , e freqüentemente ocorre de fato, em estreita associação com a_
adoção de processos em outras organizações (isto é, invenção simultânea). Organizações que
estão passando por um problema podem, como parte inerente de sua procura por soluções,
também levar em consideração as soluções desenvolvidas por outros (DiMaggio e Powell,
1983). A imitação pode ocorrer, mas há pouco sentido nisto para os decisores, uma vez que
não há consenso a respeito da utilidade geral da inovação. Portanto, a adoção pode ser
amplamente prevista pelas características que tornam viável a reorientação técnica e
econômica para uma dada organização (Anderson e Tushman, 1990; Leblebici et al., 1991) e
por meio de arranjos políticos internos que fazem com que as organizações sejam mais ou
menos receptivas aos processos de mudança (veja March e Simon 1957) (8).
11

No estágio pré-institucionalização, então, muitos podem adotar uma dada estrutura, mas estes
serão em pequeno número, limitados a um conjunto de organizações similares e
possivelmente interconectadas, que enfrentam circunstâncias similares, e que variam
consideravelmente em termos da forma pela qual a implementem. Tais estruturas não serão
objeto de qualquer tipo de teorização formal (Strang e Meyer, 1993), e o conhecimento da
estrutura entre os que não a adotaram - especialmente aqueles que não estão em contato direto
e freqüente com os adotantes - será extremamente limitado, em termos de operação e também
de propósito (Nelson e Winter, 1982),

Exemplos de estruturas neste estágio de institucionalização podem ser encontrados


prontamente ao se comparar que os organogramas de qualquer conjunto de organizações
semelhantes. Tais comparações quase certamente revelarão um leque de órgãos e políticas
que são idiossincráticos a um conjunto ou a um subconjunto limitado das organizações, tais
como diretores de comunicações eletrônicas, departamento de avicultura, áreas de
marketing/produção, etc. Esses tipos de estruturas tendem a ser relativamente menos
permanentes, por vezes durando apenas pelo período de um mandato (veja Miner 1987;
1991).
12

Legislação

Mudança Forças do Mercado


Tecnológica

Inovação

Habitualização Objetificação
Sedimentação

Monitoramento Teorização Impactos Defesa de


Grupo de Interesse
Inter-organizacional Positivos
Resistência de Grupo
de Interesse
Figura 1: Processos inerentes à institucionalização

Objetificação

O movimento em direção a um status mais permanente e disperso está baseado no próximo


processo, a objetífícação, que acompanha a difusão da estrutura. A objetificação envolve o
desenvolvimento de um certo grau de consenso social entre os decisores da organização a
respeito do valor da estrutura, e a crescente adoção pelas organizações. Esse processo pode
ocorrer por meio de dois mecanismos diferentes, embora não necessariamente desvinculados.

Por um lado, as organizações podem utilizar evidências colhidas diretamente de uma


variedade de fontes (noticiários, observação direta, cotação acionária, etc) para avaliar os
riscos de adoção da nova estrutura. Na medida que se espera que os resultados da mudança
estrutural se generalizem, os resultados aparentes para as organizações anteriores serão um
determinante significativo da próxima decisão de adoção. Deste modo, a objetificação da
estrutura é, em parte uma conseqüência do monitoramento que a organização faz dos
competidores, e de esforços para aumentar sua competitividade relativa. Reciclar 'velhas
invenções sociais’ é uma estratégia de baixo custo, requerendo menos investimento de
'recursos sociais' em relação à criação de uma nova estrutura organizacional.
13

Por implicação, a difusão de novas estruturas a uma determinada organização terá um


obstáculo relativamente menor do que teria a criação de novas estruturas nesta mesma
organização, porque outras organizações terão ‘pré-experimentado' a estrutura e a percepção
dos custos e benefícios da adoção por parte dos decisores será influenciada pela observação
do comportamento de outras organizações. Deste modo, quanto mais organizações tiverem
adotado a estrutura, maior probabilidade terão os decisores de perceber uma tendência
favorável ao equilíbrio relativo dos custos e benefícios.

