Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Eco Feminism o
Eco Feminism o
62
tam uma perspectiva feminina de progresso e mento ecofeminista, e uma breve descrição da
de desenvolvimento para a humanidade, e não atuação das duas organizações citadas acima,
Agroecol.e Desenv.Rur.Sustent.,Porto Alegre, v.1, n1, jan./mar.2000
A rtigo
assim como de uma articulação internacional, ponto de vista de gênero ou ambientais. A pró-
a WEDO (Women’s Environment and Develop- pria forma de pesquisar a história tem segui-
ment Organization), que serve de referência a do esses princípios, e portanto não tem evi-
vários movimentos no Brasil. Por fim, são apre- denciado como se deu a exclusão das mulhe-
sentadas as críticas e questionamentos que res do mundo do conhecimento “científico” e
essa abordagem tem recebido, assim como as como a sua visão de mundo (de integração com
contribuições que, na opinião da autora, o a Natureza) foi sendo subjugada pela idéia de
movimento têm feito às lutas feministas e am- dominação.
bientais. O intuito é de fazer um convite a to- O pensamento ecofeminista apareceu pela
dos e todas que compartilham estas preocupa- primeira vez enquanto tal a partir dos movi-
ções, para construírem esse debate. mentos feministas da década de 1970 (a cha-
mada “segunda onda” do feminismo), a esta
2 Princípios Gerais altura já influenciados pelos movimentos paci-
do Ecofeminismo fistas, antimilitaristas e antinucleares que
De uma forma bastante simplificada, po- eclodiram em toda a Europa e Estados Unidos
deríamos identificar os princípios do pensa- nos anos 60 e que deram origem aos movimen-
mento ecofeminista nas seguintes questões: tos ambientalistas como os conhecemos hoje.
do ponto de vista econômico, existe uma Em comum com esses movimentos, Barbara
convergência entre a forma como o pensamen- Holland-Cunz identifica que a “utopia ecofe-
to ocidental hegemônico vê as mulheres e a minista primitiva” apresentava:
Natureza, ou seja, a dominação das mulhe- ideais de descentralização, não-hierarqui-
res e a exploração da Natureza são dois lados zação, democracia direta;
da mesma moeda da utilização de “recursos apoio a uma economia de subsistência
naturais” sem custos, a serviço da acumula- rural como modelo de desenvolvimento;
ção de capital; insistência na busca de tecnologias “su-
para o ecofeminismo, o pensamento oci- aves”, não-agressivas ao meio ambiente;
dental identifica, do ponto de vista político, a superação da dominação patriarcal nas
mulher com a Natureza e o homem com a cul- relações entre os gêneros.
tura, sendo a cultura (no pensamento ociden- Por outro lado, esses movimentos também
tal) superior à Natureza; a cultura é uma for- questionavam o dualismo entre cidade e cam-
ma de “dominar” a Natureza; daí decorre a vi- po, entre trabalho intelectual e manual, entre
são (do ecofeminismo) de que as mulheres te- o público e o privado, assim como entre os
riam especial interesse em acabar com a do- espaços ditos “produtivos” e aqueles “repro-
minação da Natureza, porque a sociedade sem dutivos”. Faziam parte dessas primeiras uto-
exploração da Natureza seria uma condição pias também a idéia de que muitas vezes a
para a libertação da mulher. riqueza material estava acompanhada de “mi-
As políticas científicas e tecnológicas que séria moral e emocional” e resgatavam-se ex-
têm orientado o periências de
desenvolvimen- vida simples, em
to econômico que a pobreza
A sociedade sem exploração da
moderno são não era identifi-
políticas que re- Natureza seria uma condição para a cada com misé-
forçam essa vi- ria ou privação.
libertação da mulher
63
são, não sendo Nesse senti-
“neutras” do do, havia na ori-
Agroecol.e Desenv.Rur.Sustent.,Porto Alegre, v.1, n1, jan./mar.2000
A rtigo
gem desses movimen- cebe, a principal dirige-se à idéia de que esta
tos elementos co- identificação viria do fato das mulheres
muns entre uma encarnarem um chamado “princípio feminino”,
“utopia feminista” e cuja origem está nas tradições hindus trazidas
uma “sociedade à tona em 1988, com a publicação do livro
ecológica”, assim “Staying alive: women, ecology and survival”,
como entre esses de Vandana Shiva (Shiva, 1991). O “princípio
movimentos e os feminino” seria uma forma “essencialista” de
“ecologistas so- ver essas relações, já que traz uma visão de
cialistas”. Dife- “ essência humana imutável e irredutível ”
rentes pontos (Garcia, 1992:164), associada às mulheres, que
de vista teóricos, as- as coloca fora de qualquer relação econômica,
sim como práticas de organiza- política ou social, construída historicamente.
