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Um iniciante na espiritualidade

e na viagem astral

Alexei Bueno

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INTRODUÇÃO
Seja um livre pensador e forme sua própria filosofia de vida

Mesmo ciente de minhas limitações na área literária – apenas comentando uma


curiosidade, existe um poeta que também tem o mesmo nome e sobrenome que o meu –
decidi ousar escrever este pequeno livro que tinha como objetivo inicial ser um livro de
relatos de experiências fora do corpo ou de viagem astral.
Refletindo sobre o que escrever considerei que tão importante quanto a temática das
experiências fora do corpo seria externar o caminho que tenho percorrido por algumas
linhas esotéricas e espiritualistas, relatando também minhas vivências, críticas e reflexões
no decorrer desta caminho, de maneira a proporcionar também uma perspectiva particular
e pessoal de um iniciante na espiritualidade. Naturalmente que não poderia deixar de
abordar o assunto que para mim é um dos mais interessantes que é a capacidade latente a
todo ser humano em projetar-se espiritualmente para fora do corpo físico denso, podendo
colaborar neste sentido com algumas de minhas próprias experiências pessoais.
Dividi o livro em três partes inicialmente tendo uma abordagem autobiográfica,
relatando os caminhos espiritualistas que trilhei, os livros que li e com base em minha
própria vivência colocar algumas reflexões. Na sequência abordarei a temática da projeção
astral, finalizando com minhas de minhas próprias experiências fora do corpo.
Sou um eterno aprendiz, iniciante nos estudos espirituais e nas projeções atrais, que
é um fenômeno natural e inato que pode ser desenvolvido por todos nós. Escrevi este livro
principalmente para todos aqueles que como eu são iniciantes nesta jornada de aprendizado
e autoconhecimento.
Não tenho a intenção de tornar você, prezado leitor, um espiritualista ou seguidor
desta ou daquela doutrina ou linha de pensamento. Também não tenho a intenção de com
minhas críticas ou reflexões ferir aqueles que porventura tenham afeto a determinada linha
que aqui exponho. Tenha suas próprias experiências, vivências e que a partir delas você,
assim como eu, também irá tirar suas próprias conclusões e reflexões, pois como certa vez
disse Sócrates: “Uma vida se reflexão não vale a pena ser vivida”.

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Considero importante colocar logo de início alguns dos sinônimos mais
conhecidos para o termo “viagem astral”. São palavras diferentes utilizadas para
descrever o mesmo fenômeno, conforme a religião, doutrina ou linha de
pensamento: projeção astral, projeção da consciência, projeção extrafísica,
experiências fora do corpo (ou a sua abreviatura EFC), projeção psíquica, viagem
espiritual, desdobramento, emancipação da alma, arrebatamento, experiências
extracorpóreas... A psiquiatria e neurologia utiliza do termo “sonho lúcido” que a
meu ver confunde muitas pessoas, pelo fato de que o sonho descaracteriza o
fenômeno aqui abordado, mesmo que seja “lúcido”.

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CAPÍTULO 1
Nenhuma inteligência divina nos “pune” ou “recompensa” por nossos atos

