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UFCD 5014

ELETRICIDADE AUTOMÓVEL

2 – CABLAGENS ELETRICAS

Miguel Custódio
2020
Índice

0 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3
1 CABLAGENS ELÉCTRICAS ................................................................................................................... 1
1.1 CONSTITUIÇÃO DA INSTALAÇÃO ELÉCTRICA............................................................................. 1
1.2 CENTRAL DE LIGAÇÕES E CAIXA DE FUSÍVEIS............................................................................ 4
1.3 ESQUEMAS ELÉCTRICOS............................................................................................................ 6
2 CONDUTORES ELÉCTRICOS ............................................................................................................... 9
2.1 INSTALAÇÃO ELÉCTRICA DO AUTOMÓVEL ................................................................................ 9
2.2 CABOS COAXIAIS ....................................................................................................................... 5
3 FUSÍVEIS ............................................................................................................................................ 7
3.1 FUNÇÃO DO FUSÍVEL NA INSTALAÇÃO AUTOMÓVEL ................................................................ 7
3.2 SUBSTITUIÇÃO DE FUSÍVEIS ...................................................................................................... 6
3.3 CAIXAS DE FUSÍVEIS .................................................................................................................. 9
4 TERMINAIS PARA CONDUTORES...................................................................................................... 12
4.1 FUNÇÃO DOS TERMINAIS........................................................................................................ 12
4.2 TIPOS DE TERMINAIS............................................................................................................... 13
4.3 PROCEDIMENTO DE MONTAGEM DE TERMINAIS ..................................................................... 6
4.4 FICHAS DE CONTACTO OU ACOPLAMENTO............................................................................... 8
5 RELÉS PARA AUTOMÓVEIS............................................................................................................... 10
5.1 TIPOS DE RELÉS ....................................................................................................................... 10
5.2 NOMENCLATURA – LIGAÇÃO DE RELÉS .................................................................................... 4
5.3 APLICAÇÃO AOS AUTOMÓVEIS ................................................................................................. 5
6 REPARAÇÃO DE CABLAGENS ............................................................................................................. 7
6.1 UNIÃO POR ENROLAMENTO DE FIOS ...................................................................................... 8
6.2 UNIÃO POR TERMINAIS OU FICHAS ....................................................................................... 10
6.3 UNIÃO POR SOLDADURA ....................................................................................................... 12
0 INTRODUÇÃO

Desde o momento em que o automóvel deixou de ser um simples objeto mecânico


passando, a eletricidade a tomar um lugar importante no seu desempenho, que houve a
necessidade de criar um meio de transferência de informação (sinais elétricos) realizado
por múltiplos fios condutores reunidos, constituindo a cablagem dos veículos automóveis.
Esta cablagem constitui a maior parte da instalação elétrica do automóvel e é através dela
que nos servimos para ligar os faróis, desligar o ventilador do ar condicionado, sinalizar a
mudança de direção, etc..
Com a evolução tecnológica, aumentou consideravelmente o numero de componentes
elétricos ou eletrónicos que compõem o automóvel dos nossos dias, aumentando,
consequentemente, a complexidade de toda a instalação automóvel.
Num futuro não muito distante, a cablagem vai deixando de ocupar a dimensão que neste
momento atinge no automóvel, com a utilização da multiplexagem.
Neste módulo descrevem-se os vários componentes que constituem a instalação elétrica
de um automóvel moderno, nomeadamente, cabos, isoladores, terminais, fixadores à
carroçaria, relés, fusíveis, etc.
O bom conhecimento de todos estes componentes e suas aplicações, são de extrema
importância para um bom desempenho nas reparações que envolvam desmontagem e
montagem da cablagem em veículos.
1 CABLAGENS ELÉCTRICAS

Devido ao incremento do número de dispositivos elétricos empregues nos automóveis


modernos, a instalação elétrica dos mesmos tem visto aumentada a sua complexidade.

1.1 CONSTITUIÇÃO DA INSTALAÇÃO ELÉCTRICA

Na figura 1.1 está representado alguns componentes do equipamento elétrico de um


automóvel e a instalação elétrica que os interliga.

Os cabos condutores estão reunidos entre si protegidos por uma fita plástica,
formando conjuntos de cabos que tomam o nome de cablagens.

Cada um dos condutores distingue-se pela cor o que permite identificá-los na entrada
e saída da cablagem correspondente.

Fig. 1.1 - Cablagem de um automóvel

A cablagem do automóvel segue o caminho mais conveniente principalmente


debaixo da carroçaria, a qual é fixa com grampos fixadores.

A figura 1.2 demonstra o caminho percorrido por uma cablagem ao longo de uma
carroçaria.
Fig. 1.2 - Cablagem que percorre uma carroçaria

A cablagem deve passar sempre em locais mais próximos possíveis dos componentes elétricos
que necessitam de ser ligados.

Deve-se tomar em conta o facto da cablagem passar em locais o mais afastados possíveis de
peças quentes ou que tendem a aquecer como por exemplo o tubo de escape, pois o
aquecimento do escape poderá aquecer a cablagem, provocando o envelhecimento precoce do
isolamento dos condutores elétricos que dela fazem parte.

Com o objetivo de facilitar as reparações elétricas, que eventualmente possam surgir no


automóvel, bem como a localização e ligação dos vários componentes elétricos e eletrónicos a
instalação divide-se por partes encontrando-se interligada por meio de fichas de ligação ou
conectores apropriados.