ção e ação política fizeram com que essa É preciso lembrar que dentro do que se cha-
identidade não fosse permanente. ma ecofeminismo existem muitas correntes,
Do ponto de vista do movimento feminista, que vão desde aquelas com tradição mais anar-
a cisão se verificou quando da comemoração quista (“radicais”), socialistas, até aquelas mais
do Ano Internacional da Mulher (1975), inau- liberais, as que privilegiam as ações institucio-
guração da Década da Mulher instituída pela nais, no parlamento etc. Há também verten-
ONU, quando ocorreu pela primeira vez o de- tes espiritualistas e mesmo esotéricas, que en-
bate público entre o que se chamaria de mo- tendem como necessário resgatar as práticas
vimento “igualitarista” e o “feminismo da dife- “mágicas” de conhecimento da realidade que
rença” (corrente dentro da qual se insere o eco- as mulheres exerciam desde a antigüidade,
feminismo). como formas de reconstruir uma identidade fe-
A tradição igualitarista (em que pese suas minina que foi perdida ao longo do tempo.
enormes diferenças internas) reivindicava “a
universalidade da dignidade humana contra as 3 Vandana Shiva: um olhar
desigualdades de poder estruturadas ao redor feminista, ecológico
das diferenças sexuais” (Sorj, 1992:144) e lu- e terceiro-mundista
tava pela expansão dos direitos civis, a entra- Avançando um pouco além das discussões
da das mulheres no mundo público e a sua ideológicas, Vandana Shiva4 fez uma análise,
autonomia do ponto de vista econômico, soci- em 1988, de como a violência contra as mu-
al, político etc. lheres e a Natureza, na Índia e também em
Os movimentos identificados com “a dife- outros países do terceiro Mundo, tinha origem
rença” criticam essa visão, considerando que em bases materiais. Ela relaciona as formas
o mundo público, tal como está, reflete uma de dominação sobre os povos desses países,
visão masculina de ser, e que as mulheres (de- através das quais se orientavam os progra-
positárias de um outro modo de ser, outros mas de “desenvolvimento”, com a destruição
valores, outra cultura, decorrentes da mater- da Natureza, cuja conseqüência principal foi
nidade e da sua condição de reprodutoras da (e é) a destruição das condições para a pró-
vida) teriam outras contribuições a dar para pria sobrevivência das mulheres (pela
uma nova forma de estruturação da socieda- extinção das fontes de alimentação, água, da
de que incorporasse a riqueza do universo fe- biodiversidade etc).
65
ção, e tensão entre opostos, é chamada a ex- ta” do desenvolvimento. Suas posições trazem
plicar os desequilíbrios existentes. Prakriti , também uma forte vertente “terceiro-mundis-
Agroecol.e Desenv.Rur.Sustent.,Porto Alegre, v.1, n1, jan./mar.2000
A rtigo
ta”, à medida que questionam as relações ção por Bella Abzug
entre os países que dominam a ciência con- (ex-deputada ame-
temporânea e aqueles que sofrem mais de ricana, advogada
perto as suas conseqüências. militante dos mo-
No entanto, embora ela descreva e anali- vimentos civis,
se concretamente como essa mudança de pa- falecida em 1998)
radigma se deu em diversas situações con- e traz no seu con-
cretas no Terceiro Mundo, e suas conseqü- selho de direção,
ências sobre as condições de vida das mulhe- entre outras, a
res, as explicações que ela apresenta do pon- própria Vanda-
to de vista teórico sobre o porquê da separa- na Shiva. A vi-
ção entre homens, mulheres e natureza, ocor- ce-presidente da
rida no pensamento contemporâneo, colocam- WEDO é u-ma brasileira, Thaís Corral,
na claramente no campo do essencialismo. Um também membro da REDEH. Em 1991, a WEDO
outro problema que a sua visão apresenta, e realizou um congresso internacional de mulhe-
que será retomado no ponto 5 deste texto, é o res em Miami, com cerca de 1500 participan-
fato de que as relações tradicionais às quais tes de 83 países, com o tema “Mulheres por um
ela se refere não eram isentas de opressão e planeta saudável”.
