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Polícia Militar do Estado de Minas Gerais

PM-MG
Curso de Formação de Sargentos

AB026-19
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OBRA

Polícia Militar do Estado de Minas Gerais

Curso de Formação de Sargentos

Edital DRH/CRS Nº 03/2019, 27 de Março de 2019

AUTORES
Língua Portuguesa - Profª Zenaide Auxiliadora Pachegas Branco
Legislação Jurídica - Profº Rodrigo Gonçalves
Legislação Institucional - Profº Rodrigo Gonçalves
Doutrina Operacional - Profº Rodrigo Gonçalves

PRODUÇÃO EDITORIAL/REVISÃO
Elaine Cristina

DIAGRAMAÇÃO
Elaine Cristina
Thais Regis

CAPA
Joel Ferreira dos Santos

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SUMÁRIO
LÍNGUA PORTUGUESA

Domínio da expressão escrita (redação)................................................................................................................................................... 01


Adequação conceitual....................................................................................................................................................................................... 01
Pertinência, relevância e articulação dos argumentos........................................................................................................................ 01
Seleção vocabular............................................................................................................................................................................................... 01
Estudo de texto (questões objetivas sobre textos de conteúdo literário ou informativo ou crônica).............................. 01
Tipologia textual e Gêneros textuais.......................................................................................................................................................... 01
Ortografia............................................................................................................................................................................................................... 30
Acentuação gráfica............................................................................................................................................................................................. 33
Pontuação.............................................................................................................................................................................................................. 36
Estrutura e formação de palavras................................................................................................................................................................ 39
Classes de palavras............................................................................................................................................................................................ 41
Frase, oração e período.................................................................................................................................................................................... 82
Termos da oração................................................................................................................................................................................................ 82
Período composto por coordenação e subordinação......................................................................................................................... 82
Funções sintáticas dos pronomes relativos............................................................................................................................................. 91
Emprego de nomes e pronomes.................................................................................................................................................................. 91
Emprego de tempos e modos verbais....................................................................................................................................................... 91
Regência verbal e nominal (crase)............................................................................................................................................................... 91
Concordância verbal e nominal....................................................................................................................................................................... 98
Orações reduzidas.............................................................................................................................................................................................. 105
Colocação pronominal...................................................................................................................................................................................... 105
Estilística................................................................................................................................................................................................................. 105
Figuras de linguagem........................................................................................................................................................................................ 105

LEGISLAÇÃO JURÍDICA
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988: arts. 1º ao 5º, 37 ao 40, 42, 124, 125 e 144.................................. 01
Constituição do Estado de Minas Gerais de 1989: arts. 39, 109 a 111............................................................................................... 08
Decreto-Lei nº 1.001, de 21/10/69 - Código Penal Militar: arts. 9º, 149 a 166, 187 a 203, 205 a 231, 240 a 266 e 298
a 334.......................................................................................................................................................................................................................... 09
Decreto-Lei no 2.848, de 07/12/40- Código Penal Comum - arts 1º a 25, 121 a 129, 138 a 150, 155 a 160, 180 a 183, 213
a 218-B, 225 e 226, 312 a 322 e 329 a 334-A............................................................................................................................................... 21
Decreto-Lei nº 3.689, de 03/10/1941 - Código de Processo Penal – Livro I, Títulos VII (somente Capítulo XI) e IX
(somente Capítulos I, II, III, V).......................................................................................................................................................................... 48
Resolução nº 213 de 15/12/2015 - Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que dispõe sobre a apresentação de toda
pessoa presa à autoridade judicial no prazo de 24 horas.................................................................................................................... 54
SUMÁRIO
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL
Lei nº 5.301, de 16/10/69 - Estatuto dos Militares do Estado de Minas Gerais e suas alterações........................................ 01
Lei nº 14.310, de 19/06/02 - Código de Ética e Disciplina dos Militares do Estado de Minas Gerais e Decisões
Administrativas em vigor................................................................................................................................................................................... 18
Resolução Conjunta nº 4.220, de 28/06/2012 - Manual de Processos e Procedimentos Administrativos das Institui-
ções Militares do Estado de Minas Gerais (MAPPA). Publicada na Separata do BGPM nº 49, de 03/07/2012.............. 28
Instrução Conjunta de Corregedorias n.º 01 (ICCPM/BM n.º 01/14) de 03/02/14. Estabelece padronização sobre as
atividades administrativas e disciplinares no âmbito da PMMG e CBMMG. (Publicada na Separata do BGPM nº 12,
de 11/02/14).......................................................................................................................................................................................................... 28
Instrução Conjunta de Corregedorias n.º 02 (ICCPM/BM n.º 02/14) de 03/02/14. Estabelece padronização sobre as
atividades de Polícia Judiciária Militar no âmbito da PMMG e CBMMG. Art. 1º ao 95, exceto os Modelos Referen-
ciais. (Publicada na Separata do BGPM nº 12, de 11/02/14)................................................................................................................ 45
Instrução Conjunta de Corregedorias n.º 04 (ICCPM/BM n.º 04/14) de 14/05/14. Estabelece nova redação ao art.
54 da ICCPM/BM 01/14, no que tange às obrigações do detentor de armários cedidos pela Administração Militar.
(Publicada no BGPM nº 36, de 15/05/14).................................................................................................................................................. 57
Resolução nº 4.085/2010-CG, de 11/05/2010 - Dispõe sobre a aquisição, o registro, o cadastro e o porte de arma de
fogo de propriedade do militar; e o porte de arma de fogo pertencente à PMMG. Publicada na Separata do BGPM
nº 39, de 25/05/2010 e suas alterações...................................................................................................................................................... 58
Diretriz para a Produção de Serviços de Segurança Pública nº 3.01.06/2011-CG, de 18/03/2011 – Regula a aplica-
ção da filosofia de Polícia Comunitária pela PMMG. Exceto os anexos. Publicada na Separata do BGPM nº 32, de 28
/04/2011................................................................................................................................................................................................................. 68

DOUTRINA OPERACIONAL

Diretriz Geral para Emprego Operacional da PMMG nº 3.01.01/2016-CG, regula o emprego operacional da Polícia
Militar de Minas Gerais. (Publicada na Separata do BGPM nº 70 de, 20/09/2016)....................................................................... 01
Instrução n.º 3.03.05/10-CG, de 26/04/10 - Regula a atuação operacional dos policiais militares lotados nos desta-
camentos e subdestacamentos da PMMG. (Publicada na Separata do BGPM nº 40, de 27/05/10)...................................... 36
Instrução 3.03.11/2016 – CG, de 23/06/16 - Regula a implantação da Rede de Proteção Preventiva nas comuni-
dades do Estado de Minas Gerais, publicada na Separata do BGPM 47 de 28 de junho de 2016. Exceto os ane-
xos.............................................................................................................................................................................................................................. 55
Instrução nº 3.03.22/2017- CG, de 28/09/17 - Procedimentos básicos de estacionamento e posicionamento de
viaturas e da guarnição policial militar. (Publicada na Separata do BGPM nº 71 de 21/09/2017)...................................... 67
Instrução nº 3.03.21/2017- CG, de 20/09/17 - Base de Segurança Comunitária. 2º Edição Revisada (Publicada na
Separata do BGPM nº 62 de 21/08/2018)................................................................................................................................................. 67
Resolução nº 4.605/2017, de 28/09/17 - Dispõe sobre o Portfólio de Serviços da Polícia Militar de Minas Gerais. (Pu-
blicada na Separata do BGPM nº 77 de 17/10/2017)............................................................................................................................. 73
Resolução nº 4745/2018, de 19/11/18, Procedimentos operacionais para lavratura do Termo Circunstanciado de
Ocorrências (TCO) pela Polícia Militar de Minas Gerais. (Publicada na Separata do BGPM nº 86, de 19/11/2018)....... 81
Caderno Doutrinário 1 - Intervenção Policial, Processo de Comunicação e Uso da Força. Aprovado pela Resolução
nº 4.115, de 08/11/10, publicada no BGPM nº 86, de 23/11/10 - Manual Técnico-Profissional nº 3.04.01/13-CG. (Pu-
blicado na Separata do BGPM nº 61, de 13/08/13)................................................................................................................................... 94
SUMÁRIO
Caderno Doutrinário 2 - Tática Policial, Abordagem a Pessoas e Tratamento às Vítimas. Aprovado pela Resolução
nº 4.151, de 09/06/11, publicada no BGPM nº 86, de 10/11/11 - Manual Técnico-Profissional nº 3.04.02/13-CG.
(Publicado na Separata do BGPM nº 62, de 20/08/13)............................................................................................................................ 120
Caderno Doutrinário 3 - Blitz Policial. Aprovado pela Resolução nº 4116, de 08/11/10, publicada no BGPM nº 87, de
25/11/10 - Manual Técnico-Profissional nº 3.04.03/13-CG. (Publicado na Separata do BGPM nº 63, de 22/08/13).............. 169
Caderno Doutrinário 4 - Abordagem a Veículos. Aprovado pela Resolução nº 4.145, de 09/06/11, publicada no
BGPM nº 86, de 10/11/11 - Manual Técnico-Profissional nº 3.04.04/13- CG. (Publicado na Separata do BGPM 91, de
01/12/11)................................................................................................................................................................................................................. 194
ÍNDICE

LÍNGUA PORTUGUESA

Domínio da expressão escrita (redação).................................................................................................................................................................. 01


Adequação conceitual.................................................................................................................................................................................................. 01
Pertinência, relevância e articulação dos argumentos..................................................................................................................................... 01
Seleção vocabular........................................................................................................................................................................................................... 01
Estudo de texto (questões objetivas sobre textos de conteúdo literário ou informativo ou crônica)........................................... 01
Tipologia textual e Gêneros textuais....................................................................................................................................................................... 01
Ortografia.......................................................................................................................................................................................................................... 30
Acentuação gráfica........................................................................................................................................................................................................ 33
Pontuação......................................................................................................................................................................................................................... 36
Estrutura e formação de palavras............................................................................................................................................................................ 39
Classes de palavras........................................................................................................................................................................................................ 41
Frase, oração e período................................................................................................................................................................................................ 82
Termos da oração........................................................................................................................................................................................................... 82
Período composto por coordenação e subordinação...................................................................................................................................... 82
Funções sintáticas dos pronomes relativos.......................................................................................................................................................... 91
Emprego de nomes e pronomes.............................................................................................................................................................................. 91
Emprego de tempos e modos verbais..................................................................................................................................................................... 91
Regência verbal e nominal (crase)........................................................................................................................................................................... 91
Concordância verbal e nominal................................................................................................................................................................................. 98
Orações reduzidas.......................................................................................................................................................................................................... 105
Colocação pronominal................................................................................................................................................................................................. 105
Estilística............................................................................................................................................................................................................................. 105
Figuras de linguagem.................................................................................................................................................................................................. 105
DOMÍNIO DA EXPRESSÃO ESCRITA (REDAÇÃO).ADEQUAÇÃO CONCEITUAL. PERTINÊNCIA,
RELEVÂNCIA E ARTICULAÇÃO DOS ARGUMENTOS. SELEÇÃO VOCABULAR. ESTUDO DE TEXTO
(QUESTÕES OBJETIVAS SOBRE TEXTOS DE CONTEÚDO LITERÁRIO OU INFORMATIVO OU
CRÔNICA). TIPOLOGIA TEXTUAL E GÊNEROS TEXTUAIS.

O que é Redação Oficial

Em uma frase, pode-se dizer que redação oficial é a maneira pela qual o Poder Público redige atos normativos e
comunicações. Interessa-nos tratá-la do ponto de vista do Poder Executivo.
A redação oficial deve caracterizar-se pela impessoalidade, uso do padrão culto de linguagem, clareza, concisão,
formalidade e uniformidade. Fundamentalmente esses atributos decorrem da Constituição, que dispõe, no artigo 37:
“A administração pública direta, indireta ou fundacional, de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Fe-
deral e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência (...)”.
Sendo a publicidade e a impessoalidade princípios fundamentais de toda administração pública, claro está que devem
igualmente nortear a elaboração dos atos e comunicações oficiais.
Não se concebe que um ato normativo de qualquer natureza seja redigido de forma obscura, que dificulte ou im-
possibilite sua compreensão. A transparência do sentido dos atos normativos, bem com
o sua inteligibilidade, são requisitos do próprio Estado de Direito: é inaceitável que um texto legal não seja enten-
dido pelos cidadãos. A publicidade implica, pois, necessariamente, clareza e concisão.
Além de atender à disposição constitucional, a forma dos atos normativos obedece a certa tradição. Há normas
para sua elaboração que remontam ao período de nossa história imperial, como, por exemplo, a obrigatoriedade –
estabelecida por decreto imperial de 10 de dezembro de 1822 – de que se aponha, ao final desses atos, o número de
anos transcorridos desde a Independência. Essa prática foi mantida no período republicano. Esses mesmos princípios
(impessoalidade, clareza, uniformidade, concisão e uso de linguagem formal) aplicam-se às comunicações oficiais: elas
devem sempre permitir uma única interpretação e ser estritamente impessoais e uniformes, o que exige o uso de certo
nível de linguagem.
Nesse quadro, fica claro também que as comunicações oficiais são necessariamente uniformes, pois há sempre um
único comunicador (o Serviço Público) e o receptor dessas comunicações ou é o próprio Serviço Público (no caso de
expedientes dirigidos por um órgão a outro) – ou o conjunto dos cidadãos ou instituições tratados de forma homogê-
nea (o público).
Outros procedimentos rotineiros na redação de comunicações oficiais foram incorporados ao longo do tempo,
como as formas de tratamento e de cortesia, certos clichês de redação, a estrutura dos expedientes, etc. Mencione-se,
por exemplo, a fixação dos fechos para comunicações oficiais, regulados pela Portaria n.º 1 do Ministro de Estado da
Justiça, de 8 de julho de 1937.
Acrescente-se, por fim, que a identificação que se buscou fazer das características específicas da forma oficial de
redigir não deve ensejar o entendimento de que se proponha a criação – ou se aceite a existência – de uma forma es-
pecífica de linguagem administrativa, o que coloquialmente e pejorativamente se chama burocratês. Este é antes uma
distorção do que deve ser a redação oficial, e se caracteriza pelo abuso de expressões e clichês do jargão burocrático e
de formas arcaicas de construção de frases.
A redação oficial não é, portanto, necessariamente árida e infensa à evolução da língua. É que sua finalidade básica
– comunicar com impessoalidade e máxima clareza – impõe certos parâmetros ao uso que se faz da língua, de maneira
diversa daquele da literatura, do texto jornalístico, da correspondência particular, etc.
Apresentadas essas características fundamentais da redação oficial, passemos à análise pormenorizada de cada uma
delas.

1. A Impessoalidade

A finalidade da língua é comunicar, quer pela fala, quer pela escrita. Para que haja comunicação, são necessários: a)
alguém que comunique, b) algo a ser comunicado, e c) alguém que receba essa comunicação. No caso da redação ofi-
cial, quem comunica é sempre o Serviço Público (este ou aquele Ministério, Secretaria, Departamento, Divisão, Serviço,
Seção); o que se comunica é sempre algum assunto relativo às atribuições do órgão que comunica; o destinatário dessa
LÍNGUA PORTUGUESA

comunicação ou é o público, o conjunto dos cidadãos, ou outro órgão público, do Executivo ou dos outros Poderes da
União.
Percebe-se, assim, que o tratamento impessoal que deve ser dado aos assuntos que constam das comunicações
oficiais decorre:
a) da ausência de impressões individuais de quem comunica: embora se trate, por exemplo, de um expediente as-
sinado por Chefe de determinada Seção, é sempre em nome do Serviço Público que é feita a comunicação. Obtém-se,
assim, uma desejável padronização, que permite que comunicações elaboradas em diferentes setores da Administração
guardem entre si certa uniformidade;

1
b) da impessoalidade de quem recebe a comunica- padrão culto da língua. Há consenso de que o padrão
ção, com duas possibilidades: ela pode ser dirigida a um culto é aquele em que a) se observam as regras da gra-
cidadão, sempre concebido como público, ou a outro ór- mática formal, e b) se emprega um vocabulário comum
gão público. Nos dois casos, temos um destinatário con- ao conjunto dos usuários do idioma. É importante res-
cebido de forma homogênea e impessoal; saltar que a obrigatoriedade do uso do padrão culto na
c) do caráter impessoal do próprio assunto tratado: se redação oficial decorre do fato de que ele está acima das
o universo temático das comunicações oficiais se restrin- diferenças lexicais, morfológicas ou sintáticas regionais,
ge a questões que dizem respeito ao interesse público, é dos modismos vocabulares, das idiossincrasias linguísti-
natural que não cabe qualquer tom particular ou pessoal. cas, permitindo, por essa razão, que se atinja a pretendi-
Desta forma, não há lugar na redação oficial para im- da compreensão por todos os cidadãos. Lembre-se de
pressões pessoais, como as que, por exemplo, constam que o padrão culto nada tem contra a simplicidade de
de uma carta a um amigo, ou de um artigo assinado de expressão, desde que não seja confundida com pobreza
jornal, ou mesmo de um texto literário. A redação oficial de expressão. De nenhuma forma o uso do padrão culto
deve ser isenta da interferência da individualidade que a implica emprego de linguagem rebuscada, nem dos con-
elabora. torcionismos sintáticos e figuras de linguagem próprios
A concisão, a clareza, a objetividade e a formalidade da língua literária.
de que nos valemos para elaborar os expedientes oficiais Pode-se concluir, então, que não existe propriamente
contribuem, ainda, para que seja alcançada a necessária um “padrão oficial de linguagem”; o que há é o uso do
impessoalidade. padrão culto nos atos e comunicações oficiais. É claro que
haverá preferência pelo uso de determinadas expressões,
2. A Linguagem dos Atos e Comunicações Oficiais ou será obedecida certa tradição no emprego das formas
sintáticas, mas isso não implica, necessariamente, que se
A necessidade de empregar determinado nível de lin- consagre a utilização de uma forma de linguagem buro-
guagem nos atos e expedientes oficiais decorre, de um crática. O jargão burocrático, como todo jargão, deve ser
lado, do próprio caráter público desses atos e comuni- evitado, pois terá sempre sua compreensão limitada.
cações; de outro, de sua finalidade. Os atos oficiais, aqui A linguagem técnica deve ser empregada apenas em
entendidos como atos de caráter normativo, ou estabe- situações que a exijam, sendo de evitar o seu uso indis-
lecem regras para a conduta dos cidadãos, ou regulam criminado. Certos rebuscamentos acadêmicos, e mesmo
o funcionamento dos órgãos públicos, o que só é alcan- o vocabulário próprio à determinada área, são de difícil
entendimento por quem não esteja com eles familiariza-
çado se em sua elaboração for empregada a linguagem
do. Deve-se ter o cuidado, portanto, de explicitá-los em
adequada. O mesmo se dá com os expedientes oficiais,
comunicações encaminhadas a outros órgãos da admi-
cuja finalidade precípua é a de informar com clareza e
nistração e em expedientes dirigidos aos cidadãos.
objetividade. As comunicações que partem dos órgãos
públicos federais devem ser compreendidas por todo e
3. Formalidade e Padronização
qualquer cidadão brasileiro. Para atingir esse objetivo, há
que evitar o uso de uma linguagem restrita a determina- As comunicações oficiais devem ser sempre formais,
dos grupos. Não há dúvida que um texto marcado por isto é, obedecem a certas regras de forma: além das já
expressões de circulação restrita, como a gíria, os regio- mencionadas exigências de impessoalidade e uso do pa-
nalismos vocabulares ou o jargão técnico, tem sua com- drão culto de linguagem, é imperativo, ainda, certa for-
preensão dificultada. malidade de tratamento. Não se trata somente da eterna
Ressalte-se que há necessariamente uma distância dúvida quanto ao correto emprego deste ou daquele
entre a língua falada e a escrita. Aquela é extremamente pronome de tratamento para uma autoridade de certo;
dinâmica, reflete de forma imediata qualquer alteração mais do que isso, a formalidade diz respeito à polidez, à
de costumes, e pode eventualmente contar com outros civilidade no próprio enfoque dado ao assunto do qual
elementos que auxiliem a sua compreensão, como os cuida a comunicação.
gestos, a entoação, etc., para mencionar apenas alguns A formalidade de tratamento vincula-se, também, à
dos fatores responsáveis por essa distância. Já a língua necessária uniformidade das comunicações. Ora, se a ad-
escrita incorpora mais lentamente as transformações, ministração federal é una, é natural que as comunicações
tem maior vocação para a permanência, e vale-se apenas que expede sigam um mesmo padrão. O estabelecimen-
de si mesma para comunicar. to desse padrão, uma das metas deste Manual, exige que
A língua escrita, como a falada, compreende diferen- se atente para todas as características da redação oficial e
tes níveis, de acordo com o uso que dela se faça. Por que se cuide, ainda, da apresentação dos textos.
exemplo, em uma carta a um amigo, podemos nos valer A clareza datilográfica, o uso de papéis uniformes
de determinado padrão de linguagem que incorpore ex- para o texto definitivo e a correta diagramação do texto
LÍNGUA PORTUGUESA

pressões extremamente pessoais ou coloquiais; em um são indispensáveis para a padronização.


parecer jurídico, não se há de estranhar a presença do
vocabulário técnico correspondente. Nos dois casos, há 4. Concisão e Clareza
um padrão de linguagem que atende ao uso que se faz
da língua, a finalidade com que a empregamos. A concisão é antes uma qualidade do que uma carac-
O mesmo ocorre com os textos oficiais: por seu ca- terística do texto oficial. Conciso é o texto que consegue
ráter impessoal, por sua finalidade de informar com o transmitir um máximo de informações com um mínimo
máximo de clareza e concisão, eles requerem o uso do de palavras. Para que se redija com essa qualidade, é fun-

2
damental que se tenha, além de conhecimento do assun- 5. As Comunicações Oficiais
to sobre o qual se escreve, o necessário tempo para revi-
sar o texto depois de pronto. É nessa releitura que muitas 5.1. Introdução
vezes se percebem eventuais redundâncias ou repetições
desnecessárias de ideias. A redação das comunicações oficiais deve, antes de
O esforço de sermos concisos atende, basicamente, tudo, seguir os preceitos explicitados no Capítulo I, As-
ao princípio de economia linguística, à mencionada fór- pectos Gerais da Redação Oficial. Além disso, há caracte-
mula de empregar o mínimo de palavras para informar o rísticas específicas de cada tipo de expediente, que serão
máximo. Não se deve de forma alguma entendê-la como tratadas em detalhe neste capítulo. Antes de passarmos
economia de pensamento, isto é, não se devem eliminar à sua análise, vejamos outros aspectos comuns a quase
passagens substanciais do texto no afã de reduzi-lo em todas as modalidades de comunicação oficial: o empre-
tamanho. Trata-se exclusivamente de cortar palavras inú- go dos pronomes de tratamento, a forma dos fechos e a
teis, redundâncias, passagens que nada acrescentem ao identificação do signatário.
que já foi dito.
Procure perceber certa hierarquia de ideias que existe 6. Pronomes de Tratamento
em todo texto de alguma complexidade: ideias fundamen-
tais e ideias secundárias. Estas últimas podem esclarecer o 6.1. Breve História dos Pronomes de Tratamento
sentido daquelas, detalhá-las, exemplificá-las; mas existem
também ideias secundárias que não acrescentam informa- O uso de pronomes e locuções pronominais de tra-
ção alguma ao texto, nem têm maior relação com as fun- tamento tem larga tradição na língua portuguesa. De
damentais, podendo, por isso, ser dispensadas. acordo com Said Ali, após serem incorporados ao por-
A clareza deve ser a qualidade básica de todo texto tuguês os pronomes latinos tu e vos, “como tratamento
oficial. Pode-se definir como claro aquele texto que pos- direto da pessoa ou pessoas a quem se dirigia a palavra”,
sibilita imediata compreensão pelo leitor. No entanto, a passou-se a empregar, como expediente linguístico de
clareza não é algo que se atinja por si só: ela depende es- distinção e de respeito, a segunda pessoa do plural no
tritamente das demais características da redação oficial. tratamento de pessoas de hierarquia superior. Prossegue
Para ela concorrem: o autor: “Outro modo de tratamento indireto consistiu
a) a impessoalidade, que evita a duplicidade de inter- em fingir que se dirigia a palavra a um atributo ou qua-
pretações que poderia decorrer de um tratamento lidade eminente da pessoa de categoria superior, e não
personalista dado ao texto; a ela própria. Assim aproximavam-se os vassalos de seu
b) o uso do padrão culto de linguagem, em princí- rei com o tratamento de vossa mercê, vossa senhoria (...);
pio, de entendimento geral e por definição avesso assim usou-se o tratamento ducal de vossa excelência e
a vocábulos de circulação restrita, como a gíria e adotaram-se na hierarquia eclesiástica vossa reverência,
o jargão; vossa paternidade, vossa eminência, vossa santidade.”
c) a formalidade e a padronização, que possibilitam a A partir do final do século XVI, esse modo de trata-
imprescindível uniformidade dos textos;
mento indireto já estava em voga também para os ocu-
d) a concisão, que faz desaparecer do texto os exces-
pantes de certos cargos públicos. Vossa mercê evoluiu
sos linguísticos que nada lhe acrescentam.
para vosmecê, e depois para o coloquial você. E o prono-
me vós, com o tempo, caiu em desuso. É dessa tradição
É pela correta observação dessas características que
que provém o atual emprego de pronomes de tratamen-
se redige com clareza. Contribuirá, ainda, a indispensável
to indireto como forma de dirigirmo-nos às autoridades
releitura de todo texto redigido. A ocorrência, em tex-
civis, militares e eclesiásticas.
tos oficiais, de trechos obscuros e de erros gramaticais
provém, principalmente, da falta da releitura que torna
possível sua correção. 6.2. Concordância com os Pronomes de Tratamento
Na revisão de um expediente, deve-se avaliar, ainda,
se ele será de fácil compreensão por seu destinatário. O Os pronomes de tratamento (ou de segunda pes-
que nos parece óbvio pode ser desconhecido por ter- soa indireta) apresentam certas peculiaridades quanto
ceiros. O domínio que adquirimos sobre certos assuntos à concordância verbal, nominal e pronominal. Embora
em decorrência de nossa experiência profissional muitas se refiram a segunda pessoa gramatical (à pessoa com
vezes faz com que os tomemos como de conhecimento quem se fala, ou a quem se dirige a comunicação), levam
geral, o que nem sempre é verdade. Explicite, desenvolva, a concordância para a terceira pessoa. É que o verbo con-
esclareça, precise os termos técnicos, o significado das corda com o substantivo que integra a locução como seu
siglas e abreviações e os conceitos específicos que não núcleo sintático: “Vossa Senhoria nomeará o substituto”;
“Vossa Excelência conhece o assunto”.
LÍNGUA PORTUGUESA

possam ser dispensados.


A revisão atenta exige, necessariamente, tempo. A Da mesma forma, os pronomes possessivos referidos
pressa com que são elaboradas certas comunicações a pronomes de tratamento são sempre os da terceira
quase sempre compromete sua clareza. Não se deve pessoa: “Vossa Senhoria nomeará seu substituto” (e não
proceder à redação de um texto que não seja seguida “Vossa ... vosso...”). Já quanto aos adjetivos referidos a es-
por sua revisão. “Não há assuntos urgentes, há assuntos ses pronomes, o gênero gramatical deve coincidir com o
atrasados”, diz a máxima. Evite-se, pois, o atraso, com sua sexo da pessoa a que se refere, e não com o substanti-
indesejável repercussão no redigir. vo que compõe a locução. Assim, se nosso interlocutor

3
for homem, o correto é “Vossa Excelência está atarefado”, A Sua Excelência o Senhor
“Vossa Senhoria deve estar satisfeito”; se for mulher, “Vos- Fulano de Tal
sa Excelência está atarefada”, “Vossa Senhoria deve estar Juiz de Direito da 10.ª Vara Cível
satisfeita”. Rua ABC, n.º 123
01010-000 – São Paulo. SP
6.3. Emprego dos Pronomes de Tratamento
Em comunicações oficiais, está abolido o uso do trata-
Como visto, o emprego dos pronomes de tratamento mento Digníssimo (DD), às autoridades arroladas na lista
obedece a secular tradição. São de uso consagrado: anterior. A dignidade é pressuposto para que se ocupe
Vossa Excelência, para as seguintes autoridades: qualquer cargo público, sendo desnecessária sua repetida
a) do Poder Executivo; evocação.
Presidente da República;
Vice-Presidente da República; Vossa Senhoria é empregado para as demais autori-
Ministros de Estado; dades e para particulares. O vocativo adequado é:
Governadores e Vice-Governadores de Estado e do Dis- Senhor Fulano de Tal,
trito Federal; (...)
Oficiais-Generais das Forças Armadas; No envelope, deve constar do endereçamento:
Embaixadores; Ao Senhor
Secretários-Executivos de Ministérios e demais ocupan- Fulano de Tal
tes de cargos de natureza especial; Rua ABC, n.º 123
Secretários de Estado dos Governos Estaduais; 12345-000 – Curitiba. PR
Prefeitos Municipais.
Como se depreende do exemplo acima, fica dispen-
b) do Poder Legislativo: sado o emprego do superlativo ilustríssimo para as au-
Deputados Federais e Senadores; toridades que recebem o tratamento de Vossa Senhoria e
Ministros do Tribunal de Contas da União; para particulares. É suficiente o uso do pronome de tra-
Deputados Estaduais e Distritais; tamento Senhor.
Conselheiros dos Tribunais de Contas Estaduais; Acrescente-se que doutor não é forma de tratamento,
Presidentes das Câmaras Legislativas Municipais. e sim título acadêmico. Evite usá-lo indiscriminadamen-
te. Como regra geral, empregue-o apenas em comunica-
c) do Poder Judiciário:
ções dirigidas a pessoas que tenham tal grau por terem
Ministros dos Tribunais Superiores;
concluído curso universitário de doutorado. É costume
Membros de Tribunais;
designar por doutor os bacharéis, especialmente os ba-
Juízes;
charéis em Direito e em Medicina. Nos demais casos, o
Auditores da Justiça Militar.
tratamento Senhor confere a desejada formalidade às co-
O vocativo a ser empregado em comunicações dirigidas municações.
aos Chefes de Poder é Excelentíssimo Senhor, seguido do Mencionemos, ainda, a forma Vossa Magnificência,
cargo respectivo: empregada, por força da tradição, em comunicações diri-
Excelentíssimo Senhor Presidente da República, gidas a reitores de universidade. Corresponde-lhe o voca-
Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso Nacional, tivo: Magnífico Reitor, (...)
Excelentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tribunal Os pronomes de tratamento para religiosos, de acor-
Federal. do com a hierarquia eclesiástica, são:
Vossa Santidade, em comunicações dirigidas ao Papa.
As demais autoridades serão tratadas com o vocativo O vocativo correspondente é: Santíssimo Padre, (...)
Senhor, seguido do cargo respectivo: Vossa Eminência ou Vossa Eminência Reverendíssi-
Senhor Senador, ma, em comunicações aos Cardeais. Corresponde-lhe o
Senhor Juiz, vocativo: Eminentíssimo Senhor Cardeal, ou Eminentís-
Senhor Ministro, simo e Reverendíssimo Senhor Cardeal, (...)
Senhor Governador, Vossa Excelência Reverendíssima é usado em comu-
nicações dirigidas a Arcebispos e Bispos;
No envelope, o endereçamento das comunicações di- Vossa Reverendíssima ou Vossa Senhoria Reveren-
rigidas às autoridades tratadas por Vossa Excelência, terá a díssima para Monsenhores, Cônegos e superiores reli-
seguinte forma: giosos.
A Sua Excelência o Senhor Vossa Reverência é empregado para sacerdotes, clé-
LÍNGUA PORTUGUESA

Fulano de Tal rigos e demais religiosos.


Ministro de Estado da Justiça
70064-900 – Brasília. DF 7. Fechos para Comunicações

A Sua Excelência o Senhor O fecho das comunicações oficiais possui, além da fi-


Senador Fulano de Tal nalidade óbvia de arrematar o texto, a de saudar o desti-
Senado Federal natário. Os modelos para fecho que vinham sendo utili-
70165-900 – Brasília. DF zados foram regulados pela Portaria n.º 1 do Ministério

4
da Justiça, de 1937, que estabelecia quinze padrões. Com – introdução, que se confunde com o parágrafo de
o fito de simplificá-los e uniformizá-los, este Manual es- abertura, na qual é apresentado o assunto que motiva
tabelece o emprego de somente dois fechos diferentes a comunicação. Evite o uso das formas: “Tenho a honra
para todas as modalidades de comunicação oficial: de”, “Tenho o prazer de”, “Cumpre-me informar que”, em-
a) para autoridades superiores, inclusive o Presidente pregue a forma direta;
da República: Respeitosamente, – desenvolvimento, no qual o assunto é detalhado; se
b) para autoridades de mesma hierarquia ou de hie- o texto contiver mais de uma ideia sobre o assunto, elas
rarquia inferior: Atenciosamente, devem ser tratadas em parágrafos distintos, o que confe-
re maior clareza à exposição;
Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações di- – conclusão, em que é reafirmada ou simplesmente
rigidas a autoridades estrangeiras, que atendem a rito e reapresentada a posição recomendada sobre o assunto.
tradição próprios, devidamente disciplinados no Manual Os parágrafos do texto devem ser numerados, exceto
de Redação do Ministério das Relações Exteriores. nos casos em que estes estejam organizados em itens ou
títulos e subtítulos. Já quando se tratar de mero encami-
8. Identificação do Signatário nhamento de documentos a estrutura é a seguinte:
– introdução: deve iniciar com referência ao expedien-
Excluídas as comunicações assinadas pelo Presiden- te que solicitou o encaminhamento. Se a remessa do do-
te da República, todas as demais comunicações oficiais cumento não tiver sido solicitada, deve iniciar com a in-
devem trazer o nome e o cargo da autoridade que as formação do motivo da comunicação, que é encaminhar,
expede, abaixo do local de sua assinatura. A forma da indicando a seguir os dados completos do documento
identificação deve ser a seguinte: encaminhado (tipo, data, origem ou signatário, e assunto
(espaço para assinatura) de que trata), e a razão pela qual está sendo encaminha-
NOME do, segundo a seguinte fórmula: “Em resposta ao Aviso n.º
Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República 12, de 1.º de fevereiro de 1991, encaminho, anexa, cópia
(espaço para assinatura) do Ofício n.º 34, de 3 de abril de 1990, do Departamento
NOME Geral de Administração, que trata da requisição do servi-
Ministro de Estado da Justiça dor Fulano de Tal.” Ou “Encaminho, para exame e pro-
nunciamento, a anexa cópia do telegrama no 12, de 1.º de
Para evitar equívocos, recomenda-se não deixar a as- fevereiro de 1991, do Presidente da Confederação Nacional
sinatura em página isolada do expediente. Transfira para de Agricultura, a respeito de projeto de modernização de
essa página ao menos a última frase anterior ao fecho. técnicas agrícolas na região Nordeste.”
– desenvolvimento: se o autor da comunicação dese-
9. O Padrão Ofício jar fazer algum comentário a respeito do documento que
encaminha, poderá acrescentar parágrafos de desenvol-
Há três tipos de expedientes que se diferenciam antes vimento; em caso contrário, não há parágrafos de desen-
pela finalidade do que pela forma: o ofício, o aviso e o volvimento em aviso ou ofício de mero encaminhamento.
memorando. Com o fito de uniformizá-los, pode-se ado- f) fecho (v. 2.2. Fechos para Comunicações);
tar uma diagramação única, que siga o que chamamos g) assinatura do autor da comunicação; e
de padrão ofício. h) identificação do signatário (v. 2.3. Identificação do
Signatário).
10. Partes do documento no Padrão Ofício
11. Forma de diagramação
O aviso, o ofício e o memorando devem conter as se-
guintes partes: Os documentos do Padrão Ofício devem obedecer à
a) tipo e número do expediente, seguido da sigla do seguinte forma de apresentação:
órgão que o expede: Exemplos: Mem. 123/2002-MF Aviso a) deve ser utilizada fonte do tipo Times New Roman
123/2002-SG Of. 123/2002-MME de corpo 12 no texto em geral, 11 nas citações, e 10
b) local e data em que foi assinado, por extenso, com nas notas de rodapé;
alinhamento à direita: Exemplo: b) para símbolos não existentes na fonte Times New
Brasília, 15 de março de 1991. Roman poder-se-á utilizar as fontes Symbol e Wing-
dings;
c) assunto: resumo do teor do documento Exemplos: c) é obrigatório constar a partir da segunda página o
Assunto: Produtividade do órgão em 2002. número da página;
Assunto: Necessidade de aquisição de novos compu- d) os ofícios, memorandos e anexos destes poderão
LÍNGUA PORTUGUESA

tadores. ser impressos em ambas as faces do papel. Neste


d) destinatário: o nome e o cargo da pessoa a quem caso, as margens esquerda e direita terão as dis-
é dirigida a comunicação. No caso do ofício deve ser in- tâncias invertidas nas páginas pares (“margem es-
cluído também o endereço. pelho”);
e) texto: nos casos em que não for de mero encami- e) o início de cada parágrafo do texto deve ter 2,5 cm
nhamento de documentos, o expediente deve conter a de distância da margem esquerda;
seguinte estrutura: f) o campo destinado à margem lateral esquerda terá,
no mínimo, 3,0 cm de largura;

5
g) o campo destinado à margem lateral direita terá 13.1. Definição e Finalidade
1,5 cm;
O constante neste item aplica-se também à exposição O memorando é a modalidade de comunicação en-
de motivos e à mensagem (v. 4. Exposição de Moti- tre unidades administrativas de um mesmo órgão, que
vos e 5. Mensagem). podem estar hierarquicamente em mesmo nível ou em
h) deve ser utilizado espaçamento simples entre as níveis diferentes. Trata-se, portanto, de uma forma de co-
linhas e de 6 pontos após cada parágrafo, ou, se o municação eminentemente interna. Pode ter caráter me-
editor de texto utilizado não comportar tal recurso, ramente administrativo, ou ser empregado para a expo-
de uma linha em branco; sição de projetos, ideias, diretrizes, etc. a serem adotados
i) não deve haver abuso no uso de negrito, itálico, por determinado setor do serviço público. Sua caracterís-
sublinhado, letras maiúsculas, sombreado, sombra, tica principal é a agilidade. A tramitação do memorando
relevo, bordas ou qualquer outra forma de forma- em qualquer órgão deve pautar-se pela rapidez e pela
tação que afete a elegância e a sobriedade do do- simplicidade de procedimentos burocráticos. Para evitar
cumento; desnecessário aumento do número de comunicações, os
j) a impressão dos textos deve ser feita na cor preta despachos ao memorando devem ser dados no próprio
em papel branco. A impressão colorida deve ser documento e, no caso de falta de espaço, em folha de
usada apenas para gráficos e ilustrações; continuação. Esse procedimento permite formar uma
k) todos os tipos de documentos do Padrão Ofício espécie de processo simplificado, assegurando maior
devem ser impressos em papel de tamanho A-4, transparência à tomada de decisões, e permitindo que se
ou seja, 29,7 x 21,0 cm; historie o andamento da matéria tratada no memorando.
l) deve ser utilizado, preferencialmente, o formato de
arquivo Rich Text nos documentos de texto; 13.2. Forma e Estrutura
m) dentro do possível, todos os documentos elabora-
dos devem ter o arquivo de texto preservado para Quanto a sua forma, o memorando segue o modelo
consulta posterior ou aproveitamento de trechos do padrão ofício, com a diferença de que o seu destina-
para casos análogos; tário deve ser mencionado pelo cargo que ocupa. Exem-
n) para facilitar a localização, os nomes dos arquivos plos:
devem ser formados da seguinte maneira: tipo do Ao Sr. Chefe do Departamento de Administração
documento + número do documento + palavras- Ao Sr. Subchefe para Assuntos Jurídicos
-chaves do conteúdo. Ex.: “Of. 123 - relatório pro-
dutividade ano 2002” 14. Exposição de Motivos

12. Aviso e Ofício 14.1. Definição e Finalidade

12.1. Definição e Finalidade Exposição de motivos é o expediente dirigido ao Pre-


sidente da República ou ao Vice-Presidente para:
Aviso e ofício são modalidades de comunicação ofi- a) informá-lo de determinado assunto;
cial praticamente idênticas. A única diferença entre eles é b) propor alguma medida; ou
que o aviso é expedido exclusivamente por Ministros de c) submeter a sua consideração projeto de ato nor-
Estado, para autoridades de mesma hierarquia, ao passo mativo.
que o ofício é expedido para e pelas demais autoridades. Em regra, a exposição de motivos é dirigida ao Presi-
Ambos têm como finalidade o tratamento de assuntos dente da República por um Ministro de Estado. Nos casos
oficiais pelos órgãos da Administração Pública entre si e, em que o assunto tratado envolva mais de um Ministério,
no caso do ofício, também com particulares. a exposição de motivos deverá ser assinada por todos os
Ministros envolvidos, sendo, por essa razão, chamada de
12.2. Forma e Estrutura interministerial.

Quanto a sua forma, aviso e ofício seguem o modelo 14.2. Forma e Estrutura
do padrão ofício, com acréscimo do vocativo, que invoca
o destinatário (v. 2.1 Pronomes de Tratamento), seguido Formalmente, a exposição de motivos tem a apresen-
de vírgula. Exemplos: tação do padrão ofício (v. 3. O Padrão Ofício).
Excelentíssimo Senhor Presidente da República A exposição de motivos, de acordo com sua finalida-
Senhora Ministra de, apresenta duas formas básicas de estrutura: uma para
Senhor Chefe de Gabinete aquela que tenha caráter exclusivamente informativo e
LÍNGUA PORTUGUESA

outra para a que proponha alguma medida ou submeta


Devem constar do cabeçalho ou do rodapé do ofício projeto de ato normativo.
as seguintes informações do remetente: No primeiro caso, o da exposição de motivos que
– nome do órgão ou setor; simplesmente leva algum assunto ao conhecimento do
– endereço postal; Presidente da República, sua estrutura segue o mode-
– telefone e endereço de correio eletrônico. lo antes referido para o padrão ofício. Já a exposição de
motivos que submeta à consideração do Presidente da
13. Memorando República a sugestão de alguma medida a ser adotada

6
ou a que lhe apresente projeto de ato normativo – embo- Quanto aos projetos de lei financeira (que compreen-
ra sigam também a estrutura do padrão ofício –, além de dem plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamen-
outros comentários julgados pertinentes por seu autor, tos anuais e créditos adicionais), as mensagens de en-
devem, obrigatoriamente, apontar: caminhamento dirigem-se aos Membros do Congresso
a) na introdução: o problema que está a reclamar a Nacional, e os respectivos avisos são endereçados ao
adoção da medida ou do ato normativo proposto; Primeiro Secretário do Senado Federal. A razão é que o
b) no desenvolvimento: o porquê de ser aquela medi- art. 166 da Constituição impõe a deliberação congressual
da ou aquele ato normativo o ideal para se solucio- sobre as leis financeiras em sessão conjunta, mais preci-
nar o problema, e eventuais alternativas existentes samente, “na forma do regimento comum”. E à frente da
para equacioná-lo; Mesa do Congresso Nacional está o Presidente do Sena-
c) na conclusão, novamente, qual medida deve ser to- do Federal (Constituição, art. 57, § 5.º), que comanda as
mada, ou qual ato normativo deve ser editado para sessões conjuntas.
solucionar o problema. As mensagens aqui tratadas coroam o processo de-
senvolvido no âmbito do Poder Executivo, que abrange
Deve, ainda, trazer apenso o formulário de anexo à minucioso exame técnico, jurídico e econômico-financei-
exposição de motivos, devidamente preenchido, de acor- ro das matérias objeto das proposições por elas encami-
do Com o modelo previsto no Anexo II do Decreto n.º nhadas.
4.176, de 28 de março de 2002. Tais exames materializam-se em pareceres dos di-
Ao elaborar uma exposição de motivos, tenha pre- versos órgãos interessados no assunto das proposições,
sente que a atenção aos requisitos básicos da redação entre eles o da Advocacia-Geral da União. Mas, na ori-
oficial (clareza, concisão, impessoalidade, formalidade, gem das propostas, as análises necessárias constam da
padronização e uso do padrão culto de linguagem) deve exposição de motivos do órgão onde se geraram (v. 3.1.
ser redobrada. Exposição de Motivos) – exposição que acompanhará, por
A exposição de motivos é a principal modalidade de cópia, a mensagem de encaminhamento ao Congresso.
comunicação dirigida ao Presidente da República pelos b) encaminhamento de medida provisória.
Ministros. Para dar cumprimento ao disposto no art. 62 da Cons-
Além disso, pode, em certos casos, ser encaminhada tituição, o Presidente da República encaminha mensa-
cópia ao Congresso Nacional ou ao Poder Judiciário ou,
gem ao Congresso, dirigida a seus membros, com aviso
ainda, ser publicada no Diário Oficial da União, no todo
para o Primeiro Secretário do Senado Federal, juntando
ou em parte.
cópia da medida provisória, autenticada pela Coordena-
ção de Documentação da Presidência da República.
15. Mensagem
c) indicação de autoridades.
As mensagens que submetem ao Senado Federal a
15.1. Definição e Finalidade
indicação de pessoas para ocuparem determinados car-
É o instrumento de comunicação oficial entre os Che- gos (magistrados dos Tribunais Superiores, Ministros do
fes dos Poderes Públicos, notadamente as mensagens TCU, Presidentes e Diretores do Banco Central, Procura-
enviadas pelo Chefe do Poder Executivo ao Poder Legis- dor-Geral da República, Chefes de Missão Diplomática,
lativo para informar sobre fato da Administração Públi- etc.) têm em vista que a Constituição, no seu art. 52, in-
ca; expor o plano de governo por ocasião da abertura cisos III e IV, atribui àquela Casa do Congresso Nacional
de sessão legislativa; submeter ao Congresso Nacional competência privativa para aprovar a indicação.
matérias que dependem de deliberação de suas Casas; O curriculum vitae do indicado, devidamente assina-
apresentar veto; enfim, fazer e agradecer comunicações do, acompanha a mensagem.
de tudo quanto seja de interesse dos poderes públicos e d) pedido de autorização para o Presidente ou o Vi-
da Nação. ce-Presidente da República se ausentar do País por mais
Minuta de mensagem pode ser encaminhada pelos de 15 dias.
Ministérios à Presidência da República, a cujas assesso- Trata-se de exigência constitucional (Constituição, art.
rias caberá a redação final. 49, III, e 83), e a autorização é da competência privativa
As mensagens mais usuais do Poder Executivo ao do Congresso Nacional.
Congresso Nacional têm as seguintes finalidades: O Presidente da República, tradicionalmente, por cor-
a) encaminhamento de projeto de lei ordinária, com- tesia, quando a ausência é por prazo inferior a 15 dias, faz
plementar ou financeira. Os projetos de lei ordinária ou uma comunicação a cada Casa do Congresso, enviando-
complementar são enviados em regime normal (Consti- -lhes mensagens idênticas.
tuição, art. 61) ou de urgência (Constituição, art. 64, §§ 1.º e) encaminhamento de atos de concessão e renova-
a 4.º). Cabe lembrar que o projeto pode ser encaminhado ção de concessão de emissoras de rádio e TV.
LÍNGUA PORTUGUESA

sob o regime normal e mais tarde ser objeto de nova A obrigação de submeter tais atos à apreciação do
mensagem, com solicitação de urgência. Congresso Nacional consta no inciso XII do artigo 49 da
Em ambos os casos, a mensagem se dirige aos Mem- Constituição. Somente produzirão efeitos legais a ou-
bros do Congresso Nacional, mas é encaminhada com torga ou renovação da concessão após deliberação do
aviso do Chefe da Casa Civil da Presidência da República Congresso Nacional (Constituição, art. 223, § 3.º). Des-
ao Primeiro Secretário da Câmara dos Deputados, para cabe pedir na mensagem a urgência prevista no art. 64
que tenha início sua tramitação (Constituição, art. 64, da Constituição, porquanto o § 1.º do art. 223 já define o
caput). prazo da tramitação.

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Além do ato de outorga ou renovação, acompanha – relato das medidas praticadas na vigência do esta-
a mensagem o correspondente processo administrativo. do de sítio ou de defesa (Constituição, art. 141, parágrafo
f) encaminhamento das contas referentes ao exercício único);
anterior. – proposta de modificação de projetos de leis finan-
O Presidente da República tem o prazo de sessenta ceiras (Constituição, art. 166, § 5.º);
dias após a abertura da sessão legislativa para enviar ao – pedido de autorização para utilizar recursos que fi-
Congresso Nacional as contas referentes ao exercício an- carem sem despesas correspondentes, em decorrência de
terior (Constituição, art. 84, XXIV), para exame e parecer veto, emenda ou rejeição do projeto de lei orçamentária
da Comissão Mista permanente (Constituição, art. 166, anual (Constituição, art. 166, § 8.º);
§ 1.º), sob pena de a Câmara dos Deputados realizar a – pedido de autorização para alienar ou conceder ter-
tomada de contas (Constituição, art. 51, II), em procedi- ras públicas com área superior a 2.500 ha (Constituição,
mento disciplinado no art. 215 do seu Regimento Interno. art. 188, § 1.º); etc.
g) mensagem de abertura da sessão legislativa.
Ela deve conter o plano de governo, exposição sobre 5.2. Forma e Estrutura
a situação do País e solicitação de providências que jul-
gar necessárias (Constituição, art. 84, XI). As mensagens contêm:
O portador da mensagem é o Chefe da Casa Civil da a) a indicação do tipo de expediente e de seu número,
Presidência da República. Esta mensagem difere das de- horizontalmente, no início da margem esquerda:
mais porque vai encadernada e é distribuída a todos os Mensagem n.º
Congressistas em forma de livro.
h) comunicação de sanção (com restituição de autó- b) vocativo, de acordo com o pronome de tratamento
grafos). e o cargo do destinatário, horizontalmente, no início da
Esta mensagem é dirigida aos Membros do Congres- margem esquerda;
so Nacional, encaminhada por Aviso ao Primeiro Secre- Excelentíssimo Senhor Presidente do Senado Federal,
tário da Casa onde se originaram os autógrafos. Nela se
informa o número que tomou a lei e se restituem dois c) o texto, iniciando a 2 cm do vocativo;
exemplares dos três autógrafos recebidos, nos quais o d) o local e a data, verticalmente a 2 cm do final do
Presidente da República terá aposto o despacho de san- texto, e horizontalmente fazendo coincidir seu final com
ção. a margem direita.
i) comunicação de veto. A mensagem, como os demais atos assinados pelo
Dirigida ao Presidente do Senado Federal (Constitui- Presidente da República, não traz identificação de seu
ção, art. 66, § 1.º), a mensagem informa sobre a decisão signatário.
de vetar, se o veto é parcial, quais as disposições vetadas,
e as razões do veto. Seu texto vai publicado na íntegra 16. Telegrama
no Diário Oficial da União (v. 4.2. Forma e Estrutura), ao
contrário das demais mensagens, cuja publicação se res- 16.1. Definição e Finalidade
tringe à notícia do seu envio ao Poder Legislativo.
j) outras mensagens. Com o fito de uniformizar a terminologia e simplificar
Também são remetidas ao Legislativo com regular os procedimentos burocráticos, passa a receber o título
frequência mensagens com: de telegrama toda comunicação oficial expedida por
– encaminhamento de atos internacionais que acarre- meio de telegrafia, telex, etc.
tam encargos ou compromissos gravosos (Constituição, Por tratar-se de forma de comunicação dispendiosa
art. 49, I); aos cofres públicos e tecnologicamente superada, deve
– pedido de estabelecimento de alíquotas aplicáveis restringir-se o uso do telegrama apenas àquelas situações
às operações e prestações interestaduais e de exporta- que não seja possível o uso de correio eletrônico ou fax
ção (Constituição, art. 155, § 2.º, IV); e que a urgência justifique sua utilização e, também em
– proposta de fixação de limites globais para o mon- razão de seu custo elevado, esta forma de comunicação
tante da dívida consolidada (Constituição, art. 52, VI); deve pautar-se pela concisão (v. 1.4. Concisão e Clareza).
– pedido de autorização para operações financeiras
externas (Constituição, art. 52, V); e outros. 16.2. Forma e Estrutura
Entre as mensagens menos comuns estão as de:
– convocação extraordinária do Congresso Nacional Não há padrão rígido, devendo-se seguir a forma e
(Constituição, art. 57, § 6.º); a estrutura dos formulários disponíveis nas agências dos
– pedido de autorização para exonerar o Procurador- Correios e em seu sítio na Internet.
-Geral da República (art. 52, XI, e 128, § 2.º);
LÍNGUA PORTUGUESA

– pedido de autorização para declarar guerra e decre- 17. Fax


tar mobilização nacional (Constituição, art. 84, XIX);
– pedido de autorização ou referendo para celebrar a 17.1. Definição e Finalidade
paz (Constituição, art. 84, XX);
– justificativa para decretação do estado de defesa ou O fax (forma abreviada já consagrada de fac-símile) é
de sua prorrogação (Constituição, art. 136, § 4.º); uma forma de comunicação que está sendo menos usada
– pedido de autorização para decretar o estado de devido ao desenvolvimento da Internet. É utilizado para
sítio (Constituição, art. 137); a transmissão de mensagens urgentes e para o envio an-

8
tecipado de documentos, de cujo conhecimento há pre- Elementos de Ortografia e Gramática
mência, quando não há condições de envio do documen-
to por meio eletrônico. Quando necessário o original, ele 1. Problemas de Construção de Frases
segue posteriormente pela via e na forma de praxe.
Se necessário o arquivamento, deve-se fazê-lo com A clareza e a concisão na forma escrita são alcança-
cópia xerox do fax e não com o próprio fax, cujo papel, das, principalmente, pela construção adequada da frase,
em certos modelos, deteriora-se rapidamente. “a menor unidade autônoma da comunicação”, na defini-
ção de Celso Pedro Luft.
17.2. Forma e Estrutura A função essencial da frase é desempenhada pelo
predicado, que, para Adriano da Gama Kury, pode ser en-
Os documentos enviados por fax mantêm a forma e a tendido como “a enunciação pura de um fato qualquer”.
estrutura que lhes são inerentes. Sempre que a frase possuir pelo menos um verbo, recebe
É conveniente o envio, juntamente com o documento o nome de período, que terá tantas orações quantos fo-
principal, de folha de rosto e de pequeno formulário com rem os verbos não auxiliares que o constituem.
os dados de identificação da mensagem a ser enviada, Outra função relevante é a do sujeito – mas não indis-
conforme exemplo a seguir: pensável, pois há orações sem sujeito, ditas impessoais –,
de quem se diz algo, cujo núcleo é sempre um substan-
[Órgão Expedidor] tivo. Sempre que o verbo o exigir, teremos nas orações
[setor do órgão expedidor] substantivos (nomes ou pronomes) que desempenham a
[endereço do órgão expedidor] função de complementos (objetos direto e indireto, pre-
Destinatário:____________________________________ dicativo e complemento adverbial). Função acessória de-
No do fax de destino:_______________ Data:___/___/___ sempenham os adjuntos adverbiais, que vêm geralmente
Remetente: ____________________________________ ao final da oração, mas que podem ser ou intercalados
Tel. p/ contato:____________ Fax/correio eletrônico:____ aos elementos que desempenham as outras funções, ou
No de páginas: ________No do documento:____________ deslocados para o início da oração.
Temos, assim, a seguinte ordem de colocação dos
Observações:___________________________________ elementos que compõem uma oração (Observação: os
parênteses indicam os elementos que podem não ocor-
18. Correio Eletrônico rer):
(sujeito) - verbo - (complementos) - (adjunto adver-
18.1 Definição e finalidade bial).

O correio eletrônico (“e-mail”), por seu baixo custo e Podem ser identificados seis padrões básicos para as
celeridade, transformou-se na principal forma de comu- orações pessoais (isto é, com sujeito) na língua portu-
nicação para transmissão de documentos. guesa (a função que vem entre parênteses é facultativa e
pode ocorrer em ordem diversa):
18.2. Forma e Estrutura
1. Sujeito - verbo intransitivo - (Adjunto Adverbial)
Um dos atrativos de comunicação por correio eletrô- O Presidente - regressou - (ontem).
nico é sua flexibilidade. Assim, não interessa definir for-
ma rígida para sua estrutura. Entretanto, deve-se evitar o 2. Sujeito - verbo transitivo direto - objeto direto -
uso de linguagem incompatível com uma comunicação (adjunto adverbial)
oficial (v. 1.2 A Linguagem dos Atos e Comunicações Ofi- O Chefe da Divisão - assinou - o termo de posse - (na
ciais). manhã de terça-feira).
O campo assunto do formulário de correio eletrônico
deve ser preenchido de modo a facilitar a organização 3. Sujeito - verbo transitivo indireto - objeto indireto
documental tanto do destinatário quanto do remetente. - (adjunto adverbial).
Para os arquivos anexados à mensagem deve ser uti- O Brasil - precisa - de gente honesta - (em todos os
lizado, preferencialmente, o formato Rich Text. A mensa- setores).
gem que encaminha algum arquivo deve trazer informa-
ções mínimas sobre seu conteúdo. 4. Sujeito - verbo transitivo direto e indireto - obj. di-
Sempre que disponível, deve-se utilizar recurso de reto - obj. indireto - (adj. Adv.)
confirmação de leitura. Caso não seja disponível, deve Os desempregados - entregaram - suas reivindicações
constar da mensagem pedido de confirmação de rece- - ao Deputado - (no Congresso).
bimento.
LÍNGUA PORTUGUESA

5. Sujeito - verbo transitivo indireto - complemento


18.3 Valor documental adverbial - (adjunto adverbial)
A reunião do Grupo de Trabalho - ocorrerá - em Bue-
Nos termos da legislação em vigor, para que a mensa- nos Aires - (na próxima semana).
gem de correio eletrônico tenha valor documental, e para O Presidente - voltou - da Europa - (na sexta-feira)
que possa ser aceito como documento original, é neces- 6. Sujeito - verbo de ligação - predicativo - (adjunto ad-
sário existir certificação digital que ateste a identidade verbial)
do remetente, na forma estabelecida em lei. O problema - será - resolvido - prontamente.

9
Estes seriam os padrões básicos para as orações, ou 4. Erros de Paralelismo
seja, as frases que possuem apenas um verbo conjugado. Na
construção de períodos, as várias funções podem ocorrer em Uma das convenções estabelecidas na linguagem es-
ordem inversa à mencionada, misturando-se e confundin- crita “consiste em apresentar ideias similares numa forma
do-se. Não interessa aqui análise exaustiva de todos os pa- gramatical idêntica”, o que se chama de paralelismo. As-
drões existentes na língua portuguesa. O que importa é fixar sim, incorre-se em erro ao conferir forma não paralela a
a ordem normal dos elementos nesses seis padrões básicos. elementos paralelos. Vejamos alguns exemplos:
Acrescente-se que períodos mais complexos, compostos por Errado: Pelo aviso circular recomendou-se aos Ministé-
duas ou mais orações, em geral podem ser reduzidos aos rios economizar energia e que elaborassem planos de redu-
padrões básicos (de que derivam). ção de despesas.
Os problemas mais frequentemente encontrados na
construção de frases dizem respeito à má pontuação, à am- Na frase temos, nas duas orações subordinadas que com-
biguidade da ideia expressa, à elaboração de falsos paralelis- pletam o sentido da principal, duas estruturas diferentes para
mos, erros de comparação, etc. Decorrem, em geral, do des- ideias equivalentes: a primeira oração (economizar energia) é
conhecimento da ordem das palavras na frase. Indicam-se, reduzida de infinitivo, enquanto a segunda (que elaborassem
a seguir, alguns desses defeitos mais comuns e recorrentes planos de redução de despesas) é uma oração desenvolvida
na construção de frases, registrados em documentos oficiais. introduzida pela conjunção integrante que. Há mais de uma
possibilidade de escrevê-la com clareza e correção; uma seria
2. Sujeito a de apresentar as duas orações subordinadas como desen-
volvidas, introduzidas pela conjunção integrante que:
Como dito, o sujeito é o ser de quem se fala ou que exe- Certo: Pelo aviso circular, recomendou-se aos Ministé-
cuta a ação enunciada na oração. Ele pode ter complemento, rios que economizassem energia e (que) elaborassem pla-
mas não ser complemento. Devem ser evitadas, portanto, nos para redução de despesas.
construções como:
Outra possibilidade: as duas orações são apresentadas
Errado: É tempo do Congresso votar a emenda. como reduzidas de infinitivo:
Certo: É tempo de o Congresso votar a emenda. Certo: Pelo aviso circular, recomendou-se aos Ministé-
rios economizar energia e elaborar planos para redução de
Errado: Apesar das relações entre os países estarem cor- despesas.
tadas, (...). Nas duas correções respeita-se a estrutura paralela na
Certo: Apesar de as relações entre os países estarem cor- coordenação de orações subordinadas.
tadas, (...).
Mais um exemplo de frase inaceitável na língua escrita
Errado: Não vejo mal no Governo proceder assim. culta:
Certo: Não vejo mal em o Governo proceder assim. Errado: No discurso de posse, mostrou determinação,
não ser inseguro, inteligência e ter ambição.
Errado: Antes destes requisitos serem cumpridos, (...). O problema aqui decorre de coordenar palavras (subs-
Certo: Antes de estes requisitos serem cumpridos, (...). tantivos) com orações (reduzidas de infinitivo).

Errado: Apesar da Assessoria ter informado em tempo, (...). Para tornar a frase clara e correta, pode-se optar ou
Certo: Apesar de a Assessoria ter informado em tempo, (...). por transformá-la em frase simples, substituindo as ora-
ções reduzidas por substantivos:
3. Frases Fragmentadas Certo: No discurso de posse, mostrou determinação, se-
gurança, inteligência e ambição.
A fragmentação de frases “consiste em pontuar uma ora-
ção subordinada ou uma simples locução como se fosse uma Atentemos, ainda, para o problema inverso, o falso pa-
frase completa”. Decorre da pontuação errada de uma frase ralelismo, que ocorre ao se dar forma paralela (equivalen-
simples. Embora seja usada como recurso estilístico na lite- te) a ideias de hierarquia diferente ou, ainda, ao se apre-
ratura, a fragmentação de frases deve ser evitada nos textos sentar, de forma paralela, estruturas sintáticas distintas:
oficiais, pois muitas vezes dificulta a compreensão. Exemplo: Errado: O Presidente visitou Paris, Bonn, Roma e o Papa.
Errado: O programa recebeu a aprovação do Congresso
Nacional. Depois de ser longamente debatido. Nesta frase, colocou-se em um mesmo nível cidades
Certo: O programa recebeu a aprovação do Congresso (Paris, Bonn, Roma) e uma pessoa (o Papa). Uma possibili-
Nacional, depois de ser longamente debatido. dade de correção é transformá-la em duas frases simples,
Certo: Depois de ser longamente debatido, o programa com o cuidado de não repetir o verbo da primeira (visitar):
LÍNGUA PORTUGUESA

recebeu a aprovação do Congresso Nacional. Certo: O Presidente visitou Paris, Bonn e Roma. Nesta
Errado: O projeto de Convenção foi oportunamente sub- última capital, encontrou-se com o Papa.
metido ao Presidente da República, que o aprovou. Consul-
tadas as áreas envolvidas na elaboração do texto legal. Mencionemos, por fim, o falso paralelismo provocado
Certo: O projeto de Convenção foi oportunamente pelo uso inadequado da expressão “e que” num período
submetido ao Presidente da República, que o aprovou, que não contém nenhum “que” anterior.
consultadas as áreas envolvidas na elaboração do texto Errado: O novo procurador é jurista renomado, e que
legal. tem sólida formação acadêmica.

10
Para corrigir a frase, suprimimos o pronome relativo: A) pronomes pessoais:
Certo: O novo procurador é jurista renomado e tem Ambíguo: O Ministro comunicou a seu secretariado
sólida formação acadêmica. que ele seria exonerado.
Claro: O Ministro comunicou exoneração dele a seu se-
Outro exemplo de falso paralelismo com “e que”: cretariado.
Errado: Neste momento, não se devem adotar medi- Ou então, caso o entendimento seja outro:
das precipitadas, e que comprometam o andamento de Claro: O Ministro comunicou a seu secretariado a exo-
todo o programa. neração deste.

Da mesma forma com que corrigimos o exemplo an- B) pronomes possessivos e pronomes oblíquos:
terior, aqui podemos suprimir a conjunção: Ambíguo: O Deputado saudou o Presidente da Repú-
Certo: Neste momento, não se devem adotar medidas blica, em seu discurso, e solicitou sua intervenção no seu
precipitadas, que comprometam o andamento de todo o Estado, mas isso não o surpreendeu.
Observe a multiplicidade de ambiguidade no exemplo
programa.
acima, a qual torna incompreensível o sentido da frase.
5. Erros de Comparação
Claro: Em seu discurso o Deputado saudou o Presidente
da República. No pronunciamento, solicitou a intervenção
A omissão de certos termos ao fazermos uma compa- federal em seu Estado, o que não surpreendeu o Presidente
ração, omissão própria da língua falada, deve ser evitada da República.
na língua escrita, pois compromete a clareza do texto:
nem sempre é possível identificar, pelo contexto, qual o C) pronome relativo:
termo omitido. A ausência indevida de um termo pode Ambíguo: Roubaram a mesa do gabinete em que eu
impossibilitar o entendimento do sentido que se quer costumava trabalhar.
dar a uma frase: Não fica claro se o pronome relativo da segunda ora-
ção faz referência “à mesa” ou “a gabinete”. Esta ambigui-
Errado: O salário de um professor é mais baixo do que dade se deve ao pronome relativo “que”, sem marca de
um médico. gênero. A solução é recorrer às formas o qual, a qual, os
A omissão de termos provocou uma comparação in- quais, as quais, que marcam gênero e número.
devida: “o salário de um professor” com “um médico”. Claro: Roubaram a mesa do gabinete no qual eu cos-
Certo: O salário de um professor é mais baixo do que tumava trabalhar.
o salário de um médico. Se o entendimento é outro, então:
Certo: O salário de um professor é mais baixo do que Claro: Roubaram a mesa do gabinete na qual eu cos-
o de um médico. tumava trabalhar.
Errado: O alcance do Decreto é diferente da Portaria.
Há, ainda, outro tipo de ambiguidade, que decorre da
Novamente, a não repetição dos termos comparados dúvida sobre a que se refere a oração reduzida:
confunde. Alternativas para correção: Ambíguo: Sendo indisciplinado, o Chefe admoestou o
Certo: O alcance do Decreto é diferente do alcance da funcionário.
Portaria. Para evitar o tipo de ambiguidade do exemplo acima,
Certo: O alcance do Decreto é diferente do da Portaria. deve-se deixar claro qual o sujeito da oração reduzida.
Claro: O Chefe admoestou o funcionário por ser este
Errado: O Ministério da Educação dispõe de mais ver-
indisciplinado.
bas do que os Ministérios do Governo.
Ambíguo: Depois de examinar o paciente, uma senho-
No exemplo acima, a omissão da palavra “outros” (ou ra chamou o médico.
“demais”) acarretou imprecisão: Claro: Depois que o médico examinou o paciente, foi
Certo: O Ministério da Educação dispõe de mais ver- chamado por uma senhora.
bas do que os outros Ministérios do Governo.
Certo: O Ministério da Educação dispõe de mais ver- SITE
bas do que os demais Ministérios do Governo. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/manual/manual-
redpr2aed.pdf
6. Ambiguidade

Ambígua é a frase ou oração que pode ser tomada


EXERCÍCIOS COMENTADOS
LÍNGUA PORTUGUESA

em mais de um sentido. Como a clareza é requisito bási-


co de todo texto oficial, deve-se atentar para as constru-
ções que possam gerar equívocos de compreensão. 1. (antaq – Especialista em Regulação de Serviços de
A ambiguidade decorre, em geral, da dificuldade Transportes Aquaviários – superior – cespe – 2014)
de identificar a qual palavra se refere um pronome que Considerando aspectos estruturais e linguísticos das cor-
possui mais de um antecedente na terceira pessoa. Pode respondências oficiais, julgue os itens que se seguem, de
ocorrer com: acordo com o Manual de Redação da Presidência da Re-
pública.

11
O tratamento Digníssimo deve ser empregado para to- Resposta: Certo. Segundo o Manual de Redação Ofi-
das as autoridades do poder público, uma vez que a dig- cial: (...) Manual estabelece o emprego de somente dois
nidade é tida como qualidade inerente aos ocupantes de fechos diferentes para todas as modalidades de comu-
cargos públicos. nicação oficial:
a) para autoridades superiores, inclusive o Presidente
( ) CERTO ( ) ERRADO da República: Respeitosamente,
b) para autoridades de mesma hierarquia ou de hierar-
Resposta: Errado. Vamos ao Manual: O Manual ainda quia inferior: Atenciosamente,
preceitua que a forma de tratamento “Digníssimo” fica Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigi-
abolida (...) afinal, a dignidade é condição primordial das a autoridades estrangeiras, que atendem a rito e
para que tais cargos públicos sejam ocupados. tradição próprios, devidamente disciplinados no Ma-
Fonte: http://www.redacaooficial.com.br/redacao_ofi- nual de Redação do Ministério das Relações Exteriores.
cial_publicacoes_ver.php?id=2
5. (antaq – Especialista em Regulação de Serviços de
2. (tribunal de justiça-se – técnico judiciário – Médio – Transportes Aquaviários – cespe – 2014) Considerando
cespe – 2014) Em toda comunicação oficial, exceto nas aspectos estruturais e linguísticos das correspondências
direcionadas a autoridades estrangeiras, deve-se fazer oficiais, julgue os itens que se seguem, de acordo com o
uso dos fechos Respeitosamente ou Atenciosamente, de Manual de Redação da Presidência da República.
acordo com as hierarquias do destinatário e do reme- O tratamento Digníssimo deve ser empregado para todas
tente. as autoridades do poder público, uma vez que a dignidade
é tida como qualidade inerente aos ocupantes de cargos
( ) CERTO ( ) ERRADO públicos.

Resposta: Certo. Segundo o Manual de Redação Ofi- ( ) CERTO ( ) ERRADO


cial: (...) Manual estabelece o emprego de somente
dois fechos diferentes para todas as modalidades de Resposta: Errado. Vamos ao Manual: O Manual ainda
comunicação oficial: preceitua que a forma de tratamento “Digníssimo” fica
A) para autoridades superiores, inclusive o Presidente abolida (...) afinal, a dignidade é condição primordial
da República: Respeitosamente, para que tais cargos públicos sejam ocupados.
Fonte: http://www.redacaooficial.com.br/redacao_ofi-
B) para autoridades de mesma hierarquia ou de hie- cial_publicacoes_ver.php?id=2
rarquia inferior: Atenciosamente,
Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigi- Interpretação Textual
das a autoridades estrangeiras, que atendem a rito e
tradição próprios, devidamente disciplinados no Ma- Texto – é um conjunto de ideias organizadas e relacio-
nual de Redação do Ministério das Relações Exteriores. nadas entre si, formando um todo significativo capaz de
produzir interação comunicativa (capacidade de codificar
3. (anp – Conhecimento Básico para todos os Cargos – e decodificar).
cespe – 2013) Na redação de uma ata, devem-se relatar Contexto – um texto é constituído por diversas frases.
exaustivamente, com o máximo de detalhamento possí- Em cada uma delas, há uma informação que se liga com
vel, incluindo-se os aspectos subjetivos, as discussões, as a anterior e/ou com a posterior, criando condições para a
propostas, as resoluções e as deliberações ocorridas em estruturação do conteúdo a ser transmitido. A essa interli-
reuniões e eventos que exigem registro. gação dá-se o nome de contexto. O relacionamento entre
as frases é tão grande que, se uma frase for retirada de seu
( ) CERTO ( ) ERRADO contexto original e analisada separadamente, poderá ter
um significado diferente daquele inicial.
Resposta: Errado. Ata é um documento administrativo Intertexto - comumente, os textos apresentam refe-
que tem a finalidade de registrar de modo sucinto a rências diretas ou indiretas a outros autores através de ci-
sequência de eventos de uma reunião ou assembleia de tações. Esse tipo de recurso denomina-se intertexto.
pessoas com um fim específico. É característica da Ata Interpretação de texto - o objetivo da interpretação
apresentar um resumo, cronologicamente disposto, de de um texto é a identificação de sua ideia principal. A par-
modo infalível, de todo o desenrolar da reunião. tir daí, localizam-se as ideias secundárias (ou fundamen-
(Fonte: https://www.10emtudo.com.br/aula/ensino/a_ tações), as argumentações (ou explicações), que levam ao
redacao_oficial_ata/) esclarecimento das questões apresentadas na prova.
LÍNGUA PORTUGUESA

4. (Tribunal de Justiça-se – Técnico Judiciário – cespe Normalmente, em uma prova, o candidato deve:
– 2014) Em toda comunicação oficial, exceto nas direcio-  Identificar os elementos fundamentais de uma ar-
nadas a autoridades estrangeiras, deve-se fazer uso dos gumentação, de um processo, de uma época (nes-
fechos Respeitosamente ou Atenciosamente, de acordo te caso, procuram-se os verbos e os advérbios, os
com as hierarquias do destinatário e do remetente. quais definem o tempo).
 Comparar as relações de semelhança ou de dife-
( ) CERTO ( ) ERRADO renças entre as situações do texto.

12
 Comentar/relacionar o conteúdo apresentado com bém de que os pronomes relativos têm, cada um, valor
uma realidade. semântico, por isso a necessidade de adequação ao an-
 Resumir as ideias centrais e/ou secundárias. tecedente.
 Parafrasear = reescrever o texto com outras pa- Os pronomes relativos são muito importantes na in-
lavras. terpretação de texto, pois seu uso incorreto traz erros de
coesão. Assim sendo, deve-se levar em consideração que
Condições básicas para interpretar existe um pronome relativo adequado a cada circunstân-
cia, a saber:
Fazem-se necessários: conhecimento histórico-literá- que (neutro) - relaciona-se com qualquer anteceden-
rio (escolas e gêneros literários, estrutura do texto), lei- te, mas depende das condições da frase.
tura e prática; conhecimento gramatical, estilístico (qua- qual (neutro) idem ao anterior.
lidades do texto) e semântico; capacidade de observação quem (pessoa)
e de síntese; capacidade de raciocínio. cujo (posse) - antes dele aparece o possuidor e depois
o objeto possuído.
Interpretar/Compreender como (modo)
onde (lugar)
Interpretar significa: quando (tempo)
Explicar, comentar, julgar, tirar conclusões, deduzir. quanto (montante)
Através do texto, infere-se que... Exemplo:
É possível deduzir que... Falou tudo QUANTO queria (correto)
O autor permite concluir que... Falou tudo QUE queria (errado - antes do QUE, deveria
Qual é a intenção do autor ao afirmar que... aparecer o demonstrativo O).
Compreender significa Dicas para melhorar a interpretação de textos
Entendimento, atenção ao que realmente está escrito.
O texto diz que...  Leia todo o texto, procurando ter uma visão ge-
É sugerido pelo autor que... ral do assunto. Se ele for longo, não desista! Há
De acordo com o texto, é correta ou errada a afirmação... muitos candidatos na disputa, portanto, quanto
O narrador afirma... mais informação você absorver com a leitura, mais
chances terá de resolver as questões.
Erros de interpretação  Se encontrar palavras desconhecidas, não inter-
rompa a leitura.
 Extrapolação (“viagem”) = ocorre quando se  Leia o texto, pelo menos, duas vezes – ou quantas
sai do contexto, acrescentando ideias que não forem necessárias.
estão no texto, quer por conhecimento prévio  Procure fazer inferências, deduções (chegar a uma
do tema quer pela imaginação. conclusão).
 Redução = é o oposto da extrapolação. Dá-se  Volte ao texto quantas vezes precisar.
atenção apenas a um aspecto (esquecendo que  Não permita que prevaleçam suas ideias sobre as
um texto é um conjunto de ideias), o que pode do autor.
ser insuficiente para o entendimento do tema  Fragmente o texto (parágrafos, partes) para me-
desenvolvido. lhor compreensão.
 Contradição = às vezes o texto apresenta ideias  Verifique, com atenção e cuidado, o enunciado de
contrárias às do candidato, fazendo-o tirar con- cada questão.
clusões equivocadas e, consequentemente, er-  O autor defende ideias e você deve percebê-las.
rar a questão.  Observe as relações interparágrafos. Um parágra-
fo geralmente mantém com outro uma relação de
Observação: Muitos pensam que existem a ótica do continuação, conclusão ou falsa oposição. Identifi-
escritor e a ótica do leitor. Pode ser que existam, mas em que muito bem essas relações.
uma prova de concurso, o que deve ser levado em consi-  Sublinhe, em cada parágrafo, o tópico frasal, ou
deração é o que o autor diz e nada mais. seja, a ideia mais importante.
 Nos enunciados, grife palavras como “correto”
Coesão e Coerência ou “incorreto”, evitando, assim, uma confusão na
hora da resposta – o que vale não somente para
Coesão - é o emprego de mecanismo de sintaxe que Interpretação de Texto, mas para todas as demais
relaciona palavras, orações, frases e/ou parágrafos entre questões!
LÍNGUA PORTUGUESA

si. Em outras palavras, a coesão dá-se quando, através de  Se o foco do enunciado for o tema ou a ideia prin-
um pronome relativo, uma conjunção (NEXOS), ou um cipal, leia com atenção a introdução e/ou a con-
pronome oblíquo átono, há uma relação correta entre o clusão.
que se vai dizer e o que já foi dito.  Olhe com especial atenção os pronomes relativos,
São muitos os erros de coesão no dia a dia e, entre pronomes pessoais, pronomes demonstrativos,
eles, está o mau uso do pronome relativo e do prono- etc., chamados vocábulos relatores, porque reme-
me oblíquo átono. Este depende da regência do verbo; tem a outros vocábulos do texto.
aquele, do seu antecedente. Não se pode esquecer tam-

13
SITES Uma delas, óbvia, é que a gente nunca para de apren-
Disponível em: <http://www.tudosobreconcursos. der ou de avançar. Intelectualmente e emocionalmente,
com/materiais/portugues/como-interpretar-textos> de um jeito prático ou subjetivo, estamos sempre incor-
Disponível em: <http://portuguesemfoco.com/pf/ porando novidades que nos transformam. Somos gene-
09-dicas-para-melhorar-a-interpretacao-de-textos-em- ticamente elaborados para lidar com o novo, mas não
-provas> só. Também somos profundamente modificados por ele.
Disponível em: <http://www.portuguesnarede. A cada momento da vida, quando achamos que tudo já
com/2014/03/dicas-para-voce-interpretar-melhor-um. aconteceu, novas capacidades irrompem e fazem de nós
html> uma pessoa diferente do que éramos. Uma pessoa capaz
Disponível em: <http://vestibular.uol.com.br/cursi- de boiar é diferente daquelas que afundam como pedras.
nho/questoes/questao-117-portugues.htm> Suspeito que isso tenha importância também para os re-
lacionamentos.
Se a gente não congela ou enferruja – e tem gente que já
está assim aos 30 anos – nosso repertório íntimo tende a
EXERCÍCIOS COMENTADOS se ampliar, a cada ano que passa e a cada nova relação.
Penso em aprender a escutar e a falar, em olhar o outro,
1. (EBSERH – Analista Administrativo – Estatística – em tocar o corpo do outro com propriedade e deixar-se
AOCP-2015) tocar sem susto. Penso em conter a nossa própria frustra-
ção e a nossa fúria, em permitir que o parceiro floresça,
O verão em que aprendi a boiar em dar atenção aos detalhes dele. Penso, sobretudo, em
Quando achamos que tudo já aconteceu, novas ca- conquistar, aos poucos, a ansiedade e insegurança que
pacidades fazem de nós pessoas diferentes do que nos bloqueiam o caminho do prazer, não apenas no sen-
éramos tido sexual. Penso em estar mais tranquilo na companhia
IVAN MARTINS do outro e de si mesmo, no mundo.
Assim como boiar, essas coisas são simples, mas preci-
Sei que a palavra da moda é precocidade, mas eu acre- sam ser aprendidas.
dito em conquistas tardias. Elas têm na minha vida um Estar no interior de uma relação verdadeira é como estar
gosto especial. na água do mar. Às vezes você nada, outras vezes você
Quando aprendi a guiar, aos 34 anos, tudo se transfor- boia, de vez em quando, morto de medo, sente que pode
mou. De repente, ganhei mobilidade e autonomia. A afundar. É uma experiência que exige, ao mesmo tem-
po, relaxamento e atenção, e nem sempre essas coisas
cidade, minha cidade, mudou de tamanho e de fisio-
se combinam. Se a gente se põe muito tenso e cerebral,
nomia. Descer a Avenida Rebouças num táxi, de madru-
a relação perde a espontaneidade. Afunda. Mas, largada
gada, era diferente – e pior – do que descer a mesma
apenas ao sabor das ondas, sem atenção ao equilíbrio, a
avenida com as mãos ao volante, ouvindo rock and roll
relação também naufraga. Há uma ciência sem cálculos
no rádio. Pegar a estrada com os filhos pequenos reve-
que tem de ser assimilada a cada novo amor, por cada
lou-se uma delícia insuspeitada.
um de nós. Ela fornece a combinação exata de atenção e
Talvez porque eu tenha começado tarde, guiar me pare-
relaxamento que permite boiar. Quer dizer, viver de for-
ce, ainda hoje, uma experiência incomum. É um ato que,
ma relaxada e consciente um grande amor.
mesmo repetido de forma diária, nunca se banalizou
Na minha experiência, esse aprendizado não se fez ra-
inteiramente. pidamente. Demorou anos e ainda se faz. Talvez porque
Na véspera do Ano Novo, em Ubatuba, eu fiz outra des- eu seja homem, talvez porque seja obtuso para as coi-
coberta temporã. sas do afeto. Provavelmente, porque sofro das limitações
Depois de décadas de tentativas inúteis e frustrantes, emocionais que muitos sofrem e que tornam as relações
num final de tarde ensolarado eu conquistei o dom afetivas mais tensas e trabalhosas do que deveriam ser.
da flutuação. Nas águas cálidas e translúcidas da praia Sabemos nadar, mas nos custa relaxar e ser felizes nas
Brava, sob o olhar risonho da minha mulher, finalmente águas do amor e do sexo. Nos custa boiar.
consegui boiar. A boa notícia, que eu redescobri na praia, é que tudo se
Não riam, por favor. Vocês que fazem isso desde os oito aprende, mesmo as coisas simples que pareciam impos-
anos, vocês que já enjoaram da ausência de peso e es- síveis.
forço, vocês que não mais se surpreendem com a sen- Enquanto se está vivo e relação existe, há chance de me-
sação de balançar ao ritmo da água – sinto dizer, mas lhorar. Mesmo se ela acabou, é certo que haverá outra
vocês se esqueceram de como tudo isso é bom. no futuro, no qual faremos melhor: com mais calma, com
Nadar é uma forma de sobrepujar a água e impor-se a
LÍNGUA PORTUGUESA

mais prazer, com mais intensidade e menos medo.


ela. Boiar é fazer parte dela – assim como do sol e das O verão, afinal, está apenas começando. Todos os dias se
montanhas ao redor, dos sons que chegam filtrados ao pode tentar boiar.
ouvido submerso, do vento que ergue a onda e lança http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/ivan-mar-
água em nosso rosto. Boiar é ser feliz sem fazer força, e tins/noticia/2014/01/overao-em-que-aprendi-boiar.html
isso, curiosamente, não é fácil.
Essa experiência me sugeriu algumas considerações so-
bre a vida em geral.

14
De acordo com o texto, quando o autor afirma que “To- em ativos móveis ou imóveis e, em casos extremos, em
dos os dias se pode tentar boiar.”, ele refere-se ao fato de estoques crescentes de moeda estrangeira. Para se evitar
esse tipo de distorção, é fundamental a manutenção da
a) haver sempre tempo para aprender, para tentar relaxar credibilidade no sistema financeiro. A experiência brasilei-
e ser feliz nas águas do amor, agindo com mais cal- ra com o Plano Real é singular entre os países que adota-
ma, com mais prazer, com mais intensidade e menos ram políticas de estabilização monetária, uma vez que a
medo. reversão das taxas inflacionárias não resultou na fuga de
b) ser necessário agir com mais cautela nos relaciona- capitais líquidos do sistema financeiro para os ativos reais.
mentos amorosos para que eles não se desfaçam. Pode-se afirmar que a estabilidade do Sistema Financei-
c) haver sempre tempo para aprender a ser mais criterio- ro Nacional é a garantia de sucesso do Plano Real. Não
so com seus relacionamentos, a fim de que eles sejam existe moeda forte sem um sistema bancário igualmente
vividos intensamente. forte. Não é por outra razão que a Lei n.º 4.595/1964, que
d) haver sempre tempo para aprender coisas novas, in- criou o Banco Central do Brasil (BACEN), atribuiu-lhe si-
clusive agir com o raciocínio nas relações amorosas. multaneamente as funções de zelar pela estabilidade da
e) ser necessário aprender nos relacionamentos, porém moeda e pela liquidez e solvência do sistema financeiro.
sempre estando alerta para aquilo de ruim que pode Atuação do Banco Central na sua função de zelar pela
acontecer. estabilidade do Sistema Financeiro Nacional. Internet: <
www.bcb.gov.br > (com adaptações).
Resposta: Letra A. Ao texto: (...) tudo se aprende,
mesmo as coisas simples que pareciam impossíveis. / Conclui-se da leitura do texto que a comparação entre
Enquanto se está vivo e relação existe, há chance de “crise bancária” e “vendaval” embasa-se na impossibilida-
melhorar = sempre há tempo para boiar (aprender). de de se preverem as consequências de ambos os fenô-
Em “a”: haver sempre tempo para aprender, para ten- menos.
tar relaxar e ser feliz nas águas do amor, agindo com
( ) CERTO ( ) ERRADO
mais calma, com mais prazer, com mais intensidade e
menos medo = correta.
Resposta: Certo. Conclui-se da leitura do texto que
Em “b”: ser necessário agir com mais cautela nos rela-
a comparação entre “crise bancária” e “vendaval” em-
cionamentos amorosos para que eles não se desfaçam
basa-se na impossibilidade de se preverem as conse-
= incorreta – o autor propõe viver intensamente.
quências de ambos os fenômenos.
Em “c”: haver sempre tempo para aprender a ser mais
Voltemos ao texto: Uma crise bancária pode ser compa-
criterioso com seus relacionamentos, a fim de que eles
rada a um vendaval. Suas consequências sobre a econo-
sejam vividos intensamente = incorreta – ser menos mia das famílias e das empresas são imprevisíveis.
objetivo nos relacionamentos.
Em “d”: haver sempre tempo para aprender coisas no- 3. (BANPARÁ – ASSISTENTE SOCIAL – FADESP-2018)
vas, inclusive agir com o raciocínio nas relações amo-
rosas = incorreta – ser mais emoção. Lastro e o Sistema Bancário
Em “e”: ser necessário aprender nos relacionamentos,
porém sempre estando alerta para aquilo de ruim que [...]
pode acontecer = incorreta – estar sempre cuidando, Até os anos 60, o papel-moeda e o dinheiro deposita-
não pensando em algo ruim. do nos bancos deviam estar ligados a uma quantidade
de ouro num sistema chamado lastro-ouro. Como esse
2. (BACEN – TÉCNICO – CONHECIMENTOS BÁSICOS – metal é limitado, isso garantia que a produção de dinhei-
ÁREA 1 e 2 – CESPE-2013) ro fosse também limitada. Com o tempo, os banqueiros
se deram conta de que ninguém estava interessado em
Uma crise bancária pode ser comparada a um vendaval. trocar dinheiro por ouro e criaram manobras, como a re-
Suas consequências sobre a economia das famílias e das serva fracional, para emprestar muito mais dinheiro do
empresas são imprevisíveis. Os agentes econômicos rela- que realmente tinham em ouro nos cofres. Nas crises,
cionam-se em suas operações de compra, venda e troca como em 1929, todos queriam sacar dinheiro para pagar
de mercadorias e serviços de modo que cada fato econô- suas contas e os bancos quebravam por falta de fundos,
mico, seja ele de simples circulação, de transformação ou deixando sem nada as pessoas que acreditavam ter suas
de consumo, corresponde à realização de ao menos uma economias seguramente guardadas.
operação de natureza monetária junto a um intermediá- Em 1971, o presidente dos EUA acabou com o padrão-ou-
rio financeiro, em regra, um banco comercial que recebe ro. Desde então, o dinheiro, na forma de cédulas e prin-
um depósito, paga um cheque, desconta um título ou cipalmente de valores em contas bancárias, já não tendo
LÍNGUA PORTUGUESA

antecipa a realização de um crédito futuro. A estabilida- nenhuma riqueza material para representar, é criado a
de do sistema que intermedeia as operações monetárias, partir de empréstimos. Quando alguém vai até o banco
portanto, é fundamental para a própria segurança e esta- e recebe um empréstimo, o valor colocado em sua conta
bilidade das relações entre os agentes econômicos. é gerado naquele instante, criado a partir de uma deci-
A iminência de uma crise bancária é capaz de afetar e são administrativa, e assim entra na economia. Essa ex-
contaminar todo o sistema econômico, fazendo que os plicação permaneceu controversa e escondida por muito
titulares de ativos financeiros fujam do sistema financeiro tempo, mas hoje está clara em um relatório do Bank of
e se refugiem, para preservar o valor do seu patrimônio, England de 2014.

15
Praticamente todo o dinheiro que existe no mundo é Resposta: Letra A.
criado assim, inventado em canetaços a partir da conces- Em “a”, as dívidas dos clientes são o que sustenta os
são de empréstimos. O que torna tudo mais estranho e bancos = correta
perverso é que, sobre esse empréstimo, é cobrada uma Em “b”, todo o dinheiro que os bancos emprestam é ima-
dívida. Então, se eu peço dinheiro ao banco, ele inventa ginário = nem todo
números em uma tabela com meu nome e pede que eu Em “c”, quem pede um empréstimo deve a outros clien-
devolva uma quantidade maior do que essa. Para pagar tes = deve ao banco, este paga/empresta a outros clien-
a dívida, preciso ir até o dito “livre-mercado” e trabalhar, tes
lutar, talvez trapacear, para conseguir o dinheiro que o Em “d”, o pagamento de dívidas depende do “livre-mer-
banco inventou na conta de outras pessoas. Esse é o di- cado” = não só: (...) preciso ir até o dito “livre-mercado” e
nheiro que vai ser usado para pagar a dívida, já que a trabalhar, lutar, talvez trapacear.
única fonte de moeda é o empréstimo bancário. No fim, Em “e”, os bancos confiscam os bens dos clientes endivi-
os bancos acabam com todo o dinheiro que foi inventa- dados = desde que não paguem a dívida
do e ainda confiscam os bens da pessoa endividada cujo
dinheiro tomei. 5. (BANESTES – ANALISTA ECONÔMICO FINANCEIRO
Assim, o sistema monetário atual funciona com uma GESTÃO CONTÁBIL – FGV-2018) Observe a charge abaixo,
moeda que é ao mesmo tempo escassa e abundante. Es- publicada no momento da intervenção nas atividades de
cassa porque só banqueiros podem criá-la, e abundante segurança do Rio de Janeiro, em março de 2018.
porque é gerada pela simples manipulação de bancos de
dados. O resultado é uma acumulação de riqueza e poder
sem precedentes: um mundo onde o patrimônio de 80
pessoas é maior do que o de 3,6 bilhões, e onde o 1%
mais rico tem mais do que os outros 99% juntos.
[...]
Disponível em https://fagulha.org/artigos/inventando-
-dinheiro/
Acessado em 20/03/2018

De acordo com o autor do texto Lastro e o sistema bancá-


rio, a reserva fracional foi criada com o objetivo de

a) tornar ilimitada a produção de dinheiro. Há uma série de informações implícitas na charge; NÃO
b) proteger os bens dos clientes de bancos. pode, no entanto, ser inferida da imagem e das frases a se-
c) impedir que os bancos fossem à falência. guinte informação:
d) permitir o empréstimo de mais dinheiro
e) preservar as economias das pessoas. a) a classe social mais alta está envolvida nos crimes come-
tidos no Rio;
Resposta: Letra D. Ao texto: (...) Com o tempo, os b) a tarefa da investigação criminal não está sendo bem-
banqueiros se deram conta de que ninguém estava in- -feita;
teressado em trocar dinheiro por ouro e criaram mano- c) a linguagem do personagem mostra intimidade com o
bras, como a reserva fracional, para emprestar muito interlocutor;
mais dinheiro do que realmente tinham em ouro nos d) a presença do orelhão indica o atraso do local da charge;
cofres. e) as imagens dos tanques de guerra denunciam a presença
Em “a”, tornar ilimitada a produção de dinheiro = in- do Exército.
correta
Em “b”, proteger os bens dos clientes de bancos = in- Resposta: Letra D.
correta
Em “c”, impedir que os bancos fossem à falência =
incorreta
Em “d”, permitir o empréstimo de mais dinheiro =
correta
Em “e”, preservar as economias das pessoas = incorreta

4. (BANPARÁ – ASSISTENTE SOCIAL – FADESP-2018) A


LÍNGUA PORTUGUESA

leitura do texto permite a compreensão de que

a) as dívidas dos clientes são o que sustenta os bancos. NÃO pode ser inferida da imagem e das frases a seguin-
b) todo o dinheiro que os bancos emprestam é imaginá- te informação:
rio. Em “a”, a classe social mais alta está envolvida nos crimes
c) quem pede um empréstimo deve a outros clientes. cometidos no Rio = inferência correta
d) o pagamento de dívidas depende do “livre-mercado”. Em “b”, a tarefa da investigação criminal não está sendo
e) os bancos confiscam os bens dos clientes endividados. bem-feita = inferência correta

16
Em “c”, a linguagem do personagem mostra intimida- 7. (Câmara de Salvador-BA – Assistente Legislativo
de com o interlocutor = inferência correta Municipal – FGV-2018-adaptada) “Hoje, esse termo
Em “d”, a presença do orelhão indica o atraso do local denota, além da agressão física, diversos tipos de impo-
da charge = incorreta sição sobre a vida civil, como a repressão política, familiar
Em “e”, as imagens dos tanques de guerra denunciam ou de gênero, ou a censura da fala e do pensamento de
a presença do Exército = inferência correta determinados indivíduos e, ainda, o desgaste causado
pelas condições de trabalho e condições econômicas”. A
6. (CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – NÍVEL SUPERIOR – manchete jornalística abaixo que NÃO se enquadra em
CONHECIMENTOS BÁSICOS – CESPE-2014) nenhum tipo de violência citado nesse segmento é:

As primeiras moedas, peças representando valores, ge- a) Presa por mensagem racista na internet;
ralmente em metal, surgiram na Lídia (atual Turquia), no b) Vinte pessoas são vítimas da ditadura venezuelana;
século VII a.C. As características que se desejava ressaltar c) Apanhou de policiais por destruir caixa eletrônico;
eram transportadas para as peças por meio da panca- d) Homossexuais são perseguidos e presos na Rússia;
da de um objeto pesado, em primitivos cunhos. Com o e) Quatro funcionários ficaram livres do trabalho escravo.
surgimento da cunhagem a martelo e o uso de metais
nobres, como o ouro e a prata, os signos monetários Resposta: Letra C. Em “a”: Presa por mensagem ra-
passaram a ser valorizados também pela nobreza dos cista na internet = como a repressão política, familiar
metais neles empregados. ou de gênero
Embora a evolução dos tempos tenha levado à substi- Em “b”: Vinte pessoas são vítimas da ditadura vene-
tuição do ouro e da prata por metais menos raros ou zuelana = como a repressão política, familiar ou de gê-
suas ligas, preservou-se, com o passar dos séculos, a nero
associação dos atributos de beleza e expressão cultural Em “c”: Apanhou de policiais por destruir caixa eletrô-
ao valor monetário das moedas, que quase sempre, na nico = não consta na Manchete acima
atualidade, apresentam figuras representativas da histó- Em “d”: Homossexuais são perseguidos e presos na
ria, da cultura, das riquezas e do poder das sociedades. Rússia = como a repressão política, familiar ou de gê-
A necessidade de guardar as moedas em segurança le- nero
Em “e”: Quatro funcionários ficaram livres do trabalho
vou ao surgimento dos bancos. Os negociantes de ouro
escravo = o desgaste causado pelas condições de tra-
e prata, por terem cofres e guardas a seu serviço, pas-
balho
saram a aceitar a responsabilidade de cuidar do dinhei-
ro de seus clientes e a dar recibos escritos das quantias
guardadas. Esses recibos passaram, com o tempo, a ser-
8. (MPE-AL – ANALISTA DO MINISTÉRIO PÚBLICO –
vir como meio de pagamento por seus possuidores, por
ÁREA JURÍDICA – FGV-2018)
ser mais seguro portá-los do que portar dinheiro vivo.
Assim surgiram as primeiras cédulas de “papel moeda”, Oportunismo à Direita e à Esquerda
ou cédulas de banco; concomitantemente ao surgimen-
to das cédulas, a guarda dos valores em espécie dava Numa democracia, é livre a expressão, estão garantidos
origem a instituições bancárias. o direito de reunião e de greve, entre outros, obedecidas
Casa da Moeda do Brasil: 290 anos de História, leis e regras, lastreadas na Constituição. Em um regime
1694/1984. de liberdades, há sempre o risco de excessos, a serem de-
vidamente contidos e seus responsáveis, punidos, con-
Depreende-se do texto que duas características das forme estabelecido na legislação.
moedas se mantiveram ao longo do tempo: a veiculação É o que precisa acontecer no rescaldo da greve dos cami-
de formas em sua superfície e a associação de seu valor nhoneiros, concluídas as investigações, por exemplo, da
monetário a atributos como beleza. ajuda ilegal de patrões ao movimento, interessados em
se beneficiar do barateamento do combustível.
( ) CERTO ( ) ERRADO Sempre há, também, o oportunismo político-ideológico
para se aproveitar da crise. Inclusive, neste ano de elei-
Resposta: Errado. Depreende-se do texto que duas ção, com o objetivo de obter apoio a candidatos. Não
características das moedas se mantiveram ao longo faltam, também, os arautos do quanto pior, melhor, para
do tempo: a veiculação de formas em sua superfície e desgastar governantes e reforçar seus projetos de po-
a associação de seu valor monetário a atributos como der, por mais delirantes que sejam. Também aqui vale o
beleza = errado (é o inverso). que está delimitado pelo estado democrático de direito,
Texto: (...) a associação dos atributos de beleza e ex- defendido pelos diversos instrumentos institucionais de
LÍNGUA PORTUGUESA

pressão cultural ao valor monetário das moedas, que que conta o Estado – Polícia, Justiça, Ministério Público,
quase sempre, na atualidade, apresentam figuras re- Forças Armadas etc.
presentativas da história, da cultura, das riquezas e do A greve atravessou vários sinais ao estrangular as vias de
poder das sociedades. suprimento que mantêm o sistema produtivo funcionan-
do, do qual depende a sobrevivência física da população.
Isso não pode ser esquecido e serve de alerta para que as
autoridades desenvolvam planos de contingência.
O Globo, 31/05/2018.

17
“É o que precisa acontecer no rescaldo da greve dos ca- Uma cultura de paz exige esforço para modificar o pen-
minhoneiros, concluídas as investigações, por exemplo, samento e a ação das pessoas para que se promova a
da ajuda ilegal de patrões ao movimento, interessados paz. Falar de violência e de como ela nos assola deixa
em se beneficiar do barateamento do combustível.” Se- de ser, então, a temática principal. Não que ela vá ser
gundo esse parágrafo do texto, o que “precisa aconte- esquecida ou abafada; ela pertence ao nosso dia a dia e
cer” é temos consciência disso. Porém, o sentido do discurso, a
ideologia que o alimenta, precisa impregná-lo de pala-
a) manter-se o direito de livre expressão do pensamento. vras e conceitos que anunciem os valores humanos que
b) garantir-se o direito de reunião e de greve. decantam a paz, que lhe proclamam e promovem. A vio-
c) lastrear leis e regras na Constituição. lência já é bastante denunciada, e quanto mais falamos
d) punirem-se os responsáveis por excessos. dela, mais lembramos de sua existência em nosso meio
e) concluírem-se as investigações sobre a greve. social. É hora de começarmos a convocar a presença da
paz em nós, entre nós, entre nações, entre povos.
Resposta: Letra D. Em “a”: manter-se o direito de livre Um dos primeiros passos nesse sentido refere-se à ges-
expressão do pensamento. = incorreto tão de conflitos. Ou seja, prevenir os conflitos potencial-
Em “b”: garantir-se o direito de reunião e de greve. = mente violentos e reconstruir a paz e a confiança en-
incorreto tre pessoas originárias de situação de guerra é um dos
Em “c”: lastrear leis e regras na Constituição. = incor- exemplos mais comuns a serem considerados. Tal mis-
reto são estende-se às escolas, instituições públicas e outros
Em “d”: punirem-se os responsáveis por excessos. locais de trabalho por todo o mundo, bem como aos
Em “e”: concluírem-se as investigações sobre a greve. parlamentos e centros de comunicação e associações.
= incorreto Outro passo é tentar erradicar a pobreza e reduzir as de-
Ao texto: (...) há sempre o risco de excessos, a se- sigualdades, lutando para atingir um desenvolvimento
rem devidamente contidos e seus responsáveis, pu- sustentado e o respeito pelos direitos humanos, refor-
nidos, conforme estabelecido na legislação. / É o que çando as instituições democráticas, promovendo a liber-
precisa acontecer... = precisa acontecer a punição dos dade de expressão, preservando a diversidade cultural e
excessos.
o ambiente.
É, então, no entrelaçamento “paz — desenvolvimento —
direitos humanos — democracia” que podemos vislum-
brar a educação para a paz.
9. (PC-MA – DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL – CES-
Leila Dupret. Cultura de paz e ações sócio-educativas:
PE-2018)
desafios para a escola contemporânea. In: Psicol. Esc.
Educ. (Impr.) v. 6, n.º 1. Campinas, jun./2002 (com adap-
Texto CG1A1AAA
tações).
A paz não pode ser garantida apenas pelos acordos
políticos, econômicos ou militares. Cada um de nós, in- De acordo com o texto CG1A1AAA, os elementos “ges-
dependentemente de idade, sexo, estrato social, crença tão de conflitos” e “erradicar a pobreza” devem ser con-
religiosa etc. é chamado à criação de um mundo paci- cebidos como
ficado, um mundo sob a égide de uma cultura da paz.
Mas, o que significa “cultura da paz”? a) obstáculos para a construção da cultura da paz.
Construir uma cultura da paz envolve dotar as crianças b) dispensáveis para a construção da cultura da paz.
e os adultos da compreensão de princípios como liber- c) irrelevantes na construção da cultura da paz.
dade, justiça, democracia, direitos humanos, tolerância, d) etapas para a construção da cultura da paz.
igualdade e solidariedade. Implica uma rejeição, indivi- e) consequências da construção da cultura da paz.
dual e coletiva, da violência que tem sido percebida na
sociedade, em seus mais variados contextos. A cultura da Resposta: Letra D. Em “a”: obstáculos para a constru-
paz tem de procurar soluções que advenham de dentro ção da cultura da paz. = incorreto
da(s) sociedade(s), que não sejam impostas do exterior. Em “b”: dispensáveis para a construção da cultura da
Cabe ressaltar que o conceito de paz pode ser abordado paz. = incorreto
em sentido negativo, quando se traduz em um estado Em “c”: irrelevantes na construção da cultura da paz.
de não guerra, em ausência de conflito, em passividade = incorreto
e permissividade, sem dinamismo próprio; em síntese, Em “d”: etapas para a construção da cultura da paz.
Em “e”: consequências da construção da cultura da
LÍNGUA PORTUGUESA

condenada a um vazio, a uma não existência palpável,


difícil de se concretizar e de se precisar. Em sua concep- paz. = incorreto
ção positiva, a paz não é o contrário da guerra, mas a Ao texto: Um dos primeiros passos nesse sentido refe-
prática da não violência para resolver conflitos, a prática re-se à gestão de conflitos. (...) Outro passo é tentar er-
do diálogo na relação entre pessoas, a postura democrá- radicar a pobreza e reduzir as desigualdades = etapas
tica frente à vida, que pressupõe a dinâmica da coope- para construção da paz.
ração planejada e o movimento constante da instalação
de justiça.

18
10. (PC-SP - PAPILOSCOPISTA POLICIAL – VUNESP-2013) Leia o cartum de Jean Galvão

(https://www.facebook.com/jeangalvao.cartunista)

Considerando a relação entre a fala do personagem e a imagem visual, pode-se concluir que o que o leva a pular a
onda é a necessidade de

a) demonstrar respeito às religiões.


b) realizar um ritual místico.
c) divertir-se com os amigos.
d) preservar uma tradição familiar.
e) esquivar-se da sujeira da água.

Resposta: Letra E. Em “a”: demonstrar respeito às religiões. = incorreto


Em “b”: realizar um ritual místico. = incorreto
Em “c”: divertir-se com os amigos. = incorreto
Em “d”: preservar uma tradição familiar. = incorreto
Em “e”: esquivar-se da sujeira da água.
O personagem pula a onda para que não seja atingido pelo lixo que se encontra no mar.

11. (PM-SP - SARGENTO DA POLÍCIA MILITAR – VUNESP-2015) Leia a tira.

(Folha de S.Paulo, 02.10.2015. Adaptado)

Com sua fala, a personagem revela que

a) a violência era comum no passado.


b) as pessoas lutam contra a violência.
c) a violência está banalizada.
LÍNGUA PORTUGUESA

d) o preço que pagou pela violência foi alto.

Resposta: Letra C. Em “a”: a violência era comum no passado. = incorreto


Em “b”: as pessoas lutam contra a violência. = incorreto
Em “c”: a violência está banalizada.
Em “d”: o preço que pagou pela violência foi alto. = incorreto
Infelizmente, a personagem revela que a violência está banalizada, nem há mais “punições” para os agressivos.

19
12. (PM-SP - ASPIRANTE DA POLÍCIA MILITAR [INTE- termina o expediente. Pode parecer piada, mas há até
RIOR] – VUNESP-2017) Leia a charge. boatos sobre quadrilhas de roubo de figurinha espalha-
dos por mensagens de celular.
Sobre a estrutura do título dado ao texto 1, a afirmativa
adequada é:

a) as figurinhas da Copa passaram a ocupar o lugar do


celular e da carteira nos roubos urbanos;
b) as figurinhas da Copa se somaram ao celular e à car-
teira como alvo de desejo dos assaltantes;
c) o alerta dado no título se dirige aos jornaleiros que
vendem as figurinhas da Copa;
d) os ladrões passaram a roubar as figurinhas da Copa
(Pancho. www.gazetadopovo.com.br) nas bancas de jornais;
e) as figurinhas da Copa se transformaram no alvo prin-
É correto associar o humor da charge ao fato de que cipal dos ladrões.
a) os personagens têm uma autoestima elevada e são Resposta: Letra B. Em “a”: as figurinhas da Copa
otimistas, mesmo vivendo em uma situação de com- passaram a ocupar o lugar do celular e da carteira nos
pleto confinamento. roubos urbanos; = incorreto
b) os dois personagens estão muito bem informados so- Em “b”: as figurinhas da Copa se somaram ao celular e
bre a economia, o que não condiz com a imagem de à carteira como alvo de desejo dos assaltantes;
criminosos. Em “c”: o alerta dado no título se dirige aos jornaleiros
c) o valor dos cosméticos afetará diretamente a vida dos que vendem as figurinhas da Copa; = incorreto
personagens, pois eles demonstram preocupação
Em “d”: os ladrões passaram a roubar as figurinhas da
com a aparência.
Copa nas bancas de jornais; = incorreto
d) o aumento dos preços de cosméticos não surpreende
Em “e”: as figurinhas da Copa se transformaram no
os personagens, que estão acostumados a pagar caro
alvo principal dos ladrões. = incorreto
por eles nos presídios.
O título do texto já nos dá a resposta: além do celular
e) os preços de cosméticos não deveriam ser relevantes
e da carteira, ou seja, as figurinhas da Copa também
para os personagens, dada a condição em que se en-
passaram a ser alvo dos assaltantes.
contram.

Resposta: Letra E. Em “a”: os personagens têm uma 14. (TJ-AL – ANALISTA JUDICIÁRIO – OFICIAL DE JUS-
autoestima elevada e são otimistas, mesmo vivendo TIÇA AVALIADOR – FGV-2018)
em uma situação de completo confinamento. = incor-
reto
Em “b”: os dois personagens estão muito bem infor-
mados sobre a economia, o que não condiz com a
imagem de criminosos. = incorreto
Em “c”: o valor dos cosméticos afetará diretamente a
vida dos personagens, pois eles demonstram preocu-
pação com a aparência. = incorreto
Em “d”: o aumento dos preços de cosméticos não sur-
preende os personagens, que estão acostumados a
pagar caro por eles nos presídios. = incorreto
Em “e”: os preços de cosméticos não deveriam ser
relevantes para os personagens, dada a condição em
que se encontram.
Pela condição em que as personagens se encontram, o
aumento no preço dos cosméticos não os afeta.

13. (TJ-AL – ANALISTA JUDICIÁRIO – OFICIAL DE JUS-


TIÇA AVALIADOR – FGV-2018)
O humor da tira é conseguido através de uma quebra de
LÍNGUA PORTUGUESA

Texto 1 – Além do celular e da carteira, cuidado com expectativa, que é:


as figurinhas da Copa
Gilberto Porcidônio – O Globo, 12/04/2018 a) o fato de um adulto colecionar figurinhas;
b) as figurinhas serem de temas sociais e não esportivos;
A febre do troca-troca de figurinhas pode estar atingindo c) a falta de muitas figurinhas no álbum;
uma temperatura muito alta. Preocupados que os mais d) a reclamação ser apresentada pelo pai e não pelo filho;
afoitos pelos cromos possam até roubá-los, muitos jor- e) uma criança ajudar a um adulto e não o contrário.
naleiros estão levando seus estoques para casa quando

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Resposta: Letra B. Em “a”: o fato de um adulto cole- Resposta: Letra A. Em “a”: a criação de uma depen-
cionar figurinhas; = incorreto dência tecnológica excessiva;
Em “b”: as figurinhas serem de temas sociais e não Em “b”: a falta de exercícios físicos nas crianças; = in-
esportivos; correto
Em “c”: a falta de muitas figurinhas no álbum; = incorreto Em “c”: o risco de contatos perigosos; = incorreto
Em “d”: a reclamação ser apresentada pelo pai e não Em “d”: o abandono dos estudos regulares; = incorreto
pelo filho; = incorreto Em “e”: a falta de contato entre membros da família. =
Em “e”: uma criança ajudar a um adulto e não o con- incorreto
trário. = incorreto Através da fala do garoto chegamos à resposta: de-
O humor está no fato de o álbum ser sobre um tema pendência tecnológica - expressa em sua fala.
incomum: assuntos sociais.
Resposta: Letra D. Em “a”: ter alcançado o céu após
15. (TJ-AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FGV-2018) Obser- sua morte; = incorreto
ve a charge abaixo. Em “b”: mostrar determinação no combate à doença;
= incorreto
Em “c”: ser comparado a cientistas famosos; = incor-
reto
Em “d”: ser reconhecido como uma mente brilhante;
Em “e”: localizar seus interesses nos estudos de Física.
= incorreto
Usemos a fala de Einstein: “a mente brilhante que es-
távamos esperando”.

17. (TJ-PE – ANALISTA JUDICIÁRIO – FUNÇÃO ADMI-


NISTRATIVA – IBFC-2017)

Texto II

No caso da charge, a crítica feita à internet é:

a) a criação de uma dependência tecnológica excessiva;


b) a falta de exercícios físicos nas crianças;
c) o risco de contatos perigosos;
d) o abandono dos estudos regulares;
e) a falta de contato entre membros da família.

16. (TJ-SC – ANALISTA ADMINISTRATIVO – FGV- A observação dos elementos não verbais do texto é res-
2018) Observe a charge a seguir: ponsável pelo entendimento do humor sugerido. Nesse
sentido, a evolução do homem e do computador, através
de tais elementos, deve ser entendida como:

a) complementar.
b) semelhante.
c) conflitante.
d) antitética.
e) idealizada.

Resposta: Letra D. As imagens mostram um con-


traste entre o desenvolvimento do computador e do
homem; enquanto aquele vai se tornando mais “fino,
elegante”, este fica sedentário, engorda. A palavra “an-
titética” significa “oposta, oposição”.

A charge acima é uma homenagem a Stephen Hawking,


LÍNGUA PORTUGUESA

destacando o fato de o cientista:

a) ter alcançado o céu após sua morte;


b) mostrar determinação no combate à doença;
c) ser comparado a cientistas famosos;
d) ser reconhecido como uma mente brilhante;
e) localizar seus interesses nos estudos de Física.

21
18. (TRF-2.ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA A linguagem pode ser não verbal, ao contrário da ver-
ADMINISTRATIVA – CONSULPLAN-2017) bal, não utiliza vocábulo, palavras para se comunicar. O
objetivo, neste caso, não é de expor verbalmente o que
se quer dizer ou o que se está pensando, mas se utilizar
de outros meios comunicativos, como: placas, figuras,
gestos, objetos, cores, ou seja, dos signos visuais.
Vejamos: um texto narrativo, uma carta, o diálogo,
uma entrevista, uma reportagem no jornal escrito ou tele-
visionado, um bilhete? = Linguagem verbal!
Agora: o semáforo, o apito do juiz numa partida de
futebol, o cartão vermelho, o cartão amarelo, uma dança,
o aviso de “não fume” ou de “silêncio”, o bocejo, a identi-
ficação de “feminino” e “masculino” através de figuras na
porta do banheiro, as placas de trânsito? = Linguagem
não verbal!
A produção da obra acima, Os Retirantes (1944), foi rea-
A linguagem pode ser ainda verbal e não verbal ao
lizada seis anos depois da publicação do romance Vidas mesmo tempo, como nos casos das charges, cartoons e
Secas. Nessa obra, ao abordar a miséria e a seca clara- anúncios publicitários.
mente vistas através da representação de uma família de Alguns exemplos:
retirantes, Cândido Portinari Cartão vermelho – denúncia de falta grave no futebol.
Placas de trânsito.
a) apresenta uma temática, assim como a descrição dos Imagem indicativa de “silêncio”.
personagens e do ambiente, de forma sutil e dinâmica. Semáforo com sinal amarelo advertindo “atenção”.
b) permite visualizar a degradação da figura humana e
o retrato da figura da morte afugentada pelos perso- SITE
nagens. Disponível em: <http://www.brasilescola.com/reda-
c) apresenta elementos físicos presentes no cotidiano cao/linguagem.htm>
dos retirantes vítimas da seca e aspectos relacionados
à desigualdade social. A Linguagem Literária e a não Literária
d) utiliza a linguagem não verbal com o objetivo de cons-
truir uma imagem cuja ênfase mística se opõe aos fa- A linguagem literária é bem diferente da linguagem
tos da realidade observável. não literária. A linguagem literária é bela, emotiva, senti-
mental, trazendo as figuras de linguagem como a metá-
Resposta: Letra C. Em “a”: apresenta uma temática, fora, a metonímia, a inversão, etc. Apresenta o fantástico
assim como a descrição dos personagens e do am- que precisa ser descoberto através de uma leitura atenta.
biente, de forma sutil e dinâmica. A linguagem não literária é própria para a transmissão
Em “b”: permite visualizar a degradação da figura hu- do conhecimento, da informação, no âmbito das neces-
mana e o retrato da figura da morte afugentada pelos sidades da comunicação social. É a língua na sua função
personagens. pragmática, empregada pela ciência, pela técnica, pelo
Em “c”: apresenta elementos físicos presentes no co- jornalismo, pela conversação entre os falantes.
Podemos estabelecer o seguinte confronto entre as
tidiano dos retirantes vítimas da seca e aspectos rela-
duas formas:
cionados à desigualdade social.
Em “d”: utiliza a linguagem não verbal com o objetivo
Linguagem Literária Linguagem não Literária
de construir uma imagem cuja ênfase mística se opõe Intralinguística Extralinguística
aos fatos da realidade observável. ambígua clara/exata
A obra retrata, de forma nada sutil, os elementos físi- conotação denotação
cos de uma família vítima da seca. sugestão precisão
transfiguração da realidade realidade
Linguagem Verbal e Não Verbal subjetiva objetiva
ordem inversa ordem direta
O que é linguagem? É o uso da língua como forma de
expressão e comunicação entre as pessoas. A linguagem Intertextualidade
não é somente um conjunto de palavras faladas ou es-
LÍNGUA PORTUGUESA

critas, mas também de gestos e imagens. Afinal, não nos Intertextualidade acontece quando há uma referên-
comunicamos apenas pela fala ou escrita, não é verdade? cia explícita ou implícita de um texto em outro. Também
Então, a linguagem pode ser verbalizada, e daí vem pode ocorrer com outras formas além do texto, música,
a analogia ao verbo. Você já tentou se pronunciar sem pintura, filme, novela etc. Toda vez que uma obra fizer
utilizar o verbo? Se não, tente, e verá que é impossível se alusão à outra ocorre a intertextualidade.
ter algo fundamentado e coerente! Assim, a linguagem Apresenta-se explicitamente quando o autor informa
verbal é a que utiliza palavras quando se fala ou quando o objeto de sua citação. Num texto científico, por exem-
se escreve. plo, o autor do texto citado é indicado; já na forma im-

22
plícita, a indicação é oculta. Por isso é importante para o Texto Original
leitor o conhecimento de mundo, um saber prévio, para
reconhecer e identificar quando há um diálogo entre os Minha terra tem palmeiras
textos. A intertextualidade pode ocorrer afirmando as Onde canta o sabiá,
mesmas ideias da obra citada ou contestando-as. Há As aves que aqui gorjeiam
duas formas: a Paráfrase e a Paródia. Não gorjeiam como lá.
(Gonçalves Dias, “Canção do exílio”).
Paráfrase
Paródia
Na paráfrase as palavras são mudadas, porém a ideia
do texto é confirmada pelo novo texto, a alusão ocorre Minha terra tem palmares
para atualizar, reafirmar os sentidos ou alguns sentidos onde gorjeia o mar
do texto citado. É dizer com outras palavras o que já os passarinhos daqui
foi dito. Temos um exemplo citado por Affonso Romano não cantam como os de lá.
Sant’Anna em seu livro “Paródia, paráfrase & Cia” (p. 23): (Oswald de Andrade, “Canto de regresso à pátria”).

O nome Palmares, escrito com letra minúscula, subs-


Texto Original
titui a palavra palmeiras, há um contexto histórico, social
e racial neste texto, Palmares é o quilombo liderado por
Minha terra tem palmeiras
Zumbi, foi dizimado em 1695, há uma inversão do sen-
Onde canta o sabiá, tido do texto primitivo que foi substituído pela crítica à
As aves que aqui gorjeiam escravidão existente no Brasil.
Não gorjeiam como lá.
(Gonçalves Dias, “Canção do exílio”). Estrutura Textual

Paráfrase Primeiramente, o que nos faz produzir um texto é a


capacidade que temos de pensar. Por meio do pensa-
Meus olhos brasileiros se fecham saudosos mento, elaboramos todas as informações que recebemos
Minha boca procura a ‘Canção do Exílio’. e orientamos as ações que interferem na realidade e or-
Como era mesmo a ‘Canção do Exílio’? ganização de nossos escritos. O que lemos é produto de
Eu tão esquecido de minha terra... um pensamento transformado em texto.
Ai terra que tem palmeiras Logo, como cada um de nós tem seu modo de pen-
Onde canta o sabiá! sar, quando escrevemos sempre procuramos uma manei-
(Carlos Drummond de Andrade, “Europa, França e ra organizada do leitor compreender as nossas ideias. A
Bahia”). finalidade da escrita é direcionar totalmente o que você
Este texto de Gonçalves Dias, “Canção do Exílio”, é quer dizer, por meio da comunicação.
muito utilizado como exemplo de paráfrase e de paró- Para isso, os elementos que compõem o texto se sub-
dia. Aqui o poeta Carlos Drummond de Andrade retoma dividem em: introdução, desenvolvimento e conclusão. To-
o texto primitivo conservando suas ideias, não há mu- dos eles devem ser organizados de maneira equilibrada.
dança do sentido principal do texto, que é a saudade da
terra natal. Introdução

Paródia Caracterizada pela entrada no assunto e a argumen-


tação inicial. A ideia central do texto é apresentada nessa
etapa. Essa apresentação deve ser direta, sem rodeios.
A paródia é uma forma de contestar ou ridicularizar
O seu tamanho raramente excede a 1/5 de todo o tex-
outros textos, há uma ruptura com as ideologias impos-
to. Porém, em textos mais curtos, essa proporção não é
tas e por isso é objeto de interesse para os estudiosos
equivalente. Neles, a introdução pode ser o próprio tí-
da língua e das artes. Ocorre, aqui, um choque de inter-
tulo. Já nos textos mais longos, em que o assunto é ex-
pretação, a voz do texto original é retomada para trans- posto em várias páginas, ela pode ter o tamanho de um
formar seu sentido, leva o leitor a uma reflexão crítica de capítulo ou de uma parte precedida por subtítulo. Nessa
suas verdades incontestadas anteriormente. Com esse situação, pode ter vários parágrafos. Em redações mais
processo há uma indagação sobre os dogmas estabele- comuns, que em média têm de 25 a 80 linhas, a introdu-
cidos e uma busca pela verdade real, concebida através ção será o primeiro parágrafo.
do raciocínio e da crítica. Os programas humorísticos
LÍNGUA PORTUGUESA

fazem uso contínuo dessa arte. Frequentemente os dis- Desenvolvimento


cursos de políticos são abordados de maneira cômica
e contestadora, provocando risos e também reflexão a A maior parte do texto está inserida no desenvolvi-
respeito da demagogia praticada pela classe dominante. mento, que é responsável por estabelecer uma ligação
Com o mesmo texto utilizado anteriormente, teremos, entre a introdução e a conclusão. É nessa etapa que são
agora, uma paródia. elaboradas as ideias, os dados e os argumentos que sus-
tentam e dão base às explicações e posições do autor. É

23
caracterizado por uma “ponte” formada pela organização Em relação à abertura para novas discussões, a con-
das ideias em uma sequência que permite formar uma clusão não pode ter esse formato, exceto pelos seguin-
relação equilibrada entre os dois lados. tes fatores:
O autor do texto revela sua capacidade de discutir um  Para não influenciar a conclusão do leitor sobre
determinado tema no desenvolvimento, e é através des- temas polêmicos, o autor deixa a conclusão em
se que o autor mostra sua capacidade de defender seus aberto.
pontos de vista, além de dirigir a atenção do leitor para  Para estimular o leitor a ler uma possível continui-
a conclusão. As conclusões são fundamentadas a partir dade do texto, o autor não fecha a discussão de
daqui. propósito.
Para que o desenvolvimento cumpra seu objetivo, o  Por apenas apresentar dados e informações sobre
escritor já deve ter uma ideia clara de como será a con- o tema a ser desenvolvido, o autor não deseja con-
clusão. Daí a importância em planejar o texto. cluir o assunto.
Em média, o desenvolvimento ocupa 3/5 do texto, no  Para que o leitor tire suas próprias conclusões, o
mínimo. Já nos textos mais longos, pode estar inserido autor enumera algumas perguntas no final do texto.
em capítulos ou trechos destacados por subtítulos. Apre-
A maioria dessas falhas pode ser evitada se antes o
sentar-se-á no formato de parágrafos medianos e curtos.
autor fizer um esboço de todas as suas ideias. Essa técni-
Os principais erros cometidos no desenvolvimento
ca é um roteiro, em que estão presentes os planejamen-
são o desvio e a desconexão da argumentação. O primei-
tos. Naquele devem estar indicadas as melhores sequên-
ro está relacionado ao autor tomar um argumento se-
cias a serem utilizadas na redação; ele deve ser o mais
cundário que se distancia da discussão inicial, ou quando enxuto possível.
se concentra em apenas um aspecto do tema e esquece
o seu todo. O segundo caso acontece quando quem re- SITE
dige tem muitas ideias ou informações sobre o que está Disponível em:
sendo discutido, não conseguindo estruturá-las. Surge <http://producao-de-textos.info/mos/view/Carac-
também a dificuldade de organizar seus pensamentos e ter%C3%ADsticas_e_Estruturas_do_Texto/>
definir uma linha lógica de raciocínio.
Coesão e Coerência
Conclusão
Na construção de um texto, assim como na fala, usa-
Considerada como a parte mais importante do texto, mos mecanismos para garantir ao interlocutor a com-
é o ponto de chegada de todas as argumentações ela- preensão do que é dito, ou lido. Estes mecanismos lin-
boradas. As ideias e os dados utilizados convergem para guísticos que estabelecem a coesão e retomada do que
essa parte, em que a exposição ou discussão se fecha. foi escrito - ou falado - são os referentes textuais, que
Em uma estrutura normal, ela não deve deixar uma buscam garantir a coesão textual para que haja coerên-
brecha para uma possível continuidade do assunto; ou cia, não só entre os elementos que compõem a oração,
seja, possui atributos de síntese. A discussão não deve como também entre a sequência de orações dentro do
ser encerrada com argumentos repetitivos, como por texto. Essa coesão também pode muitas vezes se dar de
exemplo: “Portanto, como já dissemos antes...”, “Con- modo implícito, baseado em conhecimentos anteriores
cluindo...”, “Em conclusão...”. que os participantes do processo têm com o tema.
Sua proporção em relação à totalidade do texto deve Numa linguagem figurada, a coesão é uma linha ima-
ser equivalente ao da introdução: de 1/5. Essa é uma das ginária - composta de termos e expressões - que une
características de textos bem redigidos. os diversos elementos do texto e busca estabelecer rela-
ções de sentido entre eles. Dessa forma, com o emprego
Os seguintes erros aparecem quando as conclusões
de diferentes procedimentos, sejam lexicais (repetição,
ficam muito longas:
substituição, associação), sejam gramaticais (emprego de
 O problema aparece quando não ocorre uma ex-
pronomes, conjunções, numerais, elipses), constroem-se
ploração devida do desenvolvimento, o que gera
frases, orações, períodos, que irão apresentar o contexto
uma invasão das ideias de desenvolvimento na – decorre daí a coerência textual.
conclusão. Um texto incoerente é o que carece de sentido ou o
 Outro fator consequente da insuficiência de fun- apresenta de forma contraditória. Muitas vezes essa in-
damentação do desenvolvimento está na conclu- coerência é resultado do mau uso dos elementos de coe-
são precisar de maiores explicações, ficando bas- são textual. Na organização de períodos e de parágra-
tante vazia. fos, um erro no emprego dos mecanismos gramaticais e
 Enrolar e “encher linguiça” são muito comuns no lexicais prejudica o entendimento do texto. Construído
LÍNGUA PORTUGUESA

texto em que o autor fica girando em torno de com os elementos corretos, confere-se a ele uma unida-
ideias redundantes ou paralelas. de formal.
 Uso de frases vazias que, por vezes, são perfeita- Nas palavras do mestre Evanildo Bechara, “o enun-
mente dispensáveis. ciado não se constrói com um amontoado de palavras e
 Quando não tem clareza de qual é a melhor con- orações. Elas se organizam segundo princípios gerais de
clusão, o autor acaba se perdendo na argumenta- dependência e independência sintática e semântica, reco-
ção final. bertos por unidades melódicas e rítmicas que sedimentam
estes princípios”.

24
Não se deve escrever frases ou textos desconexos – bem como os advérbios de tempo, referenciam o momento
é imprescindível que haja uma unidade, ou seja, que as da enunciação, podendo indicar simultaneidade, anteriori-
frases estejam coesas e coerentes formando o texto. Re- dade ou posterioridade. Assim: este, agora, hoje, neste mo-
lembre-se de que, por coesão, entende-se ligação, rela- mento (presente); ultimamente, recentemente, ontem, há
ção, nexo entre os elementos que compõem a estrutura alguns dias, antes de (pretérito); de agora em diante, no
textual. próximo ano, depois de (futuro).”

Formas de se garantir a coesão entre os elementos de A coerência de um texto está ligada:


uma frase ou de um texto 1. à sua organização como um todo, em que devem
estar assegurados o início, o meio e o fim;
 Substituição de palavras com o emprego de sinô- 2. à adequação da linguagem ao tipo de texto. Um
nimos - palavras ou expressões do mesmo campo texto técnico, por exemplo, tem a sua coerência
associativo. fundamentada em comprovações, apresentação de
 Nominalização – emprego alternativo entre um estatísticas, relato de experiências; um texto infor-
verbo, o substantivo ou o adjetivo correspondente mativo apresenta coerência se trabalhar com lin-
(desgastar / desgaste / desgastante). guagem objetiva, denotativa; textos poéticos, por
 Emprego adequado de tempos e modos verbais: outro lado, trabalham com a linguagem figurada,
Embora não gostassem de estudar, participaram da livre associação de ideias, palavras conotativas.
aula.
 Emprego adequado de pronomes, conjunções, REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
preposições, artigos: CAMPEDELLI, Samira Yousseff, SOUZA, Jésus Barbosa.
Português – Literatura, Produção de Textos & Gramá-
O papa Francisco visitou o Brasil. Na capital brasileira, tica – volume único – 3.ª ed. – São Paulo: Saraiva, 2002.
Sua Santidade participou de uma reunião com a Presiden-
te Dilma. Ao passar pelas ruas, o papa cumprimentava as
SITE
pessoas. Estas tiveram a certeza de que ele guarda respeito
Disponível em: <http://www.mundovestibular.com.br/
por elas.
articles/2586/1/COESAO-E-COERENCIA-TEXTUAL/Paacu-
 Uso de hipônimos – relação que se estabelece
tegina1.html>
com base na maior especificidade do significado
de um deles. Por exemplo, mesa (mais específico) e
móvel (mais genérico).
 Emprego de hiperônimos - relações de um termo EXERCÍCIOS COMENTADOS
de sentido mais amplo com outros de sentido mais
específico. Por exemplo, felino está numa relação
de hiperonímia com gato. 1. (BANESTES – ANALISTA ECONÔMICO FINANCEIRO
 Substitutos universais, como os verbos vicários. GESTÃO CONTÁBIL – FGV-2018)

Verbo vicário é aquele que substitui outro já utilizado Texto 2


no período, evitando repetições. Geralmente é o verbo
fazer e ser. Exemplo: Não gosto de estudar. Faço porque “A prefeitura da capital italiana anunciou que vai banir a
preciso. O “faço” foi empregado no lugar de “estudo”, evi- circulação de carros a diesel no centro a partir de 2024. O
tando repetição desnecessária. objetivo é reduzir a poluição, que contribui para a erosão
A coesão apoiada na gramática se dá no uso de co- dos monumentos”.
nectivos, como pronomes, advérbios e expressões ad- (Veja, 7/3/2018)
verbiais, conjunções, elipses, entre outros. A elipse jus-
tifica-se quando, ao remeter a um enunciado anterior, A ordem cronológica dos fatos citados no texto 2 é:
a palavra elidida é facilmente identificável (Exemplo.: O
jovem recolheu-se cedo. Sabia que ia necessitar de todas a) redução da poluição / banimento da circulação de car-
as suas forças. O termo o jovem deixa de ser repetido e, ros / erosão dos monumentos;
assim, estabelece a relação entre as duas orações). b) banimento da circulação de carros / erosão dos monu-
mentos / redução da poluição;
Dêiticos são elementos linguísticos que têm a pro- c) erosão dos monumentos / redução da poluição / bani-
priedade de fazer referência ao contexto situacional ou mento da circulação de carros;
ao próprio discurso. Exercem, por excelência, essa fun- d) redução da poluição / erosão dos monumentos / bani-
LÍNGUA PORTUGUESA

ção de progressão textual, dada sua característica: são mento da circulação de carros;
elementos que não significam, apenas indicam, remetem e) erosão dos monumentos / banimento da circulação de
aos componentes da situação comunicativa. carros / redução da poluição.
Já os componentes concentram em si a significação.
Elisa Guimarães ensina-nos a esse respeito: Resposta: Letra E. “A prefeitura da capital italiana
“Os pronomes pessoais e as desinências verbais in- anunciou que vai banir a circulação de carros a diesel
dicam os participantes do ato do discurso. Os pronomes no centro a partir de 2024. O objetivo é reduzir a po-
demonstrativos, certas locuções prepositivas e adverbiais, luição, que contribui para a erosão dos monumentos”.

25
Primeiro ocorreu a erosão dos monumentos (=1) devi- a comprar um novo modelo de smartphone? Por que nos
do à poluição; optou-se pelo banimento da circulação dispomos a pagar cifras astronômicas para comprar apa-
dos carros (=2) para que a poluição diminua (=3), o relhos que não temos sequer certeza de que serão real-
que preservará os monumentos. mente úteis em nossas rotinas?
A teoria de um neurocientista da Universidade de Oxford
2. (BANCO DA AMAZÔNIA – TÉCNICO BANCÁRIO – (Inglaterra) ajuda a explicar essa “corrida desenfreada” por
CESGRANRIO-2018) A ideia a que o pronome destacado novos gadgets. De modo geral, em nosso processo evoluti-
se refere está adequadamente explicitada entre colchetes vo como seres humanos, nosso cérebro aprendeu a suprir
em: necessidades básicas para a sobrevivência e a perpetuação
da espécie, tais como sexo, segurança e status social.
a) “Ela é produzida de forma descentralizada por milhares Nesse sentido, a compra de uma novidade tecnológica
de computadores, mantidos por pessoas que ‘empres- atende a essa última necessidade citada: nós nos senti-
tam’ a capacidade de suas máquinas para criar bitcoins” mos melhores e superiores, ainda que momentaneamen-
[computadores] te, quando surgimos em nossos círculos sociais com um
b) “No processo de nascimento de uma bitcoin, que é cha- produto que quase ninguém ainda possui.
mado de ´mineração´, os computadores conectados à Foi realizado um estudo de mapeamento cerebral que
rede competem entre si” [bitcoin] mostrou que imagens de produtos tecnológicos ativavam
c) “O nível de dificuldade dos desafios é ajustado pela partes do nosso cérebro idênticas às que são ativadas
rede, para que a moeda cresça dentro de uma faixa li- quando uma pessoa muito religiosa se depara com um
mitada, que é de até 21 milhões de unidades” [rede] objeto sagrado. Ou seja, não seria exagero dizer que o ví-
d) “Elas são guardadas em uma espécie de carteira, que é cio em novidades tecnológicas é quase uma religião para
criada quando o usuário se cadastra no software.” [es- os mais entusiastas.
pécie ] O ato de seguir esse impulso cerebral e comprar o mais
e) “Críticos afirmam que a moeda vive uma bolha que em novo lançamento tecnológico dispara em nosso cérebro
algum momento deve estourar.” [bolha] a liberação de um hormônio chamado dopamina, respon-
sável por nos causar sensações de prazer. Ele é liberado
Resposta: Letra E. Em “a”: “Ela é produzida de forma quando nosso cérebro identifica algo que represente uma
descentralizada por milhares de computadores, man- recompensa.
tidos por pessoas que (= as quais – retoma o termo
“pessoas”) O grande problema é que a busca excessiva por recom-
Em “b”: “No processo de nascimento de uma bitcoin, pensas pode resultar em comportamentos impulsivos,
que é chamado de ‘mineração’ (= o qual - retoma o que incluem vícios em jogos, apego excessivo a redes
termo “processo de nascimento”) sociais e até mesmo alcoolismo. No caso do consumo,
Em “c”: “O nível de dificuldade dos desafios é ajustado podemos observar a situação problematizada aqui: gasto
pela rede, para que a moeda cresça dentro de uma faixa excessivo de dinheiro em aparelhos eletrônicos que nem
limitada, que é de até 21 milhões de unidades” = reto- sempre trazem novidade –– as atualizações de modelos
ma o termo “faixa limitada” de smartphones, por exemplo, na maior parte das vezes
Em “d”: “Elas são guardadas em uma espécie de cartei- apresentam poucas mudanças em relação ao modelo
ra, que é criada (= a qual – retoma “carteira”) anterior, considerando-se seu preço elevado. Em outros
Em “e”: “Críticos afirmam que a moeda vive uma bo- casos, gasta-se uma quantia absurda em algum aparelho
lha que (= a qual) em algum momento deve estourar.” novo que não se sabe se terá tanta utilidade prática ou
[bolha] = correta inovadora no cotidiano.
No fim das contas, vale um lembrete que pode ajudar a con-
3. (PETROBRAS – ADMINISTRADOR JÚNIOR – CES- ter os impulsos na hora de comprar um novo smartphone ou
GRANRIO-2018-ADAPTADA) alguma novidade de mercado: compare o efeito momentâ-
neo da dopamina com o impacto de imaginar como ficarão
O vício da tecnologia as faturas do seu cartão de crédito com a nova compra.
O choque ao constatar o rombo em seu orçamento pode
Entusiastas de tecnologia passaram a semana com os ser suficiente para que você decida pensar duas vezes a
olhos voltados para uma exposição de novidades eletrô- respeito da aquisição.
nicas realizada recentemente nos Estados Unidos. Entre as DANA, S. O Globo. Economia. Rio de Janeiro, 16 jan.
inovações, estavam produtos relacionados a experiências 2018. Adaptado.
de realidade virtual e à utilização de inteligência artificial
— que hoje é um dos temas que mais desperta interesse A ideia a que a expressão destacada se refere está explici-
LÍNGUA PORTUGUESA

em profissionais da área, tendo em vista a ampliação do tada adequadamente entre colchetes em:
uso desse tipo de tecnologia nos mais diversos segmen- a) “relacionados a experiências de realidade virtual e à uti-
tos. lização de inteligência artificial — que hoje é um dos
Mais do que prestar atenção às novidades lançadas no temas que mais desperta interesse em profissionais da
evento, vale refletir sobre o motivo que nos leva a uma an- área” [experiências de realidade virtual]
siedade tão grande para consumir produtos que prome- b) “tendo em vista a ampliação do uso desse tipo de tec-
tem inovação tecnológica. Por que tanta gente se dispõe a nologia nos mais diversos segmentos” [inteligência ar-
dormir em filas gigantescas só para ser um dos primeiros tificial]

26
c) “a compra de uma novidade tecnológica atende a essa de vestuários. Fora do comércio, podem exercer as mais
última necessidade citada” [segurança] variadas profissões, como atividades domésticas ou as de
d) “O ato de seguir esse impulso cerebral e comprar o barbeiros e alfaiates. Há, de igual forma, entre os mais
mais novo lançamento tecnológico dispara em nosso afortunados, aqueles ligados à indústria, voltados para
cérebro a liberação de um hormônio chamado dopa- construção civil, o mobiliário, a ourivesaria e o fabrico de
mina” [mapeamento cerebral] bebidas.
e) “Ele é liberado quando nosso cérebro identifica algo A sua distribuição pela cidade, apesar da não formação
que represente uma recompensa.” [impulso cerebral] de guetos, denota uma tendência para a sua concentra-
ção em determinados bairros, escolhidos, muitas das ve-
Resposta: Letra B. Ao texto: zes, pela proximidade da zona de trabalho. No Centro da
Em “a”: “relacionados a experiências de realidade vir- cidade, próximo ao grande comércio, temos um grupo
tual e à utilização de inteligência artificial — que hoje significativo de patrícios e algumas associações de por-
é um dos temas que mais desperta interesse em pro- te, como o Real Gabinete Português de Leitura e o Liceu
fissionais da área” [experiências de realidade virtual] Literário Português. Nos bairros da Cidade Nova, Estácio
Nesse caso, a resposta se encontra na alternativa: in- de Sá, Catumbi e Tijuca, outro ponto de concentração
teligência artificial da colônia, se localizam outras associações portuguesas,
Em “b”: “tendo em vista a ampliação do uso desse tipo como a Casa de Portugal e um grande número de casas
de tecnologia nos mais diversos segmentos” [inteli- regionais. Há, ainda, pequenas concentrações nos bairros
gência artificial] periféricos da cidade, como Jacarepaguá, originalmente
Texto: Entre as inovações, estavam produtos relaciona- formado por quintas de pequenos lavradores; nos subúr-
dos a experiências de realidade virtual e à utilização de bios, como Méier e Engenho Novo; e nas zonas mais pri-
inteligência artificial — que hoje é um dos temas que vilegiadas, como Botafogo e restante da zona sul carioca,
mais desperta interesse em profissionais da área, tendo área nobre da cidade a partir da década de cinquenta,
em vista a ampliação do uso desse tipo de tecnologia preferida pelos mais abastados.
nos mais diversos segmentos.= correta PAULO, Heloísa. Portugueses no Rio de Janeiro: sa-
Em “c”: “a compra de uma novidade tecnológica aten- lazaristas e opositores em manifestação na cidade. In:
de a essa última necessidade citada” [segurança] ALVES, Ida et alii. 450 Anos de Portugueses no Rio de
Janeiro. Rio de Janeiro: Ofi cina Raquel, 2017, pp. 260-1.
Texto: (...) suprir necessidades básicas para a sobrevi- Adaptado.
vência e a perpetuação da espécie, tais como sexo, se-
gurança e status social. / Nesse sentido, a compra de “No Centro da cidade, próximo ao grande comércio, temos
uma novidade tecnológica atende a essa última neces- um grupo significativo de patrícios e algumas associações
sidade citada... = status social de porte”. No trecho acima, a autora usou em itálico a
Em “d”: “O ato de seguir esse impulso cerebral e com- palavra destacada para fazer referência aos
prar o mais novo lançamento tecnológico dispara em
nosso cérebro a liberação de um hormônio chamado a) luso-brasileiros
dopamina” [mapeamento cerebral] b) patriotas da cidade
(...) vício em novidades tecnológicas é quase uma re- c) habitantes da cidade
ligião para os mais entusiastas. / O ato de seguir esse d) imigrantes portugueses
impulso cerebral e comprar e) compatriotas brasileiros
Em “e”: “Ele é liberado quando nosso cérebro identi-
fica algo que represente uma recompensa.” [impulso Resposta; Letra D. Ainda hoje é o utilizado o termo
cerebral] “patrício” para se referir aos portugueses. “Patrício”
(...) a liberação de um hormônio chamado dopamina, significa “da mesma pátria”.
responsável por nos causar sensações de prazer. Ele é
liberado = dopamina 5. (BANESTES – TÉCNICO BANCÁRIO – FGV-2018) To-
das as frases abaixo apresentam elementos sublinhados
4. (PETROBRAS – ENGENHEIRO(A) DE MEIO AMBIEN- que estabelecem coesão com elementos anteriores (aná-
TE JÚNIOR – CESGRANRIO-2018) fora); a frase em que o elemento sublinhado se refere a
um elemento futuro do texto (catáfora) é:
Texto I
a) “A civilização converteu a solidão num dos bens mais
Portugueses no Rio de Janeiro preciosos que a alma humana pode desejar”;
b) “Todo o problema da vida é este: como romper a pró-
LÍNGUA PORTUGUESA

O Rio de Janeiro é o grande centro da imigração por- pria solidão”;


tuguesa até meados dos anos cinquenta do século pas- c) “É sobretudo na solidão que se sente a vantagem de
sado, quando chega a ser a “terceira cidade portuguesa viver com alguém que saiba pensar”;
do mundo”, possuindo 196 mil portugueses — um déci- d) “O homem ama a companhia, mesmo que seja apenas
mo de sua população urbana. Ali, os portugueses dedi- a de uma vela que queima”;
cam-se ao comércio, sobretudo na área dos comestíveis, e) “As pessoas que nunca têm tempo são aquelas que
como os cafés, as panificações, as leitarias, os talhos, produzem menos”.
além de outros ramos, como os das papelarias e lojas

27
Resposta: Letra B. Em “a”: “A civilização converteu a 7. (IBGE – RECENSEADOR – FGV-2017)
solidão num dos bens mais preciosos que a alma hu-
mana pode desejar” = retoma “bens preciosos” Texto 3 – “Silva, Oliveira, Faria, Ferreira... Todo mundo tem
Em “b”: “Todo o problema da vida é este: como romper um sobrenome e temos de agradecer aos romanos por
a própria solidão” = o pronome se refere ao período isso. Foi esse povo, que há mais de dois mil anos ergueu
que virá (= catáfora) um império com a conquista de boa parte das terras ba-
Em “c”: “É sobretudo na solidão que se sente a vanta- nhadas pelo Mediterrâneo, o inventor da moda. Eles tive-
gem de viver com alguém que saiba pensar” = retoma ram a ideia de juntar ao nome comum, ou prenome, um
“solidão” nome.
Em “d”: “O homem ama a companhia, mesmo que seja Por quê? Porque o império romano crescia e eles precisa-
apenas a de uma vela que queima” = retoma “com- vam indicar o clã a que a pessoa pertencia ou o lugar onde
panhia” tinha nascido”. (Ciência Hoje, março de 2014)
Em “e”: “As pessoas que nunca têm tempo são aque-
las que produzem menos” = retoma “pessoas” “Todo mundo tem um sobrenome e temos de agradecer aos
romanos por isso”. (texto 3) O pronome “isso”, nesse seg-
mento do texto, se refere a(à):
6. (MPE-AL - TÉCNICO DO MINISTÉRIO PÚBLICO –
FGV-2018)
a) todo mundo ter um sobrenome;
b) sobrenomes citados no início do texto;
Não Faltou Só Espinafre
c) todos os sobrenomes hoje conhecidos;
d) forma latina dos sobrenomes atuais;
A crise não trouxe apenas danos sociais e econômicos. e) existência de sobrenomes nos documentos.
Mostrou também danos morais.
Aconteceu num mercadinho de bairro em São Paulo. Resposta: Letra A. Todo mundo tem um sobrenome
A dona, diligente, havia conseguido algumas verduras e temos de agradecer aos romanos por isso = ter um
e avisou à clientela. Formaram-se uma pequena fila e sobrenome.
uma grande discussão. Uma senhora havia arrematado
todos os dez maços de espinafre. No caixa, outras fre- 8. (MPU – ANALISTA – ANTROPOLOGIA – CESPE-2010)
guesas perguntaram se ela tinha restaurante. Não tinha. Inovar é recriar de modo a agregar valor e incrementar a
Observaram que a verdura acabaria estragada. Ela expli- eficiência, a produtividade e a competitividade nos proces-
cou que ia cozinhar e congelar. Então, foram ao ponto: sos gerenciais e nos produtos e serviços das organizações.
caramba, havia outras pessoas na fila, ela não poderia Ou seja, é o fermento do crescimento econômico e social
levar só o que consumiria de imediato? de um país. Para isso, é preciso criatividade, capacidade de
“Não, estou pagando e cheguei primeiro”, foi a resposta. inventar e coragem para sair dos esquemas tradicionais.
Compras exageradas nos supermercados, estoques do- Inovador é o indivíduo que procura respostas originais e
mésticos, filas nervosas nos postos de combustível – pertinentes em situações com as quais ele se defronta. É
teve muito comportamento na base de cada um por si. preciso uma atitude de abertura para as coisas novas, pois
Cabem nessa categoria as greves e manifestações opor- a novidade é catastrófica para os mais céticos. Pode-se di-
tunistas. Governo, cedendo, também vou buscar o meu zer que o caminho da inovação é um percurso de difícil
– tal foi o comportamento de muita gente. travessia para a maioria das instituições. Inovar significa
Carlos A. Sardenberg, in O Globo, 31/05/2018. transformar os pontos frágeis de um empreendimento em
uma realidade duradoura e lucrativa. A inovação estimula
“A crise não trouxe apenas danos sociais e econômicos. a comercialização de produtos ou serviços e também per-
mite avanços importantes para toda a sociedade. Porém, a
Mostrou também danos morais”. A palavra ou expressão
inovação é verdadeira somente quando está fundamenta-
do primeiro período que leva à produção do segundo
da no conhecimento. A capacidade de inovação depende
período é
da pesquisa, da geração de conhecimento. É necessário
investir em pesquisa para devolver resultados satisfatórios
a) a crise. à sociedade. No entanto, os resultados desse tipo de in-
b) não trouxe. vestimento não são necessariamente recursos financeiros
c) apenas. ou valores econômicos, podem ser também a qualidade
d) danos sociais. de vida com justiça social.
e) (danos) econômicos. Luís Afonso Bermúdez. O fermento tecnológico. In:
Darcy. Revista de jornalismo científico e cultural da Uni-
Resposta; Letra C. 1.º período: A crise não trouxe versidade de Brasília, novembro e dezembro de 2009, p. 37
LÍNGUA PORTUGUESA

apenas danos sociais e econômicos. (com adaptações).


2.º período: Mostrou também danos morais.
A expressão que nos dá a ideia de que haverá mais Subentende-se da argumentação do texto que o pronome
informações que complementarão a primeira “tese” demonstrativo, no trecho “desse tipo de investimento”, re-
apresentada é “apenas”. fere-se à ideia de “fermento do crescimento econômico e
social de um país”.

( ) CERTO ( ) ERRADO

28
Resposta: Errado. Ao trecho: (...) É necessário inves- vemos, mais motivos surgem para vivermos bem. A pros-
tir em pesquisa para devolver resultados satisfatórios peridade é um ciclo que se retroalimenta. O importante é
à sociedade. No entanto, os resultados desse tipo de decidir fazer parte dele.
investimento = investir em pesquisa / desse tipo de Em: O importante é decidir fazer parte dele, a palavra
investimento. Dele retoma, textualmente,

9. (MPU – ANALISTA DO MPU – CESPE-2015) a) ciclo.


b) Alguém.
Texto I c) padrinho.
d) grupo.
Na organização do poder político no Estado moderno, e) apaixonado.
à luz da tradição iluminista, o direito tem por função a
preservação da liberdade humana, de maneira a coibir Resposta: Letra A. Voltemos ao período:
a desordem do estado de natureza, que, em virtude do A prosperidade é um ciclo que se retroalimenta. O im-
risco da dominação dos mais fracos pelos mais fortes, portante é decidir fazer parte dele.
exige a existência de um poder institucional. Mas a con-
quista da liberdade humana também reclama a distri- TIPOLOGIA E GÊNERO TEXTUAL
buição do poder em ramos diversos, com a disposição
de meios que assegurem o controle recíproco entre eles A todo o momento nos deparamos com vários textos,
para o advento de um cenário de equilíbrio e harmonia sejam eles verbais ou não verbais. Em todos há a presença
nas sociedades estatais. A concentração do poder em um do discurso, isto é, a ideia intrínseca, a essência daquilo
só órgão ou pessoa viria sempre em detrimento do exer- que está sendo transmitido entre os interlocutores. Estes
cício da liberdade. É que, como observou Montesquieu, interlocutores são as peças principais em um diálogo ou
“todo homem que tem poder tende a abusar dele; ele vai em um texto escrito.
até onde encontra limites. Para que não se possa abusar É de fundamental importância sabermos classificar os
do poder, é preciso que, pela disposição das coisas, o textos com os quais travamos convivência no nosso dia a
poder limite o poder”. dia. Para isso, precisamos saber que existem tipos textuais
Até Montesquieu, não eram identificadas com clareza e gêneros textuais.
Comumente relatamos sobre um acontecimento, um
as esferas de abrangência dos poderes políticos: “só se
fato presenciado ou ocorrido conosco, expomos nossa
concebia sua união nas mãos de um só ou, então, sua
opinião sobre determinado assunto, descrevemos algum
separação; ninguém se arriscava a apresentar, sob a for-
lugar que visitamos, fazemos um retrato verbal sobre al-
ma de sistema coerente, as consequências de conceitos
guém que acabamos de conhecer ou ver. É exatamente
diversos”. Pensador francês do século XVIII, Montesquieu
nessas situações corriqueiras que classificamos os nossos
situa-se entre o racionalismo cartesiano e o empirismo
textos naquela tradicional tipologia: Narração, Descrição
de origem baconiana, não abandonando o rigor das
e Dissertação.
certezas matemáticas em suas certezas morais. Porém,
refugindo às especulações metafísicas que, no plano da 1. As tipologias textuais se caracterizam pelos as-
idealidade, serviram aos filósofos do pacto social para a pectos de ordem linguística
explicação dos fundamentos do Estado ou da sociedade
civil, ele procurou ingressar no terreno dos fatos. Os tipos textuais designam uma sequência definida
Fernanda Leão de Almeida. A garantia institucional pela natureza linguística de sua composição. São observa-
do Ministério Público em função da proteção dos direitos dos aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, relações
humanos. Tese de doutorado. São Paulo: USP, 2010, p. 18- logicas. Os tipos textuais são o narrativo, descritivo, argu-
9. Internet: <www.teses.usp.br> (com adaptações). mentativo/dissertativo, injuntivo e expositivo.
A) Textos narrativos – constituem-se de verbos de
No trecho “controle recíproco entre”, o pronome “eles” faz ação demarcados no tempo do universo narrado,
referência a “ramos diversos”. como também de advérbios, como é o caso de an-
tes, agora, depois, entre outros: Ela entrava em seu
( ) CERTO ( ) ERRADO carro quando ele apareceu. Depois de muita conver-
sa, resolveram...
Resposta: Errado. Ao período: (...) reclama a distri- B) Textos descritivos – como o próprio nome indica,
buição do poder em ramos diversos, com a dispo- descrevem características tanto físicas quanto psi-
sição de meios que assegurem o controle recíproco cológicas acerca de um determinado indivíduo ou
entre eles para o advento de um cenário de equilíbrio objeto. Os tempos verbais aparecem demarcados
LÍNGUA PORTUGUESA

e harmonia. no presente ou no pretérito imperfeito: “Tinha os


cabelos mais negros como a asa da graúna...”
10. (PC-PI – AGENTE DE POLÍCIA CIVIL – 3.ª CLAS- C) Textos expositivos – Têm por finalidade explicar
SE – NUCEPE-2018 - ADAPTADA) Alguém apaixonado um assunto ou uma determinada situação que se
sempre atrai novas oportunidades, se destaca do grupo, é almeje desenvolvê-la, enfatizando acerca das razões
promovido primeiro, é celebrado quando volta de férias, de ela acontecer, como em: O cadastramento irá se
é convidado para ser padrinho ou madrinha e para ser prorrogar até o dia 02 de dezembro, portanto, não se
companhia em momentos prazerosos. Quanto melhor vi- esqueça de fazê-lo, sob pena de perder o benefício.

29
D) Textos injuntivos (instrucional) – Trata-se de
uma modalidade na qual as ações são prescritas de ORTOGRAFIA.
forma sequencial, utilizando-se de verbos expres-
sos no imperativo, infinitivo ou futuro do presente:
Misture todos os ingrediente e bata no liquidificador Ortografia
até criar uma massa homogênea.
E) Textos argumentativos (dissertativo) – Demar- A ortografia é a parte da Fonologia que trata da corre-
cam-se pelo predomínio de operadores argumen- ta grafia das palavras. É ela quem ordena qual som devem
tativos, revelados por uma carga ideológica cons- ter as letras do alfabeto. Os vocábulos de uma língua são
tituída de argumentos e contra-argumentos que grafados segundo acordos ortográficos.
justificam a posição assumida acerca de um deter- A maneira mais simples, prática e objetiva de apren-
minado assunto: A mulher do mundo contemporâ- der ortografia é realizar muitos exercícios, ver as palavras,
neo luta cada vez mais para conquistar seu espaço familiarizando-se com elas. O conhecimento das regras
no mercado de trabalho, o que significa que os gê- é necessário, mas não basta, pois há inúmeras exceções
neros estão em complementação, não em disputa. e, em alguns casos, há necessidade de conhecimento de
etimologia (origem da palavra).
2. Gêneros Textuais
1. Regras ortográficas
São os textos materializados que encontramos em
nosso cotidiano; tais textos apresentam características A) O fonema S
sócio-comunicativas definidas por seu estilo, função, São escritas com S e não C/Ç
composição, conteúdo e canal. Como exemplos, temos:  Palavras substantivadas derivadas de verbos com
receita culinária, e-mail, reportagem, monografia, poema, radicais em nd, rg, rt, pel, corr e sent: pretender
editorial, piada, debate, agenda, inquérito policial, fórum, - pretensão / expandir - expansão / ascender - as-
blog, etc. censão / inverter - inversão / aspergir - aspersão /
A escolha de um determinado gênero discursivo de- submergir - submersão / divertir - diversão / impelir
pende, em grande parte, da situação de produção, ou - impulsivo / compelir - compulsório / repelir - repul-
seja, a finalidade do texto a ser produzido, quem são os sa / recorrer - recurso / discorrer - discurso / sentir
locutores e os interlocutores, o meio disponível para vei- - sensível / consentir – consensual.
cular o texto, etc.
Os gêneros discursivos geralmente estão ligados a São escritos com SS e não C e Ç
esferas de circulação. Assim, na esfera jornalística, por  Nomes derivados dos verbos cujos radicais termi-
exemplo, são comuns gêneros como notícias, reporta- nem em gred, ced, prim ou com verbos termina-
dos por tir ou - meter: agredir - agressivo / impri-
gens, editoriais, entrevistas e outros; na esfera de divul-
mir - impressão / admitir - admissão / ceder - cessão
gação científica são comuns gêneros como verbete de
/ exceder - excesso / percutir - percussão / regredir -
dicionário ou de enciclopédia, artigo ou ensaio científico,
regressão / oprimir - opressão / comprometer - com-
seminário, conferência.
promisso / submeter – submissão.
 Quando o prefixo termina com vogal que se junta
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
com a palavra iniciada por “s”. Exemplos: a + simé-
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto
trico - assimétrico / re + surgir – ressurgir.
Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. –  No pretérito imperfeito simples do subjuntivo.
São Paulo: Saraiva, 2010. Exemplos: ficasse, falasse.
Português – Literatura, Produção de Textos & Gra- São escritos com C ou Ç e não S e SS
mática – volume único / Samira Yousseff Campedelli,  Vocábulos de origem árabe: cetim, açucena, açúcar.
Jésus Barbosa Souza. – 3.ª ed. – São Paulo: Saraiva, 2002.  Vocábulos de origem tupi, africana ou exótica: cipó,
Juçara, caçula, cachaça, cacique.
SITE  Sufixos aça, aço, ação, çar, ecer, iça, nça, uça,
http://www.brasilescola.com/redacao/tipologia-tex- uçu, uço: barcaça, ricaço, aguçar, empalidecer, car-
tual.htm niça, caniço, esperança, carapuça, dentuço.
 Nomes derivados do verbo ter: abster - abstenção
/ deter - detenção / ater - atenção / reter – retenção.
 Após ditongos: foice, coice, traição.
 Palavras derivadas de outras terminadas em -te,
to(r): marte - marciano / infrator - infração / absor-
LÍNGUA PORTUGUESA

to – absorção.

B) O fonema z
São escritos com S e não Z
 Sufixos: ês, esa, esia, e isa, quando o radical é
substantivo, ou em gentílicos e títulos nobiliárqui-
cos: freguês, freguesa, freguesia, poetisa, baronesa,
princesa.

30
 Sufixos gregos: ase, ese, ise e ose: catequese, me- São escritas com CH e não X
tamorfose.  Palavras de origem estrangeira: chave, chumbo,
 Formas verbais pôr e querer: pôs, pus, quisera, chassi, mochila, espadachim, chope, sanduíche, sal-
quis, quiseste. sicha.
 Nomes derivados de verbos com radicais termi-
nados em “d”: aludir - alusão / decidir - decisão / E) As letras “e” e “i”
empreender - empresa / difundir – difusão.  Ditongos nasais são escritos com “e”: mãe, põem.
 Diminutivos cujos radicais terminam com “s”: Luís Com “i”, só o ditongo interno cãibra.
- Luisinho / Rosa - Rosinha / lápis – lapisinho.  Verbos que apresentam infinitivo em -oar, -uar
 Após ditongos: coisa, pausa, pouso, causa. são escritos com “e”: caçoe, perdoe, tumultue. Es-
 Verbos derivados de nomes cujo radical termina crevemos com “i”, os verbos com infinitivo em -air,
com “s”: anális(e) + ar - analisar / pesquis(a) + ar -oer e -uir: trai, dói, possui, contribui.
– pesquisar.

São escritos com Z e não S FIQUE ATENTO!


 Sufixos “ez” e “eza” das palavras derivadas de Há palavras que mudam de sentido quan-
adjetivo: macio - maciez / rico – riqueza / belo – do substituímos a grafia “e” pela grafia “i”:
beleza. área (superfície), ária (melodia) / delatar
Sufixos “izar” (desde que o radical da palavra de ori- (denunciar), dilatar (expandir) / emergir
gem não termine com s): final - finalizar / concreto (vir à tona), imergir (mergulhar) / peão (de
– concretizar. estância, que anda a pé), pião (brinquedo).
 Consoante de ligação se o radical não terminar
com “s”: pé + inho - pezinho / café + al - cafezal
Exceção: lápis + inho – lapisinho.
#FicaDica
C) O fonema j
São escritas com G e não J Se o dicionário ainda deixar dúvida quanto
 Palavras de origem grega ou árabe: tigela, girafa, à ortografia de uma palavra, há a possibili-
gesso. dade de consultar o Vocabulário Ortográfi-
 Estrangeirismo, cuja letra G é originária: sargento, co da Língua Portuguesa (VOLP), elaborado
gim. pela Academia Brasileira de Letras. É uma
 Terminações: agem, igem, ugem, ege, oge (com obra de referência até mesmo para a criação
poucas exceções): imagem, vertigem, penugem, de dicionários, pois traz a grafia atualizada
bege, foge. das palavras (sem o significado). Na Internet,
Exceção: pajem. o endereço é www.academia.org.br.

 Terminações: ágio, égio, ígio, ógio, ugio: sortilégio,


litígio, relógio, refúgio. 2. Informações importantes
 Verbos terminados em ger/gir: emergir, eleger, fu-
gir, mugir. Formas variantes são as que admitem grafias ou pro-
 Depois da letra “r” com poucas exceções: emergir, núncias diferentes para palavras com a mesma significa-
surgir. ção: aluguel/aluguer, assobiar/assoviar, catorze/quatorze,
 Depois da letra “a”, desde que não seja radical ter- dependurar/pendurar, flecha/frecha, germe/gérmen, in-
minado com j: ágil, agente. farto/enfarte, louro/loiro, percentagem/porcentagem, re-
lampejar/relampear/relampar/relampadar.
São escritas com J e não G Os símbolos das unidades de medida são escritos
 Palavras de origem latinas: jeito, majestade, hoje. sem ponto, com letra minúscula e sem “s” para indicar
 Palavras de origem árabe, africana ou exótica: plural, sem espaço entre o algarismo e o símbolo: 2kg,
jiboia, manjerona. 20km, 120km/h.
 Palavras terminadas com aje: ultraje. Exceção para litro (L): 2 L, 150 L.

D) O fonema ch Na indicação de horas, minutos e segundos, não


São escritas com X e não CH deve haver espaço entre o algarismo e o símbolo: 14h,
 Palavras de origem tupi, africana ou exótica: aba- 22h30min, 14h23’34’’(= quatorze horas, vinte e três mi-
LÍNGUA PORTUGUESA

caxi, xucro. nutos e trinta e quatro segundos).


 Palavras de origem inglesa e espanhola: xampu, O símbolo do real antecede o número sem espaço:
lagartixa. R$1.000,00. No cifrão deve ser utilizada apenas uma bar-
 Depois de ditongo: frouxo, feixe. ra vertical ($).
 Depois de “en”: enxurrada, enxada, enxoval.
Exceção: quando a palavra de origem não derive de
outra iniciada com ch - Cheio - (enchente)

31
ALGUNS USOS ORTOGRÁFICOS ESPECIAIS 3. substantivo, podendo estar precedido de artigo ou
pronome = Há males que vêm pra bem! / O mal
1. Por que / por quê / porquê / porque não compensa.

POR QUE (separado e sem acento) REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
É usado em: Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
1. interrogações diretas (longe do ponto de interro- Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce-
gação) = Por que você não veio ontem? reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
2. interrogações indiretas, nas quais o “que” equivale Paulo: Saraiva, 2010.
a “qual razão” ou “qual motivo” = Perguntei-lhe por Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
que faltara à aula ontem. ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
3. equivalências a “pelo(a) qual” / “pelos(as) quais” = CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura,
Ignoro o motivo por que ele se demitiu. Produção de Textos & Gramática. Volume único / Samira
Yousseff, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição – São Paulo:
POR QUÊ (separado e com acento) Saraiva, 2002.

Usos: SITE
1. como pronome interrogativo, quando colocado no http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/or-
fim da frase (perto do ponto de interrogação) = tografia
Você faltou. Por quê?
2. quando isolado, em uma frase interrogativa = Por 4. Hífen
quê?
O hífen é um sinal diacrítico (que distingue) usado para
PORQUE (uma só palavra, sem acento gráfico) ligar os elementos de palavras compostas (como ex-presi-
dente, por exemplo) e para unir pronomes átonos a verbos
(ofereceram-me; vê-lo-ei). Serve igualmente para fazer a
Usos:
translineação de palavras, isto é, no fim de uma linha, se-
1. como conjunção coordenativa explicativa (equivale
parar uma palavra em duas partes (ca-/sa; compa-/nheiro).
a “pois”, “porquanto”), precedida de pausa na escri-
ta (pode ser vírgula, ponto-e-vírgula e até ponto
A) Uso do hífen que continua depois da Reforma
final) = Compre agora, porque há poucas peças.
Ortográfica:
2. como conjunção subordinativa causal, substituível
por “pela causa”, “razão de que” = Você perdeu por- 1. Em palavras compostas por justaposição que for-
que se antecipou. mam uma unidade semântica, ou seja, nos termos
que se unem para formam um novo significado:
PORQUÊ (uma só palavra, com acento gráfico) tio-avô, porto-alegrense, luso-brasileiro, tenente-co-
ronel, segunda-feira, conta-gotas, guarda-chuva, ar-
Usos: co-íris, primeiro-ministro, azul-escuro.
1. como substantivo, com o sentido de “causa”, “ra- 2. Em palavras compostas por espécies botânicas e
zão” ou “motivo”, admitindo pluralização (porquês). Ge- zoológicas: couve-flor, bem-te-vi, bem-me-quer, abó-
ralmente é precedido por artigo = Não sei o porquê da bora-menina, erva-doce, feijão-verde.
discussão. É uma pessoa cheia de porquês. 3. Nos compostos com elementos além, aquém, re-
cém e sem: além-mar, recém-nascido, sem-número,
2. ONDE / AONDE recém-casado.
4. No geral, as locuções não possuem hífen, mas algumas
Onde = empregado com verbos que não expressam exceções continuam por já estarem consagradas pelo
a ideia de movimento = Onde você está? uso: cor-de-rosa, arco-da-velha, mais-que-perfeito, pé-
-de-meia, água-de-colônia, queima-roupa, deus-dará.
Aonde = equivale a “para onde”. É usado com verbos 5. Nos encadeamentos de vocábulos, como: ponte Rio-
que expressam movimento = Aonde você vai? -Niterói, percurso Lisboa-Coimbra-Porto e nas com-
binações históricas ou ocasionais: Áustria-Hungria,
3. MAU / MAL Angola-Brasil, etc.
6. Nas formações com os prefixos hiper-, inter- e su-
Mau = é um adjetivo, antônimo de “bom”. Usa-se per- quando associados com outro termo que é ini-
LÍNGUA PORTUGUESA

como qualificação = O mau tempo passou. / Ele é um ciado por “r”: hiper-resistente, inter-racial, super-ra-
mau elemento. cional, etc.
7. Nas formações com os prefixos ex-, vice-: ex-diretor,
Mal = pode ser usado como ex-presidente, vice-governador, vice-prefeito.
1. conjunção temporal, equivalente a “assim que”, 8. Nas formações com os prefixos pós-, pré- e pró-: pré-
“logo que”, “quando” = Mal se levantou, já saiu. -natal, pré-escolar, pró-europeu, pós-graduação, etc.
2. advérbio de modo (antônimo de “bem”) = Você foi 9. Na ênclise e mesóclise: amá-lo, deixá-lo, dá-se, abra-
mal na prova? ça-o, lança-o e amá-lo-ei, falar-lhe-ei, etc.

32
10. Nas formações em que o prefixo tem como segun- REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
do termo uma palavra iniciada por “h”: sub-hepático, SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
geo-história, neo-helênico, extra-humano, semi-hos- Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
pitalar, super-homem.
11. Nas formações em que o prefixo ou pseudoprefixo SITE
termina com a mesma vogal do segundo elemento: http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/
micro-ondas, eletro-ótica, semi-interno, auto-obser- ortografia
vação, etc.

O hífen é suprimido quando para formar outros termos:


reaver, inábil, desumano, lobisomem, reabilitar. EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (Polícia Federal – Escrivão de Polícia Federal – Ces-


#FicaDica pe – 2013 – adaptada)
Lembrete da Zê!
A fim de solucionar o litígio, atos sucessivos e concatena-
Ao separar palavras na translineação (mu-
dos são praticados pelo escrivão. Entre eles, estão os atos
dança de linha), caso a última palavra a ser
de comunicação, os quais são indispensáveis para que
escrita seja formada por hífen, repita-o na
os sujeitos do processo tomem conhecimento dos atos
próxima linha. Exemplo: escreverei anti-in-
acontecidos no correr do procedimento e se habilitem a
flamatório e, ao final, coube apenas “anti-”.
exercer os direitos que lhes cabem e a suportar os ônus
Na próxima linha escreverei: “-inflamatório”
que a lei lhes impõe.
(hífen em ambas as linhas). Devido à diagra-
Disponível em: <http://jus.com.br> (com adaptações).
mação, pode ser que a repetição do hífen na
translineação não ocorra em meus conteú-
No que se refere ao texto acima, julgue os itens seguin-
dos, mas saiba que a regra é esta!
tes.
Não haveria prejuízo para a correção gramatical do texto
B) Não se emprega o hífen: nem para seu sentido caso o trecho “A fim de solucionar
1. Nas formações em que o prefixo ou falso prefixo ter- o litígio” fosse substituído por Afim de dar solução à de-
mina em vogal e o segundo termo inicia-se em “r” ou manda e o trecho “tomem conhecimento dos atos acon-
“s”. Nesse caso, passa-se a duplicar estas consoantes: tecidos no correr do procedimento” fosse, por sua vez,
antirreligioso, contrarregra, infrassom, microssistema, substituído por conheçam os atos havidos no transcurso
minissaia, microrradiografia, etc. do acontecimento.
2. Nas constituições em que o prefixo ou pseudopre-
fixo termina em vogal e o segundo termo inicia-se ( ) CERTO ( ) ERRADO
com vogal diferente: antiaéreo, extraescolar, coedu-
cação, autoestrada, autoaprendizagem, hidroelétrico, Resposta: Errado. “A fim” tem o sentido de “com a
plurianual, autoescola, infraestrutura, etc. intenção de”; já “afim”, “semelhança, afinidade”. Se a
3. Nas formações, em geral, que contêm os prefixos primeira substituição fosse feita, o trecho estaria in-
“dês” e “in” e o segundo elemento perdeu o “h” ini- correto gramatical e coerentemente. Portanto, nem há
cial: desumano, inábil, desabilitar, etc. a necessidade de avaliar a segunda substituição.
4. Nas formações com o prefixo “co”, mesmo quando
o segundo elemento começar com “o”: cooperação,
coobrigação, coordenar, coocupante, coautor, coedi- ACENTUAÇÃO GRÁFICA.
ção, coexistir, etc.
5. Em certas palavras que, com o uso, adquiriram noção
de composição: pontapé, girassol, paraquedas, para- Acentuação.
quedista, etc.
6. Em alguns compostos com o advérbio “bem”: benfei- Quanto à acentuação, observamos que algumas pa-
to, benquerer, benquerido, etc. lavras têm acento gráfico e outras não; na pronúncia, ora
se dá maior intensidade sonora a uma sílaba, ora a outra.
Os prefixos pós, pré e pró, em suas formas correspon- Por isso, vamos às regras!
dentes átonas, aglutinam-se com o elemento seguinte,
não havendo hífen: pospor, predeterminar, predeterminado, 1. Regras básicas
LÍNGUA PORTUGUESA

pressuposto, propor.
Escreveremos com hífen: anti-horário, anti-infeccioso, A acentuação tônica está relacionada à intensida-
auto-observação, contra-ataque, semi-interno, sobre-huma- de com que são pronunciadas as sílabas das palavras.
no, super-realista, alto-mar. Aquela que se dá de forma mais acentuada, conceitua-se
Escreveremos sem hífen: pôr do sol, antirreforma, an- como sílaba tônica. As demais, como são pronunciadas
tisséptico, antissocial, contrarreforma, minirrestaurante, ul- com menos intensidade, são denominadas de átonas.
trassom, antiaderente, anteprojeto, anticaspa, antivírus, au-
toajuda, autoelogio, autoestima, radiotáxi.

33
De acordo com a tonicidade, as palavras são classifi- C) Proparoxítona: a palavra é proparoxítona quando
cadas como: a sua antepenúltima sílaba é tônica (mais forte). Quanto à
Oxítonas – São aquelas cuja sílaba tônica recai sobre regra de acentuação: todas as proparoxítonas são acen-
a última sílaba: café – coração – Belém – atum – caju – tuadas, independentemente de sua terminação: árvore,
papel paralelepípedo, cárcere.
Paroxítonas – a sílaba tônica recai na penúltima síla-
ba: útil – tórax – táxi – leque – sapato – passível 2.2 Regras especiais
Proparoxítonas - a sílaba tônica está na antepenúlti-
ma sílaba: lâmpada – câmara – tímpano – médico – ônibus Os ditongos de pronúncia aberta “ei”, “oi” (ditongos
abertos), que antes eram acentuados, perderam o acento
Há vocábulos que possuem uma sílaba somente: são de acordo com a nova regra, mas desde que estejam em
os chamados monossílabos. Estes são acentuados quando palavras paroxítonas.
tônicos e terminados em “a”, “e” ou “o”: vá – fé – pó - ré.

2 Os acentos FIQUE ATENTO!


Alerta da Zê! Cuidado: Se os ditongos aber-
A) acento agudo (´) – Colocado sobre as letras “a” tos estiverem em uma palavra oxítona (he-
e “i”, “u” e “e” do grupo “em” - indica que estas letras rói) ou monossílaba (céu) ainda são acen-
representam as vogais tônicas de palavras como pá, caí, tuados: dói, escarcéu.
público. Sobre as letras “e” e “o” indica, além da tonicida-
de, timbre aberto: herói – céu (ditongos abertos).
B) acento circunflexo – (^) Colocado sobre as letras Antes Agora
“a”, “e” e “o” indica, além da tonicidade, timbre fechado:
tâmara – Atlântico – pêsames – supôs. assembléia assembleia
C) acento grave – (`) Indica a fusão da preposição “a” idéia ideia
com artigos e pronomes: à – às – àquelas – àqueles
D) trema (¨) – De acordo com a nova regra, foi total- geléia geleia
mente abolido das palavras. Há uma exceção: é utilizado jibóia jiboia
em palavras derivadas de nomes próprios estrangeiros: apóia (verbo apoiar) apoia
mülleriano (de Müller)
E) til – (~) Indica que as letras “a” e “o” representam paranóico paranoico
vogais nasais: oração – melão – órgão – ímã
2.3 Acento Diferencial
2.1 Regras fundamentais
Representam os acentos gráficos que, pelas regras de
A) Palavras oxítonas: acentuam-se todas as oxítonas acentuação, não se justificariam, mas são utilizados para
terminadas em: “a”, “e”, “o”, “em”, seguidas ou não do plu- diferenciar classes gramaticais entre determinadas pala-
ral(s): Pará – café(s) – cipó(s) – Belém. vras e/ou tempos verbais. Por exemplo:
Esta regra também é aplicada aos seguintes casos: Pôr (verbo) X por (preposição) / pôde (pretérito per-
Monossílabos tônicos terminados em “a”, “e”, “o”, se- feito do Indicativo do verbo “poder”) X pode (presente do
guidos ou não de “s”: pá – pé – dó – há Indicativo do mesmo verbo).
Formas verbais terminadas em “a”, “e”, “o” tônicos, Se analisarmos o “pôr” - pela regra das monossílabas:
seguidas de lo, la, los, las: respeitá-lo, recebê-lo, compô-lo terminada em “o” seguida de “r” não deve ser acentuada,
mas nesse caso, devido ao acento diferencial, acentua-se,
B) Paroxítonas: acentuam-se as palavras paroxítonas para que saibamos se se trata de um verbo ou preposição.
terminadas em: Os demais casos de acento diferencial não são mais
i, is: táxi – lápis – júri utilizados: para (verbo), para (preposição), pelo (substanti-
us, um, uns: vírus – álbuns – fórum vo), pelo (preposição). Seus significados e classes grama-
l, n, r, x, ps: automóvel – elétron - cadáver – tórax – ticais são definidos pelo contexto.
fórceps Polícia para o trânsito para que se realize a operação
ã, ãs, ão, ãos: ímã – ímãs – órfão – órgãos planejada. = o primeiro “para” é verbo; o segundo, con-
ditongo oral, crescente ou decrescente, seguido ou junção (com relação de finalidade).
não de “s”: água – pônei – mágoa – memória
#FicaDica
LÍNGUA PORTUGUESA

#FicaDica Quando, na frase, der para substituir o


Memorize a palavra LINURXÃO. Repare que “por” por “colocar”, estaremos trabalhando
esta palavra apresenta as terminações das com um verbo, portanto: “pôr”; nos de-
paroxítonas que são acentuadas: L, I N, U mais casos, “por” é preposição: Faço isso
(aqui inclua UM = fórum), R, X, Ã, ÃO. Assim por você. / Posso pôr (colocar) meus livros
ficará mais fácil a memorização! aqui?

34
2.4 Regra do Hiato Acentuam-se os verbos pertencentes a terceira pes-
soa do plural de: ele tem – eles têm / ele vem – eles vêm
Quando a vogal do hiato for “i” ou “u” tônicos, segun- (verbo vir). A regra prevalece também para os verbos con-
da vogal do hiato, acompanhado ou não de “s”, haverá ter, obter, reter, deter, abster: ele contém – eles contêm, ele
acento: saída – faísca – baú – país – Luís obtém – eles obtêm, ele retém – eles retêm, ele convém
Não se acentuam o “i” e o “u” que formam hiato – eles convêm.
quando seguidos, na mesma sílaba, de l, m, n, r ou z:
Ra-ul, Lu-iz, sa-ir, ju-iz REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se esti- SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
verem seguidas do dígrafo nh: Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
ra-i-nha, ven-to-i-nha. Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce-
Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se vie- reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
rem precedidas de vogal idêntica: xi-i-ta, pa-ra-cu-u-ba Paulo: Saraiva, 2010.
Não serão mais acentuados “i” e “u” tônicos, forman-
do hiato quando vierem depois de ditongo (nas paroxí- SITE
tonas): http://www.brasilescola.com/gramatica/acentuacao.htm

Antes Agora
bocaiúva bocaiuva EXERCÍCIOS COMENTADOS
feiúra feiura
1. (Polícia Federal – Agente de Polícia Federal – Cespe
Sauípe Sauipe – 2014) Os termos “série” e “história” acentuam-se em
conformidade com a mesma regra ortográfica.
O acento pertencente aos encontros “oo” e “ee” foi
abolido: ( ) CERTO ( ) ERRADO

Antes Agora Resposta: Certo. “Série” = acentua-se a paroxítona


terminada em ditongo / “história” - acentua-se a pa-
crêem creem roxítona terminada em ditongo
lêem leem Ambas são acentuadas devido à regra da paroxítona
terminada em ditongo.
vôo voo Observação: nestes casos, admitem-se as separações
enjôo enjoo “sé-ri-e” e “his-tó-ri-as”, o que as tornaria proparoxí-
tonas.

#FicaDica 2. (Anatel – Técnico Administrativo – cespe – 2012)


Nas palavras “análise” e “mínimos”, o emprego do acento
Memorize a palavra CREDELEVÊ. São os gráfico tem justificativas gramaticais diferentes.
verbos que, no plural, dobram o “e”, mas
que não recebem mais acento como antes: ( ) CERTO ( ) ERRADO
CRER, DAR, LER e VER.
Resposta: Errado. Análise = proparoxítona / mínimos
Repare: = proparoxítona. Ambas são acentuadas pela mesma
O menino crê em você. / Os meninos creem em você. regra (antepenúltima sílaba é tônica, “mais forte”).
Elza lê bem! / Todas leem bem!
Espero que ele dê o recado à sala. / Esperamos que os 3. (Ancine – Técnico Administrativo – cespe – 2012)
garotos deem o recado! Os vocábulos “indivíduo”, “diária” e “paciência” recebem
Rubens vê tudo! / Eles veem tudo! acento gráfico com base na mesma regra de acentuação
Cuidado! Há o verbo vir: Ele vem à tarde! / Eles vêm gráfica.
à tarde!
( ) CERTO ( ) ERRADO
As formas verbais que possuíam o acento tônico na
raiz, com “u” tônico precedido de “g” ou “q” e seguido de
Resposta: Certo. Indivíduo = paroxítona terminada
“e” ou “i” não serão mais acentuadas:
em ditongo; diária = paroxítona terminada em diton-
LÍNGUA PORTUGUESA

go; paciência = paroxítona terminada em ditongo. Os


Antes Depois três vocábulos são acentuados devido à mesma regra.
apazigúe (apaziguar) apazigue
4. (Ibama – Técnico Administrativo – cespe – 2012) As
averigúe (averiguar) averigue palavras “pó”, “só” e “céu” são acentuadas de acordo com
argúi (arguir) argui a mesma regra de acentuação gráfica.

( ) CERTO ( ) ERRADO

35
Resposta: Errado. Pó = monossílaba terminada em D) Ponto de Exclamação (!)
“o”; só = monossílaba terminada em “o”; céu = monos-  Usa-se para indicar entonação de surpresa, cólera,
sílaba terminada em ditongo aberto “éu”. susto, súplica, etc.: Sim! Claro que eu quero me casar
com você!
PONTUAÇÃO.  Depois de interjeições ou vocativos
Ai! Que susto!
João! Há quanto tempo!
Os sinais de pontuação são marcações gráficas que
servem para compor a coesão e a coerência textual, além E) Ponto de Interrogação (?)
de ressaltar especificidades semânticas e pragmáticas.  Usa-se nas interrogações diretas e indiretas livres.
Um texto escrito adquire diferentes significados quando “- Então? Que é isso? Desertaram ambos?” (Artur Azevedo)
pontuado de formas diversificadas. O uso da pontuação
depende, em certos momentos, da intenção do autor do F) Reticências (...)
discurso. Assim, os sinais de pontuação estão diretamen-  Indica que palavras foram suprimidas: Comprei lá-
te relacionados ao contexto e ao interlocutor. pis, canetas, cadernos...
 Indica interrupção violenta da frase: “- Não... quero
1. Principais funções dos sinais de pontuação dizer... é verdad... Ah!”
 Indica interrupções de hesitação ou dúvida: Este
A) Ponto (.) mal... pega doutor?
 Indica o término do discurso ou de parte dele, en-  Indica que o sentido vai além do que foi dito: Deixa,
cerrando o período. depois, o coração falar...
 Usa-se nas abreviaturas: pág. (página), Cia. (Com-
panhia). Se a palavra abreviada aparecer em final
G) Vírgula (,)
de período, este não receberá outro ponto; neste
caso, o ponto de abreviatura marca, também, o fim
Não se usa vírgula
de período. Exemplo: Estudei português, matemári-
Separando termos que, do ponto de vista sintático, li-
ca, constitucional, etc. (e não “etc..”)
gam-se diretamente entre si:
 Nos títulos e cabeçalhos é opcional o emprego do pon-
to, assim como após o nome do autor de uma citação:
Haverá eleições em outubro 1. Entre sujeito e predicado:
O culto do vernáculo faz parte do brio cívico. (Napo- Todos os alunos da sala foram advertidos.
leão Mendes de Almeida) (ou: Almeida.) Sujeito predicado
 Os números que identificam o ano não utilizam
ponto nem devem ter espaço a separá-los, bem como os 2. Entre o verbo e seus objetos:
números de CEP: 1975, 2014, 2006, 17600-250. O trabalho custou sacrifício aos
realizadores.
B) Ponto e Vírgula (;) V.T.D.I. O.D. O.I.
 Separa várias partes do discurso, que têm a mes-
ma importância: “Os pobres dão pelo pão o traba- Usa-se a vírgula:
lho; os ricos dão pelo pão a fazenda; os de espíritos
generosos dão pelo pão a vida; os de nenhum espí- 1. Para marcar intercalação:
rito dão pelo pão a alma...” (VIEIRA) A) do adjunto adverbial: O café, em razão da sua abun-
 Separa partes de frases que já estão separadas por dância, vem caindo de preço.
vírgulas: Alguns quiseram verão, praia e calor; ou- B) da conjunção: Os cerrados são secos e áridos. Estão
tros, montanhas, frio e cobertor. produzindo, todavia, altas quantidades de alimentos.
 Separa itens de uma enumeração, exposição de C) das expressões explicativas ou corretivas: As indús-
motivos, decreto de lei, etc. trias não querem abrir mão de suas vantagens, isto é,
Ir ao supermercado; não querem abrir mão dos lucros altos.
Pegar as crianças na escola;
Caminhada na praia; 2. Para marcar inversão:
Reunião com amigos. A) do adjunto adverbial (colocado no início da oração):
Depois das sete horas, todo o comércio está de portas
C) Dois pontos (:) fechadas.
 Antes de uma citação = Vejamos como Afrânio B) dos objetos pleonásticos antepostos ao verbo: Aos
Coutinho trata este assunto: pesquisadores, não lhes destinaram verba alguma.
LÍNGUA PORTUGUESA

 Antes de um aposto = Três coisas não me agra- C) do nome de lugar anteposto às datas: Recife, 15 de
dam: chuva pela manhã, frio à tarde e calor à noite. maio de 1982.
 Antes de uma explicação ou esclarecimento: Lá es-
tava a deplorável família: triste, cabisbaixa, vivendo 3. Para separar entre si elementos coordenados
a rotina de sempre. (dispostos em enumeração):
 Em frases de estilo direto Era um garoto de 15 anos, alto, magro.
Maria perguntou: A ventania levou árvores, e telhados, e pontes, e ani-
- Por que você não toma uma decisão? mais.