Na figura 1.3 apresenta-se a disposição de uma instalação, em que se pode observar os


conectores mencionados de interligação entre as distintas cablagens e a ligação destas aos
diversos componentes elétricos e eletrónicos.
Fig. 1.3 - Cablagem interligada por conectores

As cablagens dividem-se em:

a) Cablagem dianteira, que compreende os elementos elétricos situados na parte dianteira do


veículo (habitáculo do motor) que são fixos à carroçaria e vão até ao painel de instrumentos (ponto
4 na figura 1.3).

b) Cablagem do motor, interliga os elementos montados no motor térmico do motor do veículo,


como o alternador, etc, e o painel de instrumentos e unidade de comando eletrónico (ponto 3 na
figura 1.3).

c) Cablagem traseira, que compreende os aparatos elétricos do habitáculo e a parte de iluminação


e desembaciador traseiros do veículo (ponto 5 na figura 1.3).

d) Cablagem auxiliar, interligam aos equipamentos referidos anteriormente aqueles elementos


elétricos que pela sua situação no veículo requerem uma cablagem especial e independente da
cablagem geral, não implicando a desmontagem desta no caso de necessidade ou avaria de
componente. São exemplos os circuitos elétricos das fechaduras eletromagnéticas e elevadores
elétricos dos vidros.
1.2 CENTRAL DE LIGAÇÕES E CAIXA DE FUSÍVEIS

Grande parte dos automóveis modernos dispõem de uma caixa denominada Central de
ligações donde divergem as cablagens que compõem os diversos circuitos elétricos do
automóvel.

Normalmente, a central de ligações é composta por um circuito impresso como se


apresenta na figura 1.4, que serve de suporte aos diferentes relés e aos fusíveis que
protegem toda a instalação elétrica do veículo.

Assim toda a totalidade da cablagem que alimenta os componentes elétricos do veículo


passa forçosamente (à exceção do cabo condutor que alimenta o motor de arranque) pela
central de ligações.

Fig. 1.4 - Central de ligações e fusíveis

Na figura 1.5, pode ver-se uma caixa de fusíveis e relé de piscas, situada no habitáculo
do veículo, na parte inferior do painel de instrumentos.
Fig. 1.5 - Central de ligações e porta-fusíveis

Existem determinados veículos, onde a caixa de fusíveis e a central de relés se encontram no


compartimento do motor como se mostra na figura 1.6.

Fig. 1.6 - Central de ligações e porta fusíveis situadas no compartimento do motor


1.3 ESQUEMAS ELÉCTRICOS

Dada a complexidade das instalações elétricas dos veículos automóveis atuais, é


imprescindível a utilização de esquemas elétricos no momento de localizar uma avaria.

Representar a instalação elétrica total do veículo não é impossível, mas na necessidade de


localizar ou diagnosticar uma avaria no sistema elétrico seria bastante complicado,
começando logo pela dificuldade de leitura e interpretação do esquema elétrico do veículo.

Para haver maior facilidade na leitura e interpretação dos esquemas, os fabricantes de


automóveis concebem os mesmos divididos em por secções, ou seja, se a avaria existe no
sistema de iluminação, vamos à procura do esquema seccionado do sistema de iluminação,
se o problema existe no sistema de ignição vamos procurar no esquema elétrico respeitante
ao respetivo sistema (ver figuras 1.7,1.8 e 1.9).

Fig. 1.7
Fig. 1.8
Fig. 1.9
2 CONDUTORES ELÉCTRICOS

2.1 INSTALAÇÃO ELÉCTRICA DO AUTOMÓVEL

A união entre os diferentes elementos do equipamento elétrico de um automóvel realiza-


se por meio de condutores elétricos, constituídos por fios múltiplos de cobre revestidos
de uma camada em PVC (poli-cloreto de vinilo) colorido que se destina a identificar esse
condutor no meio dos outros condutores.

A resistência elétrica dos condutores elétricos deve ser o mais baixo possível, a fim de
evitar as quedas de tensão, garantindo que a corrente que chega aos vários recetores
é semelhante à corrente gerada à partida.

Os condutores usados nas instalações


elétricas, destinam-se a transportar uma
determinada quantidade de corrente
elétrica.

Fig. 2.1 - Condutores em cobre são o meio de


transporte de energia elétrica no
automóvel

Um fio de cobre com uma secção de


1mm2 suporta uma corrente de 11 A, no
máximo.

Fig. 2.2 - Um fio de cobre com uma secção de


1 mm2 suporta uma corrente de
11 A
Por outro lado, um fio de cobre com uma
secção de 1,5 mm2 suporta uma corrente
de 14 A, no máximo.

Fig. 2.3 - Um fio de cobre com uma secção de


1,5 mm2 suporta uma corrente de
14 A

Um fio de cobre com uma secção de


4mm2 suporta uma corrente de 25 A, no
máximo.

Fig. 2.4 - Um fio de cobre com uma secção


de 4 mm2 suporta uma corrente
de 25 A

A intensidade de corrente elétrica expressa em amperes que um fio condutor deve


suportar, depende da potência absorvida pelo equipamento elétrico instalado.

Fig. 2.5 - A corrente aumenta com o número de componentes elétricos ligados


Para alimentar uma lâmpada de 12 Volt
–50 Watts é necessária uma corrente de
4 Amperes

Fig. 2.6 - A lâmpada de um farol necessita de uma


corrente de 4 a, logo um fio condutor
com 1 mm2 será ideal

Mas, para alimentar o motor de arranque


de um veículo normal, são precisos mais
de 400 Amperes.

Fig. 2.7 - O motor de arranque é o maior


consumidor de corrente eléctrica do
automóvel

Agora percebe-se porque é que a secção


do cabo que alimenta o motor de arranque
deve ser mais grossa do que aquela que
alimenta a lâmpada de 12 Volt-50 Watt.

Fig. 2.8 - A secção do fio condutor está dependente


do componente que se pretende ligar
Se a secção do cabo que liga o motor de arranque for muito pequena, para a quantidade de
corrente que passa, o condutor aquecerá , tornando-se incandescente o que poderá causar
um incêndio no veículo.

Fig. 2.9 - Se a secção do fio for pequena face à intensidade de


corrente que lá passa levará o condutor a aquecer

Para evitar um aquecimento excessivo, os


condutores têm várias secções.

A secção do condutor é escolhida de acordo


com a intensidade da corrente que se prevê
venha a passar através dele.

Fig. 2.10 - Existem várias secções de fios


condutores

Os condutores são classificados pela sua secção, que se expressa em milímetros


quadrados.

