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Eu Sunil José Sigaul, declaro que esta monografia científica é resultado da minha
investigação pessoal e das orientações do meu supervisor, o seu conteúdo é original
autêntico. Todas as fontes consultadas estão devidamente citadas no texto, nas notas e na
bibliografia final. Declaro ainda, que este trabalho nunca foi apresentado em alguma
instituição para obtenção de qualquer grau académico.
Cada palavra, e frase e texto que compõem o presente trabalho são inteiramente dedicados
aos meus pais Mário José Navavi e Helena Alfredo Assane pelo dom da vida e
conhecimento que me transmitiram e me transmitem, e por terem empreendido o seu
máximo esforço para o meu ingresso na arena filosófica.
Agradecimento
Agradeço à Deus, causa primeira da minha existência, pelos méritos que dele recebi,
recebo e pela sua contínua assistência sempre receberei. Fortes agradecimentos de forma
grandiosa aos meus pais Mário Navavi e Helena Assane, que tanto prepararam a minha
pré-história e ainda empreendem todo esforço para o sucesso do seu amantíssimo filho. De
igual modo os meus agradecimentos vão para minha avó Beatriz Navavi e minha tia Ana
Paula Leonor que em vida souberam educar-me nas suas humildes palavras. Meus
agradecimentos ao Dom Alberto Aréjula, meu bispo, por toda diligência. Agradeço, de
modo especial aos meus irmãos diáconos Acácio dos Santos e Agostinho Adriano que
tanto me deram força e coragem.
Devo meu profundo agradecimento ao meu tutor Dr. Félix Anovo meu supervisor, que
desde o primeiro dia de execução deste trabalho mostrou-se disponível em ajudar-me
compreendendo todos os meus fracassos, a ele meu muito obrigado. Propago também nesta
linha, a minha gratulação à todos docentes, desta instituição, e aos Seminários de Santo
Agostinho da Matola e São Pio X de Maputo, que deles aprendi a filosofar, pois me
ensinaram a filosofar como se referiu Emmanuel Kant.
Muito obrigado,
koxukhuru vanjene‼
Resumo
Cada sociedade fixa o modelo da pessoa humana e da sociedade que quer construir através
da educação. Pois, a educação é um dos meios de destaque para uma sociedade e pessoa
humana bem formadas. A presente reflexão filosófica é sobre a educação em Moçambique,
intitulada por Educação Segundo John Dewey: uma perspectiva para um ensino qualitativo
em Moçambique.
Nos últimos tempos verifica-se uma distância notável entre o processo educativo da
criança do acompanhamento social dos familiares. Ou seja, a educação do aluno cabe
simplesmente as instituições educativas, isto é, creches, escolas. Assim sendo, será que há
possibilidade de um paradigma filosófico educacional que John Dewey propõe para que
um estado tenha uma educação qualitativa e baseada nos princípios de educação cívica e
patrióticas basilares para um estado democrático.
O objectivo geral é de dar uma panorâmica da filosofia educacional de John Dewey como
uma proposta para um ensino mais qualitativo em Moçambique. E, os objectivos
específicos são: Contextualizar a filosofia educacional de John Dewey; apresentar o
pensamento filosófico de John Dewey; analisar o caminho educacional de Moçambique e a
sua resposta face aos desafios competitivos e qualitativos e propor o paradigma
educacional de John Dewey.
Each society sets the model of the human person and the society it wants to build through
education. For, education is one of the main means for a well-formed human society and
person. The present philosophical reflection is on education in Mozambique, entitled
Education According to John Dewey: a perspective for a qualitative education in
Mozambique.
In recent times, there has been a notable distance between the child's educational process
and the social accompaniment of family members. In other words, the education of the
student is simply the responsibility of educational institutions, that is, day care centers,
schools. Therefore, is there a possibility of an educational philosophical paradigm that
John Dewey proposes for a state to have a qualitative education based on the basic
principles of civic and patriotic education for a democratic state.
A presente monografia tem como tema “Educação Segundo John Dewey: uma perspectiva
para um ensino qualitativo em Moçambique”. Como uma proposta para um avanço
qualitativo da educação da presente fase nacional. Pois, todos nós estamos empenhados
para um desenvolvimento integral.
Esta monografia, para responder as exigências técnicas e colocar as suas propostas como
contributo para educação em Moçambique, tem como objectivo geral dar uma panorâmica
da filosofia educacional de John Dewey como uma proposta para um ensino mais
qualitativo em Moçambique. E tem os seguintes objectivos específicos: Contextualizar a
filosofia educacional de John Dewey; Apresentar o pensamento filosófico de John Dewey;
Analisar o caminho educacional de Moçambique e a sua resposta face aos desafios
competitivos e qualitativos dos tempos hodiernos do país e; Discutir o paradigma
educacional de John Dewey como uma hipótese para ultrapassar as dificuldades em
Moçambique.
Importa referir a grande relevância desta pesquisa educacional para Moçambique, como
sempre enfatizou John Dewey que a Educação é uma necessidade da vida social, pois o
que a nutrição e a reprodução são para a vida fisiológica, a educação é para a vida social.
I Capítulo. REVISÃO LITERÁRIA DE CONCEITOS DE FILOSOFIA E
EDUCAÇÃO EM JOHN DEWEY
O esboço dos temas pedagógicos requer uma atenção minuciosa de uso de certos termos
básicos para sua melhor compreensão e não percepção polissémica do seu teor. Assim,
neste primeiro capítulo cabe simplesmente apresentar de forma sintética os conceitos
básicos de alguns termos técnicos inclusive os pensadores que influenciaram o pensamento
de John Dewey.
I.1. Filosofia
Portanto, amor da sabedoria, gosto pelo saber. Enfim, filósofo éaquele que procura o saber,
não aquele que se considera sábio.Segundo a tradição filosófica é atribuído a Pitágoras
como pai da filosofia,ou de título de filósofo, pela distinção entre Sophia - o saber e a
Philosophiaque seria o «amor a sabedoria» ou seja «busca do saber».
Segundo Platão a Filosofia é o uso do saber em proveito do homem. Este filósofo também
da antiguidade grega sublinha como um saber que está em benefício do próprio homem e
não para oprejudicar. Na verdade, nada serve uma ciência que tornasse imortal a quem não
soubesse utilizar a imortalidade, e assim por diante. É necessária, portanto, uma ciência em
que coincidam fazer e saber utilizar o que é feito, e esta ciência é a Filosofia.
Portanto,Segundo este conceito de Filosofia dado por Platão a Filosofia implica uma posse
ou aquisição de um conhecimento que seja, ao mesmo tempo, o maisválido e o mais amplo
possível e em benefício do homem. (cfr. Mondin, 1981).
Estes dois pensadores colossos, Aristóteles e Platão, aceitam como ciência primeira uma
ciênciaacarretada, que paraPlatão é a dialéctica e para Aristóteles a Filosofia.É necessário
acrescentar que nas escritas metafísicas de Aristóteles chama essa ciência das últimas
coisas como «primeira» ou «teologia».
Cícero, pensador de Roma antiga, concebe a filosofia como o estudo das causas humanas e
divinas das coisas. Este filósofo entende que a Filosofia é uma ciência que permite estudar
e conhecer as causas humanas e divinas de todas as coisas quanto existem. Portanto,
entende-se nesta linha que a filosofia se ocupa dos aspectos meramente humanos isto é,
ciências naturais e humanas e dos aspectos espirituais que são ciências teológicas ou
divinas como a teologia.
Descartes, filósofo francês da idade Moderna, concebe a Filosofia como ciência que ensina
a raciocinar bem. Esta palavra, Filosofia, significa o estudo da sabedoria.Ea sabedoria não
é só a prudência nas coisas, mas um melhor conhecimento de todas as coisas possíveis para
o homem quanto ao seu conhecimento, tanto para a sua vida quanto para a conservação de
sua saúde e a invenção de todas as artes.
Kant,filósofo moderno e alemão com as perspectivas da sua famosa obra "Crítica. Razão.
Pura" dá umconceitoda Filosofia como o de "ciência da relação do conhecimento à
finalidade essencial da razão humana. Essafinalidade essencial é a felicidade universal;
portanto, a Filosofiarefere tudo à sabedoria, mas através da ciência.
John Dewey não ficou de fora quanto a conceituação da Filosofia a partir da sua linha de
orientação filosófica. John Dewey Não tem significação diferente a definição de Filosofia
dada por Kant, o filósofo alemão.
Segundo John Dewey a filosofia é uma "crítica dos valores", no sentido de"crítica das
crenças, das instituições, dos costumes, das políticas, no que se refere seu alcance sobre os
bens"(Experiência e Natureza, p. 407).