36
4. Para marcar elipse (omissão) do verbo: Nós que-
remos comer pizza; e vocês, churrasco.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
5. Para isolar:
A) o aposto: São Paulo, considerada a metrópole brasi- 1. (STJ – Conhecimentos Básicos para o Cargo 1 – Ces-
leira, possui um trânsito caótico. pe – 2018 – adaptada)
B) o vocativo: Ora, Thiago, não diga bobagem.
Texto CB1A1CCC
Observações:
Considerando-se que “etc.” é abreviatura da expressão As audiências de segunda a sexta-feira muitas vezes re-
latina et coetera, que significa “e outras coisas”, seria dispen- velaram o lado mais sórdido da natureza humana. Eram
sável o emprego da vírgula antes dele. Porém, o acordo or- relatos de sofrimento, dor, angústia que se transportavam
tográfico em vigor no Brasil exige que empreguemos etc. da cadeira das vítimas, testemunhas e réus para minha
predecido de vírgula: Falamos de política, futebol, lazer, etc. cadeira de juíza. A toga não me blindou daqueles relatos
As perguntas que denotam surpresa podem ter com- sofridos, aflitos. As angústias dos que se sentavam à mi-
binados o ponto de interrogação e o de exclamação: Você nha frente, por diversas vezes, me escoltaram até minha
falou isso para ela?! casa e passaram a ser companheiras de noites de insônia.
Não havia outra solução a não ser escrever. Era preciso
Temos, ainda, sinais distintivos: colocar no papel e compartilhar a dor daquelas pessoas
 a barra ( / ) = usada em datas (25/12/2014), sepa- que, mesmo ao fim do processo e com a sentença prola-
ração de siglas (IOF/UPC); tada, não me deixavam esquecê-las.
 os colchetes ([ ]) = usados em transcrições feitas Foram horas, dias, meses, anos de oitivas de mães, filhas,
pelo narrador ([vide pág. 5]), usado como primeira esposas, namoradas, companheiras, todas tendo em co-
opção aos parênteses, principalmente na matemá- mum a violência no corpo e na alma sofrida dentro de
tica; casa. O lar, que deveria ser o lugar mais seguro para essas
 o asterisco (*) = usado para remeter o leitor a uma mulheres, havia se transformado no pior dos mundos.
nota de rodapé ou no fim do livro, para substituir Quando finalmente chegavam ao Judiciário e se sen-
um nome que não se quer mencionar. tavam à minha frente, os relatos se transformavam em
desabafos de uma vida inteira. Era preciso explicar, justi-
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ficar e muitas vezes se culpar por terem sido agredidas.
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Ce-
A culpa por ter sido vítima, a culpa por ter permitido, a
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
culpa por não ter sido boa o suficiente, a culpa por não
Paulo: Saraiva, 2010.
ter conseguido manter a família. Sempre a culpa.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Aquelas mulheres chegavam à Justiça buscando uma for-
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
ça externa como se somente nós, juízes, promotores e
advogados, pudéssemos não apenas cessar aquele ciclo
SITE
http://www.infoescola.com/portugues/pontuacao/ de violência, mas também lhes dar voz para reagir àquela
http://www.brasilescola.com/gramatica/uso-da-virgu- violência invisível.
la.htm Rejane Jungbluth Suxberger. Invisíveis Marias: histórias
além das quatro paredes. Brasília: Trampolim, 2018 (com
adaptações).
O trecho “juízes, promotores e advogados” explica o sen-
tido de “nós”.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: Certo. Ao trecho: (...) Aquelas mulheres che-


gavam à Justiça buscando uma força externa como se
somente nós, juízes, promotores e advogados, pudésse-
mos não apenas cessar aquele ciclo de violência (...). Os
termos entre vírgulas servem para exemplificar quem
são os “nós” citados pela autora ( juízes, promotores,
advogados).
LÍNGUA PORTUGUESA

37
2. (SERES-PE – Agente de Segurança Penitenciária – 3. (Aneel – Técnico Administrativo – cespe – 2010) Vão
Cespe – 2017 – adaptada) surgindo novos sinais do crescente otimismo da indús-
tria com relação ao futuro próximo. Um deles refere-se
Texto 1A1AAA às exportações. “O comércio mundial já está voltando a
se abrir para as empresas”, diz o gerente executivo de
Após o processo de redemocratização, com o fim da di- pesquisas da Confederação Nacional da Indústria (CNI),
tadura militar, em meados da década de 80 do século Renato da Fonseca, para explicar a melhora das expec-
passado, era de se esperar que a democratização das tativas dos industriais com relação ao mercado externo.
instituições tivesse como resultado direto a consolidação Quanto ao mercado interno, as expectativas da indústria
da cidadania — compreendida de modo amplo, abran- não se modificaram. Mas isso não é um mau sinal, pois
gendo as três categorias de direitos: civis, políticos e elas já eram francamente otimistas. Há algum tempo, a
sociais. Sobressaem, porém, problemas que configuram pesquisa da CNI, realizada mensalmente a partir de 2010,
mais desafios para a cidadania brasileira, como a violên- registra grande otimismo da indústria com relação à de-
cia urbana — que ameaça os direitos individuais — e o manda interna. Trata-se de um sentimento generalizado.
desemprego — que ameaça os direitos sociais. Em todos os setores industriais, a expressiva maioria dos
No Brasil, o crime aumentou significantemente a partir entrevistados acredita no aumento das vendas internas.
de 1980, impacto do processo de modernização pelo O Estado de S.Paulo, Editorial, 30/3/2010 (com adapta-
qual o país passou. Isso sugere que o boom do consumo ções).
colocou em circulação bens de alto valor e, consequente-
mente, aumentou as oportunidades para o crime, inclusi- O nome próprio “Renato da Fonseca” está entre vírgulas
por tratar-se de um vocativo.
ve porque a maior mobilidade de pessoas torna o espaço
social mais anônimo, menos supervisionado.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Nesse contexto, justiça criminal passa a ser cada vez mais
dissociada de justiça social e reconstrução da sociedade.
Resposta: Errado. Recorramos ao texto (lembre-se de
O objetivo em relação à criminalidade torna-se bem me- fazer a mesma coisa no dia do seu concurso!): (...) diz o
nos ambicioso: o controle. A prisão ganha mais impor- gerente executivo de pesquisas da Confederação Nacio-
tância na modernidade tardia, porque satisfaz uma dupla nal da Indústria (CNI), Renato da Fonseca, para explicar
necessidade dessa nova cultura: castigo e controle do a melhora das expectativas. O termo em destaque não
risco. Essa postura às vezes proporciona controle, porém está exercendo a função de vocativo, já que não é uti-
não segurança, pois o Estado tem o poder limitado de lizado para evocar, chamar o interlocutor do diálogo.
manter a ordem por meio da polícia, sendo necessário Sua função é de aposto – explicar quem é o gerente
dividir as tarefas de controle com organizações locais e executivo da CNI.
com a comunidade.
Jacqueline Carvalho da Silva. Manutenção da ordem pú- 4. (Caixa Econômica Federal – Médico do Trabalho – ces-
blica e garantia dos direitos individuais: os desafios da pe – 2014 – adaptada) A correção gramatical do trecho
polícia em sociedades democráticas. In: Revista Brasilei- “Entre as bebidas alcoólicas, cervejas e vinhos são as mais co-
ra de Segurança Pública. São Paulo, ano 5, 8.ª ed., fev. – muns em todo o mundo” seria prejudicada, caso se inserisse
mar./2011, p. 84-5 (com adaptações). uma vírgula logo após a palavra “vinhos”.

No primeiro parágrafo do texto 1A1AAA, os dois-pontos ( ) CERTO ( ) ERRADO


introduzem
Resposta: Certo. Não se deve colocar vírgula entre su-
a) uma enumeração das “categorias de direitos”. jeito e predicado, a não ser que se trate de um aposto (1),
b) resultados da “consolidação da cidadania”. predicativo do sujeito (2), ou algum termo que requeira
c) um contra-argumento para a ideia de cidadania como estar separado entre pontuações. Exemplo: O Rio de Ja-
algo “amplo”. neiro, cidade maravilhosa (1), está em festa! Os meninos,
d) uma generalização do termo “direitos”. ansiosos (2), chegaram!
e) objetivos do “processo de redemocratização”.

Resposta: Letra A. Recorramos ao texto (faça isso


SEMPRE durante seu concurso. O texto é a base para
encontrar as respostas para as questões!): (...) abran-
gendo as três categorias de direitos: civis, políticos e
LÍNGUA PORTUGUESA

sociais. Os dois-pontos introduzem a enumeração dos


direitos; apresenta-os.

38
vólveres; cruz/cruzes.
ESTRUTURA E FORMAÇÃO DE PALAVRAS. C.2 Desinências verbais: em nossa língua, as desi-
nências verbais pertencem a dois tipos distintos.
Há desinências que indicam o modo e o tempo
ESTRUTURA DAS PALAVRAS (desinências modo-temporais) e outras que indi-
cam o número e a pessoa dos verbos (desinência
As palavras podem ser analisadas sob o ponto de vis- número-pessoais):
ta de sua estrutura significativa. Para isso, nós as dividi-
mos em seus menores elementos (partes) possuidores de cant-á-va-mos:
sentido. A palavra inexplicável, por exemplo, é constituí- cant: radical / -á-: vogal temática / -va-: desinência
da por três elementos significativos: modo-temporal (caracteriza o pretérito imperfeito do in-
In = elemento indicador de negação dicativo) / -mos: desinência número-pessoal (caracteriza a
Explic – elemento que contém o significado básico da primeira pessoa do plural)
palavra
Ável = elemento indicador de possibilidade cant-á-sse-is:
cant: radical / -á-: vogal temática / -sse-:desinência
Estes elementos formadores da palavra recebem o modo-temporal (caracteriza o pretérito imperfeito do
nome de morfemas. Através da união das informações subjuntivo) / -is: desinência número-pessoal (caracteriza
contidas nos três morfemas de inexplicável, pode-se en- a segunda pessoa do plural)
tender o significado pleno dessa palavra: “aquilo que não
tem possibilidade de ser explicado, que não é possível tor- D) Vogal temática
nar claro”. Entre o radical cant- e as desinências verbais, surge
Morfemas = são as menores unidades significativas sempre o morfema –a. Este morfema, que liga o
que, reunidas, formam as palavras, dando-lhes sentido. radical às desinências, é chamado de vogal temá-
tica. Sua função é ligar-se ao radical, constituindo
o chamado tema. É ao tema (radical + vogal temá-
1. Classificação dos morfemas
tica) que se acrescentam as desinências. Tanto os
verbos como os nomes apresentam vogais temá-
A) Radical, lexema ou semantema – é o elemento
ticas. No caso dos verbos, a vogal temática indica
portador de significado. É através do radical que
as conjugações: -a (da 1.ª conjugação = cantar), -e
podemos formar outras palavras comuns a um
(da 2.ª conjugação = escrever) e –i (3.ª conjugação
grupo de palavras da mesma família. Exemplo:
= partir).
pequeno, pequenininho, pequenez. O conjunto de
palavras que se agrupam em torno de um mesmo
D.1 Vogais temáticas nominais: São -a, -e, e -o,
radical denomina-se família de palavras.
quando átonas finais, como em mesa, artista, per-
B) Afixos – elementos que se juntam ao radical antes
da, escola, base, combate. Nestes casos, não pode-
(os prefixos) ou depois (sufixos) dele. Exemplo:
ríamos pensar que essas terminações são desinên-
beleza (sufixo), prever (prefixo), infiel (prefixo).
cias indicadoras de gênero, pois mesa e escola, por
C) Desinências - Quando se conjuga o verbo amar,
exemplo, não sofrem esse tipo de flexão. É a estas
obtêm-se formas como amava, amavas, amava,
vogais temáticas que se liga a desinência indica-
amávamos, amáveis, amavam. Estas modificações
dora de plural: mesa-s, escola-s, perda-s. Os nomes
ocorrem à medida que o verbo vai sendo flexio-
terminados em vogais tônicas (sofá, café, cipó, ca-
nado em número (singular e plural) e pessoa (pri-
qui, por exemplo) não apresentam vogal temática.
meira, segunda ou terceira). Também ocorrem se
modificarmos o tempo e o modo do verbo (ama-
D.2 Vogais temáticas verbais: São -a, -e e -i, que
va, amara, amasse, por exemplo). Assim, podemos
caracterizam três grupos de verbos a que se dá o
concluir que existem morfemas que indicam as fle-
nome de conjugações. Assim, os verbos cuja vogal
xões das palavras. Estes morfemas sempre surgem
temática é -a pertencem à primeira conjugação;
no fim das palavras variáveis e recebem o nome de
aqueles cuja vogal temática é -e pertencem à se-
desinências. Há desinências nominais e desinên-
gunda conjugação e os que têm vogal temática -i
cias verbais.
pertencem à terceira conjugação.
C.1 Desinências nominais: indicam o gênero e o
número dos nomes. Para a indicação de gênero, o
E) Interfixos
português costuma opor as desinências -o/-a: ga-
LÍNGUA PORTUGUESA

São os elementos (vogais ou consoantes) que se in-


roto/garota; menino/menina. Para a indicação de
tercalam entre o radical e o sufixo, para facilitar ou mes-
número, costuma-se utilizar o morfema –s, que in-
mo possibilitar a leitura de uma determinada palavra. Por
dica o plural em oposição à ausência de morfema,
exemplo:
que indica o singular: garoto/garotos; garota/ga-
Vogais: frutífero, gasômetro, carnívoro.
rotas; menino/meninos; menina/meninas. No caso
Consoantes: cafezal, sonolento, friorento.
dos nomes terminados em –r e –z, a desinência de
plural assume a forma -es: mar/mares; revólver/re-

39
2. Formação das Palavras • Derivação imprópria: a palavra nova (derivada) é
obtida pela mudança de categoria gramatical da
Há em Português palavras primitivas, palavras deriva- palavra primitiva. Não ocorre, pois, alteração na
das, palavras simples, palavras compostas. forma, mas somente na classe gramatical.
A) Palavras primitivas: aquelas que, na língua por- Não entendi o porquê da briga. (o substantivo “por-
tuguesa, não provêm de outra palavra: pedra, flor. quê” deriva da conjunção porque)
B) Palavras derivadas: aquelas que, na língua por- Seu olhar me fascina! (olhar aqui é substantivo, deriva
tuguesa, provêm de outra palavra: pedreiro, flori- do verbo olhar).
cultura.
C) Palavras simples: aquelas que possuem um só ra- #FicaDica
dical: azeite, cavalo.
D) Palavras compostas: aquelas que possuem mais A derivação regressiva “mexe” na estrutura
de um radical: couve-flor, planalto. da palavra, geralmente transforma verbos em
substantivos: caça = deriva de caçar, saque =
As palavras compostas podem ou não ter seus ele- deriva de sacar
mentos ligados por hífen. A derivação imprópria não “mexe” com a pa-
lavra, apenas faz com que ela pertença a uma
2.1. Processos de Formação de Palavras classe gramatical “imprópria” da qual ela real-
mente, ou melhor, costumeiramente faz parte.
A alteração acontece devido à presença de ou-
Na Língua Portuguesa há muitos processos de for-
tros termos, como artigos, por exemplo:
mação de palavras. Entre eles, os mais comuns são a de-
O verde das matas! (o adjetivo “verde” passou a
rivação, a composição, a onomatopeia, a abreviação e o
funcionar como substantivo devido à presença
hibridismo.
do artigo “o”)
2.2. Derivação por Acréscimo de Afixos
2.4. Composição
É o processo pelo qual se obtêm palavras novas (deri-
vadas) pela anexação de afixos à palavra primitiva. A de- Haverá composição quando se juntarem dois ou mais
rivação pode ser: prefixal, sufixal e parassintética. radicais para formar uma nova palavra. Há dois tipos de
composição: justaposição e aglutinação.
A) Prefixal (ou prefixação): a palavra nova é obtida A) Justaposição: ocorre quando os elementos que
por acréscimo de prefixo. formam o composto são postos lado a lado, ou
In feliz / des leal seja, justapostos: para-raios, corre-corre, guarda-
Prefixo radical prefixo radical -roupa, segunda-feira, girassol.
B) Composição por aglutinação: ocorre quando os
B) Sufixal (ou sufixação): a palavra nova é obtida elementos que formam o composto aglutinam-se
por acréscimo de sufixo. e pelo menos um deles perde sua integridade so-
Feliz mente / leal dade nora: aguardente (água + ardente), planalto (plano
Radical sufixo radical sufixo + alto), pernalta (perna + alta), vinagre (vinho +
acre).
C) Parassintética: a palavra nova é obtida pelo acrés-
Onomatopeia – é a palavra que procura reproduzir
cimo simultâneo de prefixo e sufixo. Por parassín-
certos sons ou ruídos: reco-reco, tique-taque, fom-fom.
tese formam-se principalmente verbos.
En trist ecer Abreviação – é a redução de palavras até o limite
Prefixo radical sufixo permitido pela compreensão: moto (motocicleta), pneu
(pneumático), metrô (metropolitano), foto (fotografia).
En tard ecer
prefixo radical sufixo Abreviatura: é a redução na grafia de certas palavras,
limitando-as quase sempre à letra inicial ou às letras ini-
Há dois casos em que a palavra derivada é formada ciais: p. ou pág. (para página), Sr. (para senhor).
sem que haja a presença de afixos. São eles: a derivação
regressiva e a derivação imprópria. Sigla: é um caso especial de abreviatura, na qual se re-
duzem locuções substantivas próprias às suas letras iniciais
LÍNGUA PORTUGUESA

2.3. Derivação (são as siglas puras) ou sílabas iniciais (siglas impuras), que
se grafam de duas formas: IBGE, MEC (siglas puras); DE-
• Derivação regressiva: a palavra nova é obtida por TRAN ou Detran, PETROBRAS ou Petrobras (siglas impuras).
redução da palavra primitiva. Ocorre, sobretudo,
na formação de substantivos derivados de verbos. Hibridismo: é a palavra formada com elementos
janta (substantivo) - deriva de jantar (verbo) / pesca oriundos de línguas diferentes: automóvel (auto: grego;
(substantivo) – deriva de pescar (verbo) móvel: latim); sociologia (socio: latim; logia: grego); sam-
bódromo (samba: dialeto africano; dromo: grego).

40
CLASSES DE PALAVRAS.
EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (RIOPREVIDÊNCIA – ESPECIALISTA EM PREVIDÊN-


CIA SOCIAL – SUPERIOR - CEPERJ/2014) A palavra “in- Adjetivo
fraestrutura” é formada pelo seguinte processo:
É a palavra que expressa uma qualidade ou caracterís-
a) sufixação tica do ser e se relaciona com o substantivo, concordan-
b) prefixação do com este em gênero e número.
c) parassíntese As praias brasileiras estão poluídas.
d) justaposição Praias = substantivo; brasileiras/poluídas = adjetivos
e) aglutinação (plural e feminino, pois concordam com “praias”).

Resposta: Letra B. Infra = prefixo + estrutura – temos 1. Locução adjetiva


a junção de um prefixo com um radical, portanto: de- Locução = reunião de palavras. Sempre que são ne-
rivação prefixal (ou prefixação). cessárias duas ou mais palavras para falar sobre a mes-
ma coisa, tem-se locução. Às vezes, uma preposição +
2. (SECRETARIA DE ESTADO DE DEFESA SOCIAL/MG – substantivo tem o mesmo valor de um adjetivo: é a Lo-
AGENTE DE SEGURANÇA SOCIOEDUCATIVO – MÉDIO cução Adjetiva (expressão que equivale a um adjetivo).
- IBFC/2014) O vocábulo “entristecido” é um exemplo Por exemplo: aves da noite (aves noturnas), paixão sem
de: freio (paixão desenfreada).
a) palavra composta
b) palavra primitiva Observe outros exemplos:
c) palavra derivada
d) neologismo de águia aquilino
de aluno discente
Resposta: Letra C. en + triste + ido (com consoante
de ligação “c”) = ao radical “triste” foram acrescidos o de anjo angelical
prefixo “en” e o sufixo “ido”, ou seja, “entristecido” é de ano anual
palavra derivada do processo de formação de palavras
chamado de: prefixação e sufixação. Para o exercício, de aranha aracnídeo
basta “derivada”! de boi bovino

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS de cabelo capilar


SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa de cabra caprino
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
de campo campestre ou rural
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-
char. Português linguagens: volume 1 – 7.ª ed. Reform. – de chuva pluvial
São Paulo: Saraiva, 2010. de criança pueril
AMARAL, Emília... [et al.] Português: novas palavras: li-
teratura, gramática, redação. – São Paulo: FTD, 2000. de dedo digital
de estômago estomacal ou gástrico
SITE
Disponível em: http://www.brasilescola.com/gramati- de falcão falconídeo
ca/estrutura-e-formacao-de-palavras-i.htm de farinha farináceo
de fera ferino
de ferro férreo
de fogo ígneo
de garganta gutural
de gelo glacial
de guerra bélico
LÍNGUA PORTUGUESA

de homem viril ou humano


de ilha insular
de inverno hibernal ou invernal
de lago lacustre
de leão leonino

41
de lebre l eporino
de lua lunar ou selênico
de madeira lígneo
de mestre magistral
de ouro áureo
de paixão passional
de pâncreas pancreático
de porco suíno ou porcino
dos quadris ciático
de rio fluvial
de sonho onírico
de velho senil
de vento eólico
de vidro vítreo ou hialino
de virilha inguinal
de visão óptico ou ótico

Observação:
Nem toda locução adjetiva possui um adjetivo correspondente, com o mesmo significado: Vi as alunas da 5ª série.
/ O muro de tijolos caiu.

2 Morfossintaxe do Adjetivo (Função Sintática):


O adjetivo exerce sempre funções sintáticas (função dentro de uma oração) relativas aos substantivos, atuando
como adjunto adnominal ou como predicativo (do sujeito ou do objeto).

3 Adjetivo Pátrio (ou gentílico)


Indica a nacionalidade ou o lugar de origem do ser. Observe alguns deles:

Estados e cidades brasileiras:

Alagoas alagoano
Amapá amapaense
Aracaju aracajuano ou aracajuense
Amazonas amazonense ou baré
Belo Horizonte belo-horizontino
Brasília brasiliense
Cabo Frio cabo-friense
Campinas campineiro ou campinense
LÍNGUA PORTUGUESA

42
4 Adjetivo Pátrio Composto

Na formação do adjetivo pátrio composto, o primeiro elemento aparece na forma reduzida e, normalmente, erudita.
Observe alguns exemplos:

África afro- / Cultura afro-americana


Alemanha germano- ou teuto-/Competições teuto-inglesas
América américo- / Companhia américo-africana
Bélgica belgo- / Acampamentos belgo-franceses
China sino- / Acordos sino-japoneses
Espanha hispano- / Mercado hispano-português
Europa euro- / Negociações euro-americanas
França franco- ou galo- / Reuniões franco-italianas
Grécia greco- / Filmes greco-romanos
Inglaterra anglo- / Letras anglo-portuguesas
Itália ítalo- / Sociedade ítalo-portuguesa
Japão nipo- / Associações nipo-brasileiras
Portugal luso- / Acordos luso-brasileiros

5 Flexão dos adjetivos

O adjetivo varia em gênero, número e grau.

6. Gênero dos Adjetivos

Os adjetivos concordam com o substantivo a que se referem (masculino e feminino). De forma semelhante aos
substantivos, classificam-se em:

A) Biformes - têm duas formas, sendo uma para o masculino e outra para o feminino: ativo e ativa, mau e má.
Se o adjetivo é composto e biforme, ele flexiona no feminino somente o último elemento: o moço norte-americano,
a moça norte-americana.
Exceção: surdo-mudo e surda-muda.

B) Uniformes - têm uma só forma tanto para o masculino como para o feminino: homem feliz e mulher feliz.
Se o adjetivo é composto e uniforme, fica invariável no feminino: conflito político-social e desavença político-social.

7 Número dos Adjetivos

A) Plural dos adjetivos simples


Os adjetivos simples se flexionam no plural de acordo com as regras estabelecidas para a flexão numérica dos subs-
tantivos simples: mau e maus, feliz e felizes, ruim e ruins, boa e boas.
Caso o adjetivo seja uma palavra que também exerça função de substantivo, ficará invariável, ou seja, se a palavra
que estiver qualificando um elemento for, originalmente, um substantivo, ela manterá sua forma primitiva. Exemplo: a
palavra cinza é, originalmente, um substantivo; porém, se estiver qualificando um elemento, funcionará como adjetivo.
Ficará, então, invariável. Logo: camisas cinza, ternos cinza.
Motos vinho (mas: motos verdes)
Paredes musgo (mas: paredes brancas).
Comícios monstro (mas: comícios grandiosos).
LÍNGUA PORTUGUESA

B) Adjetivo Composto
É aquele formado por dois ou mais elementos. Normalmente, esses elementos são ligados por hífen. Apenas o últi-
mo elemento concorda com o substantivo a que se refere; os demais ficam na forma masculina, singular. Caso um dos
elementos que formam o adjetivo composto seja um substantivo adjetivado, todo o adjetivo composto ficará invariável.
Por exemplo: a palavra “rosa” é, originalmente, um substantivo, porém, se estiver qualificando um elemento, funcionará
como adjetivo. Caso se ligue a outra palavra por hífen, formará um adjetivo composto; como é um substantivo adjeti-
vado, o adjetivo composto inteiro ficará invariável. Veja:

43
Camisas rosa-claro. B.1 Superlativo Absoluto: ocorre quando a quali-
Ternos rosa-claro. dade de um ser é intensificada, sem relação com outros
Olhos verde-claros. seres. Apresenta-se nas formas:
Calças azul-escuras e camisas verde-mar.  Analítica: a intensificação é feita com o auxílio de
Telhados marrom-café e paredes verde-claras. palavras que dão ideia de intensidade (advérbios).
Por exemplo: O concurseiro é muito esforçado.
Observação:  Sintética: nessa, há o acréscimo de sufixos. Por
Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qualquer exemplo: O concurseiro é esforçadíssimo.
adjetivo composto iniciado por “cor-de-...” são sempre in-
variáveis: roupas azul-marinho, tecidos azul-celeste, vesti- Observe alguns superlativos sintéticos:
dos cor-de-rosa.
O adjetivo composto surdo-mudo tem os dois ele-
mentos flexionados: crianças surdas-mudas. benéfico - beneficentíssimo
bom - boníssimo ou ótimo
8 Grau do Adjetivo
comum - comuníssimo
Os adjetivos se flexionam em grau para indicar a in- cruel - crudelíssimo
tensidade da qualidade do ser. São dois os graus do ad- difícil - dificílimo
jetivo: o comparativo e o superlativo.
doce - dulcíssimo
A) Comparativo fácil - facílimo
Nesse grau, comparam-se a mesma característica
atribuída a dois ou mais seres ou duas ou mais caracte- fiel - fidelíssimo
rísticas atribuídas ao mesmo ser. O comparativo pode ser
de igualdade, de superioridade ou de inferioridade. B.2 Superlativo Relativo: ocorre quando a qualidade
Sou tão alto como você. = Comparativo de Igualdade de um ser é intensificada em relação a um conjunto de
No comparativo de igualdade, o segundo termo da seres. Essa relação pode ser:
comparação é introduzido pelas palavras como, quanto  De Superioridade: Essa matéria é a mais fácil de
ou quão. todas.
 De Inferioridade: Essa matéria é a menos fácil de
Sou mais alto (do) que você. = Comparativo de Su- todas.
perioridade
O superlativo absoluto analítico é expresso por meio
Sílvia é menos alta que Tiago. = Comparativo de In- dos advérbios muito, extremamente, excepcionalmente,
ferioridade antepostos ao adjetivo.
O superlativo absoluto sintético se apresenta sob
Alguns adjetivos possuem, para o comparativo de duas formas: uma erudita - de origem latina – e outra
superioridade, formas sintéticas, herdadas do latim. São popular - de origem vernácula. A forma erudita é cons-
eles: bom /melhor, pequeno/menor, mau/pior, alto/supe- tituída pelo radical do adjetivo latino + um dos sufixos
rior, grande/maior, baixo/inferior. -íssimo, -imo ou érrimo: fidelíssimo, facílimo, paupérrimo;
a popular é constituída do radical do adjetivo português
Observe que: + o sufixo -íssimo: pobríssimo, agilíssimo.
 As formas menor e pior são comparativos de su- Os adjetivos terminados em –io fazem o superlativo
perioridade, pois equivalem a mais pequeno e mais com dois “ii”: frio – friíssimo, sério – seriíssimo; os termi-
mau, respectivamente. nados em –eio, com apenas um “i”: feio - feíssimo, cheio
 Bom, mau, grande e pequeno têm formas sintéticas – cheíssimo.
(melhor, pior, maior e menor), porém, em compa-
rações feitas entre duas qualidades de um mesmo REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
elemento, deve-se usar as formas analíticas mais Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Ce-
bom, mais mau,mais grande e mais pequeno. Por reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
exemplo: Paulo: Saraiva, 2010.
Pedro é maior do que Paulo - Comparação de dois SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
elementos. Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Pedro é mais grande que pequeno - comparação de Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
duas qualidades de um mesmo elemento. ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
LÍNGUA PORTUGUESA

Sou menos alto (do) que você. = Comparativo de In-


ferioridade SITE
Sou menos passivo (do) que tolerante. http://www.sopor tugues.com.br/secoes/morf/
morf32.php
B) Superlativo
O superlativo expressa qualidades num grau muito
elevado ou em grau máximo. Pode ser absoluto ou rela-
tivo e apresenta as seguintes modalidades:

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Advérbio 2. Classificação dos Advérbios

Compare estes exemplos: De acordo com a circunstância que exprime, o advér-


O ônibus chegou. bio pode ser de:
O ônibus chegou ontem. A) Lugar: aqui, antes, dentro, ali, adiante, fora, aco-
lá, atrás, além, lá, detrás, aquém, cá, acima, onde,
Advérbio é uma palavra invariável que modifica o perto, aí, abaixo, aonde, longe, debaixo, algures, de-
sentido do verbo (acrescentando-lhe circunstâncias de fronte, nenhures, adentro, afora, alhures, nenhures,
tempo, de modo, de lugar, de intensidade), do adjetivo e aquém, embaixo, externamente, à distância, à dis-
do próprio advérbio. tância de, de longe, de perto, em cima, à direita, à
Estudei bastante. = modificando o verbo estudei esquerda, ao lado, em volta.
Ele canta muito bem! = intensificando outro advérbio B) Tempo: hoje, logo, primeiro, ontem, tarde, outrora,
(bem) amanhã, cedo, dantes, depois, ainda, antigamente,
Ela tem os olhos muito claros. = relação com um ad- antes, doravante, nunca, então, ora, jamais, agora,
jetivo (claros) sempre, já, enfim, afinal, amiúde, breve, constan-
temente, entrementes, imediatamente, primeira-
Quando modifica um verbo, o advérbio pode acres- mente, provisoriamente, sucessivamente, às vezes,
centar ideia de: à tarde, à noite, de manhã, de repente, de vez em
Tempo: Ela chegou tarde. quando, de quando em quando, a qualquer mo-
Lugar: Ele mora aqui. mento, de tempos em tempos, em breve, hoje em
Modo: Eles agiram mal. dia.
Negação: Ela não saiu de casa. C) Modo: bem, mal, assim, adrede, melhor, pior, de-
Dúvida: Talvez ele volte. pressa, acinte, debalde, devagar, às pressas, às cla-
ras, às cegas, à toa, à vontade, às escondidas, aos
1. Flexão do Advérbio poucos, desse jeito, desse modo, dessa maneira, em
geral, frente a frente, lado a lado, a pé, de cor, em
Os advérbios são palavras invariáveis, isto é, não apre- vão e a maior parte dos que terminam em “-men-
sentam variação em gênero e número. Alguns advérbios, te”: calmamente, tristemente, propositadamente,
porém, admitem a variação em grau. Observe: pacientemente, amorosamente, docemente, escan-
dalosamente, bondosamente, generosamente.
A) Grau Comparativo D) Afirmação: sim, certamente, realmente, decerto,
Forma-se o comparativo do advérbio do mesmo efetivamente, certo, decididamente, deveras, indu-
modo que o comparativo do adjetivo: bitavelmente.
 de igualdade: tão + advérbio + quanto (como): E) Negação: não, nem, nunca, jamais, de modo algum,
Renato fala tão alto quanto João. de forma nenhuma, tampouco, de jeito nenhum.
 de inferioridade: menos + advérbio + que (do F) Dúvida: acaso, porventura, possivelmente, pro-
que): Renato fala menos alto do que João. vavelmente, quiçá, talvez, casualmente, por certo,
 de superioridade: quem sabe.
A.1 Analítico: mais + advérbio + que (do que): Renato G) Intensidade: muito, demais, pouco, tão, em ex-
fala mais alto do que João. cesso, bastante, mais, menos, demasiado, quanto,
A.2 Sintético: melhor ou pior que (do que): Renato quão, tanto, assaz, que (equivale a quão), tudo,
fala melhor que João. nada, todo, quase, de todo, de muito, por completo,
extremamente, intensamente, grandemente, bem
B) Grau Superlativo (quando aplicado a propriedades graduáveis).
O superlativo pode ser analítico ou sintético: H) Exclusão: apenas, exclusivamente, salvo, senão, so-
B.1 Analítico: acompanhado de outro advérbio: Re- mente, simplesmente, só, unicamente. Por exemplo:
nato fala muito alto. Brando, o vento apenas move a copa das árvores.
muito = advérbio de intensidade / alto = advérbio I) Inclusão: ainda, até, mesmo, inclusivamente, tam-
de modo bém. Por exemplo: O indivíduo também amadurece
B.2 Sintético: formado com sufixos: Renato fala al- durante a adolescência.
tíssimo. J) Ordem: depois, primeiramente, ultimamente. Por
exemplo: Primeiramente, eu gostaria de agradecer
Observação: aos meus amigos por comparecerem à festa.
As formas diminutivas (cedinho, pertinho, etc.) são
LÍNGUA PORTUGUESA

comuns na língua popular. Saiba que:


Maria mora pertinho daqui. (muito perto) Para se exprimir o limite de possibilidade, antepõe-se
A criança levantou cedinho. (muito cedo) ao advérbio “o mais” ou “o menos”. Por exemplo: Ficarei
o mais longe que puder daquele garoto. Voltarei o menos
tarde possível.
Quando ocorrem dois ou mais advérbios em -mente,
em geral sufixamos apenas o último: O aluno respondeu
calma e respeitosamente.

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3. Distinção entre Advérbio e Pronome Indefinido Usam-se, de preferência, as formas mais bem e mais
mal antes de adjetivos ou de verbos no particípio:
Há palavras como muito, bastante, que podem apare- Essa matéria é mais bem interessante que aquela.
cer como advérbio e como pronome indefinido. Nosso aluno foi o mais bem colocado no concurso!
O numeral “primeiro”, ao modificar o verbo, é advér-
Advérbio: refere-se a um verbo, adjetivo, ou a outro bio: Cheguei primeiro.
advérbio e não sofre flexões. Por exemplo: Eu corri muito.
Pronome Indefinido: relaciona-se a um substantivo Quanto a sua função sintática: o advérbio e a locução
e sofre flexões. Por exemplo: Eu corri muitos quilômetros. adverbial desempenham na oração a função de adjunto
adverbial, classificando-se de acordo com as circunstân-
cias que acrescentam ao verbo, ao adjetivo ou ao advér-
#FicaDica bio. Exemplo:
Meio cansada, a candidata saiu da sala. = adjunto ad-
Como saber se a palavra bastante é advérbio verbial de intensidade (ligado ao adjetivo “cansada”)
(não varia, não se flexiona) ou pronome Trovejou muito ontem. = adjunto adverbial de intensi-
indefinido (varia, sofre flexão)? Se der, na dade e de tempo, respectivamente.
frase, para substituir o “bastante” por “muito”,
estamos diante de um advérbio; se der para REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
substituir por “muitos” (ou muitas), é um Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Ce-
pronome. Veja: reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
1. Estudei bastante para o concurso. (estudei Paulo: Saraiva, 2010.
muito, pois “muitos” não dá!) = advérbio Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
2. Estudei bastantes capítulos para o concurso. ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
(estudei muitos capítulos) = pronome indefinido SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.

4. Advérbios Interrogativos SITE


http://www.sopor tugues.com.br/secoes/morf/
São as palavras: onde? aonde? donde? quando? como? morf75.php
por quê? nas interrogações diretas ou indiretas, referen-
tes às circunstâncias de lugar, tempo, modo e causa. Veja: Artigo

Interrogação Direta Interrogação Indireta O artigo integra as dez classes gramaticais, definindo-
-se como o termo variável que serve para individualizar
Como aprendeu? Perguntei como aprendeu. ou generalizar o substantivo, indicando, também, o gê-
Onde mora? Indaguei onde morava. nero (masculino/feminino) e o número (singular/plural).
Os artigos se subdividem em definidos (“o” e as va-
Por que choras? Não sei por que choras. riações “a”[as] e [os]) e indefinidos (“um” e as variações
Aonde vai? Perguntei aonde ia. “uma”[s] e “uns]).
Donde vens? Pergunto donde vens.
A) Artigos definidos – São usados para indicar se-
Quando voltas? Pergunto quando voltas. res determinados, expressos de forma individual: O
concurseiro estuda muito. Os concurseiros estudam
5. Locução Adverbial muito.
B) Artigos indefinidos – usados para indicar seres de
Quando há duas ou mais palavras que exercem fun- modo vago, impreciso: Uma candidata foi aprova-
ção de advérbio, temos a locução adverbial, que pode da! Umas candidatas foram aprovadas!
expressar as mesmas noções dos advérbios. Iniciam ordi-
nariamente por uma preposição. Veja: 1. Circunstâncias em que os artigos se manifestam:
A) lugar: à esquerda, à direita, de longe, de perto,
para dentro, por aqui, etc. Considera-se obrigatório o uso do artigo depois do
B) afirmação: por certo, sem dúvida, etc. numeral “ambos”: Ambos os concursos cobrarão tal con-
C) modo: às pressas, passo a passo, de cor, em vão, teúdo.
em geral, frente a frente, etc. Nomes próprios indicativos de lugar (ou topônimos)
LÍNGUA PORTUGUESA

D) tempo: de noite, de dia, de vez em quando, à tarde, admitem o uso do artigo, outros não: São Paulo, O Rio de
hoje em dia, nunca mais, etc. Janeiro, Veneza, A Bahia...
A locução adverbial e o advérbio modificam o verbo, Quando indicado no singular, o artigo definido pode
o adjetivo e outro advérbio: indicar toda uma espécie: O trabalho dignifica o homem.
Chegou muito cedo. (advérbio) No caso de nomes próprios personativos, denotando
Joana é muito bela. (adjetivo) a ideia de familiaridade ou afetividade, é facultativo o uso
De repente correram para a rua. (verbo) do artigo: Marcela é a mais extrovertida das irmãs. / O
Pedro é o xodó da família.

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No caso de os nomes próprios personativos estarem 1. Morfossintaxe da Conjunção
no plural, são determinados pelo uso do artigo: Os Maias,
os Incas, Os Astecas... As conjunções, a exemplo das preposições, não exer-
Usa-se o artigo depois do pronome indefinido todo(a) cem propriamente uma função sintática: são conectivos.
para conferir uma ideia de totalidade. Sem o uso dele (do
artigo), o pronome assume a noção de “qualquer”. 2. Classificação da Conjunção
Toda a classe parabenizou o professor. (a sala toda)
Toda classe possui alunos interessados e desinteressa- De acordo com o tipo de relação que estabelecem,
dos. (qualquer classe) as conjunções podem ser classificadas em coordenati-
Antes de pronomes possessivos, o uso do artigo é fa- vas e subordinativas. No primeiro caso, os elementos
cultativo: Preparei o meu curso. Preparei meu curso. ligados pela conjunção podem ser isolados um do outro.
A utilização do artigo indefinido pode indicar uma Esse isolamento, no entanto, não acarreta perda da uni-
ideia de aproximação numérica: O máximo que ele deve dade de sentido que cada um dos elementos possui. Já
ter é uns vinte anos. no segundo caso, cada um dos elementos ligados pela
O artigo também é usado para substantivar palavras conjunção depende da existência do outro. Veja:
pertencentes a outras classes gramaticais: Não sei o por- Estudei muito, mas ainda não compreendi o conteúdo.
quê de tudo isso. / O bem vence o mal. Podemos separá-las por ponto:
Estudei muito. Ainda não compreendi o conteúdo.
2. Há casos em que o artigo definido não pode ser
usado: Temos acima um exemplo de conjunção (e, conse-
Antes de nomes de cidade (topônimo) e de pessoas quentemente, orações coordenadas) coordenativa –
conhecidas: O professor visitará Roma. “mas”. Já em:
Espero que eu seja aprovada no concurso!
Mas, se o nome apresentar um caracterizador, a pre- Não conseguimos separar uma oração da outra, pois
sença do artigo será obrigatória: O professor visitará a a segunda “completa” o sentido da primeira (da oração
bela Roma. principal): Espero o quê? Ser aprovada. Nesse período te-
mos uma oração subordinada substantiva objetiva direta
(ela exerce a função de objeto direto do verbo da oração
Antes de pronomes de tratamento: Vossa Senhoria
principal).
sairá agora?
Exceção: O senhor vai à festa?
3. Conjunções Coordenativas
Após o pronome relativo “cujo” e suas variações: Esse
São aquelas que ligam orações de sentido completo
é o concurso cujas provas foram anuladas?/ Este é o can-
e independente ou termos da oração que têm a mesma
didato cuja nota foi a mais alta. função gramatical. Subdividem-se em:
A) Aditivas: ligam orações ou palavras, expressando
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ideia de acréscimo ou adição. São elas: e, nem (= e
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Ce- não), não só... mas também, não só... como também,
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São bem como, não só... mas ainda.
Paulo: Saraiva, 2010. A sua pesquisa é clara e objetiva.
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda- Não só dança, mas também canta.
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.SAC-
CONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. B) Adversativas: ligam duas orações ou palavras,
30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. expressando ideia de contraste ou compensação.
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce- São elas: mas, porém, contudo, todavia, entretanto,
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São no entanto, não obstante.
Paulo: Saraiva, 2010. Tentei chegar mais cedo, porém não consegui.

SITE C) Alternativas: ligam orações ou palavras, expres-


http://www.brasilescola.com/gramatica/artigo.htm sando ideia de alternância ou escolha, indicando
fatos que se realizam separadamente. São elas: ou,
ou... ou, ora... ora, já... já, quer... quer, seja... seja, tal-
Conjunção vez... talvez.
Ou escolho agora, ou fico sem presente de aniversário.
Além da preposição, há outra palavra também inva-
LÍNGUA PORTUGUESA

riável que, na frase, é usada como elemento de ligação: D) Conclusivas: ligam a oração anterior a uma oração
a conjunção. Ela serve para ligar duas orações ou duas que expressa ideia de conclusão ou consequência.
palavras de mesma função em uma oração: São elas: logo, pois (depois do verbo), portanto, por
O concurso será realizado nas cidades de Campinas e conseguinte, por isso, assim.
São Paulo. Marta estava bem preparada para o teste, portanto
A prova não será fácil, por isso estou estudando muito. não ficou nervosa.
Você nos ajudou muito; terá, pois, nossa gratidão.

47
E) Explicativas: ligam a oração anterior a uma oração
que a explica, que justifica a ideia nela contida. São #FicaDica
elas: que, porque, pois (antes do verbo), porquanto. Você deve ter percebido que a conjunção con-
Não demore, que o filme já vai começar. dicional “se” também é conjunção integrante.
Falei muito, pois não gosto do silêncio! A diferença é clara ao ler as orações que são
introduzidas por ela. Acima, ela nos dá a ideia
4. Conjunções Subordinativas da condição para que recebamos um telefo-
nema (se for preciso ajuda). Já na oração: Não
São aquelas que ligam duas orações, sendo uma de- sei se farei o concurso. Não há ideia de
las dependente da outra. A oração dependente, intro- condição alguma, há? Outra coisa: o verbo da
duzida pelas conjunções subordinativas, recebe o nome oração principal (sei) pede complemento (ob-
de oração subordinada. Veja o exemplo: O baile já tinha jeto direto, já que “quem não sabe, não sabe
começado quando ela chegou. algo”). Portanto, a oração em destaque exerce
O baile já tinha começado: oração principal a função de objeto direto da oração principal,
quando: conjunção subordinativa (adverbial tempo- sendo classificada como oração subordinada
ral) substantiva objetiva direta.
ela chegou: oração subordinada

As conjunções subordinativas subdividem-se em in- D) Conformativas: introduzem uma oração que ex-
tegrantes e adverbiais: prime a conformidade de um fato com outro. São
elas: conforme, como (= conforme), segundo, con-
Integrantes - Indicam que a oração subordinada por soante, etc.
elas introduzida completa ou integra o sentido da prin- O passeio ocorreu como havíamos planejado.
cipal. Introduzem orações que equivalem a substantivos,
ou seja, as orações subordinadas substantivas. São elas: E) Finais: introduzem uma oração que expressa a fi-
que, se. nalidade ou o objetivo com que se realiza a oração
Quero que você volte. (Quero sua volta) principal. São elas: para que, a fim de que, que, por-
que (= para que), que, etc.
Adverbiais - Indicam que a oração subordinada exer- Toque o sinal para que todos entrem no salão.
ce a função de adjunto adverbial da principal. De acordo
com a circunstância que expressam, classificam-se em: F) Proporcionais: introduzem uma oração que ex-
pressa um fato relacionado proporcionalmente à
A) Causais: introduzem uma oração que é causa da ocorrência do expresso na principal. São elas: à
ocorrência da oração principal. São elas: porque, medida que, à proporção que, ao passo que e as
que, como (= porque, no início da frase), pois que, combinações quanto mais... (mais), quanto me-
visto que, uma vez que, porquanto, já que, desde nos... (menos), quanto menos... (mais), quanto me-
que, etc. nos... (menos), etc.
Ele não fez a pesquisa porque não dispunha de meios. O preço fica mais caro à medida que os produtos es-
casseiam.
B) Concessivas: introduzem uma oração que expres-
Observação:
sa ideia contrária à da principal, sem, no entanto,
São incorretas as locuções proporcionais à medida
impedir sua realização. São elas: embora, ainda
em que, na medida que e na medida em que.
que, apesar de que, se bem que, mesmo que, por
mais que, posto que, conquanto, etc.
G) Temporais: introduzem uma oração que acrescen-
Embora fosse tarde, fomos visitá-lo.
ta uma circunstância de tempo ao fato expresso na
oração principal. São elas: quando, enquanto, antes
C) Condicionais: introduzem uma oração que indica
que, depois que, logo que, todas as vezes que, desde
a hipótese ou a condição para ocorrência da princi- que, sempre que, assim que, agora que, mal (= as-
pal. São elas: se, caso, contanto que, salvo se, a não sim que), etc.
ser que, desde que, a menos que, sem que, etc. A briga começou assim que saímos da festa.
Se precisar de minha ajuda, telefone-me.
H) Comparativas: introduzem uma oração que ex-
pressa ideia de comparação com referência à ora-
LÍNGUA PORTUGUESA

ção principal. São elas: como, assim como, tal como,


como se, (tão)... como, tanto como, tanto quanto, do
que, quanto, tal, qual, tal qual, que nem, que (com-
binado com menos ou mais), etc.
O jogo de hoje será mais difícil que o de ontem.

48
I) Consecutivas: introduzem uma oração que expressa As interjeições cumprem, normalmente, duas funções:
a consequência da principal. São elas: de sorte que, A) Sintetizar uma frase exclamativa, exprimindo ale-
de modo que, sem que (= que não), de forma que, gria, tristeza, dor, etc.: Ah, deve ser muito interes-
de jeito que, que (tendo como antecedente na oração sante!
principal uma palavra como tal, tão, cada, tanto, ta- B) Sintetizar uma frase apelativa: Cuidado! Saia da mi-
manho), etc. nha frente.
Estudou tanto durante a noite que dormiu na hora do
exame. As interjeições podem ser formadas por:
 simples sons vocálicos: Oh!, Ah!, Ó, Ô
FIQUE ATENTO!  palavras: Oba! Olá! Claro!
Muitas conjunções não têm classificação única,  grupos de palavras (locuções interjetivas): Meu
imutável, devendo, portanto, ser classificadas Deus! Ora bolas!
de acordo com o sentido que apresentam no
contexto (destaque da Zê!). 1. Classificação das Interjeições

Comumente, as interjeições expressam sentido de:


A) Advertência: Cuidado! Devagar! Calma! Sentido!
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Atenção! Olha! Alerta!
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa B) Afugentamento: Fora! Passa! Rua!
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. C) Alegria ou Satisfação: Oh! Ah! Eh! Oba! Viva!
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Ce- D) Alívio: Arre! Uf! Ufa! Ah!
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São E) Animação ou Estímulo: Vamos! Força! Coragem!
Paulo: Saraiva, 2010. Ânimo! Adiante!
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda- F) Aplauso ou Aprovação: Bravo! Bis! Apoiado! Viva!
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
G) Concordância: Claro! Sim! Pois não! Tá!
H) Repulsa ou Desaprovação: Credo! Ih! Francamen-
SITE
te! Essa não! Chega! Basta!
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf84.
I) Desejo ou Intenção: Pudera! Tomara! Oxalá! Quei-
php
ra Deus!
J) Desculpa: Perdão!
Interjeição
K) Dor ou Tristeza: Ai! Ui! Ai de mim! Que pena!
Interjeição é a palavra invariável que exprime emo- L) Dúvida ou Incredulidade: Que nada! Qual o quê!
ções, sensações, estados de espírito. É um recurso da M) Espanto ou Admiração: Oh! Ah! Uai! Puxa! Céus!
linguagem afetiva, em que não há uma ideia organizada Quê! Caramba! Opa! Nossa! Hein? Cruz! Putz!
de maneira lógica, como são as sentenças da língua, mas N) Impaciência ou Contrariedade: Hum! Raios!
sim a manifestação de um suspiro, um estado da alma de- Puxa! Pô! Ora!
corrente de uma situação particular, um momento ou um O) Pedido de Auxílio: Socorro! Aqui! Piedade!
contexto específico. Exemplos: P) Saudação, Chamamento ou Invocação: Salve!
Ah, como eu queria voltar a ser criança! Viva! Olá! Alô! Tchau! Psiu! Socorro! Valha-me,
ah: expressão de um estado emotivo = interjeição Deus!
Hum! Esse pudim estava maravilhoso! Q) Silêncio: Psiu! Silêncio!
hum: expressão de um pensamento súbito = interjei- R) Terror ou Medo: Credo! Cruzes! Minha nossa!
ção
O significado das interjeições está vinculado à maneira Saiba que:
como elas são proferidas. O tom da fala é que dita o senti- As interjeições são palavras invariáveis, isto é, não so-
do que a expressão vai adquirir em cada contexto em que frem variação em gênero, número e grau como os no-
for utilizada. Exemplos: mes, nem de número, pessoa, tempo, modo, aspecto e
voz como os verbos. No entanto, em uso específico, al-
Psiu! gumas interjeições sofrem variação em grau. Não se trata
contexto: alguém pronunciando esta expressão na rua; de um processo natural desta classe de palavra, mas tão
significado da interjeição (sugestão): “Estou te chamando! só uma variação que a linguagem afetiva permite. Exem-
Ei, espere!” plos: oizinho, bravíssimo, até loguinho.

Psiu! 2. Locução Interjetiva


LÍNGUA PORTUGUESA

contexto: alguém pronunciando em um hospital; signi-


ficado da interjeição (sugestão): “Por favor, faça silêncio!” Ocorre quando duas ou mais palavras formam uma
expressão com sentido de interjeição: Ora bolas!, Virgem
Puxa! Ganhei o maior prêmio do sorteio! Maria!, Meu Deus!, Ó de casa!, Ai de mim!, Graças a Deus!
puxa: interjeição; tom da fala: euforia Toda frase mais ou menos breve dita em tom excla-
mativo torna-se uma locução interjetiva, dispensando
Puxa! Hoje não foi meu dia de sorte! análise dos termos que a compõem: Macacos me mor-
puxa: interjeição; tom da fala: decepção dam!, Valha-me Deus!, Quem me dera!

49
1. As interjeições são como frases resumidas, sinté-
ticas. Por exemplo: Ué! (= Eu não esperava por #FicaDica
essa!) / Perdão! (= Peço-lhe que me desculpe)
As palavras anterior, posterior, último, antepe-
2. Além do contexto, o que caracteriza a interjeição é
núltimo, final e penúltimo também indicam
o seu tom exclamativo; por isso, palavras de outras
posição dos seres, mas são classificadas como
classes gramaticais podem aparecer como inter-
adjetivos, não ordinais.
jeições. Por exemplo: Viva! Basta! (Verbos) / Fora!
Francamente! (Advérbios)
3. A interjeição pode ser considerada uma “palavra-
-frase” porque sozinha pode constituir uma men- C) Fracionários: indicam parte de uma quantidade,
sagem. Por exemplo: Socorro! Ajudem-me! Silêncio! ou seja, uma divisão dos seres: meio, terço, dois
Fique quieto! quintos, etc.
4. Há, também, as interjeições onomatopaicas ou imi- D) Multiplicativos: expressam ideia de multiplicação
tativas, que exprimem ruídos e vozes. Por exemplo: dos seres, indicando quantas vezes a quantidade
Miau! Bumba! Zás! Plaft! Pof! Catapimba! Tique-ta- foi aumentada: dobro, triplo, quíntuplo, etc.
que! Quá-quá-quá!, etc.
5. Não se deve confundir a interjeição de apelo “ó” 2. Flexão dos numerais
com a sua homônima “oh!”, que exprime admira-
ção, alegria, tristeza, etc. Faz-se uma pausa depois Os numerais cardinais que variam em gênero são um/
do “oh!” exclamativo e não a fazemos depois do uma, dois/duas e os que indicam centenas de duzentos/
“ó” vocativo. Por exemplo: “Ó natureza! ó mãe pie- duzentas em diante: trezentos/trezentas, quatrocentos/
dosa e pura!” (Olavo Bilac) quatrocentas, etc. Cardinais como milhão, bilhão, trilhão,
variam em número: milhões, bilhões, trilhões. Os demais
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS cardinais são invariáveis.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Os numerais ordinais variam em gênero e número:
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português – Literatura, Produção de Textos & Gramá- primeiro segundo milésimo
tica – volume único / Samira Yousseff Campedelli, Jésus
Barbosa Souza. – 3. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2002. primeira segunda milésima
primeiros segundos milésimos
SITE
http://www.sopor tugues.com.br/secoes/morf/ primeiras segundas milésimas
morf89.php
Os numerais multiplicativos são invariáveis quando
NUMERAL atuam em funções substantivas: Fizeram o dobro do es-
forço e conseguiram o triplo de produção.
Numeral é a palavra variável que indica quantidade Quando atuam em funções adjetivas, esses numerais
numérica ou ordem; expressa a quantidade exata de pes- flexionam-se em gênero e número: Teve de tomar doses
soas ou coisas ou o lugar que elas ocupam numa deter- triplas do medicamento.
minada sequência. Os numerais fracionários flexionam-se em gênero e
número. Observe: um terço/dois terços, uma terça parte/
Os numerais traduzem, em palavras, o que os núme- duas terças partes.
ros indicam em relação aos seres. Assim, quando a ex-
pressão é colocada em números (1, 1.º, 1/3, etc.) não se Os numerais coletivos flexionam-se em número: uma
trata de numerais, mas sim de algarismos. dúzia, um milheiro, duas dúzias, dois milheiros.
Além dos numerais mais conhecidos, já que refletem É comum na linguagem coloquial a indicação de grau
a ideia expressa pelos números, existem mais algumas nos numerais, traduzindo afetividade ou especialização
palavras consideradas numerais porque denotam quan- de sentido. É o que ocorre em frases como:
“Me empresta duzentinho...”
tidade, proporção ou ordenação. São alguns exemplos:
É artigo de primeiríssima qualidade!
década, dúzia, par, ambos(as), novena.
O time está arriscado por ter caído na segundona. (=
segunda divisão de futebol)
1. Classificação dos Numerais
3. Emprego e Leitura dos Numerais
A) Cardinais: indicam quantidade exata ou determi-
LÍNGUA PORTUGUESA

nada de seres: um, dois, cem mil, etc. Alguns car-


Os numerais são escritos em conjunto de três algaris-
dinais têm sentido coletivo, como por exemplo: mos, contados da direita para a esquerda, em forma de
século, par, dúzia, década, bimestre. centenas, dezenas e unidades, tendo cada conjunto uma
B) Ordinais: indicam a ordem, a posição que alguém separação através de ponto ou espaço correspondente a
ou alguma coisa ocupa numa determinada se- um ponto: 8.234.456 ou 8 234 456.
quência: primeiro, segundo, centésimo, etc. Em sentido figurado, usa-se o numeral para indicar
exagero intencional, constituindo a figura de linguagem
conhecida como hipérbole: Já li esse texto mil vezes.

50
No português contemporâneo, não se usa a conjunção “e” após “mil”, seguido de centena: Nasci em mil novecentos
e noventa e dois.
Seu salário será de mil quinhentos e cinquenta reais.

Mas, se a centena começa por “zero” ou termina por dois zeros, usa-se o “e”: Seu salário será de mil e quinhentos
reais. (R$1.500,00)
Gastamos mil e quarenta reais. (R$1.040,00)

Para designar papas, reis, imperadores, séculos e partes em que se divide uma obra, utilizam-se os ordinais até dé-
cimo e, a partir daí, os cardinais, desde que o numeral venha depois do substantivo;

Ordinais Cardinais
João Paulo II (segundo) Tomo XV (quinze)
D. Pedro II (segundo) Luís XVI (dezesseis)
Ato II (segundo) Capítulo XX (vinte)
Século VIII (oitavo) Século XX (vinte)
Canto IX (nono) João XXIII ( vinte e três)

Se o numeral aparece antes do substantivo, será lido como ordinal: XXX Feira do Bordado. (trigésima)

#FicaDica
Ordinal lembra ordem. Memorize assim, por associação. Ficará mais fácil!

Para designar leis, decretos e portarias, utiliza-se o ordinal até nono e o cardinal de dez em diante:
Artigo 1.° (primeiro) Artigo 10 (dez)
Artigo 9.° (nono) Artigo 21 (vinte e um)

Ambos/ambas = numeral dual, porque sempre se refere a dois seres. Significam “um e outro”, “os dois” (ou “uma
e outra”, “as duas”) e são largamente empregados para retomar pares de seres aos quais já se fez referência. Sua uti-
lização exige a presença do artigo posposto: Ambos os concursos realizarão suas provas no mesmo dia. O artigo só é
dispensado caso haja um pronome demonstrativo: Ambos esses ministros falarão à imprensa.

Quadro de alguns numerais

Cardinais Ordinais Multiplicativos Fracionários


um primeiro - -
dois segundo dobro, duplo meio
três terceiro triplo, tríplice terço
quatro quarto quádruplo quarto
cinco quinto quíntuplo quinto
seis sexto sêxtuplo sexto
sete sétimo sétuplo sétimo
oito oitavo óctuplo oitavo
nove nono nônuplo nono
dez décimo décuplo décimo
LÍNGUA PORTUGUESA

onze décimo primeiro - onze avos


doze décimo segundo - doze avos
treze décimo terceiro - treze avos
catorze décimo quarto - catorze avos
quinze décimo quinto - quinze avos

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dezesseis décimo sexto - dezesseis avos
dezessete décimo sétimo - dezessete avos
dezoito décimo oitavo - dezoito avos
dezenove décimo nono - dezenove avos
vinte vigésimo - vinte avos
trinta trigésimo - trinta avos
quarenta quadragésimo - quarenta avos
cinqüenta quinquagésimo - cinquenta avos
sessenta sexagésimo - sessenta avos
setenta septuagésimo - setenta avos
oitenta octogésimo - oitenta avos
noventa nonagésimo - noventa avos
cem centésimo cêntuplo centésimo
duzentos ducentésimo - ducentésimo
trezentos trecentésimo - trecentésimo
quatrocentos quadringentésimo - quadringentésimo
quinhentos quingentésimo - quingentésimo
seiscentos sexcentésimo - sexcentésimo
setecentos septingentésimo - septingentésimo
oitocentos octingentésimo - octingentésimo
novecentos nongentésimo
ou noningentésimo - nongentésimo
mil milésimo - milésimo
milhão milionésimo - milionésimo
bilhão bilionésimo - bilionésimo

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.

SITE
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf40.php

Preposição

Preposição é uma palavra invariável que serve para ligar termos ou orações. Quando esta ligação acontece, nor-
malmente há uma subordinação do segundo termo em relação ao primeiro. As preposições são muito importantes na
estrutura da língua, pois estabelecem a coesão textual e possuem valores semânticos indispensáveis para a compreen-
são do texto.

1. Tipos de Preposição
LÍNGUA PORTUGUESA

A) Preposições essenciais: palavras que atuam exclusivamente como preposições: a, ante, perante, após, até, com,
contra, de, desde, em, entre, para, por, sem, sob, sobre, trás, atrás de, dentro de, para com.
B) Preposições acidentais: palavras de outras classes gramaticais que podem atuar como preposições, ou seja,
formadas por uma derivação imprópria: como, durante, exceto, fora, mediante, salvo, segundo, senão, visto.
C) Locuções prepositivas: duas ou mais palavras valendo como uma preposição, sendo que a última palavra é uma
(preposição): abaixo de, acerca de, acima de, ao lado de, a respeito de, de acordo com, em cima de, embaixo de, em
frente a, ao redor de, graças a, junto a, com, perto de, por causa de, por cima de, por trás de.

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A preposição é invariável e, no entanto, pode unir-se REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
a outras palavras e, assim, estabelecer concordância em SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
gênero ou em número. Exemplo: por + o = pelo / por + Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
a = pela. Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Ce-
Essa concordância não é característica da preposição, reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
mas das palavras às quais ela se une. Paulo: Saraiva, 2010.
Esse processo de junção de uma preposição com ou- Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
tra palavra pode se dar a partir dos processos de: ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
 Combinação: união da preposição “a” com o ar-
tigo “o”(s), ou com o advérbio “onde”: ao, aonde, SITE
aos. Os vocábulos não sofrem alteração. http://www.infoescola.com/portugues/preposicao/
 Contração: união de uma preposição com outra
palavra, ocorrendo perda ou transformação de fo- Substantivo
nema: de + o = do, em + a = na, per + os = pelos,
de + aquele = daquele, em + isso = nisso. Substantivo é a classe gramatical de palavras variá-
 Crase: é a fusão de vogais idênticas: à (“a” preposi- veis, as quais denominam todos os seres que existem,
ção + “a” artigo), àquilo (“a” preposição + 1.ª vogal sejam reais ou imaginários. Além de objetos, pessoas e
do pronome “aquilo”). fenômenos, os substantivos também nomeiam:
 lugares: Alemanha, Portugal
#FicaDica  sentimentos: amor, saudade
 estados: alegria, tristeza
O “a” pode funcionar como preposição, prono-  qualidades: honestidade, sinceridade
me pessoal oblíquo e artigo. Como distingui-  ações: corrida, pescaria
-los? Caso o “a” seja um artigo, virá preceden-
do um substantivo, servindo para determiná-lo 1. Morfossintaxe do substantivo
como um substantivo singular e feminino: A
matéria que estudei é fácil! Nas orações, geralmente o substantivo exerce fun-
ções diretamente relacionadas com o verbo: atua como
núcleo do sujeito, dos complementos verbais (objeto di-
reto ou indireto) e do agente da passiva, podendo, ainda,
Quando é preposição, além de ser invariável, liga dois
funcionar como núcleo do complemento nominal ou do
termos e estabelece relação de subordinação entre eles.
aposto, como núcleo do predicativo do sujeito, do obje-
Irei à festa sozinha.
Entregamos a flor à professora! = o primeiro “a” é ar- to ou como núcleo do vocativo. Também encontramos
tigo; o segundo, preposição. substantivos como núcleos de adjuntos adnominais e de
Se for pronome pessoal oblíquo estará ocupando o adjuntos adverbiais - quando essas funções são desem-
lugar e/ou a função de um substantivo: Nós trouxemos a penhadas por grupos de palavras.
apostila. = Nós a trouxemos.
2. Classificação dos Substantivos
2. Relações semânticas (= de sentido) estabeleci-
das por meio das preposições: A) Substantivos Comuns e Próprios
Observe a definição:
Destino = Irei a Salvador.
Modo = Saiu aos prantos. Cidade: s.f. 1. Povoação maior que vila, com muitas
Lugar = Sempre a seu lado. casas e edifícios, dispostos em ruas e avenidas (no Brasil,
Assunto = Falemos sobre futebol. toda a sede de município é cidade). 2. O centro de uma
Tempo = Chegarei em instantes. cidade (em oposição aos bairros).
Causa = Chorei de saudade. Qualquer “povoação maior que vila, com muitas casas
Fim ou finalidade = Vim para ficar. e edifícios, dispostos em ruas e avenidas” será chamada
Instrumento = Escreveu a lápis. cidade. Isso significa que a palavra cidade é um substan-
Posse = Vi as roupas da mamãe. tivo comum.
Autoria = livro de Machado de Assis Substantivo Comum é aquele que designa os seres de
Companhia = Estarei com ele amanhã. uma mesma espécie de forma genérica: cidade, menino,
Matéria = copo de cristal. homem, mulher, país, cachorro.
Meio = passeio de barco. Estamos voando para Barcelona.
LÍNGUA PORTUGUESA

Origem = Nós somos do Nordeste.


Conteúdo = frascos de perfume. O substantivo Barcelona designa apenas um ser da
Oposição = Esse movimento é contra o que eu penso. espécie cidade. Barcelona é um substantivo próprio –
Preço = Essa roupa sai por cinquenta reais. aquele que designa os seres de uma mesma espécie de
forma particular: Londres, Paulinho, Pedro, Tietê, Brasil.
Quanto à preposição “trás”: não se usa senão nas lo-
cuções adverbiais (para trás ou por trás) e na locução pre-
positiva por trás de.

53
B) Substantivos Concretos e Abstratos cancioneiro canções, poesias líricas
B.1 Substantivo Concreto: é aquele que designa o
ser que existe, independentemente de outros seres. colmeia abelhas
concílio bispos
Observação:
Os substantivos concretos designam seres do mundo congresso parlamentares, cientistas
real e do mundo imaginário. elenco atores de uma peça ou filme
Seres do mundo real: homem, mulher, cadeira, cobra, esquadra navios de guerra
Brasília.
Seres do mundo imaginário: saci, mãe-d’água, fantas- enxoval roupas
ma. falange soldados, anjos

B.2 Substantivo Abstrato: é aquele que designa se- fauna animais de uma região
res que dependem de outros para se manifestarem ou feixe lenha, capim
existirem. Por exemplo: a beleza não existe por si só, flora vegetais de uma região
não pode ser observada. Só podemos observar a beleza
numa pessoa ou coisa que seja bela. A beleza depende frota navios mercantes, ônibus
de outro ser para se manifestar. Portanto, a palavra bele- girândola fogos de artifício
za é um substantivo abstrato.
Os substantivos abstratos designam estados, quali- horda bandidos, invasores
dades, ações e sentimentos dos seres, dos quais podem junta médicos, bois, credores, exa-
ser abstraídos, e sem os quais não podem existir: vida minadores
(estado), rapidez (qualidade), viagem (ação), saudade
júri jurados
(sentimento).
legião soldados, anjos, demônios
 Substantivos Coletivos leva presos, recrutas

Ele vinha pela estrada e foi picado por uma abelha, malta malfeitores ou desordeiros
outra abelha, mais outra abelha. manada búfalos, bois, elefantes,
Ele vinha pela estrada e foi picado por várias abelhas.
matilha cães de raça
Ele vinha pela estrada e foi picado por um enxame.
molho chaves, verduras
Note que, no primeiro caso, para indicar plural, foi ne- multidão pessoas em geral
cessário repetir o substantivo: uma abelha, outra abelha,
mais outra abelha. No segundo caso, utilizaram-se duas nuvem insetos (gafanhotos, mosqui-
palavras no plural. No terceiro, empregou-se um subs- tos, etc.)
tantivo no singular (enxame) para designar um conjunto penca bananas, chaves
de seres da mesma espécie (abelhas).
pinacoteca pinturas, quadros
O substantivo enxame é um substantivo coletivo.
Substantivo Coletivo: é o substantivo comum que, quadrilha ladrões, bandidos
mesmo estando no singular, designa um conjunto de se- ramalhete flores
res da mesma espécie.
rebanho ovelhas

Substantivo coletivo Conjunto de: repertório peças teatrais, obras musicais

assembleia pessoas reunidas réstia alhos ou cebolas

alcateia lobos romanceiro poesias narrativas

acervo livros revoada pássaros

antologia trechos literários selecionados sínodo párocos

arquipélago ilhas talha lenha

banda músicos tropa muares, soldados

bando desordeiros ou malfeitores turma estudantes, trabalhadores


LÍNGUA PORTUGUESA

banca examinadores vara porcos

batalhão soldados
cardume peixes
caravana viajantes peregrinos
cacho frutas

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3. Formação dos Substantivos A) Epicenos: referentes a animais. A distinção de sexo
se faz mediante a utilização das palavras “macho”
A) Substantivos Simples e Compostos e “fêmea”: a cobra macho e a cobra fêmea, o jacaré
Chuva - subst. Fem. 1 - água caindo em gotas sobre a terra. macho e o jacaré fêmea.
O substantivo chuva é formado por um único ele- B) Sobrecomuns: substantivos uniformes referentes
mento ou radical. É um substantivo simples. a pessoas de ambos os sexos: a criança, a teste-
A.1 Substantivo Simples: é aquele formado por um munha, a vítima, o cônjuge, o gênio, o ídolo, o in-
único elemento. divíduo.
Outros substantivos simples: tempo, sol, sofá, etc. Veja C) Comuns de Dois ou Comum de Dois Gêneros:
agora: O substantivo guarda-chuva é formado por dois ele- indicam o sexo das pessoas por meio do artigo: o
mentos (guarda + chuva). Esse substantivo é composto. colega e a colega, o doente e a doente, o artista e
A.2 Substantivo Composto: é aquele formado por a artista.
dois ou mais elementos. Outros exemplos: beija-flor, pas-
satempo. Substantivos de origem grega terminados em ema
ou oma são masculinos: o fonema, o poema, o sistema, o
B) Substantivos Primitivos e Derivados sintoma, o teorema.
B.1 Substantivo Primitivo: é aquele que não deriva  Existem certos substantivos que, variando de
de nenhuma outra palavra da própria língua por- gênero, variam em seu significado:
tuguesa. o águia (vigarista) e a águia (ave; perspicaz); o cabeça
B.2 Substantivo Derivado: é aquele que se origi- (líder) e a cabeça (parte do corpo); o capital (dinheiro) e
na de outra palavra. O substantivo limoeiro, por a capital (cidade); o coma (sono mórbido) e a coma (ca-
exemplo, é derivado, pois se originou a partir da beleira, juba); o lente (professor) e a lente (vidro de au-
palavra limão. mento); o moral (estado de espírito) e a moral (ética; con-
clusão); o praça (soldado raso) e a praça (área pública);
4. Flexão dos substantivos o rádio (aparelho receptor) e a rádio (estação emissora).

O substantivo é uma classe variável. A palavra é variá- 6. Formação do Feminino dos Substantivos Bifor-
vel quando sofre flexão (variação). A palavra menino, por mes
exemplo, pode sofrer variações para indicar:
Plural: meninos / Feminino: menina / Aumentativo: Regra geral: troca-se a terminação -o por –a: aluno
meninão / Diminutivo: menininho - aluna.
 Substantivos terminados em -ês: acrescenta-se -a
A) Flexão de Gênero ao masculino: freguês - freguesa
Gênero é um princípio puramente linguístico, não de-  Substantivos terminados em -ão: fazem o femini-
vendo ser confundido com “sexo”. O gênero diz respeito no de três formas:
a todos os substantivos de nossa língua, quer se refiram 1. troca-se -ão por -oa. = patrão – patroa
a seres animais providos de sexo, quer designem apenas 2. troca-se -ão por -ã. = campeão - campeã
“coisas”: o gato/a gata; o banco, a casa. 3. troca-se -ão por ona. = solteirão - solteirona
Na língua portuguesa, há dois gêneros: masculino e Exceções: barão – baronesa, ladrão - ladra, sultão -
feminino. Pertencem ao gênero masculino os substanti- sultana
vos que podem vir precedidos dos artigos o, os, um, uns.
Veja estes títulos de filmes:  Substantivos terminados em -or:
O velho e o mar acrescenta-se -a ao masculino = doutor – doutora
Um Natal inesquecível troca-se -or por -triz: = imperador – imperatriz
Os reis da praia  Substantivos com feminino em -esa, -essa, -isa:
cônsul - consulesa / abade - abadessa / poeta - poe-
Pertencem ao gênero feminino os substantivos que tisa / duque - duquesa / conde - condessa / profeta
podem vir precedidos dos artigos a, as, uma, umas: - profetisa
A história sem fim  Substantivos que formam o feminino trocando o
Uma cidade sem passado -e final por -a: elefante - elefanta
As tartarugas ninjas  Substantivos que têm radicais diferentes no mas-
culino e no feminino: bode – cabra / boi - vaca
5. Substantivos Biformes e Substantivos Unifor-  Substantivos que formam o feminino de maneira
mes especial, isto é, não seguem nenhuma das regras
LÍNGUA PORTUGUESA

anteriores: czar – czarina, réu - ré


1. Substantivos Biformes (= duas formas): apresen-
tam uma forma para cada gênero: gato – gata, ho-
mem – mulher, poeta – poetisa, prefeito - prefeita
2. Substantivos Uniformes: apresentam uma única
forma, que serve tanto para o masculino quanto
para o feminino. Classificam-se em:

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7. Formação do Feminino dos Substantivos Uni- Femininos: a dinamite, a derme, a hélice, a omoplata,
formes a cataplasma, a pane, a mascote, a gênese, a entorse, a
libido, a cal, a faringe, a cólera (doença), a ubá (canoa).
Epicenos:
Novo jacaré escapa de policiais no rio Pinheiros. São geralmente masculinos os substantivos de ori-
gem grega terminados em -ma: o grama (peso), o quilo-
Não é possível saber o sexo do jacaré em questão. grama, o plasma, o apostema, o diagrama, o epigrama, o
Isso ocorre porque o substantivo jacaré tem apenas uma telefonema, o estratagema, o dilema, o teorema, o trema,
forma para indicar o masculino e o feminino. o eczema, o edema, o magma, o estigma, o axioma, o tra-
Alguns nomes de animais apresentam uma só for- coma, o hematoma.
ma para designar os dois sexos. Esses substantivos são Exceções: a cataplasma, a celeuma, a fleuma, etc.
chamados de epicenos. No caso dos epicenos, quando
houver a necessidade de especificar o sexo, utilizam-se Gênero dos Nomes de Cidades - Com raras exce-
palavras macho e fêmea. ções, nomes de cidades são femininos: A histórica Ouro
A cobra macho picou o marinheiro. Preto. / A dinâmica São Paulo. / A acolhedora Porto Ale-
A cobra fêmea escondeu-se na bananeira. gre. / Uma Londres imensa e triste.
Exceções: o Rio de Janeiro, o Cairo, o Porto, o Havre.
8. Sobrecomuns:
Entregue as crianças à natureza. 10. Gênero e Significação

A palavra crianças se refere tanto a seres do sexo mas- Muitos substantivos, como já mencionado anterior-
culino, quanto a seres do sexo feminino. Nesse caso, nem mente, têm uma significação no masculino e outra no fe-
o artigo nem um possível adjetivo permitem identificar o minino. Observe: o baliza (soldado que à frente da tropa,
sexo dos seres a que se refere a palavra. Veja: indica os movimentos que se deve realizar em conjunto; o
A criança chorona chamava-se João. que vai à frente de um bloco carnavalesco, manejando um
A criança chorona chamava-se Maria. bastão), a baliza (marco, estaca; sinal que marca um limite
ou proibição de trânsito), o cabeça (chefe), a cabeça (par-
Outros substantivos sobrecomuns: te do corpo), o cisma (separação religiosa, dissidência), a
a criatura = João é uma boa criatura. Maria é uma cisma (ato de cismar, desconfiança), o cinza (a cor cinzen-
boa criatura. ta), a cinza (resíduos de combustão), o capital (dinheiro),
o cônjuge = O cônjuge de João faleceu. O cônjuge de a capital (cidade), o coma (perda dos sentidos), a coma
Marcela faleceu (cabeleira), o coral (pólipo, a cor vermelha, canto em coro),
a coral (cobra venenosa), o crisma (óleo sagrado, usado
9. Comuns de Dois Gêneros: na administração da crisma e de outros sacramentos), a
Motorista tem acidente idêntico 23 anos depois. crisma (sacramento da confirmação), o cura (pároco), a
cura (ato de curar), o estepe (pneu sobressalente), a estepe
Quem sofreu o acidente: um homem ou uma mulher? (vasta planície de vegetação), o guia (pessoa que guia ou-
É impossível saber apenas pelo título da notícia, uma tras), a guia (documento, pena grande das asas das aves),
vez que a palavra motorista é um substantivo uniforme. o grama (unidade de peso), a grama (relva), o caixa (fun-
A distinção de gênero pode ser feita através da análi- cionário da caixa), a caixa (recipiente, setor de pagamen-
se do artigo ou adjetivo, quando acompanharem o subs- tos), o lente (professor), a lente (vidro de aumento), o mo-
tantivo: o colega - a colega; o imigrante - a imigrante; ral (ânimo), a moral (honestidade, bons costumes, ética),
um jovem - uma jovem; artista famoso - artista famosa; o nascente (lado onde nasce o Sol), a nascente (a fonte),
repórter francês - repórter francesa. o maria-fumaça (trem como locomotiva a vapor), maria-
-fumaça (locomotiva movida a vapor), o pala (poncho), a
A palavra personagem é usada indistintamente nos pala (parte anterior do boné ou quepe, anteparo), o rádio
dois gêneros. Entre os escritores modernos nota-se acen- (aparelho receptor), a rádio (emissora), o voga (remador),
tuada preferência pelo masculino: O menino descobriu a voga (moda).
nas nuvens os personagens dos contos de carochinha.
Com referência à mulher, deve-se preferir o feminino: B) Flexão de Número do Substantivo
O problema está nas mulheres de mais idade, que não
aceitam a personagem. Em português, há dois números gramaticais: o singu-
lar, que indica um ser ou um grupo de seres, e o plural,
Diz-se: o (ou a) manequim Marcela, o (ou a) modelo que indica mais de um ser ou grupo de seres. A caracte-
LÍNGUA PORTUGUESA

fotográfico Ana Belmonte. rística do plural é o “s” final.

Masculinos: o tapa, o eclipse, o lança-perfume, o dó 11. Plural dos Substantivos Simples


)pena), o sanduíche, o clarinete, o champanha, o sósia, o
maracajá, o clã, o herpes, o pijama, o suéter, o soprano, o Os substantivos terminados em vogal, ditongo oral e
proclama, o pernoite, o púbis. “n” fazem o plural pelo acréscimo de “s”: pai – pais; ímã –
ímãs; hífen - hifens (sem acento, no plural).
Exceção: cânon - cânones.

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Os substantivos terminados em “m” fazem o plural A) Flexionam-se os dois elementos, quando for-
em “ns”: homem - homens. mados de:
Os substantivos terminados em “r” e “z” fazem o substantivo + substantivo = couve-flor e couves-flores
plural pelo acréscimo de “es”: revólver – revólveres; raiz substantivo + adjetivo = amor-perfeito e amores-per-
- raízes. feitos
adjetivo + substantivo = gentil-homem e gentis-ho-
Atenção: mens
O plural de caráter é caracteres. numeral + substantivo = quinta-feira e quintas-feiras

Os substantivos terminados em al, el, ol, ul flexio- B) Flexiona-se somente o segundo elemento,
nam-se no plural, trocando o “l” por “is”: quintal - quin- quando formados de:
tais; caracol – caracóis; hotel - hotéis. Exceções: mal e verbo + substantivo = guarda-roupa e guarda-roupas
males, cônsul e cônsules. palavra invariável + palavra variável = alto-falante e
Os substantivos terminados em “il” fazem o plural alto-falantes
de duas maneiras: palavras repetidas ou imitativas = reco-reco e reco-
1. Quando oxítonos, em “is”: canil - canis -recos
2. Quando paroxítonos, em “eis”: míssil - mísseis.
C) Flexiona-se somente o primeiro elemento,
Observação: quando formados de:
A palavra réptil pode formar seu plural de duas ma- substantivo + preposição clara + substantivo = água-
neiras: répteis ou reptis (pouco usada). -de-colônia e águas-de-colônia
substantivo + preposição oculta + substantivo = ca-
Os substantivos terminados em “s” fazem o plural valo-vapor e cavalos-vapor
de duas maneiras: substantivo + substantivo que funciona como deter-
1. Quando monossilábicos ou oxítonos, mediante o minante do primeiro, ou seja, especifica a função ou o
acréscimo de “es”: ás – ases / retrós - retroses tipo do termo anterior: palavra-chave - palavras-chave,
2. Quando paroxítonos ou proparoxítonos, ficam in- bomba-relógio - bombas-relógio, homem-rã - homens-
variáveis: o lápis - os lápis / o ônibus - os ônibus. -rã, peixe-espada - peixes-espada.

Os substantivos terminados em “ão” fazem o plural D) Permanecem invariáveis, quando formados de:
de três maneiras. verbo + advérbio = o bota-fora e os bota-fora
1. substituindo o -ão por -ões: ação - ações verbo + substantivo no plural = o saca-rolhas e os
2. substituindo o -ão por -ães: cão - cães saca-rolhas
3. substituindo o -ão por -ãos: grão - grãos
13. Casos Especiais
Observação:
Muitos substantivos terminados em “ão” apresen- o louva-a-deus e os louva-a-deus
tam dois – e até três – plurais:
aldeão – aldeões/aldeães/aldeãos an- o bem-te-vi e os bem-te-vis
cião – anciões/anciães/anciãos o bem-me-quer e os bem-me-queres
charlatão – charlatões/charlatães cor-
o joão-ninguém e os joões-ninguém.
rimão – corrimãos/corrimões
guardião – guardiões/guardiães vilão
14. Plural das Palavras Substantivadas
– vilãos/vilões/vilães
As palavras substantivadas, isto é, palavras de outras
Os substantivos terminados em “x” ficam invariáveis:
classes gramaticais usadas como substantivo apresen-
o látex - os látex.
tam, no plural, as flexões próprias dos substantivos.
Pese bem os prós e os contras.
12. Plural dos Substantivos Compostos
O aluno errou na prova dos noves.
Ouça com a mesma serenidade os sins e os nãos.
A formação do plural dos substantivos compostos
depende da forma como são grafados, do tipo de pa-
Observação:
lavras que formam o composto e da relação que esta-
Numerais substantivados terminados em “s” ou “z”
LÍNGUA PORTUGUESA

belecem entre si. Aqueles que são grafados sem hífen


não variam no plural: Nas provas mensais consegui mui-
comportam-se como os substantivos simples: aguar-
tos seis e alguns dez.
dente/aguardentes, girassol/girassóis, pontapé/ponta-
pés, malmequer/malmequeres.
O plural dos substantivos compostos cujos elemen-
tos são ligados por hífen costuma provocar muitas dú-
vidas e discussões. Algumas orientações são dadas a
seguir:

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15. Plural dos Diminutivos fosso fossos
Flexiona-se o substantivo no plural, retira-se o “s” fi- imposto impostos
nal e acrescenta-se o sufixo diminutivo. olho olhos
osso (ô) ossos (ó)
pãe(s) + zinhos = pãezinhos
ovo ovos
animai(s) + zinhos = animaizinhos
poço poços
botõe(s) + zinhos = botõezinhos
porto portos
chapéu(s) + zinhos = chapeuzinhos
posto postos
farói(s) + zinhos = faroizinhos
tijolo tijolos
tren(s) + zinhos = trenzinhos
colhere(s) + zinhas = colherezinhas Têm a vogal tônica fechada (ô): adornos, almoços,
bolsos, esposos, estojos, globos, gostos, polvos, rolos, so-
flore(s) + zinhas = florezinhas
ros, etc.
mão(s) + zinhas = mãozinhas
papéi(s) + zinhos = papeizinhos Observação:
Distinga-se molho (ô) = caldo (molho de carne), de
nuven(s) + zinhas = nuvenzinhas molho (ó) = feixe (molho de lenha).
funi(s) + zinhos = funizinhos
túnei(s) + zinhos = tuneizinhos Há substantivos que só se usam no singular: o sul, o
norte, o leste, o oeste, a fé, etc.
pai(s) + zinhos = paizinhos
pé(s) + zinhos = pezinhos Outros só no plural: as núpcias, os víveres, os pêsa-
mes, as espadas/os paus (naipes de baralho), as fezes.
pé(s) + zitos = pezitos
Outros, enfim, têm, no plural, sentido diferente do
singular: bem (virtude) e bens (riquezas), honra (probida-
16. Plural dos Nomes Próprios Personativos
de, bom nome) e honras (homenagem, títulos).
Devem-se pluralizar os nomes próprios de pessoas Usamos, às vezes, os substantivos no singular, mas
sempre que a terminação preste-se à flexão. com sentido de plural:
Os Napoleões também são derrotados. Aqui morreu muito negro.
As Raquéis e Esteres. Celebraram o sacrifício divino muitas vezes em cape-
las improvisadas.
17. Plural dos Substantivos Estrangeiros
C) Flexão de Grau do Substantivo
Substantivos ainda não aportuguesados devem ser
escritos como na língua original, acrescentando-se “s” Grau é a propriedade que as palavras têm de exprimir
(exceto quando terminam em “s” ou “z”): os shows, os as variações de tamanho dos seres. Classifica-se em:
shorts, os jazz. 1. Grau Normal - Indica um ser de tamanho consi-
Substantivos já aportuguesados flexionam-se de derado normal. Por exemplo: casa
acordo com as regras de nossa língua: os clubes, os cho- 2. Grau Aumentativo - Indica o aumento do tama-
pes, os jipes, os esportes, as toaletes, os bibelôs, os garçons, nho do ser. Classifica-se em:
os réquiens. Analítico = o substantivo é acompanhado de um
Observe o exemplo: adjetivo que indica grandeza. Por exemplo: casa grande.
Este jogador faz gols toda vez que joga. Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo in-
O plural correto seria gois (ô), mas não se usa. dicador de aumento. Por exemplo: casarão.

18. Plural com Mudança de Timbre 3. Grau Diminutivo - Indica a diminuição do tama-
nho do ser. Pode ser:
Certos substantivos formam o plural com mudança Analítico = substantivo acompanhado de um adje-
de timbre da vogal tônica (o fechado / o aberto). É um tivo que indica pequenez. Por exemplo: casa pequena.
fato fonético chamado metafonia (plural metafônico). Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo in-
LÍNGUA PORTUGUESA

dicador de diminuição. Por exemplo: casinha.


Singular Plural REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
corpo (ô) corpos (ó) SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
esforço esforços Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce-
fogo fogos reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
Paulo: Saraiva, 2010.
forno fornos

58
CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura, 1. Pronomes Pessoais
Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira
Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição – São aqueles que substituem os substantivos, indi-
São Paulo: Saraiva, 2002. cando diretamente as pessoas do discurso. Quem fala
ou escreve assume os pronomes “eu” ou “nós”; usa-se
SITE os pronomes “tu”, “vós”, “você” ou “vocês” para designar
http://www.sopor tugues.com.br/secoes/morf/ a quem se dirige, e “ele”, “ela”, “eles” ou “elas” para fazer
morf12.php referência à pessoa ou às pessoas de quem se fala.
Os pronomes pessoais variam de acordo com as fun-
ções que exercem nas orações, podendo ser do caso reto
ou do caso oblíquo.
Pronome
A) Pronome Reto
Pronome é a palavra variável que substitui ou acom- Pronome pessoal do caso reto é aquele que, na sen-
panha um substantivo (nome), qualificando-o de alguma tença, exerce a função de sujeito: Nós lhe ofertamos
forma. flores.
O homem julga que é superior à natureza, por isso o Os pronomes retos apresentam flexão de número,
homem destrói a natureza... gênero (apenas na 3.ª pessoa) e pessoa, sendo essa úl-
Utilizando pronomes, teremos: O homem julga que é tima a principal flexão, uma vez que marca a pessoa do
superior à natureza, por isso ele a destrói... discurso. Dessa forma, o quadro dos pronomes retos é
Ficou melhor, sem a repetição desnecessária de ter- assim configurado:
mos (homem e natureza). 1.ª pessoa do singular: eu
Grande parte dos pronomes não possuem significa- 2.ª pessoa do singular: tu
dos fixos, isto é, essas palavras só adquirem significação 3.ª pessoa do singular: ele, ela
dentro de um contexto, o qual nos permite recuperar a 1.ª pessoa do plural: nós
referência exata daquilo que está sendo colocado por 2.ª pessoa do plural: vós
meio dos pronomes no ato da comunicação. Com ex- 3.ª pessoa do plural: eles, elas
ceção dos pronomes interrogativos e indefinidos, os de-
mais pronomes têm por função principal apontar para as Esses pronomes não costumam ser usados como
pessoas do discurso ou a elas se relacionar, indicando-
complementos verbais na língua-padrão. Frases como
-lhes sua situação no tempo ou no espaço. Em virtude
“Vi ele na rua”, “Encontrei ela na praça”, “Trouxeram eu
dessa característica, os pronomes apresentam uma for-
até aqui”- comuns na língua oral cotidiana - devem ser
ma específica para cada pessoa do discurso.
evitadas na língua formal escrita ou falada. Na língua for-
Minha carteira estava vazia quando eu fui assaltada.
mal, devem ser usados os pronomes oblíquos correspon-
[minha/eu: pronomes de 1.ª pessoa = aquele que fala]
dentes: “Vi-o na rua”, “Encontrei-a na praça”, “Trouxeram-
Tua carteira estava vazia quando tu foste assaltada?
-me até aqui”.
[tua/tu: pronomes de 2.ª pessoa = aquele a quem se fala]
Frequentemente observamos a omissão do pronome
A carteira dela estava vazia quando ela foi assaltada.
[dela/ela: pronomes de 3.ª pessoa = aquele de quem reto em Língua Portuguesa. Isso se dá porque as próprias
se fala] formas verbais marcam, através de suas desinências, as
pessoas do verbo indicadas pelo pronome reto: Fizemos
Em termos morfológicos, os pronomes são palavras boa viagem. (Nós)
variáveis em gênero (masculino ou feminino) e em núme-
ro (singular ou plural). Assim, espera-se que a referência B) Pronome Oblíquo
através do pronome seja coerente em termos de gênero Pronome pessoal do caso oblíquo é aquele que, na
e número (fenômeno da concordância) com o seu objeto, sentença, exerce a função de complemento verbal
mesmo quando este se apresenta ausente no enunciado. (objeto direto ou indireto): Ofertaram-nos flores. (ob-
Fala-se de Roberta. Ele quer participar do desfile da jeto indireto)
nossa escola neste ano.
[nossa: pronome que qualifica “escola” = concordân- Observação:
cia adequada] O pronome oblíquo é uma forma variante do prono-
[neste: pronome que determina “ano” = concordância me pessoal do caso reto. Essa variação indica a função
adequada] diversa que eles desempenham na oração: pronome reto
[ele: pronome que faz referência à “Roberta” = con- marca o sujeito da oração; pronome oblíquo marca o
complemento da oração. Os pronomes oblíquos sofrem
LÍNGUA PORTUGUESA

cordância inadequada]
variação de acordo com a acentuação tônica que pos-
Existem seis tipos de pronomes: pessoais, possessivos, suem, podendo ser átonos ou tônicos.
demonstrativos, indefinidos, relativos e interrogativos.
2. Pronome Oblíquo Átono
São chamados átonos os pronomes oblíquos que não
são precedidos de preposição. Possuem acentuação tô-
nica fraca: Ele me deu um presente.

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Lista dos pronomes oblíquos átonos A frase: “Foi fácil para mim resolver aquela questão!”
1.ª pessoa do singular (eu): me está correta, já que “para mim” é complemento de “fá-
2.ª pessoa do singular (tu): te cil”. A ordem direta seria: Resolver aquela questão foi fácil
3.ª pessoa do singular (ele, ela): o, a, lhe para mim!
1.ª pessoa do plural (nós): nos A combinação da preposição “com” e alguns prono-
2.ª pessoa do plural (vós): vos mes originou as formas especiais comigo, contigo, consi-
3.ª pessoa do plural (eles, elas): os, as, lhes go, conosco e convosco. Tais pronomes oblíquos tônicos
frequentemente exercem a função de adjunto adverbial
de companhia: Ele carregava o documento consigo.
FIQUE ATENTO! A preposição “até” exige as formas oblíquas tônicas:
Os pronomes o, os, a, as assumem formas es- Ela veio até mim, mas nada falou.
peciais depois de certas terminações verbais: Mas, se “até” for palavra denotativa (com o sentido de
1. Quando o verbo termina em -z, -s ou -r, o inclusão), usaremos as formas retas: Todos foram bem na
pronome assume a forma lo, los, la ou las, ao prova, até eu! (= inclusive eu)
mesmo tempo que a terminação verbal é su-
primida. Por exemplo: As formas “conosco” e “convosco” são substituídas
fiz + o = fi-lo por “com nós” e “com vós” quando os pronomes pes-
fazeis + o = fazei-lo soais são reforçados por palavras como outros, mesmos,
dizer + a = dizê-la próprios, todos, ambos ou algum numeral.
Você terá de viajar com nós todos.
2. Quando o verbo termina em som nasal, o Estávamos com vós outros quando chegaram as más
pronome assume as formas no, nos, na, nas. notícias.
Por exemplo: Ele disse que iria com nós três.
viram + o: viram-no
repõe + os = repõe-nos 3. Pronome Reflexivo
retém + a: retém-na São pronomes pessoais oblíquos que, embora fun-
tem + as = tem-nas cionem como objetos direto ou indireto, referem-se ao
sujeito da oração. Indicam que o sujeito pratica e recebe
a ação expressa pelo verbo.
B.2 Pronome Oblíquo Tônico Lista dos pronomes reflexivos:
Os pronomes oblíquos tônicos são sempre precedidos 1.ª pessoa do singular (eu): me, mim = Eu não me
por preposições, em geral as preposições a, para, de e com. lembro disso.
Por esse motivo, os pronomes tônicos exercem a função de 2.ª pessoa do singular (tu): te, ti = Conhece a ti mesmo.
objeto indireto da oração. Possuem acentuação tônica forte. 3.ª pessoa do singular (ele, ela): se, si, consigo = Gui-
Lista dos pronomes oblíquos tônicos: lherme já se preparou.
1.ª pessoa do singular (eu): mim, comigo Ela deu a si um presente.
2.ª pessoa do singular (tu): ti, contigo Antônio conversou consigo mesmo.
3.ª pessoa do singular (ele, ela): si, consigo, ele, ela
1.ª pessoa do plural (nós): nós, conosco 1.ª pessoa do plural (nós): nos = Lavamo-nos no rio.
2.ª pessoa do plural (vós): vós, convosco 2.ª pessoa do plural (vós): vos = Vós vos beneficiastes
3.ª pessoa do plural (eles, elas): si, consigo, eles, elas com esta conquista.
3.ª pessoa do plural (eles, elas): se, si, consigo = Eles se
Observe que as únicas formas próprias do pronome tô- conheceram. / Elas deram a si um dia de folga.
nico são a primeira pessoa (mim) e segunda pessoa (ti). As
demais repetem a forma do pronome pessoal do caso reto.
#FicaDica
As preposições essenciais introduzem sempre pronomes
O pronome é reflexivo quando se refere à mes-
pessoais do caso oblíquo e nunca pronome do caso reto. Nos
ma pessoa do pronome subjetivo (sujeito): Eu
contextos interlocutivos que exigem o uso da língua formal,
me arrumei e saí.
os pronomes costumam ser usados desta forma:
É pronome recíproco quando indica recipro-
Não há mais nada entre mim e ti.
cidade de ação: Nós nos amamos. / Olhamo-
Não se comprovou qualquer ligação entre ti e ela.
-nos calados.
Não há nenhuma acusação contra mim.
O “se” pode ser usado como palavra expletiva
Não vá sem mim.
ou partícula de realce, sem ser rigorosamente
LÍNGUA PORTUGUESA

necessária e sem função sintática: Os explora-


Há construções em que a preposição, apesar de surgir
dores riam-se de suas tentativas. / Será que eles
anteposta a um pronome, serve para introduzir uma oração
se foram?
cujo verbo está no infinitivo. Nesses casos, o verbo pode ter
sujeito expresso; se esse sujeito for um pronome, deverá
ser do caso reto.
Trouxeram vários vestidos para eu experimentar.
Não vá sem eu mandar.

60
C) Pronomes de Tratamento Quando você vier, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos
São pronomes utilizados no tratamento formal, ceri- teus cabelos. (errado)
monioso. Apesar de indicarem nosso interlocutor (por-
tanto, a segunda pessoa), utilizam o verbo na terceira Quando você vier, eu a abraçarei e enrolar-me-ei nos
pessoa. Alguns exemplos: seus cabelos. (correto) = terceira pessoa do singular
Vossa Alteza (V. A.) = príncipes, duques
Vossa Eminência (V. E.ma) = cardeais ou
Vossa Reverendíssima (V. Ver.ma) = sacerdotes e religio-
sos em geral Quando tu vieres, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos
Vossa Excelência (V. Ex.ª) = oficiais de patente superior teus cabelos. (correto) = segunda pessoa do singular
à de coronel, senadores, deputados, embaixadores, profes-
sores de curso superior, ministros de Estado e de Tribunais, 4. Pronomes Possessivos
governadores, secretários de Estado, presidente da Repúbli-
ca (sempre por extenso) São palavras que, ao indicarem a pessoa gramatical
Vossa Magnificência (V. Mag.ª) = reitores de universida- (possuidor), acrescentam a ela a ideia de posse de algo
des (coisa possuída).
Vossa Majestade (V. M.) = reis, rainhas e imperadores Este caderno é meu. (meu = possuidor: 1.ª pessoa do
Vossa Senhoria (V. S.a) = comerciantes em geral, oficiais singular)
até a patente de coronel, chefes de seção e funcionários de
igual categoria
Vossa Meretíssima (sempre por extenso) = para juízes NÚMERO PESSOA PRONOME
de direito singular primeira meu(s), minha(s)
Vossa Santidade (sempre por extenso) = tratamento ce-
rimonioso singular segunda teu(s), tua(s)
Vossa Onipotência (sempre por extenso) = Deus singular terceira seu(s), sua(s)
Também são pronomes de tratamento o senhor, a se- plural primeira nosso(s), nossa(s)
nhora e você, vocês. “O senhor” e “a senhora” são empre-
gados no tratamento cerimonioso; “você” e “vocês”, no tra- plural segunda vosso(s), vossa(s)
tamento familiar. Você e vocês são largamente empregados plural terceira seu(s), sua(s)
no português do Brasil; em algumas regiões, a forma tu é
de uso frequente; em outras, pouco empregada. Já a forma Note que:
vós tem uso restrito à linguagem litúrgica, ultraformal ou A forma do possessivo depende da pessoa gramatical
literária. a que se refere; o gênero e o número concordam com o
objeto possuído: Ele trouxe seu apoio e sua contribuição
Observações:
naquele momento difícil.
1. Vossa Excelência X Sua Excelência: os pronomes de
tratamento que possuem “Vossa(s)” são empregados
Observações:
em relação à pessoa com quem falamos: Espero que
1. A forma “seu” não é um possessivo quando resul-
V. Ex.ª, Senhor Ministro, compareça a este encontro.
tar da alteração fonética da palavra senhor: Muito
2. Emprega-se “Sua (s)” quando se fala a respeito da
obrigado, seu José.
pessoa: Todos os membros da C.P.I. afirmaram que
Sua Excelência, o Senhor Presidente da República, agiu 2. Os pronomes possessivos nem sempre indicam
com propriedade. posse. Podem ter outros empregos, como:
3. Os pronomes de tratamento representam uma forma A) indicar afetividade: Não faça isso, minha filha.
indireta de nos dirigirmos aos nossos interlocutores. B) indicar cálculo aproximado: Ele já deve ter seus 40
Ao tratarmos um deputado por Vossa Excelência, por anos.
exemplo, estamos nos endereçando à excelência que C) atribuir valor indefinido ao substantivo: Marisa tem
esse deputado supostamente tem para poder ocupar lá seus defeitos, mas eu gosto muito dela.
o cargo que ocupa. 3. Em frases onde se usam pronomes de tratamento,
4. Embora os pronomes de tratamento dirijam-se à 2.ª o pronome possessivo fica na 3.ª pessoa: Vossa Ex-
pessoa, toda a concordância deve ser feita com a celência trouxe sua mensagem?
3.ª pessoa. Assim, os verbos, os pronomes possessi- 4. Referindo-se a mais de um substantivo, o possessi-
vos e os pronomes oblíquos empregados em relação vo concorda com o mais próximo: Trouxe-me seus
a eles devem ficar na 3.ª pessoa. livros e anotações.
Basta que V. Ex.ª cumpra a terça parte das suas promes- 5. Em algumas construções, os pronomes pessoais
LÍNGUA PORTUGUESA

sas, para que seus eleitores lhe fiquem reconhecidos. oblíquos átonos assumem valor de possessivo: Vou
5. Uniformidade de Tratamento: quando escrevemos seguir-lhe os passos. (= Vou seguir seus passos)
ou nos dirigimos a alguém, não é permitido mudar, 6. O adjetivo “respectivo” equivale a “devido, seu, pró-
ao longo do texto, a pessoa do tratamento escolhi- prio”, por isso não se deve usar “seus” ao utilizá-lo,
da inicialmente. Assim, por exemplo, se começamos para que não ocorra redundância: Coloque tudo
a chamar alguém de “você”, não poderemos usar nos respectivos lugares.
“te” ou “teu”. O uso correto exigirá, ainda, verbo na
terceira pessoa.

61
5. Pronomes Demonstrativos Os pronomes demonstrativos podem ser variáveis ou
invariáveis, observe:
São utilizados para explicitar a posição de certa pa- Variáveis: este(s), esta(s), esse(s), essa(s), aquele(s),
lavra em relação a outras ou ao contexto. Essa relação aquela(s).
pode ser de espaço, de tempo ou em relação ao discurso. Invariáveis: isto, isso, aquilo.
Também aparecem como pronomes demonstrativos:
A) Em relação ao espaço:  o(s), a(s): quando estiverem antecedendo o “que”
Este(s), esta(s) e isto = indicam o que está perto da e puderem ser substituídos por aquele(s), aquela(s),
pessoa que fala: aquilo.
Este material é meu. Não ouvi o que disseste. (Não ouvi aquilo que disseste.)
Essa rua não é a que te indiquei. (não é aquela que te
Esse(s), essa(s) e isso = indicam o que está perto da indiquei.)
pessoa com quem se fala:
Esse material em sua carteira é seu?  mesmo(s), mesma(s), próprio(s), própria(s):
variam em gênero quando têm caráter reforçativo:
Aquele(s), aquela(s) e aquilo = indicam o que está Estas são as mesmas pessoas que o procuraram ontem.
distante tanto da pessoa que fala como da pessoa com Eu mesma refiz os exercícios.
quem se fala: Elas mesmas fizeram isso.
Aquele material não é nosso. Eles próprios cozinharam.
Vejam aquele prédio! Os próprios alunos resolveram o problema.

B) Em relação ao tempo:  semelhante(s): Não tenha semelhante atitude.


Este(s), esta(s) e isto = indicam o tempo presente em  tal, tais: Tal absurdo eu não cometeria.
relação à pessoa que fala: 1. Em frases como: O referido deputado e o Dr. Alcides
Esta manhã farei a prova do concurso! eram amigos íntimos; aquele casado, solteiro este.
(ou então: este solteiro, aquele casado) - este se re-
Esse(s), essa(s) e isso = indicam o tempo passado, po- fere à pessoa mencionada em último lugar; aquele,
rém relativamente próximo à época em que se situa a à mencionada em primeiro lugar.
pessoa que fala: 2. O pronome demonstrativo tal pode ter conotação
Essa noite dormi mal; só pensava no concurso! irônica: A menina foi a tal que ameaçou o professor?
Aquele(s), aquela(s) e aquilo = indicam um afastamen- 3. Pode ocorrer a contração das preposições a, de, em
to no tempo, referido de modo vago ou como tempo com pronome demonstrativo: àquele, àquela, deste,
remoto: desta, disso, nisso, no, etc: Não acreditei no que esta-
Naquele tempo, os professores eram valorizados. va vendo. (no = naquilo)

C) Em relação ao falado ou escrito (ou ao que se 6. Pronomes Indefinidos


falará ou escreverá):
Este(s), esta(s) e isto = empregados quando se quer São palavras que se referem à 3.ª pessoa do discur-
fazer referência a alguma coisa sobre a qual ainda se fa- so, dando-lhe sentido vago (impreciso) ou expressando
lará: quantidade indeterminada.
Serão estes os conteúdos da prova: análise sintática, Alguém entrou no jardim e destruiu as mudas recém-
ortografia, concordância. -plantadas.
Não é difícil perceber que “alguém” indica uma pessoa
Esse(s), essa(s) e isso = utilizados quando se pretende de quem se fala (uma terceira pessoa, portanto) de forma
fazer referência a alguma coisa sobre a qual já se falou: imprecisa, vaga. É uma palavra capaz de indicar um ser
Sua aprovação no concurso, isso é o que mais deseja- humano que seguramente existe, mas cuja identidade é
mos! desconhecida ou não se quer revelar. Classificam-se em:

Este e aquele são empregados quando se quer fazer A) Pronomes Indefinidos Substantivos: assumem o
referência a termos já mencionados; aquele se refere ao lugar do ser ou da quantidade aproximada de seres
termo referido em primeiro lugar e este para o referido na frase. São eles: algo, alguém, fulano, sicrano, bel-
por último: trano, nada, ninguém, outrem, quem, tudo.
Algo o incomoda?
Domingo, no Pacaembu, jogarão Palmeiras e São Pau- Quem avisa amigo é.
LÍNGUA PORTUGUESA

lo; este está mais bem colocado que aquele. (= este [São
Paulo], aquele [Palmeiras]) B) Pronomes Indefinidos Adjetivos: qualificam um
ser expresso na frase, conferindo-lhe a noção de
ou quantidade aproximada. São eles: cada, certo(s),
certa(s).
Domingo, no Pacaembu, jogarão Palmeiras e São Pau- Cada povo tem seus costumes.
lo; aquele está mais bem colocado que este. (= este [São Certas pessoas exercem várias profissões.
Paulo], aquele [Palmeiras])

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Note que: Observe:
Ora são pronomes indefinidos substantivos, ora pro- Pronomes relativos variáveis = o qual, cujo, quanto, os
nomes indefinidos adjetivos: quais, cujos, quantos, a qual, cuja, quanta, as quais, cujas,
algum, alguns, alguma(s), bastante(s) (= muito, mui- quantas.
tos), demais, mais, menos, muito(s), muita(s), nenhum, ne- Pronomes relativos invariáveis = quem, que, onde.
nhuns, nenhuma(s), outro(s), outra(s), pouco(s), pouca(s),
qualquer, quaisquer, qual, que, quanto(s), quanta(s), tal, Note que:
tais, tanto(s), tanta(s), todo(s), toda(s), um, uns, uma(s), O pronome “que” é o relativo de mais largo empre-
vários, várias. go, sendo por isso chamado relativo universal. Pode ser
Menos palavras e mais ações. substituído por o qual, a qual, os quais, as quais, quando
Alguns se contentam pouco. seu antecedente for um substantivo.
O trabalho que eu fiz refere-se à corrupção. (= o qual)
Os pronomes indefinidos podem ser divididos em va- A cantora que acabou de se apresentar é péssima. (=
riáveis e invariáveis. Observe: a qual)
 Variáveis = algum, nenhum, todo, muito, pouco, Os trabalhos que eu fiz referem-se à corrupção. (= os
vário, tanto, outro, quanto, alguma, nenhuma, toda, quais)
muita, pouca, vária, tanta, outra, quanta, qualquer, As cantoras que se apresentaram eram péssimas. (=
quaisquer*, alguns, nenhuns, todos, muitos, poucos, as quais)
vários, tantos, outros, quantos, algumas, nenhumas,
todas, muitas, poucas, várias, tantas, outras, quan- O qual, os quais, a qual e as quais são exclusivamente
tas. pronomes relativos, por isso são utilizados didaticamen-
 Invariáveis = alguém, ninguém, outrem, tudo, te para verificar se palavras como “que”, “quem”, “onde”
nada, algo, cada. (que podem ter várias classificações) são pronomes rela-
tivos. Todos eles são usados com referência à pessoa ou
*Qualquer é composto de qual + quer (do verbo que- coisa por motivo de clareza ou depois de determinadas
preposições: Regressando de São Paulo, visitei o sítio de
rer), por isso seu plural é quaisquer (única palavra cujo
minha tia, o qual me deixou encantado. O uso de “que”,
plural é feito em seu interior).
neste caso, geraria ambiguidade. Veja: Regressando de
Todo e toda no singular e junto de artigo significa in-
São Paulo, visitei o sítio de minha tia, que me deixou en-
teiro; sem artigo, equivale a qualquer ou a todas as:
cantado (quem me deixou encantado: o sítio ou minha
Toda a cidade está enfeitada. (= a cidade inteira)
tia?).
Toda cidade está enfeitada. (= todas as cidades)
Essas são as conclusões sobre as quais pairam muitas
Trabalho todo o dia. (= o dia inteiro)
dúvidas? (com preposições de duas ou mais sílabas utili-
Trabalho todo dia. (= todos os dias)
za-se o qual / a qual)
São locuções pronominais indefinidas: cada qual, O relativo “que” às vezes equivale a o que, coisa que,
cada um, qualquer um, quantos quer (que), quem quer e se refere a uma oração: Não chegou a ser padre, mas
(que), seja quem for, seja qual for, todo aquele (que), tal deixou de ser poeta, que era a sua vocação natural.
qual (= certo), tal e qual, tal ou qual, um ou outro, uma
ou outra, etc. O pronome “cujo”: exprime posse; não concorda com
Cada um escolheu o vinho desejado. o seu antecedente (o ser possuidor), mas com o conse-
quente (o ser possuído, com o qual concorda em gêne-
7. Pronomes Relativos ro e número); não se usa artigo depois deste pronome;
“cujo” equivale a do qual, da qual, dos quais, das quais.
São aqueles que representam nomes já mencionados Existem pessoas cujas ações são nobres.
anteriormente e com os quais se relacionam. Introduzem (antecedente) (consequente)
as orações subordinadas adjetivas.
O racismo é um sistema que afirma a superioridade de Se o verbo exigir preposição, esta virá antes do pro-
um grupo racial sobre outros. nome: O autor, a cujo livro você se referiu, está aqui! (re-
(afirma a superioridade de um grupo racial sobre ou- feriu-se a)
tros = oração subordinada adjetiva).
“Quanto” é pronome relativo quando tem por ante-
O pronome relativo “que” refere-se à palavra “siste- cedente um pronome indefinido: tanto (ou variações) e
ma” e introduz uma oração subordinada. Diz-se que a tudo:
LÍNGUA PORTUGUESA

palavra “sistema” é antecedente do pronome relativo que.


O antecedente do pronome relativo pode ser o pro- Emprestei tantos quantos foram neces-
nome demonstrativo o, a, os, as. sários.
Não sei o que você está querendo dizer. (antecedente)
Às vezes, o antecedente do pronome relativo não vem
expresso. Ele fez tudo quanto ha-
Quem casa, quer casa. via falado.
(antecedente)

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O pronome “quem” se refere a pessoas e vem sempre Os pronomes pessoais oblíquos podem ser átonos ou
precedido de preposição. tônicos: os primeiros não são precedidos de preposição,
diferentemente dos segundos, que são sempre precedi-
É um professor a quem mui- dos de preposição.
to devemos. A) Pronome oblíquo átono: Joana me perguntou o
(preposição) que eu estava fazendo.
B) Pronome oblíquo tônico: Joana perguntou para
“Onde”, como pronome relativo, sempre possui ante- mim o que eu estava fazendo.
cedente e só pode ser utilizado na indicação de lugar: A
casa onde morava foi assaltada. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Na indicação de tempo, deve-se empregar quando ou Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
em que: Sinto saudades da época em que (quando) morá- Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Ce-
vamos no exterior. reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
Paulo: Saraiva, 2010.
Podem ser utilizadas como pronomes relativos as pa- Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
lavras: ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
 como (= pelo qual) – desde que precedida das CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura,
palavras modo, maneira ou forma: Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira
Não me parece correto o modo como você agiu sema- Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição –
na passada. São Paulo: Saraiva, 2002.

 quando (= em que) – desde que tenha como SITE


antecedente um nome que dê ideia de tempo: http://www.sopor tugues.com.br/secoes/morf/
Bons eram os tempos quando podíamos jogar video- morf42.php
game.
9. Colocação Pronominal
Os pronomes relativos permitem reunir duas orações
numa só frase. Colocação Pronominal trata da correta colocação dos
O futebol é um esporte. / O povo gosta muito deste pronomes oblíquos átonos na frase.
esporte.
= O futebol é um esporte de que o povo gosta muito.
#FicaDica
Numa série de orações adjetivas coordenadas, pode
ocorrer a elipse do relativo “que”: A sala estava cheia de Pronome Oblíquo é aquele que exerce a fun-
gente que conversava, (que) ria, observava. ção de complemento verbal (objeto). Por isso,
memorize:
8. Pronomes Interrogativos OBlíquo = OBjeto!

São usados na formulação de perguntas, sejam elas


diretas ou indiretas. Assim como os pronomes indefini- Embora na linguagem falada a colocação dos prono-
dos, referem-se à 3.ª pessoa do discurso de modo im- mes não seja rigorosamente seguida, algumas normas
preciso. São pronomes interrogativos: que, quem, qual (e devem ser observadas na linguagem escrita.
variações), quanto (e variações).
Com quem andas? Próclise = É a colocação pronominal antes do verbo.
Qual seu nome? A próclise é usada:
Diz-me com quem andas, que te direi quem és.
 Quando o verbo estiver precedido de palavras
O pronome pessoal é do caso reto quando tem fun- que atraem o pronome para antes do verbo. São elas:
ção de sujeito na frase. O pronome pessoal é do caso A) Palavras de sentido negativo: não, nunca, ninguém,
oblíquo quando desempenha função de complemento. jamais, etc.: Não se desespere!
1. Eu não sei essa matéria, mas ele irá me ajudar. B) Advérbios: Agora se negam a depor.
2. Maria foi embora para casa, pois não sabia se devia C) Conjunções subordinativas: Espero que me expli-
lhe ajudar. quem tudo!
LÍNGUA PORTUGUESA

Na primeira oração os pronomes pessoais “eu” e “ele” D) Pronomes relativos: Venceu o concurseiro que se
exercem função de sujeito, logo, são pertencentes ao esforçou.
caso reto. Já na segunda oração, o pronome “lhe” exerce E) Pronomes indefinidos: Poucos te deram a oportu-
função de complemento (objeto), ou seja, caso oblíquo. nidade.
Os pronomes pessoais indicam as pessoas do discur- F) Pronomes demonstrativos: Isso me magoa muito.
so. O pronome oblíquo “lhe”, da segunda oração, aponta
para a segunda pessoa do singular (tu/você): Maria não
sabia se devia ajudar... Ajudar quem? Você (lhe).

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 Orações iniciadas por palavras interrogativas: 11. Emprego de o, a, os, as
Quem lhe disse isso?
 Orações iniciadas por palavras exclamativas:  Em verbos terminados em vogal ou ditongo oral,
Quanto se ofendem! os pronomes: o, a, os, as não se alteram.
 Orações que exprimem desejo (orações optativas): Chame-o agora.
Que Deus o ajude. Deixei-a mais tranquila.
 A próclise é obrigatória quando se utiliza o pro-
nome reto ou sujeito expresso: Eu lhe entregarei o  Em verbos terminados em r, s ou z, estas consoan-
material amanhã. / Tu sabes cantar? tes finais alteram-se para lo, la, los, las. Exemplos:
(Encontrar) Encontrá-lo é o meu maior sonho.
Mesóclise = É a colocação pronominal no meio do (Fiz) Fi-lo porque não tinha alternativa.
verbo. A mesóclise é usada:
 Em verbos terminados em ditongos nasais (am,
Quando o verbo estiver no futuro do presente ou fu- em, ão, õe), os pronomes o, a, os, as alteram-se
turo do pretérito, contanto que esses verbos não estejam para no, na, nos, nas.
precedidos de palavras que exijam a próclise. Exemplos: Chamem-no agora.
Realizar-se-á, na próxima semana, um grande evento em Põe-na sobre a mesa.
prol da paz no mundo.
Repare que o pronome está “no meio” do verbo “rea-
lizará”: realizar – SE – á. Se houvesse na oração alguma
palavra que justificasse o uso da próclise, esta prevalece- #FicaDica
ria. Veja: Não se realizará...
Dica da Zê!
Não fossem os meus compromissos, acompanhar-te-ia
Próclise – pró lembra pré; pré é prefixo que sig-
nessa viagem.
nifica “antes”! Pronome antes do verbo!
(com presença de palavra que justifique o uso de pró-
Ênclise – “en” lembra, pelo “som”, /Ənd/ (end,
clise: Não fossem os meus compromissos, EU te acompa-
em Inglês – que significa “fim, final!). Pronome
nharia nessa viagem).
depois do verbo!
Mesóclise – pronome oblíquo no Meio do ver-
Ênclise = É a colocação pronominal depois do verbo.
bo
A ênclise é usada quando a próclise e a mesóclise não
forem possíveis:
 Quando o verbo estiver no imperativo afirmativo:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Quando eu avisar, silenciem-se todos.
 Quando o verbo estiver no infinitivo impessoal: SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Não era minha intenção machucá-la. Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
 Quando o verbo iniciar a oração. (até porque não Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Ce-
se inicia período com pronome oblíquo). reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
Vou-me embora agora mesmo. Paulo: Saraiva, 2010.
Levanto-me às 6h.
 Quando houver pausa antes do verbo: Se eu passo SITE
no concurso, mudo-me hoje mesmo! http://www.portugues.com.br/gramatica/colocacao-
 Quando o verbo estiver no gerúndio: Recusou a -pronominal-.html
proposta fazendo-se de desentendida.
Observação: Não foram encontradas questões
10. Colocação pronominal nas locuções verbais abrangendo tal conteúdo.

 Após verbo no particípio = pronome depois do VERBO


verbo auxiliar (e não depois do particípio):
Tenho me deliciado com a leitura! Verbo é a palavra que se flexiona em pessoa, número,
Eu tenho me deliciado com a leitura! tempo e modo. A estes tipos de flexão verbal dá-se o
Eu me tenho deliciado com a leitura! nome de conjugação (por isso também se diz que verbo
 Não convém usar hífen nos tempos compostos e é a palavra que pode ser conjugada). Pode indicar, entre
nas locuções verbais: outros processos: ação (amarrar), estado (sou), fenôme-
Vamos nos unir! no (choverá); ocorrência (nascer); desejo (querer).
LÍNGUA PORTUGUESA

Iremos nos manifestar.


 Quando há um fator para próclise nos tempos 1. Estrutura das Formas Verbais
compostos ou locuções verbais: opção pelo uso
do pronome oblíquo “solto” entre os verbos = Não Do ponto de vista estrutural, o verbo pode apresentar
vamos nos preocupar (e não: “não nos vamos preo- os seguintes elementos:
cupar”). A) Radical: é a parte invariável, que expressa o signi-
ficado essencial do verbo. Por exemplo: fal-ei; fal-
-ava; fal-am. (radical fal-)

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B) Tema: é o radical seguido da vogal temática que #FicaDica
indica a conjugação a que pertence o verbo. Por
exemplo: fala-r. São três as conjugações: Observe que, retirando os radicais, as desi-
1.ª - Vogal Temática - A - (falar), 2.ª - Vogal Temática nências modo-temporal e número-pessoal
- E - (vender), 3.ª - Vogal Temática - I - (partir). mantiveram-se idênticas. Tente fazer com
C) Desinência modo-temporal: é o elemento que outro verbo e perceberá que se repetirá o
designa o tempo e o modo do verbo. Por exemplo: fato (desde que o verbo seja da primeira
falávamos (indica o pretérito imperfeito do indicativo) conjugação e regular!). Faça com o verbo
/ falasse ( indica o pretérito imperfeito do subjuntivo) “andar”, por exemplo. Substitua o radical
D) Desinência número-pessoal: é o elemento que “cant” e coloque o “and” (radical do verbo
designa a pessoa do discurso (1.ª, 2.ª ou 3.ª) e o andar). Viu? Fácil!
número (singular ou plural):
falamos (indica a 1.ª pessoa do plural.) / falavam
(indica a 3.ª pessoa do plural.) B) Irregulares: são aqueles cuja flexão provoca alterações
no radical ou nas desinências: faço, fiz, farei, fizesse.
FIQUE ATENTO! Observação:
O verbo pôr, assim como seus derivados (com- Alguns verbos sofrem alteração no radical apenas
por, repor, depor), pertencem à 2.ª conjugação, para que seja mantida a sonoridade. É o caso de: corrigir/
pois a forma arcaica do verbo pôr era poer. corrijo, fingir/finjo, tocar/toquei, por exemplo. Tais altera-
A vogal “e”, apesar de haver desaparecido do ções não caracterizam irregularidade, porque o fonema
infinitivo, revela-se em algumas formas do permanece inalterado.
verbo: põe, pões, põem, etc.
C) Defectivos: são aqueles que não apresentam con-
jugação completa. Os principais são adequar, pre-
2. Formas Rizotônicas e Arrizotônicas caver, computar, reaver, abolir, falir.
D) Impessoais: são os verbos que não têm sujeito e,
Ao combinarmos os conhecimentos sobre a estrutura normalmente, são usados na terceira pessoa do
dos verbos com o conceito de acentuação tônica, perce- singular. Os principais verbos impessoais são:
bemos com facilidade que nas formas rizotônicas o acen-
to tônico cai no radical do verbo: opino, aprendam, amo, 1. Haver, quando sinônimo de existir, acontecer, reali-
por exemplo. Nas formas arrizotônicas, o acento tônico zar-se ou fazer (em orações temporais).
não cai no radical, mas sim na terminação verbal (fora do Havia muitos candidatos no dia da prova. (Havia =
radical): opinei, aprenderão, amaríamos. Existiam)
Houve duas guerras mundiais. (Houve = Aconteceram)
Haverá debates hoje. (Haverá = Realizar-se-ão)
3. Classificação dos Verbos
Viajei a Madri há muitos anos. (há = faz)
Classificam-se em:
2. Fazer, ser e estar (quando indicam tempo)
A) Regulares: são aqueles que apresentam o radi-
Faz invernos rigorosos na Europa.
cal inalterado durante a conjugação e desinências
Era primavera quando o conheci.
idênticas às de todos os verbos regulares da mes-
Estava frio naquele dia.
ma conjugação. Por exemplo: comparemos os ver-
bos “cantar” e “falar”, conjugados no presente do 3. Todos os verbos que indicam fenômenos da natu-
Modo Indicativo: reza são impessoais: chover, ventar, nevar, gear, tro-
vejar, amanhecer, escurecer, etc. Quando, porém,
canto falo se constrói, “Amanheci cansado”, usa-se o verbo
“amanhecer” em sentido figurado. Qualquer verbo
cantas falas
impessoal, empregado em sentido figurado, dei-
canta falas xa de ser impessoal para ser pessoal, ou seja, terá
cantamos falamos conjugação completa.
Amanheci cansado. (Sujeito desinencial: eu)
cantais falais Choveram candidatos ao cargo. (Sujeito: candidatos)
cantam falam Fiz quinze anos ontem. (Sujeito desinencial: eu)
LÍNGUA PORTUGUESA

4. O verbo passar (seguido de preposição), indicando


tempo: Já passa das seis.

5. Os verbos bastar e chegar, seguidos da preposição


“de”, indicando suficiência:
Basta de tolices.
Chega de promessas.
6. Os verbos estar e ficar em orações como “Está bem,

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Está muito bem assim, Não fica bem, Fica mal”, sem referência a sujeito expresso anteriormente (por exemplo: “ele
está mal”). Podemos, nesse caso, classificar o sujeito como hipotético, tornando-se, tais verbos, pessoais.

7. O verbo dar + para da língua popular, equivalente de “ser possível”. Por exemplo:
Não deu para chegar mais cedo.
Dá para me arrumar uma apostila?

E) Unipessoais: são aqueles que, tendo sujeito, conjugam-se apenas nas terceiras pessoas, do singular e do plural.
São unipessoais os verbos constar, convir, ser (= preciso, necessário) e todos os que indicam vozes de animais
(cacarejar, cricrilar, miar, latir, piar).

Os verbos unipessoais podem ser usados como verbos pessoais na linguagem figurada:
Teu irmão amadureceu bastante.
O que é que aquela garota está cacarejando?

Principais verbos unipessoais:

 Cumprir, importar, convir, doer, aprazer, parecer, ser (preciso, necessário):


Cumpre estudarmos bastante. (Sujeito: estudarmos bastante)
Parece que vai chover. (Sujeito: que vai chover)
É preciso que chova. (Sujeito: que chova)

 Fazer e ir, em orações que dão ideia de tempo, seguidos da conjunção que.
Faz dez anos que viajei à Europa. (Sujeito: que viajei à Europa)
Vai para (ou Vai em ou Vai por) dez anos que não a vejo. (Sujeito: que não a vejo)

F) Abundantes: são aqueles que possuem duas ou mais formas equivalentes, geralmente no particípio, em que,
além das formas regulares terminadas em -ado ou -ido, surgem as chamadas formas curtas (particípio irregular).
O particípio regular (terminado em “–do”) é utilizado na voz ativa, ou seja, com os verbos ter e haver; o irregular é
empregado na voz passiva, ou seja, com os verbos ser, ficar e estar. Observe:

Infinitivo Particípio Regular Particípio Irregular


Aceitar Aceitado Aceito
Acender Acendido Aceso
Anexar Anexado Anexo
Benzer Benzido Bento
Corrigir Corrigido Correto
Dispersar Dispersado Disperso
Eleger Elegido Eleito
Envolver Envolvido Envolto
Imprimir Imprimido Impresso
Inserir Inserido Inserto
Limpar Limpado Limpo
Matar Matado Morto
Misturar Misturado Misto
Morrer Morrido Morto
Murchar Murchado Murcho
Pegar Pegado Pego
LÍNGUA PORTUGUESA

Romper Rompido Roto


Soltar Soltado Solto
Suspender Suspendido Suspenso
Tingir Tingido Tinto
Vagar Vagado Vago

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FIQUE ATENTO!
Estes verbos e seus derivados possuem, apenas, o particípio irregular: abrir/aberto, cobrir/coberto, dizer/
dito, escrever/escrito, pôr/posto, ver/visto, vir/vindo.

G) Anômalos: são aqueles que incluem mais de um radical em sua conjugação. Existem apenas dois: ser (sou, sois,
fui) e ir (fui, ia, vades).

H) Auxiliares: São aqueles que entram na formação dos tempos compostos e das locuções verbais. O verbo prin-
cipal (aquele que exprime a ideia fundamental, mais importante), quando acompanhado de verbo auxiliar, é
expresso numa das formas nominais: infinitivo, gerúndio ou particípio.
Vou espantar todos!
(verbo auxiliar) (verbo principal no infinitivo)

Está chegando a hora!


(verbo auxiliar) (verbo principal no gerúndio)

Observação:
Os verbos auxiliares mais usados são: ser, estar, ter e haver.

4. Conjugação dos Verbos Auxiliares

4.1. SER - Modo Indicativo

Presente Pret.Perfeito Pret. Imp. Pret.mais-que-perf. Fut.do Pres. Fut. Do Pretérito


sou fui era fora serei seria
és foste eras foras serás serias
é foi era fora será seria
somos fomos éramos fôramos seremos seríamos
sois fostes éreis fôreis sereis seríeis
são foram eram foram serão seriam

4.2. SER - Modo Subjuntivo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro


que eu seja se eu fosse quando eu for
que tu sejas se tu fosses quando tu fores
que ele seja se ele fosse quando ele for
que nós sejamos se nós fôssemos quando nós formos
que vós sejais se vós fôsseis quando vós fordes
que eles sejam se eles fossem quando eles forem

4.3. SER - Modo Imperativo

Afirmativo Negativo
sê tu não sejas tu
LÍNGUA PORTUGUESA

seja você não seja você


sejamos nós não sejamos nós
sede vós não sejais vós
sejam vocês não sejam vocês

68
4.4. SER - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


ser ser eu sendo sido
seres tu
ser ele
sermos nós
serdes vós
serem eles

4.5. ESTAR - Modo Indicativo

Presente Pret. perf. Pret. Imp. Pret.mais-q-perf. Fut.doPres. Fut.do Preté.


estou estive estava estivera estarei estaria
estás estiveste estavas estiveras estarás estarias
está esteve estava estivera estará estaria
estamos estivemos estávamos estivéramos estaremos estaríamos
estais estivestes estáveis estivéreis estareis estaríeis
estão estiveram estavam estiveram estarão estariam

4.6. ESTAR - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


esteja estivesse estiver
estejas estivesses estiveres está estejas
esteja estivesse estiver esteja esteja
estejamos estivéssemos estivermos estejamos estejamos
estejais estivésseis estiverdes estai estejais
estejam estivessem estiverem estejam estejam

4.7. ESTAR - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


estar estar estando estado
estares
estar
estarmos
estardes
estarem

4.8. HAVER - Modo Indicativo

Presente Pret. Perf. Pret. Imp. Pret.Mais-Q-Perf. Fut.do Pres. Fut.doPreté.


LÍNGUA PORTUGUESA

hei houve havia houvera haverei haveria


hás houveste havias houveras haverás haverias
há houve havia houvera haverá haveria
havemos houvemos havíamos houvéramos haveremos haveríamos
haveis houvestes havíeis houvéreis havereis haveríeis
hão houveram haviam houveram haverão haveriam

69
4.9. HAVER - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


ja houvesse houver
hajas houvesses houveres há hajas
haja houvesse houver haja haja
hajamos houvéssemos houvermos hajamos hajamos
hajais houvésseis houverdes havei hajais
hajam houvessem houverem hajam hajam

4.10. HAVER - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


haver haver havendo havido
haveres
haver
havermos
haverdes
Haverem

4.11. TER - Modo Indicativo

Presente Pret. Perf. Pret. Imp. Preté.mais-q-perf. Fut. Do Pres. Fut. Do Preté.
tenho tive tinha tivera terei teria
tens tiveste tinhas tiveras terás terias
tem teve tinha tivera terá teria
temos tivemos tínhamos tivéramos teremos teríamos
tendes tivestes tínheis tivéreis tereis teríeis
têm tiveram tinham tiveram terão teriam

4.12. TER - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


tenha tivesse tiver
tenhas tivesses tiveres tem tenhas
tenha tivesse tiver tenha tenha
tenhamos tivéssemos tivermos tenhamos tenhamos
Tenhais tivésseis tiverdes tende tenhais
tenham tivessem tiverem tenham tenham

I) Pronominais: São aqueles verbos que se conjugam com os pronomes oblíquos átonos me, te, se, nos, vos, se, na
mesma pessoa do sujeito, expressando reflexibilidade (pronominais acidentais) ou apenas reforçando a ideia já
implícita no próprio sentido do verbo (pronominais essenciais). Veja:
 Essenciais: são aqueles que sempre se conjugam com os pronomes oblíquos me, te, se, nos, vos, se. São poucos:
LÍNGUA PORTUGUESA

abster-se, ater-se, apiedar-se, atrever-se, dignar-se, arrepender-se, etc. Nos verbos pronominais essenciais a refle-
xibilidade já está implícita no radical do verbo. Por exemplo: Arrependi-me de ter estado lá.

A ideia é de que a pessoa representada pelo sujeito (eu) tem um sentimento (arrependimento) que recai sobre ela mesma,
pois não recebe ação transitiva nenhuma vinda do verbo; o pronome oblíquo átono é apenas uma partícula integrante do
verbo, já que, pelo uso, sempre é conjugada com o verbo. Diz-se que o pronome apenas serve de reforço da ideia reflexiva
expressa pelo radical do próprio verbo. Veja uma conjugação pronominal essencial (verbo e respectivos pronomes):
Eu me arrependo, Tu te arrependes, Ele se arrepende, Nós nos arrependemos, Vós vos arrependeis, Eles se arrependem.

70
 Acidentais: são aqueles verbos transitivos diretos em que a ação exercida pelo sujeito recai sobre o objeto re-
presentado por pronome oblíquo da mesma pessoa do sujeito; assim, o sujeito faz uma ação que recai sobre ele
mesmo. Em geral, os verbos transitivos diretos ou transitivos diretos e indiretos podem ser conjugados com os
pronomes mencionados, formando o que se chama voz reflexiva. Por exemplo: A garota se penteava.
A reflexibilidade é acidental, pois a ação reflexiva pode ser exercida também sobre outra pessoa: A garota penteou-
-me.

Por fazerem parte integrante do verbo, os pronomes oblíquos átonos dos verbos pronominais não possuem função
sintática.
Há verbos que também são acompanhados de pronomes oblíquos átonos, mas que não são essencialmente prono-
minais - são os verbos reflexivos. Nos verbos reflexivos, os pronomes, apesar de se encontrarem na pessoa idêntica à
do sujeito, exercem funções sintáticas. Por exemplo:
Eu me feri. = Eu (sujeito) – 1.ª pessoa do singular; me (objeto direto) – 1.ª pessoa do singular.

5. Modos Verbais

Dá-se o nome de modo às várias formas assumidas pelo verbo na expressão de um fato certo, real, verdadeiro.
Existem três modos:
A) Indicativo - indica uma certeza, uma realidade: Eu estudo para o concurso.
B) Subjuntivo - indica uma dúvida, uma possibilidade: Talvez eu estude amanhã.
C) Imperativo - indica uma ordem, um pedido: Estude, colega!

6. Formas Nominais

Além desses três modos, o verbo apresenta ainda formas que podem exercer funções de nomes (substantivo, adje-
tivo, advérbio), sendo por isso denominadas formas nominais. Observe:

A) Infinitivo
A.1 Impessoal: exprime a significação do verbo de modo vago e indefinido, podendo ter valor e função de subs-
tantivo. Por exemplo:
Viver é lutar. (= vida é luta)
É indispensável combater a corrupção. (= combate à)

O infinitivo impessoal pode apresentar-se no presente (forma simples) ou no passado (forma composta). Por exem-
plo:
É preciso ler este livro.
Era preciso ter lido este livro.

A.2 Infinitivo Pessoal: é o infinitivo relacionado às três pessoas do discurso. Na 1.ª e 3.ª pessoas do singular, não
apresenta desinências, assumindo a mesma forma do impessoal; nas demais, flexiona-se da seguinte maneira:
2.ª pessoa do singular: Radical + ES = teres (tu)
1.ª pessoa do plural: Radical + MOS = termos (nós)
2.ª pessoa do plural: Radical + DES = terdes (vós)
3.ª pessoa do plural: Radical + EM = terem (eles)
Foste elogiado por teres alcançado uma boa colocação.

B) Gerúndio: o gerúndio pode funcionar como adjetivo ou advérbio. Por exemplo:


Saindo de casa, encontrei alguns amigos. (função de advérbio)
Água fervendo, pele ardendo. (função de adjetivo)

Na forma simples (1), o gerúndio expressa uma ação em curso; na forma composta (2), uma ação concluída:
Trabalhando (1), aprenderás o valor do dinheiro.
Tendo trabalhado (2), aprendeu o valor do dinheiro.
LÍNGUA PORTUGUESA

Quando o gerúndio é vício de linguagem (gerundismo), ou seja, uso exagerado e inadequado do gerúndio:
1. Enquanto você vai ao mercado, vou estar jogando futebol.
2. – Sim, senhora! Vou estar verificando!
Em 1, a locução “vou estar” + gerúndio é adequada, pois transmite a ideia de uma ação que ocorre no momento da
outra; em 2, essa ideia não ocorre, já que a locução verbal “vou estar verificando” refere-se a um futuro em andamento,
exigindo, no caso, a construção “verificarei” ou “vou verificar”.

71
C) Particípio: quando não é empregado na formação dos tempos compostos, o particípio indica, geralmente, o re-
sultado de uma ação terminada, flexionando-se em gênero, número e grau. Por exemplo: Terminados os exames,
os candidatos saíram.
Quando o particípio exprime somente estado, sem nenhuma relação temporal, assume verdadeiramente a função
de adjetivo. Por exemplo: Ela é a aluna escolhida pela turma.

(Ziraldo)

8. Tempos Verbais

Tomando-se como referência o momento em que se fala, a ação expressa pelo verbo pode ocorrer em diversos
tempos.

A) Tempos do Modo Indicativo


Presente - Expressa um fato atual: Eu estudo neste colégio.
Pretérito Imperfeito - Expressa um fato ocorrido num momento anterior ao atual, mas que não foi completamente
terminado: Ele estudava as lições quando foi interrompido.
Pretérito Perfeito - Expressa um fato ocorrido num momento anterior ao atual e que foi totalmente terminado: Ele
estudou as lições ontem à noite.
Pretérito-mais-que-perfeito - Expressa um fato ocorrido antes de outro fato já terminado: Ele já estudara as lições
quando os amigos chegaram. (forma simples).
Futuro do Presente - Enuncia um fato que deve ocorrer num tempo vindouro com relação ao momento atual: Ele
estudará as lições amanhã.
Futuro do Pretérito - Enuncia um fato que pode ocorrer posteriormente a um determinado fato passado: Se ele
pudesse, estudaria um pouco mais.

B) Tempos do Modo Subjuntivo


Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer no momento atual: É conveniente que estudes para o exame.
Pretérito Imperfeito - Expressa um fato passado, mas posterior a outro já ocorrido: Eu esperava que ele vencesse
o jogo.
Futuro do Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer num momento futuro em relação ao atual: Quando ele vier
à loja, levará as encomendas.

FIQUE ATENTO!
Há casos em que formas verbais de um determinado tempo podem ser utilizadas para indicar outro.
Em 1500, Pedro Álvares Cabral descobre o Brasil.
descobre = forma do presente indicando passado ( = descobrira/descobriu)

No próximo final de semana, faço a prova!


faço = forma do presente indicando futuro ( = farei)
LÍNGUA PORTUGUESA

72
Tabelas das Conjugações Verbais

1. Modo Indicativo

1.1. Presente do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Desinência pessoal


CANTAR VENDER PARTIR
cantO vendO partO O
cantaS vendeS parteS S
canta vende parte -
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaIS vendeIS partIS IS
cantaM vendeM parteM M

1.2. Pretérito Perfeito do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Desinência pessoal


CANTAR VENDER PARTIR
canteI vendI partI I
cantaSTE vendeSTE partISTE STE
cantoU vendeU partiU U
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaSTES vendeSTES partISTES STES
cantaRAM vendeRAM partiRAM RAM

1.3. Pretérito mais-que-perfeito

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal
1.ª/2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantaRAS vendeRAS partiRAS RA S
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantáRAMOS vendêRAMOS partíRAMOS RA MOS
cantáREIS vendêREIS partíREIS RE IS
cantaRAM vendeRAM partiRAM RA M

1.4. Pretérito Imperfeito do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3ª. conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantAVA vendIA partIA
LÍNGUA PORTUGUESA

cantAVAS vendIAS partAS


CantAVA vendIA partIA
cantÁVAMOS vendÍAMOS partÍAMOS
cantÁVEIS vendÍEIS partÍEIS
cantAVAM vendIAM partIAM

73
1.5. Futuro do Presente do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantar ei vender ei partir ei
cantar ás vender ás partir ás
cantar á vender á partir á
cantar emos vender emos partir emos
cantar eis vender eis partir eis
cantar ão vender ão partir ão

1.6. Futuro do Pretérito do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantarIA venderIA partirIA
cantarIAS venderIAS partirIAS
cantarIA venderIA partirIA
cantarÍAMOS venderÍAMOS partirÍAMOS
cantarÍEIS venderÍEIS partirÍEIS
cantarIAM venderIAM partirIAM

1.7. Presente do Subjuntivo

Para se formar o presente do subjuntivo, substitui-se a desinência -o da primeira pessoa do singular do presente do
indicativo pela desinência -E (nos verbos de 1.ª conjugação) ou pela desinência -A (nos verbos de 2.ª e 3.ª conjugação).

1.ª conjug. 2.ª conjug. 3.ª conju. Desinên. pessoal Des. temporal Des.temporal
1.ª conj. 2.ª/3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantE vendA partA E A Ø
cantES vendAS partAS E A S
cantE vendA partA E A Ø
cantEMOS vendAMOS partAMOS E A MOS
cantEIS vendAIS partAIS E A IS
cantEM vendAM partAM E A M
LÍNGUA PORTUGUESA

74
1.8. Pretérito Imperfeito do Subjuntivo

Para formar o imperfeito do subjuntivo, elimina-se a desinência -STE da 2.ª pessoa do singular do pretérito perfeito,
obtendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -SSE mais a desinência de
número e pessoa correspondente.

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desin. pessoal
1.ª /2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantaSSES vendeSSES partiSSES SSE S
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantáSSEMOS vendêSSEMOS partíSSEMOS SSE MOS
cantáSSEIS vendêSSEIS partíSSEIS SSE IS
cantaSSEM vendeSSEM partiSSEM SSE M

1.9. Futuro do Subjuntivo

Para formar o futuro do subjuntivo elimina-se a desinência -STE da 2.ª pessoa do singular do pretérito perfeito, ob-
tendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -R mais a desinência de número
e pessoa correspondente.

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desin. pessoal
1.ª /2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaR vendeR partiR Ø
cantaRES vendeRES partiRES R ES
cantaR vendeR partiR Ø
cantaRMOS vendeRMOS partiRMOS R MOS
cantaRDES vendeRDES partiRDES R DES
cantaREM vendeREM partiREM R EM

C) Modo Imperativo

1. Imperativo Afirmativo

Para se formar o imperativo afirmativo, toma-se do presente do indicativo a 2.ª pessoa do singular (tu) e a segunda
pessoa do plural (vós) eliminando-se o “S” final. As demais pessoas vêm, sem alteração, do presente do subjuntivo. Veja:

Presente do Indicativo Imperativo Afirmativo Presente do Subjuntivo


Eu canto --- Que eu cante
Tu cantas CantA tu Que tu cantes
Ele canta Cante você Que ele cante
Nós cantamos Cantemos nós Que nós cantemos
LÍNGUA PORTUGUESA

Vós cantais CantAI vós Que vós canteis


Eles cantam Cantem vocês Que eles cantem

75
2. Imperativo Negativo

Para se formar o imperativo negativo, basta antecipar a negação às formas do presente do subjuntivo.

Presente do Subjuntivo Imperativo Negativo

Que eu cante ---


Que tu cantes Não cantes tu
Que ele cante Não cante você
Que nós cantemos Não cantemos nós
Que vós canteis Não canteis vós
Que eles cantem Não cantem eles

 No modo imperativo não faz sentido usar na 3.ª pessoa (singular e plural) as formas ele/eles, pois uma ordem,
pedido ou conselho só se aplicam diretamente à pessoa com quem se fala. Por essa razão, utiliza-se você/vocês.
 O verbo SER, no imperativo, faz excepcionalmente: sê (tu), sede (vós).

3. Infinitivo Pessoal

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantar vender partir
cantarES venderES partirES
cantar vender partir
cantarMOS venderMOS partirMOS
cantarDES venderDES partirDES
cantarEM venderEM partirEM

 O verbo parecer admite duas construções:


Elas parecem gostar de você. (forma uma locução verbal)
Elas parece gostarem de você. (verbo com sujeito oracional, correspondendo à construção: parece gostarem de você).

 O verbo pegar possui dois particípios (regular e irregular):


Elvis tinha pegado minhas apostilas.
Minhas apostilas foram pegas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.

SITE
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf54.php

VOZES DO VERBO

Dá-se o nome de voz à maneira como se apresenta a ação expressa pelo verbo em relação ao sujeito, indicando
se este é paciente ou agente da ação. Importante lembrar que voz verbal não é flexão, mas aspecto verbal. São três as
LÍNGUA PORTUGUESA

vozes verbais:

A) Ativa = quando o sujeito é agente, isto é, pratica a ação expressa pelo verbo:
Ele fez o trabalho.
sujeito agente ação objeto (paciente)

76
B) Passiva = quando o sujeito é paciente, recebendo a ação expressa pelo verbo:
O trabalho foi feito por ele.
sujeito paciente ação agente da passiva

C) Reflexiva = quando o sujeito é, ao mesmo tempo, agente e paciente, isto é, pratica e recebe a ação:
O menino feriu-se.

#FicaDica
Não confundir o emprego reflexivo do verbo com a noção de reciprocidade:
Os lutadores feriram-se. (um ao outro)
Nós nos amamos. (um ama o outro)

1. Formação da Voz Passiva

A voz passiva pode ser formada por dois processos: analítico e sintético.
A) Voz Passiva Analítica = Constrói-se da seguinte maneira:
Verbo SER + particípio do verbo principal. Por exemplo:
A escola será pintada pelos alunos. (na ativa teríamos: os alunos pintarão a escola)
O trabalho é feito por ele. (na ativa: ele faz o trabalho)

Observações:
 O agente da passiva geralmente é acompanhado da preposição por, mas pode ocorrer a construção com a pre-
posição de. Por exemplo: A casa ficou cercada de soldados.
 Pode acontecer de o agente da passiva não estar explícito na frase: A exposição será aberta amanhã.
 A variação temporal é indicada pelo verbo auxiliar (SER), pois o particípio é invariável. Observe a transformação
das frases seguintes:

Ele fez o trabalho. (pretérito perfeito do Indicativo)


O trabalho foi feito por ele. (verbo ser no pretérito perfeito do Indicativo, assim como o verbo principal da voz ativa)

Ele faz o trabalho. (presente do indicativo)


O trabalho é feito por ele. (ser no presente do indicativo)

Ele fará o trabalho. (futuro do presente)


O trabalho será feito por ele. (futuro do presente)

 Nas frases com locuções verbais, o verbo SER assume o mesmo tempo e modo do verbo principal da voz ativa.
Observe a transformação da frase seguinte:
O vento ia levando as folhas. (gerúndio)
As folhas iam sendo levadas pelo vento. (gerúndio)

B) Voz Passiva Sintética = A voz passiva sintética - ou pronominal - constrói-se com o verbo na 3.ª pessoa, seguido
do pronome apassivador “se”. Por exemplo:
Abriram-se as inscrições para o concurso.
Destruiu-se o velho prédio da escola.

Observação:
O agente não costuma vir expresso na voz passiva sintética.

1.1 Conversão da Voz Ativa na Voz Passiva


LÍNGUA PORTUGUESA

Pode-se mudar a voz ativa na passiva sem alterar substancialmente o sentido da frase.
O concurseiro comprou a apostila. (Voz Ativa)
Sujeito da Ativa objeto Direto

A apostila foi comprada pelo concurseiro. (Voz Passiva)


Sujeito da Passiva Agente da Passiva

77
Observe que o objeto direto será o sujeito da passiva; 2. (TST – Analista Judiciário – Área Apoio Especiali-
o sujeito da ativa passará a agente da passiva, e o verbo zado – Especialidade Medicina do Trabalho – FCC –
ativo assumirá a forma passiva, conservando o mesmo 2012) Está inadequado o emprego do elemento subli-
tempo. nhado na seguinte frase:
Os mestres têm constantemente aconselhado os alunos.
Os alunos têm sido constantemente aconselhados pelos a) Sou ateu e peço que me deem tratamento similar ao
mestres. que dispenso aos homens religiosos.
b) A intolerância religiosa baseia-se em preconceitos de
Eu o acompanharei. que deveriam desviar-se todos os homens verdadeira-
Ele será acompanhado por mim. mente virtuosos.
Quando o sujeito da voz ativa for indeterminado, não c) A tolerância é uma virtude na qual não podem prescin-
haverá complemento agente na passiva. Por exemplo: dir os que se dizem homens de fé.
Prejudicaram-me. / Fui prejudicado.
d) O ateu desperta a ira dos fanáticos, a despeito de nada
Com os verbos neutros (nascer, viver, morrer, dormir,
fazer que possa injuriá-los ou desrespeitá-los.
acordar, sonhar, etc.) não há voz ativa, passiva ou reflexiva,
e) Respeito os homens de fé, a menos que deixem de
porque o sujeito não pode ser visto como agente, pacien-
fazer o mesmo com aqueles que não a têm.
te ou agente paciente.
Resposta: Letra C.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Corrigindo o inadequado:
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Em “a”: Sou ateu e peço que me deem tratamento si-
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. milar ao que dispenso aos homens religiosos.
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Ce- Em “b”: A intolerância religiosa baseia-se em precon-
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São ceitos de que deveriam desviar-se todos os homens
Paulo: Saraiva, 2010. verdadeiramente virtuosos.
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda- Em “c”: A tolerância é uma virtude na qual (de que)
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. não podem prescindir os que se dizem homens de fé.
Em “d”: O ateu desperta a ira dos fanáticos, a despeito
SITE de nada fazer que possa injuriá-los ou desrespeitá-los.
http://www.sopor tugues.com.br/secoes/morf/ Em “e”: Respeito os homens de fé, a menos que dei-
morf54.php xem de fazer o mesmo com aqueles que não a têm.

3. (TST – Analista Judiciário – Área Apoio Especiali-


zado – Especialidade Medicina do Trabalho – FCC –
EXERCÍCIOS COMENTADOS 2012)
Transpondo-se para a voz passiva a construção Os ateus
1. (TST – Técnico Judiciário – Área Administrativa – FCC despertariam a ira de qualquer fanático, a forma ver-
– 2012) As vitórias no jogo interior talvez não acrescen- bal obtida será:
tem novos troféus, mas elas trazem recompensas valiosas,
[...] que contribuem de forma significativa para nosso su- a) seria despertada.
cesso posterior, tanto na quadra como fora dela. b) teria sido despertada.
c) despertar-se-á.
Mantêm-se adequados o emprego de tempos e modos
d) fora despertada.
verbais e a correlação entre eles, ao se substituírem os
e) teriam despertado.
elementos sublinhados na frase acima, na ordem dada,
por:
a) tivessem acrescentado − trariam − contribuírem Resposta: Letra A.
b) acrescentassem − têm trazido − contribuírem Os ateus despertariam a ira de qualquer fanático
c) tinham acrescentado − trarão − contribuiriam Fazendo a transposição para a voz passiva, temos: A
d) acrescentariam − trariam− contribuíram ira de qualquer fanático seria despertada pelos ateus.
e) tenham acrescentado − trouxeram − Contribuíram GABARITO OFICIAL: A

Resposta: Letra E. 4. (TST – Técnico Judiciário – Área Administrativa –


Questão que envolve correlação verbal. Realizando as Especialidade Segurança Judiciária – FCC – 2012)
alterações solicitadas, segue como ficariam (em des- ...ela nunca alcançava a musa.
taque): Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a forma
LÍNGUA PORTUGUESA

Em “a”: tivessem acrescentado – trariam − contribui- verbal resultante será:


riam
Em “b”: acrescentassem – trariam − contribuiriam a) alcança-se.
Em “c”: tinham acrescentado – trouxeram − contribuí- b) foi alcançada.
ram c) fora alcançada.
Em “d”: acrescentassem – trariam − contribuíram d) seria alcançada.
Em “e”: tenham acrescentado – trouxeram − Contribuí- e) era alcançada.
ram = correta

78
Resposta: Letra E. 7. (TRT 23.ª REGIÃO-MT – Analista Judiciário – Área
Temos um verbo na voz ativa, então teremos dois Administrativa – FCC – 2016 ) ... para quem Manoel de
na passiva (auxiliar + o verbo da oração da ativa, no Barros era comparável a São Francisco de Assis...
mesmo tempo verbal, forma particípio): A musa nun- O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo que o da
ca era alcançada por ela. O verbo “alcançava” está no frase acima está em:
pretérito imperfeito, por isso o auxiliar tem que estar
também (é = presente, foi = pretérito perfeito, era = a) Dizia-se um “vedor de cinema”...
imperfeito, fora = mais que perfeito, será = futuro do b) Porque não seria certo ficar pregando moscas no es-
presente, seria = futuro do pretérito). paço...
c) Na juventude, apaixonou-se por Arthur Rimbaud e
5. (TST – Analista Judiciário – Área Apoio Especiali- Charles Baudelaire.
zado – Especialidade Medicina do Trabalho – FCC – d) Quase meio século separa a estreia de Manoel de Bar-
2012) Aos poucos, contudo, fui chegando à constatação ros na literatura...
de que todo perfil de rede social é um retrato ideal de nós e) ... para depois casá-las...
mesmos.
Mantendo-se a correção e a lógica, sem que outra al- Resposta: Letra A.
teração seja feita na frase, o elemento grifado pode ser “Era” = verbo “ser” no pretérito imperfeito do Indicati-
substituído por: vo. Procuremos nos itens:
a) ademais. Em “a”: Dizia-se = pretérito imperfeito do Indicativo
b) conquanto. Em “b”: Porque não seria = futuro do pretérito do In-
c) porquanto. dicativo
d) entretanto. Em “c”: Na juventude, apaixonou-se = pretérito perfei-
e) apesar. to do Indicativo
Em “d”: Quase meio século separa = presente do Indi-
Resposta: Letra D. cativo
Contudo é uma conjunção adversativa (expressa opo- Em “e”: para depois casá-las = Infinitivo pessoal (casar
sição). A substituição deve utilizar outra de mesma elas)
classificação, para que se mantenha a ideia do perío-
do. A correta é entretanto. 8. (TRT 20.ª REGIÃO-SE – Analista Judiciário – Área
Administrativa – FCC – 2016 ) Aí conheci o escritor e
6. (TST – Analista Judiciário – Área Administrativa – historiador de sua gente, meu saudoso amigo Alcino Al-
FCC – 2012) O verbo indicado entre parênteses deverá ves Costa. E foi dele que ouvi oralmente a história de Zé
flexionar-se no singular para preencher adequadamente de Julião. Considerando-se a norma-padrão da língua,
a lacuna da frase: ao reescrever-se o trecho acima em um único período, o
segmento destacado deverá ser antecedido de vírgula e
a) A nenhuma de nossas escolhas...... (poder) deixar de substituído por
corresponder nossos valores éticos mais rigorosos.
b) Não se...... (poupar) os que governam de refletir sobre a) perante ao qual
o peso de suas mais graves decisões. b) de cujo
c) Aos governantes mais responsáveis não...... (ocorrer) c) o qual
tomar decisões sem medir suas consequências. d) frente à quem
d) A toda decisão tomada precipitadamente...... (cos- e) de quem
tumar) sobrevir consequências imprevistas e injustas.
e) Diante de uma escolha,...... (ganhar) prioridade, reco- Resposta: Letra E.
menda Gramsci, os critérios que levam em conta a dor Voltemos ao trecho: ... meu saudoso amigo Alcino Alves
humana. Costa. E foi dele que ouvi oralmente... = a única alter-
nativa que substitui corretamente o trecho destacado é
Resposta: Letra C. “de quem ouvi oralmente”.
Flexões em destaque e sublinhei os termos que esta-
belecem concordância: 9. (TRT 14.ª REGIÃO-RO e AC – Técnico Judiciário –
Em “a”: A nenhuma de nossas escolhas podem deixar FCC – 2016) “Isto pode despertar a atenção de outras pes-
de corresponder nossos valores éticos mais rigorosos. soas que tenham documentos em casa e se disponham
Em “b”: Não se poupam os que governam de refletir a trazer para a Academia, que é a guardiã desse tipo de
sobre o peso de suas mais graves decisões. acervo, que é muito difícil de ser guardado em casa, pois o
Em “c”: Aos governantes mais responsáveis não ocor- tempo destrói e aqui temos a melhor técnica de conserva-
LÍNGUA PORTUGUESA

re tomar decisões sem medir suas consequências. = ção de documentos”, disse Cavalcanti.
Isso não ocorre aos governantes – uma oração exerce O termo sublinhado faz referência a
a função de sujeito (subjetiva)
Em “d”: A toda decisão tomada precipitadamente cos- a) pessoas.
tumam sobrevir consequências imprevistas e injustas. b) acervo.
Em “e”: Diante de uma escolha, ganham prioridade, c) Academia.
recomenda Gramsci, os critérios que levam em conta d) tempo.
a dor humana. e) casa.

79
Resposta: Letra B. Resposta: Letra C.
Ao trecho: a guardiã desse tipo de acervo, que (o qual) Há um verbo na ativa, então teremos dois na passiva
é muito difícil de ser guardado... (auxiliar + o particípio de “privilegia”) = O Estado e
o mundo são privilegiados pelo modelo ainda domi-
10. (TRT 14.ª REGIÃO-RO e AC – Técnico Judiciário – nante.
FCC – 2016) O marechal organizou o acervo...
A forma verbal está corretamente transposta para a voz 13. (TRT 23.ª REGIÃO-MT – Técnico Judiciário – FCC –
passiva em: 2016 ) Empregam-se todas as formas verbais de acordo
com a norma culta na seguinte frase:
a) estava organizando
b) tinha organizado a) Para que se mantesse sua autenticidade, o documento
c) organizando-se não poderia receber qualquer tipo de retificação.
d) foi organizado b) Os documentos com assinatura digital disporam de
e) está organizado algoritmos de criptografia que os protegeram.
Resposta: Letra D. c) Arquivados eletronicamente, os documentos poderam
Temos: sujeito (o marechal), verbo na ativa (organizou) contar com a proteção de uma assinatura digital.
e objeto (o acervo). Como há um verbo na ativa, ao d) Quem se propor a alterar um documento criptogra-
passarmos para a passiva teremos dois (o auxiliar no fado deve saber que comprometerá sua integridade.
mesmo tempo que o verbo da ativa + o particípio do e) Não é possível fazer as alterações que convierem sem
verbo da voz ativa = organizado). O objeto exercerá comprometer a integridade dos documentos.
a função de sujeito paciente, e o sujeito da ativa será
o agente da passiva (ufa!). A frase ficará: O acervo foi Resposta: Letra E.
organizado pelo marechal. Em “a”: Para que se mantesse (mantivesse) sua auten-
ticidade, o documento não poderia receber qualquer
tipo de retificação.
11. (TRT 20.ª REGIÃO-SE – TÉCNICO JUDICIÁRIO –
Em “b”: Os documentos com assinatura digital dispo-
FCC – 2016) Precisamos de um treinador que nos ajude
ram (dispuseram) de algoritmos de criptografia que os
a comer...
protegeram.
O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo que o
Em “c”: Arquivados eletronicamente, os documentos
sublinhado acima está também sublinhado em:
poderam (puderam) contar com a proteção de uma
assinatura digital.
a) [...] assim que conseguissem se virar sem as mães ou
Em “d”: Quem se propor (propuser) a alterar um docu-
as amas...
mento criptografado deve saber que comprometerá
b) Não é por acaso que proliferaram os coaches. sua integridade.
c) [...] país que transformou a infância numa bilionária in- Em “e”: Não é possível fazer as alterações que convie-
dústria de consumo... rem sem comprometer a integridade dos documentos
d) E, mesmo que se esforcem muito [...] = correta
e) Hoje há algo novo nesse cenário.
14. (TRT 21.ª REGIÃO-RN – Técnico Judiciário – FCC
Resposta: Letra D. – 2017) Sessenta anos de história marcam, assim, a traje-
que nos ajude = presente do Subjuntivo tória da utopia no país.
Em “a”: que conseguissem = pretérito do Subjuntivo Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a forma
Em “b”: que proliferaram = pretérito perfeito (e tam- verbal resultante será:
bém mais-que-perfeito) do Indicativo
Em “c”: que transformou = pretérito perfeito do Indi- a) foram marcados.
cativo b) foi marcado.
Em “d”: que se esforcem = presente do Subjuntivo c) são marcados.
Em “e”: há algo novo nesse cenário = presente do In- d) foi marcada.
dicativo e) é marcada.

12. (TRT 23.ª REGIÃO-MT – Técnico Judiciário – FCC Resposta: Letra E.


– 2016) O modelo ainda dominante nas discussões ecoló- Temos um verbo (no tempo presente) na ativa, então
gicas privilegia, em escala, o Estado e o mundo... teremos dois na passiva (auxiliar [no tempo presente]
Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a forma + particípio de “marcam”) = Assim, a trajetória da uto-
LÍNGUA PORTUGUESA

verbal resultante será: pia do país é marcada pelos sessenta anos de história.

a) é privilegiado. 15. (Polícia Militar do Estado de São Paulo – Soldado


b) sendo privilegiadas. PM 2.ª Classe – Vunesp – 2017) Considere as seguintes
c) são privilegiados. frases:
d) foi privilegiado. Primeiro, associe suas memórias com objetos físicos.
e) são privilegiadas. Segundo, não memorize apenas por repetição.
Terceiro, rabisque!

80
Um verbo flexionado no mesmo modo que o dos verbos d) Bem, o fato é que eu era o técnico de som do horário,
empregados nessas frases está em destaque em: precisava “passar” a transmissão lá para a câmara, e o
locutor não chegava para os textos de abertura, pu-
a) [...] o acesso rápido e a quantidade de textos fazem blicidade, chamadas.
com que o cérebro humano não considere útil gravar e) ... estremecíamos quando ele nos chamava para qual-
esses dados [...] quer coisa, fazendo-nos entrar na sua sala imensa, já
b) Na internet, basta um clique para vasculhar um sem- suando frio e atentos às suas finas e cortantes pala-
-número de informações. vras.
c) [...] após discar e fazer a ligação, não precisamos mais
dele... Resposta: Letra C.
d) Pense rápido: qual o número de telefone da casa em Aos itens:
que morou quando era criança? Em “a”: há = presente / acabam = presente / são =
e) É o que mostra também uma pesquisa recente condu- presente
zida pela empresa de segurança digital Kaspersky [...] Em “b”: Voltei = pretérito perfeito / acreditei = preté-
rito perfeito
Resposta: Letra D. Em “c”: deixe / largue / vá / ponha = verbos no modo
Os verbos das frases citadas estão no Modo Imperati- imperativo afirmativo (ordens)
vo (expressam ordem). Vamos aos itens: Em “d”: era = pretérito imperfeito / precisava = pretéri-
Em “a”: ... o acesso rápido e a quantidade de textos to imperfeito / chegava = pretérito imperfeito
fazem = presente do Indicativo Em “e”: fazendo-nos = gerúndio / suando = gerúndio
Em “b”: Na internet, basta um clique = presente do
Indicativo 18. (PC-SP – Agente de Polícia – Vunesp – 2013) Em
Em “c”: ... após discar e fazer a ligação, não precisamos – O destino me prestava esse pequeno favor: completa-
= presente do Indicativo va minha identificação com o resto da humanidade, que
Em “d”: Pense rápido: = Imperativo tem sempre para contar uma história de objeto achado;
Em “e”: É o que mostra também uma pesquisa = pre- – o pronome em destaque retoma a seguinte palavra/
sente do Indicativo expressão:

16. (PC-SP – Atendente de Necrotério Policial – Vu- a) o resto da humanidade.


nesp – 2014) Assinale a alternativa em que a palavra em b) esse pequeno favor.
c) minha identificação.
destaque na frase pertence à classe dos adjetivos (pala-
d) O destino.
vra que qualifica um substantivo).
e) completava.
a) Existe grande confusão entre os diversos tipos de eu-
Resposta: Letra A.
tanásia...
Completava minha identificação com o resto da huma-
b)... o médico ou alguém causa ativamente a morte...
nidade, que (a qual) tem sempre para contar uma his-
c) prolonga o processo de morrer procurando distanciar
tória de objeto achado = pronome relativo que retoma
a morte. o resto da humanidade.
d) Ela é proibida por lei no Brasil,...
e) E como seria a verdadeira boa morte? 19. (PC-SP – Agente de Polícia – Vunesp – 2013) Con-
sidere o trecho a seguir.
Resposta: Letra E. É comum que objetos ____________ esquecidos em locais
Em “a”: Existe grande confusão = substantivo públicos. Mas muitos transtornos poderiam ser evitados
Em “b”: o médico ou alguém causa ativamente a mor- se as pessoas __________ a atenção voltada para seus per-
te = pronome tences, conservando-os junto ao corpo.
Em “c”: prolonga o processo de morrer procurando Assinale a alternativa que preenche, correta e respectiva-
distanciar a morte = substantivo mente, as lacunas do texto.
Em “d”: Ela é proibida por lei no Brasil = substantivo
Em “e”: E como seria a verdadeira boa morte? = ad- a) sejam ... mantesse
jetivo b) sejam ... mantém
c) sejam ... mantivessem
17. (PC-SP – Escrivão de Polícia – Vunesp – 2014) As for- d) seja ... mantivessem
mas verbais conjugadas no modo imperativo, expressan- e) seja ... mantêm
do ordem, instrução ou comando, estão destacadas em
LÍNGUA PORTUGUESA

Resposta: Letra C.
a) Mas há outros cujas marcas acabam ficando bem ní- Completemos as lacunas e depois busquemos o item
tidas na memória: são aqueles donos de qualidades correspondente. A pegadinha aqui é a conjugação do
incomuns. verbo “manter”, no presente do Subjuntivo (mantiver):
b) Voltei uns cinquenta minutos depois, cauteloso, e É comum que objetos sejam esquecidos em locais pú-
quase não acreditei no que ouvi. blicos. Mas muitos transtornos poderiam ser evitados se
c) – Ei rapaz, deixe ligado o microfone, largue isso aí, vá as pessoas mantivessem a atenção voltada para seus
pro estúdio e ponha a rádio no ar. pertences, conservando-os junto ao corpo.

81
20. (PC-SP – Atendente de Necrotério Policial – Vu-
nesp – 2013) Nas frases – Não vou mais à escola!… – e FRASE, ORAÇÃO E PERÍODO. TERMOS
– Hoje estão na moda os métodos audiovisuais. – as pala- DA ORAÇÃO. PERÍODO COMPOSTO POR
vras em destaque expressam, correta e respectivamente, COORDENAÇÃO E SUBORDINAÇÃO.
circunstâncias de

a) dúvida e modo.
b) dúvida e tempo. Frase, oração e período
c) modo e afirmação.
d) negação e lugar. 1. Sintaxe da Oração e do Período
e) negação e tempo.
Frase é todo enunciado suficiente por si mesmo para
Resposta: Letra E. estabelecer comunicação. Normalmente é composta por
“não” – advérbio de negação / “hoje” – advérbio de dois termos – o sujeito e o predicado – mas não obrigato-
tempo. riamente, pois há orações ou frases sem sujeito: Trovejou
muito ontem à noite.
21. (PC-SP – Escrivão de Polícia – Vunesp – 2013) Quanto aos tipos de frases, além da classificação em
Assinale a alternativa que completa respectivamente as verbais (possuem verbos, ou seja, são orações) e nominais
lacunas, em conformidade com a norma-padrão de con- (sem a presença de verbos), feita a partir de seus elementos
jugação verbal. constituintes, elas podem ser classificadas a partir de seu
Há quem acredite que alcançará o sucesso profissional sentido global:
quando __________ um diploma de mestrado, mas há A) frases interrogativas = o emissor da mensagem for-
aqueles que _________ de opinião e procuram investir em mula uma pergunta: Que dia é hoje?
cursos profissionalizantes. B) frases imperativas = o emissor dá uma ordem ou faz
um pedido: Dê-me uma luz!
a) obtiver … divirgem C) frases exclamativas = o emissor exterioriza um esta-
b) obter … divergem do afetivo: Que dia abençoado!
c) obtesse … devirgem
D) frases declarativas = o emissor constata um fato: A
d) obter … divirgem
prova será amanhã.
e) obtiver … divergem
Quanto à estrutura da frase, as que possuem verbo
Resposta: Letra E.
Há quem acredite que alcançará o sucesso profissio- (oração) são estruturadas por dois elementos essenciais:
nal quando obtiver um diploma de mestrado, mas há sujeito e predicado.
aqueles que divergem de opinião e procuram investir O sujeito é o termo da frase que concorda com o verbo
em cursos profissionalizantes. em número e pessoa. É o “ser de quem se declara algo”, “o
tema do que se vai comunicar”; o predicado é a parte da
22. (PC-SP – Auxiliar de Necropsia – Vunesp – 2014) frase que contém “a informação nova para o ouvinte”, é o
Considerando que o adjetivo é uma palavra que modifica que “se fala do sujeito”. Ele se refere ao tema, constituindo
o substantivo, com ele concordando em gênero e núme- a declaração do que se atribui ao sujeito.
ro, assinale a alternativa em que a palavra destacada é Quando o núcleo da declaração está no verbo (que indi-
um adjetivo. que ação ou fenômeno da natureza, seja um verbo signifi-
cativo), temos o predicado verbal. Mas, se o núcleo estiver
a) ... um câncer de boca horroroso, ... em um nome (geralmente um adjetivo), teremos um pre-
b) Ele tem dezesseis anos... dicado nominal (os verbos deste tipo de predicado são os
c) Eu queria que ele morresse logo, ... que indicam estado, conhecidos como verbos de ligação):
d) ... com a crueldade adicional de dar esperança às fa- O menino limpou a sala. = “limpou” é verbo de ação
mílias. (predicado verbal)
e) E o inferno não atinge só os terminais. A prova foi fácil. – “foi” é verbo de ligação (ser); o núcleo
é “fácil” (predicado nominal)
Resposta: Letra A. Quanto ao período, ele denomina a frase constituída
Em “a”: um câncer de boca horroroso = adjetivo por uma ou mais orações, formando um todo, com sentido
Em “b”: Ele tem dezesseis anos = numeral completo. O período pode ser simples ou composto.
Em “c”: Eu queria que ele morresse logo = advérbio
LÍNGUA PORTUGUESA

Em “d”: com a crueldade adicional de dar esperança às Período simples é aquele constituído por apenas uma
famílias = substantivo oração, que recebe o nome de oração absoluta.
Em “e”: E o inferno não atinge só os terminais = subs-
Chove.
tantivo
A existência é frágil.
Amanhã, à tarde, faremos a prova do concurso.

82
Período composto é aquele constituído por duas ou Além desses dois sujeitos determinados, é comum a
mais orações: referência ao sujeito implícito na desinência verbal (o
Cantei, dancei e depois dormi. “antigo” sujeito oculto [ou elíptico]), isto é, ao núcleo
Quero que você estude mais. do sujeito que está implícito e que pode ser reconhecido
pela desinência verbal ou pelo contexto.
1.1. Termos da Oração Abolimos todas as regras. = (nós)
Falaste o recado à sala? = (tu)
1.1.1 Termos essenciais Os verbos deste tipo de sujeito estão sempre na pri-
meira pessoa do singular (eu) ou plural (nós) ou na se-
O sujeito e o predicado são considerados termos es- gunda do singular (tu) ou do plural (vós), desde que os
senciais da oração, ou seja, são termos indispensáveis pronomes não estejam explícitos.
para a formação das orações. No entanto, existem ora- Iremos à feira juntos? (= nós iremos) – sujeito implíci-
ções formadas exclusivamente pelo predicado. O que de- to na desinência verbal “-mos”
fine a oração é a presença do verbo. O sujeito é o termo Cantais bem! (= vós cantais) - sujeito implícito na de-
que estabelece concordância com o verbo. sinência verbal “-ais”
O candidato está preparado.
Os candidatos estão preparados. Mas:
Nós iremos à festa juntos? = sujeito simples: nós
Na primeira frase, o sujeito é “o candidato”. “Candida- Vós cantais bem! = sujeito simples: vós
to” é a principal palavra do sujeito, sendo, por isso, deno-
minada núcleo do sujeito. Este se relaciona com o verbo, O sujeito indeterminado surge quando não se quer -
estabelecendo a concordância (núcleo no singular, verbo ou não se pode - identificar a que o predicado da oração
no singular: candidato = está). refere-se. Existe uma referência imprecisa ao sujeito, caso
A função do sujeito é basicamente desempenhada contrário, teríamos uma oração sem sujeito.
por substantivos, o que a torna uma função substantiva Na língua portuguesa, o sujeito pode ser indetermi-
da oração. Pronomes, substantivos, numerais e quaisquer nado de duas maneiras:
outras palavras substantivadas (derivação imprópria)
também podem exercer a função de sujeito. A) com verbo na terceira pessoa do plural, desde que
Os dois sumiram. (dois é numeral; no exemplo, subs- o sujeito não tenha sido identificado anteriormen-
tantivo) te:
Um sim é suave e sugestivo. (sim é advérbio; no exem- Bateram à porta;
plo: substantivo) Andam espalhando boatos a respeito da queda do mi-
nistro.
Os sujeitos são classificados a partir de dois elemen-
tos: o de determinação ou indeterminação e o de núcleo Se o sujeito estiver identificado, poderá ser simples
do sujeito. ou composto:
Um sujeito é determinado quando é facilmente Os meninos bateram à porta. (simples)
identificado pela concordância verbal. O sujeito determi- Os meninos e as meninas bateram à porta. (composto)
nado pode ser simples ou composto.
A indeterminação do sujeito ocorre quando não é B) com o verbo na terceira pessoa do singular, acres-
possível identificar claramente a que se refere a concor- cido do pronome “se”. Esta é uma construção típi-
dância verbal. Isso ocorre quando não se pode ou não ca dos verbos que não apresentam complemento
interessa indicar precisamente o sujeito de uma oração. direto:
Estão gritando seu nome lá fora. Precisa-se de mentes criativas.
Trabalha-se demais neste lugar. Vivia-se bem naqueles tempos.
O sujeito simples é o sujeito determinado que apre- Trata-se de casos delicados.
senta um único núcleo, que pode estar no singular ou no Sempre se está sujeito a erros.
plural; pode também ser um pronome indefinido. Abaixo,
sublinhei os núcleos dos sujeitos: O pronome “se”, nestes casos, funciona como índice
Nós estudaremos juntos. de indeterminação do sujeito.
A humanidade é frágil.
Ninguém se move. As orações sem sujeito, formadas apenas pelo pre-
O amar faz bem. (“amar” é verbo, mas aqui houve dicado, articulam-se a partir de um verbo impessoal. A
uma derivação imprópria, tranformando-o em substan- mensagem está centrada no processo verbal. Os princi-
LÍNGUA PORTUGUESA

tivo) pais casos de orações sem sujeito com:


As crianças precisam de alimentos saudáveis.  os verbos que indicam fenômenos da natureza:
Amanheceu.
O sujeito composto é o sujeito determinado que Está trovejando.
apresenta mais de um núcleo.
Alimentos e roupas custam caro.  os verbos estar, fazer, haver e ser, quando indicam
Ela e eu sabemos o conteúdo. fenômenos meteorológicos ou se relacionam ao
O amar e o odiar são duas faces da mesma moeda. tempo em geral:

83
Está tarde. Nos predicados nominais, o verbo não é significativo,
Já são dez horas. isto é, não indica um processo, mas une o sujeito ao pre-
Faz frio nesta época do ano. dicativo, indicando circunstâncias referentes ao estado
Há muitos concursos com inscrições abertas. do sujeito: Os dados parecem corretos.
O verbo parecer poderia ser substituído por estar, an-
Predicado é o conjunto de enunciados que contém a dar, ficar, ser, permanecer ou continuar, atuando como
informação sobre o sujeito – ou nova para o ouvinte. Nas elemento de ligação entre o sujeito e as palavras a ele
orações sem sujeito, o predicado simplesmente enuncia relacionadas.
um fato qualquer. Nas orações com sujeito, o predicado A função de predicativo é exercida, normalmente,
é aquilo que se declara a respeito deste sujeito. Com ex- por um adjetivo ou substantivo.
ceção do vocativo - que é um termo à parte - tudo o que
difere do sujeito numa oração é o seu predicado.
O predicado verbo-nominal é aquele que apresen-
Chove muito nesta época do ano.
ta dois núcleos significativos: um verbo e um nome. No
Houve problemas na reunião.
predicado verbo-nominal, o predicativo pode se referir
Em ambas as orações não há sujeito, apenas predi- ao sujeito ou ao complemento verbal (objeto).
cado. Na segunda oração, “problemas” funciona como
objeto direto. O verbo do predicado verbo-nominal é sempre sig-
As questões estavam fáceis! nificativo, indicando processos. É também sempre por
Sujeito simples = as questões intermédio do verbo que o predicativo se relaciona com
Predicado = estavam fáceis o termo a que se refere.
O dia amanheceu ensolarado;
Passou-me uma ideia estranha pelo pensamento. As mulheres julgam os homens inconstantes.
Sujeito = uma ideia estranha
Predicado = passou-me pelo pensamento No primeiro exemplo, o verbo amanheceu apresenta
duas funções: a de verbo significativo e a de verbo de
Para o estudo do predicado, é necessário verificar ligação. Este predicado poderia ser desdobrado em dois:
se seu núcleo é um nome (então teremos um predicado um verbal e outro nominal.
nominal) ou um verbo (predicado verbal). Deve-se con- O dia amanheceu. / O dia estava ensolarado.
siderar também se as palavras que formam o predicado
referem-se apenas ao verbo ou também ao sujeito da
No segundo exemplo, é o verbo julgar que relaciona
oração.
o complemento homens com o predicativo “inconstan-
Os homens sensíveis pedem amor sincero às mulheres
de opinião. tes”.
Predicado
1.2 Termos integrantes da oração
O predicado acima apresenta apenas uma palavra
que se refere ao sujeito: pedem. As demais palavras se Os complementos verbais (objeto direto e indireto) e o
ligam direta ou indiretamente ao verbo. complemento nominal são chamados termos integrantes
A cidade está deserta. da oração.
O nome “deserta”, por intermédio do verbo, refere-
-se ao sujeito da oração (cidade). O verbo atua como Os complementos verbais integram o sentido dos
elemento de ligação (por isso verbo de ligação) entre o verbos transitivos, com eles formando unidades signifi-
sujeito e a palavra a ele relacionada (no caso: deserta = cativas. Estes verbos podem se relacionar com seus com-
predicativo do sujeito). plementos diretamente, sem a presença de preposição,
ou indiretamente, por intermédio de preposição.
O predicado verbal é aquele que tem como núcleo O objeto direto é o complemento que se liga dire-
significativo um verbo: tamente ao verbo.
Chove muito nesta época do ano. Houve muita confusão na partida final.
Estudei muito hoje!
Queremos sua ajuda.
Compraste a apostila?

Os verbos acima são significativos, isto é, não servem O objeto direto preposicionado ocorre principal-
apenas para indicar o estado do sujeito, mas indicam mente:
processos. A) com nomes próprios de pessoas ou nomes co-
muns referentes a pessoas:
LÍNGUA PORTUGUESA

Amar a Deus; Adorar a Xangô; Estimar aos pais.


O predicado nominal é aquele que tem como nú- (o objeto é direto, mas como há preposição, denomi-
cleo significativo um nome; este atribui uma qualidade na-se: objeto direto preposicionado)
ou estado ao sujeito, por isso é chamado de predicativo
do sujeito. O predicativo é um nome que se liga a ou- B) com pronomes indefinidos de pessoa e pronomes
tro nome da oração por meio de um verbo (o verbo de de tratamento: Não excluo a ninguém; Não quero
ligação). cansar a Vossa Senhoria.

84
C) para evitar ambiguidade: Ao povo prejudica a crise. O poeta português deixou uma obra inacabada.
(sem preposição, o sentido seria outro: O povo prejudica O poeta deixou-a inacabada.
a crise) (inacabada precisou ser repetida, então: predicativo
O objeto indireto é o complemento que se liga indi- do objeto)
retamente ao verbo, ou seja, através de uma preposição.
Gosto de música popular brasileira. Enquanto o complemento nominal se relaciona a um
Necessito de ajuda. substantivo, adjetivo ou advérbio, o adjunto nominal se
relaciona apenas ao substantivo.
1.2.1 Objeto Pleonástico O aposto é um termo acessório que permite ampliar,
explicar, desenvolver ou resumir a ideia contida em um
É a repetição de objetos, tanto diretos como indiretos. termo que exerça qualquer função sintática: Ontem, se-
Normalmente, as frases em que ocorrem objetos gunda-feira, passei o dia mal-humorado.
pleonásticos obedecem à estrutura: primeiro aparece o
objeto, antecipado para o início da oração; em seguida, Segunda-feira é aposto do adjunto adverbial de tem-
ele é repetido através de um pronome oblíquo. É à repe- po “ontem”. O aposto é sintaticamente equivalente ao
tição que se dá o nome de objeto pleonástico. termo que se relaciona porque poderia substituí-lo: Se-
“Aos fracos, não os posso proteger, jamais.” (Gonçal- gunda-feira passei o dia mal-humorado.
ves Dias) O aposto pode ser classificado, de acordo com seu
valor na oração, em:
objeto pleonástico A) explicativo: A linguística, ciência das línguas hu-
manas, permite-nos interpretar melhor nossa rela-
Ao traidor, nada lhe devemos. ção com o mundo.
B) enumerativo: A vida humana compõe-se de muitas
O termo que integra o sentido de um nome chama-se coisas: amor, arte, ação.
complemento nominal, que se liga ao nome que com- C) resumidor ou recapitulativo: Fantasias, suor e so-
pleta por intermédio de preposição: nho, tudo forma o carnaval.
A arte é necessária à vida. = relaciona-se com a pala-
D) comparativo: Seus olhos, indagadores holofotes, fi-
vra “necessária”
xaram-se por muito tempo na baía anoitecida.
Temos medo de barata. = ligada à palavra “medo”
O vocativo é um termo que serve para chamar, in-
1.3 Termos acessórios da oração e vocativo
vocar ou interpelar um ouvinte real ou hipotético, não
mantendo relação sintática com outro termo da oração.
Os termos acessórios recebem este nome por serem
A função de vocativo é substantiva, cabendo a substan-
explicativos, circunstanciais. São termos acessórios o ad-
tivos, pronomes substantivos, numerais e palavras subs-
junto adverbial, o adjunto adnominal, o aposto e o voca-
tivo – este, sem relação sintática com outros temos da tantivadas esse papel na linguagem.
oração. João, venha comigo!
Traga-me doces, minha menina!
O adjunto adverbial é o termo da oração que indi-
ca uma circunstância do processo verbal ou intensifica o 1.4 Períodos Compostos
sentido de um adjetivo, verbo ou advérbio. É uma função 1.4.1 Período Composto por Coordenação
adverbial, pois cabe ao advérbio e às locuções adverbiais
exercerem o papel de adjunto adverbial: Amanhã voltarei O período composto se caracteriza por possuir mais
a pé àquela velha praça. de uma oração em sua composição. Sendo assim:
Eu irei à praia. (Período Simples = um verbo, uma
O adjunto adnominal é o termo acessório que de- oração)
termina, especifica ou explica um substantivo. É uma fun- Estou comprando um protetor solar, depois irei à
ção adjetiva, pois são os adjetivos e as locuções adjetivas praia. (Período Composto =locução verbal + verbo, duas
que exercem o papel de adjunto adnominal na oração. orações)
Também atuam como adjuntos adnominais os artigos, os Já me decidi: só irei à praia, se antes eu comprar
numerais e os pronomes adjetivos. um protetor solar. (Período Composto = três verbos, três
O poeta inovador enviou dois longos trabalhos ao seu orações).
amigo de infância.
Há dois tipos de relações que podem se estabelecer
LÍNGUA PORTUGUESA

O adjunto adnominal se liga diretamente ao subs- entre as orações de um período composto: uma relação
tantivo a que se refere, sem participação do verbo. Já o de coordenação ou uma relação de subordinação.
predicativo do objeto se liga ao objeto por meio de um Duas orações são coordenadas quando estão juntas
verbo. em um mesmo período, (ou seja, em um mesmo bloco
O poeta português deixou uma obra originalíssima. de informações, marcado pela pontuação final), mas têm,
O poeta deixou-a. ambas, estruturas individuais, como é o exemplo de:
(originalíssima não precisou ser repetida, portanto: Estou comprando um protetor solar, depois irei à praia.
adjunto adnominal) (Período Composto)

85
Podemos dizer: Observe que na oração subordinada temos o verbo
1. Estou comprando um protetor solar. “seja”, que está conjugado na terceira pessoa do singular
2. Irei à praia. do presente do subjuntivo, além de ser introduzida por
conjunção. As orações subordinadas que apresentam ver-
Separando as duas, vemos que elas são independen- bo em qualquer dos tempos finitos (tempos do modo do
tes. Tal período é classificado como Período Composto indicativo, subjuntivo e imperativo) e são iniciadas por con-
por Coordenação. junção, chamam-se orações desenvolvidas ou explícitas.
Quanto à classificação das orações coordenadas, te-
mos dois tipos: Coordenadas Assindéticas e Coordenadas Podemos modificar o período acima. Veja:
Sindéticas. Quero ser aprovado.
Oração Principal Oração Subordinada
A) Coordenadas Assindéticas
São orações coordenadas entre si e que não são li- A análise das orações continua sendo a mesma: “Que-
gadas através de nenhum conectivo. Estão apenas jus- ro” é a oração principal, cujo objeto direto é a oração
tapostas. subordinada “ser aprovado”. Observe que a oração su-
Entrei na sala, deitei-me no sofá, adormeci. bordinada apresenta agora verbo no infinitivo (ser). Além
disso, a conjunção “que”, conectivo que unia as duas ora-
B) Coordenadas Sindéticas ções, desapareceu. As orações subordinadas cujo verbo
Ao contrário da anterior, são orações coordenadas surge numa das formas nominais (infinitivo, gerúndio ou
entre si, mas que são ligadas através de uma conjunção particípio) são chamadas de orações reduzidas ou implí-
coordenativa, que dará à oração uma classificação. As citas (como no exemplo acima).
orações coordenadas sindéticas são classificadas em cin-
co tipos: aditivas, adversativas, alternativas, conclusivas e Observação:
explicativas. As orações reduzidas não são introduzidas por con-
junções nem pronomes relativos. Podem ser, eventual-
Dica: Memorize SINdética = SIM, tem conjunção! mente, introduzidas por preposição.
 Orações Coordenadas Sindéticas Aditivas:
suas principais conjunções são: e, nem, não só... mas tam- A) Orações Subordinadas Substantivas
bém, não só... como, assim... como. A oração subordinada substantiva tem valor de subs-
tantivo e vem introduzida, geralmente, por conjunção in-
Nem comprei o protetor solar nem fui à praia.
tegrante (que, se).
Comprei o protetor solar e fui à praia.
Não sei se sairemos hoje.
 Orações Coordenadas Sindéticas Adversativas:
Oração Subordinada Substantiva
suas principais conjunções são: mas, contudo, to-
davia, entretanto, porém, no entanto, ainda, assim,
Temos medo de que não sejamos aprovados.
senão. Oração Subordinada Substantiva
Fiquei muito cansada, contudo me diverti bastante.
Li tudo, porém não entendi! Os pronomes interrogativos (que, quem, qual) tam-
bém introduzem as orações subordinadas substantivas,
 Orações Coordenadas Sindéticas Alternativas: bem como os advérbios interrogativos (por que, quando,
suas principais conjunções são: ou... ou; ora...ora; onde, como).
quer...quer; seja...seja.
Ou uso o protetor solar, ou uso o óleo bronzeador. O garoto perguntou qual seu nome.
Oração Subordinada Substantiva
 Orações Coordenadas Sindéticas Conclusivas:
suas principais conjunções são: logo, portanto, por Não sabemos quando ele virá.
fim, por conseguinte, consequentemente, pois (pos- Oração Subordinada Substantiva
posto ao verbo).
Passei no concurso, portanto comemorarei!
A situação é delicada; devemos, pois, agir. 1.4.3 Classificação das Orações Subordinadas
Substantivas
 Orações Coordenadas Sindéticas Explicativas:
suas principais conjunções são: isto é, ou seja, a sa- Conforme a função que exerce no período, a oração
ber, na verdade, pois (anteposto ao verbo). subordinada substantiva pode ser:
LÍNGUA PORTUGUESA

Não fui à praia, pois queria descansar durante o Do- 1. Subjetiva - exerce a função sintática de sujeito do
mingo. verbo da oração principal:
Maria chorou porque seus olhos estão vermelhos. É fundamental o seu comparecimento à reunião.
Sujeito
1.4.2 Período Composto Por Subordinação
É fundamental que você compareça à reunião.
Quero que você seja aprovado! Oração Principal Oração Subordinada Substan-
Oração principal oração subordinada tiva Subjetiva

86
FIQUE ATENTO!
Observe que a oração subordinada substantiva pode ser substituída pelo pronome “isso”. Assim, temos
um período simples:
É fundamental isso ou Isso é fundamental.
Desta forma, a oração correspondente a “isso” exercerá a função de sujeito.

Veja algumas estruturas típicas que ocorrem na oração principal:


 Verbos de ligação + predicativo, em construções do tipo: É bom - É útil - É conveniente - É certo - Parece
certo - É claro - Está evidente - Está comprovado
É bom que você compareça à minha festa.

 Expressões na voz passiva, como: Sabe-se, Soube-se, Conta-se, Diz-se, Comenta-se, É sabido, Foi anunciado,
Ficou provado.
Sabe-se que Aline não gosta de Pedro.

 Verbos como: convir - cumprir - constar - admirar - importar - ocorrer - acontecer


Convém que não se atrase na entrevista.

Observação:
Quando a oração subordinada substantiva é subjetiva, o verbo da oração principal está sempre na 3.ª pessoa do
singular.
2. Objetiva Direta = exerce função de objeto direto do verbo da oração principal:
Todos querem sua aprovação no concurso.
Objeto Direto

Todos querem que você seja aprovado. (Todos querem isso)


Oração Principal Oração Subordinada Substantiva Objetiva Direta

As orações subordinadas substantivas objetivas diretas (desenvolvidas) são iniciadas por:


 Conjunções integrantes “que” (às vezes elíptica) e “se”: A professora verificou se os alunos estavam presentes.
 Pronomes indefinidos que, quem, qual, quanto (às vezes regidos de preposição), nas interrogações indiretas: O
pessoal queria saber quem era o dono do carro importado.
 Advérbios como, quando, onde, por que, quão (às vezes regidos de preposição), nas interrogações indiretas: Eu
não sei por que ela fez isso.

3. Objetiva Indireta = atua como objeto indireto do verbo da oração principal. Vem precedida de preposição.

Meu pai insiste em meu estudo.


Objeto Indireto

Meu pai insiste em que eu estude. (= Meu pai insiste nisso)


Oração Subordinada Substantiva Objetiva Indireta
Observação:
Em alguns casos, a preposição pode estar elíptica na oração.
Marta não gosta (de) que a chamem de senhora.
Oração Subordinada Substantiva Objetiva Indireta

4. Completiva Nominal = completa um nome que pertence à oração principal e também vem marcada por pre-
posição.
Sentimos orgulho de seu comportamento.
Complemento Nominal
LÍNGUA PORTUGUESA

Sentimos orgulho de que você se comportou. (= Sentimos orgulho disso.)


Oração Subordinada Substantiva Completiva Nominal

As orações subordinadas substantivas objetivas indiretas integram o sentido de um verbo, enquanto que orações
subordinadas substantivas completivas nominais integram o sentido de um nome. Para distinguir uma da outra, é ne-
cessário levar em conta o termo complementado. Esta é a diferença entre o objeto indireto e o complemento nominal:
o primeiro complementa um verbo; o segundo, um nome.