discriminação entre os sexos. A WEDO define como seus objetivos “trans-
formar o planeta em um lugar saudável e pací-
4 As agendas ecofeministas fico, com justiça social, política, econômica e
internacionais e nacional ambiental para todos, através do empowerment6
Para entender melhor o desdobramento das mulheres em toda a sua diversidade, e pela
dessas posições, vou citar exemplos de pro- sua participação eqüitativa com os homens em
gramas que vêm sendo desenvolvidos por or- todos os espaços de decisão, desde a base até
ganizações que compartilham princípios do as arenas internacionais” (http://
ecofeminismo (embora, às vezes, não se defi- www.wedo.org, 24/11/1998). As principais for-
nam como tal). Em nível internacional, vou mas de ação definidas pela WEDO como rede
tomar a organização não-governamental são o monitoramento dos resultados das Con-
Women’s Environment and Development ferências Internacionais da ONU7 , assim como
Organization (WEDO), e no Brasil, a Rede de das ações da Organização Mundial do Comér-
Defesa da Espécie Humana (REDEH) e Rede cio (OMC) e do Banco Mundial (Bird).
Mulher de Educação (RME). Existem ainda A avaliação que a WEDO faz dos problemas
outras organizações que também mantêm tra- ambientais atuais (degradação da terra, ari-
balhos vinculando às questões de gênero com dez, salinização erosão, etc; desmatamento,
meio ambiente, mas dado o objetivo específi- principalmente das florestas tropicais; mudan-
co deste artigo, não serão abordadas aqui5 . ças de clima, destruição da camada de ozônio,
A WEDO é uma rede internacional formada aquecimento do planeta decorrente das emis-
por ativistas e lideranças de vários países, so- sões de CO2 etc) identifica nos padrões de con-
bretudo do Terceiro Mundo, para fazer pressão sumo dos países do Norte a origem desses
sobre órgãos internacionais e monitorar a exe- desequilíbrios. As mulheres são vistas, ao mes-
cução de políticas que promovam o melhoramen- mo tempo, como alimentadoras desse modelo
to da situação das mulheres nos programas de de consumo (no Norte) e maiores prejudicadas
66
desenvolvimento. Foi criada em 1990, com sede por ele (no Sul). Do ponto de vista dos consu-
em Nova Iorque, presidida desde a sua funda- midores, é feita uma conexão bastante forte
Agroecol.e Desenv.Rur.Sustent.,Porto Alegre, v.1, n1, jan./mar.2000
A rtigo
entre saúde, alimentação e meio ambiente. institucionalizadas perspectivas de gênero nas
As propostas passam por trabalhos com os ações desses organismos e assegurar uma
consumidores visando a uma readequação do presença maior de mulheres nas suas instân-
consumo, estímulo a experiências que bus- cias de direção. No caso do Banco Mundial,
quem aproximar os consumidores dos produ- também são reivindicados mais recursos para
tores, assim como maior descentralização e programas de saúde, educação, projetos de
regionalização da produção. Do ponto de vis- agricultura sustentável, acesso à propriedade
ta do maior acesso das mulheres ao poder, a da terra, emprego e financiamentos voltados
WEDO levanta a problemática da rígida divi- especificamente para as mulheres.
são sexual do trabalho nas sociedades ociden- Em linhas gerais, em termos de análise da
tais como um dos fatores que impedem a par- problemática ambiental e da necessidade das
ticipação das mulheres nos espaços públicos mulheres mobilizarem-se e procurarem in-
de decisão. fluenciar nos organismos de decisão sobre as
Quando da Cúpula Mundial da Alimenta- políticas públicas, pode-se dizer que as orga-
ção, em Roma (1996), a WEDO participou de nizações brasileiras REDEH e RME situam-se
um manifesto8 em que colocava suas posições no mesmo campo que a WEDO. Nos seus pro-
sobre a problemática da segurança alimen- gramas de trabalho específicos, no entanto,
tar. Nesse manifesto, era criticada a falta de as ênfases são um pouco diferentes.
coerência da FAO9, que nas propostas para No caso da REDEH, uma ONG criada em
acabar com a fome, aceitava as diretivas da 1987, com sede no Rio de Janeiro, os eixos de
OMC (liberalização do comércio internacional,
manipulação genética de alimentos etc) como
possíveis soluções. Para a WEDO, a seguran-
ça alimentar deve estar acima dos objetivos “. . . as multinacionais serão capazes
do comércio internacional. Como a produção
e a comercialização dos alimentos está cada de controlar a alimentação mundial
vez mais nas mãos das grandes multinacio-
globalmente, determinar os preços,
nais, caso se coloque em prática as propostas
apresentadas no Plano de Ação da FAO, “as gerar escassez artificial e utilizar a
multinacionais serão capazes de controlar a
alimentação mundial globalmente, determi-
alimentação como arma”
nar os preços, gerar escassez artificial e uti-
lizar a alimentação como arma” (RME, 1997:5).