I.2. Democracia
John Dewey tem uma orientação democrática partindo da perspectiva educacional. Quer
dizer para ter uma boa democracia parte da educação nacional direccionada para uma
moral de interesse comum. Isto é, o ideal democrático consiste basicamente não só pelos
variados pontos de participação de interesse comum mas também na confiança dos
gestores especialmente na construção cooperativa dos grupos sociais para não
desequilíbrio. Assim, John Dewey fala do ideal democrático orientando-se em dois
critérios:
Não se deve esquecer que John Dewey defende a democracia nas palavras anteriormente
mencionadas como elemento importante para educação. Porque a boa educação de uma
sociedade ou de um indivíduo depende fortemente da sua vida. Se a vida não for condigna
nunca a educação terá frutos esperados. Pois, segundo John Dewey Uma democracia é
mais do que uma forma de governo; é, primacialmente, uma forma de vida associada, de
experiência conjunta e mutuamente comunicada.
1.3.Educação
Ex-ducere, ou seja, “trazer ou conduzir para fora”, é a expressão latina que deu origem ao
verbo educar em língua portuguesa. Aquele significado original da palavra perdeu-se no
tempo, nas entranhas das ideologias e na semântica profusa das superestruturas. Como
advoga Franco, L. M.; Pessoa, M. & Silva, M. B. C. (2014, p.12):
Tomemos em consideração dum elemento linguístico para não correr à uma percepção
polissémica deste conceito pedagógico. A herança cultural referida aqui não é
simplesmente de transmissão geracional dos usos, costumes e hábitos de uma geração para
outra mas também de cultura como conhecimento cognitivo para transmissão de uma
geração a outra.
Ainda mais, a educação segundo Durkheim (1975) é uma acção exercida pelas gerações
adultas sobre as novas que ainda não se encontram preparadas para a vida social. Tem
como objectivo provocar e desenvolver na criança certo número de condições físicas,
intelectuais e orais, no seu conjunto, seja o meio especial que a ela se destina
particularmente.
Dando uma nota preambular da concepção de John Dewey sobre a educação, que será o
teor temático do próximo capítulo, é uma necessidade da vida social, pois «o que a
nutrição e a reprodução são para a vida fisiológica, a educação é para a vida social»
(Dewey,1982, p. 14).
Nesta óptica e conforme Delors etal (2010) o Relatório para Unesco da Comissão
Internacional sobre a Educação Para o século XXI, intitulado Educação Um tesouro a
descobrir, existem dois tipos de educação mais fluentes que contribuem nitidamente para a
formação psíquica e física da criança, que são: a educação formal, informal e também fala-
se de educação não-formal.
1.3.2. Ensino
Ensino é o processo ou sistema pelo qual o professor transmite ao aluno o legado cultural
em qualquer ramo do saber. O ensino anda associado à transmissão do saber já constituído,
já organizado com metodologias fixas e organizadas. As pedagogias construtivistas
consideram que o acto de ensinar deve subordinar-se à aprendizagem e esta ao
desenvolvimento. O professor passa a desempenhar novos papéis: facilitador da
aprendizagem, dinamizador de situações problemáticas e orientador de projectos. (cfr.
Marques, S/d)
Vulgarmente, assim como pode-se falar de uma educação formal (escolar) e educação
informal (não escolar), também há aplicação comummente de um ensino formal sem
precisar dos elementos qualificantes do ensino formal ou técnico. Facto que, todo ensino é
transmissível directa e/ou indirectamente de um indivíduo ou de uma sociedade para um
indivíduo ou um grupo geracional nova e não instruída na questão em ensino.
E, no segundo caso – de sentido axiológico, refere-se «não aos métodos e meios de ensino,
mas não à regionalização! Ao valor intrínseco e à essência do ensino» (cfr. Marques, s/d,
p.116).Trata-se basicamente dos valores morais e científicos esperados da educação.
Segundo Hameline, D. citado por Daron e Parot (2001,p.259) «a educação é uma aposta
desde há duzentos anos, entre as diferentes ciências do Homem, desde que elas tiveram a
ver com a organização da sociedade, a inspiração do poder e a difusão de um saber
dominante».
Para que haja uma qualidade de ensino requerida não é simplesmente colocar a disposição
avultados valores monetários, mas também como defende Marques (s/d) “a existência de
lideranças educativas fortes e competentes […] e sistema que favorece o corporativismo
docente, promove uma cultura organizacional minimalista e igualitária e desincentiva a
procura da excelência e da qualidade” (p.116), do aluno e da sociedade em geral onde este
aluno está inserido.
Segundo Aristóteles citado por Barbosa etal (2017), a educação deve levar o homem a
alcançar a sua plena realização, mas isso se torna possível se ele desenvolver as suas
faculdades, físicas, morais e intelectuais.
John Dewey é considerado como um filosofo que refletiu meramente pela educacao. Ao
ponto da sua Filosofia paragmática ser chamada de filosofia da educação. Assim como
apresentar a difinição universal e global da filsofia é um problema filsófico também
apresentar o conceito de filsofia da educação é dificil. Porque o conceito de filsofia da
educação depende do que se entende por filosofia e, naturalmente, também do que se
entende por educação, mas a própria conceituação de educação já envolve um certo
filosofar sobre a educação.
Logo à vista, parece que esta proliferação de respostas seja iniciativa do próprio fracasso
da filosofia. Ademais, outros vêem nesta situação a grande riqueza do pensamento
humano, que, para cada problema que lhe é proposto, é capaz de imaginar uma variedade
de soluções.
Como referiu-se no conceito sobre a Filosofia de que uma indagação sobre toda realidade
que nos rodeia procurando dar respostas que constituam paradigma na conduta da
sociedade. E a educação como processo de transmissão de valores, hábitos e costumes para
as gerações mais novas. Então, a filosofia da educação é reflexão deste processo educativo,
indagando a sua finalidade, as suas noções e relações. Geralmente, a filosofia da educação
é o campo filosófico que examina, esclarece e direcciona os objectivos e métodos e acções
pedagógicas de um sistema ou de uma instituição de ensino.
Ainda mais, a Filosofia da educação é uma análise que tenha por objetivo o esclarecimento
do sentido dessas noções, dos critérios de sua aplicação, das suas implicações, e da sua
relação entre si e com outros conceitos educacionais é tarefa da filosofia da educação e é
Mas há ainda uma outra família de conceitos que se relaciona estreitamente com a
educação: a dos conceitos de ensino e aprendizagem. Qual a relação existente entre
educação e ensino, entre educação e aprendizagem, e entre ensino e aprendizagem? São
questões a filsofia educacional se coloca.
Como qualquer pensador tem uma orientação filosófica nas suas exposições. Assim coloca
quanto ao pensamento de John Dewey de quem se inspirou. Lendo atentamente as suas
obras e os seus discursos, John Dewey teve inspirações de autores desde a antiguidade
grega até os tempos hodiernos.
Quando Dewey se debruça sobre o papel da escola que veremos detalhadamente nos
próximos capítulos volta a uma concepção que não se distancia de Platão, não sobre o
dualismo da sua doutrina mas sim no aspecto que une o conhecimento e a virtude.
Também John Dewey tem uma ideia que parece conciliadora como a que se referiu
Emmanuel Kant filósofo alemão, sobre o conhecimento. Na idade moderna houve uma
extraordinária discussão entre os empiristas e racionalistas, qual deveria será fonte ou a
origem do conhecimento. Os racionalistas defendiam que a origem do conhecimento é a
razão. E, os empiristas, por contrário, defendiam fortemente que deve ser a experiência.
Cada uma com suas razoes. Emanuel Kant concilia esta problemática sublinhando que o
conhecimento é fruto das suas fontes. John Dewey formula o método da inteligência
experimental para caracterizar a sua revisão do conceito de razão e experiência. Portanto, o
pensamento deweyano é fruto da influência empirista, racionalista e kantiana.
John Dewey teve fortes influências que lhes são conhecidas dos pensadores Peirce e
Wiliam. Pois ele desenvolveu o pragmatismo formulado por Peirce e WilliamJames,
aplicando essa doutrina à lógica e à ética, e defendendo o instrumentalismo ou o
experimentalismo em teoria da ciência.CharlesSandersPeirce (1839-1914) Filósofo norte-
americanovulgarmente conhecido como o criador do pragmatismo. «Peirce concebe o
pragmatismo como um método para estabelecer o significado dos conceitos a partir dos
efeitos práticos de seu uso concreto» (Japiassú&Marcondes 2001,p.149).Dewey
influenciou-se mas colocando ligeiras alterações do seu pensamento.
Para terminar, John Dewey construiu a sua linha filosófica inspirando-se não dos filósofos
só americanos como os mencionados mas também dos filósofos ocidentais desde a era dos
homens conhecidos como das grandes sínteses (Sócrates, Platão e Aristóteles). Importar
referir que apesar de tudo isso, a sua filosofia épragmática. Assim, o capítulo seguinte
aborda o pensamento pragmático geral e educacional de John Dewey.
II Capítulo. A filosofia pragmática e de educação de John Dewey
Dewey não deixou de ensinar a filosofia mas é uma expressão clara da sua paixão pela
educação da sociedade.