87
5. Predicativa = exerce papel de predicativo do sujeito do verbo da oração principal e vem sempre depois do verbo
ser.
Nosso desejo era sua desistência.
Predicativo do Sujeito

Nosso desejo era que ele desistisse. (= Nosso desejo era isso)
Oração Subordinada Substantiva Predicativa

6. Apositiva = exerce função de aposto de algum termo da oração principal.


Fernanda tinha um grande sonho: a felicidade!
Aposto
Fernanda tinha um grande sonho: ser feliz!
Oração subordinada substantiva apositiva reduzida de infinitivo

(Fernanda tinha um grande sonho: isso)

Dica: geralmente há a presença dos dois pontos! ( : )

B) Orações Subordinadas Adjetivas


Uma oração subordinada adjetiva é aquela que possui valor e função de adjetivo, ou seja, que a ele equivale. As
orações vêm introduzidas por pronome relativo e exercem a função de adjunto adnominal do antecedente.
Esta foi uma redação bem-sucedida.
Substantivo Adjetivo (Adjunto Adnominal)

O substantivo “redação” foi caracterizado pelo adjetivo “bem-sucedida”. Neste caso, é possível formarmos outra
construção, a qual exerce exatamente o mesmo papel:
Esta foi uma redação que fez sucesso.
Oração Principal Oração Subordinada Adjetiva

Perceba que a conexão entre a oração subordinada adjetiva e o termo da oração principal que ela modifica é feita
pelo pronome relativo “que”. Além de conectar (ou relacionar) duas orações, o pronome relativo desempenha uma fun-
ção sintática na oração subordinada: ocupa o papel que seria exercido pelo termo que o antecede (no caso, “redação”
é sujeito, então o “que” também funciona como sujeito).

FIQUE ATENTO!
Vale lembrar um recurso didático para reconhecer o pronome relativo “que”: ele sempre pode ser substi-
tuído por: o qual - a qual - os quais - as quais
Refiro-me ao aluno que é estudioso. = Esta oração é equivalente a: Refiro-me ao aluno o qual estuda.

Forma das Orações Subordinadas Adjetivas

Quando são introduzidas por um pronome relativo e apresentam verbo no modo indicativo ou subjuntivo, as ora-
ções subordinadas adjetivas são chamadas desenvolvidas. Além delas, existem as orações subordinadas adjetivas redu-
zidas, que não são introduzidas por pronome relativo (podem ser introduzidas por preposição) e apresentam o verbo
numa das formas nominais (infinitivo, gerúndio ou particípio).
Ele foi o primeiro aluno que se apresentou.
Ele foi o primeiro aluno a se apresentar.

No primeiro período, há uma oração subordinada adjetiva desenvolvida, já que é introduzida pelo pronome relativo
“que” e apresenta verbo conjugado no pretérito perfeito do indicativo. No segundo, há uma oração subordinada adje-
tiva reduzida de infinitivo: não há pronome relativo e seu verbo está no infinitivo.
LÍNGUA PORTUGUESA

1. Classificação das Orações Subordinadas Adjetivas

Na relação que estabelecem com o termo que caracterizam, as orações subordinadas adjetivas podem atuar de
duas maneiras diferentes. Há aquelas que restringem ou especificam o sentido do termo a que se referem, individuali-
zando-o. Nestas orações não há marcação de pausa, sendo chamadas subordinadas adjetivas restritivas. Existem tam-
bém orações que realçam um detalhe ou amplificam dados sobre o antecedente, que já se encontra suficientemente
definido. Estas orações denominam-se subordinadas adjetivas explicativas.

88
Exemplo 1: vida, pois é introduzida por uma conjunção subordina-
Jamais teria chegado aqui, não fosse um homem que tiva (quando) e apresenta uma forma verbal do modo
passava naquele momento. indicativo (“vi”, do pretérito perfeito do indicativo). Seria
Oração Subordinada Adjetiva Restritiva possível reduzi-la, obtendo-se:
Ao ver o mar, senti uma das maiores emoções de mi-
No período acima, observe que a oração em desta- nha vida.
que restringe e particulariza o sentido da palavra “ho- A oração em destaque é reduzida, apresentando uma
mem”: trata-se de um homem específico, único. A oração das formas nominais do verbo (“ver” no infinitivo) e não
limita o universo de homens, isto é, não se refere a todos é introduzida por conjunção subordinativa, mas sim por
os homens, mas sim àquele que estava passando naque- uma preposição (“a”, combinada com o artigo “o”).
le momento.
Exemplo 2: Observação:
A classificação das orações subordinadas adverbiais
O homem, que se considera racional, muitas vezes é feita do mesmo modo que a classificação dos adjun-
age animalescamente. tos adverbiais. Baseia-se na circunstância expressa pela
Oração Subordinada Adjetiva Explicativa oração.

Agora, a oração em destaque não tem sentido restri- 2. Classificação das Orações Subordinadas Adver-
tivo em relação à palavra “homem”; na verdade, apenas biais
explicita uma ideia que já sabemos estar contida no con-
ceito de “homem”. A) Causal = A ideia de causa está diretamente ligada
àquilo que provoca um determinado fato, ao motivo do
Saiba que: que se declara na oração principal. Principal conjunção
A oração subordinada adjetiva explicativa é separa- subordinativa causal: porque. Outras conjunções e locu-
da da oração principal por uma pausa que, na escrita, ções causais: como (sempre introduzido na oração ante-
é representada pela vírgula. É comum, por isso, que a posta à oração principal), pois, pois que, já que, uma vez
que, visto que.
pontuação seja indicada como forma de diferenciar as
As ruas ficaram alagadas porque a chuva foi muito
orações explicativas das restritivas; de fato, as explicativas
forte.
vêm sempre isoladas por vírgulas; as restritivas, não.
Já que você não vai, eu também não vou.
C) Orações Subordinadas Adverbiais
A diferença entre a subordinada adverbial causal e a
Uma oração subordinada adverbial é aquela que
sindética explicativa é que esta “explica” o fato que acon-
exerce a função de adjunto adverbial do verbo da ora-
teceu na oração com a qual ela se relaciona; aquela apre-
ção principal. Assim, pode exprimir circunstância de tem- senta a “causa” do acontecimento expresso na oração à
po, modo, fim, causa, condição, hipótese, etc. Quando qual ela se subordina. Repare:
desenvolvida, vem introduzida por uma das conjunções 1. Faltei à aula porque estava doente.
subordinativas (com exclusão das integrantes, que intro- 2. Melissa chorou, porque seus olhos estão vermelhos.
duzem orações subordinadas substantivas). Classifica-se Em 1, a oração destacada aconteceu primeiro (causa)
de acordo com a conjunção ou locução conjuntiva que que o fato expresso na oração anterior, ou seja, o
a introduz (assim como acontece com as coordenadas fato de estar doente impediu-me de ir à aula. No
sindéticas). exemplo 2, a oração sublinhada relata um fato que
aconteceu depois, já que primeiro ela chorou, de-
Durante a madrugada, eu olhei você dormindo. pois seus olhos ficaram vermelhos.
Oração Subordinada Adverbial
B) Consecutiva = exprime um fato que é consequên-
A oração em destaque agrega uma circunstância de cia, é efeito do que se declara na oração principal.
tempo. É, portanto, chamada de oração subordinada ad- São introduzidas pelas conjunções e locuções: que,
verbial temporal. Os adjuntos adverbiais são termos aces- de forma que, de sorte que, tanto que, etc., e pelas
sórios que indicam uma circunstância referente, via de estruturas tão...que, tanto...que, tamanho...que.
regra, a um verbo. A classificação do adjunto adverbial Principal conjunção subordinativa consecutiva: que
depende da exata compreensão da circunstância que ex- (precedido de tal, tanto, tão, tamanho)
prime. Nunca abandonou seus ideais, de sorte que acabou
Naquele momento, senti uma das maiores emoções de concretizando-os.
minha vida. Não consigo ver televisão sem bocejar. (Oração Redu-
LÍNGUA PORTUGUESA

Quando vi o mar, senti uma das maiores emoções de zida de Infinitivo)


minha vida.
C) Condicional = Condição é aquilo que se impõe
No primeiro período, “naquele momento” é um ad- como necessário para a realização ou não de um
junto adverbial de tempo, que modifica a forma verbal fato. As orações subordinadas adverbiais condicio-
“senti”. No segundo período, este papel é exercido pela nais exprimem o que deve ou não ocorrer para que
oração “Quando vi o mar”, que é, portanto, uma oração se realize - ou deixe de se realizar - o fato expresso
subordinada adverbial temporal. Esta oração é desenvol- na oração principal.

89
Principal conjunção subordinativa condicional: se. ções conjuntivas proporcionais: à medida que, ao
Outras conjunções condicionais: caso, contanto que, des- passo que. Há ainda as estruturas: quanto maior...
de que, salvo se, exceto se, a não ser que, a menos que, (maior), quanto maior...(menor), quanto menor...
sem que, uma vez que (seguida de verbo no subjuntivo). (maior), quanto menor...(menor), quanto mais...
Se o regulamento do campeonato for bem elaborado, (mais), quanto mais...(menos), quanto menos...
certamente o melhor time será campeão. (mais), quanto menos...(menos).
Caso você saia, convide-me. À proporção que estudávamos mais questões acertá-
vamos.
D) Concessiva = indica concessão às ações do verbo À medida que lia mais culto ficava.
da oração principal, isto é, admitem uma contradi-
ção ou um fato inesperado. A ideia de concessão I) Temporal = acrescenta uma ideia de tempo ao
está diretamente ligada ao contraste, à quebra de fato expresso na oração principal, podendo expri-
expectativa. Principal conjunção subordinativa con- mir noções de simultaneidade, anterioridade ou
cessiva: embora. Utiliza-se também a conjunção: posterioridade. Principal conjunção subordinativa
conquanto e as locuções ainda que, ainda quando, temporal: quando. Outras conjunções subordina-
mesmo que, se bem que, posto que, apesar de que. tivas temporais: enquanto, mal e locuções conjun-
Só irei se ele for. tivas: assim que, logo que, todas as vezes que, antes
A oração acima expressa uma condição: o fato de “eu” que, depois que, sempre que, desde que, etc.
ir só se realizará caso essa condição seja satisfeita. Assim que Paulo chegou, a reunião acabou.
Compare agora com: Terminada a festa, todos se retiraram. (= Quando ter-
Irei mesmo que ele não vá. minou a festa) (Oração Reduzida de Particípio)
A distinção fica nítida; temos agora uma concessão: 3. Orações Reduzidas
irei de qualquer maneira, independentemente de sua ida.
A oração destacada é, portanto, subordinada adverbial
As orações subordinadas podem vir expressas como
concessiva.
reduzidas, ou seja, com o verbo em uma de suas formas
Observe outros exemplos:
nominais (infinitivo, gerúndio ou particípio) e sem co-
Embora fizesse calor, levei agasalho.
nectivo subordinativo que as introduza.
Foi aprovado sem estudar (= sem que estudasse / em-
É preciso estudar! = reduzida de infinitivo
bora não estudasse). (reduzida de infinitivo)
É preciso que se estude = oração desenvolvida (pre-
E) Comparativa= As orações subordinadas adver-
sença do conectivo)
biais comparativas estabelecem uma comparação
Para classificá-las, precisamos imaginar como seriam
com a ação indicada pelo verbo da oração princi-
pal. Principal conjunção subordinativa comparati- “desenvolvidas” – como no exemplo acima.
va: como. É preciso estudar = oração subordinada substantiva
Ele dorme como um urso. (como um urso dorme) subjetiva reduzida de infinitivo
Você age como criança. (age como uma criança age) É preciso que se estude = oração subordinada subs-
tantiva subjetiva
• geralmente há omissão do verbo.
4. Orações Intercaladas
F) Conformativa = indica ideia de conformidade, ou
seja, apresenta uma regra, um modelo adotado São orações independentes encaixadas na sequên-
para a execução do que se declara na oração prin- cia do período, utilizadas para um esclarecimento, um
cipal. Principal conjunção subordinativa conforma- aparte, uma citação. Elas vêm separadas por vírgulas ou
tiva: conforme. Outras conjunções conformativas: travessões.
como, consoante e segundo (todas com o mesmo Nós – continuava o relator – já abordamos este as-
valor de conforme). sunto.
Fiz o bolo conforme ensina a receita.
Consoante reza a Constituição, todos os cidadãos têm REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
direitos iguais. SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
G) Final = indica a intenção, a finalidade daquilo que CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura,
se declara na oração principal. Principal conjunção Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira
subordinativa final: a fim de. Outras conjunções Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição –
LÍNGUA PORTUGUESA

finais: que, porque (= para que) e a locução con- São Paulo: Saraiva, 2002.
juntiva para que.
Aproximei-me dela a fim de que ficássemos amigas. SITE
Estudarei muito para que eu me saia bem na prova. http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/
H) Proporcional = exprime ideia de proporção, ou frase-periodo-e-oracao
seja, um fato simultâneo ao expresso na oração
principal. Principal locução conjuntiva subordina-
tiva proporcional: à proporção que. Outras locu-

90
FUNÇÕES SINTÁTICAS DOS PRONOMES
EXERCÍCIOS COMENTADOS
RELATIVOS. EMPREGO DE NOMES E
PRONOMES. EMPREGO DE TEMPOS E
1. (Cnj – Técnico Judiciário – cespe – 2013 – adaptada)
MODOS VERBAIS.
Jogadores de futebol de diversos times entraram em cam-
po em prol do programa “Pai Presente”, nos jogos do Cam-
peonato Nacional em apoio à campanha que visa reduzir
o número de pessoas que não possuem o nome do pai em “Prezado candidato, o tópico acima foi abordado na
sua certidão de nascimento. (...) íntegra em: Classes de Palavras”
A oração subordinada “que não possuem o nome do pai
em sua certidão de nascimento” não é antecedida por vír-
gula porque tem natureza restritiva. REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL (CRASE).

( ) CERTO ( ) ERRADO
REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL
Resposta: Certo. A oração restringe o grupo que par-
ticipará da campanha (apenas os que não têm o nome Dá-se o nome de regência à relação de subordinação
do pai na certidão de nascimento). Se colocarmos uma que ocorre entre um verbo (regência verbal) ou um nome
vírgula, a oração se tornará “explicativa”, generalizan- (regência nominal) e seus complementos.
do a informação, o que dará a entender que TODAS as 1. Regência Verbal = Termo Regente: VERBO
pessoas não têm o nome do pai na certidão.
A regência verbal estuda a relação que se estabele-
2. (Instituto Rio Branco – Admissão à Carreira de Di- ce entre os verbos e os termos que os complementam
plomata – cespe – 2014 – adaptada) (objetos diretos e objetos indiretos) ou caracterizam (ad-
juntos adverbiais). Há verbos que admitem mais de uma
A crônica não é um “gênero maior”. Não se imagina uma regência, o que corresponde à diversidade de significa-
literatura feita de grandes cronistas, que lhe dessem o dos que estes verbos podem adquirir dependendo do
brilho universal dos grandes romancistas, dramaturgos contexto em que forem empregados.
e poetas. Nem se pensaria em atribuir o Prêmio Nobel a A mãe agrada o filho = agradar significa acariciar,
um cronista, por melhor que fosse. Portanto, parece mes- contentar.
mo que a crônica é um gênero menor. A mãe agrada ao filho = agradar significa “causar
“Graças a Deus”, seria o caso de dizer, porque, sendo as- agrado ou prazer”, satisfazer.
Conclui-se que “agradar alguém” é diferente de
sim, ela fica mais perto de nós. E para muitos pode servir
“agradar a alguém”.
de caminho não apenas para a vida, que ela serve de
perto, mas para a literatura. Por meio dos assuntos, da
O conhecimento do uso adequado das preposições
composição solta, do ar de coisa sem necessidade que
é um dos aspectos fundamentais do estudo da regência
costuma assumir, ela se ajusta à sensibilidade de todo
verbal (e também nominal). As preposições são capazes
dia. Principalmente porque elabora uma linguagem que
de modificar completamente o sentido daquilo que está
fala de perto ao nosso modo de ser mais natural. Na sua
sendo dito.
despretensão, humaniza; e esta humanização lhe permi- Cheguei ao metrô.
te, como compensação sorrateira, recuperar com a outra Cheguei no metrô.
mão certa profundidade de significado e certo acaba- No primeiro caso, o metrô é o lugar a que vou; no
mento de forma, que de repente podem fazer dela uma segundo caso, é o meio de transporte por mim utilizado.
inesperada, embora discreta, candidata à perfeição.
Antonio Candido. A vida ao rés do chão. In: Recortes. São A voluntária distribuía leite às crianças.
Paulo: Companhia das Letras, 1993, p. 23 (com adapta- A voluntária distribuía leite com as crianças.
ções). Na primeira frase, o verbo “distribuir” foi empregado
como transitivo direto (objeto direto: leite) e indireto (ob-
As formas verbais “imagina” (R.1), “atribuir” (R.4) e “ser- jeto indireto: às crianças); na segunda, como transitivo
vir” (R.8) foram utilizadas como verbos transitivos indi- direto (objeto direto: crianças; com as crianças: adjunto
retos. adverbial).
Para estudar a regência verbal, agruparemos os ver-
( ) CERTO ( ) ERRADO bos de acordo com sua transitividade. Esta, porém, não é
LÍNGUA PORTUGUESA

um fato absoluto: um mesmo verbo pode atuar de dife-


Resposta: Errado. rentes formas em frases distintas.
imagina uma literatura = transitivo direto
atribuir o Prêmio Nobel a um cronista = bitransitivo A) Verbos Intransitivos
(transitivo direto e indireto) Os verbos intransitivos não possuem complemento.
pode servir de caminho = intransitivo É importante, no entanto, destacar alguns detalhes re-
lativos aos adjuntos adverbiais que costumam acompa-
nhá-los.

91
Chegar, Ir Os verbos transitivos indiretos são os seguintes:
Normalmente vêm acompanhados de adjuntos adver- Consistir - Tem complemento introduzido pela pre-
biais de lugar. Na língua culta, as preposições usadas para posição “em”: A modernidade verdadeira consiste em di-
indicar destino ou direção são: a, para. reitos iguais para todos.

Fui ao teatro. Obedecer e Desobedecer - Possuem seus comple-


Adjunto Adverbial de Lugar mentos introduzidos pela preposição “a”:
Devemos obedecer aos nossos princípios e ideais.
Ricardo foi para a Espanha. Eles desobedeceram às leis do trânsito.
Adjunto Adverbial de Lugar
Responder - Tem complemento introduzido pela pre-
Comparecer posição “a”. Esse verbo pede objeto indireto para indicar
O adjunto adverbial de lugar pode ser introduzido por “a quem” ou “ao que” se responde.
em ou a. Respondi ao meu patrão.
Comparecemos ao estádio (ou no estádio) para ver o Respondemos às perguntas.
último jogo. Respondeu-lhe à altura.

B) Verbos Transitivos Diretos Observação:


Os verbos transitivos diretos são complementados O verbo responder, apesar de transitivo indireto quan-
por objetos diretos. Isso significa que não exigem prepo- do exprime aquilo a que se responde, admite voz passiva
sição para o estabelecimento da relação de regência. Ao analítica:
empregar esses verbos, lembre-se de que os pronomes O questionário foi respondido corretamente.
oblíquos o, a, os, as atuam como objetos diretos. Esses Todas as perguntas foram respondidas satisfatoriamente.
pronomes podem assumir as formas lo, los, la, las (após
formas verbais terminadas em -r, -s ou -z) ou no, na, nos, Simpatizar e Antipatizar - Possuem seus comple-
nas (após formas verbais terminadas em sons nasais), en- mentos introduzidos pela preposição “com”.
quanto lhe e lhes são, quando complementos verbais, ob- Antipatizo com aquela apresentadora.
jetos indiretos. Simpatizo com os que condenam os políticos que go-
São verbos transitivos diretos, dentre outros: aban- vernam para uma minoria privilegiada.
donar, abençoar, aborrecer, abraçar, acompanhar, acusar,
admirar, adorar, alegrar, ameaçar, amolar, amparar, auxi- D) Verbos Transitivos Diretos e Indiretos
liar, castigar, condenar, conhecer, conservar, convidar, de- Os verbos transitivos diretos e indiretos são acom-
fender, eleger, estimar, humilhar, namorar, ouvir, prejudicar, panhados de um objeto direto e um indireto. Merecem
prezar, proteger, respeitar, socorrer, suportar, ver, visitar. destaque, nesse grupo: agradecer, perdoar e pagar. São
Na língua culta, esses verbos funcionam exatamente verbos que apresentam objeto direto relacionado a coisas
como o verbo amar: e objeto indireto relacionado a pessoas.
Amo aquele rapaz. / Amo-o.
Amo aquela moça. / Amo-a. Agradeço aos ouvintes a audiência.
Amam aquele rapaz. / Amam-no. Objeto Indireto Objeto Direto
Ele deve amar aquela mulher. / Ele deve amá-la.
Paguei o débito ao cobrador.
Observação: Objeto Direto Objeto Indireto
Os pronomes lhe, lhes só acompanham esses verbos
para indicar posse (caso em que atuam como adjuntos O uso dos pronomes oblíquos átonos deve ser feito
adnominais): com particular cuidado:
Quero beijar-lhe o rosto. (= beijar seu rosto) Agradeci o presente. / Agradeci-o.
Prejudicaram-lhe a carreira. (= prejudicaram sua car- Agradeço a você. / Agradeço-lhe.
reira) Perdoei a ofensa. / Perdoei-a.
Conheço-lhe o mau humor! (= conheço seu mau hu- Perdoei ao agressor. / Perdoei-lhe.
mor) Paguei minhas contas. / Paguei-as.
Paguei aos meus credores. / Paguei-lhes.
C) Verbos Transitivos Indiretos
Os verbos transitivos indiretos são complementados Informar
por objetos indiretos. Isso significa que esses verbos exi- Apresenta objeto direto ao se referir a coisas e objeto
gem uma preposição para o estabelecimento da relação indireto ao se referir a pessoas, ou vice-versa.
LÍNGUA PORTUGUESA

de regência. Os pronomes pessoais do caso oblíquo de Informe os novos preços aos clientes.
terceira pessoa que podem atuar como objetos indiretos Informe os clientes dos novos preços. (ou sobre os no-
são o “lhe”, o “lhes”, para substituir pessoas. Não se uti- vos preços)
lizam os pronomes o, os, a, as como complementos de Na utilização de pronomes como complementos, veja
verbos transitivos indiretos. Com os objetos indiretos que as construções:
não representam pessoas, usam-se pronomes oblíquos Informei-os aos clientes. / Informei-lhes os novos preços.
tônicos de terceira pessoa (ele, ela) em lugar dos prono- Informe-os dos novos preços. / Informe-os deles. (ou
mes átonos lhe, lhes. sobre eles)

92
Observação: Agradar é transitivo indireto no sentido de causar
A mesma regência do verbo informar é usada para os agrado a, satisfazer, ser agradável a. Rege complemento
seguintes: avisar, certificar, notificar, cientificar, prevenir. introduzido pela preposição “a”.
O cantor não agradou aos presentes.
Comparar O cantor não lhes agradou.
Quando seguido de dois objetos, esse verbo admite
as preposições “a” ou “com” para introduzir o comple- O antônimo “desagradar” é sempre transitivo indire-
mento indireto: Comparei seu comportamento ao (ou com to: O cantor desagradou à plateia.
o) de uma criança.
Aspirar
Pedir Aspirar é transitivo direto no sentido de sorver, ins-
Esse verbo pede objeto direto de coisa (geralmente pirar (o ar), inalar: Aspirava o suave aroma. (Aspirava-o)
na forma de oração subordinada substantiva) e indireto Aspirar é transitivo indireto no sentido de desejar, ter
de pessoa. como ambição: Aspirávamos a um emprego melhor. (As-
pirávamos a ele)
Pedi-lhe favores. Como o objeto direto do verbo “aspirar” não é pes-
Objeto Indireto Objeto Direto soa, as formas pronominais átonas “lhe” e “lhes” não são
utilizadas, mas, sim, as formas tônicas “a ele(s)”, “a ela(s)”.
Pedi-lhe que se mantivesse em silêncio. Veja o exemplo: Aspiravam a uma existência melhor. (=
Objeto Indireto Oração Subordinada Subs- Aspiravam a ela)
tantiva Objetiva Direta
Assistir
A construção “pedir para”, muito comum na lingua- Assistir é transitivo direto no sentido de ajudar, pres-
gem cotidiana, deve ter emprego muito limitado na lín- tar assistência a, auxiliar.
As empresas de saúde negam-se a assistir os idosos.
gua culta. No entanto, é considerada correta quando a
As empresas de saúde negam-se a assisti-los.
palavra licença estiver subentendida.
Peço (licença) para ir entregar-lhe os catálogos em
Assistir é transitivo indireto no sentido de ver, presen-
casa.
ciar, estar presente, caber, pertencer.
Assistimos ao documentário.
Observe que, nesse caso, a preposição “para” intro-
Não assisti às últimas sessões.
duz uma oração subordinada adverbial final reduzida de
Essa lei assiste ao inquilino.
infinitivo (para ir entregar-lhe os catálogos em casa).
No sentido de morar, residir, o verbo “assistir” é in-
Preferir transitivo, sendo acompanhado de adjunto adverbial de
Na língua culta, esse verbo deve apresentar objeto lugar introduzido pela preposição “em”: Assistimos numa
indireto introduzido pela preposição “a”: conturbada cidade.
Prefiro qualquer coisa a abrir mão de meus ideais.
Prefiro trem a ônibus. Chamar
Chamar é transitivo direto no sentido de convocar, so-
Observação: licitar a atenção ou a presença de.
Na língua culta, o verbo “preferir” deve ser usado sem Por gentileza, vá chamar a polícia. / Por favor, vá cha-
termos intensificadores, tais como: muito, antes, mil ve- má-la.
zes, um milhão de vezes, mais. A ênfase já é dada pelo Chamei você várias vezes. / Chamei-o várias vezes.
prefixo existente no próprio verbo (pre). Chamar no sentido de denominar, apelidar pode
apresentar objeto direto e indireto, ao qual se refere pre-
Mudança de Transitividade - Mudança de Signifi- dicativo preposicionado ou não.
cado A torcida chamou o jogador mercenário.
Há verbos que, de acordo com a mudança de transi- A torcida chamou ao jogador mercenário.
tividade, apresentam mudança de significado. O conhe- A torcida chamou o jogador de mercenário.
cimento das diferentes regências desses verbos é um re- A torcida chamou ao jogador de mercenário.
curso linguístico muito importante, pois além de permitir Chamar com o sentido de ter por nome é pronominal:
a correta interpretação de passagens escritas, oferece Como você se chama? Eu me chamo Zenaide.
possibilidades expressivas a quem fala ou escreve. Dentre
LÍNGUA PORTUGUESA

os principais, estão: Custar


Custar é intransitivo no sentido de ter determinado
Agradar valor ou preço, sendo acompanhado de adjunto adver-
Agradar é transitivo direto no sentido de fazer cari- bial: Frutas e verduras não deveriam custar muito.
nhos, acariciar, fazer as vontades de.
Sempre agrada o filho quando. No sentido de ser difícil, penoso, pode ser intransitivo
Aquele comerciante agrada os clientes. ou transitivo indireto, tendo como sujeito uma oração re-
duzida de infinitivo.

93
Muito custa viver tão longe da família. Visar
Verbo Intransitivo Oração Subordinada Como transitivo direto, apresenta os sentidos de mirar,
Substantiva Subjetiva Reduzida de Infinitivo fazer pontaria e de pôr visto, rubricar.
O homem visou o alvo.
Custou-me (a mim) crer nisso. O gerente não quis visar o cheque.
Objeto Indireto Oração Subordinada Subs-
tantiva Subjetiva Reduzida de Infinitivo No sentido de ter em vista, ter como meta, ter como
objetivo é transitivo indireto e rege a preposição “a”.
A Gramática Normativa condena as construções que O ensino deve sempre visar ao progresso social.
atribuem ao verbo “custar” um sujeito representado por Prometeram tomar medidas que visassem ao bem-estar
pessoa: Custei para entender o problema. público.
= Forma correta: Custou-me entender o problema.
Esquecer – Lembrar
Implicar Lembrar algo – esquecer algo
Como transitivo direto, esse verbo tem dois sentidos: Lembrar-se de algo – esquecer-se de algo (pronominal)
A) dar a entender, fazer supor, pressupor: Suas atitudes
implicavam um firme propósito. No 1.º caso, os verbos são transitivos diretos, ou seja,
B) ter como consequência, trazer como consequência, exigem complemento sem preposição: Ele esqueceu o li-
acarretar, provocar: Uma ação implica reação. vro.
No 2.º caso, os verbos são pronominais (-se, -me, etc)
Como transitivo direto e indireto, significa compro- e exigem complemento com a preposição “de”. São, por-
meter, envolver: Implicaram aquele jornalista em questões tanto, transitivos indiretos:
econômicas. Ele se esqueceu do caderno.
No sentido de antipatizar, ter implicância, é transiti- Eu me esqueci da chave.
Eles se esqueceram da prova.
vo indireto e rege com preposição “com”: Implicava com
Nós nos lembramos de tudo o que aconteceu.
quem não trabalhasse arduamente.
Há uma construção em que a coisa esquecida ou lem-
Namorar
brada passa a funcionar como sujeito e o verbo sofre leve
Sempre tansitivo direto: Luísa namora Carlos há dois
alteração de sentido. É uma construção muito rara na lín-
anos.
gua contemporânea, porém, é fácil encontrá-la em textos
clássicos tanto brasileiros como portugueses. Machado de
Obedecer - Desobedecer Assis, por exemplo, fez uso dessa construção várias vezes.
Sempre transitivo indireto: Esqueceu-me a tragédia. (cair no esquecimento)
Todos obedeceram às regras. Lembrou-me a festa. (vir à lembrança)
Ninguém desobedece às leis. Não lhe lembram os bons momentos da infância? (=
momentos é sujeito)
Quando o objeto é “coisa”, não se utiliza “lhe” nem
“lhes”: As leis são essas, mas todos desobedecem a elas. Simpatizar - Antipatizar
São transitivos indiretos e exigem a preposição “com”:
Proceder Não simpatizei com os jurados.
Proceder é intransitivo no sentido de ser decisivo, ter Simpatizei com os alunos.
cabimento, ter fundamento ou comportar-se, agir. Nessa
segunda acepção, vem sempre acompanhado de adjunto A norma culta exige que os verbos e expressões que dão
adverbial de modo. ideia de movimento sejam usados com a preposição “a”:
As afirmações da testemunha procediam, não havia Chegamos a São Paulo e fomos direto ao hotel.
como refutá-las. Cláudia desceu ao segundo andar.
Você procede muito mal. Hoje, com esta chuva, ninguém sairá à rua.

Nos sentidos de ter origem, derivar-se (rege a prepo- 2 Regência Nominal


sição “de”) e fazer, executar (rege complemento introdu-
zido pela preposição “a”) é transitivo indireto. É o nome da relação existente entre um nome (subs-
O avião procede de Maceió. tantivo, adjetivo ou advérbio) e os termos regidos por
Procedeu-se aos exames. esse nome. Essa relação é sempre intermediada por uma
O delegado procederá ao inquérito. preposição. No estudo da regência nominal, é preciso le-
LÍNGUA PORTUGUESA

var em conta que vários nomes apresentam exatamente


Querer o mesmo regime dos verbos de que derivam. Conhecer
Querer é transitivo direto no sentido de desejar, ter o regime de um verbo significa, nesses casos, conhecer
vontade de, cobiçar. o regime dos nomes cognatos. Observe o exemplo: Ver-
Querem melhor atendimento. bo obedecer e os nomes correspondentes: todos regem
Queremos um país melhor. complementos introduzidos pela preposição a. Veja:
Querer é transitivo indireto no sentido de ter afeição, Obedecer a algo/ a alguém.
estimar, amar: Quero muito aos meus amigos. Obediente a algo/ a alguém.

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Se uma oração completar o sentido de um nome, ou seja, exercer a função de complemento nominal, ela será com-
pletiva nominal (subordinada substantiva).

Regência de Alguns Nomes

Substantivos
Admiração a, por Devoção a, para, com, por Medo a, de
Aversão a, para, por Doutor em Obediência a
Atentado a, contra Dúvida acerca de, em, sobre Ojeriza a, por
Bacharel em Horror a Proeminência sobre
Capacidade de, para Impaciência com Respeito a, com, para com, por

Adjetivos
Acessível a Diferente de Necessário a
Acostumado a, com Entendido em Nocivo a
Afável com, para com Equivalente a Paralelo a
Agradável a Escasso de Parco em, de
Alheio a, de Essencial a, para Passível de
Análogo a Fácil de Preferível a
Ansioso de, para, por Fanático por Prejudicial a
Apto a, para Favorável a Prestes a
Ávido de Generoso com Propício a
Benéfico a Grato a, por Próximo a
Capaz de, para Hábil em Relacionado com
Compatível com Habituado a Relativo a
Contemporâneo a, de Idêntico a Satisfeito com, de, em, por
Contíguo a Impróprio para Semelhante a
Contrário a Indeciso em Sensível a
Curioso de, por Insensível a Sito em
Descontente com Liberal com Suspeito de
Desejoso de Natural de Vazio de

Advérbios
Longe de Perto de

Observação:
Os advérbios terminados em -mente tendem a seguir o regime dos adjetivos de que são formados: paralela a; pa-
ralelamente a; relativa a; relativamente a.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
LÍNGUA PORTUGUESA

SITE
http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint61.php

95
Após a junção da preposição com o artigo (destaca-
dos entre parênteses), temos:
EXERCÍCIO COMENTADO Refiro-me à funcionária antiga, e não àquela contrata-
da recentemente.
1. (Polícia Federal – Agente de Polícia Federal – Cespe
– 2014 – adaptada) O verbo referir, de acordo com sua transitividade,
O uso indevido de drogas constitui, na atualidade, sé- classifica-se como transitivo indireto, pois sempre nos re-
ria e persistente ameaça à humanidade e à estabilidade ferimos a alguém ou a algo. Houve a fusão da preposição
das estruturas e valores políticos, econômicos, sociais e a + o artigo feminino (à) e com o artigo feminino a + o
culturais de todos os Estados e sociedades. Suas con- pronome demonstrativo aquela (àquela).
sequências infligem considerável prejuízo às nações do
mundo inteiro, e não são detidas por fronteiras: avançam Observações importantes:
por todos os cantos da sociedade e por todos os espaços Alguns recursos servem de ajuda para que possamos
geográficos, afetando homens e mulheres de diferentes confirmar a ocorrência ou não da crase. Eis alguns:
grupos étnicos, independentemente de classe social e  Substitui-se a palavra feminina por uma masculina
econômica ou mesmo de idade. Questão de relevância na equivalente. Caso ocorra a combinação a + o(s), a
discussão dos efeitos adversos do uso indevido de drogas crase está confirmada.
é a associação do tráfico de drogas ilícitas e dos crimes Os dados foram solicitados à diretora.
conexos — geralmente de caráter transnacional — com a Os dados foram solicitados ao diretor.
criminalidade e a violência. Esses fatores ameaçam a so-  No caso de nomes próprios geográficos, substi-
berania nacional e afetam a estrutura social e econômica tui-se o verbo da frase pelo verbo voltar. Caso re-
interna, devendo o governo adotar uma postura firme de sulte na expressão “voltar da”, há a confirmação da
combate ao tráfico de drogas, articulando-se internamen- crase.
te e com a sociedade, de forma a aperfeiçoar e otimizar Faremos uma visita à Bahia.
seus mecanismos de prevenção e repressão e garantir o Faz dois dias que voltamos da Bahia. (crase confirma-
envolvimento e a aprovação dos cidadãos. da)
Internet: <www.direitoshumanos.usp.br>.
Não me esqueço da viagem a Roma.
Nas linhas 12 e 13, o emprego da preposição “com”, em Ao voltar de Roma, relembrarei os belos momentos ja-
“com a criminalidade e a violência”, deve-se à regência do mais vividos.
vocábulo “conexos”.
Nas situações em que o nome geográfico se apresen-
( ) CERTO ( ) ERRADO tar modificado por um adjunto adnominal, a crase está
confirmada.
Resposta: Errado. Ao texto: (...) Questão de relevân- Atendo-me à bela Fortaleza, senti saudades de suas
cia na discussão dos efeitos adversos do uso indevido de praias.
drogas é a associação do tráfico de drogas ilícitas e dos
crimes conexos — geralmente de caráter transnacional
— com a criminalidade e a violência. #FicaDica
O termo está se referindo à associação – associação do
tráfico de drogas e crimes conexos (1) com a criminali- Use a regrinha “Vou A volto DA, crase HÁ; vou
dade (2) (associação daquilo [1] com isso [2]) A volto DE, crase PRA QUÊ?” Exemplo: Vou a
Campinas. = Volto de Campinas. (crase pra
Crase quê?)
Vou à praia. = Volto da praia. (crase há!)
A crase se caracteriza como a fusão de duas vogais
idênticas, relacionadas ao emprego da preposição “a”
com o artigo feminino a(s), com o “a” inicial referente aos Quando o nome de lugar estiver especificado, ocor-
pronomes demonstrativos – aquela(s), aquele(s), aquilo rerá crase. Veja:
e com o “a” pertencente ao pronome relativo a qual (as Retornarei à São Paulo dos bandeirantes. = mesmo
quais). Casos estes em que tal fusão encontra-se demar- que, pela regrinha acima, seja a do “VOLTO DE”
cada pelo acento grave ( ` ): à(s), àquela, àquele, àquilo, à Irei à Salvador de Jorge Amado.
qual, às quais.
O uso do acento indicativo de crase está condiciona- A letra “a” dos pronomes demonstrativos aquele(s),
LÍNGUA PORTUGUESA

do aos nossos conhecimentos acerca da regência verbal aquela(s) e aquilo receberão o acento grave se o termo
e nominal, mais precisamente ao termo regente e termo regente exigir complemento regido da preposição “a”.
regido. Ou seja, o termo regente é o verbo - ou nome - Entregamos a encomenda àquela menina.
que exige complemento regido pela preposição “a”, e o (preposição + pronome demonstrativo)
termo regido é aquele que completa o sentido do termo
regente, admitindo a anteposição do artigo a(s). Iremos àquela reunião.
Refiro-me a (a) funcionária antiga, e não a (a)quela (preposição + pronome demonstrativo)
contratada recentemente.

96
Sua história é semelhante às que eu ouvia quando Observações:
criança. (àquelas que eu ouvia quando criança)  Nos casos em que o numeral indicar horas – fun-
(preposição + pronome demonstrativo) cionando como uma locução adverbial feminina –
ocorrerá crase: Os passageiros partirão às dezenove
A letra “a” que acompanha locuções femininas (ad- horas.
verbiais, prepositivas e conjuntivas) recebem o acento  Diante de numerais ordinais femininos a crase está
grave: confirmada, visto que estes não podem ser empre-
 locuções adverbiais: às vezes, à tarde, à noite, às gados sem o artigo: As saudações foram direciona-
pressas, à vontade... das à primeira aluna da classe.
 locuções prepositivas: à frente, à espera de, à pro-  Não ocorrerá crase antes da palavra casa, quando
cura de... essa não se apresentar determinada: Chegamos to-
 locuções conjuntivas: à proporção que, à medida dos exaustos a casa.
que. Entretanto, se vier acompanhada de um adjunto
adnominal, a crase estará confirmada: Chegamos todos
Cuidado: quando as expressões acima não exercerem exaustos à casa de Marcela.
a função de locuções não ocorrerá crase. Repare:
Eu adoro a noite!  Não há crase antes da palavra “terra”, quando essa
Adoro o quê? Adoro quem? O verbo “adoro” requer indicar chão firme: Quando os navegantes regressa-
objeto direto, no caso, a noite. Aqui, o “a” é artigo, não ram a terra, já era noite.
preposição. Contudo, se o termo estiver precedido por um de-
terminante ou referir-se ao planeta Terra, ocorrerá crase.
Casos passíveis de nota: Paulo viajou rumo à sua terra natal.
O astronauta voltou à Terra.
 A crase é facultativa diante de nomes próprios fe-
mininos: Entreguei o caderno a (à) Eliza.  Não ocorre crase antes de pronomes que reque-
 Também é facultativa diante de pronomes posses-
rem o uso do artigo.
sivos femininos: O diretor fez referência a (à) sua
Os livros foram entregues a mim.
empresa.
Dei a ela a merecida recompensa.
 Facultativa em locução prepositiva “até a”: A loja
ficará aberta até as (às) dezoito horas.
 Pelo fato de os pronomes de tratamento relativos
 Constata-se o uso da crase se as locuções prepo-
à senhora, senhorita e madame admitirem artigo, o
sitivas à moda de, à maneira de apresentarem-se
implícitas, mesmo diante de nomes masculinos: uso da crase está confirmado no “a” que os antece-
Tenho compulsão por comprar sapatos à Luis XV. (à de, no caso de o termo regente exigir a preposição.
moda de Luís XV) Todos os méritos foram conferidos à senhorita Patrícia.
 Não se efetiva o uso da crase diante da locução
adverbial “a distância”: Na praia de Copacabana,  Não ocorre crase antes de nome feminino utiliza-
observamos a queima de fogos a distância. do em sentido genérico ou indeterminado:
Entretanto, se o termo vier determinado, teremos Estamos sujeitos a críticas.
uma locução prepositiva, aí sim, ocorrerá crase: O pedes- Refiro-me a conversas paralelas.
tre foi arremessado à distância de cem metros.
 De modo a evitar o duplo sentido – a ambiguidade REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
-, faz-se necessário o emprego da crase. SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Ensino à distância. Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Ensino a distância. Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Ce-
 Em locuções adverbiais formadas por palavras re- reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
petidas, não há ocorrência da crase. Paulo: Saraiva, 2010.
Ela ficou frente a frente com o agressor.
Eu o seguirei passo a passo. SITE
http://www.portugues.com.br/gramatica/o-uso-cra-
Casos em que não se admite o emprego da crase: se-.html

Antes de vocábulos masculinos.


As produções escritas a lápis não serão corrigidas.
Esta caneta pertence a Pedro. EXERCÍCIOS COMENTADOS
LÍNGUA PORTUGUESA

Antes de verbos no infinitivo. 1. (Polícia Federal – Agente de Polícia Federal – Cespe


Ele estava a cantar. – 2014 – adaptada) O acento indicativo de crase em “à
Começou a chover. humanidade e à estabilidade” é de uso facultativo, razão
por que sua supressão não prejudicaria a correção gra-
Antes de numeral. matical do texto.
O número de aprovados chegou a cem.
Faremos uma visita a dez países. ( ) CERTO ( ) ERRADO

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Resposta: Errado. Retomemos o contexto: (...) O uso 3. (Fnde – Técnico em Financiamento e Execução de
indevido de drogas constitui, na atualidade, séria e per- Programas e Projetos Educacionais – cespe – 2012) O
sistente ameaça à humanidade e à estabilidade das es- emprego do sinal indicativo de crase em “adequando os
truturas e valores políticos (...). objetivos às necessidades” justifica-se pela regência do
O uso do acento indicativo de crase é obrigatório, já verbo adequar, que exige complemento regido pela pre-
que os termos “humanidade” e “estabilidade” comple- posição “a”, e pela presença de artigo definido feminino
mentam o nome “ameaça” – “ameaça a quê? a quem?” antes de “necessidades”.
= a regência nominal pede preposição.
( ) CERTO ( ) ERRADO
2. (TCE-PA – Conhecimentos Básicos – AUDITOR DE Resposta: Certo. Adequar o quê? – os objetivos (obje-
CONTROLE EXTERNO – EDUCACIONAL – Cespe – to direto) – adequar o quê a quê? – a + as (=às) neces-
2016) sidades – objeto indireto. A explicação do enunciado
está correta.
Texto CB1A1BBB
4. (Tribunal de Justiça-se – Técnico Judiciário – cespe
Estranhamente, governos estaduais cujas despesas com – 2014 – adaptada) No trecho “deu início à sua cami-
o funcionalismo já alcançaram nível preocupante ou que nhada cósmica”, o emprego do acento grave indicativo
estouraram o limite de gastos com pessoal fixado pela de crase é obrigatório.
Lei Complementar n.º 101/2000, denominada Lei de Res-
ponsabilidade Fiscal (LRF), estão elaborando sua própria ( ) CERTO ( ) ERRADO
legislação destinada a assegurar, como alegam, maior
rigor na gestão de suas finanças. Querem uma nova lei Resposta: Errado. “deu início à sua caminhada cós-
de responsabilidade fiscal para, segundo argumentam, mica” – o uso do acento indicativo de crase, neste caso,
fortalecer a estrutura legal que protege o dinheiro públi- é facultativo (antes de pronome possessivo).
co do mau uso por gestores irresponsáveis.
Examinando-se a situação financeira dos estados que
preparam sua versão da lei de responsabilidade fiscal,
fica difícil aceitar a argumentação. Desde maio de 2000, CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL.
quando entrou em vigor a LRF, esses estados, como os
demais, estão sujeitos a regras precisas para a gestão
do dinheiro público, para a criação de despesas e, em Concordância Verbal e Nominal
particular, para os gastos com pessoal. Por que, tendo
descumprido algumas dessas regras, estariam interessa- Os concurseiros estão apreensivos.
dos em torná-las ainda mais rigorosas? Concurseiros apreensivos.
Não foi a lei que não funcionou, mas os responsáveis
pelo dinheiro público que, por alguma razão, não a cum- No primeiro exemplo, o verbo estar se encontra na
priram. De que adiantaria, então, tornar a lei mais rigoro- terceira pessoa do plural, concordando com o seu su-
sa, se nem nas condições atuais esses responsáveis estão jeito, os concurseiros. No segundo exemplo, o adjetivo
sendo capazes de cumpri-la? O problema não está na “apreensivos” está concordando em gênero (masculino)
lei. Mudá-la pode ser o pretexto não para torná-la mais e número (plural) com o substantivo a que se refere: con-
rigorosa, mas para atribuir-lhe alguma flexibilidade que curseiros. Nesses dois exemplos, as flexões de pessoa,
a desfigure. O verdadeiro problema é a dificuldade do número e gênero se correspondem. A correspondência
setor público de adaptar suas despesas às receitas em de flexão entre dois termos é a concordância, que pode
queda por causa da crise. ser verbal ou nominal.

Internet: <http://opiniao.estadao.com.br> (com adap- 1. Concordância Verbal


tações).
É a flexão que se faz para que o verbo concorde com
O emprego do acento grave em “às receitas” decorre da seu sujeito.
regência do verbo “adaptar” e da presença do artigo de-
finido feminino determinando o substantivo “receitas”. 1.1. Sujeito Simples - Regra Geral
O sujeito, sendo simples, com ele concordará o verbo
( ) CERTO ( ) ERRADO em número e pessoa. Veja os exemplos:
LÍNGUA PORTUGUESA

Resposta: Certo. Texto: O verdadeiro problema é a di- A prova para ambos os cargos será aplicada às 13h.
ficuldade do setor público de adaptar suas despesas às 3.ª p. Singular 3.ª p. Singular
receitas em queda por causa da crise = quem adapta,
adapta algo/alguém A algo/alguém. Os candidatos à vaga chegarão às 12h.
3.ª p. Plural 3.ª p. Plural

98
1.1.1. Casos Particulares Nos casos em que o interrogativo ou indefinido estiver
no singular, o verbo ficará no singular.
A) Quando o sujeito é formado por uma expressão par- Qual de nós é capaz?
titiva (parte de, uma porção de, o grosso de, metade Algum de vós fez isso.
de, a maioria de, a maior parte de, grande parte de...)
seguida de um substantivo ou pronome no plural, o E) Quando o sujeito é formado por uma expressão
verbo pode ficar no singular ou no plural. que indica porcentagem seguida de substantivo, o
A maioria dos jornalistas aprovou / aprovaram a ideia. verbo deve concordar com o substantivo.
Metade dos candidatos não apresentou / apresentaram 25% do orçamento do país será destinado à Educação.
proposta. 85% dos entrevistados não aprovam a administração
do prefeito.
Esse mesmo procedimento pode se aplicar aos casos 1% do eleitorado aceita a mudança.
dos coletivos, quando especificados: Um bando de vândalos 1% dos alunos faltaram à prova.
destruiu / destruíram o monumento.
 Quando a expressão que indica porcentagem não
Observação:
é seguida de substantivo, o verbo deve concordar
Nesses casos, o uso do verbo no singular enfatiza a uni-
com o número.
dade do conjunto; já a forma plural confere destaque aos
25% querem a mudança.
elementos que formam esse conjunto.
1% conhece o assunto.
B) Quando o sujeito é formado por expressão que indi-
ca quantidade aproximada (cerca de, mais de, menos  Se o número percentual estiver determinado por
de, perto de...) seguida de numeral e substantivo, o artigo ou pronome adjetivo, a concordância far-se-
verbo concorda com o substantivo. -á com eles:
Cerca de mil pessoas participaram do concurso. Os 30% da produção de soja serão exportados.
Perto de quinhentos alunos compareceram à solenidade. Esses 2% da prova serão questionados.
Mais de um atleta estabeleceu novo recorde nas últimas
Olimpíadas. F) O pronome “que” não interfere na concordância;
já o “quem” exige que o verbo fique na 3.ª pessoa
Observação: do singular.
Quando a expressão “mais de um” se associar a verbos que Fui eu que paguei a conta.
exprimem reciprocidade, o plural é obrigatório: Mais de um co- Fomos nós que pintamos o muro.
lega se ofenderam na discussão. (ofenderam um ao outro) És tu que me fazes ver o sentido da vida.
Sou eu quem faz a prova.
C) Quando se trata de nomes que só existem no plu- Não serão eles quem será aprovado.
ral, a concordância deve ser feita levando-se em con-
ta a ausência ou presença de artigo. Sem artigo, o G) Com a expressão “um dos que”, o verbo deve as-
verbo deve ficar no singular; com artigo no plural, o sumir a forma plural.
verbo deve ficar o plural. Ademir da Guia foi um dos jogadores que mais encan-
Os Estados Unidos possuem grandes universidades. taram os poetas.
Estados Unidos possui grandes universidades. Este candidato é um dos que mais estudaram!
Alagoas impressiona pela beleza das praias.
As Minas Gerais são inesquecíveis.  Se a expressão for de sentido contrário – nenhum
Minas Gerais produz queijo e poesia de primeira.
dos que, nem um dos que -, não aceita o verbo no
singular:
D) Quando o sujeito é um pronome interrogativo ou
Nenhum dos que foram aprovados assumirá a vaga.
indefinido plural (quais, quantos, alguns, poucos, mui-
tos, quaisquer, vários) seguido por “de nós” ou “de Nem uma das que me escreveram mora aqui.
vós”, o verbo pode concordar com o primeiro prono-
me (na terceira pessoa do plural) ou com o pronome  Quando “um dos que” vem entremeada de subs-
pessoal. tantivo, o verbo pode:
Quais de nós são / somos capazes? 1. ficar no singular – O Tietê é um dos rios que atraves-
Alguns de vós sabiam / sabíeis do caso? sa o Estado de São Paulo. ( já que não há outro rio
Vários de nós propuseram / propusemos sugestões ino- que faça o mesmo).
vadoras. 2. ir para o plural – O Tietê é um dos rios que estão po-
LÍNGUA PORTUGUESA

luídos (noção de que existem outros rios na mesma


Observação: condição).
Veja que a opção por uma ou outra forma indica a in-
clusão ou a exclusão do emissor. Quando alguém diz ou H) Quando o sujeito é um pronome de tratamento, o
escreve “Alguns de nós sabíamos de tudo e nada fizemos”, verbo fica na 3ª pessoa do singular ou plural.
ele está se incluindo no grupo dos omissos. Isso não ocorre Vossa Excelência está cansado?
ao dizer ou escrever “Alguns de nós sabiam de tudo e nada Vossas Excelências renunciarão?
fizeram”, frase que soa como uma denúncia.

99
I) A concordância dos verbos bater, dar e soar faz-se D) Quando ocorre ideia de reciprocidade, a concor-
de acordo com o numeral. dância é feita no plural. Observe:
Deu uma hora no relógio da sala. Abraçaram-se vencedor e vencido.
Deram cinco horas no relógio da sala. Ofenderam-se o jogador e o árbitro.
Soam dezenove horas no relógio da praça.
Baterão doze horas daqui a pouco. 1.2.1. Casos Particulares

Observação:  Quando o sujeito composto é formado por nú-


Caso o sujeito da oração seja a palavra relógio, sino, cleos sinônimos ou quase sinônimos, o verbo fica no sin-
torre, etc., o verbo concordará com esse sujeito. gular.
O tradicional relógio da praça matriz dá nove horas. Descaso e desprezo marca seu comportamento.
Soa quinze horas o relógio da matriz. A coragem e o destemor fez dele um herói.

J) Verbos Impessoais: por não se referirem a nenhum  Quando o sujeito composto é formado por nú-
sujeito, são usados sempre na 3.ª pessoa do sin- cleos dispostos em gradação, verbo no singular:
gular. São verbos impessoais: Haver no sentido de Com você, meu amor, uma hora, um minuto, um se-
existir; Fazer indicando tempo; Aqueles que indi- gundo me satisfaz.
cam fenômenos da natureza. Exemplos:
Havia muitas garotas na festa.  Quando os núcleos do sujeito composto são
Faz dois meses que não vejo meu pai. unidos por “ou” ou “nem”, o verbo deverá ficar no plural,
Chovia ontem à tarde. de acordo com o valor semântico das conjunções:
Drummond ou Bandeira representam a essência da
1.2. Sujeito Composto poesia brasileira.
Nem o professor nem o aluno acertaram a resposta.
A) Quando o sujeito é composto e anteposto ao ver- Em ambas as orações, as conjunções dão ideia de
bo, a concordância se faz no plural: “adição”. Já em:
Pai e filho conversavam longamente. Juca ou Pedro será contratado.
Sujeito Roma ou Buenos Aires será a sede da próxima Olim-
píada.
Pais e filhos devem conversar com frequência.
Sujeito Temos ideia de exclusão, por isso os verbos ficam
no singular.
B) Nos sujeitos compostos formados por pessoas
gramaticais diferentes, a concordância ocorre da seguin-  Com as expressões “um ou outro” e “nem um
te maneira: a primeira pessoa do plural (nós) prevalece nem outro”, a concordância costuma ser feita no singular.
sobre a segunda pessoa (vós) que, por sua vez, prevalece Um ou outro compareceu à festa.
sobre a terceira (eles). Veja: Nem um nem outro saiu do colégio.
Teus irmãos, tu e eu tomaremos a decisão.
Primeira Pessoa do Plural (Nós)  Com “um e outro”, o verbo pode ficar no plural
ou no singular: Um e outro farão/fará a prova.
Tu e teus irmãos tomareis a decisão.
Segunda Pessoa do Plural (Vós)  Quando os núcleos do sujeito são unidos por
“com”, o verbo fica no plural. Nesse caso, os núcleos re-
Pais e filhos precisam respeitar-se. cebem um mesmo grau de importância e a palavra “com”
Terceira Pessoa do Plural (Eles) tem sentido muito próximo ao de “e”.
O pai com o filho montaram o brinquedo.
Observação: O governador com o secretariado traçaram os planos
Quando o sujeito é composto, formado por um ele- para o próximo semestre.
mento da segunda pessoa (tu) e um da terceira (ele), é O professor com o aluno questionaram as regras.
possível empregar o verbo na terceira pessoa do plural
(eles): “Tu e teus irmãos tomarão a decisão.” – no lugar Nesse mesmo caso, o verbo pode ficar no singular, se
de “tomaríeis”. a ideia é enfatizar o primeiro elemento.
O pai com o filho montou o brinquedo.
C) No caso do sujeito composto posposto ao verbo, O governador com o secretariado traçou os planos
LÍNGUA PORTUGUESA

passa a existir uma nova possibilidade de concordância: para o próximo semestre.


em vez de concordar no plural com a totalidade do sujei- O professor com o aluno questionou as regras.
to, o verbo pode estabelecer concordância com o núcleo
do sujeito mais próximo. Com o verbo no singular, não se pode falar em sujeito
Faltaram coragem e competência. composto. O sujeito é simples, uma vez que as expres-
Faltou coragem e competência. sões “com o filho” e “com o secretariado” são adjuntos
Compareceram todos os candidatos e o banca. adverbiais de companhia. Na verdade, é como se hou-
Compareceu o banca e todos os candidatos. vesse uma inversão da ordem. Veja:

100
“O pai montou o brinquedo com o filho.”
“O governador traçou os planos para o próximo semes- #FicaDica
tre com o secretariado.”
“O professor questionou as regras com o aluno.” Para saber se o “se” é partícula apassivadora
ou índice de indeterminação do sujeito, tente
Casos em que se usa o verbo no singular: transformar a frase para a voz passiva. Se a fra-
Café com leite é uma delícia! se construída for “compreensível”, estaremos
O frango com quiabo foi receita da vovó. diante de uma partícula apassivadora; se não, o
“se” será índice de indeterminação. Veja:
Quando os núcleos do sujeito são unidos por ex- Precisa-se de funcionários qualificados.
pressões correlativas como: “não só... mas ainda”, “não Tentemos a voz passiva:
somente”..., “não apenas... mas também”, “tanto...quanto”, Funcionários qualificados são precisados (ou
o verbo ficará no plural. precisos)? Não há lógica. Portanto, o “se” des-
Não só a seca, mas também o pouco caso castigam o tacado é índice de indeterminação do sujeito.
Nordeste. Agora:
Tanto a mãe quanto o filho ficaram surpresos com a Vendem-se casas.
notícia. Voz passiva: Casas são vendidas. Construção
correta! Então, aqui, o “se” é partícula apassi-
Quando os elementos de um sujeito composto são vadora. (Dá para eu passar para a voz passiva.
resumidos por um aposto recapitulativo, a concordância Repare em meu destaque. Percebeu semelhan-
é feita com esse termo resumidor. ça? Agora é só memorizar!)
Filmes, novelas, boas conversas, nada o tirava da apa-
tia.
Trabalho, diversão, descanso, tudo é muito importante O Verbo “Ser”
na vida das pessoas.
1.2.2 Outros Casos A concordância verbal dá-se sempre entre o verbo e o
sujeito da oração. No caso do verbo ser, essa concordân-
O Verbo e a Palavra “SE” cia pode ocorrer também entre o verbo e o predicativo
Dentre as diversas funções exercidas pelo “se”, há do sujeito.
duas de particular interesse para a concordância verbal:
A) quando é índice de indeterminação do sujeito; Quando o sujeito ou o predicativo for:
B) quando é partícula apassivadora.
Quando índice de indeterminação do sujeito, o “se” A) Nome de pessoa ou pronome pessoal – o verbo
acompanha os verbos intransitivos, transitivos indiretos SER concorda com a pessoa gramatical:
e de ligação, que obrigatoriamente são conjugados na Ele é forte, mas não é dois.
terceira pessoa do singular: Fernando Pessoa era vários poetas.
Precisa-se de funcionários. A esperança dos pais são eles, os filhos.
Confia-se em teses absurdas.
B) nome de coisa e um estiver no singular e o outro no
Quando pronome apassivador, o “se” acompanha ver- plural, o verbo SER concordará, preferencialmente,
bos transitivos diretos (VTD) e transitivos diretos e indi- com o que estiver no plural:
retos (VTDI) na formação da voz passiva sintética. Nesse Os livros são minha paixão!
caso, o verbo deve concordar com o sujeito da oração. Minha paixão são os livros!
Exemplos:
Construiu-se um posto de saúde. Quando o verbo SER indicar
Construíram-se novos postos de saúde.
Aqui não se cometem equívocos  horas e distâncias, concordará com a expressão
Alugam-se casas. numérica:
É uma hora.
São quatro horas.
Daqui até a escola é um quilômetro / são dois quilô-
metros.

 datas, concordará com a palavra dia(s), que pode


estar expressa ou subentendida:
LÍNGUA PORTUGUESA

Hoje é dia 26 de agosto.


Hoje são 26 de agosto.

 Quando o sujeito indicar peso, medida, quantida-


de e for seguido de palavras ou expressões como
pouco, muito, menos de, mais de, etc., o verbo SER
fica no singular:

101
Cinco quilos de açúcar é mais do que preciso. B) Quando o adjetivo refere-se a vários substantivos,
Três metros de tecido é pouco para fazer seu vestido. a concordância pode variar. Podemos sistematizar
Duas semanas de férias é muito para mim. essa flexão nos seguintes casos:

 Quando um dos elementos (sujeito ou predica-  Adjetivo anteposto aos substantivos:


tivo) for pronome pessoal do caso reto, com este O adjetivo concorda em gênero e número com o
concordará o verbo. substantivo mais próximo.
No meu setor, eu sou a única mulher. Encontramos caídas as roupas e os prendedores.
Aqui os adultos somos nós. Encontramos caída a roupa e os prendedores.
Encontramos caído o prendedor e a roupa.
Observação:
Sendo ambos os termos (sujeito e predicativo) repre- Caso os substantivos sejam nomes próprios ou de
sentados por pronomes pessoais, o verbo concorda com parentesco, o adjetivo deve sempre concordar no plural.
o pronome sujeito. As adoráveis Fernanda e Cláudia vieram me visitar.
Eu não sou ela. Encontrei os divertidos primos e primas na festa.
Ela não é eu.
 Adjetivo posposto aos substantivos:
 Quando o sujeito for uma expressão de sentido O adjetivo concorda com o substantivo mais próximo
partitivo ou coletivo e o predicativo estiver no plu- ou com todos eles (assumindo a forma masculina
ral, o verbo SER concordará com o predicativo. plural se houver substantivo feminino e masculi-
A grande maioria no protesto eram jovens. no).
O resto foram atitudes imaturas. A indústria oferece localização e atendimento perfeito.
A indústria oferece atendimento e localização perfeita.
O Verbo “Parecer” A indústria oferece localização e atendimento perfei-
O verbo parecer, quando é auxiliar em uma locução tos.
verbal (é seguido de infinitivo), admite duas concordân- A indústria oferece atendimento e localização perfei-
cias: tos.
 Ocorre variação do verbo PARECER e não se fle-
xiona o infinitivo: As crianças parecem gostar do Observação:
desenho. Os dois últimos exemplos apresentam maior clareza,
pois indicam que o adjetivo efetivamente se refere aos
 A variação do verbo parecer não ocorre e o infini- dois substantivos. Nesses casos, o adjetivo foi flexionado
tivo sofre flexão: no plural masculino, que é o gênero predominante quan-
As crianças parece gostarem do desenho. do há substantivos de gêneros diferentes.
(essa frase equivale a: Parece gostarem do desenho Se os substantivos possuírem o mesmo gênero, o ad-
aas crianças) jetivo fica no singular ou plural.
A beleza e a inteligência feminina(s).
O carro e o iate novo(s).
FIQUE ATENTO!
C) Expressões formadas pelo verbo SER + adjetivo:
Com orações desenvolvidas, o verbo PARECER O adjetivo fica no masculino singular, se o substanti-
fica no singular. Por exemplo: As paredes pa- vo não for acompanhado de nenhum modificador:
rece que têm ouvidos. (Parece que as paredes Água é bom para saúde.
têm ouvidos = oração subordinada substantiva O adjetivo concorda com o substantivo, se este for
subjetiva). modificado por um artigo ou qualquer outro determina-
tivo: Esta água é boa para saúde.

Concordância Nominal D) O adjetivo concorda em gênero e número com os


pronomes pessoais a que se refere: Juliana encon-
A concordância nominal se baseia na relação entre trou-as muito felizes.
nomes (substantivo, pronome) e as palavras que a eles se
ligam para caracterizá-los (artigos, adjetivos, pronomes E) Nas expressões formadas por pronome indefinido
adjetivos, numerais adjetivos e particípios). Lembre-se: neutro (nada, algo, muito, tanto, etc.) + preposição
normalmente, o substantivo funciona como núcleo de DE + adjetivo, este último geralmente é usado no
LÍNGUA PORTUGUESA

um termo da oração, e o adjetivo, como adjunto adno- masculino singular: Os jovens tinham algo de mis-
minal. terioso.
A concordância do adjetivo ocorre de acordo com as F) A palavra “só”, quando equivale a “sozinho”, tem
seguintes regras gerais: função adjetiva e concorda normalmente com o
A) O adjetivo concorda em gênero e número quando nome a que se refere:
se refere a um único substantivo: As mãos trêmulas Cristina saiu só.
denunciavam o que sentia. Cristina e Débora saíram sós.

102
Observação: Bastante - Caro - Barato - Longe
Quando a palavra “só” equivale a “somente” ou “ape-
nas”, tem função adverbial, ficando, portanto, invariável: Estas palavras são invariáveis quando funcionam
Eles só desejam ganhar presentes. como advérbios. Concordam com o nome a que se refe-
rem quando funcionam como adjetivos, pronomes adje-
#FicaDica tivos, ou numerais.
As jogadoras estavam bastante cansadas. (advérbio)
Substitua o “só” por “apenas” ou “sozinho”. Se Há bastantes pessoas insatisfeitas com o trabalho.
a frase ficar coerente com o primeiro, trata-se (pronome adjetivo)
de advérbio, portanto, invariável; se houver Nunca pensei que o estudo fosse tão caro. (advérbio)
coerência com o segundo, função de adjetivo, As casas estão caras. (adjetivo)
então varia: Achei barato este casaco. (advérbio)
Ela está só. (ela está sozinha) – adjetivo Hoje as frutas estão baratas. (adjetivo)
Ele está só descansando. (apenas descansando)
- advérbio Meio - Meia
Mas cuidado! Se colocarmos uma vírgula de-
pois de “só”, haverá, novamente, um adjetivo: A palavra “meio”, quando empregada como adjeti-
Ele está só, descansando. (ele está sozinho e des- vo, concorda normalmente com o nome a que se refere:
cansando) Pedi meia porção de polentas.
Quando empregada como advérbio permanece inva-
G) Quando um único substantivo é modificado por riável: A candidata está meio nervosa.
dois ou mais adjetivos no singular, podem ser usa-
das as construções:
 O substantivo permanece no singular e coloca-se #FicaDica
o artigo antes do último adjetivo: Admiro a cultura
espanhola e a portuguesa. Dá para eu substituir por “um pouco”, assim
 O substantivo vai para o plural e omite-se o artigo saberei que se trata de um advérbio, não de
antes do adjetivo: Admiro as culturas espanhola e adjetivo: “A candidata está um pouco nervosa”.
portuguesa.

1. Casos Particulares Alerta - Menos

É proibido - É necessário - É bom - É preciso - É per- Essas palavras são advérbios, portanto, permanecem
mitido sempre invariáveis.
Os concurseiros estão sempre alerta.
 Estas expressões, formadas por um verbo mais um Não queira menos matéria!
adjetivo, ficam invariáveis se o substantivo a que se
referem possuir sentido genérico (não vier prece- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
dido de artigo). Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Ce-
É proibido entrada de crianças. reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
Em certos momentos, é necessário atenção. Paulo: Saraiva, 2010.
No verão, melancia é bom. SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
É preciso cidadania. Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Não é permitido saída pelas portas laterais. Português: novas palavras: literatura, gramática, re-
dação / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
 Quando o sujeito destas expressões estiver deter-
minado por artigos, pronomes ou adjetivos, tanto
SITE
o verbo como o adjetivo concordam com ele.
É proibida a entrada de crianças. http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint49.
Esta salada é ótima. php
A educação é necessária.
São precisas várias medidas na educação.

Anexo - Obrigado - Mesmo - Próprio - Incluso - Quite


EXERCÍCIOS COMENTADOS
LÍNGUA PORTUGUESA

Estas palavras adjetivas concordam em gênero e nú- 1. (Polícia Federal – Escrivão de Polícia Federal – Ces-
mero com o substantivo ou pronome a que se referem. pe – 2013) Formas de tratamento como Vossa Excelência
Seguem anexas as documentações requeridas. e Vossa Senhoria, ainda que sejam empregadas sempre
A menina agradeceu: - Muito obrigada. na segunda pessoa do plural e no feminino, exigem fle-
Muito obrigadas, disseram as senhoras. xão verbal de terceira pessoa; além disso, o pronome
Seguem inclusos os papéis solicitados. possessivo que faz referência ao pronome de tratamen-
Estamos quites com nossos credores. to também deve ser o de terceira pessoa, e o adjetivo

103
que remete ao pronome de tratamento deve concordar - sem democracia, não existem as condições mínimas
em gênero e número com a pessoa — e não com o pro- para a solução pacífica dos conflitos = sentido de “exis-
nome — a que se refere. tir”. Poderíamos substituir por inexiste, mas no plural,
já que devemos concordar com “as condições míni-
( ) CERTO ( ) ERRADO mas”. A única “troca” adequada seria o verbo “haver”
– que pode ser utilizado com o sentido de “existir”.
Resposta: Certo. Afirmações corretas. As concordân- Teríamos: sem direitos humanos reconhecidos e prote-
cias verbal e nominal ao se utilizar pronome de trata- gidos, inexiste democracia; sem democracia, não há
mento devem ser na terceira pessoa e concordar em as condições mínimas para a solução pacífica dos con-
gênero (masculino ou feminino) com a pessoa a quem flitos.
se dirige: “Vossa Excelência está cansada(o)?” – con-
cordará com quem está se falando: uma mulher ou um 3. (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Co-
homem / “Vossa Santidade trouxe seus pertences?” / mércio Exterior – Analista Técnico Administrativo –
“Vossas Senhorias gostariam de um café?”. cespe – 2014) Em “Vossa Excelência deve estar satisfeita
com os resultados das negociações”, o adjetivo estará cor-
2. (Prefeitura de São Luís-MA – Conhecimentos Bási- retamente empregado se dirigido a ministro de Estado
cos Cargos de Técnico Municipal – Nível Médio – Ces- do sexo masculino, pois o termo “satisfeita” deve con-
pe – 2017) cordar com a locução pronominal de tratamento “Vossa
Excelência”.
Texto CB3A2BBB
( ) CERTO ( ) ERRADO
O reconhecimento e a proteção dos direitos humanos
estão na base das Constituições democráticas modernas. Resposta: Errado. Se a pessoa, no caso o ministro, for
A paz, por sua vez, é o pressuposto necessário para o re- do sexo feminino (ministra), o adjetivo está correto;
mas, se for do sexo masculino, o adjetivo sofrerá fle-
conhecimento e a efetiva proteção dos direitos humanos
xão de gênero: satisfeito. O pronome de tratamento
em cada Estado e no sistema internacional. Ao mesmo
é apenas a maneira como tratar a autoridade, não re-
tempo, o processo de democratização do sistema in-
gendo as demais concordâncias.
ternacional, que é o caminho obrigatório para a busca
do ideal da paz perpétua, não pode avançar sem uma
4. (Abin – Agente Técnico de Inteligência – cespe –
gradativa ampliação do reconhecimento e da proteção
2010 – adaptada) (...) Da combinação entre velocida-
dos direitos humanos, acima de cada Estado. Direitos
de, persistência, relevância, precisão e flexibilidade surge
humanos, democracia e paz são três elementos funda-
a noção contemporânea de agilidade, transformada em
mentais do mesmo movimento histórico: sem direitos principal característica de nosso tempo.
humanos reconhecidos e protegidos, não há democra- A forma verbal “surge” poderia, sem prejuízo gramati-
cia; sem democracia, não existem as condições mínimas cal para o texto, ser flexionada no plural, para concordar
para a solução pacífica dos conflitos. Em outras palavras, com “velocidade, persistência, relevância, precisão e fle-
a democracia é a sociedade dos cidadãos, e os súditos se xibilidade”
tornam cidadãos quando lhes são reconhecidos alguns
direitos fundamentais; haverá paz estável, uma paz que ( ) CERTO ( ) ERRADO
não tenha a guerra como alternativa, somente quando
existirem cidadãos não mais apenas deste ou daquele Resposta: Errado. O verbo está concordando com o
Estado, mas do mundo. termo “combinação”, por isso deve ficar no singular.
Norberto Bobbio. A era dos direitos. Trad. Carlos Nelson 5. (Tribunal de Contas do Distrito Federal-df – Conhe-
Coutinho. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004, p. 1 (com adap- cimentos BÁSICOS – ANALISTA DE ADMINISTRAÇÃO
tações). PÚBLICA – ARQUIVOLOGIA – cespe – 2014 – adapta-
da) (...) Há décadas, países como China e Índia têm envia-
Preservando-se a correção gramatical do texto CB3A- do estudantes para países centrais, com resultados muito
2BBB, os termos “não há” e “não existem” poderiam ser positivos.(...)
substituídos, respectivamente, por A forma verbal “Há” poderia ser corretamente substituída
a) não existe e não têm. por Fazem.
b) não existe e inexiste.
c) inexiste e não há. ( ) CERTO ( ) ERRADO
d) inexiste e não acontece.
LÍNGUA PORTUGUESA

e) não tem e não têm. Resposta: Errado. O verbo “fazer”, quando empre-
gado no sentido de tempo passado, não sofre flexão.
Resposta: Letra C. Portanto, sua forma correta seria: “faz décadas”
Busquemos o contexto:
- sem direitos humanos reconhecidos e protegidos, não
há democracia = poderíamos substituir por “não exis-
te”, inexiste (verbo “haver” empregado com o sentido
de “existir”)

104
3. Homônimos e Parônimos
ORAÇÕES REDUZIDAS.
Homônimos = palavras que possuem a mesma gra-
fia ou a mesma pronúncia, mas significados diferentes.
Podem ser
“Prezado candidato, o tópico acima foi abordado na
íntegra em: Frase, oração e período” A) Homógrafas: são palavras iguais na escrita e dife-
rentes na pronúncia:
rego (subst.) e rego (verbo); colher (verbo) e colher
(subst.); jogo (subst.) e jogo (verbo); denúncia (subst.) e de-
COLOCAÇÃO PRONOMINAL.
nuncia (verbo); providência (subst.) e providencia (verbo).

B) Homófonas: são palavras iguais na pronúncia e


“Prezado candidato, o tópico acima foi abordado na diferentes na escrita:
íntegra em: Classes de Palavras” acender (atear) e ascender (subir); concertar (harmoni-
zar) e consertar (reparar); cela (compartimento) e sela (ar-
reio); censo (recenseamento) e senso ( juízo); paço (palácio)
e passo (andar).
ESTILÍSTICA. FIGURAS DE LINGUAGEM.
C) Homógrafas e homófonas simultaneamente (ou
perfeitas): São palavras iguais na escrita e na pronúncia:
SIGNIFICADO DAS PALAVRAS caminho (subst.) e caminho (verbo); cedo (verbo) e
cedo (adv.); livre (adj.) e livre (verbo).
Semântica é o estudo da significação das palavras e
das suas mudanças de significação através do tempo ou Parônimos = palavras com sentidos diferentes, po-
em determinada época. A maior importância está em rém de formas relativamente próximas. São palavras pa-
recidas na escrita e na pronúncia: cesta (receptáculo de
distinguir sinônimos e antônimos (sinonímia / antoní-
vime; cesta de basquete/esporte) e sesta (descanso após
mia) e homônimos e parônimos (homonímia / paroní-
o almoço), eminente (ilustre) e iminente (que está para
mia).
ocorrer), osso (substantivo) e ouço (verbo), sede (subs-
tantivo e/ou verbo “ser” no imperativo) e cede (verbo),
1. Sinônimos
comprimento (medida) e cumprimento (saudação), autuar
(processar) e atuar (agir), infligir (aplicar pena) e infringir
São palavras de sentido igual ou aproximado: alfa- (violar), deferir (atender a) e diferir (divergir), suar (trans-
beto - abecedário; brado, grito - clamor; extinguir, apagar pirar) e soar (emitir som), aprender (conhecer) e apreen-
- abolir. der (assimilar; apropriar-se de), tráfico (comércio ilegal) e
Duas palavras são totalmente sinônimas quando tráfego (relativo a movimento, trânsito), mandato (procu-
são substituíveis, uma pela outra, em qualquer contexto ração) e mandado (ordem), emergir (subir à superfície) e
(cara e rosto, por exemplo); são parcialmente sinônimas imergir (mergulhar, afundar).
quando, ocasionalmente, podem ser substituídas, uma
pela outra, em deteminado enunciado (aguadar e espe- 4. Hiperonímia e Hiponímia
rar).
Hipônimos e hiperônimos são palavras que perten-
Observação: cem a um mesmo campo semântico (de sentido), sendo
A contribuição greco-latina é responsável pela exis- o hipônimo uma palavra de sentido mais específico; o
tência de numerosos pares de sinônimos: adversário e hiperônimo, mais abrangente.
antagonista; translúcido e diáfano; semicírculo e hemi- O hiperônimo impõe as suas propriedades ao hipô-
ciclo; contraveneno e antídoto; moral e ética; colóquio e nimo, criando, assim, uma relação de dependência se-
diálogo; transformação e metamorfose; oposição e antí- mântica. Por exemplo: Veículos está numa relação de hi-
tese. peronímia com carros, já que veículos é uma palavra de
significado genérico, incluindo motos, ônibus, caminhões.
2. Antônimos Veículos é um hiperônimo de carros.
Um hiperônimo pode substituir seus hipônimos em
São palavras que se opõem através de seu significa- quaisquer contextos, mas o oposto não é possível. A utili-
do: ordem - anarquia; soberba - humildade; louvar - cen- zação correta dos hiperônimos, ao redigir um texto, evita
LÍNGUA PORTUGUESA

surar; mal - bem. a repetição desnecessária de termos.

Observação: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


A antonímia pode se originar de um prefixo de sen- SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
tido oposto ou negativo: bendizer e maldizer; simpático Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
e antipático; progredir e regredir; concórdia e discórdia; Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce-
ativo e inativo; esperar e desesperar; comunista e antico- reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
munista; simétrico e assimétrico. Paulo: Saraiva, 2010.

105
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. #FicaDica
XIMENES, Sérgio. Minidicionário Ediouro da Lìngua
Portuguesa – 2.ª ed. reform. – São Paulo: Ediouro, 2000. Procure associar Denotação com Dicionário:
trata-se de definição literal, quando o termo
SITE é utilizado com o sentido que consta no di-
http://www.coladaweb.com/portugues/sinonimos,- cionário.
-antonimos,-homonimos-e-paronimos
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Exemplos de variação no significado das palavras: Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce-
Os domadores conseguiram enjaular a fera. (sentido reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
literal) Paulo: Saraiva, 2010.
Ele ficou uma fera quando soube da notícia. (sentido
figurado) SITE
Aquela aluna é fera na matemática. (sentido figurado) http://www.normaculta.com.br/conotacao-e-denota-
As variações nos significados das palavras ocasionam cao/
o sentido denotativo (denotação) e o sentido conotativo
(conotação) das palavras. POLISSEMIA

A) Denotação Polissemia é a propriedade de uma palavra adquirir mul-


Uma palavra é usada no sentido denotativo quando tiplicidade de sentidos, que só se explicam dentro de um
apresenta seu significado original, independentemente contexto. Trata-se, realmente, de uma única palavra, mas
do contexto em que aparece. Refere-se ao seu significa- que abarca um grande número de significados dentro de
do mais objetivo e comum, aquele imediatamente reco- seu próprio campo semântico.
nhecido e muitas vezes associado ao primeiro significado Reportando-nos ao conceito de Polissemia, logo perce-
que aparece nos dicionários, sendo o significado mais li- bemos que o prefixo “poli” significa multiplicidade de algo.
teral da palavra. Possibilidades de várias interpretações levando-se em con-
A denotação tem como finalidade informar o recep- sideração as situações de aplicabilidade. Há uma infinidade
tor da mensagem de forma clara e objetiva, assumindo de exemplos em que podemos verificar a ocorrência da po-
um caráter prático. É utilizada em textos informativos, lissemia:
como jornais, regulamentos, manuais de instrução, bu- O rapaz é um tremendo gato.
las de medicamentos, textos científicos, entre outros. A O gato do vizinho é peralta.
palavra “pau”, por exemplo, em seu sentido denotativo é Precisei fazer um gato para que a energia voltasse.
apenas um pedaço de madeira. Outros exemplos: Pedro costuma fazer alguns “bicos” para garantir sua so-
O elefante é um mamífero. brevivência
O passarinho foi atingido no bico.
As estrelas deixam o céu mais bonito!
Nas expressões polissêmicas rede de deitar, rede de com-
B) Conotação
putadores e rede elétrica, por exemplo, temos em comum
Uma palavra é usada no sentido conotativo quando a palavra “rede”, que dá às expressões o sentido de “entre-
apresenta diferentes significados, sujeitos a diferentes laçamento”. Outro exemplo é a palavra “xadrez”, que pode
interpretações, dependendo do contexto em que esteja ser utilizada representando “tecido”, “prisão” ou “jogo” – o
inserida, referindo-se a sentidos, associações e ideias que sentido comum entre todas as expressões é o formato qua-
vão além do sentido original da palavra, ampliando sua driculado que têm.
significação mediante a circunstância em que a mesma
é utilizada, assumindo um sentido figurado e simbólico. 1. Polissemia e homonímia
Como no exemplo da palavra “pau”: em seu sentido co-
notativo ela pode significar castigo (dar-lhe um pau), re- A confusão entre polissemia e homonímia é bastante co-
provação (tomei pau no concurso). mum. Quando a mesma palavra apresenta vários significados,
A conotação tem como finalidade provocar sentimen- estamos na presença da polissemia. Por outro lado, quando
tos no receptor da mensagem, através da expressividade duas ou mais palavras com origens e significados distintos têm
e afetividade que transmite. É utilizada principalmente a mesma grafia e fonologia, temos uma homonímia.
LÍNGUA PORTUGUESA

numa linguagem poética e na literatura, mas também A palavra “manga” é um caso de homonímia. Ela pode
ocorre em conversas cotidianas, em letras de música, em significar uma fruta ou uma parte de uma camisa. Não é
anúncios publicitários, entre outros. Exemplos: polissemia porque os diferentes significados para a palavra
Você é o meu sol! “manga” têm origens diferentes. “Letra” é uma palavra polis-
Minha vida é um mar de tristezas. sêmica: pode significar o elemento básico do alfabeto, o tex-
Você tem um coração de pedra! to de uma canção ou a caligrafia de um determinado indiví-
duo. Neste caso, os diferentes significados estão interligados
porque remetem para o mesmo conceito, o da escrita.

106
2. Polissemia e ambiguidade

Polissemia e ambiguidade têm um grande impacto na interpretação. Na língua portuguesa, um enunciado pode ser
ambíguo, ou seja, apresentar mais de uma interpretação. Esta ambiguidade pode ocorrer devido à colocação específica
de uma palavra (por exemplo, um advérbio) em uma frase. Vejamos a seguinte frase:
Pessoas que têm uma alimentação equilibrada frequentemente são felizes.
Neste caso podem existir duas interpretações diferentes:
As pessoas têm alimentação equilibrada porque são felizes ou são felizes porque têm uma alimentação equilibrada.
De igual forma, quando uma palavra é polissêmica, ela pode induzir uma pessoa a fazer mais do que uma interpre-
tação. Para fazer a interpretação correta é muito importante saber qual o contexto em que a frase é proferida.
Muitas vezes, a disposição das palavras na construção do enunciado pode gerar ambiguidade ou, até mesmo, co-
micidade. Repare na figura abaixo:

(http://www.humorbabaca.com/fotos/diversas/corto-cabelo-e-pinto. Acesso em 15/9/2014).

Poderíamos corrigir o cartaz de inúmeras maneiras, mas duas seriam:


Corte e coloração capilar
ou
Faço corte e pintura capilar

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.

SITE
http://www.brasilescola.com/gramatica/polissemia.htm

EXERCÍCIO COMENTADO
1. (SUSAM-AM – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO – FGV – 2014) “o país teve de recorrer a um programa de racio-
namento”. Assinale a opção que apresenta a forma de reescrever esse segmento, que altera o seu sentido original.

a) O Brasil foi obrigado a recorrer a um programa de racionamento.


b) O país teve como recurso recorrer a um programa de racionamento.
c) O Brasil foi levado a recorrer a um programa de racionamento.
d) O país obrigou-se a recorrer a um programa de racionamento.
e) O Brasil optou por um programa de racionamento.

Resposta: Letra E. “o país teve de recorrer a um programa de racionamento”. Assinale a opção que apresenta a for-
ma de reescrever esse segmento, QUE ALTERA O SEU SENTIDO ORIGINAL.
LÍNGUA PORTUGUESA

Em “a”: O Brasil foi obrigado a recorrer a um programa de racionamento = mesmo sentido.


Em “b”: O país teve como recurso recorrer a um programa de racionamento = mesmo sentido.
Em “c”: O Brasil foi levado a recorrer a um programa de racionamento = mesmo sentido.
Em “d”: O país obrigou-se a recorrer a um programa de racionamento = mesmo sentido.
Em “e”: O Brasil optou por um programa de racionamento = mudança de sentido (segundo o enunciado, o país
não teve outra opção a não ser recorrer. Na alternativa, provavelmente havia outras opções, e o país escolheu a de
“recorrer”).

107
FIGURA DE LINGUAGEM, PENSAMENTO E CONSTRUÇÃO

Disponível em: <http://www.terapiadapalavra.com.br/figuras-de-linguagem-na-escrita-literaria/> Acesso abr,


2018.

A figura de palavra consiste na substituição de uma palavra por outra, isto é, no emprego figurado, simbólico, seja
por uma relação muito próxima (contiguidade), seja por uma associação, uma comparação, uma similaridade. São
construções que transformam o significado das palavras para tirar delas maior efeito ou para construir uma mensagem
nova.

1. Tipos de Figuras de Linguagem

1.1. Figuras de Som

Aliteração - Consiste na repetição de consoantes como recurso para intensificação do ritmo ou como efeito sonoro
significativo.
Três pratos de trigo para três tigres tristes.
Vozes veladas, veludosas vozes... (Cruz e Sousa)
Quem com ferro fere com ferro será ferido.

Assonância - Consiste na repetição ordenada de sons vocálicos idênticos: “Sou um mulato nato no sentido lato
mulato democrático do litoral.”

Onomatopeia - Ocorre quando se tentam reproduzir na forma de palavras os sons da realidade: Os sinos faziam
blem, blem, blem.
Paranomásia – é o uso de sons semelhantes em palavras próximas: “A fossa, a bossa, a nossa grande dor...” (Carlos
Lyra)

1.2. Figuras de Palavras ou de Pensamento

1.2.1. Metáfora

Consiste em utilizar uma palavra ou uma expressão em lugar de outra, sem que haja uma relação real, mas em
virtude da circunstância de que o nosso espírito as associa e percebe entre elas certas semelhanças. É o emprego da
palavra fora de seu sentido normal.

Observação:
Toda metáfora é uma espécie de comparação implícita, em que o elemento comparativo não aparece.
Seus olhos são como luzes brilhantes.
LÍNGUA PORTUGUESA

O exemplo acima mostra uma comparação evidente, através do emprego da palavra como.
Observe agora: Seus olhos são luzes brilhantes.
Neste exemplo não há mais uma comparação (note a ausência da partícula comparativa), e sim símile, ou seja, qua-
lidade do que é semelhante.
Por fim, no exemplo: As luzes brilhantes olhavam-me. Há substituição da palavra olhos por luzes brilhantes. Esta é
a verdadeira metáfora.

108
Outros exemplos: algumas palavras fora de seu sentido original. Exemplos:
“Meu pensamento é um rio subterrâneo.” (Fernando Pes- “asa da xícara”, “batata da perna”, “maçã do rosto”, “pé da
soa) mesa”, “braço da cadeira”, “coroa do abacaxi”.
Neste caso, a metáfora é possível na medida em que
o poeta estabelece relações de semelhança entre um rio 1.2.4. Perífrase ou Antonomásia
subterrâneo e seu pensamento (pode estar relacionando a
fluidez, a profundidade, a inatingibilidade, etc.). Trata-se de uma expressão que designa um ser através
de alguma de suas características ou atributos, ou de um
Minha alma é uma estrada de terra que leva a lugar al- fato que o celebrizou. É a substituição de um nome por ou-
gum. tro ou por uma expressão que facilmente o identifique:
Uma estrada de terra que leva a lugar algum é, na frase A Cidade Maravilhosa (= Rio de Janeiro) continua
acima, uma metáfora. Por trás do uso dessa expressão que atraindo visitantes do mundo todo.
indica uma alma rústica e abandonada (e angustiadamente A Cidade-Luz (=Paris)
inútil), há uma comparação subentendida: Minha alma é O rei das selvas (=o leão)
tão rústica, abandonada (e inútil) quanto uma estrada de
terra que leva a lugar algum. Observação:
Quando a perífrase indica uma pessoa, recebe o
A Amazônia é o pulmão do mundo. nome de antonomásia. Exemplos:
Em sua mente povoa só inveja. O Divino Mestre (= Jesus Cristo) passou a vida prati-
cando o bem.
1.2.2. Metonímia (ou sinédoque) O Poeta dos Escravos (= Castro Alves) morreu muito
jovem.
É a substituição de um nome por outro, em virtude de O Poeta da Vila (= Noel Rosa) compôs lindas canções.
existir entre eles algum relacionamento. Tal substituição
pode acontecer dos seguintes modos:
1.2.4. Sinestesia
Autor pela obra: Gosto de ler Machado de Assis. (=
Gosto de ler a obra literária de Machado de Assis).
Consiste em mesclar, numa mesma expressão, as sen-
Inventor pelo invento: Édson ilumina o mundo. (= As
sações percebidas por diferentes órgãos do sentido. É o
lâmpadas iluminam o mundo).
cruzamento de sensações distintas.
Símbolo pelo objeto simbolizado: Não te afastes da
Um grito áspero revelava tudo o que sentia. (grito =
cruz. (= Não te afastes da religião).
auditivo; áspero = tátil)
Lugar pelo produto do lugar: Fumei um saboroso Ha-
No silêncio escuro do seu quarto, aguardava os aconte-
vana. (= Fumei um saboroso charuto).
Efeito pela causa: Sócrates bebeu a morte. (= Sócrates cimentos. (silêncio = auditivo; escuro = visual)
tomou veneno). Tosse gorda. (sensação auditiva X sensação tátil)
Causa pelo efeito: Moro no campo e como do meu tra-
balho. (= Moro no campo e como o alimento que produzo). 1.2.5. Antítese
Continente pelo conteúdo: Bebeu o cálice todo. (= Be-
beu todo o líquido que estava no cálice). Consiste no emprego de palavras que se opõem
Instrumento pela pessoa que utiliza: Os microfones quanto ao sentido. O contraste que se estabelece serve,
foram atrás dos jogadores. (= Os repórteres foram atrás dos essencialmente, para dar uma ênfase aos conceitos envol-
jogadores). vidos que não se conseguiria com a exposição isolada dos
Parte pelo todo: Várias pernas passavam apressada- mesmos. Observe os exemplos:
mente. (= Várias pessoas passavam apressadamente). “O mito é o nada que é tudo.” (Fernando Pessoa)
Gênero pela espécie: Os mortais pensam e sofrem nes- O corpo é grande e a alma é pequena.
se mundo. (= Os homens pensam e sofrem nesse mundo). “Quando um muro separa, uma ponte une.”
Singular pelo plural: A mulher foi chamada para ir às Não há gosto sem desgosto.
ruas na luta por seus direitos. (= As mulheres foram chama-
das, não apenas uma mulher). 1.2.6. Paradoxo ou oximoro
Marca pelo produto: Minha filha adora danone. (= Mi-
nha filha adora o iogurte que é da marca Danone). É a associação de ideias, além de contrastantes, con-
Espécie pelo indivíduo: O homem foi à Lua. (= Alguns traditórias. Seria a antítese ao extremo.
astronautas foram à Lua). Era dor, sim, mas uma dor deliciosa.
Símbolo pela coisa simbolizada: A balança penderá Ouvimos as vozes do silêncio.
LÍNGUA PORTUGUESA

para teu lado. (= A justiça ficará do teu lado).


1.2.7. Eufemismo
1.2.3. Catacrese
É o emprego de uma expressão mais suave, mais no-
Trata-se de uma metáfora que, dado seu uso contínuo, bre ou menos agressiva, para comunicar alguma coisa ás-
cristalizou-se. A catacrese costuma ocorrer quando, por pera, desagradável ou chocante.
falta de um termo específico para designar um conceito, Depois de muito sofrimento, entregou a alma ao Se-
toma-se outro “emprestado”. Assim, passamos a empregar nhor. (= morreu)

109
O prefeito ficou rico por meios ilícitos. (= roubou) O objetivo do narrador é mostrar a expressividade
Fernando faltou com a verdade. (= mentiu) dos olhos de Joana. Para chegar a este detalhe, ele se
Faltar à verdade. (= mentir) refere ao céu, à terra, às pessoas e, finalmente, a Joana e
seus olhos. Nota-se que o pensamento foi expresso em
1.2.8. Ironia ordem decrescente de intensidade. Outros exemplos:
“Vive só para mim, só para a minha vida, só para meu
É sugerir, pela entoação e contexto, o contrário do amor”. (Olavo Bilac)
que as palavras ou frases expressam, geralmente apre- “O trigo... nasceu, cresceu, espigou, amadureceu, co-
sentando intenção sarcástica. A ironia deve ser muito lheu-se.” (Padre Antônio Vieira)
bem construída para que cumpra a sua finalidade; mal
construída, pode passar uma ideia exatamente oposta à 1.3.3. Elipse
desejada pelo emissor.
Como você foi bem na prova! Não tirou nem a nota Consiste na omissão de um ou mais termos numa
mínima. oração e que podem ser facilmente identificados, tanto
por elementos gramaticais presentes na própria oração,
Parece um anjinho aquele menino, briga com todos
quanto pelo contexto.
que estão por perto.
A catedral da Sé. (a igreja catedral)
O governador foi sutil como um elefante.
Domingo irei ao estádio. (no domingo eu irei ao es-
tádio)
1.2.9. Hipérbole
1.3.4. Zeugma
É a expressão intencionalmente exagerada com o in-
tuito de realçar uma ideia. Zeugma é uma forma de elipse. Ocorre quando é feita
Faria isso milhões de vezes se fosse preciso. a omissão de um termo já mencionado anteriormente.
“Rios te correrão dos olhos, se chorares.” (Olavo Bilac) Ele gosta de geografia; eu, de português. (eu gosto de
O concurseiro quase morre de tanto estudar! português)
Na casa dela só havia móveis antigos; na minha, só
1.2.10. Prosopopeia ou Personificação modernos. (só havia móveis)
Ela gosta de natação; eu, de vôlei. (gosto de)
É a atribuição de ações ou qualidades de seres ani-
mados a seres inanimados, ou características humanas a 1.3.5. Silepse
seres não humanos. Observe os exemplos:
As pedras andam vagarosamente. A silepse é a concordância que se faz com o termo
O livro é um mudo que fala, um surdo que ouve, um que não está expresso no texto, mas, sim, subentendido.
cego que guia. É uma concordância anormal, psicológica, porque se faz
A floresta gesticulava nervosamente diante da serra. com um termo oculto, facilmente identificado. Há três ti-
Chora, violão. pos de silepse: de gênero, número e pessoa.
1.3. Figuras de Construção ou de Sintaxe
Silepse de Gênero - Os gêneros são masculino e fe-
1.3.1. Apóstrofe minino. Ocorre a silepse de gênero quando a concordân-
cia se faz com a ideia que o termo comporta. Exemplos:
Consiste na “invocação” de alguém ou de alguma
coisa personificada, de acordo com o objetivo do dis- A) A bonita Porto Velho sofreu mais uma vez com o
calor intenso.
curso, que pode ser poético, sagrado ou profano. Carac-
Neste caso, o adjetivo bonita não está concordando
teriza-se pelo chamamento do receptor da mensagem,
com o termo Porto Velho, que gramaticalmente pertence
seja ele imaginário ou não. A introdução da apóstrofe
ao gênero masculino, mas com a ideia contida no termo
interrompe a linha de pensamento do discurso, desta-
(a cidade de Porto Velho).
cando-se assim a entidade a que se dirige e a ideia que
se pretende pôr em evidência com tal invocação. Reali- B) Vossa Excelência está preocupado.
za-se por meio do vocativo. Exemplos: O adjetivo preocupado concorda com o sexo da pes-
Moça, que fazes aí parada? soa, que nesse caso é masculino, e não com o termo Vos-
“Pai Nosso, que estais no céu” sa Excelência.
Deus, ó Deus! Onde estás?
LÍNGUA PORTUGUESA

Silepse de Número - Os números são singular e


1.3.2. Gradação (ou clímax) plural. A silepse de número ocorre quando o verbo da
oração não concorda gramaticalmente com o sujeito da
Apresentação de ideias por meio de palavras, sinôni- oração, mas com a ideia que nele está contida. Exemplos:
mas ou não, em ordem ascendente (clímax) ou descen- A procissão saiu. Andaram por todas as ruas da cidade
dente (anticlímax). Observe este exemplo: de Salvador.
Havia o céu, havia a terra, muita gente e mais Joana O povo corria por todos os lados e gritavam muito alto.
com seus olhos claros e brincalhões...

110
Note que nos exemplos acima, os verbos andaram e
gritavam não concordam gramaticalmente com os sujei- Observação:
tos das orações (que se encontram no singular, procissão O pleonasmo só tem razão de ser quando confere
e povo, respectivamente), mas com a ideia que neles está mais vigor à frase; caso contrário, torna-se um pleonas-
contida. Procissão e povo dão a ideia de muita gente, por mo vicioso:
isso que os verbos estão no plural. Vi aquela cena com meus próprios olhos.
Vamos subir para cima.
Silepse de Pessoa - Três são as pessoas gramaticais: Ele desceu pra baixo.
eu, tu e ele (as três pessoas do singular); nós, vós, eles (as
três do plural). A silepse de pessoa ocorre quando há um 1.3.8. Anáfora
desvio de concordância. O verbo, mais uma vez, não con-
corda com o sujeito da oração, mas sim com a pessoa que É a repetição de uma ou mais palavras no início de
está inscrita no sujeito. Exemplos: várias frases, criando, assim, um efeito de reforço e de
O que não compreendo é como os brasileiros persista- coerência. Pela repetição, a palavra ou expressão em cau-
mos em aceitar essa situação. sa é posta em destaque, permitindo ao escritor valorizar
Os agricultores temos orgulho de nosso trabalho. determinado elemento textual. Os termos anafóricos po-
“Dizem que os cariocas somos poucos dados aos jardins dem muitas vezes ser substituídos por pronomes.
públicos.” (Machado de Assis) Encontrei um amigo ontem. Ele me disse que te co-
nhecia.
Observe que os verbos persistamos, temos e somos não “Tudo cura o tempo, tudo gasta, tudo digere, tudo aca-
concordam gramaticalmente com os seus sujeitos (brasi- ba.” (Padre Vieira)
leiros, agricultores e cariocas, que estão na terceira pessoa),
mas com a ideia que neles está contida (nós, os brasileiros, 1.3.9. Anacoluto
os agricultores e os cariocas).
Consiste na mudança da construção sintática no meio
1.3.6. Polissíndeto / Assíndeto da frase, ficando alguns termos desligados do resto do
período. É a quebra da estrutura normal da frase para a
Para estudarmos as duas figuras de construção é ne-
introdução de uma palavra ou expressão sem nenhuma
cessário recordar um conceito estudado em sintaxe sobre
ligação sintática com as demais.
período composto. No período composto por coordena-
Esses alunos da escola, não se pode duvidar deles.
ção, podemos ter orações sindéticas ou assindéticas. A
Morrer, todo haveremos de morrer.
oração coordenada ligada por uma conjunção (conectivo)
Aquele garoto, você não disse que ele chegaria logo?
é sindética; a oração que não apresenta conectivo é assin-
dética. Recordado esse conceito, podemos definir as duas
figuras de construção: A expressão “esses alunos da escola”, por exemplo,
A) Polissíndeto - É uma figura caracterizada pela re- deveria exercer a função de sujeito. No entanto, há uma
petição enfática dos conectivos. Observe o exem- interrupção da frase e esta expressão fica à parte, não
plo: O menino resmunga, e chora, e grita, e ninguém exercendo nenhuma função sintática. O anacoluto tam-
faz nada. bém é chamado de “frase quebrada”, pois corresponde
B) Assíndeto - É uma figura caracterizada pela au- a uma interrupção na sequência lógica do pensamento.
sência, pela omissão das conjunções coordenativas,
resultando no uso de orações coordenadas assindé- Observação:
ticas. Exemplos: O anacoluto deve ser usado com finalidade expressi-
Tens casa, tens roupa, tens amor, tens família. va em casos muito especiais. Em geral, evite-o.
“Vim, vi, venci.” (Júlio César)
1.3.10. Hipérbato / Inversão
1.3.7. Pleonasmo
É a inversão da estrutura frásica, isto é, a inversão da
Consiste na repetição de um termo ou ideia, com as ordem direta dos termos da oração, fazendo com que o
mesmas palavras ou não. A finalidade do pleonasmo é sujeito venha depois do predicado:
realçar a ideia, torná-la mais expressiva. Ao ódio venceu o amor. (Na ordem direta seria: O
O problema da violência, é necessário resolvê-lo logo. amor venceu ao ódio)
Dos meus problemas cuido eu! (Na ordem direta seria:
Nesta oração, os termos “o problema da violência” e “lo” Eu cuido dos meus problemas)
exercem a mesma função sintática: objeto direto. Assim, te-
LÍNGUA PORTUGUESA

mos um pleonasmo do objeto direto, sendo o pronome “lo”


classificado como objeto direto pleonástico. Outro exemplo: #FicaDica
Aos funcionários, não lhes interessam tais medidas. O nosso Hino Nacional é um exemplo de
Aos funcionários, lhes = Objeto Indireto hipérbato, já que, na ordem direta, teríamos:
“As margens plácidas do Ipiranga ouviram o
Neste caso, há um pleonasmo do objeto indireto, e o brado retumbante de um povo heroico”.
pronome “lhes” exerce a função de objeto indireto pleo-
nástico.

111
EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – TÉCNICO SUPERIOR ESPECIALIZADO EM BIBLIO-


TECONOMIA SUPERIOR – FGV/2014 - adaptada) Ao dizer que os shoppings são “cidades”, faz-se o uso de um tipo
de linguagem figurada denominada

a) metonímia.
b) eufemismo.
c) hipérbole.
d) metáfora.
e) catacrese.

Resposta: Letra D. A metáfora consiste em retirar uma palavra de seu contexto convencional (denotativo) e trans-
portá-la para um novo campo de significação (conotativa), por meio de uma comparação implícita, de uma simila-
ridade existente entre as duas.
(Fonte:http://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/metafora-figura-de-palavra-variacoes-e-exemplos.htm)

2. (PREFEITURA DE ARCOVERDE/PE - ADMINISTRADOR DE RECURSOS HUMANOS – SUPERIOR - CONPASS/2014)


Identifique a figura de linguagem presente na tira seguinte:

a) metonímia
b) prosopopeia
c) hipérbole
d) eufemismo
e) onomatopeia

Resposta: Letra D. “Eufemismo = é o emprego de uma expressão mais suave, mais nobre ou menos agressiva, para
comunicar alguma coisa áspera, desagradável ou chocante”. No caso da tirinha, é utilizada a expressão “deram suas
vidas por nós” no lugar de “que morreram por nós”.

3. (CASAL/AL - ADMINISTRADOR DE REDE – SUPERIOR - COPEVE/UFAL/2014)


Está tão quente que dá para fritar um ovo no asfalto.
O dito popular é, na maioria das vezes, uma figura de linguagem. Entre as 14h30min e às 15h desta terça-feira, horário
do dia em que o calor é mais intenso, a temperatura do asfalto, medida com um termômetro de contato, chegou a
65ºC. Para fritar um ovo, seria preciso que o local alcançasse aproximadamente 90ºC.
Disponível em: http://zerohora.clicrbs.com.br. Acesso em: 22 jan. 2014.

O texto cita que o dito popular “está tão quente que dá para fritar um ovo no asfalto” expressa uma figura de lingua-
LÍNGUA PORTUGUESA

gem. O autor do texto refere-se a qual figura de linguagem?

a) Eufemismo.
b) Hipérbole.
c) Paradoxo.
d) Metonímia.
e) Hipérbato.

112
Resposta: Letra B. A expressão é um exagero! Ela ser-
ve apenas para representar o calor excessivo que está
fazendo. A figura que é utilizada “mil vezes” (!) para HORA DE PRATICAR!
atingir tal objetivo é a hipérbole.
1. (MAPA – Auditor Fiscal Federal Agropecuário – Mé-
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS dico Veterinário – Superior – ESAF – 2017) Assinale a
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa opção que apresenta desvio de grafia da palavra.
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. A acupuntura é uma terapia da medicina tradicional chi-
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co- nesa que favorece a regularização dos processos fisiológi-
char. Português linguagens: volume 1 – 7.ª ed. Reform. – cos do corpo, no sentido de promover ou recuperar o estado
São Paulo: Saraiva, 2010. natural de saúde e equilíbrio. Pode ser usada preventiva-
CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura, mente (1) para evitar o desenvolvimento de doenças, como
Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira terapia curativa no caso de a doença estar instalada ou
Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição – como método paliativo (2) em casos de doenças crônicas
São Paulo: Saraiva, 2002. de difícil tratamento. Tem também uma ação importante
na medicina rejenerativa (3) e na reabilitação. O trata-
SITES mento de acupuntura consiste na introdução de agulhas
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se- filiformes no corpo dos animais. Em geral são deixadas
coes/estil/estil8.php> cerca de 15 a 20 minutos. A colocação das agulhas não é
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se- dolorosa para os animais e é possível observar durante os
coes/estil/estil5.php> tratamentos diferentes reações fisiológicas (4), indicadoras
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se- de que o tratamento está atingindo o efeito terapêutico
coes/estil/estil2.php> (5) desejado.

Disponível: <http://www.veterinariaholistica.net/acu-
puntura-fitoterapia-e-homeopatia.html/>. Acesso em
28/11/2017. (Com adaptações)

a) (1)
b) (2)
c) (3)
d) (4)
e) (5)

2. (TRT – 21.ª Região-RN – Técnico Judiciário – Área


Administrativa – Médio – FCC – 2017) Respeitando-se
as normas de redação do Manual da Presidência da Re-
pública, a frase correta é:

a) Solicito a Vossa Senhoria que verifique a possibilida-


de de implementação de projeto de treinamento de
pessoal para operar os novos equipamentos gráficos a
serem instalados em seu setor.
b) Venho perguntar-lhe, por meio desta, sobre a data em
que Vossa Excelência pretende nomear vosso repre-
sentante na Comissão Organizadora.
c) Digníssimo Senhor: eu venho por esse comunicado,
informar, que será organizado seminário, sobre o uso
eficiente de recursos hídricos, em data ainda a ser de-
finida.

d) Haja visto que o projeto anexo contribue para o de-


senvolvimento do setor em questão, informamos, por
meio deste Ofício, que será amplamente analisado por
LÍNGUA PORTUGUESA

especialistas.
e) Neste momento, conforme solicitação enviada à Vos-
sa Senhoria anexo, não se deve adotar medidas que
possam com- prometer vossa realização do projeto
mencionado.

113
3. (TRE-MS – Estágio – Jornalismo – TRE-MS – 2014) Analise as assertivas abaixo:

I. O ladrão era de menor.


II. Não há regra sem exceção.
III. É mais saudável usar menas roupa no calor.
IV. O policial foi à delegacia em compania do meliante.
V. Entre eu e você não existe mais nada.

A opção que apresenta vícios de linguagem é:

a) I e III.
b) I, II e IV.
c) II e IV.
d) I, III, IV e V.
e) III, IV e V.

4. (TRE-MS – Estágio – Jornalismo – TRE-MS – 2014) De acordo com a nova ortografia, assinale o item em que todas
as palavras estão corretas:

a) autoajuda – anti-inflamatório – extrajudicial.


b) supracitado – semi-novo – telesserviço.
c) ultrassofisticado – hidro-elétrica – ultra-som.
d) contrarregra – autopista – semi-aberto.
e) contrarrazão – infra-estrutura – coprodutor.

5. (TRE-MS – Estágio – Jornalismo – TRE-MS – 2014) O uso correto do porquê está na opção:

a) Por quê o homem destrói a natureza?


b) Ela chorou por que a humilharam.
c) Você continua implicando comigo porque sou pobre?
d) Ninguém sabe o por quê daquele gesto.
e) Ela me fez isso, porquê?

6. (TJ-PA – Médico Psiquiatra – Superior – VUNESP – 2014)

Assinale a alternativa que completa, correta e respectivamente, as lacunas, de acordo com a norma-padrão da língua
portuguesa, considerando que o termo que preenche a terceira lacuna é empregado para indicar que um evento está
prestes a acontecer

a) anúncio ... A ... Iminente.


LÍNGUA PORTUGUESA

b) anuncio ... À ... Iminente.


c) anúncio ... À ... Iminente.
d) anúncio ... A ... Eminente.
e) anuncio ... À ... Eminente.

114
7. (CEFET-RJ – REVISOR DE TEXTOS – CESGRANRIO e) (5).
– 2014) Observe a grafia das palavras do trecho a seguir. 11. (Estrada de Ferro Campos do Jordão-SP – Analista
A macro-história da humanidade mostra que todos en- Ferroviário – Oficinas – Elétrica – IDERH – 2014) Leia
caram os relatos pessoais como uma forma de se man- as orações a seguir:
terem vivos. Desde a idade do domínio do fogo até a era Minha mãe sempre me aconselha a evitar as _____ compa-
das multicomunicações, os homens tem demonstrado que nhias. (mas/más)
querem pôr sua marca no mundo porque se sentem su- A cauda do vestido da noiva tinha um _________ enorme.
periores. (cumprimento/comprimento)
A palavra que NÃO está grafada corretamente é Precisamos fazer as compras do mês, pois a _________ está
vazia. (despensa/dispensa).
a) macro-história.
b) multicomunicações. Completam, correta e respectivamente, as lacunas acima
c) tem. os expostos na alternativa:
d) pôr.
a) mas – cumprimento – despensa.
e) porque.
b) más – comprimento – despensa.
c) más – cumprimento – dispensa.
8. (Liquigás – Profissional Júnior – Ciências Contábeis
d) mas – comprimento – dispensa.
– cegranrio – 2014) O grupo em que todas as palavras e) más – comprimento – dispensa.
estão grafadas de acordo com a norma-padrão da Lín-
gua Portuguesa é 12. (TRT-2ª REGIÃO-SP – Técnico Judiciário - Área Ad-
ministrativa – Médio – FCC – 2014) Está redigida com
a) gorjeta, ogeriza, lojista, ferrujem clareza e em consonância com as regras da gramática
b) pedágio, ultrage, pagem, angina normativa a seguinte frase:
c) refújio, agiota, rigidez, rabujento
d) vigência, jenipapo, fuligem, cafajeste a) Queremos, ou não, ele será designado para dar a pa-
e) sargeta, jengiva, jiló, lambujem lavra final sobre a polêmica questão, que, diga-se de
passagem, tem feito muitos exitarem em se pronun-
9. (SIMAE – Agente Administrativo – ASSCON-PP – ciar.
2014) Assinale a alternativa que apresenta apenas pala- b) Consultaram o juíz acerca da possibilidade de voltar
vras escritas de forma incorreta. atraz na suspensão do jogador, mas ele foi categórico
quanto a impossibilidade de rever sua posição.
a) Cremoso, coragem, cafajeste, realizar; c) Vossa Excelência leu o documento que será apresen-
b) Caixote, encher, análise, poetisa; tado em rede nacional daqui a pouco, pela voz de Sua
c) Traje, tanger, portuguesa, sacerdotisa; Excelência, o Senhor Ministro da Educação?
d) Pagem, mujir, vaidozo, enchergar; d) A reportagem sobre fascínoras famosos não foi nada
positiva para o público jovem que estava presente, de
10. (Receita Federal – Auditor Fiscal – ESAF – 2014) que se desculparam os idealizadores do programa.
Assinale a opção que corresponde a erro gramatical ou e) Estudantes e professores são entusiastas de oferecer
de grafia de palavra inserido na transcrição do texto. aos jovens ingressantes no curso o compartilhamento
de projetos, com que serão também autores.
A Receita Federal nem sempre teve esse (1) nome. Secre-
taria da Receita Federal é apenas a mais recente denomi- 13. (TRE-MS – Estágio – Jornalismo – TRE-MS – 2014)
nação da Administração Tributária Brasileira nestes cinco A acentuação correta está na alternativa:
séculos de existência. Sua criação tornou-se (2) necessária
para modernizar a máquina arrecadadora e fiscalizadora, a) eu abençôo – eles crêem – ele argúi.
bem como para promover uma maior integração entre o b) platéia – tuiuiu – instrui-los.
Fisco e os Contribuintes, facilitando o cumprimento ex- c) ponei – geléia – heroico.
pontâneo (3) das obrigações tributárias e a solução dos d) eles têm – ele intervém – ele constrói.
eventuais problemas, bem como o acesso às (4) informa- e) lingüiça – feiúra – idéia.
ções pessoais privativas de interesse de cada cidadão. O
surgimento da Secretaria da Receita Federal representou 14. (EBSERH – HUCAM-UFES – Advogado – AOCP –
um significativo avanço na facilitação do cumprimento 2014) A palavra que está acentuada corretamente é:
das obrigações tributárias, contribuindo para o aumento
da arrecadação a partir (5) do final dos anos 60. a) Históriar.
LÍNGUA PORTUGUESA

(Adaptado de <http://www.receita.fazenda.gov.br/srf/ b) Memórial.


historico.htm>. Acesso em: 17 mar. 2014.) c) Métodico.
d) Própriedade.
a) (1). e) Artifício.
b) (2).
c) (3).
d) (4).

115
21. (Prefeitura de Brusque-sc – Educador Social – fe-
15. (prodam-am – assistente – funcab – 2014 – adap- pese – 2014) Assinale a alternativa em que só palavras
tada) Assinale a opção em que o par de palavras foi paroxítonas estão apresentadas.
acentuado segundo a mesma regra.
a) facilitada, minha, canta, palmeiras
a) saúde-países b) maná, papá, sinhá, canção
b) Etíope-juízes c) cá, pé, a, exílio
c) olímpicas-automóvel d) terra, pontapé, murmúrio, aves
d) vocês-público e) saúde, primogênito, computador, devêssemos
e) espetáculo-mensurável
22. (Ministério do Desenvolvimento Agrário – Técni-
16. (Advocacia Geral da União – Técnico em Contabi- co em Agrimensura – funcab – 2014) A alternativa que
lidade – idecan – 2014) Os vocábulos “cinquentenário” apresenta palavra acentuada por regra diferente das de-
e “império” são acentuados devido à mesma justificativa. mais é:
O mesmo ocorre com o par de palavras apresentado em
a) dúvidas.
a) prêmio e órbita. b) muitíssimos.
b) rápida e tráfego c) fábrica.
c) satélite e ministério. d) mínimo.
d) pública e experiência. e) impossível.
e) sexagenário e próximo.
23. (prodam-am – Assistente de Hardware – funcab
17. (Rioprevidência – Especialista em Previdência So- – 2014) Assinale a alternativa em que todas as palavras
cial – ceperj – 2014) A palavra “conteúdo” recebe acen- foram acentuadas segundo a mesma regra.
tuação pela mesma razão de:
a) indivíduos - atraí(-las) - período
a) juízo b) saíram – veículo - construído
b) espírito c) análise – saudável - diálogo
c) jornalístico d) hotéis – critérios - através
d) mínimo e) econômica – após – propósitos
e) disponíveis
24. (Corpo de Bombeiros Militar-pi – Curso de Forma-
18. (Ministério do Meio Ambiente – icmbio – cespe – ção de Soldados – uespi – 2014) “O evento promove a
2014) A mesma regra de acentuação gráfica se aplica aos saúde de modo integral.” A regra que justifica o acento
vocábulos “Brasília”, “cenário” e “próprio”. gráfico no termo destacado é a mesma que justifica o
acento em:
( ) CERTO ( ) ERRADO
a) “remédio”.
19. (Prefeitura de Balneário Camboriú-sc – Guarda b) “cajú”.
Municipal – fepese – 2014 – adaptada) Assinale a alter- c) “rúbrica”.
nativa em que todas as palavras são oxítonas. d) “fráude”.
e) “baú”.
a) pé, lá, pasta
b) mesa, tábua, régua 25. (TJ-BA – Técnico Judiciário – Área Administrativa
c) livro, prova, caderno – Médio – FGV – 2015)
d) parabéns, até, televisão Texto 3 – “A Lua Cheia entra em sua fase Crescente no
e) óculos, parâmetros, título signo de Gêmeos e vai movimentar tudo o que diz respeito
à sua vida profissional e projetos de carreira. Os próximos
dias serão ótimos para dar andamento a projetos que co-
20. (Advocacia Geral da União – Técnico em Comuni- meçaram há alguns dias ou semanas. Os resultados che-
cação Social – idecan – 2014) Assinale a alternativa em garão rapidamente”.
que a acentuação de todas as palavras está de acordo
com a mesma regra da palavra destacada: “Procuradorias O texto 3 mostra exemplos de emprego correto do “a”
comprovam necessidade de rendimento satisfatório para com acento grave indicativo da crase – “diz respeito à sua
vida profissional”. A frase abaixo em que o emprego do
LÍNGUA PORTUGUESA

renovação do FIES”.
acento grave da crase é corretamente empregado é:
a) após / pó / paletó
b) moído / juízes / caído a) o texto do horóscopo veio escrito à lápis;
c) história / cárie / tênue b) começaram à chorar assim que leram as previsões;
c) o horóscopo dizia à cada leitora o que devia fazer;
d) álibi / ínterim / político
d) o leitor estava à procura de seu destino;
e) êxito / protótipo / ávido
e) o astrólogo previa o futuro passo à passo

116
26. (Prefeitura de Sertãozinho-SP – Farmacêutico – 30. (prefeitura de são Paulo-sp – técnico em saúde –
Superior – VUNESP – 2017) O sinal indicativo de crase laboratório – médio – vunesp – 2014) Reescrevendo-se
está empregado corretamente nas duas ocorrências na o segmento frasal – ... incitá-los a reagir e a enfrentar o
alternativa: desconforto, ... –, de acordo com a regência e o acento
indicativo da crase, tem-se:
a) Muitos indivíduos são propensos à associar, inadverti-
damente, tristeza à depressão. a) ... incitá-los à reação e ao enfrentamento do descon-
b) As pessoas não querem estar à mercê do sofrimento, forto, ...
por isso almejam à pílula da felicidade. b) ... incitá-los a reação e o enfrentamento do descon-
c) À proporção que a tristeza se intensifica e se prolonga, forto, ...
pode-se, à primeira vista, pensar em depressão. c) ... incitá-los à reação e à enfrentamento do descon-
d) À rigor, os especialistas não devem receitar remédios forto, ...
às pessoas antes da realização de exames acurados. d) ... incitá-los à reação e o enfrentamento do descon-
e) Em relação à informação da OMS, conclui-se que exis- forto, ...
tem 121 milhões de pessoas à serem tratadas de de- e) ... incitá-los a reação e à enfrentamento do descon-
pressão. forto, ..

27. (TRT – 21.ª Região-RN – Técnico Judiciário – Área 31. (CONAB – Contabilidade – Superior – IADES –
Administrativa – Médio – FCC – 2017) É difícil planejar 2014 – adaptada) Considerando o trecho “atualizou os
uma cidade e resistir à tentação de formular um projeto dados relativos à produção de grãos no Brasil.” e conforme
de sociedade. a norma-padrão, assinale a alternativa correta.
O sinal indicativo de crase deverá ser mantido caso o ver-
bo sublinhado acima seja substituído por: a) a crase foi empregada indevidamente no trecho.
b) o autor poderia não ter empregado o sinal indicativo
a) não acatar. de crase.
b) driblar. c) se “produção” estivesse antecedida por essa, o uso do
c) controlar. sinal indicativo de crase continuaria obrigatório.
d) superar. d) se, no lugar de “relativos”, fosse empregado referen-
e) não sucumbir. tes, o uso do sinal indicativo de crase passaria a ser
28. (TRT – 21.ª Região-RN – Técnico Judiciário – Área facultativo.
Administrativa – Médio – FCC – 2017) A frase em que e) caso o vocábulo minha fosse empregado imediata-
há uso adequado do sinal indicativo de crase encontra-se mente antes de “produção”, o uso do sinal indicativo
de crase seria facultativo.
em:
32. (Sabesp-SP – atendente a clientes – Médio – fcc
a) A tendência de recorrer à adaptações aparece com
– 2014 – adaptada) No trecho Refiro-me aos livros que
maior força na Hollywood do século 21.
foram escritos e publicados, mas estão – talvez para sem-
b) É curioso constatar a rapidez com que o cinema agre- pre – à espera de serem lidos, o uso do acento de crase
gou à máxima. obedece à mesma regra seguida em:
c) A busca pela segurança leva os estúdios à apostarem
em histórias já testadas e aprovadas. a) Acostumou-se àquela situação, já que não sabia como
d) Tal máxima aplica-se perfeitamente à criação de peças evitá-la.
de teatro. b) Informou à paciente que os remédios haviam surtido
e) Há uma massa de escritores presos à contratos fixos efeito.
em alguns estúdios. c) Vou ficar irritada se você não me deixar assistir à no-
vela.
29. (Prefeitura de Marília-SP – Auxiliar de Escrita – d) Acabou se confundindo, após usar à exaustão a velha
Médio – VUNESP – 2017) Assinale a alternativa em que fórmula.
o sinal indicativo de crase está empregado corretamente. e) Comunique às minhas alunas que as provas estão cor-
rigidas.
a) A voluntária aconselhou a remetente à esquecer o
amor de infância. 33. (TRT-AL – Analista Judiciário – Superior – FCC–
b) O carteiro entregou às voluntárias do Clube de Julieta 2014) ... que acompanham as fronteiras ocidentais chi-
uma nova remessa de cartas. nesas...
c) O médico ofereceu à um dos remetentes apoio psico- O verbo que, no contexto, exige o mesmo tipo de com-
LÍNGUA PORTUGUESA

lógico. plemento que o da frase acima está em:


d) As integrantes do Clube levaram horas respondendo
à diversas cartas. a) A Rota da Seda nunca foi uma rota única...
e) O Clube sugeriu à algumas consulentes que fizessem b) Esses caminhos floresceram durante os primórdios da
novas amizades. Idade Média.
c) ... viajavam por cordilheiras...
d) ... até cair em desuso, seis séculos atrás.
e) O maquinista empurra a manopla do acelerador.

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34. (CASAL-AL – Administrador De Rede – COPEVE – 38. (prodam-am – Assistente de Hardware – funcab –
UFAL – 2014) Na afirmação abaixo, de Padre Vieira, 2014) O termo destacado em: “As pessoas estão sempre
“O trigo não picou os espinhos, antes os espinhos o pica- muito ATAREFADAS.” exerce a seguinte função sintática:
ram a ele... Cuidais que o sermão vos picou a vós” o subs-
tantivo “espinhos” tem, respectivamente, função sintática a) objeto direto.
de, b) objeto indireto.
c) adjunto adverbial.
a) objeto direto/objeto direto. d) predicativo.
b) sujeito/objeto direto. e) adjunto adnominal.
c) objeto direto/sujeito.
d) objeto direto/objeto indireto. 39. (trt-13ª região-pb – Técnico Judiciário – Tecnolo-
e) sujeito/objeto indireto. gia da Informação – Médio – fcc – 2014) Ao mesmo
tempo, as elites renunciaram às ambições passadas...
35. (CASAL-AL – Administrador De Rede – COPEVE – O verbo que, no contexto, exige o mesmo tipo de com-
UFAL – 2014) No texto, “Arranca o estatuário uma pedra plemento que o grifado acima está empregado em:
dessas montanhas, tosca, bruta, dura, informe; e, depois
que desbastou o mais grosso, toma o maço e cinzel na a) Faltam-nos precedentes históricos para...
mão para começar a formar um homem, primeiro mem- b) Nossos contemporâneos vivem sem esse futuro...
bro a membro e depois feição por feição.” c) Esse novo espectro comprova a novidade de nossa si-
VIEIRA, P. A. In Sermão do Espírito Santo. Acervo da Aca- tuação...
demia Brasileira de Letras d) As redes sociais eram atividades de difícil implemen-
A oração sublinhada exerce uma função de tação...
e) ... como se imitássemos o padrão de conforto...
a) causalidade.
b) conclusão. 40. (Cia de Serviços de Urbanização de Guarapuava-
c) oposição. -pr – Agente de Trânsito – consulplam – 2014) Quanto
d) concessão. à função que desempenha na sintaxe da oração, o trecho
e) finalidade. em destaque “Tenho uma dor que passa daqui pra lá e de
lá pra cá” corresponde a:

36. (EBSERH – HUCAM-UFES – Advogado – Superior a) Oração subordinada adjetiva restritiva.


– AOCP – 2014) Em “Se a ‘cura’ fosse cara, apenas uma b) Oração subordinada adjetiva explicativa.
pequena fração da sociedade teria acesso a ela.”, a expres- c) Adjunto adnominal.
são em destaque funciona como: d) Oração subordinada adverbial espacial.
41. (Advocacia-Geral da União – Técnico em Comu-
a) objeto direto. nicação Social – idecan – 2014) Acerca das relações
b) adjunto adnominal. sintáticas que ocorrem no interior do período a seguir
c) complemento nominal. “Policiais de Los Angeles tomam facas de criminosos, per-
d) sujeito paciente. seguem bêbados na estrada e terminam o dia na delega-
e) objeto indireto. cia fazendo seu relatório.”, é correto afirmar que
37. (EBSERH – HUSM-UFSM-RS – Analista Adminis-
a) “o dia” é sujeito do verbo “terminar”.
trativo – Jornalismo – Superior – AOCP – 2014)
b) o sujeito do período, Policiais de Los Angeles, é com-
“Sinta-se ungido pela sorte de recomeçar. Quando seu fi-
posto.
lho crescer, ele irá entender - mais cedo ou mais tarde -...”
c) “bêbados” e “criminosos” apresentam-se na função de
No período acima, a oração destacada:
sujeito.
d) “facas” possui a mesma função sintática que “bêba-
a) estabelece uma relação temporal com a oração que
dos” e “relatório”.
lhe é subsequente.
e) “de criminosos”, “na estrada”, “na delegacia” são ter-
b) estabelece uma relação temporal com a oração que a
antecede. mos que indicam circunstâncias que caracterizam a
c) estabelece uma relação condicional com a oração que ação verbal.
lhe é subsequente.
d) estabelece uma relação condicional com a oração que 42. (TJ-SP – Escrevente Técnico Judiciário – Médio –
VUNESP – 2015) Leia o texto, para responder às ques-
LÍNGUA PORTUGUESA

a antecede.
e) estabelece uma relação de finalidade com a oração tões.
que lhe é subsequente. O fim do direito é a paz, o meio de que se serve para
consegui-lo é a luta. Enquanto o direito estiver sujeito
às ameaças da injustiça – e isso perdurará enquanto o
mundo for mundo –, ele não poderá prescindir da luta. A
vida do direito é a luta: luta dos povos, dos governos, das
classes sociais, dos indivíduos.

118
Todos os direitos da humanidade foram conquistados “com o lançamento da cápsula Orion, da base da agência
pela luta; seus princípios mais importantes tiveram de en- em Cabo Canaveral, na Flórida, nos Estados Unidos.”
frentar os ataques daqueles que a ele se opunham; todo e Os termos sublinhados se encarregam da localização do
qualquer direito, seja o direito de um povo, seja o direito lançamento da cápsula referida; o critério para essa locali-
do indivíduo, só se afirma por uma disposição ininterrup- zação também foi seguido no seguinte caso: Os protestos
ta para a luta. O direito não é uma simples ideia, é uma contra as cotas raciais ocorreram:
força viva. Por isso a justiça sustenta numa das mãos a ba-
lança com que pesa o direito, enquanto na outra segura a a) em Brasília, Distrito Federal, na região Centro-Oeste;
espada por meio da qual o defende. b) em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, região Sul;
A espada sem a balança é a força bruta, a balança sem a c) em Pedrinhas, São Luís, Maranhão;
espada, a impotência do direito. Uma completa a outra, d) em São Paulo, São Paulo, Brasil;
e o verdadeiro estado de direito só pode existir quando e) em Goiânia, região Centro-Oeste, Brasil.
a justiça sabe brandir a espada com a mesma habilidade
44. (TRT – 21.ª Região-RN – Técnico Judiciário – Área
com que manipula a balança.
Administrativa – Médio – FCC – 2017) Está plenamente
O direito é um trabalho sem tréguas, não só do Poder
adequada a pontuação do seguinte período:
Público, mas de toda a população. A vida do direito nos
oferece, num simples relance de olhos, o espetáculo de a) A produção cinematográfica como é sabido, sempre be-
um esforço e de uma luta incessante, como o despendi- beu na fonte da literatura, mas o cinema declarou-se,
do na produção econômica e espiritual. Qualquer pessoa independente das outras artes há mais de meio século.
que se veja na contingência de ter de sustentar seu direito b) Sabe-se que, a produção cinematográfica sempre con-
participa dessa tarefa de âmbito nacional e contribui para siderou a literatura como fonte de inspiração, mas o
a realização da ideia do direito. É verdade que nem todos cinema declarou-se independente das outras artes, há
enfrentam o mesmo desafio. mais de meio século.
A vida de milhares de indivíduos desenvolve-se tranqui- c) Há mais de meio século, o cinema declarou-se inde-
lamente e sem obstáculos dentro dos limites fixados pelo pendente das outras artes, embora a produção cinema-
direito. Se lhes disséssemos que o direito é a luta, não nos tográfica tenha sempre considerado a literatura como
compreenderiam, pois só veem nele um estado de paz e fonte de inspiração.
de ordem. d) O cinema declarou-se independente, das outras artes,
(Rudolf von Ihering, A luta pelo direito) há mais de meio século; porém, sabe-se, que a produ-
ção cinematográfica sempre bebeu na fonte da litera-
Assinale a alternativa em que uma das vírgulas foi em- tura.
pregada para sinalizar a omissão de um verbo, tal como e) A literatura, sempre serviu de fonte inspiradora do ci-
ocorre na passagem – A espada sem a balança é a força nema, mas este, declarou-se independente das outras
bruta, a balança sem a espada, a impotência do direito. artes há mais de meio século − como é sabido.

a) O direito, no sentido objetivo, compreende os princí- 45. (Correios – Técnico em Segurança do Trabalho Jú-
pios jurídicos manipulados pelo Estado. nior – Médio – IADES – 2017 – adaptada) Quanto às
b) Todavia, não pretendo entrar em minúcias, pois nunca regras de ortografia e de pontuação vigentes, considere
chegaria ao fim. o período “Enquanto lia a carta, as lágrimas rolavam em
seu rosto numa mistura de amor e saudade.” e assinale a
c) Do autor exige-se que prove, até o último centavo, o
alternativa correta.
interesse pecuniário.
d) É que, conforme já ressaltei várias vezes, a essência do
a) O uso da vírgula entre as orações é opcional.
direito está na ação. b) A redação “Enquanto lia a carta, as lágrimas rolavam em
e) A cabeça de Jano tem face dupla: a uns volta uma das seu rosto por que sentia um misto de amor e saudade.”
faces, aos demais, a outra. poderia substituir a original.
c) O uso do hífen seria obrigatório, caso o prefixo re fosse
43. TJ-BA – Técnico Judiciário – Área Administrativa – acrescentado ao vocábulo “lia”.
Médio – FGV – 2015 d) Caso a ordem das orações fosse invertida, o uso da vír-
gula entre elas poderia ser dispensado.
Texto 2 - “A primeira missão tripulada ao espaço profun- e) Assim como o vocábulo “lágrimas”, devem ser acentua-
do desde o programa Apollo, da década 1970, com o ob- dos graficamente rúbrica, filântropo e lúcida.
jetivo de enviar astronautas a Marte até 2030 está sendo
preparada pela Nasa (agência espacial norte-americana). 46. (TRE-MS – Estágio – Jornalismo – TRE-MS – 2014)
O primeiro passo para a concretização desse desafio será Verifique a pontuação nas frases abaixo e marque a asser-
LÍNGUA PORTUGUESA

dado nesta sexta-feira (5), com o lançamento da cápsula tiva correta:


Orion, da base da agência em Cabo Canaveral, na Flórida,
nos Estados Unidos. O lançamento estava previsto original- a) Céus: Que injustiça.
mente para esta quinta-feira (4), mas devido a problemas b) O resultado do placar, não o abateu.
técnicos foi reagendado para as 7h05 (10h05 no horário c) O comércio estava fechado; porém, a farmácia estava
de Brasília).” em pleno atendimento.
(Ciência, Internet Explorer). d) Comam bastantes frutas crianças!
e) Comprei abacate, e mamão maduro.

119
47. (SAAE-SP – Fiscal Leiturista – VUNESP – 2014) 49. (Prefeitura de Paulista-PE – Recepcionista – UPE-
NET – 2014 – adaptada)
“Já vi gente cansada de amor, de trabalho, de política, de
ideais. Jamais conheci alguém sinceramente cansado de
dinheiro.”
(Millôr Fernandes)
Sobre as vírgulas existentes no texto, é CORRETO afirmar
que:

a) são facultativas.
b) isolam apostos.
c) separam elementos de mesma função sintática.
d) a terceira é facultativa.
e) separam orações coordenadas assindéticas.

50. (Polícia Militar-SP – Oficial Administrativo – Mé-


dio – vunesp – 2014) A reescrita da frase – Como sempre,
a resposta depende de como definimos os termos da per-
gunta. – está correta, quanto à pontuação, em:

a) A resposta como sempre, depende de, como defini-


mos os termos da pergunta.
Segundo a norma-padrão da língua portuguesa, a pon- b) A resposta, como sempre, depende de como defini-
tuação está correta em: mos os termos da pergunta.
c) A resposta como, sempre, depende de como defini-
a) Hagar disse, que não iria. mos os termos da pergunta.
b) Naquela noite os Stevensens prometeram servir, bifes d) A resposta, como, sempre depende de como defini-
e lagostas, aos vizinhos. mos os termos da pergunta.
c) Chegou, o convite dos Stevensens, bife e lagostas: para e) A resposta como sempre, depende de como, defini-
Hagar e Helga mos os termos da pergunta.
d) “Eles são chatos e, nunca param de falar”, disse, Hagar
à Helga. 51. (Emplasa-Sp – Analista Jurídico – Direito – vunesp
e) Helga chegou com o recado: fomos convidados, pelos – 2014) Segundo a norma-padrão da língua portuguesa,
Stevensens, para jantar bifes e lagostas. a pontuação está correta em:
48. (Prefeitura de Paulista-PE – Recepcionista – UPE-
NET – 2014) Sobre os SINAIS DE PONTUAÇÃO, observe
a) Como há suspeita, por parte da família de que João
os itens abaixo:
Goulart tenha sido assassinado; a Comissão da Ver-
dade decidiu reabrir a investigação de sua morte, em
I. “Calma, gente”.
maio deste ano, a pedido da viúva e dos filhos.
II. “Que mundo é este que chorar não é “normal”?
b) Em maio deste ano, a Comissão da Verdade acatou o
III. “Sustentabilidade, paradigma de vida”
pedido da família do ex-presidente João Goulart e rea-
IV. “Será que precisa de mais licitações? Haja licitações!”
briu a investigação da morte deste, visto que, para a
V. “E, de repente, aquela rua se tornou um grande lago...”
viúva e para os filhos, Jango pode ter sido assassinado.
c) A investigação da morte de João Goulart, foi reaberta,
Sobre eles, assinale a alternativa CORRETA.
em maio deste ano pela Comissão da Verdade, para
apuração da causa da morte do ex-presidente uma vez
a) No item I, a vírgula isola um aposto.
que, para a família, Jango pode ter sido assassinado.
b) No item II, a interrogação indica uma mensagem in-
d) A Comissão da Verdade, a pedido da família de João
terrompida.
Goulart, reabriu em maio deste ano a investigação de
c) No item III, a vírgula isola termos que explicam o seu
sua morte, porque, a hipótese de assassinato não é
antecedente.
descartada, pela viúva e filhos.
d) No item IV, os dois sinais de pontuação, a interrogação
e) Como a viúva e os filhos do ex-presidente João Gou-
e a exclamação, indicam surpresa.
lart, suspeitando que ele possa ter sido assassinado
e) No item V, as vírgulas poderiam ser substituídas, ape-
pediram a reabertura da investigação de sua morte,
nas, por um ponto e vírgula após o termo “repente”.
LÍNGUA PORTUGUESA

à Comissão da Verdade, esta, atendeu o pedido em


maio deste ano.

120
52. (Caixa Econômica Federal – Médico do Trabalho – espaço com quatro paredes e uma porta: foco. A verdade
cespe – 2014 – adaptada) A correção gramatical do tre- é que não conseguimos cumprir várias tarefas ao mesmo
cho “Entre as bebidas alcoólicas, cervejas e vinhos são as tempo, e pequenas distrações podem desviar nosso foco
mais comuns em todo o mundo” seria prejudicada, caso por até 20 minutos.
se inserisse uma vírgula logo após a palavra “vinhos”. Retemos mais informações quando nos sentamos em um
local fixo, afirma Sally Augustin, psicóloga ambiental e
( ) CERTO ( ) ERRADO design de interiores.
(Bryan Borzykowski, “Por que escritórios abertos po-
53. (Prefeitura de Arcoverde-PE – Administrador de dem ser ruins para funcionários.” Disponível em:<w-
Recursos Humanos – CONPASS – 2014) Leia o texto a ww1.folha.uol.com.br>. Acesso em: 04.04.2017. Adapta-
seguir: do)
“Pagar por esse software não é um luxo, mas uma necessi-
dade”. O uso da vírgula justifica-se porque: Iniciando-se a frase – Retemos mais informações quando
nos sentamos em um local fixo... (último parágrafo) – com
a) estabelece a relação entre uma coordenada assindéti- o termo Talvez, indicando condição, a sequência que
ca e uma conclusiva. apresenta correlação dos verbos destacados de acordo
b) separar a oração coordenada “não é um luxo” da ad- com a norma-padrão será:
versativa “mas uma necessidade”, em que o verbo está
subentendido. a) reteríamos ... sentarmos
c) liga a oração principal “Pagar” à coordenada “não é um b) retínhamos ... sentássemos
luxo, mas uma necessidade”. c) reteremos ... sentávamos
d) indica que dois termos da mesma função estão ligados d) retivemos ... sentaríamos
por uma conjunção aditiva. e) retivéssemos ... sentássemos
e) isola o aposto na segunda oração.

54. (TJ-SP – Escrevente Técnico Judiciário – Médio –


VUNESP – 2017)
Há quatro anos, Chris Nagele fez o que muitos executivos
no setor de tecnologia já tinham feito – ele transferiu sua
equipe para um chamado escritório aberto, sem paredes
e divisórias.
Os funcionários, até então, trabalhavam de casa, mas ele
queria que todos estivessem juntos, para se conectarem
e colaborarem mais facilmente. Mas em pouco tempo fi-
cou claro que Nagele tinha cometido um grande erro.
Todos estavam distraídos, a produtividade caiu, e os nove
empregados estavam insatisfeitos, sem falar do próprio
chefe.
Em abril de 2015, quase três anos após a mudança para
o escritório aberto, Nagele transferiu a empresa para um
espaço de 900 m² onde hoje todos têm seu próprio es-
paço, com portas e tudo.
Inúmeras empresas adotaram o conceito de escritório
aberto – cerca de 70% dos escritórios nos Estados Uni-
dos são assim – e até onde se sabe poucos retornaram
ao modelo de espaços tradicionais com salas e portas.
Pesquisas, contudo, mostram que podemos perder até
15% da produtividade, desenvolver problemas graves
de concentração e até ter o dobro de chances de ficar
doentes em espaços de trabalho abertos – fatores que
estão contribuindo para uma reação contra esse tipo de
organização.
Desde que se mudou para o formato tradicional, Nagele
já ouviu colegas do setor de tecnologia dizerem sentir
LÍNGUA PORTUGUESA

falta do estilo de trabalho do escritório fechado. “Muita


gente concorda – simplesmente não aguentam o escri-
tório aberto. Nunca se consegue terminar as coisas e é
preciso levar mais trabalho para casa”, diz ele.
É improvável que o conceito de escritório aberto caia em
desuso, mas algumas firmas estão seguindo o exemplo
de Nagele e voltando aos espaços privados.
Há uma boa razão que explica por que todos adoram um

121
42 E
GABARITO 43 A
44 C
1 C 45 D
2 A 46 C
3 D 47 E
4 A 48 C
5 C 49 C
6 A 50 B
7 C 51 B
8 D 52 CERTO
9 D 53 C
10 C 54 E
11 B
12 C
13 D
14 E
15 A
16 B
17 A
18 CERTO
19 D
20 C
21 A
22 E
23 E
24 E
25 C
26 C
27 E
28 D
29 B
30 A
31 E
32 D
33 E
34 C
35 E
36 C
LÍNGUA PORTUGUESA

37 A
38 D
39 A
40 A
41 D

122
ÍNDICE

LEGISLAÇÃO JURÍDICA

Constituição da República Federativa do Brasil de 1988: arts. 1º ao 5º, 37 ao 40, 42, 124, 125 e 144........................................... 01
Constituição do Estado de Minas Gerais de 1989: arts. 39, 109 a 111........................................................................................................ 08
Decreto-Lei nº 1.001, de 21/10/69 - Código Penal Militar: arts. 9º, 149 a 166, 187 a 203, 205 a 231, 240 a 266 e 298 a 334. 09
Decreto-Lei no 2.848, de 07/12/40- Código Penal Comum - arts 1º a 25, 121 a 129, 138 a 150, 155 a 160, 180 a 183, 213
a 218-B, 225 e 226, 312 a 322 e 329 a 334-A..................................................................................................................................................... 21
Decreto-Lei nº 3.689, de 03/10/1941 - Código de Processo Penal – Livro I, Títulos VII (somente Capítulo XI) e IX (somente
Capítulos I, II, III, V)........................................................................................................................................................................................................ 48
Resolução nº 213 de 15/12/2015 - Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que dispõe sobre a apresentação de toda pessoa
presa à autoridade judicial no prazo de 24 horas............................................................................................................................................. 54
V – é assegurado o direito de resposta, proporcional
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA ao agravo, além da indenização por dano material,
DO BRASIL DE 1988: ARTS. 1º AO 5º, 37 AO moral ou à imagem;
40, 42, 124, 125 E 144. VI – é inviolável a liberdade de consciência e de cren-
ça, sendo assegurado o livre exercício dos cultos re-
ligiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos
Princípios fundamentais locais de culto e a suas liturgias;
VII – é assegurada, nos termos da lei, a prestação de
A República Federativa do Brasil, formada pela união assistência religiosa nas entidades civis e militares de
indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Fede- internação coletiva;
ral, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem VIII – ninguém será privado de direitos por motivo de
como fundamentos: crença religiosa ou de convicção filosófica ou política,
• a soberania; salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a
• a cidadania; todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alter-
• a dignidade da pessoa humana; nativa, fixada em lei;
• os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; IX – é livre a expressão da atividade intelectual, artís-
• o pluralismo político. tica, científica e de comunicação, independentemente
de censura ou licença;
Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a
de representantes eleitos ou diretamente, nos termos da honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a
Constituição. indenização pelo dano material ou moral decorrente
São Poderes da União, independentes e harmônicos de sua violação;
entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.  XI – a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém
Constituem objetivos fundamentais da República Fe- nela podendo penetrar sem consentimento do mora-
derativa do Brasil: dor, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou
• construir uma sociedade livre, justa e solidária; para prestar socorro, ou, durante o dia, por determi-
• garantir o desenvolvimento nacional; nação judicial;
• erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as XII – é inviolável o sigilo da correspondência e das co-
desigualdades sociais e regionais; municações telegráficas, de dados e das comunicações
• promover o bem de todos, sem preconceitos de telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial,
origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para
formas de discriminação. fins de investigação criminal ou instrução processual
penal;
A República Federativa do Brasil rege-se nas suas re- XIII – é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou
lações internacionais pelos seguintes princípios: profissão, atendidas as qualificações profissionais que
• independência nacional; a lei estabelecer;
• prevalência dos direitos humanos; XIV – é assegurado a todos o acesso à informação e
• autodeterminação dos povos; resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao
• não-intervenção; exercício profissional;
• igualdade entre os Estados; XV – é livre a locomoção no território nacional em
• defesa da paz; tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos
• solução pacífica dos conflitos; da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus
• repúdio ao terrorismo e ao racismo; bens;
• cooperação entre os povos para o progresso da XVI – todos podem reunir-se pacificamente, sem ar-
humanidade; mas, em locais abertos ao público, independentemente
• concessão de asilo político. de autorização, desde que não frustrem outra reunião
anteriormente convocada para o mesmo local, sendo
Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos: apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;
XVII – é plena a liberdade de associação para fins líci-
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de tos, vedada a de caráter paramilitar;
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos XVIII – a criação de associações e, na forma da lei,
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do di- a de cooperativas independem de autorização, sendo
reito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à vedada a interferência estatal em seu funcionamento;
propriedade, nos termos seguintes: XIX – as associações só poderão ser compulsoriamente
LEGISLAÇÃO JURÍDICA

I – homens e mulheres são iguais em direitos e obriga- dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por deci-
ções, nos termos desta Constituição; são judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito
II – ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer em julgado;
alguma coisa senão em virtude de lei; XX – ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a
III – ninguém será submetido a tortura nem a trata- permanecer associado;
mento desumano ou degradante; XXI – as entidades associativas, quando expressamen-
IV – é livre a manifestação do pensamento, sendo ve- te autorizadas, têm legitimidade para representar seus
dado o anonimato; filiados judicial ou extrajudicialmente;

1
XXII – é garantido o direito de propriedade; c) a soberania dos veredictos;
XXIII – a propriedade atenderá a sua função social; d) a competência para o julgamento dos crimes dolo-
XXIV – a lei estabelecerá o procedimento para desa- sos contra a vida;
propriação por necessidade ou utilidade pública, ou XXXIX – não há crime sem lei anterior que o defina,
por interesse social, mediante justa e prévia indeniza- nem pena sem prévia cominação legal;
ção em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta XL – a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar
Constituição; o réu;
XXV – no caso de iminente perigo público, a autorida- XLI – a lei punirá qualquer discriminação atentatória
de competente poderá usar de propriedade particular, dos direitos e liberdades fundamentais;
assegurada ao proprietário indenização ulterior, se XLII – a prática do racismo constitui crime inafiançável
houver dano; e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos
XXVI – a pequena propriedade rural, assim definida da lei;
em lei, desde que trabalhada pela família, não será XLIII – a lei considerará crimes inafiançáveis e insusce-
objeto de penhora para pagamento de débitos decor- tíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico
rentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e
os meios de financiar o seu desenvolvimento; os definidos como crimes hediondos, por eles respon-
XXVII – aos autores pertence o direito exclusivo de dendo os mandantes, os executores e os que, podendo
utilização, publicação ou reprodução de suas obras, evitá-los, se omitirem;
transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar; XLIV – constitui crime inafiançável e imprescritível a
XXVIII – são assegurados, nos termos da lei: ação de grupos armados, civis ou militares, contra a
a) a proteção às participações individuais em obras ordem constitucional e o Estado Democrático;
coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas, XLV – nenhuma pena passará da pessoa do conde-
inclusive nas atividades desportivas; nado, podendo a obrigação de reparar o dano e a
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econô- decretação do perdimento de bens ser, nos termos da
lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas,
mico das obras que criarem ou de que participarem
até o limite do valor do patrimônio transferido;
aos criadores, aos intérpretes e às respectivas repre-
XLVI – a lei regulará a individualização da pena e ado-
sentações sindicais e associativas;
tará, entre outras, as seguintes:
XXIX – a lei assegurará aos autores de inventos indus-
a) privação ou restrição da liberdade;
triais privilégio temporário para sua utilização, bem
b) perda de bens;
como proteção às criações industriais, à propriedade
c) multa;
das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos
d) prestação social alternativa;
distintivos, tendo em vista o interesse social e o desen- e) suspensão ou interdição de direitos;
volvimento tecnológico e econômico do País; XLVII – não haverá penas:
XXX – é garantido o direito de herança; a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos
XXXI – a sucessão de bens de estrangeiros situados no termos do art. 84, XIX;
País será regulada pela lei brasileira em benefício do b) de caráter perpétuo;
cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes c) de trabalhos forçados;
seja mais favorável a lei pessoal do de cujus; d) de banimento;
XXXII – o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa e) cruéis;
do consumidor; XLVIII – a pena será cumprida em estabelecimentos
XXXIII – todos têm direito a receber dos órgãos públi- distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade
cos informações de seu interesse particular, ou de in- e o sexo do apenado;
teresse coletivo ou geral, que serão prestadas no pra- XLIX – é assegurado aos presos o respeito à integrida-
zo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas de física e moral;
aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da L – às presidiárias serão asseguradas condições para
sociedade e do Estado; que possam permanecer com seus filhos durante o pe-
XXXIV – são a todos assegurados, independentemente ríodo de amamentação;
do pagamento de taxas: LI – nenhum brasileiro será extraditado, salvo o natu-
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa ralizado, em caso de crime comum, praticado antes
de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; da naturalização, ou de comprovado envolvimento
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na
para defesa de direitos e esclarecimento de situações forma da lei;
de interesse pessoal; LII – não será concedida extradição de estrangeiro por
XXXV – a lei não excluirá da apreciação do Poder Ju- crime político ou de opinião;
LEGISLAÇÃO JURÍDICA

diciário lesão ou ameaça a direito; LIII – ninguém será processado nem sentenciado se-
XXXVI – a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato não pela autoridade competente;
jurídico perfeito e a coisa julgada; LIV – ninguém será privado da liberdade ou de seus
XXXVII – não haverá juízo ou tribunal de exceção; bens sem o devido processo legal;
XXXVIII – é reconhecida a instituição do júri, com a LV – aos litigantes, em processo judicial ou adminis-
organização que lhe der a lei, assegurados: trativo, e aos acusados em geral são assegurados o
a) a plenitude de defesa; contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos
b) o sigilo das votações; a ela inerentes;

2
LVI – são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas b) para a retificação de dados, quando não se prefira
por meios ilícitos; fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administra-
LVII – ninguém será considerado culpado até o trânsi- tivo;
to em julgado de sentença penal condenatória; LXXIII – qualquer cidadão é parte legítima para propor
LVIII – o civilmente identificado não será submetido ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimô-
a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas nio público ou de entidade de que o Estado participe,
em lei; à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao
LIX – será admitida ação privada nos crimes de ação patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, sal-
pública, se esta não for intentada no prazo legal; vo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do
LX – a lei só poderá restringir a publicidade dos atos ônus da sucumbência;
processuais quando a defesa da intimidade ou o inte- LXXIV – o Estado prestará assistência jurídica integral
resse social o exigirem; e gratuita aos que comprovarem insuficiência de re-
LXI – ninguém será preso senão em flagrante delito ou cursos;
por ordem escrita e fundamentada de autoridade judi- LXXV – o Estado indenizará o condenado por erro ju-
ciária competente, salvo nos casos de transgressão mi- diciário, assim como o que ficar preso além do tempo
litar ou crime propriamente militar, definidos em lei; fixado na sentença;
LXII – a prisão de qualquer pessoa e o local onde se LXXVI – são gratuitos para os reconhecidamente po-
encontre serão comunicados imediatamente ao juiz bres, na forma da lei:
competente e à família do preso ou à pessoa por ele a) o registro civil de nascimento;
indicada; b) a certidão de óbito;
LXIII – o preso será informado de seus direitos, entre os LXXVII – são gratuitas as ações de habeas corpus e
quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada habeas data, e, na forma da lei, os atos necessários ao
a assistência da família e de advogado; exercício da cidadania;
LXIV – o preso tem direito à identificação dos respon- LXXVIII – a todos, no âmbito judicial e administrativo,
sáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial; são assegurados a razoável duração do processo e os
LXV – a prisão ilegal será imediatamente relaxada meios que garantam a celeridade de sua tramitação.
pela autoridade judiciária;
LXVI – ninguém será levado à prisão ou nela mantido, As normas definidoras dos direitos e garantias funda-
quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou mentais têm aplicação imediata.
sem fiança; Os direitos e garantias expressos nesta Constituição
LXVII – não haverá prisão civil por dívida, salvo a do não excluem outros decorrentes do regime e dos princí-
responsável pelo inadimplemento voluntário e ines- pios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em
cusável de obrigação alimentícia e a do depositário que a República Federativa do Brasil seja parte.
infiel; Os tratados e convenções internacionais sobre di-
LXVIII – conceder-se-á habeas corpus sempre que al- reitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do
guém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos
ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilega- votos dos respectivos membros, serão equivalentes às
lidade ou abuso de poder; emendas constitucionais.
LXIX – conceder-se-á mandado de segurança para O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal In-
proteger direito líquido e certo, não amparado por ternacional a cuja criação tenha manifestado adesão.
habeas corpus ou habeas data, quando o responsá- A Administração Pública na CF/88 segue a seguinte
vel pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade regra.
pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de
atribuições do Poder Público; Art. 37. A administração pública direta e indireta de
LXX – o mandado de segurança coletivo pode ser im- qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Dis-
petrado por: trito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios
a) partido político com representação no Congresso de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicida-
Nacional; de e eficiência e, também, ao seguinte:
b) organização sindical, entidade de classe ou associa- I – os cargos, empregos e funções públicas são aces-
ção legalmente constituída e em funcionamento há síveis aos brasileiros que preencham os requisitos es-
pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus tabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na
membros ou associados; forma da lei;
LXXI – conceder-se-á mandado de injunção sempre II – a investidura em cargo ou emprego público de-
que a falta de norma regulamentadora torne inviável pende de aprovação prévia em concurso público de
LEGISLAÇÃO JURÍDICA

o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e provas ou de provas e títulos, de acordo com a nature-
das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à sobera- za e a complexidade do cargo ou emprego, na forma
nia e à cidadania; prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo
LXXII – conceder-se-á habeas data: em comissão declarado em lei de livre nomeação e
a) para assegurar o conhecimento de informações re- exoneração;
lativas à pessoa do impetrante, constantes de registros III – o prazo de validade do concurso público será de
ou bancos de dados de entidades governamentais ou até dois anos, prorrogável uma vez, por igual período;
de caráter público; IV – durante o prazo improrrogável previsto no edital

3
de convocação, aquele aprovado em concurso público XVI – é vedada a acumulação remunerada de cargos
de provas ou de provas e títulos será convocado com públicos, exceto, quando houver compatibilidade de
prioridade sobre novos concursados para assumir car- horários, observado em qualquer caso o disposto no
go ou emprego, na carreira; inciso XI:
V – as funções de confiança, exercidas exclusivamente a) a de dois cargos de professor;
por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos b) a de um cargo de professor com outro, técnico ou
em comissão, a serem preenchidos por servidores de científico;
carreira nos casos, condições e percentuais mínimos c) a de dois cargos ou empregos privativos de profis-
previstos em lei, destinam-se apenas às atribuições de sionais de saúde, com profissões regulamentadas;
direção, chefia e assessoramento; XVII – a proibição de acumular estende-se a empregos
VI – é garantido ao servidor público civil o direito à e funções e abrange autarquias, fundações, empresas
livre associação sindical; públicas, sociedades de economia mista, suas subsi-
VII – o direito de greve será exercido nos termos e nos diárias, e sociedades controladas, direta ou indireta-
limites definidos em lei específica; mente, pelo poder público;
VIII – a lei reservará percentual dos cargos e empregos XVIII – a administração fazendária e seus servidores
públicos para as pessoas portadoras de deficiência e fiscais terão, dentro de suas áreas de competência e
definirá os critérios de sua admissão; jurisdição, precedência sobre os demais setores admi-
IX – a lei estabelecerá os casos de contratação por nistrativos, na forma da lei;
tempo determinado para atender a necessidade tem- XIX – somente por lei específica poderá ser criada au-
porária de excepcional interesse público; tarquia e autorizada a instituição de empresa pública,
X – a remuneração dos servidores públicos e o sub- de sociedade de economia mista e de fundação, ca-
sídio de que trata o § 4o do art. 39 somente poderão bendo à lei complementar, neste último caso, definir
ser fixados ou alterados por lei específica, observada a as áreas de sua atuação;
iniciativa privativa em cada caso, assegurada revisão XX – depende de autorização legislativa, em cada
caso, a criação de subsidiárias das entidades mencio-
geral anual, sempre na mesma data e sem distinção
nadas no inciso anterior, assim como a participação
de índices;
de qualquer delas em empresa privada;
XI – a remuneração e o subsídio dos ocupantes de
XXI – ressalvados os casos especificados na legislação,
cargos, funções e empregos públicos da administra-
as obras, serviços, compras e alienações serão con-
ção direta, autárquica e fundacional, dos membros
tratados mediante processo de licitação pública que
de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
assegure igualdade de condições a todos os concor-
Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de
rentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de
mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os
pagamento, mantidas as condições efetivas da pro-
proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, posta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as
percebidos cumulativamente ou não, incluídas as van- exigências de qualificação técnica e econômica indis-
tagens pessoais ou de qualquer outra natureza, não pensáveis à garantia do cumprimento das obrigações;
poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos XXII – as administrações tributárias da União, dos Es-
Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se tados, do Distrito Federal e dos Municípios, atividades
como limite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e essenciais ao funcionamento do Estado, exercidas por
nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal do servidores de carreiras específicas, terão recursos prio-
Governador no âmbito do Poder Executivo, o subsídio ritários para a realização de suas atividades e atuarão
dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Po- de forma integrada, inclusive com o compartilhamen-
der Legislativo e o subsídio dos Desembargadores do to de cadastros e de informações fiscais, na forma da
Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte lei ou convênio.
e cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em
espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e
no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter edu-
aos membros do Ministério Público, aos Procuradores cativo, informativo ou de orientação social, dela não po-
e aos Defensores Públicos; dendo constar nomes, símbolos ou imagens que carac-
XII – os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo terizem promoção pessoal de autoridades ou servidores
e do Poder Judiciário não poderão ser superiores aos públicos.
pagos pelo Poder Executivo; A não observância do disposto nos incisos II e III im-
XIII – é vedada a vinculação ou equiparação de quais- plicará a nulidade do ato e a punição da autoridade res-
quer espécies remuneratórias para o efeito de remu- ponsável, nos termos da lei.
LEGISLAÇÃO JURÍDICA

neração de pessoal do serviço público; A lei disciplinará as formas de participação do usuá-


XIV – os acréscimos pecuniários percebidos por servi- rio na administração pública direta e indireta, regulando
dor público não serão computados nem acumulados especialmente:
para fins de concessão de acréscimos ulteriores; • as reclamações relativas à prestação dos serviços
XV – o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de públicos em geral, asseguradas a manutenção de
cargos e empregos públicos são irredutíveis, ressalva- serviços de atendimento ao usuário e a avaliação
do o disposto nos incisos XI e XIV deste artigo e nos periódica, externa e interna, da qualidade dos ser-
arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; viços;

4
• o acesso dos usuários a registros administrativos e Art. 38. Ao servidor público da administração direta,
a informações sobre atos de governo, observado o autárquica e fundacional, no exercício de mandato
disposto no art. 5º, X e XXXIII; eletivo, aplicam-se as seguintes disposições:
• a disciplina da representação contra o exercício ne- I – tratando-se de mandato eletivo federal, estadual
gligente ou abusivo de cargo, emprego ou função ou distrital, ficará afastado de seu cargo, emprego ou
na administração pública. função;
II – investido no mandato de Prefeito, será afastado do
Os atos de improbidade administrativa importarão a cargo, emprego ou função, sendo-lhe facultado optar
suspensão dos direitos políticos, a perda da função pú- pela sua remuneração;
blica, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao III – investido no mandato de Vereador, havendo com-
erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo patibilidade de horários, perceberá as vantagens de
da ação penal cabível. seu cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remu-
A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilíci- neração do cargo eletivo, e, não havendo compatibili-
tos praticados por qualquer agente, servidor ou não, que dade, será aplicada a norma do inciso anterior;
causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas IV – em qualquer caso que exija o afastamento para
ações de ressarcimento. o exercício de mandato eletivo, seu tempo de serviço
As pessoas jurídicas de direito público e as de direi- será contado para todos os efeitos legais, exceto para
to privado prestadoras de serviços públicos responderão promoção por merecimento;
pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causa- V – para efeito de benefício previdenciário, no caso de
rem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra afastamento, os valores serão determinados como se
o responsável nos casos de dolo ou culpa. no exercício estivesse.
A lei disporá sobre os requisitos e as restrições ao
ocupante de cargo ou emprego da administração direta Dos Servidores Públicos
e indireta que possibilite o acesso a informações privile-
A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
giadas.
instituirão conselho de política de administração e remu-
A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos
neração de pessoal, integrado por servidores designados
órgãos e entidades da administração direta e indireta po-
pelos respectivos Poderes.
derá ser ampliada mediante contrato, a ser firmado entre
A fixação dos padrões de vencimento e dos demais
seus administradores e o poder público, que tenha por
componentes do sistema remuneratório observará:
objeto a fixação de metas de desempenho para o órgão
• a natureza, o grau de responsabilidade e a comple-
ou entidade, cabendo à lei dispor sobre:
xidade dos cargos componentes de cada carreira;
• o prazo de duração do contrato; • os requisitos para a investidura;
• os controles e critérios de avaliação de desempe- • as peculiaridades dos cargos.
nho, direitos, obrigações e responsabilidade dos
dirigentes; A União, os Estados e o Distrito Federal manterão es-
• a remuneração do pessoal. colas de governo para a formação e o aperfeiçoamento
dos servidores públicos, constituindo-se a participação
O disposto no inciso XI aplica-se às empresas públi- nos cursos um dos requisitos para a promoção na car-
cas e às sociedades de economia mista, e suas subsidiá- reira, facultada, para isso, a celebração de convênios ou
rias, que receberem recursos da União, dos Estados, do contratos entre os entes federados.
Distrito Federal ou dos Municípios para pagamento de Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público
despesas de pessoal ou de custeio em geral. o disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII,
É vedada a percepção simultânea de proventos de XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei estabelecer re-
aposentadoria decorrentes do art. 40 ou dos arts. 42 e quisitos diferenciados de admissão quando a natureza
142 com a remuneração de cargo, emprego ou função do cargo o exigir.
pública, ressalvados os cargos acumuláveis na forma des- O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo,
ta Constituição, os cargos eletivos e os cargos em comis- os Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e Mu-
são declarados em lei de livre nomeação e exoneração. nicipais serão remunerados exclusivamente por subsídio
Não serão computadas, para efeito dos limites remu- fixado em parcela única, vedado o acréscimo de qualquer
neratórios de que trata o inciso XI do caput do art. 37, da gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de repre-
CF, as parcelas de caráter indenizatório previstas em lei. sentação ou outra espécie remuneratória, obedecido, em
Para os fins do disposto no inciso XI do caput do art. qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI.
37, da CF, fica facultado aos Estados e ao Distrito Fede- Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
ral fixar, em seu âmbito, mediante emenda às respectivas Municípios poderá estabelecer a relação entre a maior e
LEGISLAÇÃO JURÍDICA

Constituições e Lei Orgânica, como limite único, o subsí- a menor remuneração dos servidores públicos, obedeci-
dio mensal dos Desembargadores do respectivo Tribunal do, em qualquer caso, o disposto no art. 37, XI.
de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco cen- Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário publica-
tésimos por cento do subsídio mensal dos Ministros do rão anualmente os valores do subsídio e da remuneração
Supremo Tribunal Federal, não se aplicando o disposto o dos cargos e empregos públicos.
aqui comentado aos subsídios dos Deputados Estaduais Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
e Distritais e dos Vereadores. Municípios disciplinará a aplicação de recursos orçamen-
tários provenientes da economia com despesas corren-

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tes em cada órgão, autarquia e fundação, para aplica- funções de magistério na educação infantil e no ensino
ção no desenvolvimento de programas de qualidade e fundamental e médio.
produtividade, treinamento e desenvolvimento, moder- Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos car-
nização, reaparelhamento e racionalização do serviço gos acumuláveis na forma desta Constituição, é vedada
público, inclusive sob a forma de adicional ou prêmio de a percepção de mais de uma aposentadoria à conta do
produtividade. regime de previdência supra citado.
Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, § 7o Lei disporá sobre a concessão do benefício de
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluí- pensão por morte, que será igual:
das suas autarquias e fundações, é assegurado regime de • ao valor da totalidade dos proventos do servidor
previdência de caráter contributivo e solidário, mediante falecido, até o limite máximo estabelecido para os
contribuição do respectivo ente público, dos servidores benefícios do regime geral de previdência social
ativos e inativos e dos pensionistas, observados critérios de que trata o art. 201, acrescido de setenta por
que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o dis- cento da parcela excedente a este limite, caso apo-
posto neste artigo. sentado à data do óbito; ou
Conforme art. 40, § 1º, da CF, os servidores abrangi- • ao valor da totalidade da remuneração do servidor
dos pelo regime de previdência de que trata neste as- no cargo efetivo em que se deu o falecimento, até
sunto serão aposentados, calculados os seus proventos a o limite máximo estabelecido para os benefícios
partir dos valores fixados na Constituição Federal: do regime geral de previdência social de que trata
o art. 201, acrescido de setenta por cento da par-
I – por invalidez permanente, sendo os proventos pro- cela excedente a este limite, caso em atividade na
porcionais ao tempo de contribuição, exceto se decor- data do óbito.
rente de acidente em serviço, moléstia profissional ou
doença grave, contagiosa ou incurável, na forma da É assegurado o reajustamento dos benefícios para
lei; preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, con-
II – compulsoriamente, com proventos proporcionais forme critérios estabelecidos em lei.
ao tempo de contribuição, aos 70 (setenta) anos de O tempo de contribuição federal, estadual ou munici-
idade, ou aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, na pal será contado para efeito de aposentadoria e o tempo
forma de lei complementar; de serviço correspondente para efeito de disponibilida-
III – voluntariamente, desde que cumprido tempo mí- de.
nimo de dez anos de efetivo exercício no serviço pú- A lei não poderá estabelecer qualquer forma de con-
blico e cinco anos no cargo efetivo em que se dará a tagem de tempo de contribuição fictício.
aposentadoria, observadas as seguintes condições: Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma total
a) sessenta anos de idade e trinta e cinco de contribui- dos proventos de inatividade, inclusive quando decor-
ção, se homem, e cinquenta e cinco anos de idade e rentes da acumulação de cargos ou empregos públicos,
trinta de contribuição, se mulher; bem como de outras atividades sujeitas a contribuição
b) sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessen- para o regime geral de previdência social, e ao montan-
ta anos de idade, se mulher, com proventos proporcio- te resultante da adição de proventos de inatividade com
nais ao tempo de contribuição. remuneração de cargo acumulável na forma desta Cons-
tituição, cargo em comissão declarado em lei de livre no-
Os proventos de aposentadoria e as pensões, por meação e exoneração, e de cargo eletivo.
ocasião de sua concessão, não poderão exceder a remu- Além do disposto neste artigo, o regime de previdên-
neração do respectivo servidor, no cargo efetivo em que cia dos servidores públicos titulares de cargo efetivo ob-
se deu a aposentadoria ou que serviu de referência para servará, no que couber, os requisitos e critérios fixados
a concessão da pensão. para o regime geral de previdência social.
Para o cálculo dos proventos de aposentadoria, por Ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo em
ocasião da sua concessão, serão consideradas as remu- comissão declarado em lei de livre nomeação e exone-
nerações utilizadas como base para as contribuições do ração bem como de outro cargo temporário ou de em-
servidor aos regimes de previdência, na forma da lei. prego público, aplica-se o regime geral de previdência
É vedada a adoção de requisitos e critérios diferencia- social.
dos para a concessão de aposentadoria aos abrangidos A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municí-
pelo regime de que trata este artigo, ressalvados, nos pios, desde que instituam regime de previdência com-
termos definidos em leis complementares, os casos de plementar para os seus respectivos servidores titulares
servidores: de cargo efetivo, poderão fixar, para o valor das aposen-
• portadores de deficiência; tadorias e pensões a serem concedidas pelo regime de
que trata este artigo, o limite máximo estabelecido para
LEGISLAÇÃO JURÍDICA

• que exerçam atividades de risco;


• cujas atividades sejam exercidas sob condições es- os benefícios do regime geral de previdência social de
peciais que prejudiquem a saúde ou a integridade que trata o art. 201.
física. O regime de previdência complementar de que tra-
ta o texto acima será instituído por lei de iniciativa do
Os requisitos de idade e de tempo de contribuição respectivo Poder Executivo, observado o disposto no art.
serão reduzidos em cinco anos para o professor que 202 e seus parágrafos, no que couber, por intermédio
comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício das de entidades fechadas de previdência complementar, de

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natureza pública, que oferecerão aos respectivos partici- A lei estadual poderá criar, mediante proposta do Tri-
pantes planos de benefícios somente na modalidade de bunal de Justiça, a Justiça Militar estadual, constituída,
contribuição definida. em primeiro grau, pelos juízes de direito e pelos Conse-
Somente mediante sua prévia e expressa opção, o lhos de Justiça e, em segundo grau, pelo próprio Tribunal
disposto nos dois parágrafos acima, poderá ser aplicado de Justiça, ou por Tribunal de Justiça Militar nos Estados
ao servidor que tiver ingressado no serviço público até a em que o efetivo militar seja superior a vinte mil inte-
data da publicação do ato de instituição do correspon- grantes.
dente regime de previdência complementar. Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar
Todos os valores de remuneração considerados para os militares dos Estados, nos crimes militares definidos
o cálculo do benefício previsto na CF serão devidamente em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares mili-
atualizados, na forma da lei. tares, ressalvada a competência do júri quando a vítima
Incidirá contribuição sobre os proventos de aposen- for civil, cabendo ao tribunal competente decidir sobre a
tadorias e pensões concedidas pelo regime de que trata perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação
este artigo que superem o limite máximo estabelecido das praças.
para os benefícios do regime geral de previdência social Compete aos juízes de direito do juízo militar proces-
de que trata o art. 201, com percentual igual ao estabele- sar e julgar, singularmente, os crimes militares cometidos
cido para os servidores titulares de cargos efetivos. contra civis e as ações judiciais contra atos disciplinares
O servidor que tenha completado as exigências para militares, cabendo ao Conselho de Justiça, sob a presi-
aposentadoria voluntária estabelecidas no § 1º, III, “a”, dência de juiz de direito, processar e julgar os demais
e que opte por permanecer em atividade fará jus a um crimes militares.
abono de permanência equivalente ao valor da sua con- O Tribunal de Justiça poderá funcionar descentraliza-
tribuição previdenciária até completar as exigências para damente, constituindo Câmaras regionais, a fim de asse-
aposentadoria compulsória contidas no § 1º, II. gurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas
Fica vedada a existência de mais de um regime pró- as fases do processo.
prio de previdência social para os servidores titulares de O Tribunal de Justiça instalará a justiça itinerante, com
cargos efetivos, e de mais de uma unidade gestora do a realização de audiências e demais funções da atividade
respectivo regime em cada ente estatal, ressalvado o dis- jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdi-
posto no art. 142, § 3º, X. ção, servindo-se de equipamentos públicos e comunitá-
A contribuição prevista na CF incidirá apenas sobre as rios.
parcelas de proventos de aposentadoria e de pensão que
Para dirimir conflitos fundiários, o Tribunal de Justiça
superem o dobro do limite máximo estabelecido para os
proporá a criação de varas especializadas, com compe-
benefícios do regime geral de previdência social de que
tência exclusiva para questões agrárias.
trata o art. 201 desta Constituição, quando o beneficiário,
Sempre que necessário à eficiente prestação jurisdi-
na forma da lei, for portador de doença incapacitante.
cional, o juiz far-se-á presente no local do litígio.
Os membros das Polícias Militares e Corpos de Bom-
A segurança pública, dever do Estado, direito e res-
beiros Militares, instituições organizadas com base na
ponsabilidade de todos, é exercida para a preservação
hierarquia e disciplina, são militares dos Estados, do Dis-
trito Federal e dos Territórios. da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do
Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito Fe- patrimônio, através dos seguintes órgãos:
deral e dos Territórios, além do que vier a ser fixado em • polícia federal;
lei, as disposições do art. 14, § 8º; do art. 40, § 9º; e do art. • polícia rodoviária federal;
142, §§ 2º e 3º, cabendo a lei estadual específica dispor • polícia ferroviária federal;
sobre as matérias do art. 142, § 3º, inciso X, sendo as • polícias civis;
patentes dos oficiais conferidas pelos respectivos gover- • polícias militares e corpos de bombeiros militares.
nadores.
Aos pensionistas dos militares dos Estados, do Distri- A polícia federal, instituída por lei como órgão per-
to Federal e dos Territórios aplica-se o que for fixado em manente, organizado e mantido pela União e estrutura-
lei específica do respectivo ente estatal. do em carreira, destina-se a:
À Justiça Militar compete processar e julgar os crimes • apurar infrações penais contra a ordem política e
militares definidos em lei. social ou em detrimento de bens, serviços e inte-
A lei disporá sobre a organização, o funcionamento e resses da União ou de suas entidades autárquicas
a competência da Justiça Militar. e empresas públicas, assim como outras infrações
Dos Tribunais e Juízes dos Estados. cuja prática tenha repercussão interestadual ou in-
Os Estados organizarão sua Justiça, observados os ternacional e exija repressão uniforme, segundo se
princípios estabelecidos nesta Constituição. dispuser em lei;
• prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecen-
LEGISLAÇÃO JURÍDICA

A competência dos tribunais será definida na Consti-


tuição do Estado, sendo a lei de organização judiciária de tes e drogas afins, o contrabando e o descaminho,
iniciativa do Tribunal de Justiça. sem prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos
Cabe aos Estados a instituição de representação de públicos nas respectivas áreas de competência;
inconstitucionalidade de leis ou atos normativos esta- • exercer as funções de polícia marítima, aeropor-
duais ou municipais em face da Constituição Estadual, tuária e de fronteiras;
vedada a atribuição da legitimação para agir a um único • exercer, com exclusividade, as funções de polícia
órgão. judiciária da União.

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A polícia rodoviária federal, órgão permanente, orga- tempo de serviço contado apenas para aquela promo-
nizado e mantido pela União e estruturado em carreira, ção e transferência para a reserva e será, depois de dois
destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo anos de afastamento, contínuos ou não, transferido para
das rodovias federais. a inatividade.
A polícia ferroviária federal, órgão permanente, orga- Ao militar são proibidas a sindicalização e a greve.
nizado e mantido pela União e estruturado em carreira, O militar, enquanto em efetivo serviço, não pode es-
destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo tar filiado a partidos políticos.
das ferrovias federais. O Oficial somente perderá o posto e a patente se for
Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de julgado indigno do oficialato ou com ele incompatível,
carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, por decisão do Tribunal de Justiça Militar, ou de tribunal
as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações especial, em tempo de guerra, e a lei especificará os ca-
penais, exceto as militares. sos de submissão a processo e o rito deste.
Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a O militar condenado na Justiça, comum ou militar,
preservação da ordem pública; aos corpos de bombeiros a pena privativa de liberdade superior a dois anos, por
militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe sentença transitada em julgado, será submetido ao jul-
a execução de atividades de defesa civil. gamento previsto no parágrafo anterior.
As polícias militares e corpos de bombeiros militares, Os direitos, deveres, garantias e vantagens do servi-
forças auxiliares e reserva do Exército, subordinam-se, dor militar e as normas sobre admissão, promoção, es-
juntamente com as polícias civis, aos Governadores dos tabilidade, limites de idade e condições de transferência
Estados, do Distrito Federal e dos Territórios. para a inatividade serão estabelecidos no estatuto.
A lei disciplinará a organização e o funcionamento Os militares da mesma patente perceberão os mes-
dos órgãos responsáveis pela segurança pública, de ma- mos vencimentos e vantagens, excetuadas as provenien-
neira a garantir a eficiência de suas atividades. tes de cursos ou tempo de serviço.
Os Municípios poderão constituir guardas municipais Aos pensionistas dos militares aplica-se o que for fi-
xado em lei complementar específica.
destinadas à proteção de seus bens, serviços e instala-
A Justiça Militar é constituída, em primeiro grau, pe-
ções, conforme dispuser a lei.
los Juízes de Direito e pelos Conselhos de Justiça e, em
A remuneração dos servidores policiais integrantes
segundo grau, pelo Tribunal de Justiça Militar.
dos órgãos aqui relacionados será fixado nos termos da
O Tribunal de Justiça Militar, com sede na Capital e
Constituição Federal.
jurisdição em todo o território do Estado, compõe-se de
A segurança viária, exercida para a preservação da
juízes Oficiais da ativa, do mais alto posto da Polícia Mi-
ordem pública e da incolumidade das pessoas e do seu
litar ou do Corpo de Bombeiros Militar, e de juízes civis,
patrimônio nas vias públicas: em número ímpar, fixado na Lei de Organização e Divi-
• compreende a educação, engenharia e fiscalização são Judiciárias, excedendo o número de juízes Oficiais ao
de trânsito, além de outras atividades previstas em de juízes civis em uma unidade.
lei, que assegurem ao cidadão o direito à mobilida- Os juízes Oficiais da ativa e os integrantes do quinto
de urbana eficiente; e constitucional serão nomeados por ato do Governador
• compete, no âmbito dos Estados, do Distrito Fe- do Estado, obedecendo-se a regra da Constituição Es-
deral e dos Municípios, aos respectivos órgãos ou tadual.
entidades executivos e seus agentes de trânsito, O Juiz do Tribunal de Justiça Militar e o Juiz Auditor
estruturados em Carreira, na forma da lei. gozam, respectivamente, dos mesmos direitos e vanta-
gens do Desembargador e do Juiz de Direito de entrân-
cia mais elevada e sujeitam-se às mesmas vedações.
CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DE MINAS GE- O subsídio do Juiz do Tribunal de Justiça Militar e o do
RAIS DE 1989: ARTS. 39, 109 A 111. Juiz Auditor serão fixados em lei, observado o disposto
na Constituição Estadual.
A lei estabelecerá as condições em que a praça per-
São militares do Estado os integrantes da Polícia Mi- derá a graduação, observado o disposto no art. 111, da
litar e do Corpo de Bombeiros Militar, que serão regidos Constituição do Estado de Minas Gerais.
por estatuto próprio estabelecido em lei complementar.
As patentes, com prerrogativas, direitos e deveres a Art. 111 – Compete à Justiça Militar processar e julgar
elas inerentes, são asseguradas em plenitude aos Oficiais os militares do Estado, nos crimes militares definidos
da ativa, da reserva ou reformados, sendo-lhes privativos em lei, e as ações contra atos administrativos disci-
os títulos, postos e uniforme militares. plinares militares, ressalvada a competência do júri
As patentes dos Oficiais são conferidas pelo Gover- quando a vítima for civil, cabendo ao Tribunal de Jus-
nador do Estado.
LEGISLAÇÃO JURÍDICA

tiça Militar decidir sobre a perda do posto e da patente


O militar em atividade que aceitar cargo ou emprego de oficial e da graduação de praça.
público permanentes será transferido para a reserva. Parágrafo único – Compete aos Juízes de Direito do
O militar da ativa que aceitar cargo, emprego ou fun- Juízo Militar processar e julgar, singularmente, os cri-
ção públicos temporários, não eletivos, ainda que de en- mes militares cometidos contra civis e as ações judi-
tidade da administração indireta, ficará agregado ao res- ciais contra atos disciplinares militares, cabendo ao
pectivo quadro e, enquanto permanecer nessa situação, Conselho de Justiça, sob a presidência de Juiz de Di-
somente poderá ser promovido por antiguidade, terá seu reito, processar e julgar os demais crimes militares.

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DECRETO-LEI Nº 1.001, DE 21/10/69 - CÓDIGO PENAL MILITAR: ARTS. 9º, 149 A 166, 187 A 203,
205 A 231, 240 A 266 E 298 A 334.

O art. 9º, do CPM, diz que: consideram-se crimes militares, em tempo de paz:

I – os crimes de que trata este Código, quando definidos de modo diverso na lei penal comum, ou nela não previstos,
qualquer que seja o agente, salvo disposição especial;

Embriaguez em serviço:
Art. 202. Embriagar-se o militar, quando em serviço, ou apresentar-se embriagado para prestá-lo.

Dormir em serviço:
Art. 203. Dormir o militar, quando em serviço, como oficial de quarto ou de ronda, ou em situação equivalente, ou,
não sendo oficial, em serviço de sentinela, vigia, plantão às máquinas, ao leme, de ronda ou em qualquer serviço de
natureza semelhante.

Insubmissão:
Art. 183. Deixar de apresentar-se o convocado à incorporação, dentro do prazo que lhe foi marcado, ou, apresentando-
-se, ausentar-se antes do ato oficial de incorporação:
Pena – impedimento, de três meses a um ano.”

Até aqui é apenas leitura do texto de lei.


Porém, vamos a algumas perguntas:

Esta pergunta é fácil de responder. Independente do crime, vamos ao art. 9, II, do CPM:
Consideram-se crimes militares, também, em tempo de paz:
LEGISLAÇÃO JURÍDICA

II – os crimes previstos neste Código e os previstos na legislação penal, quando praticados:


a) por militar em situação de atividade ou assemelhado contra militar da mesma situação ou assemelhado;
Sujeito ativo: militar da ativa.
Sujeito passivo: militar da ativa.
Observação necessária: o termo assemelhado (art. 21, do CPM) não existe mais no universo jurídico desde a edição
do Decreto nº 23.203/1947.
b) por militar em situação de atividade ou assemelhado, em lugar sujeito à administração militar, contra militar da
reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil;

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Sujeito ativo: militar da ativa.
Circunstância: lugar sujeito a administração militar.
Sujeito passivo: civil, militar da reserva, militar reformado.
c) por militar em serviço ou atuando em razão da função, em comissão de natureza militar, ou em formatura, ainda
que fora do lugar sujeito à administração militar contra militar da reserva, ou reformado, ou civil;
Sujeito ativo: militar da ativa.
Circunstância: serviço, razão da função, comissão, formatura.
Sujeito passivo: civil, militar da reserva, militar reformado.
d) por militar durante o período de manobras ou exercício, contra militar da reserva, ou reformado, ou assemelhado,
ou civil;
Sujeito ativo: militar da ativa.
Circunstância: período de manobras.
Sujeito passivo: civil, militar da reserva, militar reformado.
e) por militar em situação de atividade, ou assemelhado, contra o patrimônio sob a administração militar, ou a ordem
administrativa militar.
Sujeito ativo: militar da ativa.
Sujeito passivo: patrimônio sob a administração militar, ordem administrativa militar.

A resposta está no art. 9º, III, do CPM.


Os crimes praticados por militar da reserva, ou reformado, ou por civil, contra as instituições militares, considerando
se como tais não só os compreendidos acima, nos seguintes casos:
a) contra o patrimônio sob a administração militar, ou contra a ordem administrativa militar;
Sujeito ativo: civil, militar da reserva, militar reformado.
Sujeito passivo: patrimônio sob a administração militar, ordem administrativa militar.

b) em lugar sujeito à administração militar contra militar em situação de atividade ou assemelhado, ou contra funcio-
nário de Ministério militar ou da Justiça Militar, no exercício de função inerente ao seu cargo;
Sujeito ativo: civil, militar da reserva, militar reformado.
Circunstâncias: lugar sujeito a administração militar.
Sujeito passivo: militar da ativa, funcionário de ministério militar ou justiça militar no exercício de função.

c) contra militar em formatura, ou durante o período e prontidão, vigilância, observação, exploração, exercício, acam-
pamento, acantonamento ou manobras;
Sujeito ativo: civil, militar da reserva, militar reformado.
Circunstâncias: formatura, prontidão, vigilância, observação, exploração, acampamento, acantonamento, manobras.
Sujeito passivo: militar.

d) ainda que fora do lugar sujeito à administração militar, contra militar em função de natureza militar, ou no desem-
penho de serviço de vigilância, garantia e preservação de ordem pública, administrativa ou jurídica, quando legal-
mente requisitado para aquele fim, ou em obediência à determinação legal superior.
Sujeito ativo: civil, militar da reserva, militar reformado.
Sujeito passivo: militar em função de natureza militar desempenhando serviço de vigilância quando legalmente re-
quisitado ou em obediência a determinação legal superior.
A Lei nº 13.491, de 2017, alterou o CPM no sentido de que:
LEGISLAÇÃO JURÍDICA

Então destacaremos essas mudanças, nos parágrafos do art. 9º, do CPM:

FIQUE ATENTO!
§ 1º Os crimes de que trata este artigo (artigo 9), quando dolosos contra a vida e cometidos por militares
contra civil, serão da competência do Tribunal do Júri.

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Compete à justiça militar processar e julgar os crimes propriamente militares e os impropriamente militares.
São julgados pela Justiça Militar da União os militares das Forças Armadas (Marinha, Exército e Aeronáutica) e civis.
A Justiça Militar dos Estados julga os integrantes da Polícia Militar e Corpo de Bombeiro Militar, exceto os crimes do-
losos contra a vide de civil.
Temos que definir os crimes propriamente e impropriamente militares. A lei não define, não relaciona ou diz quais são
os crimes propriamente ou impropriamente militares.
Cabe a doutrina definir.
Crime propriamente militar é aquele definido somente no Código Penal Militar e que apenas pode ser praticado por
militar. Por exemplo, dormir em serviço, deserção. Todavia, é importante destacar que insubmissão é um crime defi-
nido apenas no Código Penal Militar e que somente civil pode ser agente, conforme tipificado no art. 183, do CPM.

Art. 183. Deixar de apresentar-se o convocado à incorporação, dentro do prazo que lhe foi marcado, ou, apresentando-
-se, ausentar-se antes do ato oficial de incorporação.

Crime impropriamente militar é aquele que apesar de estar tipificado no Código Penal Militar pode ser agente militar
ou civil. São os crimes de lesão corporal, estelionato, dentre outros.
LEGISLAÇÃO JURÍDICA

Os crimes contra a autoridade ou disciplina militar são aqueles que tutelam a hierarquia e a disciplina, bem como os
valores de respeito com os símbolos nacionais, e estudaremos os seguintes capítulos do Código Penal Militar:

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- motim e revolta;
- aliciação e incitamento;
- violência contra superior ou militar de serviço;
- desrespeito a superior e a símbolo nacional ou farda;
- insubordinação;
- usurpação e excesso ou abuso de autoridade;
- resistência; e
- fuga, evasão, arrebatamento e amotinamento de preso.

Vamos estudar os crimes mais exigidos em provas de concursos.

O crime de motim está prescrito no art. 149, do CPM, e o crime de revolta está no parágrafo único deste mesmo
artigo.
O crime de motim é:

Art. 149. Reunirem-se militares ou assemelhados:


I – contra a ordem recebida de superior ou negando-se a cumpri-la;
II – recusando obediência a superior, quando estejam agindo sem ordem ou praticando violência;
III – assentindo em recusa conjunta de obediência, ou em resistência ou violência, em comum, contra superior;
IV – ocupando quartel, fortaleza, arsenal, fábrica ou estabelecimento militar, ou dependência de qualquer deles,
hangar, aeródromo ou aeronave, navio ou viatura militar, ou utilizando-se de qualquer daqueles locais ou meios de
transporte, para ação militar, ou prática de violência em desobediência à ordem superior ou em detrimento da ordem
ou da disciplina militar.

