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JONH DEWEY: UMA DISCUSSÃO FILOSÓFICA SOBRE EDUCAÇÃO E

DEMOCRACIA

Tatiana Kimier Siqueira Martins1

Educação e Conhecimento PPGEDUC 20202

RESUMO

O presente artigo tem como objetivo discutir e destacar as ideias de Jonh


Dewey presente na obra Democracia e Educação Capítulos Essenciais (2007).
Tecendo uma discussão filosófica sobre as transformações da sociedade, o
mundo pós-moderno e com ele o advento da COVID 19 e seus impactos.    A
necessidade de uma educação adequada que contribua para o desenvolvimento
individual e social da humanidade é urgente, segundo Dewey. Ao permear as
transformações do patrimônio cultural da sociedade, percebe se as grandes
evoluções nas áreas científicas, tecnológicas, políticas e sociais. Segundo o
debate filosófico apresentado nesse trabalho, a educação tem um papel essencial
na construção de uma sociedade democrática. Dewey (2007) aponta ideias
inovadoras sobre o processo educativo. A obra permite contemplar os
fundamentos da concepção deweyana presente antes do século XX, bem como os
pensamentos de outros grandes nomes de estudiosos da educação do século XXI.

PALAVRAS-CHAVE: Educação, Democracia, Sociedade, modernidade

JOHN DEWEY: A PHILOSOPHICAL DISCUSSION ON EDUCATION AND


DEMOCRACY

ABSTRACT

This article aims to discuss and highlight the ideas of John Dewey present in

1
Mestranda em Educação no Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal de Catalão
2
Produção da conclusão da disciplina Educação e conhecimento. Professoras: Dra: Aparecida Maria Almeida
Barros e Dra Cláudia Tavares do Amaral-2020

1
the work Democracy and Education Essential Chapters (2007). Weaving a
philosophical discussion about the transformations of society, the postmodern
world and the need for an adequate education that contributes to the individual and
social development of humanity, according to Dewey. As it permeates the
transformations of the cultural heritage of society, it is possible to see the great
developments in the scientific, technological and political areas. According to the
philosophical debate presented in this work, education has an essential role in the
construction of a democratic society. Dewey (2007) points out innovative ideas
about the educational process. The work allows us to contemplate the
fundamentals of the Deweyana conception present before the 20th century, as well
as the thoughts of other great names of 21st century education scholars.

KEYWORDS: Education, Democracy, Society, Modernity

1 INTRODUÇÃO

O presente artigo propõe permear e discutir a obra de Jonh Dewy


Democracia e Educação Capítulos Essenciais (2007), com o comentário de
Marcus Vinícius da Cunha. Jonh Dewey provoca reflexões importantes sobre
uma educação reestruturada que contribua para uma sociedade democrática. Em
sua teoria sobre educação o autor apresenta uma ideia de reconstrução e
reorganização dos fundamentos educacionais que contribua para o
desenvolvimento integral dos indivíduos e assim para a construção de uma
sociedade emancipada.

É importante perceber que a discussão do tema proposto no presente artigo


faz um recorte temporal nos períodos desde o século XVII até o atual século XXI,
permitindo contemplar reflexões pertinentes durante esse período. Jonh Dewey
filósofo norte americano que caminhou o final do século XIX e adentrou o século
XX, precursor das concepções da Escola Nova, que propunha uma educação
fundamentada na experiência e vivência significativa do sujeito com ações práticas
que permite reorganizar nas transformações econômicas, políticas e sociais do
mundo moderno com princípios democráticos. Assim o comentarista da obra

2
Cunha (2007) ressalta que só na sociedade democrática os objetivos educacionais
são efetivados realmente para todos, tornando se a educação um meio para
desenvolver o indivíduo sem a imposição de finalidades externas ao processo
educativo.

O presente artigo contemplou discussões pertinentes com autores como:


Kant (1996), Teixeira (2000), Cunha (2007), Dewey (2007), Saviani (2011),
Durkheim (2013), Freire (2019), que desceram um debate intelectual sobre a
necessidade de um ajuste educacional com princípios democráticos que permite a
relação aluno-professor pautar sobre o prisma da experiência vivenciada por
ambos para criar, recriar, formular hipóteses de forma prazerosa e significativa
sobre o mundo e o que o compõem e assim contribuindo para o desenvolvimento
de uma sociedade livre, desvinculando de uma educação arcaica, mecânica e
opressora. Esses autores foram convidados para o debate por apresentarem
ideias semelhantes sobre o tema, personagens ilustres que marcaram a história
da educação. É interessante observar esse percurso histórico que o tema propõe,
revela antigos problemas no cenário educacional que ainda permeiam os dias
atuais.

O ensaio apresenta também uma discussão sobre a educação na


atualidade. O advento da COVID 19 deixou marcas e provocou uma desordem
social, econômica e educacional. A autora como Kenski (2004) trás reflexões
importantes sobre a relação dos avanços tecnológicos e a sociedade.    Dewey em
sua obra destacou a necessidade de uma educação transformadora que
percorresse os trilhos de uma sociedade moderna e democrática. As concepções
deweyanas é uma educação que seja a própria vida em movimento.