Nossos argumentos aqui coadunam-se com os modelos decisórios seqüenciais recentemente


desenvolvidos por economistas (Banerjee, 1992; Bikchandani et al., 1992; veja também
David 1985). Esses modelos têm como premissa a noção básica de que há algum grau de
incerteza nos resultados de diferentes escolhas, e que os tomadores de decisão usarão a
informação obtida através da observação das escolhas de outros, bem como seu próprio
julgamento objetivo para determinar qual a ‘melhor' escolha. Nessas condições, quanto mais
difundida uma escolha se tornar, mais as pessoas tenderão a percebê-la como a melhor
escolha, e menos influentes serão os julgamentos de valor da escolha feitos por decisores
independentes (veja também Tolbert, 1985; Abhahamson e Rosenkopf, 1993) (9).

A objetificação e difusão da estrutura também podem ser encabeçadas pelo que muitas vezes
é chamado, na literatura da mudança organizacional, de um 'campeão' (ou panacéia) -
freqüentemente, neste caso, um conjunto de indivíduos com um interesse material na estrutura
(DiMaggio 1988). Assim, por exemplo, os defensores das regras do serviço público vinham
das famílias de elite cujo tradicional acesso aos escritórios da política local havia sido
quebrado pelo desenvolvimento de “máquinas políticas” dominadas por imigrantes (Tolbert e
Zucker, 1983); a dispersão de procedimentos formalizados de seleção e de procedimentos de
avaliação de desempenho no setor privado no período que se seguiu à Segunda Guerra
Mundial foi influenciado pelos esforços de ascensão dos membros da então emergente
categoria gerenciamento de pessoal (Baron et al., 1986); o papel presentemente
desempenhado por consultores na adoção de práticas identificadas com gerenciamento de
qualidade total é
amplamente reconhecido(Reeves e Bednar, 1994; Sitkin et al., 1994). DiMaggio (l991),
Rowan (l982), Covaleski e Dirsmith (l988), Chaves (a ser lançado) e Ritti e Silver (l986)
também oferecem exemplos do papel de grupos de interesse na promoção de mudanças
estruturais em organizações.

As panacéias terão maior probabilidade de surgir quando houver um grande 'mercado'


potencial para a inovação (por exemplo, quando mudanças no ambiente tiverem afetado
negativamente as posições competitivas de um determinado número de organizações
estabelecidas). A fim de serem bem-sucedidos, as panacéias devem realizar duas grandes
tarefas de teorização(Strang e Meyer, 1993): a definição de um problema organizacional
genérico, que inclui a especificação de um conjunto ou categoria de atores organizacionais
caracterizados pelo problema; e a justificação de um arranjo estrutural formal particular como
a solução para o problema com bases lógicas ou empíricas (veja também Galaskiewicz,
1985). A primeira tarefa envolve a geração de reconhecimento público da existência de um
padrão consistente de insatisfação ou de fracasso organizacional que é característico de um
determinado grupo de organizações; a segunda tarefa envolve o desenvolvimento de teorias
que diagnostiquem as fontes de insatisfação ou de fracasso, de modo compatível com a
apresentação de uma estrutura singular como solução ou tratamento.
14

Ao identificar o conjunto de organizações que enfrentam um problema definido e ao prover


uma avaliação positiva de uma estrutura como uma solução apropriada, a teorização atribui à
estrutura uma legitimidade cognitiva e normativa geral. O grau de persuasão e eficiência dos
esforços de teorização depende da evidência empírica dos benefícios da mudança, pelo menos
em alguns casos que estejam sendo examinados por outros que consideram a adoção de novas
estruturas. Com base em tal teorização e na evidência que a ela se segue, a adoção de
panacéias é encorajada pela difusão de estruturas por meio de um conjunto de organizações
que, de outro modo, não teriam uma conexão direta.