Minha infância foi semelhante a de qualquer criança do interior do estado de São


Paulo das décadas de 80 e 90, em uma época na qual não haviam tantas tecnologias de
modo que todos vivenciávamos aquelas brincadeiras lúdicas que exercitava nossa
criatividade e interação social. Brincadeiras típicas como bolinha de gude, empinar
papagaio, andar de “perna de pau” entre tantas outras, sendo portanto foi uma infância
muito saudosa.
A questão da espiritualidade surgiu comigo muito cedo como uma curiosidade em
saber o que aconteceria na vida após a morte. Lembro inclusive que vez ou outra abordava
o assunto “morte” com um amigo de infância e naturalmente era prontamente repreendido,
pois este não era um assunto a ser naturalmente abordado. Também tive amigos de religiões
bem estranhas, daquela que proíbem seus seguidores de assistir televisão – não sei dizer se
este tipo de coisa ainda existe. Curioso pensar que depois de alguns anos o líder da referida
religião vir a ser dono de uma emissora de televisão. Engraçado lembrar que esta “regra
religiosa” era infringida quando ele vinha assistir televisão escondido em minha casa e era
impressionante sua reação perante a TV, era como se estivesse hipnotizado ou “vidrado” na
frente do aparelho.
De alguma forma inconsciente sempre tive certeza da vida após a morte, nunca
aceitei que a morte seria o fim da existência, pensava e penso que este mundo é grande e
complexo para ser vivido apenas uma vez.
Por volta dos sete anos lembro que eu tinha muita dificuldade para dormir e hoje
sei que na época a clarividência me impressionava negativamente com visões de formas-
mentais estranhas que me atacavam espiritualmente. Em outra situação, enquanto dormia
no mesmo quarto que meus pais, pude fora do corpo em outro plano de existência
presenciar alguma cena de sofrimento, estava tudo muito escuro e ao acordar a lembrança
me foi bloqueada, mas não o sentimento de tristeza que trouxe comigo e que me fez horar,
tomado por uma profunda tristeza sem aparente explicação racional.
Então nesta época minha de minha infância já vivenciava também algumas
experiências fora do corpo, com uma lucidez que não me deixavam dúvidas e serem
confundidas com sonhos. Na época encarava a de sair fora do corpo durante o sono como
parte de nossas capacidades espirituais naturais, mas não comentava com meus pais,
mesmo porque o fato era sob determinado ponto de vista um tanto estranho e incomum.
Nesta época evitava a todo custo dormir de barriga para cima, justamente para não
estimular as saídas do corpo, tinha medo do desconhecido, o medo de sofrer ataques
extrafísicos ou pesadelos. Muita das vezes me cobria todo na tentativa de obter alguma
“proteção”, mesmo que apenas psicológica. Sempre havia o medo de espíritos, justamente

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por nossa cultura cinematográfica onde a espiritualidade é vista em sua grande parte sob
uma ótica digamos “terrorista” ou “sobrenatural”.
O primeiro livro relacionado com o esoterismo e viagem astral que li tinha como
título “Como desenvolver poderes psíquicos e paranormais” ou algo neste sentido – da série
Realismo Fantástico, livro este que peguei emprestado com um primo. Uma curiosidade é
que na época eu estava na primeira série do ensino fundamental, numa época em que
liamos livros de historinhas tais como Pinóquio ou Chapeuzinho Vermelho, mas eu senti uma
atração por aqueles temas, porém com limitada capacidade de compreensão. No capítulo
sobre viagem astral lembro que não compreendi que o fenômeno era referente aos corpos
extrafísicos, entendi erroneamente que seria uma viagem de voo com corpo físico, tal como
um super-homem.
Quando bem criança frequentava juntamente com meus pais um centro espírita de
onde tenho boas lembranças da “escolinha” onde tínhamos aulas abordando questões
relacionada a oração, pinturas, desenhos etc. Pouco tempo depois, aos doze anos frequentei
uma doutrina denominada Racionalismo Cristão, na qual minha mãe participa até os dias
atuais atuando como médium, e por lá com minha sensibilidade percebia como sendo um
lugar espiritualmente agradável no qual sempre me sentia melhor ao término dos trabalhos
do que quando entrei, como se tivesse tomado um banho de limpeza espiritual ou
energético. Era um sentimento bem curioso no qual tentava sem êxito encontrar alguma
explicação racional.
Após algum tempo verifiquei na prática que toda doutrina é falha, principalmente
pelo fato delas serem constituídas e geridas por pessoas. Pessoas que como eu e você são
portadoras de seus egos e suas falhas comportamentais.
Certa vez, ainda por aquela época, em uma sessão pública frente a
aproximadamente 40 pessoas presenciamos um conflito entre administradores desta
doutrina espiritualista. Entenda a palavra “conflito” como agressão física mesmo... Isto me
faz refletir uma frase dita recentemente pelo meu amigo Guilherme Fauque: “onde se tem
muita emoção se perde a razão”. Talvez qualquer instituição onde exista uma hierarquia de
“comando” exista a problemática do ego.
Nesta época li o livro “Racionalismo Cristão”, muito elucidativo, numa linguagem
didática, com capítulos abordando questões práticas da espiritualidade e aos valores morais,
valores estes que podemos considerar universais a qualquer ser humano, independente das
crenças religiosas. Outro livro de leitura desta doutrina que considerei mui interessante
desta época foi “A vida fora da matéria”, que é um livro totalmente ilustrado. Esta foi uma
ideia muito boa para exemplificar as questões extrafísicas! Conta com 68 gravuras que
demonstram o que as pessoas clarividentes relatam, segundo suas percepções extrafísicas
ou metafísica. Lá temos ilustrações da aura das plantas, animais, pessoas, assédios
extrafísicos, formas-pensamentos e há até mesmo relacionadas com viagem astral. Inclusive
este livro lembra muito o “Viagem Espiritual” de Wagner Borges, que também é ilustrado.