O assemelhado, servidor civil que estava sujeito à disciplina militar, não tem previsão legal atualmente. Portanto,
todas as vezes em que encontrarmos o assemelhado no CPM, vamos deixar de lado e focar no termo MILITAR.
Sendo assim, se os militares se reunirem para tratar de uma das quatro circunstâncias descritas nos incisos do art.
149, praticarão crime de motim.
LEGISLAÇÃO JURÍDICA

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Observe a pena para o crime de motim: Art. 158. Praticar violência contra oficial de dia, de
Pena - reclusão, de quatro a oito anos, com aumento serviço, ou de quarto, ou contra sentinela, vigia ou
de um terço para os cabeças. plantão:
Quem são os cabeças? Pena – reclusão, de três a oito anos.
O art. 53, do CPM, ao tratar de concurso de agentes,
em seus §§ 4º e 5º, dispõe o seguinte: Sujeito ativo poderá ser qualquer pessoa.
Na prática de crime de autoria coletiva necessária, re- Porém o sujeito passivo, como exige no tipo penal,
putam-se cabeças os que dirigem, provocam, instigam deve ser Oficial de dia, Oficial de serviço ou Oficial de
ou excitam a ação. quarto, ou, ainda, sentinela, vigia ou plantão.
Quando o crime é cometido por inferiores e um ou São formas qualificadas:
mais oficiais, são estes considerados cabeças, assim Se a violência é praticada com arma, a pena é aumen-
como os inferiores que exercem função de oficial. tada de um terço.
O crime de revolta é a forma qualificada do crime de Se a violência resulta lesão corporal, aplica-se, além
motim. da pena da violência, a do crime contra a pessoa.
Observe, revolta: Se da violência resulta morte, a pena será de reclusão,
Parágrafo único - Se os agentes estavam armados: de 12 a 30 anos.
Pena – reclusão, de oito a vinte anos, com aumento de Conforme decisão do TJM/RS, comete o crime descri-
um terço para os cabeças. to no artigo 158, § 3º, o militar que desfere, contra seu
oficial de serviço, seis tiros de revólver, pelas costas, cau-
A distinção entre o motim e a revolta é que no primei- sando-lhe a morte.
ro a reunião é sem armas e, no segundo, a condição para Conforme descrito no art. 160, do CPM:
configuração do delito é que o grupamento de militares
esteja armado. Art. 160. Desrespeitar superior diante de outro militar:
Sujeito ativo: Pena – detenções de três meses a um ano, se o fato
Crime plurissubjetivo, necessidade de no mínimo 2 não constitui crime mais grave.
militares.
Exemplo: O desrespeito consiste na falta de consideração, de
Uma companhia que recebe ordem para instrução ou respeito, de acatamento, praticada pelo subordinado na
outra atividade e, em vez de obedecê-la, dirige-se, sem relação com seu superior hierárquico, na presença de ou-
ordem ou autorização, à sede do Comando para apre- tro militar e desde que o fato não constitua crime mais
sentação de suas reivindicações. grave.
O crime de violência contra superior está previsto no Conforme decisão do TJM/MG, o soldado que, com
art. 157, do CPM. palavras insolentes e desdenhosas, desrespeita o cabo,
na presença de outros militares, fica incurso nas sanções
Art. 157. Praticar violência contra superior: do artigo 160 do CPM.
Pena – detenção, de três meses a dois anos. O Parágrafo único do artigo em comento, apresenta
circunstância qualificadora:
Sujeito ativo é o subordinado hierárquico. Se o fato é praticado contra o comandante da unida-
A autoridade do superior hierárquico agredido é ma- de a que pertence o agente, oficial general, oficial de dia,
culada perante o subordinado ou terceiros que tenham de serviço ou de quarto, a pena é aumentada da metade.
presenciado ou tomado conhecimento do fato. A obediência que trata o art. 163, do CPM, é a expres-
Violência = força física, próprio corpo ou objeto. são da vontade do superior dirigida a um ou mais su-
bordinados determinados para que cumpram com uma
Exemplo: prestação ou abstenção no interesse do serviço.
Empurrão, bofetada, arrancar distintivo, bater com
um objeto. Art. 163. Recusar obedecer à ordem do superior sobre
São formas qualificadas: assunto ou matéria de serviço, ou relativamente a de-
ver imposto em lei, regulamento ou instrução:
§1º Se o superior é comandante da unidade a que per- Pena – detenção, de um a dois anos, se o fato não
tence o agente ou oficial general: constitui crime mais grave.
Pena – reclusão, de três a nove anos.
§2º Se a violência é praticada com arma, a pena é A ordem que trata o texto legal deve ser imperativa,
aumentada de um terço. uma exigência para o subordinado; pessoal, dirigida a
um ou mais subordinados, descartando as ordens de ca-
LEGISLAÇÃO JURÍDICA

Conforme decisão do TJM/RS o delito foi configurado ráter geral, que constitui transgressão disciplinar; e, por
no caso concreto em que o soldado que agride e ofende fim, concreta, pois o cumprimento da ordem não deve
um cabo comete violência contra superior, ainda que da estar sujeito à apreciação do subordinado.
agressão não resultem lesões corporais na vítima. Este crime, definido no art. 164, do CPM, assemelha
Este crime, violência contra mitar de serviço, está dis- com o crime de desrespeito a superior. Aqui o desrespei-
posto no art. 158, do CPM: to é com a sentinela.

Art. 164. Opor-se às ordens da sentinela:

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Pena – detenção, de seis meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave.

Diferente do crime de motim, o crime de reunião ilícita os militares apenas discutem ato de superior ou assunto
atinente à disciplina militar.
Art. 165. Promover a reunião de militares, ou nela tomar parte, para discussão de ato de superior ou assunto atinente
à disciplina militar:
Pena – detenção, de seis meses a um ano a quem promove a reunião, de dois a seis meses a quem dela participa, se
o fato, não constitui crime mais grave.

Um dos crimes mais exigidos em concursos públicos, a deserção, é delito contra o serviço militar.
Art. 187. Ausentar-se militar, sem licença, da unidade em que serve, ou de lugar em que deve permanecer, por mais
de oito dias:
Pena – detenção, de seis meses a dois anos; se oficial, a pena é agravada.
Na mesma pena incorre o militar que:
I – não se apresenta no lugar designado, dentro de oito dias, findo o prazo de transito ou férias;
II – deixa de se apresentar à autoridade competente, dentro do prazo de oito dias contado daquele em que termina ou
é cassada a licença ou agregação ou em que é declarado o estado de sítio ou de guerra;
III – tendo cumprido a pena, deixa de se apresentar dentro do prazo de oito dias;
IV – consegue exclusão do serviço ativo ou situação inatividade, criando ou simulando incapacidade.

A deserção somente se consuma depois de transcorridos oito dias após a ausência do militar.

Antes desse prazo não haverá militar desertor e sim, militar ausente, que é definido como transgressão disciplinar
nos termos dos regulamentos de cada força singular (Marinha, Exército e Aeronáutica) e das forças auxiliares (Polícia
Militar e Bombeiro Militar).
A contagem do prazo de graça inicia-se no dia seguinte ao dia da verificação da ausência, enquanto o dia final é
contado por inteiro.
Se, por exemplo, a ausência ocorreu no dia 13, inicia-se a contagem do prazo a zero hora do dia 14 e consumar-se-á
a deserção a partir de zero hora do dia 22.
LEGISLAÇÃO JURÍDICA

Fig. 1 – Contagem do prazo de graça. Fonte: Cartilha STM, 2013.

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É considerado atenuante:
Se o agente se apresenta voluntariamente dentro de oito dias após a consumação do crime, a pena é diminuída
de metade; e de um terço, se de mais de oito dias e até sessenta.
E é considerada agravante:
Se ocorre em unidade estacionada em fronteira ou país estrangeiro, a pena é agravada de um terço.
E, considera deserção especial:

Art. 190. Deixar o militar de apresentar-se no momento da partida do navio ou aeronave, de que é tripulante, ou da
partida ou deslocamento da unidade ou força em que serve.
Pena – detenção, até três meses, se, após a partida ou deslocamento, se apresentar, dentro em vinte e quatro horas, à
autoridade militar do lugar, ou, na falta desta, à autoridade policial, para ser comunicada a apresentação a comando
militar da região, distrito ou zona.
§ 1º – Se a apresentação se der dentro do prazo superior a vinte e quatro horas e não excedente a cinco dias:
Pena – detenção, de dois a oito meses.
§ 2º – Se superior a cinco dias e não excedente a dez dias:
Pena – detenção de três meses a um ano.
§ 3º – Se tratar de oficial, a pena é agravada.
A deserção no momento da partida, denomina-se deserção instantânea porque decorre de ausência do militar, em
determinado momento. Inexiste nessa espécie o prazo de graça.

O crime de abandono de posto está previsto no art. 195, do CPM:

Art. 195. Abandonar, sem ordem superior, o posto ou lugar de serviço que lhe tenha sido designado, ou a serviço que
lhe cumpria, antes de terminá-lo:
Pena – detenção, de três meses a um ano.

O abandono de posto é delito instantâneo, consumando-se no exato momento em que o militar se afasta do local
onde deveria permanecer.
Conforme decisão do STM, configura-se o crime do art. 195, do CPM, o fato de o militar, sem ordem superior, au-
sentar-se do posto, onde deveria permanecer, em virtude de escala regular de serviço. O pouco tempo de vida militar
e a primariedade do agente não excluem a culpabilidade, tal a gravidade do crime, face à segurança do quartel.
A embriaguez em serviço, nos termos do próprio nome, é crime contra o serviço, tipificado no art. 202, do CPM.

Art. 202. Embriagar-se o Militar, quando em serviço, ou apresentar-se embriagado para prestá-lo:
Pena – detenção, de seis meses a dois anos.

O delito de embriaguez apresenta duas modalidades:


Na primeira o militar está em serviço e, nessa qualidade se embriaga. Caso ingira bebida alcoólica e não se em-
briague, inexiste crime. Da mesma forma se a embriaguez ocorre fora do serviço, resolvendo-se no âmbito disciplinar.
Na segunda modalidade, apresenta-se embriagado para prestar serviço, é necessário que o sujeito tenha ciência de
que iniciaria o serviço.

LEGISLAÇÃO JURÍDICA

Por ser crime contra o serviço militar e o dever militar, a lei penal castrense pune o militar que é encontrado dor-
mindo quando deveria estar alerta.

Art. 203. Dormir o militar, quando em serviço, como oficial de quarto ou de ronda, ou em situação, ou, não sendo
oficial, em serviço de sentinela, vigia, plantão às máquinas, ao leme, de ronda ou em qualquer serviço de natureza
semelhante:
Pena – detenção, de três meses a um ano.
Art. 205 - Matar alguém:

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Pena - reclusão, de seis a vinte anos. Há no Código Penal Militar a lesão levíssima, em que
o juiz pode considerar a infração como disciplinar. Absol-
O homicídio culposo resulta em pena de detenção, de ve-se o agente do crime de lesão por considerar o fato
um a quatro anos. como transgressão disciplinar.
O homicídio é a eliminação de vida de uma pessoa Se a lesão é culposa, a pena prevista é de detenção,
praticada por outra. O objetivo jurídico é a preservação de dois meses a um ano.
de vida humana, sendo que o agente pode ser qualquer Os crimes contra a honra são:
pessoa, tanto militar como civil.
A lei penal militar define considera como homicídio Art. 214 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamen-
qualificado se o fato for praticado: te fato definido como crime:
I – por motivo fútil; Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
II – mediante paga ou promessa de recompensa, por § 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a
cupidez, para excitar ou saciar desejos sexuais, ou por imputação, a propala ou divulga.
outro motivo torpe; EXCEÇÃO DA VERDADE
III – com emprego de veneno, asfixia, tortura, fogo, ex- § 2º - A prova da verdade do fato imputado exclui o
plosivo, ou qualquer outro meio dissimulado ou cruel, crime, mas não é admitida:
ou de que possa resultar perigo comum; I - se, constituindo o fato imputado crime de ação
IV – á traição, de emboscada, com surpresa ou me- privada, o ofendido não foi condenado por sentença
diante outro recurso insidioso, que dificultou ou tor- irrecorrível;
nou impossível a defesa da vítima; II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indi-
V – para assegurar a execução, a ocultação, a impuni- cadas no Inciso I do artigo 218;
dade ou vantagem de outro crime; III - se do crime imputado, embora de ação pública, o
VI – prevalecendo-se o agente da situação de serviço. ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível.

O crime de genocídio está tipificado no Código Penal A calúnia é crime militar impróprio, podendo ser co-
Militar: metido por qualquer pessoa, militar ou civil, observando-
-se quanto a este último que sua possibilidade decorrerá
Art. 208 – Matar membros de um grupo nacional, de o fato ofender ou não as instituições militares.
étnico, religioso ou pertencente a determinada raça, A calúnia é, por definição, imputação falsa. Admite,
com o fim de destruição total ou parcial desse grupo. portanto, a exceção da verdade, isto é, admite que o
Pena – reclusão, de 15 a 30 anos. agente prove que é verdade o que alegou, afastando o
caráter ilícito da conduta.
A palavra genocídio tem origem em Genus que signi-
fica raça, povo, nação, e Excidium, destruição. Art. 215 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofen-
A Lei nº 2.889, 01 OUT 1956, trata do crime de geno- sivo à sua reputação:
cídio fora da competência da justiça militar, e o crime em Pena - de três meses a um ano. - A exceção da verdade
tela também é objeto de definição do Estatuto de Roma. somente se é relativa ao exercício da função pública,
O crime de lesão corporal é assim definido: militar ou civil, do ofendido.

Art. 209 - Ofender a integridade corporal ou a saúde A difamação é crime militar impróprio, podendo ser
de outrem: cometido por qualquer pessoa, militar ou civil, observan-
Pena - detenção de três meses a um ano. do-se quanto a este último que sua possibilidade decor-
rerá de o fato ofender ou não as instituições militares.
A lesão será grave se produz, dolosamente, perigo de Difere da calúnia e da injúria. Enquanto na calúnia
vida, debilidade permanente de membro, sentido ou fun- existe imputação de fato definido como crime, na di-
ção, ou incapacidade para as ocupações habituais, por famação o fato é meramente ofensivo à reputação do
mais de trinta dias, pena de reclusão, até cinco anos. ofendido. Além disso, o tipo da calúnia exige o elemento
Será considerada lesão gravíssima se se produz, dolo- normativo da falsidade da imputação o que é irrelevante
samente, enfermidade incurável, perda ou inutilização de no delito de difamação. Enquanto na injúria o fato ver-
membro, sentido ou função, incapacidade permanente sa sobre qualidade negativa da vítima, ofendendo-lhe a
para o trabalho, ou deformidade duradoura, com pena honra subjetiva, na difamação há ofensa à reputação do
de reclusão, de dois a oito anos. ofendido, versando sobre o fato a ela ofensivo.
A lesão pode ocorrer de duas formas: integridade fí- Adite a exceção da verdade se a ofensa é relativa ao
sica de outrem ou saúde de outrem. Os parágrafos 1º e exercício da função pública, militar ou civil, do ofendido.
LEGISLAÇÃO JURÍDICA

2º do art. 209 CPM definem perfeitamente as lesões gra-


ves e gravíssimas respectivamente. Fica faltando definir Art. 216 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade
a lesão leve. O critério a ser empregado é o de exclusão, ou o decoro:
ou seja, se a lesão corporal não é de natureza grave ou Pena - detenção, até seis meses.
gravíssima, então, a lesão será tida como leve. Se o agen-
te praticar lesão de natureza leve poderá responder pelo A injúria é delito militar impróprio, podendo ser co-
CAPUT somente do art. 209 CPM. metido por qualquer pessoa, militar ou civil.

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E crime que se caracteriza pela ofensa à honra sub- O furto será atenuado se o agente é primário e é de
jetiva da pessoa, que constitui o sentimento próprio a pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir pena
respeito dos atributos físicos, morais e intelectuais de de reclusão pela detenção e diminuí-la de um a dois ter-
cada um. ços, ou considerar a infração como disciplinar. Entende-
Injuria é humilhar, achincalhar, ofender, ridicularizar, -se pequeno o valor que não exceda a um décimo da
atentar contra a honra. A consumação, nos crimes con- quantia mensal do mais alto salário mínimo do país. A
tra a honra, ajuda na diferenciação. Na calúnia, como na atenuação em estudo é igualmente aplicável no caso em
difamação, o crime se consuma quando terceira pessoa que o criminoso, sendo primário, restitui a coisa ao seu
toma conhecimento da alegação, enquanto na injúria a dono ou repara o dano causado, antes de instaurada a
consumação se dá no momento que a vítima toma co- ação penal.
nhecimento. Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qual-
Os crimes contra a dignidade sexual: quer outra que tenha valor econômico.
Será qualificado, por exemplo, se o furto ocorre du-
Art. 232 - Constranger mulher à conjunção carnal, rante a noite; se a coisa furtada pertence à Fazenda Na-
mediante violência ou grave ameaça: cional; se o furto é praticado com destruição ou rom-
Pena - reclusão, de três a oito anos, sem prejuízo da pimento de obstáculo à subtração da coisa; ou com
correspondente à violência. emprego de chave falsa.
O furto de uso é crime previsto no Código Penal Mili-
O estupro é crime militar impróprio, visto estar pre- tar. Art. 241, se a coisa é subtraída para o fim de uso mo-
visto igualmentena legislação penal comum. O bem jurí- mentâneo e, a seguir, vem a ser imediatamente restituída
dico tutelado pela norma é a liberdade sexual da mulher ou reposta no lugar onde se achava, a pena prevista é de
e o direito de dispor de seu corpo da maneira que me- detenção, até seis meses.
lhor lhe aprouver. A pena é aumentada de metade, se a coisa usada é
Para consumar este delito é necessário que o sujeito veículo motorizado; e de um terço, se é animal de sela
ativo seja do sexo masculino, afastando-se assim, a pos- ou de tiro.
sibilidade da mulher assumir tal posição, sabido que só o
homem pode ter conjunção carnal com a mulher. Não se Art. 242 - Subtrair coisa alheia móvel, para si ou para
exige a condição de ser o agente militar. outrem, mediante emprego ou ameaça de emprego
Para a configuração do estupro, há necessidade da in- de violência contra pessoa, ou depois de havê-la, por
trodução, total ou parcial, do membro viril do homem no qualquer modo, reduzido à impossibilidade de resis-
órgão sexual feminino, ocorrendo ou não a ejaculação. tência:
Pena - reclusão, de quatro a quinze anos.
Art. 233 - Constranger alguém, mediante violência ou § 1º - Na mesma pena incorre quem, em seguida à
grave ameaça, a presenciar, praticar ou permitir que subtração da coisa, emprega ou ameaça empregar
com ele pratique ato libidinoso diverso da conjunção violência contra pessoas, a fim de assegurar a impuni-
carnal: dade do crime ou a detenção da coisa para si ou para
Pena - reclusão, de dois a seis anos, sem prejuízo do outrem.
correspondente à violência.
Roubo é a subtração de coisa móvel alheia mediante
No atentado violento ao pudor, o bem juridicamente violência, grave ameaça ou qualquer meio capaz de anu-
tutelado é a liberdade sexual da vítima, que pode ser ho- lar a capacidade de resistência da vítima.
mem ou mulher, militar ou não, constrangida pelo agen- Constitui também roubo o fato de o sujeito, logo de-
te, que também pode ser homem ou mulher, militar ou pois de tirada a coisa móvel alheia, empregar violência
não. contra pessoa ou grave ameaça, com o objetivo de con-
O crime se consuma com a efetiva prática de ato li- seguir a impunidade do fato ou continuar na detenção
bidinoso diverso da conjunção carnal, como sexo oral, a do objeto material.
masturbação e o coito anal. A pena aumenta de um terço até a metade se a vio-
Conforme decisão do TJM/MG, configura o delito de lência ou ameaça é exercida com emprego de arma; se
atentado violento ao pudor praticado por militares em há concurso de duas ou mais pessoas; se a vítima está em
serviço por prática de ato libidinoso diverso da conjun- serviço de natureza militar; etc.
ção carnal contra menor de 15 anos.
Crimes contra o patrimônio: Art. 248 Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que
tem a posse ou detenção:
Art. 240 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa Pena - reclusão, até seis anos.
LEGISLAÇÃO JURÍDICA

alheia móvel: Parágrafo único - A pena é agravada, se o valor da


Pena reclusão, até seis anos. coisa excede vinte vezes o maior salário mínimo, ou se
o agente recebeu a coisa:
O agente pode ser qualquer pessoa, militar ou civil. I - em depósito necessário;
Consuma-se o crime desde que a coisa furtada esca- II - em razão de oficio, emprego ou profissão.
pe à esfera de vigilância do dono, não importando que
seja mais adiante apreendida, conforme decisão do STM. Pode ser agente ativo o militar, ou o civil desde que o
fato atente contra as instituições militares.

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O delito ocorre quando o sujeito tem a posse ou de- Pena - detenção, até seis meses.
tenção do objeto material e, em dado momento faz mu- Parágrafo único - Se se trata de bem público:
dar o título da posse ou da detenção, comportando-se Pena - detenção, de seis meses a três anos.
como se dono fosse.
O STM julgou induvidosa a conduta criminosa leva- O dano simples é crime doloso, ou seja, prescinde da
da a efeito pelo réu que de posse de bens, entregues vontade livre e consciente de destruir, inutilizar, deterio-
em confiança por companheiro de farda, os desviou para rar ou fazer desaparecer a coisa alheia.
quitar dívidas pessoais. Atribui o presente delito no caso do militar que capo-
A apropriação de coisa havida acidentalmente possui tou viatura militar dolosamente, decisão do TJM/RS.
a seguinte tipificação: O dano será atenuado se:

Art. 249 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda Art. 260 - Nos casos do artigo anterior, se o criminoso
ao seu poder por erro, caso fortuito ou força da na- é primário e a coisa é de valor não excedente a um
tureza; décimo do salário mínimo, o juiz pode atenuar a pena,
Pena - detenção, até um ano. ou considerar a infração como disciplinar.
Parágrafo único - o benefício previsto no artigo é
Neste caso a coisa foi entregue ao agente ou a coisa igualmente aplicável, se, dentro das condições nele
vem ao poder do agente por acaso, resultante de erro ou estabelecidas, o criminoso prepara o dano causado
caso fortuito ou força da natureza. antes de instaurada a ação penal.
O STM julgou procedente a denúncia na hipótese em O dano será, portanto, qualificado se cometido:
que, comprovadamente, sabia a acusada que os valores I - com violência à pessoa ou grave ameaça;
depositados não eram mais devidos à sua mãe, em face II - com emprego de substâncias inflamável ou explo-
do falecimento desta, mesmo assim, perseverou retiran- siva, se o fato não constitui crime mais grave;
do-os da entidade bancária, aproveitando-se da sua con- III - por motivo egoístico ou com prejuízo considerável:
dição de correntista conjunto. Pena - reclusão, até quatro anos, além da pena corres-
pondente à violência.
Art. 251 – Obter, para si ou para outrem, vantagem Art. 262 – Praticar dano em material ou aparelha-
ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo al- mento de guerra ou de utilidade militar, ainda que em
guém em erro, mediante artifício, ardil ou qualquer construção ou fabricação, ou em efeitos recolhidos a
outro meio fraudulento. depósito, pertencentes ou não às Forças Armadas.
Pena – reclusão, de dois a sete anos.
É também tipificado o desaparecimento, consumação
Caracteriza-se o estelionato pela presença de seus ou extravio:
elementos constitutivos: o artifício fraudulento; o induzi-
mento por meio dele, das vítimas em erro; o prejuízo por Art. 265 – Fazer desaparecer, consumir ou extraviar
estas sofridas; o correspondente locupletamento ilícito combustível, armamento, munição, peças de equi-
dos agentes e o dolo. pamento de navio ou de aeronave ou de engenho de
O engano é característica essencial do estelionato. guerra motomecanizado.

Art. 298 - Desacatar superior, ofendendo-lhe a digni-


FIQUE ATENTO! dade ou procurando deprimir-lhe a autoridade:
Pena - reclusão, até quatro anos, se o fato não consti-
As decisões estão consolidadas no Tribunal
tui crime mais grave.
de Justiça Militar do Estado de Minas Gerais,
e o Superior Tribunal Militar segue o mesmo
É crime doloso devido a vontade livre e consciente de
raciocínio: pratica estelionato o militar que
proferir palavra ou praticar ato injurioso e, o especial fim
adultera notas fiscais, induzindo em erro a
de agir está na finalidade de desprestigiar a autoridade
administração militar e obtendo vantagem
do superior hierárquico.
ilícita, decisão do TJM/MG.
É crime militar próprio, sendo que exige do agente
a condição especial de ser militar, mias que isso, de ser
Pratica o crime de estelionato o militar que, ao con- subordinado da vítima.
feccionar folha de pagamento, inclui, indevidamente, a Conforme decisão do TJM/MG, a utilização de pala-
seu favor, ajuda de custo, a que não tinha direito, decisão vras de baixo calão, de desrespeito a superior hierárqui-
do TJM/MG. co, ofendendo-lhe a dignidade diante de terceiros, depri-
LEGISLAÇÃO JURÍDICA

mindo-lhe a autoridade, caracteriza o crime de desacato


Art. 254 – Adquirir, receber ou ocultar em proveito a superior.
próprio ou alheio, coisa proveniente de crime, ou in- O Tribunal decidiu que comete o crime de desacato
fluir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba a superior, atantando contra a ordem administrativa mi-
ou oculte. litar, o militar que, inconformado com as determinações
recebidas, encara o superior, irrogando-lhe palavras alta-
Art. 259 - Destruir, inutilizar, deteriorar ou fazer desa- mente ofensivas, em franco desafio à autoridade de que
parecer coisa alheia: se acha investido.

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A pena é agravada se o superior é oficial general ou A corrupção passiva é delito formal, e consuma-se
comandante da unidade a que pertence o agente. com a simples solicitação, a não ser se esta é impossível
de ser cumprida, ou seja, não esteja ao alcance da pessoa
Art. 299 - Desacatar militar no exercício de função de que é solicitada. Não admite tentativa.
natureza militar ou em razão dela: O TJM/MG decidiu que militar, instrutor de auto es-
Pena - detenção de seis meses a dois anos, se o fato cola em Unidade Militar, responsável pelo treinamento
não constitui outro crime. e exames de candidatos à habilitação para condução de
automóveis, que se vale dessa função para receber van-
O agente ativo do delito pode ser qualquer pessoa, tagens indevidas, facilitando ou dispensando exames,
sendo necessário que este se encontre no exercício de comete o crime de corrupção passiva e são coautores
função militar ou que a ofensa se relacione com essa fun- aqueles que intermedeiam.
ção.
Art. 309 - Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou van-
Art. 301 – Desobedecer a ordem legal de autoridade tagem indevida para a prática, omissão ou retarda-
militar. mento de ato funcional:
Pena – detenção, até 6 meses. Pena - Reclusão, até oito anos.
Art. 302 – Penetrar em fortaleza, quartel, estabeleci- Aumento de pena
mento militar, navio, aeronave, hangar ou em outro Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço,
lugar sujeito a administração militar, por onde seja se, em razão da vantagem, dádiva ou promessa, é re-
defeso ou não haja passagem regular, ou iludindo a tardado ou omitido o ato, ou praticado com infração
vigilância de sentinela ou de vigia. de dever funcional.
Pena – detenção, de 6 meses a 2 anos, se o fato não
constitui crime mais grave. O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa que, dá,
Art. 303 - Apropriar-se de dinheiro, valor ou qualquer oferece ou promete dinheiro ou vantagem indevida. O
servidor público, civil ou militar, também pode ser sujeito
outro bem móvel, público ou particular, de que tem
ativo, desde que esteja agindo como particular e despido
posse ou detenção, em razão do cargo ou comissão,
de sua qualidade funcional.
ou desviá-lo em proveito próprio ou alheio:
O sujeito passivo, ao contrário do que se possa pensar,
Pena - reclusão de três a quinze anos.
não é o servidor público, mas, sim, a administração militar,
§1º - A pena aumenta um terço, se o objeto da apro-
em favor da qual aquele opera na qualidade de seu agente.
priação ou desvio é de valor superior a vinte vezes o
Oferecer vantagem indevida a policial militar para
salário mínimo.
que se omita quanto ao flagrante que presenciara carac-
teriza o delito de corrupção ativa e ainda que o policial
Primeiro, protege-se a administração militar. Em se- esteja fora de seu horário de trabalho e à paisana, pois,
gundo, e eventualmente, protege-se também o patrimô- ao surpreender a prática de crime, age no cumprimento
nio do particular, quando o objeto material lhe pertence. do dever legal e nos limites de sua competência, confor-
O peculato somente pode ser praticado por funcioná- me decisão do TJSP.
rio público, militar ou civil.
Art. 311 - Falsificar, no todo ou em parte, documento
Art. 308 - Receber, para si ou para outrem, direta ou público ou particular, ou alterar documento verdadei-
indiretamente, ainda que fora da função, ou antes de ro, desde que o fato atente contra a administração ou
assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou o serviço militar:
aceitar promessa de tal vantagem: Pena - sendo documento público, reclusão, de dois a
Pena - Reclusão, de dois a oito anos. seis anos; sendo o documento particular, reclusão, até
Aumento de pena. cinco anos.
§ 1º - a pena é aumentada de um terço, se, em conse-
quência da vantagem ou promessa, o agente retarda A pena é agravada se o agente é oficial ou exerce
ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o prati- função em repartição militar.
ca infringindo o dever funcional. Equipara-se a documento a, para os efeitos penais, o
Diminuição de pena disco fonográfico ou a fita ou fio de aparelho eletromag-
§ 2º - se o agente pratica, deixa de praticar ou retarda nético a que se incorpore declaração destinada à prova
o ato de ofício com infração de dever funcional, ce- de fato juridicamente relevante.
dendo a pedido ou influência de outrem. O sujeito ativo pode ser tanto o militar quanto o civil,
Pena - Detenção, de três meses a um ano. desde que o fato atente contra as instituições militares.
O sujeito passivo é a administração militar.
LEGISLAÇÃO JURÍDICA

O sujeito ativo é o servidor, militar ou civil, que recebe Para que configure o delito é imprescindível que a
ou aceita a vantagem. falsificação seja idônea de iludir terceiro. Se é grosseira,
Para a consumação do crime não é imprescindível es- perceptível à primeira vista, inexiste o delito em face da
tar o agente no exercício da função, já que a lei ressalva ausência de potencialidade lesiva do comportamento.
a hipótese da vantagem indevida ser recebida ainda que O STM decidiu que pratica o crime de falsidade de
fora da função, ou antes de assumi-la, mas sempre em ducumento o militar que falsifica atestado médico com o
razão dela. objetivo de conseguir prorrogação de licença para trata-
mento de saúde.

19
Art. 312 - Omitir, em documento público ou particular, I - indevidamente se se apossa de correspondência,
declaração que dela devia constar, ou nele inserir ou embora não fechada, e no todo ou em parte a sonega
fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ou destrói;
ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obri- II - indevidamente divulga, transmite a outrem, ou
gação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente abusivamente utiliza comunicação de interesse mili-
relevante, desde que o fato atente contra a adminis- tar;
tração militar ou serviço militar: III - impede a comunicação referida no número an-
Pena - reclusão, até cinco anos, se o documento é pú- terior.
blico; reclusão, até três anos, se o documento é parti-
cular. Violação de sigilo funcional
Art. 326. Revelar fato de que tem ciência em razão do
A falsidade documental pode ser de duas espécies: cargo ou função e que deva permanecer em segredo,
a material e a ideológica. Aquela se revela no próprio ou facilitar-lhe a revelação, em prejuízo da adminis-
documento, recaindo sobre elemento físico do papel es- tração militar:
crito e verdadeiro. Esta não se revela em sinais exteriores Pena - detenção, de seis meses a dois anos, se o fato
da escrita, mas concerne ao conteúdo do documento. Na não constitui crime mais grave.
falsidade ideológica, inexistem rasuras, emendas, omis-
sões ou acréscimos, sendo falsa a ideia que o documento Violação de sigilo de proposta de concorrência
contém. Art. 327. Devassar o sigilo de proposta de concorrência
O TJM/RS decidiu que policiais militares que, ao co- de interêsse da administração militar ou proporcionar
municarem o encontro do veículo furtado, fazem constar, a terceiro o ensejo de devassá-lo:
no boletim de ocorrência policial, que o veículo estava Pena - detenção, de três meses a um ano.
depenado, valendo-se disso o proprietário do automóvel Obstáculo à hasta pública, concorrência ou tomada
para tentar fraudar a seguradora. de preços
Art. 328. Impedir, perturbar ou fraudar a realização de
Art. 319 – Retardar ou deixar de praticar, indevida- hasta pública, concorrência ou tomada de preços, de
mente, ato de ofício, ou praticá-lo contra expressa dis- interesse da administração militar:
posição de lei, para satisfazer interesse ou sentimento Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
pessoal:
Pena – detenção, de 6 meses a 2 anos. Exercício funcional ilegal
Art. 329. Entrar no exercício de posto ou função mili-
Art. 322 – Deixar de responsabilizar subordinado que tar, ou de cargo ou função em repartição militar, antes
comete infração no exercício do cargo, ou, quando lhe de satisfeitas as exigências legais, ou continuar o exer-
falte competência, não levar o fato ao conhecimento cício, sem autorização, depois de saber que foi exone-
da autoridade competente: rado, ou afastado, legal e definitivamente, qualquer
Pena – se o fato foi praticado por indulgência, deten- que seja o ato determinante do afastamento:
ção, até 6 meses; se por negligência, detenção até 3 Pena - detenção, até quatro meses, se o fato não cons-
meses. titui crime mais grave.

Art. 323. Deixar, no exercício de função, de incluir, por Abandono de cargo


negligência, qualquer nome em relação ou lista para o Art. 330. Abandonar cargo público, em repartição ou
efeito de alistamento ou de convocação militar: estabelecimento militar:
Pena - detenção, até seis meses. Pena - detenção, até dois meses.
Formas qualificadas
Inobservância de lei, regulamento ou instrução § 1º Se do fato resulta prejuízo à administração mi-
litar:
Art. 324. Deixar, no exercício de função, de observar Pena - detenção, de três meses a um ano.
lei, regulamento ou instrução, dando causa direta à § 2º Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa
prática de ato prejudicial à administração militar: de fronteira:
Pena - se o fato foi praticado por tolerância, detenção Pena - detenção, de um a três anos.
até seis meses; se por negligência, suspensão do exer-
cício do posto, graduação, cargo ou função, de três Aplicação ilegal de verba ou dinheiro
meses a um ano. Art. 331. Dar às verbas ou ao dinheiro público aplica-
        ção diversa da estabelecida em lei:
LEGISLAÇÃO JURÍDICA

Art. 325. Devassar indevidamente o conteúdo de cor- Pena - detenção, até seis meses.
respondência dirigida à administração militar, ou por
esta expedida: Abuso de confiança ou boa-fé
Pena - detenção, de dois a seis meses, se o fato não Art. 332. Abusar da confiança ou boa-fé de militar,
constitui crime mais grave. assemelhado ou funcionário, em serviço ou em razão
Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem, ainda deste, apresentando-lhe ou remetendo-lhe, para apro-
que não seja funcionário, mas desde que o fato atente vação, recebimento, anuência ou aposição de visto, re-
contra a administração militar: lação, nota, empenho de despesa, ordem ou fôlha de

20
pagamento, comunicação, ofício ou qualquer outro documento, que sabe, ou deve saber, serem inexatos ou irregula-
res, desde que o fato atente contra a administração ou o serviço militar:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, se o fato não constitui crime mais grave.
Forma qualificada
§ 1º A pena é agravada, se do fato decorre prejuízo material ou processo penal militar para a pessoa de cuja confiança
ou boa-fé se abusou.
Modalidade culposa
§ 2º Se a apresentação ou remessa decorre de culpa:
Pena - detenção, até seis meses.

Violência arbitrária
Art. 333. Praticar violência, em repartição ou estabelecimento militar, no exercício de função ou a pretexto de exercê-
-la:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da correspondente à violência.

Patrocínio indébito
Art. 334. Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração militar, valendo-se da quali-
dade de funcionário ou de militar:
Pena - detenção, até três meses.
Parágrafo único. Se o interesse é ilegítimo:
Pena - detenção, de três meses a um ano.

DECRETO-LEI NO 2.848, DE 07/12/40- CÓDIGO PENAL COMUM - ARTS 1º A 25, 121 A 129,
138 A 150, 155 A 160, 180 A 183, 213 A 218-B, 225 E 226, 312 A 322 E 329 A 334-A.

O Direito Penal está interligado a todos os ramos do Direito, especialmente Direito Constitucional, que se traduz no
estatuto máximo de uma sociedade politicamente organizada.
Todos os ramos do direito positivo só adquiri a plena eficácia quando compatível com os Princípios e Normas des-
critos na Constituição Federal abstraindo-a como um todo.
O estudo da aplicação da lei penal tem, quase que obrigatoriamente, passar pelos princípios constitucionais e assim
avançar nesta ramos do direito.
Tenha a ideia de que os princípios são o alicerce de todo sistema normativo, fundamentam todo o sistema de direito
e estabelecem os direitos fundamentais do homem.
O Direito Penal moderno se assenta em determinados princípios fundamentais, próprios do Estado de Direito de-
mocrático, entre os quais sobreleva o da legalidade dos delitos e das penas, da reserva legal ou da intervenção legali-
zada, que tem base constitucional expressa.
A sua dicção legal tem sentido amplo: não há crime (infração penal), nem pena ou medida de segurança (sanção
penal) sem prévia lei (stricto sensu).

Anterioridade da lei

Art. 1º Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal.
Este artigo trata do princípio da legalidade.
Este princípio tem quatro funções fundamentais:
LEGISLAÇÃO JURÍDICA

21
Aqui no art. 1º, do CP, o princípio da legalidade, em que a maioria dos nossos autores considera o princípio da
legalidade sinônimo de reserva legal.
A doutrina, orienta-se maciçamente no sentido de não haver diferença conceitual entre legalidade e reserva legal.
Dissentindo desse entendimento o professor Fernando Capez diz que o princípio da legalidade é gênero que com-
preende duas espécies: reserva legal e anterioridade da lei penal.
Com efeito, o princípio da legalidade corresponde aos enunciados dos arts. 5º, XXXIX, da Constituição Federal e 1º
do Código Penal (“não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal”) e contém, nele
embutidos, dois princípios diferentes: o da reserva legal, reservando para o estrito campo da lei a existência do crime
e sua correspondente pena (não há crime sem lei que o defina, nem pena sem prévia cominação legal), e o da anterio-
ridade, exigindo que a lei esteja em vigor no momento da prática da infração penal (lei anterior e prévia cominação).
Assim, a regra do art. 1º, denominada princípio da legalidade, compreende os princípios da reserva legal e da an-
terioridade.
Diz respeito à técnica de elaboração da lei penal, que deve ser suficientemente clara e precisa na formulação do
conteúdo do tipo legal e no estabelecimento da sanção para que exista real segurança jurídica.
Tal assertiva constitui postulado indeclinável do Estado de direito material (democrático e social).
O princípio da reserva legal implica a máxima determinação e taxatividade dos tipos penais, impondo-se ao Poder
Legislativo, na elaboração das leis, que redija tipos penais com a máxima precisão de seus elementos, bem como ao
Judiciário que as interprete restritivamente, de modo a preservar a efetividade do princípio.

LEI PENAL NO TEMPO

Art. 2º Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a
execução e os efeitos penais da sentença condenatória.
Parágrafo único. A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que
decididos por sentença condenatória transitada em julgado.
Esse artigo é um dos preferidos pelas bancas de concursos. Muitas questões surgem.

O que consiste na IRRETROATIVIDADE DA LEI PENAL?


LEGISLAÇÃO JURÍDICA

O princípio da irretroatividade da lei penal, ressalvada a retroatividade favorável ao acusado, fundamentam-se a


regra geral nos princípios da reserva legal, da taxatividade e da segurança jurídica - princípio do favor libertatis -, e
a hipótese excepcional em razões de política criminal (justiça). Trata-se de restringir o arbítrio legislativo e judicial na
elaboração e aplicação de lei retroativa prejudicial.
A regra constitucional (art. 5°, XL, da CF) é no sentido da irretroatividade da lei penal; a exceção é a retroatividade,
desde que seja para beneficiar o réu.

22
Com essa vertente do princípio da legalidade tem-se a certeza de que ninguém será punido por um fato que, ao
tempo da ação ou omissão, era tido como um indiferente penal, haja vista a inexistência de qualquer lei penal incrimi-
nando-o.

Taxatividade ou da determinação (nullum crimen sine lege scripta et stricta)

Diz respeito à técnica de elaboração da lei penal, que deve ser suficientemente clara e precisa na formulação do
conteúdo do tipo legal e no estabelecimento da sanção para que exista real segurança jurídica.
Tal assertiva constitui postulado indeclinável do Estado de direito material - democrático e social.
O princípio da reserva legal implica a máxima determinação e taxatividade dos tipos penais, impondo-se ao Poder
Legislativo, na elaboração das leis, que redija tipos penais com a máxima precisão de seus elementos, bem como ao
Judiciário que as interprete restritivamente, de modo a preservar a efetividade do princípio.
O Código Penal, logo no art. 1º dispõe que não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia
cominação legal.
A lei penal não pode, em regra, retroagir, o que é denominado como irretroatividade da lei penal.
Contudo, exceção à norma, a Lei poderá retroagir quando trouxer benefício ao réu.
Em regra, aplica-se a lei penal a fatos ocorridos durante sua vigência, porém, por vezes, verificamos a extratividade da lei penal.
A extratividade da lei penal se manifesta de duas maneiras, ou pela ultratividade da lei ou retroatividade da lei.
Assim, considerando que a extra atividade da lei penal é o seu poder de regular situações fora de seu período de
vigência, podendo ocorrer seja em relação a situações passadas, seja em relação a situações futuras.
Quando a lei regula situações passadas, fatos anteriores a sua vigência, ocorre a denominada retroatividade. Já, se
sua aplicação se der para fatos após a cessação de sua vigência, será chamada ultratividade.

Tanto a abolitio criminis como a novatio legis in melius, aplica se o princípio da retroatividade da Lei penal mais
benéfica.

A Lei nº 11.106 de 28 de março de 2006 descriminalizou os artigos 217 e 240, do Código Penal, respectivamente, os
crimes de “sedução” e “adultério”, de modo que o sujeito que praticou uma destas condutas em fevereiro de 2006, por
exemplo, não será responsabilizado na esfera penal.
Segundo a maior parte da doutrina, a Lei nº 11.106 de 28 de março de 2006, não descriminalizou o crime de rapto,
previsto anteriormente no artigo 219 e seguintes do Código Penal, mas somente deslocou sua tipicidade para o artigo
148 e seguintes (“sequestro” e “cárcere privado”), houve, assim, uma continuidade normativa atípica.
A “abolitio criminis” faz cessar a execução da pena e todos os efeitos penais da sentença.

LEGISLAÇÃO JURÍDICA

A lei posterior não retroage para atingir os fatos praticados na vigência da lei mais benéfica (“Irretroatividade da
lei penal”). Contudo, haverá extratividade da lei mais benéfica, pois será válida mesmo após a cessação da vigência
(Ultratividade da Lei Penal).

23
Ressalta-se, por fim, que aos crimes permanentes e continuados, aplica-se a lei nova ainda que mais grave, nos
termos da Súmula 711 do STF.
O princípio da irretroatividade da lei penal, ressalvada a retroatividade favorável ao acusado, fundamentam-se a
regra geral nos princípios da reserva legal, da taxatividade e da segurança jurídica - princípio do favor libertatis -, e
a hipótese excepcional em razões de política criminal (justiça). Trata-se de restringir o arbítrio legislativo e judicial na
elaboração e aplicação de lei retroativa prejudicial.
A regra constitucional (art. 5°, XL, da CF) é no sentido da irretroatividade da lei penal; a exceção é a retroatividade,
desde que seja para beneficiar o réu.
Com essa vertente do princípio da legalidade tem-se a certeza de que ninguém será punido por um fato que, ao
tempo da ação ou omissão, era tido como um indiferente penal, haja vista a inexistência de qualquer lei penal incrimi-
nando-o.

Quando estamos em situação em que a lei a ser aplicada está “fora de seu tempo” tratamos de extra atividade, que
por sua vez se divide em ultratividade e retroatividade.
Conflito aparente de normas penais
A definição do crime requer muita atenção.
Há muitos casos em que o agente, querendo praticar um crime, utiliza outro delito, seja por meio de ação ou omis-
são, inicia um crime e depois passa a ser outro.
É comum a previsão de um mesmo comportamento no Código Penal e na Lei Especial.
E como solucionamos esse conflito aparente de normas penais?
A solução é por meio de princípios:

Lei penal excepcional ou temporária

Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias
que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência.
LEGISLAÇÃO JURÍDICA

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Nessas hipóteses, determina o art. 3º do Código Pe- los fatos cometidos sob a sua vigência a título de
nal que: crime continuado, se presentes os seus requisitos.
3ª) se se trata de novatio legis supressiva de incri-
Embora cessadas as circunstâncias que a determi- minação, a lei nova retroage, alcançando os fatos
naram (lei excepcional) ou decorrido o período de sua ocorridos antes de sua vigência. Quanto aos fato-
duração (lei temporária), aplicam se elas aos fatos prati- res posteriores, de aplicar-se o princípio de reserva
cados durante sua vigência. legal.
No concurso de crimes cometidos, parte sob a lei
São, portanto, leis ultra ativas, pois regulam atos pra- antiga e parte sob a nova, aplica-se a norma que
ticados durante sua vigência, mesmo após sua revoga- determina o princípio da exasperação e não a que
ção. prescreve a acumulação material de penas.

TEMPO DO CRIME TERRITORIALIDADE

Art. 4º Considera-se praticado o crime no momento Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de con-
da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do venções, tratados e regras de direito internacional, ao
resultado. crime cometido no território nacional.
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como
Existem três teorias a respeito: extensão do território nacional as embarcações e ae-
1ª) da atividade; ronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço
2ª) do resultado; do governo brasileiro onde quer que se encontrem,
3ª) mista. bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras,
mercantes ou de propriedade privada, que se achem,
Segundo a teoria da atividade, atende-se ao momen- respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou
to da realização da ação (ação ou omissão). em alto-mar.
Em face da teoria do resultado (do evento, ou do efei- § 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes
to), considera-se tempus delicti o momento da produção praticados a bordo de aeronaves ou embarcações es-
do resultado. De acordo com a teoria mista (ou da ubi- trangeiras de propriedade privada, achando-se aque-
quidade), tempus delicti é, indiferentemente, o momento las em pouso no território nacional ou em voo no es-
da ação ou do resultado. paço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar
Qual a teoria adotada pelo Código Penal? territorial do Brasil.
O Código Penal adota a Teoria da atividade, nos ter-
mos do art. 4º, do CP. Há várias teorias para fixar o âmbito de aplicação da
Decorrente dessa teoria, há outras questões. norma penal a fatos cometidos no Brasil:
Em caso de crime continuado, como aplicar a Teoria O Território nacional abrange todo o espaço em que
da Atividade? o Estado exerce sua soberania: o solo, rios, lagos, mares
Crime continuado é aquele que se prolonga no tem- interiores, baías, faixa do mar exterior ao longo da costa
po, em que a ação continua a ocorrer, por exemplo, se- (12 milhas) e espaço aéreo.
questro. Os § 1º e 2º do art. 5ºdo Código Penal esclarecem
Endente-se, com base nos ensinamentos de Damásio, ainda que:
que o momento consumativo se alonga no tempo sob a
dependência da vontade do sujeito ativo, se iniciado sob “Para os efeitos penais, consideram se como exten-
a eficácia de uma lei e prolongado sob outra, aplica-se são do território nacional as embarcações e aeronaves
esta, mesmo que mais severa. O fundamento de tal solu- brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo
ção está em que a cada instante da permanência ocorre brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as ae-
a intenção de o agente continuar a prática delituosa. As- ronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de
sim, é irrelevante tenha a conduta seu início sob o impé- propriedade privada, que se achem, respectivamente, no
rio da lei antiga, ou esta não incriminasse o fato, pois o espaço aéreo correspondente ou em alto mar” (§ 1º).
dolo ocorre durante a eficácia da lei nova: presente está
a intenção de o agente infringir a nova norma durante a “É também aplicável a lei brasileira aos crimes pratica-
vigência de seu comando. dos a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras
Podemos acrescentar aqui, com o mesmo fundamen- de propriedade privada, achando se aquelas em pouso
to, os casos de prática de crime habitual no território nacional ou em voo no espaço aéreo corres-
No caso de crime continuado, há três hipóteses: pondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil”
LEGISLAÇÃO JURÍDICA

1ª) o agente praticou a série de crimes sob o império (§ 2º).


de duas leis, sendo mais grave a posterior: aplica-
-se a lei nova, tendo em vista que o delinquente
já estava advertido da maior gravidade da sanctio
juris, caso “continuasse” a conduta delituosa.
2ª) se se cuida de novatio legis incriminadora, cons-
tituem indiferente penal os fatos praticados antes
de sua entrada em vigor. O agente responde pe-

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LUGAR DO CRIME

Art. 6º Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como
onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.

O direito penal apresenta 3 teorias sobre o lugar do crime:


Teoria da atividade, ou da ação: Lugar do crime é aquele em que foi praticada a conduta (ação ou omissão).
Teoria do resultado, ou do evento: Lugar do crime é aquele em que se produziu ou deveria produzir-se o resultado,
pouco importando o local da prática da conduta.
Teoria mista ou da ubiquidade: Lugar do crime é tanto aquele em que foi praticada a conduta (ação ou omissão)
quanto aquele em que se produziu ou deveria produzir-se o resultado.
Destas teorias apresentadas, qual é adotada no Código Penal?
O art. 6º, o CP adotou a teoria mista ou da ubiquidade.
Cleber Masson ensina que a discussão acerca do local do crime tem pertinência somente em relação aos crimes à
distância, também conhecidos como crimes de espaço máximo, isto é, aqueles em que a conduta é praticada em um
país e o resultado vem a ser produzido em outro país. Para a incidência da lei brasileira é suficiente que um único ato
executório atinja o território nacional, ou então que o resultado ocorra no Brasil. Em relação à tentativa, o lugar do
crime abrange aquele em que se desenvolveram os atos executórios, bem como aquele em que deveria produzir-se o
resultado.
Sabemos que o art. 6º, do CP, adota a TEORIA MISTA ou DA UBIQUIDADE.
HÁ EXCEÇÃO?
SIM.
Crimes conexos: São aqueles que de algum modo estão relacionados entre si. Não se aplica a teoria da ubiquidade,
eis que os diversos crimes não constituem unidade jurídica. Portanto, cada um deles deve ser processado e julgado no
país em que foi cometido.
Crimes plurilocais: São aqueles em que a conduta e o resultado ocorrem em comarcas diversas, mas no mesmo
país. Aplica-se a regra delineada pelo art. 70, caput, do CPP – a competência será determinada pelo lugar em que se
consumar a infração ou, no caso de tentativa, pelo local em que for praticado o último ato de execução. Na hipótese de
crimes dolosos contra a vida, aplica-se a teoria da atividade, segundo pacífica jurisprudência, em razão da conveniência
LEGISLAÇÃO JURÍDICA

para a instrução criminal em juízo, possibilitando a descoberta da verdade real. De fato, é mais fácil e seguro produzir
provas no local em que o crime se realizou. Além disso, não é possível obrigar as testemunhas do fato a comparecerem
ao plenário do Júri em outra comarca. Se não bastasse, um dos pilares que fundamenta o Tribunal do Júri é permitir a
pacificação da sociedade perturbada pelo crime mediante o julgamento do infrator pelos seus pares.
Infrações penais de menor potencial ofensivo: O art. 63 da Lei 9.099/1995 adotou a teoria da atividade: “A compe-
tência do Juizado será determinada pelo lugar em que foi praticada a infração penal”.
Crimes falimentares: Será competente o foro do local em que foi decretada a falência, concedida a recuperação
judicial ou homologado o plano de recuperação extrajudicial (art. 183 da Lei 11.101/2005).

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Atos infracionais: Para os crimes ou contravenções penais praticadas por crianças e adolescentes, será competente
a autoridade do lugar da ação ou da omissão (Lei 8.069/1990 – ECA, art. 147, § 1º).

Extraterritorialidade

Art. 7º, do CP. Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:
A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as
condições previstas no parágrafo anterior:
a) não foi pedida ou foi negada a extradição;
b) houve requisição do Ministro da Justiça.
É a possibilidade de aplicação da lei penal brasileira a fatos criminosos ocorridos no exterior.

Princípios norteadores:

a) Princípio da nacionalidade ativa.


Aplica-se a lei nacional do autor do crime, qualquer que tenha sido o local da infração.

b) Princípio da nacionalidade passiva.


A lei nacional do autor do crime aplica-se quando este for praticado contra bem jurídico de seu próprio Estado ou
contra pessoa de sua nacionalidade.

c) Princípio da defesa real.


Prevalece a lei referente à nacionalidade do bem jurídico lesado, qualquer que tenha sido o local da infração ou a
nacionalidade do autor do delito. É também chamado de princípio da proteção.

d) Princípio da justiça universal.


Todo Estado tem o direito de punir qualquer crime, seja qual for a nacionalidade do sujeito ativo e passivo, e o local
da infração, desde que o agente esteja dentro de seu território (que tenha voltado a seu país, p. ex.).

e) Princípio da representação.
A lei nacional é aplicável aos crimes cometidos no estrangeiro em aeronaves e embarcações privadas, desde que
não julgados no local do crime.

Cumprimento de pena no estrangeiro

Art. 8º, do CP. A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas,
ou nela é computada, quando idênticas.

Observe que são duas possibilidades:

LEGISLAÇÃO JURÍDICA

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Eficácia da sentença no estrangeiro

O art. 9º, do CP. A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz na espécie as mesmas conse-
quências, pode ser homologada no Brasil para:
I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos civis;
II - sujeitá-lo a medida de segurança.
A homologação depende:
a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte interessada;
b) para os outros efeitos, da existência de tratado de extradição com o país de cuja autoridade judiciária emanou a
sentença, ou, na falta de tratado, de requisição do Ministro da Justiça.
LEGISLAÇÃO JURÍDICA

Contagem de prazo penal

Art. 10, do CP. O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo.


Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum.

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Frações não computáveis da pena: Em razão dos crimes serem condutas mais graves,
então eles são repelidos através da imposição de penas
Art. 11, do CP. Desprezam-se, nas penas privativas de mais graves (reclusão ou detenção e/ou multa).
liberdade e nas restritivas de direitos, as frações de dia, As contravenções, todavia, por serem condutas me-
e, na pena de multa, as frações de cruzeiro (real). nos graves, são sancionadas com penas menos graves
(prisão simples e/ou multa).
O que é legislação especial? A escolha se determinada infração penal será crime/
delito ou contravenção é puramente política, da mesma
Em regra, são as normas não incriminadoras previstas forma que o critério de escolha dos bens que devem ser
no Código Penal. protegidos pelo Direito Penal. Além disso, o que hoje é
Estão previstas na Parte Geral do Código Penal, mas considerado crime pode vir, no futuro, a ser considerada
também há hipóteses que se encontram na Parte Espe- infração e vice-versa. O exemplo disso aconteceu com a
cial. conduta de portar uma arma ilegalmente. Até 1997, tal
Exemplo clássico: conceito de funcionário público conduta caracterizava uma mera contravenção, porém,
(art. 327, do CP). com o advento da Lei 9.437/97, esta infração passou a ser
O art. 12, do CP, indica a adoção do princípio da con- considerada crime/delito.
veniência das esferas autônomas, segundo o qual as re- a) Tentativa: no crime/delito a tentativa é punível, en-
gras gerais do CP convivem em sintonia com as previstas quanto que na contravenção, por força do Art. 4º
na legislação extravagante. do Decreto-Lei 3.688/41, a tentativa não é punível.
Todavia, caso a lei especial contenha algum preceito b) Extraterritorialidade: no crime/delito, nas situações
geral, também disciplinado pelo CP, prevalece a orien- do Art. 7º do Código Penal, a extraterritorialidade é
tação da legislação especial, em face do seu específico aplicada, enquanto que nas contravenções a extra-
campo de atuação (princípio da especialidade). territorialidade não é aplicada.
Exemplo: A Lei nº 9.605/1998 não prevê regras espe- c) Tempo máximo de pena: no crime/delito, o tempo
ciais para a prescrição no tocante aos crimes ambientais máximo de cumprimento de pena é de 30 anos,
nela previstos. Aplicam-se, consequentemente, as dispo- enquanto que nas contravenções, por serem me-
sições do Código Penal. nos graves, o tempo máximo de cumprimento de
Por outro lado, o Código Penal Militar tem regras es- pena é de 5 anos.
d) Reincidência: de acordo com o Art. 7º do Decreto-
peciais para a prescrição nos crimes que tipifica. Aplica-
-Lei 3.688/41, é possível a reincidência nas contra-
-se o CPM, afastando-se a incidência do Código Penal
venções. A reincidência ocorrerá após a prática de
(Código Penal comum).
crime ou contravenção no Brasil e após a prática
de crime no estrangeiro. Não há reincidência após
O crime ocorre quando uma pessoa pratica qualquer
a prática de contravenção no estrangeiro.
conduta descrita na lei e, através dessa conduta, ofende
um bem jurídico de uma terceira pessoa. Constituem de-
Verifica-se a reincidência quando o agente pratica
terminados comportamentos humanos proibidos por lei, uma contravenção depois de passar em julgado a sen-
sob a ameaça de uma pena. tença que o tenha condenado, no Brasil ou no estran-
A legislação brasileira, apresenta um sistema bipar- geiro, por qualquer crime, ou, no Brasil, por motivo de
tido sobre as espécies de infração penal, uma vez que contravenção.
existem apenas duas espécies (crime = delito ≠ contra- Vimos que em termos práticos existem algumas dife-
venção). Situação diferente ocorre com alguns países tais renças entre crime e contravenção, porém, não podemos
como a França e a Espanha que adotaram o sistema tri- falar o mesmo sobre a essência dessas infrações. Tanto a
partido (crime ≠ delito ≠ contravenção). contravenção como o crime, substancialmente, são fatos
As duas espécies de infração penal são: o crime, con- típicos, ilícitos e, para alguns, culpáveis.
siderado o mesmo que delito, e a contravenção. Ilustre- Ou seja, possuem a mesma estrutura.
-se, porém que, apesar de existirem duas espécies, os Diferente do que costuma se pensar no senso comum,
conceitos são bem parecidos, diferenciando-se apenas juridicamente, crime hediondo não é o crime praticado
na gravidade da conduta e no tipo (natureza) da sanção com extrema violência e com requintes de crueldade e
ou pena. sem nenhum senso de compaixão ou misericórdia por
No que diz respeito à gravidade da conduta, os cri- parte de seus autores, mas sim um dos crimes expressa-
mes e delitos se distinguem por serem infrações mais mente previstos na Lei nº 8.072/90. Portanto, são crimes
graves, enquanto que a contravenção refere-se às infra- que o legislador entendeu merecerem maior reprovação
ções menos graves. por parte do Estado.
Em relação ao tipo da sanção, a diferença tem origem Os crimes hediondos, do ponto de vista criminoló-
LEGISLAÇÃO JURÍDICA

no Art. 1º da Lei de Introdução ao Código Penal (Decre- gico, são os crimes que estão no topo da pirâmide de
to-Lei 3.914/41). desvaloração criminal, devendo, portanto, ser entendi-
Considera-se crime a infração penal que a lei comi- dos como crimes mais graves ou revoltantes, que causam
na pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamen- maior aversão à coletividade.
te, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de Do ponto de vista semântico, o termo hediondo sig-
multa; contravenção, a infração penal a que a lei comina, nifica ato profundamente repugnante, imundo, horren-
isoladamente, penas de prisão simples ou de multa, ou do, sórdido, ou seja, um ato indiscutivelmente nojento,
ambas. Alternativa ou cumulativamente. segundo os padrões da moral vigente.

29
O crime hediondo é o crime que causa profunda e De acordo com a Lei dos Juizados Especiais Crimi-
consensual repugnância por ofender, de forma acentua- nais (Lei n. 9.099/95), consideram-se infrações de menor
damente grave, valores morais de indiscutível legitimi- potencial ofensivo, sujeitando-os à sua competência, os
dade, como o sentimento comum de piedade, de frater- crimes aos quais a lei comine pena máxima não superior
nidade, de solidariedade e de respeito à dignidade da a um ano (art. 61).
pessoa humana. A Lei dita que: Consideram-se infrações de menor
O conceito de crime hediondo repousa na ideia de potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, os crimes a
que existem condutas que se revelam como a antítese que a lei comine pena máxima não superior a dois anos,
extrema dos padrões éticos de comportamento social, ou multa.
de que seus autores são portadores de extremo grau de Assim, sejam da competência da Justiça Comum ou
perversidade, periculosidade e em razão disso, merecem Federal, devem ser considerados delitos de menor po-
sempre o grau máximo de reprovação ética por parte da tencial ofensivo aqueles aos quais a lei comine, no máxi-
sociedade e do próprio sistema de controle. mo, pena detentiva não superior a dois anos, ou multa;
Destarte, foi aprovada por unanimidade na Câmara de maneira que os Juizados Especiais Criminais da Justiça
dos Deputados um projeto de lei que restringe o benefí- Comum passam a ter competência sobre todos os delitos
cio da progressão de regime para os presos condenados a que a norma de sanção imponha, no máximo, pena de-
por crimes hediondos. A lei 11.464/07 mudou a progres- tentiva não superior a dois anos (até dois anos) ou multa.
são de regime, no caso dos condenados aos crimes he- Ao não se adotar essa orientação, absurdos poderão
diondos e equiparados, dar-se-á após o cumprimento de ocorrer na prática, em prejuízo de princípios constitucio-
2/5 (dois quintos) da pena, se o apenado for primário, e nais, como da igualdade e da proporcionalidade.
de 3/5 (três quintos), se reincidente. De modo que o delito mais grave, por atingir um bem
São considerados crimes hediondos: jurídico coletivo, seria absurdamente considerado de
1. Homicídio simples, quando em atividade típica de menor potencial ofensivo; enquanto o outro, de menor
grupo de extermínio lesividade objetiva, por afetar bem jurídico individual, te-
(art. 121); ria a qualificação de crime de maior potencial ofensivo.
2. Homicídio qualificado Vamos estudar os sujeitos:
(art. 121, § 2o, I, II, III, IV e V); Sujeito Ativo ou agente: é aquele que ofende o bem
3. Latrocínio jurídico protegido por lei. Em regra, só o ser humano
(art. 157, § 3o); maior de 18 anos pode ser sujeito ativo de uma infra-
4. Extorsão qualificada pela morte ção penal. A exceção acontece nos crimes contra o meio
(art. 158, § 2o); ambiente onde existe a possibilidade da pessoa jurídica
5. Extorsão mediante sequestro simples e na forma ser sujeito ativo, conforme preconiza o Art. 225, § 3º da
qualificada Constituição Federal.
(art. 159, caput, e §§ 1o, 2o e 3o);
6. Estupro Art. 225 [...].
(art. 213 e sua combinação com o art. 223, caput e § 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas
parágrafo único); ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas
7. Atentado violento ao pudor físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrati-
(art. 214 e sua combinação com o art. 223, caput e vas, independentemente da obrigação de reparar os
parágrafo único); danos causados.
8. Epidemia com resultado morte
(art. 267, § 1o); O Sujeito Passivo pode ser de dois tipos. O sujeito
9. Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de passivo formal é sempre o Estado, pois tanto ele como
produto destinado a fins terapêuticos ou medici- a sociedade são prejudicados quando as leis são deso-
nais bedecidas. O sujeito passivo material é o titular do bem
(art. 273, caput e § 1o, § 1o-A e § 1o B, redação dada jurídico ofendido e pode ser tanto pessoa física como
pela Lei no 9.677/98); pessoa jurídica.
10. Genocídio É possível que o Estado seja ao mesmo tempo sujeito
(art.(s). 1o, 2o e 3o da Lei no 2.889/56, tentado ou passivo formal e sujeito passivo material. Como exemplo,
consumado). podemos citar o furto de um computador de uma repar-
tição pública.
Existem crimes que não são hediondos, todavia equi- Princípio da Lesividade: uma pessoa não pode ser, ao
parados a esses e submetidos, portanto, ao mesmo tra- mesmo tempo, sujeito ativo e sujeito passivo de uma in-
tamento penal mais severo reservado a esta espécie de fração penal.
LEGISLAÇÃO JURÍDICA

delito: O princípio da lesividade diz que, para haver uma in-


1. Terrorismo; fração penal, a lesão deve ocorrer a um bem jurídico de
2. Tortura e; alguém diferente do seu causador, ou seja, a ofensa deva
3. Tráfico ilícito de entorpecentes extrapolar o âmbito da pessoa que a causou.
Dessa forma, se uma pessoa dá vários socos em seu
Vejamos a posição de Damásio de Jesus acerca dos próprio rosto (autolesão), não há crime de lesão corporal
crimes de menor potencial ofensivo: (Art. 129 do CP), pois não foi ofendido o bem jurídico de
uma terceira pessoa.

30
Entretanto, a autolesão pode caracterizar o crime de dição de afirmar que um sujeito não poderá responder
fraude para recebimento de seguro (Art. 171, § 2o, V do por um fato, porque é atípico; ou porque um sujeito não
CP) ou criação de incapacidade para se furtar ao serviço poderá responder por um determinado fato, porque o
militar (Art. 184 do CPM). praticou sob o manto de um exercício regular de direito;
O Brasil adotou, formalmente, a teoria bipartida do ou porque o sujeito não poderá responder por determi-
crime. De acordo com a Lei de Introdução ao Código Pe- nado fato, porque o praticou sob o manto de um erro de
nal, crime é a infração penal a que a Lei comine pena proibição, que afetou a culpabilidade.
de reclusão ou detenção e multa, alternativa, cumulativa Por intermédio dessa estruturação que a sociedade
ou isoladamente. Já contravenção é a infração a que a tem condição de acompanhar e fiscalizar a aplicação cor-
Lei comine pena de prisão simples e multa, alternativa, reta do Direito Penal. Sem isso, nós teríamos uma apli-
cumulativa ou isoladamente. cação intuitiva pelos juízes, de difícil fiscalização. Então,
Entretanto, tal conceito é extremamente precário, ca- cumpre uma função importante que é a de segurança
bendo à doutrina seu desenvolvimento. jurídica.
O crime possui três conceitos principais, material, for- Fato típico é denominado como o comportamen-
mal e analítico. to humano que se molda perfeitamente aos elementos
a) Conceito material: crime seria toda a ação ou omis- constantes do modelo previsto na lei penal.
são humana que lesa ou expõe a perigo de lesão A primeira característica do crime é ser um fato típico,
bens jurídicos protegidos pelo Direito Penal, ou descrito, como tal, numa lei penal. Um acontecimento da
penalmente tutelados. De acordo com o STF, O vida que corresponde exatamente a um modelo de fato
CONCEITO MATERIAL DE CRIME É FATOR DE LEGI- contido numa norma penal incriminadora, a um tipo.
TIMAÇÃO DO DIREITO PENAL, pois, de acordo com Para que o operador do Direito possa chegar à con-
ele, não será toda conduta que será penalmente clusão de que determinado acontecimento da vida é um
criminalizada, mas somente aquelas condutas mais fato típico, deve debruçar-se sobre ele e, analisando-o,
relevantes (princípio da adequação social); decompô-lo em suas faces mais simples, para verificar,
b) Conceito formal ou jurídico: é aquilo que a Lei cha- com certeza absoluta, se entre o fato e o tipo existe re-
lação de adequação exata, fiel, perfeita, completa, total e
ma de crime. Está definido no art. 1º da Lei de In-
absoluta. Essa relação é a tipicidade.
trodução do Código Penal. Crime é toda infração a
Para que determinado fato da vida seja considerado
que a Lei comina pena de reclusão ou detenção e
típico, é preciso que todos os seus componentes, todos
multa, isolada, cumulativa ou alternativamente. De
os seus elementos estruturais sejam, igualmente, típicos.
acordo com este conceito, a diferença seria apenas
Os componentes de um fato típico são a conduta hu-
quantitativa, relativa à quantidade da pena;
mana, a consequência dessa conduta se ela a produzir (o
c) Conceito analítico: aqui se analisa todos os elemen-
resultado), a relação de causa e efeito entre aquela e esta
tos que integram o crime. Crime é todo fato típico, (nexo causal) e, por fim, a tipicidade.
antijurídico (é melhor utilizar o termo ilícito, apesar Considera-se conduta a ação ou omissão humana
de não fazer tanta diferença, já que fica mais fácil consciente e voluntária dirigida a uma finalidade.
manejar o CP e as leis especiais quando há exclu- A expressão resultado tem natureza equívoca, já que
dentes de ilicitude) e culpável (alguns autores não possui dois significados distintos em matéria penal. Pode
consideram a culpabilidade como elemento do cri- se falar, assim, em resultado material ou naturalístico e
me, e sim como pressuposto da pena). Apesar de em resultado jurídico ou normativo.
ser indivisível, o crime é estudado de acordo com O resultado naturalístico ou material consiste na mo-
essas três características para facilitar sua compre- dificação no mundo exterior provocada pela conduta.
ensão. Elas serão analisadas mais adiante, após Trata-se de um evento que só se faz necessário em cri-
vermos as classificações de crime existentes. mes materiais, ou seja, naqueles cujo tipo penal descreva
a conduta e a modificação no mundo externo, exigindo
A teoria geral do crime trata de todos os elementos ambas para efeito de consumação.
que compõe o fato criminoso. O resultado jurídico ou normativo reside na lesão ou
O crime é composto de três elementos básicos: fato ameaça de lesão ao bem jurídico tutelado pela norma
típico, antijurídico (ou ilícito) e culpável. Para fins didáti- penal. Todas as infrações devem conter, expressa ou im-
cos, eles são estudados em separado, facilitando a com- plicitamente, algum resultado, pois não há delito sem
preensão do tema. que ocorra lesão ou perigo (concreto ou abstrato) a al-
Parte da doutrina entende que o crime é apenas o gum bem penalmente protegido.
fato típico e ilícito, considerando a culpabilidade como A doutrina moderna dá preferência ao exame do
mero pressuposto da pena. Não se coaduna, entretan- resultado jurídico. Este constitui elemento implícito de
to, tal entendimento com o ordenamento e jurisprudên- todo fato penalmente típico, pois se encontra ínsito na
LEGISLAÇÃO JURÍDICA

cia pátrios, já que, por exemplo, se isso fosse verdade, noção de tipicidade material.
o inimputável seria capaz de praticar crime, porém, sem O resultado naturalístico, porém, não pode ser me-
pena. Como se sabe, o inimputável (absolutamente) não nosprezado, uma vez que se cuida de elementar presente
pratica crime, justamente por estar ausente a culpabili- em determinados tipos penais, de tal modo que despre-
dade. zar sua análise seria malferir o princípio da legalidade.
É a possibilidade de através de sua estruturação, se Ilicitude, ou ilícito penal, é o crime ou delito. Ou seja, é o
ter condições de fiscalizar a aplicação do direito penal descumprimento de um dever jurídico imposto por normas
pelo poder judiciário. É através disto que se terá con- de direito público, sujeitando o agente a uma pena.

31
Na ilicitude penal, a antijuridicidade é a contradição A incidência da excludente da ilicitude, conduto, não
entre uma conduta e o ordenamento jurídico. O fato típi- pode servir de salvo conduto para eventuais excessos do
co, até prova em contrário, é um fato que, ajustando-se a autor, que venham a extrapolar os limites do necessário
um tipo penal, é antijurídico. para a defesa do bem jurídico, do cumprimento de um
Vamos estudas as exclusões de ilicitude: dever legal ou do exercício regular de um direito. Haven-
Exclusão da ilicitude é uma causa excepcional que do excesso, o autor do fato será responsável por ele, caso
retira o caráter antijurídico de uma conduta tipificada restem verificados seu dolo ou sua culpa. Nesse sentido é
como criminosa (fato típico). a regra do parágrafo único do artigo 23 do Código Penal.
A Culpabilidade é um elemento integrante do concei-
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: to definidor de uma infração penal. A motivação e objeti-
I - em estado de necessidade; vos subjetivos do agente praticante da conduta ilegal. A
II - em legítima defesa; culpabilidade aufere, a princípio, se o agente da conduta
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exer- ilícita é penalmente culpável, isto é, se ele agiu com dolo
cício regular de direito. (intenção), ou pelo menos com imprudência, negligência
Excesso punível ou imperícia, nos casos em que a lei prever como puní-
Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipó- veis tais modalidades
teses deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou Ao reagir à agressão injusta que está sofrendo, ou
culposo. em vias de sofrê-la, em relação ao meio usado o agente
pode encontrar-se em três situações diferentes:
A ação do homem será típica sob o aspecto criminal - usa de um meio moderado e dentro do necessário
quando a lei penal a descreve como sendo um delito. para repelir à agressão;
Numa primeira compreensão, isso também basta para se
afirmar que ela está em desacordo com a norma, que se Haverá necessariamente o reconhecimento da legíti-
trata de uma conduta ilícita ou, noutros termos, antiju- ma defesa.
rídica. - de maneira consciente emprega um meio desneces-
Essa ilicitude ou antijuridicidade, contudo, consisten- sário ou usa imoderadamente o meio necessário;
te na relação de contrariedade entre a conduta típica
do autor e o ordenamento jurídico, pode ser suprimida, A legítima defesa fica afastada por excluído um dos
desde de que, no caso concreto, estejam presentes uma seus requisitos essenciais.
das hipóteses previstas no artigo 23 do Código Penal: o - após a reação justa (meio e moderação) por impre-
estado de necessidade, a legítima defesa, o estrito cum- vidência ou conscientemente continua desneces-
primento do dever legal ou o exercício regular de direito. sariamente na ação.
O estado de necessidade e a legítima defesa são con-
ceituados nos artigos 24 e 25 do Código Penal, merecen- No terceiro agirá com excesso, o agente que intensifi-
do destaque, neste tópico, apenas o estrito cumprimento ca demasiada e desnecessariamente a reação inicialmen-
do dever legal e o exercício regular de um direito, como te justificada. O excesso poderá ser doloso ou culposo. O
excludentes da ilicitude ou da antijuridicidade. agente responderá pela conduta constitutiva do excesso.
A expressão estrito cumprimento do dever legal, por A punibilidade é uma das condições para o exercício
si só, basta para justificar que tal conduta não é ilícita, da ação penal (CPP, art. 43, II) e pode ser definida como a
ainda que se constitua típica. Isso porque, se a ação do possibilidade jurídica de o Estado aplicar a sanção penal
homem decorre do cumprimento de um dever legal, ela (pena ou medida de segurança) ao autor do ilícito.
está de acordo com a lei, não podendo, por isso, ser con- A Punibilidade, portanto, é consequência do crime.
trária a ela. Noutros termos, se há um dever legal na ação Assim, é punível a conduta que pode receber pena.
do autor, esta não pode ser considerada ilícita, contrária A imputabilidade é a possibilidade de atribuir a um
ao ordenamento jurídico. indivíduo a responsabilidade por uma infração. Segun-
Um exemplo possível de estrito cumprimento do de- do prescreve o artigo 26, do Código Penal, podemos,
ver legal pode restar configurado no crime de homicí- também, definir a imputabilidade como a capacidade do
dio, em que, durante tiroteio, o revide dos policiais, que agente entender o caráter ilícito do fato por ele perpe-
estavam no cumprimento de um dever legal, resulta na trado ou, de determinar-se de acordo com esse enten-
morte do marginal. Neste sentido - RT 580/447. dimento.
O exercício regular de um direito, como excludente É, portanto a possibilidade de se estabelecer o nexo
da ilicitude, também quer evitar a antinomia nas relações entre a ação e seu agente, imputando a alguém a realiza-
jurídicas, posto que, se a conduta do autor decorre do ção de um determinado ato.
exercício regular de um direito, ainda que ela seja típica, Quando existe algum agravo à saúde mental, os in-
LEGISLAÇÃO JURÍDICA

não poderá ser considerada antijurídica, já que está de divíduos podem ser considerados inimputáveis – se não
acordo com o direito. tiverem discernimento sobre os seus atos ou não possuí-
Um exemplo de exercício regular de um direito, como rem autocontrole, são isentos de pena.
excludente da ilicitude, é o desforço imediato, emprega- Os semi imputáveis são aqueles que, sem ter o dis-
do pela vítima da turbação ou do esbulho possessório, cernimento ou autocontrole abolidos, têm-nos reduzidos
enquanto possuidor que pretende reaver a posse da coi- ou prejudicados por doença ou transtorno mental.
sa para si (RT - 461/341). Causas que excluem a imputabilidade
Doença Mental,

32
Desenvolvimento mental incompleto, Assim sendo, a legítima defesa nada mais é do que
Desenvolvimento mental retardado e a ação praticada pelo agente para repelir injusta agres-
Embriaguez completa proveniente de caso fortuito são a si ou a terceiro, utilizando-se dos meios necessários
ou força maior. com moderação.
A formação da legítima defesa depende de alguns re-
Para que haja ilicitude em uma conduta típica, inde- quisitos objetivos. São eles:
pendentemente do seu elemento subjetivo, é necessário a) Agressão injusta, atual ou iminente;
que inexistam causas justificantes. Isto porque estas cau- b) Direito próprio ou alheio;
sas tornam lícita a conduta do agente. c) Utilização de meios necessários com moderação.
As causas justificantes têm o condão de tornar líci-
ta uma conduta típica praticada por um sujeito. Assim, O elemento subjetivo existente na legítima defesa é a
aquele que pratica fato típico acolhido por uma exclu- vontade de se defender ou defender direito alheio. Além
dente, não comete ato ilícito, constituindo uma exceção de preencher os requisitos objetivos, o agente precisa ter o
à regra que todo fato típico será sempre ilícito. animus defendendi no momento da ação. Se o agente des-
As excludentes de ilicitude estão previstas no artigo conhecia a agressão que estava por vir e age com intuito de
23 do Código Penal brasileiro. São elas: o estado de ne- causar mal ao agressor, não haverá exclusão da ilicitude da
cessidade, a legítima defesa, o estrito cumprimento do conduta, pois haverá mero caso de coincidência.
dever legal e o exercício regular de direito. Ponto bastante discutido entre os doutrinadores é
O estado de necessidade é uma excludente de ilicitu- o que trata de ofendículos. Para alguns autores, consti-
de que constitui no sacrifício de um bem jurídico penal- tuem legítima defesa preordenada e para outros, exercício
mente protegido, visando salvar de perigo atual e ine- regular de direito, embora ambos se enquadrem na exclu-
vitável direito próprio do agente ou de terceiro - desde são da antijuricidade da conduta. Ofendículos são aparatos
que no momento da ação não for exigido do agente uma que visam proteger o patrimônio ou qualquer outro bem
conduta menos lesiva. Nesta causa justificante, no míni- sujeito a invasões, como por exemplo, as cercas elétricas em
mo dois bens jurídicos estarão postos em perigo, sendo cima de um muro de uma casa. A jurisprudência entende
que para um ser protegido, o outro será prejudicado. que todos os aparatos dispostos para defender o patrimô-
Para que se caracterize a excludente de estado de nio devem ser visíveis e inacessíveis a terceiros inocentes,
necessidade exige dois requisitos: existência de perigo somente afetando aquele que visa invadir ou atacar o bem
atual e inevitável e a não provocação voluntária do peri- tutelado alheio. Preenchendo estes requisitos, o agente não
go pelo agente. Quanto ao primeiro, importante destacar responderá pelos danos causados ao agressor, pois confi-
que se trata do que está acontecendo, ou seja, o perigo gurará caso de legítima defesa preordenada. Só serão con-
não é remoto ou incerto além disso, o agente não pode ceituados como exercício regular de direito quando levados
ter opção de tomar outra atitude, pois caso contrário, em consideração o momento de sua instalação.
não se justifica a ação. Enquanto o segundo requisito Por fim, faz-se necessário analisar quando o agente
significa que o agente não pode ter provocado o perigo deverá responder por excesso, em caso de legítima de-
intencionalmente. A doutrina majoritária entende que se fesa. São três as situações: a primeira refere-se à forma
o agente cria a situação de perigo de forma culposa, ain- dolosa, a segunda culposa e a última é aquela que se
da assim poderá se utilizar da excludente. origina de erro.
Vale observar o tema abordado por Rogério Greco A primeira o agente tem ciência de que a agressão
quanto ao estado de necessidade relacionado a neces- cessou, mesmo assim, continua com sua conduta, lesan-
sidades econômicas. Trata-se de casos em que devido a do o bem jurídico do agressor inicial. Neste caso, o agen-
grandes dificuldades financeiras, o agente comete crimes te que inicialmente se encontra em estado de legítima
em virtude de tal situação. defesa e excede conscientemente seus limites, respon-
Conforme o doutrinador, não é qualquer dificuldade derá pelos resultados do excesso a título de dolo. A se-
econômica que autoriza o agente a agir em estado de gunda se configura quando o agente que age reagindo
necessidade, somente se permitindo quando a situa- contra a agressão, excede os limites da causa justificante
ção afete sua própria sobrevivência. Como é o caso, por por negligência, imprudência ou imperícia. O resultado
exemplo, do pai que vendo seus familiares com fome e lesivo causado deve estar previsto em lei como crime
não sem condições de prover sustento, furta alimentos culposo, para que o agente possa responder. E a últi-
num mercado. É razoável que prevaleça o direito À vida ma, que é proveniente do erro, se configura no caso de
do pai e de sua família ante ao patrimônio do mercado. legítima defesa subjetiva. Aqui, o agente incide em erro
[4] sobre a situação que ocorreu, supondo que a agressão
ainda existe. Responderá por culpa, caso haja previsão e
Legítima defesa: se for evitável.
LEGISLAÇÃO JURÍDICA

O conceito de legítima defesa, esta que é a excluden- Estrito cumprimento do dever legal
te mais antiga de todas, está baseado no fato de que o
Estado não pode estar presente em todos os lugares pro- O agente que cumpre o seu dever proveniente da lei,
tegendo os direitos dos indivíduos, ou seja, permite que não responderá pelos atos praticados, ainda que consti-
o agente possa, em situações restritas, defender direito tuam um ilícito penal. Isto porque o estrito cumprimento
seu ou de terceiro. de dever legal constitui outra espécie de excludente de
ilicitude, ou causa justificante.

33
O primeiro requisito para formação desta excludente Causas de exclusão de culpabilidade:
de ilicitude é a existência prévia de um dever legal. Este O Código Penal prevê causas que excluem a culpabi-
requisito engloba toda e qualquer obrigação direta ou lidade pela ausência de um de seus elementos, ficando
indireta que seja proveniente de norma jurídica. Dessa o sujeito isento de pena, ainda que tenha praticado um
forma, pode advir de qualquer ato administrativo infrale- fato típico e antijurídico.
gal, desde que tenham sua base na lei. Também pode ter a) inimputabilidade: a incapacidade de entender o ca-
sua origem em decisões judiciais, já que são proferidas ráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo
pelo Poder Judiciário no cumprimento de ordens legais. com esse entendimento.
Outro requisito é o cumprimento estrito da ordem. - doença mental, desenvolvimento mental incomple-
Para que se configure esta causa justificante, é necessá- to ou retardado (art. 26);
rio que o agente se atenha aos limites presentes em seu - desenvolvimento mental incompleto por presunção
dever, não podendo se exceder no seu cumprimento. legal, do menor de 18 anos (art. 27);
Aquele que ultrapassa os limites da ordem legal poderá - embriaguez completa, proveniente de caso fortuito
responder por crime de abuso de autoridade ou algum ou força maior (art. 28, § 1º).
outro específico no código Penal. Por fim, o último re-
quisito é a execução do ato por agente público, e ex- b) inexistência da possibilidade de conhecimento da
cepcionalmente, por particular. Para que se caracterize ilicitude:
a causa justificante, o agente precisa ter consciência de - erro de proibição (art. 21).
que pratica o ato em cumprimento de dever legal a ele
incumbido, pois, do contrário, o seu ato configuraria um c) inexigibilidade de conduta diversa:
ilícito. Trata-se do elemento subjetivo desta excludente, - coação moral irresistível (art. 22, 1ª parte);
que é a ação do agente praticada no intuito de cumprir - obediência hierárquica (art. 22, 2ª parte).
ordem legal.
Ao tratar de coautores e partícipes, Fernando Capez IMPUTABILIDADE PENAL
suscita uma questão interessante. Para ele, ambos não
poderiam ser responsabilizados, pois não como falar em A imputabilidade é a possibilidade de atribuir a um
ato lícito para, e para o outro ilícito. Porém, se um de- indivíduo a responsabilidade por uma infração. Segun-
les desconhecer a situação justificante que enseja o uso do prescreve o artigo 26, do Código Penal, podemos,
a excludente de ilicitude, e age com propósito de lesar também, definir a imputabilidade como a capacidade do
direito alheio, respondera pelo delito praticado, mesmo agente entender o caráter ilícito do fato por ele perpe-
isoladamente. trado ou, de determinar-se de acordo com esse enten-
dimento.
Exercício regular do direito: É, portanto a possibilidade de se estabelecer o nexo
entre a ação e seu agente, imputando a alguém a realiza-
Aquele que exerce um direito garantido por lei não ção de um determinado ato.
comete ato ilícito. Uma vez que o ordenamento jurídi- Quando existe algum agravo à saúde mental, os in-
co permite determinada conduta, se dá a excludente do divíduos podem ser considerados inimputáveis – se não
exercício regular do direito. tiverem discernimento sobre os seus atos ou não possuí-
O primeiro requisito exigido por esta causa justifican- rem autocontrole, são isentos de pena.
te é a existência de um direito, podendo ser de qualquer
natureza, desde que previsto no ordenamento jurídico. O Doença mental:
segundo requisito é a regularidade da conduta, isto é, o É a perturbação mental ou psíquica de qualquer or-
agente deve agir nos limites que o próprio ordenamento dem, capaz de eliminar ou afetar a capacidade de en-
jurídico impõe aos direitos. Do contrário haveria abuso tender o caráter criminoso do fato ou a de comandar a
de direito, configurando excesso doloso ou culposo. vontade de acordo com esse entendimento. Importante
Também se faz necessário que o agente tenha conhe- esclarecer que a dependência patológica, como drogas
cimento da situação em que se encontra para poder se configura doença mental quando retirar a capacidade de
valer desta excludente de ilicitude. É preciso saber que entender ou querer.
está agindo conforme um direito a ele garantido, pois do
contrário, subsistiria a ilicitude da ação. Fernando Capez Desenvolvimento mental incompleto
traz o exemplo do pai que pratica vias de fato ou lesão É o desenvolvimento que não se concluiu, devido à
corporal leve contra seu filho, mas sem o intuito de cor- recente idade cronológica do agente ou a sua falta de
reção, tendo dentro de si a intenção de lhe ofender a convivência na sociedade, ocasionando imaturidade
integridade física. mental e emocional.
Algumas situações são relevantes merecem ser men- Os menores de 18 anos, em razão de não sofrerem
LEGISLAÇÃO JURÍDICA

cionadas quanto ao alcance do exercício regular do di- sanção penal pela pratica de ilícito penal, em decorrência
reito. Uma delas é a intervenção médica e cirúrgica. Seria da ausência de culpabilidade, estão sujeitos ao procedi-
incompreensível considerar atos de médicos que salvam mento medidas sócio educativos prevista no ECA.
vidas como ilícitos. Porém, para que haja exercício regu-
lar do direito, é necessário que exista a anuência do pa- Desenvolvimento mental retardado:
ciente, pois, do contrário, haveria estado de necessidade É o incompatível com o estágio de vida em que se
praticado em favor de terceiro, podendo restar respon- encontra a pessoa, estando, portanto, abaixo do desen-
sabilidade no âmbito civil. volvimento normal para aquela idade cronológica. Sua

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capacidade não corresponde às experiências para aquele dois terços, se o agente, em virtude de perturbação
momento de vida, o que significa que a plena potenciali- de saúde mental ou por desenvolvimento mental in-
dade jamais será atingida. Os inimputáveis aqui tratados completo ou retardado não era inteiramente capaz de
não possuem condições de entender o crime que come- entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se
teram. de acordo com esse entendimento.
Critérios de aferição da inimputabilidade – pessoas Menores de dezoito anos
inimputáveis Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penal-
a. Sistema Biológico: (Usado pela doutrina: Código mente inimputáveis, ficando sujeitos às normas esta-
Penal sobre menoridade penal) neste interessa belecidas na legislação especial.
saber se o agente é portador de alguma doença Emoção e paixão
mental ou desenvolvimento mental incompleto ou Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal:
retardo, caso positivo é considerado inimputável. I - a emoção ou a paixão;
b. Sistema psicológico: neste o que interessa é o so- Embriaguez
mente o momento da ação ou omissão delituosa, II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool
se ele tinha ou não condições de avaliar o caráter ou substância de efeitos análogos.
criminoso do fato e de orientar-se de acordo com § 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez
esse entendimento, ou seja, o momento da pratica completa, proveniente de caso fortuito ou força maior,
do crime. A emoção não excluir a imputabilidade. E era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente
pessoa que comete crime, com integral alternação incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de de-
de seu estado físico-psíquico responde pelos seus terminar-se de acordo com esse entendimento.
atos. § 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se
c. Sistema biopsicológico: exige-se que a causa gera- o agente, por embriaguez, proveniente de caso fortui-
dora esteja prevista em lei e que, além disso, atue to ou força maior, não possuía, ao tempo da ação ou
efetivamente no momento da ação delituosa, re- da omissão, a plena capacidade de entender o caráter
tirando do agente a capacidade de entendimento ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
e vontade. Desta forma, será inimputável aquele entendimento.
que, em razão de uma causa prevista em lei (do-
ença mental, incompleto ou retardado), atue no De forma geral, o homicídio é o ato de destruição da
momento da pratica da infração penal sem capaci- vida de um homem por outro homem. De forma objetiva,
dade de entender o caráter criminoso do fato. é o ato cometido ou omitido que resulta na eliminação
da vida do ser humano.
Requisitos da inimputabilidade segundo o sistema Agora estudaremos os crimes definidos no Código
biopsicológico Penal:

(a) Causal: existencial de doença mental ou de desen- Homicídio simples:


volvimento incompleto ou retardado, causas pre- É a conduta típica limitada a “matar alguém”. Esta es-
vista em lei. pécie de homicídio não possui características de qualifi-
(b) Cronológico: atuação ao tempo da ação ou omis- cação, privilégio ou atenuação. É o simples ato da prática
são delituosa. descrita na interpretação da lei, ou seja, o ato de trazer a
(c) Consequencial: perda total da capacidade de en- morte a uma pessoa.
tender ou da capacidade de querer.
Homicídio privilegiado:
Somente há inimputabilidade se os três requisitos es- É a conduta típica do homicídio que recebe o bene-
tiverem presentes, sendo exceção aos menos de 18 anos, fício do privilégio, sempre que o agente comete o crime
regidos pelo sistema biológico. impelido por motivo de relevante valor social ou moral,
ou sob o domínio de violenta emoção, logo após a injus-
Embriaguez: ta provocação da vítima, podendo o juiz reduzir a pena
A embriaguez seria a causa capaz de levar à exclusão de um sexto a um terço.
da capacidade de entendimento e vontade do agente,
em virtude de uma intoxicação aguda e transitória causa- Homicídio qualificado:
da por álcool ou qual substancia de efeitos psicotrópicos É a conduta típica do homicídio onde se aumenta a
como morfina, ópio, cocaína entre outros. pena pela prática do crime, pela sua ocorrência nas se-
Dispõe o Código Penal: guintes condições: mediante paga ou promessa de re-
compensa, ou por outro motivo torpe; por motivo fútil,
LEGISLAÇÃO JURÍDICA

Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doen- com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura
ça mental ou desenvolvimento mental incompleto ou outro meio insidioso ou cruel, ou do qual possa resul-
ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, tar perigo comum; por traição, emboscada, ou mediante
inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne im-
fato ou de determinar-se de acordo com esse enten- possível a defesa do ofendido; e para assegurar a execu-
dimento. ção, a ocultação, a impunidade ou a vantagem de outro
Redução de pena crime.
Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a

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Homicídio Culposo: Lesão corporal:
É a conduta típica do homicídio que se dá pela im- Ofensa à integridade corporal ou a saúde de outra
prudência, negligência ou imperícia do agente, o qual pessoa.
produz um resultado não pretendido, mas previsível, es-
tando claro que o resultado poderia ter sido evitado. Lesão corporal de natureza grave:
No homicídio culposo a pena é aumentada de um Se resulta: incapacidade para as ocupações habituais,
terço, se o crime resulta de inobservância de regra téc- por mais de trinta dias; perigo de vida; debilidade per-
nica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de manente de membro, sentido ou função; ou aceleração
prestar imediato socorro à vítima. O mesmo ocorre se de parto.
não procura diminuir as conseqüências do seu ato, ou
foge para evitar prisão em flagrante. Sendo o homicídio Lesão corporal de natureza gravíssima:
doloso, a pena é aumentada de um terço se o crime é Se resulta: incapacidade permanente para o trabalho;
praticado contra pessoa menor de quatorze ou maior de enfermidade incurável; perda ou inutilização do membro,
sessenta anos. sentido ou função; deformidade permanente; ou aborto.
Perdão Judicial - Na hipótese de homicídio culposo, o
juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as consequências Lesão corporal seguida de morte:
da infração atingirem o próprio agente de forma tão gra- Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que
ve que torne desnecessária a sanção penal. o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de
Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio - Artigo produzi-lo (é o homicídio preterintencional).
122 do CPB – Ato pelo qual o agente induz ou instiga al-
guém a se suicidar ou presta-lhe auxílio para que o faça. Diminuição de pena:
Reclusão de dois a seis anos, se o suicídio se consumar, Se o agente comete o crime impelido por motivo de
ou reclusão de um a três anos, se da tentativa de suicídio relevante valor social ou moral, ou ainda sob o domínio
resultar lesão corporal de natureza grave. de violenta emoção, seguida de injusta provocação da ví-
A pena é duplicada se o crime é praticado por motivo tima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
egoístico, se a vítima é menor ou se tem diminuída, por Lesão corporal culposa, se o agente não queria o re-
qualquer causa, a capacidade de resistência. Neste crime sultado do ato praticado, mesmo sabendo que tal resul-
não se pune a tentativa. tado era previsível.
Violência doméstica, se a lesão for praticada contra
Infanticídio: ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou compa-
Homicídio praticado pela mãe contra o filho, sob con- nheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido; ou
dições especiais (em estado puerperal, isto é, logo pós o ainda se prevalecendo o agente das relações domésticas,
parto). de coabitação ou de hospitalidade. Pena: detenção, de
três meses a três anos.
Aborto: Crimes contra a honra:
Ato pelo qual a mulher interrompe a gravidez de
forma a trazer destruição do produto da concepção. No Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamen-
auto aborto ou no aborto com consentimento da ges- te fato definido como crime:
tante, está sempre será o sujeito ativo do ato, e o feto, o Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
sujeito passivo. No aborto sem o consentimento da ges- § 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a
tante, os sujeitos passivos serão o feto e a gestante. imputação, a propala ou divulga.
§ 2º - É punível a calúnia contra os mortos.
Aborto provocado por terceiro: Exceção da verdade
É o aborto provocado sem o consentimento da ges- § 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo:
tante. Pena: reclusão, de três a dez anos. I - se, constituindo o fato imputado crime de ação
Aborto provocado com o consentimento da gestante, privada, o ofendido não foi condenado por sentença
reclusão, de um a quatro anos. A pena pode ser aumen- irrecorrível;
tada para reclusão de três a dez anos, se a gestante for II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indi-
menor de quatorze anos, se for alienada ou débil mental, cadas no nº I do art. 141;
ou ainda se o consentimento for obtido mediante fraude, III - se do crime imputado, embora de ação pública, o
grave ameaça ou violência. ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível.
Forma qualificada, as penas são aumentadas de um Difamação
terço se, em consequência do aborto ou dos meios em- Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofen-
pregados para provocá-lo, a gestante sofrer lesão cor- sivo à sua reputação:
LEGISLAÇÃO JURÍDICA

poral de natureza grave. São duplicadas se, por qualquer Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
dessas causas, lhe sobrevém a morte. Exceção da verdade
Aborto necessário, não se pune o aborto praticado Parágrafo único - A exceção da verdade somente se
por médico: se não há outro meio de salvar a vida da admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa
gestante; e se a gravidez resulta de estupro e o aborto é relativa ao exercício de suas funções.
é precedido de consentimento da gestante ou, quando Injúria
incapaz, de seu representante legal. Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade
ou o decoro:

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Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Parágrafo único.  Procede-se mediante requisição do
§ 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena: Ministro da Justiça, no caso do inciso I do caput do art.
I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou 141 deste Código, e mediante representação do ofen-
diretamente a injúria; dido, no caso do inciso II do mesmo artigo, bem como
II - no caso de retorsão imediata, que consista em ou- no caso do § 3o do art. 140 deste Código.
tra injúria.
§ 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de Crimes contra a liberdade pessoal
fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, Constrangimento ilegal
se considerem aviltantes:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou
além da pena correspondente à violência. grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por
§ 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a
referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a con- não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não
dição de pessoa idosa ou portadora de deficiência: manda:
Pena - reclusão de um a três anos e multa. Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
Disposições comuns Aumento de pena
Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumen- § 1º - As penas aplicam-se cumulativamente e em
tam-se de um terço, se qualquer dos crimes é come- dobro, quando, para a execução do crime, se reúnem
tido: mais de três pessoas, ou há emprego de armas.
I - contra o Presidente da República, ou contra chefe § 2º - Além das penas cominadas, aplicam-se as cor-
de governo estrangeiro; respondentes à violência.
II - contra funcionário público, em razão de suas fun- § 3º - Não se compreendem na disposição deste ar-
ções; tigo:
III - na presença de várias pessoas, ou por meio que I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consen-
facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da timento do paciente ou de seu representante legal, se
injúria. justificada por iminente perigo de vida;
IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou por- II - a coação exercida para impedir suicídio.
tadora de deficiência, exceto no caso de injúria. Ameaça
Parágrafo único - Se o crime é cometido mediante Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou
paga ou promessa de recompensa, aplica-se a pena gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-
em dobro. -lhe mal injusto e grave:
Exclusão do crime Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação pu- Parágrafo único - Somente se procede mediante re-
nível: presentação.
I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, Sequestro e cárcere privado
pela parte ou por seu procurador; Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante
II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística sequestro ou cárcere privado:
ou científica, salvo quando inequívoca a intenção de Pena - reclusão, de um a três anos.
injuriar ou difamar; § 1º - A pena é de reclusão, de dois a cinco anos:
III - o conceito desfavorável emitido por funcionário I – se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou
público, em apreciação ou informação que preste no companheiro do agente ou maior de 60 (sessenta)
cumprimento de dever do ofício. anos;
Parágrafo único - Nos casos dos ns. I e III, responde II - se o crime é praticado mediante internação da ví-
pela injúria ou pela difamação quem lhe dá publici- tima em casa de saúde ou hospital;
dade. III - se a privação da liberdade dura mais de quinze
Retratação dias.
Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se re- IV – se o crime é praticado contra menor de 18 (de-
trata cabalmente da calúnia ou da difamação, fica zoito) anos;
isento de pena. V – se o crime é praticado com fins libidinosos.
Parágrafo único.  Nos casos em que o querelado tenha § 2º - Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos
praticado a calúnia ou a difamação utilizando-se de ou da natureza da detenção, grave sofrimento físico
meios de comunicação, a retratação dar-se-á, se as- ou moral:
sim desejar o ofendido, pelos mesmos meios em que Pena - reclusão, de dois a oito anos.
se praticou a ofensa. Redução a condição análoga à de escravo
LEGISLAÇÃO JURÍDICA

Art. 144 - Se, de referências, alusões ou frases, se infere Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de es-
calúnia, difamação ou injúria, quem se julga ofendido cravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a
pode pedir explicações em juízo. Aquele que se recusa jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições de-
a dá-las ou, a critério do juiz, não as dá satisfatórias, gradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer
responde pela ofensa. meio, sua locomoção em razão de dívida contraída
Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente com o empregador ou preposto:
se procede mediante queixa, salvo quando, no caso do Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da
art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal. pena correspondente à violência.

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§ 1o Nas mesmas penas incorre quem: § 4º - A expressão «casa» compreende:
I – cerceia o uso de qualquer meio de transporte por I - qualquer compartimento habitado;
parte do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de II - aposento ocupado de habitação coletiva;
trabalho; III - compartimento não aberto ao público, onde al-
II – mantém vigilância ostensiva no local de trabalho guém exerce profissão ou atividade.
ou se apodera de documentos ou objetos pessoais do § 5º - Não se compreendem na expressão «casa»:
trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho. I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra habita-
§ 2o A pena é aumentada de metade, se o crime é co- ção coletiva, enquanto aberta, salvo a restrição do n.º
metido: II do parágrafo anterior;
I – contra criança ou adolescente; II - taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero.
II – por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, reli-
gião ou origem. Considera-se patrimônio de uma pessoa, os bens, o
Tráfico de Pessoas poderio econômico, a universalidade de direitos que te-
Art. 149-A.  Agenciar, aliciar, recrutar, transportar, nham expressão econômica para a pessoa. Considera-se
transferir, comprar, alojar ou acolher pessoa, median- em geral, o patrimônio como universalidade de direitos.
te grave ameaça, violência, coação, fraude ou abuso, Vale dizer como uma unidade abstrata, distinta, diferente
com a finalidade de:              dos elementos que a compõem isoladamente conside-
I - remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do corpo; rados.
II - submetê-la a trabalho em condições análogas à Além desse conceito jurídico, que é próprio do direito
de escravo; privado, há uma noção econômica de patrimônio e, se-
III - submetê-la a qualquer tipo de servidão; gundo a qual, ele consiste num complexo de bens, atra-
IV - adoção ilegal; ou vés dos quais o homem satisfaz suas necessidades.
V - exploração sexual. Cabe lembrar, que o direito penal em relação ao direi-
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.  to civil, ao direito econômico, ele é autônomo e consti-
§ 1o A pena é aumentada de um terço até a metade se: 
tutivo, e por isso mesmo quando tutela bens e interesses
I - o crime for cometido por funcionário público no
jurídicos já tutelados por outros ramos do direito, ele o
exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-las;
faz com autonomia e de um modo peculiar.
II - o crime for cometido contra criança, adolescente
A tutela jurídica do patrimônio no âmbito do Código
ou pessoa idosa ou com deficiência;
Penal Brasileiro, é sem dúvida extensamente realizada,
III - o agente se prevalecer de relações de parentesco,
mas não se pode perder jamais em conta, a necessidade
domésticas, de coabitação, de hospitalidade, de de-
de que no conceito de patrimônio esteja envolvida uma
pendência econômica, de autoridade ou de superio-
ridade hierárquica inerente ao exercício de emprego, noção econômica, uma noção de valor material econô-
cargo ou função; ou  mico do bem.
IV - a vítima do tráfico de pessoas for retirada do ter- Crimes contra o patrimônio:
ritório nacional.  
§ 2o A pena é reduzida de um a dois terços se o agente Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa
for primário e não integrar organização criminosa. alheia móvel:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Crimes contra a violação de domicílio: § 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é
Violação de domicílio praticado durante o repouso noturno.
§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor
Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou astu- a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclu-
ciosamente, ou contra a vontade expressa ou tácita de são pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços,
quem de direito, em casa alheia ou em suas depen- ou aplicar somente a pena de multa.
dências: § 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. qualquer outra que tenha valor econômico.
§ 1º - Se o crime é cometido durante a noite, ou em lu- Furto qualificado
gar ermo, ou com o emprego de violência ou de arma, § 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e mul-
ou por duas ou mais pessoas: ta, se o crime é cometido:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da I - com destruição ou rompimento de obstáculo à sub-
pena correspondente à violência. tração da coisa;
§ 2º - Aumenta-se a pena de um terço, se o fato é co- II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, es-
metido por funcionário público, fora dos casos legais, calada ou destreza;
ou com inobservância das formalidades estabelecidas III - com emprego de chave falsa;
LEGISLAÇÃO JURÍDICA

em lei, ou com abuso do poder. IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.


§ 3º - Não constitui crime a entrada ou permanência § 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a
em casa alheia ou em suas dependências: subtração for de veículo automotor que venha a ser
I - durante o dia, com observância das formalidades transportado para outro Estado ou para o exterior.
legais, para efetuar prisão ou outra diligência; Furto de coisa comum
II - a qualquer hora do dia ou da noite, quando algum Art. 156 - Subtrair o condômino, coerdeiro ou sócio,
crime está sendo ali praticado ou na iminência de o para si ou para outrem, a quem legitimamente a de-
ser. tém, a coisa comum:

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Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. tivo (o que eu acho que não tem validade jurídica penal).
§ 1º - Somente se procede mediante representação. Já a jurisprudência invoca o princípio da insignificância,
§ 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fun- considerando que se a coisa furtada tem valor monetário
gível, cujo valor não excede a quota a que tem direito irrisório, ficará eliminada a antijuridicidade do delito e,
o agente. portanto, não ficará caracterizado o crime.
Furto é crime material, não existindo sem que haja
O primeiro é o crime de furto descrito no artigo 155 desfalque do patrimônio alheio. Coisa alheia é a que não
do Código Penal Brasileiro, em sua forma básica: “sub- pertence ao agente, nem mesmo parcialmente. Por essa
trair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: pena – razão não comete furto e sim o crime contido no artigo
reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa”. 346 (Subtração ou Dano de Coisa Própria em Poder de
O conceito de furto pode ser expresso nas seguintes Terceiro) do Código Penal Brasileiro, o proprietário que
palavras: furto é a subtração de coisa alheia móvel para subtrai coisa sua que está em poder legitimo de outro3.
si ou para outrem sem a pratica de violência ou de grave O crime de furto é cometido através do dolo que é a
ameaça ou de qualquer espécie de constrangimento fí- vontade livre e consciente de subtrair, acrescido do ele-
sico ou moral à pessoa. Significa pois o assenhoramento mento subjetivo do injusto também chamado de “dolo
da coisa com fim de apoderar-se dela com ânimo defi- específico”, que no crime de furto está representado pela
nitivo. ideia de finalidade do agente, contida da expressão “para
Quanto a objetividade jurídica do furto é preciso si ou para outrem”. Independe, todavia de intuito, obje-
ressaltar uma divergência na doutrina: entende-se que tivo de lucro por parte do agente, que pode atuar por
é protegida diretamente a posse e indiretamente a pro- vingança, capricho, liberalidade.
priedade ou, em sentido contrário, que a incriminação no O consentimento da vítima na subtração elide o cri-
caso de furto, visa essencial ou principalmente a tutela da me, já que o patrimônio é um bem disponível, mas se ele
propriedade e não da posse. É inegável que o dispositivo ocorre depois da consumação, é evidente que sobrevivi
protege não só a propriedade como a posse, seja ela di- o ilícito penal.
reta ou indireta além da própria detenção1. O delito de furto também pode ser praticado entre:
Devemos si ter primeiro o bem jurídico daquele que cônjuges, ascendentes e descendentes, tios e sobrinhos,
é afetado imediatamente pela conduta criminosa. Vale entre irmãos.
dizer que a vítima de furto não é necessariamente o pro- O direito romano não admitia, nesses casos, a ação
prietário da coisa subtraída, podendo recair a sujeição penal. Já o direito moderno não proíbe o procedimento
passiva sobre o mero detentor ou possuidor da coisa. penal, mas isenta de pena, como elemento de preserva-
Qualquer pessoa pode praticar o crime de furto, não ção da vida familiar.
exige além do sujeito ativo qualquer circunstância pes- Para se definir o momento da consumação, existem
soal específica. Vale a mesma coisa para o sujeito passivo duas posições:
do crime, sendo ela física ou jurídica, titular da posse, 1) atinge a consumação no momento em que o ob-
detenção ou da propriedade. jeto material é retirado de posse e disponibilidade
O núcleo do tipo é subtrair, que significa tirar, retirar, do sujeito passivo, ingressando na livre disponibi-
abrangendo mesmo o apossamento à vista do possuidor lidade do autor, ainda que não obtenha a posse
ou proprietário. tranqüila4;
O crime de furto pode ser praticado também através 2) quando exige-se a posse tranquila, ainda que por
de animais amestrados, instrumentos etc. Esse crime será breve tempo.
de apossamento indireto, devido ao emprego de ani-
mais, caso contrário é de apossamento direto. Temos a seguinte classificação para o crime de furto:
Reina uma única controvérsia, tendo em vista o de- comum quanto ao sujeito, doloso, de forma livre, comis-
senvolvimento da tecnologia, quanto a subtração prati- sivo de dano, material e instantâneo.
cada com o auxílio da informática, se ela resultaria de A ação penal é pública incondicionada, exceto nas hi-
furto ou crime de estelionato. Tenho para mim, que não póteses do artigo 182 do Código Penal Brasileiro, que é
podemos “aprioristicamente” ter o uso da informática condicionada à representação.
como meio de cometimento de furto ou mesmo este- O crime de furto pode ser de quatro espécies: furto
lionato, pois é preciso analisar, a cada conduta, não ape- simples, furto noturno, furto privilegiado e furto qualifi-
nas a intenção do agente, mas o modo de operação do cado
agente através da informática. Furto de uso é a subtração de coisa apenas para usu-
O objeto material do furto é a coisa alheia móvel. Coi- fruí-la momentaneamente, está prevista no art. 155 do
sa em direito penal representa qualquer substância cor- Código Penal Brasileiro, para que seja reconhecível o fur-
pórea, seja ela material ou materializável, ainda que não to de uso e não o furto comum, é necessário que a coisa
tangível, suscetível de apreciação e transporte, incluindo seja restituída, devolvida, ao possuidor, proprietário ou
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aqui os corpos gasosos, os instrumentos, os títulos, etc.2. detentor de que foi subtraída, isto é, que seja reposta no
O homem não pode ser objeto material de furto, con- lugar, para que o proprietário exerça o poder de disposi-
forme o fato, o agente pode responder por sequestro ou ção sobre a coisa subtraída. Fora daí a exclusão do “ani-
cárcere privado, conforme artigo 148 do Código Penal mus furandi” dependerá de prova plena a ser oferecida
Brasileiro, ou subtração de incapazes artigo 249. pelo agente.
Afirma-se na doutrina que somente pode ser objeto Os tribunais têm subordinado o reconhecimento do
de furto a coisa que tiver relevância econômica, ou seja, furto de uso a efetiva devolução ou restituição, afirman-
valor de troca, incluindo no conceito, a ideia de valor afe- do que há furto comum se a coisa é abandonada em lo-

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cal distante ou diverso ou se não é recolocada na esfera A doutrina e a jurisprudência têm exigido além desses
de vigilância de seu dono. Há ainda entendimentos que dois requisitos já citados, que o agente não revele perso-
exigem que a devolução da coisa, além de ser feita no nalidade ou antecedentes comprometedores, indicativos
mesmo lugar da subtração seja feita em condições de da existência de probabilidade, de voltar a delinquir.
restituição da coisa em sua integridade e aparência inter- A pena pode-se substituir a de reclusão pela de de-
na e externa, assim como era no momento da subtração. tenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somen-
Vale dizer a coisa devolvida assemelha-se em tudo e te a multa.
por tudo em sua aparência interna e externa à coisa sub- O § 3º do artigo 155 faz menção à igualdade entre
traída6. energia elétrica, ou qualquer outra que tenha valor eco-
O Furto Noturno, está previsto no § 1º do artigo 155: nômico à coisa móvel, também a caracterizando como
“apena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado crime10.
durante o repouso noturno”7. A jurisprudência considera essa modalidade de furto
É furto agravado ou qualificado o praticado durante como crime permanente, pois o agente pratica uma só
o repouso noturno, aumenta-se de 1/3 artigo 155 §1º, a
ação, que se prolonga no tempo.
razão da majorante está ligada ao maior perigo que está
Em determinadas circunstâncias são destacadas o §4º
submetido o bem jurídico diante da precariedade de vi-
do art. 155, para configurar furto qualificado, ao qual é
gilância por parte de seu titular.
cominada pena autônoma sensivelmente mais grave:
Basta que ocorra a cessação da vigilância da vítima,
que, dormindo, não poderá efetivá-la com a segurança “reclusão de 2 à 8 anos seguida de multa”.
e a amplitude com que a faria, caso estivesse acordada, São as seguintes as hipóteses de furto qualificado:
para que se configure a agravante do repouso noturno. se o crime é cometido com destruição ou rompimen-
Repouso noturno é o tempo em que a cidade repou- to de obstáculos à subtração da coisa; está hipótese trata
sa, é variável, dependendo do local e dos costumes. da destruição, isto é, fazer desaparecer em sua individua-
É discutida pela doutrina e pela jurisprudência acerca lidade ou romper, quebrar, rasgar, qualquer obstáculo
da necessidade do lugar, ser habitado ou não, para se dar móvel ou imóvel a apreensão e subtração da coisa.
a agravante. A jurisprudência dominante nos tribunais é A destruição ou rompimento deve dar-se em qual-
no sentido de excluir a agravante, se o furto é praticado quer momento da execução do crime e não apenas para
em lugar desabitado, pois evidente se praticado desta apreensão da coisa. Porém é imprescindível que seja
forma não haveria, mesmo durante a época o momento comprovada pericialmente, nem mesmo a confissão do
do não repouso, a possibilidade de vigilância que con- acusado supre a falta da perícia11 .
tinuaria a ser tão precária quanto este momento de re- Trata-se de circunstância objetiva e comunicável no
pouso. caso de concurso de pessoas, desde que o seu conteúdo
Porém, como diz o mestre Magalhães Noronha “para haja ingressado na esfera do conhecimento dos partici-
nós, existe a agravante quando o furto se dá durante o pantes.
tempo em que a cidade ou local repousa, o que não im- A segunda hipótese é quando o crime é cometido
porta necessariamente seja a casa habitada ou estejam com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada
seus moradores dormido. Podem até estar ausente, ou ou destreza.
desabitado o lugar do furto”. Há abuso de confiança quando o agente se prevalece
A exposição de motivos como a do mestre Noronha, de qualidade ou condição pessoal que lhe facilite à pra-
é a que se iguala ao meu parecer, pois é prevista como tica do furto. Qualifica o crime de furto quando o agente
agravante especial do furto a circunstância de ser o crime se serve de algum artifício para fazer a subtração.
praticado durante o período do sossego noturno8, seja
Mediante fraude é o meio enganoso capaz de iludir
ou não habitada a casa, estejam ou não seus moradores
a vigilância do ofendido e permitir maior facilidade na
dormindo, cabe a majoração se o delito ocorreu naquele
subtração do objeto material. O furto mediante fraude
período.
distingue-se do estelionato, naquele a fraude é empre-
Furto em garagem de residência, também há duas
posições, uma em que incide a qualificadora, da qual o gada para iludir a atenção e vigilância do ofendido, que
Professor Damásio é partidário, e outra na qual não inci- nem percebe que a coisa lhe está sendo subtraída; no es-
de a qualificadora. telionato, ao contrário, a fraude antecede o apossamento
O furto privilegiado está expresso no § 2º do artigo da coisa e é a causa de sua entrega ao agente pela vítima;
155: “Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a esta entrega a coisa iludida, pois a fraude motivou seu
coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão consentimento.
pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou apli- É ainda qualificadora a penetração no local do furto
car somente a pena de multa”. por via que normalmente não se usa para o acesso, sen-
Vale dizer que é uma forma de causa especial de di- do necessário o emprego de meio artificial, é no caso de
LEGISLAÇÃO JURÍDICA

minuição de pena. Existem requisitos para que se dê essa escalada, que não se relaciona necessariamente com a
causa especial: ação de galgar ou subir. Também deve ser comprovada
- O primeiro requisito para que ocorra o privilégio é por meio de perícia, assim como o rompimento de obs-
ser o agente primário, ou seja, que não tenha sofri- táculo.
do em razão de outro crime condenação anterior Tentativa, é admissível. Via de regra, a prisão em fla-
transitada em julgado. grante indica delito tentado nos casos de furto, por não
- O segundo requisito é ser de pequeno valor a coisa chegar o agente a ter a posse tranquila da coisa subtraí-
subtraída. da, que não ultrapassa a esfera de vigilância da vítima.

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Há ainda a tentativa frustrada, citarei um exemplo: Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para
um batedor de carteira segue uma pessoa durante vários outrem, mediante grave ameaça ou violência a pes-
dias. Decide, então, subtrair, do bolso interno do paletó soa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzi-
da vítima, envelope que julga conter dinheiro. Furtado o do à impossibilidade de resistência:
envelope, o batedor de carteira é apanhado. Chegando à Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
Delegacia, verifica-se que o envelope estava vazio, pois, § 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de
naquele dia, a vítima esquecera o dinheiro em casa. O subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou
agente será responsabilizado pelo crime nesse exemplo? grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do
Não, pois a ausência do objeto material do delito faz do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.
evento um crime impossível. § 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade:
O último é a qualificadora da destreza, que se dá I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego
quando a subtração se dá dissimuladamente com espe- de arma;
cial habilidade por parte do agente, onde a ação, sem II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;
emprego de violência, em situação em que a vítima, em- III - se a vítima está em serviço de transporte de valo-
bora consciente e alerta, não percebe que está tendo os res e o agente conhece tal circunstância.
bens furtados. O arrebatamento violento ou inopinado IV - se a subtração for de veículo automotor que ve-
não a configura. nha a ser transportado para outro Estado ou para o
A terceira hipótese é o emprego de chave falsa. exterior;
Constitui chave falsa qualquer instrumento ou en- V - se o agente mantém a vítima em seu poder, res-
genho de que se sirva o agente para abrir fechadura e tringindo sua liberdade.
que tenha ou não o formato de uma chave, podendo ser § 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a
grampo, pedaço de arame, pinça, gancho, etc. O exame pena é de reclusão, de sete a quinze anos, além da
pericial da chave ou desse instrumento é indispensável multa; se resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta
para a caracterização da qualificadora anos, sem prejuízo da multa.
A Quarta e última hipótese é quando ocorre median-
A ação penal é pública, porém depende de represen-
te concurso de duas ou mais pessoas, quando praticado
tação da parte
nestas circunstâncias, pois isto revela uma maior peri-
Como expresso no artigo 157 do Código Penal Brasi-
culosidade dos agentes, que unem seus esforços para o
leiro: “Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem,
crime.
mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois
No caso de furto cometido por quadrilha, responde
de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibili-
por quadrilha pelo artigo 288 do Código Penal Brasileiro
dade de resistência: pena – reclusão, de 4 (quatro) a 10
seguido de furto simples, ficando excluída a qualificado- (dez) anos, e multa”.
ra13, Trata-se de crime contra o patrimônio, em que é atin-
Concurso de qualificadoras, o agente incidindo em gido também a integridade física ou psíquica da vítima.
duas qualificadoras, apenas uma qualifica, podendo ser- É um crime complexo, onde o objeto jurídico imedia-
vir a outra como agravante comum. to do crime é o patrimônio, e tutela-se também a inte-
Este crime está definido no art. 156 do Código Penal gridade corporal, a saúde, a liberdade e na hipótese de
Brasileiro, que diz: “Subtrair o condômino, coerdeiro, ou latrocínio a vida do sujeito passivo.
sócio, para si ou para outrem, a quem legitimamente a O Roubo também é um delito comum, podendo ser
detém, a coisa comum: pena – detenção, de 6 (seis) me- cometido por qualquer pessoa, dando-se o mesmo com
ses à 2 (dois) anos, ou multa”. o sujeito passivo. Pode ocorrer a hipótese de dois su-
A razão da incriminação é de que o agente subtraia jeitos passivos: um que sofre a violência e o titular do
coisa que pertença também a outrem. Este crime cons- direito de propriedade.
titui caso especial de furto, distinguindo-se dele apenas Como no Furto, a conduta é subtrair, tirar a coisa mó-
as relações existentes entre o agente e o lesado ou os vel alheia, mas faça-se necessário que o agente se utili-
lesados. ze de violência, lesões corporais, ou vias de fato, como
Sujeito ativo, somente pode ser o condômino, copro- grave ameaça ou de qualquer outro meio que produza a
prietário, coerdeiro ou o sócio. Esta condição é indispen- possibilidade de resistência do sujeito passivo.14
sável e chega a ser uma elementar do crime e por tanto A vontade de subtrair com emprego de violência, gra-
é transmitido ao partícipe estranho nos termos do artigo ve ameaça ou outro recurso análogo é o dolo do delito
29 do Código Penal Brasileiro. de roubo. Exige-se porém, o elemento subjetivo do tipo,
Sujeito passivo será sempre o condomínio, copro- o chamado dolo específico, idêntico ao do furto, para si
prietário, coerdeiro ou o sócio, não podendo excluir-se o ou para outrem, é que se dá a subtração.
terceiro possuidor legítimo da coisa. Há uma figura denominada roubo impróprio que vem
LEGISLAÇÃO JURÍDICA

A vontade de subtrair configura o momento subjeti- definido no art.157 §1º do Código Penal Brasileiro: “na
vo, fala-se em dolo específico na doutrina, na expressão mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a
“para si ou para outrem”. coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça,
A pena culminada para furto de coisa comum é alter- a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção
nativa de detenção de 6 (seis) meses à 2 (dois) anos ou da coisa para si ou para terceiro”. Nesse caso a violência
multa. Dá-se ao juiz a margem para individualização da ou a grave ameaça ocorre após a consumação da subtra-
pena tendo em vista as circunstâncias do caso concreto. ção, visando o agente assegurar a posse da coisa subtraí-
da ou a impunidade do crime.

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A violência posterior ou roubo para assegurar a sua Pena: reclusão de vinte a trinta anos, sem prejuízo
impunidade, deve ser imediato para caracterização do da multa, conforme alteração do artigo 6º da Lei n.º.
roubo impróprio. 8072/90. Conforme o artigo 9º dessa lei, a pena é agrava-
A consumação do roubo impróprio ocorre com a vio- da de metade quando a vítima se encontra nas condições
lência ou grave ameaça desde que já ocorrido a subtra- do artigo 224 do Código Penal Brasileiro: “presunção de
ção, não se consumando esta, tem se entendido que o violência”.
agente deverá ser responsabilizado por tentativa de furto
em concurso com o crime de lesões corporais. Extorsão:
Consuma-se no momento em que o agente retira o Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou
objeto material da esfera de disponibilidade da vítima, grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para
mesmo que não haja a posse tranquila. outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar
Tentativas, quanto ao roubo próprio ela é admitida, que se faça ou deixar de fazer alguma coisa:
visto podendo ocorrer quando o sujeito, após empregar Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
a violência ou grave ameaça contra a pessoa, por motivos § 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas,
alheios a sua vontade, não consegue efetuar a subtração. ou com emprego de arma, aumenta-se a pena de um
Já a tentativa para o crime de roubo impróprio temos terço até metade.
duas correntes: § 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violên-
Sua classificação doutrinária é de crime comum quan- cia o disposto no § 3º do artigo anterior.
to ao sujeito, doloso, de forma livre, de dano, material § 3º - Se o crime é cometido mediante a restrição da
e instantâneo. Tendo ação penal pública incondicionada. liberdade da vítima, e essa condição é necessária para
Nos termos do artigo 157 § 3º do Código Penal Bra- a obtenção da vantagem econômica, a pena é de re-
sileira primeira parte, é qualificado roubo quando: “da clusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa;
violência resulta lesão corporal de natureza grave, fi- se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se
xando-se a pena num patamar superior ao fixado ante- as penas previstas no art. 159, §§ 2º e 3º, respectiva-
riormente, aqui reclusão de 5 (cinco) à 15 (quinze) anos, mente.
além da multa”.
É indispensável que a lesão seja causada pela vio- O crime de extorsão é formal e consuma-se no mo-
lência, não estando o agente, sujeito às penas previstas mento e no local em que ocorre o constrangimento para
pelo dispositivo em estudo, se o evento decorra de grave que se faça ou se deixe de fazer alguma coisa. Súmula nº
ameaça, como enfarte, choque ou do emprego de nar- 96 do Superior Tribunal de Justiça.
cóticos. Haverá no caso roubo simples seguido de lesões É um crime comum, formal ou material, de forma li-
corporais de natureza grave em concurso formal. vre, instantâneo, unissubjetivo, plurissubsistente, comis-
A lesão poderá ser sofrida pelo titular do direito ou sivo, doloso, de dano, complexo e admite tentativa.
em um terceiro. A conduta consiste em constranger (obrigar, forcar,
Se o agente fere gravemente a vítima mas não conse- coagir), mediante violência (física: vias de fato ou lesão
gue subtrair a coisa, há só a tentativa do artigo 157 § 3º corporal) ou grave ameaça (moral: intimidação idônea
1ª parte (TACrim SP, julgados 72:214). explicita ou explicita que incute medo no ofendido) com
Comina-se pena de reclusão de 20 à 30 anos se re- o objetivo de obter para si ou para outrem indevida (in-
sulta a morte, as mesmas considerações referentes aos justa, ilícita) vantagem econômica (qualquer vantagem
crimes qualificados pelo resultado, podem ser aqui apli- seja de coisa móvel ou imóvel).
cadas. Haverá constrangimento ilegal se a vantagem não for
O artigo da Lei 8072/90 (Lei dos Crimes Hediondos), econômica e exercício arbitrário das próprias razoes se a
em conformidade com o artigo 5º XLIII, da Constituição vantagem for devida.
Federal Brasileira, considera crime de latrocínio Hedion-
do. Tipo subjetivo
Nos termos legais o Latrocínio não exige que o even- O tipo é composto de dolo duplo: o primeiro cons-
to morte seja desejado pelo agente, basta que ele em- tituído pela vontade livre e consciente de constranger
pregue violência para roubar e que dela resulte a morte alguém mediante violência ou grave ameaça, dolo gené-
para que se tenha caracterizado o delito. rico; o segundo exige o elemento subjetivo do tipo espe-
É indiferente, porém, que a violência tenha sido exer- cífico na expressão “com intuito de”.
cida para o fim da subtração ou para garantir, depois
desta, a impunidade do crime ou a detenção da coisa Consumação
subtraída. Discute-se na doutrina se o crime de extorsão é for-
Ocorre latrocínio ainda que a violência atinja pessoa mal ou material. Para os que o consideram formal, a con-
LEGISLAÇÃO JURÍDICA

diversa daquela que sofre o desapossamento da coisa. sumação ocorre independentemente do resultado. Basta
Haverá, no entanto, um só crime com dois sujeitos pas- ser idôneo ao constrangimento imposto à vítima, sendo
sivos. irrelevante a enfeitava obtenção da vantagem econômica
A consumação do latrocínio ocorre com a efetiva indevida.
subtração e a morte da vítima, embora no latrocínio haja O comportamento da vítima nesse caso é fundamen-
morte da vítima, ele é um crime contra o patrimônio, tal para a consumação do delito. É a indispensabilidade
sendo Juiz singular e não do Tribunal do Júri, essa é a da conduta do sujeito passivo para a consumação do cri-
posição válida, me, se o constrangimento for sério, idôneo o suficiente

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para ensejar a ação ou omissão da vítima em detrimento que seja efetuado o pagamento. Determina-se o sujeito
do seu patrimônio, perfaz-se o tipo penal do art. 168 do passivo de acordo com a pessoa que terá o patrimônio
CP. lesado.
Da outra parte, se entendido como crime material, a Se a pessoa que sofre a privação da liberdade for dife-
consumação se dará com obtenção de indevida vanta- rente daquela que terá seu patrimônio diminuído, haverá
gem econômica. Seguimos esse entendimento, para nós apenas um crime, não obstante existirem duas vítimas.
o crime de extorsão é material consumando-se com a
efetiva obtenção indevida vantagem econômica. Consumação e tentativa
Ocorre a consumação quando o agente pratica a
Tentativa conduta prevista no núcleo do tipo, quando realiza o
Admite-se quer considerando o crime formal ou ma- sequestro privando a vítima da liberdade por tempo ju-
terial. Surge quando a vítima mesmo constrangida, me- ridicamente relevante, ainda que não aufira a vantagem
diante violência ou grave ameaça, não realiza a condita qualquer e ainda que nem tenha sido pedido o resgate.
por circunstâncias alheias à vontade do agente. A vítima, Logo, o crime é formal.
então não se intimida, vence o medo e denuncia o fato “A extorsão mediante sequestro, como crime formal
a polícia. ou de consumação antecipada, opera-se com a simples
Extorsão mediante sequestro privação da liberdade de locomoção da vítima, por tem-
po juridicamente relevante. Ainda que o sequestrado não
Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter, para tenha sido conduzido ao local de destino, o crime está
si ou para outrem, qualquer vantagem, como condi- consumado” (MIRABETE, Julio Fabbrini. Código Penal In-
ção ou preço do resgate: terpretado. 6ª edição. São Paulo: Atlas. 2007, pág. 1.476).
Pena - reclusão, de oito a quinze anos. Perfeitamente possível a tentativa, já que a execução
§ 1º Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro) do crime requer um iter criminis desdobrado em vários
horas, se o sequestrado é menor de 18 (dezoito) ou atos. Porém, difícil de se configurar. Hipótese seria aque-
maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido la em que os agentes são flagrados logo após colocarem
por bando ou quadrilha.
a vítima no carro, pois aí não teriam privado sua liberda-
Pena - reclusão, de doze a vinte anos.
de por tempo juridicamente relevante.
§ 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza
Se o sequestro dura mais de 24h, se o sequestrado é
grave:
menor de 18 e maior que 60 anos, ou se o crime é co-
Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos.
metido por bando ou quadrilha a pena será de reclusão
§ 3º - Se resulta a morte:
de 12 a 20 anos. Quanto maior o tempo em que a vítima
Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos.
estiver em poder do criminoso, maior será o dano à saú-
§ 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concor-
rente que o denunciar à autoridade, facilitando a li- de e integridade física.
bertação do sequestrado, terá sua pena reduzida de Quanto ao crime cometido por bando ou quadrilha,
um a dois terços. entende-se como a reunião permanente de mais de três
pessoas para cometer e não uma reunião ocasional para
Na extorsão mediante sequestro, diferentemente da cometer o sequestro
extorsão do art. 158, a vantagem pode ser qualquer uma Se o fato resulta lesão corporal de natureza grave a
(inclusive econômica). Trata-se de crime hediondo em to- pena será de reclusão de 16 a 24 anos; se resulta a morte
das as suas modalidades, havendo privação da liberdade a pena será de reclusão de 24 a 30 anos. Observa-se de
da vítima para se obter a vantagem. É crime complexo, imediato a diferença deste delito com o de roubo quali-
resultante da extorsão + sequestro ou cárcere privado (é ficado pelo resultado. No art. 157 do CP a lei diz: “se da
o que diz a doutrina, mas eu não concordo, visto que a violência resultar lesão grave ou morte”; logo, num roubo
extorsão exige finalidade de obter vantagem econômica em que vítima cardíaca diante de uma ameaça vem a fa-
indevida). lecer, haverá roubo em concurso material com homicídio
Se o sequestro for para obtenção de qualquer van- e não latrocínio. O tipo exige o emprego da violência. Na
tagem devida, haverá o crime de exercício arbitrário das extorsão mediante sequestro a lei menciona: “se dos ato
próprias razões em concurso material com o sequestro resultar lesão grave ou morte”, pouco importando para
ou cárcere privado. qualificar o delito que a lesão grave seja culposa ou dolo-
Apesar de o tipo se referir a “qualquer vantagem”, sa.. Evidentemente, se a lesão grave ou morte resultar de
não haverá o crime se a vantagem não tiver algum valor caso fortuito ou força maior, o resultado agravados não
econômico. Isso se depreende da interpretação sistêmica poderá ser imputado ao agente.
do tipo, que está inserido no Título II, relativo aos crimes Entendemos que os institutos possuem objetividades
contra o patrimônio. jurídicas distintas e autônomas. Na extorsão são median-
LEGISLAÇÃO JURÍDICA

Não influi na caracterização do crime o fato de a ví- te sequestro ofende-se o patrimônio, a liberdade de ir
tima ser transportada para algum lugar ou ser retida em e vir e a vida. Na tortura atinge-se a dignidade huma-
sua própria casa. Ademais, o sequestro deve se dar como na, consubstanciada na integridade física e mental. Cm
condição ou preço do resgate. efeito, a nosso, juízo, nada impede o reconhecimento do
concurso material de infrações.
Sujeito passivo O benefício somente se aplica quando o crime for
Pode ser qualquer pessoa, inclusive pessoa jurídica, cometido em concurso de pessoas, devendo o acusado
que pode ter, v.g., um de seus sócios sequestrados para fornecer às autoridades elementos capazes de facilitar a

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resolução do crime. Causa obrigatória de diminuição de Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
pena se preenchidos os requisitos estabelecidos pelo pa- Receptação qualificada
rágrafo 4º do art. 159, qual seja, denúncia à autoridade § 1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar,
(juiz, delegado ou promotor) feita por um dos concor- ter em depósito, desmontar, montar, remontar, vender,
rentes, e esta facilitar a libertação da vítima. Faz-se mister expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em pro-
salientar que, se não houver a libertação do sequestrado, veito próprio ou alheio, no exercício de atividade co-
mesmo havendo delação do coautor, não haverá dimi- mercial ou industrial, coisa que deve saber ser produto
nuição de pena. de crime:
Não se confunde com a confissão espontânea, pois Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa.
nesta o agente garante confessa sua participação no cri- § 2º - Equipara-se à atividade comercial, para efeito
me, sem incriminar outrem. do parágrafo anterior, qualquer forma de comércio
irregular ou clandestino, inclusive o exercício em re-
Extorsão indireta sidência.
§ 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza
Art. 160 - Exigir ou receber, como garantia de dívi- ou pela desproporção entre o valor e o preço, ou pela
da, abusando da situação de alguém, documento que condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida
pode dar causa a procedimento criminal contra a víti- por meio criminoso:
ma ou contra terceiro: Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. ambas as penas.
§ 4º - A receptação é punível, ainda que desconhecido
Classificação doutrinária ou isento de pena o autor do crime de que proveio a
Crime comum, doloso, de dano, formal (exigir) e ma- coisa.
terial (receber), instantâneo, comissivo, de forma vincula- § 5º - Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário,
da, unissubjetivo, unissubsistente (exigir) ou plurissubsis- pode o juiz, tendo em consideração as circunstâncias,
tente (receber) e admite tentativa. deixar de aplicar a pena. Na receptação dolosa aplica-
A conduta recai sobre o documento que pode dar -se o disposto no § 2º do art. 155.
causa a um procedimento criminal contra o devedor, § 6º - Tratando-se de bens e instalações do patrimônio
como a confissão de um crime, a falsificação de um título da União, Estado, Município, empresa concessionária
de crédito, uma duplicata fria etc.
de serviços públicos ou sociedade de economia mis-
A conduta consiste ainda em exigir (obrigar, ordenar)
ta, a pena prevista no caput deste artigo aplica-se em
ou receber (aceitar) um documento que pode dar causa
dobro.
a procedimento criminal contra a vítima ou terceiro. É
Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos
abusar da situação daquele que necessita urgentemente
crimes previstos neste título, em prejuízo:
de auxílio financeiro. Necessário para a configuração do
I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;
delito que o documento exigido ou recebido pelo agen-
II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco
te, que pode ser público ou particular, se preste a ins-
tauração de inquérito policial contra o ofendido. Não se legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural.
exige a instauração do procedimento criminal, basta que Art. 182 - Somente se procede mediante representa-
o documento em poder do credor seja potencialmente ção, se o crime previsto neste título é cometido em
apto a iniciar o processo. prejuízo:
I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado;
Consumação II - de irmão, legítimo ou ilegítimo;
Na ação de exigir, crime formal, a consumação ocorre III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita.
com a simples exigência do documento pelo extorsioná- Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos
rio. A iniciativa aqui é do agente, na conduta de receber, anteriores:
crime material, a consumação ocorre com o efetivo rece- I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral,
bimento do documento. Nesse caso a iniciativas provém quando haja emprego de grave ameaça ou violência
da vítima. à pessoa;
II - ao estranho que participa do crime.
Tentativa III – se o crime é praticado contra pessoa com idade
Na modalidade exigir, entendemos não ser possível igual ou superior a 60 (sessenta) anos.
sua configuração, embora uma parcela da doutrina a
admita com o sovado exemplo, também oferecido nos Crimes contra a dignidade sexual:
crimes contra a honra, de a exigência ser reduzida por
escrito, mas não chegar ao conhecimento do ofendido. Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou
LEGISLAÇÃO JURÍDICA

Na de receber, no entanto, é perfeitamente possível, po- grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou
dendo o iter criminis ser interrompido por circunstâncias permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso:
alheias à vontade do agente. Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos.
§ 1º Se da conduta resulta lesão corporal de natureza
Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou grave ou se a vítima é menor de 18 (dezoito) ou maior
ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe de 14 (catorze) anos:
ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos.
boa-fé, a adquira, receba ou oculte: § 2º Se da conduta resulta morte:

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Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos I - quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidino-
so com alguém menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (ca-
Art. 215. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato li- torze) anos na situação descrita no caput deste artigo;
bidinoso com alguém, mediante fraude ou outro meio II - o proprietário, o gerente ou o responsável pelo lo-
que impeça ou dificulte a livre manifestação de von- cal em que se verifiquem as práticas referidas no ca-
tade da vítima: put deste artigo.
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. § 3o  Na hipótese do inciso II do § 2o, constitui efeito
Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim de obrigatório da condenação a cassação da licença de
obter vantagem econômica, aplica-se também multa. localização e de funcionamento do estabelecimento.
Divulgação de cena de estupro ou de cena de estupro
Assédio sexual: de vulnerável, de cena de sexo ou de pornografia
Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título,
procede-se mediante ação penal pública incondicionada.
Art. 216-A. Constranger alguém com o intuito de ob-
Art. 226. A pena é aumentada:
ter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-
I – de quarta parte, se o crime é cometido com o con-
-se o agente da sua condição de superior hierárquico
curso de 2 (duas) ou mais pessoas;
ou ascendência inerentes ao exercício de emprego,
II - de metade, se o agente é ascendente, padrasto
cargo ou função.” ou madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor,
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos. curador, preceptor ou empregador da vítima ou por
§ 2º A pena é aumentada em até um terço se a vítima qualquer outro título tiver autoridade sobre ela;
é menor de 18 (dezoito) anos. IV - de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é
Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato praticado:
libidinoso com menor de 14 (catorze) anos: Estupro coletivo:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos. a) mediante concurso de 2 (dois) ou mais agentes;
§ 1o  Incorre na mesma pena quem pratica as ações Estupro corretivo
descritas no caput com alguém que, por enfermidade b) para controlar o comportamento social ou sexual
ou deficiência mental, não tem o necessário discerni- da vítima. 
mento para a prática do ato, ou que, por qualquer ou-
tra causa, não pode oferecer resistência. Crimes contra a administração pública:
§ 3o  Se da conduta resulta lesão corporal de natureza Previsto no art. 312. do CP, a objetividade jurídica do
grave: peculato é a probidade da administração pública. É um
Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos. crime próprio onde o sujeito ativo será sempre o funcio-
§ 4o  Se da conduta resulta morte: nário público e o sujeito passivo o Estado e em alguns
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos. casos o particular. Admite-se a participação.
§ 5º As penas previstas no caput e nos §§ 1º, 3º e 4º
deste artigo aplicam-se independentemente do con- Peculato Apropriação
sentimento da vítima ou do fato de ela ter mantido É uma apropriação indébita e o objeto pode ser di-
relações sexuais anteriormente ao crime. nheiro, valor ou bem móvel. É de extrema importância
Corrupção de menores  que o funcionário tenha a posse da coisa em razão do
Art. 218. Induzir alguém menor de 14 (catorze) anos a seu cargo. Consumação: Se dá no momento da apropria-
ção, em que ele passa a agir como o titular da coisa apro-
satisfazer a lascívia de outrem:         
priada. Admite-se a tentativa.
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.
Satisfação de lascívia mediante presença de criança
Peculato Desvio
ou adolescente
O servidor desvia a coisa em vez de apropriar-se. Aqui
Art. 218-A.  Praticar, na presença de alguém menor de o sujeito ativo além do servidor pode tem participação
14 (catorze) anos, ou induzi-lo a presenciar, conjunção de uma 3a pessoa. Consumação: No momento do desvio
carnal ou outro ato libidinoso, a fim de satisfazer lascí- e admite-se a tentativa.
via própria ou de outrem:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos. Peculato Furto
Favorecimento da prostituição ou de outra forma de Previsto no art., do 312 CP., aqui o funcionário público
exploração sexual de criança ou adolescente ou de não detêm a posse, mas consegue deter a coisa em razão
vulnerável. da facilidade de ser servidor público.
Art. 218-B. Submeter, induzir ou atrair à prostituição Exemplo: Diretor de escola pública que tem a chave
ou outra forma de exploração sexual alguém menor de todas as salas da escola, aproveita-se da sua função
LEGISLAÇÃO JURÍDICA

de 18 (dezoito) anos ou que, por enfermidade ou de- e facilidade e subtrai algo que não estava sob sua posse,
ficiência mental, não tem o necessário discernimento tem-se o peculato furto.
para a prática do ato, facilitá-la, impedir ou dificultar
que a abandone: Peculato Culposo
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos. Aproveitando o exemplo da escola, neste caso o di-
§ 1o  Se o crime é praticado com o fim de obter vanta- retor esquece a porta aberta e alguém entra no colégio
gem econômica, aplica-se também multa. e subtrai um bem. A consumação se dá no momento em
§ 2o  Incorre nas mesmas penas: que o 3o subtrai a coisa. Não admite-se a tentativa.

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Peculato mediante Erro de Outrem Tais mecanismos de combate devem ser aplicas com
Art. 313, do CP, o seu objeto jurídico é a probidade ad- rigor e aperfeiçoados para que estes desviantes do servi-
ministrativa. Sujeito ativo: funcionário público; sujeito ço publico, tenham suas praticas de errôneas coibidas e
passivo: Estado e o particular lesado. A modalidade extintas, podem assim fortalecer as instituições publica e
de peculato mediante erro de outrem, é um pecula- valorizar os servidores.
to estelionato, onde a pessoa é induzida a erro. Ex:
Um fiscal vai aplicar uma multa a um determinado Art. 318. Facilitar, com infração de dever funcional, a
contribuinte e esse contribuinte paga o valor direto a prática de contrabando ou descaminho (art. 334):
esse fiscal, que embolsa o dinheiro. Só que na verdade Pena – reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
nunca existiu multa alguma e esse dinheiro não tinha
como destino os cofres públicos e sim o favorecimento Prevaricação
pessoal do agente. É um crime doloso e sua consuma-
ção se dá quando ele passa a ser o titular da coisa. Art. 319. Retardar ou deixar de praticar, indevidamen-
Admite-se a tentativa. te, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição ex-
pressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento
Concussão pessoal:
Art. 316, do CP, é uma espécie de extorsão praticada Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e
pelo servidor público com abuso de autoridade. O ob- multa.
jeto jurídico é a probidade da administração pública. Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou
Sujeito ativo: Crime próprio praticado pelo servidor agente público, de cumprir seu dever de vedar ao pre-
e o seu jeito passivo é o Estado e a pessoa lesada. A so o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar,
conduta é exigir. Trata-se de crime formal pois con- que permita a comunicação com outros presos ou com
suma-se com a exigência, se houver entrega de valor o ambiente externo:
há exaurimento do crime e a vítima não responde por Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
corrupção ativa porque foi obrigada a agir dessa ma-
Condescendência criminosa
neira.
Art. 320. Deixar o funcionário, por indulgência, de
Excesso de exação
responsabilizar subordinado que cometeu infração no
A exigência vai para os cofres públicos, isto é, recolhe
exercício do cargo ou, quando lhe falte competência,
aos cofres valor não devido, ou era para recolher aos co-
não levar o fato ao conhecimento da autoridade com-
fres públicos, porém o funcionário se apropria do valor.
petente:
Pena – detenção, de 15 (quinze) dias a 1 (um) mês, ou
Corrupção passiva multaAdvocacia administrativa
Art. 317, do CP, o Objeto jurídico é a probidade ad- Art. 321. Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse
ministrativa. Sujeito ativo: funcionário público. A ví- privado perante a administração pública, valendo-se
tima é o Estado e apenas na conduta solicitar é que da qualidade de funcionário:
a vítima será, além do Estado a pessoa ao qual foi Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) meses, ou multa.
solicitada. Parágrafo único. Se o interesse é ilegítimo:
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, além
Condutas: Solicitar, receber e aceitar promessa, au- da multa.
menta-se a pena se o funcionário retarda ou deixa de
praticar atos de ofício. Não admite-se a tentativa, é no Violência arbitrária
caso de privilegiado, onde cede ao pedido ou influência
de 3a pessoa. Só se consuma pela prática do ato do ser- Art. 322. Praticar violência, no exercício de função ou
vidor público. a pretexto de exercê-la:
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos,
Prevaricação além da pena correspondente à violência.
Art. 319, do CP, aqui também tutela-se a probidade
administrativa. É um crime próprio, cometido por fun- Resistência
cionário público e a vítima é o Estado. A conduta é: Art. 329. Opor-se à execução de ato legal, mediante
retardar ou deixar de praticar ato de ofício. O Cri- violência ou ameaça a funcionário competente para
me consuma-se com o retardamento ou a omissão, é executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio:
doloso e o objetivo do agente é buscar satisfação ou Pena - detenção, de dois meses a dois anos.
LEGISLAÇÃO JURÍDICA

vantagem pessoal. § 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se exe-


cuta:
Os crimes contra a Administração Pública é dema- Pena - reclusão, de um a três anos.
siadamente prejudicial, pois refletem e afetam a todos § 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuí-
os cidadãos dependentes do serviço publico, colocando zo das correspondentes à violência.
em crédito e a prova a credibilidade das instituições pú-
blicas, para apenas satisfazer o egoísmo e egocentrismo É importante destacar que pode haver concurso de
desses agentes corruptos. crime.

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Podemos estar diante de caso de aplicação da pena pelo crime de resistência e também de aplicação de pena cor-
respondente à violência.

Desobediência

Art. 330. Desobedecer a ordem legal de funcionário público:


Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa.

Desacato

Art. 331. Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela:


Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.

Tráfico de Influência
Este crime tem que ter muita atenção na leitura do tipo penal:

Art. 332. Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto de
influir em ato praticado por funcionário público no exercício da função:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.

Este crime ainda possui caso de aumento de pena.

Parágrafo único - A pena é aumentada da metade, se o agente alega ou insinua que a vantagem é também destinada
ao funcionário.

Corrupção ativa

Art. 333. Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou
retardar ato de ofício:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se, em razão da vantagem ou promessa, o funcionário retarda
ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional.

Descaminho

Art. 334.  Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo
consumo de mercadoria.
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
Importante assimilar os seguintes incisos:
§ 1o  Incorre na mesma pena quem:
I - pratica navegação de cabotagem, fora dos casos permitidos em lei;
II - pratica fato assimilado, em lei especial, a descaminho;
III - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exer-
cício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira que introduziu clandestinamente
no País ou importou fraudulentamente ou que sabe ser produto de introdução clandestina no território nacional ou
de importação fraudulenta por parte de outrem;
IV - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mer-
cadoria de procedência estrangeira, desacompanhada de documentação legal ou acompanhada de documentos que
sabe serem falsos.
§ 2o Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio irregular ou clan-
destino de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências.
§ 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de descaminho é praticado em transporte aéreo, marítimo ou fluvial.

Contrabando
LEGISLAÇÃO JURÍDICA

Art. 334-A. Importar ou exportar mercadoria proibida:


Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.

É importante saber quem incorre na mesma pena do crime de contrabando:

§ 1o Incorre na mesma pena quem:


I - pratica fato assimilado, em lei especial, a contrabando;

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II - importa ou exporta clandestinamente mercadoria que dependa de registro, análise ou autorização de órgão pú-
blico competente;
III - reinsere no território nacional mercadoria brasileira destinada à exportação;
IV - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no
exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira;
V - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mer-
cadoria proibida pela lei brasileira.
§ 2º - Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio irregular ou
clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências.
§ 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de contrabando é praticado em transporte aéreo, marítimo ou fluvial.

DECRETO-LEI Nº 3.689, DE 03/10/1941 - CÓDIGO DE PROCESSO PENAL – LIVRO I, TÍTULOS VII


(SOMENTE CAPÍTULO XI) E IX (SOMENTE CAPÍTULOS I, II, III, V).

A busca será domiciliar ou pessoal.

Busca domiciliar Busca pessoal


prender criminosos prender criminosos
apreender coisas achadas ou obtidas por meios crimi- apreender coisas achadas ou obtidas por meios crimi-
nosos nosos
apreender instrumentos de falsificação ou de contrafa- apreender instrumentos de falsificação ou de contrafa-
ção e objetos falsificados ou contrafeitos ção e objetos falsificados ou contrafeitos
apreender armas e munições, instrumentos utilizados apreender armas e munições, instrumentos utilizados
na prática de crime ou destinados a fim delituoso na prática de crime ou destinados a fim delituoso
descobrir objetos necessários à prova de infração ou à descobrir objetos necessários à prova de infração ou à
defesa do réu defesa do réu
apreender cartas, abertas ou não, destinadas ao acu- apreender cartas, abertas ou não, destinadas ao acu-
sado ou em seu poder, quando haja suspeita de que o sado ou em seu poder, quando haja suspeita de que o
conhecimento do seu conteúdo possa ser útil à eluci- conhecimento do seu conteúdo possa ser útil à eluci-
dação do fato dação do fato
apreender pessoas vítimas de crimes
colher qualquer elemento de convicção
colher qualquer elemento de convicção

FIQUE ATENTO!
Quando a própria autoridade policial ou judiciária não a realizar pessoalmente, a busca domiciliar deverá
ser precedida da expedição de mandado.

A busca poderá ser determinada de ofício ou a requerimento de qualquer das partes.


O mandado de busca deverá:
• indicar, o mais precisamente possível, a casa em que será realizada a diligência e o nome do respectivo proprietário
ou morador; ou, no caso de busca pessoal, o nome da pessoa que terá de sofrê-la ou os sinais que a identifiquem.
• mencionar o motivo e os fins da diligência.
• ser subscrito pelo escrivão e assinado pela autoridade que o fizer expedir.

Se houver ordem de prisão, constará do próprio texto do mandado de busca.


Não será permitida a apreensão de documento em poder do defensor do acusado, salvo quando constituir elemen-
LEGISLAÇÃO JURÍDICA

to do corpo de delito.
A busca pessoal será independente de mandado, no caso de prisão ou quando houver fundada suspeita de que a
pessoa esteja na posse de arma proibida ou de objetos ou papéis que constituam corpo de delito, ou quando a medida
for determinada no curso de busca domiciliar.
As buscas domiciliares serão executadas de dia, salvo se o morador consentir que se realizem à noite, e, antes de
penetrarem na casa, os executores mostrarão e lerão o mandado ao morador, ou a quem o represente, intimando-o,
em seguida, a abrir a porta.

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Se a própria autoridade der a busca, declarará previa- As medidas cautelares poderão ser aplicadas isolada
mente sua qualidade e o objeto da diligência. ou cumulativamente. Elas serão decretadas pelo juiz, de
Em caso de desobediência, será arrombada a porta ofício ou a requerimento das partes ou, quando no cur-
e forçada a entrada. Recalcitrando o morador, será per- so da investigação criminal, por representação da auto-
mitido o emprego de força contra coisas existentes no ridade policial ou mediante requerimento do Ministério
interior da casa, para o descobrimento do que se procu- Público.
ra. Quando ausentes os moradores, devendo, neste caso, Observe que ressalvados os casos de urgência ou de
ser intimado a assistir à diligência qualquer vizinho, se perigo de ineficácia da medida, o juiz, ao receber o pe-
houver e estiver presente. dido de medida cautelar, deverá determinar a intimação
Se é determinada a pessoa ou coisa que se vai pro- da parte contrária, acompanhada de cópia do requeri-
curar, o morador será intimado a mostrá-la. Descoberta mento e das peças necessárias, permanecendo os autos
a pessoa ou coisa que se procura, será imediatamente em juízo. E, no caso de descumprimento de qualquer das
apreendida e posta sob custódia da autoridade ou de obrigações impostas, o juiz, de ofício ou mediante re-
seus agentes. querimento do Ministério Público, de seu assistente ou
Finda a diligência, os executores lavrarão auto circuns- do querelante, poderá substituir a medida, impor outra
tanciado, assinando-o com duas testemunhas presen- em cumulação, ou, em último caso, decretar a prisão pre-
ciais, lembrando que ausentes os moradores, devendo, ventiva.
neste caso, ser intimado a assistir à diligência qualquer O juiz poderá revogar a medida cautelar ou substituí-
vizinho, se houver e estiver presente. -la quando verificar a falta de motivo para que subsista,
Também deverá observas as supracitadas regras bem como voltar a decretá-la, se sobrevierem razões que
quando se tiver de proceder a busca em compartimento a justifiquem.
habitado ou em aposento ocupado de habitação coletiva A prisão preventiva será determinada quando não for
ou em compartimento não aberto ao público, onde al- cabível a sua substituição por outra medida cautelar.
guém exercer profissão ou atividade. É importante destacar que ninguém poderá ser preso
Não sendo encontrada a pessoa ou coisa procurada, senão em flagrante delito ou por ordem escrita e funda-
os motivos da diligência serão comunicados a quem tiver mentada da autoridade judiciária competente, em decor-
sofrido a busca, se o requerer. rência de sentença condenatória transitada em julgado
Em casa habitada, a busca será feita de modo que não
ou, no curso da investigação ou do processo, em virtude
moleste os moradores mais do que o indispensável para
de prisão temporária ou prisão preventiva.
o êxito da diligência.
As medidas cautelares não se aplicam à infração a
A busca em mulher será feita por outra mulher, se não
que não for isolada, cumulativa ou alternativamente co-
importar retardamento ou prejuízo da diligência.
minada pena privativa de liberdade.
A autoridade ou seus agentes poderão entrar no ter-
A prisão poderá ser efetuada em qualquer dia e a
ritório de jurisdição alheia, ainda que de outro Estado,
qualquer hora, respeitadas as restrições relativas à invio-
quando, para o fim de apreensão, forem no seguimento
de pessoa ou coisa, devendo apresentar-se à competen- labilidade do domicílio. Como isso, o art. 5º, XI, da CF, ga-
te autoridade local, antes da diligência ou após, confor- rante que a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém
me a urgência desta. nela podendo penetrar sem consentimento do morador,
Entender-se-á que a autoridade ou seus agentes vão salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para
em seguimento da pessoa ou coisa, quando: prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação ju-
• tendo conhecimento direto de sua remoção ou dicial.
transporte, a seguirem sem interrupção, embora Não será permitido o emprego de força, salvo a indis-
depois a percam de vista; pensável no caso de resistência ou de tentativa de fuga
• ainda que não a tenham avistado, mas sabendo, do preso.
por informações fidedignas ou circunstâncias indi- A autoridade que ordenar a prisão fará expedir o res-
ciárias, que está sendo removida ou transportada pectivo mandado. O mandado de prisão:
em determinada direção, forem ao seu encalço. • será lavrado pelo escrivão e assinado pela autori-
dade.
Se as autoridades locais tiverem fundadas razões para • designará a pessoa, que tiver de ser presa, por seu
duvidar da legitimidade das pessoas que, nas referidas nome, alcunha ou sinais característicos.
diligências, entrarem pelos seus distritos, ou da legali- • mencionará a infração penal que motivar a prisão.
dade dos mandados que apresentarem, poderão exigir • declarará o valor da fiança arbitrada, quando afian-
as provas dessa legitimidade, mas de modo que não se çável a infração.
frustre a diligência. • será dirigido a quem tiver qualidade para dar-lhe
As medidas cautelares deverão ser aplicadas obser- execução.
LEGISLAÇÃO JURÍDICA

vando-se a:
• necessidade para aplicação da lei penal, para a O mandado será passado em duplicata, e o executor
investigação ou a instrução criminal e, nos casos entregará ao preso, logo depois da prisão, um dos exem-
expressamente previstos, para evitar a prática de plares com declaração do dia, hora e lugar da diligência.
infrações penais. Da entrega deverá o preso passar recibo no outro exem-
• adequação da medida à gravidade do crime, cir- plar; se recusar, não souber ou não puder escrever, o fato
cunstâncias do fato e condições pessoais do indi- será mencionado em declaração, assinada por duas tes-
ciado ou acusado. temunhas.

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Se a infração for inafiançável, a falta de exibição do Quando as autoridades locais tiverem fundadas ra-
mandado não obstará à prisão, e o preso, em tal caso, zões para duvidar da legitimidade da pessoa do executor
será imediatamente apresentado ao juiz que tiver expe- ou da legalidade do mandado que apresentar, poderão
dido o mandado. pôr em custódia o réu, até que fique esclarecida a dúvida.
Ninguém será recolhido à prisão, sem que seja exibido A prisão em virtude de mandado será feita desde que
o mandado ao respectivo diretor ou carcereiro, a quem o executor, fazendo-se conhecer do réu, lhe apresente o
será entregue cópia assinada pelo executor ou apresentada mandado e o intime a acompanhá-lo.
a guia expedida pela autoridade competente, devendo ser Se houver, ainda que por parte de terceiros, resistên-
passado recibo da entrega do preso, com declaração de dia cia à prisão em flagrante ou à determinada por autorida-
e hora. O recibo poderá ser passado no próprio exemplar do de competente, o executor e as pessoas que o auxiliarem
mandado, se este for o documento exibido. poderão usar dos meios necessários para defender-se ou
Quando o acusado estiver no território nacional, fora para vencer a resistência, do que tudo se lavrará auto
da jurisdição do juiz processante, será deprecada a sua subscrito também por duas testemunhas.
prisão, devendo constar da precatória o inteiro teor do É vedado o uso de algemas em mulheres grávidas du-
mandado. rante os atos médico-hospitalares preparatórios para a
Havendo urgência, o juiz poderá requisitar a prisão realização do parto e durante o trabalho de parto, bem
por qualquer meio de comunicação, do qual deverá como em mulheres durante o período de puerpério ime-
constar o motivo da prisão, bem como o valor da fiança diato.
se arbitrada. Se o executor do mandado verificar, com segurança,
A autoridade a quem se fizer a requisição tomará as que o réu entrou ou se encontra em alguma casa, o mo-
precauções necessárias para averiguar a autenticidade rador será intimado a entregá-lo, à vista da ordem de
da comunicação. prisão. Se não for obedecido imediatamente, o execu-
O juiz processante deverá providenciar a remoção do tor convocará duas testemunhas e, sendo dia, entrará à
preso no prazo máximo de 30 (trinta) dias, contados da força na casa, arrombando as portas, se preciso; sendo
efetivação da medida. noite, o executor, depois da intimação ao morador, se
O juiz competente providenciará o imediato registro não for atendido, fará guardar todas as saídas, tornando
do mandado de prisão em banco de dados mantido pelo a casa incomunicável, e, logo que amanheça, arrombará
Conselho Nacional de Justiça para essa finalidade. Qual- as portas e efetuará a prisão. O morador que se recusar a
quer agente policial poderá efetuar a prisão determinada entregar o réu oculto em sua casa será levado à presença
no mandado de prisão registrado no Conselho Nacional da autoridade, para que se proceda contra ele como for
de Justiça, ainda que fora da competência territorial do de direito. No mesmo sentido, este procedimento é ado-
juiz que o expediu. E, ainda que sem registro no Conselho tado em casas de prisão em flagrante
Nacional de Justiça, adotando as precauções necessárias Serão recolhidos a quartéis ou a prisão especial, à
para averiguar a autenticidade do mandado e comuni- disposição da autoridade competente, quando sujeitos a
cando ao juiz que a decretou, devendo este providenciar, prisão antes de condenação definitiva:
em seguida, o registro do mandado. • os ministros de Estado.
A prisão será imediatamente comunicada ao juiz do • os governadores ou interventores de Estados e
local de cumprimento da medida o qual providenciará a Territórios, o Prefeito do Distrito Federal, seus res-
certidão extraída do registro do Conselho Nacional de pectivos secretários, os prefeitos municipais, os ve-
Justiça e informará ao juízo que a decretou. readores e chefes de Polícia.
O preso será informado de seus direitos, constantes • os membros do Parlamento Nacional, do Conselho
no ar. 5º, LXIII, da CF, entre os quais o de permanecer ca- de Economia Nacional e das Assembleias Legisla-
lado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de tivas dos Estados.
advogado, caso o autuado não informe o nome de seu • os cidadãos inscritos no “Livro de Mérito”.
advogado, será comunicado à Defensoria Pública. • os oficiais das Forças Armadas e os militares dos
Havendo dúvidas das autoridades locais sobre a le- Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.
gitimidade da pessoa do executor ou sobre a identidade • os magistrados.
do preso, com fundadas razões, poderão pôr em custó- • os diplomados por qualquer das faculdades supe-
dia o réu, até que fique esclarecida a dúvida. riores da República.
Se o réu, sendo perseguido, passar ao território de • os ministros de confissão religiosa.
outro município ou comarca, o executor poderá efetuar- • os ministros do Tribunal de Contas.
-lhe a prisão no lugar onde o alcançar, apresentando-o • os cidadãos que já tiverem exercido efetivamente
imediatamente à autoridade local, que, depois de lavra- a função de jurado, salvo quando excluídos da lista
do, se for o caso, o auto de flagrante, providenciará para por motivo de incapacidade para o exercício da-
a remoção do preso. quela função.
LEGISLAÇÃO JURÍDICA

Entender-se-á que o executor vai em perseguição do • os delegados de polícia e os guardas-civis dos Es-
réu, quando: tados e Territórios, ativos ou inativos.
• tendo-o avistado, for perseguindo-o sem interrup-
ção, embora depois o tenha perdido de vista
A prisão especial consiste exclusivamente no recolhi-
• sabendo, por indícios ou informações fidedignas,
mento em local distinto da prisão comum.
que o réu tenha passado, há pouco tempo, em tal
Não havendo estabelecimento específico para o pre-
ou qual direção, pelo lugar em que o procure, for
so especial, este será recolhido em cela distinta do mes-
no seu encalço.
mo estabelecimento. A cela especial poderá consistir em

50
alojamento coletivo, atendidos os requisitos de salubri- Da lavratura do auto de prisão em flagrante deverá
dade do ambiente, pela concorrência dos fatores de ae- constar a informação sobre a existência de filhos, respec-
ração, insolação e condicionamento térmico adequado à tivas idades e se possuem alguma deficiência e o nome
existência humana. O preso especial não será transporta- e o contato de eventual responsável pelos cuidados dos
do juntamente com o preso comum. Os demais direitos filhos, indicado pela pessoa presa.
e deveres do preso especial serão os mesmos do preso Na falta ou no impedimento do escrivão, qualquer
comum. pessoa designada pela autoridade lavrará o auto, depois
Para o cumprimento de mandado expedido pela au- de prestado o compromisso legal.
toridade judiciária, a autoridade policial poderá expedir A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encon-
tantos outros quantos necessários às diligências, deven- tre serão comunicados imediatamente ao juiz competen-
do neles ser fielmente reproduzido o teor do mandado te, ao Ministério Público e à família do preso ou à pessoa
original. por ele indicada.
A captura poderá ser requisitada, à vista de manda- Em até 24 (vinte e quatro) horas após a realização
do judicial, por qualquer meio de comunicação, tomadas da prisão, será encaminhado ao juiz competente o auto
pela autoridade, a quem se fizer a requisição, as precau- de prisão em flagrante e, caso o autuado não informe o
ções necessárias para averiguar a autenticidade desta. nome de seu advogado, cópia integral para a Defensoria
As pessoas presas provisoriamente ficarão separadas Pública.
das que já estiverem definitivamente condenadas, nos No prazo de 24 (vinte e quatro) horas será entregue
termos da lei de execução penal. ao preso, mediante recibo, a nota de culpa, assinada pela
O militar preso em flagrante delito, após a lavratu- autoridade, com o motivo da prisão, o nome do condu-
ra dos procedimentos legais, será recolhido a quartel da tor e os das testemunhas.
instituição a que pertencer, onde ficará preso à disposi- Quando o fato for praticado em presença da autori-
ção das autoridades competentes. dade, ou contra esta, no exercício de suas funções, cons-
tarão do auto a narração deste fato, a voz de prisão, as
PRISÃO EM FLAGRANTE declarações que fizer o preso e os depoimentos das teste-
Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais munhas, sendo tudo assinado pela autoridade, pelo preso
e seus agentes deverão prender quem quer que seja en- e pelas testemunhas e remetido imediatamente ao juiz a
contrado em flagrante delito. quem couber tomar conhecimento do fato delituoso, se
Considera-se em flagrante delito quem: não o for a autoridade que houver presidido o auto.
• está cometendo a infração penal. Não havendo autoridade no lugar em que se tiver
• acaba de cometê-la. efetuado a prisão, o preso será logo apresentado à do
• é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo lugar mais próximo.
ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que Se o réu se livrar solto, deverá ser posto em liberdade,
faça presumir ser autor da infração. depois de lavrado o auto de prisão em flagrante.
• é encontrado, logo depois, com instrumentos, ar- Ao receber o auto de prisão em flagrante, o juiz deve-
mas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele rá fundamentadamente:
autor da infração. • relaxar a prisão ilegal; ou
• converter a prisão em flagrante em preventiva,
Nas infrações permanentes, entende-se o agente em quando for por garantia da ordem pública, da or-
flagrante delito enquanto não cessar a permanência. dem econômica, por conveniência da instrução
Apresentado o preso à autoridade competente, ouvi- criminal, ou para assegurar a aplicação da lei pe-
rá esta o condutor e colherá, desde logo, sua assinatura, nal, quando houver prova da existência do crime
entregando a este cópia do termo e recibo de entrega do e indício suficiente de autoria, e se revelarem ina-
preso. Em seguida, procederá à oitiva das testemunhas dequadas ou insuficientes as medidas cautelares
que o acompanharem e ao interrogatório do acusado diversas da prisão; ou
sobre a imputação que lhe é feita, colhendo, após cada • conceder liberdade provisória, com ou sem fiança.
oitiva suas respectivas assinaturas, lavrando, a autorida-
de, afinal, o auto. Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante,
Resultando das respostas fundada a suspeita contra que o agente praticou o fato nas condições de estado
o conduzido, a autoridade mandará recolhê-lo à prisão, de necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento
exceto no caso de livrar-se solto ou de prestar fiança, e de dever legal ou no exercício regular de direito, pode-
prosseguirá nos atos do inquérito ou processo, se para rá, fundamentadamente, conceder ao acusado liberdade
isso for competente; se não o for, enviará os autos à au- provisória, mediante termo de comparecimento a todos
toridade que o seja. os atos processuais, sob pena de revogação.
LEGISLAÇÃO JURÍDICA

A falta de testemunhas da infração não impedirá o auto


de prisão em flagrante; mas, nesse caso, com o condutor, PRISÃO PREVENTIVA
deverão assiná-lo pelo menos duas pessoas que hajam
testemunhado a apresentação do preso à autoridade. Em qualquer fase da investigação policial ou do pro-
Quando o acusado se recusar a assinar, não souber cesso penal, caberá a prisão preventiva decretada pelo
ou não puder fazê-lo, o auto de prisão em flagrante será juiz, de ofício, se no curso da ação penal, ou a requeri-
assinado por duas testemunhas, que tenham ouvido sua mento do Ministério Público, do querelante ou do assis-
leitura na presença deste. tente, ou por representação da autoridade policial.

51
A prisão preventiva poderá ser decretada como ga- • internação provisória do acusado nas hipóteses de
rantia da ordem pública, da ordem econômica, por con- crimes praticados com violência ou grave ameaça,
veniência da instrução criminal, ou para assegurar a apli- quando os peritos concluírem ser inimputável ou
cação da lei penal, quando houver prova da existência do semi-imputável e houver risco de reiteração.
crime e indício suficiente de autoria. A prisão preventiva • fiança, nas infrações que a admitem, para assegu-
também poderá ser decretada em caso de descumpri- rar o comparecimento a atos do processo, evitar a
mento de qualquer das obrigações impostas por força de obstrução do seu andamento ou em caso de resis-
outras medidas cautelares tência injustificada à ordem judicial.
Será admitida a decretação da prisão preventiva: • monitoração eletrônica.
• nos crimes dolosos punidos com pena privativa
de liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos. A fiança poderá ser cumulada com outras medidas
• se tiver sido condenado por outro crime doloso, cautelares.
em sentença transitada em julgado, ressalvada a A proibição de ausentar-se do País será comunicada
circunstância atenuante de pena de ser o agen- pelo juiz às autoridades encarregadas de fiscalizar as
te menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou saídas do território nacional, intimando-se o indiciado
maior de 70 (setenta) anos, na data da sentença. ou acusado para entregar o passaporte, no prazo de 24
• se o crime envolver violência doméstica e familiar (vinte e quatro) horas.
contra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfer- A autoridade policial somente poderá conceder fian-
mo ou pessoa com deficiência, para garantir a exe- ça nos casos de infração cuja pena privativa de liberda-
cução das medidas protetivas de urgência. de máxima não seja superior a 4 (quatro) anos. Nos de-
mais casos, a fiança será requerida ao juiz, que decidirá
Também será admitida a prisão preventiva quando em 48 (quarenta e oito) horas.
houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou Não será concedida fiança:
quando esta não fornecer elementos suficientes para es- • nos crimes de racismo.
clarecê-la, devendo o preso ser colocado imediatamente • nos crimes de tortura, tráfico ilícito de entorpecen-
em liberdade após a identificação, salvo se outra hipóte- tes e drogas afins, terrorismo e nos definidos como
se recomendar a manutenção da medida. crimes hediondos.
A prisão preventiva em nenhum caso será decretada • nos crimes cometidos por grupos armados, civis
se o juiz verificar pelas provas constantes dos autos ter o ou militares, contra a ordem constitucional e o Es-
agente praticado na condição de estado de necessidade, tado Democrático.
legítima defesa, estrito cumprimento de dever legal ou
Não será, igualmente, concedida fiança:
no exercício regular de direito. A decisão que decretar,
• aos que, no mesmo processo, tiverem quebra-
substituir ou denegar a prisão preventiva será sempre
do fiança anteriormente concedida ou infringido, sem
motivada.
motivo justo, qualquer das obrigações a que se referem
O juiz poderá revogar a prisão preventiva se, no cor-
os arts. 327 e 328 deste Código.
rer do processo verificar a falta de motivo para que sub-
• em caso de prisão civil ou militar.
sista, bem como de novo decretá-la, se sobrevierem ra-
• quando presentes os motivos que autorizam a de-
zões que a justifiquem.
cretação da prisão preventiva.
São medidas cautelares diversas da prisão:
• comparecimento periódico em juízo, no prazo e O valor da fiança será fixado pela autoridade que a
nas condições fixadas pelo juiz, para informar e conceder nos seguintes limites:
justificar atividades. • de 1 (um) a 100 (cem) salários mínimos, quando se
• proibição de acesso ou frequência a determinados tratar de infração cuja pena privativa de liberda-
lugares quando, por circunstâncias relacionadas de, no grau máximo, não for superior a 4 (quatro)
ao fato, deva o indiciado ou acusado permanecer anos.
distante desses locais para evitar o risco de novas • de 10 (dez) a 200 (duzentos) salários mínimos,
infrações. quando o máximo da pena privativa de liberdade
• proibição de manter contato com pessoa determi- cominada for superior a 4 (quatro) anos.
nada quando, por circunstâncias relacionadas ao • Se assim recomendar a situação econômica do
fato, deva o indiciado ou acusado dela permanecer preso, a fiança poderá ser:
distante. • dispensada. Neste caso o preso deverá compare-
• proibição de ausentar-se da Comarca quando a cer perante a autoridade, todas as vezes que for
permanência seja conveniente ou necessária para intimado para atos do inquérito e da instrução
LEGISLAÇÃO JURÍDICA

a investigação ou instrução. criminal e para o julgamento. Não poderá mudar


• recolhimento domiciliar no período noturno e nos de residência, sem prévia permissão da autoridade
dias de folga quando o investigado ou acusado te- processante, ou ausentar-se por mais de oito dias
nha residência e trabalho fixos. de sua residência, sem comunicar àquela autorida-
• suspensão do exercício de função pública ou de de o lugar onde será encontrado.
atividade de natureza econômica ou financeira • reduzida até o máximo de 2/3 (dois terços).
quando houver justo receio de sua utilização para • aumentada em até 1.000 (mil) vezes.
a prática de infrações penais.

52
Para determinar o valor da fiança, a autoridade terá Recusando ou retardando a autoridade policial a
em consideração a natureza da infração, as condições concessão da fiança, o preso, ou alguém por ele, poderá
pessoais de fortuna e vida pregressa do acusado, as cir- prestá-la, mediante simples petição, perante o juiz com-
cunstâncias indicativas de sua periculosidade, bem como petente, que decidirá em 48 (quarenta e oito) horas.
a importância provável das custas do processo, até final O dinheiro ou objetos dados como fiança servirão ao
julgamento. pagamento das custas, da indenização do dano, da pres-
A fiança tomada por termo obrigará o afiançado a tação pecuniária e da multa, se o réu for condenado. Esta
comparecer perante a autoridade, todas as vezes que for regra terá aplicação ainda no caso da prescrição depois
intimado para atos do inquérito e da instrução criminal da sentença condenatória
e para o julgamento. Quando o réu não comparecer, a Se a fiança for declarada sem efeito ou passar em
fiança será havida como quebrada. julgado sentença que houver absolvido o acusado ou
O réu afiançado não poderá, sob pena de quebra- declarada extinta a ação penal, o valor que a constituir,
mento da fiança, mudar de residência, sem prévia per- atualizado, será restituído sem desconto, salvo em caso
missão da autoridade processante, ou ausentar-se por de prescrição depois da sentença condenatória.
mais de oito dias de sua residência, sem comunicar àque- A fiança que se reconheça não ser cabível na espécie
la autoridade o lugar onde será encontrado. será cassada em qualquer fase do processo. Será tam-
Nos juízos criminais e delegacias de polícia, haverá bém cassada a fiança quando reconhecida a existência
um livro especial, com termos de abertura e de encerra- de delito inafiançável, no caso de inovação na classifica-
mento, numerado e rubricado em todas as suas folhas ção do delito.
pela autoridade, destinado especialmente aos termos Será exigido o reforço da fiança:
de fiança. O termo será lavrado pelo escrivão e assinado • quando a autoridade tomar, por engano, fiança in-
pela autoridade e por quem prestar a fiança, e dele ex- suficiente.
trair-se-á certidão para juntar-se aos autos. • quando houver depreciação material ou pereci-
O réu e quem prestar a fiança serão pelo escrivão mento dos bens hipotecados ou caucionados, ou
notificados das obrigações e da sanção de que deverá depreciação dos metais ou pedras preciosas.
comparecer perante a autoridade, todas as vezes que for • quando for inovada a classificação do delito.
intimado para atos do inquérito e da instrução criminal
e para o julgamento. Acrescenta-se também que não A fiança ficará sem efeito e o réu será recolhido à
poderá mudar de residência, sem prévia permissão da prisão, quando, na conformidade deste artigo, não for
autoridade processante, ou ausentar-se por mais de oito reforçada.
dias de sua residência, sem comunicar àquela autoridade Será julgada quebrada a fiança quando o acusado:
o lugar onde será encontrado. • regularmente intimado para ato do processo, dei-
A fiança, que será sempre definitiva, consistirá em de- xar de comparecer, sem motivo justo.
pósito de dinheiro, pedras, objetos ou metais preciosos, • deliberadamente praticar ato de obstrução ao an-
títulos da dívida pública, federal, estadual ou municipal, damento do processo.
ou em hipoteca inscrita em primeiro lugar. • descumprir medida cautelar imposta cumulativa-
A avaliação de imóvel, ou de pedras, objetos ou me- mente com a fiança.
tais preciosos será feita imediatamente por perito no- • resistir injustificadamente a ordem judicial.
meado pela autoridade. • praticar nova infração penal dolosa.
Quando a fiança consistir em caução de títulos da dí-
vida pública, o valor será determinado pela sua cotação Se vier a ser reformado o julgamento em que se de-
em Bolsa, e, sendo nominativos, exigir-se-á prova de que clarou quebrada a fiança, esta subsistirá em todos os
se acham livres de ônus. seus efeitos.
O valor em que consistir a fiança será recolhido à re- O quebramento injustificado da fiança importará na
partição arrecadadora federal ou estadual, ou entregue perda de metade do seu valor, cabendo ao juiz decidir
ao depositário público, juntando-se aos autos os respec- sobre a imposição de outras medidas cautelares ou, se
tivos conhecimentos. for o caso, a decretação da prisão preventiva.
Nos lugares em que o depósito não se puder fazer Será perdido, na totalidade, o valor da fiança, se, con-
de pronto, o valor será entregue ao escrivão ou pessoa denado, o acusado não se apresentar para o início do
abonada, a critério da autoridade, e dentro de três dias cumprimento da pena definitivamente imposta.
dar-se-á ao valor o destino que lhe assina este artigo, o No caso de perda da fiança, o seu valor, deduzidas as
que tudo constará do termo de fiança. custas e mais encargos a que o acusado estiver obrigado,
Em caso de prisão em flagrante, será competente será recolhido ao fundo penitenciário, na forma da lei.
para conceder a fiança a autoridade que presidir ao res- No caso de quebra da fiança, o valor restante também
pectivo auto, e, em caso de prisão por mandado, o juiz será recolhido ao fundo penitenciário. Portanto, o saldo
LEGISLAÇÃO JURÍDICA

que o houver expedido, ou a autoridade judiciária ou po- será entregue a quem houver prestado a fiança, depois
licial a quem tiver sido requisitada a prisão. de deduzidos os encargos a que o réu estiver obrigado.
Depois de prestada a fiança, que será concedida in- Nos casos em que a fiança tiver sido prestada por
dependentemente de audiência do Ministério Público, meio de hipoteca, a execução será promovida no juízo
este terá vista do processo a fim de requerer o que julgar cível pelo órgão do Ministério Público.
conveniente. Se a fiança consistir em pedras, objetos ou metais
A fiança poderá ser prestada enquanto não transitar preciosos, o juiz determinará a venda por leiloeiro ou
em julgado a sentença condenatória. corretor.

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Nos casos em que couber fiança, o juiz, verificando des regionais a serem especificados, em que o juiz com-
a situação econômica do preso, poderá conceder-lhe li- petente ou plantonista esteja impossibilitado de cumprir
berdade provisória, sujeitando-o às obrigações de que o prazo estabelecido, de até 24 horas.
deverá comparecer perante a autoridade, todas as vezes O deslocamento da pessoa presa em flagrante delito
que for intimado para atos do inquérito e da instrução ao local da audiência e desse, eventualmente, para algu-
criminal e para o julgamento. Não poderá mudar de resi- ma unidade prisional específica, no caso de aplicação da
dência, sem prévia permissão da autoridade processante, prisão preventiva, será de responsabilidade da Secretaria
ou ausentar-se por mais de oito dias de sua residência, de Administração Penitenciária ou da Secretaria de Segu-
sem comunicar àquela autoridade o lugar onde será en- rança Pública, conforme os regramentos locais.
contrado. e a outras medidas cautelares, se for o caso. Os tribunais poderão celebrar convênios de modo a
Se o beneficiado descumprir, sem motivo justo, qual- viabilizar a realização da audiência de custódia fora da
quer das obrigações ou medidas impostas, o juiz, de unidade judiciária correspondente.
ofício ou mediante requerimento do Ministério Público, Se, por qualquer motivo, não houver juiz na comarca
de seu assistente ou do querelante, poderá substituir a até o final do prazo (até 24 horas), a pessoa presa será
medida, impor outra em cumulação, ou, em último caso, levada imediatamente ao substituto legal.
decretar a prisão preventiva. A audiência de custódia será realizada na presença do
Ministério Público e da Defensoria Pública, caso a pessoa
detida não possua defensor constituído no momento da
lavratura do flagrante.
RESOLUÇÃO Nº 213 DE 15/12/2015 - CON- É vedada a presença dos agentes policiais responsá-
SELHO NACIONAL DE JUSTIÇA (CNJ), QUE veis pela prisão ou pela investigação durante a audiência
DISPÕE SOBRE A APRESENTAÇÃO DE TODA de custódia.
PESSOA PRESA À AUTORIDADE JUDICIAL Se a pessoa presa em flagrante delito constituir ad-
NO PRAZO DE 24 HORAS. vogado até o término da lavratura do auto de prisão em
flagrante, o Delegado de polícia deverá notificá-lo, pelos
meios mais comuns, tais como correio eletrônico, tele-
fone ou mensagem de texto, para que compareça à au-
Determinar que toda pessoa presa em flagrante de- diência de custódia, consignando nos autos.
lito, independentemente da motivação ou natureza do Não havendo defensor constituído, a pessoa presa
ato, seja obrigatoriamente apresentada, em até 24 ho- será atendida pela Defensoria Pública.
ras da comunicação do flagrante, à autoridade judicial Antes da apresentação da pessoa presa ao juiz, será
competente, e ouvida sobre as circunstâncias em que se assegurado seu atendimento prévio e reservado por ad-
realizou sua prisão ou apreensão. vogado por ela constituído ou defensor público, sem a
A comunicação da prisão em flagrante à autoridade presença de agentes policiais, sendo esclarecidos por
judicial, que se dará por meio do encaminhamento do funcionário credenciado os motivos, fundamentos e ritos
auto de prisão em flagrante, de acordo com as rotinas que versam a audiência de custódia.
previstas em cada Estado da Federação, não supre a Será reservado local apropriado visando a garantia da
apresentação pessoal acima determinada. confidencialidade do atendimento prévio com advogado
Entende-se por autoridade judicial competente aque- ou defensor público.
la assim disposta pelas leis de organização judiciária lo- A apresentação da pessoa presa em flagrante delito
cais, ou, salvo omissão, definida por ato normativo do à autoridade judicial competente será obrigatoriamente
Tribunal de Justiça, Tribunal de Justiça Militar, Tribunal precedida de cadastro no Sistema de Audiência de Cus-
Regional Federal, Tribunal Regional Eleitoral ou do Supe- tódia (SISTAC).
rior Tribunal Militar que instituir as audiências de apre- O SISTAC, sistema eletrônico de amplitude nacional,
sentação, incluído o juiz plantonista. disponibilizado pelo CNJ, gratuitamente, para todas as
No caso de prisão em flagrante delito da competên- unidades judiciais responsáveis pela realização da au-
diência de custódia, é destinado a facilitar a coleta dos
cia originária de Tribunal, a apresentação do preso pode-
dados produzidos na audiência e que decorram da apre-
rá ser feita ao juiz que o Presidente do Tribunal ou Rela-
sentação de pessoa presa em flagrante delito a um juiz e
tor designar para esse fim.
tem por objetivos:
Estando a pessoa presa acometida de grave enfermi- I - registrar formalmente o fluxo das audiências de
dade, ou havendo circunstância comprovadamente ex- custódia nos tribunais;
cepcional que a impossibilite de ser apresentada ao juiz II - sistematizar os dados coletados durante a audiên-
no prazo do caput, deverá ser assegurada a realização da cia de custódia, de forma a viabilizar o controle das
audiência no local em que ela se encontre e, nos casos informações produzidas, relativas às prisões em fla-
LEGISLAÇÃO JURÍDICA

em que o deslocamento se mostre inviável, deverá ser grante, às decisões judiciais e ao ingresso no sistema
providenciada a condução para a audiência de custódia prisional;
imediatamente após restabelecida sua condição de saú- III - produzir estatísticas sobre o número de pesso-
de ou de apresentação. as presas em flagrante delito, de pessoas a quem foi
O CNJ, ouvidos os órgãos jurisdicionais locais, edita- concedida liberdade provisória, de medidas cautelares
rá ato complementar a esta Resolução, regulamentando, aplicadas com a indicação da respectiva modalidade,
em caráter excepcional, os prazos para apresentação à de denúncias relativas a tortura e maus tratos, entre
autoridade judicial da pessoa presa em Municípios ou se- outras;

54
IV - elaborar ata padronizada da audiência de cus- c) a alegação de tortura e maus tratos referir-se a mo-
tódia; mento posterior ao exame realizado;
V - facilitar a consulta a assentamentos anteriores, d) o exame tiver sido realizado na presença de agente
com o objetivo de permitir a atualização do perfil das policial, observando-se a Recomendação CNJ 49/2014
pessoas presas em flagrante delito a qualquer mo- quanto à formulação de quesitos ao perito;
mento e a vinculação do cadastro de seus dados pes- VIII - abster-se de formular perguntas com finalidade
soais a novos atos processuais; de produzir prova para a investigação ou ação penal
VI - permitir o registro de denúncias de torturas e relativas aos fatos objeto do auto de prisão em fla-
maus tratos, para posterior encaminhamento para in- grante;
vestigação; IX - adotar as providências a seu cargo para sanar
VII - manter o registro dos encaminhamentos sociais, possíveis irregularidades;
de caráter voluntário, recomendados pelo juiz ou indi- X - averiguar, por perguntas e visualmente, hipóteses
cados pela equipe técnica, bem como os de exame de de gravidez, existência de filhos ou dependentes sob
corpo de delito, solicitados pelo juiz; cuidados da pessoa presa em flagrante delito, históri-
VIII - analisar os efeitos, impactos e resultados da im- co de doença grave, incluídos os transtornos mentais e
plementação da audiência de custódia. a dependência química, para analisar o cabimento de
encaminhamento assistencial e da concessão da liber-
A apresentação da pessoa presa em flagrante delito dade provisória, sem ou com a imposição de medida
em juízo acontecerá após o protocolo e distribuição do cautelar.
auto de prisão em flagrante e respectiva nota de culpa
perante a unidade judiciária correspondente, dela cons- Após a oitiva da pessoa presa em flagrante delito,
tando o motivo da prisão, o nome do condutor e das tes- o juiz deferirá ao Ministério Público e à defesa técnica,
temunhas do flagrante, perante a unidade responsável nesta ordem, reperguntas compatíveis com a natureza
para operacionalizar o ato, de acordo com regramentos do ato, devendo indeferir as perguntas relativas ao mé-
locais. rito dos fatos que possam constituir eventual imputação,
O auto de prisão em flagrante subsidiará as informa- permitindo-lhes, em seguida, requerer:
ções a serem registradas no SISTAC, conjuntamente com I - o relaxamento da prisão em flagrante;
aquelas obtidas a partir do relato do próprio autuado. II - a concessão da liberdade provisória sem ou com
Os dados extraídos dos relatórios mencionados no aplicação de medida cautelar diversa da prisão;
número III acima serão disponibilizados no sítio eletrô- III - a decretação de prisão preventiva;
nico do CNJ, razão pela qual as autoridades judiciárias IV - a adoção de outras medidas necessárias à preser-
responsáveis devem assegurar a correta e contínua ali- vação de direitos da pessoa presa.
mentação do SISTAC.
Na audiência de custódia, a autoridade judicial entre- A oitiva da pessoa presa será registrada, preferen-
vistará a pessoa presa em flagrante, devendo: cialmente, em mídia, dispensando-se a formalização de
I - esclarecer o que é a audiência de custódia, ressal- termo de manifestação da pessoa presa ou do conteúdo
tando as questões a serem analisadas pela autoridade das postulações das partes, e ficará arquivada na unidade
judicial; responsável pela audiência de custódia.
II - assegurar que a pessoa presa não esteja algema- A ata da audiência conterá, apenas e resumidamente,
da, salvo em casos de resistência e de fundado receio a deliberação fundamentada do magistrado quanto à le-
de fuga ou de perigo à integridade física própria ou galidade e manutenção da prisão, cabimento de liberda-
alheia, devendo a excepcionalidade ser justificada por de provisória sem ou com a imposição de medidas cau-
escrito; telares diversas da prisão, considerando-se o pedido de
III - dar ciência sobre seu direito de permanecer em cada parte, como também as providências tomadas, em
silêncio; caso da constatação de indícios de tortura e maus tratos.
IV - questionar se lhe foi dada ciência e efetiva opor- Concluída a audiência de custódia, cópia da sua ata
tunidade de exercício dos direitos constitucionais ine- será entregue à pessoa presa em flagrante delito, ao De-
rentes à sua condição, particularmente o direito de fensor e ao Ministério Público, tomando-se a ciência de
consultar-se com advogado ou defensor público, o de todos, e apenas o auto de prisão em flagrante, com an-
ser atendido por médico e o de comunicar-se com seus tecedentes e cópia da ata, seguirá para livre distribuição.
familiares; Proferida a decisão que resultar no relaxamento da
V - indagar sobre as circunstâncias de sua prisão ou prisão em flagrante, na concessão da liberdade provisó-
apreensão; ria sem ou com a imposição de medida cautelar alterna-
VI - perguntar sobre o tratamento recebido em todos tiva à prisão, ou quando determinado o imediato arqui-
LEGISLAÇÃO JURÍDICA

os locais por onde passou antes da apresentação à au- vamento do inquérito, a pessoa presa em flagrante delito
diência, questionando sobre a ocorrência de tortura e será prontamente colocada em liberdade, mediante a ex-
maus tratos e adotando as providências cabíveis; pedição de alvará de soltura, e será informada sobre seus
VII - verificar se houve a realização de exame de corpo direitos e obrigações, salvo se por outro motivo tenha
de delito, determinando sua realização nos casos em que continuar presa.
que: Na hipótese do acima, a autoridade policial será cien-
a) não tiver sido realizado; tificada e se a vítima de violência doméstica e familiar
b) os registros se mostrarem insuficientes; contra a mulher não estiver presente na audiência, deve-

55
rá, antes da expedição do alvará de soltura, ser notificada Por abranger dados que pressupõem sigilo, a utili-
da decisão, sem prejuízo da intimação do seu advogado zação de informações coletadas durante a monitoração
ou do seu defensor público. eletrônica de pessoas dependerá de autorização judicial,
A aplicação de medidas cautelares diversas da pri- em atenção ao art. 5°, XII, da CF.
são previstas no art. 319, do CPP, deverá compreender a Havendo declaração da pessoa presa em flagrante
avaliação da real adequação e necessidade das medidas, delito de que foi vítima de tortura e maus tratos ou en-
com estipulação de prazos para seu cumprimento e para tendimento da autoridade judicial de que há indícios da
a reavaliação de sua manutenção. prática de tortura, será determinado o registro das infor-
O acompanhamento das medidas cautelares diver- mações, adotadas as providências cabíveis para a inves-
sas da prisão determinadas judicialmente ficará a cargo tigação da denúncia e preservação da segurança física e
dos serviços de acompanhamento de alternativas penais, psicológica da vítima, que será encaminhada para aten-
denominados Centrais Integradas de Alternativas Penais, dimento médico e psicossocial especializado.
estruturados preferencialmente no âmbito do Poder Com o objetivo de assegurar o efetivo combate à tor-
Executivo estadual, contando com equipes multidiscipli- tura e maus tratos, a autoridade jurídica e funcionários
nares, responsáveis, ainda, pela realização dos encami- deverão observar o Protocolo II desta Resolução com vis-
nhamentos necessários à Rede de Atenção à Saúde do tas a garantir condições adequadas para a oitiva e coleta
Sistema Único de Saúde (SUS) e à rede de assistência so- idônea de depoimento das pessoas presas em flagrante
cial do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), bem delito na audiência de custódia, a adoção de procedi-
como a outras políticas e programas ofertados pelo Po- mentos durante o depoimento que permitam a apuração
der Público, sendo os resultados do atendimento e do de indícios de práticas de tortura e de providências cabí-
acompanhamento comunicados regularmente ao juízo veis em caso de identificação de práticas de tortura.
ao qual for distribuído o auto de prisão em flagrante O funcionário responsável pela coleta de dados da
após a realização da audiência de custódia. pessoa presa em flagrante delito deve cuidar para que
Identificadas demandas abrangidas por políticas de sejam coletadas as seguintes informações, respeitando a
proteção ou de inclusão social implementadas pelo Po- vontade da vítima:
der Público, caberá ao juiz encaminhar a pessoa presa em I - identificação dos agressores, indicando sua institui-
flagrante delito ao serviço de acompanhamento de alter- ção e sua unidade de atuação;
nativas penais, ao qual cabe a articulação com a rede de II - locais, datas e horários aproximados dos fatos;
proteção social e a identificação das políticas e dos pro- III - descrição dos fatos, inclusive dos métodos ado-
gramas adequados a cada caso ou, nas Comarcas em que
tados pelo agressor e a indicação das lesões sofridas;
inexistirem serviços de acompanhamento de alternativas
IV - identificação de testemunhas que possam colabo-
penais, indicar o encaminhamento direto às políticas de
rar para a averiguação dos fatos;
proteção ou inclusão social existentes, sensibilizando a
V - verificação de registros das lesões sofridas pela ví-
pessoa presa em flagrante delito para o comparecimento
tima;
de forma não obrigatória.
VI - existência de registro que indique prática de tor-
O juiz deve buscar garantir às pessoas presas em
tura ou maus tratos no laudo elaborado pelos peritos
flagrante delito o direito à atenção médica e psicosso-
cial eventualmente necessária, resguardada a natureza do Instituto Médico Legal;
voluntária desses serviços, a partir do encaminhamento VII - registro dos encaminhamentos dados pela auto-
ao serviço de acompanhamento de alternativas penais, ridade judicial para requisitar investigação dos relatos;
não sendo cabível a aplicação de medidas cautelares VIII - registro da aplicação de medida protetiva ao
para tratamento ou internação compulsória de pessoas autuado pela autoridade judicial, caso a natureza ou
autuadas em flagrante que apresentem quadro de trans- gravidade dos fatos relatados coloque em risco a vida
torno mental ou de dependência química, em desconfor- ou a segurança da pessoa presa em flagrante delito,
midade com o previsto no art. 4º, da Lei nº 10.216, de 6 de seus familiares ou de testemunhas.
de abril de 2001, e no art. 319, VII, do CPP.
A aplicação da medida cautelar diversa da prisão pre- Os registros das lesões poderão ser feitos em modo
vista no art. 319, IX, do CPP, será excepcional e deter- fotográfico ou audiovisual, respeitando a intimidade e
minada apenas quando demonstrada a impossibilidade consignando o consentimento da vítima.
de concessão da liberdade provisória sem cautelar ou Averiguada pela autoridade judicial a necessidade
de aplicação de outra medida cautelar menos gravosa, da imposição de alguma medida de proteção à pessoa
sujeitando-se à reavaliação periódica quanto à necessi- presa em flagrante delito, em razão da comunicação ou
dade e adequação de sua manutenção, sendo destinada denúncia da prática de tortura e maus tratos, será asse-
exclusivamente a pessoas presas em flagrante delito por gurada, primordialmente, a integridade pessoal do de-
crimes dolosos puníveis com pena privativa de liberdade nunciante, das testemunhas, do funcionário que consta-
LEGISLAÇÃO JURÍDICA

máxima superior a 4 (quatro) anos ou condenadas por tou a ocorrência da prática abusiva e de seus familiares,
outro crime doloso, em sentença transitada em julgado, e, se pertinente, o sigilo das informações.
ressalvado o disposto no art. 64, caput, I, do CP, bem Os encaminhamentos dados pela autoridade judicial
como pessoas em cumprimento de medidas protetivas e as informações deles resultantes deverão ser comuni-
de urgência acusadas por crimes que envolvam violência cadas ao juiz responsável pela instrução do processo.
doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescen- O termo da audiência de custódia será apensado ao
te, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, quando inquérito ou à ação penal.
não couber outra medida menos gravosa.