As secções dos condutores empregues em instalações elétricas do automóvel são


apresentadas de seguida.

a) Lâmpadas de iluminação de presença.................................................. 1,5mm2

b) Lâmpadas de iluminação de médios ..................................................... 2,5mm2

c) Buzina, limpa pára brisas ...................................................................... 2,5mm2

d) Luzes de iluminação do painel de instrumentos ................................... 1mm2

e) Circuito de carga do alternador/bateria .................................................. 4mm2

f) Bobina de chamada do motor de arranque. ........................................... 2,5mm2

g) Ligação do motor de arranque. ............................................................. 50mm2

As secções normalizadas são: 1-1,5-2,5-4-6-10-16-25-35-50-70 95-120 expressas em mm2


Tolerâncias

Geralmente a queda de tensão provocada pelo fio condutor é ditada pelo fabricante do fio ou
cabo condutor, através de um valor percentual, que se denomina de tolerância.

A tolerância de um fio condutor vulgar, não deve ser superior a 3%,embora para o caso do
cabo de ligação do motor de arranque seja, excecionalmente de 4%.

Existem no mercado cabos elétricos com tolerâncias inferiores a 3%, sendo o seu custo
bastante superior.

Este tipo de fios condutores não usa o cobre como condutor, mas sim o ouro ou a prata.

Condutores concebidos em ouro ou prata, tem uma aplicação no automóvel restrita aos
sistemas de áudio ou outros sistemas de comunicação.

Os condutores elétricos possuir qualidades mecânicas que permita resistirem, a esforços de


torção e tração, e ainda a vibrações a que estão submetidos.

Por este motivo os fios condutores são compostos por múltiplos finos fios de cobre, daí a
denominação de fios condutores multifilares.

O isolamento do fio condutor deve ser o mais perfeito possível, devendo para tal, resistir ao
calor, gasolina, óleo do motor, etc.

Para tal o isolamento é feito com substâncias plásticas ou derivadas com suficiente
resistência à corrosão.

2.2 CABOS COAXIAIS


Os cabos coaxiais são empregues no automóvel sempre que se pretende transportar sinais
de muito baixa amplitude.

Os cabos que ligam a sonda lambda à unidade de controlo eletrónico, bem como o cabo que
liga a antena exterior ao auto rádio são cabos coaxiais.

Em casos especiais, os cabos que ligam as colunas ao auto rádio ou o amplificador às colunas
e ao auto rádio, são todos cabos coaxiais de maneira que o som reproduzido seja o mais
“puro” possível.

Estes cabos possuem um fio condutor central revestido de uma substância plástica isolante.

Em cima deste isolamento existe uma película em alumínio acompanhada de uma malha em
cobre. Posterior a esta malha em cobre existe o isolamento final do cabo em PVC.
O fio central liga ao terminal de sinal e a malha de cobre mais a pelicula são sempre ligadas
à massa criando o isolamento elétrico do cabo.

Ondas de rádio ou outras interferências geradas por exemplo pelo sistema de ignição ao
encontrarem o cabo de antena do auto rádio são captadas pela malha de cobre envolvente.

Desta maneira o sinal de rádio que chega ao auto rádio é somente o sinal da estação de
rádio que se pretende ouvir, isenta de quaisquer interferências.

2.11 - Cabos coaxiais


3 FUSÍVEIS

3.1 FUNÇÃO DO FUSÍVEL NA INSTALAÇÃO AUTOMÓVEL

Mesmo que toda a instalação do


automóvel esteja bem dimensionada,
isto é, todos os condutores com secções
bem previstas para aquilo que vão ligar,
poderá haver uma falha no equipamento
elétrico ou no seu circuito (o cabo pode
tocar no chassis do veículo). Então, o
cabo receberá mais eletricidade do que
pode transportar e o isolamento elétrico
queima-se provocando um incêndio no
veículo. Fig. 3.1 - Um cabo condutor poderá estar na
origem de um incêndio caso não
Para que tal não aconteça, coloca-se um exista um sistema de proteção da
fusível no circuito, a fim de o proteger e instalação elétrica do veículo

evitar que os cabos aqueçam demasiado.

Os fusíveis são constituídos por uma lamina ou fio condutor devidamente calibrado, por forma
a suportar apenas um valor limite de corrente elétrica que define o seu calibre. Este fio não pode
transportar mais corrente do que o valor do seu calibre.
Se uma corrente que percorre o circuito atingir um valor superior ao suportado pelo fio do fusível,
o mesmo queimar-se-á e dar-se-á uma interrupção da corrente elétrica.
Os fusíveis são calibrados segundo o consumo de corrente de um circuito e do comprimento
dos cabos.
As principais funções de um fusível são:
- Proteção de circuitos.
- Ligação entre circuitos.

Proteção de circuitos: a intensidade de corrente elétrica que circula num cabo depende do
componente que este vai alimentar (lâmpada, motor, etc.). Se essa intensidade de corrente
aumentar para valores fora do normal, torna-se perigoso para toda a instalação.
O aumento da intensidade de corrente pode ter origem num motor em curto-circuito, que
absorve uma elevada intensidade de corrente, uma vez que a sua resistência interna diminuiu.
Um cabo elétrico descarnado (Fig. 3.2), que provoca um curto-circuito na bateria, etc..
Fig. 3.2 Curto-circuito provocado por um cabo elétrico descarnado.

Para proteger os circuitos e evitar o risco de incêndio, torna-se indispensável a aplicação de


fusíveis.
A fusão de um fusível normalmente é devida a:
- fim da vida útil do mesmo.
- curto-circuito no circuito onde está inserido.
- intervenção incorreta sobre o circuito, por parte do eletricista.

Ligação entre circuitos: no interior da caixa de fusíveis, onde estes são encaixados sobre
placas, existem uma série de conexões elétricas que permitem as ligações entre fusíveis, por
vezes a origem das avarias situam-se precisamente nestas ligações.