Estruturas que se objetificaram e que se tornaram razoavelmente difundidas podem ser


descritas como estando no estágio de semi-institucionalização. Neste estágio, os adotantes
tipicamente serão bastante heterogêneos; conseqüentemente, o poder preditivo de
determinadas características organizacionais que anteriormente se identificavam com a
adoção será limitado (Tolbert e Zucker, 1983). O ímpeto da difusão deixa de ser simples
imitação para adquirir uma base mais normativa, refletindo a teorização implícita ou explícita
das estruturas. Na medida que a teorização se desenvolve e se torna mais explícita, deve
diminuir a variação na forma que as estruturas tomam em diferentes organizações.

Exemplos de estruturas que podem ser consideradas nesse estágio incluem as de produção
baseada em equipes, círculos de qualidade, planos de remuneração baseados em
produtividade, consultores internos, programas de desenvolvimento gerencial e
organizacional, gerenciamento de políticas de trabalho/família e programas de assistência ao
empregado, entre outras. Apesar de tais estruturas geralmente terem uma taxa de
sobrevivência mais longa comparadas àquelas no estágio pré-institucional, é certo que nem
todas perduram indefinidamente. De fato, o destino geralmente as investe de uma qualidade
de moda ou mania - a panacéia - (Abrahamson, 1991). Isto ocorre porque estruturas no
estágio de semi-institucionalização têm, via de regra, uma história relativamente curta. Deste
modo, apesar de terem adquirido um certo grau de aceitação normativa, os adotadores estarão
conscientes da sua qualidade relativamente não testada e, conscientemente, monitorarão a
acumulação de evidência (de sua própria organização, bem como de outras) a respeito da
eficácia das estruturas. Somente quando uma estrutura atinge o grau de institucionalização
total é que a propensão dos atores para empreender avaliações independentes da estrutura
declinará de modo significativo.

Sedimentação

A institucionalização total envolve sedimentação, um processo que fundamentalmente se


apóia na continuidade da estrutura e, especialmente, na sua sobrevivência através de gerações
de membros da organização. A sedimentação se caracteriza pela propagação virtualmente
completa de suas estruturas por todo o grupo de atores que seriam potenciais adotantes
apropriados e pela perpetuação de estruturas por um período consideravelmente longo de
tempo. Deste modo, ela implica uma bi-dimensionalidade das estruturas (Eisenhardt, 1988).

A identificação dos fatores que afetam a medida da difusão e a retenção no longo prazo da
estrutura são, portanto, a chave para a compreensão do processo de sedimentação. Um dos
fatores que tem sido apontado em um grande número de estudos é a existência de um
conjunto de atores que, de algum modo, são afetados adversamente pelas estruturas e que
conseguem se mobilizar coletivamente contra elas. A análise de Covaleski e Dirsmith (l988) a
respeito da resistência legislativa contra novos acordos orçamentários em universidades
exemplifica o caso. Em um nível de análise inter-organizacional, a descrição de mudanças na
15

indústria de radiodifusão encontrada em Leblebici et al. (l991) ressalta o papel crucial das
pequenas organizações concorrentes, as quais, estando em desvantagem devido às práticas
estabelecidas, promovem ativamente práticas alternativas na indústria. Do mesmo modo,
Rowan (l982), ao estudar a difusão de três estruturas diferentes em distritos escolares na
Califórnia, salienta o papel do conflito de interesses nos processos de institucionalização
emergentes.

Mesmo na ausência de oposição direta, a sedimentação pode ser truncada gradualmente pela
falta de resultados demonstráveis associados à estrutura. Uma relação positiva fraca entre uma
estrutura e os resultados desejáveis pode ser suficiente para afetar a difusão e a manutenção
das estruturas, especialmente se seus defensores continuam envolvidos na sua teorização e
promoção. No entanto, em muitos casos, a ligação entre a estrutura e os resultados previstos é
bastante distante e a demonstração de impacto, muitíssimo difícil. Dado o desenvolvimento e
a promoção de estruturas alternativas destinadas a alcançar os mesmos fins, as organizações
provavelmente abandonarão arranjos antigos em favor de estruturas mais novas e promissoras
(Abrahamson, 1991; veja argumentos análogos por Abbot, 1988 referentes à mudanças de
jurisdições ocupacionais), ao menos se os custos associados com a mudança forem
relativamente baixos.