2 DESENVOLVIMENTO

2.1- APRESENTAÇÃO DA OBRA SOBRE A ÓTICA DE MARCUS VINÍCIUS DA


CUNHA

Para emergir na obra de Jonh Dewey, caminharemos sobre a ótica de


Marcus Vinícius da Cunha, comentarista da obra “Jonh Dewer Democracia e

3
Educação Capítulos Essenciais”. Marcus possui graduação em Psicologia pela
Universidade de São Paulo (1980), Mestrado em Educação pela Universidade de
São Paulo (1988), Doutorado em Educação pela Universidade de São Paulo
(1992) e livre-docência pela Universidade Estadual Paulista (1998). Atualmente é
Professor Associado da Universidade de São Paulo (Ribeirão Preto), onde atua no
Curso de Pedagogia e no Programa de Pós-Graduação em Educação. É
pesquisador do CNPq (nível 1 - D) e coordena o Grupo de Pesquisa Retórica e
Argumentação na Pedagogia (USP/CNPq). Suas pesquisas e principais
publicações situam-se nas áreas de Filosofia da Educação e História da
Educação, focalizando os seguintes temas: Análise Retórica, Discurso
Pedagógico, John Dewey, Pragmatismo, Educação Brasileira e Escola Nova.
Segundo Cunha (2007), Jonh Dewey vivenciou os efeitos das duas grandes
guerras mundiais e dos primeiros tempos da Guerra Fria. Filósofo, ativista social e
pensador da educação. Dewey desdobra em sua obra reflexões organizadas, a
fim de impulsionar ações para a construção de uma nova sociedade democrática,
marcando um novo conceito educacional do século XX, antecipando ideia de
outros autores. Cunha (2007,p.8) nos provoca com um questionamento:    “
Democracia e Educação é uma obra de Pedagogia?” Segundo ele sim, envolto em
um conjunto de áreas de conhecimento como também psicologia, filosofia e
ciências sociais, as quais abordam um tema com múltiplas    características a
existência humana: a educação. O comentarista ressalta que a obra de Dewey
“Democracia e Educação” expõem aspectos comuns ao movimento Escola Nova
ou Escola Progressiva. Dewey (2007,p.11) “(...) o objetivo da educação é habilitar
os indivíduos a continuar sua educação ou que o objetivo ou recompensa da
aprendizagem é a capacidade de desenvolvimento constante”.    E Dewey continua
a ressaltar:

É um contrassenso falar de objetivo educacional quando, na maioria das


vezes, cada ato de um aluno é estabelecido pelo professor, quando a
única ordem na sequência de seus atos é aquela que vem da atribuição
de lições e das imposições de outras pessoas. É igualmente fatal a um
objetivo permitir a ação caprichosa ou descontínua em nome da auto
expressão espontânea. Um objetivo implica uma atividade ordenada e
regular, na qual a ordem consiste na progressiva conclusão de um

4
processo.
(DEWEY,p.13,14, 2007)

Assim, segundo o autor a educação prepara os indivíduos a uma contínua


aprendizagem. Retornando ao comentário de Cunha (2007), sobre as formulações
apresentadas na obra sobre a Escola Nova e Escola Progressiva em Dewey, na
página treze e quatorze, o autor destaca a desconexão entre o aluno e professor,
este segundo na concepção de Dewey estabelece uma educação opressora e
desconectada das experiências dos alunos. Dewey propõe uma educação
ordenada, regular e progressiva. Sobre esta perspectiva Dewey destaca a
importância de uma sociedade verdadeiramente democrática para haver um
desenvolvimento constante do indivíduo.      CUNHA (2007) ressalta os
pensamentos de Dewey afirmando: “Apenas a sociedade democrática educa as
pessoas para uma vida associada, na qual o pensamento serve de instrumento da
experiência livremente compartilhada”.
E assim Cunha transita rapidamente entre os capítulos da obra e diz:

[...] e o livro todo, bem da verdade não tem outra pretensão além desta:
desenvolver reflexões acerca do conhecimento e da ação moral que
contribuam para a reconstrução filosófica, para o novo modo de pensar
necessária a busca de uma sociedade democrática.
(CUNHA,p. 10, 2007)

É importante ressaltar que Marcus Vinícius da Cunha é um pesquisador das


obras de Jonh Dewey, com vasta experiência apresentada em seu currículo
acadêmico, permitindo assim comentar com propriedade os pensamentos de
Dewey.

2.2- TRILHANDO SOBRE A VIDA DE JONH DEWEY


Para melhor compreender os pensamentos desse filósofo do século XX, é
importante contemplar um pouco sua vida. Dewey nasceu na cidade de Burlington,
estado de Vermont, em 20 de outubro de 1859, vindo de uma família que
trabalhava com comércio com valores religiosos protestantes. Com 15 anos
ingressou na Universidade de seu estado e com 20 anos já iniciava sua carreira

5
no magistério. Entre os anos de 1882 e 1884, Dewey realizou o seu doutorado em
Filosofia, na Universidade Johns Hopkins, defendendo uma tese sobre a
psicologia do filósofo alemão Immanuel Kant. Depois de concluir seu doutorado,
Dewey passou a ministrar suas aulas na Universidade de Michigan por quase dez
anos. Em 1894, Dewey aceitou o cargo de presidente do departamento de
filosofia, psicologia e pedagogia da Universidade de Chicago.
Dewey deixou a Universidade de Chicago e tornou-se professor de filosofia
na Universidade de Columbia entre os anos de 1904, até sua aposentadoria em
1930. Em 1905, tornou-se presidente da Associação Americana de Psicologia.
Embora fosse primordialmente um psicólogo behaviorista, sua aplicação social da
filosofia do pragmatismo teve grande impacto sobre o pensamento e a prática
educacional nos Estados Unidos. Os pensamentos de Dewey teve influência de:
Platão, Locke , Rousseau , Kant, Hegel, Darwin e outros importantes pensadores.