Como já referimos os fusíveis são calibrados


em função da intensidade máxima de
corrente que deverá passar em determinada
secção de um circuito. Por isso quando se
fizer a substituição de fusíveis, é essencial
que se respeite o seu valor de calibração para
que se continue na presença de uma
verdadeira proteção de todo o circuito.
Toda a tentativa de reparação de um fusível
queimado ou substituição por um com calibre Fig. 3.3 - A reparação indevida do sistema elétrico pode
superior ao estabelecido pode levar a levar a sérias consequências

que se ocorrer um curto-circuito no circuito protegido por esse fusível, o fusível não atue
podendo provocar um incêndio no veículo. Se por outro lado, for colocado um fusível de calibre
inferior ao estipulado, este não irá aguentar situações de intensidade de corrente máxima e
fundir-se-á.
Igualmente se um fusível queimado for reparado com um bocado de fio qualquer ou com um
bocado de papel de prata (de maços de cigarros) corre-se o risco de incendiar a viatura.
Importa também referir, que, não se deve considerar reparada uma avaria elétrica, apenas
trocando o fusível, é sempre necessário determinar a causa que provocou a fusão do mesmo.

A figura 3.4 mostra, os tipos de fusíveis mais comuns usados nos automóveis, na figura 3.5
podemos observar, num desses fusíveis, a marcação do calibre do fusível (amperagem) no topo
do mesmo.

Fig. 3.4 Fusíveis

Fig. 3.5 Fusíveis ATO

(com especificação da amperagem)

Os fusíveis auto estão codificados com cores para uma mais fácil identificação, a tabela seguinte
indica-nos a correspondência entre algumas cores e as respetivas amperagens:
AMPERES COR AMPERES COR
5A Castanho claro 30 A Verde
10 A Vermelho 40 A Laranja

15 A Azul 60 A Preto

20 A Amarelo 80 A Branco transparente

Compreendemos agora porque é que os fusíveis são usados no sistema elétrico de todos
os veículo.
Normalmente, os fusíveis estão situados numa caixa colocada no compartimento do
motor, por trás do painel de instrumentos (Fig. 3.6) ou na cabina por baixo do painel de
instrumentos (Fig. 3.7).

Fig. 3.6 Fusíveis colocados Fig. 3.7 Fusíveis colocados

no compartimento do motor por baixo do painel de instrumentos

Antes de conduzir um veículo desconhecido para si, procure sempre a caixa de fusíveis
e veja se existem fusíveis sobresselentes.
Esta deverá ser uma operação tão usual como verificar os níveis de óleo do motor, água
do radiador, óleo de travões, pneu sobresselente, ferramentas, etc..

Seguidamente vamos analisar com maior pormenor alguns tipos de fusíveis, que mais
frequentemente são usados nos veículos atuais.
Fusível ATO
Este fusível (Fig. 3.8) concebido especialmente para a industria automóvel, tornou-se no
fusível padrão, mais comunmente usado na protecção de circuitos de veículos
automóveis. Facilmente identificável e de fácil substituição, encontra-se disponível para
uma grande variedade de aplicações de baixa voltagem (de 1 a 40 Amperes).

Fig. 3.8 Fusível ATO

Fusível MINI
Este fusível (Fig. 3.9) não é mais do que uma miniatura do fusível ATO, especialmente
concebido para diminuir o espaço ocupado pelos fusíveis e consequentemente pelas
caixas de fusíveis, permitindo mais fusíveis no mesmo espaço. Desta forma podemos
aumentar o número de circuitos eléctricos protegidos por um fusível.

Fig. 3.9 Fusível MINI

Fusível MAXI
Este fusível (Fig. 3.10) está disponível em gamas de amperagem superiores aos fusíveis
descritos anteriormente (20 a 80 amperes), destina-se a aplicações como proteção da
cablagem, substituindo uma secção da cablagem que tinha funções de fio fusível.
Fig. 3.10 Fusível MAXI

Fusível MEGA
Este fusível (Fig. 3.11) existe para a proteção de circuitos com intensidades de corrente
elevadas (até 250 amperes), é ideal para a proteção da bateria ou do alternador.

Fig. 3.11 Fusível MEGA

3.2 SUBSTITUIÇÃO DE FUSÍVEIS


Há sempre uma tampa na caixa dos fusíveis que tem de ser retirada antes de se substituir o
fusível.

Fig. 3.12 - Caixa de fusíveis situada no habitáculo do motor


Primeiro limpe a caixa de fusíveis e a tampa, com um pano. Depois retire a tampa. Isto pode
fazer-se, rodando um ou dois parafusos no sentido anti-hórario.

Como se vê na figura 3.13, a tampa pode ser retirada com uma chave de fendas, dando ¼ de
volta a um pequeno parafuso, situado na parte inferior da tampa.

Fig. 3.13 - Abertura da portinhola da caixa de


fusíveis

Como se mostra na figura 3.14, pode-se ainda retirar a tampa , fazendo-se uma pequena
pressão com os dedos e ao mesmo tempo, puxando com cuidado. Nestes casos, não se deve
usar chave de fendas, faca ou outro tipo de ferramenta.

Fig. 3.14 - Abertura da caixa de fusíveis

Depois de retirada a tampa, encontrará dentro da caixa, um esquema que lhe dará indicação
da correspondência entre os fusíveis e os circuitos. Também lhe dará indicação do valor do
fusível.

No manual de instruções do veículo, poderá também encontrar informações acerca da


localização da caixa de fusíveis, circuitos protegidos por cada fusível e o calibre dos fusíveis.

Quando obtiver toda a informação que necessita, deve proceder à substituição do fusível
queimado por um outro do mesmo calibre.
No caso de não haver manual de instruções ou esquema do veículo, verifique os fusíveis, um
de cada vez, até encontrar aquele que está queimado (Fig. 3.15).

Fig. 3.15 - Inspecione os fusíveis um por um

Antes de fechar a caixa de fusíveis ligue os vários circuitos protegidos pelo fusível que se
havia fundido, para se certificar que estão novamente operacionais.

Um fusível que se funde logo após ter sido substituído, indica que há falha no fio de ligação,
ou mesmo em algum componente elétrico que estiver ligado a esse fusível.

Não deve substituir novamente o fusível, sem fazer uma inspeção prévia aos circuitos e
órgãos protegidos por esse fusível.

Caso se trate de um fio descarnado, deverá isolá-lo convenientemente com fita isoladora, tal
como se apresenta na figura 3.16.

Fig. 3.16 - Isolamento do fio descarnado

Monte a tampa, procedendo de modo inverso ao utilizado para a desmontar.