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Também me remete ao “Formas-pensamentos” de Annie Besant e C.W. Leadbeater. Estes
dois são para mim os melhores livros do Racionalismo Cristão, filosofia esta que no meu
entendimento tem como proposta colocar uma abordagem racional sob as temáticas
espiritualistas.
Na prática esta doutrina lembra uma sessão espírita apesar de se esforça para se
diferenciar do Espiritismo, inclusive entortando o nariz quando se fala em Chico Xavier ou
mesmo Allan Kardec. Com relação a outras linhas espiritualistas escuta-se muito os
neologismos “alto espiritismo” e “baixo espiritismo”.

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CAPÍTULO 2
Desde o inseto até o homem, todos os seres são veículos de uma única Consciência, a divina

Na adolescência tive um amigo, que é filho de orador e proprietário de centro


espírita, então pude participar de algumas atividades de grupo de jovens tais como visitas a
pessoas doentes, mas percebi que o lado religioso do Espiritismo não me atraia, na realidade
ainda não me atrai, porém sempre considerei a literatura bastante interessante e ampla.
Em comparação com o Racionalismo Cristão o Espiritismo é um pouco diferente na
questão da disciplina no sentido “métrico” de horários mesmo, como por exemplo no tempo
que o médium tem para falar, o que é interessante no sentido de trabalhar a questão do
animismo, mas não quer dizer que seja melhor, apenas é uma característica digna de
anotação. No Espiritismo percebi um pouco mais a questão digamos da “gurulatria” *.
Por volta dos dezesseis anos iniciei minhas leituras de Espiritismo, a partir do ótimo
livro denominado “O livro dos Espíritos”, de Allan Kardec. Livro este que tem uma ótima
didática – não é à toa que o autor que se chamava na realidade Hippolyte Léon Denizard
Rivail foi um influente educador em sua época. Este livro me respondeu muitas perguntas,
em outras suscitou reflexões. Na sequência li “Nosso Lar”, ditado pelo espírito André Luiz
que enfatiza um relato do mundo espiritual, nas proximidades vibracionais de nossa
realidade física de modo que nos fornece a ideia de que o plano extrafísico pode ser mais
semelhante com nosso próprio plano físico do que muitos imaginam. Seguindo esta linha
temos “Violetas nas Janelas” e outros diversos livros espíritas que narravam em primeira
pessoa suas vivencias do ponto de vista diretamente do plano espiritual.
Por aquela época iniciei leituras da Teosofia, estimuladas também pela biblioteca de
meu pai. Certa vez peguei um pequeno livro chamado “O Plano Astral”, escrito por C.W.
Leadbeater que curiosamente havia explicações detalhadas sobe o plano espiritual ou
extrafísico sob uma ótica um tanto quanto “científica” no que se relaciona a quarta
dimensão (do ponto de vista físico e não temporal) e de um estudo categorizado sobre
diversos seres, entidades e pessoas – sejam elas em projeção astral ou desencarnada – que
por lá residem, extrapolando inclusive o reino humano de modo que compreendi a Teosofia
como uma complementação aos conhecimentos espíritas. Leadbeater é um autor que se
expressa de maneira bem didática como se estivesse descrevendo sobre um novo mundo
ou um novo pais, mas diferentemente de “Nosso Lar”, temos em “O Plano Astral” o ponto
de vista de alguém que está encarnado e utiliza-se de sua capacidade de clarividência e
projeção astral para passar o conhecimento.
Não demorou muito e notei uma pequena rincha entre Espiritismo e Teosofia:
enquanto no Espiritismo é o espírito que intervém no médium para passar informações na
Teosofia normalmente ocorre justamente o inverso: é a pessoa que utiliza de suas próprias
capacidades espirituais para buscar informações extrafísicas, principalmente por via de
clarividência e projeção astral. O que a Teosofia deixa muito claro é sua opinião que ao meu
ver é errônea com relação ao médium, sugerindo que não eram pessoas desencarnadas que
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passavam as informações, mas sim apenas “espíritos da natureza” ou o “cascão astral” –
inclusive até hoje não há registros na literatura sobre viagem astral do tal cascão. De
qualquer maneira, para mim estas questões não eram problemas, já que despontava em
mim um pensamento universalista e eclético, lia de tudo e absolvia aquilo que considerava
coerente, dando atenção principalmente as similaridades e complementaridades, tendo a
certeza intuitiva de que todas as linhas são fragmentos de uma verdade única e universal,
feito aquela metáfora do espelho que se quebrou e que cada um que pegou um pedaço teve
para si um pequeno e particular reflexo de sua verdade, de seu ponto de vista.
Na Teosofia tentei tive dificuldade em compreender a Doutrina Secreta, de
Blavatsky, porém Leadbeater e Annie Besant foram livros de fácil compreensão e através
deles pude ter um contato mais próximo com o tema “projeção astral”, como é denominada
na Teosofia. Fenômeno este que poderia ocorrer durante o sono ou por alguns mestres
capacitados para tal, ou seja, pessoas avançadas ou “evoluídas”, porém esta é uma
perspectiva do assunto que pude verificar que na realidade não é bem por ai, já que a
projeção astral não é algo restrito apenas de mestres (ou para médiuns, segundo o
Espiritismo), mas sim uma das muitas capacidades espirituais adormecidas e inerentes a
todo e qualquer ser humano, seja ele “estudado” ou não, rico ou pobre, esoterista, religioso
ou materialista.
Na Teosofia li e recomendo os livros de Arthur E. Powell – tais como “O Duplo
Etérico”, “O Corpo Astral”, “O Corpo Mental”, “O Corpo Causal e o Sistema Solar”, cujo autor
foi uma pessoa que realizou uma ótima compilação dos conhecimentos abordados nos livros
de Charles W. Leadbeater e Annie Besant.