Assim, a total institucionalização da estrutura depende, provavelmente, dos efeitos conjuntos


da baixa resistência relativa por parte de grupos de oposição, de promoção e de um apoio
cultural contínuo por grupos de defensores e de uma correlação positiva com resultados
desejados. A resistência provavelmente limitará a difusão da estrutura entre organizações
identificadas por teóricos como adotantes relevantes e a promoção contínua e/ou benefícios
demonstráveis são necessários para contrabalançar tendências entrópicas e, deste modo,
assegurar a perpetuação da estrutura no tempo (Zucker, 1988). Exemplos de estruturas
totalmente institucionalizadas nos Estados Unidos da América variam de políticas de
estabilidade de emprego em organizações de ensino superior a serviço de bebidas em vôos,
até o uso de memorandos como uma forma de comunicação dentro de um escritório (Yates e
Orlikowski, 1992).

O reverso deste processo, isto é, a desinstitucionalização, provavelmente requererá uma


grande mudança no ambiente (por exemplo, alterações duradouras no mercado, mudanças
radicais em tecnologias) que poderão permitir a um grupo de atores sociais cujos interesses
estejam em oposição à estrutura que se oponham conscientemente à ela ou que explorem suas
desvantagens (veja a descrição de Rowan sobre o declínio dos oficiais de saúde nas escolas
que se seguiu ao advento das vacinas; veja também Aldrich, 1979: 167; Davies et al., 1994).
16

O quadro I resume nossos argumentos sobre as características e conseqüências dos processos


que compõem a institucionalização.

Quadro I - Estágios de institucionalização e dimensões comparativas


Dimensão Estágio pré- Estágio semi- Estágio de total
institucional institucional institucionalização
Processos Habitualização Objetificação Sedimentação
Características dos adotantes Homogêneos Heterogêneos Heterogêneos
Ímpeto para difusão Imitação Imitação/normatização Normativa
Atividade de teorização Nenhuma Alta Baixa
Variância na implementação Alta Moderada Baixa
Taxa de fracasso estrutural Alta Moderada Baixa

Implicações para a pesquisa

Existem algumas implicações da nossa análise para estudos empíricos de organizações que se
baseiam na teoria institucional. Do nosso ponto de vista, a implicação mais importante é,
provavelmente, a necessidade de desenvolvimento de medidas mais diretas e melhor
documentação das solicitações de institucionalização das estruturas, uma vez que resultados
associados a uma dada estrutura provavelmente dependerão do estágio ou nível de
institucionalização em que se encontrar. Dependendo da amplitude e da forma pela qual os
dados são colhidos, diferentes procedimentos poderão ser utilizados.

Por exemplo, análises sobre o nível de institucionalização de estruturas contemporâneas


poderiam utilizar levantamentos diretos sobre a percepção da necessidade de permanência de
uma determinada estrutura para o funcionamento eficiente da organização (por exemplo, Rura
e Miner, 1994), ou usar questionários sobre atributos relacionados ao grau de
institucionalização, tais como o grau de certeza subjetiva sobre os julgamentos feitos (Zucker,
1988). Ainda que o desenvolvimento de indicadores adequados para essa medição é, sem
sombra de dúvida, uma tarefa controversa, este problema não é exclusivididade do processo
de institucionalização (estamos nos referindo, por exemplo, a conceitos padronizados, tais
como: produtividade, eficácia, incerteza). Como ocorre com outras construções difíceis, este
problema pode ser solucionado em parte utilizando técnicas psicométricas.

Pesquisa histórica utilizando arquivos, por outro lado, poderá lidar com o problema prestando
maior atenção aos documentos, ao mesmo tempo em que documenta o contexto histórico e as
mudanças culturais ao redor da alegada institucionalização das estruturas (Zucker, 1988). A
análise de conteúdo de materiais escritos, em alguns casos, pode fornecer indicadores úteis a
respeito do estado cultural das estruturas (Tolbert e Zucker, 1983). Qualquer que seja a
metodologia usada para coletar dados, no entanto, deverá ser apoiada por uma estratégia de
triangulação de fontes e métodos, a fim de obter resultados plausíveis.