Algumas caixas de fusíveis têm um espaço ocupado com fusíveis sobresselentes. Quando
usar um fusível sobresselente, substitua-o logo que possível por outro do mesmo calibre.
3.3 CAIXAS DE FUSÍVEIS
As caixas de fusíveis (Fig. 3.17) comportam todos os fusíveis e relés dos circuitos elétricos
do automóvel. Normalmente situadas sob o painel de instrumentos ou no compartimento do
motor, estas caixas contém uma placa com um circuito impresso dobrado, identificações na
base dos relés, com contornos coloridos e designação dos relés R1, R2, etc., designações
das pontes B1, B2, etc. e numeração dos fusíveis F1, F2, etc..

Fig. 3.17 Caixa de fusíveis

1. Caixa de fusíveis para veículos com direção à esquerda. 2. Caixa de fusíveis para veículos com direção à
direita. 3. Base dos relés com os contornos coloridos 4. Relé 5. Ponte 6. Díodo

7. Aplicação das uniões de ligação 8. Fusíveis 9. Numeração dos fusíveis.

A corrente é fornecida a esta caixa através de 2 ou 3 linhas (Fig. 3.18) vindas diretamente da
bateria.

Fig. 3.18 Cabos principais de corrente aparafusados à caixa de fusíveis.

Atualmente nas caixas de fusíveis as placas base que se costumam usar são as Powr- Bloks
(Modular Power Distribution System), que se encontram representadas na figura 3.19.
Fig. 3.19 Sistema Power-Bloks

Este sistema permite personalizar as placas base das caixas de fusíveis, podemos completar
instalações já existentes ou acrescentar fusíveis e relés necessários para pôr a funcionar uma
nova função, bem como, é extraordinariamente útil para a reconstrução de instalações
elétricas danificadas.

A versatilidade deste sistema gira em torno de dois módulos base:

- Os módulos quadrados (Fig. 3.20 e Fig. 3.21).

- Os módulos duplos (Fig. 3.22).

Fig. 3.20 Fig. 3.21

Módulo quadrado para 2 fusíveis Módulo quadrado para 1 relé de 5 bornes

Fig. 3.22 Módulo duplo para 4 fusíveis MAXI


Com estes módulos podemos formar várias combinações, fixando-as através de peças de
união intermédias, que conferem ao conjunto uma perfeita rigidez. A figura 3.23 mostra essas
peças de união, bem como alguns tipos de terminais normalmente usados, para as ligações
da placa às calagens.

Fig. 3.23
Tipos de módulos quadrados:

- módulos para ligação dos cabos de corrente.


- módulos para fixação de 2 fusíveis ATO.
- módulos para fixação de 4 fusíveis MINI.
- módulos para fixação de relés de 5 bornes.
- módulos para fixação de relés de 4 bornes.

Tipos de módulos duplos:

- módulos para fixação de 4 fusíveis ATO.


- módulos para fixação de 4 fusíveis MAXI.
- módulos para fixação de 8 fusíveis ATO.
- módulos para fixação de 2 relés de 5 bornes.
- módulos para fixação de 2 relés de 4 bornes.
- módulos para fixação de 3 micro-relés de 5 bornes.

Por fim, na figura 3.24 podemos ver um exemplo de construção de uma placa base,
mediante a união de vários tipos de módulos.

Fig. 3.24 Exemplo de construção de uma placa base.


4 TERMINAIS PARA CONDUTORES

4.1 FUNÇÃO DOS TERMINAIS


Terminais para condutores são peças metálicas que se colocam nos extremos dos condutores,
a fim de realizar-se uma boa conexão elétrica com os bornes de um acessório ou aparelho.

Os terminais são construídos, geralmente, de cobre, latão ou chumbo.

Alguns deles são estanhados, o que serve para protegê-los contra a oxidação , facilitando
assim a soldagem.

Os terminais são constituídos por um só corpo, no qual se distinguem duas partes:

A manga, onde é introduzido o condutor

O olhal, por meio do qual se faz a conexão ao borne do


aparelho.

A figura 4.1 mostra os vários tipos de terminais usados na indústria automóvel.

Fig. 4.1 - Terminais


Fig. 4.2 - Terminais fechado e aberto

O olhal pode ser fechado ou aberto tal como se apresenta na figura 4.2.

4.2 TIPOS DE TERMINAIS

Os terminais podem ser classificados pela forma em que se unem aos extremos dos
condutores.

Assim existem:

Terminais soldados

Terminais à pressão

Os terminais soldados são aqueles que se fixam ao condutor por meio de solda de estanho.

Nas instalações elétricas e nos bobinados utilizam-se, geralmente, terminais soldados.


Estes podem ter manga fechada ou aberta.

Nas instalações de automóveis existe grande variedade de terminais soldados que variam
em sua forma de acordo com o elemento a conectar.

Na figura 4.2 mostram-se diferentes tipos de terminais que se fixam aos aparelhos por meio
de parafusos ou por encaixe.

Dentro dos sistemas por encaixe, existem terminais macho e fêmea que servem para unir
condutores, tal como se apresenta na figura 4.3. Existem também terminais do tipo
bandeira, igualmente representados na figura 4.3.
Fig. 4.3 - Terminais de encaixe macho, fêmea e de bandeira

Os terminais à pressão são todos aqueles


que se prendem aos condutores por meio de
parafusos ou por meio de compressão da
manga como se apresenta na figura 4.4.

Geralmente a compressão da manga faz-se


com um alicate especial. Fig. 4.4 - Terminais à pressão

Estes terminais podem ser empregues em


todos os tipos de instalações com a
vantagem de permitir fazer as conexões
com mais rapidez. A figura 4.5 mostra a
ferramenta normalmente usada para
cravar terminais.

Terminais para baterias são terminais Fig. 4.5 - Alicate para compressão de
especiais para conexão permanente da bateria terminais

à instalação do automóvel.

São geralmente fabricados em chumbo ou bronze. Os cabos podem ser fixados aos
terminais por meio de solda ou por aperto como se apresenta nas figuras 4.6 e 4.7.
Fig. 4.6 - Terminais para baterias não isolados

Fig. 4.7 - Terminais para baterias isolados


Terminais do tipo jacaré São terminais que têm a forma de pequenas tenazes, de boca e mantida
fechada por uma mola.