56
A apresentação à autoridade judicial no prazo de 24 muro da casa de Astrogildo para pegar uma bola que
horas também será assegurada às pessoas presas em de- ali havia caído. Nessa situação, ainda que se tratando
corrência de cumprimento de mandados de prisão cau- da defesa de um perigo incerto e ou remoto, a con-
telar ou definitiva. duta de Astrogildo restaria acobertada por excludente
Todos os mandados de prisão deverão conter, ex- da ilicitude.
pressamente, a determinação para que, no momento b) No caso de legítima defesa ou estado de necessida-
de seu cumprimento, a pessoa presa seja imediatamen- de de terceiros, é imprescindível a prévia autorização
te apresentada à autoridade judicial que determinou a destes para que a conduta do agente não seja ilícita.
expedição da ordem de custódia ou, nos casos em que c) Caio, lutador de boxe, durante uma luta em que se-
forem cumpridos fora da jurisdição do juiz processante, guia as regras desportivas, atinge região vital de Tício,
à autoridade judicial competente, conforme lei de orga- causando-lhe a morte. Ante a gravidade da situação
nização judiciária local. fática, a violência não encontra amparo em nenhuma
Os tribunais expedirão os atos necessários e auxilia- causa de exclusão da ilicitude, devendo Caio respon-
rão os juízes no cumprimento da Resolução em questão, der pela morte causada.
em consideração à realidade local, podendo realizar os d) Nos moldes do finalismo penal, pode a inexigibilidade
convênios e gestões necessárias ao seu pleno cumpri- de conduta diversa ser considerada causa supralegal
mento. de exclusão de ilicitude.
Os Tribunais de Justiça e os Tribunais Regionais Fede-
rais terão o prazo de 90 dias, contados a partir da entrada Resposta: Letra A. Astrogildo agiu acobertado pelo
em vigor desta Resolução, para implantar a audiência de exercício regular do direito, causa de exclusão da ilici-
custódia no âmbito de suas respectivas jurisdições. tude do fato, os ofendículos são meios de defesa pre-
No mesmo prazo será assegurado, às pessoas presas dispostos para a proteção do patrimônio da proprie-
em flagrante antes da implantação da audiência de cus- dade e que de acordo com a doutrina mais moderna
tódia que não tenham sido apresentadas em outra au- podem possuir duas naturezas jurídica: o exercício re-
diência no curso do processo de conhecimento, a apre- gular do direito e a legítima defesa preordenada.
sentação à autoridade judicial, nos termos da Resolução  
em tela. 3. (PC-MG – Delegado de Polícia Substituto – FU-
O acompanhamento do cumprimento da presente MARC – 2018) Sobre o regime jurídico da liberdade pro-
Resolução contará com o apoio técnico do Departamen- visória, é CORRETO afirmar:
to de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerá-
rio e Execução das Medidas Socioeducativas. a) A cassação da fiança poderá ocorrer com a inovação
Na apostila fizemos uma breve citação dos Protocolos, da classificação do delito tido, inicialmente, como
e você acessá-la na íntegra no site: http://www.cnj.jus.br/ afiançável.
busca-atos-adm?documento=3059 b) Não poderá haver reforço da fiança mediante inova-
ção da classificação do delito.
c) O pagamento da fiança poderá ser dispensado pela
autoridade policial, em face da situação econômica do
EXERCÍCIOS COMENTADOS preso.
d) O quebramento injustificado da fiança importará na
1. (PMDF – Aspirante – IADES – 2017) Assinale a alter- perda da totalidade do seu valor.
nativa que apresenta crime militar impróprio.
Resposta: Letra A. Conforme art. 339, do CPP, será
a) Deserção. também cassada a fiança quando reconhecida a exis-
b) Prática de violência contra inferior. tência de delito inafiançável, no caso de inovação na
c) Roubo. classificação do delito.
d) Recusa de obediência.
e) Abandono de posto.

Resposta: Letra C. O crime impropriamente militar é


aquele definido pela doutrina que não exige a quali-
dade de militar do agente. Dentre os crimes citados,
apenas o crime de roubo pode ser praticado por qual-
quer pessoa, seja civil ou militar, sendo, portanto, o
roubo crime impropriamente militar.
LEGISLAÇÃO JURÍDICA

2. (PC-MG – Delegado de Polícia Substituto – FU-


MARC – 2018) Com relação às causas de exclusão da
ilicitude, é CORRETO afirmar:

a) Astrogildo colocou cacos de vidro, visíveis, em cima


do muro de sua casa, para evitar a ação de ladrões.
Certo dia, uma criança neles se lesionou ao pular o

57
b) O Código Penal Militar não adota a teoria objetiva
para os crimes tentados, sendo esta exclusiva do Có-
HORA DE PRATICAR! digo Penal Comum.
c) Excepcionalmente, por adotar também a teoria sub-
1. (MP-SP – Oficial de Promotoria I – VUNESP – 2016) jetiva, pode o Conselho Especial de Justiça aplicar a
De acordo com o princípio da presunção de inocência, pena máxima cominada ao crime, devido à gravidade
previsto no artigo 5° , inciso LVII, da Constituição Federal, da conduta.
explícito no processo penal, d) Nos crimes propriamente militares, sempre se admite
a tentativa, eis que, somente o militar, na condição de
a) iniciada a ação penal e feita a citação, o réu não é autor, é que pode praticá-lo, além de coibir condu-
obrigado a comparecer em Juízo e se autoacusar, mas, tas especiais, voltadas para aquele que enverga uma
comparecendo, não tem direito ao silêncio. farda.
b) em caso de dúvida, por aplicação do princípio da pre-
valência do interesse da sociedade (in dubio pro socie- 5. (STM – Juiz Auditor Substituto – CESPE - 2013) No
tate), condena-se o acusado. que refere à caracterização do crime militar, assinale a
c) o ônus da prova de inocência cabe à defesa, após rece- opção correta.
bimento da denúncia ou queixa-crime e consequente
início da ação penal. a) A facilitação da fuga de um preso de uma cadeia públi-
d) surge como sua decorrência lógica, a indispensabilida- ca estadual comum por policial militar configura crime
de da medida cautelar extrema, de prisão, ainda que militar.
desnecessária à instrução e à ordem pública. b) O Código de Trânsito Brasileiro não afasta a incidência
e) presume-se inocente o acusado até pronunciamento do CPM nos crimes militares, pois, diante do princípio
de culpa, por sentença condenatória, transitada em da especialidade, este é especial em relação àquele.
julgado. c) Os crimes de deserção e cobardia são considerados
crimes impropriamente militares.
2. (TJM-SP – Juiz de Direito Substituto – VUNESP -
d) Os crimes militares somente podem ser praticados por
2016) Assinale a alternativa que indica um crime pro-
militar, jamais por civil, exceto quando em coautoria.
priamente militar, de acordo com a denominada Teoria
e) Os crimes militares não são expressamente previstos
Clássica:
na CF
a) Dano em navio de guerra ou mercante em serviço mi-
6. (Inédita) Nos termos da Constituição do Estado de
litar (art. 263 do Código Penal Militar).
b) Ingresso clandestino (art. 302 do Código Penal Militar). Minas Gerais, Ao militar são proibidas a sindicalização e a
c) Favorecimento a desertor (art. 193 do Código Penal greve. Além disso, o militar, enquanto em efetivo serviço,
Militar). não pode:
d) Omissão de socorro (art. 201 do Código Penal Militar).
e) Ofensa às Forças Armadas (art. 219 do Código Penal a) estar filiado a partido político.
Militar).  b) exceder a carga horária semanal.
c) requerer transferência.
3. (TJM-MG – Técnico Judiciário – FURMAC - 2013) No d) realizar cursos profissionalizantes.
estado de necessidade, a legislação castrense estabelece:
7. (MP-SP – Analista de Promotoria – VUNESP – 2015)
a) O Código Penal Militar adotou a teoria diferenciado- A prisão em flagrante, cautelar, realiza-se.
ra, aproximando-se do Código Penal Comum de 1969,
que sequer entrou em vigor. a) sem necessidade de avaliação posterior por autori-
b) Por se tratar de exclusão de crime, o Código Penal dade judiciária, porque pode ser relaxada, a qualquer
Militar adotou a mesma teoria que o Código Penal tempo, pela autoridade policial.
Comum quanto ao estado de necessidade, especial- b) diante de aparente tipicidade (fumus boni juris), mas
mente quando se tratar de crime propriamente militar. confirmados ilicitude e culpabilidade.
c) Nos crimes propriamente militares, não se admite o es- c) no momento em que está ocorrendo ou termina de
tado de necessidade como exclusão da culpabilidade ocorrer o crime.
exatamente por serem condutas específicas do militar. d) mediante expedição de mandado de prisão pela auto-
d) No estado de necessidade agressivo, o agente dirige ridade judiciária.
sua conduta diretamente contra a fonte de perigo ao e) única e tão somente pela polícia judiciária.
seu bem jurídico.
LEGISLAÇÃO JURÍDICA

8. (TRT-1ª REGIÃO (RJ) – Técnico Judiciário – Segu-


4. (TJM-MG – Técnico Judiciário – FURMAC - 2013) rança – INSTITUTO AOCP - 2018) Acerca da prisão pre-
Em relação aos crimes tentados no Direito Penal Militar, ventiva, assinale a alternativa CORRETA:
é CORRETO afirmar:
a) A prisão preventiva será decretada a requerimento da
a) Em se tratando do denominado crime falho, o agente Autoridade Policial ao Juízo e terá o prazo de 5 (cinco)
não precisa necessariamente ingressar nos atos exe- dias, prorrogável por igual período em caso de extre-
cutórios. ma e comprovada necessidade.

58
b) A prisão preventiva pode ser decretada de ofício por a) não poderá ser julgado de acordo com a lei penal bra-
Juízo competente, no curso da ação penal, mediante sileira por já ter sido absolvido no estrangeiro.
decisão fundamentada. b) somente poderá ser julgado de acordo com a legis-
c) O Ministério Público pode requerer a prisão preventiva lação penal brasileira se entrar no território nacional. 
de réu em ação de alimentos a afim de assegurar a c) não poderá ter contra si aplicada a lei penal brasileira
aplicação da lei civil. porque o fato não ocorreu no território nacional.
d) A Autoridade Policial pode decretar a prisão preventiva d) poderá, por força do princípio da defesa real ou pro-
em caso de descumprimento de qualquer das obriga- teção, ser julgado de acordo com a lei penal brasileira.
ções impostas por força de outras medidas cautelares. e) poderá, com fundamento no princípio da representa-
e) A prisão preventiva pode ser decretada pelo Juízo com- ção, ser julgado de acordo com a lei penal brasileira.
petente, no curso de inquérito policial, a requerimen-
to do Ministério Público, por hipotética contravenção 12. (TJ-MG – Juiz de Direito – CONSULPLAN – 2018)
penal supostamente cometida por réu primário. Fulano, conhecido nos meios policiais pela prática de cri-
mes contra o patrimônio, decidiu abandonar temporaria-
9. (TRT-1ª REGIÃO (RJ) – Técnico Judiciário – Segu- mente suas atividades delituosas após conhecer Beltrana,
rança – INSTITUTO AOCP - 2018) Acerca das prisões por quem se apaixonara. A moça, no entanto, conhecen-
cautelares, assinale a alternativa INCORRETA: do a má fama de Fulano, o rejeitou. Magoado, Fulano
decidiu se vingar e, durante uma festa na casa de ami-
a) O juiz não poderá revogar a prisão preventiva de ofício gos em comum, colocou sonífero na bebida de Beltrana.
se, no correr do processo, verificar a falta de motivo Tão logo ela caiu no sono, Fulano a levou para um dos
para que subsista, bem como de novo decretá-la se quartos e, aproveitando-se de que ninguém o observa-
sobrevierem razões que a justifiquem. va, subtraiu todas as roupas de Beltrana, deixando-a nua,
b) Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais além de pilhar dinheiro e documentos que ela levava em
e seus agentes deverão prender quem quer que seja sua bolsa. Em seguida, ele evadiu da festa, levando con-
encontrado em flagrante delito. sigo todos os bens subtraídos. Nessa situação hipotética,
c) A prisão preventiva poderá ser decretada como ga- conforme legislação aplicável ao caso, o Fulano pratica
rantia da ordem pública, da ordem econômica, por crime de
conveniência da instrução criminal, ou para assegurar
a aplicação da lei penal, quando houver prova da exis- a) roubo próprio.
tência do crime e indício suficiente de autoria. b) roubo impróprio.
d) A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encon- c) furto simples consumado.
tre serão comunicados imediatamente ao juiz compe- d) furto qualificado pelo abuso de confiança.
tente, ao Ministério Público e à família do preso ou à
pessoa por ele indicada. 13. (TJ-MG – Juiz de Direito – CONSULPLAN – 2018)
e) Os presos temporários deverão permanecer, obrigato- “A e B, imputáveis, resolvem cometer um roubo em um
riamente, separados dos demais detentos. estabelecimento comercial na companhia do menor M,
mediante emprego de um revólver eficaz e completa-
10. (ITEP-RN – Agente de Necrópsia – INSTITUTO mente municiado. Na ocasião programada, A conduz os
AOCP – 2018) Em certo dia, um indivíduo com a inten- demais comparsas e estaciona em local estratégico pró-
ção de furtar algum objeto de valor, pulou o muro de ximo ao estabelecimento comercial para facilitar a fuga
uma residência e subtraiu um par de tênis, marca “Like”, e dificultar que testemunhas anotem a placa do veículo.
que estava na lavanderia desta casa. Ocorre que um dos B e M descem do veículo, entram no estabelecimento
vizinhos, ao visualizar a ação desse indivíduo, acionou a comercial perto do horário do encerramento e anunciam
polícia, que prontamente compareceu ao local e o en- o assalto. A vítima V reage e entra em luta corporal com
controu ainda no interior do quintal, com o par de tênis os agentes. Para pôr fim à briga, M efetua três dispa-
nas mãos. Diante dessa situação, assinale a alternativa ros de arma de fogo e foge, em seguida, na companhia
que apresenta a modalidade CORRETA de prisão em fla- de B sem nada subtrair do estabelecimento comercial. V
grante. morre em função dos disparos de arma de fogo que lhe
atingiram. B e M entram rapidamente no veículo condu-
a) Flagrante ficto ou presumido. zido por A, que empreende rápida fuga do local.” Sobre a
b) Flagrante impróprio. punibilidade de A, assinale a alternativa correta.
c) Flagrante forjado.
d) Flagrante esperado. a) A responde por latrocínio consumado em concurso
e) Flagrante próprio. formal com corrupção de menor, sem incidência da
LEGISLAÇÃO JURÍDICA

causa de diminuição de pena da participação de me-


11. (TJ-AL – Técnico Judiciário – Área Judiciária – nor importância.
FGV– 2018) Paulo, funcionário público do governo bra- b) A responde por roubo majorado pelo concurso de
sileiro, quando em serviço no exterior, vem a praticar um agentes e pelo emprego de arma de fogo em concur-
crime contra a administração pública. Descoberto o fato, so formal com corrupção de menor, já que houve um
foi absolvido no país em que o fato foi praticado. excesso por parte do menor M em relação ao plano
Diante desse quadro, é correto afirmar que Paulo:  inicial, excesso que não deve ser imputado a A.

59
c) A responde por roubo majorado pelo concurso de
agentes e pelo emprego de arma de fogo, com a in-
cidência da causa de diminuição de pena prevista no GABARITO
art. 29, §1°, do Código Penal, em função da participa-
ção de menor importância, em concurso material com 1 E
corrupção de menor.
d) A responde por latrocínio tentado (artigo 157, §3°, 2 D
parte final, combinado com artigo 14, inciso II, ambos 3 A
do Código Penal) em concurso material com corrup-
4 C
ção de menor, na medida em que não houve a con-
sumação do crime de latrocínio em virtude de não ter 5 B
havido a subtração de coisa alheia móvel. 6 A
14. (TRF3 – Analista Judiciário – Área Administrativa 7 C
– FCC – 2016) Lucius, funcionário público, escrevente de 8 B
cartório de secretaria de Vara Criminal, apropriou-se de
9 A
um relógio valioso que foi remetido ao Fórum juntamen-
te com os autos do inquérito policial no qual foi objeto 10 E
de apreensão. Lucius cometeu crime de  11 D

a) apropriação de coisa achada. 12 A


b) apropriação indébita simples.  13 A
c) apropriação indébita qualificada pelo recebimento da 14 E
coisa em razão de ofício, emprego ou profissão. 
d) apropriação de coisa havida por erro.  15 C
e) peculato. 

15. (TRF2 – Juiz Federal – CESPE – 2013) Assinale a op-


ção correta com relação a crimes contra o patrimônio, a
dignidade sexual, a paz pública e a fé pública.

a) No crime de apropriação indébita previdenciária, o juiz


pode deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a
pena de multa, se o agente for primário e tiver bons
antecedentes, desde que tenha promovido o paga-
mento da contribuição previdenciária, incluídos os
acessórios, antes do recebimento da denúncia.
b) Por força do princípio constitucional da ampla defesa,
não responderá pelo crime de falsa identidade aque-
le que se identificar com nome de outrem perante a
autoridade policial a fim de evitar o cumprimento de
mandado judicial de prisão expedido contra si.
c) Considere a seguinte situação hipotética. Nos autos
de interceptação telefônica judicialmente autorizada
na forma da lei, foram identificados e processados
criminalmente três entre quatro indivíduos que se co-
municavam constantemente para planejar a prática
de vários crimes de falsificação de carteira de traba-
lho e da previdência social. Nessa situação, embora
comprovada a associação estável e permanente para
a prática de crimes, não se poderá condenar por crime
de quadrilha os três indivíduos identificados, devido à
ausência da identificação do quarto comparsa.
d) No crime de tráfico internacional de pessoa para fim
de exploração sexual, o CP não prevê causa especial
LEGISLAÇÃO JURÍDICA

de redução de pena, salvo aquela em favor do agente


que também já tiver sido vítima do mesmo delito, si-
tuação essa em que a pena será reduzida de um sexto
a um terço.
e) Aquele que fabricar uma nota de cinco reais similar à
verdadeira não poderá ser beneficiado pela incidência
do princípio da insignificância, ainda que seja primário
e de bons antecedentes.

60
ÍNDICE

LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

Lei nº 5.301, de 16/10/69 - Estatuto dos Militares do Estado de Minas Gerais e suas alterações................................................. 01
Lei nº 14.310, de 19/06/02 - Código de Ética e Disciplina dos Militares do Estado de Minas Gerais e Decisões
Administrativas em vigor............................................................................................................................................................................................ 18
Resolução Conjunta nº 4.220, de 28/06/2012 - Manual de Processos e Procedimentos Administrativos das Instituições
Militares do Estado de Minas Gerais (MAPPA). Publicada na Separata do BGPM nº 49, de 03/07/2012................................... 28
Instrução Conjunta de Corregedorias n.º 01 (ICCPM/BM n.º 01/14) de 03/02/14. Estabelece padronização sobre as
atividades administrativas e disciplinares no âmbito da PMMG e CBMMG. (Publicada na Separata do BGPM nº 12, de
11/02/14)........................................................................................................................................................................................................................... 28
Instrução Conjunta de Corregedorias n.º 02 (ICCPM/BM n.º 02/14) de 03/02/14. Estabelece padronização sobre as ativi-
dades de Polícia Judiciária Militar no âmbito da PMMG e CBMMG. Art. 1º ao 95, exceto os Modelos Referenciais. (Publi-
cada na Separata do BGPM nº 12, de 11/02/14)............................................................................................................................................. 45
Instrução Conjunta de Corregedorias n.º 04 (ICCPM/BM n.º 04/14) de 14/05/14. Estabelece nova redação ao art. 54 da
ICCPM/BM 01/14, no que tange às obrigações do detentor de armários cedidos pela Administração Militar. (Publicada
no BGPM nº 36, de 15/05/14)................................................................................................................................................................................... 57
Resolução nº 4.085/2010-CG, de 11/05/2010 - Dispõe sobre a aquisição, o registro, o cadastro e o porte de arma de
fogo de propriedade do militar; e o porte de arma de fogo pertencente à PMMG. Publicada na Separata do BGPM nº
39, de 25/05/2010 e suas alterações..................................................................................................................................................................... 58
Diretriz para a Produção de Serviços de Segurança Pública nº 3.01.06/2011-CG, de 18/03/2011 – Regula a aplicação da
filosofia de Polícia Comunitária pela PMMG. Exceto os anexos. Publicada na Separata do BGPM nº 32, de 28/04/2011. 68
a força muscular dos membros superiores e inferiores e
LEI Nº 5.301, DE 16/10/69 - ESTATUTO DOS do abdômen, de acordo com os padrões de condiciona-
MILITARES DO ESTADO DE MINAS GERAIS E mento físico exigidos para o exercício das funções atri-
SUAS ALTERAÇÕES. buídas ao cargo.
A avaliação psicológica é realizada por Oficial psicó-
logo ou comissão de oficiais psicólogos dos quadros da
Os direitos, prerrogativas, deveres e responsabilida- instituição militar ou por psicólogos contratados e terá
des dos militares do Estado regem-se por este Estatuto, como base as exigências funcionais e comportamentais
nos termos do art. 39 da Constituição do Estado. do cargo a ser ocupado, compreendendo, no mínimo:
São militares do Estado os integrantes da Polícia Mili- I – teste de personalidade;
tar e do Corpo de Bombeiros Militar II – teste de inteligência;
No decorrer de sua carreira pode o militar encontrar- III – dinâmica de grupo, prova situacional ou anam-
-se na ativa, na reserva ou na situação de reformado. nese psicológica.
Militar da ativa é o que, ingressando na carreira poli-
Do resultado da avaliação psicológica cabe recurso à
cial-militar, faz dela profissão, até ser transferido para a
junta examinadora, observados os prazos e procedimen-
reserva, reformado ou excluído.
tos previstos no edital do concurso.
Militar da reserva é o que, tendo prestado serviço na
Os laudos de avaliação psicológica serão guardados,
ativa, passa à situação de inatividade.
em caráter confidencial, pela unidade executora do con-
Reformado é o militar desobrigado definitivamente
curso, sob a responsabilidade da seção de psicologia.
do serviço.
O requisito de sanidade física e mental será com-
A carreira na Polícia Militar é privativa de brasileiros provado por meio de exames médicos, odontológicos e
natos, para oficiais e natos ou naturalizados para praças, complementares, a critério da Junta Militar de Saúde e da
observadas as condições de cidadania, idade, capacidade comissão de avaliadores.
física, moral e intelectual, previstas em leis e regulamen- Para o preenchimento de cargos no Quadro de Oficiais,
tos. ter entre 18 e 30 anos de idade na data da inclusão, salvo
O ingresso nas instituições militares estaduais dar-se- para os oficiais do Quadro de Saúde, cuja idade máxima
-á por meio de concurso público, de provas ou de provas será de 35 anos, não será exigido dos militares de ambas as
e títulos, no posto ou graduações, observados os seguin- instituições, desde que possuam, no máximo, vinte anos de
tes requisitos: efetivo serviço, a ser comprovado até a data da matrícula.
I – ser brasileiro; Para o preenchimento de cargos nos Quadros de Ofi-
II – possuir idoneidade moral; ciais Complementares e de Oficiais Especialistas, os mili-
III – estar quite com as obrigações eleitorais e milita- tares, para ingressarem no Curso de Habilitação de Ofi-
res; ciais, deverão possuir, no máximo, vinte e quatro anos de
IV – ter entre 18 e 30 anos de idade na data da inclu- efetivo serviço, a ser comprovado até a data da matrícula.
são, salvo para os oficiais do Quadro de Saúde, cuja A existência de tatuagem visível incompatível com o
idade máxima será de 35 anos; exercício da atividade militar, será comprovada por Ofi-
V – possuir nível superior de escolaridade para ingres- cial médico ou comissão de oficiais médicos dos quadros
so na Polícia Militar e nível médio de escolaridade ou da instituição militar ou por médicos contratados, em
equivalente para ingresso no Corpo de Bombeiros Mi- laudo devidamente fundamentado.
litar; Comprovada a existência de tatuagem visível incom-
VI – ter altura mínima de 1,60m (um metro e sessenta patível com a atividade militar, caberá recurso à junta
centímetros), exceto para oficiais do Quadro de Saúde; examinadora, observados os prazos e procedimentos
VII – ter aptidão física; previstos no edital do concurso.
VIII – ser aprovado em avaliação psicológica; Os candidatos aos cargos do Quadro de Oficiais de
IX – ter sanidade física e mental; Saúde devem possuir graduação em nível superior em
X – não apresentar, quando em uso dos diversos uni- área compatível com a função a ser exercida.
formes, tatuagem visível que seja, por seu significado, Para ingresso no Quadro de Oficiais da Polícia Mili-
incompatível com o exercício das atividades de policial tar – QO-PM – é exigido o título de bacharel em Direito,
militar ou de bombeiro militar. obtido em estabelecimento reconhecido pelo sistema de
ensino federal, estadual ou do Distrito Federal, sendo o
Para fins da comprovação da idoneidade moral, o respectivo concurso público realizado com a participação
candidato deverá apresentar certidões negativas de an- da Ordem dos Advogados do Brasil.
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

tecedentes criminais fornecidas pelas Justiças Federal, Para ingresso nos Quadros de Praças e de Praças Espe-
Estadual e Militar e não poderá estar indiciado em in- cialistas da Polícia Militar é exigido o nível superior de es-
quérito comum ou militar ou sendo processado criminal- colaridade, obtido em curso realizado em estabelecimento
mente por crime doloso. reconhecido pelo sistema de ensino federal, estadual ou do
A aptidão física prevista no item VII será comprovada Distrito Federal, em área de concentração definida em edital.
perante comissão de avaliadores, por meio do teste de Para ingresso no Quadro de Oficiais do Corpo de
capacitação física. Bombeiros Militar é exigida a aprovação no curso de for-
O teste de capacitação física consistirá em provas, mação de oficiais, em nível superior de graduação, pro-
todas de caráter eliminatório e classificatório, que veri- movido pelo Corpo de Bombeiros Militar do Estado de
ficarão, no mínimo, a resistência aeróbica, a agilidade e Minas Gerais.

1
Para ingresso nos Quadros de Praças e de Praças Es- A antiguidade de cada posto ou graduação será re-
pecialistas do Corpo de Bombeiros Militar é exigida a gulada:
aprovação em curso de formação promovido pelo Corpo I – pela data da promoção ou nomeação;
de Bombeiros Militar do Estado de Minas Gerais. II – pela prevalência dos graus hierárquicos anteriores;
Para ingresso no Quadro de Oficiais Capelães da Po- III – pela data de praça;
lícia Militar ou do Corpo de Bombeiros Militar é exigida IV – pela data de nascimento.
conclusão de graduação em curso de nível superior, de-
vidamente reconhecida nos termos da legislação de en- Nos casos de nomeação coletiva mediante concurso,
sino em vigor, em área do conhecimento compatível com de declaração de Aspirante-a-Oficial e de promoção a
a função de assistência religiosa a ser exercida. 3º-Sargento, a Cabo e a Soldado de 1ª Classe, prevalece-
O militar será considerado estável após três anos de rá, para efeito de antiguidade, a ordem de classificação
efetivo serviço no cargo, mediante avaliação de desem- obtida no concurso ou curso.
penho individual. Serão organizados anualmente “almanaques” da Po-
lícia Militar, contendo a relação nominal de oficiais, aspi-
Da Hierarquia e da Precedência Militar rantes a oficial e graduados da ativa, distribuídos pelos
respectivos quadros, de acordo com a antiguidade dos
Hierarquia militar é a ordem e a subordinação dos postos e graduações.
diversos postos e graduações que constituem carreira Os Quadros serão organizados da seguinte forma:
militar. I – Oficiais da Polícia Militar ou do Corpo de Bombei-
Posto é o grau hierárquico dos oficiais, conferido por ros Militar (QO-PM/BM);
ato do Chefe do Governo do Estado. II – Oficiais de Saúde da Polícia Militar ou do Corpo de
Graduação é o grau hierárquico das praças, conferido Bombeiros Militar (QOS-PM/BM);
pelo Comandante Geral da Polícia Militar. III – Praças da Polícia Militar ou do Corpo de Bombei-
São os seguintes os postos e graduações da escala ros Militar (QP-PM/BM);
hierárquica:
IV – Praças Especialistas da Polícia Militar ou do Corpo
Oficiais de Polícia:
de Bombeiros Militar (QPE-PM/BM).
a) Superiores: Coronel, Tenente-Coronel e Major
V – Oficiais Capelães da Polícia Militar ou do Corpo de
b) Intermediários: Capitão
Bombeiros Militar (QOCPL-PM/BM).
c) Subalternos: 1º Tenente, 2º Tenente
Instituiu-se os Quadros de Oficiais Complementares
Praças Especiais de Polícia:
da Polícia Militar ou do Corpo de Bombeiros Militar (QO-
a) Aspirante a Oficial
b) Cadetes do último ano do Curso de Formação de C-PM/BM) e de Oficiais Especialistas da Polícia Militar ou
Oficiais e Alunos do Curso de Habilitação de Ofi- do Corpo de Bombeiros Militar (QOE-PM/BM).
ciais;
c) Cadetes do Curso de Formação de Oficiais dos de- Da Função Policial-Militar
mais anos;
Função policial-militar é exercida por oficiais e praças
Praças de Polícia: da Polícia Militar, com a finalidade de preservar, man-
a) Subtenentes e Sargentos; ter e restabelecer a ordem pública e segurança interna,
Subtenente; através das várias ações policiais ou militares, em todo o
1º Sargento; território do Estado.
2º Sargento; A qualquer hora do dia ou da noite, na sede da Uni-
3º Sargento; dade ou onde o serviço o exigir, o policial-militar deve
estar pronto para cumprir a missão que lhe for confiada
b) Cabos e Soldados: pelos seus superiores hierárquicos ou impostos pelas leis
Cabo; e regulamentos.
Soldado de 1ª Classe;
Soldado de 2ª Classe (Recruta). Dos Deveres, Responsabilidades, Direitos e Prerro-
gativas
O Cadete do último ano do Curso de Formação de
Oficiais tem precedência funcional em relação ao Aluno O Oficial somente perderá o posto ou patente nos
do Curso de Habilitação de Oficiais. seguintes casos:
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

Aos postos e graduações de que trata o artigo an- I – Em virtude de sentença condenatória restritiva da
terior será acrescida a designação “PM” (Polícia Militar). liberdade individual, por mais de 2(dois) anos e pas-
A precedência hierárquica é regulada: sada em julgado;
I – Pelo posto ou graduação; II – quando declarado indigno do oficialato ou com
II – pela antiguidade no posto ou graduação salvo ele incompatível, em face de incapacidade moral ou
quando ocorrer precedência funcional, estabelecida profissional, pelo Tribunal de Justiça Militar, em tempo
em lei ou decreto. de paz, ou por tribunal especial, em tempo de guerra;
III – quando demitido, nos termos da legislação vigen-
O aspirante a oficial frequentará o círculo dos oficiais te.
subalternos.

2
A declaração de indignidade ou incompatibilidade Os militares da reserva e os reformados só podem
proceder-se-á através de processo especial, iniciando-se usar uniformes por ocasião de cerimônias sociais, mili-
pelo Conselho de Justificação, nos termos da legislação tares e cívicas. Os da reserva, quando convocados para
própria. o serviço ativo, usam uniforme idêntico aos da ativa, nos
O tribunal poderá determinar a reforma do oficial no termos do Regulamento de Uniformes da Polícia Militar.
posto por ele ocupado, com os vencimentos proporcio- Os militares da reserva ou reformados podem ser
nais ao seu tempo de serviço, nos termos da legislação proibidos de usar uniformes, temporária ou definitiva-
própria. mente, em virtude da prática de atos indignos, por deci-
O militar da ativa que aceitar cargo público civil tem- são do Comandante Geral.
porário, não eletivo, assim como em autarquia, empresa São ainda direitos dos militares:
pública ou sociedade de economia mista, ficará agrega- I – exercício da função correspondente ao posto ou
do ao respectivo quadro, e, enquanto permanecer nessa graduação, ressalvados os casos legais de afastamen-
situação, somente poderá ser promovido por antiguida- to;
de, sendo contado o tempo de serviço apenas para pro- II – percepção de soldo e vantagens, na forma deste
moção, transferência para a reserva ou reforma. Estatuto e demais leis em vigor;
Depois de 2 anos, contínuos ou não de afastamento III – transferência para a reserva ou reforma, com pro-
nos termos deste artigo, será o militar transferido para a ventos, na forma deste Estatuto;
reserva ou reformado, na conformidade deste Estatuto. IV – julgamento em foro especial, nos delitos militares;
O militar da ativa que aceitar cargo público perma- V – dispensa de serviço, férias, licença e recompensa,
nente, estranho à sua carreira, será transferido para a re- nas condições previstas neste Estatuto;
serva ou reformado com os direitos e deveres definidos VI – demissão voluntária e baixa do serviço ativo, de
nesta lei. acordo com as normas legais;
Enquanto perceber remuneração do cargo tempo- VII – transporte para si e sua família, nos termos deste
rário, assim como de autarquia, empresa pública ou so- Estatuto;
ciedade de economia mista, não tem direito o militar da
VIII – porte de arma, nos termos da legislação espe-
ativa ao soldo e vantagens do seu posto ou graduação,
cífica;
assegurada a opção.
IX – prorrogação por sessenta dias da licença-mater-
É vedada a utilização de componentes da Polícia Mi-
nidade prevista no inciso XVIII do caput do art. 7º da
litar em órgãos civis, públicos ou privados, sob pena de
Constituição da República, concedida à militar.
responsabilidade de quem o permitir. Ressalvam-se as
situações definidas expressamente em lei federal.
O direito a licença-maternidade fica condicionado à
Os militares da ativa e os inativos, estes quando con-
vocados ou designados para o serviço ativo, podem, no concessão de igual benefício à servidora pública civil do
interesse da dignidade profissional, ser chamados a pres- Poder Executivo.
tar contas sobre a origem e natureza dos seus bens mó- O gozo do direito a licença-maternidade não prejudi-
veis, imóveis e semoventes. cará o desenvolvimento da militar na carreira.
Aos militares da ativa é vedado fazer parte de firmas A praça perde a condição de servidor público e o
comerciais, de empresas industriais de qualquer natureza consequente direito à inatividade remunerada, quando
ou nelas exercer função ou emprego remunerado. excluída disciplinarmente ou por incapacidade profissio-
Os militares da reserva, quando convocados para o nal, de acordo com o Regulamento Disciplinar da Cor-
serviço ativo, ficam proibidos de tratar nas repartições poração.
públicas, civis ou militares, de interesse de indústria ou Só em caso de flagrante delito o militar poderá ser
comércio a que estejam ou não associados ou não as- preso por autoridade policial civil.
sociados. Quando se der o caso previsto no artigo, a autoridade
Os militares da ativa podem exercer, diretamente, a policial fará entrega do preso à autoridade militar mais
gestão de seus bens desde que não infrinjam o disposto próxima, só podendo retê-lo na delegacia ou posto poli-
no presente artigo. cial durante o tempo necessário à lavratura do flagrante.
No intuito de desenvolver a prática profissional e A autoridade policial que maltratar ou consentir que
elevar o nível cultural dos elementos da Corporação, é seja maltratado preso militar, ou não lhe dispensar o tra-
permitido, no meio civil, aos militares titulados, o exercí- tamento devido ao seu posto ou graduação, será respon-
cio do magistério ou de atividades técnico-profissionais, sabilizada, por iniciativa da autoridade competente.
atendidas as restrições previstas em lei própria. O militar, fardado ou em trajes civis, tem as prerroga-
Cabe aos militares a responsabilidade integral das de- tivas e as obrigações correspondentes ao seu posto ou
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

cisões que tomam ou dos atos que praticam, inclusive graduação.


na execução de missões por eles taxativamente deter- É proibido o uso de uniforme em manifestações de
minadas. caráter político-partidário, exceto em serviço.
As patentes, com as vantagens, prerrogativas e deve- Não é permitido sobrepor ao uniforme insígnias ou
res a elas inerentes, são garantidas em toda a plenitude, distintivos de qualquer natureza, não previstos no regu-
assim aos oficiais da ativa e da reserva, como aos refor- lamento ou plano de uniforme.
mados. São declaradas nulas as regalias, concessões e prerro-
Os títulos, postos, graduações e uniformes da Polícia gativas decorrentes de leis ou atos anteriores que permi-
Militar são de uso privativo de seus componentes da ati- tem o uso de uniformes e postos militares a funcionários
va, da reserva e do reformado. civis da Polícia Militar.

3
É vedado o uso individual ou por parte de organi- O soldo do pessoal da Polícia Militar é o fixado em
zações civis, públicas ou privadas, de uniformes, emble- lei especial.
mas, insígnias, denominações ou distintivos que tenham Os vencimentos dos militares são devidos a partir da
semelhança com os adotados na Polícia Militar, ou que data:
possam com ele ser confundidos I – do decreto de promoção, para oficial;
São responsáveis pela infração das disposições deste II – do ato de declaração, para o aspirante a oficial;
artigo os diretores ou chefes de repartições, estabeleci- III – da publicação do ato em Boletim da Corporação,
mentos de qualquer natureza, firmas ou empregadores, quando se tratar de promoção, para as demais praças;
empresas, institutos ou departamentos que os tenham IV – do ato de matrícula, para os alunos do Curso de
adotado ou consentido. Formação de Oficiais e do Curso de Formação de Sar-
O uso do uniforme, fora do País, só é permitido aos gentos;
militares que estiverem em missão oficial. V – da inclusão na Polícia Militar, nos demais casos.

DOS VENCIMENTOS E VANTAGENS Excetuam-se das condições acima os casos em que o


ato tenha caráter retroativo, quando serão devidos partir
Vencimentos ou vencimento é o quantitativo em di- da data expressamente declarada nesse ato.
nheiro devido ao militar em serviço ativo. Quando a nomeação inicial decorrer de habilitação
Os vencimentos compreendem:
em concurso, o direito à percepção dos vencimentos será
a) Soldo;
contado do dia da entrada em exercício.
b) Vantagens constantes.
No cálculo dos vencimentos, todas as demais van-
tagens incidem sobre a soma de soldo, quinquênios e
Provento da inatividade é a remuneração devida ao
militar da reserva ou reformado. função militar.
O soldo e vantagens incorporáveis da inatividade, O direito do militar aos vencimentos da ativa cessa na
que formam os proventos, não poderão ser superiores data: da transferência para a inatividade; do falecimento;
ao soldo e vantagens incorporáveis do militar da ativa. da perda do posto ou patente; da demissão; da exclusão;
A referência “militar” abrange todos os postos e gra- da deserção.
duações da hierarquia policial-militar; quando o disposi- Os vencimentos são assegurados ao oficial enquanto
tivo se restringir a determinado círculo, posto ou gradua- estiver em uso e gozo da carta patente.
ção, a ele fará referência especial. O vencimento do militar é irredutível e não está su-
São adotadas as seguintes definições: jeito a penhora, sequestro ou arresto, senão nos casos e
I – cargo é o conjunto de atribuições definidas por lei pela forma regulada em lei.
ou regulamento e cometido, em caráter permanente, A impenhorabilidade do vencimento não exclui
a um militar; providências disciplinares administrativas, tendentes a
II – encargo é a atribuição de serviço cometida a um conduzir o militar ao pagamento de dívida legalmente
militar; constituída ou pensão alimentar, determinadas, pelo Co-
III – função ou exercício é a execução, dentro das nor- mandante sob cujas ordens ele servir.
mas regulamentares, das atribuições estipuladas para O militar no desempenho de cargo, encargo ou fun-
os cargos e encargos; ção atribuída privativamente a posto ou graduação su-
IV – entrada em exercício ou em função ocorre quan- perior ao seu, perceberá o vencimento correspondente a
do o militar passa a executar as medidas necessárias esse posto ou graduação.
ao desempenho de suas novas atribuições no local de São excetuadas as substituições, por qualquer moti-
atividade própria, assumindo efetivamente as respon- vo, que importem no afastamento temporário do subs-
sabilidades do cargo ou encargo; tituído por prazo igual ou inferior a 30 (trinta) dias, caso
V – sede é a região compreendida dentro dos limites em que não haverá alteração de vencimentos para o
geográficos do município ou distrito, em que se loca-
substituto.
liza uma organização e onde o servidor tem exercício;
O pagamento a que se refere o presente artigo é de-
VI – organização é a denominação genérica dada ao
vido ao militar desde a data em que se investir no car-
Corpo, subunidade, destacamento, estabelecimento
go, encargo ou função até a véspera daquela em que o
ou qualquer outra unidade tática, administrativa ou
policial; transmitir.
VII – comandante é a denominação genérica dada O militar continuará com direito ao soldo e vantagens
ao elemento mais graduado ou mais antigo de cada que estiver percebendo, ao ser considerado, dentro dos
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

guarnição, abrangendo assim seu comandante, dire- prazos legais ou regulamentares, em qualquer das situa-
tor, chefe ou outra denominação que tenha ou venha ções: dispensa do serviço: núpcias, luto, trânsito e insta-
a ter; lação; férias; e férias-prêmio.
VIII – guarnição é a unidade ou conjunto de unidades, O militar, nas situações seguintes, terá soldo e vanta-
repartições e estabelecimentos militares existentes, gens assim regulados:
permanente ou transitoriamente, em uma mesma lo- I – em licença para tratamento da própria saúde ou da
calidade; de pessoa de sua família:
IX – servidor é toda pessoa que exerça cargo ou função a) até um ano, mesmo em licenças continuadas, con-
permanente na Polícia Militar, percebendo remunera- cedidas parceladamente, perceberá o soldo e van-
ção mensal pelos cofres públicos. tagens do posto ou graduação;

4
b) a partir de 1 (um) até 2(dois) anos, perderá o acrés- zo para o serviço; submetido a processo, preso; afasta-
cimo do tempo integral de serviço. do das funções, por incapacidade profissional ou moral;
cumprindo pena.
II – em licença para tratar de interesses particulares, O desertor, quando julgado apto em inspeção, pela
nada perceberá; Junta Militar de Saúde, terá direito, a partir da data da
III – aperfeiçoando conhecimentos técnicos, ou reali- captura ou apresentação, ao soldo e vantagens concedi-
zando estudos no País ou no Exterior: dos ao militar, sem o acréscimo de tempo integral.
a) perceberá o soldo e vantagens, quando for de inte- O militar que, por sentença passada em julgado, for
resse da Corporação; declarado livre de culpa em crime que lhe tenha sido im-
b) nos demais casos, nada perceberá. putado, ou tendo este prescrito, terá direito à diferença
IV – exercendo atividade técnica de sua especialidade de soldo e vantagens correspondentes ao período de
em organizações civis nada perceberá. prisão.
Igual direito assistirá àquele que tiver respondido a
O militar, quando em tratamento de saúde em conse- inquérito, preso ou detido, mas somente nos casos em
quência de ferimentos ou doença decorrentes do serviço que for apurada pela autoridade competente a inexistên-
público, terá direito ao soldo e vantagens do posto ou cia de crime, contravenção ou transgressão.
graduação, até o período de 3 (três) anos. Do indulto, graça ou anistia não decorre direito de
O militar atacado de enfermidade e que cause inca- qualquer pagamento.
pacidade motivada por acidente no serviço ou por mo- Para os efeitos do Estatuto dos Militares de Minas Ge-
léstia profissional ou tuberculose ativa, alienação mental, rais, as vantagens são consideradas:
neoplasia maligna, cegueira, lepra, paralisia, ozena, pên- I – constantes: as que, satisfeitas as condições legais
figo foliáceo, cardiopatia descompensada ou doença que para sua concessão inicial, são devidas ao servidor,
o invalide inteiramente, mediante parecer da junta militar em qualquer situação em que estiver, ressalvadas
de Saúde, será reformado com o soldo e vantagens inte- as restrições desta lei;
grais do posto ou graduação, qualquer que seja o tempo II – transitórias: as devidas durante a execução de de-
de serviço, será compulsoriamente licenciado com o sol- terminados serviços, em situações especiais;
do e vantagens integrais. III – ocasionais: as devidas em consequência de fatos
A licença será convertida em reforma, antes dos pra- ou situações que somente ocorrem eventualmen-
zos fixados nesta lei, quando assim opinar a Junta Militar te.
de Saúde da Corporação, por considerar definitiva a in-
validez do militar. São as seguintes as vantagens atribuídas ao pessoal
O militar, quando hospitalizado, terá o seguinte soldo da Polícia Militar, nas condições estabelecidas neste Es-
e vantagens: tatuto ou regulamento próprio:
I – em consequência de ferimento recebido em cam- I – constantes:
panha, em serviço policial, acidente em serviço ou a) adicionais por quinquênio vencido e adicional de
moléstia contraída em campanha ou serviço, ou dela 30 (trinta) anos de serviço;
decorrente, os vencimentos e vantagens do posto ou b) gratificação de tempo integral;
graduação, até o limite de 3 (três) anos; c) função militar categoria I;
II – por qualquer outro motivo, os vencimentos e van- d) função militar categoria II;
tagens do posto ou graduação, até o limite de 2 (dois) e) Adicional de Desempenho – ADE;
anos. f) auxílio-invalidez;

O militar que for declarado ausente, por ter excedi- II – Transitórias: vantagens de campanha.
do a licença ou por qualquer outro motivo, somente terá III – Ocasionais:
direito ao soldo e vantagens do posto ou graduação a a) risco de vida ou saúde;
partir da data de sua apresentação. b) localidade especial;
A disposição deste artigo não se aplica ao militar cuja c) gratificação de gabinete;
ausência venha a ser considerada extravio, desapareci- d) abono familiar;
mento, aprisionamento de guerra ou internação em país e) gratificação por trabalho técnico-científico;
neutro, caso em que a sua situação será regulada pelas f) auxílio-moradia;
leis militares vigentes. g) especiais:
O militar agregado perceberá soldo e vantagens de- 1 – de exercício das funções de Comandante-Geral,
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

correntes da situação que motivou a sua agregação. Chefe do Estado Maior e de Chefe do Gabinete Mi-
Abonam-se o soldo e vantagens do posto ou gradua- litar;
ção ao militar preso disciplinarmente, fazendo serviço; 2 – de exercício das funções previstas no artigo 70
respondendo a inquérito ou submetido a processo, sol- deste Estatuto;
to, sem prejuízo do serviço; no período em que tenha
de ficar preso além do tempo correspondente à pena h) representação;
imposta. i) abono de fardamento;
Não faz o militar jus ao acréscimo de tempo integral, j) diárias;
ao abono de fardamento e à gratificação de função mili- l) ajuda de custo;
tar respondendo inquérito, preso ou detido, com prejuí- m) etapas;

5
n) transporte; VI – para vinte e cinco ADIs com desempenho satisfa-
o) hospitalização, serviços médicos e congêneres; tório: 50% (cinquenta por cento); e
p) quantitativo para funeral. VII – para trinta ADIs com desempenho satisfatório:
60% (sessenta por cento).
O Adicional de Desempenho – ADE – constitui vanta-
gem remuneratória, concedida mensalmente ao militar O valor do ADE a ser pago ao militar será calculado
que tenha ingressado nas instituições militares estaduais por meio da multiplicação do percentual de sua remune-
após a publicação da Emenda à Constituição nº 57, de ração básica definido nos incisos do caput pela centési-
15 de julho de 2003, ou que tenha feito a opção pre- ma parte do resultado obtido na ADI no ano de cálculo
vista no art. 115 do Ato das Disposições Constitucionais do ADE.
Transitórias da Constituição do Estado, e que cumprir os O militar que fizer jus à percepção do ADE continua-
requisitos estabelecidos no art. 59-B. rá percebendo o adicional no percentual adquirido, até
O valor do ADE será determinado a cada ano, levan- atingir o número necessário de ADIs com desempenho
do-se em conta o número de Avaliações de Desempenho satisfatório para alcançar o nível subsequente definido
Individual – ADIs – satisfatórias obtidas pelo militar, nos nos incisos do caput deste artigo.
termos desta Lei. O valor do ADE não será cumulativo, devendo o per-
O militar da ativa, ao manifestar a opção de que trata centual apurado a cada nível substituir o percentual an-
o caput, fará jus ao ADE a partir do exercício subsequen- teriormente percebido pelo militar.
te, observados os requisitos previstos nesta Lei. O militar que não for avaliado por estar totalmente
A partir da data da opção pelo ADE, não serão conce- afastado por mais de cento e vinte dias de suas ativida-
didas novas vantagens por tempo de serviço ao militar, des devido a problemas de saúde terá o resultado de sua
asseguradas aquelas já concedidas. ADI fixado em 70% (setenta por cento), enquanto perdu-
O militar poderá utilizar o período anterior à sua op- rar essa situação.
ção pelo ADE, que será considerado de desempenho sa- Se o afastamento for decorrente de acidente de ser-
tisfatório, salvo o período já computado para obtenção
viço ou moléstia profissional, o militar permanecerá com
de adicional por tempo de serviço na forma de quinquê-
o resultado da sua última ADI, se este for superior a 70%
nio.
(setenta por cento).
O somatório de percentuais de ADE e de adicionais
Ao militar afastado parcialmente do serviço, dispen-
por tempo de serviço na forma de quinquênio ou trinte-
sado por problemas de saúde, serão asseguradas, pelo
nário não poderá exceder a 90% (noventa por cento) da
Comandante-Geral da instituição militar estadual, condi-
remuneração básica do militar.
ções especiais para a realização da ADI, observadas suas
São requisitos para a obtenção do ADE:
I – a estabilidade do militar; e limitações.
II – o número de resultados satisfatórios obtidos pelo O militar afastado do exercício de suas funções por
militar na ADI. mais de cento e vinte dias, contínuos ou não, durante o
período anual considerado para a ADI, não será avaliado
Para fins do número de resultados satisfatórios obti- quando o afastamento for devido a:
dos pelo militar na ADI, considera- se satisfatório o resul- I – licença para tratar de interesse particular, sem ven-
tado igual ou superior a 70% (setenta por cento). cimento;
O período anual considerado para aferição da ADI II – ausência, extravio ou deserção;
terá início no dia e mês do ingresso do militar nas ins- III – privação ou suspensão de exercício de cargo ou
tituições militares estaduais ou de sua opção pelo ADE. função, nos casos previstos em lei;
Na ADI serão considerados como fatores de avalia- IV – cumprimento de sentença penal ou de prisão ju-
ção: dicial, sem exercício das funções; ou
I – a Avaliação Anual de Desempenho e Produtivida- V – exercício temporário de cargo público civil.
de – AADP;
II – o conceito disciplinar; e O ADE será incorporado aos proventos do militar
III – o treinamento profissional básico. quando de sua transferência para a inatividade, em va-
lor correspondente a um percentual da sua remuneração
Os valores máximos do ADE correspondem a um per- básica, estabelecido conforme o número de ADIs com
centual da remuneração básica do militar, estabelecido desempenho satisfatório por ele obtido, respeitados os
conforme o número de ADIs com desempenho satisfató- seguintes percentuais máximos:
rio por ele obtido, assim definidos: I – para trinta ADIs com desempenho satisfatório: até
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

I – para três ADIs com desempenho satisfatório: 6% 70% (setenta por cento);
(seis por cento); II – para vinte e nove ADIs com desempenho satisfató-
II – para cinco ADIs com desempenho satisfatório: rio: até 66% (sessenta e seis por cento);
10% (dez por cento); III – para vinte e oito ADIs com desempenho satisfató-
III – para dez ADIs com desempenho satisfatório: 20% rio: até 62% (sessenta e dois por cento);
(vinte por cento); IV – para vinte e sete ADIs com desempenho satisfató-
IV – para quinze ADIs com desempenho satisfatório: rio: até 58% (cinquenta e oito por cento); e
30% (trinta por cento); V – para vinte e seis ADIs com desempenho satisfató-
V – para vinte ADIs com desempenho satisfatório: 40% rio: até 54% (cinquenta e quatro por cento).
(quarenta por cento);

6
Para fins de incorporação aos proventos dos militares A Gratificação de Tropa é constante e tem o valor de
que não alcancem o número de resultados satisfatórios 1/5 (um quinto) do vencimento.
definidos nos incisos do caput, o valor do ADE será cal- Será concedida gratificação da Gabinete correspon-
culado pela média aritmética das últimas sessenta parce- dente a:
las do ADE percebidas anteriormente à sua transferência I – 1/5 (um quinto) dos vencimentos ou proventos, aos
para a inatividade ou à instituição da pensão. oficiais;
A contagem de tempo, para os efeitos deste Capítu- II – 1/3 (um terço) do vencimento, aos oficiais em efe-
lo, será procedida pelos órgãos competentes da Polícia tivo exercício no Gabinete Militar do Governador, no
Militar. Gabinete do Comandante Geral e nas Assistências Mi-
A gratificação de tempo integral de serviço é devida litares de Secretário de Estado.
ao policial-militar, em face de sua disponibilidade para A gratificação de gabinete de 1,5 (um quinto) não
o serviço público, a qualquer hora do dia ou da noite, pode ser percebida cumulativamente com a de 1/3 (um
e pela impossibilidade de exercer outra atividade remu- terço), ainda que tenha uma delas incorporada aos seus
nerada em entidade pública ou privada, nos termos das vencimentos.
legislações federal e estadual específicas. Ao militar da ativa que esteja no desempenho de
A gratificação a que se refere o artigo anterior é fixa- função policial-militar, prevista nas leis e regulamentos
da em 30% (trinta por cento) dos vencimentos devidos da Corporação, será concedido o abono de fardamento
aos policiais-militares, a cujos proventos, na passagem correspondente a 10 (dez) por cento do vencimento res-
para a inatividade, será incorporada. pectivo, para atender, em parte, às despesas de aquisição
O militar terá seus vencimentos acrescidos, para todos e renovação de uniformes.
os efeitos, e sem prejuízo de quaisquer outras vantagens, Poderão ser fornecidas peças de fardamento básico
a partir do 5º (quinto) ano de efetivo exercício, da grati- para o serviço e a instrução, conforme se dispuser em
ficação adicional de 5 (cinco) por cento por quinquênio. regulamento.
Completando o militar 30 (trinta) anos de serviço, terá O militar que perder seus uniformes em qualquer si-
direito ao adicional de 10 (dez) por cento de seus ven- nistro ou acidente de serviço terá direito, após apuração
cimentos. do fato por autoridade competente, ao ressarcimento do
A vantagem proporcional aos encargos de família, dano, por conta do Estado, mediante requerimento da
denominada neste Estatuto “abono familiar”, constitui parte prejudicada.
o auxílio pecuniário pago ao servidor para atender, em Etapa de Alimentação é o quantitativo concedido ao
parte, às despesas de assistência à família. O abono fami- pessoal da Polícia Militar, em espécie, ou em dinheiro se-
liar é assegurado ao militar da ativa, da reserva ou refor- gundo as circunstâncias e conveniências do serviço, ob-
mado, nas mesmas condições e bases estabelecidas na servadas as condições estabelecidas nesta Seção.
legislação estadual para os servidores públicos em geral. São etapas de alimentação:
Ao militar em exercício efetivo nas unidade e serviços - policial-militar;
da Polícia Militar será concedida gratificação de função - de especialistas ou artífices;
militar. - de auxílio a tuberculosos;
A gratificação prevista no artigo será disciplinada e - de instrução.
terá seus valores fixados em regulamento próprio, a ser
baixado por decreto do Executivo. A etapa de alimentação não poderá ser percebida
A gratificação de função militar incorpora-se aos pro- cumulativamente com diária.
ventos do militar, por ocasião da passagem para a inati- O valor das etapas de alimentação e a forma de sua
vidade. concessão serão regulados através de decreto do Gover-
A gratificação por risco de vida ou saúde, para o pes- nador do Estado, mediante proposta fundamentada do
soal do Quadro de Saúde da Polícia Militar, será conce- Comandante-Geral.
dida mediante proposta fundamentada do Comandan- Para atender, em parte, às despesas de moradia, o
te-Geral e ato autorizado do Chefe do Poder Executivo, militar fará jus a um auxílio-moradia, cujo valor e forma
atendida a disciplina específica na legislação estadual. de concessão serão regulados em decreto do Executivo.
A gratificação de localidade especial é atribuída pelo As vantagens de campanha são as vantagens e acrés-
desempenho de atividades nas localidades insalubres do cimos concedidos ao militar, além dos vencimentos e
Estado, assim consideradas as zonas fisioterápicas do Ita- vantagens que lhe competem, como compensação pelo
cambira, Alto Jequitinhonha, Médio Jequitinhonha, Alto maior dispêndio de energia, determinado pela luta arma-
Médio São Francisco e Urucuia. da, é constituída por abono de campanha e por gratifica-
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

Esta gratificação será concedida aos militares nas ção de campanha.


mesmas condições e bases que forem estabelecidas em Abono de campanha é o quantitativo pago ao militar
lei especial para os servidores públicos em geral. Gratifi- para indenização das despesas decorrentes dos deslo-
cação de Tropa é o quantitativo devido às praças em efe- camentos das zonas de operações, correspondente a 1
tivo exercício nos órgãos de direção, apoio e execução (um) mês de vencimentos e será pago apenas uma vez,
da Polícia Militar. durante todo o curso da campanha.
A Gratificação de Tropa não pode ser percebida Gratificação de campanha é o acréscimo concedido
cumulativamente com a de Gabinete. ao militar enquanto for considerado em campanha e cor-
A Gratificação de Tropa integra os proventos da ina- responde ao valor dos vencimentos que estiver perce-
tividade. bendo.

7
Compete ao Governador do Estado fixar, em decreto, A ajuda de custo é a importância paga ao pessoal da
o período considerado em campanha. Polícia Militar, a título de indenização pelos gastos de
Aos servidores empenhados em trabalho de nature- mudanças e instalação da nova residência, quando pas-
za técnico-científica, individualmente ou em grupo de sar a ter exercício, compulsoriamente, em outra sede ou
trabalho, comissões especiais e bancas examinadoras for deslocado por motivo de estudos ou cursos de espe-
instituídos pelo Comandante-Geral, será concedida uma cialização.
gratificação, cujo valor será fixado em decreto pelo Go- A ajuda de custo compor-se-á de uma parte fixa e de
vernador do Estado. outra variável.
Será deferida ao servidor da Polícia Militar gratifica- A parte fixa será igual a 1 (um) mês de vencimentos
ção de representação, destinada a atender às despesas do servidor.
extraordinárias decorrentes de compromissos de ordem A parte variável será paga em caso de necessidade
social, diplomática ou profissional, inerentes à apresen- de complementação da parte fixa, mediante comprova-
tação e ao bom desempenho em determinados cargos, ção dos gastos necessários a juízo do Comandante Geral,
comissões, funções ou missões. não podendo, em nenhuma hipótese, exceder de 3 (três)
O servidor da Polícia Militar, da ativa, tem direito a vezes a parte fixa.
passagem por conta do Estado desde que seja obrigado Caso o servidor se desloque por motivo de interesse
a mudar-se ou afastar-se da sede, nos seguintes casos: próprio ou no interesse da disciplina, não perceberá aju-
I – transferência, adição ou classificação; da de custo.
II – designação, nomeação para qualquer serviço, mis- Diária é o quantitativo destinado à indenização das
são ou comissão, ou remoção de destacamento; despesas de alimentação e pousada, concedida ao pes-
III – movimentação no interesse do serviço da justiça soal da Polícia Militar que se desloca de sua sede por
ou da disciplina; motivo de serviço, nas condições e valores que forem fi-
IV – matrícula em escola, curso, núcleos ou centro de xados pelo Poder Executivo.
instrução policial-militar ou de interesse da Corpora- A fixação do valor das diárias atenderá ao mínimo de
ção. 1 (um) dia de vencimento, quando o deslocamento for
no País, e de 2 (dois) dias de vencimento, quando for
Nos casos de direito a passagem previstos neste ar- para o Exterior.
tigo, os militares terão também direito a passagem para Caso o servidor já tiver direito a pousada apenas per-
suas famílias e transportes para as respectivas bagagens, ceberá a etapa de alimentação concernente a função que
estiver exercendo.
desde que a comissão ou permanência seja de duração
A hospitalização consiste na assistência médica conti-
maior de 6 (seis) meses presumíveis.
nuada dia e noite ao militar da ativa, da reserva ou refor-
Consideram-se pessoas da família do servidor, para
mado, bem como a pessoas de sua família, enfermas ou
os efeitos do artigo anterior, desde que vivam às expen-
feridas, baixadas a hospitais.
sas dele e sob o mesmo teto:
O servidor hospitalizado terá direito, a título de auxí-
I – esposa;
lio, a uma diária de hospitalização, pedida em folhas de
II – filhas, enteadas e irmãs, desde que solteiras, viúvas
vencimentos mensais e correspondente à metade de 1
ou desquitadas;
(um) dia de vencimento.
III – os filhos, enteados ou irmãos quando menores ou O servidor hospitalizado em consequência de fe-
inválidos; rimento ou doença por motivo de acidente em serviço
IV – a mãe e a sogra, desde que viúvas, solteiras ou ou em campanha, ou ainda acometido de enfermidades
desquitadas; endêmicas ou epidêmicas, nos locais em que se achar
V – o pai, quando inválido; servindo, terá direito a tratamento integral, às expensas
VI – o menor sob guarda. do Estado, mediante pedido de indenização em folhas
especiais acompanhadas dos respectivos comprovantes.
As pessoas da família do servidor com direito a pas- No caso de enfermidade grave, que exija tratamento
sagem por conta do Estado, que não puderem acompa- especializado, o policial-militar poderá baixar a organiza-
nhá-lo na mesma viagem, por qualquer motivo, poderão ção de outras Corporações ou particulares, em qualquer
fazê-lo até 30 (trinta) dias antes ou 9 (nove) meses de- Estado da Federação, correndo as despesas por conta do
pois, desde que tenham sido feitas, naquele período, as Estado de Minas Gerais, desde que a enfermidade tenha
necessárias declarações à autoridade competente para sido adquirida em serviço.
requisitar as passagens. O internamento, na forma do parágrafo anterior, só
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

A família do servidor que falecer quando em serviço se fará quando comprovada, pela Junta Militar de Saú-
ativo terá dentro de 1 (um) ano do óbito direito a passa- de, a inexistência de meios eficientes no Estado de Minas
gem, dentro do País e por conta do Estado, para a locali- Gerais.
dade em que for fixar residência. No interior, na localidade em que não houver órgão
As passagens serão concedidas aos servidores e res- hospitalar do Estado, o policial-militar, quando acidenta-
pectivas famílias em primeira classe, com direito a leito. do em serviço e em caso urgente, poderá ser hospitaliza-
O servidor que mudar de sede terá também direito do em organização particular, por conta do Estado.
ao custeamento, pelo Estado, do transporte de seu mo- Continuarão compreendidos nas disposições deste
biliário e utensílios domésticos até 1.500 (hum mil e qui- artigo a viúva do policial-militar e os filhos menores, se
nhentos) kg e mais 500 (quinhentos) kg por dependente. dela dependentes.

8
Quantitativo para funeral é o abono concedido para Os militares têm direito de gozar, por ano, vinte e cin-
as despesas com o sepultamento do militar da ativa, da co dias úteis de férias.
reserva ou reformado e será igual a 1 (um) mês de venci- São autoridades competentes para conceder férias
mentos integrais e intangíveis, correspondente ao posto ou anuais:
graduação do morto, independentemente do soldo e van- I – O Comandante Geral, aos oficiais de seu Gabinete,
tagens a que o falecido houver feito jus até a data do óbito. aos Coronéis e aos Comandantes de Corpos e Chefes
O pagamento será efetuado a quem de direito pela de Serviços e Estabelecimentos;
repartição pagadora, mediante apresentação do atesta- II – Comandantes de Corpos e Chefes de Serviços ou
do de óbito, sem outras formalidades. Estabelecimentos, aos seus oficiais e praças.
A situação do militar no estrangeiro será regulada em
decreto do Executivo. O gozo de férias obedecerá às seguintes prescrições:
Nos termos desta lei, são incorporáveis aos proventos • o Comandante do Corpo organizará um plano de
do militar, na passagem para a inatividade: férias anuais tendo em vista o interesse do serviço
I – gratificação de tempo de serviços; e a obrigatoriedade de sua concessão a todos que
II – adicional de 30 (trinta) anos de serviço; a elas tenham direito;
III – gratificação de tempo integral; • o militar só não gozará anualmente o período de
IV – gratificação de função militar; férias quando ocorrer absoluta necessidade do
V – gratificações especiais; serviço. Neste caso, poderá gozar cumulativamen-
VI – gratificações de saúde, na conformidade da legis- te as férias do ano corrente com as do ano imedia-
lação própria; tamente anterior;
VII – gratificação de gabinete; • o militar em férias anuais não perderá direito ao
VIII – gratificação de localidade especial, nos termos soldo e vantagens que esteja percebendo ao ini-
da legislação própria. ciá-las, salvo se, durante o seu afastamento, cessar
a situação que deu margem à mesma percepção.
Os proventos da inatividade serão devidos a partir da
data da transferência para a reserva remunerada ou da
As férias anuais que o militar não puder gozar acresce-
reforma.
rão o tempo de serviço do componente da Polícia Militar,
Os proventos dos militares da reserva remunerada e
computado em dobro a pedido do interessado, para fins de
dos reformados corresponderão aos mesmos vencimen-
inatividade, quinquênios e incorporação de gratificações.
tos dos militares da ativa, do mesmo posto ou gradua-
Para cada cinco dias de férias anuais cassadas e não
ção, respeitadas as vantagens provenientes de adicional
gozadas, será acrescido um dia, para efeito de contagem
de desempenho ou tempo de serviço, nos termos da
Constituição do Estado. do tempo de serviço do militar.
Considera-se inteiramente inválido o indivíduo total As férias escolares serão concedidas de conformidade
e permanentemente impossibilitado de exercer qualquer com o regulamento dos órgãos de ensino da Polícia Mi-
trabalho, na vida policial-militar ou civil, não podendo litar, não podendo o militar gozá-las no mesmo exercício
prover, por forma alguma, os meios de subsistência. com as anuais, exceto se não atingirem o limite estabe-
Considera-se alienação mental todo o caso de distúr- lecido no artigo, caso em que terá direito à diferença de
bio mental ou neuromental grave persistente, no qual, dias entre uma e outra.
esgotados os meios habituais de tratamento, permaneça As autoridades que concederem férias anuais poderão
alteração completa ou considerável na personalidade, cassá-las, quando ocorrer absoluta necessidade do serviço.
destruindo a auto-determinação do progmatismo, tor- O militar que contar com 10 (dez) anos de efetivo ser-
nando o indivíduo total e permanentemente impossibili- viço na Polícia Militar tem assegurado o direito de férias-
tado para qualquer trabalho. -prêmio de 4 (quatro) meses, com vencimentos e vanta-
Ficam excluídas do conceito de alienação mental as gens integrais e sem perda da contagem de tempo para
epilepsias psíquicas e neurológicas, assim julgadas pela todos os efeitos, como se estivessem em efetivo exercí-
Junta Militar de Saúde. cio; completando 20 (vinte) anos de serviço, terá direito a
O oficial ou praça, pertencente respectivamente ao mais 4 (quatro) meses, nas mesmas condições anteriores.
QOR e QPE, serão reformados mediante ato do Governo, Para esse fim, será computado como tempo de efeti-
com os vencimentos que estiverem percebendo. vo serviço o afastamento do militar do exercício das fun-
Os aumentos de vencimentos que forem concedidos ções por motivo de:
aos militares da ativa atingirão, nas mesmas proporções, I – dispensa do serviço;
os demais militares inativos, observada a proporcionali- II – férias anuais;
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

dade de tempo de serviço, quando a transferência para a III – comissões a serviço do Governo do Estado ou da
inatividade não se processou, na época, com vencimen- União.
tos integrais.
A concessão de férias-prêmio obedecerá às prescri-
DAS FÉRIAS, DISPENSAS DO SERVIÇO E TRANSITO ções estabelecidas no Regulamento Geral da Corporação.
As férias-prêmio que não puderem ser gozadas
Férias são dispensas totais do serviço concedidos ao acrescerão o tempo de serviço de componente da Polícia
pessoal da Polícia Militar, nas condições estabelecidas na Militar, computado em dobro a pedido do interessado,
presente lei. As férias são concedidas anualmente e por para fins de inatividade, quinquênios e incorporação de
decênio de serviço. gratificações.

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As dispensas do serviço são concedidas aos militares O pedido de prorrogação deve ser apresentado e
por motivo de núpcias ou luto, dentro dos seguintes li- despachado antes de findar o prazo da licença, de sorte
mites: a não interrompê-la, se deferido.
I – por 8 (oito) dias, quando o militar contrair núpcias; As licenças concedidas dentro de 60 (sessenta) dias
II – por 8 (oito) dias, quando ocorrer falecimento de da data do término da anterior são consideradas como
pessoa da família assim considerados os pais, esposa, prorrogação.
filhos, irmãos e sogros. O militar poderá gozar a licença onde lhe convier,
ficando, no entanto, o oficial obrigado a participar por
As dispensas do serviço não prejudicarão o direito escrito à autoridade a que estiver subordinado e a praça
às férias, podendo estas ser concedidas em prorrogação a solicitar a necessária permissão.
àquelas, a juízo da autoridade competente. A licença para tratamento de saúde é concedida “ex-
Os militares que tenham de afastar-se, em caráter -offício” ou a pedido, mediante inspeção de saúde, pelo
definitivo, da guarnição em que servem, por motivo de prazo indicado na respectiva ata.
transferência de Unidade, classificação, adição ou comis- Se a natureza ou a gravidade da doença impossibilitar
são de caráter permanente, terão direito aos seguintes o militar de comparecer à Junta Militar de Saúde, ser-
períodos de trânsito e instalação: -lhe-á concedida licença mediante atestado médico da
I – oficiais e aspirantes a oficial: 20 (vinte) dias; Unidade, ou de profissionais idôneos, se encontrar fora
II – subtenentes e sargentos: 16 (dezesseis) dias; da sede.
III – cabos e soldados: 10 (dez) dias. A licença terá início na data em que o militar for jul-
gado doente pelo médico ou pela Junta Militar de Saúde,
Conta-se o período, para efeito deste artigo, desde a ressalvados outros casos especiais previstos no Regula-
data do desligamento do militar do Corpo ou Repartição mento Geral da Corporação.
até sua apresentação no destino. O militar que, após 2 (dois) anos de licença continua-
Em casos especiais, a critério do Comandante Geral, da para tratamento de saúde, for julgado carecedor de
nova licença, será reformado ou excluído nos termos do
esses períodos poderão ser reduzidos ou ampliados.
Estatuto dos Militares, ainda que sua incapacidade não
O militar movimentado por conveniência da disci-
seja definitiva.
plina entrará em trânsito após ter cumprido a punição
O Comandante Geral poderá conceder licença, pelo
imposta.
prazo máximo de 3 (três) meses ao militar por motivo
de doença na pessoa de seu pai, mãe, filhos ou cônjuge
DA LICENÇA E AGREGAÇÃO
de que não esteja legalmente separado, desde que pro-
ve ser indispensável sua assistência pessoal e esta não
O oficial ou praça poderá ser licenciado: possa ser prestada simultaneamente com o exercício de
I – para tratamento da própria saúde; suas funções.
II – para tratar de interesse particular; Cabe à autoridade que conceder a licença verificar
III – por motivo de doença em pessoa da família. sua necessidade, através de sindicância, e exercer fiscali-
zação a respeito.
São autoridades competentes para conceder licença: Será provada a necessidade da licença mediante ates-
I – o Governador do Estado, até 24 (vinte e quatro) tado do médico da Unidade, ou de profissionais idôneos,
meses; se o doente encontrar-se fora da localidade onde estiver
II – o Comandante-Geral até 3 (três) meses. sediado o militar, para a licença de que trata o artigo.
A licença de que trata o artigo só será concedida
A autoridade competente para conceder licença tam- quando não for possível movimentar-se o servidor para
bém poderá mandar cassá-la: a localidade onde se encontre o doente.
I – nos casos de tratamento da própria saúde e por O militar poderá obter licença para tratar de interesse
motivo de doença em pessoa da família, mediante ins- particular quando a licença não contrariar o interesse do
peção de saúde ou parecer médico e desde que cesse o serviço; quando tenha, pelo menos, 10 (dez) anos de ser-
motivo da concessão; viços prestados à Polícia Militar.
II – no caso de tratar de interesse particular, quando Só poderá ser concedida nova licença depois de de-
as necessidades do serviço público assim o exigirem. corridos 2 (dois) anos do término da anterior.
A agregação é a situação temporária, durante a qual
Cassada a licença, terá o militar o prazo de 48 (Qua- fica o militar afastado da atividade, por motivo de:
renta e oito) horas para apresentar-se, se estiver no local • incapacidade para o serviço militar verificada em
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

onde o deva fazer; caso contrário, a autoridade que cas- inspeção de saúde, após um ano de moléstia con-
sou a licença arbitrará o prazo necessário. tinuada, embora curável;
O militar pode desistir da licença concedida ou do • licença para tratamento de interesse particular, su-
resto da licença em cujo gozo se acha, dependendo do perior a 1 (um) ano;
parecer da Junta Militar de Saúde, quando se tratar de • cumprimento de sentença, passada em julgado,
licença para tratamento de saúde. cuja pena seja maior de 1 (um) ano e não superior
A licença pode ser prorrogada “ex-offício” ou me- a 2 (dois) anos;
diante solicitação do militar, não excedendo o prazo de • extravio;
prorrogação, reunido ao da licença, o máximo de tempo • licença para exercer atividade técnica de sua espe-
de 24 (vinte e quatro) meses. cialidade em organizações civis;

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• desempenho de comissões de caráter civil; A reserva pode ser remunerada e não remunerada.
• candidatura a cargo eletivo, quando tiver 5 (cinco) Será organizado o Quadro Geral da Reserva da Polícia
ou mais anos de serviço. Militar, abrangendo o QOR e o QPR, estabelecendo seus
deveres, direitos e emprego.
Cessada a causa determinante da agregação, voltará Será transferido para a reserva remunerada o oficial
o militar ao serviço ativo, no respectivo quadro, por ato ou praça que completar 30 (trinta) anos de efetivo servi-
do Comandante Geral. ço; atingir a idade limite de permanência no serviço ativo;
O nome do militar agregado continuará no almana- O oficial ou praça atingido pelas disposições deste
que, na classe e lugar até então ocupados, com a abre- artigo passará a pertencer respectivamente ao Quadro
viatura “ag” e com as anotações esclarecedoras de sua de Oficiais da Reserva (QOR) ou o Quadro de Praças da
situação. Reserva (QPR).
Não ocupará o agregado vaga no quadro ordinário, O militar da reserva remunerada poderá ser designa-
quando o seu afastamento for superior a 1 (um) ano. do para o serviço ativo, em caráter transitório e mediante
Ser agregado o oficial ou praça que, por qualquer aceitação voluntária, a juízo do Governador do Estado,
motivo, figurar como excedente no respectivo quadro. para atender a necessidade especial relacionada com as
No caso deste artigo, o militar exercerá as mesmas atividades da Polícia Militar do Estado de Minas Gerais –
atribuições e terá os mesmos direitos do militar do qua- PMMG -, segundo dispuser regulamentação específica.
dro efetivo, salvo quando se tratar de promoção indevi- O militar designado nos termos do parágrafo anterior
da, que se regerá segundo as normas para promoções. fará jus a gratificação mensal pró-labore correspondente
O militar, quando passar à situação de agregado, per- a 1/3 (um terço) dos proventos da inatividade.
ceberá soldo e vantagens específicas neste Estatuto ou Sem prejuízo para o pessoal da ativa quanto ao aces-
em Regulamento próprios. so na carreira, a designação das praças será feita no limi-
te das vagas correspondentes, observada a Lei nº 11.099,
DA INATIVIDADE de 18 de maio de 1993, que fixa o efetivo da PMMG.
Os militares designados têm os mesmos direitos e
Os Oficiais e praças da Polícia Militar passam à situa-
obrigações dos militares da ativa e estão sujeitos a todas
ção de inatividade pela transferência para a reserva e
as comunicações legais.
pela reforma.
A Polícia Militar deverá manter atualizado o Plano de
A situação de inatividade será declarada por ato do
Emprego da Reserva.
Governador do Estado.
Os oficiais e praças da reserva e reformados deverão for-
A inatividade, pela transferência para a reserva, é re-
necer à Diretoria de Pessoal da Polícia Militar seus endereços
munerada ou não, de acordo com os dispositivos esta-
belecidos neste Estatuto ou em lei e regulamentos espe- e, sempre que mudarem de residência deverão, imediata-
ciais: no caso de reforma, é remunerada. mente, comunicar àquele órgão seus novos endereços.
O militar que estiver aguardando transferência para O oficial ou praça da reserva ou reformado, ao mudar
a reserva permanecerá no exercício de suas funções até para nova localidade, deverá, logo que ali chegar, apre-
a publicação do decreto de transferência. Caso, porém, sentar-se à maior autoridade da Polícia Militar, fornecen-
seja detentor de cargo, poderá continuar nas funções por do-lhe seu novo endereço. A apresentação será substi-
mais 30 (trinta) dias, no máximo, sendo nulos os atos que tuída pela comunicação, quando a autoridade local for
praticar no exercício da função após esse prazo. hierarquicamente inferior.
A passagem para a reserva, compulsória ou voluntária O militar da reserva, que deixar de atender, no prazo
não isenta o militar da indenização de prejuízos causados estabelecido, á convocação, terá seus proventos suspen-
à Fazenda Estadual ou a terceiros, nem das pensões de- sos, sem prejuízo das cominações legais.
correntes de sentença judicial. O oficial da Polícia Militar que tiver exercido o cargo
A transferência para a inatividade interrompe toda de Comandante Geral quando exonerado ficará desobri-
e qualquer licença, cassando-a automaticamente e será gado de exercer cargo, encargo ou função na Corpora-
promovida sem nenhuma despesa para o oficial ou pra- ção, exceto em caso de mobilização geral.
ça. O oficial da Polícia Militar do Estado de Minas Gerais
Não será transferido para a reserva, nem reformado, ocupante do cargo de Comandante-Geral, de Chefe de
antes de transitar em julgado sentença absolutória ou Gabinete Militar do Governador ou de Chefe do Estado-
declarada definitivamente a impunibilidade, o militar que -Maior que completar 30 (trinta) anos de efetivo exercí-
estiver indiciado em inquérito ou submetido a processo cio poderá permanecer em serviço ativo até o final do
por crime contra o patrimônio particular ou público. mandato do Governador do Estado, respeitado o limite
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

Ao alcançar qualquer das hipóteses deste Estatuto, de idade previsto nesta Lei.
previstas para transferência para a reserva ou para ser re- A policial militar e a bombeiro militar poderão reque-
formado, o militar, impedido por força do disposto nesta rer sua transferência para a reserva remunerada aos vinte
lei, sujeitar-se-á às seguintes condições: e cinco anos de efetivo serviço, com proventos integrais,
I – ficará agregado; vedada a contagem de qualquer tempo fictício não pre-
II – não ocupará vaga no quadro respectivo; vista nesta Lei.
III – não concorrerá a promoção; A policial militar e a bombeiro militar, quando de sua
IV – ficará afastado de função; transferência para a reserva, serão promovidas ao posto
V – não terá acrescida vantagem de qualquer nature- ou à graduação imediata, se tiverem, no mínimo, um ano
za por nenhum motivo. de serviço no posto ou graduação.

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O limite de idade para a permanência do oficial no III – quando se enquadrar nos casos de reforma com-
serviço ativo é de 60 (sessenta) anos. pulsória, por incapacidade moral ou profissional, pre-
Quando se tratar de Oficial do QOS-PM/BM ou do vistos no Regulamento Disciplinar da Corporação;
QOCPL-PM/BM, a idade limite a que se refere o caput V – quando atingir a idade-limite de permanência na
será acrescida de cinco anos. reserva.
Será transferido para a reserva não remunerada o
oficial que solicitar demissão do serviço ativo e a praça O limite de idade para permanência do oficial ou pra-
que solicitar baixa do serviço, ou que se candidatar e for ça na reserva é de 65 (sessenta e cinco) anos.
eleito para a função ou cargo público, se tiver menos de Quando se tratar de oficial de polícia-saúde, enge-
5 (cinco) anos de serviço. nharia ou técnico, a idade-limite de que trata este artigo
Não será concedida a demissão ou baixa do serviço, será acrescida de 5(cinco) anos.
a não ser que o militar indenize todas as despesas de A idade-limite de permanência da praça no serviço
curso que tenha feito às expensas do Estado, inclusive ativo é de 60 (sessenta) anos.
vencimentos, vantagens ou bolsas de estudo ou que per- O Oficial ou praça que estiver fisicamente impossi-
maneça na Corporação, após o curso: bilitado de continuar no serviço ativo será, a pedido ou
I – durante 2 (dois) anos, se o curso for de duração até “ex-offício”, submetido a inspeção de saúde; se for julga-
6 (seis) meses letivos; do incapaz para o serviço e tiver direito à reforma deverá
II – durante 3 (três) anos se o curso for de duração de apresentar os documentos respectivos dentro de 60 (ses-
mais de 6 (seis) meses até 12 (doze) meses letivos; senta) dias: se o fizer, será reformado compulsoriamente.
III – durante 5 (cinco) anos, se o curso for de duração Durante esse prazo, será o militar considerado afasta-
superior a 12 (doze) meses letivos. do do serviço para efeito de reforma.
O militar que, em inspeção de saúde, for declarado
Será suspensa a faculdade outorgada se durante a portador de moléstia ou lesão incompatíveis com o ser-
vigência de estado de guerra, de emergência ou de mo- viço policial-militar, mas curáveis mediante intervenção
bilização; ou se o oficial estiver sujeito a inquérito ou pro-
cirúrgica, e não quiser submeter-se a esta, será julgado
cesso em qualquer jurisdição, ou ainda cumprindo pena
definitivamente incapaz e excluído ou reformado, con-
de qualquer natureza.
forme o tempo de serviço.
A reforma do oficial se verificará:
A petição do oficial ou praça que se julgar com direi-
to à reforma por incapacidade física deverá ser instruída
I – Dos Quadros da Ativa:
com os seguintes documentos:
a) por incapacidade física definitiva;
I – liquidação do tempo de serviço, processado pela
b) por incapacidade física declarada após 2 (dois)
anos de afastamento do serviço ou de licença con- repartição competente da Polícia Militar;
tinuada para tratamento de saúde, ainda que por II – cópia do parecer da Junta Militar de Saúde.
moléstia curável, salvo quando a incapacidade for
decorrente do serviço, caso em que esse prazo Se a doença de que sofre o militar o impossibilitar
será de 3 (três) anos; de vir á Capital, para ser examinado pela Junta Militar
c) por sentença judiciária, condenatória, à reforma de Saúde, o exame só poderá ser feito onde o mesmo
passada em julgado; se achar por uma junta médica designada pelo Coman-
d) na hipótese de o tribunal poder determinar a re- dante Geral.
forma do oficial no posto por ele ocupado, com os A praça será excluída do serviço ativo da Polícia Mili-
vencimentos proporcionais ao seu tempo de servi- tar nos casos seguintes:
ço, nos termos da legislação própria. I – em face de transferência para a inatividade, nos
termos deste Estatuto;
II – Do Quadro de Oficiais da Reserva: II – em virtude de incapacidade moral, mediante indi-
a) nos casos de por sentença judiciária, condenatória, cação do Conselho de Disciplina, nos termos do Regu-
à reforma passada em julgado; E na hipótese de o lamento Disciplinar da Corporação;
tribunal poder determinar a reforma do oficial no III – quando julgada incapaz definitivamente pela Jun-
posto por ele ocupado, com os vencimentos pro- ta Militar de Saúde e o tempo de serviço for igual ou
porcionais ao seu tempo de serviço, nos termos da inferior a 5 (cinco) anos;
legislação própria; IV – quando incorrer na pena de exclusão disciplinar,
b) quando atingir a idade-limite 65 anos; prevista no Regulamento Disciplinar da Corporação.
c) quando, por determinação do Comandante Geral, V – com baixa do serviço, na forma da lei: “ex-offício”
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

for submetido a inspeção de saúde e julgado inca- ou a pedido.


paz fisicamente;
A exclusão “ex-offício” é aplicável somente no perío-
A reforma da praça se verificará: do de formação ou no de incorporação por conveniência
I – por incapacidade física definitiva; ou interesse da Polícia Militar, ou para atender a circuns-
II – por incapacidade física declarada após 2 (dois) tâncias especiais.
anos de afastamento do serviço ou de licença continu- Será também excluída do serviço ativo a praça com
ada para tratamento de saúde, ainda que por moléstia menos de 5 (cinco) anos de serviço que se candidatar a
curável, salvo quando a incapacidade for decorrente cargo eletivo.
do serviço em que esse prazo será de 3 (três) anos;

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Período de incorporação, para os efeitos deste Esta- A movimentação “por interesse próprio” só será efe-
tuto, é aquele que perdura por 2 (dois) anos, a contar da tuada mediante requerimento motivado do interessado,
assinatura do “termo de incorporação”, após a aprovação devidamente informado e instruído pelo Comandante ou
no Curso de Formação Policial-Militar. Chefe com todos os dados que motivaram o pedido e
O ingresso no quadro de praça será feito na situação quando não ocorrer prejuízo para o serviço e a disciplina.
de Soldado de 2ª Classe, o qual será matriculado no Cur- No caso de o motivo alegado ser o de sua saúde ou de
so de Formação Policial-Militar, com duração mínima de pessoa de sua família, deverá o requerente instruir o pe-
6 (seis) meses. dido com parecer médico.
Somente o soldado de 2ª classe, aprovado no Curso Nenhuma praça especialista ou artífice poderá ser de-
de Formação Policial-Militar, poderá assinar o “Termo de signada para função estranha à sua especialidade.
incorporação” e que terá efeito de acesso a Soldado de Compete ao Comandante do Corpo de Tropa ou Che-
1ª Classe. fe de Serviço ou de Estabelecimento designar a função
Terminado o período de incorporação, a praça deverá correspondente às graduações e especialidades da praça
solicitar engajamento, por dois anos, nas fileiras da Polí-
movimentada, de acordo com os regulamentos e qua-
cia Militar, ou baixa do serviço.
dros de efetivo.
Será excluída “ex-offício” a praça que não apresentar
A praça promovida terá sua movimentação feita no
pedido de engajamento, após decorridos 30 (trinta) dias
do término do período de incorporação ou de engaja- mesmo boletim que publicar sua promoção.
mento. Se a praça for promovida e transferida para outra Uni-
A praça engajada será submetida a exames médicos, dade, ficará adida à Unidade de origem, no exercício de
na Seção de Saúde da Unidade, de 2(dois) em 2 (dois) função compatível com a nova graduação, até a data do
anos. desligamento.
A praça, para engajar-se ou reengajar-se, fica sujeita à A praça movimentada para outra Unidade será excluí-
aprovação em exame de aptidão profissional, ao atendi- da do estado efetivo da Unidade de origem, no mesmo
mento à conveniência ou interesse da Corporação. boletim que publicar sua movimentação, passando à
Não poderá ser excluída, ainda que tenha concluído o situação de adida, até o seu desligamento para o novo
tempo de serviço, a praça que: destino.
I – não apresentar o armamento e demais objetos a A movimentação na Polícia Militar será feita:
seu cargo, em perfeita conservação; I – pelo Governador do Estado classificação e trans-
II – tiver dívida para com a Fazenda Estadual ou a ferência de oficiais; e designação de Coronéis para os
Polícia Militar; cargos do Quartel General.
III – estiver em diligência, campanha, ou outros servi- II – pelo Comandante Geral designação de oficiais; e
ços que a impossibilitem de ser excluída. transferência de praças.
III – pelos Comandantes de Corpos e Chefes de Servi-
A praça reclamada como desertora de outra Corpo- ços Autônomos, designação de praças nas respectivas
ração será excluída e posta á disposição da autoridade Unidades.
competente.
Atingido o prazo fixado no artigo anterior, deve o ofi- DAS PROMOÇÕES
cial ser movimentado para servir no Corpo de Tropa, ou
Serviço, durante o prazo mínimo de 1 (um) ano. O acesso aos diferentes postos da Polícia Militar, nos
Nenhum oficial dos quadros técnicos ou dos serviços quadros de oficiais de Polícia e no que for aplicável, aos
de saúde ou engenharia poderá servir em função estra-
oficiais de Polícia-Saúde, Engenharia e Técnicos.
nha á sua especialidade.
Excetuando-se a declaração de aspirante a oficial o
Não poderão servir adidos aos Corpos de Tropa, Esta-
acesso na hierarquia militar será gradual e sucessivo.
belecimentos e Serviços, para efeito de arregimentação,
os oficiais agregados ou em comissão fora da Corpora- Os Oficiais da ativa serão organizados em turmas, fi-
ção. xando-se o ano-base para fins de cômputo do tempo e
Ao Oficial que, por quaisquer circunstâncias, não te- percentuais para promoção por merecimento e por an-
nha ainda satisfeito as exigências de arregimentação, tiguidade.
cabe solicitar a movimentação. As promoções serão feitas anualmente no dia 25 de
A movimentação de praças tem por finalidade com- dezembro.
pletar ou nivelar os efetivos dos Corpos de Tropa, Esta- A promoção, pelo critério de merecimento, dos Ofi-
belecimentos, Serviços e Destacamentos; promover o ciais do QO-PM/BM e QOS-PM/BM será realizada nos
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

desenvolvimento da instrução, através da matrícula em seguintes períodos e frações:


escolas e cursos de formação ou de aperfeiçoamento; I – ao posto de Tenente-Coronel, no:
atender aos interesses do serviço; beneficiar a saúde da a) décimo nono ano após o ano-base, 1/3 (um terço)
praça ou de pessoa de sua família. dos Majores existentes na turma;
Para atender às prescrições contidas no artigo ante- b) vigésimo ano após o ano-base, 1/4 (um quarto)
rior, as praças serão movimentadas por necessidade do dos Majores existentes na turma;
serviço; conveniência da disciplina; interesse próprio. c) vigésimo primeiro ano após o ano-base, 1/4 (um
A movimentação “por conveniência da disciplina” quarto) dos Majores existentes na turma;
será feita por solicitação do Comandante ou Chefe de d) vigésimo segundo ano após o ano-base, 1/4 (um
Serviço da praça. quarto) dos Majores existentes na turma;

13
e) vigésimo terceiro ano após o ano-base, 1/4 (um II – ao posto de 1º-Tenente, no quinto ano após o
quarto) dos Majores existentes na turma; ano-base, os 2ºs-Tenentes remanescentes da tur-
ma.
II – ao posto de Major, no:
a) décimo quinto ano após o ano-base, 1/3 (um terço) Na apuração do número de promoções previsto nes-
dos Capitães existentes na turma; te artigo, será feito o arredondamento para o número
b) décimo sexto ano após o ano-base, 1/2 (um meio) inteiro posterior, sempre que houver fracionamento.
dos Capitães existentes na turma; Havendo necessidade de adequar o efetivo existen-
c) décimo sétimo ano após o ano-base, 1/2 (um meio) te ao previsto em lei, o Alto-Comando, órgão colegiado
dos Capitães existentes na turma; composto por Oficiais do último posto da ativa, poderá
alterar os períodos e as frações das promoções.
III – ao posto de Capitão, no: A promoção, pelo critério de merecimento, dos Ofi-
a) nono ano após o ano-base, 1/3 (um terço) dos 1ºs- ciais do QOCPL-PM/BM será realizada nos seguintes pe-
-Tenentes existentes na turma; ríodos e frações:
b) décimo ano após o ano-base, 1/2 (um meio) dos I – ao posto de Capitão, no:
1ºs-Tenentes existentes na turma; a) décimo quinto ano após o ano-base, 1/3 (um terço)
dos 1ºs-Tenentes existentes na turma;
IV – ao posto de 1º-Tenente, no: b) décimo sexto ano após o ano-base, 1/2 (um meio)
a) terceiro ano após o ano-base, 1/2 (um meio) dos dos 1ºs-Tenentes existentes na turma;
2ºs-Tenentes existentes na turma;
II – ao posto de 1º-Tenente, no:
V – ao posto de 2º-Tenente, de acordo com a ordem a) quinto ano após o ano-base, 1/3 (um terço) dos
de classificação intelectual, observada a nota final de 2ºs-Tenentes existentes na turma;
classificação no: b) sexto ano após o ano-base, 1/2 (um meio) dos 2ºs-
a) Curso de Formação para o QO-PM/BM; -Tenentes existentes na turma.
b) curso, estágio ou equivalente para o QOS-PM/BM.
Os Oficiais serão promovidos por antiguidade, no
A promoção, pelo critério de merecimento, dos Ofi- QOCPL-PM/BM, nos seguintes períodos:
ciais do QOC-PM/BM e QOE-PM/BM será realizada nos I – ao posto de Capitão, no décimo sétimo ano após o
seguintes períodos e frações: ano-base, os 1ºs-Tenentes remanescentes da tur-
I – ao posto de Capitão, no: ma;
a) nono ano após o ano-base, 1/3 (um terço) dos 1ºs- II – ao posto de 1º-Tenente, no sétimo ano após o
-Tenentes existentes na turma; ano-base, os 2ºs-Tenentes remanescentes da tur-
b) décimo ano após o ano-base, 1/2 (um meio) dos ma.
1ºs-Tenentes existentes na turma;
As promoções de oficiais são de competência exclusi-
II – ao posto de 1º-Tenente, no: va do Governador do Estado.
a) terceiro ano após o ano-base, 1/3 (um terço) dos Constituem requisitos para concorrer à promoção:
2ºs-Tenentes existentes na turma; idoneidade moral; aptidão física; interstício no posto;
b) quarto ano após o ano-base, 1/2 (um meio) dos comportamento disciplinar satisfatório; aprovação no
2ºs-Tenentes existentes na turma. exame de aptidão profissional; resultado igual ou supe-
rior a 60% (sessenta por cento) na AADP; possuir os se-
Os Oficiais serão promovidos por antiguidade, no guintes cursos, realizados em instituição militar estadual
QO-PM/BM e QOS-PM/BM, nos seguintes períodos: ou em outra corporação militar, mediante convênio ou
autorização:
I – ao posto de Tenente-Coronel, no vigésimo quarto a) Curso de Formação de Oficiais – CFO -, para pro-
ano após o ano-base, os Majores remanescentes; moção ao posto de 2º-Tenente do QO-PM/BM;
II – ao posto de Major, no décimo oitavo ano após b) Curso de Especialização em Segurança Pública –
o ano-base, os Capitães remanescentes da turma; Cesp – ou Mestrado, ou equivalente no Corpo de
III – ao posto de Capitão, no décimo primeiro ano Bombeiros Militar, para promoção ao posto de
após o ano-base, os 1ºs-Tenentes remanescentes Major do QO-PM/BM;
da turma; c) Curso de Especialização em Gestão Estratégica de
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

IV – ao posto de 1º-Tenente, no quarto ano após o Segurança Pública – Cegesp – ou Mestrado ou


ano-base, os 2ºs-Tenentes remanescentes da tur- Doutorado, ou equivalente no Corpo de Bombei-
ma. ros Militar, para promoção ao posto de Coronel do
QO-PM/BM.
Os Oficiais serão promovidos por antiguidade, no
QOC-PM/BM e no QOE-PM/BM, nos seguintes períodos: Aos Oficiais do QOC e do QOE será exigido o Curso
I – ao posto de Capitão, no décimo primeiro ano após de Habilitação de Oficiais para promoção a 2º-Tenente.
o ano-base, os 1ºs-Tenentes remanescentes da O Oficial punido em decorrência de sua submissão
turma; a processo administrativo disciplinar de natureza demis-
sionária pela prática de ato que afete a honra pessoal ou

14
o decoro da classe será considerado possuidor do requi- mantenham capacidade laborativa residual serão asse-
sito de idoneidade moral dois anos após o término do guradas condições especiais para treinamentos ou cur-
cumprimento da sanção disciplinar. sos, para fins de promoção dentro do respectivo quadro.
Os casos de inaptidão física serão atestados por Junta O disposto neste artigo não se aplica aos discentes de
Militar de Saúde. cursos de formação ou de habilitação para provimento
Interstício é o período mínimo, contado dia-a-dia, em inicial no respectivo quadro.
que o Oficial deverá permanecer no posto para que pos- Ao militar licenciado ou dispensado em caráter tem-
sa ser cogitado para a promoção pelos critérios de mere- porário, em decorrência de acidente de serviço ou mo-
cimento ou de antiguidade, assim compreendido: léstia profissional, cuja falta de capacidade laborativa não
I – 2º-Tenente: dois anos; seja definitiva e que não tenha participado de curso ou
II – 1º-Tenente: quatro anos; treinamento exigido nos termos deste Estatuto, em de-
III – Capitão: quatro anos; corrência do mesmo acidente ou moléstia, será assegu-
IV – Major: um ano; rada a convocação para o treinamento ou curso subse-
V – Tenente-Coronel: um ano. quente, de mesma natureza, tão logo cesse sua licença
ou dispensa e, se aprovado, ser-lhe-á garantida, para fins
O interstício do Aspirante-a-Oficial será de seis me- de promoção dentro do respectivo quadro, a contagem
ses, findo o qual será promovido ao posto de 2º-Tenen- de tempo retroativa à data de conclusão do curso ou
te, independentemente da data prevista, ou seja, 25 de treinamento de que não tenha participado.
dezembro. A promoção de aspirante a segundo tenente só se
Não preencherá o requisito comportamento discipli- dará se o candidato, além de satisfazer as condições
nar satisfatório o Oficial classificado no conceito “C” ou gerais, tiver comprovada vocação para o oficialato, re-
“B”, com pontuação igual ou inferior a vinte e cinco pon- conhecida pela maioria dos oficiais da Unidade em que
tos negativos. servir.
O exame de aptidão profissional será aplicado a to- Os candidatos incluídos nos quadros de acesso só
dos os 1ºs-Tenentes, independentemente do Quadro, poderão ser promovidos se forem julgados aptos em
versará sobre matéria de interesse das instituições mi- exame de saúde, conforme dispuser o R.P.O.
litares estaduais e será definido por ato do respectivo Os quadros de acesso são relações de oficiais e aspi-
Comandante-Geral. rantes a oficial que preencham as condições de promo-
O resultado do exame de aptidão profissional não al- ção pelos critérios de antiguidade e merecimento.
terará a ordem de classificação por antiguidade. Serão organizados, anualmente, por postos separa-
O Comandante-Geral definirá os requisitos para aces- dos, os quadros de acesso relativos às promoções até
so aos cursos internos da respectiva instituição militar Coronel, inclusive.
estadual. No quadro de acesso por antiguidade, os oficiais se-
O Mestrado e o Doutorado serão computados como rão agrupados segundo seus postos e nos quadros a que
requisito de promoção quando oferecidos ou autoriza- pertençam, por ordem de antiguidade.
dos pela respectiva instituição militar estadual. No quadro de acesso por merecimento, os oficiais,
Não é computado, para fins de promoção, o tempo de até o posto de Major, serão agrupados segundo os res-
licença para tratar de interesse particular, sem vencimen- pectivos postos e quadros e relacionados conforme a or-
to; ausência, extravio e deserção; privação ou suspensão dem decrescente de pontos apurados através das fichas
de exercício de cargo ou função, nos casos previstos em de promoção, os quais deverão constar expressamente
lei; cumprimento de sentença penal ou de prisão judicial; de publicação em boletim da Polícia Militar.
interdição judicial; exercício de cargo público civil tem- Os Tenentes-Coronéis, incluídos pela Comissão de
porário, salvo para promoção por antiguidade. Promoção de Oficiais, figurarão no quadro de acesso em
O Oficial que se encontrar em qualquer das situações ordem alfabética.
previstas neste artigo, por períodos contínuos ou não, a As promoções por antiguidade e merecimento só po-
cada ano completado, contado o tempo de arredonda- derão recair em oficiais incluídos nos quadros de acesso,
mento, será remanejado para turma posterior e terá seu excetuando-se a situação prevista no parágrafo 1º do ar-
ano-base alterado. tigo 378 da Lei nº 3.344, de 14 de janeiro de 1965 (Lei de
Para fins de arredondamento, considerar-se-á o pe- Organização Judiciária).
ríodo superior a cento e oitenta e dois dias igual a um A promoção ao posto de Coronel será de livre esco-
ano. lha do Governador do Estado, pelo critério exclusivo de
A promoção por ato de bravura dispensa outras exi- merecimento, dentre os candidatos incluídos no Quadro
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

gências legais, sendo facultada a partir da data do even- de Acesso.


to. O Oficial incluído no quadro de acesso não poderá
Em caso de falecimento, será o oficial promovido dele ser retirado, senão em caso de morte, incapacidade
“post-mortem”. física ou moral, condenação a 1 (um) ano, ou mais, à pena
Ao oficial promovido por ato de bravura será atribuí- privativa da liberdade, ocasionada ou verificada anterior-
da nota mínima de aprovação em curso exigido para pro- mente à sua inclusão no Quadro de Acesso, ou se houver
moção ao posto. atingido a idade-limite de permanência no serviço ativo.
Aos militares dispensados definitivamente, pela Junta À Comissão de Promoções de Oficiais compete orga-
Central de Saúde, de atividade incluída no conjunto de nizar os Quadros de Acesso e emitir parecer sobre assun-
serviços de natureza policial ou bombeiro-militar e que tos concernentes às promoções em geral.

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A Comissão de Promoção de Oficiais – CPO – será A promoção à graduação de 3º-Sargento será reali-
constituída por Coronéis do QO-PM/BM da ativa, tendo zada de acordo com a ordem de classificação intelectual,
como membros natos o Comandante-Geral, o Chefe do obtida ao final do Curso de Formação de Sargentos.
Estado-Maior e o Chefe do Gabinete Militar do Gover- A promoção por tempo de serviço à graduação de
nador. Cabo poderá ser concedida em qualquer data e seus
A presidência da Comissão de Promoções de Oficiais efeitos retroagem, para todos os fins de direito, à data
será exercida pelo Comandante Geral. em que o militar completou dez anos de efetivo serviço.
Fará parte da Comissão de Promoções, como Secretá- Quadros de Acesso são relações de praças que preen-
rio, o Chefe do Gabinete do Comandante Geral, ou outro cham as condições de promoção, pelos critérios de an-
oficial superior do Quartel General, na impossibilidade tiguidade e merecimento, na forma que for estabelecida
ou impedimento da atuação daquele. pelo Regulamento de Promoções de Praças.
Ao Oficial é garantido, dentro dos princípios discipli- O exame de aptidão profissional será aplicado a to-
nares, o direito de recorrer das decisões emitidas pela dos os 3ºs-Sargentos e 1ºs-Sargentos, independente-
Comissão de Promoções. mente do Quadro, versará sobre matéria de interesse das
Das decisões finais da Comissão de Promoções de instituições militares estaduais e será definido por ato do
Oficiais cabe recurso ao Governador do Estado. respectivo Comandante-Geral.
Para defesa de direito, serão fornecidos, por certidão, O resultado do exame de aptidão profissional não al-
pareceres, fichas, conceitos, dados lançados em quais- terará a ordem de classificação por antiguidade.
quer documentos emitidos pela CPO ou qualquer outra Para promoção a 1º-Sargento é exigido o Curso de
autoridade referida neste Capítulo ou no RPO. Atualização em Segurança Pública – Casp.
Não concorrerá à promoção nem será promovido, São os seguintes os períodos obrigatórios de in-
embora incluído no quadro de acesso, o Oficial que: terstício na graduação, para promoção por antiguidade
I – estiver cumprindo sentença penal; ou merecimento, à graduação seguinte, cinco anos na
II – estiver em deserção, extravio ou ausência; graduação de 3º-Sargento; seis anos na graduação de
III – for submetido a processo administrativo de cará- 2º-Sargento; três anos na graduação de 1º-Sargento.
ter demissionário ou exoneratório; A promoção por merecimento e por antiguidade é
IV – estiver em licença para tratar de interesse parti-
devida às praças da ativa a partir do acesso à graduação
cular, sem vencimento;
de 2º-Sargento.
V – estiver no exercício de cargo público civil tempo-
As praças serão organizadas em turmas, fixando-se o
rário, salvo para promoção por antiguidade;
ano-base a partir da promoção a 3º-Sargento para fins
VI – for privado ou suspenso do exercício de cargo ou
de cômputo do tempo e percentuais para promoção por
função, nos casos previstos em lei;
merecimento e por antiguidade.
VII – estiver em caso de interdição judicial;
As praças serão promovidas por merecimento nos se-
IX – estiver preso à disposição da justiça ou sendo
processado por crime doloso. guintes períodos e frações:
À graduação de Subtenente, no:
O Oficial da ativa, ao completar trinta anos de servi- a) décimo nono ano após o ano-base, 1/3 (um terço)
ço, quando de sua transferência para a reserva, será pro- dos 1ºs-Sargentos existentes na turma;
movido ao posto imediato, se contar, pelo menos, um b) vigésimo ano após o ano-base, 1/4 (um quarto)
ano de efetivo serviço no posto e vinte anos de efetivo dos 1ºs-Sargentos existentes na turma;
serviço na instituição militar estadual, vedada, neste úl- c) vigésimo primeiro ano após o ano-base, 1/4 (um
timo caso, a contagem de qualquer tempo fictício não quarto) dos 1ºs-Sargentos existentes na turma;
prevista nesta Lei, desde que satisfaça os requisitos esta- d) vigésimo segundo ano após o ano-base, 1/4 (um
belecidos no Estatuto dos Militares. quarto) dos 1ºs-Sargentos existentes na turma;
Sendo do último posto, e satisfeitos requisitos deste e) vigésimo terceiro ano após o ano-base, 1/4 (um
artigo, terá o seu provento acrescido de 10% (dez por quarto) dos 1ºs-Sargentos existentes na turma;
cento) do soldo.
O Oficial que tenha cumprido as exigências para À graduação de 1º-Sargento, no:
transferência voluntária para a reserva estabelecidas no a) décimo terceiro ano após o ano-base, 1/3 (um ter-
caput e que opte por permanecer em atividade fará jus a ço) dos 2ºs-Sargentos existentes na turma;
abono de permanência equivalente ao valor de 1/3 (um b) décimo quarto ano após o ano-base, 1/2 (um meio)
terço) de seus vencimentos. dos 2ºs-Sargentos existentes na turma;
O poder Executivo baixará decreto regulamentando o c) décimo quinto ano após o ano-base, 1/2 (um meio)
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

disposto neste Capítulo. dos 2ºs-Sargentos existentes na turma;


Para as praças a promoção é o acesso gradual e su-
cessivo das praças das instituições militares estaduais à À graduação de 2º-Sargento, no:
graduação superior e será concedida por ato do Coman- a) quinto ano após o ano-base, 1/3 (um terço) dos
dante-Geral, em 25 de dezembro. 3ºs-Sargentos existentes na turma;
A promoção por tempo de serviço é exclusiva de Ca- b) sexto ano após o ano-base, 1/2 (um meio) dos 3ºs-
bos e Soldados da ativa. -Sargentos existentes na turma.
A promoção por necessidade de serviço, ato de bra-
vura ou post mortem poderá ser concedida em qualquer As praças serão promovidas por antiguidade nos se-
época. guintes períodos:

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I – à graduação de Subtenente, no vigésimo quarto A Comissão de Promoções de Praças (CPP) é o órgão
ano após o ano-base, os 1ºs-Sargentos remanes- do Quartel General, consultivo, decisório ou instrutivo
centes da turma; das questões relacionadas com as promoções de praças,
II – à graduação de 1º-Sargento, no décimo sexto ano cuja composição e competência serão previstas no Regu-
após o ano-base, os 2ºs-Sargentos remanescentes lamento de Promoções de Praças.
da turma; Às praças ao completarem trinta anos de serviço,
III – à graduação de 2º-Sargento, no sétimo ano após quando de sua transferência para a reserva, a praça da
o ano-base, os 3ºs-Sargentos remanescentes da ativa será promovida à graduação imediata, e o Subte-
turma. nente, ao posto de 2º Tenente, desde que:
I – contem pelo menos um ano de exercício na gra-
Na apuração do número de promoções previsto nes- duação;
te artigo, será feito o arredondamento para o número II – contem vinte anos de efetivo serviço na instituição
inteiro posterior, sempre que houver fracionamento. militar estadual, vedada a contagem de qualquer
Havendo necessidade de adequar o efetivo existen- tempo fictício não previsto na Lei;
te ao previsto em lei, o Alto-Comando, órgão colegiado III – satisfaçam os requisitos estabelecidos na Lei;
composto por Oficiais do último posto da ativa, poderá IV – não se enquadrem nas situações previstas em Lei.
alterar os períodos e as frações previstos na lei.
A promoção por tempo de serviço é devida ao Solda- A praça que tenha cumprido as exigências para trans-
do de 1ª Classe que tenha, no mínimo, oito anos de efe- ferência voluntária para a reserva estabelecidas no caput
tivo serviço e ao Cabo que tenha, no mínimo, oito anos e que opte por permanecer em atividade fará jus a abono
de efetivo serviço na mesma graduação. de permanência equivalente ao valor de 1/3 (um terço)
Poderão ter acesso ao Curso de Formação de Sargen- de seus vencimentos.
tos os Cabos e Soldados de 1ª Classe que se candida- Será exigida a aprovação no Curso de Aperfeiçoa-
tarem e forem aprovados em processo seletivo interno mento de Sargentos (CAS), para a promoção à gradua-
nas instituições militares estaduais, bem como os Cabos ção de 1º Sargento, após o prazo de 1 (um) ano, contado
alcançados pela promoção por tempo de serviço. a partir da vigência desta Lei.
A promoção por tempo de serviço à graduação de Os conceitos emitidos pela Comissão de Promoções
Cabo independe de curso de formação específico. dos Oficiais – CPO – e pela Comissão de Promoções das
Os Cabos, para promoção por tempo de serviço, se- Praças – CPP – serão fundamentados.
rão convocados para o curso de formação específico, ob- Os militares da ativa podem contrair matrimônio, sa-
servada a antiguidade, o número de vagas ofertadas para tisfeitos os requisitos da legislação civil, obedecendo o
o curso, a necessidade e o interesse da instituição militar,
seguinte: o Oficial fará, previamente, comunicação ao seu
ficando sua promoção condicionada ao aproveitamento
Comandante; a praça requererá permissão à autoridade
no curso, sem direito a retroação.
referida no item anterior.
O Cabo que não obtiver aproveitamento satisfatório
É assegurado ao servidor da Polícia Militar o direito
no curso somente poderá ser convocado para novo cur-
de requerer, representar ou recorrer, na forma da legis-
so um ano após o término do primeiro, e o Cabo que
lação vigente.
desistir do curso após seu início, sem motivo justifica-
O direito aqui citado decai, na esfera administrativa,
do, somente poderá ser convocado para novo curso dois
anos após o término do primeiro. no prazo de 60 (sessenta) dias, contado da publicação do
O Soldado de 1ª Classe ou o Cabo colocado à dis- ato ou do conhecimento do fato.
posição de entidade associativa de militares, enquanto O recurso só terá efeito devolutivo.
permanecer nesta situação, terá o seu tempo de serviço É vedado o reexame de recurso que já tenha sido so-
computado para os fins legais. lucionado pela administração.
A promoção por merecimento far-se-á segundo cri- Das decisões do Comandante-Geral caberá recurso
térios e formas a serem estabelecidos pelo Regulamento ao Governador do Estado, cuja decisão poderá ser prece-
de Promoções de Praças. dida de parecer da Advocacia-Geral do Estado.
A promoção por ato de bravura dispensa outras exi- O servidor que for nomeado ou designado para cargo,
gências legais, sendo facultada a partir da data do evento. na Polícia Militar, que envolva responsabilidade especí-
Em caso de falecimento será a praça promovida “pos- fica pela fiscalização e arrecadação de rendas, processa-
t-mortem”. mento ou pagamento de despesas de qualquer espécie,
À praça promovida por ato de bravura será atribuída guarda de bens e valores, aquisição, guarda e distribuição
nota mínima de aprovação em curso exigido para pro- de material, administração e fiscalização de obras deverá,
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

moção ao posto. obrigatoriamente, fazer declaração de bens e valores que


A praça que tenha sofrido, no cumprimento de suas possua, assim como de seu cônjuge, se casado for.
funções e no exercício da atividade policial militar ou A declaração será registrada no Cartório de Títulos e
bombeiro militar, lesões que a tornem inválida perma- Documentos da Comarca onde se achar instalada a sede
nentemente, será promovida por invalidez, independen- do órgão em que o servidor tenha exercício.
temente de vaga e data própria. Ocorrendo modificações que importem em aumen-
O ato de promoção por invalidez retroage, para todos to ou diminuição do patrimônio do declarante, ou em
os fins e efeitos legais, à data do fato que a provocou ou, qualquer caso, alienação, aquisição ou permuta de bens,
quando essa data não puder ser determinada, à data do será a declaração renovada, pelo menos de 2 (dois) em
laudo médico declaratório da invalidez. 2 (dois) anos.

17
No caso de transferência para a reserva, reforma ou sos, recompensas, bem como regulamentar o Processo
dispensa do cargo, será exigida, previamente, nova de- Administrativo-Disciplinar e o funcionamento do Conse-
claração de bens. lho de Ética e Disciplina Militares da Unidade – CEDMU.
A declaração de bens compreende imóveis, móveis, Este Código aplica-se aos militares da ativa e aos mi-
semoventes, dinheiro, joias, títulos, ações e qualquer ou- litares da reserva remunerada, nos casos expressamente
tra espécie de bens e valores patrimoniais. mencionados no Código de Ética.
Para entrar em exercício no cargo ou dele ser dispen- Não estão sujeitos ao disposto neste Código os Coro-
sado, o servidor deverá provar que fez a declaração de néis Juízes do Tribunal de Justiça Militar Estadual, regidos
bens, através de certidão que será publicada no boletim por legislação
do órgão em que servir. A camaradagem é indispensável ao convívio dos mili-
Os professores de Departamento de Instrução, com tares, devendo-se preservar as melhores relações sociais
honras de oficial, que tenham completado ou venham a entre eles.
completar sucessivamente 20 (vinte) e 25 (vinte e cinco) É dever do militar incentivar e manter a harmonia, a
anos de efetivo serviço, serão promovidos ao posto ime- solidariedade e a amizade em seu ambiente social, fami-
diato, com os respectivos vencimentos e vantagens, sem liar e profissional.
retroação de benefícios. O relacionamento dos militares entre si e com os civis
São vedadas consignações a favor de entidades par- pautar-se-á pela civilidade, assentada em manifestações
ticulares em folhas de vencimentos de componentes da de cortesia, respeito, confiança e lealdade.
Polícia Militar. Para efeito do Código de Ética, a palavra comandante
Os Oficiais de polícia, da ativa, quando Delegados é a denominação genérica dada ao militar investido de
Especiais, são considerados em efetivo exercício, para cargo ou função de direção, comando ou chefia.
fins de satisfação dos requisitos legais exigidos para a Será classificado com um dos seguintes conceitos o
promoção, vantagens e condecorações. militar que, no período de doze meses, tiver registrada
No caso de incorrer a praça em ato delituoso, será em seus assentamentos funcionais a pontuação adiante
aplicada, na esfera administrativa, a medida disciplinar especificada:
cabível, quando ocorrer, na prática do ato, transgressão • conceito “A” – cinquenta pontos positivos;
disciplinar, ou dele decorrer grave prejuízo moral para a • conceito “B” – cinquenta pontos negativos, no má-
Corporação. ximo;
O valor da aula extranumerária ou suplementar dos • conceito “C” – mais de cinquenta pontos negativos.
estabelecimentos de ensino da Polícia Militar, inclusive
o Batalhão Escola, bem como as normas para o respec- Ao ingressar nas Instituições Militares Estaduais –
tivo pagamento, serão definidos em decreto do Poder IMEs –, o militar será classificado no conceito “B”, com
Executivo. zero ponto.
O desertor comete ato atentatório à honra pessoal e A cada ano sem punição, o militar receberá dez pon-
ao decoro da classe. tos positivos, até atingir oconceito “A”.
O prazo para submissão do militar a processo admi- A hierarquia e a disciplina constituem a base institu-
nistrativo-disciplinar é de, no máximo, cinco anos, con- cional das IMEs. A hierarquia é a ordenação da autorida-
tado da data em que ele foi capturado ou se apresentar. de, em níveis diferentes, dentro da estrutura das IMEs.
Nos casos em que couber a exoneração, o militar será A disciplina militar é a exteriorização da ética profis-
submetido a processo administrativo próprio, sendo-lhe sional dos militares do Estado e manifesta-se pelo exato
asseguradas as garantias constitucionais. cumprimento de deveres, em todos os escalões e em to-
Fica o Poder Executivo autorizado a reduzir para vinte dos os graus da hierarquia, quanto aos seguintes aspec-
horas semanais a jornada de trabalho do militar legal- tos:
mente responsável por pessoa com deficiência. • pronta obediência às ordens legais;
Considera-se em serviço o militar do Estado que, inti- • observância às prescrições regulamentares;
mado, for prestar, no período de folga ou descanso, es- • emprego de toda a capacidade em benefício do
clarecimentos em procedimento ou processo administra- serviço;
tivo ou judicial acerca de fato em que se tenha envolvido • correção de atitudes;
em razão do exercício de sua função.” • colaboração espontânea com a disciplina coletiva
e com a efetividade dos resultados pretendidos
pelas IMEs.
LEI Nº 14.310, DE 19/06/02 - CÓDIGO DE
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

ÉTICA E DISCIPLINA DOS MILITARES DO ES- O princípio de subordinação rege todos os graus da
TADO DE MINAS GERAIS E DECISÕES ADMI- hierarquia militar, em conformidade com o Estatuto dos
Militares do Estado de Minas Gerais – EMEMG.
NISTRATIVAS EM VIGOR.
O militar que presenciar ou tomar conhecimento de
prática de transgressão disciplinar comunicará o fato à
autoridade competente.
O Código de Ética e Disciplina dos Militares de Minas A honra, o sentimento do dever militar e a correção
Gerais – CEDM – tem por finalidade definir, especificar de atitudes impõem conduta moral e profissional irre-
e classificar as transgressões disciplinares e estabelecer preensíveis a todo integrante das IMEs, o qual deve ob-
normas relativas a sanções disciplinares, conceitos, recur- servar os seguintes princípios de ética militar:

18
I – amar a verdade e a responsabilidade como funda- A transgressão disciplinar será leve, média ou grave,
mentos da dignidade profissional; conforme classificação atribuída nos artigos seguintes,
II – observar os princípios da Administração Pública, podendo ser atenuada ou agravada, consoante a pon-
no exercício das atribuições que lhe couberem em tuação recebida da autoridade sancionadora e a decor-
decorrência do cargo; rente de atenuantes e agravantes.
III – respeitar a dignidade da pessoa humana; São transgressões disciplinares de natureza grave:
IV – cumprir e fazer cumprir as leis, códigos, resolu- I – praticar ato atentatório à dignidade da pessoa ou
ções, instruções e ordens das autoridades compe- que ofenda os princípios da cidadania e dos direitos
tentes; humanos, devidamente comprovado em procedimen-
V – ser justo e imparcial na apreciação e avaliação dos to apuratório;
atos praticados por integrantes das IMEs; II – concorrer para o desprestígio da respectiva IME,
VI – zelar pelo seu próprio preparo profissional e in- por meio da prática de crime doloso devidamente
centivar a mesma prática nos companheiros, em comprovado em procedimento apuratório, que, por
prol do cumprimento da missão comum; sua natureza, amplitude e repercussão, afete grave-
VII – praticar a camaradagem e desenvolver o espírito mente a credibilidade e a imagem dos militares;
de cooperação; III – faltar, publicamente, com o decoro pessoal, dan-
VIII – ser discreto e cortês em suas atitudes, maneiras do causa a grave escândalo que comprometa a honra
e linguagem e observar as normas da boa educa- pessoal e o decoro da classe;
ção; IV – exercer coação ou assediar pessoas com as quais
IX – abster-se de tratar, fora do âmbito apropriado, de mantenha relações funcionais;
assuntos internos das IMEs ou de matéria sigilosa; V – ofender ou dispensar tratamento desrespeitoso,
X – cumprir seus deveres de cidadão; vexatório ou humilhante a qualquer pessoa;
XI – respeitar as autoridades civis e militares; VI – apresentar-se com sinais de embriaguez alcoólica
XII – garantir assistência moral e material à família ou ou sob efeito de outra substância entorpecente, estan-
do em serviço, fardado, ou em situação que cause es-
contribuir para ela;
cândalo ou que ponha em perigo a segurança própria
XIII – preservar e praticar, mesmo fora do serviço ou
ou alheia;
quando já na reserva remunerada, os preceitos da
VII – praticar ato violento, em situação que não carac-
ética militar;
terize infração penal;
XIV – exercitar a proatividade no desempenho pro-
VIII – divulgar ou contribuir para a divulgação de as-
fissional;
sunto de caráter sigiloso de que tenha conhecimento
XV – abster-se de fazer uso do posto ou da gradua-
em razão do cargo ou função;
ção para obter facilidade pessoal de qualquer na- IX – utilizar-se de recursos humanos ou logísticos do
tureza ou encaminhar negócios particulares ou de Estado ou sob sua responsabilidade para satisfazer a
terceiros; interesses pessoais ou de terceiros;
XVI – abster-se, mesmo na reserva remunerada, do X – exercer, em caráter privado, quando no serviço ati-
uso das designações hierárquicas: vo, diretamente ou por interposta pessoa, atividade ou
a) em atividades liberais, comerciais ou industriais; serviço cuja fiscalização caiba à Polícia Militar ou ao
b) para discutir ou provocar discussão pela imprensa Corpo de Bombeiros Militar ou que se desenvolva em
a respeito de assuntos institucionais; local sujeito à sua atuação;
c) no exercício de cargo de natureza civil, na iniciativa XI – maltratar ou permitir que se maltrate o preso ou
privada; a pessoa apreendida sob sua custódia ou deixar de to-
d) em atividades religiosas; mar providências para garantir sua integridade física;
e) em circunstâncias prejudiciais à imagem das IMEs. XII – referir-se de modo depreciativo a outro militar, a
autoridade e a ato da administração pública;
Os princípios éticos orientarão a conduta do militar e XIII – autorizar, promover ou tomar parte em mani-
as ações dos comandantes para adequá-las às exigências festação ilícita contra ato de superior hierárquico ou
das IMEs, dando-se sempre, entre essas ações, preferên- contrária à disciplina militar;
cia àquelas de cunho educacional. XIV – agir de maneira parcial ou injusta quando da
Sempre que possível, a autoridade competente para apreciação e avaliação de atos, no exercício de sua
aplicar a sanção disciplinar verificará a conveniência e a competência, causando prejuízo ou restringindo direi-
oportunidade de substituí-la por aconselhamento ou ad- to de qualquer pessoa;
vertência verbal pessoal, ouvido o CEDMU. XV – dormir em serviço;
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

XVI – retardar ou deixar de praticar, indevidamente,


Transgressões Disciplinares ato de ofício;
XVII – negar publicidade a ato oficial;
Transgressão disciplinar é toda ofensa concreta aos XVIII – induzir ou instigar alguém a prestar declaração
princípios da ética e aos deveres inerentes às atividades falsa em procedimento penal, civil ou administrativo
das IMEs em sua manifestação elementar e simples, ob- ou ameaçá-lo para que o faça;
jetivamente especificada neste Código, distinguindo-se XIX – fazer uso do posto ou da graduação para obter
da infração penal, considerada violação dos bens juridi- ou permitir que terceiros obtenham vantagem pecu-
camente tutelados pelo Código Penal Militar ou comum. niária indevida;
XX – faltar ao serviço.

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São transgressões disciplinares de natureza média: V – retardar injustificadamente o cumprimento de or-
I – executar atividades particulares durante o serviço; dem ou o exercício de atribuição;
II – demonstrar desídia no desempenho das funções, VI – fumar em local onde esta prática seja legalmente
caracterizada por fato que revele desempenho insu- vedada;
ficiente, desconhecimento da missão, afastamento VII – permutar serviço sem permissão da autoridade
injustificado do local ou procedimento contrário às competente.
normas legais, regulamentares e a documentos nor-
mativos, administrativos ou operacionais; Julgamento da Transgressão
III – deixar de cumprir ordem legal ou atribuir a ou- O julgamento da transgressão será precedido de aná-
trem, fora dos casos previstos em lei, o desempenho de lise que considere:
atividade que lhe competir; • os antecedentes do transgressor;
IV – assumir compromisso em nome da IME ou repre- • as causas que a determinaram;
sentá-la indevidamente; • a natureza dos fatos ou dos atos que a envolveram;
V – usar indevidamente prerrogativa inerente a inte- • as consequências que dela possam advir.
grante das IMEs;
VI – descumprir norma técnica de utilização e manu- No julgamento da transgressão, serão apuradas as
seio de armamento ou equipamento; causas que a justifiquem e as circunstâncias que a ate-
VII – faltar com a verdade, na condição de testemu- nuem ou agravem.
nha, ou omitir fato do qual tenha conhecimento, as- A cada atenuante será atribuído um ponto positivo e
segurado o exercício constitucional da ampla defesa; a cada agravante, um ponto negativo.
VIII – deixar de providenciar medida contra irregula- Para cada transgressão, a autoridade aplicadora da
ridade de que venha a tomar conhecimento ou esqui- sanção atribuirá pontos negativos dentro dos seguintes
var-se de tomar providências a respeito de ocorrência parâmetros:
no âmbito de suas atribuições; • de um a dez pontos para infração de natureza leve;
IX – utilizar-se do anonimato ou envolver indevida- • de onze a vinte pontos para infração de natureza média;
mente o nome de outrem para esquivar-se de respon- • de vinte e um a trinta pontos para infração de na-
sabilidade; tureza grave.
X – danificar ou inutilizar, por uso indevido, negligên-
cia, imprudência ou imperícia, bem da administração Para cada transgressão, a autoridade aplicadora to-
pública de que tenha posse ou seja detentor; mará por base a seguinte pontuação, sobre a qual incidi-
XI – deixar de observar preceito legal referente a trata- rão, se existirem, as atenuantes e agravantes:
mento, sinais de respeito e honras militares, definidos • cinco pontos para transgressão de natureza leve;
em normas especificas; • quinze pontos para transgressão de natureza mé-
XII – contribuir para a desarmonia entre os integrantes dia;
das respectivas IMEs, por meio da divulgação de notí- • vinte e cinco pontos para transgressão de natureza
cia, comentário ou comunicação infundados; grave.
XIII – manter indevidamente em seu poder bem de ter-
ceiro ou da Fazenda Pública; Com os pontos atribuídos, far-se-á a computação dos
XIV – maltratar ou não ter o devido cuidado com os pontos correspondentes às atenuantes e às agravantes,
bens semoventes das IMEs; bem como da pontuação prevista na legislação, reclassi-
XV – deixar de observar prazos regulamentares; ficando-se a transgressão, se for o caso.
XVI – comparecer fardado a manifestação ou reunião São causas de justificação:
de caráter político-partidário, exceto a serviço; I – motivo de força maior ou caso fortuito, plenamen-
XVII – recusar-se a identificar-se quando justificada- te comprovado;
mente solicitado; II – evitar mal maior, dano ao serviço ou à ordem pú-
XVIII – não portar etiqueta de identificação quando blica;
em serviço, salvo se previamente autorizado, em ope- III – ter sido cometida a transgressão:
rações policiais específicas; a) na prática de ação meritória;
XIX – participar, o militar da ativa, de firma comercial b) em estado de necessidade;
ou de empresa industrial de qualquer natureza, ou ne- c) em legítima defesa própria ou de outrem;
las exercer função ou emprego remunerado. d) em obediência a ordem superior, desde que mani-
festamente legal;
São transgressões disciplinares de natureza leve: e) no estrito cumprimento do dever legal;
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

I – chegar injustificadamente atrasado para qualquer f) sob coação irresistível.


ato de serviço de que deva participar;
II – deixar de observar norma específica de apresenta- Não haverá punição, quando for reconhecida qual-
ção pessoal definida em regulamentação própria; quer causa de justificação.
III – deixar de observar princípios de boa educação e São circunstâncias atenuantes:
correção de atitudes; I – estar classificado no conceito “A”;
IV – entrar ou tentar entrar em repartição ou acessar II – ter prestado serviços relevantes;
ou tentar acessar qualquer sistema informatizado, de III – ter o agente confessado espontaneamente a au-
dados ou de proteção, para o qual não esteja autori- toria da transgressão, quando esta for ignorada ou
zado; imputada a outrem;

20
IV – ter o transgressor procurado diminuir as conse- I – cancelamento de matrícula, com desligamento de
quências da transgressão, antes da sanção, reparando os curso, estágio ou exame;
danos; II – destituição de cargo, função ou comissão;
V – ter sido cometida a transgressão: III – movimentação de unidade ou fração.
a) para evitar consequências mais danosas que a pró-
pria transgressão disciplinar; Quando se tratar de falta ou abandono ao serviço ou
b) em defesa própria, de seus direitos ou de outrem, expediente, o militar perderá os vencimentos correspon-
desde que isso não constitua causa de justificação; dentes aos dias em que se verificar a transgressão, inde-
c) por falta de experiência no serviço; pendentemente da sanção disciplinar.
d) por motivo de relevante valor social ou moral. As sanções disciplinares de militares serão publicadas
em boletim reservado, e o transgressor notificado pes-
São circunstâncias agravantes: soalmente, sendo vedada a sua divulgação ostensiva, sal-
I – estar classificado no conceito “C”; vo quando o conhecimento for imprescindível ao caráter
II – prática simultânea ou conexão de duas ou mais educativo da coletividade, assim definido pelo CEDMU.
transgressões;
III – reincidência de transgressões, ressalvado o dis- Disponibilidade Cautelar
posto no art. 94;
IV – conluio de duas ou mais pessoas; O Corregedor da IME, o Comandante da Unidade,
V – cometimento da transgressão: o Conselho de Ética e Disciplina Militares da Unida-
a) durante a execução do serviço; de – CEDMU –, o Presidente da Comissão de Processo
b) com abuso de autoridade hierárquica ou funcional; Administrativo-Disciplinar e o Encarregado de Inquérito
c) estando fardado e em público; Policial Militar – IPM – poderão solicitar ao Comandante-
d) com induzimento de outrem à prática de trans- -Geral a disponibilidade cautelar do militar.
gressões mediante concurso de pessoas; Por ato fundamentado de competência indelegável
e) com abuso de confiança inerente ao cargo ou fun- do Comandante-Geral, o militar poderá ser colocado em
ção; disponibilidade cautelar, nas seguintes hipóteses:
f) por motivo egoístico ou para satisfazer interesse • quando der causa a grave escândalo que compro-
pessoal ou de terceiros; meta o decoro da classe e a honra pessoal;
g) para acobertar erro próprio ou de outrem; • quando acusado de prática de crime ou de ato ir-
h) com o fim de obstruir ou dificultar apuração admi- regular que efetivamente concorra para o despres-
nistrativa, policial ou judicial, ou o esclarecimento tígio das IMEs e dos militares.
da verdade.
Para declaração da disponibilidade cautelar, é im-
Obtido o somatório de pontos, serão aplicadas as se- prescindível a existência de provas da conduta irregular e
guintes sanções disciplinares: indícios suficientes de responsabilidade do militar.
• de um a quatro pontos, advertência; A disponibilidade cautelar terá duração e local de
• de cinco a dez pontos, repreensão; cumprimento determinado pelo Comandante-Geral, e
• de onze a vinte pontos, prestação de serviço; como pressuposto a instauração de procedimento apu-
• de vinte e um a trinta pontos, suspensão. ratório, não podendo exceder o período de quinze dias,
prorrogável por igual período, por ato daquela autorida-
Sanções Disciplinares de, em casos de reconhecida necessidade.
A disponibilidade cautelar assegura ao militar a per-
A sanção disciplinar objetiva preservar a disciplina e cepção de vencimento e vantagens integrais do cargo.
tem caráter preventivo e educativo.
Conforme a natureza, a gradação e as circunstâncias Execução
da transgressão, serão aplicáveis as seguintes sanções
disciplinares: A advertência consiste em uma admoestação verbal
I – advertência; ao transgressor.
II – repreensão; A repreensão consiste em uma censura formal ao
III – prestação de serviços de natureza preferencial- transgressor.
mente operacional, correspondente a um turno de ser- A prestação de serviço consiste na atribuição ao mili-
viço semanal, que não exceda a oito horas; tar de tarefa, preferencialmente de natureza operacional,
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

IV – suspensão, de até dez dias; fora de sua jornada habitual, correspondente a um turno
V – reforma disciplinar compulsória; de serviço semanal, que não exceda a oito horas, sem
VI – demissão; remuneração extra.
VII – perda do posto, patente ou graduação do militar A suspensão consiste em uma interrupção temporária
da reserva. do exercício de cargo, encargo ou função, não podendo
exceder a dez dias, observado o seguinte:
Poderão ser aplicadas, independentemente das de- • os dias de suspensão não serão remunerados;
mais sanções ou cumulativamente com elas, as seguintes • o militar suspenso perderá todas as vantagens e
medidas: direitos decorrentes do exercício do cargo, encar-
go ou função.

21
A aplicação da suspensão obedecerá aos seguintes Aplicam-se ao PADS, no que couber, as normas do
parâmetros, conforme o total de pontos apurados: Processo Administrativo Disciplinar.
I – de vinte e um a vinte e três pontos, até três dias; O prazo para conclusão do processo sumário será de
II – de vinte e quatro a vinte e cinco pontos, até cinco dias; vinte dias, prorrogável por mais dez dias.
III – de vinte e seis a vinte e oito pontos, até oito dias; A demissão de militar da ativa com no mínimo três anos
IV – de vinte e nove a trinta pontos, até dez dias. de efetivo serviço ocorrerá por proposta da Comissão de
Processo Administrativo-Disciplinar – CPAD –, ressalvado o
A reforma disciplinar compulsória consiste em uma disposto no § 1° do art. 42 da Constituição da República.
medida excepcional, de conveniência da administração, A perda da graduação consiste no desligamento dos
que culmina no afastamento do militar, de ofício, do ser- quadros das IMEs.
viço ativo da Corporação, pelo reiterado cometimento de Será aplicado o cancelamento de matrícula, com des-
faltas ou pela sua gravidade, quando contar pelo menos ligamento de curso, estágio ou exame, conforme dispu-
quinze anos de efetivo serviço. ser a norma escolar própria, a discentes de cursos das
Não poderá ser reformado disciplinarmente o militar IMEs, observado o disposto no Código de Ética, depen-
que: dendo de seu tempo de efetivo serviço.
• estiver indiciado em inquérito ou submetido a pro- O discente das IMEs que era civil quando de sua ad-
cesso por crime contra o patrimônio público ou missão, ao ter cancelada sua matrícula e ser desligado do
particular; curso, observando-se o disposto no Código de Ética, será
• tiver sido condenado a pena privativa de liberdade também excluído da Instituição.
superior a dois anos, transitada em julgado, na Jus- Quando o militar incorrer em ato incompatível com o
tiça Comum ou Militar, ou estiver cumprindo pena; exercício do cargo, função ou comissão, será destituído,
• cometer ato que afete a honra pessoal, a ética mi- independentemente da aplicação de sanção disciplinar.
litar ou o decoro da classe, assim reconhecido em
decisão de Processo Administrativo Disciplinar. Regras de Aplicação

A demissão consiste no desligamento de militar da A sanção será aplicada com justiça, serenidade, im-
ativa dos quadros da IME, nos termos do EMEMG e do parcialidade e isenção.
Código de Ética. O ato administrativo-disciplinar conterá:
A demissão pune determinada transgressão ou de- • a transgressão cometida, em termos concisos, com
corre da incorrigibilidade do transgressor contumaz, cujo relato objetivo dos fatos e atos ensejadores da
histórico e somatório de sanções indiquem sua inadap- transgressão;
tabilidade ou incompatibilidade ao regime disciplinar da • a síntese das alegações de defesa do militar;
Instituição. • a conclusão da autoridade e a indicação expressa
Ressalvado o disposto no § 1° do art. 42 da Consti- dos artigos e dos respectivos parágrafos, incisos,
tuição da República, a demissão de militar da ativa com alíneas e números, quando couber, da lei ou da
menos de três anos de efetivo serviço, assegurado o di- norma em que se enquadre o transgressor e em
reito à ampla defesa e ao contraditório, será precedida que se tipifiquem as circunstâncias atenuantes e
de Processo Administrativo Disciplinar Sumário – PADS –, agravantes, se existirem;
instaurado quando da ocorrência das situações a seguir • a classificação da transgressão;
relacionadas: • a sanção imposta;
• reincidência em falta disciplinar de natureza grave, • a classificação do conceito que passa a ter ou em
para o militar classificado no conceito “C”; que permanece o transgressor.
• prática de ato que afete a honra pessoal ou o de-
coro da classe, independentemente do conceito O militar será formalmente cientificado de sua classi-
do militar. ficação no conceito “C”.
O cumprimento da sanção disciplinar por militar afas-
No PADS, as razões escritas de defesa deverão ser tado do serviço ocorrerá após sua apresentação, pronto,
apresentadas pelo acusado ou seu procurador legalmen- na unidade.
te constituído, no prazo de cinco dias úteis do final da
instrução. Competência para Aplicação
É assegurada a participação da defesa na instrução, A competência para aplicar sanção disciplinar, no âm-
por meio do requerimento da produção das provas que bito da respectiva IME, é atribuição inerente ao cargo e
se fizerem necessárias, cujo deferimento ficará a critério não ao grau hierárquico, sendo deferida:
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

da autoridade processante, e do arrolamento de até cin- • ao Governador do Estado e Comandante-Geral,


co testemunhas. em relação àqueles que estiverem sujeitos ao Có-
O acusado e seu defensor serão notificados, por es- digo de Ética;
crito, com antecedência mínima de vinte e quatro horas • ao Chefe do Estado-Maior, na qualidade de Subco-
de todos os atos instrutórios, sendo que, no caso de seu mandante da Corporação, em relação aos militares
interrogatório, esse prazo será de quarenta e oito horas. que lhe são subordinados hierarquicamente;
É permitido à defesa, no momento da qualificação, • ao Corregedor da IME, em relação aos militares su-
contraditar a testemunha, bem como, ao final do depoi- jeitos a este Código, exceto o Comandante-Geral,
mento, formular perguntas por intermédio da autoridade o Chefe do Estado-Maior e o Chefe do Gabinete
processante. Militar;

22
• ao Chefe do Gabinete Militar, em relação aos que Recompensas
servirem sob sua chefia ou ordens;
• aos Diretores e Comandantes de Unidades de Co- Recompensas são prêmios concedidos aos militares
mando Intermediário, em relação aos que servirem em razão de atos meritórios, serviços relevantes e inexis-
sob sua direção, comando ou ordens, dentro do tência de sanções disciplinares.
respectivo sistema hierárquico; Além de outras previstas em leis e regulamentos es-
• aos Comandantes de Unidade, Chefes de Centro e peciais, são recompensas militares:
Chefes de Seção do Estado-Maior, em relação aos • elogio;
que servirem sob seu comando ou chefia. • dispensa de serviço;
• cancelamento de punições;
Além das autoridades mencionadas, compete ao Cor- • consignação de nota meritória nos assentamentos
regedor ou correspondente, na Capital, a aplicação de do militar, por atos relevantes relacionados com
sanções disciplinares a militares inativos. a atividade profissional, os quais não comportem
A competência descrita no parágrafo anterior é dos outros tipos de recompensa.
Comandantes de Comandos Intermediários e de Unida-
des, na respectiva região ou área, exceto, em ambos os A dispensa de serviço será formalizada em documen-
casos, quanto aos oficiais inativos do último posto das to escrito em duas vias, sendo a segunda entregue ao
IMEs. beneficiário.
Quando a ocorrência disciplinar envolver militares de As recompensas, regulamentadas em normas especí-
mais de uma Unidade, caberá ao Comandante imedia- ficas, serão pontuadas positivamente, conforme a natu-
tamente superior, na linha de subordinação, apurar ou reza e as circunstâncias dos fatos que as originaram, nos
determinar a apuração dos fatos, adotar as medidas dis- seguintes limites:
ciplinares de sua competência ou transferir para a autori- I – elogio individual: cinco pontos cada;
dade competente o que lhe escapar à alçada. II – nota meritória: três pontos cada;
Quando duas autoridades de postos diferentes, am- III – comendas concedidas pela instituição:
bas com ação disciplinar sobre o militar, conhecerem da a) Alferes Tiradentes na Polícia Militar de Minas Gerais
falta, competirá à de posto mais elevado punir, salvo se – PMMG – ou equivalente no Corpo de Bombeiros
esta entender que a punição cabe nos limites da compe- Militar de Minas Gerais – CBMMG: três pontos;
tência da outra autoridade. b) Mérito Profissional: três pontos;
No caso de ocorrência disciplinar na qual se envolvam c) Mérito Militar: três pontos;
militar das Forças Armadas e militares estaduais, a autori- d) Guimarães Rosa na PMMG ou equivalente no
dade competente das IMEs deverá tomar as medidas dis- CBMMG: três pontos.
ciplinares referentes àqueles que lhe são subordinados.
As competências acima serão exercida também pelo A pontuação a que se refere acima tem validade por
Corregedor da respectiva IME. doze meses a partir da data da concessão.
As autoridades mencionadas são competentes para A concessão das recompensas será fundamentada,
aplicar sanção disciplinar a militar que estiver à dispo- ouvido o CEDMU.
sição ou a serviço de órgão do poder público, indepen- A concessão de recompensa é função inerente ao car-
dentemente da competência da autoridade sob cujas or- go e não ao grau hierárquico, sendo competente para
dens estiver servindo para aplicar–lhe a sanção legal por fazê-la aos militares que se achem sob o seu Comando:
infração funcional. I – o Governador do Estado;
A autoridade que tiver de ouvir militar ou que lhe II – o Comandante-Geral, dispensa de serviço por até
vinte dias;
houver aplicado sanção disciplinar requisitará a apresen-
III – o Chefe do Estado-Maior, as recompensas, sendo
tação do infrator, devendo tal requisição ser atendida no
a dispensa de serviço por até quinze dias;
prazo de cinco dias após seu recebimento.
IV –as recompensas, sendo a dispensa de serviço por
até dez dias;
Anulação
V – o Comandante de Companhia e Pelotão destaca-
dos, dispensa de serviço por até três dias.
A anulação da punição consiste em tornar totalmente
sem efeito o ato punitivo, desde sua publicação, ouvido Ampliação, Restrição e Anulação
o Conselho de Ética e Disciplina da Unidade. A recompensa dada por uma autoridade pode ser
Na hipótese de comprovação de ilegalidade ou in- ampliada, restringida ou anulada por autoridade supe-
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

justiça, no prazo máximo de cinco anos da aplicação da rior, que motivará seu ato.
sanção, o ato punitivo será anulado. Quando o serviço ou ato meritório prestado pelo
A anulação da punição eliminará todas as anotações militar ensejar recompensa que escape à alçada de uma
nos assentamentos funcionais relativos à sua aplicação. autoridade, esta diligenciará a respectiva concessão pe-
São competentes para anular as sanções impostas rante a autoridade superior competente.
por elas mesmas ou por seus subordinados as mesmas
autoridades acima discriminadas. Regras para Concessão

A concessão das recompensas está subordinada às


seguintes prescrições:

23
I – só se registram nos assentamentos dos militares os Recebido o recurso disciplinar, a autoridade que
elogios e as notas meritórias obtidos no desempenho aplicou a sanção poderá reconsiderar a sua decisão, no
de atividades próprias das IMEs e concedidos ou ho- prazo de cinco dias, ouvido o CEDMU, se entender pro-
mologados por autoridades competentes; cedente o pedido, e, caso contrário, encaminhá-lo-á ao
II – salvo por motivo de força maior, não se conce- destinatário, instruído com os argumentos e documenta-
derá a recompensa de dispensa a discentes, durante ção necessários.
o período letivo, nem a militar, durante o período de A autoridade imediatamente superior proferirá deci-
manobras ou em situações extraordinárias; são em cinco dias úteis, explicitando o fundamento legal,
III – a dispensa de serviço é concedida por dias de vinte fático e a finalidade.
e quatro horas, contadas da hora em que o militar
começou a gozá-la. Processo Administrativo Disciplinar

A dispensa de serviço, para ser gozada fora da sede, A Comissão de Processo Administrativo-Disciplinar –
fica condicionada às mesmas regras da concessão de fé- CPAD – é destinada a examinar e dar parecer, mediante
rias previstas no EMEMG. processo especial, sobre a incapacidade de militar para
A comunicação disciplinar é a formalização escrita, permanecer na situação de atividade ou inatividade nas
assinada por militar e dirigida à autoridade competente, IMEs, tendo como princípios o contraditório e a ampla
acerca de ato ou fato contrário à disciplina. defesa.
A comunicação será clara, concisa e precisa, sem co- Será submetido a Processo Administrativo-Disciplinar
mentários ou opiniões pessoais, e conterá os dados que o militar, com no mínimo três anos de efetivo serviço,
permitam identificar o fato e as pessoas ou coisas envol- que:
vidas, bem como o local, a data e a hora da ocorrência. • vier a cometer nova falta disciplinar grave, se clas-
A comunicação deve ser a expressão da verdade, ca- sificado no conceito “C”;
bendo à autoridade a quem for dirigida encaminhá-la ao • praticar ato que afete a honra pessoal ou o decoro
acusado, para que, no prazo de cinco dias úteis, apresen- da classe, independentemente do conceito em que
te as suas alegações de defesa por escrito. estiver classificado.
A comunicação será apresentada no prazo de cinco
dias úteis contados da observação ou do conhecimento A CPAD será nomeada e convocada:
do fato. • pelo Comandante Regional ou autoridade com
A administração encaminhará a comunicação ao acu- atribuição equivalente;
sado mediante notificação formal para que este apre- • pelo Chefe do Estado–Maior, ou por sua determi-
sente as alegações de defesa no prazo improrrogável de nação;
cinco dias úteis. • pelo Corregedor da IME.
Queixa é a comunicação interposta pelo militar dire-
tamente atingido por ato pessoal que repute irregular A CPAD compõe-se de três militares de maior grau
ou injusto. hierárquico ou mais antigos que o submetido ao pro-
A apresentação da queixa será feita no prazo máximo cesso.
de cinco dias úteis, a contar da data do fato, e encami-
nhada por intermédio da autoridade a quem o querelan- Poderão compor a CPAD integrantes dos seguintes
te estiver diretamente subordinado. quadros:
Por decisão da autoridade superior e desde que haja • Quadro de Oficiais Policiais Militares – QOPM;
solicitação do querelante, este poderá ser afastado da • Quadro de Oficiais Bombeiros Militares – QOBM;
subordinação direta da autoridade contra quem formu- • Quadro de Oficiais Administrativos – QOA;
lou a queixa, até que esta seja decidida. • Quadro de Praças Policiais Militares – QPPM;
• Quadro de Praças Bombeiros Militares – QPBM.
Recurso Disciplinar
O oficial do QOPM ou QOBM, de maior posto ou mais
Interpor, na esfera administrativa, recurso disciplinar é antigo, será o presidente; o militar de menor grau hierár-
direito do militar que se sentir prejudicado, ofendido ou quico ou mais moderno, o escrivão; o que o preceder, o
injustiçado por qualquer ato ou decisão administrativa. interrogante e relator do processo.
Da decisão que aplicar sanção disciplinar caberá re- Fica impedido de atuar na mesma Comissão o militar
curso à autoridade superior, com efeito suspensivo, no que:
prazo de cinco dias úteis, contados a partir do primeiro • tiver comunicado o fato motivador da convocação
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

dia útil posterior ao recebimento da notificação pelo mi- ou tiver sido encarregado do inquérito policial-mi-
litar. litar, auto de prisão em flagrante ou sindicância
Da decisão que avaliar o recurso caberá novo recurso sobre o fato acusatório;
no prazo de cinco dias úteis. • tenha emitido parecer sobre a acusação;
O recurso disciplinar, encaminhado por intermédio da • estiver submetido a Processo Administrativo-Dis-
autoridade que aplicou a sanção, será dirigido à autori- ciplinar;
dade imediatamente superior àquela, por meio de peti- • tenha parentesco consanguíneo ou afim, em linha
ção ou requerimento, contendo os requisitos de exposi- ascendente, descendente ou colateral, até o 4°
ção do fato e do direito e as razões do pedido de reforma grau, com quem fez a comunicação ou realizou a
da decisão. apuração ou com o acusado.

24
Ficam sob suspeição para atuar na mesma Comissão A nulidade de um ato acarreta a de outros sucessivos
os militares que sejam inimigos ou amigos íntimos do acu- dele dependentes.
sado e tenham particular interesse na decisão da causa.
Havendo arguição de impedimento ou suspeição de Funcionamento do Processo
membro da CPAD, a situação será resolvida pela autori-
dade convocante. A CPAD, no funcionamento do processo, atenderá ao
A arguição de impedimento poderá ser feita a qual- seguinte:
quer tempo e a de suspeição até o término da primeira I – funcionará no local que seu presidente julgar me-
reunião, sob pena de decadência, salvo quando fundada lhor indicado para a apuração e análise do fato;
em motivo superveniente. II – examinará e emitirá seu parecer, no prazo de qua-
Não constituirá causa de anulação ou nulidade do renta dias, o qual, somente por motivos excepcio-
processo ou de qualquer de seus atos a participação de nais, poderá ser prorrogado pela autoridade con-
militar cuja suspeição não tenha sido arguida no prazo vocante, por até vinte dias;
legal, exceto em casos de comprovada má-fé. III – exercerá suas atribuições sempre com a totalida-
de de seus membros;
Peças Fundamentais do Processo
IV – marcará, preliminarmente, a reunião de instalação
São peças fundamentais do processo:
no prazo de dez dias, a contar da data de publica-
I – a autuação;
II – a portaria; ção da portaria, por meio de seu presidente, o qual
III – a notificação do acusado e de seu defensor, para a notificará o militar da acusação que lhe é feita, da
reunião de instalação e interrogatório; data, hora e local da reunião, com até quarenta e
IV – a juntada da procuração do defensor e, no caso de oito horas de antecedência, fornecendo-lhe cópia
insanidade mental, do ato de nomeação do seu cura- da portaria e dos documentos que a acompanham;
dor; V – a reunião de instalação terá a seguinte ordem:
V – o compromisso da CPAD; a) o presidente da Comissão prestará o compromisso,
VI – o interrogatório, salvo o caso de revelia ou deser- em voz alta, de pé e descoberto, com as seguin-
ção do acusado; tes palavras: “Prometo examinar, cuidadosamente,
VII – a defesa prévia do acusado; os fatos que me forem submetidos e opinar so-
VIII – os termos de inquirição de testemunhas; bre eles, com imparcialidade e justiça”, ao que, em
IX – as atas das reuniões da CPAD; idêntica postura, cada um dos outros membros
X – as razões finais de defesa do acusado; confirmará: “Assim o prometo”;
XI – o parecer da Comissão, que será datilografado ou b) o escrivão autuará todos os documentos apresen-
digitado e assinado por todos os membros, que rubri- tados, inclusive os oferecidos pelo acusado;
carão todas as suas folhas. c) será juntada aos autos a respectiva procuração
concedida ao defensor constituído pelo acusado;
O acusado e seu representante legal devem ser noti-
ficados para apresentar defesa prévia, sendo obrigatória VI – as razões escritas de defesa deverão ser apresen-
a notificação por edital quando o primeiro for declarado tadas pelo acusado ou seu procurador legalmente
revel ou não for encontrado. constituído, no prazo de cinco dias úteis, no final
A portaria acima referida conterá a convocação da da instrução;
Comissão e o libelo acusatório, sendo acompanhada do VII – se o processo ocorrer à revelia do acusado, ser-
Extrato dos Registros Funcionais – ERF – do acusado e -lhe-á nomeado curador pelo presidente;
dos documentos que fundamentam a acusação.
VIII – nas reuniões posteriores, proceder-se-á da se-
Quando o acusado for militar da reserva remunerada
guinte forma:
e não for localizado ou deixar de atender à notificação
a) o acusado e o seu defensor serão notificados, por
escrita para comparecer perante a CPAD, observar-se-ão
os seguintes procedimentos: escrito, com antecedência mínima de quarenta e
I – a notificação será publicada em órgão de divul- oito horas, exceto quando já tiverem sido intima-
gação na área do domicílio do acusado ou no órgão dos na reunião anterior, observado o interstício
oficial dos Poderes do Estado; mínimo de vinte e quatro horas entre o término de
II – o processo correrá à revelia, se o acusado não uma reunião e a abertura de outra;
atender à publicação no prazo de trinta dias; b) o militar que, na reunião de instalação, se seguir ao
III – será designado curador em favor do revel. presidente em hierarquia ou antiguidade procede-
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

rá ao interrogatório do acusado;
A nulidade do processo ou de qualquer de seus atos c) ao acusado é assegurado, após o interrogatório,
verificar-se-á quando existir comprovado cerceamento prazo de cinco dias úteis para oferecer sua defesa
de defesa ou prejuízo para o acusado, decorrente de ato, prévia e o rol de testemunhas;
fato ou omissão que configure vício insanável. d) o interrogante inquirirá, sucessiva e separadamen-
Os membros da CPAD manifestar-se-ão imediata- te, as testemunhas que a Comissão julgar necessá-
mente à autoridade convocante sobre qualquer nulidade rias ao esclarecimento da verdade e as apresenta-
que não tenham conseguido sanar, para que a autorida- das pelo acusado, estas limitadas a cinco, salvo nos
de convocante mande corrigir a irregularidade ou arqui- casos em que a portaria for motivada em mais de
var o processo. um fato, quando o limite máximo será de dez;

25
e) antes de iniciado o depoimento, o acusado poderá XXII – de cada sessão da Comissão o escrivão lavrará
contraditar a testemunha e, em caso de acolhimen- uma ata que será assinada por seus membros, pelo
to pelo presidente da Comissão, não se lhe deferirá acusado, pelo defensor e pelo curador, se houver.
o compromisso ou a dispensará nos casos previs-
tos no Código de Processo Penal Militar – CPPM; Na situação prevista de funcionar no local que seu
presidente julgar melhor indicado para a apuração e
IX – providenciará quaisquer diligências que entender análise do fato, a Comissão, atendendo a circunstâncias
necessárias à completa instrução do processo, até especiais de caso concreto e reconhecendo a possibili-
mesmo acareação de testemunhas e exames pe- dade de recuperar o acusado, poderá sugerir, ouvido o
riciais, e indeferirá, motivadamente, solicitação de CEDMU.
diligência descabida ou protelatória; Se, no prazo estabelecido no artigo, o militar cometer
X – tanto no interrogatório do acusado como na in- transgressão disciplinar, será efetivada a sua demissão.
quirição de testemunhas, podem os demais mem- O benefício a que se refere este artigo será concedido
bros da Comissão, por intermédio do interrogante apenas uma vez ao mesmo militar.
e relator, perguntar e reperguntar; Quando forem dois ou mais os acusados por faltas
XI – é permitido à defesa, em assunto pertinente à disciplinares conexas que justifiquem a instauração de
matéria, perguntar às testemunhas, por intermédio Processo Administrativo Disciplinar, adotar-se-á o princí-
do interrogante, e apresentar questões de ordem, pio da economia processual, com instalação de um único
que serão respondidas pela Comissão quando não processo.
implicarem nulidade dos atos já praticados; Quando os envolvidos forem de Unidades diferentes
XII – efetuado o interrogatório, apresentada a defe- dentro do mesmo sistema hierárquico, o Comandante da
sa prévia, inquiridas as testemunhas e realizadas Unidade de Direção Intermediária instaurará o Processo
as diligências deliberadas pela Comissão, o pre- Administrativo Disciplinar; quando não pertencerem ao
sidente concederá o prazo de cinco dias úteis ao mesmo sistema hierárquico, a instauração caberá ao Cor-
acusado para apresentação das razões escritas de regedor da IME.
defesa, acompanhadas ou não de documentos, Quando ocorrer a situação descrita neste artigo, o
determinando que se lhe abra vista dos autos, me- processo original ficar arquivado na pasta funcional do
diante recibo; militar mais graduado ou mais antigo, arquivando-se
XIII – havendo dois ou mais acusados, o prazo para também cópia do parecer e da decisão nas pastas dos
apresentação das razões escritas de defesa será demais acusados.
comum de dez dias úteis; A qualquer momento, surgindo diferenças significati-
XIV – se a defesa não apresentar suas razões escritas, vas na situação pessoal dos acusados, poderá ocorrer a
tempestivamente, novo defensor será nomeado, separação dos processos, aproveitando–se, no que cou-
mediante indicação pelo acusado ou nomeação ber, os atos já concluídos.
pelo presidente da Comissão, renovando-se-lhe o Surgindo fundadas dúvidas quanto à sanidade mental
prazo, apenas uma vez, que será acrescido ao tem- do acusado, o processo será sobrestado pela autoridade
po estipulado para o encerramento do processo; convocante que, mediante fundamentada solicitação do
XV – findo o prazo para apresentação das razões es- presidente, encaminhará o militar à Junta Central de Saú-
critas de defesa, à vista das provas dos autos, a de – JCS –, para realização de perícia psicopatológica.
Comissão se reunirá para emitir parecer sobre a Confirmada a insanidade mental, o processo não po-
procedência total ou parcial da acusação ou sua derá prosseguir, e a autoridade convocante determinará
improcedência, propondo as medidas cabíveis en- seu encerramento, arquivando-o na pasta funcional do
tre as previstas no Código de Ética; acusado para futuros efeitos e remetendo o respectivo
XVI – na reunião para deliberação dos trabalhos da laudo à Diretoria de Recursos Humanos para adoção de
Comissão, será facultado ao defensor do acusa- medidas decorrentes.
do assistir à votação, devendo ser notificado pelo
menos quarenta e oito horas antes da data de sua Decisão
realização;
XVII – o parecer da Comissão será posteriormente Encerrados os trabalhos, o presidente remeterá os
redigido pelo relator, devendo o membro vencido autos do processo ao CEDMU, que emitirá o seu pare-
fundamentar seu voto; cer, no prazo de dez dias úteis, e encaminhará os autos
XVIII – as folhas do processo serão numeradas e ru- do processo à autoridade convocante, que proferirá, nos
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

bricadas pelo escrivão, inutilizando-se os espaços limites de sua competência e no prazo de dez dias úteis,
em branco; decisão fundamentada, que será publicada em boletim,
XIX – os documentos serão juntados aos autos me- concordando ou não com os pareceres da CPAD e do
diante despacho do presidente; CEDMU:
XX – as resoluções da Comissão serão tomadas por I – recomendando sanar irregularidades, renovar o
maioria de votos de seus membros; processo ou realizar diligências complementares;
XXI – a ausência injustificada do acusado ou do de- II – determinando o arquivamento do processo, se
fensor não impedirá a realização de qualquer ato considerar improcedente a acusação;
da Comissão, desde que haja um defensor nomea- III – aplicando, agravando, atenuando ou anulando
do pelo presidente; sanção disciplinar, na esfera de sua competência;

26
IV – remetendo o processo à Justiça Militar ou ao Mi- Funcionamento
nistério Público, se constituir infração penal a ação do
acusado; Recebida qualquer documentação para análise, o
V – opinando, se cabível, pela reforma disciplinar CEDMU lavrará termo próprio, o qual será seguido de
compulsória; parecer destinado ao Comandante da Unidade, explici-
VI – opinando pela demissão. tando os fundamentos legal e fático e a finalidade, bem
como propondo as medidas pertinentes ao caso.
Os autos que concluírem pela demissão ou reforma O CEDMU atuará com a totalidade de seus membros
disciplinar compulsória de militar da ativa serão encami- e deliberará por maioria de votos, devendo o membro
nhados ao Comandante-Geral para decisão. vencido justificar de forma objetiva o seu voto.
O Comandante-Geral poderá conceder o benefício da A votação será iniciada pelo militar de menor posto
suspensão da demissão pelo período de um ano, caso ou graduação ou pelo mais moderno, sendo que o presi-
o militar tenha sido submetido a processo com base no dente votará por último.
número I. Após a conclusão e o encaminhamento dos autos de
Se, ao examinar o parecer, a autoridade julgadora procedimento administrativo à autoridade delegante,
verificar a existência de algum fato passível de medida e havendo em tese prática de transgressão disciplinar,
penal ou disciplinar que atinja militar que não esteja sob serão remetidos os documentos alusivos ao fato para o
seu comando, fará a remessa de cópias das respectivas CEDMU.
peças à autoridade competente. O militar que servir fora do município-sede de sua
A autoridade que convocar a CPAD poderá, a qual- Unidade, ao ser comunicado disciplinarmente, será no-
quer tempo, tornar insubsistente a sua portaria, sobres- tificado por seu chefe direto para a apresentação da de-
tar seu funcionamento ou modificar sua composição, fesa escrita.
motivando administrativamente seu ato. É facultado ao militar comparecer à audiência do
A modificação da composição da CPAD é permitida CEDMU.
apenas quando indispensável para assegurar o seu nor- Havendo discordância entre o parecer do CEDMU e a
mal funcionamento. decisão do Comandante da Unidade, toda a documenta-
O Comandante-Geral poderá modificar motivada- ção produzida será encaminhada ao comando hierárqui-
mente as decisões da autoridade convocante da CPAD, co imediatamente superior, que será competente para
quando ilegais ou flagrantemente contrárias às provas decidir sobre a aplicação ou não da sanção disciplinar.
dos autos. A classificação de conceito obedecerá ao previsto
neste Código, a partir de sua vigência.
Conselho de Ética e Disciplina Militares da Unidade Os prazos previstos neste Código são contínuos e pe-
remptórios, salvo quando vencerem em dia em que não
O Conselho de Ética e Disciplina Militares da Unidade houver expediente na IME, caso em que serão considera-
– CEDMU – é o órgão colegiado designado pelo Coman- dos prorrogados até o primeiro dia útil imediato.
dante da Unidade, abrangendo até o nível de Companhia A contagem do prazo inicia-se no dia útil seguinte ao
Independente, com vistas ao assessoramento do Coman- da prática do ato.
do nos assuntos de que trata este Código. A não interposição de recurso disciplinar no momen-
O CEDMU será integrado por três militares, superiores to oportuno implicará aceitação da sanção, que se torna-
hierárquicos ou mais antigos que o militar cujo procedi- rá definitiva.
mento estiver sob análise, possuindo caráter consultivo. A CPAD não admitirá em seus processos a reabertura
Poderá funcionar na Unidade, concomitantemente, de discussões em torno do mérito de punições definitivas.
mais de um CEDMU, em caráter subsidiário, quando o A forma de apresentação do recurso disciplinar não
órgão colegiado previamente designado se achar impe- impedirá seu exame, salvo quando houver má-fé.
dido de atuar. Contados da data em que foi praticada a transgres-
A qualquer tempo, o Comandante da Unidade poderá são, a ação disciplinar prescreve em:
substituir membros do Conselho, desde que haja impedi- • cento e vinte dias, se transgressão leve;
mento de atuação ou suspeição de algum deles. • um ano, se transgressão média;
A Unidade que não possuir os militares que preen- • dois anos, se transgressão grave.
cham os requisitos previstos no Código de Ética solici-
tará ao escalão superior a designação dos membros do O Governador do Estado poderá baixar normas com-
CEDMU. plementares para a aplicação do Código de Ética.
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

Tratando-se de punição a ser aplicada pela Correge- Os militares da reserva remunerada sujeitam-se às
doria da IME, esta ouvirá o CEDMU da Unidade do militar transgressões disciplinares.
faltoso. Para os fins de competência para aplicação de sanção
O integrante do CEDMU será designado para um pe- disciplinar, são equivalentes à graduação de Cadete as
ríodo de seis meses, permitida uma recondução. referentes aos alunos do Curso Especial de Formação de
Após o interstício de um ano, contado do término do Oficiais ou do Curso de Habilitação de Oficiais.
último período de designação, o militar poderá ser nova- Decorridos cinco anos de efetivo serviço, a contar da
mente designado para o CEDMU. data da publicação da última transgressão, o militar sem
nenhuma outra punição terá suas penas disciplinares
canceladas automaticamente.

27
As punições canceladas serão suprimidas do registro
de alterações do militar, proibida qualquer referência a RESOLUÇÃO CONJUNTA Nº 4.220, DE
elas, a partir do ato de cancelamento. 28/06/2012 - MANUAL DE PROCESSOS E
Após dois anos de sua transferência para a inativida- PROCEDIMENTOS ADMINISTRATIVOS DAS
de, o militar classificado no conceito “C” será automati- INSTITUIÇÕES MILITARES DO ESTADO DE
camente reclassificado. MINAS GERAIS (MAPPA). PUBLICADA NA
O militar que presenciar ou tomar conhecimento de SEPARATA DO BGPM Nº 49, DE 03/07/2012.
ato ou fato contrário à moralidade ou à legalidade pra-
ticado por outro militar mais antigo ou de maior grau
hierárquico poderá encaminhar relatório reservado e Art. 1º. Fica aprovado e reconhecido como Trabalho
fundamentado à autoridade imediatamente superior ou Técnico- Profissional o Manual de Processos e Proce-
órgão corregedor das IMEs, contendo inclusive meios dimentos Administrativos das Instituições Militares do
para demonstrar os fatos, ficando-lhe assegurado que Estado de Minas Gerais (MAPPA), haja vista ser obra de
nenhuma medida administrativa poderá ser aplicada em interesse para as atividades da PMMG e do CBMMG,
seu desfavor. da autoria dos seguintes oficiais: Cel PM Hebert Fer-
A comunicação infundada acarretará responsabilida- nandes Souto Silva, Cel BM Cláudio Vinício Serra Tei-
de administrativa, civil e penal ao comunicante. xeira, Cel PM Eduardo César Reis, Cel PM QOR Valter
A autoridade que receber o relatório, quando não lhe Braga do Carmo, Ten-Cel PM Nerivaldo Izidoro Ribei-
couber apurar os fatos, será dada o devido encaminha- ro, Ten-Cel PM Júlio Cézar Rachel de Paula, Ten-Cel
mento, sob pena de responsabilidade administrativa, civil BM Orlando José Silva, Maj PM Paulo Roberto de Me-
e penal. deiros, Maj PM Wanderlúcio Ferraz dos Santos, Maj
Ficam definidas as seguintes regras de aplicação dos PM Vitor Flávio Lima Martins, Maj PM Cláudio Márcio
dispositivos do Código de Ética, a partir de sua vigência: Pogianelo, Maj BM Cláudio Roberto de Souza, Cap PM
I – o militar que possuir registro de até uma deten- Luiz Otávio Vieira e Cap PM Maurício José de Oliveira.
ção em sua ficha funcional nos últimos cinco anos fica Art. 2º. A APM, por meio do Centro de Pesquisas e
classificado no conceito “A”; Pós-Graduação, deverá adotar as providências decor-
II – o militar que possuir registro de menos de duas rentes.
prisões em sua ficha funcional no período de um ano Art. 3º. Esta Resolução entra em vigor na PMMG e no
ou de até duas prisões em dois anos fica classificado CBMMG em 60 (sessenta) dias contados da data de
no conceito “B”, com zero ponto; sua publicação.
III – o militar que possuir registro de até duas prisões Art. 4º. Revogam-se as disposições em contrário, es-
em sua ficha funcional no período de um ano fica pecialmente:
classificado no conceito “B”, com vinte e cinco pontos I – na PMMG, a Resolução n. 3666/02–MAPPAD/PM;
negativos; Resolução n. 3880/06–PAE; as Decisões Administrati-
IV – o militar que possuir registro de mais de duas vas números 01 a 19, 21, 23, 24, 27, 29, 31, 34 a 39,
prisões em sua ficha funcional no período de um ano 42-CG; a Decisão Administrativa n. 37, somente a sua
fica classificado no conceito “C”, com cinquenta e um parte final no que se refere ao CEDMU; as Instruções
pontos negativos; de Recursos Humanos (IRH) números 212/01, 217/01,
V – as punições aplicadas anteriormente à vigência 234/02 e 310/04-DRH; as Instruções de Corregedoria
deste Código serão consideradas para fins de antece- números 01/05 e 02/09; o Boletim Técnico Informati-
dentes e outros efeitos inseridos em legislação espe- zado da DRH n. 01/10; os Ofícios Circulares DRH n.
cífica; 001/03 e n. 437/04;
VI – aplicam-se aos procedimentos administrativo- II – no CBMMG a Resolução n. 215/06–MATEPPAD;
-disciplinares em andamento a disposições do Código Resolução n. 284/08 (extinção do PAE);
de Ética, aproveitando-se os atos já concluídos;
VII – fica abolido o caderno de registros como instru-
mento de avaliação do oficial da PMMG e do CBMMG, INSTRUÇÃO CONJUNTA DE CORREGE-
ficando instituída a avaliação anual de desempenho e DORIAS N.º 01 (ICCPM/BM N.º 01/14) DE
produtividade. 03/02/14. ESTABELECE PADRONIZAÇÃO
SOBRE AS ATIVIDADES ADMINISTRATIVAS
Os casos omissos ou duvidosos, resultantes da apli- E DISCIPLINARES NO ÂMBITO DA PMMG
cação do Código de Ética, serão normatizados pelo Co- E CBMMG. (PUBLICADA NA SEPARATA DO
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

mandante-Geral, mediante atos publicados no Boletim BGPM Nº 12, DE 11/02/14).


Geral das IMEs ou equivalente no CBMMG.

Capítulo I
Das transgressões disciplinares

Art. 1º Transgressão disciplinar é toda ofensa concre-


ta aos princípios e deveres inerentes às atividades das
Instituições Militares Estaduais (IME), em sua manifes-
tação elementar e simples, objetivamente especificada

28
no Código de Ética e Disciplina dos Militares do Estado Direitos Humanos são todos os direitos que possuí-
de Minas Gerais (CEDM), distinguindo-se da infração mos, pelo simples fato de sermos seres humanos, que
penal, considerada violação dos bens juridicamente nos permitem viver com dignidade, assegurando, assim,
tutelados pelo Código Penal Militar (CPM) ou Comum. os nossos direitos fundamentais à vida, à igualdade, à se-
Art. 2º Durante o processamento da transgressão dis- gurança, à liberdade e à propriedade, dentre outros. Eles
ciplinar, a autoridade deverá considerar e aplicar os se positivam através das normas jurídicas nacionais e in-
institutos da simultaneidade e da conexão na prática ternacionais, tais como tratados, convenções, acordos ou
das transgressões, nos termos do Art. 21, II, do CEDM1, pactos internacionais, leis e constituições. Estes direitos
que determina apenas a 1 Art. 21 – São circunstâncias são universais, interdependentes e indivisíveis.
agravantes:[...] II – prática simultânea ou conexão de A ofensa à dignidade deve atingir a honra, o respeito,
duas ou mais transgressões; aplicação de circunstân- a moral ou o decoro da pessoa.
cias agravantes em relação à transgressão mais grave. Para se configurar a mencionada transgressão, deve
§ 1º São simultâneas as transgressões praticadas pelo haver a comprovação desta em qualquer processo dis-
mesmo militar, ao mesmo tempo e lugar. Por exemplo: ciplinar, desde que este observe os primados constitu-
o militar que, durante o serviço, esteja portando duas cionais do devido processo legal, da ampla defesa e do
armas de fogo em situação irregular, com o fardamen- contraditório.
to alterado e a barba por fazer. O processo disciplinar destinado à comprovação da
§ 2º São conexas as transgressões que estão intima- falta poderá originar-se, contudo, de procedimentos in-
mente ligadas entre si. Em suma, uma não existe vestigativos de natureza inquisitorial comum ou militar.
sem a outra ou não pode ser objeto de conhecimento A conduta pode também configurar crimes militares
perfeito, sem que também se tome conhecimento da previstos nos artigos 209 (lesão corporal), 222 (constran-
outra. Citam-se como exemplos os seguintes casos: gimento ilegal), 333 (violência arbitrária) do CPM e/ou
militar que, após chegar atrasado para uma chama- comuns, a exemplo de abuso de autoridade e tortura.
da, simula doença; o militar que falta ao serviço, a Além dos crimes, pode também constituir transgressão
fim de comparecer fardado a uma reunião de caráter disciplinar residual.
político-partidário; militar que, por estar embriagado, § 2º “II – concorrer para o desprestígio da respectiva
efetua disparo de arma de fogo. IME, por meio da prática de crime doloso devidamen-
Art. 3º Não se enquadra, em regra, como transgres- te comprovado em procedimento apuratório, que, por
sões conexas o fato do militar faltar a escalas de ser- sua natureza, amplitude e repercussão, afete grave-
viço subsequentes, devendo, neste caso, cada falta ser mente a credibilidade e a imagem dos militares”:
apurada individualmente em processos disciplinares É imprescindível a existência de condenação com
distintos. trânsito em julgado da sentença condenatória do acu-
Art. 4º A transgressão disciplinar de natureza mais sado, por crime doloso, para a configuração dessa trans-
grave será considerada a principal, e se existirem duas gressão.
ou mais transgressões de mesma natureza, conside- Destarte, a conduta do militar que constitua crime,
rar-se-á principal aquela que for predominante no comum ou militar, e esteja ainda pendente de senten-
caso concreto. ça penal condenatória transitada em julgado, para que
constitua transgressão disciplinar, deverá se amoldar a
Seção I outro tipo transgressivo constante dos artigos 13, 14 ou
Das transgressões disciplinares de natureza grave 15 do CEDM.
A aplicação do referido inciso deve ser evitada, a fim
Art. 5º As transgressões disciplinares de natureza de se afastar futuros questionamentos administrativos
grave são assim descritas nos incisos do artigo 13 do ou judiciais.
CEDM: § 3º “III – faltar, publicamente, com o decoro pessoal,
§ 1º “I – praticar ato atentatório à dignidade da pessoa dando causa a grave escândalo que comprometa a
ou que ofenda os princípios da cidadania e dos direitos honra pessoal e o decoro da classe”:
humanos, devidamente comprovado em procedimen- Para a configuração dessa transgressão, não há ne-
to apuratório”: cessidade de que o fato ocorra em local público, uma
vez que a publicidade exigida para que se configure a
O ato atentatório há de ser em desfavor da dignidade falta diz respeito ao comprometimento do decoro pes-
de pessoa determinada ou de forma que venha a ofender soal, aqui entendido como um sentimento de decência
os princípios de direitos humanos ou da cidadania, pre- particular.
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

vistos na Constituição da República de 1988, em especial O grave escândalo deve ser compreendido como
nos artigos 1º e 5º, em Tratados e Convenções dos quais algo marcantemente negativo, um fato repreensível, uma
o Brasil é signatário, bem como em legislação infracons- situação vergonhosa, perniciosa, cometida pelo trans-
titucional. gressor.
A Diretriz para Produção de Serviços de Segurança É necessário que tal conduta saia da normalidade e
Pública (DPSSP) n. 3.01.05/2010-CG, que regula a atua- que tenha repercussão, mesmo que restrita apenas ao
ção da PMMG segundo a filosofia dos Direitos Humanos, público interno, não carecendo de divulgação pela mídia.
estabeleceu o seguinte conceito como padrão na Educa- Há ainda, para se configurar a presente transgressão,
ção Policial Militar: a precípua necessidade do comprometimento da honra
pessoal e do decoro da classe.

29
A honra pessoal é o sentimento de dignidade própria, Para a configuração do tipo acima, deve o militar en-
com o apreço e o respeito de que é objeto ou se torna contrar-se em qualquer uma das seguintes hipóteses, as
merecedor o indivíduo, perante os concidadãos. A pro- quais podem ou não ser concomitantes:
posta dessa expressão é que o sentimento e o respeito 1) em serviço;
afetados por aquela transgressão devem se manifestar 2) fardado, mesmo que de folga;
em relação aos militares e/ou civis que presenciaram, ou 3) qualquer situação (mesmo que de folga e em tra-
de qualquer modo, tomaram ciência do fato considerado jes civis) que cause escândalo, não necessitando de
como desabonador. grande repercussão;
Decoro da classe é a repercussão do valor dos indi- 4) qualquer situação que coloque em perigo o trans-
víduos e classes profissionais, não se tratando do valor gressor ou outra pessoa (militar ou civil).
da organização apenas, mas também da classe de indi-
víduos que a compõem. Ausente uma ou mais elemen- Para o cometimento dessa transgressão, basta que o
tares na conduta adotada, a transgressão disciplinar em militar apresente qualquer sinal de embriaguez (como,
epígrafe não poderá ser aplicada, haja vista o fato ser por exemplo, voz enrolada, hálito etílico, andar camba-
considerado atípico em relação ao art. 13, inciso III, do leante, alteração de humor etc.).
CEDM, podendo, entretanto, se amoldar a um outro tipo A conduta poderá, também, configurar o crime militar
transgressivo, conforme o caso. previsto no art. 202 do COM (embriaguez em serviço) ou
Nos termos dos artigos 34, II, e 64, II, do CEDM, inde- constituir transgressão disciplinar residual.
pendentemente do conceito em que estiver classificado § 7º “VII – praticar ato violento, em situação que não
o militar, a conduta por este adotada, que afetar a honra caracterize infração penal”:
pessoal ou o decoro da classe, constitui motivo para sua Em que pese ser de difícil caracterização, uma vez que
submissão a PAD ou PADS. Embora o teor dos incisos quase todos os atos violentos, por si só, configuram ilí-
em destaque em muito se assemelha à previsão do art. citos penais (a exemplo do constrangimento ilegal, lesão
13, III, do CEDM, ressalta-se que nem todo militar que corporal, vias de fato, crimes contra a honra, homicídio,
se enquadrar nesse último será submetido a PAD/PADS.
dano, insubordinação, entre outros), a transgressão em
§ 4º “IV – exercer coação ou assediar pessoas com as
análise abarca as situações em que o militar manifesta,
quais mantenha relações funcionais”:
de forma violenta, seus gestos e opiniões, sem, contudo,
A coação constitui uma forma de constrangimento e
cometer um crime ou contravenção penal.
de violência, podendo ser praticada física (material) ou
Como exemplos, citam-se: um murro sobre a mesa;
moralmente, pelo superior ou subordinado.
golpes contra viaturas e outros tipos de equipamentos;
O assédio (sexual ou moral) caracteriza-se pelo cons-
xingamento indiscriminado em alto tom, dentre outros.
trangimento, por meio de ameaças, insinuações, pro-
postas e até mesmo de insistentes questionamentos Noutra interpretação, pode-se caracterizar tal trans-
praticados por militares (superiores, pares ou mesmo gressão quando o militar se utiliza, indevidamente, de
subordinados) entre si, ou por militares em desfavor de violência (por exemplo, força física desnecessária) contra
servidores civis com quem mantenham relação funcional. alguém que não esteja praticando uma infração penal
Relações funcionais não significam necessariamente (crime ou contravenção penal).
trabalhar na mesma Seção ou Unidade, mas se caracteri- O que se tutela nessa diferente interpretação é que o
zam em razão da atividade profissional, ainda que eventual. ato praticado pelo militar, mesmo que considerado vio-
A conduta pode também configurar crimes, tanto na lento, deve ser o necessário para vencer ou diminuir uma
esfera militar - contra a Autoridade ou Disciplina Militar, injusta reação ou agressão, pois caso o militar pratique
contra a Administração Militar, contra a honra – quanto um ato violento, sem justa causa, em face de uma pessoa
na esfera comum, como o próprio assédio sexual. Além que não está cometendo uma infração penal, estará con-
dos crimes, pode também constituir transgressão disci- figurada a transgressão em lide.
plinar residual. § 8º “VIII – divulgar ou contribuir para a divulgação de
§ 5º “V – ofender ou dispensar tratamento desrespei- assunto de caráter sigiloso de que tenha conhecimen-
toso, vexatório ou humilhante a qualquer pessoa”: to em razão do cargo ou função”:
As condutas vedadas, aduzidas no tipo, atentam con- A presente transgressão trata-se da violação de sigilo
tra a honra de qualquer pessoa, independente da exis- funcional do militar que deva, especialmente em situa-
tência de vínculo funcional entre os envolvidos. ções que redundem em cautela para com informações
Considerando o caso concreto e a possibilidade apa- e documentos classificados como sigilosos, guardar se-
rente de conflito desse tipo com o art. 13, inciso I, do gredo daquilo que de qualquer modo saiba ou tenha
CEDM, prevalecerá o mais específico, não podendo os presenciado.
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

dois coexistirem num mesmo fato transgressivo . Agregada a tal conduta deve-se observar a situação
A conduta pode também configurar crime militar funcional do militar, ou o cometimento da transgressão
contra a pessoa, bem como crime comum de abuso de em razão desta, que divulgue ou contribua para a divul-
autoridade - e até de tortura - ou constituir transgressão gação de assunto de caráter sigiloso.
disciplinar residual. O verbo “divulgar” ou a expressão “contribuir para
§ 6º “VI – apresentar-se com sinais de embriaguez al- a divulgação” são condutas taxativas, ou seja, somente
coólica ou sob efeito de outra substância entorpecen- pode o militar ser responsabilizado pela presente trans-
te, estando em serviço, fardado, ou em situação que gressão disciplinar, se praticar uma ou as duas condutas
cause escândalo ou que ponha em perigo a segurança descritas nos dois termos descritos.
própria ou alheia”:

30
A conduta pode também configurar crimes milita- § 11. “XI – maltratar ou permitir que se maltrate o pre-
res previstos no art. 324 e/ou 326 do CPM, ou constituir so ou a pessoa apreendida sob sua custódia ou deixar
transgressão disciplinar residual. de tomar providências para garantir sua integridade
§ 9º “IX – utilizar-se de recursos humanos ou logísticos física”:
do Estado ou sob sua responsabilidade para satisfazer Para configuração da presente transgressão, não há
a interesses pessoais ou de terceiros”: necessidade de haver lesão corporal ou qualquer outro
Para a configuração da presente transgressão, há ne- resultado na pessoa presa ou apreendida, não reque-
cessidade de que a utilização do recurso público, ou sob rendo nenhum outro resultado específico, a não ser a
a responsabilidade do Estado, seja para atender a inte- conduta ilícita de maltratar ou permitir que se maltrate
resses pessoais ou de terceiros. Não estando presente tal o indivíduo. É o caso, por exemplo, do comandante de
interesse, não há que se invocar a presente transgressão. guarnição que assiste, passivamente, ao subordinado
Para sua configuração, não há necessidade da ocor- agredir a pessoa presa, apreendida, ou sob sua custódia.
rência de vantagem pessoal ou de terceiro, basta que a Em relação à conduta de deixar de tomar providên-
utilização dos meios logísticos tenha por finalidade a sa- cia que garanta a integridade física do preso ou pessoa
tisfação de interesse pessoal ou de terceiro. sob a custódia de militar, deve-se levar em consideração
Destaca-se, ainda, que a utilização dos recursos esta- a exigibilidade de conduta diversa por parte do militar,
tais ou sob a responsabilidade da Administração Pública pois se este não reunir condições (de segurança, por
há de ser indevida, imoral, ou mesmo, ímproba. exemplo) para evitar que se maltrate o custodiado, não
Comparando-se a transgressão acima com a do art. restará configurada a presente transgressão.
13, inciso XIX, do CEDM, prevalecerá a mais específica. A conduta pode também configurar crimes militares
Não podem coexistir ambas num mesmo fato transgres- previstos nos artigos 181 (arrebatamento de presos), 222
sivo. (constrangimento ilegal) e 333 (violência arbitrária) do
A conduta pode também configurar crimes previstos CPM, bem como crimes comuns de abuso de autoridade
no CPM, relacionados com desvios de recursos e obten- ou mesmo tortura, além de poder ainda constituir trans-
ção de vantagem indevida, além de atos de improbidade gressão disciplinar residual.
administrativa, ou pode também constituir transgressão § 12. “XII – referir-se de modo depreciativo a outro mi-
disciplinar residual. litar, a autoridade e a ato da administração pública”:
§ 10. “X – exercer, em caráter privado, quando no A depreciação tem o sentido de diminuição de valor,
serviço ativo, diretamente ou por interposta pessoa, de desconsideração e de desrespeito para com outro mi-
atividade ou serviço cuja fiscalização caiba à Polícia litar (mesmo que subordinado) ou autoridade (qualquer
Militar ou ao Corpo de Bombeiros Militar ou que se uma, mesmo as civis).
desenvolva em local sujeito à sua atuação”: No caso da depreciação a outro militar, esta pode
A presente transgressão se amolda aos típicos casos ser exteriorizada por qualquer meio, a exemplo da carta
em que o militar, em caráter privado (remunerado ou anônima, blog, mensagem de e-mail, SMS, redes sociais
não), atue em atividade ou serviço de responsabilidade ou também oralmente.
ou fiscalização das IME, como, por exemplo: fiscal do Em relação a ato da Administração Pública, têm-se
meio ambiente, guarda de trânsito urbano ou rodoviá- como exemplos, desde que contenham sentido pejora-
rio, elaboração de projetos de prevenção e combate a tivo ou que indiquem circunstâncias indevidas, imper-
tinentes e/ou desproporcionais, as referências contra a
incêndio e pânico, instrutor na formação de brigadista ou
concessão de um reajuste salarial, alterações no plano
bombeiro civil, como brigadista ou bombeiro civil, ou em
de carreira, alteração do horário de expediente, além de
outra situação congênere.
mudanças nas regras de aposentadoria.
O exercício de atividade ou serviço em lugar sujeito à
Comparando-se a presente transgressão com as do
atuação das IME se refere à situação de segunda ativida-
art. 13, incisos I e V, do CEDM, prevalecerá a mais espe-
de (“bico”) desenvolvida em lugar ou ambiente onde as
cífica. Ademais, não podem coexistir ambas num mesmo
IME podem atuar no exercício de sua missão constitucio-
fato transgressivo.
nal. Nessa hipótese se enquadram o exercício da ativida- A conduta pode também configurar crimes previstos
de de transporte clandestino de pessoas e/ou carga e de no CPM (a exemplo dos que recaem contra a Autorida-
segurança privada armada ou não. de ou Disciplina Militar e a honra), crime comum contra a
O exercício do “bico” de segurança em estabeleci- honra, ou ainda constituir transgressão disciplinar residual.
mentos comerciais e industriais, boates, casas de espetá- § 13. “XIII – autorizar, promover ou tomar parte em
culos, restaurantes, farmácias, padarias, supermercados, manifestação ilícita contra ato de superior hierárquico
agências prestadoras de serviço, condomínios abertos e ou contrário à disciplina militar”:
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fechados ou outros locais congêneres, ainda que o mili- Os três verbos do período acima representam as for-
tar se encontre à paisana, de folga, férias, dispensado ou mas de se cometer a referente transgressão, sendo, por-
licenciado médico, caracteriza a transgressão disciplinar. tanto, condutas taxativas e exaurientes.
Os demais casos de segunda atividade remunerada A manifestação há de ser ilegal, não autorizada, clan-
se amoldam à transgressão capitulada no art. 14, XIX, destina e sempre em desfavor de qualquer ato de supe-
do CEDM, embora nem toda atividade paralela deva ser rior hierárquico, ou contrário à disciplina militar.
considerada uma conduta antiética ou infracional, de- A conduta pode também configurar crimes previstos
vendo a autoridade militar competente avaliar, no caso no CPM (a exemplo dos que recaem contra a Autorida-
concreto, a incompatibilidade, assiduidade, absenteísmo de ou Disciplina Militar), ou ainda constituir transgressão
e o prejuízo para o serviço militar. disciplinar residual.