* Segundo a Conscienciologia a gurulatria é a parapatologia da adoração sem discernimento


de líderes carismáticos, muitas vezes autodeificadores e exploradores da ingenuidade e
carência dos seguidores.

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CAPÍTULO 3
“Conhece-e a ti mesmo e conhecerás o universo e os deuses” Tales de Mileto

Então, em uma bela noite estávamos eu e alguns amigos frente a faculdade, pois era
o intervalo, quando avistamos um pessoal entregando panfletos sobre uma tal de “Gnosis”.
Mas o mais interessante era que se tratava de uma divulgação de uma palestra que
aconteceria em nossa cidade sobre temas justamente relacionado as minhas leituras.
Constava como título algo como “centro de forças, significados dos sonhos, vida após a
morte...” - por centros de força logo associei como sendo os chakras.
Claro que naquele final de semana fui a palestra, que foi muito interessante e logo
reparei que o palestrante e todos da equipe da Gnosis eram de minha faixa-etária (18, 19 ou
20 anos) e somando com o fato de que teriam palestras todos os finais de semana em minha
própria cidade foi uma combinação perfeita para interagir com outros que teriam os
mesmos interesses... Assisti todas as palestras, durante vários meses e aprendi bastante,
principalmente com relação a temas relacionados com o despertar da consciência, no
sentido trabalharmos nossa mente de modo a focar no momento presente – normalmente
ou nossa mente está no passado, remoendo algumas porcarias ou no futuro criando
expectativas e gerando ansiedades. Havia também o incentivo a eliminação dos “egos” –
que neste caso estaria relacionado com nossos defeitos, neuroses etc. Foi um período de
autoconhecimento bem legal.
Após um período fomos convidados a participar das reuniões internas, onde haveria
uma iniciação e rituais tal como uma Maçonaria. Claro que isto atiçou ainda mais minha
curiosidade, queria aprender e vivenciar tudo o que fosse possível, mas a partir deste ponto
com o passar do tempo as coisas foram ficando cada vez mais esquisitas... Após adentrar o
“círculo interno” o enfoque da coisa ficou praticamente apenas relacionado à “magia
sexual”.
Para resumir o assunto, do ponto de vista de dentro desta doutrina cada vez
observei comportamentos extremistas, beirando o fanatismo, além de ideias bem
estranhas, que contavam com proibições e interferências na vida particular do participante.
Penso que hoje certamente esta linha espiritualista ou mística/filosófica tenha uma
roupagem melhorada. Mas nesta época, a vinte anos atrás, quando “cai na real” me vi em
uma seita com algumas características semelhantes a alguns evangélicos, o que claramente
não era lugar para mim. Inclusive fui recriminado ao levar um livro sobre viagem astral para
um colega, já que eram proibidos a entrada de qualquer livro que não fosse os escritos pelo
líder. Este fato foi a gota d’água para mim. Relatei o que pensava ao coordenador do local.
Já afastado escutei um comentário de um colega (ou “ex-irmão”) aquela característica balela
– na realidade isto é algo típico das técnicas de controle utilizado por diversas seitas – que,
sendo claro e resumido, eu iria ser espiritualmente prejudicado. Naturalmente que neste
caso recomendo agir da mesma fora que fiz: ignore, não reaja, não argumente. Na realidade
senti uma sensação de paz, aquela sensação de não estar presos a “coleiras”.
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Paralelamente aos meus estudos espiritualistas desde antes de me aprofundar nos
estudos das experiências fora do corpo sempre gostei de Ufologia e neste caso recomendo