São soldadas ou fixas à pressão no extremo do condutor elétrico, permitindo ligar e desligar
rapidamente para romper o contacto.

São utilizadas em cabos de ligação ( de emergência ) de baterias.

No mercado são normalmente denominadas por “garras de jacaré”.

Fig. 4.8 - Terminais tipo jacaré

Na tabela seguinte podemos ver vários tipos de terminais usados nos automóveis e os respetivos
nomes:

Tipo AMP, fêmea, para fios 1 a 2,5 mm para lâmpadas de farol

Tipo AMP, macho, para fios 0,5 a 1,5 mm com dente de blocagem

Tipo AMP, para farolins traseiros – para fios 0,5 a 1,5 mm

Tipo AMP, macho, para fios o,5 a 1,5 mm (largura 5 mm)

Tipo AMP, fêmea, para fios 0,5 a 1,5 mm (largura 5 mm)

Terminais fêmea 2,8 mm para fichas à prova de água

Terminal redondo, macho, para fios 0,5 a 1 mm

Tipo AMP, fêmea, para fios 2 a 4 mm com encaixe

Ficha redonda, fêmea, para fios 1a 2,5 mm


Terminal com furo de 10,5 mm para fios de 4 a 6 mm

Tipo AMP, macho, para fios 0,5 a 1,5 mm encaixe 2,8 mm

Terminal para cabos de 35 a 50 mm, furo de 11,4 mm

Tipo AMP, fêmea, para fios 0,5 a 1 mm encaixe de 2,8 mm

4.3 PROCEDIMENTO DE MONTAGEM DE TERMINAIS

4.3.1 CASO 1 – TERMINAL FECHADO


1º Passo – Prepare a ponta do condutor decapando o
extremo do condutor, num
comprime nto que exceda
aproximadamente de 2 mm, o que vai
penetrar no punho do terminal. De
seguida limpe o extremo decapado
com uma lixa fina e coloque um
pedaço de tubo plástico no condutor
(macarrão) com um diâmetro
ligeiramente inferior ao diâmetro
externo do punho.
Fig. 4.9 - Preparação do fio condutor

2º Passo – Estanhe o extremo do condutor,


aquecendo com um ferro de soldar, o
extremo do fio devidamente
descarnado. De seguida derreta o
estanho sobre o condutor mantendo a
ponta do ferro de soldar em contacto
com a superfície a estanhar como se
apresenta na figura 4.10

Fig. 4.10 - Preparação do fio condutor


3º Passo – Prepare o terminal limpando o interior do punho com uma lima ou rebolo com
diâmetro apropriado.

4º Passo – Estanhe o terminal aquecendo o punho do terminal. Prenda o terminal no torno


fixando-o pela parte plana e colocando pedaços de madeira entre esta e as
mordaças do torno. Derreta, então estanho na parte interior do punho do terminal,
mantendo o ferro de soldar em contacto com a superfície exterior até que o material
fundido chegue à metade do mesmo.

5º Passo – Solde o material mantendo o ferro de


soldar no punho do terminal e
introduzindo a ponta do condutor no
estanho fundido, tal como se
apresenta na figura 4.11. Afaste o
ferro de soldar e mantenha o
condutor imóvel até que o estanho
se solidifique.

6º Passo – Cubra o punho do terminal com o


macarrão. Fig. 4.11 - Soldar o terminal ao
condutor

4.3.2 CASO 2 – TERMINAL ABERTO

1º Passo – Prepare a ponta do condutor e


estanhe.

2º Passo – Estanhe o terminal, aquecendo o


terminal com o ferro de soldar e
cubra a superfície a estanhar.
Estanhe a parte interior do punho
do terminal, mantendo a ponta do
ferro de soldar em contacto com a
parte a estanhar, tal como se
apresenta na figura 4.12.
Fig. 4.12 - Coloque o condutor no
terminal
3º Passo – Coloque a ponta do condutor no terminal
e dobre os lados com um alicate tal
como na figura 4.13.

4º Passo – Solde o terminal, aquecendo o punho


do terminal com o ferro de soldar,
colocando solda até a superfície de
contacto entre o condutor e o
terminal fique totalmente cheia.

5º Passo – Cubra o punho do terminal com


macarrão. Fig. 4.13 - Coloque o condutor no terminal

4.4 FICHAS DE CONTACTO OU ACOPLAMENTO.


A grande maioria dos automóveis de hoje utiliza fichas de contacto para executar a ligação entre
cablagens.

Estas fichas agrupam um número limite de terminais sendo mais prático o acoplamento entre
cabos.

Fig. 4.14 - Fichas de acoplamento


Fig. 4.15 - Exemplo de fichas ISO de acoplamento

As fichas de acoplamento mostram-se mais seguras pois possuem um trinco que as permite
permanecerem sempre ligadas, não havendo portanto, o risco de corte de um determinado circuito
com a vibração do próprio veículo.

Os auto rádios mais vulgares usam fichas “ISO”, tal como se apresenta na figura 4.15, de modo a
facilitar o eletricista na montagem do aparelho.

Uma vez que estas fichas possuem uma determinada codificação, elas só poderão ser ligadas de
uma única maneira, o que reduz significativamente o erro do eletricista colocar tensão numa das
saídas do amplificador do auto rádio como exemplo.
5 RELÉS PARA AUTOMÓVEIS

5.1 TIPOS DE RELÉS

Relés são dispositivos que, ao serem excitados por uma corrente de baixa intensidade,
permitem comandar circuitos ou mecanismos de corrente mais elevada ou realizar funções
específicas, como por exemplo a intermitência de luzes.

Os relés mais comuns no automóvel são:

Magnéticos

Térmicos

5.1.1 RELÉS MAGNÉTICOS

Os relés magnéticos são constituídos por uma caixa que pode ser de plástico ou chapa
estampada, formada por uma base e uma tampa protetora que cobre e protege os
componentes do relé.

Um eletroíman composto por um núcleo de ferro que dependendo do modelo do relé, poderá
ser fixo ou móvel e de uma bobina de um ou mais enrolamentos de fio esmaltado.

