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Afetividade infantil e harmonia familiar

Dr. Italo Marsili

Fato: é aquilo que ambos estão vendo da mesma forma e não pode ser visto de outra maneira. Estar de
blazer azul é um fato.
Problema: o que pode ser um problema para um pode não ser um problema para o outro. Eu sentir calor
com esse blazer é um problema.
Solução:

Sete princípios da harmonia familiar. Aqui serão abordados aspectos do primeiro princípio, que
tem a ver com a comunicação.

Quatro fatores básicos que podem gerar problemas:


1 – Sono
2 – Higiene
3 – Alimentação
4 – Ordem

Como reagir às malcriações das crianças: problemas de comunicação

Quando conversamos com nossos filhos, não deve ser conversa de botequim, sem firmeza.
Não dê respostas inseguras: (i) afirmações ineficazes. “Você ainda não se levantou? Você ainda não tirou
a mesa?” Isso não é jeito de falar com criança. Isso não comunica nada. “Levante-se, pegue o par de tênis
e calce nos dois pés, agora.” A criança não tem capacidade de abstração para adivinhar o que você quer
dizer quando você vem com frases oblíquas do tipo “Você ainda não fez tal coisa?” (ii) Interação ineficaz:
por meio de perguntas. “Por que vc não presta atenção quando eu falo?” Não! Diga: “João, olhe para mim
quando eu falo com você.” “Por que vc não pegou a água que eu te pedi?” Não! Diga: “Filho, pegue o
copo, vá ao filtro e pegue água para mim, por favor.” (iii) exigência de compaixão: “Filho, vc não está
vendo que estou cansada e preciso dormir?” Não, ele não está vendo! Ele teria de ser o Super Homem
para ver isso. “Filho, me deixe comer, vc não vê que estou com fome?” Não, é claro que ele não vê.

Respostas hostis e agressivas, que revelam falta de autodomínio:


“Você me deixa louco!” O pai revela que não se autodomina, que é inseguro.

Ameaças sem conteúdo: coisa de gente desesperada


“Você vai ver! Você me paga!” Papelão. Vai ver o quê? Vai pagar com quê? Dãr. Você não está
comunicando nada; só está mostrando que você não tem autocontrole.

Frases que rebaixam e rotulam os filhos:


“Você é um porquinho”. Isso prejudica a auto-estima da criança. Nada de rótulos! Inclusive “meu filho é
super inteligente”. Rótulos positivos ou negativos prejudicam. Além do mais, denotam preferência.

Cinco dicas para controle de discussão:


1 – Disco riscado. Isso evita argumentações desnecessárias. “João, guarde o seu brinquedo.” “Mas por
que sempre eu?” “Guarde o seu brinquedo, por favor, naquele baú.” “Mas isto não é justo!” “Guarde o
seu brinquedo, por favor.”
A criança pode cessar a discussão chorando, e aí você o ajuda a guardar o brinquedo.

2 – Técnica do nevoeiro. Ela não permite que os filhos te deixem nervoso. “Você é mau comigo!” “Ok,
pode ser que você ache que eu sou mau com você.” Serve para acusações verbais que partem do filho.
Não entre no jogo. Não dê bola. “É, pode ser que você ache isso.”

3 – Técnica da interrogação negativa. *** Importante. Acaba revelando coisas que estão no fundo
Vc faz um bolo e a criança diz:
- O bolo ficou péssimo.
- Nossa, você acha que o bolo ficou péssimo?
- Ficou. Minhas amigas vão rir de mim.
Você deve interrogá-la para saber o que está incomodando de verdade a criança. Interrogando, você vê
que as respostas da criança começam a mudar.
- Mas por que elas vão rir de você?
- Porque ficou feio.
- Mas elas vão rir de você?
- Sim, elas implicam comigo.
- Mas elas implicam só com você?
E assim vai.

4 – Técnica da extinção. Todo estímulo afetivo que não tenha reforço tende a sumir. Seu filho vai à missa
com você e, sempre para fazê-lo parar de chorar, você lhe dá um biscoito. Ele nunca vai parar de chorar.
Por isso, troque um estímulo por outro. Num dia, dê um biscoito. No outro, dê um biscoito e um abraço.
Depois dê só um abraço. Vá tirando o estímulo aos poucos.

Seu filho tem medo de dormir no escuro. Não adianta força-lo a dormir no breu. Você põe um abajur,
depois um abajur menor, depois uma porta entreaberta, até ele conseguir dormir.

5 – Técnica do tempo fora. Um filho que é mais agitado atiça os outros irmãos, os amiguinhos etc. Isso
funciona para crianças mais velhas: retire-o daquele ambiente e explique por que vc fez isso. Deixe-o um
tempo fora.

Quando o filho é mais velho, explique essas técnicas para ele, mostre o que vc está fazendo. Ele vai
passar a fazer com os outros também. É educativo.

Comunicação do casal:
1 – Indiferentismo, indiferença: impactados pela rotina, acostumados um com o outro, e os assuntos que
interessam uma pessoa já não interessam ao outro. Você começa a conviver com a pessoa como se ela
fosse um objeto, uma coisa.
2 – Dependência: a pessoa sempre precisa de reforços para agir; um vira capacho do outro. A
personalidade da pessoa se encolhe e ela fica insegura, precisando sempre de um reforço. A pessoa fica
mais irritadiça ou apática.
3 – Manipulação
4 – Apropriação possessiva
5 – Desconfiança
6 – Independentismo
7 – Ciúmes
8 – Medo
9 – Insegurança
10 – Instrumentalização do outro

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