Suas principais obras são: Arte Como Experiência, 1958; Democracia e


Educação, 1916; Como Pensamos 1910; A Criança e o Currículo, 1900; A Escola e
a Sociedade, 1899. Percebendo que a educação de sua época estava embasada
em práticas tradicionalistas e não apontava inovações que pudesse    contribuir
para uma sociedade menos aristocrata e mais democrática, Dewey passou a se
dedicar em estudos que    sustentasse suas ideias pragmáticas para uma
educação progressista, examinando os movimentos sociais e políticos.    Sobre
esse pensamento Dewey afirma:

Em vez de se relacionar com as atividades atuais de maneira direta, é


remoto, divorciado dos meios pelos quais deve ser alcançado. Em vez de
sugerir atividades equilibradas mais livres e melhores, é um plano
limitado de ação. Na educação, a vigência desses objetivos impostos
externamente é responsável pela ênfase depositada na noção de
preparação para um futuro remoto e pela transformação do trabalho,
tanto do professor como do aluno em algo mecânico e servil.

(Dewey,p. 27, 2007)

Sobre a educação tradicional, o autor destaca que o ensino aprendizagem


estava longe da realidade do aluno e professor e que era apresentada com

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propostas mecânicas e de submissão. Limitando a atividades impostas e com
pouca oportunidade de experimentar, pensar e criar, traçando o futuro da
sociedade as mesmas condições. Pois para Dewey educação e sociedade
caminhavam juntas.

O autor assim contribui para a realidade vigente, o qual ressalta a


capacidade do aluno unir a teoria e a prática, vivenciando e experimentando suas
ações e conhecimento que nos prepara para o futuro, questionando a realidade.
Seus estudos e ideias também chegam ao Brasil através de Anísio Teixeira, os
que discutiremos nos tópicos a seguir.

Dewey publicou mais de 1.000 livros, ensaios e artigos sobre variados


assuntos pertinente a construção de uma nova sociedade, incluindo educação,
artes, natureza, filosofia, religião, cultura, ética e democracia ao longo de sua
carreira. Em 1952, no dia primeiro de junho, John Dewey falece em Nova York.

3. DEBATE FILOSÓFICO SOBRE OS PENSAMENTOS DEWEYANOS

Conforme já supracitado Dewey teve grandes nomes da filosofia que o


influenciou em sua caminhada intelectual. Nesse tópico caminharemos pelos
diálogos de pensadores que influenciou os pensamentos de Dewey e também
outros que foram influenciados por ele.
Para Dewey a educação prepara o indivíduo para o desenvolvimento
constante de sua criticidade. Por isso segundo o pensador a necessidade de
reconstruir e redefinir o cenário educacional que contribua para uma sociedade
democrática.    Então o autor afirma:

A reconstrução da filosofia, da educação e dos ideais e métodos sociais


caminham, por isso, de mãos dadas. Se existe hoje a necessidade
especial de reconstrução na educação, se essa necessidade torna
urgente uma reconstrução de ideias básicas dos sistemas filosóficos
tradicionais, é por causa da mudança cabal na vida social que
acompanha os avanços da ciência, revolução industrial e o
desenvolvimento da democracia. Tais mudanças práticas não podem
ocorrer sem exigir uma reformulação educacional que vá ao seu encontro
e sem levar as pessoas a indagar acerca de quais ideais e ideias estão

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implícitos nelas e que tipo de revisão requererem nos ideais e ideias
herdadas de culturas mais antigas e distintas.
(DEWEY,p.66, 2007)

Segundo o filósofo, a educação não tem acompanhado a evolução


da sociedade. É necessário um reajuste, uma reconstrução nas ideias sobre a
educação, para Dewey sociedade e educação anda de mãos dadas, a educação
em seus aspectos tradicionais que apresenta imposições e práticas mecanizadas,
não tem contribuído para o desenvolvimento social e assim retardando a
construção de uma sociedade democrática. Segundo Kant (1996, p.16) “Toda a
arte da educação que brota de modo meramente mecânico tem de comportar em
si muitos erros e lacunas, porquanto não tem nenhum plano de base.” O autor
endossa as palavras de Dewey ao afirmar que uma educação rígida e
mecanizada, permite omissão de conhecimentos, limitando o educando a pensar,
criar e recriar, formular suas hipóteses sobre o mundo e o que o compõe. Ainda
sobre educação e sociedade, Kant ressalta:

Um princípio da arte da educação que os homens que fazem planos para


a educação deveriam ter presente é: as crianças devem ser educadas
não para o estado presente do gênero humano, mas para um estado
futuro, melhor, isto é, adequado a ideia de humanidade e à sua
destinação integral. Este princípio é de grande importância.
(KANT,p.16, 1996)

Assim Kant e Dewey provocam uma reflexão acerca de uma educação que
esteja em compasso do desenvolvimento da sociedade. Educar a criança com
base em uma educação transformadora que permite o indivíduo se desenvolver
integralmente, para assim conquistar uma futura sociedade emancipada.
É importante ressaltar que a obra “Immanuel Kant sobre a Pedagogia” foi
escrita no início do século XVIII por Friedrich Theodor seu aluno com o aval do
próprio filósofo com base em suas aulas sobre educação. A obra inicia com a frase
de Kant (1996, p. 9) “O homem é a única criatura que pode ser educada” O autor
sustenta sua afirmação em três pilares: disciplina, instrução e formação. O filósofo
ressalta:

8
Talvez que a educação se torne sempre melhor e que cada geração
subsequente dê um passo em direção ao aperfeiçoamento da
humanidade; pois, por detrás da educação, aloja se o grande segredo da
perfeição da natureza humana. De agora em diante, tal pode acontecer.
Pois só agora se começa a avaliar corretamente e a ver com nitidez o
que pertence intrinsicamente a uma boa educação. É encantador
imaginar que a natureza humana se desenvolverá cada vez melhor
através da educação e que se pode levar esta a uma forma que seja
adequada a humanidade. Isto abre- nos um prospecto de um gênero
humano vindouro mais feliz.
(KANT, p. 12, 13, 1996)

É muito interessante observar que Kant falava que a educação e sociedade


estavam interligadas, mas que somente a educação poderia aperfeiçoar a
humanidade, porém ele faz uma ressalva que a natureza humana só poderia se
desenvolver através da educação, isto no final do século XVII e no início do século
XVIII. Dewey filósofo do final do século XIX e início do século XX detecta em seus
estudos uma sociedade que evoluiu economicamente, politicamente,
industrialmente, ainda segundo ele possuía uma educação arcaica e que
necessitava urgentemente de uma transformação para assim diminuir a
desigualdades sociais nos preceitos da democracia.
Não poderia de trazer para essa discussão o
sociólogo, antropólogo, cientista político, psicólogo social e filósofo francês David
Émile Durkheim. Em sua obra Educação e Sociedade Durkheim (2013), comenta
que a educação tem suas especificidades demarcadas em cada tempo e espaço,
sendo submetida às necessidades vigentes de seu tempo histórico. O sociólogo
ressalta que a sociedade desde o inicio de sua existência foi marcada por sua
heterogeneidade, e a criança também nasce dentro de cada nicho social e vai se
desenvolvendo com a sua cultura-histórica, contando com a diversidade
pedagógica que a cerca. Então a partir daí a educação potencializa suas
habilidades até certo ponto de seu desenvolvimento intelectual, mas não podendo
ser a mesma educação para todos os indivíduos sempre.    Para o autor a
educação é uma transmissão de aptidões necessárias a vida social.    Segundo
Durkheim (2013) configura as especialidades das áreas do conhecimento, para

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que então a partir da educação e consequentemente do trabalho seja possível
conquistar uma sociedade com menos desigualdade.
Ainda para esse debate intelectual entre os pensadores da educação,
quando as obras de Jonh Dewey são citadas nas pesquisas brasileiras, outro
nome muito importante é mencionado; Anísio Spínola Teixeira, advogado,
educador e escritor, suas contribuições marcaram a história da educação no
Brasil. Em meados de 1920 a 1930 o intelectual brasileiro foi um dos principais
divulgadores das ideias do movimento da Escola Nova. Tal movimento partia do
pressuposto que a educação é uma necessidade social e que esta configurava em
um estado estático e autoritário que se encontrava na contra mão das
especificidades do mundo moderno. Assim o movimento escolanovismo
endossava a ideia que a relação professor-aluno estaria embasada na efetiva
participação do processo de criar, recriar experimentando, produzindo
conhecimento e consequentemente contribuindo para o desenvolvimento integral
da criança, conforme as ideias do filósofo norte americano Jonh Dewey. Segundo
Teixeira (2000), o eixo da escola se desloca para a criança. Não é mais o adulto,
com os seus interesses, a sua ciência, a sua sociedade, que governa a escola,
mas a criança, com as suas tendências, os seus impulsos, as suas atividades e os
seus projetos.
O filósofo brasileiro destaca que eixo central da escola progressista é a
criança com suas experiências, vivências e suas hipóteses construídas sobre o
mundo, provocará o seu desenvolvimento integral que impulsionará a sociedade a
sua libertação. As ideias pragmáticas de Dewey e o movimento da Escola Nova,
não só influenciou o Brasil, mas também vários outros países que deslumbravam
a democracia como ideologia política.
No Brasil Anísio destaca a importância desse novo redirecionamento da
educação que entrelaçasse as ideias e ideais que o mundo moderno revelava.
“Por tudo isso, a escola teve que deixar de ser a instituição isolada, tranquila, do
outro mundo, que era, para se impregnar do ritmo ambiente e assumir a
consciência de suas funções” (TEIXEIRA, 2000, p. 111). O crescente avanço do
capitalismo necessitava de uma sociedade atualizada. O autor ressalta a pressa