Um conjunto de contactos formado pelos contactos fixos e móveis montados sobre uma
chapa de ferro, que recebe o nome de armadura.

Os contactos podem ser de platina, tungsténio, ou discos de cobre prateado e quando o relé
não está excitado, permanecem separados pela ação de uma mola.

Fig. 5.1 - Relé magnético


Os relés magnéticos são instalados em circuitos que absorvem grande potência elétrica, e
possibilitam o comando à distância, diminuindo as quedas de tensão do circuito principal.

FUNCIONAMENTO

Ao ligar o interruptor, a corrente elétrica circula pela bobina, gerando um campo magnético no
núcleo, que atraí a armadura com o contacto móvel, e a liga o circuito principal.

Quando se interrompe a corrente na bobina, a armadura fica livre, e a mola abre os contactos,
interrompendo a passagem da corrente no circuito principal.

De acordo com a função que desempenham nos circuitos elétricos do veículo, os relés
distinguem-se como de buzina, de luzes e de arranque.

Os relés de buzina podem ser de três tipos ou quatro bornes, segundo a conexão da bobina.

Fig. 5.2 - Relé de buzina e respetiva simbologia

Relés de luzes são instalados no circuito de faróis (de máximos ou auxiliares) e tem a finalidade
de evitar as quedas de tensão que se produzem nos contactos do interruptor e no troca - luz,
ligando os faróis diretamente à bateria do veículo com se apresenta na figura 5.3.
Fig. 5.3 - Relé de faróis e respetiva simbologia

Relés de arranque são geralmente de núcleo móvel e possuem um disco de cobre


isolado do êmbolo, que realiza a ligação da bateria com o motor de arranque.

Os relés de arranque mais comuns também são aproveitam o deslocamento do


núcleo, para fazer o engrenamento do mecanismo de acoplamento.

Fig. 5.4 - Relé de arranque e respetiva simbologia

Os relés que possuem tampas desmontáveis permitem a limpeza dos contactos fixos
e móveis.

Estes contactos devem ser revistos periodicamente em especial quando por eles
circula uma corrente bastante elevada como é o caso do relé de comando do motor de
arranque.

É importante que, ao desmontar-se os relés, seja mantido o entreferro entre o núcleo e


a armadura.
5.1.2 RELÉS TÉRMICOS

Os relés térmicos são constituídos por uma caixa, em cujo interior se encontra o
conjunto de contactos, a lâmina bimetálica e a resistência.

Fig. 5.5 - Relés térmicos

FUNCIONAMENTO

Quando a corrente circula pela resistência circula pela produz um aumento de temperatura
que faz curvar a lâmina bimetálica, fechando os contactos, com isto é ligado o circuito
principal.

Ao deixar de circular corrente pela resistência, as lâminas bimetálicas arrefecem, recuperando


a sua forma original, com o que se interrompe o circuito principal.

Estes relés, combinados com um sistema magnético, são usados nos circuitos de indicação
de mudanças de direção. É o elemento pisca-pisca.

Geralmente, os relés térmicos não admitem reparações, o que obriga à sua substituição cada
vez que apresentam defeitos.

5.2 NOMENCLATURA – LIGAÇÃO DE RELÉS

Na figura seguinte apresentam-se diferentes tipos de nomenclaturas de relés.


Fig. 5.6 - Nomenclatura de relés

5.3 APLICAÇÃO AOS AUTOMÓVEIS

A aplicação mais comum de relés em automóveis, são os relés electro - mecânicos


cujas características abaixo são expostas.

São os que se encontram nos circuitos elétricos de ignição e injeção eletrónicas.

Possuem quatro bornes de contacto, dois para o circuito de comando e os outros dois
para o circuito de potência.
Na caixa dos relés podem-se encontrar, com as respetivas entradas do circuito de potência
protegidas por fusíveis, os relés do circuito principal (que por exemplo alimenta a unidade
eletrónica de comando quando esta não tem alimentação permanente e outros atuadores e
sensores do sistema de injeção eletrónica), da bomba de gasolina, do motor de arranque e
de aquecimento do coletor de admissão.

Existem relés temporizados que têm por missão prolongar o tempo de fecho do circuito de
potência para além do momento em que cessa a excitação da bobina do relé.

É o que se passa no comando dos limpa para-brisas em que o seu movimento, depois do
condutor acionar o comando para que parem, cessem o movimento numa posição tal que
não impeça a visibilidade do condutor.

Na figura 5.7 está representado um relé


deste tipo em que o motor do limpa pára-
brisas só funciona quando o seu
comando (borne 3) é acionado (este tem
corrente alimentando a bobina “B”
fechado o circuito de potência (os
motores do limpa para-brisas)
alimentando a base do transístor “T”).

Quando, por ordem do condutor, cessar a


alimentação da base do transístor “T”, o
condensador “C” e o díodo “D”
prolongarão a corrente na bobina “B”
durante alguns instantes.

Fig. 5.7 - Relés comandados eletronicamente


6 REPARAÇÃO DE CABLAGENS

Está provado que a maior parte das avarias produzidas nos circuitos elétricos e electro-
nicos do automóvel são devidas a deficientes contactos nas fichas de ligação e à
interrupção de cablagens. Deste modo, uma ligação entre dois fios deve satisfazer os
seguintes requisitos:

1. Conseguir uma verdadeira e segura união dos fios para que a corrente passe
sem dificuldades. Quando uma ligação não estabelece um bom contacto
elétrico podem ocorrer dois fenómenos. Por um lado, produz-se uma queda de
tensão nesse ponto motivada pela resistência de contacto existente, por outro,
produz-se um aquecimento por efeito de Joule que faz aumentar a temperatura
dos fios. A figura 6.10 ilustra o efeito produzido por uma ligação deficiente num
interruptor.

Fig. 6.10 – Efeitos produzidos por ligações deficientes

2. Ser dotada de uma segura e eficaz proteção contra os agentes exteriores,


nomeadamente humidade. Quando uma ligação não está perfeitamente isolada do
ambiente, tanto essa como as circundantes serão afetadas por fenómenos de
oxidação, uma vez que pelo interior dos condutores elétricos pode passar humidade
devido ao princípio da capilaridade. A oxidação produz um mau contacto originando
uma resistência que, inclusivamente, pode desfazer essa união.