As suas convicções filosóficas sobre a educação expandiram por meio das suas obras
filosóficas pragmáticas e pedagógicas como a escola e a sociedade (1899),Como nós
pensamos (1910), A democracia e a educação (1916) e Experiência e educação (1938) e
as cartas que direcionava aos seus educadores. Pois, a convicção primeira de Dewey foi
exatamente a de estreita e essencial relação entre a necessidade de filosofare a necessidade
de educar.
Como se referenciou no capítulo anterior, John Dewey é uma filosofia com linha
orientação filosófica pragmatista e pedagógica. Pois, toda a década de 1890 teve um salto
gradual do puro idealismo filosófico, sito é, de fundamentos basicamente teóricos e
ideológicos para orientar-se pelos fundamentos pragmatistas e pelo naturalismo filosófico.
Na verdade, a filosofia não são só as ideias construtivas mas também as acções morais e
construtivas práticas. Com influências fortes de Darwin e James, Dewey tem uma base de
uma Psicologia funcional – tributária da Biologia evolucionista deDarwin e do pensamento
pragmatista de seu amigo William James, Dewey iniciou o desenvolvimento de uma teoria
do conhecimentoque questionava os dualismos que opõem mente e mundo.
Como se sabe que a partir do século XVII,na filosofia ocidental, houve uma forte oposição
entre os idealistas e os pragmatistas, melhor dito na época entre os racionalistas e os
empiristas. Cada corrente filosófica com fundamentos que negavam a posição da outra
corrente.
De acordo com a concepção kantiana, na metafísica da moral, nota-se uma distinção entre
pragmática e prática. A última aplica-se a leis morais que Emanuel Kant considera como
sendo apriori, enquanto a primeira aplica-se às regras da arte e da técnica que estão
baseadas na experiência e são aplicáveis à experiência.
Nesta perspectiva, Peirce, que era um grande empirista, com costumes mentais, tal como
ele dizia, de laboratório, recusava chamar seu sistema de praticalismo. É necessário que se
saiba que o pragmatismo não é o mesmo do praticalismo que é tendência de colocar tudo
em prática sem ter em consideração os valores sensoriais e filosóficos dos princípios
técnicos de pensar.
«Para uma pessoa que ainda pensava mais prontamenteem termos kantianos, ‘praktish’ e
‘pragmatisch’ eram tão distantes quanto doispólos; o primeiro pertencendo a uma região
do pensamento, na qual nenhuma mentede tipo experimental pode encontrar terreno sólido
sob seus pés, e o último expressandoa relação a algum propósito humano definido. Ora, de
fato, o aspecto mais premente danova teoria era o reconhecimento de uma conexão
indissolúvel entre cognição racionale propósito racional» (Dewey, 2007, p. 228)
O trabalho começado por Peirce foi continuado por William James. Em certosentido,
James estreitou a aplicação do método pragmático de Peirce, mas ao mesmotempo ele o
estendeu. Os artigos escritos por Peirce em 1878 quase não despertaram atenção nos
círculos filosóficos, na época sob a influência dominantedo idealismo neokantiano.
Depois de citar a consideração psicológica formulada por Peirce, segundo a qual as crenças
são realmente regras de acção e toda a função do pensar não é nada mais do que um passo
na produção dos hábitos de acção, e que toda ideia queformamos de um objecto para nós
mesmos é realmente uma ideia dos possíveis efeitosdaquele objecto, James expressou a
opinião de que todos esses princípios poderiam serexpressos mais amplamente do que foi
feito por Peirce
O pragmatismo de John Dewey parte das impressões sensoriais, meras ideias, para
expressar praticamente o bem-estar ou sobrevivência do homem. E ainda mais sublinha
colocar a prova os nossos pensamentos. Na óptica de Dewey:
Os termos técnicos usados por Dewey para descrever a passagem do idealismo puro para
pragmatismo são termos outrora usados pelos seus predecessores de modo especial os da
Filosofia ocidental. Hegel falara de espírito absoluto quando apresenta a dialéctica de
pensamento.
A tese como a ideia em si, a antítese como a oposição da ideia principal assim como a
síntese como ideia conciliadora e solucionadora das premissas anteriores, esta ideia Hegel
também se referira de espírito absoluto.
Ainda mais, John Deweyna reflexão sobre aideia filosófica inclusivarefere que o
conhecimento é, em termos de objectos relacionados, e a não ser que se suponha que as
relações sejam uma intrusão subjectiva, ou somente asideiassejam associadas, uma relação.
Uma vez observado esse facto, observamos que as qualidades das coisas associadas são
exibidas somente em associação, visto que nas interacções em si há potencialidades
concretizadas. (Cfr. Dewey, 1928)
John Dewey destaca que o pensamento constitui, para todos, instrumento destinado a
resolver os problemas da experiência e o conhecimentoé a acumulação de sabedoria que
gera a resolução dessesproblemas. Portanto, o conhecimento adequado a realidade é
mecanismo eficaz para solucionar todos os problemas pedagógicos.
John Deweycritica severamente os tradicionalistas dizendo que não há relação conexa entre
as disciplinas do programa de estudos com os interesses da criança. E para os românticos
que consideravam a educação centrada na criança critica-os por não relacionarem os
interesses e actividades infantis com os componentes de grade escolar ou curricular.
Tendo em atenção que uma educação eficaz requer que o educador explore as tendênciase
os interesses para orientar o educando até o ápice emtodas as matérias, sejam elas
científicas, históricas ou artísticas.
Dewey sublinha que «na realidade, os interesses não são senão atitudes a respeito de
possíveis experiências; não são conquistas; seu valor reside na força que proporcionam,não
no sucesso que representam» (Dewey, 1902, p. 280).
Com esta perspectiva iluminadora da pedagogia de John Dewey impele a saber que o
educador deve ter como escopo do seu trabalho de reincorporar os temas de estudo na
experiência.
«Durante toda a sua duração, ela esforça-se por tirar proveito das energias que a cercam
[…] Enquanto se acha a crescer, a energia que despende para tirar vantagens do ambiente é
mais que compensada pelo que obtém: ela cresce. […] A vida é um processo que se renova
a si mesmo por intermédio da acção sobre o meio ambiente» (Dewey, 1979, p.1).
Isto porque não chegando à reflexão consciente, não nos fornece nenhuminstrumento para
nos assenhorearmos melhor das realidades que noscircundam.Não se deve olhar a
experiência simplesmente como uma fonte mas olhar a educação como uma reconstrução
da nossa experiência.
É nesta órbita de ideia de educação como reconstrução da nossa experiência que John
Dewey citado por Westbrook e Teixeira (1998) clareia que o processo da experiência
atinge, então, essenível de percepção das relações entre as coisas, de que decorresempre a
aprendizagem de alguns novos aspectos.Ora, se a vida não é mais que um tecido de
experiências de todasorte, se não podemos viver sem estar constantemente sofrendo e
fazendo experiências, é que a vida é toda ela uma longaaprendizagem.
Então urge-nos abordar uma apreciação deweyniana da experiência. John Dewey fala de
experiência educativa. Mas antes é necessário ter-se em atenção de que Emprega-se a
palavra "experiência" com a mesmariqueza de sentido.
A experiência alarga, deste modo, os conhecimentos, enriquece o nosso espírito e dá, dia a
dia, significação mais profunda à vida. E é nisso que consiste a educação. Educar-se é
crescer, não já no sentido puramente fisiológico, mas no sentido espiritual, no sentido
humano, no sentido de uma vida cada vez mais larga, mais rica e mais bela, em um mundo
cada vez mais adaptado, mais propício, mais benfazejo para o homem.
Olhando as perspectivas anteriores sobre a experiência como realidade imprescindível para
educação e a educação como realidade que consolida educação. Então a educação na
óptima de John Dewey é o «processo de reconstrução e reorganização da experiência, pelo
qual lhe percebemosmais agudamente o sentido, e com isso nos habilitamos a melhor
dirigir ocurso de nossas experiências futuras» (DeweyapudinWestbrook e Teixeira 1998,
p.37).
Muitas vezes, o ser humano limita-se em pensar que educar é simplesmente transmitir os
conhecimentos á criança. E isso é o que é o comum. John Dewey coloca um elemento
necessário para que haja uma boa educação na transmissão dos conhecimentos que é o
elemento da comunicação. Dewey aborda da seguinte ordem:
«A transmissão efectua-se por meio da comunicação - dos mais velhos para os mais novos
- dos hábitos de proceder, pensar e sentir. Sem esta comunicação de ideais, esperanças,
expectativas, objectivos, opiniões, entre os membros da sociedade que estão a sair da vida
do grupo, e os que na mesma estão a entrar, a vida social não persistiria. Se os membros
adultos de uma sociedade vivessem indefinidamente, poderiam educar os novos membros
mas seria uma tarefa inspirada mais pelo interesse pessoal do que pelas necessidades
sociais» (Dewey, J. 1979, p. 5)
Uma educação sem comunicação tem impactos graves dentro da educação assim para com
a sociedade. Uma educação sem a comunicação no campo pedagógico o aproveitamento
pedagógico é grave facto que a criança é incumbida simplesmente a apreender o que o
seupedagógo está a inculcar.