o material do grupo da “Revista UFO”, atualmente eles tem um site/loja virtual contendo
livros, DVDs, cursos etc. Mas interagir com Ufologia é um como um garimpo, exige muito
mais senso crítico e análise do que da própria espiritualidade, já que muita gente viaja muito
“na maionese”. Também há muita fraude nesta área e naturalmente ou consequentemente
conceitos errôneos pré-concebidos para com aqueles que se abrem a estas possibilidades.
Particularmente nunca fui muito fã da chamada “ufologia mística”, a pesar de ter tido
contato com livros de estudos sérios, tais como os publicados pelo General Uchôa, fruto de
vivências diretas com o fenômeno.
Outra área muito interessante, que mais recentemente tenho tido interesse é a da
física teórica, mas meu contato com o tema não tem sido por meio de livros complicados e
excessivamente técnicos de modo que para quem – assim como eu – não tenha formação
científica recomendo livros de dois grandes divulgadores para o público leigo: Stephen
Hawking e Michio Kaku. Estes são exemplos de cientistas empenhados na divulgação
científica para leigos. Kaku escreveu um ótimo livro chamado “Hiperespaço – uma odisseia
científica através de universos paralelos, empenamentos do tempo e a décima dimensão”
cujas teorias e hipóteses vem de encontro inclusive com diversos fenômenos espíritas,
principalmente os relacionados com efeitos físicos e materializações. Michio Kaku tem o raro
talento de transformar as fronteiras da Física numa espécie de parque de diversões onde o
leitor realmente se diverte enquanto lê sobre temas que seriam complexo quando colocados
de outra maneira, temas tais como mecânica quântica, cosmologia e teoria de cordas, ainda
colocando as implicações filosóficas que nos faz refletir sobre o criador e do significado da
vida. Com relação à cosmologia recomendo o “Mundos paralelos – uma jornada através da
criação das dimensões superior”.
Também tenho curiosidade sobre Astronomia. Lembro o quanto foi inspirador
através de um pequeno telescópio poder observar Saturno, Jupter e a nebulosa de Órion em
uma qualidade de imagem inéditas para mim. Com relação a leituras de Astronomia
considero Neil de Grasse Tyson e Carl Sagan grandes cientista divulgadores da astronomia
e astrofísica para leigos. Já aqui no Brasil admiro Marcelo Gleiser e João Steiner, este último
desencarnou recentemente em 10 de setembro deste ano.
Muitos dos cientistas do passado eram grandes místicos, a exemplo da química que
surgiu a partir dos antigos alquimistas e do conhecimento matemático de Pitágora, apenas
para citar dois exemplos... Diferentemente de linhas filosóficas ou espiritualistas a ciência é
uma categoria de conhecimento baseada em evidências, de modo que em comparação com
a espiritualidade, na qual a pessoa pode até se dizer “pertencente” a determinada linha e
recusar as demais, no conhecimento científico independentemente de seu modo de pensar,
de seu conhecimento de mundo ou de sua religião/linha filosóficos os dados serão os
mesmos, ou seja, as evidências serão as mesmas e portanto o conhecimento também será
compartilhado para todos da mesma maneira.

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Penso que não é pelo fato de sermos espiritualistas que devemos recusar o
conhecimento científico ou vice versa, existimos todos no mesmo universo e feliz daquele
que consegue trafegar entre estas áreas, conciliando e ponderando entre elas. Os extremos
são prejudiciais e todo cientista verdadeiro tem de manter sua mente aberta a novas
possibilidades ou hipóteses e este é o caso ao meu ver do físico teórico PhD Michio Kaku.