Além disso, nossa análise sugere que a identificação dos determinantes das mudanças no
nível de institucionalização das estruturas representa um caminho importante e promissor para
trabalhos teóricos e empíricos. Estudos existentes já sugeriram um certo número de potenciais
determinantes do processo de legitimação de uma estrutura e, portanto, quão
institucionalizada ela se torna. A esse respeito, alguns estudos demonstraram que, quando
organizações grandes e centralizadas são inovadoras e logo adotam uma dada estrutura, esta
estrutura tem mais probabilidade do que outras de se tornar totalmente institucionalizada do
17

que outras (DiMaggio e Powell, 1983; Fligstein, 1985; 1990; Baron et al., 1986; Davis, 1991;
Palmer et al., 1993). Além disso, os trabalhos de Mezias (l990) e seus colegas (Mezias e
Scarcelletta, 1994) sugerem que o status social das forças opositoras à adoção de uma
estrutura pode operar no sentido oposto: quanto maior o status do oponente, menor o grau de
institucionalização.

Existem outros fatores que, intuitivamente, também esperaríamos que tivessem um impacto
na institucionalização, incluindo, entre outros, a variedade das organizações para as quais
uma dada estrutura seria teoricamente relevante (quanto maior o leque de organizações, mais
difícil seria oferecer evidências convincentes e, portanto, mais baixo o grau de
institucionalização); o número ou o tamanho dos grupos de campeões (quanto maior o
número de campeões, menor será a probabilidade de processos entrópicos tornarem-se
operantes e, portanto, mais alto o nível de institucionalização); o grau de aderência da adoção
de uma estrutura a mudanças que envolvam altos custos por parte das organizações adotantes
(investimentos mais altos deveriam atenuar tendências entrópicas, resultando, deste modo, em
um alto grau de institucionalização); a força da correlação entre a adoção e os resultados
desejados (criando fortes incentivos para manter a estrutura, deste modo resultando em um
alto grau de institucionalização).

O estudo dos determinantes do processo de institucionalização provavelmente requererá


trabalho comparativo sobre o desenvolvimento e propagação de diferentes estruturas. Isso
poderá envolver, por exemplo, a construção e comparação de diversos casos reais de
estruturas que tenham sido objeto de teorizações recentes - círculos de qualidade, programas
de assistência aos empregados, políticas de comunicações, e assim por diante. Este tipo de
estudo de caso comparativo poderá trazer importantes percepções para se saber se existem ou
não semelhanças nos processos pelos quais ocorre a adoção e difusão dos diferentes tipos de
estruturas.

Alternativamente, percepções úteis podem ser obtidas através da análise comparativa da


difusão e do destino de uma determinada estrutura em diversas indústrias ou em diversos
países (veja Strang e Tuma, 1993). Tal pesquisa tem o potencial de se referir a um certo
número de quebra-cabeças de processos de institucionalização sugeridos por várias
observações empíricas. Por que algumas estruturas (por exemplo, equipes de produção)
existem em algumas indústrias não em outras (sistemas de estabilidade ocupacional)? Terão
os processos de institucionalização sempre menor probabilidade de afetar estruturas em
organizações menores (Han, 1994) e, caso tenham, por quê? Por que as inovações
biotecnológicas aparecem preferivelmente em pequenas novas firmas nos Estados Unidos,
mas predominantemente em grandes firmas no Japão (Zucker e Darby, 1994)?

Uma grande implicação final que gostaríamos de tirar de nossa análise é a necessidade de se
considerar os contextos ou condições sob as quais as teorias institucionais, de dependência de
recursos e contingencial orientada para eficiência, poderão trazer percepções úteis para
estudos organizacionais. Infelizmente, diferentes teorias freqüentemente levam aos mesmos
resultados organizacionais previstos - embora os mecanismos postulados para produzir os
resultados sejam diferentes. Portanto, é muito mais difícil, se não impossível, determinar se os
fatores ressaltados por uma determinada perspectiva teórica estão de fato intervindo para
determinar as ações organizacionais.