31
§ 14. “XIV – agir de maneira parcialou injusta quando ração raspada/adulterada/sem numeração, tráfico, con-
da apreciação e avaliação de atos, no exercício de sua trabando, descaminho, furto, roubo, peculato, recepta-
competência, causando prejuízo ou restringindo direi- ção etc), servir de motivação para sua submissão a PAD/
to de qualquer pessoa”: PADS, com fulcro no art. 64, II (ou 34, II), do CEDM.
Além da ação de maneira parcial ou injusta, para que A conduta pode também configurar crimes previstos
se configure a transgressão, requer-se uma conduta com no art. 319 (prevaricação) e/ou 322 (condescendência
resultado certo e determinado, ou seja, a ocorrência de criminosa) do CPM, ou ainda constituir transgressão dis-
prejuízo (econômico ou não) ou restrição de direito de ciplinar residual.
qualquer pessoa (inclusive civil). § 17. “XVII – negar publicidade a ato oficial”: Um dos
Não havendo o resultado ou sendo a conduta in- princípios norteadores do processo e dos atos adminis-
terrompida antes que haja a produção do resultado, a trativos é o da publicidade, descrito no caput do art.
conduta poderá, conforme o caso, constituir-se em outra 37 da CRFB, que se materializa pela publicação do ato
transgressão disciplinar, a exemplo da prevista no art. 14, em Boletim ou Diário Oficial, para conhecimento do
II, do CEDM, ou poderá ainda ser atípica. público em geral. A regra, pois, é que a publicidade
§ 15. “XV – dormir em serviço”: O tipo é claro e obje- somente poderá ser excepcionada quando a defesa da
tivo, não bastando para sua configuração nenhuma intimidade ou interesse social o exigirem.
outra conduta que não a de dormir, mesmo que em Amolda-se à conduta, por exemplo, o militar que
um estado leve de sono. nega a publicidade de atos sobre licitações e contratos
Dependendo das circunstâncias em que o militar for administrativos. Ressalta-se que a negativa de publicida-
surpreendido dormindo em serviço, a conduta poderá de há de ser imotivada, pois, caso contrário, não incide a
configurar, também, o crime militar previsto no art. 203 presente transgressão.
do CPM (dormir em serviço), o qual requer, como ele- § 18. “XVIII – induzir ou instigar alguém a prestar de-
mentar, a situação de estar o militar no serviço de senti- claração falsa em procedimento penal, civil ou admi-
nela, vigia ou, ainda, outra situação prevista no referido nistrativo ou ameaçá-lo para que o faça”:
dispositivo legal. Visa a referida transgressão preservar a prova, para
Por isso, infere-se que a transgressão disciplinar cons- a busca da verdade real. Seu cometimento dar-se-á por
titui-se numa conduta muito mais ampla do que o cri- meio do induzimento, instigação ou ameaça, ao propósi-
me militar, bastando, pois, para sua configuração, que o to de que qualquer pessoa (testemunha, vítima, coautor
transgressor esteja em qualquer situação de serviço, tais ou partícipe) preste declaração falsa em procedimento
como: durante instrução e expediente de serviço, salvo penal, civil ou administrativo.
em situações devidamente autorizadas. “Induzir” significa suscitar, fazer surgir uma ideia ine-
Devido às circunstâncias que envolvem o ato de dor- xistente; “instigar”; significa animar, estimular, reforçar
mir, sugere-se, sempre que possível, além do militar que uma ideia existente. “Ameaçar” trata-se de prometer, os-
se deparar com a situação, que outros meios de provas tensiva ou veladamente, um mal injusto, capaz de incutir
sejam produzidos para evidenciar a conduta transgressi- medo em alguém.
va (ex: filmagem, foto, acionamento de testemunhas etc). Caso o induzimento ou a instigação de testemunha
§ 16. “XVI – retardar ou deixar de praticar, indevida- se dê por meio de dinheiro ou qualquer outra vantagem,
mente, ato de ofício”: Retardar quer dizer fazer com a conduta poderá também se caracterizar como crime
atraso, adiar, tornar mais lento. Nessa circunstância, previsto no art. 347 do CPM (corrupção ativa de testemu-
o transgressor pratica o ato de ofício fora de um lapso nha, perito ou intérprete). Já no caso de ameaça, poderá
temporal razoável. também configurar o crime descrito no art. 342 do COM
Deixar de praticar significa dizer que o transgressor (coação). Em qualquer dos dois casos, pode ainda consti-
foi omisso, não agiu quando assim deveria fazê-lo. tuir transgressão disciplinar residual.
A expressão “indevidamente” deve ser entendida § 19. “XIX – fazer uso do posto ou da graduação para
como falta de amparo legal para retardar ou deixar de obter ou permitir que terceiros obtenham vantagem
praticar o ato de ofício. pecuniária indevida”:
O “ato de ofício” retrata um ato de dever funcional, A vantagem indevida pessoal ou de terceiro há de
obrigatório, que não carece, para sua realização, de ser pecuniária, ou seja, apreciável economicamente, não
determinação de autoridade, podendo-se citar como sendo, necessariamente, a vantagem em dinheiro.
exemplo os artigos 243 do Código de Processo Penal Mi- Para a configuração do tipo transgressivo em comen-
litar (CPPM) e 302 do Código de Processo Penal (CPP), to, não há necessidade de que o militar ou terceiro obte-
os quais estabelecem que as autoridades devam prender nha a vantagem pecuniária indevida, basta que o militar
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quem estiver em flagrante delito de infração penal. faça uso do posto ou da graduação com essa finalidade.
Considerando o caso concreto e a possibilidade apa- A conduta pode também configurar crimes militares
rente de conflito desse tipo com o art. 14, incisos III ou previstos no art. 308, § 2º (corrupção passiva privilegiada)
XV, do CEDM, prevalecerá o mais específico. ou 334 (patrocínio indébito) do CPM, ou ainda constituir
A transação, comércio, cessão, troca, empréstimo, transgressão disciplinar residual.
doação, porte e posse, de forma ilegal, de arma de fogo, § 20. “XX – faltar ao serviço”:
munição ou colete, além do eventual crime comum pre- Para a configuração da transgressão, o serviço para o
visto na Lei 10.826/03, importará ao militar responder qual o militar faltou deve estar previsto em escala anteci-
pela transgressão contida no tipo acima, podendo ainda, pada ou por ordem emanada por quem de direito.
conforme as circunstâncias do fato (ex: arma com nume-

32
Os artigos 14 e 15 da Lei n. 5.301/69, que contém 3. Desempenho insuficiente: refere-se ao cumprimen-
o Estatuto dos Militares do Estado de Minas Gerais to de atribuições ou ordens, de forma a não sa-
(EMEMG), asseveram que a função policial militar é exer- tisfazer por completo aquilo que fora previamente
cida por oficiais e praças da Polícia Militar, com a finalida- determinado. Para a ocorrência desse elemento,
de de preservar, manter e restabelecer a ordem pública deve preexistir uma atribuição determinada, que
e segurança interna, através das várias ações policiais ou seja objetivamente mal desempenhada;
militares, em todo o território do Estado. 4. Desconhecimento da missão: caracteriza-se pela
Nos mesmos dispositivos legais, assevera-se que, a falta de informações, por parte do militar, acerca
qualquer hora do dia ou da noite, na sede da Unidade ou da tarefa que lhe foi incumbida e da qual deveria
onde o serviço o exigir, o militar deve estar pronto para inteirar-se para o fiel e efetivo cumprimento;
cumprir a missão que lhe for confiada pelos seus supe- 5. Afastamento injustificado do local: configura-se
riores hierárquicos ou impostos pelas leis e regulamen- pela falta de razões plausíveis que possam escudar
tos. Por isso, a importância do cumprimento das escalas seu afastamento, sem autorização, do lugar onde
de serviço. deveria estar.Acrescenta-se que, dependendo da
No caso em que as faltas ao serviço ensejarem o crime situação, poderá configurar, também, o crime pre-
de deserção, além das providências de polícia judiciária visto no art. 195 CPM (abandono de posto);
militar dispostas no CPPM, o aspecto disciplinar residual 6. Procedimento contrário às normas legais, regula-
deverá ser apurado em sede de PAD/PADS, conforme se mentares e a documentos normativos, adminis-
depreende do art. 240-A do EMEMG, cuja instauração se trativos ou operacionais: é fundamental a identi-
dará com fulcro no art. 64, II (ou 34, II), c/c o art. 13, III, do ficação da norma violada como aquelas de cunho
CEDM, além de outros tipos transgressivos que poderão genérico, emanadas por meio de memorando, ofí-
surgir no caso concreto. cio circular, instrução ou outro documento interno
A ausência do militar ao treinamento policial/profis- correlato que, neste caso, deverá ser mencionado
sional básico (TPB) constituirá a presente transgressão, no termo de abertura de vista, para apresentação
de defesa.
posto que estará à disposição dessa atividade.
Aclara-se que comete a presente transgressão o mi-
§ 3º “III – deixar de cumprir ordem legal ou atribuir a
litar que falta à escala para o cumprimento da sanção de
outrem, fora dos casos previstos em lei, o desempenho
prestação de serviço (art. 24, III, do CEDM).
de atividade que lhe competir”:
A primeira conduta consiste na omissão em cumprir
Seção II
qualquer ordem (mesmo verbal) legal ou que não con-
Das transgressões disciplinares de natureza média trarie uma lei, norma ou princípios da Administração Pú-
blica.
Art. 6º As transgressões disciplinares de natureza mé- Para o cometimento da primeira figura transgressi-
dia são assim descritas nos incisos do artigo 14 do va, não há necessidade de que a ordem seja de natureza
CEDM: pessoal e direcionada a militar determinado, podendo
§ 1º “I – executar atividades particulares durante o ser, inclusive, aquelas de cunho genérico, emanadas por
serviço”; Tal transgressão decorre da prática de ato es- meio de memorando, ofício circular, instrução ou outro
tranho ao interesse do serviço, ou seja, revestindo-se documento interno correlato que, neste caso, deverá ser
de uma natureza ou finalidade eminentemente par- mencionado no termo de abertura de vista para apresen-
ticular e que não necessariamente traga prejuízo ao tação de defesa.
serviço público. Diferencia-se da transgressão contida no art. 14, II,
§ 2º “II – demonstrar desídia no desempenho das fun- do CEDM, posto que nesta o descumprimento da norma
ções, caracterizada por fato que revele desempenho está ligado ao desempenho das funções. Acrescenta-se
insuficiente, desconhecimento da missão, afastamen- que a ordem legal descumprida, no caso ora analisado,
to injustificado do local ou procedimento contrário às não necessariamente tem de estar respaldada em nor-
normas legais, regulamentares e a documentos nor- ma, bastando que não contrarie os princípios descritos
mativos, administrativos ou operacionais”: no art. 37 da CRFB/88,bem como outros que regem a
Para a configuração da transgressão em análise, é im- Administração Pública.
prescindível que seja demonstrada a desídia no exercício A conduta transgressiva de falta à instrução (sema-
funcional, caracterizada por fato que revele, pelo menos, nal, de tiro, de educação física ou outras), que seja parte
uma das quatro condutas descritas no tipo. do empenho previsto, não deve ser considerada falta ao
Nesses termos, devem estar presentes na conduta do serviço (art. 13, XX, do CEDM), mas sim descumprimento
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

militar todos os seus elementos constitutivos, a saber: de ordem, prevista no art. 14, III, do CEDM. Por sua vez, o
1. Conduta desidiosa. Desídia possui múltiplos signifi- atraso injustificado para a atividade se enquadra no art.
cados, dentre eles, preguiça, desleixo, inércia, des- 15, I, do CEDM.
caso, incúria, desatenção, negligência, indolência, A ausência do militar ao treinamento policial/profis-
apatia e outros; sional básico (TPB) constituirá a transgressão descrita no
2. A situação funcional caracterizada pelo “desempe- art. 13, XX, do CEDM, posto que ele estará à disposição
nho das funções”. No instante do cometimento da dessa atividade.
transgressão, deverá o militar estar de serviço ou A ausência do militar apenas à instrução pré-turno
deve a transgressão ser cometida em razão de sua constituirá a transgressão do art. 15, I, do CEDM, já que
função policial ou bombeiro militar; acarretará atraso ao serviço operacional.

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A segunda figura do tipo transgressivo consiste em te de arma de fogo de propriedade do militar e o porte
atribuir a outra pessoa (militar ou civil) tarefa, missão, de arma de fogo pertencente à IME, Notas Instrutivas
função ou cargo que lhe caiba, estando patente a in- ou outras normas que porventura vierem a disciplinar a
tenção do transgressor em se esquivar (evitar, fugir, até presente matéria, até mesmo o manual do fabricante, na
mesmo tentar ludibriar) de sua responsabilidade. ausência de norma editada pela instituição militar.
Considerando o caso concreto e a possibilidade apa- Trata-se de norma transgressiva em branco, cuja apli-
rente de conflito desse tipo com o art. 13, XVI ou art. 14, cação requer um complemento, ou seja, a indicação da
XV, do CEDM, prevalecerá o mais específico. norma técnica violada pelo militar, que deverá vir expres-
A conduta pode também configurar crimes militares sa na notificação para apresentação de defesa prévia e/
previstos nos artigos 149 (motim), 163 (recusa de obe- ou no termo de abertura de vista.
diência), 164 (oposição de ordem de sentinela), 196 (des- Como exemplos, podem-se citar: manuseio de ar-
cumprimento da missão) ou 301 (desobediência a ordem mamento fora do local apropriado; disparo acidental de
de autoridade militar) do CPM, ou ainda constituir trans- arma de fogo; acomodação irregular de coletes balísticos
gressão disciplinar residual. ou outros armamentos e equipamentos.
§ 4º “IV – assumir compromisso em nome da IME ou Ressalvado o disposto no art. 5º, §16º, desta Instru-
representá-la indevidamente”: ção, o descumprimento a qualquer preceito de instru-
O órgão de representação da IME é o Comando-Geral mento normativo interno, que regule a aquisição, regis-
e as demais unidades administrativas e operacionais das tro, cadastro, controle interno e porte de arma de fogo
Instituições são representadas por seus respectivos Co- de armamento da carga ou particular, de origem lícita,
mandantes, Diretores ou Chefes. Somente mediante ex- configura-se a transgressão em comento.
pressa autorização da autoridade competente, poderão A conduta pode também configurar crimes previstos
outros oficiais e praças assumir compromisso em nome na Lei n. 10.826/03, em especial, nos artigos 13 (omissão
da Instituição ou representá-la para determinado fim. de cautela) ou 15 (disparo de arma de fogo), ou ainda
O compromisso e a representação mencionados na constituir transgressão disciplinar residual.
transgressão referem-se às situações em que a IME ou § 7º “VII – faltar com a verdade, na condição de tes-
Unidade é representada por algum militar que não pos- temunha, ou omitir fato do qual tenha conhecimento,
sua legitimidade para tal. assegurado o exercício constitucional da ampla defe-
Não necessita, para sua configuração, da presença de sa”:
nenhum resultado que crie ou não assegure direitos ou É uma transgressão própria, uma vez que somente a
obrigações, bastando o compromisso ou a representa- testemunha pode cometê-la.
ção indevida da Instituição. Pode ser manifesta de duas maneiras distintas, sendo
A conduta pode também configurar crimes militares a primeira a praticada pela mentira ou inverdade e, a se-
previstos no art. 167 (assunção de comando sem ordem gunda, pela omissão de fato de que tenha conhecimento.
ou autorização) ou 335 (usurpação de função) do CPM O dever de dizer a verdade, na condição de testemu-
ou ainda constituir transgressão disciplinar residual. nha, abarca inclusive as situações em que o militar presta
§ 5º “V – usar indevidamente prerrogativa inerente a o falso testemunho em processos de qualquer natureza.
integrante das IME”: Para a correta imputação da falta, deve-se propiciar à
A aludida transgressão se refere, por exemplo, às si- testemunha o direito constitucional à ampla defesa, con-
tuações em que o militar se faz passar por grau hierár- traditório e o consequente devido processo legal, pre-
quico ou função que não possui, tais como Comandante, ferencialmente em autos apartados, nos quais figurará
Coordenador, Sentinela, e até mesmo por algum encargo como acusado e não mais como testemunha.
do qual não foi legitimamente investido. A conduta pode também configurar crime previsto no
Para a configuração da transgressão, não há a neces- art. 346 do CPM ou no art. 342 do CP (falso testemunho
sidade de se auferir qualquer vantagem. ou falsa perícia) ou ainda constituir transgressão discipli-
A conduta pode também configurar crimes militares nar residual.
previstos nos artigos 167 (assunção de comando sem § 8º “VIII – deixar de providenciar medida contra ir-
ordem ou autorização), 171 (uso indevido de uniforme, regularidade de que venha a tomar conhecimento ou
distintivo ou insígnia), ou 335 (usurpação de função) do esquivar-se de tomar providências a respeito de ocor-
CPM ou ainda constituir transgressão disciplinar residual. rência no âmbito de suas atribuições”:
§ 6º “VI – descumprir norma técnica de utilização e Cuida a presente transgressão da importância de se
manuseio de armamento ou equipamento”: manter o dever funcional de agir ou tomar as providên-
Constitui-se a falta na inobservância à norma espe- cias pertinentes que a situação exigir, se desdobrando
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

cífica de utilização e manuseio de armamento e equipa- em duas condutas distintas: deixar de tomar providên-
mento policial ou atinente à atividade bombeiro militar cias ou esquivar-se de tomá-la, em face de qualquer tipo
(até mesmo a viatura e aparelhos de comunicação). de irregularidade de que venha a presenciar ou conhecer.
O conceito de norma técnica deve ser entendido A conduta pode também configurar crimes militares
como qualquer tipo de norma específica que cuide da previstos no art. 319 (prevaricação) ou no art. 322 (con-
correta forma de utilização e manuseio de armamento e descendência criminosa) do CPM, ou ainda constituir
equipamento policial/bombeiro militar, como o Manual transgressão disciplinar residual.
de Armamento Convencional, o Manual de Prática Poli- § 9º “IX – utilizar-se do anonimato ou envolver inde-
cial, os Cadernos Doutrinários, a Resolução interna que vidamente o nome de outrem para esquivar-se de res-
dispõe sobre a aquisição, o registro, o cadastro e o por- ponsabilidade”:

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A primeira forma de se configurar a presente trans- Para a configuração de tal transgressão, basta que a
gressão é pelo anonimato, o que é defeso pela própria divulgação de notícia, comentário ou comunicação in-
Constituição Federal, em seu art. 5º, IV (“É livre a mani- fundados se revistam de potencial ofensivo à harmonia
festação de pensamento, sendo vedado o anonimato”). entre os militares.
A segunda forma de se configurar a transgressão é A conduta pode também configurar crimes militares
o indevido envolvimento do nome de outra pessoa, seja previstos no art. 214 (calúnia) ou 343 (denunciação calu-
ela militar ou civil, para se esquivar de responsabilidade. niosa) do CPM, ou ainda constituir transgressão discipli-
A conduta pode também configurar crimes militares nar residual.
previstos nos artigos 214 (calúnia), 215 (difamação), 216 § 13. “XIII – manter indevidamente em seu poder bem
(Injúria), ou 343 (denunciação caluniosa) do CPM, ou ain- de terceiro ou da Fazenda Pública”:
da constituir transgressão disciplinar residual. A expressão “bem” se refere a qualquer material da Ad-
§ 10. “X – danificar ou inutilizar, por uso indevido, ne- ministração Pública ou de terceiro, seja ele militar ou civil.
gligência, imprudência ou imperícia, bem da adminis- Tal transgressão se caracteriza pela posse ilegítima, mesmo
tração pública de que tenha posse, ou seja, detentor”: que temporária, de qualquer bem público ou particular.
O significado de “bem” abrange todas as coisas cor- Como exemplo, citam-se os casos em que o militar,
póreas ou incorpóreas, suscetíveis de valor econômico. não estando devidamente autorizado pelo comando,
“Danificar” compreende a conduta de destruir, de- permanece, por conta própria, com equipamento pú-
teriorar ou fazer desaparecer algum bem, ao passo que blico (TV, DVD, computador ou qualquer outro), ou que
“inutilizar” significa tornar imprestável ou inservível. mantenha consigo um objeto de terceiro apreendido em
Configura a presente transgressão qualquer espécie uma operação, mesmo que não venha a utilizá-lo.
de danificação ou inutilização, mesmo que estas se deem Para fins do cometimento da presente transgressão, o
por culpa (negligência, imprudência ou imperícia) do mi- bem da Administração Pública ora referido, deve ser en-
litar, uma vez que este possui o dever de bem cuidar e tendido como sendo não somente aqueles pertencentes
administrar os bens públicos. ao patrimônio da Administração, mas também aqueles
Para fins do cometimento dessa transgressão, o bem que estejam sob sua posse, guarda ou detenção.
da Administração Pública ora referido deve ser enten- A conduta pode também configurar crimes militares
dido como sendo não somente aquele pertencente ao previstos nos artigos 241 (furto de uso), 248 (apropriação
patrimônio da Administração, mas também aquele que indébita), 249 (apropriação de coisa havida acidental-
esteja sob sua posse, guarda ou detenção, a exemplo da mente ou achada) ou 303 (peculato) do CPM, ou ainda
frota terceirizada de viaturas. constituir transgressão disciplinar residual.
A conduta pode também configurar crimes militares § 14. “XIV – maltratar ou não ter o devido cuidado com
previstos no Capítulo VII do Título V do CPM (“Do Dano”), os bens semoventes das IME”: A presente transgressão
ou ainda constituir transgressão disciplinar residual. se refere especificamente à falta de cuidado com os
§ 11. “XI – deixar de observar preceito legal referente a animais equinos e cães empregados na Instituição, em
tratamento, sinais de respeito e honras militares, defi- apoio às atividades policiais e de bombeiros de natu-
nidos em normas especificas”: reza militar.
Tal transgressão se refere essencialmente às normas A conduta pode também configurar crime ambiental
alusivas à inobservância de regras de tratamento (a ne- previsto no art. 32 da Lei 9.605/98 ou, resultando morte
cessidade de se referir a um superior por senhor(a), a ao animal, crimes previstos no Capítulo VII do Título V do
uma autoridade, por vossa excelência, dependendo do CPM (“Do Dano”), ou ainda constituir transgressão disci-
caso); sinais de respeito e honras militares (continência plinar residual.
individual, continência à bandeira, ao hino nacional e ou- § 15. “XV – deixar de observar prazos regulamentares”:
tros). A presente transgressão cuida do dever de presteza e
As normas específicas a que faz alusão o presente pontualidade na conclusão e no desenvolvimento de
inciso podem ser previstas em quaisquer documentos atividades, mormente na elaboração de processos e
normativos, mormente o Regulamento de Continências, procedimentos administrativos, de natureza discipli-
sem prejuízo para os memorandos, avisos, resoluções e nar ou não, como por exemplo, a conclusão de uma
os demais documentos previstos em normas próprias Sindicância ou de um IPM.
das IME, que disciplinem ou que venham a disciplinar a Não se confunde, todavia, com o retardamento imo-
matéria. tivado do cumprimento de uma ordem legal, como por
Trata-se de norma transgressional em branco, cuja exemplo, a tardia entrega de um relatório, boletim de
aplicação requer um complemento, ou seja, a indicação ocorrências ou ainda um estudo recomendado pelo co-
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

da norma específica inobservada pelo militar, que deverá mandante ou chefe, cujos prazos não são regulamenta-
vir expressa na notificação para apresentação de defesa dos. Nesses casos, ocorre a violação do inciso V do art. 15
prévia e/ou no termo de abertura de vista. do CEDM e não a do tipo em comento.
§ 12. “XII – contribuir para a desarmonia entre os inte- Amolda-se também à presente transgressão, a con-
grantes das respectivas IMEs, por meio da divulgação duta do militar que deixa de entregar os autos à Admi-
de notícia, comentário ou comunicação infundados”: nistração Militar ou ao Encarregado, após o término do
O presente preceito visa tutelar a camaradagem e o prazo legal.
espírito de cooperação previstos no art. 9º, inciso VII, do Trata-se de transgressão disciplinar permanente, ou
CEDM. seja, aquela que se renova a cada dia em que o docu-
mento está em atraso na posse do militar, sem que haja a

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sua devolução. Nesses termos, a data da devolução será Com fulcro no art. 42 c/c o art. 142, §3º, X, da CF/88, os
considerada a data da falta, para fins do cômputo do pra- integrantes das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros
zo da prescrição da pretensão punitiva. Militares são militares dos Estados, sendo que lei disporá
A conduta pode também configurar crime militar pre- sobre as situações especiais dos militares, consideradas
visto nos artigos 196 (descumprimento da missão), 319 as peculiaridades de suas atividades. Assim, o art. 15 do
(prevaricação) ou 324 do CPM (inobservância de lei, re- EMEMG impõe que a qualquer hora do dia ou da noite,
gulamento ou instrução) ou constituir transgressão dis- na sede da Unidade ou onde o serviço o exigir, o militar
ciplinar residual. do Estado deve estar pronto para cumprir a sua missão.
§ 16. “XVI – comparecer fardado a manifestação ou Nesse mister, dispõe o art. 22 do EMEMG e o art. 8º
reunião de caráter político partidário, exceto a ser- da Lei n. 14.130/2001 as seguintes regras: EMEMG: Art.
viço”: A transgressão se refere ao dever de isenção e 22 - Aos militares da ativa é vedado fazer parte de firmas
imparcialidade a que os integrantes das IME devem comerciais, de empresas industriais de qualquer natureza
observar. Esse tipo deriva da Lei Estadual n. 5.301/69, ou nelas exercer função ou emprego remunerado. [...] §
que contém o Estatuto dos Militares Estaduais de Mi- 2º - Os militares da ativa podem exercer, diretamente, a
nas Gerais (EMEMG), mormente os artigos 23 e 30. gestão de seus bens desde que não infrinjam o disposto
Caso algum militar, não estando de serviço, compa- no presente artigo.
reça fardado a reuniões político partidárias, pode deno- § 3º - No intuito de desenvolver a prática profissional
tar o entendimento de que a Polícia Militar ou o Corpo e elevar o nível cultural dos elementos da Corporação,
de Bombeiros Militar está apoiando e/ou defendendo as é permitido, no meio civil, aos militares titulados, o
ideias de determinado partido ou ideologia política, o exercício do magistério ou de atividades técnico pro-
que caracterizaria a transgressão disciplinar mencionada fissionais, atendidas as restrições previstas em lei pró-
no referido tipo. pria.
§ 17. “XVII – recusar-se a identificar-se quando justifi- Lei n. 14.130/2001: Art. 8º – Fica proibido ao militar
cadamente solicitado”: da ativa ser proprietário ou consultor de empresa de
projeto, comercialização, instalação, manutenção e con-
Ressalta-se que a exigência de identificação deve ser
servação nas áreas de prevenção e combate a incêndio
justificada por pessoa legalmente investida de cargo ou
e pânico.
função pública, sempre em razão desta, podendo partir
Conforme os dispositivos acima, é permitido aos mi-
de um integrante das Forças Armadas, Poder Judiciário,
litares titulados o exercício de atividade de magistério e
Polícia Civil, Federal, Corpo de Bombeiros Militar, Polícia
técnico-profissionais, desde que não se enquadre como
Militar ou outro órgão público qualquer.
proprietário ou consultor de empresa de projeto, comer-
Nos casos em que o militar recusar a se identificar a
cialização, instalação, manutenção e conservação nas
autoridade civil, quando legalmente solicitado, a conduta áreas de prevenção e combate a incêndio e pânico ou
poderá configurar, também, a contravenção penal pre- outras restrições previstas em lei.
vista no art. 68 do Decreto-Lei n. 3688/41. O regramento objetiva tutelar a saúde do militar, dan-
Em se tratando de autoridade militar, a conduta pode do condições para seu restabelecimento físico e mental
também configurar crimes militares previstos no art. 163 após jornada regular de trabalho nas IME, que seria mais
(recusa de obediência) ou 301 (desobediência) do CPM difícil, caso viesse a desempenhar atividades que não lhe
ou ainda constituir transgressão disciplinar residual. propiciasse descanso, além de causar sérios prejuízos ao
§ 18. “XVIII – não portar etiqueta de identificação militar e à Instituição. A configuração da transgressão
quando em serviço, salvo se previamente autorizado, não exige que a atividade remunerada gere algum víncu-
em operações policiais específicas”: lo empregatício ou direito trabalhista.
A norma tutela o dever de lisura e transparência das Ressalta-se que exercício de atividade de segurança
ações a que devem os militares seguir, como, por exem- privada e de transporte clandestino de pessoas e/ou car-
plo, a garantia constitucional de todo preso ter direito ga devem se enquadrar na transgressão descrita no art.
à identificação dos responsáveis por sua prisão (art. 5º, 13, X, do CEDM.
LXIV, CR/88).
A etiqueta de identificação deve estar no seu devi- Seção III
do lugar, conforme normas específicas de apresentação Das transgressões disciplinares de natureza leve
pessoal, ou seja, propiciando a boa visibilidade e a con-
sequente identificação do militar, quando em serviço. Art. 7º As transgressões disciplinares de natureza leve
Guardar, por exemplo, a etiqueta de identificação são assim descritas nos incisos do artigo 15 do CEDM:
dentro do bolso configura a presente transgressão. § 1º “I – chegar injustificadamente atrasado para
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

Somente em operações específicas, e mediante ex- qualquer ato de serviço de que deva participar”:
pressa autorização, estará o militar autorizado a não por- O objetivo primordial da transgressão acima descri-
tar etiqueta de identificação. ta é preservar a pontualidade e a assiduidade do militar,
Não estando o militar em serviço, configura-se a que é regido por normas próprias, calcadas basicamente
transgressão capitulada no inciso II do artigo 15 do pela hierarquia, disciplina e pelo dever constitucional de
CEDM. eficiência.
§ 19. “XIX – participar, o militar da ativa, de firma co- O atraso injustificado é considerado transgressão dis-
mercial ou de empresa industrial de qualquer nature- ciplinar, uma vez que o militar deve, obrigatoriamente,
za, ou nelas exercer função ou emprego remunerado”: organizar-se, além de se preparar para o desempenho de
suas atividades funcionais.

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O horário da chamada ou do início do serviço deve § 4º “IV – entrar ou tentar entrar em repartição ou
ser disposto de modo preciso e enfático, por meio de es- acessar ou tentar acessar qualquer sistema informati-
cala ou por uma ordem (mesmo que verbal) prévia para zado, de dados ou de proteção, para o qual não esteja
o serviço. autorizado”:
Em conformidade com a Resolução que trata da jor-
nada de trabalho no Corpo de Bombeiros Militar e na O presente tipo prevê diversas condutas que devem
Polícia Militar, que tem a chamada para todos os tur- ser analisadas individualmente:
nos operacionais (“chamada pré-turno”), esta se dará 30 1 – Entrar em repartição para a qual não esteja auto-
(trinta) minutos antes do lançamento, para fins do trei- rizado;
namento tático, sendo o atraso computado a partir da 2 – Tentar entrar em repartição para a qual não esteja
aludida chamada. autorizado;
§ 2º “II – deixar de observar norma específica de apre- 3 – Acessar qualquer sistema informatizado, de dados
sentação pessoal definida em regulamentação pró- ou de proteção, para o qual não esteja autorizado;
pria”: 4 – Tentar acessar qualquer sistema informatizado,
Trata-se de norma transgressiva em branco, cuja apli- de dados ou de proteção, para o qual não esteja
cação requer um complemento, ou seja, a indicação da autorizado.
norma de apresentação pessoal violada pelo militar, que
deverá vir expressa na notificação para apresentação de Para os fins do presente artigo, consideram-se os se-
defesa prévia e/ou no termo de abertura de vista. guintes conceitos:
As normas específicas de apresentação pessoal estão a) Repartição - qualquer sala ou dependência física de
descritas no Regulamento de Uniformes e Insígnias da área sujeita à Administração Militar.
Polícia Militar (RUIPM) e do Corpo de Bombeiros Mili- b) Sistema informatizado - conjunto de partes inte-
tar (RUICBM), sem prejuízo para os demais documen- ragentes e interdependentes que, utilizando-se da
tos normativos que porventura disciplinem ou venham ciência e da tecnologia, realiza o armazenamento
a disciplinar a matéria, a exemplo das Notas Instrutivas e o tratamento da informação, mediante a utiliza-
ou documentos similares que regulam as especificações ção de equipamentos e procedimentos da área de
técnicas de fabricação de fardamento ou equipamentos. processamento de dados (ex: Sistema Informatiza-
O comparecimento de militar em trajes civis nas de- do de Recursos Humanos – SIRH/PM ou Sistema
pendências das IME, nas situações previstas no RUIPM e Informatizado de Gestão de Pessoas - SIGP/BM).
RUICBM, deverá ocorrer de forma condizente com o local c) Sistema de dados - conjunto que contenha qual-
e atividade a ser exercida. quer representação de fatos, situações, comunica-
§ 3º “III – deixar de observar princípios de boa educa- ções, notícias, documentos, extratos de documen-
ção e correção de atitudes”: tos, fotografias, gravações, relatos, denúncias, ou
fatos de interesse da entidade, que formem um
Não houve uma descrição objetiva de quais sejam os todo unitário, com determinado objetivo traçado
princípios de boa educação e correção de atitudes, ca- pela instituição (ex: Sistema de Controle de Aten-
bendo, destarte, aos aplicadores do CEDM adequá-los ao dimento e Despacho - CAD).
caso concreto. d) Sistema de proteção - conjunto de partes interliga-
Todavia, embora não descritas legalmente, a boa das que formam um todo unitário, com o objetivo
educação e a correção de atitudes derivam de um dever de realizar a salvaguarda de determinados conjun-
ético e social ligado à moral e aos bons costumes, exigin- tos de saberes, sejam eles dados, conhecimentos,
do-se que o militar estadual se porte de modo discreto, ou equipamentos que, via de regra, exigem para
cortês, garantidor e promotor dos direitos humanos e, o seu acesso senhas ou autorizações específicas
sobretudo, de modo conveniente. a determinadas pessoas, rigorosamente selecio-
Alguns princípios da ética militar podem ser invoca- nadas (ex: Sistema de Informações de Segurança
dos para sustentar a falta epigrafada, como, por exem- Pública - INFOSEG).
plo, os incisos VII, VIII, X e XII do art. 9º do CEDM, o que
reforça a ideia de que a boa educação e a correção de Para a configuração da transgressão não há necessi-
atitudes são predicados essenciais ao militar estadual, dade da ocorrência de nenhum outro resultado específi-
que deve ser considerado um referencial no meio social. co, como o de divulgar ou adulterar o contido nos dados
Para a configuração da transgressão em análise, nas (o que pode ser tipificado no art. 13, VIII, do CEDM, por
situações da vida particular do militar, a conduta pratica- exemplo), bastando simplesmente a tentativa ou a entra-
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

da deve causar reflexos negativos para a IME, o que será da na repartição; a tentativa ou o acesso ao sistema, para
avaliado por meio de um ponderado senso de razoabi- os quais não esteja autorizado.
lidade. § 5º “V – retardar injustificadamente o cumprimento
Amolda-se ao presente tipo, por exemplo, a situação de ordem ou o exercício de atribuição”:
em que o militar fardado é encontrado em via pública ou
lugar acessível a esta, ingerindo bebida alcoólica (afora Conforme comentários insertos no art. 14, III, do
eventos de confraternizações e/ou congraçamentos em CEDM, não há necessidade de que a ordem seja de na-
áreas sujeitas à Administração Militar em que a prática tureza pessoal e direcionada a militar determinado, po-
moderada pode ser tolerada) e não apresenta sinais de dendo ser, inclusive, aquelas de cunho genérico, emana-
embriaguez. das por meio de memorando, ofício circular, instrução

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ou outro documento interno correlato que, neste caso, I – o uso do cinto de segurança pelos ocupantes da
deverá ser mencionado no termo de abertura de vista, viatura;
para apresentação de defesa. II – velocidade compatível com a via;
Na transgressão acima, o que se deve levar em con- III – atendimento às normas de estacionamento, pa-
ta é a legalidade da ordem e do exercício da atribuição. rada e circulação.
Ressalta-se que a ordem e/ou a atribuição devem ser Art. 10. O cometimento de infração de trânsito por
cumpridas, entretanto, de forma intempestiva. parte de militar, quando da condução de viatura po-
Considerando o caso concreto e a possibilidade apa- licial/bombeiro ou outro veículo oficial, destinado ao
rente de conflito desse tipo com os artigos 13, XVI (retar- exercício de suas funções, constituirá, em tese, a trans-
dar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício); gressão disciplinar descrita no art. 14, II, do CEDM
14, III (deixar de cumprir ordem legal) e 14, XV (deixar de (desídia no desempenho das funções caracterizada
observar prazos regulamentares), do CEDM, prevalecerá por fato que revele procedimento contrário às normas
o mais específico. legais), cuja motivação se fará com a respectiva infra-
§ 6º “VI – fumar em local onde esta prática seja legal- ção de trânsito descrita na Lei n. 9.503/97 (Código de
mente vedada”: O fumo prejudica não só aquele que Trânsito Brasileiro) e/ou no dispositivo correspondente
o usa, mas também as pessoas que aspiram as subs- do Manual de Gerenciamento da Frota.
tâncias tóxicas exaladas pelo cigarro. Diante disso, leis
estaduais e federais proíbem a prática do tabagismo Seção V
em determinados locais, prevendo multas em caso de Dos militares licenciados e dispensados
descumprimento.
É o caso da Lei Estadual n. 18.552, de 04 de dezem- Art. 11. A licença saúde tem caráter mais abrangente
bro de 2009, que proibiu, em Minas Gerais, a prática do do que a dispensa saúde, na rotina profissional do mi-
tabagismo em ambientes coletivos fechados, públicos ou litar, haja vista que a primeira o impede e a segunda
privados. apenas o limita em suas atividades, conforme aponta-
O interior de viaturas e postos policiais e de bombei- do no ato de homologação.
ros deve ser considerado local em que a prática do fumo Art. 12. A licença tem por objetivo propiciar a plena
é vedada. recuperação da saúde física e/ou mental do pacien-
A proibição determinada na lei em destaque abrange te e a inobservância da prescrição médica, a depen-
os atos de acender, conduzir acesos e fumar cigarro, ci- der do caso concreto, pode caracterizar a prática da
garrilha, charuto, cachimbo ou similares. transgressão contida no inciso III, do art. 15 do CEDM
§ 7º “VII – permutar serviço sem permissão da autori- (faltar com os princípios da boa educação e correção
dade competente”: de atitudes).
A permuta de qualquer ato de serviço sem a devida Art. 13. O militar que tenha o atestado de licença ou
autorização da autoridade competente redunda em de- dispensa emitido por profissionais de saúde (conve-
sorganização e descontrole do serviço policial e de bom- niado, particular, ou mesmo da rede orgânica), se não
beiro militar. homologados pelo médico ou profissional habilitado
Tal permissão não carece ser escrita, desde que tem- da PMMG ou CBMMG, responderá pela transgressão
pestiva e emanada pela autoridade competente para tal. contida no inciso XX do art. 13 do CEDM (faltar ao
Ao militar em disponibilidade cautelar é vedada a serviço), em relação ao dia de ausência do serviço.
permuta de serviço, durante a vigência da medida. Art. 14. Deve a Administração Militar atentar para a
autenticidade do atestado médico emitido, bem como
Seção IV para eventuais indícios de simulação de doença, situa-
Das infrações de trânsito ções que poderão ensejar, caso confirmadas, além dos
crimes de falsificação de documento, falsidade ideoló-
Art. 8º A Decisão Administrativa n. 32/2002-CG – gica ou estelionato (de natureza militar ou comum),
PMMG dispõe que “a falta de previsão objetiva, como a transgressão disciplinar prevista no art. 13, III, do
transgressão, do cometimento de infração administra- CEDM, uma vez que o fato atenta contra o decoro da
tiva de trânsito, embora obste a aplicação de penali- classe e a honra pessoal.
dade no âmbito do CEDM, não impede a aplicação de Art. 15. Diante do caso concreto, a Administração Mili-
sanções do Código de Trânsito Brasileiro”. tar poderá, inclusive, instaurar o devido PAD/PADS em
Parágrafo único. A referida norma alude àquelas in- desfavor do militar que falsifica, utiliza atestado falso
frações de trânsito cometidas pelo militar, de folga, na ou simula doença.
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condução de veículo automotor particular, em lugar


não sujeito à Administração Militar. Seção VI
Art. 9º Os Manuais de Gerenciamento da Frota da Do non bis in idem e do concurso de transgressões
PMMG e do CBMMG definem que as viaturas não disciplinares
poderão circular sem os equipamentos obrigatórios e
sem observar as condições gerais de segurança, sendo Art. 16. Non bis in idem é o instituto jurídico que veda
essa responsabilidade atribuída a todo militar, salvo a dupla punição na mesma esfera (penal, civil ou ad-
nos casos de urgência/emergência. Como exemplos, ministrativo disciplinar) pelo mesmo ato ilícito, o qual
podem ser citados: se desdobra em infrações penais e administrativas.

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Art. 17. Por uma única conduta ilícita, o militar poderá § 1º No caso do parágrafo anterior, considera-se con-
ser responsabilizado na esfera penal militar, penal co- sumada a deserção no nono dia de ausência do militar
mum, cível e administrativa disciplinar, sem que uma - sem licença - da Unidade em que serve ou do lugar
interfira noutra, salvo quando na penal decidir-se pela em que deva permanecer, não podendo o militar ser
inexistência do fato ou pela negativa de autoria. sancionado disciplinarmente pelas transgressões dis-
Art. 18. Nos termos do art. 25 do CEDM, não configura ciplinares de falta ao serviço (art. 13, XX do CEDM).
bis in idem a cumulação da sanção disciplinar com as § 2º Caso não se consume a deserção, as faltas aos ser-
seguintes medidas administrativas: viços do militar deverão ser regularmente processadas.
I - cancelamento de matrícula e desligamento de cur-
so, estágio ou exame; Seção VII
II - destituição de cargo, função ou comissão; Do militar que tenha débito reclamado junto à Ad-
III - movimentação de unidade ou fração, por conveni- ministração Militar
ência da disciplina ou interesse do serviço.
Art. 19. A movimentação por conveniência da discipli- Art. 24. É vedado aos Comandantes, em todos os ní-
na, prevista no art. 25, III, do CEDM, configura medida veis, utilizar seu poder disciplinar, com a finalidade de
administrativa a ser aplicada quando a presença do obrigar os militares à satisfação de seus débitos, limi-
militar em determinada localidade seja perniciosa, tando-se, em regra, a orientá-los e, também, à parte
nociva ou prejudicial à imagem institucional e à pró- interessada, conforme o caso.
pria hierarquia e disciplina. Art. 25. Restando indícios de comprovada má-fé ou
Art. 20. A movimentação prevista nos artigos 168 e caso valha-se de sua condição funcional para obter
175 da Lei n. 5.301/69 (EMEMG) poderá se dar de for- credibilidade, depois de assegurados os postulados
ma desvinculada do art. 25, III, do CEDM e não carece- constitucionais da ampla defesa e do contraditório, o
rá da instauração prévia de processo disciplinar em face militar poderá ser responsabilizado por transgressão
do militar, bastando, pois, que o ato de movimentação descrita no art. 13, XIX, art. 14, IV ou IX, 15, III, ou em
seja devidamente motivado com as razões fáticas, de
outro, conforme o caso, sem prejuízo para o eventual
conveniência e oportunidade, sem contudo vinculá-la à
cometimento de crime militar.
comprovação final de qualquer tipo transgressivo.
Art. 26. Antes de se adotar qualquer providência ad-
Art. 21. Configuram o bis in idem os seguintes fatos:
ministrativa, devem-se verificar as circunstâncias fáti-
I – aplicar mais de uma sanção em face a uma mesma
cas de cada caso em concreto, de maneira a perquirir
conduta;
a existência ou não de eventual má-fé por parte do
II – aplicar mais de uma sanção disciplinar pela práti-
acusado, quando este valer-se de sua condição de mi-
ca simultânea ou conexão de duas ou mais transgres-
sões, apuradas em um mesmo processo ou não. litar a fim de obter credibilidade junto ao credor, para
Art. 22. Mesmo ocorrendo a identidade entre trans- então responsabilizá-lo disciplinarmente, se existentes
gressão disciplinar e o crime militar, seja ele próprio os aspectos contidos neste artigo.
ou não, em face da independência e da concomitância
das esferas, não configura bis in idem a punição na Seção VIII
seara administrativa pelas transgressões residuais que Da anulação de sanções disciplinares
aflorarem no mesmo fato.
§ 1º Toda vez que um militar praticar conduta descrita Art. 27. A competência para se anular as sanções dis-
como crime militar, restará o poder/dever da Adminis- ciplinares ativadas, nos termos do art. 49 do CEDM2,
tração Militar exercer sua ação disciplinar sobre esse pertence às mesmas autoridades previstas no art. 45
acusado, por meio de processo disciplinar específico. do CEDM, as quais podem aplicar sanção disciplinar.
Deve a Administração Militar procurar amoldar o fato Art. 28. Poderá o Comandante, Diretor ou Chefe anu-
ao tipo transgressivo infringido, utilizando, inclusive, lar uma sanção imposta por seu antecessor, desde que,
redação semelhante à descrita em um ou mais dos para isso, observe os requisitos descritos no Art. 48,
incisos dos artigos 13, 14 ou 15 do CEDM. caput e § 1º, do CEDM3.
§ 2º Alerta-se que a sanção deverá ser aplicada pela Art. 29. Para fins de interpretação ao art. 48 do CEDM,
transgressão que, em regra, ocorra concomitante- são consideradas ilegais ou injustas as sanções discipli-
mente ao delito, como é o caso, por exemplo, das nares aplicadas a militar, desde que contrariando dispo-
seguintes transgressões: apresentar-se com sinais de sições legais e/ou normativas ou sem a observância da
embriaguez alcoólica (art. 13, VI do CEDM) - no caso incidência de causa de justificação e/ou absolvição.
da prática do crime militar de embriaguez em serviço Art. 30. O pedido de anulação da sanção disciplinar
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

(art. 202 do com); dormir em serviço (art. 13, XV do deve ser encaminhado por meio do Comandante/Che-
CEDM) - quando da prática do crime militar de dormir fe do postulante à autoridade com competência para
em serviço (art. 203 do CPM). Art. 23. No caso da de- anulação.
serção, quando da captura ou apresentação do militar Parágrafo único. A anulação de sanção que tenha sido
infrator, nos termos do art. 240-A do EMEMG, deve a alvo de recurso disciplinar caberá à autoridade que
Autoridade Militar, com base no art. 34, II, ou 64, II, tenha solucionado o último recurso.
do CEDM, submetê-lo a Processo Administrativo Disci- Art. 31. Nos casos de transferência de militar que fora
plinar (PAD) ou a Processo Administrativo Disciplinar sancionado disciplinarmente pelo Comandante ante-
Sumário (PADS), visto tratar-se de ato atentatório à cessor e que apresente o pedido de anulação na sua
honra pessoal e ao decoro da classe. atual Unidade, deverá ser observado o seguinte:

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I – somente poderá anular a sanção, aplicada a militar regras estabelecidas nas normas que disponham sobre
sob seu comando, autoridade do mesmo nível funcio- jornada de trabalho, sendo-lhe vedada a permuta de
nal ou superior à que aplicou a sanção. escalas de serviço, durante a vigência da medida.
II – as sanções aplicadas pelo Comandante-Geral da Art. 37. A autoridade que solicitar a disponibilidade
PMMG/CBMMG, Chefe do EMPM/EMBM, Chefe do Ga- cautelar deverá, em seu pedido, sugerir o local de seu
binete Militar e Corregedores das IME, somente pode- cumprimento, bem como especificar a duração da me-
rão ser anuladas pela própria autoridade sancionado- dida, com observância do prazo máximo de 15 dias.
ra ou por autoridade superior. Parágrafo único. Caso haja necessidade de prorroga-
Parágrafo único. No caso do inciso I, se a autoridade ção, o pedido deverá ser encaminhado ao Comandan-
não detiver competência para solucionar o pedido de te-Geral, com antecedência mínima de 48 (quarenta e
anulação, os autos serão remetidos à autoridade ime- oito) horas, via Corregedoria, que adotará as demais
diatamente superior. providências subsequentes para implementação da
Art. 32. O militar poderá postular pessoalmente o seu medida, se pertinente.
pedido de anulação ou por intermédio de procurador. Art. 38. Embora seja possível a coexistência de prisão
provisória e disponibilidade cautelar, a decretação da
Capítulo II primeira, por se tratar de privação da liberdade, torna
Da disponibilidade cautelar a segunda inócua.
Art. 39. No curso de APF/IPM, o encarregado deverá
Art. 33. A disponibilidade cautelar deve ser entendida avaliar, previamente à solicitação de disponibilidade
como medida administrativa. cautelar do investigado, sobre a viabilidade da decre-
Art. 49 – São competentes para anular as sanções im- tação da detenção do indiciado, nos termos do art. 18
postas por elas mesmas ou por seus subordinados as do CPPM ou da representação, perante do juízo mi-
autoridades discriminadas no art. 45. litar estadual, pela decretação da prisão preventiva.
Art. 48 – A anulação da punição consiste em tornar to- Art. 40. O Ato de disponibilidade cautelar deverá ser
publicado em BGPM/BGBM Reservado, para não pre-
talmente sem efeito o ato punitivo, ouvido o Conselho
judicar a investigação e/ou evitar possível constrangi-
de Ética e Disciplina da Unidade.
mento do militar que cumprirá a medida.
§ 1º - Na hipótese de comprovação de ilegalidade ou
injustiça, no prazo máximo de cinco anos da aplicação
Capítulo III
da sanção, o ato punitivo será anulado.
Das requisições para apresentação de militares
Parágrafo único. A disponibilidade cautelar assegura
Seção I
ao militar a percepção de vencimento e vantagens in-
Das Requisições judiciais
tegrais do cargo.
Art. 34. A disponibilidade cautelar é medida admi- Art. 41. A legalidade e as formalidades para requisi-
nistrativa disciplinar aplicada exclusivamente pelo ção, intimação ou notificação de militar estadual na
Comandante-Geral e, em hipótese alguma, tem o con- Justiça Militar e Comum estão previstas no CPPM e
dão de cercear a liberdade do militar. CPP.
§ 1º A medida poderá ser solicitada pelo Corregedor, Art. 42. Nos termos da legislação processual penal, as
Comandante da Unidade, Conselho de Ética e Discipli- requisições judiciais dos militares serão remetidas di-
na Militares da Unidade (CEDMU), Presidente da Co- retamente ao respectivo Comandante/Chefe.
missão de Processo Administrativo-Disciplinar (CPAD) § 1º As Unidades devem manter efetivo controle das
e pelo Encarregado de Inquérito Policial Militar (IPM), requisições judiciais, observando-se o seguinte:
na ocorrência das hipóteses previstas nos incisos I e II a) notificar o militar requisitado a comparecer ao ato
do artigo 27 do CEDM. judicial por meio que possibilite a certificação do co-
§ 2º É imprescindível a existência de provas da condu- nhecimento da data, hora e local da audiência para a
ta irregular, indícios suficientes de responsabilidade do qual foi requisitado;
militar e a instauração de processo ou procedimento b) confeccionar o respectivo ofício de apresentação do
apuratório, para que seja declarada a sua disponibili- militar requisitado, ao qual será entregue pela Admi-
dade cautelar. nistração ao militar. A eventual ausência do ofício de
§ 3º A autoridade requisitante deve avaliar se os fatos apresentação não elide a obrigação do compareci-
e motivos que justificam o pedido de disponibilidade mento do militar devidamente notificado;
cautelar se amoldam, também, aos requisitos defini- c) determinar ao militar requisitado que apresente a
dos nos artigos 254 e 256 do CPPM para a representa- certidão de comparecimento;
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

ção pela prisão preventiva do militar. d) adotar as medidas administrativas disciplinares e/


Art. 35. Não se deve confundir o instituto da disponi- ou criminais em relação aos militares faltosos ou que
bilidade cautelar com qualquer espécie de medida pri- comparecerem com atraso;
vativa ou restritiva de liberdade, ou seja, o direito de e) exercer rigoroso controle da documentação referen-
ir e vir do militar não lhe é cerceado; ele apenas será te às requisições, para que toda Unidade se mantenha
afastado do local da apuração dos fatos, mas poderá em condições de prestar informações à Corregedoria,
prestar serviços, normalmente, na nova localidade em ao escalão superior e às autoridades requisitantes;
que estiver designado. f) instruir, exaustivamente, a tropa sobre este assunto
Art. 36. O militar em disponibilidade irá cumprir a es- e, especialmente, os militares que detém o controle de
cala de serviço que lhe for imposta, observando-se as escalas de serviço das respectivas frações militares.

40
§ 2º A mensagem eletrônica institucional ou equiva- testemunha ou vítima, em decorrência de ato de ser-
lente poderá ser utilizada quando não for possível a viço, deverá comparecer fardado com o uniforme da
notificação pessoal do militar requisitado, devendo a atividade;
Administração certificar-se de que o militar tomou co- IV – na apresentação à Delegacia de Polícia, o militar
nhecimento da requisição em tempo oportuno. notificado/requisitado como investigado/indiciado,
§ 3º A autoridade militar que receber a requisição ju- preso ou em liberdade, deverá comparecer em trajes
dicial de militar que não esteja sob seu comando de- civis. Se notificado/requisitado como testemunha ou
verá dar o devido encaminhamento à documentação, vítima, poderá comparecer com o uniforme da ativi-
comunicando à autoridade requisitante a providência dade;
adotada. V – o militar inativo preso notificado/requisitado de-
Art. 43. Em caso de férias, dispensas e correlatos, de- verá comparecer em trajes civis.
verá a Administração envidar esforços para localizar o § 1º Em todas as circunstâncias descritas na presen-
militar e notificá-lo da requisição. te Seção, o militar deve manter apresentação pessoal
§ 1º Não sendo possível a notificação, a Administra- compatível com o local e polidez na linguagem, du-
ção deverá solicitar à autoridade competente, oportu- rante sua permanência nas repartições públicas ora
namente, o reagendamento da audiência. mencionadas.
§ 2º Sempre que possível, a Administração deverá pro- § 2º Nos locais mencionados nos incisos II a IV deste
videnciar a notificação do militar, antes do início do artigo, o porte de arma de fogo deverá obedecer ao
seu afastamento, para que este se programe, adequa- que dispuser as normas de segurança dos respectivos
damente, para cumprimento da requisição legal. Órgãos.
Art. 44. A autoridade requisitante deverá ser comu- Art. 47. Os militares componentes dos Conselhos Es-
nicada, tempestivamente, sobre a impossibilidade e peciais e Permanentes de Justiça deverão usar o uni-
o motivo do não atendimento à requisição judicial, forme de cerimônia, túnica bege na PMMG e a cinza
podendo sugerir, por exemplo, a utilização de carta no CBMMG.
precatória, quando cabível.
Parágrafo único. Deve-se procurar fazer contatos tele- Capítulo IV
fônicos, reforçando a comunicação da impossibilidade Das Equipes de Prevenção e Qualidade – EPQ
de comparecer e confirmação do recebimento da cita-
da documentação e, quando necessário, ajustar nova Art. 48. As Equipes de Prevenção e Qualidade (EPQ)
tem o objetivo de prevenir e reprimir os desvios de
data para audição do militar.
conduta dos integrantes das Instituições Militares, atu-
Art. 45. São situações que, em regra, impossibilitam o
ando ostensivamente, em suplementação ao dever de
cumprimento da requisição de militar:
fiscalização e correção de atitudes inerentes a todos os
I – excluído;
militares, tendo como principais atribuições:
II – agregado, não localizado;
I – apoiar ações e operações de investigação; II – fisca-
III – da reserva ou reformado;
lizar as áreas de Unidades, previamente selecionadas,
IV – pertencente a outra Instituição Militar;
com base em indicadores que demonstrem a neces-
V – que não contenha dados suficientes para sua iden-
sidade de redução dos desvios de conduta, tanto na
tificação. esfera administrativa como na penal e penal militar;
III – acompanhar, sempre que possível, as chamadas e
Seção II instruções das Unidades supervisionadas, avaliando a
Da apresentação de militares divulgação das normas e diretrizes por parte dos Co-
ordenadores de turno de serviço;
Art. 46. Quando do comparecimento de militar às Uni- IV – realizar, preliminarmente, levantamentos (obten-
dades Militares, Justiça e Delegacias de Polícia, a fim ção de testemunhas, entrevistas e arrecadação de pro-
de prestar informações a respeito de seus envolvimen- vas) de denúncias que recebam do cidadão, principal-
tos nas ocorrências policiais/bombeiros, bem como mente de fatos que estejam em situação de flagrância;
em razão de demandas particulares, deverão ser ob- V – realizar escoltas de militares presos, quando ne-
servados os seguintes requisitos: cessário;
I – na apresentação às Unidades Militares, o militar VI – acompanhar, a critério dos Corregedores, as su-
notificado/requisitado como testemunha ou vítima, pervisões das Corregedorias;
investigado/acusado, preso ou não, deverá compare- VII – atuar em supervisão em grandes eventos, por de-
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

cer com o uniforme da atividade e desarmar-se antes terminação do Corregedor;


do início de sua oitiva; VIII – acompanhar ocorrências de destaque, princi-
II – na apresentação à Justiça Militar Estadual ou da palmente que envolvam militares, como vítimas ou
União, requisitado como réu, testemunha ou vítima, autores;
preso ou em liberdade, deverá o militar apresentar-se IX – realizar fiscalização das atividades operacionais,
com o uniforme da atividade; buscando fortalecer a hierarquia e disciplina, bem
III – na apresentação à Justiça Comum Estadual ou como a ética militar durante a prestação de serviço
Federal, requisitado como réu, preso ou em liberdade, à sociedade;
bem como para demandas particulares, o militar de- X – realizar a fiscalização da apresentação pessoal da
verá comparecer em trajes civis. Se requisitado como tropa, sua postura e compostura, bem como o uso de

41
armamento, equipamento, apetrechos e de peças de III – a coordenação e controle do bom uso do bem
fardamento pelos militares, em observância às nor- público (armário) dá-se por intermédio da autorida-
mas em vigor; de militar competente (Comandante, Diretor, Chefe) e
XI – realizar a fiscalização das medidas judiciais im- não por livre vontade de seu detentor;
postas a militares, no cumprimento da suspensão con- IV – manter cópia da chave, ou o segredo do cadea-
dicional da pena, do processo, livramento condicional do do armário, no Almoxarifado ou repartição similar,
e outras. para quando se fizer necessária a sua abertura e fis-
Parágrafo único. Além do disposto nos incisos acima, calização;
na PMMG, competirá também à EPQ realizar a fis- V – haver vistorias periódicas a serem procedidas pela
calização e auditoria acerca do emprego e utilização Administração, inopinada e justificadamente.
das pistolas de emissão de impulsos elétricos e equi- Art. 55. Muito embora os detentores de armário em
pamentos correlatos. lugar sujeito à Administração Militar possam acomo-
Art. 49. As operações realizadas pela Equipe de Pre- dar bem particular em seu interior, tal fato não retira
venção e Qualidade deverão ser divulgadas às Unida- a natureza pública que repousa sobre o local, e não
des, excetuadas aquelas de natureza sigilosa. limita o poder de acesso e fiscalização por parte da
Art. 50. O dever de fiscalizar é inerente à condição de Administração Militar, nos termos do artigo anterior.
todo integrante das Instituições, nos diversos níveis e Art. 56. Em situações de fundada suspeita ou de fla-
escalões hierárquicos, especialmente àqueles que es- grância, independentemente de ordem judicial, pode-
tão à frente de qualquer serviço ou atividade militar. rá ser determinada a abertura do armário, uma vez
Art. 51. Os Comandantes, em todos os níveis, os su- que se trata de bem público, cercando-se as autorida-
pervisores, os coordenadores de policiamento/turno des militares, em regra, das seguintes cautelas:
de serviço/jornada de trabalho e todos os militares I – acionar, quando possível, o usuário do armário
na função de chefia devem proceder e envolver-se para que efetue a abertura;
nas atividades de fiscalização e orientação aos seus II – arrolar testemunhas;
comandados e subordinados hierárquicos, inclusive III – filmar e/ou fotografar o ato;
tomando as medidas disciplinares cabíveis que cada IV – confeccionar termo e descrever todo o material
caso exigir. encontrado, devendo ser colhida a assinatura das tes-
temunhas, do executor da diligência e, quando pre-
Capítulo V sente, do usuário;
Do controle de armários em lugar sujeito à Admi- V – restituir ao usuário os materiais vistoriados e que
nistração Militar não contenham nenhuma irregularidade, mediante
assinatura em recibo no próprio termo lavrado;
Art. 52. Os armários existentes em lugar sujeito à Ad- VI – na impossibilidade de comparecimento ou havendo
ministração Militar devem permanecer trancados e recusa por parte do detentor do armário, ou se este não
identificados com números e postos/graduações de possuir a devida identificação, inicialmente, deverá ser
seus detentores, com fulcro no art. 449, inciso VI, do providenciada a cópia da chave ou a senha do cadeado;
Regulamento Geral da Polícia Militar do Estado de Mi- VII – quando necessário, o armário deverá ser aberto
nas Gerais (RGPM), instituído pelo Decreto n. 11.636, utilizando-se os meios disponíveis.
de 29 de janeiro de 1969. Parágrafo único. Sendo localizado objeto ilícito no in-
Parágrafo único. Essa medida tem por objetivo preve- terior do armário, deverão ser adotadas as seguintes
nir e reprimir a guarda de objetos ilícitos em situação providências:
irregular nos referidos armários, permitindo um con- a) efetuar a prisão em flagrante do militar ou civil,
trole efetivo e pronta identificação do responsável, em adotando-se as medidas de Polícia Judiciária Militar,
caso de uso indevido do bem. em caso de crime militar, ou a condução à Delegacia
Art. 53. Os armários são cedidos a título gratuito pela de Polícia Civil em caso de crime comum;
Administração, para que seus usuários (militares e b) inexistindo situação de flagrância, registrar boletim de
servidores civis) os utilizem de forma regular e ade- ocorrência destinado à Autoridade de Polícia Judiciária
quada, guardando em seu interior objetos de sua pro- Comum ou Militar, a depender da natureza do crime;
priedade ou posse, porém, o uso deve observar as con- c) isolar o local e solicitar a perícia;
dições impostas pela Administração Militar, sob pena d) não havendo o comparecimento de perito ao local,
de responsabilização. recolher os vestígios encontrados, atentando para a
Art. 54. O militar é detentor e não proprietário do ar- preservação da sua idoneidade (uso de luvas, acondi-
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

mário, sujeitando-se a certas obrigações para seu uso, cionamento em recipientes adequados, entre outros);
tais como: e) outras medidas que a situação exigir.
I – acondicionar no interior dos respectivos armários,
exclusivamente, objetos e bens lícitos, observando-se Capítulo VI
cuidados de higiene e perecibilidade de alimentos e Do controle de militares presos, investigados e
derivados; processados/condenados judicialmente
II – pela sua vulnerabilidade, proibir a guarda de va-
lores elevados em dinheiro, munição ou armamento Art. 57. A Administração Militar deve agir de ofício,
particular (devidamente registrados); proativamente, verificando as possíveis transgressões
disciplinares residuais que ressaiam de ações crimino-

42
sas, sem, contudo, atrelar a adoção de medidas admi- Art. 64. O art. 129 do MAPPA, ao tratar do interroga-
nistrativas à decisão judicial, considerando a indepen- tório, estabelece que deverá sempre constar no termo
dência entre as esferas administrativa e judicial. que foi dada a palavra ao sindicado/acusado e ao de-
Art. 58. As Unidades devem manter um efetivo contro- fensor que se fizer presente.
le, por meio físico/eletrônico, dos militares presos, in- Parágrafo único. Por questão de lógica processual,
vestigados e processados/condenados judicialmente, o quando o militar estiver no exercício de sua própria
qual demonstre, de forma inequívoca, todos os possí- defesa (autodefesa), basta que, antes do fechamento
veis desvios de condutas advindos do cometimento da do interrogatório, o sindicante dê ao sindicado a opor-
infração penal. tunidade de acrescentar algo em seu favor (defesa),
Art. 59. As Unidades deverão manter atualizados cujas respostas serão inseridas, livremente, no texto
o controle dos militares presos, investigados e pro- (por exemplo: “Perguntado se tem mais algo a acres-
cessados/condenados judicialmente, bem como das centar em sua defesa, respondeu que ...”).
intimações/requisições dos órgãos externos, com in- Art. 65. O art. 130, §§ 1º e 2º, do MAPPA não impõe ao
formações relativas aos últimos 04 (quatro) anos, no Sindicante a obrigatoriedade 4 Art. 37, IV, c): existindo,
mínimo. ao final da apuração, alguma causa de justificação e/
§ 1º Caso vislumbre indícios de que alguma condu- ou absolvição, sem abrir vista ao comunicado, produ-
ta afetou a honra pessoal e/ou o decoro da classe, a zirá relatório final sucinto e motivado, propondo o ar-
Unidade deverá encaminhar as informações necessá- quivamento dos autos.
rias à respectiva UDI ou à Corregedoria, para que, nos § 1º O ônus de apresentar defensor é primário do sin-
termos dos artigos 34, II, e 64, II, do CEDM, indepen- dicado/acusado, já que não poderá participar, pessoal-
dentemente do conceito em que o militar estiver clas- mente, do ato de interrogatório dos demais acusados.
sificado, seja submetido a PAD ou a PADS. Nos demais § 2º Haverá a necessidade de nomeação de defensor
casos, a Unidade deverá adotar as medidas disciplina- ad hoc quando o sindicado/acusado comparecer so-
res no âmbito de sua competência. zinho à oitiva do coacusado (demonstrando, com sua
§ 2º Havendo condenação de militar a pena privativa presença, o interesse em participar do ato) ou, ainda,
de liberdade superior a dois anos, deverá a respectiva quando houver a manifestação formal da impossibili-
Unidade verificar se o processo criminal foi encami- dade ou dificuldade em constituir defensor (compor-
nhado para o TJM/MG. Caso negativo, deverá envidar tamento que, igualmente, demonstra o interesse de
esforços para que seja encaminhada para o referido participação).
Tribunal cópia dos autos, com as informações neces- Art. 66. O art. 188, VI, do MAPPA5 deve ser interpre-
sárias para eventual instauração do Processo Especial tado em conjunto com o art. 186, § 6º, no sentido de
de Perda do Posto/Patente/Graduação. que o acusado deverá ser notificado, com no mínimo
48 horas de antecedência, acerca da data e local onde
Capítulo VII será cumprida a carta precatória, o que torna necessá-
Esclarecimentos gerais acerca do MAPPA rio que a autoridade deprecada informe à deprecante
a data e local onde será cumprida a diligência, com
Art. 60. Após a edição do MAPPA, foi verificada a ne- antecedência que possibilite a referida notificação
cessidade de se proceder ao esclarecimento de alguns dentro daquele prazo.
dispositivos, cuja aplicabilidade ou interpretação tem Art. 67. O art. 539 do MAPPA estabelece que, quando
gerado dúvidas. do envolvimento de militares lotados em UDI distintas
Art. 61. Diante do conflito aparente entre o art. 23 do em assuntos administrativo-disciplinares, o poder de-
MAPPA com a doutrina de inteligência, deve prevale- cisório caberá ao Corregedor.
cer esta que, por exemplo, não veda a inserção de Me- Parágrafo único. A promoção dos autos à Corregedo-
mória em processos e procedimentos administrativos. ria dar-se-á somente quando o envolvimento dos mi-
Art. 62. O encarregado do PCD a que alude o art. 38, litares lotados em UDI’s distintas se der na condição de
caput, do MAPPA poderá ser militar de qualquer pos- autores, coautores e/ou partícipes, em relação ao fato
to ou graduação, desde que possuidor de precedência objeto da apuração.
hierárquica em relação ao comunicado. Art. 68. Com fulcro no art. 41, parágrafo único, do De-
Art. 63. O art. 38, II, do MAPPA estabelece que “nas creto n. 42.843/026, o art. 542 do MAPPA7 estabelece
hipóteses dos incisos III e IV do artigo anterior, con- como obrigatória a remessa do processo disciplinar ao
cordando com o parecer do encarregado, deverá en- CEDMU, caso exista em seu bojo as razões escritas de
caminhar os autos ao CEDMU, para posterior solução defesa como último documento que antecede o rela-
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

(enquadramento, arquivamento ou discordância)”. tório final.


§ 1º Referido dispositivo deve ser interpretado com Parágrafo único. Caso após a abertura de vista para
fulcro no art. 542 do MAPPA, no sentido de que os razões escritas de defesa sejam realizadas novas dili-
autos do PCD somente serão encaminhados ao CE- gências e o processo seja encerrado sem nova abertura
DMU quando, após a realização das diligências pelo de vista, não haverá necessidade de remessa dos autos
Encarregado, for procedida a abertura de vista para ao CEDMU, para fins de arquivamento do processo.
apresentação de RED (final). Art. 69. Com fulcro no art. 283 do MAPPA, o sindicante
§ 2º Na hipótese da alínea “c” do inciso IV do art. 37 do ou o auxiliar deverá ser militar com graduação míni-
MAPPA,4 não haverá remessa dos autos ao CEDMU, ma de Sargento.
em face da ausência de RED (finais).

43
Art. 188. A Carta Precatória deverá conter no mínimo, Parágrafo único. Na PMMG, as Subcorregedorias não
os seguintes elementos: […] VI – solicitação de que a substituem as SRH das Regiões, sendo encarregadas,
autoridade deprecada informe à autoridade depre- prioritariamente, de atividades de prevenção e acom-
cante, com antecedência mínima de 48 (quarenta e panhamento de casos especiais, em que a conduta
oito) horas, acerca da data e local onde será cumprida observada importe maior gravidade e complexidade.
a diligência, a fim de que sindicado/acusado ou seu Art. 75. Restando dúvidas na solução de problemas,
defensor seja notificado para, caso queira, acompanhe surgidos no curso de processos e procedimentos ad-
o ato. ministrativos, devem os respectivos encarregados ob-
Parágrafo único do art. 41 do Decreto n. 42.843/02: servar a cadeia de comando, até nível de Unidade de
“Mesmo que o Processo/Procedimento Administrati- Direção Intermediária (UDI), antes de se reportarem,
vo- Disciplinar, após a apresentação das razões escri- diretamente, à CPM/CCBM, possibilitando ao escalão
tas de defesa, conclua que não há transgressão disci- imediatamente superior conhecer da questão e, inclu-
plinar a punir, a documentação referida nesta artigo sive, procurar solucioná-la.
deverá ser analisada pelo CEDMU.” § 1º Na PMMG, as consultas deverão ser, em regra,
Art. 542 do MAPPA: “os autos de PAD/PADS/SAD ou formais e acompanhadas do parecer do respectivo
qualquer outro processo disciplinar somente serão assessor jurídico da Unidade consulente ou da UDI,
encaminhados para análise e parecer do CEDMU se devendo os contatos com a Corregedoria, excetuando
houver RED (final).” casos especiais relacionados com a elaboração de pro-
Art. 70. O Subcomandante de Unidade se enquadra cessos de natureza demissionária e exoneratória, ser
dentre as autoridades referenciadas no art. 36, § 1º, e efetivados por intermédio das Subcorregedorias, SRH,
art. 107, caput, do MAPPA, as quais são competentes Adjuntorias de Justiça e Disciplina, preferencialmente,
para instaurar PCD e RIP. via mensagem eletrônica institucional.
Art. 71. A autoridade que instaurar o processo ou pro- § 2º No CBMMG, os contatos das Unidades com a
cedimento disciplinar poderá, ao final dos trabalhos Corregedoria deverão ser formalizados por meio dos
e antes da solução, determinar ao Encarregado a re- Cartórios das Unidades.
alização de diligências complementares que vislum- Art. 76. No caso de militar que vier a praticar infração
brar necessárias, ainda que não seja competente para penal comum ou militar, seja em serviço, de folga, em
solucioná-lo. lugar sujeito à Administração Militar ou não, restará
Art. 72. O art. 324, § 2º, do MAPPA se refere às situa- às autoridades militares o poder/dever de exercer sua
ções em que não há, em princípio, militar que tenha ação disciplinar, podendo apurar a ação por meio de
cometido transgressão disciplinar ou seja responsável procedimento ou processo adequado.
pelo dano causado na viatura (ex: acidente cuja res- Art. 77. A Autoridade Militar competente para solu-
ponsabilidade recaia exclusivamente a civil), razão cionar o processo ou procedimento administrativo, em
pela qual dispensa-se a existência de defesa. que aflorar a notícia do cometimento de crime comum
Art. 73. Numa melhor interpretação do MAPPA, al- por parte de militar, deverá encaminhar cópia dos au-
guns dispositivos devem ser assim entendidos: tos ao Ministério Público.
a) no parágrafo único do art. 161 do MAPPA: onde se Art. 78. As autoridades delegantes, encarregados, as-
lê “acusação”, leia-se “acareação”. sessores e os que tiverem acesso aos autos de proces-
b) no § 1º do art. 362 do MAPPA: onde se lê “art. 364”, sos e procedimentos administrativos deverão abster-se
leia-se “art. 367”. de proceder qualquer destaque por meio da utilização
c) no inciso II do art. 406 do MAPPA: onde se lê “art. de canetas esferográficas, marca texto ou similar.
384”, leia-se “art. 382”. Art. 79. A ausência de autenticação (“confere com o
d) no art. 510 do MAPPA: onde se lê “inciso VI do art. original”) em cópias de documentos juntados aos au-
7º”, leia-se “inciso VII do art. 7º”; tos dos processos e procedimentos disciplinares não
e) no art. 539 do MAPPA: houve omissão do “§ 2º” e tem o condão de tornar o documento inidôneo, salvo
repetição do “§ 3º”. Assim, o primeiro “§ 3º” deve ser prova em contrário.
lido como “§ 2º”; Art. 80. As normas, instruções e orientações internas
f) no modelo referencial da proposta de recompensa específicas e referenciadas nesta Instrução Conjunta
(página 214 do MAPPA), no que se refere ao número têm seus efeitos e aplicabilidades restritos à respectiva
de situações elencadas no campo relativo ao pedido IME.
de elogio decorrente da atuação operacional, onde se
lê “Operacional: preencher, no mínimo, 5 (cinco) das
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

situações”, leia-se “4 (quatro) das situações”, nos ter-


mos do art. 430, parágrafo único, do MAPPA.
Capítulo VIII
Das prescrições diversas
Art. 74. A instauração, o controle e a solução de pro-
cessos e procedimentos disciplinares serão realizados
pelas Seções de Recursos Humanos (SRH) na PMMG
e, no CBMMG, pelos Cartórios, inclusive os de grau de
sigilo “RESERVADO”.

44
administração ou a ordem administrativa militar, em
INSTRUÇÃO CONJUNTA DE CORREGE- lugar sujeito à Administração Militar contra militar da
DORIAS N.º 02 (ICCPM/BM N.º 02/14) DE ativa ou reconvocado; contra funcionário da Justiça
03/02/14. ESTABELECE PADRONIZAÇÃO SO- Militar no exercício de função inerente ao seu cargo;
contra militar em serviço em qualquer lugar.
BRE AS ATIVIDADES DE POLÍCIA JUDICIÁRIA
Art. 6º As transgressões disciplinares, porventura aflo-
MILITAR NO ÂMBITO DA PMMG E CBMMG. radas ao final do Inquérito Policial Militar (IPM)/Auto
ART. 1º AO 95, EXCETO OS MODELOS REFE- de Prisão em Flagrante (APF), serão resolvidas pela
RENCIAIS. (PUBLICADA NA SEPARATA DO autoridade que detiver o poder disciplinar sobre o mi-
BGPM Nº 12, DE 11/02/14). litar acusado, ou pela Corregedoria, dependendo do
caso, o que, inclusive, deverá ser constado na solução
do IPM.
Da competência da Polícia Judiciária Militar Art. 7º As alegações (denúncias, reclamações, queixas,
representações, requisições e outras de mesma natu-
Art. 1º As notícias relacionadas a infrações penais mi- reza) oriundas do público interno e externo, de auto-
litares serão investigadas, em regra, pela Autoridade ridades públicas e civis, noticiando desvio de conduta
de Polícia Judiciária Militar, com atribuição sobre a praticada por militares, que se enquadrem, em tese,
circunscrição do fato (art. 10 do Código de Processo em indícios de autoria e materialidade de crime mi-
Penal Militar - CPPM), mesmo que esta envolva mili- litar, serão motivos para a instauração de IPM, com a
tares de Comandos Intermediários distintos, na condi- finalidade de investigar o fato.
ção de autores, coautores ou partícipes. Art. 8º Caso a alegação seja anônima ou carente de
Art. 2º Crime militar, na esfera estadual, é todo o fato informações de convencimento, não delimitando ade-
típico, antijurídico e culpável, de natureza militar, pra- quadamente os indícios de autoria e materialidade
ticado por militares em situações descritas no art. 9º da conduta infracional, poderá ser realizado um Le-
do Código Penal Militar (CPM), combinado com o tipo vantamento Inicial (LI) ou instaurado um Relatório de
de ilícito especificado na Parte Especial do mesmo di- Investigação Preliminar (RIP), nos termos do art. 100
ploma legal, que atenta contra o dever militar e os do MAPPA.
valores das Instituições Militares. Art. 9º Ressalvadas as eventuais medidas prelimi-
Art. 3º O inciso I do art. 9º do CPM se refere aos cri- nares constantes do art. 12 do CPPM (providências
mes propriamente militares que, na esfera estadual, imediatas em local de crime), a lavratura de APF, via
são aqueles cuja prática não seria possível senão por de regra, será atribuição do Comandante da Unida-
militar, cujo critério a ser verificado é a condição de de (Autoridade de Polícia Judiciária Militar), em cujo
militar do sujeito, sendo aquela infração penal cujo âmbito de atuação territorial tenha ocorrido a infra-
tipo de ilícito está previsto exclusivamente no CPM, ção penal, conforme ressai da alínea “a” do art. 10
tais como: violência contra superior (art. 157 CPM), do CPPM, ainda que, eventualmente, vislumbre-se a
deserção (arts. 187 a 194 CPM), abandono de posto participação de militares de outras Unidades de Co-
(art. 195 CPM), embriaguez em serviço (art. 202 CPM), mandos Intermediários distintos, não podendo ocorrer
dormir em serviço (art. 203 CPM) e outros. o fracionamento na lavratura do APF, cabendo, desde
Art. 4º O inciso II do art. 9º do CPM se refere aos cri- que possível, ao Comandante do infrator, se de maior
mes impropriamente militares, ou seja, aqueles tipifi- grau hierárquico, determinar o procedimento em des-
cados na Parte Especial do CPM, com igual definição favor de todos.
na lei penal comum, quando praticado por militar da § 1º Observar-se-á a seguinte linha de prioridade para
ativa ou reconvocado para o serviço ativo. a lavratura do APF:
§ 1º Nos termos das suas alíneas “a”, “b”, “d” e “e”, será I – o Comandante com responsabilidade territorial em
crime militar o fato praticado que se deu a consumação ou a tentativa do fato tido
por militar da ativa ou reconvocado, contra militar na criminoso;
mesma situação, em qualquer lugar; ou em lugar su- II – o Comandante da Unidade em que serve o militar
jeito à administração militar, contra qualquer pessoa; preso em flagrante, caso o crime ocorra no município
ou contra o patrimônio sob a administração ou a or- em que esteja localizada a Unidade, ou espaço geo-
dem administrativa militar. gráfico circunvizinho, desde que não haja demora e
§ 2º Nos termos da alínea “c”, será crime militar o fato prejuízo para a lavratura;
delituoso praticado por militarem serviço ou por ter se III – a Autoridade Militar hierárquica superior.
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

colocado em serviço, ainda que em trajes civis e de fol- § 2º Havendo necessidade de autuar militar(es)
ga, intervindo numa situação de flagrância, em razão pertencente(s), exclusiva e isoladamente, a Comandos,
do dever jurídico de agir, em qualquer lugar e contra Diretorias ou Centros Especializados, na região me-
qualquer pessoa. tropolitana de Belo Horizonte (RMBH), a competência
Art. 5º O inciso III do art. 9º do CPM, na esfera estadual, poderá ficar a cargo da Autoridade De Polícia Judiciá-
refere-se aos crimes próprios e impropriamente militares, ria Militar à qual ele(s) esteja(m) subordinado(s).
quando praticados por militar da reserva ou reformado. § 3º Havendo envolvimento de militares de institui-
Parágrafo único. Nos termos das suas alíneas “a”, “b”, ções diversas, para a lavratura do APF, os conduzidos
“c” e “d”, será crime militar o fato praticado por militar serão apresentados à Autoridade de Polícia Judiciária
da reserva ou reformado contra o patrimônio sob a de cada IME, para a autuação do respectivo militar.

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§ 4º Os crimes militares cometidos por policiais mili- de resistência à prisão, fundado receio de fuga ou para
tares serão apurados pela PMMG, e os cometidos por preservar a integridade física do executor, do preso ou
bombeiros militares pelo CBMMG. de terceiros, devendo tal circunstância ser consignada
Art. 10. O flagrante eficiente, previsto na lei processual em boletim de ocorrência.
comum, por meio do qual as pessoas são inquiridas Art. 14. Efetuada a prisão em flagrante, o militar preso
separadamente em termos próprios e destacados en- deverá ser imediatamente apresentado pelo condutor
tre si, compondo, ao final, um todo de natureza mo- ao Comandante, ou ao Oficial de Dia, ou à autoridade
dular unido pelo auto de prisão em flagrante delito, correspondente.
deve ser empregado para a lavratura do flagrante de § 1º O militar condutor será, em regra, aquele que deu
crime militar, por força do disposto no art. 3º, alínea voz de prisão em flagrante e apresentou o autor do
“a”, do CPPM. crime militar à autoridade competente.
§ 1º Apresentado o preso à Autoridade de Polícia § 2º Quando o subordinado der voz de prisão em fla-
Judiciária Militar Delegada (Presidente do APF), jun- grante delito a um superior, aquele deverá reter o pre-
tamente com o Boletim de Ocorrência (BO), ouvirá so no local até que este possa ser conduzido por um
esta o condutor e colherá, desde logo, sua assinatura, militar mais antigo ou seu superior hierárquico.
entregando-lhe cópia do termo e recibo de entrega § 3º Em situações definidas como crime militar, caso
do preso. Em seguida, procederá à oitiva do ofendi- haja a lavratura do boletim de ocorrência, este será,
do sempre que possível, além das testemunhas que o em regra, endereçado à Autoridade de Polícia Judiciá-
acompanharem, e ao interrogatório do preso sobre a ria Militar competente para lavratura do APF.
imputação que lhe é feita, colhendo, após cada audi- Art. 15. As testemunhas do fato delituoso deverão es-
ção, suas respectivas assinaturas, lavrando, a autori- tar presentes no ato da apresentação do militar con-
dade, afinal, o auto. duzido. Caso não existam testemunhas da infração,
§ 2º Se a Autoridade Delegada entender necessária a serão exigidas, no mínimo, duas testemunhas que te-
presença do condutor durante a oitiva das testemu- nham presenciado a apresentação do preso à autori-
nhas e do conduzido, poderá determiná-la.
dade (testemunhas de apresentação).
Art. 11. Sendo a infração penal somente típica em re-
lação ao ordenamento jurídico comum, deverá o preso
Capítulo III
ser conduzido, imediatamente, à presença da Autori-
Das providências de polícia judiciária em local de
dade de Polícia Judiciária comum competente para as
crime militar
providências cabíveis.
§ 1º O encaminhamento do militar à Delegacia de Po-
Art. 16. A Autoridade de Polícia Judiciária Militar com-
lícia, nos termos do caput deste artigo, será realizado
petente, ou as que lhe sejam hierarquicamente subor-
por guarnição da respectiva Instituição Militar Esta-
dual (IME). dinadas, conforme previsão do art. 12 do CPPM, logo
§ 2º Findo o procedimento de autuação na delegacia que tiver conhecimento da prática de infração penal
e sendo mantida a prisão pela Autoridade de Polícia militar, deverá, entre outras medidas:
Judiciária comum, o militar conduzido será recolhido I – dirigir-se ao local, providenciando para que não
à Unidade Prisional da PMMG/CBMMG. se alterem o estado e a situação das coisas, enquanto
§ 3º Durante os procedimentos de prisão, as guarni- necessário;
ções envolvidas deverão adotar medidas para que não II – apreender os instrumentos e todos os objetos que
haja exposição indevida dos fatos e da imagem do mi- tenham relação com o fato e colher todas as provas
litar preso. que sirvam para seu esclarecimento e suas circunstân-
cias, após realização da perícia, se houver;
Capítulo II III – efetuar a prisão do infrator, observado o disposto
Das situações de flagrante delito no art. 244 do CPPM;
IV – determinar o comparecimento imediato ao local
Art. 12. As situações de flagrante delito estão previstas do crime, observando-se o grau hierárquico do militar
no art. 244 do CPPM e no art. 302 do Código de Pro- preso, do Coordenador de Policiamento da Unidade
cesso Penal (CPP). (CPU) ou Coordenador de Policiamento da Compa-
Art. 13. O militar que praticar fato tipificado como in- nhia (CPCia), ou Coordenador de Bombeiros da Uni-
fração penal, comum ou militar, estando em situação dade (CBU) ou, na ausência destes, do Comandante
de flagrância, deverá ser preso e apresentado à auto- da Companhia, Pelotão ou Destacamento, que será
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

ridade competente. preferencialmente o responsável pela condução da


§ 1º A prisão em flagrante poderá ser efetuada em ocorrência e providências para a confecção do boletim
qualquer dia e a qualquer hora, respeitadas as garan- de ocorrência que noticie o crime militar à Autoridade
tias constitucionais do preso. de Polícia Judiciária Militar competente;
§ 2º O emprego de força só é permitido quando in- V – realizar ou determinar, por delegação de compe-
dispensável, no caso de desobediência, resistência ou tência, que um oficial proceda à lavratura do APF, com
tentativa de fuga. fiel observância às formalidades legais;
§ 3º Do mesmo modo, o emprego de algemas, nos VI – requisitar do CICOp/COPOM/COBOM as grava-
termos da Súmula Vinculante n. 11/STF, constitui me- ções das conversações relativas ao evento, realizadas
dida excepcional, justificando-se apenas em situações via rede de rádio;

46
VII – acionar o Assessor Jurídico, se houver, para IV – relacionar e qualificar as testemunhas que pre-
acompanhamento dos trabalhos alusivos à lavratura senciaram os fatos ou que detenham informações so-
do APF e das garantias constitucionais. bre os eventos e/ou presenciaram a atuação policial,
VIII – designar perito nos termos do art. 48 c/c art. 13, conduzindo-as, em seguida, para o local onde será
alíneas “f” e “g”, do CPPM, na eventual impossibilida- realizado o APF a fim de serem inquiridas;
de de comparecimento da perícia técnica da polícia V – após a liberação do local de crime pela perícia téc-
civil, conforme modelo referencial. nica, se necessário, arrecadar os instrumentos da in-
Parágrafo único. Na hipótese de crime militar pratica- fração e/ou objetos que tenham relação com o fato e
do mediante disparo de arma de fogo, uma providên- encaminhá-los às autoridades policiais competentes.
cia essencial a ser adotada, a partir do primeiro contato e § 1º Os materiais apreendidos relacionados ao crime
sempre que possível, será o encaminhamento do militar militar deverão ficar acautelados na intendência da
para coleta de material destinado à realização de exame Unidade da PMMG ou almoxarifado da Unidade do
residuográfico, bem como da vítima, se necessário. CBMMG, responsável pela elaboração do APF ou outro
Art. 17. Na ocorrência de crime militar, especialmen- local seguro, à disposição da Justiça Militar Estadual
te o que tenha sido cometido no exercício da função (JME).
ou em decorrência desta, o militar e/ou a guarnição § 2º Em se tratando de crime militar e na total impos-
deverá ser recolhida imediatamente ao quartel, para sibilidade de comparecimento da perícia técnica da
as providências relativas ao APF pela prática de crime Polícia Civil, a Autoridade de Polícia Judiciária Militar
militar. deverá ser cientificada.
§ 1º Havendo, simultaneamente, crime comum, prati- Art. 20. A guarnição ou o militar autor ou envolvido na
cado por militar ou civil, outra guarnição não envolvi- prática de crime militar deve:
da na prática do crime militar deverá ser encarregada I – socorrer a vítima (se mais de uma, priorizar as apa-
do registro da ocorrência na Delegacia de Polícia. rentemente mais graves), com sua remoção segura à
§ 2º Haverá o registro ao Delegado de Polícia (Civil ou unidade de saúde mais próxima, o que pode ser rea-
Federal) de uma ocorrência relativa ao crime comum lizado por unidades especializadas de socorro, se essa
(que estava em andamento), nos termos do §1º, e o situação não representar iminente risco de morte;
registro de outra ocorrência (do crime militar), dirigida II – comunicar imediatamente o fato ao Oficial de ser-
à Autoridade de Polícia Judiciária Militar, nos termos viço e ao Comandante da Unidade;
do inciso V do artigo anterior. III – transmitir todas as informações essenciais para a
§ 3º A Autoridade de Polícia Judiciária Militar com- guarnição que assumir a ocorrência referente ao crime
petente deve, pessoalmente, deliberar sobre a neces- comum, nos termos do § 1º do art. 17 desta Instrução;
sidade de elaboração do APF ou do IPM, observado o IV – contribuir para a preservação do local do crime,
disposto no art. 27 desta Instrução. transmitindo ao encarregado do registro do BO as
Art. 18. Nas ocorrências em que a intervenção policial eventuais intervenções realizadas, essenciais ao so-
resulte morte (consumada ou tentada) de qualquer corro da vítima.
pessoa, a Central de Operações da IME, por meio do
Coordenador do turno, a Corregedoria/Subcorrege- Capítulo V
doria ou equivalente deverá ser cientificada imedia- Das atribuições do Presidente do Auto de Prisão
tamente. em Flagrante
§ 1º Equipe da Corregedoria e/ou Subcorregedoria
deverá, em regra, comparecer ao local e auxiliar no Art. 21. O Oficial Presidente do APF (Autoridade de
desenvolvimento das medidas descritas no artigo an- Polícia Judiciária Militar Delegada), considerando o
terior. previsto nos arts. 7º e 12 do CPPM, deverá, entre ou-
§ 2º Na ausência de representantes da Corregedoria/ tras medidas e conforme o caso:
Subcorregedoria, equipe da P2/B2 deverá acompa- I – apurar o crime militar;
nhar a ocorrência. II – prestar aos órgãos e juízes da Justiça Militar e aos
membros do Ministério Público as informações neces-
Capítulo IV sárias à instrução e julgamento dos processos, bem
Das providências adotadas pelos responsáveis pela como realizar as diligências que por eles lhe forem
confecção dos boletins de ocorrência requisitadas;
III – cumprir os mandados de prisão e de busca e apre-
Art. 19. As guarnições PM/BM responsáveis pelos re- ensão expedidos pela Justiça Militar;
gistros dos boletins de ocorrência relativos ao crime IV – solicitar das autoridades as informações e me-
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

comum e militar deverão: didas que julgar úteis à elucidação da infração penal
I – isolar, preservar, vigiar e controlar o acesso ao local militar que esteja a seu cargo;
de crime e seus vestígios; V – requisitar da Polícia Civil e das repartições técni-
II – acionar a perícia técnica e manter o local preser- cas civis as pesquisas e exames necessários ao comple-
vado até a conclusão dos trabalhos periciais, salvo se mento e subsídio do APF;
dispensada a cobertura policial pelos peritos; VI – apreender a arma, munições e objetos utilizados
III – caso a perícia não compareça ao local, constar no na prática do crime;
histórico do boletim de ocorrência o nome do trans- VII – encaminhar a arma apreendida para exame de
missor da mensagem do respectivo órgão, bem como eficiência e os projetis e estojos para microcompara-
o motivo do não comparecimento; ção balística, conforme modelo referencial;

47
VIII – determinar que uma guarnição PM/BM assuma do pela JME, sem prejuízo da remessa simultânea dos
os trabalhos alusivos à lavratura do Boletim de Ocor- originais pelos meios disponíveis.
rência, que deverá ser endereçado ao Delegado de Po- Art. 24. Os instrumentos, objetos, materiais ou papéis
lícia, observado o disposto nos termos do §1º do art. encontrados em poder do infrator e que façam pre-
17 desta Instrução; sumir a sua participação no fato criminoso deverão,
IX – designar um militar para atuar como escrivão, quando for o caso, ser submetidos a exames periciais,
que deverá ser no mínimo tenente, para presos Ofi- na forma da legislação vigente.
ciais, e sargento, para os demais presos (§§ 4º e 5º, art. Art. 25. Caso o infrator, ao ser preso, tenha a posse de
245 do CPPM); objeto produto de crime, além de ser obrigatória a la-
X – permitir a assistência da família e de advogado ao vratura do competente “auto de apreensão”, também,
militar preso e assegurar os direitos previstos no art. deve ser procedida a avaliação do objeto apreendido,
5º da CRFB/88, no que for pertinente; juntando o respectivo “auto de avaliação” ao APF (art.
XI – submeter o militar preso a exame de corpo de 342 do CPPM).
delito; Parágrafo único. A avaliação citada no caput deste ar-
XII – lavrar o APF e remetê-lo à Justiça Militar, junta- tigo se dará também em relação às coisas destruídas
mente com os materiais apreendidos na ocorrência; ou deterioradas.
XIII – proceder à restituição dos objetos a quem de
direito, com as cautelas legais, lavrando-se o respec- Capítulo VI
tivo termo, observados os arts. 190 a 198 do CPPM, Do procedimento do Auto de Prisão em Flagrante
quando for o caso.
IX – requisitar a realização de exame residuográfico, Art. 26. Para a lavratura do APF, deverão ser observa-
caso tal providência não tenha sido adotada nos ter- dos os seguintes procedimentos:
mos do art. 16, parágrafo único, desta Instrução. I – designação da Autoridade de Polícia Judiciária Mi-
Art. 22. A nota de culpa (art. 247 do CPPM) deverá ser litar Delegada que irá presidir o APF, o que, via de re-
entregue ao preso, no prazo máximo de 24 horas após gra, dar-se-á por meio de escala previamente definida
sua prisão, assinada pelo Presidente do APF, expondo pela Autoridade de Polícia Judiciária Militar Delegante
o seu motivo, a tipificação legal do crime militar co-
(Comandante);
metido, o nome do condutor e das testemunhas.
II – confecção da Portaria pelo Presidente do APF;
§ 1º O termo inicial para contagem do prazo de 24
III – nomeação e compromisso do escrivão, elaborado
horas será o da voz de prisão em flagrante dada pelo
pelo Presidente do APF;
condutor e não da apresentação do preso à autorida-
IV – audição, em regra, das pessoas nesta ordem, em
de de polícia judiciária competente.
termos separados:
§ 2º Lavrado o APF e expedida a nota de culpa, o pre-
a) condutor;
so ficará, imediatamente, à disposição da autoridade
judiciária competente. b) ofendido, caso haja e não seja o próprio condutor
§ 3º O conhecimento formal da prisão em flagrante (o ofendido poderá ser ouvido, também, logo após a
delito ao Juiz de Direito do Juízo Militar não se resume audição das testemunhas e antes do interrogatório do
à mera confecção de um ofício comunicando a prisão, militar conduzido);
mas inclui o envio de todo o auto lavrado, da nota c) testemunhas;
de culpa e da certidão dos direitos constitucionais, d) militar conduzido.
de forma a possibilitar a deliberação pela autorida- V – produção e juntada de outros documentos;
de judiciária acerca da necessidade de concessão de VI – expedição e entrega ao militar conduzido da nota
liberdade provisória ou relaxamento da prisão, dentre de culpa e certidão de direitos constitucionais;
outras medidas. VII – submissão do militar conduzido ao exame de cor-
Art. 23. A remessa do APF à autoridade judiciária de- po de delito e, em seguida, seu recolhimento à prisão;
verá ser feita de imediato (art. 251 do CPPM), para VIII – relatório elaborado pelo Presidente do APF;
que ela conheça do seu conteúdo e das circunstâncias IX – ofício de remessa do APF ao Comandante da Uni-
da prisão em flagrante. dade;
§ 1º O Presidente do APF deve remetê-lo à JME em até X – remessa do APF à JME, por intermédio de ofício do
24 horas (art. 251, 1ª parte, do CPPM), a contar da voz Comandante da Unidade.
de prisão dada ao militar. Art. 27. Se, ao final da audição do militar conduzi-
§ 2º As diligências complementares ao APF, tais como do, a Autoridade de Polícia Judiciária Militar verificar
exames, perícias, busca e apreensão dos instrumentos a manifesta inexistência da infração penal militar, a
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

do crime e qualquer outra necessária ao seu esclare- não participação do conduzido em sua prática ou a
cimento, devem ser encaminhadas à JME, no máximo inexistência das situações que autorizam a prisão em
em 05 (cinco) dias (art. 251, 2ª parte, do CPPM). flagrante, nos termos do art. 246 e art. 247, § 2º, am-
§ 3º No momento da remessa ou no prazo destinado bos do CPPM, não haverá o recolhimento do militar
às diligências complementares ao APF, deve o Pre- à prisão.
sidente fazer juntar aos autos o Extrato de Registros Art. 28. Na hipótese descrita no caput do artigo ante-
Funcionais (ERF) do preso. rior, serão adotadas as seguintes providências:
§ 4º Em razão das dificuldades das Unidades do inte- I – deixar de expedir a nota de culpa e lavratura dos
rior do Estado, pode o Presidente remeter, de imediato, demais atos subsequentes descritos nos incisos VI a X
o APF, via fac-símile (fax) ou outro meio disponibiliza- do art. 26 desta Instrução;

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II – deverá o Presidente do APF elaborar o despacho Capítulo VII
não ratificador da prisão em flagrante, conforme mo- Da investigação em condutas que se amoldem aos
delo referencial; tipos penais dolosos contra a vida de civis
III – instaurar, imediatamente, Inquérito Policial Mi-
litar. Art. 32. A notícia de fato previsto como crime doloso
Art. 29. Caberá às autoridades com atribuição legal contra a vida (crimes contra a pessoa tipificados no
para conhecer do flagrante (Comandantes), deliberar CPM: art. 205 - homicídio consumado e tentado; art.
sobre a lavratura do APF e, na sua impossibilidade, 207 – provocação direta, indireta e auxílio a suicídio),
ao Subcomandante da Unidade ou Oficial de dia, de praticado por militar em serviço ou agindo em razão
serviço ou de quarto, ou autoridade correspondente. da função, contra civil, nos termos do § 2º do art. 82
Art. 30. Na PMMG os APF, inclusive aqueles realizados do CPPM, será investigada pela Polícia Judiciária Mi-
em período noturno, finais de semana, feriados e dias litar, por intermédio de Inquérito Policial Militar ou
facultativos, serão lançados, registrados e controla- Auto de Prisão em Flagrante.
dos no Sistema Informatizado de Recursos Humanos § 1º Deverão ser observados na PMMG, em todos os
(SIRH) ou equivalente, os quais receberão a numera- casos, as orientações específicas desta instrução, que
ção fornecida pelo Sistema, aos moldes do que ocorre regulamentam as Comissões de Acompanhamento e
com o IPM. Controle da Letalidade e do Uso da Força na Unidade.
§ 1º No campo destinado ao lançamento do histórico § 2º Os militares envolvidos diretamente em ocorrên-
da portaria, será registrada a portaria confeccionada cias com resultado letal deverão ser afastados tem-
e assinada pelo Presidente do APF. porariamente do serviço operacional e encaminhados,
§ 2º O procedimento do APF somente admite homo- de imediato, ao serviço psicológico.
logação de solução, uma vez que a ratificação ou não
da voz de prisão em flagrante e o eventual amolda- Capítulo VIII
mento da conduta do militar conduzido ao tipo de ilí- Da Remessa do APF à Defensoria Pública
cito constante do CPM dar-se-á mediante deliberação
prévia da Autoridade de Polícia Judiciária Militar dele- Art. 33. Dentro em 24 horas após a prisão, caso o mi-
gante (Comandante da Unidade). litar indiciado e autuado não informe o nome de seu
§ 3º A homologação da solução constante do relatório advogado, deverá ser remetida cópia integral do APF
do Presidente do APF se dará pelo Comandante da para a Defensoria Pública.
Unidade, observando-se o seguinte:
I – no campo destinado ao lançamento do ato de ho- Capítulo IX
mologação de solução, constará apenas o texto do ofí- Da autoria indefinida, colateral ou desconhecida
cio de remessa dos autos à Justiça Militar;
II – no campo destinado à informação do tipo de bole- Art. 34. Na autoria indefinida ou indeterminada,
tim, muito embora a portaria e homologação do APF quando não se consegue determinar qual dos milita-
não necessitem ser publicadas, será apenas informado res que, agindo em concurso de agentes, cometeu o
o código correlato ao grau de sigilo ou ostensividade crime, lavrar-se-á o APF em face de todos os militares
do procedimento, tendo em vista tratar-se de campo que agiram em concurso, se estiverem em flagrante
obrigatório de preenchimento; delito. Caso não haja elementos suficientes para a la-
III – no lançamento da homologação de solução de vratura do APF, instaurar-se-á IPM.
APF, na ação “cadastrar envolvidos”, deverão ser ob- Art. 35. Na autoria colateral, que se caracteriza justa-
servados os seguintes procedimentos: mente por não haver liame subjetivo entre os agentes,
a) no campo “tipo de envolvimento”, deverá ser lança- sendo CERTA, haverá a prisão em flagrante, por crime
do o código “5 - Indiciado”; consumado, do responsável pela prática da infração
b) no campo “ação legítima”, deverá ser lançada a si- penal militar e, por delito tentado, daquele que não
gla “N” (não); conseguiu consumar o crime penal militar. Se INCER-
c) no campo “indício crime”, deverá ser lançada a sigla TA, haverá a prisão em flagrante de ambos por cri-
“S” (sim); me tentado. Em todos, os casos lavrar-se-á o APF dos
d) no campo “transgressão disciplinar”, lançar o códi- militares que estiverem em flagrante delito. Caso não
go “S” (sim), tendo em vista que o indiciamento impli- haja elementos suficientes para a lavratura do APF,
cará, consequentemente, na apuração da transgressão instaurar-se-á IPM.
disciplinar residual ao crime militar vislumbrado. Art. 36. Ocorrendo autoria desconhecida, que é aquela
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

§ 4º No caso do APF ser encerrado com o despacho que não se faz ideia de quem teria causado ou mesmo
não ratificador, no campo destinado ao lançamento tentado praticar a infração penal militar, instaurar-se-
do ato de homologação de solução, constar-se-á o nú- -á IPM, pois não há definição de autoria. Permanecen-
mero da Portaria do IPM instaurado. do o desconhecimento da autoria após a investigação,
§ 5º Levando-se em conta a urgência do encaminha- não haverá indiciamento.
mento dos autos originais do APF à Justiça Militar, o Art. 37. Não se caracterizando os elementos para a
seu registro do SIRH poderá ser procedido utilizando- lavratura do APF, mas persistindo-se indícios da prá-
-se do teor da cópia dos autos. tica de crime militar, instaurar-se-á IPM para apurar
Art. 31. No CBMMG os APF serão lançados, registrados os fatos.
e controlados em Sistema Informatizado próprio.

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Art. 38. Todas as alterações ocorridas no local do cri- § 3º A Unidade Militar prisional de execução da deten-
me, em decorrência de medidas essenciais, deverão ser ção do indiciado será determinada em conformidade
consignadas no histórico do Boletim de Ocorrência. com as normas da instituição militar a que pertencer
a autoridade que a determinou.
Capítulo X § 4º Em virtude da limitação constitucional, somente
Do comparecimento espontâneo é possível a detenção do indiciado no caso de crime
propriamente militar, não podendo ser aplicada a mi-
Art. 39. A confecção do Termo de Comparecimento litares que estejam na condição de investigados, de
Espontâneo (TCE), previsto no artigo 262 e seu pará- testemunhas, ou nos crimes impropriamente militares
grafo único do CPPM, só será possível nas seguintes (aqueles também previstos na legislação penal co-
hipóteses: mum).
I – quando, uma vez instaurado o Inquérito Policial § 5º Para a decretação da detenção do indiciado que
Militar, alguém que não seja investigado ou indiciado esteja na condição de investigado, há necessidade, pri-
apresentar-se como responsável pelo fato; meiramente, da formalização do respectivo termo de
II – quando a autoridade tomar conhecimento, pelo indiciamento nos autos do inquérito, conforme mode-
próprio militar que se apresenta, da ocorrência do ilí- lo referencial.
cito penal por ele praticado, e até então desconhecido,
quando ausentes os requisitos para lavratura do APF. Capítulo XII
§ 1º No caso de incidência do inciso II deste artigo, Das Medidas Cautelares
além do TCE, deverá a autoridade instaurar imedia- Seção I
tamente o IPM, nos termos do art. 10, “a” ou “b”, do Da interceptação telefônica
CPPM.
§ 2º O TCE constitui peça a ser formalizada nos autos Art. 41. A interceptação telefônica, nos termos da Lei
do IPM, conforme os termos do parágrafo único do art. n. 9.296/96 e da Súmula n. 6 – TJM/MG1, poderá ser
262 do CPPM. requerida diretamente pela Autoridade de Polícia Ju-
§ 3º O comparecimento espontâneo não elidirá a la- diciária Militar (Autoridade Delegante ou Delegada),
vratura do APF, desde que presentes os seus requisitos. no curso da investigação de crimes militares punidos
§ 4º O fato de o militar ter praticado o crime em servi- com penas de reclusão, ao Juiz de Direito do Juízo
ço ou agindo em razão da função, com comunicação Militar competente, especificando os motivos do pe-
ou apresentação imediata à Central de Operações da dido, constando expressamente que sua realização é
IME, Coordenador do turno ou qualquer outra autori- imprescindível à apuração da infração penal, com a
dade de polícia judiciária com atribuição equivalente, indicação dos meios a serem empregados.
não afastará a lavratura do APF, se preenchidos os re- Art. 42. O pedido de intercepção deverá descrever, com
quisitos previstos no CPPM. clareza, a situação objeto da investigação, inclusive
§ 5º Nos casos em que o IPM já tenha sido encerrado, com a indicação e qualificação dos investigados, salvo
o TCE será imediatamente encaminhado à JME. impossibilidade manifesta, devidamente justificada,
além de fazer anexar fotocópia da Portaria de instau-
Capítulo XI ração do IPM, bem como cópia dos documentos que
Da detenção do indiciado por crime propriamente demonstrem as razões do pedido, nos termos do art.
militar 2º da Lei n. 9.296/962.
Art. 43. Os pedidos de interceptação telefônica, tele-
Art. 40. A detenção do indiciado prevista no art. 18 mática ou de informática, formulados em sede de IPM
do CPPM, que ocorre no curso das investigações do ou em instrução processual penal devem obedecer ao
IPM em que se apura crime propriamente militar, está disposto na Resolução n. 59, de 09 de setembro de
respaldada no inciso LXI do art. 5º da CRFB, devendo 2008, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
ser determinada pela Autoridade Delegante, quando Art. 44. Os pedidos mencionados no artigo anterior
requerida pela Autoridade Delegada (Encarregado do serão encaminhados à Central de Distribuição de Fei-
IPM), observados os seus pressupostos de admissibili- tos da JME, em envelope lacrado, contendo o pedido
dade. e documentos necessários que comprovem as razões
§ 1º Consideram-se pressupostos de admissibilidade do pedido.
os requisitos da prisão preventiva elencados nos arts. Art. 45. Na parte exterior do envelope a que se refere
254 (prova do fato delituoso e indícios suficientes de o artigo anterior será colada folha de rosto contendo
autoria) c/c o art. 255 (fundar-se em um dos seguin- somente as seguintes informações:
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

tes casos: garantia da ordem pública; conveniência da I – A denominação “Medida Cautelar Sigilosa”;
instrução criminal; periculosidade do indiciado; segu- II – A Unidade Militar a que pertence o Encarregado
rança da aplicação da lei penal militar; exigência da que formula o pedido;
manutenção das normas ou princípios de hierarquia e III – A cidade de origem da medida.
disciplina militares, quando ficarem ameaçados ou atin- Art. 46. É vedada a indicação do nome do requerido,
gidos com a liberdade do indiciado), ambos do CPPM. da natureza da medida ou qualquer outra anotação
§ 2º A detenção do indiciado será determinada pela na folha de rosto referida no artigo anterior.
Autoridade de Polícia Judiciária Militar Delegante que Art. 47. Deverá ser anexado ao envelope a que se
instaurou e/ou mandou instaurar o IPM, devendo o refere o art. 44 desta Instrução um envelope menor,
fato ser comunicado imediatamente ao juízo militar. também lacrado, contendo em seu interior apenas o

50
número e o ano do procedimento investigatório ou serão investigados por meio de IPM ou, inexistindo in-
do IPM. Caso o IPM já tenha sido distribuído, deverá dícios de crime militar, mediante apuração em proces-
mencionar, também, o número dos autos recebidos na so/procedimento administrativo, conforme o caso e de
Justiça Militar. acordo com a previsão contida nos artigos 14 ao 16,
Art. 48. Havendo necessidade de prorrogação de pra- da referida Lei.
zo da interceptação telefônica, telemática ou de in- § 3º Podem constituir, simultaneamente, crime militar
formática, a Autoridade de Polícia Judiciária Militar e ato de improbidade administrativa, dentre outros,
(Delegante ou Delegada) deverá fazê-lo antes do ven- os tipos descritos nos artigos 240 ao 251, artigos 254
cimento do prazo da interceptação em trâmite, com ao 256, contidos no Título V (Dos crimes contra o pa-
tempo suficiente para dar continuidade aos trabalhos, trimônio) e artigos 303 ao 310, contidos no Título VII
sem que haja interrupção. (Dos crimes contra a Administração Militar), todos do
§ 1º Para tanto, deverão ser apresentados os áudios CPM.
(CD/DVD) com o inteiro teor das comunicações in- § 4º A instauração de processo/procedimento admi-
terceptadas, as transcrições das conversas relevantes nistrativo, em decorrência de qualquer desfalque ou
à apreciação do pedido de prorrogação e o relatório desvio de dinheiro, bens ou valores públicos, prática de
circunstanciado das investigações com seu resultado, ato ilegal, ilegítimo ou antieconômico que cause dano
demonstrando nas razões da prorrogação ser esta im- ao erário, deverá ser comunicada à Auditoria Setorial,
prescindível à apuração da infração penal. mediante envio de cópia da respectiva Portaria e dos
§ 2º Os documentos exigidos no parágrafo anterior documentos que a originaram, para a análise sobre
serão entregues pessoalmente pela Autoridade de Po- a necessidade ou não da instauração de Portaria de
lícia Judiciária Militar competente (Delegante ou De- Tomada de Constas Especial, sob pena de responsabi-
legada) ou pelo Escrivão, expressamente autorizado, lidade solidária.
ao Juiz de Direito do Juízo Militar competente ou ao § 5º Ao final da investigação criminal ou da apuração
servidor por ele indicado. administrativa nos atos de improbidade, além da re-
Art. 49. A Autoridade de Polícia Judiciária Militar, en- messa do IPM à JME, a solução dada pela autoridade
carregada da investigação, poderá solicitar à Corre- delegante, em ambos os casos, deve prever o encami-
gedoria orientações sobre o processamento, modelos nhamento de cópia do inteiro teor dos autos do inqué-
referenciais e apoio nas diligências em que sejam ne- rito ou do processo disciplinar ao Ministério Público
cessárias proceder às medidas cautelares sigilosas de (Patrimônio Público) e à Auditoria Setorial da PMMG/
qualquer natureza. CBMMG.
Parágrafo único. Todos os atos e documentos decor- § 6º O crime comum praticado por militar estadual
rentes de medidas cautelares sigilosas serão processa- da ativa, em serviço ou de folga, e da reserva remune-
dos e juntados em autos apartados. rada deve ser alvo de análise criteriosa por parte das
autoridades militares, nos diversos níveis, a fim de se
Capítulo XIII verificar a residualidade de transgressão disciplinar e
Da prática de crimes comuns e dos atos ilícitos de a consequente necessidade de apuração das responsa-
improbidade administrativa bilidades de natureza administrativo-disciplinar.
Art. 51. Não se deve confundir competências de polícia
Art. 50. Os crimes de tortura (Lei n. 9.455/97) e de judiciária comum com aquelas decorrentes de polícia
abuso de autoridade (Lei n. 4.898/65), bem como os judiciária militar. Um militar investigado por prática,
atos (ilícitos civis) de improbidade administrativa (Lei em tese, de crime militar pode, simultaneamente, es-
n. 8.429/92) praticados por militares estaduais, em tar sendo investigado por prática, em tese, de crime
serviço ou de folga, devem ser alvo de análise crite- comum (tortura, abuso de autoridade e outros).
riosa pelas autoridades militares nos diversos níveis,
para eventual abertura de IPM, pela prática simul- Capítulo XIV
tânea de crime militar, ou de processo/procedimento Da padronização dos atos de investigação
administrativo, conforme o caso, podendo resultar, ao Seção I
final, na aplicação de qualquer sanção e/ou medida Da audição simultânea de pessoas
administrativa (movimentação de Unidade ou Fração,
disponibilidade cautelar e outros). Art. 52. A audição simultânea de pessoas consis-
§ 1º As condutas que se amoldam aos crimes de tor- te na tomada de declarações/depoimentos do(s)
tura e de abuso de autoridade, mesmo que já estejam investigado(s)/conduzido(s), da(s) vítima(s) e
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

sendo investigadas pela Autoridade de Polícia Judi- testemunha(s) simultaneamente, visando maior fide-
ciária comum (delegado de polícia), considerando as dignidade e evitar que as falas sejam ajustadas.
condições em que foram praticadas, poderão importar Parágrafo único. Se a Autoridade de Polícia Judiciária
em indícios de crime militar (constrangimento ilegal, Militar Delegante ou Delegada entender conveniente,
lesão corporal, violação de domicílio, homicídio e ou- diante da gravidade, complexidade ou das circuns-
tros) e de eventuais transgressões disciplinares residu- tâncias de cada caso, poderá determinar a audição
ais. simultânea de todos ou de parte das pessoas a serem
§ 2º As condutas que se amoldam aos atos de impro- inquiridas no IPM, devendo nomear, para tanto, o nú-
bidade administrativa descritos nos arts. 9°, 10 e 11 mero suficiente de escrivães “ad hoc”, que, para esse
da Lei n. 8.429/92 e, simultaneamente, a crime militar fim, prestarão o compromisso legal.

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Art. 53. A Autoridade Delegante ou Delegada, antes VII – juntar aos autos o Extrato de Registro Funcional
de decidir pela tomada simultânea de declarações/de- (ERF) dos investigados, a Folha de Antecedentes Cri-
poimentos deverá entrevistar preliminarmente as pes- minais (FAC), expedida pelas Polícias Civil e Federal,
soas, visando cotejar as informações colhidas, delinear e Certidão de Antecedentes Criminais (CAC), expedida
perguntas comuns para serem realizadas e selecionar pelas justiças comum e militar, todos atualizados, a
aquelas que serão ouvidas simultaneamente. fim de possibilitar avaliação, por parte da autoridade
§ 1º As pessoas a serem ouvidas simultaneamente delegante, do Ministério Público e/ou do juiz de di-
deverão permanecer em salas distintas, de forma que reito militar, de antecedentes relevantes que possam
umas não possam ouvir ou tomar conhecimento das influenciar na tomada de decisões;
entrevistas preliminares e das declarações/depoimen- VIII – destacar nos termos de depoimentos ou de de-
tos das outras. clarações o nome da pessoa ouvida (letra maiúscula) e
§ 2º A Autoridade encarregada do IPM deverá acom- qualificação, fazendo, ainda, inserir o seu CPF, de for-
panhar as oitivas, realizar perguntas, se necessário, e ma a viabilizar a sua localização posterior, no caso de
esclarecer eventuais contradições entre as diversas de- mudança de endereço, ou adoção de alguma medida
clarações/depoimentos. cautelar que for necessária à investigação;
Art. 54. Nas hipóteses em que houver contradições de IX – especificar, nos autos do inquérito, a localidade
fatos ou circunstâncias relevantes, a autoridade dele- e a data em que foi praticada a conduta investigada,
gante ou delegada deverá avaliar a conveniência de constar os referidos dados separadamente e na forma
proceder à acareação, após o término da audição si- corrente, evitando a inclusão do grupo data/hora uti-
multânea, nos termos do art. 365 e 366 do CPPM. lizado na redação de documentos internos da PMMG/
CBMMG (ex: “Na cidade de Belo Horizonte - MG, por
Seção II volta das 10h30min, do dia 15/10/2008, segunda-fei-
Dos atos diversos ra” e não “Belo Horizonte, 151030Out08-Seg”);
Parágrafo único. A ausência da representação do ofen-
Art. 55. No curso das investigações criminais, sempre dido, ou a desistência de sua apresentação, nos crimes
que possível, deverão ser observados os seguintes pro- militares de lesão corporal de natureza leve ou culpo-
cedimentos: sa, não impedirá a instauração e o regular desenvolvi-
I – elaborar, quando for o caso, termos de reconhe- mento do IPM perante a Administração Militar.
cimento formal dos militares suspeitos, devendo Art. 56. O Encarregado de IPM, no curso da investiga-
priorizar o fotográfico quando a(s) vítima(s) e/ou ção, poderá despachar diretamente com a Autoridade
testemunha(s) demonstrarem receio de proceder ao Judiciária ou Membro do Ministério Público atuante
reconhecimento de pessoas ou quando o reconhe- na JME, a fim de requerer providências de Polícia Ju-
cimento pessoal for inviável, observando o disposto diciária Militar relacionadas com o fato sob apuração,
nos artigos 368 e seguintes do CPPM, que regulam como interceptação telefônica, quebra de sigilo ban-
o procedimento, mormente nos crimes tipificados nos cário, fiscal e financeiro, mandados de busca e prisão,
artigos 209 (lesão corporal), 222 (constrangimento ile- dilação de prazo, nos termos do art. 63, §1º desta Ins-
gal), 223 (ameaça) e 333 (violência arbitrária), todos trução, dentre outros
do CPM; § 1º O procedimento descrito no caput deste artigo
II – providenciar a formalização do laudo direto nos deverá ser comunicado, preliminarmente, à Autorida-
crimes que deixam vestígios e, na impossibilidade de de de Polícia Judiciária Delegante, para que esta firme
sua obtenção, o laudo indireto; ou infirme o procedimento.
III – providenciar a juntada de fotos, sempre que pos- § 2º O controle dos autos de IPM encaminhados di-
sível, nas investigações envolvendo fatos que deixam retamente à JME, sem que estejam solucionados em
vestígios, em especial de vítimas de crime de lesões definitivo pela Autoridade de Polícia Judiciária Militar
corporais, independentemente do necessário exame Delegante, ficarão sob a responsabilidade imediata do
pericial; seu Encarregado, que deverá manter contatos periódi-
IV – realizar perguntas sucintas, precisas e objetivas cos com essa Justiça e informar a Administração Mili-
às pessoas ouvidas no IPM, quando da formalização tar sobre o andamento da investigação.
dos termos de declarações e depoimentos, com ênfase § 3º No caso dos autos encaminhados à JME na si-
para o ponto central da investigação, visando amoldar tuação do parágrafo anterior, caso permaneçam ali
a conduta delituosa ao(s) tipo(s) penal(is) disposto(s) retidos para fins de processamento da ação penal ou
no(s) artigo(s) específico(s) do CPM; para fins de arquivamento, o Encarregado do IPM de-
V – verificar o interesse do investigado/indiciado em verá providenciar fotocópia dos autos para elabora-
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

ressarcir o prejuízo provocado, juntando-se aos autos ção do relatório, análise da prática de infração penal,
o respectivo termo de ressarcimento, quando a investi- transgressões disciplinares residuais, solução e encer-
gação envolver crimes de furto, apropriação, peculato ramento da investigação no SIRH/SIGP.
e dano. A medida visa a posterior e eventual atenua- Art. 57. As armas apreendidas no curso da investiga-
ção ou extinção da punibilidade, nos termos do § 2º do ção criminal ou que se encontrem à disposição da Jus-
art. 240, art. 250, parágrafo único do art. 260 e § 4º do tiça deverão ficar acautelada na intendência ou outro
art. 303, todos do CPM; local seguro, à disposição da Justiça.
VI – instruir os autos nas investigações de crimes que Art. 58. No caso de investigações em que for verifica-
causam algum dano patrimonial com a avaliação do da elevada complexidade na produção de provas, bem
valor econômico do bem; como aquelas cujo fato tenha gerado grande reper-

52
cussão na sociedade, poderá a Autoridade Delegante, Deliberativo do PROVITA, conforme modelo referen-
nos termos do art. 14 do CPPM4, solicitar ao Procura- cial, contendo os seguintes documentos:
dor Geral de Justiça a designação de um Membro do I – documentos comprobatórios da identidade do in-
Ministério Público para acompanhar as investigações teressado;
e prestar assistência ao Encarregado do IPM. II – comprovantes da situação penal do interessado
Art. 59. Nas investigações em que haja filmagem/fo- (folha de antecedentes criminais e certidão criminal
tografia de parte da face de militares investigados ou do juízo da Comarca);
de outras pessoas envolvidas (testemunhas, ofendido III – cópia da Portaria do APF/IPM;
e outros), em que não for possível identificar a pes- IV – cópia dos depoimentos já prestados pelo interes-
soa a ser reconhecida, mas que haja indícios de ser a sado sobre os fatos objetos de apuração.
pessoa constante na filmagem/fotografia, poderá ser § 4º Em qualquer hipótese que a vítima/testemunha
realizado o reconhecimento facial humano (exame solicite seu inclusão no PROVITA e o Encarregado
prosopográfico). entenda que essa não preenche os requisitos para o
§ 1º Para a realização do exame prosopográfico, de- encaminhamento da solicitação, deverá ser elaborado
verá ser encaminhada para a perícia mídia digital, um parecer, de forma fundamentada, por escrito e que
contendo: será juntado aos autos, bem como orientar o interes-
I – fotografia e/ou filmagem da parte da face que se sado que, caso queira, poderá solicitar a sua inclusão
pretende reconhecer; pessoalmente no referido Órgão.
II – imagens da face, de frente e de perfil, da pessoa, § 5º Não deverá ser juntado aos autos do APF/IPM
preferencialmente coincidente com a época dos fatos, qualquer documento referente ao encaminhamento
para ser utilizada como parâmetro para o reconheci- do interessado ao PROVITA.
mento.
§ 2º No ofício de requisição do exame pericial a ser Seção III
expedido pelo Encarregado do IPM, deverá constar: Da testemunha anônima
I – o número da Portaria do IPM e o objetivo do exame
pericial; Art. 61. Testemunha anônima é aquela cuja identi-
II – o tempo exato na gravação em que aparece a pes- dade – imagem, nome, endereço, profissão e demais
soa a ser reconhecida; dados qualificativos – é preservada quando de sua au-
III – as características físicas (tatuagem, cicatrizes, dição, não constando seus dados na qualificação do
cor da pele, estatura, compleição corporal e outros), depoimento, quando estiver coagida ou ameaçada em
as vestimentas utilizadas e outras circunstâncias que decorrência de seu depoimento, conforme a gravidade
permitam individualizar a pessoa a ser reconhecida e as circunstâncias de cada caso, conforme o art. 7, IV,
(ex: delimitação do setor de interesse, objetos que es- da Lei 9.807/995.
tejam segurando ou próximos e outros). § 1º Em situações excepcionais, a Autoridade de Po-
Art. 60. O Programa de Proteção, Auxílio e Assistên- lícia Judiciária Militar encarregada do APF/IPM, em
cia a Vítimas e Testemunhas Ameaçadas - PROVITA decorrência da gravidade, das circunstâncias do caso
- destina-se à(s) vítima(s), testemunha(s) e seus fami- concreto, quando a(s) vítima(s) ou testemunha(s)
liares que estejam coagidos ou expostos a grave ame- coagida(s) ou submetida(s) a grave ameaça assim o
aça, em razão de colaborarem com a investigação ou desejar, não terão quaisquer de seus dados da qualifi-
processo criminal. cação lançados nos termos de seus depoimentos, que
§ 1º A(s) vítima(s)/testemunha(s) que demonstrarem não serão assinados pela(s) vítima(s) ou testemunha(s).
estar coagidas ou expostas a grave ameaça, em razão § 2º Os termos de depoimentos deverão ser impres-
das investigações, deverão ser orientadas pelo Encar- sos em duas vias, sendo a primeira sem os dados da
regado do APF/IPM sobre a possibilidade de encami- qualificação, na qual a vítima/testemunha apostará a
nhamento ao PROVITA. impressão digital do dedo polegar, conforme modelo
§ 2º Havendo solicitação da vítima/testemunha coagi- referencial, e a segunda via conterá os dados da quali-
da/ameaçada, o Encarregado do APF/IPM deverá ava- ficação, na qual a vítima/testemunha assinará.
liar se estão preenchidos os seguintes requisitos para o § 3º A segunda via, que contém os dados da qualifica-
encaminhamento: ção da vítima/testemunha e a sua assinatura, deverá
I – tratar-se de pessoa que colabora com investigação ser lacrada em envelope pardo, o qual deve receber o
ou processo criminal; carimbo “RESERVADO”.
II – gravidade da coação ou ameaça à integridade fí- § 4º O envelope lacrado que contiver os dados da qua-
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

sica ou psicológica; lificação da vítima/testemunha deverá ser anexado ao


III – dificuldade de prevenção da coação/ameaça por termo de depoimento da vítima/testemunha, devendo
meios convencionais; ser numerada de acordo com a sequência dos autos.
IV – importância do testemunho/depoimento para Art. 62. Ao final do IPM, restando indícios de trans-
produção da prova; gressão residual, a Administração deverá providenciar
V – ausência de restrição legal à liberdade ambulató- para que cópia do termo com as anotações dos da-
ria do solicitante. dos qualificativos seja entregue, em envelope aparta-
§ 3º Preenchidos os requisitos do parágrafo anterior, o do (fora dos autos), ao responsável pela condução do
Encarregado do APF/IPM deverá encaminhar o pedido processo disciplinar, a quem será transferido o dever
de inclusão do interessado ao Presidente do Conselho de sigilo das informações contidas no documento.

53
Seção IV Art. 67. O IPM relacionado à investigação de caso gra-
Dos prazos dos Inquéritos Policiais Militares ve e que requeira melhor atenção quanto ao grau de
sigilo deve receber a classificação de “RESERVADO”,
Art. 63. Os IPM que tenham militares em liberdade, bem como a respectiva portaria ser publicada somen-
na condição de investigados ou indiciados, deverão ser te ao final das investigações, juntamente com a sua
encerrados no prazo regulamentar de 40 (quarenta) homologação/avocação de solução, para não prejudi-
dias, contados do recebimento da Portaria pela Au- car as investigações. Da mesma forma, o lançamento
toridade Delegada, prorrogados uma única vez pela das informações no SIRH deve constar como “RESER-
Autoridade Delegante, por mais 20 (vinte) dias. VADO” em todos os campos.
§ 1º Nova(s) prorrogação(ões) deverá(ão) ser, obriga- Parágrafo único. Após o término da investigação, o
toriamente, solicitada ao Juízo de Direito Militar, não sistema informatizado deverá ser preenchido comple-
sendo possível, administrativamente, proceder a reno- tamente, conforme rotina da Unidade.
vação, nem mesmo sobrestamento do IPM. Art. 68. Em investigações complexas ou aquelas em
§ 2º No caso de militar na condição de investigado que haja suspeita da possibilidade da ocorrência de
ou indiciado preso, o IPM deverá ser encerrado em 20 ameaças às Autoridades Policiais envolvidas nas in-
(vinte) dias, somente podendo ser prorrogado pela au- vestigações, poderá a Autoridade Delegante, de ofício
toridade judiciária competente. ou a pedido, decidir pela designação de mais de um
§ 3º Se o militar investigado/indiciado for preso no Encarregado, sendo o de maior posto/mais antigo o
curso do IPM, sendo o prazo restante superior a 20 coordenador, e os demais, auxiliares.
(vinte) dias, prevalecerá o prazo contido no parágrafo § 1º A critério do seu Encarregado, os atos produzidos
anterior, se inferior, conta-se o prazo restante. no curso do IPM poderão ser assinados conjuntamen-
Art. 64. Nos IPM em que seja necessário proceder a te, especialmente as representações pela imposição de
exames e perícias, especialmente, o de corpo de delito medidas cautelares em desfavor dos investigados e o
complementar, a fim de caracterizar a gravidade do relatório final.
crime, o Encarregado deverá finalizar a investigação § 2º Caso verifique a falta dos motivos para que subsis-
com as respectivas provas periciais. ta mais de um Encarregado, a Autoridade Delegante,
§ 1º Não sendo possível a juntada dos exames até o de ofício ou a pedido, poderá dispensar os auxiliares
encerramento do prazo estabelecido art. 20, § 1º, do ou designar outro Encarregado, que dará continuida-
CPPM, deverá ser solicitada a dilação do prazo junto de aos trabalhos.
à JME. Art. 69. O Encarregado do IPM poderá designar mais
§ 2º Idêntica providência deverá ser observada, quan- de um Escrivão, nas investigações de maior complexi-
do for necessário realizar a busca de outras provas e dade e diante das circunstâncias de cada caso.
oitivas importantes para a correta e segura elucidação
do fato, que, por motivo justo, não puderam ser cole- Da regulamentação das Comissões de Acompanha-
tadas dentro do prazo legal. mento e Controle da Letalidade e do Uso da Força
da Unidade no âmbito da PMMG
Capítulo XV
Dos inquéritos sob segredo de justiça Art. 70. As Comissões de Acompanhamento e Controle
da Letalidade e do Uso da Força da força das Unida-
Art. 65. As investigações criminais são sigilosas por des da PMMG, visam acompanhar sistematicamente
natureza, entretanto, aqueles IPM que estiverem sob os fatos em que há envolvimento de policiais militares,
segredo de justiça deverão receber a chancela “SEGRE- da ativa e em serviço, quer na situação de autor, quer
DO DE JUSTIÇA”, em especial aqueles relacionados a na condição de vítima, nos quais o uso de força causar
quebra do sigilo telefônico, fiscal ou bancário, envolvi- lesão ou morte de pessoas.
mento de menores e relações de família. Art. 71. Além dos fatos constantes do artigo anterior,
Art. 66. Os procedimentos dessa natureza deverão tra- deverão ser comunicados à Corregedoria, por meio da
mitar na Administração Militar com cautela e o máxi- matriz mensal, os seguintes casos:
mo de reserva, assim como devem estar em envelope I – homicídio doloso ou culposo, cometido contra poli-
lacrado, quando em circulação, sendo permitido vista cial militar, da ativa, reserva ou reformado, de serviço
ao teor dos autos pelo Encarregado, seu Escrivão, pela ou de folga, qualquer que seja a circunstância;
Autoridade Militar Delegante ou a quem ela, motiva- II – homicídio doloso ou culposo, cometido por policial
damente, disponibilizar o seu acesso. militar, da ativa, reserva ou reformado, de serviço ou
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

§ 1º Nos termos da Súmula Vinculante n. 14/09-STF7 de folga, qualquer que seja a circunstância e indepen-
e do art. 16 do CPPM8, os advogados dos militares dentemente de excludentes de ilicitude;
indiciados/investigados têm acesso aos documentos e III – suicídios e tentativas de suicídios cometidas por
provas já inseridos e ordenados nos autos de IPM. policiais militares da ativa, reserva ou reformado, de
§ 2º O acesso aos autos com medida cautelar sigilo- serviço ou de folga, qualquer que seja a circunstância.
sa, com decretação de segredo de justiça, pelos ad- Art. 72. O acompanhamento da Comissão se desdobra
vogados dos militares indiciados/investigados, deverá nas seguintes análises primárias:
ser efetivado por intermédio de autorização do juízo I – obediência pelo policial militar aos princípios da le-
competente. galidade, necessidade, proporcionalidade, moderação
e conveniência no uso da força;

54
II – uso de instrumentos, armas, munições ou técnicas VIII – quantidade de civis feridos na ocorrência, meio
de menor potencial ofensivo pelo policial militar; e natureza da lesão;
III – necessidade efetiva do uso de arma de fogo pelo IX – quantidade de projetis disparados por policiais
policial militar, decorrente de ação em legítima defesa militares que atingiram pessoas e as respectivas regi-
própria ou de terceiro contra perigo iminente de morte ões corporais atingidas;
ou lesão grave; X – quantidade de pessoas atingidas pelos instrumen-
IV – ocorrência de uso de arma de fogo por policial mi- tos de menor potencial ofensivo e as respectivas regi-
litar contra pessoa em fuga desarmada ou que, mes- ões corporais alvejadas;
mo na posse de algum tipo de arma, não represente XI – ações realizadas para facilitar a assistência e/ou
risco imediato de morte ou de lesão grave aos policiais auxílio médico, quando for o caso;
ou terceiros; XII – descrição da forma de preservação do local e, em
V – ocorrência de uso de arma de fogo contra veículo caso de alterações neste, as justificativas para a sua
que desrespeite bloqueio policial em via pública ou em ocorrência.
fuga, a não ser que o ato represente um risco imediato Art. 75. O acompanhamento da Comissão se desdobra
de morte ou lesão grave aos policiais ou terceiros; nas seguintes análises secundárias e respectivos enca-
VI – ocorrência dos denominados “disparos de adver-
minhamentos:
tência”;
I – verificação de estar o policial portando, por oca-
VII – ocorrência de prévio alerta quanto à possibili-
sião do evento, no mínimo 2 (dois) instrumentos de
dade de uso de arma de fogo por parte do policial ou
justificativa hábil de sua inocorrência; menor potencial ofensivo e equipamentos de proteção
VIII – realização, por policial militar presente na ocor- necessários à atuação específica, independentemente
rência, das seguintes ações: de portar arma de fogo, sendo que essa verificação
a) facilitação da prestação de socorro ou assistência apenas deve ser realizada nos casos em que o policial,
médica aos feridos, inclusive eventuais cidadãos infra- em razão de sua função, previsivelmente possa vir a se
tores; envolver em situações de uso da força;
b) promoção da correta preservação do local da ocor- II – encaminhamento à Seção competente – ou Di-
rência; retoria responsável – das demandas decorrentes da
c) comunicação imediata do fato ao seu superior e à verificação de inexistência dos meios previstos no item
autoridade competente; anterior, de sua inoperância, insuficiência ou qualquer
d) preenchimento do relatório individual correspon- outro obstáculo à sua efetiva utilização pelo policial;
dente sobre o uso da força. III – verificação da instauração do procedimento de
Art. 73. O preenchimento de relatório individual cor- polícia judiciária militar ou administrativo-disciplinar
respondente sobre o uso da força e o envio ao presi- (Exemplos: Auto de Prisão em Flagrante, Inquérito Po-
dente da Comissão de acompanhamento e controle da licial Militar, Sindicância Regular ou Sindicância Regu-
letalidade e do uso da força da Unidade, com cópia do lar Reservada, Relatório de Investigação Preliminar);
Registro de Evento de Defesa Social/Boletim de Ocor- IV – encaminhamento formal à autoridade competen-
rência, observada a cadeia de comando, dar-se-á até te do conhecimento relativo a evento, nos casos em
o primeiro dia útil seguinte ao fato. que não se verificou instauração do procedimento de
Art. 74. O relatório individual, de preenchimento obri- polícia judiciária militar ou administrativo-disciplinar
gatório sempre que o policial militar disparar arma de (Exemplos: Auto de Prisão em Flagrante, Inquérito Po-
fogo ou fizer uso de instrumentos de menor potencial licial Militar, Sindicância Regular ou Sindicância Regu-
ofensivo, ocasionando lesões ou mortes, deverá conter lar Reservada, Relatório de Investigação Preliminar);
as seguintes informações (vide modelo): nos casos em que o procedimento instaurado não foi o
I – circunstâncias e justificativa que levaram ao uso da
adequado ao fato; nos casos de vícios no ato de instau-
força ou de arma de fogo por parte do policial militar;
ração, condução ou solução ou outras circunstâncias
II – medidas adotadas antes de efetuar os disparos/
analisadas pela comissão e devidamente justificadas;
usar instrumentos de menor potencial ofensivo, ou as
razões pelas quais elas não puderam ser contempla- V – encaminhamento formal ao Corregedor da Polí-
das (exemplos: presença ostensiva, verbalização, ad- cia Militar de Minas Gerais do conhecimento relativo a
vertência quanto à possibilidade de uso da força); evento em que a Corregedoria de Polícia Militar deva
III – tipo de arma e de munição, quantidade de dis- atuar por previsão normativa ou mediante avocação
paros efetuados, distância e pessoa contra a qual foi pelo Corregedor, devendo ser específico e imediato,
disparada a arma; não se confundindo com o ato de envio à Corregedo-
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

IV – instrumento(s) de menor potencial ofensivo ria do relatório mensal de acompanhamento de letali-


utilizado(s), especificando a frequência, a distância dade por parte da Comissão;
e a pessoa contra a qual foi utilizado o instrumento VI – verificação de prévio treinamento específico, no
(exemplos: uso de algemas, bastões, sprays de gás); prazo estabelecido em norma própria, no manuseio
V – quantidade de policiais militares mortos na ocor- das armas e instrumentos utilizados pelo policial mili-
rência, meio e natureza da lesão; tar e, caso não tenha ocorrido o referido treinamento,
VI – quantidade de policiais militares feridos na ocor- os motivos de sua falta, as responsabilidades e as me-
rência, meio e natureza da lesão; didas saneadoras a serem adotadas, visando a evitar
VII – quantidade de civis mortos na ocorrência, meio e reincidência de utilização de arma e instrumento por
natureza da lesão; militar não habilitado no âmbito da Unidade;

55
VII – verificação do cumprimento das seguintes ações, k) na CPM ou;
por parte da Polícia Militar: l) no EMPM.
a) recolhimento e identificação das armas e munições Art. 78. As comissões do EMPM, das Regiões, CPM,
utilizadas por todos os envolvidos (policiais e civis), APM e Unidades Operacionais terão a seguinte estru-
vinculando-as aos seus respectivos portadores no mo- tura:
mento da ocorrência; I – Membros permanentes:
b) solicitação de perícia criminalística para o exame a) Chefe da PM1, Chefe do Estado Maior da Região ou
de local e objetos, bem como exames médico-legais; do CPE, Subcorregedor, Subcomandante da APM ou
c) comunicação do fato aos familiares ou amigos da Subcomandante da UEOp, que presidirá a comissão;
pessoa ferida ou morta; b) um oficial da PM2, Oficial Chefe da Seção de Inteli-
d) instauração do respectivo procedimento de investi- gência do Estado Maior da Região ou CPE, da CPM, da
gação dos fatos e circunstância de emprego da força; APM ou da UEOp;
e) promoção de assistência médica às pessoas feridas c) Oficial Chefe da Seção de Recursos Humanos ou
em decorrência da intervenção; equivalente (Ajudância, Secretaria) do Estado Maior
f) promoção do devido acompanhamento psicológico da Região ou do CPE, da CPM, da APM/BM ou da
aos policiais militares envolvidos, permitindo-lhes su- UEOp;
perar ou minimizar os efeitos advindos do fato ocor- II – membros designados pelo Chefe do EMPM, Co-
rido; mandante da Região, do CPE, Corregedor, Comandan-
g) afastamento temporário do serviço operacional, te da APM ou Comandante da UEOp:
para avaliação psicológica e redução do estresse, dos a) Psicólogo da Unidade;
policiais militares envolvidos diretamente em ocorrên- b) um Sargento, que atuará como escrivão.
cias com resultado letal. Art. 79. As Comissões das Diretorias terão a seguinte
Art. 76. As Comissões de Acompanhamento e Controle estrutura:
da Letalidade e do Uso da Força da Unidade deverão I – membros permanentes:
ser criadas no âmbito do EMPM de todas as Regiões a) Subdiretor que presidirá a comissão;
de Polícia Militar, CPE, Unidades Operacionais (até o b) Oficial Chefe da Seção de Recursos Humanos ou
nível de Cia Independente), Diretorias, Corregedoria equivalente (Ajudância ou Secretaria) da Diretoria.
de Polícia Militar e Academia de Polícia Militar. II – membros designados pelo Diretor:
Art. 77. As comissões terão competência para analisar a) Psicólogo da Unidade, onde houver;
os casos relativos aos policiais militares vinculados ao b) um Sargento, que atuará como escrivão.
nível de comando que as criaram. Art. 80. A Comissão se reunirá por convocação do seu
§ 1º Caso o evento envolva militares de Unidades presidente, sempre que necessário, devendo haver, no
Operacionais distintas, dentro de mesma RPM ou CPE, mínimo, uma reunião mensal para consolidação da
será competente para análise do caso a Comissão da matriz a ser encaminhada à Corregedoria de Polícia
Região respectiva ou do CPE. Militar.
§ 2º Caso o evento envolva militares de Regiões dis- § 1º No máximo até o décimo dia do mês subsequente
tintas, a competência da Comissão se firmará pelo cri- deve ser encaminhada à Corregedoria de Polícia Mili-
tério territorial do local de ocorrência (a competência tar a matriz de eventos do mês anterior (relatório da
será da Região com responsabilidade territorial sobre Comissão), no formato .xls ou equivalente (planilha de
a área de ocorrência do evento). Excelou Calc.), com todos os campos preenchidos (mo-
§ 3º Caso o evento envolva militares de Regiões ou delo 02, em anexo).
Unidades operacionais e militares servindo no EMPM, § 2º O encaminhamento a que se refere o parágrafo
CPE, Diretorias, Corregedoria de Polícia Militar ou anterior se dará via Painel Administrativo, na caixa
Academia de Polícia Militar, a competência da Co- “Letalidade/CPM”.
missão se firmará pelo critério territorial do local de § 3º Caso seja necessário algum documento em meio
ocorrência (a competência será da Região com res- físico, a Unidade será demandada. De igual modo,
ponsabilidade territorial sobre a área de ocorrência do mesmo que nenhum evento tenha sido registrado no
evento). mês em consideração, tal fato deve ser expressamente
§ 4º Caso o evento envolva militares servindo em di- comunicado à CPM, para o devido controle da situa-
ferentes unidades administrativas (EMPM, Diretorias, ção.
APM e CPM), a competência da Comissão se firmará Art. 81. Da reunião da comissão será lavrada ata pelo
sucessivamente: escrivão, devendo ocorrer com quórum mínimo de 3
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

a) na APM; (três) membros, no caso das comissões do EMPM, Re-


b) na DRH; giões, CPE, CPM, APM e UEOp(s) e 2 (dois) membros
c) na DEEAS; no caso das comissões das Diretorias.
d) na DMAT; § 1º As atas e demais documentos submetidos à apre-
e) na DF; ciação da Comissão deverão ser arquivados na P/1,
f) na DS; Secretaria ou Ajudância da respectiva Unidade.
g) na DAL; § 2º As análises da Comissão não têm caráter disci-
h) na DAOp; plinar e seus encaminhamentos não têm efeito vin-
i) na DTS; culante.
j) na DInt;

56
§ 3º As deliberações da Comissão deverão primar pela ária, antes de se reportarem à Corregedoria, possibili-
busca de aproveitamento pedagógico das ocorrências. tando ao Comando Intermediário conhecer a questão
Art. 82. A comissão, haja vista sua natureza e finali- e, inclusive, procurar solucioná-la.
dade, deverá primar pela oralidade na apreciação dos § 1º Na PMMG, as consultas deverão ser, em regra,
casos, atuando sem maiores formalidades que ultra- formais e acompanhadas do parecer do respectivo as-
passem as necessárias ao controle dos casos e enca- sessor jurídico da Unidade consulente ou da UDI, de-
minhamentos deliberados. vendo os contatos com a Corregedoria, excetuando-se
Art. 83. Eventuais dúvidas poderão ser sanadas por casos especiais relacionados com a elaboração de pro-
consulta formal à CPM, via Painel Administrativo, na cessos de natureza demissionária e exoneratória, ser
caixa “Letalidade/CPM”. efetivados por intermédio das Subcorregedorias, SRH,
Art. 84. O disposto neste Capítulo em nada altera as Adjuntorias de Justiça e Disciplina, preferencialmente,
comunicações e trâmite de conhecimento no âmbito via mensagem eletrônica institucional.
do SIPOM, que permanecem regulamentados por nor- § 2º No CBMMG, os contatos das Unidades com a
mas e doutrinas próprias. Corregedoria deverão ser formalizados por meio dos
Art. 85. São vedadas a divulgação, publicação ou dis- Cartórios das Unidades.
ponibilização de quaisquer dados, registros, atas ou Art. 94. Revogam-se:
relatórios sobre o assunto que versa este capítulo, sem I – na PMMG, o Ofício Circular n. 5999.2.2/2011-CPM
prévia anuência do EMPM ou da CPM. e a Instrução de Corregedoria n. 05/2012 e demais
Art. 86. No CBMMG as Comissões de Acompanha- disposições em contrário;
mento e Controle da Letalidade e do Uso da Força das II – no CBMMG, as disposições em contrário baixadas
Unidades serão tratadas em norma específica. pela CCBM.

Capítulo XVII
Das prescrições diversas INSTRUÇÃO CONJUNTA DE CORREGE-
DORIAS N.º 04 (ICCPM/BM N.º 04/14) DE
Art. 87. No caso de transferência ou demissão do mi- 14/05/14. ESTABELECE NOVA REDAÇÃO AO
litar preso em flagrante delito, indiciado em IPM, pro- ART. 54 DA ICCPM/BM 01/14, NO QUE TAN-
cessado na Justiça Militar ou Comum, deverá o juiz GE ÀS OBRIGAÇÕES DO DETENTOR DE AR-
competente ser imediatamente comunicado, remeten-
MÁRIOS CEDIDOS PELA ADMINISTRAÇÃO
do-se-lhe, inclusive, as informações alusivas ao ende-
reço onde poderá ser acionado o militar ou ex-militar. MILITAR. (PUBLICADA NO BGPM Nº 36, DE
Art. 88. As Autoridades Delegantes de Delegadas, As- 15/05/14).
sessores e os que tiverem acesso aos autos de proces-
sos e procedimentos administrativos não poderão pro-
ceder a qualquer destaque por meio da utilização de Com a nova redação, o art. 54 da ICCPM/BM 01/14
canetas esferográficas, marca texto ou similar. dispõe:
Art. 89. Incumbe ao militar o ônus da prova quando
alegar que a entrada ou permanência em domicílio Art. 54. O militar é detentor e não proprietário do ar-
alheio ou em suas dependências foi precedida de con- mário, sujeitando-se a certas obrigações para seu uso,
sentimento pelo morador. tais como:
Parágrafo único. Afora os procedimentos legais relati- I – acondicionar no interior dos respectivos armários,
vos à busca domiciliar previstos na legislação proces- exclusivamente, objetos e bens lícitos, observando-se
sual penal, poderão os militares utilizar-se de todos os cuidados de higiene e perecibilidade de alimentos e
meios de provas admitidos em direito para demons- derivados;
trar que a entrada foi autorizada pelo morador, de- II – pela sua vulnerabilidade, proibir a guarda de va-
vendo lavrar o termo de autorização de ingresso em lores elevados em dinheiro, munição ou armamento
domicílio, conforme modelo referencial. particular (devidamente registrados);
Art. 90. Aplicam-se, no que couber, aos IPM a orienta- III – a coordenação e controle do bom uso do bem
ções e modelos referenciais referentes aos atos proba- público (armário) dá-se por intermédio da autorida-
tórios constantes do MAPPA. de militar competente (Comandante, Diretor, Chefe) e
Art. 91. O militar (testemunha, vítima ou investigado/ não por livre vontade de seu detentor;
indiciado) deverá apresentar-se desarmado à Autori- IV – manter cópia da chave, ou o segredo do cadea-
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

dade que irá proceder a sua inquirição junto ao IPM/ do do armário, no Almoxarifado ou repartição similar,
APF. para quando se fizer necessária a sua abertura e fis-
Art. 92. A presente Instrução Conjunta não esgota os calização;
procedimentos e atos probatórios possíveis de serem V – haver vistorias periódicas a serem procedidas pela
desenvolvidos pelas Autoridades na condução dos Administração, inopinada e justificadamente
procedimentos administrativos, que podem se valer
dos meios admitidos em direito.
Art. 93. Os casos omissos serão tratados e resolvidos
pela CPM/CCBM, devendo ser observada a cadeia de
comando, até nível de Unidades de Direção Intermedi-

57
IV - militar da reserva remunerada e o reformado, até
RESOLUÇÃO Nº 4.085/2010-CG, DE o posto de Tenente-Coronel: do Chefe do Centro de
11/05/2010 - DISPÕE SOBRE A AQUISIÇÃO, Administração de Pessoal (CAP), para o residente na
O REGISTRO, O CADASTRO E O PORTE DE Região Metropolitana de Belo Horizonte ou em outro
ARMA DE FOGO DE PROPRIEDADE DO Estado; e do Comandante de Unidade, até o nível de
Companhia Independente, para o residente nos muni-
MILITAR; E O PORTE DE ARMA DE FOGO
cípios de abrangência territorial desta.
PERTENCENTE À PMMG. PUBLICADA NA § 1º Se o requerente for de posto ou graduação superior
SEPARATA DO BGPM Nº 39, DE 25/05/2010 ao das autoridades definidas nos incisos do caput, o pe-
E SUAS ALTERAÇÕES. dido será dirigido à autoridade imediatamente superior.
§ 2º O requerimento para autorização, constante do
Anexo I (militares da ativa) ou do Anexo II (militares
DO OBJETO da reserva remunerada e reformado) desta Resolução,
poderá ser protocolizado, devidamente instruído, na
Art. 1º Esta Resolução destina-se a regular os procedi- Fração da cidade em que reside o militar.
mentos referentes: § 3º É intransferível a autorização para a aquisição
I - à aquisição e à transferência de propriedade de arma ou para a venda de arma de fogo, munição e colete à
de fogo, munição e colete à prova de balas do militar; prova de balas.
II - ao porte de arma de fogo pertencente ao acervo § 4º A autorização será fornecida em duas vias, de-
patrimonial da Instituição; vidamente assinadas pelas autoridades previstas nos
III - ao cadastro, registro, renovação e cassação de re- incisos do caput deste artigo, e terá validade de 60
gistro de arma de fogo do militar, constantes dos re- (sessenta) dias, contados da data de sua emissão.
gistros próprios da Instituição; § 5º A autorização não utilizada no prazo de sua vali-
IV - ao porte de arma de fogo do militar integrante do dade será devolvida pelo militar interessado à Unida-
serviço ativo, da reserva remunerada e do reformado. de expedidora, que se responsabilizará pelo seu can-
celamento.
CAPÍTULO II § 6º A ocorrência de extravio da autorização deverá
DAS AQUISIÇÕES ser formalmente comunicada pelo militar interessado,
SEÇÃO I no prazo de dois dias úteis, à Unidade expedidora, que
DA AUTORIZAÇÃO se responsabilizará pelo seu cancelamento.
§ 7º No caso do descumprimento do previsto nos pa-
Art. 2º A aquisição de arma de fogo, munição e colete à rágrafos 5º e 6º, a Unidade expedidora fará o registro
prova de balas, para uso próprio, é direito do militar da no Sistema de Administração de Armas e Munições
ativa, da reserva remunerada e do reformado, observa- da Polícia Militar (SAAM/PM) e adotará as medidas
do o disposto na legislação específica e nesta Resolução. administrativas disciplinares pertinentes.
Art. 3º As armas de fogo se dividem em: § 8º Nenhuma autorização poderá ser expedida en-
I - de uso (calibre) permitido: aquela cuja utilização é quanto persistir pendência de autorização anterior
autorizada a pessoas físicas e jurídicas, de acordo com referente ao mesmo militar.
as normas do Comando do Exército Brasileiro (EB) e § 9º A arma de fogo, a munição e o colete à prova
nas condições previstas na legislação específica; de balas adquiridos pelo militar serão lançados no
II - de uso (calibre) restrito: aquela de uso exclusivo das SAAM/PM pela Unidade.
Forças Armadas, de instituições de segurança pública Art. 5º Para a aquisição de arma de fogo de uso per-
e de pessoas físicas e jurídicas habilitadas, devidamen- mitido, munição e colete à prova de balas serão obser-
te autorizadas pelo Comando do EB, de acordo com vados os seguintes aspectos:
legislação específica. I - de posse da autorização, o militar dirigir-se-á ao
Parágrafo único. O militar poderá adquirir, mediante comércio especializado;
autorização, arma de fogo destinada a uso próprio, no II - de posse da Nota Fiscal, o militar dirigir-se-á à Se-
comércio, na indústria, de civil, de militar da PMMG ou ção de Armamento e Tiro (SAT) da Unidade à qual es-
de militar de outras instituições, observados os parâ- tiver vinculado para inserção dos dados no SAAM/PM;
metros estabelecidos nesta Resolução. III - a Unidade publicará, em Boletim Interno Reser-
Art. 4º O interessado em adquirir arma de fogo, mu- vado (BIR), a aquisição de arma de fogo, munição e
nição ou colete à prova de balas depende de prévia colete à prova de balas;
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

autorização das seguintes autoridades: IV - em se tratando de arma de fogo, a Unidade, por


I - Coronel da ativa: do Chefe do Estado-Maior; intermédio da Diretoria de Apoio Logístico (DAL), pro-
II - Coronel QOR: do Diretor de Recursos Humanos videnciará o seu cadastro no Sistema de Gerencia-
(DRH), para o residente na Região Metropolitana de mento Militar de Armas (SIGMA);
Belo Horizonte (RMBH) ou em outro Estado; e do Co- V - recebido o número de cadastro da arma no SIGMA,
mandante de Região da Polícia Militar (RPM), para o re- a DAL expedirá o Certificado de Registro de Arma de
sidente nos municípios de abrangência territorial desta; Fogo (CRAF) e o remeterá à Unidade;
III - militar da ativa, até o posto de Tenente-Coronel: VI - para a retirada da arma de fogo, o adquirente
do respectivo Comandante, Diretor ou Chefe, até o ní- comparecerá ao estabelecimento comercial e apresen-
vel de Companhia Independente; tará o CRAF.

58
Parágrafo único. Atendidas as formalidades previstas XI - ter sido transferido para a reserva não remunerada;
no caput e os demais requisitos desta Resolução, o XII - tenha contribuído, dolosamente, para o extravio
procedimento de aquisição de arma de fogo não de- de arma de fogo que se encontrava sob sua responsa-
verá ultrapassar 120 (cento e vinte) dias, contados do bilidade.
protocolo do pedido do militar. § 1º Nos casos do inciso I, verificados indícios de ex-
Art. 6º Para a aquisição de arma de fogo de uso res- cludente de ilicitude ou culpabilidade, o Comandante
trito, a DAL encaminhará a documentação à Diretoria poderá autorizar a aquisição de arma de fogo.
de Fiscalização de Produtos Controlados (DFPC), do § 2º Não é necessária a avaliação de saúde do militar
Departamento Logístico do EB (D Log), para os fins de da ativa para a obtenção de autorização, exceto na
autorização por aquele órgão, nos termos do art. 4º situação prevista no inciso VII, quando poderá ser auto-
da Portaria n.º 21- D Log, de 23 de novembro de 2005. rizada a aquisição, mediante parecer favorável dos ofi-
Art. 7º O colete à prova de balas poderá ser adquirido ciais médico e psicólogo da Seção de Assistência à Saú-
diretamente de fábricas, de comércios civis regulares e de (SAS) ou Núcleo de Atenção Integral à Saúde (NAIS).
de particulares, em níveis de proteção permitidos pelo § 3º A Diretoria de Saúde (DS) estabelecerá as Unida-
EB, após devidamente autorizado. des apoiadoras para suprir a ausência de oficial médi-
Parágrafo único. O colete à prova de balas somen- co ou psicólogo na SAS ou NAIS, para fins de cumpri-
mento do disposto no parágrafo anterior.
te poderá ser retirado do estabelecimento comercial
§ 4º No caso do inciso X, quando o militar tiver sido
após o recebimento, pelo vendedor, do registro emiti-
submetido a mais de uma avaliação em um mesmo
do pelo SAAM/PM.
ano, prevalecerá o conceito obtido na mais recente.
Art. 8º A aquisição de arma de fogo, de munição, de
§ 5º Excepcionalmente, o militar enquadrado nas si-
colete à prova de balas ou outro produto controlado, tuações impeditivas previstas nos incisos IV, V, VI e XII
por militar filiado a confederação, federação, clube do caput poderá adquirir arma de fogo, munição ou
de caça ou de tiro e pelo colecionador, devidamente colete à prova de balas, mediante parecer favorável,
credenciado, será processada diretamente, pelo inte- devidamente motivado, do Chefe da Seção de Recur-
ressado, junto ao EB, observando-se a legislação es- sos Humanos (SRH) e do Comandante da Unidade,
pecífica. observadas as demais condições deste artigo.
Art. 11. Não será deferida a autorização para a aqui-
SEÇÃO II sição de arma de fogo, munição ou colete à prova de
DAS RESTRIÇÕES balas ao militar da reserva remunerada e ao reforma-
do que se encontrar nas seguintes situações:
Art. 9º Toda autorização para aquisição de arma de I – se enquadrar no disposto nos incisos I, II, IV, V, VII,
fogo, munição ou colete à prova de balas deve respal- VIII e XII do caput do art. 10;
dar-se nas condições estabelecidas pela legislação em II – ter sido reformado por invalidez, doença mental
vigor e pelos atos normativos aplicáveis. ou outra patologia incompatível com a aquisição, ma-
Art. 10. São consideradas situações impeditivas à au- nutenção de porte ou com a posse de arma de fogo;
torização interna da PMMG para o militar adquirir III - ter sido dispensado ou licenciado, durante o ser-
arma de fogo, munição ou colete à prova de balas: viço ativo, do uso e do manuseio de armamento, por
I - estar processado por crime doloso previsto em lei mais de dois anos, contínua ou alternadamente, nos
que comine pena máxima de reclusão, superior a dois últimos cinco anos anteriores à transferência para a
anos, desconsideradas as situações de aumento ou di- reserva ou à reforma;
minuição de pena; IV - ter sido dispensado definitivamente, durante o
II - estar cumprindo pena privativa de liberdade, por serviço ativo, por doença mental;
sentença transitada em julgado, ou preso à disposição V – estiver submetido a processo administrativo-disci-
plinar com vistas à perda do posto ou da graduação;
da Justiça, enquanto perdurar essa situação;
§ 1º Excepcionalmente, o militar da reserva remune-
III - encontrar-se afastado do exercício de função, por
rada e o reformado enquadrados nas situações impe-
decisão judicial, enquanto perdurar essa situação;
ditivas previstas nos incisos IV, V e XII do caput do art.
IV - estar classificado no conceito “C”;
10 poderão adquirir arma de fogo, munição ou colete
V - ter sido punido definitivamente, nos últimos 2 à prova de balas, mediante parecer favorável, devida-
(dois) anos, por transgressão disciplinar cujo fato evi- mente motivado, do Comandante da Unidade.
dencie a utilização indevida de arma de fogo; § 2º Aplica-se ao militar da reserva remunerada e ao
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

VI - estar submetido a processo administrativo de na- reformado o disposto no § 1º do art. 10.


tureza demissionária ou com vistas à exoneração; § 3º O militar da reserva remunerada e o reformado
VII - estar sob licença ou dispensa de saúde com restri- será avaliado por oficial médico e psicólogo da SAS ou
ção ao uso de arma de fogo; do NAIS para obter a autorização para aquisição de
VIII - estar curatelado ou interditado judicialmente; arma de fogo.
IX - encontrar-se na situação de desertor; § 4º Nas situações impeditivas descritas nos incisos II,
X - não ter obtido o aproveitamento mínimo para a III e IV do caput, o militar da reserva remunerada e o
aprovação na Prova Prática de Tiro (PPT) do Treina- reformado, poderá obter a autorização para aquisição
mento Policial Básico (TPB), conforme normas inter- de arma de fogo, mediante parecer da Junta Central
nas em vigor; de Saúde (JCS).

59
SEÇÃO III § 2º A entrega de um novo colete à prova de balas fi-
DOS LIMITES cará condicionada ao recolhimento do vencido ao Al-
moxarifado da Unidade, que se encarregará das pro-
Art. 12. A quantidade máxima de arma de fogo que vidências para destruição, junto ao Centro de Material
o militar pode adquirir é definida pelo Comando do Bélico (CMB).
EB em: § 3º Não será permitida a transferência de proprie-
I - 1 (uma) arma de porte de uso restrito, semiautomá- dade de colete à prova de balas, salvo nos casos em
tica, no calibre .40; que o militar proprietário queira dá-lo em pagamento
II - 2 (duas) armas de porte de uso permitido; ao Estado, como ressarcimento de eventual prejuízo a
III - 2 (duas) armas portáteis, de caça, de alma raiada, que tenha dado causa, podendo fazê-lo antes do pra-
de uso permitido; zo estabelecido no artigo.
IV - 2 (duas) armas portáteis, de caça, de alma lisa, de § 4º Para fins de ressarcimento, o colete será avaliado
uso permitido. no CMB, que expedirá certidão sobre o atendimento
§ 1º Não há limite na quantidade de pistolas, espin- do equipamento aos requisitos técnicos para inclusão
gardas ou carabinas de pressão por mola, com calibre em carga patrimonial.
menor ou igual a 6 mm. e que atiram setas metálicas, § 5º A DAL estabelecerá as regras para recolhimento e
balins ou grãos de chumbo, podendo, as aquisições destruição dos coletes à prova de balas de propriedade
desses materiais serem feitas mediante a apresenta- dos militares que estejam com a validade vencida.
ção, ao lojista, de documento de identidade pelo pró- § 6º O militar que teve seu colete à prova de balas
prio comprador, independente de autorização, sendo extraviado ou danificado poderá requerer nova auto-
que tais armas não serão cadastradas no SAAM/PM rização de aquisição, aplicando-se o disposto no § 2º
ou SIGMA. conforme o caso.
§ 7º Não é necessária a avaliação de saúde para a
§ 2º O militar que, por benefício de anistia, possuir
aquisição de colete à prova de balas.
armas de fogo registradas em seu nome, além dos li-
mites fixados no caput, não poderá adquirir qualquer
SEÇÃO IV
outra, enquanto persistir essa situação.
DO PLANO
§ 3º O militar que possuir amas de fogo no limite má-
ximo fixado no caput somente poderá adquirir outra
Art. 16. A aquisição de arma de fogo, munição e colete
se comprovar, perante a autoridade policial militar
à prova de balas, diretamente da fábrica, será prece-
competente, a transferência de propriedade ou o ex-
dida de autorização pelo Comando do EB e realizada,
travio de arma de fogo de sua propriedade. exclusivamente, mediante Plano de Aquisição da Polí-
§ 4º As situações descritas nos §§ 2º e 3º serão publi- cia Militar, coordenado pela DAL.
cadas em BIR e registradas no SAAM/PM. Art. 17. Para a implementação de Plano de Aquisição
Art. 13. As armas de fogo se dividem quanto ao tipo, será formalizado instrumento de cooperação entre a
em: Polícia Militar, por intermédio da DAL, e o fabricante,
regulando as condições da sua execução.
I – de porte (arma curta ou de defesa pessoal): revólver Parágrafo único. A título de indenização pelos custos
ou pistola; administrativos decorrentes da execução do Plano, a
II - portátil, de alma raiada (para caça ou esporte): empresa participante doará à Polícia Militar, arma,
carabina ou fuzil; munição, colete balístico ou outro material de inte-
III – portátil, de alma lisa (para caça ou esporte): es- resse institucional, em quantidades definidas no ins-
pingarda ou congênere. trumento de cooperação celebrado pela DAL, não in-
Parágrafo único. A aquisição de arma de fogo será au- feriores, em valores, deduzidos os impostos não pagos
torizada em até 3 (três) tipos diferentes a cada ano. pela Instituição, a 2% (dois por cento) do montante
Art. 14. A aquisição de munição é limitada ao calibre da venda pelo fabricante aos militares ou 3.100 (três
correspondente ao da arma registrada como proprie- mil e cem) Unidades Fiscais do Estado de Minas Gerais
dade do militar. (UFEMG), prevalecendo o maior valor.
§ 1º A quantidade de munição de uso permitido, por Art. 18. A arma de fogo de uso restrito será entregue,
arma registrada, que cada militar poderá adquirir no pelo fabricante, nos locais previamente determinados
comércio especializado (lojista), anualmente, é de até no instrumento de cooperação, a critério da DAL, e so-
50 (cinquenta) unidades. mente será repassada ao militar após o devido cadas-
tro e registro no órgão competente do EB, publicação
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

§ 2º A quantidade de munição, por arma registrada,


que cada militar poderá adquirir para fins de aprimo- em BIR e confecção do CRAF.
ramento e qualificação técnica, exclusivamente na Art. 19. A munição de uso restrito será entregue, pelo
indústria, é de até 600 (seiscentas) unidades por ano. fabricante, nos locais previamente determinados no
Art. 15. O militar poderá adquirir, para uso próprio, 1 instrumento de cooperação, a critério da DAL, e so-
mente será entregue ao militar depois do devido ca-
(um) colete à prova de balas, de uso permitido.
dastramento no SAAM/PM e publicação em BIR.
§ 1º A autorização para aquisição de colete à prova de
Art. 20. Caso a arma de fogo não seja retirada da
balas poderá ser concedida no último ano de validade
Unidade, sem motivo justificado, no prazo de 6 (seis)
deste, para os militares que já possuem o equipamen-
meses, contados da data de expedição do CRAF, ou no
to.

60
caso de falecimento do adquirente, serão adotadas as Art. 25. A transferência de propriedade de arma de
seguintes providências: fogo, adquirida diretamente na indústria, em plano
I – cancelamento do CRAF; administrado pela PMMG, somente será autorizada
II – se a arma de fogo não tiver sido totalmente paga, depois de decorridos 3 (três) anos, para as de uso res-
será devolvida à indústria para reinclusão no seu es- trito, e de 4 (quatro) anos, para as de uso permitido,
toque; contados da sua aquisição.
III – se a arma de fogo tiver sido quitada, será recolhi- Art. 26. A transferência de propriedade de arma de
da ao EB, para destruição. fogo adquirida diretamente no comércio, de civil ou de
IV – se a arma de fogo tiver sido quitada e o adquiren- militar, somente será autorizada depois de decorridos
te houver falecido, aplica-se o disposto nos §§ 2º a 6º, 3 (três) anos da sua aquisição.
do art. 39 ou, na impossibilidade, o seu recolhimento Art. 27. A transferência de propriedade de arma de
ao EB, para destruição. fogo será publicada em BIR, que deverá especificar os
Parágrafo único. No caso previsto no inciso II do caput, números de registro e de cadastro da arma de fogo no
as providências para a devolução dos valores efetiva- SIGMA, que somente será entregue ao novo proprietá-
mente pagos serão de responsabilidade do adquirente, rio depois de expedido o CRAF em nome deste.
herdeiro ou representante legal, junto à indústria. § 1º Nos casos de arma de fogo cadastrada no SIGMA,
Art. 21. Para as aquisições diretamente do fabricante a emissão do CRAF somente será autorizada após a
não será admitido, sob nenhum pretexto, faturamento transferência de propriedade ter sido finalizada na-
em nome da Polícia Militar ou de suas Unidades. quele Sistema.
Art. 22. As demonstrações de aquisições de armamen- § 2º Para a retirada da arma de fogo que esteja guar-
to realizadas pela PMMG, eventualmente necessárias dada no Almoxarifado da Unidade, o civil deverá apre-
a órgãos de controle do EB, são de responsabilidade sentar o documento de Porte ou a Guia de Tráfego,
da DAL. ambos emitidos pela PF ou autoridade competente.
Art. 23. O militar poderá adquirir a arma de fogo de § 3º Quando o adquirente for colecionador ou atira-
uso restrito, no calibre .40, de terceiros, atendidos os dor, toda a documentação será providenciada junto ao
demais requisitos previstos nesta Resolução. EB, pelo interessado.
Art. 28. É vedada a transferência de propriedade de
CAPÍTULO III munição, salvo se realizada em conjunto com a trans-
DA TRANSFERÊNCIA DE PROPRIEDADE DE ARMA ferência de arma de fogo do mesmo calibre.
DE FOGO, MUNIÇÃO OU COLETE À PROVA DE BA- Art. 29. É vedada a transferência de coletes à prova de
LAS DO MILITAR balas, salvo nos casos de indenização ao erário, desde
que atendidas as especificações técnicas da Institui-
Art. 24. A transferência de propriedade de arma de ção.
fogo, já devidamente cadastrada e registrada no Art. 30. O militar que, na condição de legatário ou
SAAM/PM e no SIGMA, será realizada por venda, per- herdeiro, receber arma de fogo em situação regular,
muta, doação, ou outra forma em direito admitida, comunicará o fato por escrito à sua Unidade, fazendo
podendo ocorrer entre militares e de militares para as devidas provas, para que se lance no SAAM/PM e
civis, observados os seguintes procedimentos: se providencie a regularização da propriedade junto
I – autorização interna, de autoridade da PMMG, e ex- ao SIGMA.
terna, de autoridade militar do Exército, Marinha ou Parágrafo único. Estando a arma de fogo em situação
Aeronáutica, quando ocorrer a transferência de arma irregular, ela não poderá ser regularizada, devendo ser
de fogo registrada diretamente em órgão da respecti- recolhida ao órgão competente do EB, para destruição.
va Força Armada;
II - de autoridade militar, quando ocorrer a transferên- CAPÍTULO IV
cia de arma de fogo de militar para militar de outra DO CONTROLE, CADASTRO E REGISTRO DE ARMA
Instituição, sendo a prova de registro no SIGMA, em DE FOGO, MUNIÇÃO E COLETE À PROVA DE BALAS
nome do militar de outra Instituição, necessária às DO MILITAR
modificações de registro no SAAM/PM; SEÇÃO I
III - de autoridade da Polícia Federal (PF), quando DO CONTROLE
ocorrer a transferência de arma de fogo de militar
para civil, sendo a prova de registro no SINARM, em Art. 31. O controle de armas de fogo, munições e cole-
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

nome do civil, necessária às modificações de registro tes à prova de balas dos militares da PMMG é realiza-
no SAAM/PM e no SIGMA; do no SAAM/PM, que consiste em um banco de dados
IV – das autoridades descritas no art. 4º, quando da próprio e estruturado com as informações exigidas
transferência entre militares da PMMG. pelo Comando do EB, independente daquelas defini-
§ 1º A transferência de propriedade de arma de fogo das pela PMMG.
depende do cumprimento das demais exigências pre- §1º Constitui objeto de controle no SAAM/PM o cadas-
vistas nesta Resolução. tro, o registro, a transferência de propriedade, a perda
§ 2º A transferência de propriedade de arma de fogo por inutilização, extravio, furto ou roubo, a apreensão
para civil implica na observância, pelo adquirente, de e a recuperação de arma de fogo, munição e colete à
todas as exigências previstas na legislação em vigor. prova de balas.

61
§ 2º A arma de fogo que não estiver cadastrada no de sua residência e nas dependências desta, ou no in-
SAAM/PM deverá nele ser incluída, mediante a apre- terior da Unidade.
sentação do respectivo CRAF (SINARM/SIGMA), res- Parágrafo único. O CRAF do militar da reserva remu-
peitado o limite estabelecido no art. 12. nerada e do reformado terá validade de 3 (três) anos,
§ 3º A pessoa admitida na Polícia Militar, proprietá- podendo ser renovado se atendidas as condições pre-
ria de arma de fogo em situação regular, deverá, no vistas nesta Resolução.
prazo de 03 (três) meses da data da admissão, por in- Art. 37. O cadastro e o registro da arma de fogo de
termédio da Unidade responsável pela realização do propriedade do militar deverão conter os seguintes
respectivo curso de formação, adaptação ou similar, dados:
cadastrar a arma no SAAM/PM e no SIGMA, com a I - do interessado:
devida publicação em BIR. a) nome, filiação, data e local de nascimento;
Art. 32. O cadastro consiste no lançamento dos dados b) endereço residencial;
da arma de fogo e do proprietário no respectivo sis- c) endereço da Unidade ou Fração em que trabalhe;
tema e o registro será efetivado com a publicação do d) profissão;
cadastro. e) número da cédula de identidade, data da expedição,
Parágrafo único. Após o cadastro, a arma de fogo de órgão expedidor e Unidade da Federação;
uso permitido será registrada com a publicação em f) número do Cadastro de Pessoa Física – CPF.
BIR da Unidade e a de uso restrito, com a publica- II - da arma:
ção no Boletim Interno do Serviço de Fiscalização de a) número do cadastro no SIGMA;
Produtos Controlados da 4ª Região Militar do Exército b) identificação do fabricante e do vendedor;
Brasileiro (SFPC/4ªRM-EB). c) número e data da Nota Fiscal de venda;
Art. 33. As alterações de características (calibre, com- d) espécie, marca, modelo e número de série;
primento do cano, capacidade ou acabamento) de e) calibre e capacidade de cartuchos;
arma de fogo de propriedade de militar, procedidas f) tipo de funcionamento;
com a devida autorização da SFPC/4ªRM-EB, serão g) quantidade de canos e comprimento;
publicadas em BIR da Unidade ou EB, e atualizadas no h) tipo de alma (lisa ou raiada);
SAAM/PM e no SIGMA. i) quantidade de raias e sentido;
§ 1º A autorização de que trata o caput será obtida j) número de série gravado no cano da arma;
pelo militar interessado, por intermédio da Unidade. k) acabamento;
§ 2º A cópia do ato a que se refere o caput será enca- l) país de fabricação.
minhada à DAL, pela Unidade, no prazo de 30 (trin- Art. 38. O CRAF será expedido com base nas informa-
ta) dias, a contar da data da publicação, para fins de ções constantes no SAAM/PM e conterá os seguintes
controle. dados:
Art. 34. As armas de fogo de propriedade de militares I - dos itens gerais do espelho:
deverão ser conferidas, no máximo a cada três anos, a) Inscrição: “Polícia Militar de Minas Gerais”;
pelas Unidades a que eles pertencerem. b) Brasão da República Federativa do Brasil, no canto
§ 1º O militar da reserva remunerada e o reformado superior esquerdo;
poderão cumprir o previsto no caput por ocasião da c) Brasão da República Federativa do Brasil, no centro
autorização e renovação para o porte e CRAF. e em marca d’água;
d) denominação do documento;
§ 2º O militar que não possua o porte deverá solicitar e) inscrição: “válido em todo o território nacional”;
ao Comandante, Diretor ou Chefe da Unidade à qual f) inscrição: “este documento não dá direito ao porte”;
estiver vinculado a expedição de uma Guia de Tráfego g) campo para data de emissão;
para a apresentação de sua arma. h) campo para data de validade (para o militar da re-
§ 3º A Guia de Tráfego poderá ser expedida para uma serva remunerada e o reformado);
única arma ou para a totalidade de armas do acervo i) campo para indicação e assinatura da autoridade
do militar e o autoriza a transportá-la(s) para o local militar competente para a expedição.
de destino, no prazo estabelecido. II - identificação do militar proprietário:
Art. 35. Em caso de necessidade de transporte da arma a) nome e data de nascimento;
de fogo, para treinamento, avaliação ou apresentação, b) número do Registro Geral (RG) e do CPF.
o militar que não possua a autorização para porte, III - identificação da arma:
deverá solicitar ao Comandante, Diretor ou Chefe da a) espécie (tipo);
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

Unidade à qual estiver vinculado, a expedição de uma b) marca;


Guia de Tráfego. c) calibre;
d) número de série;
SEÇÃO II e) número de cadastro no SIGMA;
DO CERTIFICADO DE REGISTRO DE ARMA DE FOGO f) número de cadastro no SAAM/PM.
- CRAF Parágrafo único. É responsabilidade da Unidade o
correto lançamento dos dados da arma de fogo e do
Art. 36. O CRAF, para o militar da ativa, tem validade proprietário no SAAM/PM e no Sistema Informatizado
permanente em todo o território nacional e o autoriza de Recursos Humanos (SIRH), devendo o interessado
a manter a arma de fogo, exclusivamente, no interior proceder à respectiva conferência desses dados.

