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Mill John Stuart Ensaio Sobre A Liberdade
Mill John Stuart Ensaio Sobre A Liberdade
Introdução
SOBRE A ; LIBERDADE 39
Da liberdade de pensamento e
discussão
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r
']S o espaço dos 30 dias, que incluem esse fato, duas
outras pessoas, em Old Dailey, em ocasiões diver-
s a s ( 3 ) , se viram rejeitadas como jurados, e uma
delas grosseiramente insultada pelo juiz e por um
conselheiro, porque haviam honestamente decla-
rado que não nutriam crença teológica. E a um
terceiro, um estrangeiro ( 4 ) , pelo mesmo motivo,
se denegou ju>1iça contra, um ladrão, líeeusaram
reparar-lhe o dano por força da doutrina legal de
que ninguém pode ser admitido a depor em juizo
;sem professar crença num Deus (qualquer deus
serve) e mima condição futura. O que equivale
a declarar tais pessoas fora da lei, excluídas da
proteção dos tribunais, sendo possível assaltá-las
impunemente se só elas, e pessoas de opiniões aná-
logas, estiverem presentes, e devendo, ainda, ficar
impune o assalto e roubo contra qualquer outra
pessoa se a prova do fato depender do testemunho
de tal gente. A presunção em que isso se funda
é a de que carece de valor o juramento de quem
não crê numa condição futura, afirmativa indica-
dora de muita ignorância de história aos que a
fazem, desde que ó historicamente verdadeiro te-
rem sido infiéis de outras épocas, em grande pro-
porção, homens de integridade e honra eminentes.
E não a defenderia ninguém que tivesse a menor
idéia de quantas pessoas das de maior prestígio no
mundo, quer pelo talento quer pela virtude, são
conhecidas, ao menos na intimidade, como incré-
dulas. Ademais, essa norma é suicida e derrue
partido.^
so, sabendo ...e... dMiílgumda ^ q u e é pjáB ria,,pax'a
:
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fi, portanio^apaj^
outros, Há uma maior plenitude de vida na sua
existência, e, quando há mais vida nas unidades,
há mais vida no todo que delas se compõe. Não
se pode passar sem a necessária compressão, se se
visa impedir os espécimes mais vigorosos da natu-
reza humana de usurpar os direitos alheios. Mas
isso, ainda do ponto de vista do desenvolvimento
humano, encontra plena compensação. Os meios
de desenvolvimento que o indivíduo perde com o
se lhe impedir satisfaça as inclinações a prejudi-
car os outros, são obtidos sobretudo à custa do
desenvolvimento dos demais indivíduos. E mesmo
para ele próprio há uma completa compensação no
melhor desenvolvimento da parte social da sua
natureza, possibilitado pela restrição à parte egoís-
tica. Ser obrigado às rígidas normas da justiça de
respeito aos outros, desenvolve os sentimentos e
capacidades que teem por objeto o bem alheio.
Mas ser coarctado no que não afeta esse bem
alheio, e apenas é desagradável aos outros, nada
desenvolve de valioso, a não ser o vigor de caráter
que a resistência à coerção revele. A aquiescên-
cia a esta embota e entorpece toda a natureza.
Para a livre expansão da natureza de cada um, é
essencial que se permita a pessoas diferentes vive-
rem vidas diferentes. Cada época fez-se digna
de nota para a posteridade na proporção em que
essa largueza de vistas nela se exercitou. ÜLpró-
prio despotismo não produz ps seus pi ores ef ei tos
enquanto sob ele persiste a individualidade. E o
que quer que sufoque a individualidade é despo-
tismo, seja qual for o nome que se lhe dê, e ainda
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v
| instância final,- justiça e direito significara con-
4- ' f ormidade ao costume; ao argumento do costume
ninguém, salvo algum tirano intoxicado pelo po-
¿1 der, pensa em resistir. E nós vemos o resultado.
v
Essas nações outrora devem ter tido originalida-
de. Elas não surgiram do solo populosas, letradas,
versadas em muitas artes da vida. Fizeram-se tudo
5*,. isso, e então foram as maiores e mais poderosas
nações do mundo. Que são, agora? Vassalas ou
* dependentes de tribus cujos antepassados erravam
pelas florestas quando os delas possuiam palácios
magnificentes e templos suntuosos — trbbus, po-
o rem, sobre as quais o costume exercia apenas um
domínio partilhado com a liberdade e o progresso.
