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Macunaíma:

Macunaíma: o herói sem nenhum caráter de Mário de Andrade é um clássico da literatura


nacional que todos já ouviram. Uma obra repleta de problematizações em torno de uma (não)
identidade nacional.

Produzido sob forte influência das vanguardas europeias e do movimento antropofágico


brasileiro durante a primeira geração modernista, Mário de Andrade apresenta um vasto
conhecimento sobre o folclore brasileiro e, ainda desconhecida por muitos de nós, a cultura
indígena.

O narrador ao descrever a flora, a fauna, as lendas e mitos nacionais, revela-nos o quanto


precisamos (re)conhecer o que de fato é nosso e quem somos, como registrou também Aldir
Blanc na canção “Querelas do Brasil”.

A narrativa trata das peripécias de Macunaíma ─ o herói de nossa gente ─ em busca da pedra
Muiraquitã. O protagonista é uma personagem complexa: um herói que não tem nada de
exemplar, uma jornada repleta de incertezas e ações inescrupulosas, tudo isso derivado da falta
de caráter moral que permeia o “jeitinho brasileiro” de ser.

Vários são os exemplos da falta de escrúpulos do herói ao longo da narrativa, pois ele é
preconceituoso, racista, oportunista, maltrata mulheres, armamentista, egoísta, mentiroso, enfim
um homem capaz de tudo para enganar, oprimir ou obter vantagens de outrem.

O adjetivo herói, no romance, é uma potente ironia que satiriza esse tipo social que permeia
nossa sociedade, Macunaíma é um ser perdido em seus objetivos e por isso nunca encontra o
seu lugar e vive no caos até encontrar seu fim trágico.

Se por um lado o protagonista é um exemplo de falta de moral, por outro tem muito a nos
ensinar sobre civismo, civilidade, ética... Macunaíma é um exemplo do que não se deve seguir e
os (des)caminhos traçados pelo “herói” nos mostra o desfecho de quem o seguir: solidão,
destruição e vazio.

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