62
SEÇÃO III § 8º A própria Unidade será responsável pela destrui-
DA CASSAÇÃO DO REGISTRO ção do CRAF cassado.
§ 9º O militar que se enquadrar nas situações pre-
Art. 39. O militar terá o seu registro de arma de fogo vistas no art. 10, poderá ter seu CRAF suspenso e sua
cassado no SIGMA e no SAAM/PM quando: arma de fogo recolhida à Unidade, preventivamente,
I - da transferência para a reserva não remunerada; enquanto perdurar a situação, a critério do Coman-
II - do falecimento; dante da Unidade.
III - da perda do posto ou patente; Art. 40. O militar agregado, em outras situações não
IV - da demissão, exclusão ou exoneração; previstas nesta Resolução, permanecerá com o CRAF
V – da reforma por incapacidade mental ou física por e, caso venha a ser excluído da PMMG, aplicar-se-á a
doença que possa implicar em impedimentos para o ele o disposto nesta Seção.
manuseio de arma de fogo;
VI - sendo militar reformado ou da reserva remune- CAPÍTULO V
rada, não se submeter à avaliação de saúde ou nela DAS QUESTÕES REFERENTES AO PORTE DE ARMA
obter parecer desfavorável à manutenção da posse de DE FOGO
arma de fogo; SEÇÃO I
VII - da deserção, ausência ou extravio; DO PORTE DE ARMA DE FOGO
VIII – da interdição judicial.
§ 1º Serão adotados, pela Unidade, os seguintes proce- Art. 41. O porte de arma de fogo, com validade em
dimentos para a cassação do registro de arma de fogo: âmbito nacional, é inerente à condição de militar, sen-
I - notificará o proprietário, o representante legal ou do deferido em razão do desempenho das suas fun-
o administrador da herança, conforme o caso, sobre a ções institucionais.
§ 1º Ao militar é assegurado o direito ao porte de
obrigatoriedade de recolhimento do CRAF e da arma
arma de fogo pertencente à Instituição ou de proprie-
de fogo ao Almoxarifado, até que a situação seja re-
dade particular, em serviço ou fora deste, observados
gularizada;
os seguintes aspectos:
II - providenciará a cassação do CRAF, com a devida
I – arma de fogo de propriedade da Polícia Militar,
publicação em BIR e comunicação à DAL, para fins de
quando em serviço: portar a Carteira Especial de Iden-
alteração do cadastro da arma junto ao SIGMA;
tidade (CEI);
III - não sendo possível recolher o CRAF, comunicará o
II - arma de fogo de propriedade da Polícia Militar,
fato à DAL, para alteração do cadastro;
quando do Porte Especial de Arma de Fogo (PEAF):
IV - não sendo recolhida a arma de fogo, a Unidade portar a CEI e a autorização específica para este fim; e
comunicará o fato ao Ministério Público, dando co- III - arma de fogo de propriedade particular: portar a
nhecimento à DAL. CEI e o CRAF, em nome do portador.
§ 2º Para fins de regularização pelo interessado, a § 2º Ao portar arma de fogo nos locais onde haja aglo-
arma de fogo recolhida ao Almoxarifado será acau- meração de pessoas, em virtude de evento de qual-
telada pelo prazo máximo de 120 (cento e vinte) dias, quer natureza, público ou privado, tais como interior
findo os quais, ela será enviada, por intermédio da de igrejas, templos, escolas, clubes, estádios despor-
DAL, ao órgão competente para destruição. tivos, eventos culturais e outros similares, o militar,
§ 3º O interessado poderá requerer junto à Unidade não estando em serviço, deverá obedecer às seguintes
a expedição de certidão de origem da arma de fogo, normas gerais, além de outras previstas em normas
para fins de regularização na PF ou no EB, conforme específicas:
seja a arma de uso permitido ou restrito, devendo jun- I - não conduzir a arma de fogo ostensivamente;
tar cópias autenticadas do comprovante de residên- II - cientificar o policiamento no local, se houver,
cia, do Cadastro de Pessoa Física (CPF) e da cédula de fornecendo nome, posto ou graduação, Unidade e a
identidade do ex-proprietário. identificação da arma de fogo;
§ 4º O administrador da herança ou o representante III - não havendo policiamento no local, mas existindo
legal deverá providenciar a regularização da arma, trabalho de segurança privada, o militar deve identifi-
mediante alvará judicial ou autorização firmada por car-se para o chefe dessa segurança, quando exigido,
todos os herdeiros, desde que maiores e capazes, apli- cientificando-o de que está portando arma de fogo;
cando-se ao herdeiro ou interessado na aquisição, as IV - observar as determinações das autoridades com-
disposições legais cabíveis. petentes responsáveis pela segurança pública, quanto à
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

§ 5º Após regularizada, a arma de fogo somente po- restrição ao porte de arma de fogo no local do evento.
derá ser retirada se apresentados o CRAF e o Porte ou §3º O porte de arma de fogo a bordo de aeronaves e
o CRAF e a Guia de Trânsito. embarcações civis e comerciais, além do previsto na
§ 6º Excepcionalmente, atendendo ao pedido funda- legislação em vigor e nesta Resolução, deve atender as
mentado do interessado, o Comandante da Unidade regras expedidas pelos órgãos competentes da União,
poderá prorrogar o prazo de que trata o § 2º deste encarregados da fiscalização e segurança aeroportu-
artigo. ária brasileira.
§ 7º Quando do recolhimento da arma de fogo ao Al- Art. 42. O militar da ativa permanecerá com o porte
moxarifado da Unidade, será lavrado o Termo de Re- de arma de fogo válido enquanto não se enquadrar
colhimento, conforme Anexo V. nas situações impeditivas previstas no art. 10, deven-

63
do ser renovado quando de sua transferência para a I - as de uso permitido, revólver de calibre .38, e pisto-
reserva remunerada ou quando, antes disso, for refor- la, no mínimo a de calibre .380 ACP ou 7,65 Browning;
mado, observado o previsto nos arts. 11, 48 e 49. II - de uso restrito, as devidamente autorizadas pelo
Art. 43. O militar detentor do porte de arma de fogo Comando do EB.
deve ter comportamento ético, digno e discreto, sen- Parágrafo único. É proibida a utilização de arma de
do-lhe vedado: fogo ou munição particular em serviço operacional.
I - valer-se de sua arma de fogo, assim como de sua
condição de militar, para sobrepor-se a outro cidadão, SEÇÃO II
na solução de desavença, discussão ou querela de ca- DA RENOVAÇÃO DO PORTE DE ARMA DE FOGO E
ráter pessoal; DO CRAF DO MILITAR DA RESERVA REMUNERADA
II - ceder arma de fogo de sua propriedade ou perten- E DO REFORMADO
cente à Polícia Militar para porte ou uso de terceiro,
ainda que seja outro militar; Art. 48. Para conservarem o porte e o registro de arma
III - deixar de comunicar o extravio, furto ou roubo da arma de fogo de sua propriedade, o militar da reserva remu-
de fogo ao Comandante, Diretor ou Chefe da Unidade a nerada e o reformado, além de continuarem a preencher
que pertencer, contribuindo para que não ocorra o lança- as condições previstas no art. 11, deverão submeter-se,
mento das informações devidas no respectivo cadastro; a cada 3 (três) anos, à avaliação de saúde, realizada por
IV – deixar de ter o devido cuidado com a arma de oficial médico e psicólogo das SAS ou dos NAIS.
fogo ou deixá-la ao alcance de menores ou incapazes; § 1º Não será deferido o requerimento para a manu-
V – deixar de conduzir o registro, sempre que portar tenção do porte ou registro de arma de fogo ao mi-
sua arma de fogo, ou deixar de mostrá-lo às autorida- litar da reserva remunerada e ao reformado que se
des policiais quando solicitado; enquadrarem numa das situações previstas no art. 11
VI - disparar arma de fogo desnecessariamente ou ou forem considerados inaptos na avaliação de saúde
sem atentar para as regras de segurança. de que trata o caput.
Art. 44. O uso da arma de fogo é condicionado às pre- § 2º No ato de sua transferência para a reserva remu-
cauções técnicas previstas no manual do fabricante e nerada ou nos casos de reforma, o militar possuidor
nas orientações institucionais em vigor. dos requisitos para o porte ou o registro de arma de
Art. 45. A autorização para o porte de arma de fogo do fogo, terá expedida nova CEI, com o campo de vali-
militar será expressa na CEI. dade do porte de arma de fogo, e novo CRAF, com
Parágrafo único. O porte de arma de fogo do militar validade de 3 (três) anos, não sendo necessária a ava-
da reserva remunerada e do reformado terá validade liação de que trata o caput.
de três anos, de acordo com o CRAF. § 3º O militar que não possuir os requisitos para o
Art. 46. O porte de arma de fogo para os Cadetes e porte ou o registro de arma de fogo, quando de sua
alunos dos cursos da PMMG será concedido da seguin- transferência para a reserva remunerada ou reforma,
te forma: terá expedida nova CEI, sem direito ao porte de arma
§ 1º Ao Cadete do 1º ano do Curso de Formação de de fogo.
Oficiais (CFO), que não pertencia aos quadros da § 4º Na CEI e no CRAF do militar da reserva remu-
PMMG, e ao aluno do Curso Técnico em Segurança nerada e do reformado, aptos na avaliação de saúde
Pública (CTSP) não será concedido o porte de arma para fins de porte de arma de fogo, deverá constar
de fogo, salvo em situação excepcional na qual se a inscrição: “porte de arma de fogo válido até o ano
evidencie risco à integridade física do militar, decor- XXXX”, ou o campo específico para validade do docu-
rente de ato de serviço. mento.
§ 2º O porte de arma de fogo do Cadete do 1º ano § 5º A avaliação de saúde para fins de renovação de
e do aluno do CTSP, nos termos do parágrafo ante- porte de arma de fogo, de que trata o caput, será rea-
rior, será concedido pelo Comandante da Academia lizada no último ano de validade do porte.
de Polícia Militar ou autoridade superior, desde que Art. 49. Na hipótese do militar da reserva remunerada
o militar tenha concluído, com êxito, as disciplinas de ou do reformado não se submeter à avaliação de saú-
Armamento e Tiro Policial, ou equivalente, bem como de ou nela for considerado inapto, terá a autorização
se enquadre nos demais requisitos desta Resolução. para porte de arma e o CRAF cassados, no final do
§ 3º O Cadete do 1º ano do CFO, que não pertencia prazo estipulado.
aos quadros da PMMG, e o aluno do CTSP poderão § 1º O militar da reserva remunerada ou o reformado
portar arma de fogo da PMMG, em serviço, caso te- considerado inapto na avaliação de saúde, em caráter
nham concluído, com êxito, as disciplinas de Arma-
temporário, poderá ser submetido à nova avaliação,
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

mento e Tiro Policial e realizem as atividades sob a


em prazo determinado pelo oficial de saúde da SAS
supervisão da autoridade competente.
ou do NAIS, não inferior a 90 (noventa) dias, mediante
§ 4º O Cadete do 1º ano do CFO e o aluno do CTSP
que possuíam o porte de arma de fogo expedido requerimento do interessado.
quando civis ou militares de outra instituição, perdem § 2º No caso de parecer de inaptidão definitiva para
este direito a partir de seu ingresso na Polícia Militar. o porte, o militar inativo poderá requerer, ao Coman-
Art. 47. O militar fardado, em situações que não esteja dante da Unidade à qual estiver vinculado, uma nova
em serviço operacional, poderá portar arma de fogo, e única reavaliação de saúde junto à respectiva SAS ou
devidamente acondicionada no coldre, de acordo com NAIS, no prazo máximo de 90 (noventa) dias.
o previsto no Regulamento de Uniformes e Insígnias § 3º Os Oficiais médico e psicólogo serão responsáveis
da Polícia Militar (RUIPM), sendo: pela avaliação de saúde, devendo apresentar parecer

64
conclusivo no próprio requerimento, a fim de subsidiar VII - for surpreendido portando arma de fogo em ati-
a análise pelo Comandante da Unidade à qual estiver vidade extraprofissional, relacionada à atividade de
vinculado o militar. segurança privada ou afim, independentemente das
§ 4º A avaliação de saúde para a manutenção do por- medidas disciplinares cabíveis ao caso;
te de arma de fogo ocorrerá na Unidade mais pró- VIII - for surpreendido portando arma de fogo, em ser-
xima da residência do militar ou na Unidade à qual viço ou em trânsito, com sintomas de estar alcoolizado
ele estiver vinculado e será orientada por instrução da ou sob efeito de substância entorpecente;
Diretoria de Saúde (DS). IX – não cumprir o disposto no art. 43.
§ 5º Nos casos previstos nos §§ 1º e 2º, o CRAF do § 1º Nas situações previstas nos incisos VII ao IX do
militar da reserva remunerada ou do reformado será caput, o porte de arma de fogo do militar poderá ser
suspenso, devendo ser recolhido, juntamente com sua suspenso, pelo Comandante, Diretor ou Chefe, pór até
arma de fogo, preventivamente, à Unidade. 2 (dois) anos, por ato motivado, sem prejuízo de outras
Art. 50. Para os fins de cumprimento das normas des- medidas legais pertinentes.
ta Resolução e demais dispositivos legais aplicáveis, § 2º O militar que tiver o porte de arma de fogo sus-
considera-se do interesse pessoal do militar da reserva penso terá sua CEI recolhida à SRH, sendo-lhe restitu-
remunerada ou do reformado, a renovação da auto- ída ao término da suspensão.
rização do porte de arma de fogo e do CRAF, sendo Art. 53. Os atos de cassação e suspensão do porte de
da sua inteira responsabilidade procurar a Unidade a arma de fogo serão publicados em BIR.
que estiver vinculado para a submissão à avaliação Art. 54. Caberá a suspensão da autorização para o
de saúde. porte de arma de fogo, como medida preventiva, por
ato devidamente fundamentado, do militar que se en-
SEÇÃO III quadrar em uma das situações de cassação ou sus-
DA CASSAÇÃO E SUSPENSÃO DO PORTE pensão, bem como for acusado de fazer uso irregular
do armamento, até a solução definitiva da apuração
Art. 51. O militar terá o porte de arma de fogo cassado administrativa.
quando se enquadrar nas situações previstas nos inci- Art. 55. O militar que se envolver em ocorrência de
gravidade, em serviço ou fora dele, ou apresentar si-
sos I a VIII do art. 39 e quando:
nais de transtorno mental ou comportamental que
I – existir parecer de saúde no sentido de restrição de-
possa implicar em restrição para o porte de arma, de-
finitiva para o porte de arma de fogo, devidamente
verá ser encaminhado, por seu chefe direto, para ava-
homologado pela Junta Central de Saúde (JCS);
liação de saúde.
II – for reformado disciplinarmente;
Art. 56. A cassação ou a suspensão do porte de arma
III - tiver sido dispensado, durante o serviço ativo, do
de fogo não constitui medida punitiva e, portanto, não
uso e manuseio de armamento, por mais de dois anos
elide a eventual aplicação das sanções disciplinares
continuamente ou alternadamente, nos últimos cinco
por infrações administrativas praticadas.
anos anteriores à reforma;
IV - tenha contribuído, dolosamente, para o extravio § 1º. A medida de recolhimento definitivo ou provisório
de arma de fogo que se encontrava sob sua respon- da CEI, nos casos de cassação ou suspensão, somente
sabilidade. será aplicada após a expedição de novo documento de
Parágrafo único. Para o militar que se enquadrar no identificação.
disposto no caput, será expedido novo documento de § 2º O militar que tiver o porte de arma de fogo cas-
identificação, no qual não constará autorização para sado ou suspenso não poderá trabalhar em serviços
o porte de arma de fogo, bem como será recolhida sua operacionais que exijam o porte, devendo ser empre-
CEI à SRH. gado, preferencialmente, na administração, enquanto
Art. 52. Será suspenso o porte de arma de fogo do mi- durar a restrição.
litar quando:
I – estiver preso à disposição da Justiça; SEÇÃO IV
II – for condenado, por sentença transitada em jul- DO PORTE ESPECIAL DE ARMA DE FOGO (PEAF)
gado, a pena privativa de liberdade ou que implique
afastamento ou suspensão do exercício de função, Art. 57. O PEAF é a autorização dada pela adminis-
cumprindo pena ou afastado de função por decisão tração, observados os critérios de conveniência e de
judicial, enquanto perdurar essa situação; oportunidade, para que o militar da ativa permaneça
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

III – estiver em processo de interdição judicial; com a posse da arma de fogo de propriedade da Polí-
IV – estiver licenciado ou dispensado do uso de arma cia Militar, em tempo integral.
de fogo por motivo de saúde, no período em que per- Art. 58. O militar da ativa deverá requerer ao seu Co-
durar a licença ou a dispensa; mandante a autorização do PEAF, conforme Anexo III.
V - não obtiver, no mínimo, o conceito “C” no treina- § 1º O PEAF não será concedido ou será revogado
mento de tiro anual, conforme previsão das Diretrizes quando:
de Ensino da Polícia Militar (DEPM), enquanto perma- I – inexistir armamento em número suficiente para su-
necer inapto; prir a demanda operacional;
VI – enquanto estiver cumprindo a sanção disciplinar II – o militar se enquadrar nas situações descritas nos
de suspensão; arts. 42, 43, 51 e 52;

65
III – o militar for proprietário de arma de fogo; Parágrafo único. Os atos referentes ao PEAF serão pu-
IV – enquanto o militar estiver na situação funcional blicados em BIR.
de agregado. Art. 67. A suspensão ou cassação da autorização para
§ 2º Havendo interesse institucional, poderá ser auto- PEAF da Polícia Militar não constitui medida punitiva
rizado o PEAF ao militar que possuir arma de porte de e, portanto, não elide a eventual aplicação das sanções
propriedade particular. disciplinares por infrações administrativas praticadas.
§ 3º O militar aprovado em Prova Prática de Tiro (PPT) Art. 68. É proibida a autorização para o PEAF ao mi-
mediante reavaliação, somente terá o PEAF para re- litar da reserva remunerada, ao reformado e ao agre-
vólver. gado.
§ 4ºAo militar detentor de autorização para PEAF, não Art. 69. A arma de fogo da Instituição será devolvida
será autorizada a posse de outra arma de fogo de por- antes da ocorrência de movimentação do militar de
te da Instituição, ainda que durante o turno de serviço. Unidade ou de sua agregação, transferência para a
Art. 59. Será cassada a autorização para PEAF do mi- reserva ou reforma.
litar que tenha contribuído, dolosa ou culposamente, Art. 70. O militar poderá permanecer com o PEAF nos
para o extravio de arma de fogo que se encontrava sob períodos de férias anuais ou prêmio, e licenças previs-
sua responsabilidade. tas em lei, salvo manifestação em contrário da admi-
Parágrafo único. O militar que tiver cassada a sua au- nistração.
torização do PEAF, somente poderá obter nova autori- § 1º Nas situações descritas no caput, caso o militar
zação após o prazo de 3 (três) anos. manifeste interesse, poderá deixar a arma de fogo a
Art. 60. Na posterior incidência das situações impedi- qual detém o PEAF na Reserva de Armas, Munições e
tivas descritas no § 1º do art. 58 ou não sendo mais Equipamentos (RAME) da Unidade durante o período
conveniente e oportuno a manutenção do PEAF, este em que estiver no gozo de férias anuais, prêmio ou
será revogado e a arma de fogo imediatamente reco- licença.
lhida à SAT. § 2º Não é permitido ao militar ausentar-se do Estado
com a arma de fogo institucional, até a inclusão desta
Art. 61. O militar deverá apresentar a arma de fogo
no SIGMA, exceto no desempenho de suas funções.
institucional, da qual detém o PEAF, ao Chefe da SAT
Art. 71. Ao militar que se envolver em ação militar
ou outro militar designado pelo Comandante, semes-
legítima, da qual resultar em apreensão da arma de
tralmente, para fins de inspeção, especialmente, nos
fogo institucional, poderá ser concedido novo PEAF, de
aspectos referentes ao estado de conservação, à lim-
imediato, a critério do Comandante e observados os
peza e à realização de manutenção preventiva peri-
demais requisitos.
ódica.
Art. 72. O militar em deslocamento, fora de sua sede,
Parágrafo único. Caso seja constatado, durante a ins- poderá deixar a arma de fogo a qual detém o PEAF
peção ou nas atividades rotineiras, que o militar não na reserva de armas de qualquer Unidade ou fração
teve o devido zelo na conservação da arma de fogo, da Instituição, retirando-a imediatamente depois de
terá o PEAF suspenso. cessado o motivo.
§ 1º A arma de fogo deixada em reserva de Unidade
Art. 62. O indeferimento para o PEAF não implica, ne- ou fração, somente será guardada pelo prazo máximo
cessariamente, em impedimento para o exercício de de 45 (quarenta e cinco) dias, quando, então, será de-
atividades policiais militares com arma de fogo. volvida à Unidade detentora do material, cumprindo-
Art. 63. Não será concedido o PEAF para os militares -se as formalidades necessárias, inclusive as de natu-
que ingressaram na Instituição mediante decisão ju- reza disciplinar.
dicial de caráter provisório, em medida liminar, até o § 2º O detentor ou usuário, quando não efetuar a re-
trânsito em julgado da sentença de mérito. tirada da arma no prazo indicado no parágrafo an-
Art. 64. O Comandante, Diretor ou Chefe deverá reco- terior, além da eventual responsabilidade disciplinar,
lher, de imediato, a arma institucional do militar que terá suspensa a autorização para PEAF, pelo período
não mais apresente os requisitos para o PEAF. de 1 (um) ano.
§ 1º O militar que for considerado temporariamente Art. 73. O militar somente poderá deixar sua arma
inapto para o porte de arma de fogo terá o PEAF sus- de fogo particular acautelada na RAME ou outra de-
penso, devendo o seu chefe direto providenciar, ime- pendência da Unidade, após a apresentação do CRAF,
diatamente, o recolhimento do armamento à Unidade. com registro em livro próprio.
§ 2º Nas situações de suspensão, o militar poderá ter
o PEAF restabelecido ao final do período de cumpri- CAPÍTULO VI
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

mento da medida. DO EXTRAVIO, DA APREENSÃO E DO RECOLHI-


Art. 65. A arma de fogo pertencente ao acervo pa- MENTO DE ARMA DE FOGO DO MILITAR
trimonial destinada ao PEAF será sempre do tipo de SEÇÃO I
porte. DO EXTRAVIO
Parágrafo único. É vedado ao militar possuir mais de
uma autorização de PEAF. Art. 74. Ocorrendo extravio, por roubo, furto ou perda
Art. 66. É de responsabilidade do Almoxarifado a atu- de arma de fogo, pertencente a militar, este deverá
alização do SIAD, com a inclusão da arma na corres- providenciar a lavratura de Boletim Ocorrência e co-
ponsabilidade patrimonial do militar que detiver o municar o fato ao seu Comandante, Diretor ou Chefe,
PEAF. formalmente, anexando o CRAF.

66
§ 1º Recebida a comunicação, o Comandante Diretor SEÇÃO III
ou Chefe notificará o fato à DAL, no prazo de 2 (dois) DO RECOLHIMENTO DA ARMA DE FOGO DE MILI-
dias úteis, e determinará a publicação da ocorrência TAR INAPTO AO REGISTRO OU AO PORTE
em BIR, com registro em rotina própria do SAAM/PM.
§ 2º Conhecendo o fato, a DAL, no prazo de 2 (dois) Art. 79. Compete ao Comandante, Diretor ou Chefe
dias úteis, remeterá as suas informações ao órgão recolher a arma institucional e particular do militar
competente do EB para registro no SIGMA. que apresentar impedimentos ou restrição para o por-
§ 3º O CRAF permanecerá arquivado na Unidade, por te ou posse de arma de fogo, nos termos desta Resolu-
6 (seis) meses, findo os quais será destruído, e somente ção ou por determinação judicial.
será expedida a 2ª via, se a arma for recuperada e § 1º Aplica-se ao militar da reserva remunerada e ao
apresentada na Unidade à qual o militar estiver vin- reformado o previsto no caput deste artigo.
culado. § 2ºA SAS ou o NAIS que expedir o parecer de licença e
Art. 75. No caso de extravio, por furto, roubo ou perda dispensa saúde com restrição quanto ao uso de arma
de arma de fogo de uso restrito, de propriedade do mi- de fogo deverá cientificar a SRH à qual o militar estiver
litar, este somente poderá adquirir nova arma de uso vinculado para adoção das demais medidas cabíveis.
restrito depois de decorridos 5 (cinco) anos do registro § 3º A arma de fogo recolhida nos termos do caput
da ocorrência do fato em órgão da polícia judiciária. ficará guardada no Almoxarifado da Unidade até que
Parágrafo único. Poderá ser autorizada nova aquisi- cessem os motivos do impedimento, observando-se as
ção, a qualquer tempo, depois de solucionado proce- formalidades legais.
dimento investigatório que ateste não ter havido, por § 4º O militar que se recusar a entregar sua arma de
parte do proprietário, imperícia, imprudência ou ne- fogo à autoridade policial militar competente terá o
gligência, bem como indício de cometimento de crime, CRAF cassado, adotando-se as medidas pertinentes
nos termos do art. 9º da Portaria n. 21-D Log, de 23 de para a cassação.
novembro de 2005. § 5º Havendo recusa na entrega da arma de fogo da
Art. 76. Sendo localizada a arma de fogo que fora ex- Polícia Militar, a autoridade policial militar adotará as
traviada, serão realizados os lançamentos no SAAM/ medidas de polícia judiciária militar cabíveis.
PM, a publicação em BIR e a comunicação ao órgão § 6º Quando da adoção das medidas descritas neste
competente da PF ou do EB. artigo, será lavrado o Termo de Recolhimento (Anexo
§ 1º Não sendo possível a regularização da arma de V), a ser entregue ao militar ou, no impedimento des-
fogo no SAAM/PM, por haver extrapolado o limite te, a seu representante legal ou familiar, mantendo-se
previsto art. 12, seu proprietário deverá providenciar uma cópia arquivada e publicando-se o ato em BIR.
a transferência de propriedade em até 45 (quarenta e
cinco dias), permanecendo a arma na RAME. CAPÍTULO VII
§ 2º Findo o prazo estabelecido no § 1º, a arma de DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
fogo será encaminhada para a destruição.
Art. 80. O militar proprietário de arma de fogo em
SEÇÃO II situação regular, cadastrada no SINARM, deverá, por
DA APREENSÃO intermédio da Unidade a qual estiver vinculado, ca-
dastrar a arma no SAAM/PM e no SIGMA, com a devi-
Art. 77. A arma de fogo ou a munição apreendida, de da publicação em BIR, respeitados os limites estabele-
propriedade do militar, decorrente do cometimento de cidos nesta Resolução.
crime militar, será encaminhada ao Comandante, Di- Art. 81. O CRAF já expedido até a data da publicação
retor ou Chefe competente para adoção das medidas desta Resolução permanece válido, devendo ser subs-
de polícia judiciária militar cabíveis. tituído pelo novo modelo quando do término de sua
Parágrafo único. No caso do cometimento de crime validade.
comum, a arma de fogo ou a munição apreendida Art. 82. O militar que teve o seu CRAF ou PEAF extra-
será encaminhada à Delegacia de Polícia ou ao órgão viado, por qualquer motivo, providenciará, de imedia-
de polícia judiciária competente. to, o registro em Boletim de Ocorrência e comunicará
Art. 78. A Unidade comunicará à DAL a apreensão ou o fato ao chefe direto e à autoridade militar que expe-
localização de arma de fogo de militar, no prazo de diu o documento.
dois dias úteis, e encaminhará cópia da publicação no § 1º Quando o militar for responsabilizado pelo extra-
BIR, para fins de atualização de cadastro no SAAM/ vio ou destruição do CRAF ou PEAF, será cobrada uma
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

PM e SIGMA. taxa de 8 (oito) UFEMG para a expedição de 2ª via do


Parágrafo único. A arma de fogo ou munição encon- documento.
trada, que não constitua prova em inquérito policial § 2º O militar comunicará, de imediato, à sua Unidade
ou processo criminal e que não possa ser restituída a recuperação do CRAF ou PEAF extraviado.
ao militar, será encaminhada pelo Comandante da Art 83. Quando em trânsito, o militar poderá condu-
Unidade, no prazo de 30 (trinta) dias, à SFPC/RM de zir até 50 (cinquenta) cartuchos do mesmo calibre da
vinculação, para destruição, sendo vedada a cessão arma de fogo que estiver portando.
para qualquer pessoa ou instituição, dando-se conhe- Art. 84. A DRH e a DAL providenciarão a integração
cimento à DAL. dos dados entre o SIRH e o SAAM/PM, em especial,
no que se refere à restrição ao porte de arma de fogo.

67
Art. 85. A DAL expedirá instrução de conteúdo espe- das, praças, terrenos baldios, elevações ou depressões
cífico, necessária ao cumprimento das normas desta do terreno, rios, lagos, plantações, número de veículos,
Resolução. arquitetura de segurança e outras que possam influir
§ 1º Poderá ser expedida instrução conjunta com ou- direta ou indiretamente.
tra Unidade de Direção Intermediária, para orientação Art. 5º - Será organizado um banco de dados com re-
que envolva interesse comum relativamente às nor- gistro de todas as informações úteis para a segurança,
mas desta Resolução, observados os seus parâmetros. participando como fonte todas as pessoas e policiais
§ 2º Os quantitativos para aquisição de arma de fogo, da comunidade.
munição e colete à prova de balas, quando modifica- Art. 6º - O policiamento deverá ser distribuído no sen-
dos pela legislação aplicável ou por ato de autoridade tido de ocupar o espaço territorial, atuar em pontos
competente, poderão ser disciplinados em instrução estratégicos, acoplando - se a um sistema de auto de-
específica. fesa da própria população.
Art. 86. A DRH e a DS expedirão, em até 45 (quarenta Art. 7º - O Policial Comunitário deverá responder à
e cinco) dias, a contar da data da entrada em vigor comunidade em três pontos básicos: ser visível; de fácil
desta Resolução, instrução definindo os procedimen- acesso pela população; e com capacidade de resposta
tos para implementação das medidas previstas nos imediata e adequada.
arts. 48 e 49. Art. 8º - Para alcançar o previsto no artigo anterior se-
Parágrafo único. O Chefe do Estado-Maior deverá rão desenvolvidos esforços no sentido de que homens,
homologar a instrução da DRH e da DS prevista no viaturas e equipamentos apresentem estimulação vi-
caput. sual atraente e agradável.
Art. 87. A DAL apresentará à Chefia do Estado-Maior, Art. 9º - O relacionamento interpessoal policial - cida-
em até 90 (noventa) dias, a contar da data da entrada dão se dará em um clima de receptividade, boa vonta-
em vigor desta Resolução, estudo sobre a viabilidade de, sem tensões e conflitos.
de se adotar espelho em papel moeda para emissão
do CRAF para as armas institucionais em situação de DOS PROCEDIMENTOS COMUNS AOS POLICIAIS
Porte Especial.
Art. 10 - O Policial deve conhecer, respeitar, fazer res-
peitar e difundir os direitos de cidadania para o pleno
DIRETRIZ PARA A PRODUÇÃO DE SERVIÇOS êxito do policial comunitário.
DE SEGURANÇA PÚBLICA Nº 3.01.06/2011- Art. 11 - O policial comunitário é um serviço que exige
CG, DE 18/03/2011 – REGULA A APLICAÇÃO do Policial urbanidade e civilidade, impondo o conhe-
DA FILOSOFIA DE POLÍCIA COMUNITÁRIA cimento e aplicação dos preceitos da boa educação,
PELA PMMG. EXCETO OS ANEXOS. PUBLI- regras de boas maneiras e cortesia no relacionamento
CADA NA SEPARATA DO BGPM Nº 32, DE com o público.
Art. 12 - O Policial é um profissional de segurança pú-
28/04/2011
blica e, como tal, deve colocar em prática, nas mais
diversas situações, os princípios, normas e ensinamen-
MANUAL DE PROCEDIMENTOS DO POLICIAL CO- tos técnicos e táticos de policiamento, bem como os de
MUNITÁRIO DA POLÍCIA COMUNITÁRIA relacionamento com o público, sempre embasados no
ordenamento jurídico e nos preceitos ético - morais e
Art. 1º - Para os efeitos deste manual, Polícia Co- religiosos da comunidade onde atua.
munitária é entendida como a conjugação de todas
as forças vivas da comunidade, sob a coordenação DO POLICIAL COMUNITÁRIO
de policiais especialmente designados, no sentido de
preservar a segurança pública, prevenindo e inibindo Art. 13 - O policiamento é a atividade de polícia em
os delitos ou adotando as providências para a repres- que o homem a pé, a cavalo, em bicicleta, motocicleta,
são imediata. Deve ser entendida também como uma ou viatura, movimenta-se num itinerário constante ou
nova filosofia de atuação da Polícia Militar, marcada variável, visando prevenir e inibir a prática criminosa
pela intensa participação da comunidade na resolu- pela presença ostensiva, bem como adotar as provi-
ção dos problemas afetos à Segurança Pública. dências repressivas imediatas.
Art. 2º - O policial comunitário não excluirá as ações Art. 14 - Para o êxito de sua missão, o policial deve
de policiamento tradicional realizadas normalmente portar agenda com anotações, como: endereços de
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

pelo Policial. Aos enfoques da atuação tradicional se- hospitais, correios, repartições públicas, postos de
rão acrescidos procedimentos comunitários, visando atendimentos assistenciais, telefones úteis e outros
adequar convenientemente o Policial à nova filosofia. registros necessários para melhor servir e informar a
Art. 3º - A Polícia Comunitária desempenhará suas população.
atividades aproveitando todos os recursos disponíveis Art. 15 - O policiamento deve ser executado conforme
na comunidade, desenvolvendo o sentimento de que modelo operacional que deve se orientar por:
a segurança envolve esforço permanente e solidário. a) recebimento do serviço com informações das últi-
Art. 4º - No esforço de segurança da comunidade, se- mas ocorrências, locais e horários e possibilidades fu-
rão analisadas todas as variáveis públicas: estaciona- turas;
mentos, diversões públicas, condições de ruas, aveni-

68
b) estacionamento ou movimentação em locais onde m) preparação e cuidados nos locais de acidentes e de
possa ser visto e identificado pela população, evitando crimes, principalmente\quanto ao socorro às vítimas;
conversas e ajuntamentos desnecessários com os de- n) estacionar nos locais preestabelecidos ou naqueles
mais policiais de serviço; que entender necessário\durante o policiamento e, se
c) atendimento à população quando solicitado ou bus- indispensável, o deslocamento a pé, não se afastar da
cando relacionamento por sua auto-iniciativa, no sen- viatura\por mais de 50 (cinquenta) metros; e
tido de integrar-se à comunidade; o) conhecimento de todos os eventos como shows,
d) atenção especial a crianças, mulheres, idosos e de- bailes, espetáculos ao ar livre, festas de aniversário,
ficientes físicos, buscando protegê-los e facilitar sua casamentos etc., notadamente nos finais de semana.
locomoção, no trânsito, nas calçadas e entradas em
veículos; DO DESENVOLVIMENTO DA CAPACIDADE DE OB-
e) deslocamento da viatura em baixa velocidade SERVAR
quando do policiamento normal, ficando atento ao
que ocorre por onde passar, observando a circulação Art. 17 - O sentido de observação do policial deve le-
de pessoas e veículos; var em consideração:
f) execução do policiamento e relacionamento com a a) todos os estímulos pessoais e físicos do ambien-
população de forma educada, polida, atenciosa, cor te que se correlacionam com a atividade policial de
sabendo dosar o uso de energia quando necessário o modo genérico ou em missões específicas;
seu emprego; b) o comportamento das pessoas de aparência suspei-
g) conhecimento das leis, manuais e regulamentos ta, levando em conta as circunstâncias locais e o fato
que fundamentam o trabalho policial, conhecendo e de a grande maioria das pessoas não serem crimino-
distinguindo as diversas infrações penais; sas, mas cumpridoras das leis;
h) uso de linguagem comedida evitando conflitos e c) que as pessoas presas têm direitos e que devem ser
situações humilhantes às pessoas envolvidas em ocor- respeitadas na sua integridade física;
rências; d) situações circunstanciais, como pessoas carregando
i ) arrolamento de testemunhas, esclarecendo as pes-
sacos ou objetos pesados; indivíduos aflitos ou nervo-
soas da necessidade dos depoimentos como prova de
sos sem motivo aparente; grupo de pessoas paradas
inocência ou de culpabilidade e de sua importância
em locais ermos ou mal iluminados; alterações de
para a ação da justiça; e
comportamento em presença da polícia; abandono
j) atuação no sentido de não tomar partido na ocor-
de objetos na presença de policiais; pessoas sujas de
rência, tratando a todos de mesmo modo, evitando
sangue ou com aparência de uso de drogas ou alcooli-
familiaridades, mesmo que se trate de conhecidos,
zadas, sem confundi-las com pessoas doentes;
amigos ou parentes.
e) cuidados especiais devem ser observados com:
DO QUE SABER QUANTO AOS LOCAIS DE POLICIA- - pessoas que, ao verem o Policial, alteram o compor-
MENTO tamento, disfarçando, ou mudando de rumo, ou lar-
gando algum objeto, demonstrando de alguma forma
Art. 16 - O conhecimento dos locais a serem patrulha- preocupação com a chegada do Policial;
dos deve envolver: - indivíduo cansado, suado por correr, sujo de lama
a) localização dos pontos críticos; ou sangue;
b) possíveis pontos de venda de drogas e de produtos - indivíduo parado ou veículo parado por muito tem-
de furto e/ou roubos; po, próximo a estabelecimento de ensino;
c) praças, ruas, vielas, locais de desovas e abandono de - pessoas com odor característico de tóxico;
veículos roubados; - indivíduo parado por muito tempo nas proximidades
d) esconderijos e residências de criminosos ou pessoas de estabelecimentos comerciais ou bancários;
ligadas ao crime; - indivíduo agachado, dentro ou ao lado de veículo
e) casas comerciais, repartições públicas, estações de parado ou estacionado;
rádios, estações de eletricidade e outros pontos, consi- - pessoa ou veículo que passa várias vezes pelo mes-
derados sensíveis para a vida da cidade; mo local;
f) conhecimento das indústrias, entradas e saídas de - estabelecimento comercial com a porta entreaberta;
todos os estabelecimentos importantes; - janelas ou portas abertas em residências ou estabele-
g) terrenos baldios, locais com falta de iluminação ou cimento comercial, especialmente no período noturno;
dificuldade de acesso; - ocupantes de veículo cujas aparências estão em de-
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

h) a existência de vigias particulares, guardas notur- sacordo com o tipo de veículo;


nos e sistemas de alarmes; - veículo que passa em alta velocidade, com ocupan-
i) orientação a comerciantes e industriais procurando tes apavorados ou empunhando arma;
conhecer os horários de expediente, problemas ocasio- - carro estacionado, com motorista no volante, parado
nados nas entradas e saídas de funcionários; há muito tempo no mesmo local;
j) comércio ambulante e suas repercussões com aglo- - veículo parado, mal estacionado, luzes acesas, portas
merações, receptação e relacionamento com ativida- abertas, chaves no contato;
des ilícitas; - veículo em movimento que procure chamar atenção
l) forma de ação e do chamamento de proprietários ou do policial através de sinais, como luzes, buzinas, fre-
responsáveis em caso de alarmes; adas, etc.;

69
- ruídos que quebram a rotina, como gritos, explosões, a) ser solícito, demonstrando paciência e boa vontade;
disparos de arma de fogo, etc.; b) ter sempre consigo um guia da cidade com os prin-
- veículo velho com placa nova, veículo com placa cipais serviços públicos, telefones, linhas de ônibus,
dianteira diferente da traseira, veículo com lataria horários (se possível itinerário), estações rodo-ferrovi-
amassada ou vidros estilhaçados, veículos com mar- árias, aeroporto, pontos de táxi, etc.;
cas de balas na lataria; e c) entre as informações mais frequentes encontram-
- indivíduo estranho, muito atencioso e carinhoso com -se:
crianças nas ruas. - hospitais;
- agências bancárias;
DO CONHECIMENTO DAS PESSOAS QUE VIVEM - distritos policiais;
NA ÁREA A SER POLICIADA - repartições públicas federais, estaduais e municipais;
- terminais rodoviário e ferroviário;
Art. 18 - As ações ou omissões ilegais são praticadas - estações de metrô;
por pessoas, e essas vivem numa cidade, onde resi- - agências de correios;
dem, trabalham, estudam, divertem-se, alimentam-se, - pontos de táxi;
compram e vendem. Conhecer essas pessoas é dever - telefones públicos;
do policial, que para isso deve: - igrejas;
a) conhecer os acessos aos prédios e residências; - monumentos;
b) estar familiarizado com os locais onde as pessoas - escolas;
conversam, seu modo de locomoção ao trabalho, rou- - teatros;
pas, lazer etc.; - cinemas;
c) reconhecer os residentes e os estranhos, seus itine- - hotéis;
rários e horários para transportes coletivos; - praças de esportes;
d) transmitir às pessoas regras básicas de prevenção - bancas de jornal;
contra assaltos, furtos, quanto à utilização de códigos - shopping center; e
de senhas em situações de perigo; - magazines famosos.
e) buscar aproximação com pessoas que iniciam mui- d) caso não conheça o teor de uma solicitação de in-
to cedo suas atividades profissionais, como pedreiros, formação, recorrer via rádio ou a um colega ou pes-
verdureiros, entregadores, açougueiros, motoristas e soas que possam atender ao solicitante, que não deve
outros profissionais da madrugada; ficar sem uma resposta do policial;
f) conhecer os serviços com plantões noturnos, como e) usar linguagem acessível, principalmente com
farmácias, hospitais, pronto-socorro, telefonistas, crianças e idosos. Ter cuidados especiais com os es-
cujos profissionais podem servir de apoio ao trabalho trangeiros, turistas e pessoas em trânsito pela cidade;
policial à noite e aos fins de semana; e
g) procurar identificar aqueles que trabalham até f) usar na informação o tempo estritamente necessá-
mais tarde na noite como donos de bares, garçons, rio para se fazer entender.
porteiros de hotel, casas noturnas e outros estabeleci-
mentos congêneres; DAS AMIZADES E DAS PESSOAS QUE PODEM AU-
h) conhecer os trabalhadores de postos de gasolina XILIAR O TRABALHO POLICIAL
e outros serviços mecânicos, funileiros, eletricistas,
borracheiros, que sempre são fontes de informações Art. 20 - O policial deve ter a expectativa de que, para
quanto aos fregueses noturnos e suas possíveis práti- realizar um bom trabalho, é fundamental o bom co-
cas criminosas; nhecimento das pessoas que têm participação na vida
i) dar especial atenção aos motoristas de táxi, de trans- das demais ou na de muitas delas. Nesse sentido sua
portes coletivos e pessoas que costumam permanecer preocupação com as pessoas envolve:
andando à noite ou permanecer em varandas, coretos a) visita aos recém-chegados à comunidade;
e praças públicas; b) o estabelecimento de relações cordiais e amizade,
j) procurar liberar as pessoas do medo de serem envol- demonstrando prontidão para auxiliar e para qual-
vidas em processo; do receio de que suas informações quer informação útil;
serão usadas sem discriminação; da falta de confiança c) reconhecer e chamar as pessoas pelo nome, buscan-
no policial; da suposição de estarem sujeitas ao ridícu- do atenção e confiança, principalmente aquelas que
lo, caso suas informações não se confirmarem; e poderão ser úteis e auxiliar no trabalho policial;
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

Criar oportunidades e condições para estabelecimen- d) aproximação com as pessoas honestas ao mesmo
to de confiança mútua e desenvolver o sentimento de tempo em que deve evitar más companhias;
que todas as pessoas podem ser úteis para a polícia, e) retribuição das atenções que recebeu;
em benefício de sua própria segurança. f) a conquista da amizade de pessoas formadoras de
opinião; e
DAS INFORMAÇÕES AO PÚBLICO g) demonstração de que o policial é amigo e protetor,
estando sempre disposto a conhecer novas pessoas e a
Art. 19 - O policial fardado é facilmente identificado estabelecer e consolidar amizades.
pela população, daí ser procurado para dar informa-
ções. Ao prestar informações, o policial deve:

70
DA COMUNICAÇÃO SOCIAL d) estimular a participação da comunidade através de
seus representantes, visando à orientação para a se-
Art. 21 - Manter com a imprensa um relacionamento gurança de crianças, adolescentes e idosos.
isento e profissional, fundamentado na transparência
e na verdade dos fatos. As reportagens procuram de- DO DESENVOLVIMENTO DE COMPORTAMENTOS
tectar fatos e traduzi-los para leitores, ouvintes e teles- (HÁBITOS) ÚTEIS AO POLICIAL
pectadores. A notícia é interessante quando significa a
quebra da rotina; por isso, ao tratar com representante Art. 24 - A atividade do policial não deve ser rotinei-
da imprensa, o policial deve adotar os procedimentos ra, mas certos condicionamentos são necessários para
a seguir relacionados: manter uma expectativa de modo de trabalho tanto
a) a conversa com o repórter deve ser clara, precisa, na população como no policial. Para atender a essas
concisa e sempre verdadeira; expectativas o policial deverá:
b) atender com agilidade e rapidez para evitar o argu- a) deslocar-se com a viatura em baixa velocidade;
mento de que a Polícia se recusou a falar; b) manter o maior contato possível com a população;
c) todo Policial pode fornecer informações sobre a c) seguir um roteiro de policiamento priorizando a
ocorrência em que estiver envolvido; eficiência do trabalho e não a facilidade da sua re-
d) nas entrevistas, as opiniões devem cingir-se ao limi- alização;
te da competência de cada Chefes; d) não fumar durante o serviço;
e) aspectos contraditórios sobre a Polícia Militar como e) assumir uma postura respeitosa, mas receptiva; 73
um todo são conduzidos pela Assessoria de Comuni- f) manter a serenidade e seriedade no atendimento;
cação Social; g) evitar gestos inconvenientes, exagerados ou desne-
f) os realeases devem ser usados como texto de apoio, cessários;
de atração ou pauta e, sempre que possível serem h) ser comedido no trato com senhoras ou senhoritas;
substituídos por entrevista; i) carregar na viatura, como carga pessoal, bolsa de
g) as notas oficiais devem ser restritas às situações em nylon, contendo código penal, guias, mapas do setor
que se pretende resumir aposição da Polícia Militar ao e legislação de trânsito, para consulta e informações
que está escrito. ao público;
j) ter no bolso da farda pequeno bloco para anotação
DO RELACIONAMENTO COM POLÍTICOS E OUTROS e apito;
REPRESENTANTES DA POPULAÇÃO l) não conversar com o companheiro da viatura, quan-
do estiver patrulhando locais de concentração de pes-
Art. 22 - A área de policiamento poderá ser endereço soas ou ruas movimentadas;
de residência ou de circulação de políticos locais ou m) não permanecer dentro da viatura, conversando
regionais. O policial deverá: com pessoas; saia e fique de pé ao lado do veículo;
a) conhecer os vereadores, deputados e demais políti- n) colaborar com os oficiais e praças da ativa, não só
cos, mantendo-se a partidário em suas missões; prestando serviços profissionais, bem como se solida-
b) reconhecer os vereadores como políticos de contato rizando em dificuldades particulares que estejam ao
mais direto com a população local e por isso são pro- seu alcance minimizar;
curados diariamente; e o) respeitar os oficiais e praças da reserva ou refor-
c) no relacionamento com vereadores, apresentar os mados, não só para cumprimento das normas regula-
problemas da comunidade que repercutem na segu- mentares, mas pelo apreço que merecem; e,
rança, como iluminação pública, terrenos baldios, ser- p) ao tratar com idosos e crianças, fazê-lo de maneira
viços públicos e outros fatores ambientais. carinhosa, por representarem a futura e passada gera-
ções, tratando-os de maneira especial.
DO RELACIONAMENTO COM MEMBROS DE ASSO-
CIAÇÕES DE BAIRROS PROCEDIMENTOS NO DESEMPENHO DO POLICIAL
COMUNITÁRIO
Art. 23 - Os representantes de associações de bairros
são pessoas escolhidas por exercerem liderança local Art. 25 - O policial comunitário deve assumir compor-
e às vezes regional. Normalmente são pessoas com tamento e adotar procedimentos adequados segundo
grande disposição de ajudar e prestar serviços comu- os locais de trabalho. Deve associar nessa função suas
nitários. Nesse relacionamento o policial deverá: qualidades inatas com os conteúdos desenvolvidos na
a) procurá-los, criando um canal de contato para so- instrução quanto ao relacionamento com as pessoas
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

lução de problemas ligados à segurança ou de assis- na comunidade.


tência à população; Art. 26 - Nas escolas, os procedimentos devem-se rea-
b) reconhecer que, normalmente, esses representantes lizar obedecendo aos seguintes critérios:
são antigos moradores do bairro e que por sua situa- a) nos contatos com a direção, certificar-se das novi-
ção poderão facilitar o trabalho do policial; dades diárias ou semanais, procurando solucionar os
c) conhecer o endereço das associações e buscar apro- problemas existentes;
veitá-las, quando possível, para palestras, cursos e b) nos contatos com professores, alunos, funcionários
outras atividades necessárias para o processo de se- e pais de alunos, usar de cortesia e civilidade, visando
gurança solidária; e obter estima e confiança;

71
c) proceder visitas constantes à escola durante o turno e) controlar o trânsito, orientando os motoristas quan-
de serviço; to aos locais apropriados para paradas e estaciona-
d) proceder à travessia de alunos, sempre que o local mentos de veículos.
exigir; Art. 30 - O Policial, ao assumir o serviço em terminais
e) nos finais de semana e feriados, contatar os vizinhos rodos-ferroviários e aéreos, deverá:
das escolas, orientando e divulgando o telefone emer- a) conhecer todos os compartimentos, áreas de circu-
gencial 190; e lação e recursos oferecidos pelo terminal ao usuário;
f) sempre que possível, participar dos eventos cívicos b) conhecer os administradores e se fazer conhecer,
da unidade escolar. mantendo com eles contatos diários;
Art. 27 - Nas praças públicas, obedecer aos critérios a c) procurar identificar os hábitos dos usuários de ma-
seguir relacionados: neira a melhor detectar as anormalidades;
a) estacionar a viatura em local de destaque, se possí- d) se houver sistema de som, procurar utilizá-lo para
vel e se houver condições, na parte central, principal- orientar constantemente os usuários;
mente em horários de concentração de pessoas; e) auxiliar e orientar os usuários quando solicitado,
b) se a praça for defronte a uma igreja, estacionar a devendo conhecer os principais horários de embarque
viatura antes do início e no final das missas; e desembarque de passageiros, empresas prestadoras
c) orientar os frequentadores para a preservação do de serviços, localização de telefones públicos, sanitá-
patrimônio público, como telefones, bancos, monu- rios, bares, pontos de táxi, vias de acesso, principal-
mentos, jardins etc.; mente de deficientes físicos;
d) orientar os frequentadores para o uso correto dos f) atentar para os pontos de ação dos marginais, re-
recipientes coletores de lixo; forçando o policiamento e orientando os usuários, es-
e) contatar, conhecer e se fazer conhecer pelos comer- pecialmente em:
ciantes que exercem suas atividades no local; - áreas com telefones públicos;
f) observar e analisar os hábitos dos frequentadores, - áreas próximas aos sanitários e no seu interior;
- ponto de embarque e desembarque.
orientando-os em casos de excessos;
g) atentar para os taxistas não credenciados ao ter-
g) organizar o trânsito nas vias próximas com o fim de
minal, procurando identificá-los e evitar a atuação no
proporcionar segurança aos transeuntes e frequenta-
local; e
dores do local; e
h) orientar as famílias que desembarcam com excesso
h) controlar o uso de bicicletas por parte das crianças
de bagagem ou com muitas crianças.
e adolescentes, orientando-as.
Art. 31 - Em salões de bailes, cinemas, circos, teatros e
Art. 28 - Nas áreas residenciais:
outras casas de espetáculos, o Policial deverá:
a) contatar, conhecer e se fazer conhecer pelos mora- a) fazer contato com os responsáveis pelo evento para
dores; saber das peculiaridades do local e do evento;
b) orientá-los nos variados aspectos de segurança pú- b) estacionar a viatura em ponto estratégico, deixan-
blica; do-a bem visível, principalmente antes do início e ao
c) conhecer os empregados e pessoas que frequentam término do evento;
as residências; c) conhecer a localização de extintores de incêndio e sa-
d) procurar conhecer os veículos de propriedade dos ídas de emergência, verificando se estão desobstruídas;
moradores; d) controlar e fiscalizar a entrada e saída dos frequen-
e) ao deparar com veículos estacionados com os faróis tadores;
ligados ou vidros e portas abertas, procurar o proprie- e) fiscalizar a ação dos guardadores de veículos;
tário para avisá-lo e orienta-lo; f) dar especial atenção às bilheterias e aos locais de esta-
f) ao constatar uma porta ou portão aberto, fazer con- cionamento, prevenindo os delitos contra o patrimônio;
tato com o morador, orientando-o; g) organizar as filas em dias de grande frequência;
g) conhecer e se fazer conhecer pelos proprietários de h) quando houver procedimento impróprio que não
estabelecimentos comerciais do setor; e configure ilícito penal por parte de frequentadores,
h) identificar os indivíduos considerados criminosos e admoestarem os inconvenientes, agindo com rigor se
vândalos residentes no setor. não for atendido; e
Art. 29 - Nas áreas bancárias e comerciais, devem ser i) em caso de pânico, procurar acalmar as pessoas,
adotados os seguintes procedimentos: liberando todas as saídas e orientando a evacuação.
a) contatar, conhecer e se fazer conhecer por todos os Art. 32 - Nas feiras livres, observar-se-ão os seguintes
proprietários, gerentes e funcionários dos estabeleci- procedimentos:
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

mentos comerciais e bancários; a) estacionar a viatura nas ruas de entrada e, a pé, exe-
b) orientar individual ou coletivamente os integrantes cutar o policiamento, procurando conhecer os feirantes;
de cada empresa no que tange à segurança do respec- b) de madrugada, período em que são armadas as
tivo estabelecimento; barracas, passar pelo local, estacionando a viatura
c) procurar identificar e dar proteção a pessoas idosas, temporariamente;
mulheres, crianças e adolescentes nas saídas ou che- c) durante a feira, dar especial atenção a pessoas ido-
gadas aos bancos, especialmente quando portarem sas, crianças e adolescentes;
valores; d) verificar crianças perdidas, conduzindo-as para a
d) ajudar pessoas idosas e senhoras a embarcar com- viatura, criando procedimento com os feirantes para a
pras quando for o caso; e localização de seus pais; e

72
e) controlar e fiscalizar a ação dos carregadores de a) procurar descobrir os responsáveis, através de infor-
sacolas. mações de testemunhas no local;
Art. 33 - Nos eventos esportivos, o Policial deverá obe- b) encaminhar o incapaz à instituição que lhe possa
decer aos seguintes princípios: dar guarida provisória;
a) conhecer os locais de circulação e os recursos que o c) se necessário, alimentá-lo e agasalhá-lo até que re-
local proporciona ao público; ceba outros cuidados; e
b) delegar, através de contatos informais com os lí- d) procurar divulgar o fato através dos órgãos de
deres de torcidas, a responsabilidade pelo controle e imprensa, objetivando sensibilizar as pessoas para a
manutenção da ordem pública; localização dos responsáveis ou órgãos que possam
c) manter a ostensividade, postura e compostura; acolher o incapaz.
d) dedicar especial atenção aos idosos, crianças e ado-
lescentes; e DO SEQUESTRO
e) não criticar a ação dos envolvidos na contenda des-
portiva, pois poderá estar sendo antipático. Ar t. 39 - Ao atender ocorrência de sequestro, o Policial
deverá:
DOS PROCEDIMENTOS DURANTE O ATENDIMEN- a) procurar tranquilizar os familiares da vítima, ex-
TO DE OCORRÊNCIAS POLICIAIS plicando que grupos especializados estão preparados
para esse tipo de ocorrência;
Art. 34 - Além dos procedimentos tradicionais de po- b) respeitar a privacidade e os direitos da pessoa; e
lícia, preceituados na legislação e nos manuais em c) ao localizar o sequestrado, abrigá-lo em local segu-
vigência, o Policial deverá observar outros, de Polícia ro e confortável, avisando os familiares com informa-
Comunitária, no atendimento de ocorrências policiais.
ções precisas.
Art. 35 - Os procedimentos de Polícia Comunitária
DAS OCORRÊNCIAS DE MAUS TRATOS
durante o atendimento de Ocorrências policiais visam
esclarecer, ajudar e orientar a população em geral e os
Art. 40 - Durante o atendimento de ocorrências de
usuários em particular.
maus tratos, observar-se-ão os seguintes princípios:
a) retirar a vítima do poder de seu algoz;
DAS OCORRÊNCIAS CONTRA A PESSOA
b) socorrer a vítima ao pronto-socorro e encaminhá-la
DO HOMICÍDIO
a outros familiares que possam ajudá-la;
Art. 36 - Nos casos de homicídios, o Policial deverá: c) se não for possível, encaminhar a vítima às institui-
a) procurar dar ciência do ocorrido a familiares da víti- ções de proteção à vida.
ma, informando-lhes o local onde se encontra o corpo; d) nos casos de indícios de violência doméstica, so-
b) conhecer e orientar os familiares quanto ao proce- licitar também apoio da patrulha de atendimento à
dimento para a liberação do corpo; vítima da violência doméstica.
c) indicar a funerária municipal e a repartição pública
responsável nos casos de pessoas humildes; DAS OCORRÊNCIAS CONTRA O PATRIMÔNIO
d) respeitar a privacidade e os direitos das pessoas da DO FURTO E DO ROUBO
família quanto à divulgação da ocorrência; e
e) utilizar o centro de operações para avisar familiares Art. 41 - Nas ocorrências de furto ou de roubo, adotar
com dificuldade de localização. as seguintes providências:
a) demonstrar interesse no atendimento do fato, pois
DAS LESÕES CORPORAIS a vítima está traumatizada e sem esperanças de rea-
ver seus pertences;
Art. 37 - Nos casos de lesões corporais, serão observa- b) no caso de roubo, avaliar a extensão da violência e
dos os seguintes princípios: prestar os primeiros socorros e atendimento médico;
a) providenciar socorro imediato à vítima, utilizando, c) solicitar o concurso da vítima se for possível, para
se for o caso, a maleta de pronto-socorrismo da viatura; em policiamento, tentar identificar os autores;
b) nos casos de maior gravidade, através do Centro de d) no caso de patrimônio segurado, orientar a vítima
Operações, avisar o Hospital para que se prepare para sobre as providências que devem ser tomadas e do-
receber adequadamente a vítima; cumentos que serão necessários e o local de sua ob-
c) acionar ambulância ou unidade de resgate nos ca- tenção;
sos de maior gravidade; e) no caso de furto a estabelecimento no período no-
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

d) procurar cientificar os familiares da vítima; e turno, contatar o proprietário cientificando-o do ocor-


e) orientar a vítima e seus familiares quanto à impor- rido;
tância do exame de corpo de delito para a caracteri- f) agilizar a confecção da ocorrência; e
zação da lesão. g) orientar a vítima sobre as medidas preventivas que
pode tomar para evitar que tal fato ocorra novamente.
DO ABANDONO DE INCAPAZ
DO AUTO LOCALIZADO
Art. 38 - No atendimento de ocorrências de abandono
de incapaz, adotar as providências a seguir relacio- Art. 42 - Quando localizar um auto furtado ou rouba-
nadas: do deverá ser observado os seguintes princípios:

73
a) comunicar o proprietário através do Centro de MENDICÂNCIA
Operações, cientificando-o do local onde o veículo foi
recolhido e sobre a documentação que deverá portar Art. 47 - Nas ocorrências de mendicância, observar os
para a sua liberação; critérios a seguir indicados:
b) orientar as vítimas se for possível, sobre a utilização a) tratar os mendigos na condição de ser humano,
de dispositivos de segurança e precauções que deve socorrendo-os nos casos de embriaguez, fome ou frio;
ter com seu veículo; e b) encaminhar o mendigo aos órgãos assistenciais; e
c) orientá-las sobre o serviço de guincho, evitando a c) procurar saber de seus familiares e tentar a sua
ação dos aproveitadores. localização, colocando-se à disposição para apoio e
orientação.
DAS OCORRÊNCIAS CONTRA A PAZ PÚBLICA
DA PERTURBAÇÃO DO SOSSEGO DAS OCORRÊNCIAS COM ENTORPECENTES

Art. 43 - No atendimento de ocorrências de perturba- Art. 48 - No atendimento de ocorrências que envol-


ção do sossego, o Policial deverá: vam uso de substância entorpecente, o Policial deverá
a) solicitar, com a educação necessária, que cesse a orientar os pais e responsáveis, indicando locais de
perturbação, fazendo com que os perturbadores com- tratamento e recuperação.
preendam a situação dos reclamantes;
b) procurar o diálogo pacífico e moderado, antes das DAS DEMAIS OCORRÊNCIAS
providências policiais; e
c) orientar os solicitantes sobre os alvarás para a utili- Art. 49 - O atendimento de outras ocorrências poli-
zação de equipamentos sonoros. ciais não relacionadas neste manual deverão sempre
EMBRIAGUEZ obedecer aos critérios que se seguem:
a) procurar amparar e orientar as vítimas, sem envol-
Art. 44 - Nas ocorrências dessa natureza o essencial ver-se na ocorrência;
é preservar a integridade física do ébrio, que deve ser b) procurar orientar vítimas e seus familiares sobre
colocado em lugar seguro. Além disso, o Policial ainda seus direitos e deveres, preservando suaprivacidade; e
deverá: c) agir com cautela e bom senso, adequando o seu
a) não permitir que seja submetido a situações vexatórias; procedimento aos exigidos pela ocorrência policial; e
b) conduzi-lo ao pronto socorro, se for o caso, solici- d) ser o mais atencioso e prestativo possível, dando um
tando o concurso de amigos e familiares; e tratamento humano, respeitoso, educado e eficaz ao
c) orientar os familiares quanto ao possível tratamen- solicitante, jamais o deixando sem resposta ou auxílio
to médico especializado que objetiva a recuperação. diante do problema apresentado.

DESINTELIGÊNCIA DOS PROGRAMAS DE ORIENTAÇÃO À COMUNI-


DADE
Art. 45 - O Policial deverá:
a) não tomar partido, principalmente se os contendores Art. 50 - As Organizações Policiais deverão, através da
forem marido e mulher (seguir o que prescreve a lei seção de Comunicação Social, desenvolver programas
“Maria da Penha” nr 11.340 de 07 de agosto de 2006); de orientação à comunidade, promovendo palestras,
b) procurar saber as razões do impasse, orientando aulas, visitas, exposições e outros meios possíveis, vi-
quanto às consequências de um processo judicial; sando divulgar medidas práticas de segurança indi-
(ver a possibilidade da aplicabilidade da Mediação de vidual e coletiva, o trabalho da Corporação e a im-
Conflito) e portância do envolvimento do cidadão nas atividades
c) solicitar se possível, o concurso de familiares e ami- comunitárias da polícia.
gos dos envolvidos, objetivando a solução do impasse.

OCORRÊNCIAS CONTRA OS COSTUMES EXERCÍCIO COMENTADO


ESTUPRO E ATENTAD O VIOLENTO AO PUDOR

Art. 46 - No atendimento de ocorrências de estupro 1. (Inédita) É correto afirmar:


ou de atentado violento ao pudor, observar-se-ão os
seguintes preceitos: a) As medidas de proteção requeridas por vítimas ou por
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

a) não submeter à vítima a situação constrangedora, testemunhas de crimes que estejam coagidas em ra-
procurando ampará-la moralmente, afastando-a dos zão de colaborarem apenas com a investigação serão
curiosos; prestadas pela União.
b) obter os dados possíveis com discrição; b) As medidas de proteção requeridas por vítimas ou por
c) orientá-la quanto aos órgãos de amparo às vítimas; testemunhas de crimes que estejam coagidas ou ex-
e postas a grave ameaça em razão de colaborarem com
d) orientar quanto ao procedimento judicial (prazo de a investigação ou processo criminal serão prestadas
seis meses para a interposição de queixa). pela União, pelos Estados e pelo Distrito Federal.
c) As medidas de proteção requeridas por testemunhas
de crimes que estejam coagidas em razão de colabo-

74
rarem com a investigação serão prestadas pela União,
pelos Estados e pelo Distrito Federal.
d) As medidas de proteção requeridas por vítimas ou por HORA DE PRATICAR!
testemunhas de crimes que estejam expostas a grave
ameaça em razão de colaborarem com a investigação 1. (Inédita) Nos termos da Resolução nº 4.220, “todos
ou processo criminal serão prestadas pelos Estados e os direitos que possuímos, pelo simples fato de sermos
pelo Distrito Federal. seres humanos, que nos permitem viver com dignidade,
assegurando, assim, os nossos direitos fundamentais à
Resposta: Letra B. As medidas de proteção requeri- vida, à igualdade, à segurança, à liberdade e à proprieda-
das por vítimas ou por testemunhas de crimes que es- de, dentre outros”, define.
tejam coagidas ou expostas a grave ameaça em razão
de colaborarem com a investigação ou processo cri- a) Direitos e garantias individuais
minal serão prestadas pela União, pelos Estados e pelo b) Direitos e deveres
Distrito Federal, no âmbito das respectivas competên- c) Direitos humanos
cias, na forma de programas especiais organizados d) Direitos civis
com base nas disposições da Lei de Proteção à Vítima.
2. (PMMG – Soldado da Polícia Militar – PMMG – 2018)
2. (Inédita) Sobre a prestação de serviço, assinale a al- Com base no Código de Ética e Disciplina dos Militares
ternativa correta: do Estado de Minas Gerais - CEDM – Lei n. 14.310/02,
marque a alternativa CORRETA.
a) A prestação de serviço consiste na atribuição ao militar
de tarefa, preferencialmente de natureza não opera- a) A sanção disciplinar objetiva preservar a disciplina e
cional, durante sua jornada habitual. tem caráter repressivo e educativo.
b) A prestação de serviço consiste na atribuição ao militar b) A repreensão consiste em uma admoestação verbal ao
de tarefa que não exceda a duas horas, sem remune-
transgressor.
ração extra.
c) A advertência consiste em uma censura formal ao
c) A prestação de serviço consiste na atribuição ao militar
transgressor.
de tarefa, preferencialmente de natureza operacional,
d) A demissão é uma das sanções disciplinares previstas
fora de sua jornada habitual.
no CEDM.
d) A prestação de serviço consiste na atribuição ao militar
de tarefa durante sua jornada habitual que não exceda
3. (PMMG – Aspirante da Polícia Militar – PMMG –
a uma hora, com remuneração extra.
2018) A Resolução n.168/16-TJMMG, regulamentou a
realização de audiência de custódia, no âmbito da Justiça
Resposta: Letra C. A prestação de serviço consiste
Militar de primeira instância do Estado de Minas Gerais.
na atribuição ao militar de tarefa, preferencialmente
Com base na resolução, marque a alternativa CORRETA.
de natureza operacional, fora de sua jornada habitual,
correspondente a um turno de serviço semanal, que
a) Havendo declaração do militar preso em flagrante de-
não exceda a oito horas, sem remuneração extra.
lito de que foi vítima de tortura e maus tratos ou en-
tendimento da autoridade judicial de que há indícios
3. (Inédita) A carreira na Polícia Militar é privativa:
da prática de tortura, será determinado o registro das
informações, adotadas as providências cabíveis para a
a) de brasileiros natos, para oficiais e natos ou naturali-
investigação da denúncia e preservação da segurança
zados para praças.
física e psicológica da vítima, que será encaminhada
b) de brasileiros natos, para oficiais e para praças
para atendimento médico e psicossocial especializa-
c) de brasileiros natos ou naturalizados para oficiais e
do.
para praças.
b) O militar preso, independentemente da motivação ou
d) de brasileiros naturalizados, para oficiais e natos para
natureza do ato, será imediatamente apresentado à
praças.
autoridade judicial competente para ser ouvido sobre
as circunstâncias em que se realizou a sua prisão em
Resposta: Letra A. A carreira na Polícia Militar é pri-
flagrante.
vativa de brasileiros natos, para oficiais e natos ou na-
c) Antes da apresentação do militar preso ao juiz, será
turalizados para praças, observadas as condições de
assegurado seu atendimento prévio e reservado pelo
cidadania, idade, capacidade física, moral e intelectual,
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

defensor público, com a presença dos responsáveis


previstas em leis e regulamentos.
por sua prisão, sendo esclarecidos por servidor de-
signado os motivos, fundamentos e ritos que versam
sobre a audiência de custódia.
d) Se o militar preso em flagrante constituir advogado
até o término da lavratura do auto de prisão, a auto-
ridade de polícia judiciária militar poderá notifica-lo
para que compareça, imediatamente, à audiência de
custódia.

75
4. (PMMG – Aspirante da Polícia Militar – PMMG – Marque a alternativa CORRETA.
2018) Sobre a execução das sanções disciplinares, de
acordo com a Lei Estadual n. 14.310/02, Código de a) Apenas a assertiva III está correta.
Ética e Disciplina dos Militares do Estado de Minas b) Apenas as assertivas III e IV estão corretas.
Gerais (CEDM), marque a alternativa CORRETA. c) Apenas as assertivas I e II estão corretas.
d) Todas as assertivas estão corretas.
a) O militar suspenso não perderá as vantagens e direitos
decorrentes do exercício do cargo, encargo ou função. 7. (PMMG – Aspirante da Polícia Militar – PMMG –
b) Não poderá ser reformado disciplinarmente o militar 2016) Dentre o rol dos princípios de ética militar listados
que estiver indiciado em inquérito ou submetido a na Lei Estadual n. 14.310, de 19/06/2002, que contém o
processo criminal. Código de Ética e Disciplina dos Militares do Estado de
c) A prestação de serviço consiste na atribuição ao militar Minas Gerais (CEDM), tem-se que o militar deverá abster-
de tarefa, preferencialmente de natureza operacional, -se, mesmo na reserva remunerada, do uso das designa-
fora de sua jornada habitual, correspondente a um ções hierárquicas em determinadas situações elencadas
turno de serviço semanal, que não exceda a oito horas, no referido Código. Assim, marque a alternativa CORRE-
sem remuneração extra. TA que contenha uma dessas situações a que se refere o
d) A repreensão consiste em uma admoestação verbal ao CEDM:
transgressor.
a) Em atividades religiosas.
5. (Inédita) Se existirem duas ou mais transgressões b) No exercício de cargo de natureza pública, na adminis-
de mesma natureza, considera-se principal aquela que tração pública direta ou indireta.
for predominante no caso concreto. De acordo com a c) Em circunstâncias prejudiciais à sua saúde.
Instrução Conjunta das Corregedorias nº 01, se houver d) Para discutir ou provocar discussão de cunho político-
transgressão disciplinar de natureza mais grave, esta será -partidário.
considerada a:
8. (PMMG – Aspirante da Polícia Militar – PMMG
a) predominante. – 2016) Com fulcro na Lei Estadual n. 14.310, de
b) conexa. 19/06/2002, que contém o Código de Ética e Disciplina
c) agravante. dos Militares do Estado de Minas Gerais (CEDM), marque
d) principal. a alternativa CORRETA.

6. (PMMG – Aspirante da Polícia Militar – PMMG – a) A sanção de reforma disciplinar compulsória consiste
2016) Com fulcro na Lei Estadual n. 5.301, de 10/10/1969, no desligamento de militar da ativa dos quadros da
que contém o Estatuto dos Militares do Estado de Minas Instituição Militar Estadual.
Gerais (EMEMG), especialmente no que concerne às dis- b) A sanção de reforma disciplinar compulsória poderá
posições do seu “CAPÍTULO II - Da Hierarquia e da Pre- ser aplicada tanto ao militar que, estando no con-
cedência Militar”, analise as assertivas abaixo e, ao final, ceito “C”, foi submetido a Processo Administrativo-
responda o que se pede. -Disciplinar Sumário (PADS) por reincidência em falta
disciplinar de natureza grave, quanto àquele que, es-
I. A relação nominal dos oficiais da ativa constará dos tando no mesmo conceito, foi submetido a Processo
“almanaques” da Polícia Militar, que serão organizados Administrativo-Disciplinar (PAD) por haver cometido
anualmente e cuja distribuição dar-se-á nos respectivos nova falta disciplinar grave.
cinco quadros de oficiais previstos no EMEMG, de acordo c) O aconselhamento ou advertência verbal pessoal con-
com a antiguidade dos postos. sistem em uma admoestação verbal ao transgressor e
II. O ingresso em todos os quadros de oficiais da PMMG requerem, para a sua aplicação, a concordância com o
dar-se-á no posto inicial da carreira, ou seja, de 2º Te- parecer do CEDMU.
nente, desde que cumpridos os requisitos previstos no d) No julgamento da transgressão, a depender do soma-
EMEMG, sendo que, apenas para o ingresso no Quadro tório de pontos obtidos numa escala de 1 a 30 pontos
de Oficiais da Polícia Militar (QOPM) é exigido o cumpri- negativos, serão aplicadas as seguintes sanções dis-
mento do período de estágio na graduação de Aspiran- ciplinares: advertência, repreensão, prestação de ser-
te-a-Oficial. viço ou suspensão. Independentemente das referidas
III. Um dos requisitos comuns ao ingresso em qualquer sanções ou cumulativamente com elas, poderão ser
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

um dos quadros de oficiais da PMMG é a necessidade de aplicadas as seguintes medidas: cancelamento de ma-
prévia aprovação em Curso de Formação ou de Habilita- trícula, com desligamento de curso, estágio ou exame;
ção na Instituição. destituição de cargo, função ou comissão e movimen-
IV. Uma das formas de regulação da precedência hie- tação de unidade ou fração.
rárquica entre os oficiais da ativa da PMMG do mesmo
posto é fixada pela precedência funcional, que, dentre 9. (Inédita) Para o ingresso na Polícia Militar do Estado
outras situações, é conferida aos oficiais do Quadro de de Minas Gerais é necessário preencher alguns requisi-
Oficiais da Polícia Militar (QOPM) em relação aos oficias tos, dentre eles, o etário, sendo que para o Quadro de
dos demais quadros. Oficiais, deve ser o candidato brasileiro nato e possuir
idade entre:

76
a) 18 a 25 anos. 15. (Inédita) De acordo com a Diretriz para a Produção
b) 18 a 30 anos. de Serviços de Segurança Pública nº 3.01.06/2011-CG,
c) 18 a 35 anos. o dever de assumir comportamento e adotar procedi-
d) 18 a 37 anos. mentos adequados segundo os locais de trabalho. Dever
de associar nessa função suas qualidades inatas com os
10. (Inédita) Os títulos, postos, graduações e uniformes conteúdos desenvolvidos na instrução quanto ao relacio-
da Polícia Militar são de uso privativo de seus compo- namento com as pessoas na comunidade, corresponde a
nentes: atividade do policial:

a) da ativa, da reserva e do reformado. a)Comunitário


b) da ativa e da reserva. b) Ambiental
c) apenas da ativa. c) Rodoviário
d) da ativa e reformado. d) Ostensivo

11. (Inédita) O militar que, após 2 (dois) anos de licença


continuada para tratamento de saúde, for julgado care-
cedor de nova licença:
GABARITO
a) será reformado ou excluído nos termos do Estatuto
dos Militares, desde que sua incapacidade seja defi- 1 C
nitiva.
b) será reformado ou excluído nos termos do Estatuto 2 D
dos Militares, ainda que sua incapacidade não seja de- 3 A
finitiva.
4 C
c) será reformado nos termos do Estatuto dos Militares,
desde que sua incapacidade seja definitiva. 5 D
d) será reformado ou excluído nos termos do Estatuto 6 C
dos Militares, desde que sua incapacidade não seja
7 A
definitiva.
8 D
12. (Inédita) Os Oficiais da ativa serão organizados em 9 B
turmas, fixando-se o ano-base para fins de cômputo do
tempo e percentuais para promoção por merecimento e 10 A
por antiguidade. As promoções serão feitas anualmente 11 B
no dia: 12 D
a) 21 de abril. 13 A
b) 12 de outubro. 14 B
c) 7 de setembro. 15 A
d) 25 de dezembro.

13. (Inédita) O militar que praticar fato tipificado como


infração penal, comum ou militar, estando em situação
de flagrância, deverá ser, conforme consta na Instrução
Conjunta das Corregedorias nº 02:

a) preso e apresentado à autoridade competente.


b) preso e encaminhado à organização militar em que
serve.
c) lavrado auto de infração e liberado.
d) registrado o fato e liberado.
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

14. (Inédita) As armas de fogo, nos termos da Resolução


nº 4.085, pode ser:

a) de uso militar e civil


b) de uso permitido e restrito
c) de uso em serviço e uso particular
d) de uso policial e uso particular

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ANOTAÇÕES

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ÍNDICE

DOUTRINA OPERACIONAL

Diretriz Geral para Emprego Operacional da PMMG nº 3.01.01/2016-CG, regula o emprego operacional da Polícia Mi-
litar de Minas Gerais. (Publicada na Separata do BGPM nº 70 de, 20/09/2016).................................................................................. 01
Instrução n.º 3.03.05/10-CG, de 26/04/10 - Regula a atuação operacional dos policiais militares lotados nos destaca-
mentos e subdestacamentos da PMMG. (Publicada na Separata do BGPM nº 40, de 27/05/10)................................................ 36
Instrução 3.03.11/2016 – CG, de 23/06/16 - Regula a implantação da Rede de Proteção Preventiva nas comunidades do
Estado de Minas Gerais, publicada na Separata do BGPM 47 de 28 de junho de 2016. Exceto os anexos............................... 55
Instrução nº 3.03.22/2017- CG, de 28/09/17 - Procedimentos básicos de estacionamento e posicionamento de viaturas
e da guarnição policial militar. (Publicada na Separata do BGPM nº 71 de 21/09/2017)................................................................. 67
Instrução nº 3.03.21/2017- CG, de 20/09/17 - Base de Segurança Comunitária. 2º Edição Revisada (Publicada na Se-
parata do BGPM nº 62 de 21/08/2018)................................................................................................................................................................. 67
Resolução nº 4.605/2017, de 28/09/17 - Dispõe sobre o Portfólio de Serviços da Polícia Militar de Minas Gerais. (Publi-
cada na Separata do BGPM nº 77 de 17/10/2017)......................................................................................................................................... 73
Resolução nº 4745/2018, de 19/11/18, Procedimentos operacionais para lavratura do Termo Circunstanciado de Ocor-
rências (TCO) pela Polícia Militar de Minas Gerais. (Publicada na Separata do BGPM nº 86, de 19/11/2018)........................ 81
Caderno Doutrinário 1 - Intervenção Policial, Processo de Comunicação e Uso da Força. Aprovado pela Resolução nº
4.115, de 08/11/10, publicada no BGPM nº 86, de 23/11/10 - Manual Técnico-Profissional nº 3.04.01/13-CG. (Publicado
na Separata do BGPM nº 61, de 13/08/13)........................................................................................................................................................ 94
Caderno Doutrinário 2 - Tática Policial, Abordagem a Pessoas e Tratamento às Vítimas. Aprovado pela Resolução nº
4.151, de 09/06/11, publicada no BGPM nº 86, de 10/11/11 - Manual Técnico-Profissional nº 3.04.02/13-CG. (Publicado
na Separata do BGPM nº 62, de 20/08/13)........................................................................................................................................................ 120
Caderno Doutrinário 3 - Blitz Policial. Aprovado pela Resolução nº 4116, de 08/11/10, publicada no BGPM nº 87, de
25/11/10 - Manual Técnico-Profissional nº 3.04.03/13-CG. (Publicado na Separata do BGPM nº 63, de 22/08/13)............. 169
Caderno Doutrinário 4 - Abordagem a Veículos. Aprovado pela Resolução nº 4.145, de 09/06/11, publicada no BGPM
nº 86, de 10/11/11 - Manual Técnico-Profissional nº 3.04.04/13- CG. (Publicado na Separata do BGPM 91, de 01/12/11). 194
rança cidadã e democrática, com clara valorização
DIRETRIZ GERAL PARA EMPREGO OPERA- dos direitos e liberdades fundamentais dos cida-
CIONAL DA PMMG Nº 3.01.01/2016-CG, dãos;
REGULA O EMPREGO OPERACIONAL DA b) dimensionar e sedimentar a missão institucional da
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS. (PU- PMMG, tendo por base os princípios da adminis-
BLICADA NA SEPARATA DO BGPM Nº 70 DE, tração moderna e os dispositivos constitucionais
20/09/2016). vigentes;
c) definir estratégias de emprego operacional na
PMMG, pautadas na prevenção e repressão qua-
INTRODUÇÃO lificadas;
d) estabelecer parâmetros para o planejamento e
Nas últimas décadas, a temática da segurança pública execução das atividades de polícia ostensiva, por
vem despontando dentre as questões prioritárias para a so- intermédio do serviço público orientado por resul-
ciedade brasileira. Vivenciamos cada vez mais um cenário tados;
político e social de forte debate acerca da efetividade dos e) normatizar as atividades das Unidades e frações
órgãos encarregados da preservação da ordem pública. operacionais, eliminando possíveis conflitos de
Assim, torna-se cada vez mais imperiosa a adoção de competência interna, promovendo a articulação e
medidas, por parte dos órgãos que integram o Sistema integração sistêmica entre os diversos tipos e mo-
de Defesa Social, que culminem em maior eficiência, efi- dalidades de policiamento ostensivo;
cácia e efetividade dos serviços prestados ao cidadão. f) estabelecer orientações gerais com a finalidade de
Nessa perspectiva, a presente atualização da Diretriz alinhar os planejamentos e a estrutura operacional
Geral para Emprego Operacional (DGEOp), cuja primeira da PMMG aos esforços de integração do Sistema
edição havia sido publicada no ano de 2010, tem por ob- de Defesa Social, facilitando a integração e coope-
jetivo revisar, modernizar e consolidar as diretrizes gerais
ração entre a Polícia Militar e os diversos órgãos,
para o emprego operacional no âmbito da Polícia Militar
entidades e autoridades;
de Minas Gerais, de forma que possa servir como refe-
g) estabelecer vínculos comunitários que garantam
rencial para o norteamento e o alinhamento contínuo das
espaço e participação da comunidade no planeja-
ações operacionais em todos os níveis da Corporação.
mento operacional da PMMG e, consequentemen-
Cabe relembrar que a DGEO possui força normati-
te, nos esforços de segurança e proteção social;
va, genérica e principio em relação às demais normas
h) elevar a produtividade e a qualidade dos serviços
e diretrizes da Corporação. Visa comungar e condensar
orientações estratégicas, com o objetivo de proporcio- operacionais, contribuindo para o aumento da
nar uma maior sustentação e modernização das práti- sensação de segurança por parte da população.
cas operacionais, enfocando a garantia da dignidade da
pessoa humana, a promoção dos direitos e liberdades ATUAÇÃO DA PMMG NA SEGURANÇA PÚBLICA
fundamentais e a prevenção criminal.
A Diretriz está estruturada em sete capítulos. O Capí- Embasamento constitucional
tulo 2 apresenta os objetivos gerais e específicos. O Ca-
pítulo 3 especifica os fundamentos jurídicos da atuação Constituição da República
policial e o Sistema de Defesa Social em Minas Gerais. O
Capítulo 4 traz o referencial teórico e os pressupostos Art. 144 - A segurança pública, dever do Estado, di-
para a atuação da Polícia Militar de Minas Gerais. O Capí- reito e responsabilidade de todos, é exercida para a
tulo 5 aborda a estrutura organizacional da PMMG e os preservação da ordem pública e da incolumidade das
esforços operacionais a serem desenvolvidos. O Capítulo pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:
6 detalha as formas de emprego operacional e o Capítu- [...] V- polícias militares e corpos de bombeiros mili-
lo 7 traz as recomendações finais para a implementação tares.
das orientações contidas nesta Diretriz. § 1º - [...]
§ 5º - Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e
OBJETIVOS a preservação da ordem pública; [...]

Geral A competência reservada pelo texto constitucional às


polícias militares é o exercício da polícia ostensiva e a
Estabelecer as diretrizes gerais do Comando-Geral preservação da ordem pública.
DOUTRINA OPERACIONAL

para o planejamento, execução coordenação, controle e Importante observar que é citado o termo “polícia os-
otimização das atividades operacionais de polícia osten- tensiva” em vez de “policiamento ostensivo”, ampliando
siva legalmente atribuídas à PMMG. desta forma o conceito, elevando-o além do procedi-
mento. Assegura-se que o policiamento é apenas uma
Específicos fase da atividade de polícia.
O policiamento corresponde apenas à atividade de
a) adequar o comportamento operacional da PMMG fiscalização. Por esse motivo, a expressão “polícia osten-
às disposições legais em vigor, notadamente para siva” expande a atuação de polícia militar à integridade
a sedimentação e promoção do conceito de segu- do exercício do poder de polícia.

1
O adjetivo “ostensivo” refere-se à ação de presença, Esta sua condição ímpar, no âmbito estadual, requer
característica do policial fardado, que por intermédio da um alto grau de treinamento e capacitação profissional
estrutura e estética militar, com uso de uniformes, equi- de seus quadros, cuja mobilidade lhe permita ser aciona-
pamentos e distintivos próprios, representa e evoca a da, de imediato, no mínimo intervalo de tempo possível e
força da corporação policial. no necessário espaço geográfico a ser coberto.
Quanto à missão constitucional, em uma perspectiva O emprego da Polícia Militar, em tais ocasiões, deve
contemporânea, verifica-se que o novo Estado Democrá- revestir-se de cuidadoso planejamento, observando-se
tico de Direito, concebido pela Constituição da República as orientações e preceitos dos diversos documentos
de 1988, redimensiona a ordem social, apresentando a doutrinários e de implementação específicos.
ampliação da missão constitucional reservada às institui-
ções policiais militares para além do policiamento osten- Decreto-Lei nº 667/69 e a competência das Polícias
sivo, direcionando seu foco de atenção ao bem estar das Militares
pessoas, à garantia dos direitos fundamentais, ao livre
exercício da cidadania; enfim, à valorização da segurança O Decreto-Lei 667, de 02 de julho de 1969, recepcio-
cidadã e humana. nado pela Constituição Federal, menciona de forma in-
conteste a competência das polícias militares. Em seu art.
Constituição do Estado de Minas Gerais 3º afirma que as polícias militares são “instituídas para a
manutenção da ordem pública e segurança interna nos
A Constituição do Estado de Minas Gerais (CE/MG), Estados, nos Territórios e no Distrito Federal [...]”.
ao tratar da defesa da sociedade, observou os limites es- Outrossim, no mesmo art. 3º consta a competência
tabelecidos pela Constituição Federal, mas definiu a am- das Polícias Militares:
plitude da competência da PMMG, conforme se observa: a) executar com exclusividade, ressalvadas as missões
Art. 142 - A Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros Mi- peculiares das Forças Armadas, o policiamento os-
litar, forças públicas estaduais, são órgãos permanen- tensivo, fardado, planejado pela autoridade com-
petente, a fim de assegurar o cumprimento da lei,
tes, organizados com base na hierarquia e na disci-
a manutenção da ordem pública e o exercício dos
plina militares e comandados, preferencialmente, por
poderes constituídos; (Redação dada pelo Del nº
oficial da ativa, do último posto, competindo:
2010, de 12.1.1983)
I - à Polícia Militar, a polícia ostensiva de prevenção
b) atuar de maneira preventiva, como força de dissua-
criminal, de segurança, de trânsito urbano e rodo-
são, em locais ou áreas específicas, onde se presu-
viário, de florestas e de mananciais e as atividades
ma ser possível a perturbação da ordem; (Redação
relacionadas com a preservação e a restauração da
dada pelo Del nº 2010, de 12.1.1983)
ordem pública, além da garantia do exercício do po- c) atuar de maneira repressiva, em caso de perturba-
der de polícia dos órgãos e entidades públicos, espe- ção da ordem, precedendo o eventual emprego
cialmente das áreas fazendária, sanitária, de proteção das Forças Armadas; (Redação dada pelo Del nº
ambiental, de uso e ocupação do solo e de patrimônio 2010, de 12.1.1983)
cultural; d) atender à convocação, inclusive mobilização, do
Governo Federal em caso de guerra externa ou
Enumeram-se algumas considerações relevantes para para prevenir ou reprimir grave perturbação da
o entendimento do que seja segurança pública: ordem ou ameaça de sua irrupção, subordinando-
a) tem o sentido de proteção, garantia, estabilidade e -se à Força Terrestre para emprego em suas atri-
harmonia social; buições específicas de polícia militar e como par-
b) exige organização, por intermédio de estrutura ticipante da Defesa Interna e da Defesa Territorial;
própria, com repartição de funções e responsabi- (Redação dada pelo Del nº 2010, de 12.1.1983)
lidades; e) além dos casos previstos na letra anterior, a Polícia
c) não há legitimidade de uma política de segurança Militar poderá ser convocada, em seu conjunto, a
dissociada de outras políticas públicas abrangen- fim de assegurar à Corporação o nível necessário
tes; de adestramento e disciplina ou ainda para garan-
d) não é um privilégio de classe. É regida pelo caráter tir o cumprimento das disposições deste Decreto-
geral, universal, de proteção; -lei, na forma que dispuser o regulamento específi-
e) não é uma ação de combate, guerra, defesa nacio- co. (Incluída pelo Del nº 2010, de 12.1.1983)
nal, mas sim um serviço público sistemático e da
mais alta relevância, a ser desenvolvido dentro dos Vê-se, portanto, que a missão constitucionalmente
limites legais e em parceria com a sociedade. prevista para a Polícia Militar, de executar com exclusi-
DOUTRINA OPERACIONAL

vidade o policiamento ostensivo, fardado, já era prevista


Conforme se observa na CE/MG, a Polícia Militar é a em Lei. Há questionamentos em torno de uma possível
força pública estadual, organizada com base na hierar- derrogação do mecanismo que estabelece a exclusivida-
quia e disciplina e, constitucionalmente, é o órgão encar- de do policiamento ostensivo pela Polícia Militar. Entre-
regado da garantia do exercício do poder de polícia dos tanto, fato é que a Lei estabelece dessa forma e ainda
órgãos e entidades públicos, especialmente das áreas fa- vigora plenamente. O exercício da atividade de polícia
zendária, sanitária, de proteção ambiental, de uso e ocu- ostensiva por outros órgãos, em qualquer nível, Federal,
pação do solo e de patrimônio cultural. Estadual ou Municipal, configura usurpação de função
legalmente delimitada.

2
O Sistema de Defesa Social em Minas Gerais novas formas de controlar o orçamento e serviços pú-
blicos direcionados às demandas da sociedade. Ainda,
A CE/MG inovou significativamente ao tratar da se- exige um processo de modernização, com aplicação de
gurança do cidadão e da sociedade, quando trouxe o conceitos como a busca contínua da qualidade, o moni-
conceito e organização da defesa social, como nota-se toramento e a avaliação dos serviços públicos, tanto pela
no texto do art. 133: Organização quanto pela sociedade.
Art 133 - A defesa social, dever do Estado e direito e Em Minas Gerais, a partir do ano de 2003, foi imple-
responsabilidade de todos, organiza-se de forma sis- mentada uma gestão governamental com foco nos re-
têmica visando a: sultados, alinhada à avaliação de desempenho institu-
I – garantir a segurança pública, mediante a manu- cional e individual, qualidade, inovação e transparência
tenção da ordem pública, com a finalidade de prote- na administração pública. Trouxe com o gerenciamento
ger o cidadão, a sociedade e os bens públicos e privados, estratégico, grandes avanços no desenvolvimento de im-
coibindo os ilícitos penais e as infrações administrativas; portantes arranjos institucionais, como o Acordo de Re-
II – prestar a defesa civil, por meio de atividades de sultados, as reuniões de comitês das áreas de resultado e
socorro e assistência, em casos de calamidade pública, o gerenciamento por projetos.
sinistros e outros flagelos; Percebe-se, ainda, que o Estado mineiro fez da tec-
III – promover a integração social, com a finalidade de nologia de planejamento uma ferramenta de gestão que
prevenir a violência e a criminalidade.
rompe com a lógica da improvisação.
Este modelo veio a se consolidar com a publicação de
A análise do texto do art. 133 da CE/MG aponta con-
planejamentos de longo prazo – Plano Mineiro de De-
siderações relevantes para a compreensão da sistemática
da defesa social em Minas Gerais: senvolvimento Integrado (PMDI), de médio prazo – Plano
a) trata a defesa social como dever do Estado, mas Plurianual de Ação Governamental (PPAG) – e de curto
direito e responsabilidade de todos; prazo – Lei Orçamentária Anual (LOA).
b) determina a organização de forma sistêmica, ou Na área de resultado da Defesa Social, o Governo de
seja, com a participação de todos os órgãos e enti- Minas delineou projetos estruturadores, podendo ser ci-
dades relacionados à matéria, como partes de um tado como exemplo: Avaliação e Qualidade da atuação
sistema em que há necessidade de interação com da Polícia Militar; Prevenção Social da Criminalidade; e
o ambiente externo; Gestão Integrada de Ações e Informações do Sistema de
c) além de envolver a segurança pública e a defesa Defesa Social; este último instrumentalizado a partir da
civil, relaciona como um dos objetivos da defesa implantação de unidades prediais integradas, como as
social a promoção da integração social com fina- Regiões Integradas de Segurança Pública (RISP), o Centro
lidade de atuar para a prevenção da violência e Integrado de Atendimento e Despacho (CIAD) e o Centro
criminalidade. Integrado de Informações de Defesa Social (CINDS), além
da metodologia de Integração da Gestão da Segurança
Para a materialização deste conceito constitucional Pública (IGESP).
foi criada no início do ano de 2003, a Secretaria de Es- Cabe à polícia a proteção da vida e da dignidade hu-
tado de Defesa Social (SEDS), que tem por finalidade a mana, promover sensação de segurança, garantir o di-
gestão das políticas públicas e a coordenação operacio- reito de ir e vir, direito a propriedade, resolver conflitos
nal do sistema. e assegurar os mais importantes processos e direitos –
Em 27 de julho do corrente ano, através da lei esta- como eleições livres, liberdade de expressão e liberdade
dual 22.257, visando modernizar e aperfeiçoar sistema, de associação – em cujas bases repousam uma sociedade
a SEDS dividiu-se em Secretaria de Estado de Seguran- livre, justa e fraterna. O vigor da democracia e a qualida-
ça Pública (SESP) e Secretaria Estadual de Administração de de vida desejada por seus cidadãos são dependentes
Prisional (SEAP). Dessa forma, a SESP passa a exercer as da habilidade da polícia em cumprir suas obrigações.
funções de coordenação do sistema de defesa social
Relativo à paz social, o alcance da noção e da expe-
como um todo e a SEAP dedica-se exclusivamente à ges-
riência de paz tem percorrido uma trajetória longa que
tão do sistema prisional.
passou de um entendimento minimalista de suspensão
Não obstante, a premissa maior continua sendo a
integração das instituições que decorre da construção do conflito a uma representação muito mais exigente,
de bases paradigmáticas do ponto de vista doutrinário feita não de abstenção, mas de interação deliberada, que
e técnico-científico, formando uma plataforma de ação acentua o caráter indissociavelmente multidimensional
interinstitucional, capaz de racionalizar sistematicamente da experiência social da paz. Galtung (1999) classifica a
os esforços operacionais das ações de segurança pública, paz em: negativa-ausência de violência direta, e positi-
DOUTRINA OPERACIONAL

observadas as respectivas competências legais. va-estrutural e cultural (que busca a justiça social). Para
ele, na paz estrutural seria substituída a repressão pela
Missão institucional da PMMG liberdade, a exploração pela equidade, a imposição pelo
diálogo, a segmentação pela integração, a fragmentação
Modelo gerencial da administração pública pela solidariedade e marginalização pela participação. A
paz positiva substituiria a legitimação da violência pela
O modelo gerencial da administração pública requer legitimação da paz.
modificação das antigas estruturas administrativas, por
intermédio de modelos de avaliação de desempenho,

3
Visão PRESSUPOSTOS E ORIENTAÇÕES PROCEDIMEN-
TAIS BÁSICAS PARA EMPREGO DA POLÍCIA MILI-
A visão define o que a organização pretende ser no TAR DE MINAS GERAIS
futuro, incorporando as suas ambições, seus objetivos e
como quer ser vista pela sociedade. Ela propicia a criação Primazia dos direitos fundamentais e da dignidade
de um clima de envolvimento e comprometimento dos da pessoa
colaboradores com o futuro da organização; o planeja-
mento volta-se para os resultados no presente e, conse- A dignidade da pessoa humana é um valor espiritual
quentemente, para o sucesso no futuro. e moral e se manifesta por intermédio da capacidade de
A visão da PMMG contida no Plano Estratégico deixa autodeterminação consciente da própria vida. Constitui-
expressa a importância de sermos reconhecidos como -se em um mínimo invulnerável juridicamente protegido
referência na produção de segurança pública, contribuin- que são os direitos de personalidade.
do para a construção de um ambiente seguro em Minas Estes direitos integram um núcleo de valores intrínse-
Gerais. cos intimamente relacionados, como o direito à vida, à in-
tegridade física e moral, à autodeterminação, à educação,
Missão à honra, à intimidade, à própria imagem, e às liberdades
de circulação, de reunião, de associação, de propriedade,
A missão é a declaração formal, concisa e com foco de trabalho, de manifestação do pensamento, de crença e
interno, da razão de existir da organização. Ela fornece direitos e, por fim, a uma existência materialmente digna.
uma indicação sucinta e clara daquilo a que ela se pro- O Estado Democrático de Direito, por sua vez, tem
põe, delimitando as atividades dentro do espaço que a por fundamento maior o princípio da dignidade da pes-
organização deseja ocupar em relação às demandas da soa humana. Daí elevam-se todos os direitos diretamen-
sociedade. te relacionados a prover o indivíduo das condições ne-
Assim, a missão da Polícia Militar resume-se na neces- cessárias à plena satisfação deste princípio.
A dignidade da pessoa humana pode ser entendida
sidade de promover segurança pública por intermédio
como um valor supremo, intrínseco, conferido ao ser hu-
da polícia ostensiva, com respeito aos direitos humanos
mano pela simples condição de ser “humano”, indepen-
e participação social em Minas Gerais.
dentemente da raça, cor, sexo, religião, origem social ou
econômica, o que o distingue das demais criaturas.
Valores
Segundo Nucci (2013), fundamental é o básico, ne-
cessário, essencial, e por tal razão são fundamentais os
Os valores são virtudes desejáveis ou características
direitos e garantias individuais. Em sentido formal, são
básicas positivas que a Instituição quer preservar, adqui- direitos fundamentais os que estiverem previstos como
rir e incentivar. Constituem uma fonte de inspiração no tais na Constituição Federal. Em sentido material, são
ambiente de trabalho, servindo para dar significado à di- aqueles indispensáveis ao desenvolvimento da pessoa
reção almejada pelos integrantes da Corporação. humana; também conhecidos como supra estatais, que
Os valores que devem ser cultivados pela PMMG, são anteriores ao Estado. São reconhecidos como ineren-
conforme expresso no Plano Estratégico, são: represen- tes à dignidade da pessoa humana pela maioria das nações
tatividade, respeito, lealdade, disciplina, ética, justiça e e que formam, na atualidade, o cerne das Declarações Uni-
hierarquia. versais dos Direitos Humanos, seja a de 1789 (França) ou
de 1948 (ONU), figurando também em inúmeros tratados
Objetivos estratégicos celebrados e assinados pela comunidade internacional.
Ainda segundo o mesmo autor, há dois prismas para
Os objetivos estratégicos funcionam como sinaliza- o princípio constitucional da dignidade da pessoa huma-
dores dos pontos de atuação, onde o êxito é fundamen- na: objetivo e subjetivo. Sob o aspecto objetivo, signifi-
tal para o cumprimento da missão e o alcance da visão ca a garantia de um mínimo existencial ao ser humano,
de futuro. A escolha estratégica é influenciada por uma atendendo às suas necessidades básicas, com moradia,
série de fatores internos e externos. alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário e higiene,
Diante desta perspectiva, a Polícia Militar pretende nos moldes do art. 7º, IV, da CF. Sob o aspecto subjetivo,
ser uma organização pública voltada para o cidadão trata-se de sentimento de respeitabilidade e autoestima,
como foco principal, desenvolvendo ações que gerem inerentes ao ser humano, desde o nascimento, em rela-
valor para o usuário dos serviços, como a funcionalidade, ção aos quais não cabe qualquer espécie de renúncia ou
qualidade, tempo de resposta, satisfação e imagem po- desistência.
sitiva da Instituição.
DOUTRINA OPERACIONAL

Os objetivos estratégicos foram organizados e formu- Senso de legalidade e legitimidade


lados a partir de cinco perspectivas: Resultados à Socie-
dade, Pessoal, Finanças, Logística e Processos Internos. A ação dos policiais militares, no exercício de polí-
Nesse sentido, periodicamente o Comando da Cor- cia ostensiva em suas diversas configurações, serviços
poração estabelecerá os Planos Estratégicos, visando e oportunidades, devem desenvolver-se dentro dos es-
orientar as ações em todos os níveis (estratégico, tático tritos limites legais. Conforme enumeram as teorias do
e operacional), permitindo a solidificação do processo de direito administrativo, o exercício do Poder de Polícia é
modernização e inovação institucional. discricionário, mas não é arbitrário. Seus parâmetros são
definidos pela própria lei.

4
A estrita observância aos limites legais, associada à observância das necessidades e aspirações da população,
asseguram a legitimidade das ações policiais, propiciando assim, um clima de convivência harmoniosa, pacífica, de
respeito e credibilidade.
O senso de legalidade não pode estar dissociado do senso comum da ordem pública, isto é, dos valores cultuados
pela comunidade como essenciais à sua harmonia, do desejo coletivo de preservar certos costumes, certas condições
de convivência ou situações ou fatos que, se modificados por alguém, possam afetar a moral e a ética social.
O cidadão, indistintamente, tem assegurados os seus direitos e garantias fundamentais, sendo invioláveis o direito
à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos constitucionais. O agente público, policial
militar, que tem a missão de garantir o exercício desses direitos, não pode, consequentemente, ignorá-los ou violá-los.
Mesmo àquele cidadão que é acusado ou apanhado no cometimento de ilícitos, deve ser assegurada a dignidade
e integridade física, em respeito à sua condição humana. O uso de força na atividade policial, quando necessário, deve
ser legítimo e proporcional à condição apresentada pela pessoa abordada, observando-se ainda os demais princípios
essenciais ao seu uso.
O senso de legalidade é um juízo de valor que deve orientar a conduta de todo e qualquer profissional de segu-
rança pública. Deve presidir todos os seus atos e inspirar suas ações, qualquer que seja a atividade a desempenhar.
A Polícia Militar de Minas Gerais, em sua pujante trajetória de serviços prestados à comunidade mineira, atuando
sempre com a observância da legalidade e legitimidade, estabeleceu uma nova concepção em seu arcabouço opera-
tivo doutrinário, procurando extirpar práticas violentas e arbitrárias.
O esquema a seguir ilustra a diferenciação que deve ocorrer entre o uso de violência (atitude incorreta) e o uso de força:

Figura 01 - Diferenciação entre Uso de Violência e Uso de Força.

Fonte: MINAS GERAIS (2013).

O esquema apresentado ilustra a lógica que norteia o correto direcionamento e dimensionamento da atividade
policial, que passa do uso de violência ao uso legítimo de força. Essa postura se consolida com a irradiação da dou-
trina de Direitos Humanos, de forma transversal e sem exceções, em todas as atividades de formação, treinamento e
práticas operacionais da Polícia Militar.
Assim, deve estar sempre claro para todos os policiais militares que o uso de força é um instrumento de trabalho
da polícia. Conhecer as leis que balizam o seu uso, bem como as várias circunstâncias e intensidades disponíveis do
uso de força, é uma necessidade. Observar-se-á o uso diferenciado de força.
Entende-se por uso diferenciado de força, o resultado escalonado das possibilidades da ação policial, diante de
uma potencial ameaça a ser controlada. Variam desde a simples presença do policial militar (devidamente fardado,
armado e equipado) até as situações em que houver real necessidade de disparo de arma de fogo.
O emprego de todos os níveis de força nem sempre será necessário em uma intervenção. Na maioria das vezes,
bastará uma verbalização adequada para que o policial controle a situação. Por outro lado, haverá situações em que
devido à gravidade da ameaça, o uso de força potencialmente letal deverá ser imediato. É fundamental que o policial
mantenha-se atento quanto às mudanças dos níveis de resistência do abordado para que selecione corretamente o
nível de força a ser empregado.
DOUTRINA OPERACIONAL

A decisão entre as alternativas de força se baseará na avaliação de riscos e é importante considerar a relevância da
formação e do treinamento de cada policial. Dessa maneira, o policial observará uma classificação dos níveis para o
uso diferenciado de força, conforme apresentado na figura a seguir:

5
Figura 02 - Uso diferenciado de força

Fonte: MINAS GERAIS (2013).

O modelo do uso de força é um recurso visual, destinado a auxiliar na conceituação, no planejamento, treinamento
e na comunicação dos critérios sobre o uso de força. A sua utilização aumenta a confiança e a competência do policial,
na organização e na avaliação das respostas práticas adequadas.
O modelo apresentado é um quadro dividido em quatro níveis que representam os possíveis comportamentos do
abordado. Do lado esquerdo, tem-se a percepção do policial em relação à atitude do abordado, e, do lado direito, en-
contram-se os correspondentes níveis diferenciados de resposta. Cada nível representa uma intensidade de força que
possibilitará um controle adequado.
A seta dupla centralizada (sobe e desce) indica o processo dinâmico de avaliação e seleção das alternativas, bem
como reforça o conceito de que o emprego da verbalização deve ocorrer em todos os níveis. De acordo com a atitude
do abordado, haverá uma ação do policial no respectivo degrau.
O uso de força depende da compreensão das relações de causa e efeito entre as atitudes do abordado e as res-
postas do policial. Isto possibilitará uma avaliação prática e tomada de decisão pelo nível mais adequado de força.
Questões pormenorizadas acerca do uso de força são tratadas em doutrina operacional à parte.

Mobilização social

A mobilização social é um instrumento que visa promover a conscientização e o envolvimento da sociedade em prol
de um objetivo comum.
É a participação conjunta da comunidade, empresas, governos e organizações sociais para a erradicação ou redução
de um problema social: a fome, a pobreza, o dano ao meio ambiente, o desperdício de energia, a segurança pública,
etc.
O princípio guia para iniciar-se a mobilização é a conscientização. Conscientizar a comunidade de que as atividades
desenvolvidas pela Polícia Militar contribuem para a segurança e proteção do cidadão, para preservar a ordem pública,
para garantir os seus direitos e para melhorar sua qualidade de vida. Mostrando, assim, que ações conjuntas, provocam
maiores e melhores resultados. Todo processo de mobilização deve ser pautado pelo alcance de objetivos de longo
prazo e pela construção de um projeto de futuro.
A moderna concepção de defesa social assevera que não é tarefa apenas das instituições do poder público discutir
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os problemas de criminalidade e de segurança pública. Assim, no tocante à participação social, fica evidenciada a ne-
cessidade da definição de novas formas de gestão, mediante a criação de mecanismos e instrumentos que viabilizem
a cooperação, a negociação e a busca do consenso. Propugna-se uma mudança de enfoque capaz de ampliar as con-
dições de eficácia da polícia.
Cabe também à sociedade civil organizada a participação nas discussões e na busca das soluções atinentes ao con-
trole da criminalidade e redução dos índices de violência.
A prática tem demonstrado que a participação social na segurança pública é uma das experiências mais inovadoras,
e condição para o sucesso das ações, superando o perverso e histórico distanciamento entre as organizações de defesa
social e a comunidade.

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A implementação dos Conselhos Comunitários de Segurança Pública (CONSEP) e das Redes de Proteção Preven-
tiva reforça o pressuposto da mobilização e da participação social. É de fundamental importância o desenvolvimento
de projetos de prevenção criminal com a participação da comunidade, de forma que esta possa planejar junto com a
polícia as estratégias de policiamento, enfatizando-se a prevenção e reforçando a importância de se aproveitar a po-
tencialidade de todos os atores sociais que convivem nos municípios e bairros integrantes das circunscrições atribuídas
à responsabilidade territorial das frações da Polícia Militar.

Mandato policial

Para Bittner (2003), o mandato autorizativo da polícia é o uso da força. O conceito de polícia corresponde à ideia
de que somente a polícia está equipada (armada e treinada), autorizada (com respaldo legal e consentimento social)
e é necessária para lidar com toda situação de perturbação da paz em que haja necessidade de uso de força. O autor
reconstitui a integralidade do trabalho policial dando conta de duas dimensões empíricas: o que se espera que a polícia
faça e o que ela de fato faz. Identifica o uso de força como o atributo comum que articula as expectativas sociais em
tudo que a polícia é chamada a fazer e o conteúdo substantivo de tudo que a polícia faz. Estabelece, dessa forma, a
plenitude do mandato policial, delimitando conceitualmente o que a polícia faz.
Isso revela porque a polícia pode atender a emergências, respaldar a lei, sustentar a ordem pública, preservar a
paz social, ou desempenhar quaisquer outras funções sociais. Esclarece porque as polícias executam as mais diversas
formas ou padrões de policiamento. Enfim, explica porque a polícia é chamada a atuar em todas as situações em que
a força possa ser útil e necessária.
Para Muniz e Proença Jr. (2006), a solução policial se dirige a situações, conflitos, atos e atitudes. Seria uma resposta
à sua existência e aos seus efeitos, posto que os processos sociais que os produzem estão aquém do lugar de polícia
e além do alcance de sua instrumentalidade. A solução policial estaria constrangida pela legalidade e legitimidade que
conformam o lugar de polícia. Isso, ao seu turno, determina as alternativas admissíveis quando a polícia usa de força,
exigindo, moderando, modificando ou proibindo determinadas escolhas ou possibilidades táticas, de maneira que as
alternativas de obediência que a polícia pode impor sejam pacíficas. A polícia atua com estas regras de enfrentamento,
estabelecidas para assegurar que os meios não atentem contra os fins, espelhando o pacto social de uma comunidade
política, sob o império da Lei. Porque a solução policial resulta de uma alternativa pacífica de obediência sob consenti-
mento social, ela admite revisão, emenda ou reversão política, legal ou judiciária.
Prosseguem, afirmando que as instâncias e dinâmicas de discricionariedade permitem compreender como o man-
dato policial, potencialmente amplo e tão disperso, reduz-se a termos concretos mais limitados e restritos.

Ênfase na ação preventiva

O emprego das frações deve obedecer a um criterioso planejamento, elaborado em bases realísticas, que atente
para as informações pertinentes à defesa pública e que propicie a alocação de recursos humanos e materiais com base
nas informações gerenciais da segurança pública, produzidos em conformidade com o esquema a seguir:

Figura 03 - Modelo básico de geoprocessamento da criminalidade e violência.

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O patrulhamento preventivo, decorrente de planejamento cuidadoso, com escolha de itinerários e locais de pon-
to-base (PB) estabelecidos com base em critérios científicos, por intermédio da análise das informações espaciais e
temporais, inibe a oportunidade de delinquir, interrompendo o ciclo da violência.

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Note a figura a seguir:

Figura 04 - Distribuição espacial e contextos de oportunidades para a ação criminosa – teoria das oportunidades
ou das atividades rotineiras.

Note que se não for possível agir diretamente sobre a vontade do agente, a Polícia Militar deve obstaculizar a opor-
tunidade de ação do delinquente, dando ênfase à ação preventiva. Para tanto, os policiais militares procurarão utilizar
o modelo que lida com a distribuição espacial e com contextos de oportunidades para a ação criminosa (teoria das
oportunidades ou das atividades rotineiras), inserida no esquema mostrado na figura anterior.
A motivação para o crime pode ser vista como resultado de um ambiente imediato de ação e está orientada para
tipos específicos de atos criminais.
Os fatos sociais, econômicos, políticos e culturais podem predispor alguns indivíduos ao crime. Tais fatores tornam-
-se apenas um dos elementos na definição do contexto da atividade criminosa.
Os outros fatores têm a ver com a disponibilidade de alvos para ação criminosa, bem como a ausência de mecanis-
mos de controle e vigilância.
Nessa perspectiva, crimes requerem um ofensor motivado, ausência de vigilância eficaz e alvos disponíveis.
Portanto, se um desses elementos for alijado, pode-se evitar a ação criminosa pelo simples desequilíbrio da “situa-
ção ideal”, nos termos do “Princípio do Menor Esforço”, cujo cerne postula que qualquer indivíduo em sua rotina irá
procurar o caminho mais curto, o menor tempo possível, pela forma mais simples, para alcançar determinado objetivo.
Ou seja, o cidadão infrator, disposto a cometer um crime, irá selecionar a sua vítima de forma que estes pré-requisitos
sejam preenchidos, o que corresponde à seleção do “alvo óbvio”.
Assim, o contexto socioeconômico e macroestrutural torna possível a disponibilidade de alvos, como o enfraqueci-
mento de mecanismos de controle e vigilância, além de ser determinante importante das motivações e predisposições
à delinquência em determinados contingentes de uma população.
Desse modo, uma abordagem sociológica do crime deverá levar em conta esses traços de lugares e grupos, ao invés
de focar apenas nas características individuais.
A presença ostensiva, correta e vigilante do militar nas zonas quentes de criminalidade inibe a ação do delinquente.
A ação de presença da PM reduz os riscos e estabelece um clima de confiança no seio da comunidade.

Patrulhamento dirigido

O patrulhamento dirigido desenvolve-se antes da eclosão do delito, consistindo na ação dinâmica de observação,
vigilância, reconhecimento de pontos críticos, proteção aos ambientes passíveis de atuação criminosa, combate a prá-
ticas contravencionais e incursão em locais de homizio de criminosos de alta periculosidade, antecipando-os. Far-se-á
o patrulhamento em velocidade compatível e com o giroflex ligado, a partir dos mapas criminais geoprocessados e
informações de segurança pública, materializadas em cartões-programa. Deve ser observado o binômio do patrulha-
mento motorizado, que são: baixa velocidade e atitude expectante dos componentes da guarnição.
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Polícia Comunitária

A filosofia de polícia comunitária estimula a participação do cidadão em decisões sobre o policiamento e a preven-
ção à criminalidade, bem como a integração de outras agências de serviço para prover maior impacto nos problemas
de segurança. Poder de decisão, criatividade e inovação são atitudes que devem ser encorajadas em todos os níveis
da agência policial. É uma estratégia que ressuscita a abordagem do policiamento pela solução de problemas. A meta
da solução de problemas é realçar a participação da comunidade por intermédio de abordagens, discussões e atitudes
para reduzir as taxas de ocorrências e o medo do crime.

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O policiamento comunitário encoraja a prestação de A autoridade do militar, que legitima a sua ação, de-
contas, pesquisas e estratégias entre as lideranças e os corre de sua investidura no cargo ou função para o qual
executores, a comunidade e outras agências públicas e foi designado. O poder público do qual o militar é inves-
privadas. Isso requer técnicas inovadoras de solução de tido deve ser usado como atributo do cargo e não como
problemas de modo a lidar com as variadas necessida- privilégio de quem o exerce. É esse poder que empresta
des do cidadão. Estabelecer e manter confiança mútua autoridade ao agente público.
correspondem ao núcleo da parceria com a comunidade. Ainda conforme Lazzarini (2009),
A polícia necessita da cooperação das pessoas na luta O policial militar [...] encarna a autoridade do Esta-
contra o crime; os cidadãos necessitam comunicar com a do, conforme temos sustentado, com base na doutrina
polícia para transmitir informações relevantes. e na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. O po-
Enquanto filosofia e estratégia organizacional, con- licial militar, com efeito, enquadrando-se na espécie de
forme definido e sedimentado em diretriz própria, a Polí- agente administrativo do gênero agente público, dentro
cia Comunitária deve permear todos os níveis decisórios da sua investidura legal de oficial ou praça, tem a corres-
e atividades operacionais da PMMG, no sentido de per- pondente autoridade pública para fazer o Estado vencer
mitir e criar condições para que haja maior aproximação as resistências daquelas pessoas, físicas ou jurídicas, que
com a comunidade, obtendo assim, legitimidade, coope- não atendam os atos de Governo ou da Administração
ração, parceria e reconhecimento. Pública, lembrando-se que tais atos sempre se presu-
mem legítimos e, portanto, são de atendimento impera-
Compromisso com os resultados tivo aos seus destinatários. O policial militar, exercendo
o Poder de Polícia, concretiza em ato o verdadeiro Poder
A missão institucional da Polícia Militar é também res- Público, removendo, com medidas quase sempre coer-
ponsabilidade individual de cada integrante da Corpo- citivas, os obstáculos impostos pelos destinatários dos
ração. atos do Governo ou da Administração Pública.
Todo policial militar, em qualquer nível, precisa ter
compromisso com os resultados. Mais do que uma res- Responsabilidade territorial
ponsabilidade, tal compromisso deve ser assumido por
todos, qualquer que seja o seu grau hierárquico. Significa
Em determinadas localidades pode haver dificuldade
que a missão só estará cumprida se os resultados pro-
para a atuação plena quanto à responsabilidade territo-
postos forem alcançados. Este compromisso individual
rial. Entretanto, é importante ressaltar que pelo princí-
deve ser forjado pelo senso do dever cumprido, cujo
pio de responsabilidade territorial, conjugado com o da
êxito da missão dependerá da abnegação e participação
universalidade1, os comandantes, em todos os níveis,
solidária de cada membro da equipe.
são responsáveis por todo e qualquer tipo de ocorrên-
O senso da missão compartilhada norteará os caminhos
da Corporação na busca da perenidade institucional, par- cia da competência da Polícia Militar, em sua circunscri-
tindo do princípio de que todos, do soldado ao coronel, ção, competindo-lhes a iniciativa de todas as providên-
são responsáveis pelo sucesso das atividades operacionais. cias legais e regulamentares para ajustar os meios que a
O que conta é a existência de um procedimento “con- Corporação aloca ao cumprimento de suas atribuições
tratual” definindo os direitos e as obrigações de resulta- constitucionais.
dos. A prioridade é a capacidade de responder com efi- Assim, nas localidades em que não houver frações es-
ciência e qualidade aos usuários. Trata-se de um centro pecíficas para o policiamento de meio ambiente ou de
de responsabilidade coerente e centrado em torno da trânsito, os comandantes deverão proporcionar ao seu
missão institucional e de um profissionalismo homogê- pessoal treinamento peculiar, buscando planejar e ado-
neo, mais relacionado à prestação de serviços. tar medidas apropriadas para fazer face à ocorrências
dessas naturezas, bem como para atuação em operações
Autoridade policial militar específicas.
O importante é que o princípio da universalidade não
O militar, no exercício de suas funções constitucio- seja apenas utilizado aleatória e improvisadamente, mas
nais, isoladamente ou não, é autoridade policial militar. seja previsto em planejamento de cada Unidade. Portan-
Essa autoridade decorre do poder/dever do exercício das to, é necessário que o comandante da guarnição poli-
atividades da polícia ostensiva. Assim, a autoridade de cial militar de cada localidade esteja permanentemente
um policial militar, em qualquer nível, implica direitos e informado sobre eventos específicos das atividades da
responsabilidades. Polícia Militar.
Conforme afiança Lazzarini (2009), “o policial militar é
um agente público, ou seja, é a pessoa física incumbida Planejamento das intervenções policiais
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de concretizar o dever do Estado de dar segurança públi- Não se admite a ação de uma fração da Polícia Militar
ca, para preservar a ordem pública, a incolumidade das ou de um militar isolado que não obedeça a um planeja-
pessoas e do patrimônio, como previsto no artigo 144, mento oportuno e, via de regra, escrito. Nos casos sim-
caput, da Constituição da República”. ples ou de urgência, poderá ser verbal ou mental.
Assim, o militar que, por exemplo, relatar uma ocor- No planejamento para o emprego da tropa serão leva-
rência, realizar uma busca pessoal, desviar o trânsito de dos em conta os fatores intervenientes básicos, quais sejam:
uma via, autuar um infrator do trânsito ou efetuar uma a) fatores determinantes: tipicidade; gravidade e inci-
prisão, estará no exercício de uma competência que lhe dência de ocorrências policiais militares, presumí-
é atribuída por lei. veis ou existentes;

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b) fatores componentes: custos; espaços a serem co- pelo ensino, treinamento, pesquisa e extensão, que per-
bertos; mobilidade; possibilidade de contato dire- mitem ao militar adquirir competências que o habilitem
to, objetivando o conhecimento do local de atu- para as atividades de polícia ostensiva, preservação da
ação e relacionamento; autonomia; facilidade de ordem pública e defesa territorial, alicerçadas na lei e nos
supervisão e coordenação; flexibilidade; proteção valores institucionais, com foco na preservação da vida
ao PM; e na garantia da paz social. As especificações relativas à
c) fatores condicionantes: local de atuação; caracte- educação são delineadas nas Diretrizes de Educação da
rísticas físicas e psicossociais; clima; dia da semana; Polícia Militar.
horário; disponibilidade de recursos. O treinamento deve estar integrado à vida diária do
militar como sustentação dos conhecimentos e das habi-
Os comandantes de frações, até o nível de subdesta- lidades próprias da especialidade, adquiridos no período
camento, deverão manter o acompanhamento contínuo de formação, complementando conhecimentos, por in-
da situação de segurança pública nas respectivas circuns- termédio da prática de novas técnicas, e mantendo o es-
crições, analisando-a devidamente e planejando medi- tado físico dos militares em nível adequado ao trabalho.
das táticas (como lançar o efetivo) e técnicas (formas de Deve-se ter sempre em mente que, ao mesmo tempo
agir), que atendam, com qualidade e oportunidade, às em que o progresso e a tecnologia inovam e contribuem
necessidades locais. para a evolução de novas práticas antissociais, é necessá-
Em qualquer ação policial militar, o homem deverá rio que o militar se mantenha sempre atualizado e recep-
estar bem instruído, utilizar adequadamente os meios tivo a novos ensinamentos e técnicas, pilares da evolução
disponíveis, em especial no tocante a armamento e equi- e eficiência de qualquer profissional.
pamento, e receber ordens claras que devem ser resumi- O treinamento efetivo e a obtenção de equipamentos
das em documentos pertinentes. modernos constituem a base fundamental da atuação do
Competirá a cada comandante exigir que os coman- militar, devendo as Unidades de Direção Intermediária
dos subordinados ajam de forma organizada, obedecen- (UDI) da atividade-fim empreenderem os esforços ne-
do a planejamento prévio que vise, de forma inteligente, cessários para que o militar tenha capacitação técnica
antecipar-se aos problemas locais e permitir soluções suficiente para desempenhar, com eficiência e eficácia,
adequadas, aceitas e exequíveis, evitando desgastes des- as ações e operações típicas de sua atividade.
necessários de recursos humanos ou materiais. O militar não deve descuidar-se do seu preparo físico
Quando o militar age individualmente, em casos su- e psicológico, empenhando-se com denodo nos treina-
pervenientes ou emergentes, exige-se lhe o planejamen- mentos da Unidade e principalmente nas atividades de
to mental, nunca prevalecendo o instinto. O planejamen- defesa pessoal, tiro de preservação da vida, ocorrências
to mental deve ser exercitado constantemente, com cria- de alta complexidade, dentre outras.
tividade, capacitando o militar a solucionar, com preste- O treinamento do militar não pode prescindir de uma
za e acerto, qualquer ocorrência, face às suas reiteradas boa carga horária de ensinamentos jurídicos, sociológi-
atuações, em casos variados, ao longo de sua carreira. cos, administrativos, humanísticos, pragmáticos e finalís-
Os níveis e as etapas de uma intervenção policial são ticos, abordando os temas mais usuais e mais requeridos
definidos em norma específica. na sua atuação diuturna. Tais conhecimentos proporcio-
nam ao militar convicção e segurança para agir.
Atuação pautada nas diferentes realidades
Racionalização do emprego
O estado de Minas Gerais apresenta realidades bas-
tante heterogêneas quanto ao desenvolvimento social, A racionalização do emprego de recursos humanos
econômico e estrutural das regiões e municípios, con- e materiais no policiamento é fundamental para a efi-
figurando-se em um desafio à prestação de serviços de ciência e eficácia das atividades, e deve ter por base in-
polícia ostensiva de forma eficiente e que atenda às de- formações gerenciais de segurança pública, como: zonas
mandas e realidades locais. quentes de criminalidade; dias e horários com maior in-
Como a missão da Corporação é preservar a ordem cidência criminal, vias e trechos rodoviários com maior
pública, e esta pode ser conceituada, segundo Moreira índice de infrações e acidentes de trânsito; locais com
Neto (1987), como “a situação de convivência pacífica e maior incidência de crimes e infrações ambientais; locais
harmoniosa da população, fundada nos princípios éti- com maior concentração demográfica; dentre outras.
cos vigentes na sociedade”, cabe aos gestores da PMMG O emprego dos recursos só obterá pleno rendimento
procurar respeitar os costumes e o modo de vida de cada operacional por intermédio de minucioso planejamento,
comunidade, adequando a eles suas atividades operacio- estribado na associação de variáveis que atentem para a
nais, sem ultrapassar, entretanto, os parâmetros legais e interveniência dos fatores determinantes, componentes
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as diretrizes emanadas pelo Comando-Geral. e condicionantes do policiamento ostensivo.


Deve ser uma tarefa incessante dos comandantes, em
Capacidade técnica todos os níveis, a promoção do enxugamento da máquina
administrativa, com prioridade absoluta para a atividade-fim.
Capacidade técnica é a capacidade de conhecer e Mecanismos modernos de gerenciamento das ativi-
praticar bem os segredos da profissão. dades operacionais merecem estudos contínuos e cien-
Ressalta-se, preliminarmente, que a Educação de Polí- tíficos, objetivando a alocação do maior número possível
cia Militar é um processo formativo, de essência específi- de militares nas operações, bem como o melhor aprovei-
ca e profissionalizante, desenvolvido de forma integrada tamento dos recursos materiais disponíveis.

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Nesse contexto, o papel da supervisão é importan- A confirmação dos pedidos é uma medida importan-
tíssimo para detectar vulnerabilidades em determinados te e adequada, mas deve ser tomada após o acionamen-
pontos e a saturação de meios e efetivo em outros, indi- to da guarnição, concomitantemente com seu desloca-
cando a necessidade de remanejamentos no momento mento.
oportuno, ainda dentro do mesmo turno de serviço. Destaca-se que a agilidade no atendimento não deve
significar o desprezo dos cuidados necessários por parte
Qualidade dos serviços prestados do policial militar, quanto a sua segurança e a de tercei-
ros. A rapidez deve ser compatível com a urgência de sua
Uma das grandes preocupações do Comando da Po- intervenção.
lícia Militar é com o aprimoramento técnico-profissional
dos servidores. Assim, a busca do aperfeiçoamento das Coordenação e controle
técnicas de policiamento e da racionalização do empre-
go dos recursos deve traduzir-se na melhoria da qualida- A coordenação e o controle são atividades realizadas
de do atendimento à sociedade. pelos níveis estratégico, tático e operacional da PMMG,
É de fundamental importância avaliar junto ao pú- com o objetivo de permitir aos comandos, em todos os
blico externo a qualidade do serviço prestado pela Po- escalões, avaliar, orientar, corrigir desvios e colher sub-
lícia Militar. A satisfação da população em relação à PM sídios para o aperfeiçoamento contínuo, por meio do
condiciona sua sobrevivência em longo prazo. Por meio acompanhamento do desenvolvimento de atividades re-
desse trabalho pode-se alcançar os seguintes objetivos: lacionadas aos diversos setores da Organização (recursos
a) melhorar, por intermédio do conhecimento de humanos, inteligência, emprego operacional, logística e
possíveis falhas, a qualidade do serviço prestado; comunicação organizacional).
b) alcançar os resultados propostos por intermédio A coordenação e o controle possuem um significa-
da qualificação profissional; do importante para as organizações policiais militares,
c) oferecer um ambiente de tranquilidade pública em três aspectos. Primeiramente quanto à hierarquia e
pelo aperfeiçoamento do desempenho operacio- à disciplina, cujo instrumento é utilizado para manter e
nal. restabelecer a cadeia de comando, quando de sua ruptu-
ra, e para gerar o contato direto do comandante ou che-
A qualidade do serviço não deve ser aferida imagi- fe com seus colaboradores diretos. Em segundo lugar,
nando o que a população deseja da Polícia Militar. É pre- estão os aspectos da atividade policial, que incluem os
ciso avaliar a atuação junto à comunidade, verificando princípios da participação da comunidade e do respeito
inclusive as suas expectativas em relação à segurança aos direitos fundamentais, onde a coordenação da PM e
pública. Nesse contexto, as pesquisas de vitimização são o controle social proporcionam o direcionamento cor-
instrumentos úteis à real aferição da situação da seguran- reto da atividade de policiamento. Por fim, as atividades
ça pública junto às comunidades. Elas permitem verificar
de coordenação e controle fortalecem os princípios da
a face oculta das análises estatísticas de criminalidade.
administração pública, entre eles a publicidade e a efi-
A Instituição deve se preocupar com o “produto” ofe-
ciência.
recido à sociedade e precisa cada vez mais enxergar-se
sob a ótica do cliente, pensando da mesma forma que
Conceitos básicos
ele e oferecendo a este mais do que o simples registro
de ocorrências em delegacias. Mais do que registrar fatos
e combater o crime, a polícia deve zelar pela qualidade
Coordenação
de vida da população. Aqui reside uma visão moderna
do conceito de segurança pública: entende-se por se- É o ato ou efeito de harmonizar as atividades da
gurança pública a preocupação por qualidade de vida e Corporação, conjugandos e os esforços necessários na
dignidade humana em termos de liberdade, acesso ao realização dos seus objetivos e da missão institucional.
mercado e oportunidades sociais para os indivíduos que É realizada vertical e horizontalmente em todos os níveis
compartilham um entorno social delimitado pelo territó- da estrutura organizacional da PMMG.
rio de um país, estado ou município. Desse modo, esse
estado antidelitual configura o marco conceitual de se- Controle
gurança pública, que permitirá ao povo proteger-se con-
tra os riscos da vida societária. É o acompanhamento das atividades da Corporação,
por todos os que exercem comando, chefia ou direção,
Rapidez no atendimento de forma a assegurar o recebimento, a compreensão e
o cumprimento das decisões do escalão superior, pelo
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A rapidez na resposta está relacionada à eficiência e órgão considerado, possibilitando, ainda, identificar e
eficácia das ações e operações a cargo da Polícia Militar, corrigir desvios.
cujo objetivo maior é prestar um atendimento ao público
com excelência. Atividade-fim
O tempo decorrido entre o recebimento de uma soli-
citação e a transmissão da ocorrência a uma Unidade ou É o conjunto de esforços de execução, que visam a
fração deve ser o mínimo necessário. O procedimento de alcançar os objetivos da Corporação, decorrentes de sua
primeiro confirmar a solicitação para depois acionar uma missão institucional. Subdivide-se em:
guarnição deve ser eliminado.

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a) atividade de linha: emprego diretamente relaciona- Coordenação de Estado-Maior (ou horizontal)
do ao público;
b) atividade auxiliar: emprego em apoio imediato à É o conjunto de esforços harmônicos de policiais mi-
atividade de linha (como, por exemplo, coordena- litares que integram Seções do Estado-Maior, Diretorias,
dores e equipes dos centros e salas de operações, Assessorias, Auditoria Setorial, Corregedoria e Ensino
e plantões de salas de operações das frações des- sem vinculação hierárquica - embora possam estar em
tacadas). níveis diferentes – visando alcançar objetivos comuns e evi-
tar a dispersão de esforços, por intermédio de cooperação,
Atividade-meio entrosamento e senso do dever comum, manifestados em
reuniões e ligações formais ou informais.
É o conjunto de esforços de planejamento e de apoio,
que permitam ou facilitem a realização da atividade-fim Coordenação Técnica das Diretorias
da Corporação.
Acompanhamento por parte do gestor quanto a fiel
Variáveis das atividades de Coordenação e Controle execução orçamentária, financeira e controle patrimonial
em consonância com a legislação estadual, federal e nor-
Formas de controle mas técnicas vigentes na Corporação, referente aos pro-
cedimentos e processos levados a efeito pelas Unidades
a) controle direto (imediato): é realizado por inter- executoras apoiadas e apoiadoras.
médio do acompanhamento concomitante com a A Diretoria de Inteligência (DInt), como Agência Cen-
execução das atividades; tral do Sistema de Inteligência da Polícia Militar (SIPOM),
b) controle indireto (mediato): é realizado por inter- tem como atribuição a coordenação de operações de In-
médio da análise de relatórios, mapas, rotinas dos teligência que envolvam Comandos Regionais distintos
sistemas informatizados, planos e ordens e outros ou em grandes eventos que afetem a segurança públi-
documentos produzidos. Considerando que a ad- ca, bem como realizar a coordenação tática das ações e
ministração pública deve se pautar pelos princí- operações de inteligência, a princípio na Região Metro-
pios da economicidade, celeridade e da eficiência, politana de Belo Horizonte (RMBH), por intermédio do
o controle indireto deverá ser exercido cada vez controle dos recursos humanos e materiais.
mais por intermédio dos sistemas informatizados
disponíveis, entre eles a Intranet PM. Coordenação Correcional

Tipos de controle A Corregedoria da Polícia Militar tem por compe-


tência além de outras atribuições definidas por normas
a) controle interno: é exercido pela própria Institui- e legislação específica, coordenar os processos e proce-
ção, por intermédio da fiscalização ou acompanha- dimentos administrativos e de polícia judiciária militar,
mento sistemático das atividades que executa. Visa na esfera de sua competência, mormente os que tenham
estabelecer, melhorar e assegurar a qualidade da maior gravidade, com considerável repercussão para a
prestação de serviços. O controle interno, além de imagem da Instituição.
acompanhar a execução dos planos e ordens, bem O Sistema Correcional da PMMG (SICOR-PMMG),
como avaliar os resultados alcançados, visa criar composto pela Corregedoria da Polícia Militar (CPM) e
condições indispensáveis para assegurar a eficácia Subcorregedorias Regionais, dirigido pelo Corregedor
do controle externo. da Polícia Militar, é a estrutura responsável pela gestão
b) controle externo: previsto nas constituições Fede- correcional da PMMG, que visa à otimização das ações
ral e Estadual, dentre outras normas e legislações correcionais em toda a Corporação.
específicas dos diversos órgãos encarregados do Compete ao SICOR-PMMG exercer as atividades de
controle externo das atividades administrativas e prevenção, investigação, controle e correção dos desvios
operacionais da Corporação. de conduta dos policiais militares e garantir a todo cida-
dão a adoção de providências em razão de questiona-
Tipos de coordenação mentos e denúncias formuladas junto à PMMG.
Equipe de Prevenção e Qualidade (EPQ), concebida
As atividades de coordenação podem ser divididas dentro dos órgãos públicos que exercem atividade de
em: Coordenação de Comando; de Estado-Maior; Técni- natureza correcional, tem como missão principal realizar
ca das Diretorias; Correcional; de Auditoria Setorial; de fiscalizações, com o objetivo de prevenir o desvio de con-
Centros e Salas de Operações; de Policiamento e de Ati- duta de seus servidores. No âmbito da PMMG, a EPQ é
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vidade de Inteligência. responsável por acompanhar as atividades operacionais


e realizar atividades de correição nas UEOp da RMBH e
Coordenação de Comando (ou vertical) das unidades subordinadas às RPM do interior do Estado,
buscando:
É o conjunto de atividades decorrentes da autorida- a) reduzir índices de desvios de conduta das Unida-
de de linha e do comandante, as quais, fluindo do topo des fiscalizadas, atuando preventiva e repressiva-
da organização e incidindo sobre os elementos subordi- mente, acompanhando ocorrências de destaque
nados, possibilitam ajustar planos, normas e assegurar a ou que necessitem do acompanhamento da Cor-
harmonia nas intervenções decorrentes. regedoria da PMMG;

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b) potencializar as atividades de correição da CPM e f) Supervisão por PM a qualquer subordinado sobre o
das UEOp, integrando os trabalhos da Equipe de qual exerça autoridade de linha;
Prevenção e Qualidade com as atividades de inves- g) Supervisão pedagógica;
tigação destas Unidades; h) Visita;
c) difundir a doutrina inerente à sua atuação. i) Supervisão indireta.

Coordenação de Auditoria Setorial Reuniões

As atividades inerentes à Auditoria Setorial, além das As Reuniões serão programadas a partir de proposta
previstas em leis e normas específicas, serão desenvolvi- dos chefes de seção de Estado-Maior nos níveis estraté-
das no sentido de assessorar o ComandanteGeral, quan- gico, tático e operacional, ou dos oficiais chefes de seção
to à pertinência e consonância das atividades de gestão e das Diretorias, Assessorias, Auditoria Setorial, Correge-
controle interno na PMMG, com foco no desenvolvimen- doria e APM, com a aprovação e convocação do respecti-
to de ações eficazes, visando a aplicação adequada dos vo Comandante/Chefe/Diretor/Corregedor, por intermé-
recursos públicos. dio de ordem de serviço ou memorando que detalhe as
atividades a serem desenvolvidas.
Coordenação de Centros e Salas de Operações As reuniões são dos seguintes tipos:
a) Reunião do Alto Comando;
É o conjunto de ações harmonizadoras, desenvolvidas b) Reunião de acompanhamento do Plano Estratégico;
pelos coordenadores dos centros e salas de operações, c) Reuniões de avaliação do IGESP Focal;
em nome dos comandantes dos respectivos níveis, que d) Reuniões de avaliação da PMMG (GDO, Acordo In-
incidem sobre as frações empenhadas no espaço sob terno de Resultados, etc).
sua responsabilidade, de forma a exercer limitado grau
de coordenação e controle, acompanhar-lhes a atuação, Seminários
orientar, conjugar, convergir e integrar esforços.
Os seminários são atividades de coordenação e con-
Coordenação de Policiamento trole, com a finalidade de harmonização de ações, conju-
gação de esforços, discussão e análise de problemas de
É o conjunto de ações harmonizadoras exercidas pelo interesse da segurança pública, onde são abordados as-
Coordenador de Policiamento da Unidade (CPU), Coor- suntos ligados à doutrina da PMMG, nas diversas áreas.
denador de Policiamento da Companhia (CPCia), Co- Podem ser de dois tipos:
mando Tático, ROTAM Comando, GER Comando e outros a) Coordenação setorial;
afins, que incide sobre a Unidade ou frações subordina- b) Encontro da Comunidade Operacional (ECO).
das, visando exercer a devida coordenação do turno sob
sua responsabilidade. Coordenação e controle dos turnos operacionais

Coordenação de Atividade de Inteligência A atividade é exercida pelo Coordenador de Policia-


mento da Unidade (CPU), Coordenador de Policiamen-
É o conjunto de ações relacionadas à Inteligência de to da Cia (CPCia) ou da fração, Comando Tático, ROTAM
Segurança Pública, sob a responsabilidade dos chefes de Comando, GER Comando e outros afins, para enfatizar
Agências de Inteligência em seus respectivos níveis, que a presença diária de oficiais à frente das ações/opera-
tem como missão o emprego de efetivo e meios para ções das UEOp. Excepcionalmente, poderá ser exercida
uma atividade específica, em fiel observância às normas por Subtenentes e Sargentos, desde que não haja oficiais
técnicas e orientações doutrinárias. para executá-las.
O coordenador do turno operacional, seja ele oficial
Atividades de coordenação e controle ou graduado, é o principal propulsor da atividade operacio-
nal da Unidade/fração. O seu grau de iniciativa, dedicação e
Supervisão empenho, influenciará de forma decisiva no desempenho e
comportamento dos militares sob o seu comando.
É o ato da autoridade de linha ou autoridade técnica
de verificar a execução das atividades, orientar e colher Alinhamento com o Plano Estratégico
informações para realimentação do planejamento na
Corporação. Ocorre por intermédio de contatos locais ou O planejamento do emprego operacional na PMMG
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pelos meios de comunicação disponíveis para a análise deve estar em sintonia com a missão, visão e valores ex-
de relatórios, mapas e outros documentos. pressos no Plano Estratégico e, consequentemente, com
As supervisões são dos seguintes tipos: os objetivos e iniciativas estratégicas.
a) Supervisão de Estado-Maior; A estratégia organizacional representa a maneira pela
b) Supervisão de UDI da atividade-meio ou supervi- qual a empresa se comporta frente ao ambiente que a
são técnica; circunda, procurando aproveitar as oportunidades po-
c) Supervisão de UDI da atividade-fim; tenciais do ambiente e neutralizar as ameaças que ron-
d) Supervisão de Unidade de Execução Operacional; dam os seus negócios. É uma questão de saber ajustar-se
e) Supervisão operacional; às situações.

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Geralmente, ela envolve os seguintes aspectos fun- Para bem cumprir as suas atribuições legais, os res-
damentais: ponsáveis pelo planejamento devem primar pela obser-
a) é definida pelo nível institucional da organização, vância dos princípios básicos a seguir:
quase sempre por intermédio da ampla participa- a) integralidade: conjunto de ações que devem ser
ção de todos os demais níveis e negociação quan- desenvolvidas em quatro âmbitos: policial-operati-
to aos interesses e objetivos envolvidos; vo, sóciocomunitário, legislativo-judicial e informa-
b) é projetada em médio ou longo prazo e define o ções. Os quatro âmbitos emergem da necessidade
futuro e o destino da organização. Neste sentido, de harmonização e aprofundamento nos efeitos
ela atende à missão, focaliza a visão organizacio- dos diversos fatores que intervêm no fenômeno da
nal e enfatiza os objetivos organizacionais a serem insegurança das pessoas;
almejados; b) coerência: consistência e adequação às exigências
c) envolve a organização como uma totalidade para de administrar os recursos públicos de forma efe-
obtenção de efeitos sinérgicos. Isto significa que tiva;
a estratégia é um mutirão de esforços convergen- c) sistematicidade: as ações devem ser permanentes e
tes, coordenados e integrados para proporcionar sujeitas à avaliação constante;
resultados alavancados; d) simultaneidade: a complexidade do problema e
d) é um mecanismo de aprendizagem organizacio- suas manifestações exigem uma ação coordenada,
nal por intermédio do qual a organização aprende ao mesmo tempo em diversos planos e setores;
com a retroação decorrente dos erros e acertos nas e) focalização: é fundamental a concentração de es-
suas decisões e ações globais. Obviamente, não é a forços preventivos, atendendo a variáveis socioes-
organização que aprende, mas as pessoas que dela paciais, em curto e médio prazo;
participam e que utilizam sua bagagem de conhe- f) participação social: promover o envolvimento dos
cimentos. cidadãos a fim de que assumam, responsavelmen-
te, a necessária quota de contribuição a essa tarefa
O planejamento estratégico pode focalizar a estabi- comum;
lidade no sentido de assegurar a continuidade do com- g) ênfase sociopreventiva: a preservação da seguran-
portamento atual em um ambiente previsível e estável. ça coletiva não se esgota com medidas tendentes
Também pode focalizar a melhoria do comportamento à repressão, mas pelo contrário, deve haver con-
para assegurar a reação adequada a frequentes mudan- centração de esforços para evitar o cometimento
ças em um ambiente mais dinâmico e incerto. dos delitos, tendo a prevenção como investimento
Pode ainda direcionar as contingências no sentido de social.
antecipar-se a eventos que poderão ocorrer no futuro e
identificar as ações apropriadas para quando eles even- Gestão operacional orientada por resultados
tualmente ocorrerem.
Esse último, chamado Planejamento Prospectivo, é o A modernização do conceito da gestão na PMMG
que mais se adequa à realidade da Polícia Militar, por passa pelo novo modelo que privilegia uma administra-
estar voltado para as contingências e para o futuro da ção operacional fundamentada na definição de resulta-
organização. As decisões são tomadas visando compa- dos a alcançar; método indutivo que parte do conheci-
tibilizar os diferentes interesses envolvidos por intermé- mento científico dos problemas locais de segurança pú-
dio de uma composição capaz de levar a resultados para blica e dos seus efeitos sociais para atingir os objetivos
o desenvolvimento natural da Instituição e ajustá-la às esperados.
contingências que surgem no meio do caminho. Com o objetivo de produzir serviços de qualidade
O planejamento prospectivo é o contrário do planeja- que atendam aos anseios da comunidade, cada coman-
mento retrospectivo, que procura a eliminação das defi- dante, nos diversos níveis, tem grande autonomia para
ciências localizadas no passado da organização. Sua base desenvolver estratégias gerenciais de emprego opera-
é a adesão ao futuro, no sentido de ajustar-se às novas cional. Contudo, há necessidade de planejar estratégias
demandas ambientais e preparar-se para as futuras con- e táticas de intervenção sob um enfoque eminentemente
tingências. técnico-científico, pautado em indicadores de desempe-
Em todos os casos, o planejamento consiste na to- nho e produtividade, com vistas ao alcance de metas.
mada antecipada de decisões. Trata-se de decidir agora Torna-se necessário o desenvolvimento de estraté-
o que fazer, antes que ocorra a ação necessária. Não se gias diferenciadas, adequadas à variação do ambiente
trata da previsão das decisões que deverão ser tomadas em que cada Unidade se encontra inserida. Desse modo,
no futuro, mas da tomada de decisões que produzirão o estudo da evolução da criminalidade e da violência nas
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efeitos e consequências futuras. respectivas áreas integradas de policiamento, o envol-


A gestão pública dos novos tempos impõe alguns de- vimento da comunidade na discussão de problemas, a
safios, que somente serão vencidos a partir da adoção de verificação de falhas e óbices, e a concretização de pla-
um planejamento prospectivo que contemple: nejamentos focados em intervenções qualificadas devem
a) a capacidade de conquistar e fidelizar clientes; ser a tônica para direcionar o trabalho policial de maneira
b) a necessidade de diferenciar produtos e serviços; clara, objetiva e prática.
c) a necessidade de fixar objetivos e atingir resulta- O modelo de gestão operacional por resultados na
dos. PMMG será norteado pelos seguintes objetivos desejá-
veis para a atividade-fim:

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a) regionalização ou setorização das atividades de polícia ostensiva, e valorização das unidades básicas de policia-
mento, nas UEOp que possuem responsabilidade territorial;
b) emprego das Unidades de Recobrimento como potencializadoras das UEOp de área da capital e do interior do
Estado;
c) acompanhamento da evolução da violência, criminalidade e características socioeconômicas dos municípios,
com uso do geoprocessamento e de indicadores estatísticos de segurança pública, e produção de conhecimen-
tos no campo da Inteligência de Segurança Pública;
d) estabelecimento de metas a serem atingidas e avaliação sistemática de resultados;
e) otimização da administração operacional nas frações e unidades básicas de policiamento;
f) ênfase preventiva e rapidez no atendimento;
g) planejamento e execução das atividades de polícia ostensiva com maior especificidade, oferecendo serviços
adequados de acordo com as demandas locais;
h) modelo gerencial que favoreça ações/operações descentralizadas;
i) adequada distribuição de recursos e o ordenamento dos processos de trabalho, por intermédio do patrulhamen-
to produtivo direcionado, e portanto, nãoaleatório;
j) autonomia aos comandantes de UEOp, de Companhia e de setores de policiamento, para planejar e buscar solu-
ções para os problemas de segurança pública afetos à localidade, respeitadas as diretrizes e normas estratégicas
e do nível tático;
k) modernização das técnicas de gestão visando à diminuição das atividades burocráticas, dando prioridade aos
resultados e ao atendimento ao público;
l) adequada coleta e utilização das informações gerenciais de segurança pública, em especial aquelas relacionadas
à geoestatística;
m) produção de ações/operações de polícia ostensiva preventiva, de acordo com características e tipologia crimi-
nais predominantes em seus espaços geográficos específicos;
n) esforços específicos e articulados com outros atores do Sistema de Defesa Social, procurando agir sobre as
causas, fatores, locais, horários, condições e circunstâncias vinculadas ao cometimento de crimes e desordens;
o) Policiamento Orientado para a Solução de Problemas;
p) Policiamento Orientado pela Inteligência de Segurança Pública;
q) sistemas de incentivo e recompensas direcionados à valorização dos policiais que atuem em atividades de po-
lícia ostensiva de prevenção criminal e atendimento de ocorrências junto à comunidade;
r) direcionamento dos recursos logísticos para as sedes de Companhias e Pelotões, de forma a aprimorar a efeti-
vidade dessas frações;
s) foco nos resultados, prevalecendo a qualidade sobre a quantidade;
t) transparência e divulgação dos resultados positivos à comunidade, utilizando-se a rede de contatos via CONSEP,
Redes de Proteção Preventiva, mídia local, periódicos, informativos diversos etc;
u) intensificação da atividade de Inteligência de Segurança Pública (ISP) como estratégia para orientar e potencia-
lizar os serviços da PMMG na prevenção e repressão qualificadas da criminalidade.

Gestão do Desempenho Operacional (GDO)

A GDO surgiu da necessidade em estabelecer na PMMG uma metodologia científica de análise do fenômeno cri-
minal, indicação de respostas/ações para contenção e minoração da problemática de aumento criminal e do grau de
insegurança da população.
Tem como fundamentos apresentações analíticas e elaboração de planos corretivos pelos gestores operacionais
dos níveis tático e operacional da Instituição, numa dinâmica pragmática e numa interface metodológica simplificada
e objetiva, na qual, basicamente, comandantes de companhias2 se reúnem obrigatoriamente com os seus comandan-
tes de Unidades uma vez por mês, expondo os resultados operacionais com base em indicadores preestabelecidos,
verificando os níveis de atingimento de metas e apresentando estratégias para manutenção e ou diminuição das cifras
diagnosticadas.
O segundo nível da GDO consiste na reunião dos comandantes de unidades com os comandantes de regiões,
obrigatoriamente a cada bimestre. E o terceiro e último nível da GDO se caracteriza pela apresentação de resultados
das RPMs ao Chefe do EMPM, a cada quatro meses.
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A figura demonstra o ciclo de reuniões da GDO:

Figura 05 - Ciclo de reuniões da GDO

Fonte: MINAS GERAIS (2016).

Indicadores de avaliação

Indicadores são instrumentos quantitativos de avaliação de aspectos e variáveis que fazem parte de um processo
de produção ou serviço. Os indicadores são unidades de mensuração referencial que permitem a rápida visualização
de parâmetros-chave para a produção de serviços, possibilitando ao gestor a identificação imediata de problemas ou
de queda no desempenho.
A construção de um indicador para mensuração deve ser pautada em método científico, metodologia adequada
de mensuração e padrão referencial comparativo que permitam agregar significado a esse indicador. O processo de
gestão do conhecimento permite o refinamento da construção de indicadores uma vez que possibilita um aprendizado
institucional, ou seja, know-how.
Na PMMG os indicadores devem ser projetados de forma a auxiliar os gestores na verificação de parâmetros de re-
sultado como é o caso da criminalidade incidente em uma unidade territorial, mensuração da produtividade alcançada
pelos diversos serviços, bem como mensuração de parâmetros de processo, como é o caso, por exemplo, do tempo de
resposta ou atendimento. Existem ainda os indicadores de parâmetros administrativos ou de apoio.

Análise Criminal

A atividade de análise criminal deve ser desenvolvida nos diversos níveis operacionais, com o objetivo de identificar
os fatores que envolvem a criminalidade, em termos qualitativos e quantitativos, bem como identificar as variáveis que
se relacionam com esses fatores, apresentando correlações entre si ou não.
No contexto da moderna gestão policial orientada por resultados, é uma atividade de papel preponderante, que,
aliada às técnicas de planejamento, inteligência e resolução de problemas, configura-se em um importante instrumen-
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to gerencial para a efetividade das ações.


Vale ressaltar, inicialmente, que o bom desenvolvimento da atividade de análise criminal está diretamente rela-
cionado com a qualidade das informações prestadas por meio do preenchimento do REDS, o que deve ser objeto de
contínua avaliação por parte dos gestores operacionais, nos diversos níveis.

Finalidades

Em resumo, a Análise Criminal possui as seguintes finalidades:


a) facilitar a identificação e localização de problemas de segurança pública;

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b) proporcionar o acompanhamento geral e especí- ção de insegurança) e taxas reais de criminalidade.
fico dos serviços e da produção da Organização, A construção de mapas digitais procura incorporar a
além de identificar as possíveis deficiências no po- dimensão espacial à dimensão temporal da criminalida-
liciamento; de, além da aplicação das diversas teorias sociológicas
c) possibilitar o emprego racional dos meios; do crime na busca da localização dos fatores causadores
d) proporcionar segurança para o público interno; dos fenômenos, buscando servir de orientação ao plane-
e) possibilitar a produção de melhores resultados jamento operacional.
operacionais; Desta forma, a construção de geoarquivos consiste
f) dar confiabilidade às informações produzidas pela na montagem de bases georreferenciadas de informação
Corporação. de diversas fontes administrativas, da justiça criminal e
de dados censitários. A base espacial torna-se o deno-
Torna-se importante ressalvar que as variáveis estu- minador comum de todas essas bases de informações,
dadas pelo processo de Análise Criminal devem ser ob- oriundas de diferentes fontes, com distintas unidades de
servadas sob a ótica sistêmica, em um contexto social, contagem, tornando-se possível a construção de uma
cultural, histórico e geográfico. Não podem ser conside- base de dados que agregue os mais diversos tipos de
radas de forma isolada. A ênfase do estudo deve estar informação.
com o foco na ação preventiva a ser desenvolvida pelo Os arquivos de base devem conter dados estruturais
policiamento. da área integrada como: eixos de ruas, quarteirões, bair-
ros, centros comerciais, áreas verdes, favelas, divisões ad-
A comunidade de estatística e geoprocessamento ministrativas dos diversos órgãos, subáreas das Compa-
nhias, áreas dos Batalhões, além de informações georre-
A atividade de análise criminal possui procedimentos ferenciadas sobre pontos comerciais e aparelhos públicos,
bastante específicos que demandam conhecimento téc- como bancos, supermercados, mercearias, padarias, casas
nico. Visando favorecer a difusão de conhecimento tec- lotéricas, escolas, linhas de ônibus, prédios públicos, feiras,
nológico no campo dessa atividade, bem como propor- etc. As informações de segurança pública a serem plotadas
cionar o desenvolvimento profissional por intermédio da e analisadas no mapa devem ser produzidas por meio dos
troca de experiências dos policiais militares que desem- registros de ocorrências policiais, pesquisas, e por intermé-
penham essa atividade, é constituída uma rede (equipe) dio de atividades de inteligência, como é o caso da identi-
denominada comunidade de estatística e geoprocessa- ficação de infratores contumazes e gangues.
mento, composta pelos analistas de criminalidade nos Nos últimos anos, a PMMG tem investido fortemente
diversos níveis da Instituição. Essa comunidade caracteri- na expansão dessa ferramenta de trabalho a todo terri-
za-se pelo interesse comum no estudo e desenvolvimen- tório mineiro, visando ampliar o acesso à informação e
to das técnicas de análise. otimizar a gestão operacional. Desta forma, os Coman-
Para integrar essa rede (comunidade) deve haver um dantes Regionais e de UEOp devem envidar esforços no
profissional habilitado (analista criminal) por RPM, UEOp sentido de implantar e/ou otimizar o geoprocessamento,
e Cia PM. principalmente nos municípios-sede, estendendo poste-
riormente às sedes de Companhia PM. A atualização das
Geoprocessamento informações geográficas no sistema informatizado GEO-
SITE deve ser uma constante, de forma a permitir a uti-
O Geoprocessamento é, de forma geral, o conjunto lização das bases desse sistema na atividade de análise
de técnicas computacionais relacionadas com a coleta, criminal por intermédio do geoprocessamento.
o armazenamento e o tratamento de informações es-
paciais ou georreferenciadas, para serem utilizadas em Taxas e índices de segurança pública
várias aplicações nas quais o espaço físico geográfico re-
presente relevância. Constitui-se em uma das principais As taxas e os índices são medidas estatísticas idea-
ferramentas do processo de análise da criminalidade. lizadas para mostrar as variações de uma variável ou
O geoprocessamento oferece como produto mapas de um grupo, correlacionados ao tempo, à localização
temáticos resultantes das operações de correlação espa- geográfica ou a outras características, como rendimento,
cial entre diversas variáveis colocadas sob análise, indi- produtividade, etc. Ao se aplicar o uso de taxa para va-
cando regiões de maior probabilidade de ocorrências. lores individuais e índice para valores que compõem um
Dessa forma, o geoprocessamento permite identifi- grupo, busca-se padronizar e facilitar a leitura de dados
car: para públicos heterogêneos.
a) o mapeamento e caracterização das áreas integra- A PMMG tem adotado a metodologia de se referir
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das; às taxas para qualquer natureza criminal que é analisada


b) tendências e padrões de evolução do fenômeno separada e isoladamente. Já os índices referem-se aos
criminal; indicadores formados por duas ou mais modalidades de
c) padrão de comportamento dos agressores; delitos, como no caso crimes violentos, violência domés-
d) possíveis alvos; tica e contravenções.
e) regiões de vulnerabilidade; Em resumo, os índices e taxas de segurança pública
f) pontos geográficos estratégicos; correspondem à relação das ocorrências em cada muni-
g) distância entre fatores, elementos e fenômenos; cípio com dados fornecidos pelos indicadores de segu-
h) a relação entre percepções sociais do medo (sensa- rança pública.

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Conforme norma internacional, os índices e taxas são Atuação integrada no Sistema de Defesa Social
calculados por intermédio da fórmula: nº de ocorrências
x 100.000 / população. Tendo em vista que várias cidades O modelo de defesa social vigente em nosso Estado
do Estado possuem populações com menos de 10.000 é calcado no pensamento sistêmico, abandonando-se a
habitantes, podem ser utilizados para o cálculo do índice premissa de que exista um único órgão ou indivíduo res-
os valores: nº de ocorrências x 1.000 / população. Esta ponsável pelas respostas frente ao fenômeno da crimi-
medida objetiva corrigir a discrepância que o emprego nalidade. A essência do pensamento sistêmico é de que
da fórmula padrão causaria em cidades com menos de todos compartilham a responsabilidade pela solução dos
10.000 habitantes. problemas.
A definição das naturezas relacionadas aos índices Conforme já apresentado nesta Diretriz, a integração
mais utilizados pela Corporação são as seguintes: operacional da PMMG ao Sistema de Defesa Social de-
- Índice de Criminalidade: relacionadas conforme arti- corre de uma norma legal, constituindo-se em um dos
gos do Código Penal e legislação especial (Código princípios da política de Estado para a segurança pública
de Trânsito Brasileiro, Crimes ambientais, dentre em Minas Gerais.
outras); Para possibilitar essa integração, foram criadas di-
- Índice de Criminalidade Violenta: Memorando ex- versas ferramentas que passaram a contribuir para uma
pedido pelo EMPM, contendo o rol de crimes vio- maior uniformidade e compartilhamento de informações
lentos; e dados estatísticos, integração territorial, corresponsa-
bilidade no planejamento e execução das atividades de
A relação entre o número de ocorrências de uma defesa social.
mesma natureza e a população resulta em taxas, confor- São apontadas as seguintes ferramentas próprias do
me exemplos a seguir: processo de integração de defesa social:
- Taxa de Homicídios por 100.000 habitantes; a) reunião do Colegiado de Integração da Defesa So-
- Taxa de Roubos por 100.000 habitantes; cial;
- Taxa de Furtos por 100.000 habitantes.
b) integração territorial em Áreas Integradas de Segu-
rança Pública (AISP);
Informações aprofundadas e relevantes acerca da
c) emprego da metodologia IGESP;
avaliação de desempenho operacional estão inseridas no
d) Diretriz Integrada de Ações e Operações (DIAO);
“Manual de Banco de Dados, Estatística e Geoprocessa-
e) SIDS, CIAD e CINDS;
mento”.
f) Disque-Denúncia Unificado (DDU).
Ação de comando
A atuação integrada da PMMG no sistema de Defesa
A ação de comando/chefia, em todos os níveis, deve Social, por intermédio das ferramentas apontadas acima
pautar-se pela moderna gestão orientada por resultados e outras que venham a serem implementadas, impõe aos
finalísticos. policiais militares, em especial aos dirigentes nos níveis
Para a efetividade da ação de comando evidencia-se tático e operacional, uma postura de credibilidade e en-
a necessidade de conjugação e integração sistêmica das volvimento nas mudanças e projetos, implantados ou em
variáveis de policiamento. curso, atuando como lideranças indutoras deste comple-
Além disso, a cooperação entre militares que execu- xo processo.
tam diferentes tipos de policiamento ostensivo deve ser
completa, ainda que os executores estejam vinculados a Câmara de Coordenação das Políticas de Seguran-
diferentes comandos. ça Pública - CCPSP
As Unidades de Execução Operacional com responsa-
bilidade territorial, de recobrimento, de meio ambiente e Órgão colegiado de caráter consultivo, deliberativo
de trânsito, devem engajar-se em quaisquer ocorrências e de direção superior da SESP, tem como competência
emergentes em suas áreas de atuação, mesmo que não acompanhar a elaboração e a implementação da política
constituam sua missão principal, adotando as medidas de segurança pública do Estado, em articulação com o
preliminares cabíveis até a solução definitiva pela UEOp Conselho de Defesa Social.
própria. A CCPSP tem a seguinte composição:
Quando a situação exigir o emprego de integrantes I – Secretário de Estado de Segurança Pública, que
de mais de uma UEOp para o cumprimento da missão, presidirá;
o militar de maior posto/graduação, ou o mais antigo, II – Secretário de Administração Prisional;
assumirá o comando das ações. III – Comandante-Geral da Polícia Militar de Minas
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Salienta-se que a metodologia referente ao Sistema Gerais;


de Comando em Operações (SCO) será adotada harmo- IV – Chefe da Polícia Civil de Minas Gerais;
nicamente com a doutrina organizacional da PMMG. O V – Comandante do Corpo de Bombeiros Militar de
SCO é uma ferramenta gerencial para planejar, organizar, Minas Gerais.
dirigir e controlar as operações de resposta em situações
críticas, fornecendo um meio de articular os esforços de A secretaria executiva da CCPSP será exercida pela
agências individuais quando elas atuam com o objetivo SESP, que prestará o apoio técnico, logístico e operacio-
comum de estabilizar uma situação crítica e proteger vi- nal para seu funcionamento.
das, propriedades e o meio ambiente.

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Áreas Integradas de Segurança Pública (AISP) Integração da Gestão da Segurança Pública (IGESP)

As Áreas Integradas de Segurança Pública, lato sen- A metodologia IGESP constitui-se em um cenário de
su, são circunscrições territoriais que agregam agências resolução de problemas alicerçado nos seguintes princí-
prestadoras de serviços públicos essenciais, com a res- pios básicos:
ponsabilidade compartilhada e direta de uma Unidade/ a) diagnóstico técnico-científico da criminalidade;
fração da Polícia Militar e uma Delegacia de Polícia Civil, b) troca de informações de segurança pública entre
operando como unidades de planejamento, execução, os órgãos;
controle, supervisão, monitoramento corretivo e avalia- c) definição de áreas integradas (AISP) como unidade
ção das ações locais de segurança. de observação;
No contexto da vigente política de integração da De- d) envolvimento de diversos atores do Sistema de
fesa Social em Minas Gerais, as áreas integradas estão Defesa Social e da comunidade;
delineadas em três níveis: e) definição de medidas de intervenção compartilha-
- Região Integrada de Segurança Pública (RISP), com- da entre os diversos atores;
posta por uma RPM e por um Departamento de f) estabelecimento de metas periodicamente;
Polícia Civil; g) prestação de contas.
- Área de Coordenação Integrada de Segurança Pú-
blica (ACISP), composta por uma UEOp (BPM ou A utilização desse cenário integrado constituiu-se
Cia PM Ind) e uma Delegacia Regional de Polícia numa importante ferramenta de planejamento operacio-
Civil; nal, mobilização, compartilhamento de responsabilida-
- Área Integrada de Segurança Pública (AISP), com- de e avaliação de desempenho. Com a implantação da
posta por uma fração PM (Cia ou Pel) e uma Dele- metodologia IGESP, os Comandos Regionais passaram
gacia de Polícia Civil. a coordenar a execução dessas atividades no tocante à
participação da PMMG nas reuniões locais, cuidando, in-
A formatação das AISP decorre da compatibilização clusive, para a designação de membros para comporem
das áreas de competência das forças policiais, procuran- as Secretarias Executivas Regionais, que tem como papel
do respeitar as divisões administrativas adotadas pelas facilitar o planejamento das reuniões de comitê e garan-
prefeituras, a partir da referência dos indicadores demo- tir o fluxo da informação gerada nessas reuniões, de for-
gráficos, socioeconômicos e de infraestrutura, bem como ma a possibilitar as decisões estratégicas.
a partir da base estrutural da qual se assenta o plane- Contudo, por questões orçamentárias e diante da
jamento e a oferta de serviços públicos essenciais. Esse necessidade de se concentrar esforços para a avaliação
pressuposto deve ser perseguido por todas as RPM. e solução de problemas específicos, a partir do ano de
As Áreas Integradas de Segurança Pública preservam, 2014, foram estabelecidos 14 (quatorze) municípios prio-
sempre que possível, a antiga localização das sedes de ritários para execução da metodologia IGESP, classifica-
unidades operacionais das Policiais Militar e Civil, ajus- ção que levou em conta a criminalidade violenta e o Prin-
tando, porém, suas circunscrições aos limites de municí- cípio de Pareto (adotando a regra 80/20). Tal processo
pios e bairros, no interior do Estado, e aos contornos de passou a se chamar IGESP Focal.
bairros e regiões administrativas, na capital. Elas visam:
a) integrar as polícias, as comunidades e as agências Diretriz Integrada de Ações e Operações (DIAO)
públicas e civis prestadoras de serviços essenciais
à população; A Resolução Conjunta nº 55/08, de 24Jun2008, insti-
b) melhorar a qualidade dos serviços de segurança tuiu a Diretriz Integrada de Ações e Operações no âmbito
pública à luz de diagnósticos tecnicamente orien- do Sistema de Defesa Social do Estado de Minas Gerais,
tados sobre a criminalidade, a violência e a desor- e criou a Câmara Permanente de Atualização e Revisão
dem, adequando essa oferta às demandas comu- da DIAO, com a atribuição de sistematizar e estudar as ne-
nitárias locais; cessidades de atualização da Diretriz, preparando-as para
c) integrar as forças de segurança estadual e munici- apreciação do Colegiado de Integração da Defesa Social.
pal, possibilitando o planejamento e a execução de A necessidade de maior integração profissional entre
políticas locais de policiamento em sintonia com as forças de segurança pública do Estado fez com que
a realidade de cada região do Estado e da capital; se implantasse a DIAO do Sistema de Defesa Social do
d) adequar as forças policiais ao seu ambiente de atu- Estado de Minas Gerais, estabelecendo um documento
ação e às necessidades específicas das comunida- integrado envolvendo primeiramente Polícia Militar, Po-
des; lícia Civil e Corpo de Bombeiros Militar, que inicialmente
e) racionalizar e otimizar o emprego dos recursos de aprofundaram estudos sobre as inúmeras figuras típicas
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segurança pública, incorporando os serviços pú- (crimes, contravenções penais e infrações administrati-
blicos essenciais ao planejamento estratégico das vas, previstas nos diversos códigos e leis especiais, bem
organizações policiais; como nas atividades de coordenação e controle, opera-
f) possibilitar a participação consultiva da comunida- ções integradas e ações de defesa Civil).
de na gestão local da segurança pública, por inter- A DIAO é atualizada e modificada periodicamente,
médio da criação de um Conselho Comunitário de em virtude de alterações e inovações no ordenamento
Segurança em cada área integrada; jurídico, bem como em decorrência de demandas apre-
g) viabilizar a prestação de contas regular e transpa- sentadas pelos órgãos que compõem o Sistema Integra-
rente dos serviços de segurança pública ofertados. do de Defesa Social, mediante aprovação conjunta.

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Sistema Integrado de Defesa Social (SIDS) e Centro tramento dos usuários é de responsabilidade do
Integrado de Atendimento e Despacho (CIAD) Centro de Tecnologia em Sistemas (CTS) da Dire-
toria de Tecnologia e Sistemas (DTS). O endereço
O SIDS foi instituído no âmbito do Sistema de Defesa eletrônico (URL) de acesso a esta aplicação é www.
Social do Estado pelo Decreto Estadual nº 43.778/2004 e isp.mg.gov.br;
definido no seu art. 1º, § 1º desta norma como um “siste- c) Módulos de Atendimento e Despacho de Viaturas:
ma modular, integrado, que permite a gestão das infor- destinam-se ao registro e atendimento de chama-
mações de defesa social relacionadas às ocorrências poli- das de emergências policiais e de bombeiro e o
ciais e de bombeiros, à investigação policial, ao processo despacho de recursos operacionais para atendi-
judicial e à execução penal, respeitadas as atribuições mento das ocorrências;
legais dos órgãos que o compõem”. É estruturado ope- d) Módulo de Registro de Eventos de Defesa Social
racionalmente pelo Centro Integrado de Atendimento e (REDS): destina-se ao registro informatizado das
Despacho (CIAD) e pelo Centro Integrado de Informa- ocorrências policiais e de sinistros, levadas ao co-
ções de Defesa Social (CINDS). nhecimento das Polícias Militar e Civil e do Corpo
O Centro Integrado de Atendimento e Despacho de Bombeiros Militar de Minas Gerais;
(CIAD) constitui-se de uma central única de atendimento e) Armazém de Informações do SIDS: tem por fina-
de chamadas de emergências policiais (civil e militar) e lidade permitir a extração de dados e geração de
de bombeiro e despacho integrado de recursos opera- relatórios e análises estatísticas, tendo como fonte
cionais, resultante do funcionamento conjunto, em um o módulo REDS. Esta aplicação é disponibilizada
mesmo espaço físico e organizacional, do Centro Inte- para todas as Unidades do Estado, mediante trei-
grado de Comunicações Operacionais (CICOp) da Polícia namento dos usuários;
Militar, da Divisão de Operações de Telecomunicações f) Módulo de Escala de Serviço: é uma ferramenta de
(CEPOLC) da Polícia Civil e do Centro de Operações de aplicação, por meio dos recursos de navegador de
Bombeiros Militar (COBOM), do Corpo de Bombeiros internet, acessível a todas as Unidades da Corpo-
Militar. ração, sendo composto de ferramentas voltadas à
O CIAD para atender a RMBH (1ª, 2ª e 3ª RISP) está confecção de escalas de serviços que visam a in-
instalado à Rua da Bahia, nº 2115, bairro Funcionários, tegração e a modernização da gestão de pessoas
em Belo Horizonte. dos órgãos que compõem o Sistema Integrado de
O CIAD tem por finalidade coordenar e gerenciar as Defesa Social;
ações operacionais das Polícias Civil e Militar, e do Corpo g) Módulo de Controle do Atendimento e Despacho
de Bombeiro Militar, gerindo métodos de captação, or- de Chamada de Emergência e Atividades Opera-
ganização e difusão de ocorrências processadas segundo cionais (CAD): tem por objetivo fornecer uma in-
as competências legais dos respectivos órgãos. terface gráfica para apoiar a todos os envolvidos
Dentre os módulos que integram o Sistema Integrado no atendimento e despacho de recursos em cha-
de Defesa Social (SIDS), destacam-se os seguintes: madas de emergência ou atividades operacionais
a) GEOSITE – composto pelos módulos: relacionadas aos órgãos de emergência policial e
- GEOSITE MUB (Mapeamento Urbano Básico): ferra- de bombeiros que compõem o SIDS;
menta composta por módulos que tem por finali- h) Módulo CADWeb: aplicativo via plataforma web
dade principal manter construir e atualizar a car- que permite o atendimento, coordenação e con-
tografia urbana (bairros, logradouros, endereços trole de atividades policiais, chamadas, ocorrências
e demais atributos urbanos) em todo o território e recursos. Destinado às Unidades operacionais do
mineiro; interior do estado de Minas Gerais;
- GEOSITE GPS/AVL: sistema de suporte ao rastrea- i) Módulo de Gestão do Atendimento de Ligações
mento veicular, permitindo a coordenação e con- de Emergência (GALE): tem por objetivo fornecer
trole dos recursos policiais que tenham equipa- uma interface gráfica para apoiar a todos os en-
mento GPS instalado; volvidos no atendimento e encaminhamento das
- MAPACAD: sistema integrado ao Controle de Aten- ligações feitas para os tridígitos 190, 193 ou 197,
dimento e Despacho (CAD), permitindo a exibição, recebidas pelos órgãos de emergência policial e de
em tempo real, das chamadas do sistema de aten- bombeiros, que compõem o SIDS. O GALE é um
dimento a partir de uma base espacial; dos módulos que compõem a solução de Controle
- GEOSITE ESTATISTICA: sistema que permite a pes- do Atendimento e Despacho (CAD) de emergência
quisa e análise de informações de ocorrências, policial e de bombeiros.
chamadas e atividades, a partir de uma base espa-
DOUTRINA OPERACIONAL

cial, com recursos para criação de mapas temático, Centro Integrado de Informações de Defesa Social
de kernel, dentre outros; (CINDS)

b) Módulo de consulta à Inteligência de Segurança A Resolução Conjunta nº 54/08, de 18Jun2008, esta-


Pública (ISP): aplicação desenvolvida para permi- beleceu a estrutura organizacional e atribuições do Cen-
tir a consulta, por intermédio de computadores tro Integrado de Informações de Defesa Social (CINDS),
ligados a Internet, de informações de veículos, instituído nos termos da legislação vigente, em especial
condutores e indivíduos, incluindo informações a Lei nº. 13.772, de 11Dez2000, e o Decreto nº 43.778, de
de inquéritos e processos, dentre outras. O cadas- 12Abr2004, e que se fundamenta na análise, qualitativa

20
e quantitativa, no tempo e no espaço, das informações Por meio do tridígito 181, o cidadão entra em contato
produzidas no âmbito do Sistema Integrado de Defesa com a central telefônica DDU/181 de forma anônima e
Social. faz denúncias relativas a diversos tipos de eventos de de-
O CINDS é a Unidade do SIDS responsável pela aná- fesa social. Um grupo de teleatendentes, especificamen-
lise criminal e de sinistro de todo o ciclo de informações, te treinados na coleta dessas informações, faz o registro
desde o registro do fato até a execução da pena ou solu- dos dados em um sistema de informação desenvolvido
ção do sinistro. Destina-se a análise, qualitativa e quan- para o funcionamento do serviço.
titativa, no tempo e no espaço, das informações produ- Os princípios que regem o Disque-Denúncia Unifica-
zidas no âmbito do Sistema Integrado de Defesa Social. do são:
O CINDS abrange todas as bases de dados, de forma a) resguardo absoluto e incondicional do anonimato
a permitir o cruzamento das diversas variáveis que pos- do cidadão que oferecer denúncia de crime ou si-
sam, de alguma forma, facilitar os trabalhos de: nistro;
a) prevenção e investigação criminal; b) sigilo das informações referentes ao conteúdo das
b) natureza processual; denúncias anônimas e dos procedimentos decor-
c) cumprimento de medidas socioeducativas; rentes;
d) execução penal; c) preservação da imagem e honra dos servidores,
e) prevenção de sinistros; funcionários, denunciantes e denunciados;
f) proteção, socorro e salvamento. d) integração de ações e informações de defesa so-
cial.
De acordo com a Resolução 54/2008, compete ao
CINDS planejar, organizar, coordenar, supervisionar e Constituem objetivos do DDU:
executar estudos, pesquisas e trabalhos de natureza es- - padronizar e disciplinar os procedimentos a serem
tatística com vistas a retratar de forma fiel os eventos de adotados para a utilização do sistema de captação
segurança pública e de defesa social no estado de Minas e gestão de informações, criando-se uma rotina
Gerais, por meio do exercício das seguintes atribuições: básica para o atendimento aos cidadãos denun-
- elaborar estatística e análise qualitativa e quantitati- ciantes;
va das informações armazenadas nas bases de dados - disciplinar e dinamizar o recebimento, triagem e
do Sistema Integrado de Defesa Social e de outros sis- encaminhamento correto das denúncias recebidas,
temas de interesse da segurança pública, observada a regulando-se as atribuições dos setores envolvidos;
competência e autonomia dos órgãos envolvidos; - estabelecer orientações para a criação de mecanis-
- definir e estimular a utilização apropriada de mé-
mos de controle da demanda, providências adota-
todos estatísticos e indicadores para avaliação da
das e avaliação dos resultados obtidos mediante o
segurança pública no Estado;
aproveitamento ótimo das informações de segu-
- gerenciar o Armazém de Informações do Sistema de
rança pública;
Defesa Social;
- estabelecer uma política adequada de segurança
- propor e realizar treinamento de usuários na área de
e sigilo da autoria e do conteúdo das denúncias
estatística e análise criminal e de sinistros;
apresentadas pelos cidadãos;
- assessorar e colaborar com os setores de estatística
das instituições que compõem o Sistema Integra- - aumentar a capacidade da Polícia Militar em iden-
do de Defesa Social; tificar os diversos problemas de segurança pública
- subsidiar os órgãos e unidades de planejamento do que afligem a sociedade e, por derivação, promo-
Governo do Estado, com vistas ao estabelecimen- ver a paz social;
to, manutenção, potencialização e priorização de - oferecer aos integrantes da PMMG, nos diversos
políticas públicas, programas e projetos na área de níveis, os parâmetros necessários para a correta
segurança pública e defesa social; captação e gestão das denúncias anônimas, com a
- atender as demandas estatísticas dos órgãos de defesa social ulterior avaliação dos resultados obtidos;
e dos gestores estratégicos do Sistema de Defesa Social; - envolver a sociedade, rechaçando a tese da inexo-
- realizar auditoria nos registros de informação e ado- rabilidade do crime e reforçando a ideia de que a
tar medidas para garantia da qualidade dos dados; sua participação, através da denúncia, pode contri-
- realizar a gestão de todo o fluxo de informações do buir decisivamente para a diminuição dos índices
Sistema Integrado de Defesa Social, desde o regis- de criminalidade no Estado, e, principalmente, na
tro de ocorrências policiais e de bombeiro até o sua comunidade;
processo e execução penal, identificando eventu- - estimular toda a sociedade ao engajamento no
ais pontos de estrangulamento que comprometam combate ao crime, como responsabilidade de to-
DOUTRINA OPERACIONAL

a eficácia e a eficiência dos órgãos de defesa social. dos e não apenas da Polícia Militar;
- criar mecanismos para proporcionar à população
Disque-Denúncia Unificado (DDU) um meio eficaz e seguro de comunicação com a
Polícia Militar, garantindo-lhe o anonimato e a cer-
O Disque-Denúncia Unificado (DDU), criado por inter- teza do encaminhamento adequado a cada caso;
médio do Decreto n. 44633, de 10 de outubro de 2007, - permitir à Polícia Militar tomar medidas eficazes de
constitui-se de uma central única, cujas finalidades são segurança pública, decorrentes de informações
a recepção, o processamento e a resposta às denúncias oportunas e procedentes prestadas pela popula-
anônimas relativas à violência, à criminalidade e sinistros. ção sobre a atividade criminosa no Estado.

21
O processo de trabalho no disque-denúncia se dá conforme demonstrado no fluxo a seguir:

Figura 06 - Processo de trabalho do Disque-Denúncia Unificado

Fonte: Diretoria de Inteligência da PMMG.

As informações coletadas a partir do DDU são processadas e encaminhadas às Instituições do Sistema de Defesa
Social para cumprimento de ações decorrentes. Na PMMG, a Diretoria de Inteligência – Agência Central do SIPOM – é a
responsável pela gestão das informações recebidas, procedendo a análise prévia, controle das averiguações e inserção
dos resultados alcançados no sistema DDU. Esse sistema também é concebido como uma ferramenta de apoio à ativi-
dade de Inteligência possibilitando a ampliação da captação de informações em subsídio às ações policiais.
As denúncias recebidas no DDU são analisadas com vistas a identificação de quais UEOp são responsáveis pela ação
e conhecimento do fato.
As denúncias referentes a crimes comuns são encaminhadas para as UEOp da área para ação. Às Unidades que
realizam o Policiamento Especializado, de Meio Ambiente e de Trânsito caberá o apoio, quando necessário, ficando a
cargo do comando da UEOp da área dos fatos, via P2, a solicitação de tal auxílio. Tais Unidades receberão as denúncias
para conhecimento.
Ao SIPOM ficará a responsabilidade de controle de todas as denúncias, tanto para ação quanto para conhecimento.
As denúncias encaminhadas ao SIPOM para ação deverão ser meticulosamente estudadas, para fins de realização
de Inteligência de Segurança Pública, com vistas a assessorar o policiamento ostensivo na realização de prisões em
flagrante delito, operações preventivas e emprego deste em áreas de risco.
Caberá à Corregedoria de Polícia Militar (CPM) a gestão de informações oriundas do DDU sobre possível desvio de
conduta de policiais militares, ficando a cargo da AE/CPM a análise, difusão as UEOp envolvidas, elaboração de estatís-
ticas e assessoramento ao Corregedor sobre os casos de ação imediata para atuação do órgão corregedor.
As agências de inteligência das Unidades operacionais devem funcionar como um centro de recebimento, coorde-
nação, controle e distribuição das denúncias, objetivando o alcance de resultados de interesse da segurança pública.
A análise quantitativa e qualitativa das denúncias, por parte dos profissionais de inteligência alocados nas agências
de inteligência das Unidades, deve proporcionar medidas adequadas e eficientes na obtenção de resultados concretos,
seja pelo agente de inteligência, seja pelo policiamento operacional, mantendo-se assim, um nível satisfatório do sis-
tema disque-denúncia junto à comunidade.
A efetividade desse controle se verifica na medida em que há acompanhamento de providências adotadas e resulta-
dos obtidos em relação às denúncias recebidas. Este mecanismo de controle interno facilitará a produção de relatórios
estatísticos e atualização de dados nas denúncias em aberto no sistema.

Relacionamento em nível municipal/local

Atendendo-se aos preceitos de visão sistêmica da defesa social, é fundamental que no trabalho de polícia ostensiva,
ocorra a integração em nível local entre a Unidade/fração PM e os demais órgãos ou entidades relacionadas à segu-
rança pública e defesa social, principalmente as guardas municipais.
DOUTRINA OPERACIONAL

Atuações de forma compartilhada, operações conjuntas, realização de reuniões e visitas periódicas, respeito e con-
vivência institucional são práticas recomendadas no relacionamento do militar e das frações com as organizações
públicas locais, mormente as integrantes do Sistema de Defesa Social.
É oportuno ressaltar que o poder de polícia inerente à administração pública, em qualquer esfera de governo, está
presente nos diversos órgãos que a integram, e seu exercício, observada a legalidade do ato, deve ser garantido pela
Polícia Militar, conforme sua missão constitucional.
A sociedade terá maiores benefícios com a perfeita integração entre a Polícia Militar e as demais entidades a serviço
do público local, pois se evita a dispersão de esforços. Não interessa a competição, e sim, a convergência dos esforços
para o bem estar público, com agilidade e excelência, por intermédio de parceria e cooperação.

22
Os comandantes, nos diversos níveis, como autên- Em que pese as guardas municipais não terem subor-
ticos representantes da Instituição em cada localidade, dinação ou vinculação à PMMG, pode a Corporação, a
devem se conscientizar disso e procurar estabelecer re- título de colaboração, auxiliá-los nas suas atividades in-
lações profissionais com as inúmeras autoridades locais ternas e externas quando solicitado, dentro das respecti-
com atuação na defesa social. vas atribuições previstas em Lei.
Este relacionamento, contudo, não deve tolher-lhes a
liberdade de ação, nem levá-los a algum tipo de subordi- Prevenção Ativa
nação ou servilismo, envolvimento em atividades estra-
nhas à missão da Polícia Militar ou contrárias aos interes- A prevenção ativa consiste no desenvolvimento de
ses coletivos. O emprego do policiamento ostensivo não ações e operações visando ao provimento de serviços
pode estar subordinado a órgãos estranhos à estrutura públicos de segurança à população, destinadas à pre-
da Polícia Militar e nem deve atuar de acordo com as venção da criminalidade, planejadas com a participação
vontades pessoais de seus representantes, se contrários dos representantes do município, do Estado ou da Fede-
ao interesse público. A impessoalidade e a moralidade ração, ou com lideranças e representante das comunida-
são importantes postulados inerentes à atividade policial. des, realizadas segundo uma política púbica específica,
Especificamente quanto às guardas municipais, estas sob a coordenação direta de policiais militares, especial-
foram concebidas na Constituição Federal, sendo-lhes mente profissionalizados em Polícia Comunitária, Direi-
atribuídas as seguintes atividades: tos Humanos ou Prevenção ao Uso e Tráfico de Drogas.
a) promover a vigilância dos logradouros públicos Para o desenvolvimento da prevenção ativa na PMMG,
municipais, realizando segurança preventiva diur- foi criado na estrutura administrativa das Unidades de
na e noturna; Execução Operacional, até nível Cia PM Ind, o Núcleo de
b) promover a vigilância dos prédios públicos do mu- Prevenção Ativa (NPA), incumbido de centralizar esforços
nicípio; destinados ao desenvolvimento das diretrizes da Corpo-
c) promover a fiscalização da utilização adequada dos ração, em Polícia Comunitária, Direitos Humanos e Pre-
parques, jardins, praças e outros bens de domínio venção ao Uso e Tráfico de Drogas.
público, pertencentes ao município, evitando sua São características essenciais da prevenção ativa na
depredação; PMMG:
d) promover a vigilância das áreas de preservação do pa- a) proteção integral: é o ideal de garantia de direitos e
trimônio natural e cultural do Município, bem como a satisfação de todas as necessidades das crianças
preservar mananciais e a defesa da fauna e da flora;
e adolescentes, não só no que se refere ao aspec-
e) colaborar com a fiscalização da Prefeitura na apli-
to penal do ato praticado pelo menor ou contra o
cação da legislação relativa ao exercício do poder
menor, mas, também, em relação a seus direitos
de polícia administrativa do Município;
à vida, educação, saúde, convivência, lazer e liber-
f) coordenar suas atividades com as ações do Esta-
dade3;
do, no sentido de oferecer e obter colaboração na
b) fundamentação metodológica (objetividade in-
segurança pública e outras de interesse comum,
trínseca): toda ação realizada pelo NPA deve
mediante convênio.
possuir um propósito definido, que contenha, de
As guardas municipais são corpos de segurança vin- forma explícita, objetivo, estratégia(s), meta(s) e
culados funcional e juridicamente ao Poder Executivo responsável(eis);
Municipal, a quem cabe deliberar sobre sua criação e c) vinculação a uma política pública específica (obje-
doutrina de emprego. tividade extrínseca): cada ação de prevenção ativa
A Lei 13022, de 08 de agosto de 2014, que estipula o deve ser decorrente de uma política pública de al-
Estatuto Geral das Guardas Municipais, ampliou a com- cance, federal, estadual ou municipal, preferencial-
petência das Guardas municipais e assim estabelece, em mente focada no âmbito local, a fim de que atinja
seus incisos XIII e IV do art. 5º: seu público-alvo dentro de uma perspectiva maior,
Art. 5o - São competências específicas das guardas que extrapole a Polícia Militar e pressuponha o en-
municipais, respeitadas as competências dos órgãos fe- volvimento com outros órgãos e entidades ligados
derais e estaduais: XIII- garantir o atendimento de ocor- ao problema detectado ou a ser prevenido pelo
rências emergenciais, ou prestá-lo direta e imediatamen- Núcleo;
te quando deparar-se com elas; XIV - encaminhar ao de- d) transversalidade: todas as ações dos NPA voltadas
legado de polícia, diante de flagrante delito, o autor da para o público externo devem consistir em estra-
infração, preservando o local do crime, quando possível tégias que objetivem a prevenção do delito pelo
e sempre que necessário. maior número possível de enfoques, como o edu-
DOUTRINA OPERACIONAL

Em Minas Gerais, alguns municípios optaram por im- cacional, o operacional e o sociológico. Nesse sen-
plantá-las, o que deve ser visto com naturalidade pela tido, os planejamentos dos NPA devem possibilitar
PMMG. Não há que se considerar a guarda municipal a interação entre suas pastas, o uso compartilha-
como um órgão concorrente, mas sim, como um aliado do das informações respectivas e a realização de
no trabalho de prevenção criminal e preservação da or- eventos que perpassem as temáticas de Direitos
dem pública. Por outro lado, é necessário destacar que Humanos e Polícia Comunitária;
a PMMG não abrirá mão de suas atribuições constitu- e) profissionalização: os integrantes do NPA devem
cionais e, portanto, não terceirizará suas competências a possuir pendor para a atividade de relacionamen-
esses órgãos. to interpessoal e serão alvo de políticas específicas

23
de capacitação pelo Comando-Geral, voltadas ao bilitando gerar economia e eficiência no emprego dos
aprimoramento de habilidades nesse sentido; recursos humanos, logísticos e financeiros; e o mais im-
f) cientificidade: as ações do NPA devem basear-se portante nesse processo deve ser a satisfação do cidadão
em dados científicos, como o Índice de Criminali- por meio da redução do medo do crime e o aumento da
dade, o Índice de Criminalidade Violenta, o Índice segurança, tanto subjetiva quanto objetiva.
de Desenvolvimento Humano, bem como outros
dados disponibilizados por instituições de pesqui- Policiamento Orientado pela Inteligência de Segu-
sa (IBGE, Fundação João Pinheiro, CRISP/UFMG, rança Pública
IPEA, etc.) ou em diagnósticos sobre o status da
criminalidade no espaço de aplicação da ação/es- O Policiamento Orientado pela ISP exige que o am-
tratégia, obtidos por meio da estatística e/ou do biente criminal seja, de fato, interpretado pela Inteligên-
geoprocessamento; cia e que os gestores sejam plenamente assessorados
g) mobilização social: todo o trabalho de prevenção e tenham habilidades para identificar estratégias para
ativa deve ter como essência a participação comu- reduzir a criminalidade e a violência. Observa-se que a
nitária, assim compreendido o envolvimento de Inteligência, dado a sua abrangência, pode potencializar
CONSEP, Redes de Proteção Preventiva, clubes de os serviços da polícia, otimizando a sua atuação opera-
serviço, escolas, lideranças religiosas e outros par- cional, com economia de meios e redução da prática da
ceiros; polícia reativa.
h) continuidade: a prevenção ativa é trabalho de cons- Daí, o SIPOM trata-se de um sistema eficiente e efi-
trução gradativa de um ambiente de tranquilidade caz, com vistas à institucionalização do conceito de Polí-
pública, no universo de sua aplicação (aglomerado cia Orientada pela ISP.
urbano, grupo de cidadãos selecionados de acor-
do com propensão à vitimização etc.) e difere de Prevenção e repressão qualificadas
ações pontuais de repressão imediata, tradicional-
mente, realizadas por meio de operações policiais Define-se a prevenção e repressão qualificadas como
militares. Pressupõe, por isso, uma contínua obser- um conjunto de medidas adotadas por órgãos policiais
vância da relação causa-efeito e a sequência dos com o objetivo de prevenir e/ou reprimir crimes de for-
programas preventivos, ainda que diante de mu- ma pontual, mediante utilização da análise criminal e da
danças de comando, em todos os níveis. Inteligência de Segurança Pública na produção de co-
nhecimentos, visando resultados pontuais de contenção
As orientações para a execução e otimização da pre- e redução da criminalidade.
venção ativa em todas as UEOp, bem como a estrutura Dessa forma, a repressão qualificada dos delitos deve
e funcionamento do NPA, são detalhadas em normas es- ser precedida por ações integradas da análise criminal
pecíficas. e da análise de inteligência. A primeira, prioritariamen-
te, tem por objetivo avaliar as informações espaciais e
Inteligência de Segurança Pública temporais, normalmente decorrentes das consequências
do ato delitivo. A análise de inteligência busca agregar
Dentro do escopo institucional, a PMMG realiza a qualidade aos dados quantitativos pelo processamento
investigação da criminalidade (investigação policial pre- metódico e sistemático dos dados e informações, com
ventiva), função típica da polícia preventiva, por meio das vistas a identificar as causas, atores, vinculações criminais
agências do Sistema de Inteligência da Polícia Militar (SI- e fatores conexos, complementando a análise criminal,
POM), no intuito de orientar e subsidiar o lançamento do possibilitando a produção de conhecimentos prospecti-
efetivo policial no teatro de operações. vos que levarão a adoções de medidas e decisões menos
Nesse raciocínio, a Inteligência de Segurança Públi- subjetivas e mais científicas.
ca (ISP) tem por finalidade coletar e buscar dados, que, Nesse entendimento, a investigação da criminalidade
após análise e interpretação, são transformados em in- ou investigação policial-preventiva, por meio da análise
formações e conhecimentos estratégicos, táticos e ope- criminal e da Polícia Orientada pela Inteligência da Segu-
racionais. Visa antecipar a eclosão de delitos e orientar o rança Pública, move-se na direção de produzir conheci-
planejamento para emprego de seu efetivo e meios com mentos que permitam orientar a Corporação no plane-
cientificidade, possibilitando a prevenção e repressão jamento e emprego de seu efetivo com maior eficiência
qualificadas da criminalidade. e eficácia. Ressalta-se que ela não deve ser confundida
com a investigação criminal, própria da polícia judiciária
Atividade de Inteligência de Segurança Pública e voltada para apuração dos delitos.
DOUTRINA OPERACIONAL

A Atividade de ISP é a responsável pelo processamen- Sistema de Inteligência da Polícia Militar (SIPOM)
to metódico e sistemático de informações, e trata-se de
uma estratégia para potencializar os serviços da PMMG, A finalidade das agências do SIPOM é manter o fluxo
possibilitando decisões científicas, aliada tanto à Polícia de informações e conhecimentos de segurança pública
Comunitária quanto a Polícia Orientada para Solução dentro da Corporação, com vistas a antecipar, em tese, a
de Problemas. A ISP pode organizar e processar infor- criminalidade e a violência, e qualificar as ações do poli-
mações capazes de subsidiar a prevenção e a repressão ciamento ostensivo preventivo e repressivo.
qualificadas, maximizando os serviços da polícia, possi-

24
Os produtos do SIPOM precisam ser totalmente Policiamento Velado
aproveitados nas ações e operações policiais. Sua difu-
são deve ser oportuna e o conteúdo amplo e preciso, o O Policiamento (PV) é uma técnica policial militar,
que possibilitará identificar e detectar situações e elencar cuja atividade está voltada para a preservação da ordem
fatores capazes de neutralizar ações criminosas. Logo, pública, possuindo características, variáveis e princípios
serão úteis para uma tomada de uma decisão efetiva, ge- próprios. Desenvolve-se por meio de ações ou operações
rando, portanto, confiança aos seus usuários. de caráter preventivo/repressivo, mediante planejamen-
Nesse sentido, além de avaliar tendências e tentar to prévio, em determinado espaço físico, coletando da-
descrever a realidade, os produtos de inteligência visam dos que se transformarão em subsídios básicos.
também antecipar eventos cruciais, tanto fornecendo A atuação do PV não pode se confundir com a inves-
alertas avançados quanto contribuindo para a formula- tigação criminal, afeta à Polícia Judiciária, pois sua missão
ção de políticas, planos operacionais e projetos de se- é prevenir, evitando a prática de delitos, efetuando pri-
gurança pública. Ou seja, a estratégia de Inteligência na sões em flagrante, quando necessário.
PMMG concentra-se principalmente na busca/coleta, As orientações para a execução do policiamento velado,
produção e difusão de informações e conhecimentos de vinculação técnica-operacional, formas de controle, dentre ou-
segurança pública amplos, precisos e oportunos – que tras, serão detalhadas em norma específica a cargo do SIPOM.
possam gerar resultados eficientes e eficazes – e pela
transparência dos procedimentos relativos à atividade. Emprego de policial feminina
Assim, haverá anuência do valor e da imprescindibilidade
da ISP para a potencialização da polícia preventiva, apro- O emprego de policial feminina na PMMG ocorrerá
ximando-a do seu usuário e contribuindo para a legitimi- de forma isonômica ao emprego do policial masculino.
dade da atividade de Inteligência. Isto possibilitará a sua
habitualização, objetificação e sedimentação. ESTRUTURA ORGANIZACIONAL
Para bem cumprir o exposto, o SIPOM organiza-se da
seguinte forma: Estrutura
a) Nível estratégico:
- Agência de Inteligência Estratégica (AIE): Seção Estra- A PMMG estrutura-se em três níveis decisórios: di-
tégica de Inteligência do Estado-Maior (EMPM-2); reção geral, direção intermediária, e nível de execução.
Quanto à natureza das atividades, estrutura-se em ati-
b) Nível tático: vidade meio e atividade fim. Tal estruturação pode ser
- Agência Central (AC): Diretoria de Inteligência (DInt); observada conforme a figura abaixo:
- Agência Regional (AR): Região de Polícia Militar
(RPM);
- Agência Regional Especializada (ARE): Comando de
Policiamento Especializado (CPE);

c) Nível operacional:
- Agência de Área (AA): Batalhão de Polícia Militar
(BPM) e Companhia Independente de Polícia Mi-
litar (Cia PM Ind);
- Agência Especial (AE): Unidades Especializadas;
- Subagências de Inteligência (SI): Companhias de Po-
lícia Militar (Cia
PM); Figura 07 – Estrutura Organizacional da PMMG.
- Núcleos de Agências (NA): Pelotões de Polícia Mili-
tar (Pel PM);
- Núcleo Especial de Busca (NEB): constituído pelo O nível de Direção Geral, ou Estratégico, é composto
Comandante-Geral e instaladas/coordenadas pela pelo ComandoGeral, Estado-Maior, Assessorias e Audi-
DINT, em qualquer parte do Estado, para missões toria Setorial.
especiais, quando a situação exigir; O nível de Direção Intermediária, ou Tático, é compos-
- Núcleo Regional de Busca (NRB): estrutura de In- to, na área da atividade-fim, pelas RPM e pelo Comando
teligência que pode, excepcionalmente, ser cons- de Policiamento Especializado (CPE); e na atividade-meio
tituída e instalada pelo Comandante da RPM, em pelas Diretorias, Corregedoria (CPM) e Academia de Po-
DOUTRINA OPERACIONAL

qualquer parte da respectiva região, envolvendo lícia Militar (APM).


recursos de mais de uma unidade operacional, num Quanto ao nível de Execução, ou Operacional, é com-
período de até 30 (trinta) dias, com ciência prévia posto, na área da atividade-fim, pelas UEOp, que podem
à DInt, cujo prazo pode ser prorrogado, mediante ser Batalhões, Regimento de Cavalaria e Companhias In-
avaliação da situação. Os NRB serão preponderan- dependentes. Os Batalhões/Regimento serão articulados
temente operacionais e dissolvidos tão logo cum- em Companhias/Esquadrões, Grupamentos, Pelotões,
pram a missão para a qual foram constituídos. Grupos/Destacamentos e Subgrupos/ Subdestacamen-
tos, e receberão missões específicas, a serem definidas
nos respectivos Planos de Emprego Operacional.