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CAPÍTULO 4
A filosofia cogita, a ciência investiga

Já havia ouvido muito superficialmente sobre a Ordem Rosacruz - AMORC e


entendia como sendo uma escola espiritualista com aspectos esotéricos e numa pegada
mais filosófica. Então a mais ou menos três anos atrás tive vontade conhecer mais a fundo
esta linha de pensamento e então realizei meu pedido para entrar na Ordem e fui
prontamente aceito.
Tendo uma formação é técnica e relacionada à ciência da computação não tive
oportunidade de estudar muito sobre filosofia e concluí ser esta uma oportunidade
interessante de agregar filosofia com o espiritualismo. Enquanto aguardava receber o
material por meio dos correios iniciei também leituras relacionadas aos grandes filósofos.
Chegando a primeira remessa de material impresso pelos correios, denominado por
eles de monografias, iniciei com afinco o estudo e observei que há uma parte teórica, outra
prática – sim, com exercícios para desenvolvimentos psíquico – e uma digamos “iniciática”
onde há a prática de alguns rituais iniciáticos. Rituais são como psicodramas de modo que a
pessoa vivencia algo como um teatro com o objetivo de fazer criar uma reflexão ou induzir
intuições de ensinamentos que de outra maneira seriam mais difíceis de ser interiorizados,
vivenciados e aprendidos... Mas rituais nunca foram meu forte, de modo que até o momento
não tive vontade em realizá-los. No que toca à espiritualidade só faço o que tenho vontade,
aquilo que sinto uma intuição ou curiosidade para fazer, e ainda assim após compreender
racionalmente e não por que alguém disse para fazer.
Na Rosacruz temos um local físico onde para realizar diversas atividades como as
meditações que são abertas ao público. Recentemente estive em Curitiba visitando o museu
egípcio, lá é o centro da instituição no que se relaciona ao Brasil.
O que mais me chamou a atenção e que fiquei positivamente surpreso foi o
posicionamento e incentivo da Ordem em fomentar livres pensadores e rapidamente
descobri que a Ordem Rosacruz AMORC é uma organização internacional de caráter místico-
filosófico que tem por missão despertar o potencial interior do ser humano auxiliando em
seu desenvolvimento, em uma abordagem fraternal, respeitando a liberdade individual
dentro de uma tradição e cultura.
Conforme comentei acima, desde as primeiras monografias é incentivada a
liberdade de pensamento e de pesquisa, somos incentivados a questionar tudo ou como
aprendi, devemos ser como “um ponto de interrogação ambulante”, ou seja, manter-se
numa postura de questionador.
Quanto aos valores da Ordem estão eles relacionados à ética, ao humanismo,
sinceridade de propósito e liberdade de pensamento, crença, a espiritualidade e ao espírito
de fraternidade.

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Por ser uma ordem iniciática tradicional o conhecimento é dividido em graus, assim
como poderíamos talvez fazer uma comparação pelo que ocorre no ensino acadêmico. Isto
tem certas vantagens pedagógicas, já que o conhecimento é dosado e aprofundado
paulatinamente. Por outro lado, penso também que devemos ponderar sobre esta questão
de modo que os graus não sejam fruto de sentimentos egóicos.
Atualmente estou no 4º grau e aguardando o momento futuro cujo grau estará
relacionado especificamente com a viagem astral – ou como é denominada por eles, a
projeção psíquica. Esta etapa fica em um grau futuro pois até chegar lá o estudante já estará
capacitado com determinada bagagem de conhecimento considerada por eles como pré-
requisito.
As origens da Rosacruz nos leva às escolas de mistérios do antigo Egito, abordando
os mais diversos assuntos, divididos em 12 graus, indo inclusive além das questões filosóficas
e intelectuais, praticamente sendo um modo do viver ético, tratando assuntos como
matéria, energia, natura do tempo/espaço, consciência humana/cósmica, técnicas de
meditação, cura, intuição, abordados também aquelas habilidades conhecidas dos
fenômenos parapsicológicos e espiritualistas em geral. Através do site é possível adquirir o
livreto “O Domínio da Vida” pela URL https://www.amorc.org.br/formulario-dominio-da-
vida/ que detalha melhor ao leigo todas estas questões.
Interessante saber que houve diversos cientistas, filósofo e escritores que são
bastante conhecidos da humanidade que também transitaram pela Rosacruz, tais como
René Descartes, Francis Bacon e especialmente um cientista que admiro muito pela sua
história de vida que foi Michael Faraday, considerado o pai da Física. Certamente que a vida
destes cientistas e de muitas outras pessoas foram enriquecidas pela inspiração da instrução
Rosacruz.