Por causa disso, pode ser útil confinar 'testes' empíricos da teoria institucional aos estudos de
contextos em que não existam grandes atores tentando compelir as organizações a adotar uma
18

dada estrutura, seja pelo uso da lei, seja através da retenção de recursos críticos. Ou talvez
seja útil comparar diretamente os processos de adoção sem pressão àqueles em que haja
alguns elementos coercitivos, como no nosso exame da adoção da reforma funcionalismo
público em Estados onde isto não era requerido por lei e em Estados onde isto era uma
imposição legal (Tolbert e Zucker, 1983).

Do mesmo modo, pode também ser útil focalizar as aplicações empíricas da teoria
institucional em análises em que os benefícios materiais associados à estrutura não sejam
prontamente calculáveis (que é o caso de muitas inovações administrativas, bem como de
inovações técnicas) - isto é, onde abordagens contingenciais orientadas para a eficiência não
sejam tão relevantes. Ou, também, pode ser útil avaliar como instituições sociais estão
acostumadas a aumentar benefícios materiais, como, por exemplo, quando colaboradores
científicos tendem a ser selecionados na mesma organização, na verdade usando os limites da
organização como limites/redomas de informação que protegem novas descobertas de uma
exploração prematura por parte de outros (Zucker et al., 1995).

CONCLUSÕES

Ao ressaltar o papel das influências normativas nos processos de tomada de decisão


organizacional, a teoria institucional oferece uma extensão importante e distintiva ao nosso
repertório de perspectivas e abordagens para explicar a estrutura organizacional. Enquanto a
noção de que os decisores são dotados de uma racionalidade limitada tornou-se um
componente básico na cartilha da pesquisa organizacional, as implicações disso não são
exploradas em profundidade pela maioria das teorias contemporâneas(10). Como a
racionalidade é limitada e sob quais condições ela será mais ou menos limitada são questões
raramente abordadas. A teoria institucional oferece um quadro de referência que pode ser útil
na abordagem dessas questões, mas sua utilidade nesse aspecto requer maior desenvolvimento
teórico a fim de esclarecer as condições e os processos que fizeram com que as estruturas se
institucionalizassem. Uma compreensão mais clara da institucionalização como um processo
nos permitiria especificar o impacto de maior número de aspectos sociais da tomada de
decisão, tais como os efeitos da posição social dos que fornecem informações sobre as
escolhas feitas e as condições sob as quais as previsões de uma escolha particular somente se
tonarão possíveis se os aspectos sociais forem diretamente incluídos na análise.

A referência a este tópico geral de condições de aplicabilidade requer a consideração de um


determinado número de problemas: como e quando as escolhas ou linhas de ação alternativas
se tornam socialmente definidas; quem age para causar a mudança e para difundi-la para
organizações múltiplas, e por quê; e quais são os benefícios potenciais de se criarem
estruturas semelhantes, ou de convergir para as mesmas estruturas, que levam ao isomorfismo
institucional que observamos com tanta freqüência. Para a teoria institucional se desenvolver
como um paradigma coerente e, deste modo, fazer uma contribuição duradoura para a análise
organizacional, tais questões sobre os processos de institucionalização demandam respostas
tanto conceituais quanto empíricas. Nesta análise delineamos algumas respostas iniciais para
estes problemas, respostas cuja extensão e modificação deverá esperar ainda desenvolvimento
teórico e testes empíricos.
19

NOTAS

Gostaríamos de agradecer, sem implicações, a Howard Aldrich, Michael Darby, Shin-Kap Han, John Meyer,
Linda Pike e Peter Sherer por dedicar tempo e esforço para ler e oferecer comentários úteis sobre os primeiros
rascunhos deste capítulos. Lynne Zucker reconhece o apoio a esta pesquisa por subsídios da Fundação Sloan
através do Programa de Tecnologia Industrial NBER, e do 'Systemwide Biotechnology Research Education
Program’ da Universidade da Califórnia. As opiniões expressas aqui são dos autores e não da NBER.