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de uma transformação no cenário educacional que acompanhasse o ritmo da
evolução da humanidade.
(TEIXEIRA, 2000, p. 17) diz que a “teoria da educação nova é a tentativa de
orientar a escola no sentido do movimento, já acentuado na sociedade, de revisão
dos velhos conceitos psicológicos e sociais que ainda há pouco predominavam”. É
interessante observar que o autor brasileiro, influenciado pelos pensamentos
deweyanos, acreditava que a escola nova poderia contribuir para as mudanças
sociais, tendo esse tema como tarefa central, não sendo mais alheias as
transformações da realidade vigente, e assim não abandonar o ensino tradicional,
mas revisando os velhos conceitos individuais e sociais.
Diante da grandeza da discussão, é importante citar no presente artigo
fatos que marcaram a história educacional brasileira também influenciada pelas
ideias deweyanas é o surgimento do movimento educacional escolanovista que
marcou o debate educacional-político nacional com dois importantes manifestos:
Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova (1932) e Manifesto dos Educadores
(1959). Diante desse cenário tão significativo para a história da educação no
Brasil, nasce em 19 de setembro de 1921 na cidade de Recife capital de
Pernambuco Brasil, Paulo Reglus Neves Freire. Assim Paulo Freire se destaca
como educador e filósofo brasileiro, um dos influenciadores da Pedagogia Crítica.
É possível perceber nas obras de Freire a influência dos pensamentos
deweyanos. Em “Pedagogia do Oprimido" o educador brasileiro ressalta:

A narração, de que o educador é o sujeito, conduz os educandos à


memorização mecânica do conteúdo narrado. “Mas ainda, “a narração os
transforma em “vasilha”, em recipientes a serem” enchidos” pelo
educador. Quanto mais vá “enchendo" os recipientes com seus
"depósitos", tanto melhor educador será. Quanto mais se deixem
docilmente “encher", tanto melhores educandos serão.
(FREIRE, p. 80, 2019)

Na concepção “bancária" da educação, Freire faz críticas ao modelo de


educação também criticada por Dewey e outros. Depositando conceitos rígidos já
antes organizados por agentes externos, uma educação arcaica já citada nos
diálogos dos filósofos do presente artigo, que segundo suas concepções, não

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contribuía para formar indivíduos livres. Segundo Freire (2019) nessa distorcida
visão de educação não há criatividade, o processo de criar e recriar, formular
hipóteses não acontece nesse modelo de ensino.    O filósofo norte americano faz
uma inferência sobre esse tipo de educação citada pelo educador brasileiro “É
absurdo o professor estabelecer os próprios objetivos como objeto adequados ao
desenvolvimento dos alunos (...)” (DEWEY, p. 22, 2007)
'“Só existe saber na invenção, na reinvenção, na busca inquieta, impaciente,
permanente, que os homens fazem no mundo, com o mundo e com os outros”.
(FREIRE, p. 81, 2019). Permeando as ideias de Dewey sobre uma educação
transformadora, Freire exalta em sua obra o conceito de liberdade. Uma educação
bancária é opressora, que conduz o sujeito a permanecer em uma condição
passiva.
Para melhor compreensão sobre a concepção de educação bancária Freire
(2019) descreve que nela contém a “cultura do silêncio”, como o educador que
educa e os educandos são os educados, o professor é o que sabe e o aluno é o
que não sabe, professor é o que pensa e os alunos os pensados, o primeiro fala e
o segundo escuta docilmente, educador prescreve e educando seguem as
prescrições, o professor escolhe o conteúdo programático e o aluno jamais
ouvidos nessa escolha. E sobre essa concepção Dewey destaca:

Os professores recebem de autoridades superiores; estas o aceitam de


acordo com as tendências vigentes na comunidade. Os professores os
impõem as crianças. Como primeira consequência, a inteligência do
professor não é livre; ela se restringe a receber os objetivos de cima para
baixo. Raras vezes um professor se vê livre da ditadura da supervisão
autoritária das apostilas de métodos, de planos de estudo prescritos etc,
a ponto de deixar que sua mente se aproxime da mente dos alunos e dos
conteúdos. Essa falta de confiança na experiência do professor reflete-se
na falta de confiança na resposta dos alunos.
(DEWEY, p. 24,25, 2007)

Para o educador norte americano, essa pirâmide de ideias autoritárias na


educação não acontece apenas dentro da sala de aula, mas o professor também
recebe passivamente as imposições que são determinadas pelo topo dessa
pirâmide ditatorial que cercava a educação com princípios aristocráticos.

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Freire destaca:

A educação como prática da liberdade, ao contrário daquela que é prática


da dominação, implica a negação do homem abstrato, isolado, solto,
desligado do mundo, assim como também a negação do mundo como
uma realidade ausente dos homens. A reflexão que propõe, por ser
autêntica, não é sobre este homem abstração nem sobre o mundo sem
homens, mas sobre os homens em suas relações com o mundo.
Relações em que consciência e mundo se dão simultaneamente. Não há
uma consciência antes e um mundo depois e vice-versa.
(FREIRE, p. 98, 2019)

O educador brasileiro enfatiza sobre a relação do homem com o mundo.