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CAPÍTULO 5 – O QUE É A VIAGEM ASTRAL
“Não somos seres humanos vivendo uma experiência espiritual, somos seres espirituais vivendo uma
experiência humana.” (Wayne W. Dyner)

A crença de que todos possuímos alguma espécie de alma não-física faz parte da
grande maioria das religiões do mundo.
A viagem astral – ou como é conhecida em um termo mais modernizado, as
“experiências fora do corpo” – é um estado alterado de consciência que pode ocorrer por
exemplo durante o sono, em uma prática de relaxamento, durante uma meditação profunda
ou mesmo ao sofrer uma experiência de quase morte, durante o qual se pode,
momentaneamente, afastar-se do corpo físico, manifestando-se com lucidez a partir de um
veículo de manifestação – ou seja, um corpo – que não é material e retornar ao corpo físico
trazendo as lembranças das experiências vivenciadas.
Alguns dos leitores talvez nunca tenham tido uma experiência fora do corpo. Quer
nos apercebamos disso ou não, entretanto, todos nós já estivemos fora dos nossos corpos
em numerosas ocasiões durante o sono e a viagem astral é uma capacidade que todo ser
humano tem de projetar a sua consciência para fora do corpo físico.
As explorações extracorporais podem expandir tremendamente o nosso
entendimento acerca da vida e do universo. É importante notar que não estamos falando
de alguma vaga alucinação. Estamos falando a respeito da realização de um estado de total
clareza e viva sensibilidade enquanto fora do próprio corpo. Quando nos encontramos
plenamente conscientes fora do nosso corpo a sensação é tão real quanto a nossa
experiência física normal. Se tivemos essa experiência por várias vezes, fica difícil rejeitá-la
como um mero acaso ou produto fantasioso da nossa imaginação, e é muito possível que
comecemos alterando o modo de encarar o universo. Essas experiências são com frequência
tão extraordinárias e poderosas que podem afetar alguns dos nossos mais fundamentais
sistemas de crenças.
Contudo observo nas redes sociais, muitas pessoas escrevendo algo do tipo “...então
meu espírito saiu do corpo...” e sempre reflito em como nossa cultura materialista está tão
interiorizada em nossos pensamento que nos identificamos com o corpo físico a ponto de
mesmo vivenciando uma experiência extrafísica conceitua-la erroneamente, já que na
realidade somos nós (não importa se chamamos de espírito, alma, consciência...) que sai
temporariamente do corpo, retornando com a lembrança de nossas andanças extrafísicas.
Isto me lembra a célebre frase: “não somos seres humanos vivendo uma experiência
espiritual, somos seres espirituais vivendo uma experiência humana”.
Tais experiências são conhecidas há milênios e por inúmeras culturas, recebendo
naturalmente diversas nomenclaturas, conforme esclarecido no início deste livro. Este tema
é um dos mais antigos patrimônios da humanidade e não só vem acontecendo desde a noite
dos tempos, nas mais diversas culturas, como vem sendo analisadas, experimentadas
criteriosamente e mesmo instrumentalizadas. Os egípcios, há cerca de 5 mil anos, falavam

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sobre o Kha, palavra que significa “o duplo”. Diziam que, durante o sono fisiológico ou após
a morte, o duplo se desprenderia do corpo e partiria para a chamada Terra dos Mortos.