l Aqui nós concentramos nossa análise dos processos de institucionalização em nível inter-organizacional.
Processos semelhantes provavelmente operam ao nível intraorganizacional também, embora os mecanismos
exatos, bem como suas conseqüências, possam diferir. Veja Tolbert (l988), Rura e Miner (l944) e Barley e
Tolbert (l988) para discussões da relação entre processos inter e intraorganizacionais. Veja Zucker (l977) para a
discussão e teste experimental de processos intraorganizacionais e conseqüências.

2 A evolução desta linha de pesquisa inclui trabalhos focalizando a relação entre estrutura formal e 'organização
informal' e, particularmente, as relações de poder entre membros da organização (por exemplo, Blau, 1955; Zald
e Berger, 1978; Perrow, 1984). Talvez porque tal trabalho fosse menos compatível com a literatura sobre a
ciência administrativa existente, ele não alcançou proeminência tão rapidamente na literatura sociológica sobre
organizações quanto os trabalhos focalizando a covariação entre elementos estruturais.

3 Veja, por exemplo, Stinchcombe (l959), Thompson (l967), Pugh et al. (l969), Blau (l970). Hall (l987) traz
uma crítica e resumo completos das conclusões desta literatura.

4 Outro análogo no nível individual é a bajulação, na qual a lisonja e a excessiva conformidade são utilizadas
para atender às necessidades pessoais por meio da alteração das respostas de pessoas dotadas de poder ou
autoridade (Jones, 1964; Jones e Wortman, 1973). Veja também Elsbach e Sutton (l992) para uma discussão
sobre gestão organizacional por impressões.

5 D'Aunno et al. (l991) descreve o modo pelo qual exigências conflitantes feitas a organizações de saúde mental
comunitárias por diferentes círculos resultam na adoção de práticas incompatíveis e contraditórias. Sugerimos
que tais contradições na estrutura têm mais chance de ocorrer quando os gerentes tiverem pouca margem
discricionária quanto à adoção de mudanças estruturais.

6 Deixamos para desenvolvimento posterior processos de mudança que operam dentro de uma dada
organização. Assume-se que a inércia dentro das organizações bloqueia a mudança interna, ou, pelo menos, a faz
extremamente difícil (Kanter, 1983; 1989). No entanto, os processos de institucionalização provavelmente serão
muito importantes para o funcionamento interno da organização (Zucker, 1977; Pfeffer, 1982).

7 Conforme nos foi assinalado por John Meyer, este modelo pode ser mais aplicável a sociedades caracterizadas
por estados nacionais relativamente fracos.

8 Leblebici et al. (l991) mostram que quando as vantagens de uma inovação não são claras, são freqüentemente
as firmas menores e com menos vantagem competitiva as primeiras a adotar, porque os riscos relativos de sua
adoção serão menores para elas.

9 Este processo de teorização já foi explicitamente desenvolvido e empiricamente testado a nível individual
como características de estados difusos (referências chave incluem Berger et al., 1972; Webster e Driskell, 1978;
Zelditch et al., 1980; Ridgeway e Berger, 1986). É mais fácil ver erros no processo de generalização quando
atributos pessoais tais como gênero ou etnia são analisados. Mas esperamos erros semelhantes em nível
organizacional.

10 Um bom exemplo é dado pela teoria de custos transacionais (Williamson 1975), que se baseia explicitamente
na premissa de racionalidade limitada. No entanto, os trabalhos nessa tradição parecem estar implicitamente
baseados na premissa de que os decisores são capazes de executar cálculos extremamente complexos necessários
para estimar os custos relativos da transação associados às diferentes formas relacionais e de selecionar um
curso de ação apropriado baseado nesses cálculos (isto é, de racionalidade relativamente não-limitada).
________________________________________
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