No campo social umaeducação sem comunicação cria rebeldia forte ao ponto de não se
acatar severamente a ideia da educação. A comunicação deve ser uma transmissão para
formar a mentalidade dos imaturos; mas não passam de um meio e, comparadas a outros
agentes, são um meio relativamente superficial. E as escolas são basicamente um meio que
facilita esta comunicação de ideias.
Conforme Dewey não é só a vida social que se identifica com a comunicação de interesses,
como também toda a comunicação é educativa. Receber a comunicação é adquirir
experiência mais ampla e mais variada. Pois, toda comunicação é uma experiência nova.
Para terminar, não simplesmente a vida social precisa do ensinoe do aprendizado para sua
própria continuação, como tambémpor si mesma é educativa. A sociedade educa, por sua
própria natureza. Ela, a sociedade, amplia e ilumina a experiência, estimula e enriquece a
imaginação do indivíduo; gera o sentimento da responsabilidade face aos desafios diários
que a sociedade propõe a cada um.
Por esta razão John Dewey exemplifica que: «Um homem que realmente vivesse só mental
ouFisicamente poucas ou nenhumas ocasiões teria para reflectirsobre sua experiência
passada ou para extrair-lhe a claraSignificação» (Dewey 1979, p. 6).
Assim porque a diferença qualitativa na eficiência dos adultos e dos novos não só demanda
que se ensine a estes, como também anecessidade deste ensino é um poderoso estímulo
para dar àexperiência ordem e forma que a torne mais facilmentetransmissível.
Anteriormente falou-se dos tipos de educação. A educação pode ser informal e formal. A
informal é aquela não institucionalizada e, formal aquela institucionalizada e que segue um
programa curricular.
John Dewey, dentro da sua pedagógica democrática, fala deste aspecto do processo
educativo, nos seguintes termos: «Somos assim levados a distinguir, dentro do vasto
processoeducacional que vimos considerando, uma espécie maisformal de educação, a do
ensino directo ou escolar» (Dewey 1979, p. 7).
Verifica-se que Dewey sublinha de que a educação formal além de ser institucionalizada é
também directa ou seja para Dewey a educação formal é directa.
Dewey não se esquece de que nos grupos sociais não evoluídos, como é o caso de países
ainda em Desenvolvimento vulgos do terceiro mundo, encontra-se pouco ensinoe
adestramento formais.
Os povos africanos usam estes meios de educação. Por exemplo o povo do norte de
Moçambique tem os ritos de iniciação como meio para transmitir os seus ensinamentos às
gerações novas ou mecanismo para integrar os mais novos à comunidade social.
Emquase tudo eles contam com que os pequenos aprendam oscostumes dos adultos,
adquirindo seu potencial de emoções e seu lastro de ideias, participando daquilo que os
mais velhosfazem.
Apesar de tudo isso, que a educação informal faz para a sociedade, John Deweyreferencia
que a educação formal é imprescindível: «sem essa educação formal é impossível a
transmissão detodos os recursos e conquistas de uma sociedade complexa.Ela abrecaminho
a uma espécie de experiênciaque não seria acessível aos mais novos.Desdeque livros e
símbolos do conhecimento têm que ser aprendidos» (Dewey,1979, p.8).
Esta transição da educaçãoindirecta para uma educação formal pode criar consigo grandes
perigos. Pois, nem todo passado deve ser ignorado. Um dos graves problemas ou perigos,
na óptica de Dewey, é a educação formal se tornar facilmente coisa distante e morta
abstracta e livresca, para empregarmos as palavras pejorativas habituais.
É mero conhecimento de que as crianças não chegavam à escola como lousa limpa na qual
os professores poderiam escrever as lições sobre a civilização. Aliás, os empiristas
afirmam que a pessoa nasce como tabula rasa, e ao longo dos tempos a experiência
preenche a tabula. Assim a criança chega a fase escolar com certas experiências adquiridas.
Na mesma obra Dewey ensina que a criança inicia a sua escolaridade já desenvolvidos
alguns impulsos naturais como o de comunicar, o de construir, o de indagar e o de
expressar-se de forma mais precisa. Estes são recursos naturais e capitais para investir, de
cujo exercício depende o crescimento activo da criança.
Por essa razão, um dos mais ponderosos problemas com que a filosofia da educação de
Dewey tem de arcar é o modo de conservar conveniente equilíbrio entre os métodos de
educação não formais e os formais, e entre os casuais e os intencionais.Assim John Dewey,
para trazer um equilíbrio não prejudicial no campo educativo, refere que:
Para terminar, o ensino formal e considerado directo é muito bom. Pois as disciplinas
leccionadas e presentes no programa curricular são fruto da experiência da humanidade.
Razão pela qual, John Dewey na sua obra muito referente sobre a educação democrática
conclui com seguinte pensamento:
«Os fatos e as certezas que entram na experiência da criança e os que figuram nos
programas a serem estudados constituem termos iniciaise finais de uma realidade. Opor
ambas as coisas é opor a infância àmaturidade de uma mesma vida; é enfrentar a tendência
em movimento e o resultado final do mesmo processo; é sustentar que a naturezae o
destino da criança travam uma batalha» (Democracia eeducação p. 278).
É necessário que todo interveniente do processo educativo não considere o educando como
simples receptor. Assim, Dewey fala de que o educando ou o instruendo é meramente o
sujeito da educação. Antes de qualquer processo educativo a pessoa tem consigo certos
elementos inatos já desenvolvidos. Portanto, é obrigação de todos considerar com respeito
os dotes e as limitações das crianças que estão na fase própria de aprendizagem. O que ela
sabe é para ser desenvolvido, seguramente os pontos positivos, e não descurar.
A relação interactiva entre a escola e a sociedade foi umas das grandes preocupações do
pensamento pedagógico de Dewey. Ele aborda esta questão como uma relação amigável e
revergerativa entre a escola, como uma instituição oficial de ensino, e a sociedade onde sai
e voltam as crianças que são ensinadas.
Esta maneira de entender é com base os resultados dos padrões que analisamos do trabalho
da escola. John Dewey não nega esta maneira de encarar a realidades educativas considera
justa. Porém apresenta uma concepção mais ampla nos seguintes termos:
Todavia, é conveniente que ampliemos o alcance desta perspectiva. Aquilo que o pai mais
diligente e sensato deseja para seu próprio filho, a comunidade deverá deseja-lo para todas
as crianças que crescem no seu seio. Qualquer outro ideal para as nossas escolas é limitado
e pernicioso; posto em prática, destruirá a nossa democracia. (Dewey, 2002, p. 18)
Nesta linha John Dewey dá referência o valor de integração do processo de educaçãoos
pais, o professor e o próprio aluno. Pois, tudo o que a sociedade tem nos tempos hodiernos
é fruto do seu investimento e sua entrega ao processo educativos nos futuros membros da
sua sociedade.
Dito de outra forma, tudo o que a sociedade alcançou para seu benefício é fruto de
intermédio da escola ao dispor-se aos seus futuros membros. Portanto, na perspectiva
deweyniana, o individualismo e o socialismo estão em harmonia.
Nesta óptica de Dewey de modificações em curso nos métodos e programas educativos são
em igual medida um produto das mudanças na situação social e um esforço para satisfazer
as necessidades da nova sociedade que está a formar-se, á imagem do que se verifica na
indústria e no comércio.
Como se sabe que as mudanças sociais que Dewey se refere podem ser aquelas que
provavelmente afectaram a sua época. Como é o caso da mudança da revolução industrial –
a aplicação prática dos conhecimentos científicos traduzidos nas grandes invenções, o
crescimento dum mercado de dimensões mundiais como objectivo da produção, de vastos
centros de manufactura, de meios de comunicação e distribuição baratos e rápidos entre
todas as suas partes e mais outras realidades que condicionam.
John Dewey referindo-se dessa mudança social disse nos seguintes termos: «até mesmo as
nossas ideias e propensões morais e religiosas, que são as mais conservadoras, dado que
mais arreigadas da nossa natureza, acabam por ser profundamente afectadas. Pensar que
esta revolução não afectará a educação senão dum modo formação e superficial é
inconcebível» (Dewey,2002, p. 20).
Qual é o problema das nossas escolas de não preparem excelentes os futuros membros da
nossa sociedade? John apresenta uma boa satisfação a esta preocupação. Pois, se tudo falha
na sala de aula nunca podemos esperar bons resultados no terreno. Segundo John Dewey
«na sala de aula faltam motivo e o cimento da organização social.
Do ponto de vista ético, a trágica debilidade da escola de hoje reside na sua ambição de
preparar os futuros membros do tecido social num meio em que as condições do espírito
social faltam visivelmente». (Dewey, 2002, p.24).