Naqueles tempos recuados, já se estudava cientificamente o fenômeno das


experiências extracorpóreas, embora devamos ter sempre em mente que seria infantil
esperar que a própria noção de ciência – conforme o ponto de vista dos sumos sacerdotes
e hierofantes das escolas de mistérios – coincidisse com aquela que se tem hoje. Não havia,
naquela época, uma separação muito nítida entre religião e política, ou entre religião e
ciência, ou mesmo entre ciência e aquilo que costumamos chamar de esoterismo.
Na Bíblia encontramos alguns registros sobre projeções extrafísicas:
Apocalipse – 1:1—11; 4:2 → “...foi arrebatado em espírito...”
Ezequiel – 3:14 → “...o seu espírito foi levantado por um anjo...”
Também temos em Sócrates o pensamento sobre a imortalidade da alma, assim
como em Platão que dizia que “quanto mais longe do físico, mais consciência temos de nós
mesmos.
Normalmente as culturas orientais tendem a acreditarem na viagem astral mais
facilmente devido à disseminação das práticas meditativas e da cura energética por meio de
vários tipos de terapias que atuam nos corpos sutis. Já para nós tais experiências são
frequentemente alvo de críticas por parte da sociedade e isso acaba se refletindo até na
ciência, que geralmente reduzem o fenômeno incorretamente a algum tipo de alucinação
produzida pelo cérebro sob certas circunstâncias.
Com o passar do tempo e o desvanecer progressivo da conspiração de silêncio em
torno deste tema, os cientistas de vanguarda e os pesquisadores informais e independentes
começaram a dedicar sua atenção à projeção da consciência. Dentre os mais famosos
divulgadores do assunto, destacam-se Oliver Fox e Sylvan Muldoon que escreveram livros
que hoje são considerados clássicos.
A viagem astral é um fenômeno natural, porque quase todos os seres humanos
experimentam todas as noites, enquanto estão dormindo, algum grau de separação entre o
corpo físico e um corpo mais sutil não físico (extrafísico). A razão de tão poucos de nós
estarmos conscientes destes fatos é que a maioria apresenta baixos níveis de consciência ou
lucidez enquanto está fora do corpo, não se lembra do que aconteceu ou confunde a
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experiência com um sonho. Na realidade, a maior parte das pessoas fica apenas dormindo
fora do corpo, ou seja, dormem física e extrafisicamente.
Quando estamos em atividade, nós (a consciência) direcionamos todo nosso fluxo
de energia para os corpos, inclusive para o corpo físico. Cada movimento, respiração, olhar
etc. nos mantém consciente de que o corpo físico está ativo.
Porém quando um corpo, o corpo físico, por exemplo, é colocado em repouso,
quando relaxamos, a consciência redireciona sua energia para o próximo corpo mais sutil.
Nesse caso, o próximo veículo de manifestação a estar em movimento é o psicossoma (ou
corpo astral). Portanto a projeção extrafísica nos ocorre de modo tão fácil e comum que
nem temos a total consciência de que ela realmente acontece.
Então quando estamos profundamente relaxados, em estado alfa (ondas cerebrais
em alfa) ocorre este “redirecionamento” energético para o corpo astral, sendo direcionada
nossa atenção espiritual a este próximo veículo de manifestação. Inclusive podemos
perceber alguns efeitos que variam de pessoa para pessoa, mas que muitas sentem ao pegar
no sono ou durante exercícios de desenvolvimento projetivo, ais como:

• Sensação de não poder se mexer;


• Sensação de crescimento ou oscilação;
• Sensação postural, ou seja, estar deitado numa posição e ter a sensação de
estar em outra;
• Perceber sons diversos tais como chiado, zumbido etc.;
O simples fato de nos deitarmos e relaxarmos por alguns instantes torna-se
suficiente favorável para o redirecionamento do fluxo energético-consciencial e é por este
motivo que a grande maioria das “técnicas projetivas” se baseiam em relaxamento.
O moderno estudo das experiências extracorpóreas é realizado por meio de
abordagens as mais diversas, tais como:
A Parapsicologia – é uma tentativa de explicar cientificamente os chamados
fenômenos paranormais.
A Projeciologia – é uma proposta de uma nova ciência, elaborada pelo Dr. Waldo
Vieira no Brasil e diferentemente da Prapsicologia focaliza seus estudos nas experiências
extrafísicas, porém desenvolveu um jargão complexo para abordar cada mínimo detalhe
relativo a este tema.
Os Estudos Iniciáticos – são as formas mais antigas de estudo e em geral encara o
tema mais como uma ferramenta de trabalho do que qualquer outra coisa. Em geral, são
escola de origem oriental, frequentemente influenciadas por tendências budistas.
As pesquisas independentes – trata-se, aí, da tendência que abriga a maior
variedade de abordagens, podendo mesmo ser considerada um agrupamento de
abordagens diferentes entre si, entre eles encontrando-se cientistas e leigos, sacerdotes de
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mente aberta, pessoas simplesmente interessadas no assunto, ou gente que passou pela
experiência de deixar conscientemente o corpo físico e desejou esclarecer o seu próprio
caso, adotando para isso a pesquisa e motivando-se a continuar na sua busca, entusiasmada
com a grande riqueza do tema. Nesta abordagem podemos citar a maioria dos escritores e
projetores astrais da atualidade tais como Luiz Roberto Mattos, Wagner Borges, Marco
Antonio Coutinho entre muitos outros.

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BIBLIOGRAFIA UTILIZADA

“Experiências Fora do Corpo – Fundamentos”, por Cesar de Souza Machado. Clube de


Autores
“Experiências fora do corpo ao alcance de todos”, por Sandie Gustus. Cultrix
“Viagem extrafísica”, por Geraldo Medeiros Jr. Editora Butterfly Espiritualismo
“Viagem Astral”, por Rick Stack. Série Somma
“Além do Corpo”, por Marco Antonio Coutinho. Editora Mauad

BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA

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