Isto significaria a marginalização ainda mai-
or das mulheres dos países do Terceiro Mun- trabalho foram população e ambiente, com
do, que têm sido expulsas do campo. A mani- forte ênfase na discussão dos mecanismos de
pulação genética dos alimentos, por outro lado, controle da reprodução humana, contra a in-
seria mais uma ameaça ao direito de uma gerência dos organismos internacionais sobre
alimentação saudável, problema que a FAO as políticas de população. Suas ações concre-
não estaria enfrentando. tas após a Rio-92 foram no sentido de traba-
Enquanto ações visando ao empowerment lhar com instâncias locais de discussão, como
das mulheres, suas propostas se dirigem tam- os Conselhos Municipais da Condição Femi-
bém à OMC e ao Banco Mundial. A rede man- nina, onde eram prestadas assessorias para
tém dois programas permanentes de traba-
lho10 cujas metas são lutar para que sejam
procurar formas de colocar em prática a Agen-
da 21. No caso dos municípios, buscou-se de- 67
Agroecol.e Desenv.Rur.Sustent.,Porto Alegre, v.1, n1, jan./mar.2000
A rtigo
senvolver ações liga- das Conferências Internacionais e, no caso do
das ao saneamento meio ambiente, a Agenda 21 das mulheres.
básico, coleta de Como exemplos concretos de trabalhos so-
lixo e educação bre os quais têm influência, são citadas as
ambiental que po- lutas das quebradeiras de coco babaçu no
deriam ser im- norte do país, as experiências de introdução
pulsionadas pe- de multimisturas como complementação ali-
las mulheres. mentar na merenda escolar de vários municí-
A discussão pios, projetos de plantas medicinais levados
sobre saúde e adiante por grupos de mulheres e trabalhos
direitos repro- de reciclagem de lixo em parcerias com pre-
dutivos teve como li- feituras. A RME participa de vários fóruns
nha a pressão sobre os governos nacionais e internacionais em defesa da se-
pela implantação do PAISM (Programa de gurança alimentar, da reforma agrária, pela
Atendimento Integral à Saúde da Mulher). A defesa da Biodiversidade e outras lutas rela-
REDEH mantém também trabalhos de capaci- cionadas com a questão agrária e ambiental.
tação para grupos de mulheres (sobre conhe-
cimento do corpo, saúde, direitos reprodutivos, 5 Balanço das contribuições
sexuais, esterilização, aborto) e realiza progra- O ecofeminismo, como uma corrente de
mas de rádio (Natureza Mulher, na Rádio Na- pensamento que procura incorporar a visão
cional da Amazônia, entre outros) que abor- das mulheres às discussões acerca da proble-
dam a condição feminina e a interação entre mática ambiental, pode trazer a este campo
meio ambiente, trabalho e a saúde das mulhe- várias contribuições inovadoras, à medida que
res. chama a atenção para aspectos que não cos-
A Rede Mulher de Educação (RME) foi fun- tumam ser considerados nas políticas de de-
dada em 1983, tem sede em São Paulo e seu senvolvimento, tais como as implicações que
sistema de trabalho é de associação com gru- determinadas atividades econômicas têm so-
pos de mulheres que têm atuação local, em bre as condições de vida e trabalho das mu-
vários pontos do país, que se tornam “pontos lheres, assim como sobre outros segmentos
focais” da rede. Sua atuação dirige-se princi- da população (populações tradicionais, indíge-
palmente para mulheres pobres, trabalhado- nas etc). Ao dar importância para o que não
ras rurais e movimentos populares, com os era “economicamente relevante”, tais como
quais desenvolve atividades de capacitação, a cultura local, a qualidade de vida, os valo-
assessoria, pesquisa e comunicação (produ- res das populações-alvo dessas políticas (que
ção de materiais como cartilhas, vídeos etc). passam despercebidos nas estatísticas ofici-
Seus temas de trabalho quanto à proble- ais), ajuda a questionar visões de desenvolvi-
mática agrícola/rural têm sido: impacto dos mento baseadas unicamente em critérios como
agrotóxicos sobre o ambiente e sobre a saúde renda, produção, produtividade.