Nos trabalhos habituais na instalação elétrica automóvel, utilizam-se basicamente 3 tipo


de uniões:

- Por enrolamento de fios

- Por terminais ou fichas

- Por soldadura
6.1 UNIÃO POR ENROLAMENTO DE FIOS

Num circuito elétrico deve, tanto quanto possível, evitar-se efetuar ligações elétricas
unindo os fios “enrolando-se” as suas pontas. Contudo, se for inevitável deve ser realiza-
do da forma ilustrada na figura seguinte.

A – Separar os fios para facilitar a


ligação

B – Encruzilhar os fios de ambos os


cabos

C – Entrelaçar cada um dos fios

D – União completa entre dois fios

E – Colocação de estanho nos fios de


ligação

F – Colocação de Isolamento

Fig. 6.12 – Ligação elétrica de fios em linha

A – Separar os fios para facilitar a


ligação

B – Encruzilhar os fios de ambos os


cabos

C – Entrelaçar cada um dos fios

D – Cobrir as ligações com estanho e


colocar uma proteção

Fig. 6.13 – Ligação elétrica de cabos em derivação


A primeira operação a realizar sempre em qualquer união consiste em descarnar
corretamente os fios.

Descarnar um fio significa retirar-lhe o isolamento ao longo de um determinado


comprimento.

Para não se danificar o fio, este deve ser descarnado com uma ferramenta adequada.

Existem ferramentas combinadas (cortar, descarnar, vincar) para o efeito.

Fig. 6.14 – Alicate especial para vincar, descarnar e cortar fio

Deve-se assegurar que os fios são todos cortados por igual.

Fig. 6.15 – Corte de cablagens


De referir que se houver necessidade de substituir uma parte da cablagem deve-se
assegurar que o fio utilizado é de secção adequada para o fim.

Diâmetro [mm] Secção [mm2] Corrente máxima [A]


0,7 0,4 0,5
0,9 0,6 1
1,0 0,8 2,3
1,2 1,2 5
1,6 2 5 – 10
2,0 3 5 – 10
2,5 5 25
3,0 7 30 – 40
4,5 14 70 – 80
5,1 20 80 – 100

Tab. 6.1 – Diferentes secções de fio, em função da corrente a que pode ser submetido

Se possível deve-se manter o encaminhamento dos fios existentes no carro. Deste modo
ter-se-á a certeza de que os fios ficam afastados de fontes de calor.

Mantendo o encaminhamento dos fios existentes pode-se facilmente determinar o


comprimento correto dos fios. Deve-se adicionar alguns centímetros, pois terá ainda de
se efetuar a junção dos fios ou de instalar terminais e/ou fichas.

Depois de descarnados, os fios devem ser corretamente entrelaçados, se possível


recobrir as uniões com estanho e finalmente proteger a ligação com um isolamento.

6.2 UNIÃO POR TERMINAIS OU FICHAS

Os terminais são peças normalmente metálicas que se colocam nos extremos dos cabos
para facilitar a união entre eles.
Fig. 6.20 – Principais tipos de terminais utilizados em eletricidade e eletrónica automóvel

A montagem dos terminais sobre os cabos deve realizar-se de forma escrupulosa pois
durante a sua utilização podem estar sujeitos a elevadas temperaturas, à humidade, etc.
A figura 6.21 ilustra a forma como se deve realizar a montagem de um terminal.

Fig. 6.21 – Montagem de terminais


O condutor deve estar bem limpo e ser introduzido em A e B, atendendo a que A apertará
os fios descarnados enquanto que B deverá “agarrar” o isolamento.

Se se tiver vários fios entre duas fichas deve-se assegurar que têm o mesmo comprimento.

Fig. 6.22 – As cablagens substituídas devem ficar com o mesmo comprimento das que
existem

6.3 UNIÃO POR SOLDADURA

A soldadura não tem exclusivamente o objetivo de unir um cabo a um terminal. Tem, acima
de tudo, o objetivo de garantir que a ligação se faz de forma segura e duradoura, capaz de
resistir à sujidade e outros inconvenientes a que é submetida. Em eletricidade e eletrónica
automóvel utiliza-se a soldadura de chumbo-estanho, habitualmente com 40% chumbo e
60% estanho. Normalmente as ligações são tanto mais eficazes quando maior for o teor
em estanho.

6.3.1 CUIDADOS A TER NA REALIZAÇÃO DE SOLDADURAS ELÉTRICAS

Para soldar fios elétricos deve-se, antes de tudo garantir que as “peças” a soldar estão
bem limpas.

Normalmente os rolos de fio de estanho para soldar têm no interior uma alma de pasta
fundente desoxidante. Trata-se de elementos misturados com o estanho, mas que pas-
sam ao estado líquido a temperatura inferior à de fusão do estanho. Estes elementos lim-
pam os materiais a soldar, retirando-lhes as impurezas, especialmente as de óxidos
metálicos, que ainda que não se veja a olho nu, dificultam a união.
Além disso, é extremamente importante que a potência do ferro de soldar
utilizado seja adequada ao tamanho das peças a soldar. De um modo indicativo,
deve-se ter:

- Para componentes eletrónicos…. 25 – 30 W

- Para terminais normais ................... 50 W

- Para cabos e peças grandes…….. 80-100 W

Para realizar a soldadura é importante que a ponta do aparelho de soldar esteja


perfeitamente limpa, isenta de resíduos de estanho ou de resina queimada, bem
como os ele- mentos a soldar, como já foi referido.

Depois de tudo isto, para que a soldadura seja bem executada deve-se aplicar
em primeiro lugar a ponta do ferro de soldar no ponto exato que se quer soldar,
de modo a aquecer essa zona. Logo que a zona a soldar esteja aquecida,
aplicar o fio de estanho sobre os condutores a soldar. Ir colocando estanho e
soldando.

Fig. 6.23 – Realização de soldaduras

Se a soldadura foi corretamente efetuada então terá um especto limpo,


brilhante e uniforme.

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