Dewey sublinha um pouco de aulas práticas quando se refere que «á medida que as
faculdades mentais e os conhecimentos da criança vão aumentando, a tarefa prática deixa
de ser apenas e só e um passado agradável e converte-se cada vez mais num meio, um
instrumento, um órgão de compreensão» (Dewey,2002, p.30)
Esta relação de amizade entre a escola, como instituição de ensino, e a sociedade, verifica-
se que Dewey apresenta de forma pormenorizada a questão da evolução social. É notório
que a vida social sofre de uma mudança social.
Se é necessária uma educação que tenha uma forte influência e repercussão na vida de
todos os dias, segundo John Dewey «ela deverá passar por uma transformação igualmente
completa. […] As modificações do nosso sistema escolar, que parecem muitas vezes de
não passar de meras mudanças de pormenor, são na realidade indícios e provas de
evolução» (Dewey, 2002, p.35).
Enfim, para que a escola seja capaz de iniciar cada um dos novos membros da sociedade
impregnando-os dum espírito de altruísmo ter-se a melhor garantia de que a sociedade no
seu todo é digna, admirável e harmoniosa.
Que alegria ter uma sociedade digna de reputação ética, admirável pelas outras
democracias e espelho para ser imitada e harmoniosa no seu todo. Só isso é possível
quando a escola/educação segue a evolução da sociedade onde escola está inserida.
John Dewey para abordar esta temática baseou-se das experiências das crianças da escola
elementar da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos da América. Uma universidade
onde Dewey colaborou na sua carreira de professor. As suas reflexões não são frutos de
meras utopias ou fantasias mas sim de vida prática de crianças mas também as crianças são
realidades concretas para evitar falar de aspectos meramente analógicos.
Das experiências educativas de Dewey nos Estados Unidos da América e depois de ter
passado em várias escolas, entendeu que as carteiras e as salas das escolas estão concebidas
simplesmente para a criança sentar-se e ouvir.
Na evolução pedagógica de Dewey ensina que não seja simplesmente assim para as
crianças. «A criança na sala de aula deve estar para ouvir e trabalhar» (Dewey, J, 2002,
37). Então é preciso um equipamento que permita a criança trabalhar não só para salas de
aulas mas todo recinto escolar.
Mas antes de tudo, o lar familiar é digno de menção para uma evolução comportamental da
criança. Pois, não se deve exigir da escola o que em muitas famílias num estado
democrático não se verifica.
«O lar ideal teria naturalmente uma oficina, onde a criança poderia dar largas aos
seus instintos construtivos. Teria um laboratório, onde as suas investigações seriam
executadas sob supervisão dos pais. A vida da criança estender-se-ia fora de portas,
para o jardim, os campos e florestas circundantes. Pois bem, se organizarmos e
generalizarmos tudo isto, teremos a escola ideal» (Dewey, J, 2002 p. 41)
A língua-mãe refere-se da linguagem ensinada não é natural, isto é, não brota do desejo
efectivo da criança de comunicar impressões e convicções vitais da criança.
Na educação tradicional como se referiu num dos títulos anteriores, a criança é obrigada a
dizer ou repetir coisas que se limitou a aprender. Mas na verdade limita a evolução
pedagógica da criança.
E, Dewey sempre sustentou que a criança dispõe duma grande variedade de materiais e
factos e sente o desejo de falar acerca deles e a sua língua é refinada. Portanto, a escola
deve dar prioridade as capacidades evolutivas da criança. Assim a escola contribui no
avanço psíquico e desenvolvimento físico da criança.
John Dewey termina o aspecto da relação entre a escola e a vida da criança com a seguinte
interrogação reflectiva:
«Iremos nós ignorar esta tendência inata, passando a lidar, não com a criança viva, mas sim
com a imagem inanimada que dela construímos, ou iremos antes proporcionar-lhe prazer e
satisfação? Se acreditamos a um tempo na vida e na vida criança, então todas as ocupações
e usos que referi passam a ser instrumentos de sedução e ferramentas de cultura para a sua
imaginação e para enriquecimento e organização da sua vida ». (Dewey, J.2002, p.58)
Para terminar este aspecto relacional, é lógico entender que na medida que a natureza e a
sociedade têm a concepção do valor de viver na sala de aula e as ferramentas e regras de
aprendizagem têm a subordinação a própria experiência logo existirá oportunidade
identidade cultural das nossas crianças e valor inestimável do patriotismo democrático.
John Dewey depois de uma apresentação da relação da escola com a comunidade e com a
vida da criança, dedicou-se a estudar a questão do desperdício da educação. Trata-se do
elemento da «organização» na educação como elemento muito ausente que causa
desperdício todo “comboio” educativo.
É necessário voltar a saber que na óptica deweyniana quando se fala do desperdício não se
deve olhar só em realidades externas chamada sistema escolar como o quadro de
professores, contratação e promoção, edifício e mais.
«Ao falar da questão do desperdício na educação desejo chamar a vossa atenção para o
isolamento dos vários sectores do sistema escolar, para falta de unidade nos objectivos da
educação e para a falta de coerência nos seus estudos e métodos». (Dewey, J. 2002, 60)
Trata-se da incapacidade da criança usar aquilo que aprendeu na escola na vida prática.
John Dewey apresenta também um pormenor que a educação deveria olhar nos seus
objectivos. É o caso de tentar relacionar a vida da criança com meio dos negócios que a
circunda.
John Dewey, por sua vez, quando faz uma introdução desta temática é uma visão de quem
olha com tristeza uma relação conflitual destas duas realidades: «em vez de vermos o
processo educativo firme e como um todo, vemos termos em conflito. Temos o caso da
criança vs o currículo, do individuo vs a cultura social. E subjacente a todas as outras
divisões da opinião pedagógica encontra-se esta oposição» (Dewey,2002, p.158).
Sabe-se bem que a criança entra no ambiente escolar com certas qualidades e com muitos
contactos pessoais. Aliás, abordou-se deste assunto nos pontos anteriores, apesar de ter
muito contacto com pessoas érelativamente limitada. Então certas ideais que são pedidas
para que assimilem quando não são da sua experiência penetram com dificuldade na sua
experiência.
O mundo da criança é o mundo das pessoas que lhe são do seu interesse. Aliás, quando a
criança encontra-se com realidade nova assusta, pois é uma experiência estranha. Muitas
vezes quando leis ou factos forasteiros precisa-se de muita atenção, se não é um fracasso
em processo.
É exactamente nesta vertente que Dewey escreve: «em contraste, a sequência de estudos
que se encontra na escola apresenta material que se estende indefinidamente no passado e
no espaço» (Dewey, 2002, p. 158). Pois a criança sai dum mundo para outro um pouco
mais alargado. A criança entra na escola e várias disciplinas fraccionam o seu mundo.
Ainda mais, este mundo fraccionado em disciplinas entra na vida criança. Estas disciplinas
são classificadas com princípios gerais. Provavelmente pode criar confusão na vida das
crianças. Porque, de acordo com Dewey, os estudos enquanto classificações são o produto
da ciência das épocas e não da experiência da criança».
Na pedagógica deweyniana relativa a questão relacional entre a criança e o currículo
podem se notar diferenças e certos desvios aparentes entre a criança e o currículo, que
talvez podem ser alargados indeterminante na vida da educação. Assim, fala de
divergências fortes desta deste encontro:
Primeiro, o mundo estreito mas pessoal da criança contra o mundo impessoal, mas
infinitamente extenso, do espaço e do tempo; segundo, a unidade, a totalidade única da
vida da criança e as especializações e as divisões do currículo; terceiro, um princípio
abstrato de classificação e organização e os vínculos práticos e emocionais da vida criança.
(Dewey, 2002, p. 160)
Tudo isso, porque a personalidade da criança e o seu carácter são mais do que a matéria
pautada pelo programa escolar. O escopo não é o conhecimento ou simplesmente a
informação mas sim a realização pessoal.
Quer dizer, todo processo educativo deve colocar-se ao lado da criança. E segundo John
Dewey, «é a criança e não o assunto-matéria quem determina quer a qualidade, quer a
quantidade da aprendizagem» (Dewey, 2002, p. 161).
Enfim, importa referir as palavras conclusivasde John Dewey da relação interactiva entre o
currículo e a vida particular da criança: «A questão é a criança. São os seus poderes
presentes que se devem afirmar, as suas capacidades actuais que se devem exercitar, as
suas atitudes que se devem realizar» (Dewey, 2002, p. 178). A criança é o centro de tudo
do processo educativo.
É um olhar para uma sociedade democrática. Uma educação deliberada e sistemática não
quer dizer simplesmente decidida e tecnicamente organizada, para não incorrer o
desperdício educativo. Mas uma educação que se centra no aluno não só como sujeito da
educação mas também como objecto das atenções da educação.