Que um não existe sem o outro, que essa relação foi construída ao longo da
história da humanidade, porém em alguns aspectos essa ligação está em
desacordo e fora do compasso e para o autor a concepção de educação bancária
é um exemplo que tem contribuindo para a desigualdade social e uma deficiência
intelectual. O autor faz referência sobre a educação como prática da liberdade. É
importante ressaltar que ao abordar os termos “educação, liberdade”, Freire
provoca uma reflexão sobre a dominação de classes sociais sobre outras,
indivíduos sobre outros, que segundo ele a única arma que irá combater as
discrepâncias sociais é a educação libertadora.
Fazendo um contraponto nos dias atuais também não poderia deixar de
citar um intelectual percorre o final do século XX e adentra o século XXI,
permeando ao terceiro milênio o professor Dermeval Saviani, graduado em
Filosofia da Faculdade Pontíficia Universidade Católica de São Paulo no Brasil,
onde também concluiu seu doutorado em Filosofia da Educação. Atualmente é
professor aposentado da Universidade de Campinas. Segundo Saviani (2011), a
educação é um fenômeno próprio dos seres humanos e que o esse homem
precisa aprender, para o autor a natureza humana não é dada, mas produzida e
assim de desenvolvendo progressivamente. É interessante fazer esses recortes
temporais dos autores e obras, porque é possível discutir e refletir o cenário
educacional do século XXI, com observações pertinentes elencando as ideias dos
filósofos citados no presente artigo sobre a educação.
Em sua obra Pedagogia Histórica-Crítica, Saviani (2011) considera a

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educação como um ato de produzir direta e intencionalmente, em cada indivíduo
singular a humanidade. O filósofo brasileiro destaca que o domínio do
conhecimento socialmente produzido, será viabilizado a transformação social com
eliminação dos privilégios existentes e a efetiva concretização dos princípios
democráticos que contribua para a igualdade social.
Portanto pausando esse debate intelectual fundamentado nos pensamentos
deweyanos sobre a educação, compreende se que serão tantos outros ensaios
filosóficos para seguir construindo reflexões importantes sobre o processo
educativo no cenário mundial. É importante observar que o presente artigo
destacou ideias de filósofos que não só marcaram a história da educação, mas
também trouxeram grandes contribuições para a organização da sociedade
moderna. Os avanços tecnológicos, científicos, econômicos, políticos da
humanidade anseia por uma educação inovadora que oportunize estratégias para
diminuir as desigualdades sociais e intelectuais. O debate filosófico contemplado
no presente artigo revela discussões de centenas de anos sobre o tema abordado
e ainda assim é possível considerar que no terceiro milênio a educação
principalmente em países em desenvolvimento teve poucas mudanças.
Ficou bem evidente com a COVID 193, doença infecciosa que se tornou
uma pandemia que afetou o mundo em no final do ano de dois mil e dezenove,
permeando todo o dois mil e vinte, possivelmente irá adentrar o ano de dois mil e
vinte e um até que uma vacina seja disponibilizada para a comunidade mundial.
Durante todo debate filosófico do presente artigo, os intelectuais discutiam uma
educação que contribuísse para uma sociedade democrática justa e igualitária.
Segundo a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura
(UNESCO,2020), o fechamento de escolas e Universidades afetou mais de 90%
dos alunos do mundo inteiro. Escolas essas que alinhava parcialmente as
desigualdades sociais com as aulas presenciais, agora tende a agravar as
diferenças sociais. Segundo UNESCO (2020) uma possível recessão econômica
global causada pela pandemia traga consequências drásticas no financiamento da
educação mundial.
3
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, COVID 19 é uma doença causada pelo coronavírus, que se
tornou uma pandemia que afetou o mundo em 2020.

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Por mais que tais mudanças teóricas e emocionais sejam importantes,
sua relevância está em tirar proveito dessas transformações para o
desenvolvimento de uma sociedade verdadeiramente democrática, na
qual todos compartilhem os serviços úteis e todos aproveitem a dignidade
do lazer. O que se exige de uma reorganização educacional não é mera
mudança nas concepções de cultura ou uma mentalidade liberal ou nos
serviços sociais; a transformação educacional é necessária para fazer
valer por completo e de maneira explícita as mudanças realizadas na vida
social.
(DEWEY, p. 39, 2007)

