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RESENHA

Autor: BLOCH, MARC. Título: ‘Apologia da História ou o Ofício do Historiador’; tradução:


André Telles, Jorge Zahar Ed., 2002
Aluno: Deivid Wilson Nascimento Bastos Cerqueira
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA – FFCH – CURSO DE HISTÓRIA
Disciplina: Introdução ao Trabalho Acadêmico – 1º Semestre Diurno (2014)
Professora Dra.: Lígia Bellini

Apologia da História ou o Ofício de história:


Uma breve análise
Publicada pela primeira vez em 1949, a obra Apologia da História ou o Oficio de história
inaugurou uma nova forma de se estudar e entender a concepção da história e a importância
do historiador para a sociedade. Marc Bloch – co-fundador da Escola dos Annales 1 - enquanto
preso pelos nazistas não parou de estudar e escrever suas ideias sobre o fazer história.

A obra póstuma não é muito extensa, devido as condições precárias a qual ele estava
submetido, dividida em 5 capítulos, sendo o último inacabado, pois Bloch foi fuzilado pelos
nazistas antes do término do mesmo em junho de 1944. Partindo da indagação de seu filho
“Papai, então me explica para que serve a história” 2 Bloch expõe sua visão de história e do
papel do historiador. Demonstrando elementos de metodologia de pesquisa em História para
fortalecer a ideia de ciência histórica.

No primeiro capítulo, Bloch deixa claro que o principal objetivo da história não é estudar o
passado, mas sim estudar o ser humano: “O objeto da história é o homem. Digamos melhor: os
homens”³, assim aprendeu Bloch com seus precursores Michelet, Fustel de Coulanges. Ele
chega à conclusão de que a história é a “Ciência dos homens, no tempo” 3após uma discussão
sobre a história como ciência ou arte. A história é uma ciência não apenas pelo objeto de
estudo, mas também pelo método próprio que é a observação histórica. Há a intenção de
representar o homem quanto sujeito na história; buscando não mais uma história voltada às
datas, aos relatos e aos fatos. Bloch doravante procurava uma narrativa histórica que
compreendesse as relações sociais que se deram através dos fatos, suas problematizações e
seu contexto histórico.

Devido a impossibilidade de constatar os fatos estudados do passado, Bloch focaliza a questão


da observação histórica, sendo os fatos recentes possíveis ter uma maior compreensão, não
obstante os testemunhos em qualquer tempo sejam indispensáveis, no presente tempo, os
vestígios originais claramente em sua volta, como ganhar corpo e a vida pela manipulação do
pesquisador. Na pesquisa histórica, o historiador limita-se aos relatos dos testemunhos, devido
à impossibilidade do historiador testemunhar os fatos estudados, pois eles já aconteceram.
1
Escola dos Annales: movimento historiográfico surgido na França em 1929, quando foi lançada a
revista Annales d’Histoire Économique et Sociale. Composta por Lucien Febvre, Marc Bloch, Fernand
Braudel, Georges Duby, Jacques Le Goff e Emmanuel Le Roy Ladurie.
2
pp. 41 da edição analisada

3
pp. 55 da edição analisada
Durante a pesquisa, o historiador deve ter persistência e discernimento para separar os
documentos explícitos, que são fabricados, e os implícitos que não aparecem
espontaneamente.

Marc Bloch afirma que o historiador não deve utilizar apenas os testemunhos escritos, mas
também os testemunhos não escritos, de outras ciências, por exemplo, da arqueologia. O
passado é mutável, estará sempre em processo e progredindo, mudando seu modo de
investigar e compreender. Cada historiador irá dá a sua visão em relação a determinado
assunto e, muitas vezes, o próprio leitor irá interpretar um dado fato de maneira diferente.

É fundamental saber questionar a sua fonte para perceber as contradições existentes nela, a
chamada “crítica do documento”. Pois muitas vezes elas usam a linguagem de determinado
grupo social, ou até mesmo mentem. “Os textos ou os documentos arqueológicos, mesmo os
aparentes mais claros e mais complacentes, não falam senão quando sabemos interrogá-lo”.
4
A idade médica – Bloch era medievalista – foi uma das mais produtoras de documentos falsos,
vindos diretamente das casas reais e dos mosteiros.

Segundo Bloch, os historiadores têm atuado como juízes, objetivando condenar bandidos ou
coroar heróis. Tendo dois problemas para o pesquisador: a imparcialidade histórica e a
tentativa de reprodução. Ao buscar a imparcialidade deve-se ter cuidado com aquele tipo de
pesquisador que orienta-se em provar seu experimento e finaliza sua missão; e o pesquisador
que através da comparação dá a sentença, respaldado na precisão dos autos e do experimento
cientifico. Devendo ser feita a leitura histórica de acordo com o pensamento do tempo
histórico, pois entendendo os fatos que levaram as ações desses homens será possível
compreender o fato estudado.

O recorte histórico serve como peneira para o estudo e analise, pois não é obrigatório ter
conhecimento acerca de todo o passado ou do seu estudo, ou seja, o historiador deve saber
selecionar o período histórico corretamente. O último capítulo é inacabado, interrompido
tragicamente pelos nazista através das armas do carrasco. Bloch em suas últimas linhas
criticou o positivismo. Bloch alerta que “a História, não esqueçamos, ainda é uma ciência em
obras” 5

A atuação do historiador perante a sociedade é retratada de forma clara, direta e consistente


por Bloch. Alertando aos historiadores que devem saber falar de maneira que os novos e
experientes estudantes entendam.

4
pp. 79 da edição analisada
5
pp. 151 da edição analisada

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