Não precisa muito comentário para entender o porque o amor da democracia pela
educação é quase estagnado. É que o governo democrático que se funda no «sufrágio
popular não pode ser eficiente se aqueles que o elegem e lhe obedecem não forem
convenientemente educados»(Dewey, 1979, p. 93).
Quando a educação é dirigida a todos e a todos têm acesso, todos ficam felizes. A
concepção da educação de Dewey é inspirada da platónica segundo a qual «o indivíduo é
feliz e a sociedade bem organizada quando cada qual se dedica às actividades para as quais
está educado e preparado pelo seu natural, nem a sua ideia de que a primacial tarefa da
educação é descobrir esta aptidão em seu possuidor e exercitá-lo para ser utilizada
eficazmente»(Dewey, 1979, p. 97).
John Dewey reconhece que é possível que existam problemas porvir com uma educação
primariamente democrática. Os interesses são diferentes da tradicionalaquela que era
exactamente educar o homem por questões humanitárias. Então qual seria o problema de se
adoptar simplesmente uma educação democrática?
Dewey advoga que «um dos problemas fundamentais da educação em e para uma
sociedade democrática é estabelecido pelo conflito de um objectivo nacionalista com o
mais lato objectivo social» (Dewey, 1979, p. 104). Isto porque nos últimos séculos, na
europa e em outros países desenvolvidos, a importância da educação passou para o bem-
estar e progresso humano foi captada pelos interesses nacionalistas e aparelhada para
produzir com efeitos nacionalistas e cidadãos nitidamente exclusivistas.
Para terminar com a temática da educação democrática, é sintético enfatizar uma sociedade
é verdadeiramente democrática na simetria em que prepara todos os seus membros para
com igualdade favorecendo benefícios e em que assegura o maleável reajustamento de suas
instituições por meio da interacção das diversas formas da vida associada.
Um professor deve exercitar livremente a sua função social sem muita interferência.A
sociedade democrática deve adoptar um tipo de educação que proporcione aos indivíduos
um interesse pessoal nas relações da comunidade, nas direcções sociais, e hábitos humanos
e de dignidade que permitam mudanças sociais.
Uma sociedade deve formar os seus cidadãos para dirigir a mesma sociedade. Não precisa
que mande noutras sociedades para se formar e ir dirigir noutra. Pois, são contextos
completamente diferentes.
III Capítulo. Educação Segundo John Dewey: proposta para uma educação
qualitativa em Moçambique
Nos capítulos anteriores fez-se uma descrição sintética do pensamento filosófico de John
Dewey. Merece ter em atenção duas realidades diferentes em termos contextuais entre o
pensamento de Dewey e o contexto moçambicanomas sim se podem encontrar em
situações ideológicas para um bem-estar progressivo e qualitativo do ambiente educativo.
Neste III capítulo aborda a estética de encontro dos ideais de John Dewey com a situação
moçambicana particularmente no âmbito educativo, como uma proposta e contributo para
uma educação qualitativa e imbuída de particularidades sociais.
Dewey constrói o seu pensamento pedagógico sob duas linhas de orientação, de acordo
com as abordagens feitas no segundo capitulo: uma sociológica, isto é, a qualidade de vida
da sociedade e sua interacção e o seu interesse pela educação dos futuros membros da
sociedade. E a outra orientação é a própria criança como princípio, fundamento e fim da
educação. Pois, nenhuma educação deve começar do lado externo das realidades da
criança. Seria impor o que não lhes pertence.
Em 1896, Dewey declarou que a escola é «a única forma de vida social que funciona de
forma abstracta em um meio controlado, que é directamente experimental; e, se a filosofia
há-de converter-se em uma ciência experimental, a construção de uma escola será seu
ponto de partida» (Dewey, 1896, p. 244).
Para uma educação qualitativa é necessária na óptica de Dewey uma boa interacção destas
duas realidades.
Dewey por várias vezes teve um olhar crítico da imagem da escola com a comunidade.
Assim se expressa: Cada vez mais tenho presente em minha mente a imagem de uma
escola cujo centro e origem seja algum tipo de actividade verdadeiramente construtiva, em
que o trabalho se desenvolva sempre em duas direcções: de um lado, a dimensão social
dessa actividade construtiva e, de outro, o contacto com a natureza que lhe proporciona sua
matéria-prima. Teoricamente posso ver como, por exemplo, o trabalho de carpintaria
necessário para a construção de um projecto que será o centro de uma formação social, por
uma parte, e de formação científica, por outra – todo ele acompanhado de um treinamento
físico, concreto e positivo da vista e das mãos (Dewey, 1894). Significa que a escola deve
desenvolver actividades necessárias para o bem da comunidade.
A comunidade deve estar ciente da situação da escola. Pois, segundo Piletti (2004, p.100)
«da mesma forma que a escola, para realizar eficazmente seu trabalho, precisa estar na
comunidade, esta não pode estar ausente da escola». Pois, há necessidade de estarem
sempre em parceria mútua buscando assim usufruir o que a comunidade tem de melhor
para beneficiar a escola.
Muitas vezes há um desinteresse por parte da escola dos problemas e dos desafios da
comunidade. A escola não respondendo as necessidades das comunidades. Então a escola
tem o dever moral de contribuir com ensino para responder os desafios enfrentados pela
comunidade. É nesta perspectiva que Piletti, (2004, p, 95) «o primeiro passo para a
interacção positiva entre escola e a comunidade é, sem dúvida, o conhecimento da própria
comunidade por parte da escola».
Dewey fala duma comunidade socialmente democrática. Uma comunidade com estilo de
vida digna para todos. Não como igualdade nem uniformidade mas que todos tenham o
suficiente para viver. É difícil exigir que uma criança saiba ler enquanto em casa morre de
fome e nem sequer os pais entendem da escola, nem a comunidade está inserida está
preocupada com valor da educação e de frequentar a escola.
«Do ponto de vista ético, a trágica debilidade da escola [e da comunidade] de hoje reside
na sua ambição de preparar os futuros membros do tecido social num meio em que as
condições do espírito social faltam visivelmente». (Dewey, 2002, p.24).
São confiados aos pais e os encarregados de educação missões importantes para alavancar
com os objectivos gerais e específicos da educação.
Mas o que se verifica nem todos os encarregados se interessam com a educação das
crianças. É comum encontrar nas aldeias moçambicanas crianças abandonadas e sem
educação por parte dos pais.
É nesta perspectiva que John Dewey propõe a existência de uma sociedade democrática
onde todos pela cooperação têm a capacidade de sustentarem. Uma sociedade injusta onde
uns têm o suficiente e outros nada têm é impossível decorrer uma educação de qualidade.
Uma boa educação começa com uma boa qualidade de vida.
Os pais de classe alta têm a capacidade de contribuir eficazmente para uma boa qualidade
de educação para os seus filhos. Ou mandar em instituições privadas que garantem a boa
qualidade educacional.
Ainda mais de acordo com Libânio (2004, p.138)«os pais da classe pobre não têm bem
presente o senso de organização e por isto ficam em desvantagens em relação à classe mais
alta e com isto os seus filhos não recebem uma educação com a mesma qualidade que a
dos filhos das elites».
Alude ao procedimento das famílias das diferentes classes sociais em relação a escola.
Mesmo em escola não privada ou pública, os encarregados de classe média desenvolvem
planos de participação, tendo em vista a criação de conjunturas para o sucesso escolar dos
seus filhos. Além do mais, nível de escolaridade e a facilidade de verbalização possibilitam
a esses pais uma crítica que famílias das classes trabalhadoras não conseguem ou não
ousam fazer (cfr. SZYMANSKI, 2001).
Portanto, «os pais devem envidar os seus melhores esforços para encontrarem o tempo
necessário para estarem com os próprios filhos e com eles formarem uma família sólida»
(CEM,2011, p.11)
Dewey volta a sublinhar que a única e eficiente solução para que haja uma participação
activa e equilibrada dos pais no processo educação é havendo possibilidades para todos. Só
isso é possível uma política de cooperação. E não de privilégios para uns e desgraças para
outros. Uma sociedade onde verdadeiramente o poder está nas mãos do povo não existe
isto. Todos têm condições para educação.
4.4. Relação entre a educação tradicional e a educação institucionalizada
Todas as culturas têm a sua forma de educar os seus filhos que elas recebem de geração em
geração, ou seja, na arte de educar, cada povo tem a sua própria maneira de proceder, em
função dos seus próprios conceitos, propósitos e objectivos. Na educação tradicional
africana em geral e moçambicana em particular, há uma visão unitária, onde tudo está
integrado. A educação das novas gerações devia ter em conta visão.
Sabe-se muito bem que a educação tradicional é participada e exige o concurso de muitas
categorias de pessoas, dentro e fora da própria família, numa integração do indivíduo na
comunidade. Nenhuma educação tradicional é fora da realidade da comunidade. É nesta
perspectiva que surgem as ditas escolas comunitárias.