É muito interessante observar que Dewey chamava atenção para deixar


claro o objetivo de tais mudanças necessárias no cenário educacional, o autor
destaca que uma sociedade verdadeiramente democrática, todos compartilharão
dos serviços úteis para assim viver com dignidade. Porém as consequências
deixadas pela COVID 19 em todas as áreas da humanidade e que tem afetado
milhões de vida e tem interrompido o desenvolvimento econômico, social e
educacional do mundo inteiro. Deixando evidente a vulnerabilidade principalmente
da comunidade pobre mundial. Segundo (UNESCO, 2020) junto com a Comissão
Internacional do Futuro da Educação descrevem um cenário de risco para a
educação mundial, colocando sobre ameaça o que tem sido conquistado até no
presente ano no campo educacional. Quando o autor se refere aos serviços úteis,
logo pensamos em toda tecnologia disponível que é o único canal possível para
manter e garantir que alunos e professores continuem vinculados após a
necessidade de do distanciamento social causado pela COVID 19. Muitas
instituições de ensino adotaram o sistema remoto. Professores tiveram que
adaptarem em tempo recorde todos seus conteúdos, recursos e ferramentas
didáticas para o formato online. E assim vídeos, computadores, filmadoras,
câmeras, impressoras, smartphones, tablets, ntebooks, mesa digital, lousa digital,
caneta digital, aplicativos, softwares, portais, sites, plataformas e tantos outros
recursos digitais passaram fazer parte da rotina de professores e alunos durante o
período de isolamento social. Segundo Kenski (2004), As tecnologias da
comunicação evoluem rapidamente e são produtos de auto custo, dificultando
acesso a camada populacional menos favorecido e também pelo pouco

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conhecimento de dominar o uso desses recursos digitais.
Assim contemplando a realidade mundial sobre os aspectos citados, vem a
tona o pensamento de Dewey. Como já supracitado no presente artigo o autor
destaca que as transformações educacionais se faziam necessárias para fazer
valer por completo e de maneira explícita as mudanças realizadas na vida social.
Mas a pandemia desmascarou que a educação está longe de acompanhar as
transformações sociais, principalmente dominar e acompanhar as evoluções
tecnológicas.

Estudantes e professores tornam-se desincorporados nas escolas


virtuais. Suas presenças precisam ser recuperadas por meio de novas
linguagens, que os representem e os identifiquem para todos os demais.
Linguagens que harmonizem as propostas disciplinares, reincorporem
virtualmente seus autores e criem um clima de comunicação, sintonia e
agregação entre os participantes de um mesmo curso.
(KENSKI, 2004, p. 67)

Embora seja indiscutível que a tecnologia da comunicação em períodos de


pandemia seja uma ferramenta formidável para estreitar virtualmente o vínculo
aluno-professor, mas também deixa claro e evidente que os autores do processo
educacional não estavam preparados para lidar com ela. A autora ressalta a
necessidade de professores e alunos estabelecerem uma nova linguagem que os
represente e assim possam novamente se reintegrar de forma harmoniosa em
uma sala virtual.
Quando contemplamos o recorte temporal no presente artigo, é possível
evidenciar que desde o século XVII os estudiosos da educação aclamavam por
transformações no cenário educacional que contribuísse para uma sociedade
democrática, justa e igualitária. Porém ao abordar um acontecimento histórico
mundial que afetou e está afetando direto e indiretamente toda população mundial
que é a COVID 19, foi possível evidenciar que as desigualdades sociais ainda é
uma realidade e que educação ainda não está no mesmo compasso das
transformações sociais e principalmente tecnológicas. Professores inseguros na
tentativa de utilizar e se adaptar aos recursos tecnológicos até então pouco
utilizado na escola, alunos das classes mais pobres sem acesso a internet e

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recurso financeiro para adquirir ferramentas digitais para acompanhar as aulas
virtuais.
Mas diante de tantos desafios que a educação já antes da pandemia era
discutida pelos estudiosos, visando a necessidade de mudança de
transformações, ainda é possível sonhar para uma educação inovadora que nos
prepare para lidar com os percalços do mundo moderno. Para isso Kenski
ressalta:

O movimento é acelerado. A atualização é permanente. Novas


informações derrubam velhas certezas, implodem teorias, reformulam
leis, transformam hábitos, alteram práticas, mudam as rotinas das
pessoas. Informações que se deslocam velozmente por todo o mundo.
Todos precisam estar em “estado constante de aprendizagem” sobre
tudo. Sobretudo.
(KENSKI, p. 101, 2004)

Portanto como destacou a autora a atualização é permanente e acelerado,


O homem moderno precisa estar em uma aprendizagem continuada sobre o
mundo que o cerca, garantindo assim uma sociedade transformada e atualizada.
“qualquer habilidade alcançada com o aprofundamento do conhecimento e o
aperfeiçoamento do juízo está pronta para ser usado em situações novas, sob o
controle pessoal” (DEWEY, p.41,2007), o autor fez referência sobre os saberes
que estimula as habilidades e que estas contribuem para o enfrentamento de
novas situações, a COVID 19, embora tenha devastado o mundo, deixando um
rastro de desordem social e econômica, em contra partida permite vivenciar e a
desenvolver novas aprendizagens principalmente com as mídias digitais.

