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Apologia Da História - Resenha
Apologia Da História - Resenha
A obra póstuma não é muito extensa, devido as condições precárias a qual ele estava
submetido, dividida em 5 capítulos, sendo o último inacabado, pois Bloch foi fuzilado pelos
nazistas antes do término do mesmo em junho de 1944. Partindo da indagação de seu filho
“Papai, então me explica para que serve a história” 2 Bloch expõe sua visão de história e do
papel do historiador. Demonstrando elementos de metodologia de pesquisa em História para
fortalecer a ideia de ciência histórica.
No primeiro capítulo, Bloch deixa claro que o principal objetivo da história não é estudar o
passado, mas sim estudar o ser humano: “O objeto da história é o homem. Digamos melhor: os
homens”³, assim aprendeu Bloch com seus precursores Michelet, Fustel de Coulanges. Ele
chega à conclusão de que a história é a “Ciência dos homens, no tempo” 3após uma discussão
sobre a história como ciência ou arte. A história é uma ciência não apenas pelo objeto de
estudo, mas também pelo método próprio que é a observação histórica. Há a intenção de
representar o homem quanto sujeito na história; buscando não mais uma história voltada às
datas, aos relatos e aos fatos. Bloch doravante procurava uma narrativa histórica que
compreendesse as relações sociais que se deram através dos fatos, suas problematizações e
seu contexto histórico.
3
pp. 55 da edição analisada
Durante a pesquisa, o historiador deve ter persistência e discernimento para separar os
documentos explícitos, que são fabricados, e os implícitos que não aparecem
espontaneamente.
Marc Bloch afirma que o historiador não deve utilizar apenas os testemunhos escritos, mas
também os testemunhos não escritos, de outras ciências, por exemplo, da arqueologia. O
passado é mutável, estará sempre em processo e progredindo, mudando seu modo de
investigar e compreender. Cada historiador irá dá a sua visão em relação a determinado
assunto e, muitas vezes, o próprio leitor irá interpretar um dado fato de maneira diferente.
É fundamental saber questionar a sua fonte para perceber as contradições existentes nela, a
chamada “crítica do documento”. Pois muitas vezes elas usam a linguagem de determinado
grupo social, ou até mesmo mentem. “Os textos ou os documentos arqueológicos, mesmo os
aparentes mais claros e mais complacentes, não falam senão quando sabemos interrogá-lo”.
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A idade médica – Bloch era medievalista – foi uma das mais produtoras de documentos falsos,
vindos diretamente das casas reais e dos mosteiros.
Segundo Bloch, os historiadores têm atuado como juízes, objetivando condenar bandidos ou
coroar heróis. Tendo dois problemas para o pesquisador: a imparcialidade histórica e a
tentativa de reprodução. Ao buscar a imparcialidade deve-se ter cuidado com aquele tipo de
pesquisador que orienta-se em provar seu experimento e finaliza sua missão; e o pesquisador
que através da comparação dá a sentença, respaldado na precisão dos autos e do experimento
cientifico. Devendo ser feita a leitura histórica de acordo com o pensamento do tempo
histórico, pois entendendo os fatos que levaram as ações desses homens será possível
compreender o fato estudado.
O recorte histórico serve como peneira para o estudo e analise, pois não é obrigatório ter
conhecimento acerca de todo o passado ou do seu estudo, ou seja, o historiador deve saber
selecionar o período histórico corretamente. O último capítulo é inacabado, interrompido
tragicamente pelos nazista através das armas do carrasco. Bloch em suas últimas linhas
criticou o positivismo. Bloch alerta que “a História, não esqueçamos, ainda é uma ciência em
obras” 5
4
pp. 79 da edição analisada
5
pp. 151 da edição analisada