das mulheres; educação ambiental; produção A crítica que desenvolve com relação aos
alternativa de alimentos; formação de lideran- modelos de desenvolvimento e às relações in-
ças; geração de renda para mulheres. Como ternacionais, sobre as causas estruturais da
orientação mais geral, suas integrantes defen- pobreza e da destruição ambiental, o colocam
dem a necessidade dos grupos de mulheres ao lado dos movimentos sociais que hoje con-
68
influenciarem as políticas, buscar parcerias testam a “ordem mundial” e a atuação de ins-
para poder implementar as Plataformas de Ação tituições multilaterais tais como o Banco Mun-
Agroecol.e Desenv.Rur.Sustent.,Porto Alegre, v.1, n1, jan./mar.2000
Poderia-se trazer as mulheres para as
5 Referências Bibliográficas
CASTRO, Mary G. & ABRAMOVAY, Miriam. Gê- n. 4, p.9-20, set. 1992.
nero e meio ambiente. São Paulo-Brasília: MIES, Maria. Os modelos de consumo do Nor-
Cortez-Unesco-Unicef, 1997. te – causa da destruição ambiental e da po-
GARCIA, Sandra M. Desfazendo os vínculos na- breza do Sul. Cadernos da Rede de Defe-
turais entre gênero e meio ambiente. Estu- sa da Espécie Humana (REDEH) , Salvador,
dos Feministas, Rio de Janeiro, v.0, p.163- v.1, especial, p.35-44, 1991. (Conferência
167, 1992. Mulher, Procriação e Meio Ambiente – Con-
KULETZ, Valerie. Entrevista a Barbara Holland- tribuições das participantes)
70
Cunz. Ecología P olítica, Madrid-Barcelona,
Política PACHECO, Maria Emília L. Sistemas de produção:
Notas
2
Barbara Holland-Cunz, professora da Univer- essas conferências: Meio Ambiente (Rio de Janeiro,
sidade de Frankfurt, em entrevista a KULETZ (1992). 1992), Direitos Humanos (Viena, 1993), População
3
Várias autoras publicaram livros e artigos sobre (Cairo, 1994), Pobreza e Desenvolvimento Social
estas questões neste período, tais como, Françoise (Copenhague, 1995), , Mulheres (Pequim, 1995),
d’Eaubonne (França, 1974), Sherry Ortner (Estados Assentamentos Humanos (Istambul, 1996) e Ali-
Unidos, 1974), Gabriele Kuby (Alemanha, 1975), mentação (Roma, 1996).
Susan Griffin e Mary Daly (Estados Unidos, 1978). 8
O chamado Apelo de Leipzig foi redigido e
Posteriormente, outras como Carolyne Merchant (Es- apresentado por Vandana Shiva e Maria Mies no
tados Unidos), Maria Mies (Alemanha) também re- Dia Mundial das Mulheres sobre a Alimentação. O
tomaram o tema da identificação da mulher com a texto completo pode ser obtido no site da WEDO.
Natureza devido à sua condição de reprodutora da Há uma tradução resumida no Boletim Cunhary no
vida, dentro do ideário do “feminismo da diferen- 25 (RME, 1997).
ça”. 9
A FAO é a Organização das Nações Unidas
4
Doutora em Física e Filosofia, é diretora da para Agricultura e Alimentação, responsável pela
Fundação Dehra Dun de Pesquisa sobre Políticas realização da Cúpula.
de Ciências, Tecnologia e Recursos Naturais na Ín- 10
Os Programas são: Women Take on World
dia, e membro da Rede Terceiro Mundo (Third World Trade Organization e Women’s Eyes on the World
Network). Bank. O primeiro poderia ser traduzido como “mu-
5
Ver a respeito Castro & Abramovay (1997). lheres tomam conta da OMC”; quanto ao segun-
6
Embora este termo pudesse ser traduzido por do, existe uma articulação no Brasil formada por
“fortalecimento”, é mais comum aparecer na forma representantes de ONGs e movimentos sociais que
de “empoderamento” das mulheres; como ações que têm assumido o nome de “Mulheres de Olho no
visam dar às mulheres mais poder de decisão, mais Banco Mundial”. Essa articulação, embora com pro-
acesso às instâncias reais de poder na sociedade. pósitos semelhantes, não é uma representação di-
A WEDO realizou acompanhamento de todas reta do programa mantido pela WEDO.
71
7