De acordo com Silva a escola comunitária, é aquela que é fruto da comunidade local,
segundo as suas experiências de vida para continuar a educar os seus filhos de forma
institucionalizada e moderna, «a comunidade é a principal responsável pela sua
manutenção; gestão democrática, configurando efectiva participação do povo e actuação
pedagógica voltada para a educação integrada ao desenvolvimento comunitário» (SILVA,
2003, p.149).
Para que haja uma educação de qualidade isto é uma educação ou formação integral que
abrange todas as dimensões da pessoa humana, não se devendo olhar só aquilo que garante
o diploma mas que olhe os valores morais, sociais, culturais e espirituais, na perspectiva de
John Dewey é não desprezando os valores do ensino informal, mas colocar mais um passo
afrente como diz: «Somos assim levados a distinguir, dentro do vasto processo educacional
que vimos considerando, uma espécie mais formal de educação, a do ensino directo ou
escolar» (Dewey 1979, p. 7).
Aliás, a riqueza da nossa tradição tem ainda a outra escola de formação das novas gerações
dos Ritos de iniciação nos quais o adolescente é integrado nos valores próprios da sua
identidade cultural. Para que não haja um confronto de desarmonia é necessário que a
escola formal do Sistema Nacional de educação e a escola tradicional dos Ritos de
iniciação possam formar cidadãos capazes de assegurar harmonia e crescimento a cada
comunidade.
Assim na óptica de Dewey defende que «sem essa educação formal é impossível a transmissão
de todos os recursos e conquistas de uma sociedade complexa. Ela abre caminho a uma
espécie de experiência que não seria acessível aos mais novos. Desde que livros e símbolos
do conhecimento têm que ser aprendidos» (Dewey,1979, p.8).
A relação entre a criança e a escola é também determinante para uma educação qualitativa
para o bem social de uma sociedade democrática. Pois, como afirma John Dewey que a
escola é o meio para socialização da criança. Aliás, depois da socialização familiar
primitiva vem a escola.
Não há, pois, nenhum meio directo de controlar ou governar a Educação que a geração
infantil recebe, salvo o de preparar o ambiente em que a criança age, pensa e sente.
Já que a escola é o lugar onde chegam variados tipos de crianças, é dever da escolar
sempre pautar-se à uma educação e ou escola inclusiva. Escola inclusiva é aquela em que
oprograma educativo escolar em que o planeamento é realizado tendo em consideração o
sucesso de todas as crianças, independentemente dos seus estilos cognitivos, dificuldades
de aprendizagem, etnia ou classe social. Numa escola inclusiva, opta-se pela pedagogia
diferenciada e pela discriminação positiva em favor das crianças. Seria lógico que em todas
situações de ensino tenham em atenção de que as crianças diagnosticadas com
necessidades educativas especiais são incluídas no grupo e beneficiam das oportunidades
educativas que são proporcionadas a todos.
Portanto, para uma interacção escolar deve se verificar todos os aspectos necessários da
vida da criança e se prover material necessário por parte do Sistema Nacional de Educação
que vela por todas as escolas.
IV. Capitulo: Desafios da Filosofia da Educação no período pré-colonial e pós-
colonial em Moçambique
A educação é uma estrada mestra para a preparação dos recursos humanos necessários ao
crescimento de um país e ao seu desenvolvimento. Em Moçambique, infelizmente, os
programas educativos realizados após a independência estão hoje seriamente ameaçados
por factores externos ao sistema educativo. ( Cfr.Gasperini 1989 p.4).
O sistema de educação colonial nasceu entre finais do século XIX e as primeiras décadas
do século XX que era para preparar os colonos à direcção política e económica do país. Tal
como aconteceu em vários países no ocidente, Moçambique não foge dessa realidade. A
educação como instituição educativa, nasceu em função da necessidade de formação de
uma elite, num contexto caracterizado pela oposição entre o trabalho manual e intelectual.
(Cfr. Gasperini, 1989).
Nesse sentido, Gomez salienta que o ensino para o povo autóctone (colonizado) tinha
como principal objectivo civilizar e unificar culturalmente. Civilizar na prática significava
proporcionar a aprendizagem da língua portuguesa e dos rudimentos da religião católica, a
aquisição de competências para os trabalhos rurais e manuais. Na realidade, não se
pretendia criar entre os povos africanos elites letradas, mas sim torná-los “instrumentos” ao
serviço de Portugal. (Cfr. Gomez, 1999).
Todavia, a educação neste período foi descrita pela soberania, alienação e cristianização.
Foi o período em que surgiu a primeira regulamentação do ensino nas colónias, período da
Monarquia em Portugal, a 2 de Abril de 1845. A 14 de Agosto do mesmo ano, foi
constituído um decreto que distinguia o ensino nas colónias e na Metrópole e criava as
escolas públicas nas colónias.
No ano de 1846 foi divulgada a primeira medida legal para a organização da educação
primária no ultramar português; por volta de 1854 foram criadas, por decreto, as primeiras
escolas primárias na Ilha de Moçambique, no Ibo, Quelimane, Sena, Tete, Inhambane e
Lourenço Marques (Maputo).
As escolas oficiais localizavam-se nos centros urbanos e eram melhor equipadas, enquanto
os postos escolares eram construídos em zonas rurais para a maioria da população
moçambicana;As escolas para indígenas eram mal equipadas. Este é carácter urbano da
rede escolar. Como se refere Dewey, a educação para todos. Como se refere que a
educação democrática deve ser para educação de cooperadores das funções do estado.
Então não deve existir distinção entre a rede escolar do ambiente rural e urbano.
A limitação dos ingressos na escola na base da idade, a existência de uma rede escolar
insuficiente e inadequada foram, entre outros, factores inibidores para uma melhor oferta
dos serviços educativos e maior acesso aos mesmos; Outros factores inibidores foram:
carências familiares e individuais de natureza económica; elevadas taxas de escolarização;
discriminação no recenseamento escolar; proibição de inscrição e matrícula nas escolas
oficiais de crianças não recenseadas.
c) Carácter paternalista
A partir do Ano de 1930, com a assinatura dos acordos missionários conhecida como
(A concordata em 1940 e o Estatuto missionário em 1941) que o governo impôs uma
política rigorosa de educação e assimilação em Moçambique. Com a assinatura
da Concordata e do Estatuto Missionário, o Estado transferiu para a Igreja Católica a sua
responsabilidade sobre o ensino rudimentar, comprometendo-se a dar um apoio financeiro
às missões e às escolas católicas.
Na medida em que, nas zonas rurais os moçambicanos dispunham de escolas das missões,
os centros administrativos apropriavam de escolas oficiais e particulares para os brancos e
assimilados. Desta feita, era um ensino relativamente evoluído em comparação com o
ensino para indígenas.
Este período é consequência dos acontecimentos destacados nos anos anteriores. Por
exemplo, a fundação da FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique), em 1962,
permitiu o desencadeamento da luta armada para a libertação nacional, na sequência da
qual, com os Acordos de Luzaka em 1974, condicionou o surgimento do Governo de
Transição. (Cfr. Gasperini, 1989).
Assim, uma das razões que leva à consideração deste período prende-se com o facto de que
grande parte das transformações no campo educacional aplicadas a nível nacional teve
como origem as experiências levadas a cabo pela FRELIMO e resultam da visão deste
movimento sobre o modelo de sociedade pretendido e os princípios defendidos durante a
Luta Armada.A FRELIMO implementou um tipo de escola ligada ao povo, às suas causas
e interesses. A educação realizada nestas escolas era essencialmente política e ideológica,
uma vez que estava condicionada pelos factores que têm a ver com a natureza
revolucionária da luta conduzida pela FRELIMO. (Idem 1989).
2. A educação pós – Independência
Ao longo deste período, o sistema educativo sofreu várias reformas que tinham em vista
adequar a formação dos moçambicanos aos contextos sócio-políticos, económicos e
culturais, marcado pelo alcance da Independência, em 1975. Neste período, destacam-se
como principais marcos: O surgimento da lei 4/83; da lei 6/92; e da Lei 18/2028.
A lei nº 6/92 surgiu para reajustar a lei 4/83. Neste período, nota-se uma educação
democrática, baseada na aplicação de métodos de aprendizagem centrados no aluno, em
função da evolução das ciências da educação e do contexto em que a aprendizagem ocorre.
Esta lei traz as seguintes alterações ao SNE: Introdução da educação pré-escolar; O ensino
primário em seis classes; O ensino bilingue como modalidade do ensino primário; O
ensino básico obrigatório gratuito de nove classes; O ensino secundário de seis classes;O
ensino à distância como modalidade do ensino secundário e superior; O perfil de ingresso
para formação de professores;A Educação Inclusiva em todos os níveis de ensino;A
educação vocacional.