4.CONCLUSÃO

Ao analisar a obra Democracia e Educação Capítulos Essenciais, foi


possível elencar uma deliciosa discussão entre os grandes nomes da educação.
Fazendo um contraponto temporal e analisando as transformações sociais,
observa se que a educação proposta pelos pensamentos pragmáticos de Jonh
Dewey com princípios democráticos e uma reconstrução contínua da experiência

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educativa, permite compreender que a vida, a experiência e aprendizagem não
caminham separadas, pois vivemos experimentando e aprendendo ao mesmo
tempo. A educação é contemplada como necessidade da vida social.
A escola, por isso, não pode ser um espaço que permeia conhecimentos
mecanizados e desconectados das vivências dos alunos, para Dewey essa
educação ultrapassada não contribui para a construção de uma sociedade
democrática. A escola tem de transformar-se num meio de experiências reais ou
num lugar de vida real, e não um espaço artificial, separado e isolado da sua
própria vida e da sociedade em que está inserida.
Na concepção de educação deweyana, a relação aluno-professor demanda
uma parceria de ideias compartilhadas, onde ambos aprendem juntos
experimentando e formulando hipóteses sobre o mundo. O cenário do mundo
moderno com os avanços tecnológicos, científicos, econômicos, políticos e sociais
tem sofrido transformações em ritmo acelerado. As transformações sociais têm
exigido indivíduos preparados para lidar com as adversidades que são reveladas
dentro desse processo de desenvolvimento do mundo moderno. A educação
segundo Dewey, é vida em progresso e em permanente mudança. Para ele o
objetivo da educação é mais educação que permita uma aprendizagem contínua e
permanente com maior capacidade de pensar, comparar, decidir, criar, recriar com
mais chance de acertos e convicções. Para o filósofo norte americano esta é uma
proposta de educação emancipatória e libertadora.
Dewey destaca as transformações já contempladas na educação, porém
ele faz ressalvas importantes:

A crescente emancipação econômica e política das massas se


expressaram na educação; afetou o desenvolvimento de um sistema de
ensino comum, público e livre; destruiu a ideia de que a aprendizagem é
propriamente um monopólio dos poucos predestinados pela natureza a
governar as relações sociais. Entretanto, a revolução está incompleta.
Ainda prevalece a ideia de que a verdadeira educação liberal ou cultural
não pode ter algo em comum, pelo menos diretamente, com as relações
industriais e de que a educação destinada as massas deve ser útil ou
prática, no sentido de que opõe o útil e o pratico ao fomento da
apreciação e da liberação do pensamento.
(DEWEY, p. 39, 2007)

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O autor reconhece as transformações históricas que a educação sofreu e
que é possível contemplar uma educação pública e livre as massas populares.
Mas o filósofo diz que mesmo diante de importantes mudanças elas são
incompletas, pois permeiam no cenário educacional a ideia que a massa deve
receber uma aprendizagem mecânica para o trabalho, sem a liberdade de
pensamento que oportunize o desenvolvimento intelectual, permitindo contribuir
para a construção de uma sociedade justa e igualitária.
Com o advento da COVID 19 que marcou historicamente a população
mundial e que desestabilizou a economia do planeta, deixou evidente a
desigualdade social e potencializou o descompasso educacional com a realidade
da sociedade. A escola e seus agentes não estavam preparados para lidar com o
isolamento social provocado pela pandemia. Professores com medo do
desconhecido emergiram sem nenhum curso preparatório nas tecnologias digitais
da comunicação para manterem se vinculados com seus alunos e famílias. É
interessante elencar que tal aprendizado se deu na experimentação, fazendo,
errando, acertando como defende a educação em Dewey. Porém tal realidade
afetou muitos alunos que não possuem sem acesso a rede de internet e sem
condições financeiras para adquirir uma ferramenta tecnológica para continuar
seus estudos de modo remoto. Embora seja por um período relativamente curto
de tempo, não se pode calcular o déficit intelectual desses alunos.
Portanto Jonh Dewey caracterizou um debate filosófico no presente artigo
que oportuniza uma reflexão sobre a velocidade que a educação tem caminhado
em relação ao desenvolvimento social, cientifico, econômico, tecnológico e
político. “Se depressa marcha a vida, mais depressa há de marchar a escola”
(TEIXEIRA, 2000, p. 111).

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

<https://escolaeducacao.com.br/amp/john-dewey.    Acesso em 19/11/2020>

19
de Marcus Vinicius da Cunha. Trad. Roberto Cavallari. SP: Ática, 2007

DEWEY, John. Apresentação e Comentários de Marcus Vinicius da Cunha. Trad.


Roberto Cavallari. SP: Ática, 2007

DURKHEIM, Èmile. Educação e Sociologia. Trad. Stphania Matousek.


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https://pt.wikipedia.org/wiki/John_Dewey. Acesso em 19/11/2020.

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KENSKI, Vani Moreira. Tecnologias e ensino presencial e a distância. 6ª ed.


MURACO, Darcísio Natal, Educação e Realidade ,Londrina. jul/set 2013.
Disponível em http://www.scielo.br/pdf/edreal/v38n3/07.pdf: Acesso em 27/11/2020

SAVIANI, Dermeval. Pedagogia histórico-crítica: primeiras


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TEIXEIRA, Anísio. Pequena Introdução à Filosofia da Educação – A Escola


Progressista, ou, a Transformação da Escola. 6. Ed. Rio de Janeiro: DP&A,
2000.

20
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antecipado contra o aumento das desigualdades após a COVID-19. Paris: Unesco,
16 abr. 2020. Disponível em: https://pt.unesco. org/news/comissao– futuros– da–
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FREIRE,1921-1997 68º. Pedagogia do Oprimido/Paulo Freire. 68.ed-Rio de


Janeiro/São Paulo: Paz e Terra, 2019. 256pp.

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