Parece que um povo possa ser progressista por
um certo espaço de tempo após o qual pare: por-
que para? Para quando cessa de possuir indivi-
dualidade. Se uma transformação análoga su-
cedesse às nações da Europa, não seria exatamen-
te do mesmo feitio: o despotismo do costume que
* .as ameaça não consiste precisamente em imobili-
dade. Proscreve a singularidade, mas não exclue
a transformação desde que tudo se transforme jun-
to. Descartamo-nos dos costumes estáveis dos nos-
* sos antepassados: cada qual deve vestir-se como os
outros, mas isso não impede que a moda varie uma
ou duas vezes por ano. Quando há mudança, cui-
damos de que a sua finalidade seja apenas mu-
dar, e não provenha de idéia alguma de beleza ou
conveniência; pois uma mesma idéia de beleza ou
de conveniência não ocorreria a todos no mesmo
momento, nem seria abandonada por todos num
mesmo outro momento. Somos tão progressistas
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ção forçada. É nos primeiros momentos qué'' 'ó*ÍP?1'
combate à usurpação pode lograr êxito. A exigên- """ * -'
cia de que todas as outras pessoas se façam seme-,
lbantes a nós cresce com o que a alimenta. Se a'"-' '
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Q U Avíduo
L , então, o justo limite à soberania do indi-
sobre si próprio? Onde começa a auto-
ridade da sociedade? Quanto da vida humana se
deve atribuir à individualidade, quanto à socieda-
de?
Cada uma delas receberá o próprio quinhão,
se cada uma tiver aquilo que mais particularmen-
te lhe diz respeito. À individualidade deve perten-
cer a parte da vida na qual o indivíduo é o prin-
cipal interessado, à sociedade a que à sociedade
primacialmente interessa.
Embora a sociedade não se funde num contra-
t o , e embora nenhum proveito se tire da invenção
de um contrato de que se deduzam as obrigações
sociais, cada beneficiário da proteção da socieda-
de deve uma paga pelo benefício, e o fato de vi-
v e r em sociedade torna indispensável que cada um
seja-obxigadü._a..ab5ervar. c e r t a linha de conduta
p^ai^JipmjQxesiQ. Essa conduta consiste, primeiro,.
em-^ião--.afender urm os interesses de outro, ou an-
t e s certos interesses, que, ou por expressa cláusula
l e g a l ou por tácito entendimento, devem ser consi-
derados direitos; e, segundo, em cada um suportar
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Aplicações
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das que não tenham quem por elas pague. Aá '• \ ':
fundadas objeções que se fazem à educação pelo
Estado, não se aplicam à imposição pelo Estado
d a obrigação d e educar, mas a o fato d e assumir o "
Estado a direção dessa educação — o que é coisa ' \
inteiramente diversa. Eu estou tão longe como
qualquer outro, de pleitear fique a educação' do
povo, no todo ou em grande parte, nas mãos do
Estado. Tudo o que se disse da importância da*'
individualidade de caráter, e da diversidade de
opiniões e de modos de conduta, envolve, como •. „.,,
sendo da mesma indizível importância, a diversi-
<r
dade de educação. Uma educação geral pelo Es-' *' ^|
tado é puro plano para moldar as pessoas de forma
exatamente semelhante. E, como o molde em que X
são plasmadas é o que agrada a força dominante ' k-
no governo, quer seja esta um monarca, um clero, f *
uma aristocracia, quer a maioria da geração exis*- «(pjf
K
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experimentos em competição, executado com o fim ™£ !
de exemplo e estímulo, para manter os outros em ,'.
harmonia com um certo padrão de excelência, ..f,*.**!
Eeahnente, apenas quando a sociedade se encontra, ••;
em geral, numa situação de tal atraso, que não"
poderia providenciar ou não providenciaria, por
si mesma, quaisquer instituições convenientes ,de>
educação salvo empreendendo o governo a tarefa,
só então, na verdade, pode o governo, como o me-
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