Entende-se por Sistema de educação como sendo o processo organizado por cada
sociedade para transmitir às novas gerações as suas experiências, conhecimentos, valores
culturais, desenvolvendo as capacidades e aptidões do indivíduo de modo a assegurar a
reprodução da sua ideologia e das suas instituições económicas e sociais (REPÚBLICA
DE MOÇAMBIQUE, 1983).
Portanto, a Lei 4/83 marcou um novo período de ascensão no campo educacional, para
quebrar a mentalidade capitalista deixada pelo “sistema colonial de educação”. Foi
homologada em 23 de Março de 1983, com o objectivo central de “formação do homem
novo, um homem livre do obscurantismo, da superstição e da mentalidade burguesa e
colonial, um homem que assume os valores da sociedade socialista”. (GOMEZ, 1999,
p.35).
A supressão dos diversos caminhos formativos no primeiro ciclo e a redução a três ramos
nos níveis sucessivos, ou seja o ensino geral, técnico e de formação de professores, foi
motivada pelos mesmos propósitos.
a) Ensino pré-escolar
O ensino pré-escolar é o que realiza em creches e jardins-de-infância para crianças
com idade inferior a 6 anos com um carácter complementar ou supletivo da acção
educativa da família, com a qual coopera estreitamente. Compete ao Ministério da
Educação (MINED) em conjunto com o Ministério da Mulher e Coordenação da
Acção Social, definir as normas gerais do ensino pré-escolar.
b) Ensino Escolar
O ensino escolar compreende:Ensino Geral; Ensino Técnico-Profissional e Ensino
Superior.
Como indica o Instituto Nacional de Estatística através do Censo de 2017, tem uma
densidade populacional cerca de 30 milhões de habitantes e, maior parte é composta
predominantemente por povos bantus. A religião com o maior número de adeptos em
Moçambique é o cristianismo, mas há uma presença significativa de seguidores do
islamismo, com mais destaque na região norte. E, a fecundidade em cada mil habitantes
nascem cerca de 38 crianças. A idade escolar, isto é, de 0-14 anos é de 46,6%. A taxa de
analfabetismo por sexo é: 49,4% mulheres e 27,2% homens. Essa taxa de Analfabetismo é
a percentagem de pessoas com 15 anos e mais de idade que não sabem ler nem escrever. E
cerca de 38,8 % de meninas e 38,8% de rapazes de 6 a 17 anos estão fora da escola
5. A qualidade de educação
Fazendo um raciocínio global sobre a educação em Moçambique continua a ser uma área
de grande preocupação.
Uma educação de qualidade pode significar tanto aquela que possibilita o domínio eficaz
dos conteúdos previstos nos planos curriculares, que possibilita a aquisição de uma cultura
científica ou literária; ainda mais, como aquela que desenvolve a máxima capacidade
técnica para servir ao sistema produtivo, e promove o espírito crítico e fortalece o
compromisso para transformar a realidade social.(Cfr.Ibraimo& Pires, 2016)
Cada sociedade fixa, pela educação, o modelo da pessoa humana que deseja ter e formar.
Por esta razão, têm o direito e o dever de legislar formalmente sobre a educação.
Então vejamos de forma diagonal qual é o ambiente social. Pois, refere o instituto nacional
de estatísticas que o ambiente urbano é mais escolarizado que o ambiente rural. Porquê
essa realidade se o programa é único e o governo é único e o Sistema Nacional da
Educação que administra e vela pelo sistema educativo é o mesmo. Impele rever a situação
socio-política de Moçambique.
John Dewey fala de que para um processo educativo qualitativo é necessário primeiro de
apedrejar o meio social e depois avançar com o processo educativo. Na verdade, o s fatos e
as certezas da sociedade que entram na experiência da criança e os que figuram nos programas a
serem estudados constituem termos iniciais e finais de uma realidade.
Os grupos sociais ou seja a sociedade no seu progresso contribui bastante para o avanço da
educação. Como disse Dewey queuma sociedade democrática tem uma educação diferente
duma educação da sociedade monárquica ou tirana. Pressupõe-se que não exista um grupo
privilegiado que tem todas as condições criadas que as outros. Como se disse
anteriormente, que toda a educação ministrada por um grupo tende a socializar seus
membros, mas a qualidade e o valor da socialização dependem dos hábitos e aspiraçõesdo
grupo.
Portanto, o programa escolar deve ser para abrir os horizontes da sociedade. E é dever de
todos que por sufrágio eleitoral prover meios necessários para a sociedade para que esta
sociedade tenha o básico para educação qualitativa embasada não de mera instrução que
enche as cabeças das crianças, adolescentes e jovens de números e de letras, para formar
um homem aberto aos valores à verdade, ao bem comum e à justiça.
6. Desafios da educação moçambicana em tempos hodiernos
7. Sugestões
No meio de várias sugestões, aparece aquela que pode favorecer para um ensino
qualitativo, que nos ideais de Dewey é pragmática. Pragmatismo que se referiu
anteriormente é o objecto de acção ou práxis. Isto é, a realidade é toda composta, não de
seres estáticos e isolados por diferenças hierárquicas de essência ou natureza, mas, sim, de
acontecimentos relacionados pelo dinamismo da acção recíproca transformadora,
intrinsecamente iguais e só diferentes pelo grau de eficiência ou capacidade de
reconstrução progressiva.
Conclusão
O pragmatismo filosófico de John Dewey parte das impressões sensoriais para expressar
praticamente o bem-estar ou sobrevivência do homem. Todavia, para uma educação
qualitativa é necessária uma boa interacção entre escola e a comunidades, que são duas
realidades responsáveis para criar grandes influências uma da outra.
Para uma educação qualitativa é necessária uma boa cooperação de todos os intervenientes
pois, a educação do indivíduo deve ser baseada nos critérios democráticos. Dewey diz que
para ter uma boa democracia parte da educação nacional direccionada para uma moral de
interesse comum. Ora, o ideal democrático consiste basicamente não só pelos variados
pontos de participação de interesse comum mas também na confiança dos gestores
especialmente na construção cooperativa dos grupos sociais para não desequilíbrio.Além
disso, a Filosofia de John Dewey é basicamente uma convicção moral que a Democracia é
Liberdade.Visto que, a Filosofia da educação é uma reflexão de todo sistema ou instituição
educativa, há que saber que a reflexão sobre a educação é uma realidade que desde
antiguidade se notou com os filósofos do século IV a. C., quando Aristóteles acreditou na
educação como forma de preparar o homem para viver em sociedade.
Os desafios da Filosofia da Educação no período pré-colonial e pós-colonial em
Moçambique, quando a sua qualidade da educação geralmente é baixa, resultante de
factores de ordemConjuntural, aliado à fraca eficiência interna do sistema educacional.
Deste modo, antes da educação colonial, a sociedade moçambicana já conservava uma
educação tradicional que se baseava na transmissão de conhecimentos e técnicas
acumuladas na prática produtiva, onde inculcava o seu código de valores políticos, morais,
culturais, sociais e religiosos. Ao passo que, educação na era colonial em Moçambique
impôs uma educação que visavauma reprodução de exploração e da opressão, uma
educação de segregaçãoracial.Na perspectiva de Deweyque diz a educação deve estar em
prol de toda sociedade e para o seu progresso.
John Dewey fala de que para um processo educativo qualitativo é necessário primeiro de
apedrejar o meio social e depois avançar com o processo educativo.É de salientar que, o
Sistema Educativo em Moçambique precisa de ser melhorado, a partir do seu Plano
Estratégico da Educação, só assim Moçambique pode alcançar a qualidade de ensino e
aprendizagem.
Ainda mais, conforme a pedagogia deweyniana para que haja uma qualidade de ensino
requerida não é simplesmente colocar a disposição avultados valores monetários, mas a
existência de lideranças educativas fortes e competentes e sistema que favorece o
corporativismo docente, que promove uma cultura organizacional minimalista e igualitária
e desincentiva a procura da excelência e da qualidade, do aluno e da sociedade em geral
onde este aluno está inserido.
Para uma educação qualitativa e\ou um ensino qualitativo o assunto ou matéria do ensino
não deve colocar em retrocesso as faculdades da criança. ExortaDewey que todo processo
educativo deve colocar-se ao lado da criança. E segundo John Dewey, é a criança e não o
assunto-matéria quem determina quer a qualidade, quer a quantidade da aprendizagem.
Para terminar, para que haja uma educação qualitativa em Moçambique a luz de John
Dewey é necessário que se passe das circunstâncias educacional verificadas durante o
período colonial para uma educação para todos ou mesmo democrática. Pós, a realização
de uma forma de vida social em que os interesses se interpenetram mutuamente e em que o
progresso, readaptação é de importante consideração, torna a comunhão democrática mais
interessada que outras comunhões da educação deliberada e sistemática.
Referencia bibliográfica
Ibraimo, M. N. & Pires, M.C. A formação pedagógica no Ensino Superior: Uma Leitura a partir
dos Professores recém-contratados, in A. Barbosa, Alves, J. M., Ibraimo, N.M. &Laita, M.
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