25
Na atividade-meio, as unidades de execução serão os A cadeia de comando é o conjunto de escalões e ca-
centros, unidades escolares (Colégios Tiradentes) e HPM. nais de comando, por intermédio dos quais as ações de
A estruturação das Unidades da PMMG por área geo- comando são exercidas verticalmente, no sentido ascen-
gráfica, em atenção ao princípio da responsabilidade ter- dente e descendente.
ritorial, ocorre nos níveis tático e operacional, exceção Os escalões de comando são os diferentes níveis de
feita ao Comando de Policiamento Especializado e suas comando, em estrutura escalar (vertical ou hierárquica),
unidades subordinadas. que compõem a organização.
O CPE e suas Unidades subordinadas não possuem Os canais de comando são os caminhos por onde
responsabilidade territorial e poderão ser empregados fluem as ordens e orientações do comando superior, no
em todo o território do Estado, em apoio ou recobrimen- sentido descendente, e as respostas e informações no
to às demais UEOp, com exceção ao BPMRv e a Cia PM sentido ascendente.
MAmb, que possuem como área de responsabilidade a A não observação da cadeia de comando traz graves
RMBH, e o BPGd, cuja área de atuação está limitada à 1ª prejuízos ao processo decisório gerando, em última ins-
RPM. tância, a ineficiência e ineficácia da prestação do serviço
As Unidades que têm como atribuição a atividade- de segurança pública.
-meio são responsáveis pelo apoio e assessoramento Quanto às autoridades, pode-se dizer que existem 03
técnico para que os serviços destinados à sociedade se- (três) tipos na PMMG:
jam desenvolvidos com efetividade. Ou seja, seus usuá- a) a primeira é a autoridade de linha ou hierárquica,
rios são os policiais militares e as UEOp. que possui o poder de comandamento e discipli-
nar sobre os órgãos subordinados;
Processo decisório b) a segunda é a autoridade técnica ou funcional, que
emite orientações normativas em seu campo de
Tipos de decisões atividade específica;
c) a terceira é a autoridade de estado-maior ou asses-
a) Decisões de nível estratégico: são aquelas geral- soria, que, por intermédio de estudos pertinentes,
mente executadas com uma visão mais mediata, propõe soluções às autoridades de linha e técnica,
isto é, com maior lapso temporal e, dada à sua na- nas áreas de planejamento e gestão estratégica.
tureza e seu grau de importância para a organiza-
ção, representam um impacto mais amplo, profun- A Figura abaixo apresenta a cadeia de comando e as
do e duradouro. Na PMMG, em nível de direção autoridades organizacionais.
geral (estratégico), são formuladas as políticas e
diretrizes gerais do emprego da Instituição, no que Figura 08 - Cadeia de Comando e Autoridades Or-
se refere aos recursos humanos, logísticos, ativida- ganizacionais.
de de inteligência, emprego operacional, comuni-
cação organizacional, controle orçamentário, arti-
culação e gestão. São decisões que geram reflexos
em médio e longo prazo.
b) Decisões de nível tático: esse nível tem como fun-
ção básica traduzir as decisões estratégicas em
ações efetivas a serem implementadas pelos mais
diversos setores da organização. Assim, o nível de
direção intermediária ou tático apresenta decisões
relacionadas ao processo de como executar as or-
dens emanadas pelo nível estratégico. Seus refle-
xos são geralmente observados em médio e curto
prazo.
c) Decisões de nível operacional: nesse nível, os es-
forços são direcionados para cada processo ou
projeto da organização. São aplicadas em setores
específicos e apresentam impactos limitados. Na
PMMG, as decisões do nível de execução ou ope-
racional estão diretamente relacionadas à execu- O sistema operacional da PMMG
ção e desenvolvimento dos serviços. Tais decisões,
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via de regra, geram reflexos em curto prazo. Para atender com eficiência as inúmeras demandas
de serviço, é necessário que toda a estrutura interna da
Cadeia de comando e autoridades organizacionais PMMG atue de forma coordenada e alinhada aos objeti-
vos institucionais.
A hierarquia e disciplina, pilares da organização poli- A PMMG deve ser vista como um sistema global,
cial militar, são exercidas pela observância aos postos e composto por níveis e estruturas de comando e de res-
graduações, à cadeia de comando e às autoridades or- ponsabilidade técnica que devem se articular de forma
ganizacionais. harmônica, respeitando-se a estrutura de comando e
autoridades organizacionais (de linha, técnica e de as-

26
sessoria). Cada setor deve ajustar seus planejamentos e Modelo territorial
metas, com o máximo de aproveitamento da estrutura,
dos processos e sistemas internos, convergindo para a Consiste na divisão do estado de Minas Gerais em
melhor prestação de serviços. espaços geográficos denominados regiões, áreas, subá-
O sistema operacional da PMMG é compreendido reas, setores e subsetores, de responsabilidade de RPM,
desde as Seções do EMPM, que prestam assessoria, pas- Batalhões, Companhias Independentes, Companhias,
sando pelas UDI que exercem comandamento ou au- Pelotões e Grupos PM, podendo estes se desdobrar em
toridade técnica, chegando às UEOp e demais frações, Subgrupos.
envolvendo ainda todos militares que estão na ponta da O modelo de articulação territorial tem como princí-
linha, em plena atividade operacional. pios inspiradores uma maior proximidade aos cidadãos, a
O funcionamento harmônico deste sistema permite a descentralização dos serviços policiais e a modernização
fluidez das informações e ordens, a agilidade dos proces- dos serviços relacionados com a atenção ao público. Ar-
sos, a precisão dos planejamentos e estratégias, e conse- ticulado em respostas autossuficientes e multifuncionais,
quentemente, a eficiência da Instituição. deverá permitir, utilizando critérios de descentralização,
a adequação entre o serviço policial e as necessidades
Articulação operacional de segurança que surgem nos respectivos espaços geo-
gráficos.
Observar-se-á sempre o pressuposto da responsabili-
dade territorial, que é o princípio pelo qual os Comandos Contornos do modelo territorial
Regionais, de Unidades e de frações de execução opera-
cional, a partir de uma delimitação geográfica pré-defi- Caracteriza-se por desenvolver atividades de pre-
nida, são responsáveis pela execução das atividades de venção e repressão imediata em matéria de delinquên-
polícia ostensiva em seus esforços iniciais. cia sobre um espaço territorial concreto, cuidando das
Este princípio impõe aos comandantes territoriais respostas às demandas da comunidade, sejam elas de
constante acompanhamento do fenômeno criminal, atri- que ordem for, mormente, as que causarem insistentes
buindo-lhes, em grau sucessivo, a responsabilidade pe- clamores populares e estiverem relacionadas a infra-
rante o escalão imediatamente superior, de prestar infor- ções penais. Desenvolve ainda tarefas operacionais que
mações, anúncios e, em caso de rompimento da malha excedem o âmbito das atividades ordinárias, tais como
protetora, solicitar apoio ou recobrimento. o policiamento propriamente dito de zonas quentes de
Na política de integração de áreas geográficas (AISP), criminalidade, de eventos, de locais de risco, dentre ou-
o princípio da responsabilidade territorial está atrelado a tros, cuidando das tarefas convencionais, no campo da
uma correspondência com outros atores do Sistema de dissuasão, executando o Policiamento Ostensivo Geral,
Defesa Social. mas em perfeita consonância e de forma complementar.
Não se descura, entretanto, que a função policial As informações analíticas para guiar as duas formas
comporta três dimensões: social, jurídica e sistema de de atuação deverão ser originadas nas Unidades de Exe-
ação, cujo recurso essencial é a utilização da força. Daí cução Operacional, que obrigatoriamente terão em sua
decorre que a atividade policial se recubra de uma com- estrutura um setor de análise criminal. Este modelo res-
plexidade natural quanto a sua execução. Essas três di- ponderá pelas atividades de segurança preventiva, sem,
mensões conduzem a uma fragmentação das atividades contudo, se descurar da repressão sistemática ao crime
policiais em atividades de preservação da ordem, de pre- organizado. As atuações no campo da repressão qualifi-
venção e repressão criminal e de polícia ostensiva. As ati- cada por unidades territoriais serão calcadas na prepara-
vidades de prevenção e repressão criminal sugerem uma ção, contenção, isolamento, estabilização, verbalização,
divisão em policiamento preventivo e policiamento com- atuando como primeiras interventoras em ocorrências
plexo, conducente a uma remodelação das estratégias e típicas de Unidades especializadas.
da organização das respostas ao fenômeno criminal e à O Policiamento Ostensivo Geral é a atividade de
violência. maior expressão na PMMG, pois proporciona um con-
Com a finalidade de configurar uma resposta espe- tato diuturno com as comunidades. É o responsável pela
cificamente adaptada ao conteúdo das demandas, con- prevenção criminal e pela intervenção rápida, oportuna e
templam-se dois modelos operacionais diferenciados: de qualidade nos pequenos conflitos sociais, em razão da
o Territorial, com foco na prevenção criminal, baseado sua presença real e potencial em toda parte do território
na proximidade e interação comunitária, atendendo aos mineiro, percebida e visualizada de relance pelo unifor-
pressupostos e filosofia da Polícia Comunitária; e o Su- me, apetrechos e armamentos utilizados pelos policiais
praterritorial (recobrimento), sustentado na especializa- militares empregados nos diversos tipos e processos de
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ção, nas respostas a fenômenos criminais ou violentos ou policiamento, sejam eles a pé, em bicicletas, em veículos
potencialmente violentos que exijam respostas estraté- motorizados de duas rodas (motocicletas) ou de quatro
gicas e altamente qualificadas, quer seja por sua dimen- rodas.
são, repercussão ou complexidade. Tanto um quanto o No modelo territorial são levadas a efeito as ativida-
outro pode levar a cabo atividades nas três dimensões, des de polícia ostensiva e de segurança, de polícia de
assim como desenvolver ações no campo da prevenção preservação da ordem e de prevenção criminal. Dentro
e repressão. A materialização destes conceitos revela-se da atividade de prevenção criminal é responsável pelo
nestes modelos convencionados, cujos limites, âmbitos e policiamento preventivo, com ações e medidas tenden-
contornos são a seguir explicitados. tes a evitar ou a interromper a possibilidade ou a decisão

27
de cometer um delito e impedir a realização de fatos ou atos que impliquem num delito, bem como a reprimir, de
forma imediata, um ato delitivo em desenvolvimento, evitando a produção de consequências posteriores e garantindo,
eventualmente, a responsabilização dos supostos delinquentes. Poderá executar atividades de repressão ordinária ao
crime organizado.
Na atividade de preservação da ordem, é responsável por garantir os movimentos sociais e pelo controle de distúr-
bios civis. A dimensão e duração dos eventos podem ensejar o acionamento das Unidades especializadas.
Na atividade de polícia ostensiva e de segurança, é responsável pelo policiamento de pontos sensíveis, de zonas
quentes, de áreas comerciais, de patrulhamento zonificado e direcionado, de rádio atendimento, enfim, de todas aque-
las atividades que não se enquadrem nas demais modalidades.
Por fim, ressalta-se, a intervenção policial é classificada em três níveis, quais sejam:
a) intervenção de nível 1: adotada nas situações de assistência e orientação;
b) intervenção de nível 2: adotada nas situações em que haja a necessidade de verificação preventiva;
c) intervenção de nível 3: adotada nas situações de fundada suspeita ou certeza do cometimento de delito, carac-
terizando ações repressivas.

A pormenorização dos procedimentos relativos à intervenção policial é estabelecida em normas específicas.

Estrutura básica das Unidades do modelo territorial

Conforme citado anteriormente, no modelo territorial a PMMG se estrutura em Regiões, Batalhões, Companhias In-
dependentes, em nível de Unidade, e Companhias, Pelotões, Grupos/Destacamentos e Subgrupos/Subdestacamentos,
que representam o esforço ordinário de policiamento ostensivo, de acordo com as características do território sob sua
responsabilidade, conforme quadro a seguir:

Quadro 01 – Unidade/fração X Responsabilidade territorial

Além do esforço ordinário, as Unidades de área possuirão, em sua estrutura básica, um primeiro esforço de re-
cobrimento, representado, no caso dos Batalhões, por Companhias Tático Móvel. Nas Companhias Independentes, o
primeiro esforço será representado por um Pelotão Tático Móvel.
As companhias Tático Móvel atuarão nas atividades de recobrimento em toda a área do Batalhão ao qual estiverem
subordinadas e, da mesma forma, os Pelotões Tático Móvel exercerão tais atividades nas áreas das Companhias Inde-
pendentes, compondo o Policiamento Ostensivo Geral.
A estrutura de primeiro esforço de recobrimento poderá ser adequada de acordo com a realidade das UEOp.

Modelo supraterritorial (recobrimento)

Este modelo visa à atuação em ocorrências complexas ou potencialmente violentas, ou que por sua dimensão ou
repercussão extrapolem a capacidade de atuação do policiamento ordinário. Sustenta-se nos princípios da qualificação
especial como condição necessária para a realização das tarefas.
A organização operacional neste modelo configura-se em três níveis de recobrimento:
a) o primeiro esforço de recobrimento, que se situa nos Batalhões e Cias PM Ind, sendo representado pelas Com-
panhias e Pelotões Tático Móvel;
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b) o segundo esforço de recobrimento, que se situa nas RPM, representado pelos Batalhões de Policiamento Espe-
cializado (BPE) e pelas Companhias PM Independentes de Policiamento Especializado (Cias PM Ind PE);
c) o terceiro esforço de recobrimento, num âmbito territorial mais amplo, abrigando ainda as atividades de policia-
mento complexo, sendo representado por Unidades do Comando de Policiamento Especializado (CPE).

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Quadro 02 – Níveis de recobrimento da PMMG

Contornos do modelo

A conformação e o desdobramento das UEOp de recobrimento, relativas às aludidas modalidades criminais, deriva-
rão do conjunto de problemáticas delitivas específicas existentes nas regiões.
Os BPE e as Cias PM Ind PE, cujas siglas extinguem e substituem o BME e Cias MEsp, serão diretamente subordi-
nados às RPM, constituindo-se em força de manobra dos Comandantes Regionais. Possuirão vinculação técnica ao
CPE, para fins de padronização da doutrina de emprego, assim como as demais frações PM que possuírem plantel de
semoventes.
Em face das questões geográficas da Região Metropolitana de Belo Horizonte, com vários municípios conurbados,
o CPE poderá atuar em 3º esforço de recobrimento na 2ª e 3ª RPM independentemente de autorização do Comando-
Geral.

Estrutura básica das Unidades do modelo supraterritorial

Os BPE e as Cias PM Ind PE possuirão como serviços básicos o Grupo Especializado em Recobrimento (GER4) e o
Policiamento de Choque, além de uma Equipe de Negociadores, subordinada à Cia ou Pelotão de Choque, composta
por 02 (dois) militares possuidores do Curso de Negociação e 01 (um) militar auxiliar (Anotador).
Para a criação de fração de Operações Especiais deverão ser observados os seguintes requisitos:
a) O município sede de BPE deverá ser possuidor de população igual ou superior a seiscentos mil habitantes;
b) Ser sede de CORPAer;
c) Os Oficiais e Praças que atuam na área operacional da Unidade, possuírem o Curso de Operações Especiais – CO-
Esp reconhecidos pela Polícia Militar de Minas Gerais;
d) Possuir efetivo e equipamentos necessários aos serviços de Time de Gerenciamento de Crises e Comando de
Operações em Mananciais e Áreas de Florestas. Exceção se faz à obrigatoriedade da Equipe Antibombas em face
do elevado custo dos equipamentos e necessidade de cursos específicos na área.
e) parecer favorável do CPE após verificação in loco da estrutura a ser criada, conforme critérios listados anterior-
mente.

Na 1ª RPM não haverá BPE ou Cia PM Ind PE, em virtude da existência, na Capital, do Comando de Policiamento Es-
pecializado e suas Unidades especializadas, que realizarão, nesse caso, os segundo e terceiro esforços de recobrimento
em Belo Horizonte.

Policiamento de Meio Ambiente e de Trânsito

O Policiamento de Meio Ambiente e de Trânsito são atividades orientadas e reguladas por legislação especial e,
desta forma, desenvolvem ações diferenciadas em relação aos procedimentos administrativos e criminais, conforme
detalhado a seguir.

Policiamento de Meio Ambiente


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O policiamento de meio ambiente tem por atribuição o policiamento ostensivo, em áreas urbanas e rurais, com
finalidade de prevenir delitos, detectar e reprimir infrações administrativas e crimes contra o meio ambiente, a fim de
diminuir índices de degradação da natureza, em busca da melhoria da qualidade de vida da população.
A Polícia Militar, constitucionalmente incumbida do policiamento de meio ambiente, conforme prescreve o art. 142,
inciso I, da Constituição do Estado de Minas Gerais e, sendo órgão integrante do Sistema Estadual de Meio Ambiente,
por força da Lei Estadual nº 21.972, de 21 de janeiro de 2016, necessita manter em seus quadros efetivo devidamente
capacitado para atuar e fazer frente às demandas de segurança pública ligadas às questões afetas aos crimes e infra-
ções ao meio ambiente.

29
Ressalta-se que a atuação administrativa dependerá Na 1ª RPM, o Policiamento de Trânsito Urbano será
da celebração de convênios com órgãos do Sistema Na- realizado pelo BPTran, prioritariamente no centro e gran-
cional do Meio Ambiente (SISNAMA) e do Sistema Esta- des corredores de Belo Horizonte, conforme capacidade
dual de Meio Ambiente (SISEMA). operacional e demandas apresentadas. No entanto, não
Na RMBH, o policiamento de meio ambiente será há impedimento para que as demais Unidades da 1ª RPM
executado pela Cia PM MAmb, subordinada ao CPE e, realizem, quando possível, em face da disponibilidade de
nas RPM do interior, pelas Cias PM Ind MAT, subordina- efetivo e também eventualmente, ações relacionadas a
das aos respectivos Comandos Regionais. fiscalização e segurança no trânsito, por meio do Policia-
O detalhamento das atribuições do policiamento de mento Ostensivo Geral.
meio ambiente serão definidas em Diretriz específica. Nas demais sedes de RPM, o policiamento de trânsito
urbano será executado pelas UEOp, podendo ser criados
Policiamento de Trânsito nas Cias descentralizadas grupos para atuação no trân-
sito urbano.
Poderão ser criadas/estruturadas UEOp articuladas
O Código de Trânsito Brasileiro (CTB), instituído pela
em frações específicas para o policiamento de trânsito
Lei nº 9.503/97, estabelece as normas alusivas à sistemá-
urbano ou rodoviário, ou de forma articulada com fra-
tica de fiscalização de trânsito, principalmente por inter-
ções de policiamento de meio ambiente ou do POG.
médio da definição do artigo 23 (das Polícias Militares O detalhamento das atribuições do policiamento de
dos Estados e do Distrito Federal), conforme se vê: trânsito, urbano ou rodoviário, serão definidos em Dire-
Art. 23. Compete às Polícias Militares dos Estados e do triz específica.
Distrito Federal: [...]
III - executar a fiscalização de trânsito, quando e con- Critérios e procedimentos para alterações na arti-
forme convênio firmado, como agente do órgão ou culação operacional
entidade executivos de trânsito ou executivos rodo-
viários, concomitantemente com os demais agentes Qualquer alteração na articulação operacional da
credenciados. PMMG (criação, elevação ou extinção de Unidades ou
frações) é privativa do Comandante-Geral, sendo for-
Pelas normas do CTB, compete aos órgãos e entida- malizada por meio de Resoluções, mediante assessoria
des executivos de trânsito dos municípios, no âmbito de técnica do EMPM. Excetua-se somente a ativação e de-
sua circunscrição, dentre outras atribuições, executar a sativação de subdestacamentos em distritos e povoados,
fiscalização de trânsito, autuar e aplicar as medidas ad- o que pode ser implementado pelos Comandos Regio-
ministrativas cabíveis, por infrações de circulação, esta- nais após o respectivo estudo de situação, exigindo-se
cionamento e parada previstas no CTB, no exercício re- somente a comunicação formal ao EMPM.
gular do Poder de Polícia de Trânsito. O EMPM manterá constante monitoramento para
Compete ainda aos municípios e aos órgãos e entida- detectar necessidades de alterações na estrutura opera-
des executivos rodoviários dos Estados fiscalizar, autuar e cional da PMMG. Caso haja, por parte das UDI e UEOp,
aplicar as penalidades e medidas administrativas cabíveis a percepção da necessidade quanto a alterações na es-
relativas a infrações por excesso de peso, dimensões e trutura organizacional, deverão reportar-se ao EMPM,
lotação dos veículos, bem como notificar e arrecadar as encaminhando estudo de situação, com a motivação,
multas que aplicar. desdobramentos e o respectivo parecer.
Verifica-se a tendência do legislador à municipaliza-
Variáveis de policiamento ostensivo
ção do trânsito, sendo que o exercício das atribuições
executivas do município, previsto no CTB, dependerá de
São critérios pré-definidos, que permitem a identifi-
sua integração ao Sistema Nacional de Trânsito.
cação e padronização terminológica das principais varia-
A competência da Polícia Militar relativa ao trânsito ções do policiamento ostensivo a cargo da PMMG.
consiste em executar o policiamento ostensivo de trân- A correta identificação das variáveis do policiamen-
sito, visando a fiscalização quando e conforme convênio to, bem como a conjugação por intermédio de esforços
firmado, como agente do órgão ou entidade executivos operacionais, favorece a sistematização para o planeja-
de trânsito ou executivos rodoviários, concomitante- mento de ações e operações, e assim, a criação e oferta
mente com os demais agentes credenciados. Tem por de serviços de segurança pública à população.
finalidade prevenir e reprimir infrações administrativas e Permite ainda a construção de indicadores de crimi-
crimes de trânsito, evitar acidentes, assegurar a fluidez e nalidade ou de gestão policial, facilitando o controle e acom-
a livre circulação de veículos e pedestres, propiciando se- panhamento quanto ao atendimento às demandas impostas
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gurança e conforto aos usuários das vias urbanas e rurais. pela dinâmica do fenômeno criminal às Unidades da PMMG.
A atuação administrativa no policiamento de trânsito, Nesse contexto, aponta-se as seguintes variáveis:
nos diversos logradouros públicos, rodovias estaduais e
federais delegadas, se dá mediante a celebração de con- Quanto ao tipo
vênios com os órgãos do Sistema Nacional de Trânsito
(SNT) que possuam circunscrição sobre a via. São qualificadoras relacionadas ao escopo das ações
Na RMBH, o policiamento de trânsito rodoviário será e operações policiais, conforme legislação específica
executado pelo BPMRv, subordinado ao CPE e, nas de- a ser empregada, ambiente de atuação e, os principais
mais RPM, pelas respectivas Cias PM Ind MAT. bens jurídicos tutelados. Podem ser:

30
a) Policiamento Ostensivo Geral (POG): tipo de poli- Serviços de segurança pública
ciamento que visa satisfazer as necessidades basi-
lares de segurança da sociedade, por intermédio Para o alcance da sua missão, a PMMG coloca à dis-
da presença real e potencial do policial militar, em posição dos cidadãos um rol de serviços que são resul-
contínuo contato com a comunidade. Contempla o tados de estudos e experiências alcançados ao longo da
esforço ordinário e o 1º esforço de recobrimento. evolução desta bissecular Instituição.
b) Policiamento Especializado: tipo de policiamento A execução desses serviços junto à comunidade re-
voltado para a atuação em eventos de vulto e re- quer ações norteadas pelo emprego lógico e racional
cobrimento em ocorrências de maior complexida- dos recursos humanos e logísticos, com cientificidade,
de, que por sua dimensão ou repercussão extrapo- qualidade e precisão.
lem a capacidade de atuação do POG. Contempla Vale ressaltar também a necessidade de treinamen-
o 2º e 3º esforços de recobrimento. to hábil do recurso humano, fundamentado no acervo
c) Policiamento de Meio Ambiente: tipo específico de doutrinário da Corporação, aliado ao planejamento es-
policiamento ostensivo que visa a preservação da merado para o emprego do policiamento, alcançando
fauna, ictiofauna dos recursos florestais, hídricos assim maiores níveis de eficiência e eficácia pautadas na
e minerais, contra qualquer ação degradadora ou prevenção e repressão qualificadas.
potencialmente poluidora, exercida em desacordo Os serviços de segurança pública da PMMG serão lis-
com as normas legais. É realizado em cooperação tados e detalhados no Portfólio de Serviços, que constitui
com órgãos competentes, federais ou estaduais, a relação de todos os serviços e variantes operacionais
mediante convênio. previamente validados pelo Comando da Instituição, a
d) Policiamento de Trânsito: tipo específico policia- fim de serem executados para o cumprimento da missão
mento executado mediante convênio em vias ur- institucional.
banas abertas à livre circulação, rodovias estaduais Os serviços serão ativados conforme a exigência ope-
e rodovias federais delegadas, visando disciplinar o racional apresentada pelo cenário de segurança pública
público no cumprimento e no respeito às regras e em cada localidade, devendo, para tanto, serem observa-
normas de trânsito, estabelecidas por órgão com- dos os seguintes fundamentos condicionantes:
petente, de acordo com o Código de Trânsito Bra- Ênfase na prevenção: os serviços devem ser norteados
sileiro e demais documentos legais pertinentes. por ações preventivas que aproximem a Instituição da
comunidade.
Conforme a localização e destinação, as UEOp pode- Coerência: o serviço deve permitir atender uma de-
rão executar mais de um tipo de policiamento, mas de-
manda específica por segurança pública, em consonân-
ve-se buscar a especificidade das ações na produção de
cia com o interesse do público de bem e apropriado ao
serviços, delineando-se tais atribuições na missão prin-
espaço territorial a que se destina.
cipal e secundária. Entretanto, essa busca tipológica não
Racionalidade: a ativação de um serviço deve possibi-
afasta a Polícia Militar do princípio da universalidade.
litar sustentabilidade e eficácia no emprego dos recursos
humanos e logísticos disponíveis na Unidade de Execu-
Quanto à modalidade
ção Operacional.
a) patrulhamento: atividade móvel de observação, Cientificidade: a inclusão ou supressão de um serviço
fiscalização, reconhecimento, proteção ou mesmo deve ser precedida de estudo de situação específico, ins-
de emprego de força, desempenhada pelo PM no truído com diagnósticos técnicos, científicos, de análise
posto; criminal e de Inteligência de Segurança Pública, com a
b) permanência: atividade predominantemente está- devida validação do Estado-Maior da Polícia Militar.
tica de observação, fiscalização, reconhecimento, Ostensividade: a escolha dos serviços deve permitir
proteção, emprego de força ou custódia desempe- eficiência operacional, redução da criminalidade, visibili-
nhada pelo PM no posto; dade, presença e aproximação com a comunidade.
c) escolta: atividade destinada à custódia de pessoas Sinergia: a conjugação dos serviços deve permitir sin-
e/ou bens, de forma dinâmica ou estática; cronia e interação operacional e, ainda, não pode reduzir
d) diligência: atividade que compreende busca, cap- ou inviabilizar a eficácia de outro já em execução.
tura ou apreensão de pessoas, animais ou coisas e Oportuno destacar que os serviços operacionais efe-
resgate de vítimas. tivados em todos os níveis da estrutura organizacional
da Corporação devem ser alicerçados na coordenação e
Quanto à circunstância de emprego controle, a fim de harmonizar as atividades e conjugar os
esforços, permitindo o acompanhamento “in loco” por
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a) ordinária: emprego rotineiro dos meios operacio- todos os que exercem comando, chefia ou direção, asse-
nais, em obediência a um plano sistemático, que gurando o recebimento, a compreensão e o cumprimen-
contém as escalas de prioridade; to das decisões do escalão superior e, ainda, identifican-
b) extraordinária: emprego eventual e temporário de do e corrigindo os desvios.
meios operacionais, em face de acontecimento im- Dessa forma, buscando a padronização dos serviços,
previsto, que exige remanejamento de recursos; está proibida a implementação de serviços não relacio-
c) especial: emprego temporário de meios operacio- nados no rol taxativo do Portfólio de Serviços, sem que
nais, em eventos previsíveis que exijam esforço es- o serviço a ser criado seja apresentado ao EMPM atra-
pecífico. vés de projeto e passe pela elaboração de estudos e ex-

31
perimentações, sob supervisão e acompanhamento do As UEOp e suas frações devem ter claramente identi-
EMPM. Caso sejam validados, os serviços serão aprova- ficada a sua missão no contexto do sistema operacional
dos e acrescidos ao Portfólio, permitindo assim sua pa- da PMMG, o que constará nos respectivos Planos de Em-
dronização e difusão para toda a PMMG. prego Operacional (PLEMOP).
Os Comandos Regionais e o CPE deverão exercer a
EMPREGO OPERACIONAL coordenação do planejamento para a definição da mis-
são de cada UEOp subordinada, atentando para o princí-
Esforços operacionais – Malha Protetora pio da responsabilidade territorial e para as necessidades
e possibilidades de recobrimento.
O conceito de malha protetora, instituído na PMMG No detalhamento do PLEMOP deverá constar de for-
na década de 1980, ainda é bastante atual e aplicável, ma expressa e inequívoca a missão principal, ou seja,
sendo baseado na ocupação de espaços vazios para pre- aquela para qual a Unidade foi concebida e preparada,
venção ao delito. Pode-se dizer que tal conceito é uma em termos de recursos e treinamento. Também deverá
evolução dos modelos territorial e supraterritorial, con- ser definida a missão secundária, em que, eventual ou
sistindo na definição de esforços de policiamento de for- excepcionalmente, tal Unidade possa ser empregada, de
ma escalonada e sucessiva, a partir da célula básica do forma suplementar ou em apoio.
policiamento preventivo, como esforço ordinário, obede- Para as UEOp de recobrimento, consideradas forças
cendo ao princípio da responsabilidade territorial, até a de reação do Comando-Geral, a missão principal será
utilização de esforços e Unidades de recobrimento, para sempre vinculada à possibilidade de atendimento a de-
fazer face às eventuais situações de crise ou elevação de- mandas específicas em todo o território do Estado.
masiada da criminalidade em determinados locais.
Dentro do conceito de malha protetora, são aponta- Regiões de Polícia Militar (RPM)
dos 05 (cinco) níveis de atuação:
a) esforço ordinário: ocupação preventiva ou de re- São as UDI responsáveis pelas atividades de polícia
pressão imediata dos espaços de responsabilida- ostensiva e pela implementação das políticas e diretrizes
de territorial pelos esforços da célula básica (Cia, operacionais do Comando-Geral nos respectivos espa-
Pelotão/Setor, GPM e SubGPM), por meio de seu ços territoriais de responsabilidade. O município-sede,
efetivo a pé, em bicicletas e motorizado, com vistas o espaço geográfico de responsabilidade e a articulação
a criar um clima de segurança objetiva e subjetiva operacional das RPM constarão em documento específi-
nas comunidades ou restabelecer a ordem pública;
co da PMMG.
b) 1º esforço de recobrimento: verificando-se as vul-
Compete ao comandante de RPM:
nerabilidades após o esforço ordinário, a UEOp em-
a) implementar as diretrizes de polícia ostensiva nas
prega a força tática disponível (Cia ou Pel TM ) como
respectivas regiões, contemplando, com as adap-
forma de recobrir e intensificar o policiamento lan-
tações necessárias, os pressupostos da polícia por
çado, realizando ações e operações setorizadas;
resultados;
c) 2º esforço de recobrimento: persistindo as vulnerabilida-
b) elaborar o planejamento regional para emprego
des, a UEOp passa a contar com o apoio da Unidade de
recobrimento do nível tático (BPE ou Cia PM Ind PE). As operacional, a ser atualizado anualmente, reme-
RPM que não possuem Unidade destinada ao segun- tendo-o à Chefia do EMPM para apreciação;
do esforço de recobrimento poderão solicitar apoio às c) estabelecer as diretrizes e coordenar a elaboração
RPM vizinhas que forem dotadas de tais Unidades; dos PLEMOP das Unidades subordinadas;
d) 3º esforço de recobrimento: trata-se do penúltimo d) exercer a coordenação e controle da atividade-fim,
esforço, sendo realizado por meio do emprego de conforme diretrizes;
Unidades específicas do CPE, conforme a nature- e) incentivar e apoiar a iniciativa e a criatividade no
za, a intensidade dos fatos e as necessidades do exercício da atividade de policia ostensiva dos co-
comando com responsabilidade territorial (RPM), mandos subordinados;
para enfrentamento da criminalidade organizada. f) normatizar os procedimentos operacionais, de for-
É realizado pelas seguintes Unidades: ROTAM, BP- ma a obter ações padronizadas e otimizadas, por
CHQ, BOPE, Btl RPAer, RCAT e Cia PM Ind P Cães. intermédio de planejamento constante, treina-
e) Força-Tarefa Estratégica: emprego de esforço espe- mento, reuniões periódicas e outros congêneres à
cífico para fazer frente a situações de grave pertur- disposição;
bação da ordem ou eventos de grande repercussão g) por intermédio de seus estados-maiores, deverão
(nacional ou internacional) em que há necessidade realizar, permanentemente, pesquisas sobre as-
do envolvimento direto do Comando-Geral. A Força- suntos profissionais de interesse, por iniciativa ou
DOUTRINA OPERACIONAL

-Tarefa terá uma estrutura de comando própria, su- por solicitação das Unidades subordinadas, visan-
bordinada diretamente ao Comandante-Geral. do a apoiar e aliviar os escalões subordinados, bem
como dar-lhes maiores condições de operaciona-
Missão específica das Unidades e frações lidade.

A atividade de polícia ostensiva comporta variáveis As seções do estado-maior das RPM deverão man-
diversas e, conforme a realidade local das comunidades, ter estreita ligação com as seções correlatas dos escalões
o serviço a ser prestado pode sofrer conformações, con- subordinados e superiores, atuando em sinergia no siste-
tudo, sem desviar-se da missão institucional da PMMG. ma operacional da PMMG, visando à constante troca de

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informações, ao controle, à orientação, à padronização rodoviário, meio ambiente, guardas, choque, pa-
de ações e ao detalhamento, em nível regional e local, trulhamento aéreo, operações especiais, policia-
da doutrina de pessoal, inteligência, operações, ensino, mento especializado, etc);
treinamento, logística e comunicação organizacional. b) Companhias Independentes: Cia PM Independente
A competência operacional e administrativa das RPM ou Cias PM Independentes especializadas em vir-
não exclui a das Diretorias, para fins de supervisão técni- tude de missão específica (meio ambiente e trânsi-
ca e orientação normativa das demais atividades de pla- to rodoviário, policiamento especializado, policia-
nejamento, direção, coordenação e controle inerentes a mento com cães, etc).
seu campo de atuação.
Unidades especializadas que compõem o 3º esfor-
Comando de Policiamento Especializado (CPE) ço de recobrimento

É a UDI responsável pela coordenação, controle e São Unidades subordinadas ao Comando de Policia-
emprego das UEOp especializadas em todo o estado de mento Especializado (CPE) destinadas a atuar em casos
Minas Gerais, possuindo as seguintes atribuições: de graves perturbações da ordem, em ocorrências que
a) coordenação das Unidades especializadas com extrapolem a capacidade de atendimento pelas UEOp/
sede na capital, bem como as frações PM descen- RPM ou exijam o emprego de técnicas especiais.
tralizadas do Btl RpAer; Tais Unidades, que são consideradas forças de reação
b) coordenação técnica dos BPE e das Cias PM Ind do ComandoGeral, são dotadas com recursos materiais
PE de todo o Estado, devendo realizar supervisões específicos (viaturas, armamento, equipamentos, semo-
técnicas regularmente em tais Unidades. ventes e apetrechos) compatíveis com a missão, além
c) seleção de militares que servirão no Batalhão de de efetivo com treinamento especializado. Desenvolvem
Operações Policiais Especiais (BOPE), com base no ações/operações táticas e de recobrimento nas situações
perfil necessário para o profissional da área; emergentes no campo da segurança pública em todo o
d) acompanhamento e desenvolvimento de treina- território mineiro, mediante acionamento do Comandan-
mentos específicos em operações especiais, ne- te-Geral ou Chefe do EMPM. O emprego ordinário das
gociação, gerenciamento de crise e controle de citadas Unidades será definido pelo Comandante do CPE.
distúrbios civis; São consideradas forças de reação do Comando-Ge-
e) formação de comandantes de aeronaves e opera-
ral as seguintes Unidades:
ções aéreas, e de tripulantes operacionais de ae-
- Batalhão ROTAM (Btl ROTAM);
ronaves;
- Batalhão de Polícia de Choque (BPCHQ);
f) controle dos voos das aeronaves de asas rotativas e
- Batalhão de Radiopatrulhamento Aéreo (Btl RpAer);
asas fixas da PMMG.
- Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE);
- Regimento de Cavalaria Alferes Tiradentes (RCAT);
Ao CPE estão diretamente subordinadas as seguintes
- Companhia PM Independente de Policiamento com
Unidades, sediadas na capital:
- Batalhão de Rondas Táticas Metropolitanas (Btl RO- Cães (Cia PM Ind P Cães).
TAM);
- Batalhão de Polícia de Choque (BPCHQ); Para o emprego operacional destas Unidades, serão
- Batalhão de Radiopatrulhamento Aéreo (Btl RpAer); observados os parâmetros descritos a seguir.
- Batalhão de Polícia de Guardas (BPGd);
- Batalhão de Polícia Militar Rodoviária (BPMRv); Batalhão ROTAM
- Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE);
- Regimento de Cavalaria Alferes Tiradentes (RCAT); Tem como missão principal o enfrentamento da cri-
- Companhia PM Independente de Policiamento com minalidade violenta de forma suplementar a atuação das
Cães (Cia PM Ind P Cães); UEOp de área da RMBH, cobrir zonas quentes de crimi-
- Companhia de Polícia Militar de Meio Ambiente (Cia nalidade não ocupadas ou reforçar locais críticos, com a
PM MAmb). utilização de viaturas de 02 (duas) e 04 (quatro) rodas.
A Unidade é dotada de recursos materiais específicos
Unidades de Execução Operacional (UEOp) (viatura e fardamento diferenciados, armamento, equi-
pamentos e apetrechos) compatíveis com a missão. Está
As UEOp são diretamente responsáveis pelo plane- em condições de emprego em todo o Estado, tendo por
jamento e execução dos serviços de polícia ostensiva objetivo o cumprimento de missões específicas, visando
oferecidos pela PMMG à coletividade no seu espaço ter- à repressão qualificada, como:
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ritorial, em observância ao princípio da responsabilidade - captura de presos de alta periculosidade;


territorial, ou de sua competência técnica específica. De- - operações de choque e controle de distúrbio;
vem, ainda, exercer a coordenação e controle das ativida- - cobertura a oficiais de justiça em reintegração de
des, respondendo ao comando imediatamente superior posse;
(nível intermediário). As Unidades de Execução Operacio- - combate ao crime organizado e criminalidade vio-
nal poderão ser: lenta;
a) Batalhões: Batalhões de Polícia Militar (BPM), Re- - atuar como primeiro interventor em incidentes crí-
gimento de Cavalaria ou Batalhões especializados ticos;
em virtude de missão específica (trânsito urbano e - realização de escoltas especiais.

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Batalhão de Polícia de Choque (BPCHQ) em ações e operações, traslado e escolta de autoridade,
transporte de vítimas, transporte de tropa, transporte de
Trata-se de Unidade especializada para execução de armamentos e equipamentos, contenção de infratores,
atividades de restauração da ordem pública. Está ECD acompanhamento, interceptação, cerco e bloqueio de
para emprego em todo o Estado, promovendo constante pessoas e veículos em fuga, varredura em matas, flores-
treinamento de sua tropa com vistas à atuação preventi- tas e terrenos baldios, identificação de pontos sensíveis,
va e/ou repressiva, nos locais e áreas com incidência de levantamento de dados, auxílio na identificação de alter-
perturbação da ordem, cabendo-lhe como missão prin- nativas de vias de redistribuição de tráfego, dentre outras
cipal a atuação nas operações de: ações em apoio às equipes em solo.
- controle de distúrbios; As aeronaves podem ainda ser empregadas nas áreas
- ocupação, defesa e retomada de pontos sensíveis; de meio ambiente e defesa civil, por meio de atividades
- intervenção em conflitos relativos à posse e ao uso de fiscalização ambiental, combate a incêndio florestal,
de terras e imóveis rurais e urbanos; sobrevoos de reconhecimento e avaliação, levantamento
- repressão à rebelião e motins em presídios. de pontos críticos e pontos seguros, resgates de pessoas,
transporte de vítimas e socorristas, intervenção direta,
Como missão secundária, realizará o policiamento os- dentre outras atividades de defesa social.
tensivo geral em shows artísticos, eventos desportivos, O Btl RpAer possui sua sede em Belo Horizonte e, de
festas religiosas e similares de grande porte, e, em 2º e acordo com a necessidade, devidamente comprovada,
3º esforços, no recobrimento de ZQC e locais críticos na em estudo de situação, poderá propor a criação de Com-
RMBH. panhias de Radiopatrulhamento Aéreo (CORPAer) em
cidades-pólo no interior do Estado. Contudo, estas per-
Regimento de Cavalaria Alferes Tiradentes (RCAT) manecerão subordinadas administrativa e tecnicamente
ao Btl RpAer, com vinculação operacional ao Comando
O emprego ordinário dos recursos do RCAT ocorrerá Regional onde estará sediada.
por intermédio da atuação preventiva em áreas comer- O emprego operacional do Btl RpAer e a desconcen-
ciais e no acompanhamento de atividades que exijam a tração de suas subunidades deverão seguir o critério de
presença objetiva de tal modalidade de policiamento. atendimento às macrorregiões do Estado, da seguinte
Poderá ser empregado em missões específicas, na forma:
capital ou interior, que indiquem a conveniência de utili- - Macrorregião Central: capital, RMBH e demais cida-
zação do policiamento montado em circunstâncias espe- des do interior do Estado que não estiverem agre-
ciais ou extraordinárias, atuando como tropa de choque gadas a outras macrorregiões;
em atividades de restauração da ordem pública. - Macrorregião do Vale do Aço, Rio Doce, Vale do Je-
Atuará ainda em missões específicas onde haja gran- quitinhonha e Mucuri;
de concentração de público em geral, causando impacto - Macrorregião do Triângulo Mineiro e Noroeste;
de segurança objetiva e subjetiva, devido ao efeito psico- - Macrorregião da Zona da Mata;
lógico causado pelo porte e mobilidade do animal, bem - Macrorregião do Sul de Minas;
como no policiamento em eventos esportivos, locais - Macrorregião do Norte de Minas.
abertos, zona rural, shows e outros eventos de grande
concentração popular. Em caso de necessidade de emprego de aeronave
fora da RPM de atuação, a alocação ocorrerá mediante
Batalhão de Radiopatrulhamento Aéreo (Btl RPAer) autorização do EMPM e coordenação do CPE.
O emprego de aeronaves em voos diurnos e notur-
Unidade responsável pelo emprego de aeronaves de nos será objeto de planejamento específico que deverá
asas fixas (aviões) e rotativas (helicópteros) da PMMG. ser submetido à apreciação do CPE, com observância das
Executa o radiopatrulhamento aéreo rotineiro na RMBH normas, regulamentos e outras instruções da Agência
e nas cidades do interior, onde haja fração desconcen- Nacional de Aviação Civil (ANAC) ou correspondente.
trada. Desenvolve ações e operações programadas pelo Em situações de emergência, o acionamento do Btl
EMPM, sob coordenação do CPE, em todo o interior do RpAer para atuação em qualquer parte do Estado poderá
Estado. ser feito por meio de contato direto do comandante da
A Unidade executará o emprego de aeronaves em fração PM com o CICOp, sendo o empenho precedido
apoio ao policiamento ostensivo geral, de trânsito urba- de análise da situação e verificação da necessidade pelo
no e rodoviário; em incidentes críticos; na cobertura de Comandante do CPE. Logo que possível, o responsável
eventos artísticos e desportivos; no controle de distúr- pelo acionamento deverá restabelecer a cadeia de co-
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bios civis, movimentos sociais e rebeliões em casas de mando, comunicando a necessidade do acionamento a
custódia de detentos; cumprimento de mandados; ope- seu comando imediato.
rações de reintegração de posse e combate ao crime or-
ganizado; além do apoio institucional na esfera Federal, Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE)
Estadual e Municipal.
Nessas modalidades de atuação, as aeronaves pode- O BOPE, anteriormente denominado de GATE, atua
rão ser utilizadas no monitoramento preventivo em zonas em operações específicas que extrapolem a capacidade
quentes de criminalidade, intervenção direta, coordena- de atendimento rotineiro do policiamento ordinário, em
ção, controle, segurança da força policial empregada apoio às UEOp. Também atuará nas ações/operações de

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caráter repressivo, em todo o estado de Minas Gerais, Em situações de normalidade, os cães também po-
após terem sido esgotados todos os meios disponíveis derão ser empregados nas seguintes atividades,
para a solução da ocorrência, tais como: mediante aprovação do CPE:
- negociação policial em incidentes críticos (reféns, - atividades lúdicas, em eventos sociais;
suicidas armados e movimentos sociais urbanos - policiamento em eventos esportivos;
ou rurais); - policiamento em grandes eventos, cuja estrutura e
- resgate de pessoas que se encontrem como reféns análise de risco ultrapassem a capacidade de res-
ou vítimas de perpetradores de incidentes críticos; posta das Unidades com responsabilidade territo-
- salvamento de cidadãos que estejam portando armas rial;
e se encontrem em tentativa de autoextermínio; - buscas e operações policiais em estabelecimen-
- prisão de infratores armados que se encontrem bar- tos prisionais, em apoio a Unidades da PMMG ou
ricados; atendimento a solicitações de outras instituições
- localização e prisão de infratores que se encontrem que atuam na área de segurança pública ou defesa
em locais de difícil acesso, tais como matas e flo- civil.
restas;
- resgate de guarnições policiais que se encontrem Força-Tarefa Estratégica
em confrontos com infratores fortemente armados A força-tarefa é uma estrutura organizacional elabo-
no interior de aglomerados urbanos; rada especificamente para atender a situações que indi-
- desativação de artefatos explosivos improvisados e quem haver ponto(s) fraco(s) em uma estrutura rígida,
convencionais; tornando-a inapta a oferecer respostas adequadas em
- gestão de incidentes críticos que envolvam ameaças ocorrências de maior complexidade, ou que haja neces-
de bombas; sidade de envolvimento simultâneo de diversos esforços
- realização de vistorias antibombas em estádios de de defesa social.
futebol e locais de grandes eventos; É flexível, adaptável, dinâmica e participativa. Em
- retomada de estabelecimentos prisionais/interna- organizações de negócios, força-tarefa é uma forma
ção em situações de rebelião;
institucionalizada de equipe ou grupo que reúne
- proteção de autoridades e pessoas ameaçadas, con-
representantes de inúmeras unidades diferentes em uma
forme normas e legislação vigente;
base intensiva e flexível, em muitos casos para lidar com
- operações de contraterrorismo;
um problema temporário. As pessoas que participam
- outros eventos de maior complexidade, após análise
de uma força-tarefa trabalham dentro de um prazo
do CPE.
determinado e concentram sua energia e seu esforço na
concretização de uma meta específica. Dessa forma, a
A Unidade deverá estar em condições de aciona-
mento, diuturnamente, mantendo efetivo em regime de organização de força-tarefa é quase sempre bem sucedi-
prontidão no quartel. A tropa deverá estar treinada e pre- da ao dar saltos quânticos em áreas como o desenvolvi-
parada para ser reunida em curto espaço de tempo, uti- mento de novos produtos.
lizando-se os recursos disponíveis. Havendo necessidade Entretanto, o modelo de força-tarefa também tem
de atuação em qualquer localidade do Estado, o aciona- seus limites. Devido à sua natureza temporária, o novo
mento poderá ser feito diretamente pelo comandante da conhecimento ou know-how criado em equipes de
fração PM, via CICOp, após o devido crivo do CPE. força-tarefa não é transferido com facilidade a outros
membros da organização após a conclusão do projeto.
Companhia PM Independente de Policiamento Portanto, a força-tarefa não é adequada à exploração e
com Cães (Cia PM Ind P Cães) transferência do conhecimento de uma forma ampla e
contínua em toda a organização.
O emprego ordinário da Cia PM Ind P Cães ocorrerá Considerando tal deficiência, quando da atuação da
por meio de ações preventivas, visando manter a ordem Força-Tarefa Estratégica da PMMG, estes deverão do-
pública, mediante o emprego do policiamento com cães. cumentar as decisões tomadas nas situações fáticas en-
Deverá estar ECD para emprego em missões especí- frentadas, bem como o modus operandi utilizado nos
ficas, na capital ou interior, que indiquem a necessidade processos decisórios e os resultados obtidos, visando
de utilização do policiamento com cães em circunstân- subsidiar no estabelecimento e consolidação de doutrina
cias especiais ou extraordinárias, atuando em apoio à pertinente pelo Comando-Geral.
tropa de choque em atividades de restauração da ordem
publica. RECOMENDAÇÕES FINAIS
A Unidade possui cães de captura e cães farejadores
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de drogas e explosivos, que serão empregados nas se- As UDI desdobrarão esta DGEOp por meio dos Planos
guintes atividades: Regionais de Emprego Operacional.
- atividades de contenção (tropa de choque);
- ações/operações de combate ao crime organizado, As UEOp deverão manter atualizados os respectivos
visando localizar substâncias entorpecentes ilícitas; Planos de Emprego Operacional (PLEMOP), que devem
- vistorias e buscas antibombas sob a coordenação ser exequíveis e práticos.
do Esquadrão Antibombas do BOPE;
- localização de infratores homiziados ou que estejam Esta Diretriz deverá ser difundida a todas as Unidades
escondidos. e frações da PMMG.

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O EMPM adotará providências para incluir os assuntos desta DGEOp nos diversos concursos internos e na malha
curricular dos cursos de formação/especialização.

As mudanças na articulação e estrutura da PMMG, decorrentes desta Diretriz, deverão ser efetivadas, sob coorde-
nação do EMPM, em até 90 (noventa) dias após a publicação desta, aos quais se destacam:
a) as mudanças de nomenclatura de unidades;
b) extinção dos GATE e PMont no interior, com a respectiva classificação dos seus efetivos nas demais unidades das
suas respectivas RPM, bem como, o ajuste da carga de semoventes e demais equipamentos;
c) alteração na articulação operacional e DDQOD;

Revogam-se as disposições em contrário, em especial a DPSSP nº 01/2002-CG e a 1ª edição desta Diretriz, publicada
em setembro de 2010.

INSTRUÇÃO N.º 3.03.05/10-CG, DE 26/04/10 - REGULA A ATUAÇÃO OPERACIONAL DOS POLI-


CIAIS MILITARES LOTADOS NOS DESTACAMENTOS E SUBDESTACAMENTOS DA PMMG. (PU-
BLICADA NA SEPARATA DO BGPM Nº 40, DE 27/05/10).

INTRODUÇÃO

A importância de uma organização de serviços públicos pode ser avaliada por meio de vários critérios. Possivelmente
o mais significativo dentre eles seja a quantidade de Municípios e localidades nas quais o órgão avaliado preste servi-
ços. A Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) é um exemplo nesse sentido.
Essa lógica de identificação do valor social de órgãos com tão elevado alcance geográfico, pode ser utilizada para
notar o significado estratégico das menores representações da PMMG no território do Estado: os Destacamentos (Dst
PM) e Subdestacamentos PM (Sdst PM). Eles são a maioria das Frações da PMMG; têm uma responsabilidade territorial
básica na prevenção e reação contra o avanço da criminalidade para o interior do Estado, e atendem a quase metade
da população de Minas Gerais.

a) os Dst PM e Sdst PM são a maioria das Frações da PMMG:


Boa parte das principais rodovias que cortam o território de Minas Gerais passam por Municípios onde há sedes de
Dst PM e Sdst PM (Mapa 1). Isso faz com que, de um total de 853 Municípios, 553 (64,83% do total) sejam atendidos
pela Organização por meio de Dst PM e Sdst PM.
DOUTRINA OPERACIONAL

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Nos últimos anos, tem havido a melhoria dos acessos às pequenas cidades mineiras, com a pavimentação das es-
tradas e a perspectiva de integração de todos os 853 Municípios do Estado por vias asfaltadas. Isso aumenta o desafio
de os Dst PM e Sdst PM exercerem a responsabilidade territorial.

b) os Dst PM e Sdst PM têm uma responsabilidade territorial básica na prevenção e reação contra o avanço
da criminalidade para o interior do Estado:
A violência é um dos efeitos do aumento da criminalidade. Esta vem passando, desde o final da década de 1990, por
um processo de interiorização em todo o território brasileiro (VALIN, 2008), atingindo a maioria dos Municípios do país.
A melhoria das condições de acesso a todos os Municípios mineiros e os avanços sociais dela resultantes, aumen-
tam a possibilidade de que a incidência criminal atinja também os Municípios guarnecidos por Dst PM e Sdst PM.
Isso porque a atividade delitiva, especialmente de organizações criminosas, tem se utilizado da melhoria das vias de
transporte rodoviário e dos meios de comunicação, para estender o seu raio de atuação em direção a outras cidades,
para além das grandes metrópoles.
Esse cenário aumenta a responsabilidade dos policiais dos Dst PM e Sdst PM, no sentido de atuar para ajudar os Pel
PM, as Cias PM ou Cia PM Esp, as Cia PM Ind MAT, os BPM’s e as RPM’s a impedir que tais organizações espalhem suas
bases, pontos de apoio e o medo, principalmente nos municípios do interior do Estado de Minas Gerais.

MAPA 2 – Alcance geográfico do Projeto Cinturão de Segurança, num contraponto ao avanço da criminalidade para
o interior do Estado, uma parcela significativa dessas Frações veio sendo contemplada nos últimos anos, pelo Governo
do Estado, com um aumento de recursos logísticos e de pessoal, tendo em vista valorizar os policiais-militares dos Dst
PM e Sdst PM e lhes dar melhores condições de cumprir sua importante missão na defesa das divisas do Estado.

Além dos elevados investimentos das etapas anteriores desse projeto, foram mais de R$17.000.000,00 (dezessete milhões
de reais), na Fase III (2008), sob a forma de viaturas, armamentos, equipamentos e computadores, dentre outros itens.1
Minas Gerais faz divisas com os Estados da Bahia, Goiás, São Paulo, Rio de Janeiro de Espírito Santo. Essas Unida-
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des Federativas não estão retratadas no Mapa 1. Entretanto, conhecendo-se a localização desses entes federativos, é
possível deduzir que há uma concentração de Dst e Sdst PM da PMMG, nas divisas do Estado mineiro. O Mapa 2 torna
evidente que não só as cidades desses limites territoriais de Minas Gerais, mas também todas as outras do entorno do
Estado, foram beneficiadas por esse projeto.
Conforme visto no Mapa 1, os Dst PM e Sdst PM são o tipo de Fração PM que predomina no Estado, porque signi-
ficam, numericamente, a presença constante da PMMG em mais de 64,83% do território de Minas Gerais. Via de regra,
nas fronteiras de Minas Gerais com outros Estados, o que há são frações dessa espécie. Disso pode ser deduzido que
os policiais militares atuantes nos Municípios onde há sede dos Dst PM e Sdst PM, foram o principal público atendido
pela estratégia que está por trás desses investimentos.

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O contingente dessas Frações PM é muito importante do ponto de vista estratégico, e como tal devem ser valoriza-
dos, pois estão na linha de fronteira de Minas Gerais (além de em outros pontos do interior do Estado, segundo o Mapa
1). Assim, os Dst PM e Sdst PM têm uma responsabilidade territorial básica na prevenção e reação contra o avanço da
criminalidade para dentro do Estado.
Presentes nas divisas territoriais de Minas e em boa parte do território desta Unidade Federativa, esses policiais-mi-
litares têm um valor não só de primeira linha de defesa mineira, mas também de uma parcela expressiva da população
estadual, como se vê na alíne “c)”, a seguir.

c) os policiais militares dos Dst PM e Sdst PM provêem serviços de segurança pública a um em cada cinco
habitantes e em quase metade do território de Minas Gerais
De acordo com o que possível abstrair das estimativas do IBGE, para o ano de 2010, sobre a população de Minas
Gerais, mais de três milhões e meio de pessoas2 podem ser consideradas habitantes dos Municípios onde a PMMG
mantém Dst PM e Sdst PM.
Esse quantitativo de pessoas representa 17,7% da população do Estado. Portanto, tais Frações da Polícia Militar pro-
vêem diuturnamente serviços de segurança pública a quase 1/5 da população nesta Unidade da Federação. Isto equi-
vale a uma proporção alta, em termos de responsabilidade pelo provimento de serviços básicos de segurança pública,
atribuídos a Dst PM e Sdst PM: cerca de uma em cada cinco pessoas que residem em Municípios mineiros, é atendida
pela Organização por meio dos policiais militares lotados nessas Frações.
O espaço geográfico coberto por esses Municípios abrange uma área de 255.842,191 km², o que representa 43,62%
do território de Minas Gerais (586.528,29 km²). Assim, esses dois tipos de Fração da PMMG têm sob sua competência
direta o atendimento de ocorrências policiais em quase metade do espaço territorial do Estado.
O princípio que rege a atuação dos Dst PM e Sdst PM em todo o Estado é o da responsabilidade territorial.3 Isto
se dá por meio de dois outros princípios de emprego operacional: o da universalidade4 e o da malha protetora.5 Em
função disso, o policiamento de rotina, prestado pelo contingente desses dois tipos de Frações da Polícia Militar, exige
dos policiais militares atuantes nessas Frações, muita clareza em relação aos aspectos ligados ao seu desempenho
operacional. Esse contexto impõe aos militares estaduais a atuar mais preventivamente do que em reação a delitos, de
um modo compensatório ao fato de serem estatisticamente de baixa representatividade, no total do efetivo da PMMG,
como explicado a seguir.

d) os policiais militares dos Dst PM e Sdst PM necessitam ser “experts” em prevenção criminal
Conforme apresentado nas alíneas anteriores, os Dst PM e os Sdst PM são a maioria das Frações da PMMG (64,83%
dos 853 Municípios mineiros, além dos distritos); são a linha de fronteira predominante, em termos de tipo de repre-
sentação organizacional em cidades localizadas nas divisas de Minas Gerais com outros Estados; cuidam de 43,62% do
território mineiro e de 1/5 da população desta Unidade Federativa.
Em que pese tamanha responsabilidade territorial, apenas perto de 2.300 policiais militares atuam em Dst PM e Sdst
PM.6 Isto não seria um desafio operacional constante, caso esse contingente atuasse em uma só Unidade, porque esse
quantitativo de militares estaduais representa uma população superior a mais de trinta cidades mineiras.7
No entanto, o valor do trabalho realizado por esse efetivo é ainda maior, por pelo menos duas razões principais. O
primeiro motivo é que não atuam unificados, mas em Unidades de Execução Operacional (UEOp) nem sempre coinci-
dentes; a segunda explicação está em esse contingente atuar em grupos de cerca de sete a oito policiais militares em
cada Município/Distrito, conforme decisão padronizadora mínima, fixada em pelo Comando da Polícia Militar.
Isto significa que quase 20% da população do Estado é atendida por meio de serviços de segurança pública, em Dst
PM e Sdst PM, em um espaço geográfico que correspondente a um número próximo da metade do território de Minas
Gerais. Em conjunto, os militares estaduais da PMMG, nessas Frações, equivale a apenas 5,52% do efetivo operacional
da Organização (Gráfico 1).
O predomínio de cidades com baixos índices de criminalidade, nos Municípios e distritos onde há somente Dst PM
e Sdst PM, e a prática continuada dos princípios táticos da malha protetora e da responsabilidade territorial, pelas Uni-
dades às quais estão subordinados os Dst PM e Sdst PM, são fatores que ajudam a baixa representatividade estatística
do contingente lotado nessas Frações.
Porém, no cotidiano da vida desses entes federativos, a responsabilidade recai exatamente sobre os mencionados
5,52% da tropa das Unidades de Direção Intermediária (UDI’s) operacionais da PMMG. O Gráfico 1 permite visualizar
essa discrepância estatística.
DOUTRINA OPERACIONAL

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Esse percentual é ainda mais baixo, quando se considera o número de policiais militares lotados em Dst PM e Sdst
PM em Minas Gerais, comparado à quantidade de integrantes militares lotados em todas as Unidades da PMMG: 2.279
PM’s em um contingente de 46.166 (efetivo existente); aquele primeiro percentual reduz-se então então 4,93% do
efetivo total da Organização. Esses números indicam que cerca de 5% do efetivo da PMMG detém responsabilidade
para, diuturnamente, prover serviços de segurança pública a quase 20% da população de Minas Gerais, em 64,83% dos
Municípios mineiros, cobrindo uma extensão geográfica correspondente a quase 50% do território do Estado.
Sob esse paradigma, a tradição da PMMG tem implicado no sacrifício maior de uma minoria, em termos de impacto
sobre a vida particular e familiar, pois o princípio da responsabilidade territorial via de regra cria uma diferença expressiva,
em termos do quanto os integrantes dos Dst PM e Sdst PM ficam mais submetidos a obrigações como residir no Município
onde trabalham, necessitar de autorização para deslocar-se para outros locais, mesmo em horário de folga e receber recur-
sos logísticos e humanos somente após supridas as necessidades das Unidades localizadas nos grandes centros.
Esta Instrução visa corrigir isto, assegurando o reequilíbrio de tratamento entre os policiais militares dos Dst PM e
Sdst PM, perante os outros 94,48% da tropa operacional da PMMG, ao mesmo tempo em que busca instrumentalizar
aquele contingente, em termos da prática de sua capacidade funcional básica: a prevenção criminal.
Assim, este documento possui seis objetivos, sendo um geral e cinco específicos.

OBJETIVOS

Geral
Regular o emprego operacional dos policiais-militares lotados nos Dst e SDst da Polícia Militar de Minas Gerais.

Específicos

Esclarecer a missão dos policiais militares lotados nos Dst e Sdst PM;
Especificar os conhecimentos básicos que todo integrante de Dst PM e Sdst PM e deve possuir, para conseguir
exercer a capacidade funcional básica de prevenir a criminalidade;
Orientar os integrantes dos Dst e Sdst PM a respeito de como controlar a criminalidade violenta e não-violenta, sob
os parâmetros do policiamento comunitário e da gestão para resultados;
DOUTRINA OPERACIONAL

Definir os instrumentos de administração pública, pelos quais o efetivo lotado em Dst PM e SDst PM poderá me-
lhorar seu desempenho operacional;
Estabelecer responsabilidades dos níveis estratégico, tático e operacional, a fim de apoiarem os policiais militares
dos Dst e Sdst PM no desempenho de suas atribuições.
Para fins didáticos, esta Instrução está organizada da seguinte forma: uma Introdução; um capítulo sobre conheci-
mentos básicos que os integrantes dessas Frações PM devem possuir e praticar. Este capítulo é o meio para concreti-
zação dos objetivos específicos 4.2.2.2.1 a 4.2.2.2.4. Na sequência, encontra-se um capítulo sobre a missão dos níveis
Estratégico, Tático e Operacional em relação aos Dst PM e Sdst PM. Por fim, há um conjunto de recomendações de
caráter transitório, indispensáveis para por em prática este documento.

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CONHECIMENTOS BÁSICOS DOS INTEGRANTES DE Dst PM E Sdst PM

Este capítulo contém orientações referentes à missão dos policiais militares lotados nos Dst e Sdst PM. Por isto,
especifica, por meio de quadros, os conhecimentos básicos que todos os integrantes dessas Frações Dst PM e Sdst PM
devem possuir, para conseguirem exercer a capacidade funcional básica de prevenir a criminalidade.
Além disso, este capítulo serve de instrução a esses policiais militares a respeito de como controlar a criminalidade
violenta e não-violenta, sob os parâmetros do policiamento comunitário e da gestão para resultados. Ao seu final, o
capítulo define os instrumentos de administração pública, pelos quais o efetivo lotado em Dst PM e SDst PM poderá
melhorar o desempenho operacional da Fração.

Conhecimentos básicos para interações locais e a rotina de serviços da Fração

O conhecimento do espaço territorial e do contigente que provê os serviços de Segurança Pública à população são
indispensáveis. Esses encontram-se em dois quadros, que se seguem. Em ambos, as frases não esgotam o assunto e
estão apresentadas dentro da seguinte lógica:
Nas alíneas, está o conhecimento que o policial militar precisa possuir; nos itens que as compõem, encontra-se o
que significa, na prática, esse conhecimento.

No primeiro (Quadro 1), as frases dizem respeito a conhecimentos básicos e atitudes não tradicionais, ou seja, que
extrapolam o simples conceito de policiamento. Dois conceitos são fundamentais à compreensão desse quadro: pre-
venção criminal e políticas públicas. O primeiro significa o conjunto de procedimentos antecipatórios à ocorrência de
delitos, a partir da intervenção sobre fatores que costumam ser causas diretas de crimes aos quais é possível antecipar
ações operacionais da PMMG;
Por sua vez, o segundo conceito refere-se ao conjunto de planejamentos e decisões governamentais, em determi-
nados segmentos da estrutura administrativa de cada governo (da União, dos Estados, Distrito Federal ou Municipio),
que têm impacto indireto sobre a prevenção criminal. Por serem mais abrangentes no tempo e no espaço, as políticas
públicas serão aqui retratadas antes da prevenção criminal propriamente dita.

QUADRO 1 – Conhecimentos básicos, e atitudes não tradicionais, que ajudam a prevenir a criminalidade no
Município ou Distrito

CONHECIMENTO BÁSICO ATITUDE DECORRENTE DO CONHECIMENTO BÁSICO


a) o que é prevenção crimi- Estimulam e participam de debates em igrejas, encontros de jovens, eventos universi-
nal e como ela se aplica ao tários, reuniões de clubes de serviço ou de associações de bairros, sobre determinantes
Município ou Distrito aten- da criminalidade no Município ou Distrito; nesses debates, os policiais-militares do
dido pela Fração PM Dst PM ou Sdst PM procuram lembrar aos presentes que “[..] o ambiente é funda-
mental à decisão de cometer ou não um delito [...]”, especialmente naqueles casos em
que o indivíduo não teve a devida formação educacional (presença constante dos pais,
boas companhias, etc); nesses debates, esses policiais-militares procuram enfatizar a
importância das relações face-a-face, de família, amigos próximos, escola, trabalho, pro-
gramas de televisão, lembrando a todos que é nesses contextos que, segundo Oliveira
(2005), é influenciado o desenvolvimento da moralidade, especialmente das crianças
b) o que é par- Envolvem-se em reuniões de Secretarias Municipais direta ou indiretamente ligadas
ticipação no plane- à segurança pública, com o fim de auxiliar no planejamento de políticas públicas locais,
jamento das políticas de prevenção as causas mais conhecidas de criminalidade, dentre elas:
públicas de prevenção (a) famílias monoparentais (só existe um dos pais) chefiadas por mulheres;
à criminalidade (b) crianças em idade escolar, mas que não vão à escola ou não permanecem na escola
nos horários em que deveriam estar assistindo aulas;
(c)jovens em idade de trabalho, com dificuldades de acesso a uma atividade profissio-
nal;
(d) adolescentes freqüentando ambientes de maior risco a gravidez precoce;
(e) menores em situação de risco social;
(f) ambientes nos quais o uso de drogas tende a ser facilitado ou estimulado;
DOUTRINA OPERACIONAL

(g) contextos de venda de bebidas e cigarros, nos quais crianças e adolescentes possam
estar sendo cooptados para se tornarem viciados.
Fontes: Brofenbrenner (1979, apud REIS, 2009, p. 129); Oliveira (2005).

Como visto, a colaboração da PMMG na concretização de políticas públicas de prevenção criminal, nos Municípios
atendidos por Dst PM e Sdst PM, depende muito da atuação dos integrantes dessas Frações, junto às prefeituras, asso-
ciações comunitárias e outras formas de organização social local. No Quadro 2, estão enumerados aspectos mais típicos
de atuação da PMMG.

40
Ou de órgão do Sistema de Defesa Social, em ação integrada com a PMMG.

QUADRO 2 – Conhecimentos básicos, e atitudes tradicionais, que ajudam a prevenir a criminalidade no Município
ou Distrito

CONHECIMENTO BÁSICO ATITUDE DECORRENTE DO CONHECIMENTO BÁSICO


Prevenção a assaltos a es- (1) sabem os dias em que há maior circulação de valores (dinheiro) entre os resi-
tabelecimentos bancários dentes da cidade ou distrito e usam essa informação para planejar horários e turnos
de policiamento, ou mesmo de reforço policial externo;
Prevenção ao tráfico de Têm conhecimento dos locais e circunstâncias em que os jovens ficam mais expostos
drogas à ação de organizações criminosas do ramo do tráfico de drogas, e utilizam esse con-
hecimento para auxiliar a Agência de Área (AA) da UEOp a que estão subordinados, a
monitorar esses ambientes;
Cerco e bloqueio. Pre- Possuem, inclusive já mentalizado, um mapa local sobre as vias de acesso ao Mu-
venção a tumultos em caso nicípio ou Distrito, e fazem uso dessa informação para planejar cercos e bloqueios,
de evento de defesa civil e a evacuação de moradores, em caso de enchente ou outra emergência de Defesa
Civil;
Prevenção ao tráfico de Visitam sempre que possível os locais que poderiam estar sendo utilizados por pes-
drogas, armas e pessoas soas de fora do Município ou Distrito para planejarem assaltos a bancos, ou para
tráfico de drogas, armas ou pessoas (propriedades recentemente alugadas, ou sítios
isolados com atípica movimentação de veículos e pessoas).
Prevenção a crimes contra Participam dos eventos locais, e nunca perdem a oportunidade de fazer chegar ao
a pessoa e o patrimônio público que comparece a esses festejos, alertas da Polícia Militar sobre medidas de
auto-proteção, utilizando para isso os meios de comunicação disponíveis (programas
de rádio, editoriais de jornais de circulação local, faixas comerciais, microfones em
palcos de shows artísticos etc);
Prevenção à violência nas Participam de reuniões de pais e professores, nas quais transmitem as preocupações
escolas e os resultados da Polícia Militar, no tocante à violência nas escolas;
Prevenção à criminalidade Estão em contínuo diálogo com o maior número possível de pessoas da comunidade,
em geral cujo endereço, tempo de moradia na cidade ou distrito, ou ainda pela função exer-
cida em órgão público, empresa ou associação, podem assegurar ao policial, infor-
mações a respeito de fatos ou circunstâncias que sejam potencialmente interessantes
para a antecipação a problemas de segurança pública. Mantêm estreito relaciona-
mento com gerentes de hotéis, de bancos, diretores de escolas e demais pessoas que
acompanham, em função do cargo, movimentos de chegada e instalação de pessoas
de outras cidades, dentre as quais possa haver algum suspeito.
Fonte: PMMG
O ideal é que as Frações PM ora em destaque consigam prevenir a ocorrência de todos os delitos no Município ou
Distrito sob sua responsabilidade territorial. É provável, contudo, que nem sempre isto seja possível. Por isto, é neces-
sário que, para evitar ou diminuir a possibilidade de que uma ocorrência policial se repita, os integrantes dos Dst PM e
Sdst PM utilizem uma metodologia básica de resolução de problemas.
Como foi amplamente demonstrado nesta Instrução, uma postura focada em atividades de cunho preventivo é fun-
damental para o desenvolvimento de uma atividade proativa nos Dst e Sdst PM. Nesse sentido, é útil que esses policiais
entendam e se acostumem a praticar o conceito de Policiamento Orientado para o Problema (POP). Este consiste na su-
peração da crença tradicional, de que os problemas de criminalidade só podem ser resolvidos por meio de operações.
A PMMG já vem adotando, desde o início desta década, a estratégia de inserir os policiais militares nas reuniões
com a comunidade. Normalmente, isto tem sido feito por meio de Conselhos Comunitários de Segurança Pública
(CONSEP’s). Entretanto, via de regra tais encontros caem na rotina e têm pouca sistematicidade, em termos de como
discutir e resolver problemas. Por isso, um dos meios indicados para dar mais objetividade e eficácia a essas reuniões,
é adotar a lógica do POP.
DOUTRINA OPERACIONAL

Para usar esse procedimento, é aconselhável ter em mãos o registro da ocorrência e seu histórico, ou documento
equivalente, como a ata da reunião comunitária. O POP constitui-se de cinco etapas (Figura 1).

41
FIGURA 1 – Etapas da Metodologia de Resolução de Problemas

O POP torna possível analisar crimes sem perder de vista que eles podem estar sendo causados por problemas es-
pecíficos e talvez contínuos na mesma localidade. A solução de problemas é a estratégia que permite praticar a filosofia
do policiamento comunitário.
Além disso, possibilita o exame das causas não evidentes que provocam a repetição dos crimes e desordens, au-
xiliando os policiais a identificar problemas, analisá-los, desenvolver respostas e avaliar os resultados. O POP deve
envolver a comunidade para descobrir com maior clareza quais são os problemas que realmente a incomodam. É de
simples compreensão para os líderes comunitários e para os policiais que atuam na atividade fim. Pode ser sintetizado
no seguinte diagrama:

FIGURA 2 – Diagrama do Método IARA.

QUADRO 3 – Fases do Método IARA

FASE PROCEDIMENTO
1. Inicialmente, o policial deve identificar os problemas em sua área e procurar por um “padrão ou
ocorrência persistente e repetitiva”. As ocorrências policiais (problemas) podem ser similares em vários
aspectos.
IDENTIFICAÇÃO DO
DOUTRINA OPERACIONAL

2. O que é o problema?
- Um grupo de duas ou mais ocorrências que são similares em um ou mais aspectos que causa danos e,
PROBLEMA (I)

além disso, é uma preocupação para a polícia e principalmente para a comunidade;


- É qualquer situação que cause alarme, dano, ameaça ou medo, ou que possa evoluir par um distúrbio
1ª FASE -

na comunidade.
- As ocorrências podem ser similares em vários aspectos, incluindo: comportamento; localização; pessoas;
tempo; eventos.

42
1. O segundo estágio – ANÁLISE – é o coração do processo e por isso tem grande importância no esforço
para a solução do problema.
ANÁLISE (A)

2. O propósito da análise é aprender, o máximo possível, sobre o problema para poder identificar suas
3ª FASE – RESPOSTA (R) 2ª FASE -

causas. Por isso é importante coletar bastantes informações sobre o problema.


3. Uma análise completa envolve o máximo de pessoas e grupos afetados; buscando descrever todas as
causas possíveis do problema, avaliando todas as atuais respostas e sua efetividade.
1. Depois de o problema ter sido claramente definido e analisado, o policial-militar enfrenta outro desafio:
procurar o meio mais efetivo de lidar com ele, desenvolver ações adequadas com baixo custo e o máximo
de benefício.
2. Este estágio do modelo IARA focaliza o desenvolvimento e a implementação de respostas para o
problema. Antes de entrar nesta etapa o policial precisa superar a tentação de implementar respostas
prematuras e certificar-se de que já tenha analisado o problema.
3. Para desenvolver respostas adequadas, solucionadores de problema devem rever suas descobertas e
desenvolver soluções criativas. 4. É importante lembrar também que a chave para desenvolver respostas
adequadas é certificar-se de que as respostas são bem focalizadas e diretamente ligadas com as descobertas
feitas na fase de análise do problema.
1. na etapa de avaliação, os policiais avaliam a efetividade de suas respostas. Um número de medidas
tem sido tradicionalmente usado pela polícia e comunidade para avaliar o trabalho da polícia. Isso inclui
AVALIAÇÃO (A)

o número de prisões, nível de crime relatado, tempo de resposta, redução de taxas, queixas dos cidadãos
e outros indicadores.
2. A avaliação é a chave para o modelo IARA. Se as respostas implementadas não são efetivas, as
4ª FASE –

informações reunidas durante a etapa de análise devem ser revistas. Nova informação pode ser necessária
ser coletada antes que nova solução possa ser desenvolvida e testada.
3. O ideal é fazer a avaliação derante todo o processo, para realinharem alguns desvios.

Conhecimentos básicos sobre interação tática da Fração com outras Frações

Na tradição da arte das guerras, tática é a parte da estratégia que se ocupa da melhor distribuição dos esforços no
terreno. Aplicada à segurança pública, significa o domínio de destreza para o correto posicionamento do policial-mili-
tar, durante uma abordagem, visto em relação ao modo como protege a si e aos demais executores da ação ou oper-
ação policial (MINAS GERAIS, 2005).
As informações contidas nos quadros 1 e 2 não esgotam o rol de conhecimentos que os integrantes de Dst PM
e SDst devem possuir. Mas possuem a característica comum de serem mais específicos da realidade local, isto é, não
exigem, via de regra, uma interação dos policiais com outras instâncias externas ao Município ou Distrito.
Entretanto, esses policiais-militares são agentes fundamentais de um sistema de interações entre Frações da PMMG,
à medida que auxiliam os escalões superiores a se anteciparem a eventos atípicos, cuja complexidade extrapole a ca-
pacidade normal de respostas do Dst PM ou Sdst PM.
Tal situação exige dos integrantes dessas Frações PM uma clareza muito grande para o fato de que o fenômeno
criminal não obedece aos limites territoriais de divisão de competências da Polícia Militar, nem de qualquer outro órgão
do Sistema de Defesa Social.
Por essa razão, Municípios localizados, por exemplo, na divisa do Estado, requerem desses policiais interagir con-
stantemente com policiais do outro Estado, sempre com o devido cuidado de não ferir a autonomia de cada Unidade
Federativa, a cadeia de comando dentro da PMMG e da Polícia Militar do Estado que faz divisa com o Município ou
distrito sede da Fração organizacional.
Pode acontecer também que a localização do Município ou distrito leve os integrantes desses Dst PM e Sdst PM a
interagir com colegas de outras RPM’s da própria PMMG, ou do CPE, em caso de eventos de maior gravidade. O Mapa
3 ajuda a demonstrar que há vários Municípios que são sede de Dst PM e Sdst PM e estão geograficamente na divisa
de Estados.
É útil também para notar como está articulada a PMMG, de RPM a Dst PM.
DOUTRINA OPERACIONAL

43
MAPA 3 – Municípios sedes de Unidades e Frações da PMMG
Este mapa leva a um outro quadro: o que mostra a relação entre esse conhecimento e as razões para que os in-
tegrantes dos Dst PM e Sdst PM compreendam que seu trabalho faz parte de um contexto maior dentro da PMMG e
fora dela.
O Quadro 4 apresenta um aspecto desse cenário: as vantagens que há, para essas Frações PM, manter informados
os escalões superiores, a fim de que estes se antecipem a eventos cuja complexidade pode, eventualmente, extrapolar
a capacidade normal de respostas dos Dst PM e Sdst PM:

QUADRO 4 – Condições de eficácia da Malha Protetora de apoio aos Dst PM e SDst

CONHECIMENTO BÁSICO ATITUDE DECORRENTE DO CONHECIMENTO BÁSICO


Valor tático dos escalões (1) mantêm-se atualizados sobre o planejamento de eventos festivos típicos do
operacionais superiores, Município ou Distrito, bem como a respeito de quais eventos de grande volume de
para os Dst público acontecem em Municípios que fazem divisa com o espaço sob sua respons-
PM e Sdst PM abilidade territorial;
Valor tático dos (2) por saberem quais são essas Unidades e como possuem os meios e dados para
escalões acioná-las, esses policiais têm clareza a respeito do princípio do escalonamento de
operacionais esforços operacionais, também conhecido por
superiores, para os Malha Protetora;
Dst PM e Sdst PM (3) por compreenderem o que é e como funciona a Malha Protetora, esses policiais
têm conhecimento sobre quais Frações de outras UEOp ou mesmo de outras RPM’s
fazem divisa de responsabilidade territorial com o Município ou Distrito da Fração em
que estão lotados;
(4) sabendo que todas as Frações PM podem auxiliar em caso de emergência, os
DOUTRINA OPERACIONAL

integrantes de Dst PM e Sdst PM localizados na divisa de Minas Gerais com outros


Estados mantêm contatos informais com a Fração PM da outra Organização, re-
sponsável pelo Município da divisa.
Fonte: PMMG

Existe, portanto, uma vantagem tática para os Dst PM e Sdst PM, caso seus integrantes mantenham-se atentos a
determinados aspectos ligados ao conceito de Malha Protetora. Tornou-se evidente também que essa malha pode pre-
cisar, às vezes, do apoio de Organizações PM de outros Estados, e que nestes casos é muito importante que os policiais
militares da PMMG, cujas Frações PM estejam na divisa com tais Estados.

44
Os Dst PM e Sdst PM fazem parte de um conjunto de Unidades da PMMG, as quais, juntas, formam uma Malha Pro-
tetora, porque determinadas respostas operacionais exigem mais recursos de pessoas e materiais que os normalmente
necessários em tais frações.
Em razão disso, o Mapa 3 mostrou que esses dois tipos de Fração PM estão na “ponta” de um sistema de prevenção
criminal e repressão qualificada a delitos, em todo o Estado. Tal situação faz com que, ao estabelecer metas de desem-
penho operacional para suas RPM’s e o CPE, o Comando-Geral da PMMG esteja, indiretamente, fazendo o mesmo em
relação a todos os Dst PM e Sdst PM.
Por isso, os policiais-militares dessas Frações da PMMG precisam ter sempre em mente que a Organização funciona
em três níveis de avaliação do desempenho operacional: o Estratégico, o Tático e o Operacional. Neste último encon-
tram-se localizados os Dst PM e os Sdst PM.
Entretanto, é fundamental que os policiais-militares aí lotados compreendam que suas atividades operacionais
passaram a se vincular, a partir de 2007, a um outro nível de acompanhamento dos resultados obtidos por meio do
policiamento realizado em todas as Frações da PMMG: trata-se do nível Organizacional. Por isso, precisam de um outro
tipo de conhecimento básico: o que permita perceber a sua Fração como parte de um contexto de gestão pública para
resultados.

Conhecimentos básicos sobre a gestão pública para resultados

“Gestão pública para resultados” é expressão sinônima de Nova Gestão Pública (NGP), surgida por volta do final dos
anos 1970, em algumas democracias ocidentais, como resultante da crise do modelo de Estado que valorizava priori-
tariamente, o controle, sem compromisso com os resultados práticos da atuação dos órgãos da Administração Pública.
Desse modo, a “gestão pública para resultados” indica o modo de funcionamento dos órgãos do Estado, espe-
cialmente do Poder Legislativo, em pelo menos três características básicas: uso de indicadores para acompanhar o
desempenho tanto dos indivíduos que compõem a Administração Pública, como dos órgãos que a integram; estabele-
cimento de “acordos de resultados”, e direcionamento dos recursos públicos a partir de prioridades identificadas num
planejamento estratégico de governo, para execução no longo prazo (20 anos).
Essa mudança permitiu à PMMG transitar do modelo de administração tradicional para um novo, de cunho mais
científico e, como tal, focalizado sobre o desempenho de unidades policiais de Batalhões e Companhias. O Quadro 5,
a seguir, dá alguns elementos dos contornos dessa transição.

QUADRO 5 – Indicadores do Controle Científico, numa perspectiva comparada

INDICADOR COMO ERA NO MODELO TRADICIONAL COMO PASSOU A SER COM O “CONTROLE
CIENTÍFICO”
Absenteísmo Procedida em caráter estático, isto é, Procedida a análise em caráter dinâmico, pelo mon-
restrita a dados fornecidos por sistema, itoramento da situação de absenteísmo a partir de
sem uso da informação para orientar comparações percentuais entre subunidades, bem
política de pessoal. como pela definição de teto aceitável e de medi-
das gerenciais de intervenção, em caso de extrap-
olação desse limite.
Policiamento Análise de relatórios de serviço, para Análise, com atribuição de valores numéricos, da
Velado detecção de eventuais irregularidades. relação entre o objetivo do lançamento e os resulta-
dos alcançados.
Emprego do Poli- Realizada através de impressões subjeti- Monitoramento sob indicador técnico, que avalia
ciamento a pé em vas de supervisores que, indo a “campo”, a eficiência do esforço operacional, na redução de
Áreas Comerciais observam o comportamento do policia- delitos cuja prevenção é pretendida pelo policia-
mento. mento a pé.
INDICADOR COMO ERA NO MODELO TRADICIONAL COMO PASSOU A SER COM O “CONTROLE
CIENTÍFICO”
Atendimento Disponibilidade inexplorada de dados sobre Mensuração de um conjunto de subindicadores
Comunitário tempo de resposta ao clamor público. (tempo de resposta, iniciativa x acionamento, tem-
DOUTRINA OPERACIONAL

Inexistência de outros indicadores. po de permanência na delegacia, reincidência de


Controle genérico. assaltos a estabelecimentos comerciais na subárea,
ocorrências em postos fixos, e demanda reprimi-
da).

45
Relacionamento Feita mediante a atualização anual da Análise da combinação de indicadores
Comunitário quantidade de CONSEP existentes no sobre comparecimento do policiamento a
Estado, bem como pela fiscalização, pelo reuniões comunitárias, e solução de
Comando-Geral, do compare-cimento de problemas de segurança pública a partir
representantes de Unidades subordinadas, dessas reuniões.
a reuniões comunitárias de discussão da
segurança pública, previamente comunica-
das à Polícia Militar.
Aplicação do Acompanhamento genérico sobre metas Acompanhamento específico, discriminado por
PROERD traçadas pela Coordenadoria Estadual do Cia PM e conjugando dados sobre população
PROERD. discente nas 4ª e 6ª séries, em cada subárea (es-
paço de responsabilidade territorial de Cia PM).
Eficiência das Inexistente, porque não havia esse concei- A eficiência da atuação das Patrulhas de
Patrulhas de Pre- to operacional. Até então, a prevenção à Prevenção é medida pela avaliação do seu
venção Ativa criminalidade se fazia sem uma doutrina de efeito sobre “zonas quentes de
emprego específica e sem uma especializa- criminalidade”, previamente identificadas
ção de seus realizadores, para o exercício com auxílio do Geoprocessamento.
da missão.
Avaliação do Em- Realizada quanto ao percentual da dis- Análise da proporção de lançamento por turno, a
prego de Viaturas ponibilidade da frota, para emprego em partir da realidade criminal, e do acerto/erro dos
geral (administrativo e operacional). administradores nessa gestão do emprego.
Indisponibilidad Realizado de forma genérica, em Realizado de forma específica, com
e de Viaturas sistema informatizado próprio. atrelamento dessa informação à eficiência no
Opinião Pública Modelo reativo, pelo qual a Polícia emprego dos recursos disponíveis.
(Jornalismo enfrenta crises periódicas de imagem Modelo monitorado, diariamente, com
Comparado) pública e redução de sua credibilidade, mensuração quantitativa e qualitativa do
devido a exposição na mídia, que estende noticiário, bem como comparações com
para toda a Instituição imagens distorci- série temporal e reuniões de avaliação
das sobre sua realidade. mensal para corrigir eventual exposição
negativa superior à positiva.
Desempenho Busca pelo alcance de metas aleatória e Busca pelo alcance de metas
Operacional de subjetivamente definidas. automaticamente definidas pelo sistema
Companhia PM de geoprocessamento, a partir de série histórica
de delitos específicos e predeterminados.

INDICADOR COMO ERA NO MODELO COMO PASSOU A SER COM O


TRADICIONAL “CONTROLE CIENTÍFICO”
Desempenho Acompanhamento do emprego da Acompanhamento a partir de banco de
Operacional de tropa. dados sobre prisões, apreensões de
Companhia armas, drogas e repressão imediata,
Tático Móvel flagrantes ratificados pela Polícia Civil, cumpri-
mento de mandados judiciais e operações
desenvolvidas.
Capacidade Por treinamento básico (tiro, Verificação semestral – mediante
Técnica defesa pessoal) e instruções aplicação de metodologia científica - do
antes dos turnos de serviço, sem conhecimento individual dos policiais
mensuração do apreendido pelos sobre aspectos ligados a sua demanda
instruendos. prática ordinária.
Capacidade Pelo Treinamento Policial Básico Verificação semestral, sob metodologia
DOUTRINA OPERACIONAL

Tática ou equivalente, em que se científica, conhecimento prático sobre


simulam abordagens e incursões realização de táticas operacionais
em ambientes “montados” nas (atuações em grupo).
academias de polícia.

Fontes: Souza e Reis (2006); Reis (2006).

46
Os indicadores da PMMG tiveram, desde o início, em 2004, um tripé de constituição: um método – consistiu na es-
colha da “direção”, isto é, o nome do que se iria avaliar e, sempre que possível, a fórmula contendo as variáveis desse
objeto de avaliação; uma metodologia – cuidou da definição das etapas a serem percorridas para a aplicação do indica-
dor, ou seja, a “receita de bolo”, e um padrão, destinado a fixar o referencial que seria perseguido.
Em 2007, o Governo convidou a PMMG e os demais órgãos da Defesa Social, para estabelecer “acordos de resulta-
dos”. A experiência prévia da Organização, em utilizar indicadores do Controle Científico, foi útil porque tornou pratica-
mente natural o processo de desdobramento desse acordo, entre o Comando-Geral e as RPM’s, bem como com o CPE.
Para esse desdobramento, foram firmados acordos regionais em indicadores baseados em dois daqueles constan-
tes do Quadro 5: o de Desempenho Operacional de Companhia PM e o de Desempenho Operacional de Companhia
Tático Móvel. Assim, em vez de pactuar metas para as Cia’s PM e Cia’s TM, o Comando ajustou o alcance de objetivos
operacionais com as Regiões e o CPE, orientando para que seus comandos replicassem a lógica de acordos de resul-
tados com suas Unidades.
Através deste, o Comando da Organização passou a relacionar-se com o Governo do Estado de um modo novo:
discutindo os resultados operacionais. Assim, foram estabelecidos, em 2007 e 2008, dois acordos de resultados: no
primeiro, a PMMG comprometeu-se, junto com os outros órgãos do Sistema de Defesa Social, a reduzir o número de
homicídios, a criminalidade violenta e os crimes contra o patrimônio.
No segundo acordo, a Organização ajustou com o Governo passar a monitorar o número de operações policiais
militares realizadas para lidar com esses eventos criminais. O Quadro 6 especifica os quatro níveis de pactuação relativos
a esses acordos.

QUADRO 6 - Abrangência e Conteúdo da Pactuação na Área Operacional de Resultados

ABRANGÊNCIA DA CONTEÚDO DA PACTUAÇÃO


PACTUAÇÃO
Pactuação Eventos pactuados através do acordo de resultados entre Comando da Instituição e o
Organizacional Governo Estadual (PMMG com a SEDS, e PMMG com a SEPLAG)
Pactuação Eventos de defesa social, registrados no ano anterior, considerados de maior incidên-
Estratégica cia no Estado, bem como, ações de polícia ostensiva e resultados de produtividade,
comuns a todas RPM e CPE, pactuados entre o Comando da Instituição e os Comandos
Regionais, sob intermediação da Diretoria de Apoio Operacional e da Diretoria de
Meio Ambiente e Trânsito (DMAT).
Pactuação Tática Eventos de defesa social, registrados no ano anterior, considerados de maior incidên-
cia, bem como ações de polícia ostensiva e resultados de produtividade, de maior
relevância, específicos de uma determinada RPM e CPE, pactuados entre o Comando
Regional e os Comandos de Unidades subordinados.
Pactuação Eventos de defesa social, registrados no ano anterior, considerados de maior incidên-
Operacional cia, bem como ações de polícia ostensiva e resultados de produtividade, de maior re-
levância, específicos de uma determinada Unidade de Execução Operacional (Batalhão
ou Companhia PM Ind), pactuados entre o Comando da Unidade e os Comandos de
Companhias subordinados, em função de propostas recebidas por estes, provenientes
dos Comandantes de suas Frações.

Fonte: Diretriz de Gestão Estratégica/PMMG (2010)

O Quadro 6 permitiu notar que os Dst PM e Sdst PM têm uma função muito importante, especialmente no nível
de Pactuação Operacional. Existe uma significação própria, de pelo menos três desses níveis, para a realidade do pla-
nejamento e emprego operacional dessas Frações. Assim, no nível dos Dst PM e Sdst PM, é necessário que os policiais
militares possuam os seguintes conhecimentos básicos:

QUADRO 7 – Significado para os Dst PM e Sdst PM, dos níveis de Pactuação de Resultados da PMMG
DOUTRINA OPERACIONAL

CONHECIMENTO BÁSICO ATITUDE DECORRENTE DO CONHECIMENTO BÁSICO


Resultados operacionais aplicáveis a todo o Estado, que o Co- Conhecer o Acordo de Resultados firmado entre a PMMG e a
mandoGeral pactuou com a SEDS (“Pactuação Organizacional”), SEDS para o ano, e qual a nota obtida pela RPM à qual esteja
para alcançar no ano vinculado o Dst PM ou o Sdst PM no ano anterior.
Resultados operacionais aplicáveis somente à RPM da qual faz Saber acessar, na Intranet PM, as informações estatísticas sobre
parte o Dst PM ou Sdst PM, que o Comando da Região tenha os resultados que a RPM pactuou com o Comando-Geral, para
pactuado com o Comando-Geral da PMMG o ano, no Município sede do Dst PM.

47
Resultados operacionais aplicáveis somente à realidade do (1) Planejar os cartões-programa da Fração PM somente após
Batalhão ou Cia PM Ind, à qual esteja vinculado diretamente o consultar, na Intranet PM, a situação dos Municípios com os
Dst PM ou Sdst PM quais faz divisa geográfica o Município ou Distrito sede do Dst
PM ou Sdst PM, em relação aos delitos de maior incidência no
próprio território policiado pelo Dst PM ou Sdst PM.
Resultados operacionais aplicáveis somente à realidade do (2) Conhecer os principais problemas de segurança pública de
Batalhão ou Cia PM Ind, à qual esteja vinculado diretamente o cidades vizinhas (mineiras ou de outro Estado) que possam ter
Dst PM ou Sdst PM reflexos sobre a criminalidade no Município-sede do Dst PM ou
Sdst PM.
(3) confeccionar os cartões-programa da Fração PM somente
após consultar, na Intranet PM, a situação do seu próprio Mu-
nicípio.
(4) Conhecer, com base no Acordo de Resultados firmado pela
SEDS com o Governo do Estado, aplicável a todo os órgãos do
Sistema de Defesa Social, os resultados pactuados pela Polícia
Civil com o Governo do Estado, aplicáveis ao Município sede do
Dst PM ou Sdst PM.
(5) Promover pelo menos uma reunião a cada mês, com o
representante local da Polícia Civil e, se houver, do Ministério
Público e do Poder Judiciário, a fim de verificar se, na sua per-
cepção, o Sistema de Defesa Social do Estado está alcançando
êxito contra a criminalidade no Município ou Distrito, dentro
das metas traçadas no Acordo de Resultados.

O último tipo de conhecimento basilar para todo integrante de Dst PM e Sdst PM é aquele relativo a como distribuir
o policiamento preventivo, no espaço de responsabilidade territorial.

Conhecimentos básicos de distribuição do policiamento preventivo

A prioridade de atuação do efetivo dos Dst PM e Sdst PM é a preventiva. Para tanto, deverá nortear-se por cartões-
-programa, cuja periodicidade de modificações ficará condicionada às exigências das metas pactuadas pela UEOp com
a respectiva RPM.
Para a realização do policiamento preventivo, cada Comandante de Dst PM e Sdst PM deverá planejar o emprego
operacional e distribuir para a(s) Gu PM cartão-programa, cujo preparo deve observar a seguinte metodologia. As es-
calas serão elaboradas de acordo com a peculiaridade de cada local.

(1) Fase 1 – Filtragem de crimes de maior incidência


Construir, com software de geoprocessamento, ou usando alfinetes coloridos, mapa dos dois crimes de maior inci-
dência no Município ou Distrito, bem como o delito não violento de maior incidência.
DOUTRINA OPERACIONAL

Fonte: 1ª RPM/Seção de Estatística e Geoprocessamento

48
MAPA 4 – Simulação de marcação de delitos na 1ª Etapa de montagem de cartões-programa.

(2) Fase 2 – Identificação da Jornada do Crime


Verificar, nos arquivos do Dst PM ou Sdst PM, ou sistema próprio (SM20/REDS), os horários de ocorrência desses
delitos. Deve-se identificar as duas zonas de maior incidência de delitos, em cada hora ou turno.
O Mapa 5 contém uma série temporal, por hora, de maiores incidências criminais. A situação estatística da maioria
dos Municípios e Distritos sedes de Dst PM ou Sdst PM tende a revelar um quatro menos complexo, no qual onde nesse
Mapa lê-se “horas”, pode-se ler “dias” ou até “semanas”.
No entanto, essa Fase 2 deve ser entendida como a etapa na qual o Comandante do Dst PM ou do Sdst PM relacio-
na crimes parecidos, dentro de um certo período, aos locais visualmente localizados no mapa do Município ou Distrito.

Fonte: 1ª RPM / Seção de Estatística e Geoprocessamento

MAPA 5 – Série temporal das maiores incidências criminais – 400ª Cia MEsp – 1º semestre de 2048 – 08:00h ÀS
13:00h

(3) Fase 3 – Plotagem dos horários


O próximo passo é juntar todos os horários, ou, na linguagem técnica, realizar a “plotagem” dos horários. Se o
critério escolhido por dias, realiza-se a mesma operação.
Tanto no mapa gerado por meio do software como naquele preenchido manualmente, com uso de alfinetes color-
idos, é possível realizar essa plotagem. O objetivo é ajudar a identificar os possíveis pontos de concentração de locais
de delitos, ou seja, os “pontos quentes”, também conhecidos por “zonas quentes de criminalidade” (ZQC’s) ou hot spots.
O Mapa 6 ajuda a ilustrar o resultado dessa plotagem. Comparado ao Mapa 5, nota-se que houve uma aglutinação de
ZQC’s.
DOUTRINA OPERACIONAL

É possível que, em determinados Municípios ou Distritos, quando se tentar fazer uma plotagem dos delitos, não
resulte um mapa com ZQC’s. Isso ocorre porque, segundo Oliveira (2005), cada cidade tem características próprias de
criminalidade. Nesse caso, o Comandante do Dst PM ou Sdst PM que esteja construindo o cartão-programa, terá de
usar os conhecimentos informais (“tácitos”, de acordo com Nonaka e Takeuchi, 1997, 2008) de sua tropa, para identifi-
car os locais e horários mais recomendáveis de emprego do policiamento.
Ainda assim, é recomendável que o planejamento obedeça a alguns parâmetros. Um deles pode ser aquele utilizado
para a mensuração do Indicador de Incidência Criminal, que o Comando-Geral orienta todas as RPM’s seguirem. Essa
metodologia divide em oito etapas o planejamento da redução ou estabilização de delitos.

49
Tais etapas são: 1 – Identificação dos delitos de maior incidência; 2 – Projeção da incidência criminal; 3 – Levanta-
mento das metas; 4 – Estruturação das propostas; 5 – Acordo formal para cumprimento de metas; 6 – Levantamento
de informações sobre os eventos, e 7 – Elaboração dos planos de ação; 8 – Gestão Estratégica do Desempenho Ope-
racional. Maiores detalhes nesse sentido podem ser obtidos consultando-se o Caderno da Gestão para Resultados, nº
1 – “Operações”, que é um desdobramento das Diretrizes de Gestão para Resultados da PMMG.

Fonte: 1ª RPM/Seção de Estatística e Geoprocessamento

MAPA 6 – Plotagem dos delitos do Município/Distrito de “Paulolândia” – 1º semestre de 2048 – 08:00h às 13:00h

(4) Fase 4 – Seleção dos pontos-base


O próximo passo é fazer uma seleção de pontos-base. Nessa fase, é definida inclusive a seqüencia ideal de policia-
mento, podendo ser inclusive prevista a repetição de pontos no itinerário, conforme a necessidade. Na prática, significa
que o Comandante da Fração PM que esteja montando os cartões-programa, vai começar a fazer um seqüenciamento
das ZQC’s. Caso não haja estas, o planejador deve seguir uma ou mais etapas da metodologia de oito fases, referida
anteriormente, usada para definir a incidência criminal.
Tais etapas são: 1 – Identificação dos delitos de maior incidência; 2 – Projeção da incidência criminal; 3 – Levanta-
mento das metas; 4 – Estruturação das propostas; 5 – Acordo formal para cumprimento de metas; 6 – Levantamento
de informações sobre os eventos, e 7 – Elaboração dos planos de ação; 8 – Gestão Estratégica do Desempenho Ope-
racional. Maiores detalhes nesse sentido podem ser obtidos consultando-se o Caderno da Gestão para Resultados, nº
1 – “Operações”, que é um desdobramento das Diretrizes de Gestão para Resultados da PMMG.
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Fonte: 1ª RPM/Seção de Estatística e Geoprocessamento

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MAPA 6 – Plotagem dos delitos do Município/Distrito de “Paulolândia” – 1º semestre de 2048 – 08:00h às 13:00h

(4) Fase 4 – Seleção dos pontos-base


O próximo passo é fazer uma seleção de pontos-base. Nessa fase, é definida inclusive a seqüencia ideal de policia-
mento, podendo ser inclusive prevista a repetição de pontos no itinerário, conforme a necessidade. Na prática, significa
que o Comandante da Fração PM que esteja montando os cartões-programa, vai começar a fazer um seqüenciamento
das ZQC’s. Caso não haja estas, o planejador deve seguir uma ou mais etapas da metodologia de oito fases, referida
anteriormente, usada para definir a incidência criminal.

Ponto-Base Local
PB 4.3 Av. Bias Fortes com Rua Aimorés
PB 4.4 Av. Olegário Maciel com Rua Gonçalves Dias
PB 4.5 Av. Bias Fortes com Rua da Bahia
PB 4.6 Rua São Paulo com Rua Antonio de Albuquerque
PB 4.7 Av. Cristóvão Colombo com Av. Getúlio Vargas (Pça da Savassi)
PB 4.8 Rua Rio Grande do Norte com Rua Santa Rita Durão

Fonte: Adaptado da Instrução 05/2005-1ª RPM (MINAS GERAIS, 2005)

Os itinerários padronizados podem ser variações do mesmo itinerário, ou itinerários alternativos capazes de permitir
que os pontos-base sejam eficazmente percorridos.

QUADRO 9 – Variações de Itinerários em grupo de pontos-base

Itinerários Locais
4.A Av João Pinheiro, Rua dos Timbiras, Rua Sergipe, Rua dos Guajajaras, Rua Espírito Santo, Ave
Augusto de Lima, Rua Curitiba, Rua dos Timbiras, Rua Espírito Santo, Ave Augusto de Lima, Av
Álvares Cabral
4.B Rua da Bahia, Av. Bias Fortes, Av Brasil, Rua Cláudio Manoel, Rua Pernambuco, Rua Aimorés, Rua
Sergipe, Rua Alagoas, Ave Bernardo Guimarães, Ave João Pinheiro
4.C Rua Aimorés, Av Álvares Cabral, Ave Gonçalves Dias Rua Santa Catarina, Rua Aimorés, Rua Curiti-
ba, Av Bernardo Guimarães, Av Olegário Maciel, Rua dos Guajajaras
4.D Rua Sergipe, Rua Fernandes Tourinho, Av. do Contorno Pca Marília de Dirceu, Rua Curitiba, Rua
Bárbara Heliodora, Rua São Paulo, Ave Gonçalves Dias, Rua Curitiba, Rua Tomaz Gonzaga, Ave do
Contorno, Av. Olegário Maciel
4.E Av. Bias Fortes, Rua Rio de Janeiro, Rua Tomaz Gonzaga, Rua Felipe dos Santos, Rua São Paulo,
Rua Antônio Aleixo, Rua da Bahia, Rua Antônio de Alburquerque, Rua Espírito Santo, Rua Aimo-
rés, Rua da Bahia, Rua Tomaz Gonzaga, Rua Espírito Santo
4.F Rua da Bahia, Ave do Contorno, Ave Getulio Vargas, Rua Fernandes Tourinho, Rua Espírito Santo,
Rua Felipe dos Santos
4.G Av Cristóvão Colombo, Rua Fernandes Tourinho, Av Getúlio Vargas, Rua da Rio Grande do Nor-
te, Av Cristóvão Colombo, Rua Pernambuco, Rua dos Inconfidentes, Rua Paraíba, Rua Santa Rita
Durão, Rua Pernambuco Rua Cláudio Manoel, Rua Rio Grande do Norte,Ave Getúlio Vargas
4.H Av Brasil, Rua Cláudio Manoel, Rua Rio Grande do Norte, Av do Contorno, Ave Professor Morais,
Ave Gonçalves Dias, Rua Rio Grande do Norte, Av Getúlio Vargas

Fonte: Adaptado da Instrução 05/2005-1 RPM (MINAS GERAIS, 2005)


DOUTRINA OPERACIONAL

Definidos os conhecimentos básicos que todo policial-militar de Dst PM ou Sdst PM deve possuir, é possível e
necessário especificar as missões dos escalões superiores.

MISSÃO DOS ESCALÕES SUPERIORES AOS DST PM E SDST PM

Na introdução e nos dois capítulos anteriores, desta Instrução, foram especificados as particularidades e os dados
que fazem dos Dst PM e Sdst PM espécies de Fração da PMMG, que contam com uma estrutura elementar de prestação
de serviços de segurança pública. Tradicionalmente na Organização, nunca ficou muito claro o que devem os escalões

51
superiores fazer em relação a essas Frações, de modo a promover o bem-estar dos seus policiais militares. Por isto, este
documento especifica missões de duas naturezas: a das Unidades de Direção Estratégica e das UDI’s (especialmente
as administrativas), e o fluxo de informações sobre desempenho operacional, dessas Frações, perante aquelas que lhes
são superiores, no âmbito das UEOp’s.

Missão das Unidades de Direção Estratégica e de Direção Intermediária

Diante do exposto, os níveis Estratégico e Tático/Intermediário da PMMG terão as seguintes responsabilidades pe-
rante os policiais militares dos Dst PM e Sdst PM:

QUADRO 10 – Atividades de valorização dos Dst PM e Sdst PM nos níveis Estratégico,

Tático e Operacional da PMMG

NÍVEL DA UNIDADE DENOMINAÇÃO RESPONSABILIDADE


Estratégico EMPM1 (1) Priorizar, nas classificações de Sargentos, Cabos e Soldados, o
preenchimento do efetivo dos Dst PM e Sdst PM.
(2) Assessorar o Chefe do EMPM na fiscalização do cumprimento
dessa regra, durante as inspeções do EMPM
EMPM3 (1) Em conjunto com a DAOp, promover a inclusão dos Dst PM e
Sdst PM na pactuação de resultados regionais a cada ano.
(2) Assessorar o Chefe do EMPM na fiscalização do cumprimento
dessa regra, durante as inspeções do EMPM. (3) Ajustar com a DAOp,
a DMAT e a AGR/EMPM a parametrização do desdobramento dos
acordos de resultados regionais até o nível Dst PM e Sdst PM.
EMPM4 (1) Priorizar, na alocação de recursos (viaturas adequadas e compa-
tíveis com o local, coletes, armas, lanternas, cones), a preservação
das condições logísticas decorrentes do Projeto Cinturão de Segu-
rança (Mapa 2)
(2) Assessorar o Chefe do EMPM na fiscalização do cumprimento
dessa regra, durante as inspeções do EMPM.
EMPM5 (1) Ajustar com a DRH e a DEEAS parâmetros de concessão de re-
compensas que privilegiem o desempenho operacional de destaque
observado em Frações do tipo Dst PM e Sdst PM, em relação a
atuações de destaque.
EMPM6 Priorizar, quando da análise de convênios, aqueles que beneficiem
os Dst PM e Sdst PM.
DRH e RPM’s Assegurar um efetivo existente de pelo menos 8 (oito) policiais-mi-
que possuam litares por Dst PM e Sdst PM, ainda que promovendo realocação
Dst PM e Sdst interna entre as UEOp da RPM
PM
Tático/ Intermediário DAL e RPM’s Priorizar, quando da indisponibilidade de viaturas ou outros recur-
que possuam sos logísticos constantes do projeto Cinturão de Segurança em Dst
Dst PM e Sdst PM e Sdst PM, a substituição imediata por outra de modelo igual ou
PM superior à baixada.
DOUTRINA OPERACIONAL

52
Estratégico e Interme- DAL/DTS Enviar ao Chefe do EMPM, até junho de 2010, proposta de alteração
diário do Plano Estratégico 2009-2011, tendo em vista padronizar itens
básicos de mobiliário, equipamentos de informática e características
prediais para os aquartelamentos de Dst PM e Sdst PM.
APM Enviar ao Chefe do EMPM, até julho de 2010, proposta de alteração
do Plano Estratégico 2009-2011, para que haja curso por EAD para
policiais-militares de Dst e Sdst PM, de modo que todos os Sgt, Ca-
bos e Soldados das RPM’s estejam em condições de cumprir escalas
de serviço nessas Frações, no lugar dos titulares das funções exerci-
das nessas Frações.
DRH - Instituir mecanismo de operação do SIRH que assegure a fiscaliza-
ção à distância, das condições compensatórias aos policiais-militares
dos Dst PM e Sdst PM, previstas neste Quadro - Consolidar e enviar
ao Chefe do EMPM, até 05Jun2010Seg, proposta das RPM’s de via-
bilização da desoneração dos Dst PM e Sdst PM, de funções, encar-
gos e atividades administrativas, previstas em 4.1 desta
AGR/EMPM e Desenvolver em conjunto e enviar, até Jun10, ao Chefe do EMPM,
DAOp proposta de mecanismo de aproveitamento, pelas próprias DAOp
e AGR/EMPM, do potencial estratégico da gestão do conhecimen-
to sobre desempenho operacional dessas Frações, ora latente na
representatividade estatística dos Dst PM e Sdst PM da PMMG, em
relação ao total de Municípios do Estado: 64.83%.

Fonte: PMMG

As orientações contidas neste Quadro 10 não excluem outras que, por iniciativa das UEOp, possam ser realizadas.

Gestão do desempenho dos Dst PM e Sdst PM, no Nível Operacional

A gestão do desempenho dos Dst PM e Sdst PM da PMMG será realizada a partir de um fluxograma de prestação de
anúncios do Dst PM ou Sdst PM à Companhia. Por isso, fica instituído o seguinte fluxo de informações, sob a forma de
Relatório Mensal de Atividades (RMA), inserto no anexo único, na relação entre os Dst PM e Sdst PM com os Pelotões
PM e destes até o nível de UEOp:

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Fonte: EMPM3
FIGURA 3 – Fluxograma do Relatório Mensal de Atividades

53
Recomenda-se ainda, reuniões periódicas entre os comandantes de frações PM destacadas e comandantes de
UEOp, no máximo a cada três meses, para o alinhamento de procedimentos operacionais ao longo do ano.
Ao longo desta Instrução, foram informados os contornos gerais que fazem dos Dst PM e Sdst PM um tipo de Fração
peculiar na PMMG; em seguida, definiram-se os objetivos; na sequência, apontaram-se os conhecimentos básicos dos
integrantes dessas Frações PM; por fim, no capítulo 4, foi definida a missão dos escalões superiores a essas “linhas de
fronteira” e “pontas da linha” do arranjo operacional da Polícia Militar. A seguir, estão algumas recomendações, indis-
pensáveis para a concretização desta Instrução.

DISPOSIÇÕES FINAIS

Ficam estabelecidas as seguintes parametrizações para emprego do pessoal dos Dst PM e dos Sdst PM, bem como
para apoio coordenado pelas RPM que os possuam:
Compete às RPM que possuem Dst PM e Sdst PM no seu espaço de responsabilidade territorial desonerar essas
Frações PM de todo encargo, função ou atividade administrativos, repassando-os à Administração das UEOp (BPM e
Cia PM Ind ou Cia PM Ind MAT, conforme o caso), a fim de que possam ter condições de cumprir sua missão, demons-
trada nesta Instrução, exceção feita às atividades necessárias ao funcionamento das respectivas frações como escalas
de serviços, confecção de relatórios, etc.
O período mínimo de permanência do policial militar no Destacamento é de 02 (dois) anos, sendo permitindo ao
Comandante da RPM decidir quanto a movimentação excepcional do policial militar sobre casos como problemas de
saúde, incompatibilidade, desvio de conduta, realização de cursos, dentre outros, devidamente justificados;
A ausência prolongada dos Comandantes de Frações destacadas ficará condicionada à designação do seu substituto
temporário, designado pela RPM (Quadro 10), após acionamento desta pela UEOp e pelo Chefe direto do interessado;
A discricionariedade dos Comandantes de Pelotão e de Companhia, para negar pedidos referidos no item anterior,
só se admite quando houver real interesse ou necessidade do serviço, ou por motivo de força maior em que a perma-
nência do militar na localidade seja imprescindível e não tenha havido condições da RPM fazer as devidas escalas de
substituição provisória do militar;
Os demais policiais militares dos Dst PM e Sdst PM, que porventura pretendam se ausentar das Frações onde
trabalham, no horário de folga ou de descanso, deverão comunicar ao Chefe direto (Comandante do Pelotão ou o
Comandante do Dst PM, respectivamente) sua intenção de deslocamento, salvo quando tratar de translado habitual,
decorrente de área conurbada;
Para qualquer uma das situações anteriores, o militar deverá possibilitar à Administração que o localize quando
estiver em horário de folga ou descanso, fornecendo informações suficientes para que isso aconteça, em caso de ne-
cessidade;
A restrição ao deslocamento do militar de Dst PM e Sdst PM em seu horário de folga ou descanso só é permitida
como uma exceção e, caso seja necessária, deverá ser precedida de todas as providências possíveis, pelas UEOp, no
sentido de cumprir as recomendações contidas para as RPM’s, no Quadro 10;
Todas as UEOp que possuem sob sua responsabilidade Dst PM e Sdst PM, deverão escalar militares de sua Adminis-
tração ou de Frações próximas àquelas, com alternâncias de apoios entre Frações, em casos de necessidade;
O TPB e os demais treinamentos dos militares dos Dst PM e Sdst PM deverão ocorrer de modo tal que a UEOp e não
os policiais militares suportem o ônus do deslocamento. A APM deverá propor formas de treinamento, como o ensino
à distância, com utilização da Intranet PM, visando o cumprimento deste item.
Os P3 das UEOp, coordenados pelos P3 das RPM e apoiados pelos policiais militares possuidores de curso de mul-
tiplicador de Polícia Comunitária, deverão instruir a tropa e acompanhar o emprego desta Instrução, especialmente
quanto à metodologia do POP.
As RPM deverão repassar ao EMPM, no prazo de 60 (sessenta) dias, a contar da publicação, o projeto de emprego
desta norma, contendo, no mínimo, os dados relativos ao treinamento da tropa.
Todos os relatórios constantes desta norma deverão permanecer nas UDI e UEOp, para efeito das atividades de
coordenação e controle.
A DAOp e a APM planejarão curso para os Comandantes de Dst PM e Sdst PM, cuja matriz curricular contenha,
minimamente, a especificação da missão dos Comandantes dessas Frações. A proposta deverá ser apresentada para
análise do Estado –Maior até 30 de julho de 2010.

ANEXO ÚNICO (RELATÓRIO MENSAL DE ATIVIDADES – DST PM) À INSTRUÇÃO


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Nº 3.03.05/10
DESTACAMENTO PM DE_______________________________________________________/________ PEL. /___________ CIA PM
Mês / Ano de Referência:_____________________ /__________

54
ITEM QUANTIDADE OBSERVAÇÃO (se necessário)
Crimes Violentos Registrados
Crimes Violentos Contra o Patrimônio Regis-
trados
Homicídios
Armas de Fogo Apreendidas
Operações Realizadas
BO de Crimes Registrados por acionamento
BO de Crimes Registrados por Iniciativa
Armas Brancas Apreendidas
Pessoas Presas
Menores Apreendidos
Veículos Apreendidos
CNH Apreendidas
AIT confeccionados
Maconha Apreendida (gr.)
Cocaína Apreendida (gr.)
Outras Drogas Apr. (especificar)
Outros Materiais Apr. (especificar)
M. de Busca e Apreensão (cumpridos)
Mandados de Prisão (cumpridos)
Veículos (Carro e Moto) Furt. / Roub.
Veículos Recuperados
Reuniões de CONSEP
Palestras / Reuniões / Entrevistas
Dicas PM (distribuídos)
Denúncias Recebidas
Denúncias Atendidas
Outras Ativ. de Prevenção (especificar)

Análise do Comandante do Destacamento sobre o desempenho de sua fração no mês considerado:


_______________________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________________________ .
Local e data.
___________________________
Cmt do Dst PM

(a) RENATO VIEIRA DE SOUZA, CEL PM COMANDANTE GERAL

INSTRUÇÃO 3.03.11/2016 – CG, DE 23/06/16 - REGULA A IMPLANTAÇÃO DA REDE DE PRO-


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TEÇÃO PREVENTIVA NAS COMUNIDADES DO ESTADO DE MINAS GERAIS, PUBLICADA NA


SEPARATA DO BGPM 47 DE 28 DE JUNHO DE 2016. EXCETO OS ANEXOS.

INTRODUÇÃO

A combinação dos impactos causados à sociedade em face do aumento da criminalidade fez com que as orga-
nizações responsáveis pela segurança pública de um modo geral iniciassem um novo processo e se redescobrissem,
redefinindo missão, visão e valores, prospectados nesse novo cenário, buscando soluções inovadoras.

55
Dentro desse contexto, verifica-se que o sentimento de Vizinhos Protegidos, Comerciantes, Condomínios
de medo é mais forte do que a própria realidade refe- Residenciais, Imóveis Rurais, Escolas, Indústrias, Bancos,
rente à incidência criminal em Minas Gerais, atingindo dentre outros segmentos lícitos e idôneos.
diretamente uma grande parcela da sociedade pacífica
e ordeira do Estado. OBJETIVOS
Assim, o grande desafio das organizações vai além
da simples redução dos índices de criminalidade, de- Geral
vendo abarcar ações efetivas de promoção da sensação
de segurança, mediante intervenções que resultem em Estabelecer critérios para a implantação e manuten-
aproximar a polícia do cidadão, para a busca conjunta ção das Redes de Proteção Preventivas nos municípios
de soluções. do Estado de Minas Gerais, visando contribuir de forma
Diante desse quadro, a Polícia Militar de Minas Gerais efetiva para a prevenção e repressão criminal.
desenvolveu uma estratégia de intervenção preventiva
focada na mobilização social, que visa à redução dos índi- Específicos
ces de criminalidade e, principalmente, a potencialização a) Contribuir para a redução da criminalidade e o au-
da sensação de segurança por parte da sociedade. mento da sensação de segurança nos locais con-
Tal estratégia, denominada “Rede de Proteção Preven- templados pelas redes de proteção, por meio do
tiva”, tem por base a filosofia de polícia comunitária e incremento de ações preventivas e repressivas, al-
busca conquistar a confiança e o engajamento das pes- icerçadas na filosofia de polícia comunitária.
soas, baseando-se no fato de a natureza humana consi- b)Promover a mobilização social e a aproximação
derar que quando uma ideia é defendida coletivamente, entre Polícia Militar e comunidade, desenvolvendo
esta exerce maior influência do que quando é exposta estratégias de atuação em rede, focadas na iden-
solitariamente. tificação, análise e resolução de problemas locais.
Assim, alicerçado no conceito de mobilização social, c) Ampliar a comunicação direta entre a comunidade
como um processo educativo que promove a participa- e a Polícia Militar, possibilitando maior confiabili-
ção de diferentes pessoas em torno de um propósito dade por parte do cidadão para transmitir denún-
comum, deve-se potencializar a participação das comu- cias e informações de segurança pública que possi-
nidades, empresas, lideranças e organizações não gover- bilitem o planejamento e o direcionamento efetivo
mentais (ONGs) na busca de soluções para a erradicação de ações policiais militares.
d)Despertar nas pessoas o sentimento de pertenci-
ou redução de problemas de todas as naturezas que in-
mento e de preocupação coletiva, fomentando a
terferem na qualidade de vida do cidadão, como a fome,
atuação comunitária em sua essência, tornando-as
a pobreza, o dano ao meio ambiente, o desperdício de
partícipes do processo e interligadas umas às outras.
energia, a criminalidade e o medo do crime, etc.
e)Reduzir os ambientes favoráveis aos delitos, por
Portanto, esta intervenção tem que, obrigatoriamen-
meio do incremento de ações que estimulem o ci-
te, atender aos vários segmentos, formando uma coa-
dadão a utilizar coletivamente os espaços públicos,
lizão em torno de objetivos comuns, tais como: proxi-
como praças, quadras, calçadas e ruas, de forma a
midade do policial militar com a comunidade, passando inibir a atuação de infratores.
este a ser uma referência para o público em geral; maior f)Criar nos cidadãos o sentimento de participação
integração com o Sistema de Defesa Social, propiciando solidária e voluntária, de forma que cada pessoa
ações benéficas à sociedade; e sensibilização das pes- envolvida na rede de proteção passe a agir como
soas para que adotem mudanças de comportamentos, uma “câmera viva”, compartilhando informações
principalmente com medidas de autoproteção e atuação referentes à segurança pública com a Polícia Militar
em rede, contribuindo para a redução da criminalidade e e demais órgãos pertinentes.
aumento da sensação de segurança. g) Transmitir à população orientações e dicas básicas
A ideia essencial será “cidadão alerta, cidadão parti- de segurança que contribuam para mudanças de
cipativo”, oportunidade em que cada pessoa, seja mora- comportamentos, no sentido de evitar a exposição
dor, comerciante ou funcionário de determinado estabe- e a vulnerabilidade ao crime.
lecimento ou indústria, passará a ser uma “câmera viva”,
atuando de forma mútua e comprometida, alertando a JUSTIFICATIVA
todos os integrantes da rede sobre a presença de pessoas
e veículos suspeitos, por intermédio de sinais sonoros, As edificações nos grandes centros urbanos demons-
gestuais, uso de aplicativos para celulares e outras es- tram o medo exteriorizado pelas pessoas em relação à
tratégias, impedindo que infratores se utilizem do fator escalada da violência, mormente casas são transformadas
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surpresa e dificultando, assim, sua atuação. em verdadeiras fortalezas, com muros altos, cercas eletri-
Nesse contexto, é importante que seja mantida uma ficadas, bem como, dispositivos tecnológicos destinados
conexão com a polícia, garantindo o repasse de infor- à segurança das pessoas e a vigília constante do dia a dia
mações diretas aos agentes que compõem o sistema de do ambiente familiar.
Defesa Social, os quais, por sua vez, direcionarão suas Esta prática vem se alastrando também para cida-
atuações pontualmente, onde for necessário. des interioranas, interferindo diretamente no modo de
Desta forma, a presente Instrução apresenta a meto- vida das pessoas. Nesse sentido, vale indicar fatores que
dologia de implantação da “Rede de Proteção Preven- impulsionam e justificam a criação da Rede de Proteção
tiva” em todo o Estado, passando a englobar as Redes Preventiva:

56
a) Missão da Polícia Militar: considerando que a missão da Polícia Militar é “promover segurança pública por inter-
médio da polícia ostensiva, com respeito aos direitos humanos e participação social em Minas Gerais”, a Rede de
Proteção Preventiva é um instrumento que proporciona a efetiva participação da comunidade na promoção de
ambientes mais seguros.
b) Distanciamento da comunidade em geral: as pessoas tendem a se isolar cada vez mais, e desta forma, perdem
suas características essenciais. Afinal, se agirem em conjunto, com todos os participantes, elas terão maiores pos-
sibilidades de melhorar seu bairro e torná-lo mais seguro. Se estiverem sozinhas, suas chances de alcançar as au-
toridades ou de sensibilizar outros parceiros para a conquista de programas efetivos de segurança são menores.
c) Menos vigilância, mais crime: se as pessoas não estão mais nas praças e nas ruas, tem-se menos vigilância natural
naquela localidade. Ou seja, aqueles que estiverem pré-dispostos ao crime, à violência e à desordem terão mais
facilidade em agir, porque não precisam mais se preocupar com eventuais testemunhas. Assim, se as praças e
ruas, antes frequentadas pelas famílias, namorados e crianças, estão agora vazias, elas poderão ser um lugar ideal
para o tráfico de drogas e ação de infratores.
d) Existência de espaços ociosos e perda de oportunidades: imperando o sentimento de intranquilidade pública em
uma determinada comunidade, a consequência lógica é o êxodo dos participantes daquela localidade para outra
região dentro do município ou mesmo para outras cidades, mesmo que seja apenas por medo do crime. Por de-
corrência, poderá haver uma grande oferta de imóveis no local, que poderão servir de palco para prática de delitos.

Ressalta-se que uma localidade mal cuidada, com edificações depredadas, locais públicos mal conservados, tende a
criar um ambiente propício para o vandalismo de maneira cíclica, podendo refletir, conforme já mencionado, também
em desvalorização imobiliária.
e) Vida em comunidade: vale ressaltar que a incidência da criminalidade
leva a uma redução na intensidade da relação entre as pessoas. Por serem vítimas
de delitos, ou conhecerem pessoas que foram vítimas, estas passam a se relacionar
menos umas com as outras, buscando reduzir o risco a que poderiam estar
submetidas, resultando em:
- redução na frequência com que os vizinhos se visitam, conversam ou trocam gentilezas;
- redução da capacidade de formação de uma identidade de laço entre os vizinhos;
- redução da vigilância informal dentro das comunidades;
- redução da sensação de segurança das pessoas em relação ao lugar onde residem.
f) Queda na qualidade de vida: a redução na qualidade de vida das
pessoas também é um dos fenômenos resultantes do aumento da violência. As
pessoas mudam seus hábitos, na busca de reduzir o risco a que estariam
submetidas, neste contexto, verifica-se que estas:
- limitam os locais onde transitam;
- deixam de ir a locais que gostam;
- evitam usar transportes coletivos;
- evitam sair de casa em determinados horários;
- gastam altas somas de recursos na proteção individual e de suas residências.

Percebe-se, em face deste círculo vicioso, que o avanço do crime e a sensação de insegurança desestimulam opor-
tunidades e empobrecem regiões.
Portanto, medidas específicas e políticas públicas eficazes são necessárias. De nada adianta dizer às pessoas que
elas estão se preocupando desnecessariamente e que o medo que sentem não corresponde com a realidade. É preciso
oferecer medidas que realmente lhes garantam a sensação de segurança.
Assim, diante da impossibilidade da Polícia Militar estar presente em todos os lugares, ao mesmo tempo, torna-se
fundamental que a Instituição busque estratégias conjuntas e que propiciem um ambiente mais seguro.

A REDE DE PROTEÇÃO PREVENTIVA FRENTE AO TRIÂNGULO DE ANÁLISE DO CRIME

A criminalidade origina-se por diversos fatores intervenientes. No entanto, de acordo com uma das teorias predo-
minantes, os requisitos para o sucesso de um crime são basicamente os seguintes:
- criminoso motivado;
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- local vulnerável, com ausência de polícia/vigilância no momento do delito;


- oportunidade dada pela vítima.

Observa-se que estes requisitos são cumulativos, ou seja, o crime só ocorre se existirem os três fatores simultanea-
mente. O primeiro é decorrente de problemas cujas soluções estão em esferas diversas de atuação, bem como na maio-
ria das vezes são de médio e longo prazo. O segundo depende de fatores externos e de normas específicas de criação
de cargos públicos, com eficácia em médio e longo prazo. No entanto, o terceiro requisito é afeto principalmente às
atitudes individuais do cidadão, cujas ações, além de serem de baixo custo, podem ser implementadas em curtíssimo
prazo, ou seja, em qualquer momento. Note a ilustração:

57
Figura 1 - Triângulo de Análise do Crime (Teoria das Oportunidades)

Portanto, constitui-se proposta da Rede:


a) trocar a oportunidade dada pela vítima por cuidados e ações proativas, com medidas de autoproteção, visando
dificultar a atuação do criminoso;
b) estimular a participação vigilante das pessoas, incutindo o senso de cooperação mútua, a prática de ações de
alerta sonoro e identificação visual como forma estratégia de comunicação. Por exemplo, pessoas suspeitas, ve-
ículos parados com pessoas observando residências, barulhos em casas onde se sabe que os integrantes estão
ausentes, dentre e outros;
c) criar mecanismos para coibir a ação criminosa, tendo por objetivo melhorar a proteção pessoal e patrimonial e
consequentemente, o aumento da segurança e garantia da paz social.

Para se chegar à implementação efetiva da rede, algumas medidas são necessárias, sendo fundamental, antes de
qualquer iniciativa, a sensibilização das pessoas que as formarão e os objetivos que querem alcançar.
Por ocasião das reuniões, torna-se possível identificar os problemas que afetam aquela comunidade específica,
sejam referentes aos crimes, criminalidade, medo do crime, violência e desordem. Dessa maneira, a população pode
participar do planejamento do emprego policial que será aliado às análises de geoprocessamento e estatística, possi-
bilitando ações para a diminuição da vulnerabilidade do ambiente e das pessoas.
É necessário, ainda, que haja um policial militar como referência no suporte de coordenação da Rede de Proteção
Preventiva a fim de se estabelecer um vínculo entre a comunidade e alcançar a confiabilidade, mediante a aproximação
necessária para um bom desenvolvimento dos trabalhos.

PRESSUPOSTOS BÁSICOS PARA A CRIAÇÃO DE REDE DE PROTEÇÃO PREVENTIVA

Sensibilização dos Participantes

O artigo 144 da Constituição Federal, conforme já referenciado, retrata que “Segurança Pública é dever do Estado,
Direito e Responsabilidade de todos”. Através da união de todos é possível participar das cobranças, das ingerências,
do planejamento das ações relativas à Segurança Pública. É preciso organização, interesse, engajamento e comprome-
timento das pessoas, sendo fundamental a participação da comunidade nas ações que visam a sua segurança.
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A importância do Processo de Mobilização

Segundo Toro (1997), “mobilizar é convocar vontades para atuar na busca de um propósito comum, sob a interpre-
tação e um sentido também compartilhados”. Nesse sentido, quando as pessoas se sentem mobilizadas, ocorre um
compartilhamento de responsabilidades, principalmente porque uma segurança melhor deverá contar com as convic-
ções das pessoas e de seu compromisso com essas convicções.
Um processo de mobilização requer uma dedicação contínua, para que assim produza resultados no quotidiano
das pessoas. Para se entender melhor a mobilização é necessário entender e transmitir que “aquilo que for orientado
a ser feito, em cada campo de atuação, será também feito por outros, da mesma forma”. Neste momento, é impor-

58
tante saber ouvir e saber o que falar. A ocasião em que a redes de relacionamento começam na infância e
comunicação é um importante instrumento visando essa contribuem para a formação de identidades.
coletivização. b) Rede Social Secundária ou Global: é formada por
Um processo de mobilização é caracterizado pelo profissionais e funcionários das instituições pú-
despertar do desejo e da consciência da necessidade de blicas ou privadas, por organizações não gover-
uma mudança de atitude. Neste contexto, a própria rea- namentais, organizações sociais etc., e fornecem
lidade vivenciada pelo cidadão, com a exposição maciça atenção, orientação e informação.
dos assuntos referentes à criminalidade colocadas pela c) Rede Social Intermediária ou Rede Associativa: é
mídia em geral, já faz com que exista dentro de cada pes- formada por pessoas que receberam capacitação
soa uma vontade subliminar de mudança. especializada, tendo como função a prevenção e
A sociedade, porém, não sabe o que fazer e nem apoio. Podem vir do setor da saúde, igreja e até da
como fazer para influenciar nas questões referentes à própria comunidade.
segurança pública. Desta forma deve explicar detalha-
damente aos cidadãos o que se pretende, mostrando a As redes sociais secundárias e intermediárias são forma-
necessidade, importância e vantagens de naquela locali- das pelo coletivo, instituições e pessoas que possuem inte-
dade criar a rede. É fundamental levar ao conhecimento resses comuns. Elas podem ter um grande poder de mobili-
destas pessoas os resultados positivos de experiências si- zação e articulação para que seus objetivos sejam atingidos.
milares, provando a eficácia desta ação que já ultrapassa Dentro deste conceito, as Redes de Proteção Preven-
o caráter experimentalista. tiva poderiam ser definidas amplamente como sendo o
Dessa forma, além de reduzir os índices de criminali- compartilhamento de idéias entre pessoas que possuem
dade, a rede contribuirá para melhoria do ambiente, da interesses e objetivos em comum e também valores a
qualidade de vida e do bem-estar de cada integrante. serem compartilhados. Assim como um grupo de discus-
são é composto por indivíduos que possuem identidades
O Conceito e a criação das Redes de Proteção Pre- semelhantes, as redes surgem principalmente diante da
ventiva necessidade de proteção ou maior sensação de segurança ao
cidadão e da possibilidade de resolução de algum problema
A Rede de Proteção Preventiva está diretamente in- que, direta ou indiretamente, afete parte de um grupo ou sua
serta no conceito de Redes Sociais. totalidade. Possibilita à discussão de ideias e a absorção de no-
Segundo Capra (2005), “redes sociais são redes de vos elementos em busca de algo em comum.
comunicação que envolvem a linguagem simbólica, os Em face dos vários conceitos de redes, fica mais fácil
limites e as relações de poder”. São também considera- entendê-las, bem como facilita buscar a formação e o
das como uma medida de política social que reconhece entendimento entre as pessoas e, em especial, entre a
e incentiva a atuação das redes de solidariedade local no comunidade.
combate a pobreza e a exclusão social e na promoção da As Redes de Proteção Preventiva são a melhor expres-
segurança e do desenvolvimento local. são da filosofia básica de Polícia Comunitária, ou seja, de
Ou seja, as redes sociais podem ser definidas como as uma polícia de aproximação. Conceitualmente falando
diversas formas de representação dos relacionamentos são especificamente o conjunto de pessoas organiza-
pessoais ou profissionais dos seres entre si ou entre seus das para executarem ações sistematizadas. Seu objetivo
agrupamentos de interesses mútuos. é o de melhorar as relações entre as pessoas, despertar
As redes sociais, conforme explicitado, são aquelas a consciência solidária e incentivar a vigilância informal,
capazes de expressar ideias políticas e econômicas como coibindo a ação de possíveis criminosos e garantindo a
surgimento de novos valores, pensamentos e atitudes. segurança pessoal e patrimonial, por meio de pequenas
Esse segmento que proporciona a ampla informação a mudanças de comportamento e compartilhamento de
ser compartilhada por todos, sem canais reservados e informações de interesse para a segurança. Possibilita
fornecendo a formação de uma cultura de participação que o policial militar conheça a comunidade e vice-versa.
é possível, muitas vezes, graças ao desenvolvimento das Ressalta-se que as redes reforçam a missão primordial da
tecnologias de comunicação e da informação, à globa- Polícia Militar na contribuição para a paz social, assegu-
lização, à evolução da cidadania, à evolução do conhe- rando a liberdade e os direitos fundamentais e tornando
cimento científico sobre a vida etc. As redes unem os Minas o melhor estado para se viver.
indivíduos, organizando-os de forma igualitária e demo- Dessa forma, a fim de facilitar o funcionamento da
crática e em relação aos objetivos que eles possuem em rede, é necessária a formação de um li ame, com o obje-
comum. tivo de promover a integração de todos os componen-
Basicamente, as redes sociais podem ser divididas em tes, para atuação de forma mútua e comprometida. Esse
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três vertentes: agrupamento seria definido, então, como o conjunto de


a) Rede Social Primária ou Informal: são redes de rela- pessoas da mesma localidade, organizadas em quantidade
ções entre indivíduos, em decorrência de conexões conforme a natureza de cada segmento. Como a rede é
preexistentes, relações semi-formalizadas, que dão entrelaçada, poderão ser constituídos vários grupos.
origem a quase todos os grupos (SCHERER-WAR- Para tanto, é necessário que todos conheçam conta-
REN,2007). Ela é formada por todas as relações que tos e hábitos dos integrantes. Para garantir maior eficiên-
as pessoas estabelecem durante a vida cotidiana, cia da rede, é importante que os participantes motivem
que pode ser composta por familiares, vizinhos, aqueles que ainda não integraram a Rede de Proteção
amigos, colegas de trabalho, organizações, etc. As Preventiva.

59
É importante salientar que as Redes de Proteção Intervenção imediata: em caso de perigo, deve ser
Preventiva podem abranger também os condomínios e dado um sinal por meio de sons (apito, por exemplo),
outras modalidades de propriedades, até mesmo no meio por meio de lâmpadas ou campainhas instaladas, com
rural. Em locais mistos, onde há comércios e residências, seus interruptores ligados em locais próximos ou outras
por exemplo, todos podem se integrar. ações acertadas entre os integrantes da rede por inter-
Em locais onde prevalecem estabelecimentos comer- médio de códigos combinados nas reuniões. Pode ser
ciais, estes deverão criar estratégias específicas, pois os ainda convencionado o uso de aplicativo de mensagem
horários de funcionamento e os interesses costumam ser ou equivalente, em que conste o contato dos partic-
semelhante, a motivação é geral e a parceria também é ipantes da comunidade. O uso de aplicativos pode ser
possível. uma ótima ferramenta para uma resposta rápida a uma
Uma rede bem estruturada proporciona condições intervenção. Assim, em caso de problemas, um vizinho
mais adequadas para discussão de problemas de maior aciona o outro e, consequentemente, a PMMG, sempre
complexidade, facilitando a tomada de decisões. por meio do telefone 190 e, posteriormente, de outras
A formação de cada grupo dá condições para a formas a serem ajustadas.
criação e sistematização das redes e desta forma serão
criadas sub-redes de verificação e as sub-redes de vig- Sub-redes de identificação
ilância mútua.
É a identificação das casas, prédios e dos diversos es-
Sub-redes de verificação tabelecimentos e ruas que integram a rede com a utilização
de placas personalizadas e já padronizadas, que demons-
É a formação de uma cadeia de contatos de uma trem a todos que aquele segmento faz parte da Rede de
residência/comércio para a outra. Os integrantes da rede Proteção Preventiva, em parceria com a Polícia Militar.
estabelecem a forma de atuação, considerando como Não incluir propagandas nas placas, devendo seguir,
será feito o contato entre os participantes, horários, fre- obrigatoriamente, o modelo já existente, conforme Anexo E.
quência, e outros fatores relevantes.
Geralmente, pode ser feita por meio de telefone ou SISTEMATIZAÇÃO DA REDE DE PROTEÇÃO PRE-
outras formas de comunicação, como a criação de gru- VENTIVA
pos para troca de informações entre os integrantes por
meio de aplicativos de mensagens. Salienta-se a neces- Roteiros de ação para a criação da Rede de Prote-
sidade de se alertar aos participantes da rede acerca da ção Preventiva
disciplina na postagem de mensagens, cuidando para
que somente assuntos referentes à segurança pública Passos que antecedem a 1ª Reunião: ações para for-
sejam tratados pelos integrantes. mação dos grupos
Essa sub-rede possibilita que um integrante da rede a) Identificando o interesse em implantar a Rede de
contate outro integrante, verificando se naquele mo- Proteção Preventiva, o cidadão deve ser instruí-
mento ou se naquela residência existe algum problema. do pelo Comandante de setor/subsetor, gestor
Desta forma, são importantes a utilização de códigos, e responsável pela condução da Rede de Prote-
“senhas” ou combinações entre os componentes da rede ção Preventiva, acerca dos procedimentos para a
de forma a facilitar o apoio. A intenção é saber se há construção da rede, inclusive quanto à mobilização
problema ocorrendo com algum integrante da rede ou de outras pessoas na comunidade. Nessa etapa,
se tudo está dentro da normalidade. sugere-se que seja feito um pré-cadastro dos in-
É importante ressaltar que a senha criada deve teressados que tiveram a iniciativa em procurar a
ser do conhecimento apenas daqueles que estão PMMG, uma vez que serão os corresponsáveis pela
envolvidos diretamente com a rede, ou seja, moradores, implantação da rede e atuarão como mobilizado-
comerciantes ou funcionários que a integram. Pode ser res (disseminadores) na comunidade.
estendida também aos empregados da residência, a b) Verificada a necessidade de implantação de uma
critério do morador. rede, considerando a análise criminal concomitan-
te com os conhecimentos produzidos pela Inte-
Sub-redes de vigilância mútua ligência de Segurança Pública (ISP), realizada em
determinada área ou localidade, a Polícia Militar
É o processo de observação explícita à movimentação deve estimular a participação de moradores, co-
nas imediações da residência/comércio vigiado, com a merciantes, industriário etc., conforme o caso, pre-
intenção de perceber a presença de pessoas ou veícu- ferencialmente aqueles que tenham sido vítimas
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los estranhos ou em atitudes suspeitas. Verifica-se nesta de crimes violentos.


sub-rede a possibilidade de um componente do grupo
observar pessoas ou situações que saem da normalidade, Esse processo é uma oportunidade de aproximar a
informando no menor tempo possível à Polícia Militar, os comunidade local da Polícia Militar, de forma que as pes-
problemas ocorridos. soas sejam envolvidas na reunião de criação da “Rede
Esta sub-rede apresenta ainda as seguintes vanta- de Proteção Preventiva”. Sugere-se a distribuição de in-
gens: formativos para as pessoas da localidade (moradores,
a) o cidadão funciona como uma “Câmera Viva’”; comerciantes, etc.), com especificação de data, hora e
b) observação é explícita e acontece em tempo real. local da reunião.

60
c) Estabelecer qual pessoa será o rep- e) Informar aos participantes que as atividades dis-
resentante da Rede de Proteção Preventiva a participar cutidas na primeira reunião serão somente para im-
junto com o gestor da Polícia Militar, podendo haver plantação, oportunidade em que o gestor da Rede
mais de uma pessoa, a fim de atuar como facilitador da deverá explicar de forma objetiva a metodologia de
comunicação, promover a integração entre os envolvi- funcionamento da rede. Embora a primeira reunião não
dos, colocando em prática os pressupostos e princípios seja a mais adequada para se tratar questões como o
da atividade. Torna-se importante verificar a idoneidade emprego de policiamento, bem como questões ati-
desse representante, a fim de estabelecer a parceria com nentes ao efetivo policial e estatísticas de crimes na
pessoas ordeiras. região, o policial militar palestrante deve conhecer bem
d) Solicitar ao representante da Rede de estes detalhes.
Proteção Preventiva que viabilize, no que couber, conta- f) Ser claro e preciso durante a palestra, evitando uso de
to/visita de aproximação com: “jargões, gírias e manifestações de posicionamentos
- as lideranças religiosas da região - são importantes pessoais”. O militar deve estar apto a ouvir críticas e
facilitadores para implantação da Rede de Proteção Pre- informar que outras instituições também estão inseri-
ventiva. Podem contribuir para a mobilização e divul- das no cenário da Defesa Social, sem, contudo, criar
gação do trabalho na comunidade através do envolvi- polêmica ou atribuir responsabilidades a qualquer out-
mento de pessoas nas reuniões da rede; ro órgão ou Instituição.
- as lideranças possuidoras de mídias locais, que aju- g) Sensibilizar as pessoas a adotarem um comportamento
darão na divulgação e mobilização dos cidadãos para as mais solidário de forma a estarem dispostas a compar-
reuniões da rede, através da divulgação de matérias jor- tilharem rotina, buscando potencializar a rede de vig-
nalísticas acerca da atividade a ser desenvolvido na co- ilância mútua.
munidade; h) Solicitar aos participates a mobilizarem o maior nú-
- os representantes de associações, conselhos comu- mero de pessoas para integrarem a Rede de Prote-
nitários, funcionários dentre outros; ção Preventiva.
- os líderes comunitários que não tenham vínculos i) Criar as sub-redes de monitoramento, identificação e
políticos e que sejam referência na comunidade. verificação.
e) Agendar com as lideranças a realização da primeira j) Fomentar a constituição de mídia social, dentre as
reunião para a implantação da da rede, cuja data, horário tecnologias disponíveis, a fim de facilitar a comunica-
e local devem ser definidos de modo que proporcione a ção entre os envolvidos. O administrador do grupo de-
participação do maior número de pessoas interessadas. verá ser um dos integrates, preferencialmente aquele
f) Confeccionar um modelo padrão de convite para a estabelecido como elo, a fim de se distribuir as respon-
reunião (vide Anexo A). Sugere-se que seja apresentado sabilidades entre os participates e dinamizar a troca de
nas reuniões da Rede de Proteção Preventiva, podendo informações.
ser inserido como matéria em veículos de comunicação k) Recomenda-se que antes da entrega das placas seja
utilizados pelas associações e conselhos comunitários, realizada pelo menos uma reunião, além da reunião de
veiculado pelas redes sociais ou distribuído, impresso, na instalação, a fim de solidificar e obter o maior número
comunidade. de adeptos para a rede, se possível, convidando novos
participantes.
Primeira reunião: implementação efetiva da Rede de
Proteção Preventiva Cadastro dos participantes das reuniões da Rede de
O Comandante de setor/subsetor, gestor e re- Proteção Preventiva
sponsável pela efetivação da Rede de Proteção Preventi-
va deverá dentre outras ações: A Polícia Militar coordenará o cadastramento formal de
a) Preparar a palestra para ser apresentada a rede. todos os participantes (Anexo B). Somente poderá encomen-
b) Buscar informações de análise criminal e de Inte- dar e receber a placa da rede para fixação no imóvel, o par-
ligência de Segurança Pública do local onde será ticipante constante no cadastro.
implantada a rede, a fim de delinear cenário. O acesso ao cadastro geral de todos os participantes será
c) Preparar o local onde ocorrerá a palestra, prefe- de responsabilidade do policial militar coordenador da ativi-
rencialmente na própria comunidade. Quanto aos dade e da liderança legitimamente reconhecida pela rede.
recursos materiais para montagem do dispositivo Este cadastro é de uso restrito no trabalho da rede, para
local da reunião, sugere-se 01(uma mesa), 01 (um) controle da PMMG e dos participantes. Em hipótese algu-
kit multimídia (computador, projetor de mídia, etc.) ma o cadastro poderá ter outra utilização, haja vista que
e microfone. Deve-se evitar formação de mesa de as informações ali contidas são sigilosas. Não será forne-
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honra para autoridades, personalidades ou quais- cida cópia do cadastro aos participantes da rede.
quer representantes civis, militares e políticos.
d) Apresentar-se aos participantes, dando a oportu- Placas indicativas da Rede de Proteção Preventiva
nidade também, quando possível, aos demais pre-
sentes. Conforme a rede a ser criada, solicitar que Caberá à PMMG repassar o tamanho e o padrão das
os interessados exponham, de forma rápida e de placas de identificação, que serão confeccionadas nas
acordo com as suas percepções, quais os proble- medidas de 42 x 30 centímetros (largura x altura), con-
mas recorrentes no ambiente a ser abrangida pela forme Anexo E.
rede.

61
A PMMG não será responsável por fazer encomendas d) informar quanto à eficiência do trabalho desen-
de placas e indicações de locais para confecção de ma- volvido por intermédio de outras experiências de
terial destas, tampouco recolherá valores para aquisição. criação das redes, bem como buscar alternativas
O orçamento das placas, bem como a encomenda da de melhorias;
quantidade necessária e o recolhimento do pagamento de e) alertar sobre cuidados relativos a novas modali-
cada participante, deverá ser feito pela liderança da rede. dades criminosas;
f) ministrar palestras com dicas de seguranças dire-
Solenidade de implantação da Rede de Proteção cionadas à realidade de cada rede;
Preventiva g) promover visitas aos cadastrados, a fim de identi-
ficar as vulnerabilidades e sugerir adoção de me-
Ao final dos trabalhos alusivos à implantação da didas preventivas, exemplificando nas reuniões al-
rede, sugere-se realizar uma solenidade para a entrega gumas sugestões;
das placas, como forma de demonstrar a importância da h) divulgar boas atuações de interesse comum.
atividade.
Caso haja outros interessados em participar da rede, Fica a critério do Comandante de setor, subdividir a
os procedimentos deverão ser idênticos aos já existentes Rede, considerando o número de integrantes e da área
e poderão ser inseridos em grupos anteriormente esta- de abrangência. É recomendável indicar o policial militar
belecidos. agente de informações, a fim de ser o elemento de liga-
ção com outros grupos de difusão de informações gerais
Manutenção da Rede de Proteção Preventiva de interesse da Instituição, devendo estar lotado na mesma
Fração PM em que pertencer o Gestor da Rede.
Com a entrega das placas, encerra-se a primeira eta- A Rede de Proteção Preventiva deve ser alvo de avalia-
pa de implantação do da Rede de Proteção Preventiva. ção permanente por parte da UEOp, a fim de aferir seus
O Comandante de setor/subsetor, gestor e responsável resultados quanto redução dos índices de criminalidade
pela rede, deverá acompanhar o desenvolvimento das e, principalmente, a melhoria da sensação de segurança
ações, promovendo visitas frequentes aos líderes, zelan- do cidadão.
do para que as atividades estejam em consonância com
os ditames dessa Instrução. Mudanças no modo de agir do policiamento pre-
As reuniões devem ser dinâmicas, preferencialmente ventivo
mensal, com o horário de início e término previamente
definidos com pauta programada. É recomendável que se A fim de dar efetividade à Rede de Proteção Preventi-
façam atas das reuniões e listas de presença, de forma a va, torna-se fundamental a UEOp:
documentar as discussões a serem analisadas e medidas a) efetivar a setorização do patrulhamento, atribuindo
decorrentes, sendo obrigatório por parte do policial mi- responsabilidade territorial a todos os integrantes
litar envolvido o registro das reuniões Boletim de Ocor- que atuam no rádio-patrulhamento;
rência Simplicado (BOS), conforme o tipo de reunião/ b) implementar serviços preventivos de acordo com a
visita realizada. demanda local;
Para o sucesso da atividade, é importante a divulga- c) orientar o efetivo a adotar um comportamento os-
ção aos veículos de comunicação sobre as ações desen- tensivo junto à comunidade, ou seja, real presença
cadeadas naquele local, visando maior adesão, aumento do policial próximo ao cidadão;
da credibilidade e da sensação da segurança subjetiva. d) sensibilizar os policiais militares conhecerem o
Torna-se relevante o treinamento dos policiais militares propósito da rede e qual papel desempenhará jun-
que realizam o atendimento às ocorrências, para que to àquela comunidade;
esses conheçam a atividade e assim prestem apoio aos e) valorizar os policiais militares que atuam na mobili-
integrantes da Rede de Proteção Preventiva. zação da comunidade.
Sugere-se que as reuniões, dentre outras questões,
sejam tratados os seguintes assuntos: CONCLUSÃO
a) incentivar os cidadãos acionar a Polícia Militar no
caso de qualquer suspeição. É importante a agili- O policiamento comunitário, na prática, é aquele que
dade e presteza quando dos acionamentos feitos ultrapassa a visão do atendimento de ocorrências ou da
pela comunidade, sendo, ainda, fundamental, que prisão de cidadãos em conflito com a lei, ou seja, tran-
seja dado retorno aos cidadãos da ação desenca- scende a visão de policiamento tradicional, ampliando o
deada; leque de ações, buscando atuar em todos os fatores que
b) dar conhecimento à comunidade de como ocor- concorrem para a intranquilidade pública, bem como min-
DOUTRINA OPERACIONAL

rem às abordagens típicas de polícia, orientando imizar a degradação das áreas urbanas que contribuíram
quanto à importância deste procedimento e que diretamente para o aumento da incidência criminal, impul-
por meio delas é que serão localizadas pessoas fo- sionando para que as instituições envolvidas no combate
ragidas da justiça, apreensões de armas de fogo e ao crime se adaptem a uma nova filosofia.
prevenção a outros crimes; A participação de cada cidadão é fundamental para a
c) alertar e sensibilizar a comunidade quanto à neces- prevenção da criminalidade. É fundamental importância
sidade de aproximação e diálogo com os policiais antecipar-se ao problema, por meio de atitudes e ações
de serviço, demonstrando claramente a importân- coordenadas e integradas com todos os agentes de for-
cia e o reconhecimento; ma objetiva.

62
Desta forma, aumenta-se a utilização de “atitudes não-tradicionais”, aquelas ligadas a ações comunitárias do tipo:
organização da comunidade, educação da população, alteração do contexto físico, mudanças no contexto social e da
sequência de eventos, provocando a alteração no comportamento dos potenciais agentes de delitos, fazendo com que
o crime seja, senão totalmente erradicado daquela localidade, pelo menos reduzido a índices aceitáveis.
A proximidade com a comunidade são demonstrações efetivas desta nova forma de se fazer polícia, onde os cida-
dãos integrados com policiais militares discutem a realidade da sua região.
Por intermédio de pequenas mudanças de comportamento, maior solidariedade entre as pessoas e, consequente-
mente, a adoção da correta metodologia aqui referenciada, Polícia Militar e comunidade reduzirão muito os índices de
crimes nas ruas, estabelecimentos e áreas comerciais onde as redes forem implementadas, reduzindo também o medo
do crime e aumentandoa sensação de segurança.
Revoga-se a Instrução nº 3.03.11/2011-CG, de março de 2011, que tratava da Rede de Vizinhos Protegidos na PMMG.

ANEXO “A” (MODELO DE CONVITE PARA PARTICIPAÇÃO EM REUNIÕES DA REDE DE PROTEÇÃO PREVEN-
TIVA) à Instrução n° 3.03.11 /16-CG.

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63
ANEXO “B” (FORMULÁRIO DE CADASTRO DE INTEGRANTES DA REDE DE PROTEÇÃO PREVENTIVA) à Ins-
trução n° 3.03.11/16-CG.
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64
ANEXO “C” (MODELO DE ATA DAS REUNIÕES DA REDE DE PROTEÇÃO PREVENTIVA) à Instrução n° 3.03.11
/16-CG.

ANEXO “D” (FOLDER CONTENDO DICAS DE SEGURANÇA PARA REDE DE PROTEÇÃO PREVENTIVA) à Ins-
trução n° 3.03.11 /16-CG.

DOUTRINA OPERACIONAL

65
ANEXO “D” – VERSO (FOLDER CONTENDO DICAS DE SEGURANÇA PARA REDE DE PROTEÇÃO PREVENTI-
VA) à Instrução n° 3.03.11 /16-CG.

ANEXO “E” (MODELO DE PLACA DE IDENTIFICAÇÃO DOS DIVERSOS SEGMENTOS DA REDE DE PROTEÇÃO
PREVENTIVA) à Instrução n° 3.03.11 /16-CG.
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66
atuação com o objetivo de atuar em proximidade/intera-
INSTRUÇÃO Nº 3.03.22/2017- CG, DE ção com a comunidade em atenção aos problemas que
28/09/17 - PROCEDIMENTOS BÁSICOS DE afetam a qualidade de vida local, em especial a preven-
ESTACIONAMENTO E POSICIONAMENTO ção/combate ao crime, a reação qualificada à violência e
DE VIATURAS E DA GUARNIÇÃO POLICIAL a desordem, consubstanciado na metodologia da políca
MILITAR. (PUBLICADA NA SEPARATA DO orientada para o problema e polícia de proximidade.
BGPM Nº 71 DE 21/09/2017). Em 2016 o Comando da Instituição designou a Co-
missão nº 27 - Estado-Maior da Polícia Militar (EMPM)
para promover estudos acerca dos impactos da reestru-
Prezado Candidato, devido a complexibilidade e turação logística, operacional e de pessoal da setoriza-
formato do conteúdo em questão, disponibilizare- ção de policiamento nas Unidades da Polícia Militar na
mos o PDF em nosso site www.novaconcursos.com. Região Metropolitana de Belo Horizonte.
br/retificacoes, para consulta. Como conclusão do estudo foi apresentada a propos-
ta de criação de um serviço para o portfólio da PMMG,
posteriormente denominado Base de Segurança Comu-
nitária, que passou a integrar o Programa “Mais Seguran-
INSTRUÇÃO Nº 3.03.21/2017- CG, DE ça” do Governo do Estado.
20/09/17 - BASE DE SEGURANÇA COMU- No âmbito do Programa “Mais Segurança” a PMMG
NITÁRIA. 2º EDIÇÃO REVISADA (PUBLI- desenvolveu o Projeto “Segurança Comunitária”, com
CADA NA SEPARATA DO BGPM Nº 62 DE a instalação de uma Base por setor de policiamento. O
21/08/2018). projeto prevê a instalação, em sua primeira etapa, de
Bases de Segurança Comunitária na Capital. Em uma se-
gunda etapa há previsão de instalação de Bases em mu-
SITUAÇÃO nicípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte/MG
(RMBH) e, numa terceira etapa, em municípios do interior
Informações Gerais do Estado.
O Projeto “Segurança Comunitária” encontra ampa-
A Polícia Militar de Minas Gerais, em razão de sua ro no Plano Estratégico 2016/2019 da PMMG que prevê
missão constitucional de polícia ostensiva, especialmen- como objetivos da Instituição, dentre outros, contribuir
te na prevenção criminal e preservação da ordem públi- para a redução do crime violento no Estado de Minas Ge-
ca, deve propiciar o fortalecimento da Segurança Pública rais por meio do fortalecimento e modernização da capa-
com vistas ao desenvolvimento do Estado e a melhoria cidade institucional no interior e regiões onde há maior
da qualidade da vida do cidadão. incremento nos índices de criminalidade violenta, com
A prevenção criminal, segundo a filosofia de Polícia aprimoramento logístico e de pessoal (Objetivo 02), além
Comunitária, se consolida a partir de ações desenvolvidas de promover a reestruturação logística e operacional da
pela Polícia Militar e também pela sociedade com o intui- setorização do policiamento (Objetivo 05). (MINAS GE-
to de inibir o potencial infrator de cometer algum crime, RAIS, 2015)
evitando a ocorrência do fenômeno criminal. Além disso, o projeto também está alinhado com o
A Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), na Instru- Programa de Reestruturação da PMMG, constante da Di-
ção nº 3.03.18/2016-CG, que trata sobre a Setorização e retriz n. 3.01.08/17 - CG, em atendimento as suas premis-
Gestão Operacional, define esta estratégia como sendo sas, quais sejam: fortalecimento do policiamento os-
uma subdivisão do espaço territorial com alocação de re- tensivo, combate a interiorização do crime, redução
cursos em seus respectivos espaços físicos e devida res- da criminalidade violenta e aumento da sensação de
ponsabilidade na gestão, bem como no monitoramento segurança. (MINAS GERAIS, 2017a)
baseado na análise criminal e na produção de conheci-
mento de inteligência, com ênfase na aproximação da Em agosto de 2017 foi concluída a primeira etapa do
PMMG à comunidade. (MINAS GERAIS, 2016a) programa com a instalação das Bases em cada um dos
A divisão dos setores trata-se de uma estratégia de 86 (oitenta e seis) setores de policiamento da Capital, ex-
organização territorial preventiva que leva em conside- cluindo-se os setores do Grupo Especial de Policiamento
ração as características socioeconômicas, demográficas e em Área de Risco (GEPAR). A expansão do programa (2ª
culturais, os problemas de segurança pública locais, den- e 3ª etapa) foi determinada para o ano de 2018, contem-
tre outros critérios. plando os seguintes municípios: RMBH (Contagem, Be-
A setorização permite que os recursos disponíveis tim, Ribeirão das Neves, Ibirité, Vespasiano e Nova Lima);
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na Unidade de Execução Operacional sejam dispostos interior do Estado (Uberlândia, Juiz de Fora, Montes Cla-
no território com maior racionalidade e eficiência, com ros e Uberaba).
base em informações de análise criminal e inteligência de A definição dos municípios para a expansão do pro-
segurança pública, a partir da identificação e monitora- jeto (2ª e 3ª etapa) se deu por diagnóstico da incidência
mento dos alvos prioritários, dos locais e territórios que de criminalidade violenta dos anos de 2016, 2017 e 2018.
mereçam atenção. A subdivisão das Companhias PM em setores é me-
Em síntese, a setorização do policiamento é uma dida primordial a ser adotada pelas Unidades de Execu-
estratégia de segurança pública preventiva, cujo proce- ção Operacional (UEOp) contempladas com as Bases de
dimento consiste em organizar o ambiente/espaço de Segurança Comunitária. Cumpre salientar que cada Re-

67
gião de Polícia Militar (RPM) deverá elaborar seu respec- Adotar estratégias preventivas de policiamento de
tivo plano de setorização, conforme prevê a Instrução n. proximidade que promovam maior interação com a co-
3.03.18/16 -CG. munidade, redução da criminalidade, da desordem e o
As Bases do Projeto “Segurança Comunitária” são veí- aumento da sensação de segurança.
culos do tipo van, equipados com câmeras de videomo- Fomentar a participação das pessoas, em cada setor,
nitoramento, rádios digitais, equipamentos de segurança nas ações afetas à segurança pública, em especial na via-
e tecnologias, suplementadas por motocicletas que res- bilização de informações de interesse operacional, ou de
ponsáveis pelo patrulhamento nos setores, em reforço defesa social.
ao policiamento ordinário já realizado naquele espaço. Disponibilizar ao policial militar empregado nas Ba-
ses acesso às novas tecnologias utilizadas na PMMG, tais
Elementos Adversos como lavratura de Registro de Eventos de Defesa Social
(REDS) e Termo Circunstanciado de Ocorrências (TCO),
Aumento da demanda referente à segurança preven- além de pesquisas de pessoas e veículos, sem a necessi-
tiva face à criminalidade violentaem Minas Gerais, que se dade de acionamento via rede de rádio e deslocamentos
soma ao cenário de crise econômica, antagonismos polí- a quartéis e delegacias.
ticos e sociais vivenciado pelo país.
Utilização da tecnologia, dos meios de comunicação EXECUÇÃO
e diversificação do modus operandi em favor do crime ou
do infrator. Conceito da Operação
Necessidade de reestruturação institucional, com a
racionalização do emprego de recursos humanos e logís- As Bases de Segurança Comunitária serão emprega-
ticos ao mesmo tempo em que se busca maior eficiência das diariamente com um efetivo total de quatro policiais
e resultados operacionais na corporação. militares, sendo dois na viatura tipo van e dois em mo-
tocicletas, para prestação de atendimento de segurança
Elementos Favoráveis pública a comunidade, em atenção aos problemas da-
quele território/espaço.
Investimentos financeiros específicos, por parte do Durante o turno a Base permanecerá no local previa-
Governo do Estado, viabilizando a implementação do mente definido e os deslocamentos serão autorizados
projeto. somente em circunstâncias excepcionais, com a devida
Integração de diversos órgãos do estado, a fim de co- autorização do Coordenador de Policiamento da Unida-
laborar na esfera das suas de (CPU).
respectivas atribuições, contemplando de modo cen- Os policiais militares da Base serão responsáveis, ba-
tral a segurança pública e defesa social. sicamente, pela operação do videomonitoramento, aten-
Doutrina de emprego operacional qualificada e con- dimento ao público e confecção de REDS. Esses policiais
solidada acerca do serviço a ser oferecido, como polícia militares serão responsáveis por montar a estrutura física,
comunitária, setorização, Base Comunitária, dentre outras. inclusive a parte tecnológica, para que a Guarnição esteja
Utilização de recursos tecnológicos para o aprimora- em condições totais de monitorar as câmeras e atender
mento do emprego policial militar e otimização da “pron- ao público.
ta-resposta” em prol da eficiência operacional. Enquanto não houver atendimento ao público, um
Capacitação específica dos policiais militares que exe- militar da Base permanecerá no monitoramento das câ-
cutarão o serviço em cumprimento à missão. meras e o outro ficará postado no lado externo do veícu-
lo, de modo a prevenir e inibir a prática criminosa pela
MISSÃO presença ostensiva, demonstrando disponibilidade e
acessibilidade à comunidade. Caso o monitoramento por
Geral câmeras não esteja disponível, ambos militares deverão
permanecer na parte externa do veículo.
Regular o emprego das Bases de Segurança Comu- Os policiais militares empregados em motocicletas
nitária nas atividades de polícia ostensiva de prevenção executarão o patrulhamento preventivo no setor em
criminal e de preservação da ordem pública, da incolu- cumprimento a cartão-programa que será confecciona-
midade das pessoas e do patrimônio, tendo como foco do e atualizado pelo Comandante de Setor e Comandan-
principal o combate ao crime, violência e desordem, em te da Companhia, sob coordenação da Seção de Empre-
consonância com os preceitos do policiamento comuni- go Operacional da Unidade.
tário e setorização do policiamento. O patrulhamento motorizado executado pelos poli-
ciais das motocicletas deverá ser executado com o gi-
Particular roflex ligado e em observância ao binômio da baixa
DOUTRINA OPERACIONAL

velocidade e atitude expectante dos componentes da


Promover maior eficiência e vigor operacional da Guarnição.
Corporação, evidenciados na pronta-resposta da Polícia Os motociclistas poderão atender às demandas de
Militar no combate ao crime, violência e desordem. Segurança Pública determinadas pelo Comandante do
Proporcionar maior visibilidade e referência à popula- Setor, devido à sua mobilidade, uma vez que a Base ficará
ção para atendimento às demandas de segurança públi- durante todo o turno estacionada no local previamente
ca local, de forma setorizada, sob a égide da filosofia de estabelecido e também realizar visitas tranquilizadoras,
polícia comunitária. determinadas pelo Comandante de Setor e/ou Coman-
dante da Companhia.

68
Atuação em Rede

Os procedimentos operacionais das Bases e seu efetivo possuem uma dimensão imediata, referente ao eficiente
emprego do policiamento, e uma dimensão mediata que se concretiza em ações de atuação em rede.
A atuação em rede, por sua vez, está vinculada ao conjunto articulado e escalonado de níveis de esforços da ativi-
dade operacional da PMMG. De acordo com a DGEOp, a Polícia Militar possui dois modelos operacionais diferenciados:
territorial e supraterritorial (recobrimento).
As Bases, fixas em cada setor, atuarão no modelo territorial e também como um mobilizador junto ao Comandante
de Setor e Comandante de Companhia para suplementação num eventual emprego de efetivo no modelo supraterritorial.
Os militares empregados na Base deverão manter estreito contato com o Comandante do Setor que, por sua vez,
deverá acionar os Comandantes de níveis superiores, de forma que apresente suas necessidades de recobrimento,
reforço e implementação de serviços com foco na prevenção e, eventualmente, na retomada da tranquilidade pública
no local de atuação.
O Comando da Unidade de Execução Operacional (UEOp), no âmbito do Batalhão, poderá promover ações integra-
das entre as Companhias PM no setor de policiamento das Bases e outros órgãos públicos, o que também poderá ser
feito pelo Comandante de Companhia, em relação aos setores.

Critérios para definição dos locais de instalação

Os locais de instalação das Bases serão definidos pelo Comando-Geral em conjunto com as RPM em observância a
aspectos técnicos, dentre eles: características socioeconômicas, demográficas, culturais e geográficas da localidade; in-
cidência criminal; concentração de estabelecimentos comerciais/bancários (potencialmente suscetíveis a crimes contra
o patrimônio); público alvo; demanda por serviços da PMMG; e a demanda por registros de ocorrências.
Considerar-se-á também a segurança da equipe policial e da comunidade que acessará o serviço, além de aspectos
como existência de iluminação adequada e possibilidade de alagamentos do local.
Para a utilização do videomonitoramento e acesso à Internet, a Base deverá estar próxima a um ponto de energia pública
e, sempre que possível, próxima a um ponto da rede lógica da PMMG, motivo pelo qual a Diretoria de Tecnologia e Sistemas
(DTS) e Diretoria de Apoio Logístico (DAL) devem participar do processo de avaliação e validação dos locais propostos.
Qualquer alteração nos locais de instalação das Bases será precedida de estudo que deverá ser enviado ao Coman-
do-Geral/Assessoria Estratégica de Emprego Operacional (A.E.3), para aprovação, como se vê na FIGURA 01.

Figura 01 - Fluxo para mudança de local de emprego da Base

ADMINISTRAÇÃO
DOUTRINA OPERACIONAL

Efetivo e Turno de Serviço

O efetivo empregado será de quatro policiais militares por turno de serviço, diariamente. A Base deverá sempre fun-
cionar com a totalidade dos policiais militares, sendo que, em caso de indisponibilidade, o Comandante de Companhia
providenciará a substituição do militar.
O período de emprego da Base será de 14h00min a 23h30min, totalizando nove horas e trinta minutos de efetivo
serviço no posto, em turno único, não se computando o tempo destinado à chamada, instrução, montagem de equi-
pamentos e deslocamentos.

69
Avaliada a necessidade local e havendo recursos hu- As operações planejadas para o turno a serem reali-
manos e logísticos suficientes, o período de emprego zadas pela equipe das Bases deverão constar na carta de
da Base poderá ser estendido para mais de um turno de situação diária da Unidade.
serviço, mediante autorização do Comando-Geral, após O Comandante de Setor poderá realizar reuniões,
encaminhamento da demanda à A.E.3. inclusive com lideranças comunitárias, na própria Base,
A jornada de trabalho dos policiais militares seguirá o quando a quantidade de pessoas assim o permitir, visan-
previsto nas normas da Corporação que dispõem sobre a do conhecer as demandas de Segurança Pública da co-
jornada de trabalho na Polícia Militar. munidade local e, especialmente, recolher informações
sobre Segurança Pública e Defesa Social.
Recursos logísticos A Base de Segurança Comunitária (BSC) servirá de re-
ferência para os moradores do setor e atenderá, dentre
Viaturas outras, as demandas da população local para registro de
boletins de ocorrência. Nesse sentido, as ocorrências de
Veículo tipo Van/furgão adaptado, com caracteriza- registro posterior e/ou aquelas em que não haja condu-
ção específica e estrutura para atendimento ao cidadão, ção de presos ou apreensão de material, ocorridas no
registro de ocorrências e videomonitoramento. respectivo Setor e atendidas inicialmente por outras via-
Motocicletas de 300 (trezentas) cilindradas para exe- turas do turno, poderão ser encaminhadas à Base para
cução do motopatrulhamento. a confecção do REDS, após avaliação do CPU, a fim de
Equipamentos e Recursos Tecnológicos liberá-las para o radiopatrulhamento.
Rádio Hand-Talk (HT) digital, sendo dois para os mo- As Bases deverão gerar o respectivo Relatório de Ati-
tociclistas e um para os policiais militares que permane- vidades (RAT), de natureza Y 15.060 (Operação da Base
cerão na Base. Comunitária Móvel), para cada emprego operacional. As
Rádio transceptor digital móvel, que permanecerá motos a elas agregadas serão lançadas no turno com
fixo na Base Móvel para comunicação. restrição de empenho.
Smartphone para consulta por parte dos policiais mi- O estacionamento e posicionamento das viaturas e
litares. dos policiais militares empregados na Base deverão ob-
Telefone Voice Over Internet Protocol (VOIP) que servi- servar o previsto na Instrução nº 3.03.22/2017- CG.
rá como telefone fixo, para comunicação com os demais As BSC são consideradas essenciais na grade de ati-
telefones fixos da Corporação, como Sala de Operações vação de serviços destinados ao policiamento ostensivo
da Unidade (SOU), Centro Integrado de Comunicações geral das Unidades responsáveis pelos municípios defini-
Operacionais (CICOP), etc. dos pelo Comando-Geral para instalação do serviço.
Tablet com conexão à internet para acesso e consultas Para maior segurança as RPM deverão diligenciar para
aos Sistemas da PMMG. instalação de ondulações transversais (lombadas físicas)
Notebook com acesso à internet e aos sistemas PM e, nas vias de trânsito nas proximidades da Base para redu-
principalmente, registro de ocorrências. ção da velocidade dos veículos que por elas transitam.
Impressora térmica para impressão de REDS. Os motociclistas deverão, obrigatoriamente, usar os
A Base Móvel contará com sistema de Circuito Fe- equipamentos de proteção individual disponíveis, previs-
chado de Televisão (CFTV), composto por seis câmeras, tos nesta Instrução.
sendo uma interna e cinco externas, com gravador digital Em caso de indisponibilidade da Base (por motivo de
(DVR) e monitor para visualização das imagens. baixa mecânica, por exemplo), a Unidade deverá entrar
Materiais de isolamento e sinalização em contato com a RPM para a substituição por Base de
Cones de trânsito para fins de sinalização do local de Segurança Comunitária reserva. O Comandante da Cia,
estacionamento da base. em último caso, deverá escalar o efetivo em Guarnição
Cavaletes e corda para isolamento do local de esta- PM fixa (quatro rodas) no local destinado à Base, no mes-
cionamento da Base e/ou do local de colocação da mesa mo turno de serviço, a fim de não se perder a referência
e cadeiras. para a comunidade local.
Equipamento de Proteção Individual (EPI) Em caso de tempo chuvoso, excepcionamente, o efe-
Conjuntos para motociclistas composto de capacete, tivo de motociclistas vinculado à Base poderá ser em-
luvas, cotoveleiras e joelheiras. pregado em viatura quatro rodas, mediante avaliação e
Outros EPI convencionais da PMMG, tais como colete autorização expressa do Comandante de Companhia.
balístico, etc. Todos os militares que atuarão nas BSC deverão par-
ticipar de treinamento específico promovido pela RPM,
PRESCRIÇÕES DIVERSAS após validação do Comando-Geral e Academia de Polícia
DOUTRINA OPERACIONAL

Militar (APM), a ser regulado em documento próprio. O


Como forma de se estabelecer uma proximidade com conteúdo do treinamento deverá conter disciplinas afe-
a comunidade, os Comandos Operacionais deverão en- tas a Polícia Comunitária, confecção de REDS, videomo-
vidar esforços para manter os policiais militares fixos nas nitoramento, tecnologia e operacionalização das Bases,
Bases, fomentando a participação efetiva na formulação e, quando possível, noções da Atividade de Inteligência.
e execução das estratégias de policiamento (e respecti- A Diretoria de Apoio Operacional (DAOp)/Centro In-
vas ações/operações), conhecendo (e procurando solu- tegrado de Informações de Defesa Social (CINDS) pro-
cionar) os problemas de Segurança Pública da comuni- videnciará análise criminal e dados estatísticos mensais
dade local. específicos sobre o emprego das Bases do Projeto Se-

70
gurança Comunitária, por meio do monitoramento dos c) supervisionar o cumprimento do contido nesta In-
crimes violentos, crimes contra o patrimônio e dos cri- strução;
mes típicos de polícia, prisões e apreensões, além das d) avaliar a qualidade de atendimento e mensurar a
operações realizadas. produtividade das equipes BC;
As Unidades contempladas com o Projeto de Seguran- e) participar de reuniões comunitárias quando solicit-
ça Comunitária deverão providenciar, junto ao órgão mu- ado pelo Comandante de Setor ou na impossibili-
nicipal de trânsito, a sinalização fixa do local previsto para dade de presença do Oficial.
instalação da Base, evitando assim que outros veículos
impeçam o estacionamento da viatura policial militar. Até 3 Comandante de Setor
que a sinalização definitiva seja instalada, a Unidade de- Função atinente ao posto de Oficial Subalterno com
verá providenciar a sinalização provisória do local. as seguintes atribuições:
De modo a atender a demanda do usuário do serviço, a) responsabilizar-se efetivamente pela Base Comuni-
as Unidades deverão providenciar, junto ao órgão mu- tária e seus componentes, bem como primar pelo
nicipal de trânsito, a instalação de faixa de travessia de uso adequado dos materiais;
pedestres para acesso as BSC e vagas de estacionamento b) manter contato direto com os Comandantes de BC,
para veículos. de forma a coordenar, controlar e aperfeiçoar as
Em caso de problemas com o funcionamento dos re- atividades operacionais;
cursos tecnológicos (acesso ao videomonitoramento ou c) realizar instruções e aprimoramentos técnico e tá-
ao link de internet, por exemplo) as Unidades deverão tico das Guarnições de serviço nas BC, com foco
acionar o oficial de informática para regularização do no policiamento comunitário, prisão de criminosos
serviço. contumazes na área de atuação, avaliação dos pro-
Qualquer alteração quanto aos recursos logísticos blemas diversos de segurança pública. Verifique
que compõem a Base deverá ser comunicada ao Coman- a autenticidade em: dados/informações/conheci-
dante de Setor e Comandante de Companhia para ado- mento ao velado/P2 da Unidade e Comandante de
ção das medidas cabíveis. Companhia;
A Instrução nº 3.03.07/2010 - CG, que regula a atua- d) promover a interação comunitária junto a popu-
ção da Base Comunitária (BC) e da Base Comunitária Mó- lação local, agendando, dentro das possibilidades,
vel (BCM) na Polícia Militar de Minas Gerais, e Instrução reuniões comunitárias de forma que sejam realiza-
nº 3.03.18/2016 - CG, que estabelece critérios para a se- das na estrutura disponibilizada pelas BC;
torização e gestão do policiamento no Estado de Minas e) assessorar o Comandante de Companhia acerca
Gerais serão aplicadas subsidiariamente à presente Ins- das necessidades logísticas e operacionais, rema-
trução em caso de lacuna normativa, quando da execu- nejamentos, cartão-programa, reuniões comunitá-
ção da atividade. rias, análise criminal e de inteligência, problemas
Os casos omissos serão deliberados pelo Comando- de segurança pública, buscando o aprimoramento
-Geral, devendo ser reportados à Assessoria Estratégica diário da atividade operacional;
de Emprego Operacional (A.E/3). f) fazer-se presente na Base, principalmente nos horá-
rios identificados como de maior incidência crimi-
nal e/ou de maior demanda operacional, visando
APÊNDICE “A” (ATRIBUIÇÕES DOS COMPONENTES avaliar a qualidade de atendimento e a produtivi-
DA BASE DE SEGURANÇA COMUNITÁRIA) À INS- dade das equipes BC;
TRUÇÃO Nº 3.03.21/2017 - CG. g) orientar o efetivo da BC quanto à postura e ação
proativa, especialmente conhecer os delitos e de-
1 Supervisor linquentes contumazes, facilitando a prevenção
a) avaliar, orientar, identificar e corrigir eventuais (ou prisão de marginais), além de coletar suges-
desvios, conferindo in loco o desenvolvimento da tões e informações para o Cmt da Cia, P/2/Velado,
atividade operacional das equipes da Base de Se- a partir das demandas e informes trazidos pela co-
gurança Comunitária; munidade e o efetivo da BC;
b) encaminhar ao Comando da UEOp eventuais quei- h) propor ao Cmt de Cia a inclusão ou afastamento de
xas, reclamações e sugestões dos policiais militares policiais militares da equipe da BC;
das equipes da Base, bem como relatórios circuns- i) realizar auditoria semanal do sistema de videomo-
tanciados contendo os aspectos positivos e nega- nitoramento (DVR) para avaliar e supervisionar a
tivos verificados durante o período da Supervisão prestação de serviço por parte dos policiais mili-
para aprimoramento do projeto/execução da ati- tares empregados na Base, remetendo ao Coman-
DOUTRINA OPERACIONAL

vidade. dante de Companhia relatório mensal sobre a au-


ditoria.
2 Comandante de Companhia
a) definir a composição das equipes BC nos diversos
4 Comandante da BSC
setores de patrulhamento;
Função atinente a Sub Tenente ou Sargento que será
b) estabelecer diretrizes básicas de emprego das BC
o responsável imediato pela Base de Segurança Comu-
em relação à confecção de cartão-programa, qua-
nitária, servindo de elo entre o Comandante de Setor e os
dro de operações, visitas tranquilizadoras e patru-
demais policiais militares componentes da Base, com as
lhamento preventivo/repressivo, em conjunto com
seguintes atribuições:
os Comandantes de Setor;

71
a) conferir e zelar pelos recursos logísticos e tecnoló- g) colaborar para a imagem institucional por meio da
gicos agregados à Base relatando ao Comandante postura policial militar, executando as seguintes
de Setor qualquer alteração, em especial o funcio- condutas:
namento do GPS das viaturas e câmeras da Base; - a permanência dentro da Base se dará apenas du-
b) coordenar a confecção e/ou lavrar o respectivo rante o tempo necessário para registro de ocor-
REDS; rência, operação do videomonitoramento e aten-
c) fiscalizar o atendimento ou atender ao público que dimento comunitário;
comparecer a BC para pedir informações ou regis- - evitar aglomeração em grupo com outros policiais
trar ocorrências; militares, de forma a demonstrar desinteresse ou
d) recomendar a realização ou realizar o policiamen- desatenção ao serviço; tais como aparelhos celu-
to comunitário nas imediações da BC, sempre que lares / smartphones, ou jornais e revistas;
possível, gerando as respectivas atividades no sis- - não fumar no interior da Base;
tema REDS; - não atender ao público encostado no veículo ou se
e) interagir com a comunidade e suas lideranças, utili- alimentando.
zando-se dos canais de comunicação disponíveis e
tornando-se conhecido do público; 6 Motociclistas
f) manter-se atento às demandas, necessidades e in- a) realizar o policiamento comunitário e o patrulha-
formações trazidas pela comunidade atendida; mento preventivo/repressivo no setor de atuação,
g) reportar ao respectivo Comandante de Setor a res- orientado pelo cartão programa confeccionado perio-
peito das necessidades verificadas e informações dicamente pelo Comandante do Setor/Companhia;
voltadas à segurança pública e atividade operacio- b) estreitar o contato com a comunidade durante o
nal; patrulhamento, conhecendo a população local, os
h) sugerir ao Comandante de Setor o desenvolvimen- problemas da região, pontos vulneráveis, alvos,
to de estratégias com a finalidade de auxiliar na principais crimes e criminosos contumazes, atuan-
do ativamente no combate ao crime, violência e
solução dos problemas identificados, prisão de
desordem;
marginais ou combate à desordem local;
c) realizar o policiamento orientado para o problema,
i) registrar todas as atividades realizadas no módulo
voltado para melhoria da qualidade e rapidez no
REDS, por meio da codificação adequada prevista
atendimento, aumentando a sensação de segurança;
na Diretriz Integrada de Ações e Operações (DIAO),
d) adotar as primeiras providências nos casos de pri-
visando contribuir para a avaliação contínua das
são/apreensão de marginais ou atendimento de
ações desenvolvidas.
ocorrências que tenham conduzidos e/ou materiais
apreendidos, repassando à viatura quatro rodas, que
5 Integrantes que permanecerão junto à BC providenciará os devidos encaminhamentos;
a) registrar as ocorrências encaminhadas à BC ou so- e) coletar as informações necessárias ao registro das
licitadas diretamente pela comunidade; ocorrências no local das chamadas e repassá-las
b) atender cordialmente ao público que comparecer aos policiais militares da BC para o devido registro;
à BC, fornecendo-lhes as informações solicitadas, f) realizar contatos comunitários, registros de iniciati-
mantendo uma postura receptiva a críticas e su- va e de atendimento às necessidades de segurança
gestões apresentadas pela comunidade, encami- pública e defesa social da comunidade;
nhando-as ao escalão superior para avaliação e g) portar rádio transceptor para comunicar-se com a
providências decorrentes, quando fugirem à com- BC ou solicitar apoio, quando necessário;
petência dos integrantes da Base; h) apoiar as redes de proteção instaladas na respecti-
c) operar o videomonitoramento e monitorar as ima- va área de atuação.
gens produzidas pelo sistema de CFTV e das de- i) conferir e zelar pelos recursos logísticos e tecnoló-
mais câmeras acessíveis pela Base, zelando pela gicos agregados às motocicletas relatando ao Co-
manutenção do material e acionamento da pron- mandante de Setor qualquer alteração, em espe-
ta-resposta em caso de necessidade; cial o funcionamento do GPS e dos smartphones;
d) conhecer os criminosos contumazes atuando em
sua área de responsabilidade, locais e horários de 7 CPU
maior incidência criminal atinentes ao Setor, pon- a) coordenar e controlar as atividades operacionais
tos vulneráveis, alvos potenciais, atuando ativa- durante os turnos de serviço, de forma que as Ba-
mente no combate ao crime, violência e desordem ses sejam empregadas dentro do conceito opera-
local, contribuindo ainda de modo pró-ativo com cional estabelecido;
DOUTRINA OPERACIONAL

as comunicações operacionais e a efetividade no b) fiscalizar todas as Bases Comunitárias durante o


cumprimento da missão; turno de serviço, ou fazê-lo por
e) posicionar-se ostensivamente do lado externo da c) verificar, acompanhar e anunciar de imediato ao
Base, mantendo postura e compostura, demons- Comandante/Subcomandante da Unidade toda e
trando acessibilidade e disponibilidade ao público qualquer ocorrência de maior gravidade e comple-
externo; xidade envolvendo o
f) exercer atividade externa à BC, sempre portando - evitar distração com utilização de recursos eletrôni-
rádio transceptor portátil para se comunicar com a cos ára fins alheios aos serviço, efetivo das Bases
base ou solicitar apoio quando necessário; Comunitárias;

72
d) gerenciar as atividades das BC de forma a reduzir IV - Modelo Operacional Territorial - o modelo op-
o tempo de resposta e de registro de ocorrências eracional territorial é a divisão do Estado de Minas
pelos militares de serviço. Gerais em espaços geográficos denominados regiões,
áreas, subáreas, setores e subsetores, de responsabili-
dade, respectivamente, de RPM, batalhões, companhi-
RESOLUÇÃO Nº 4.605/2017, DE 28/09/17 - as, pelotões e grupos PM, podendo estes ser desdobra-
DISPÕE SOBRE O PORTFÓLIO DE SERVIÇOS dos em subgrupos. Esse modelo tem como princípios
DA POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS. básicos a maior proximidade aos cidadãos, descen-
(PUBLICADA NA SEPARATA DO BGPM Nº tralização dos serviços policiais militares e a mod-
77 DE 17/10/2017). ernização dos serviços relacionados com a atenção
ao público. Articulado em respostas autossuficientes
tanto quanto possível, e multifuncionais, permite, uti-
Art. 1º - Ficam instituídos os conceitos relacionados lizando critérios de descentralização, a adequação
ao Portfolio de Serviços da Polícia Militar de Minas entre o serviço policial militar e as necessidades de
Gerais (PMMG), como instrumentos de padronização segurança e defesa social que surjam nos respectivos
dos esforços operacionais à população do Estado, nas espaços geográficos.
Unidades até o nível de Companhia Independente com V - Modelo Operacional de Recobrimento - o modelo
modelo territorial e policiamento especializado. operacional de recobrimento é sustentado na qualifi-
§ 1º - O Portfolio de Serviços Operacionais da PMMG cação especial e na atuação em ocorrências complexas,
constitui a relação de todos os serviços previamente ou potencialmente violentas, ou que por sua dimensão ou
validados pelo Comando da Polícia Militar e executa- repercussão extrapolem temporariamente a capacidade
dos para o cumprimento das missões legais ordinárias de atuação do policiamento ordinário e exijam respostas
da Organização, na sua atividade-fim, seus respecti- estratégicas e qualificadas. A organização operacional
vos conceitos operacionais, bem como o pessoal e os neste modelo configura-se em três níveis de recobrimen-
recursos logísticos necessários à sua implementação to, delineados na Diretriz nº 3.01.01/2016-CG.
e desenvolvimento. A possibilidade de emprego da VI - Análise Criminal - a análise criminal é uma ativ-
Polícia Militar em missões extraordinárias e especiais idade desenvolvida por profissional com o perfil e tre-
serão objeto de instruções específicas. inamento adequados que visa à identificação e o es-
§ 2º - Para os fins desta Resolução, consideram-se os tabelecimento de proporção dos fatores que envolvem
seguintes conceitos: a criminalidade, por meio de abordagem qualitativa e
1 - Serviços Operacionais Ordinários - serviços op- quantitativa, bem como a identificação das variáveis
eracionais ordinários são aqueles em que o efetivo da que se relacionam com esses fatores, apresentando as
Polícia Militar é empregado prioritariamente com ênfase correlações existentes ou não, com base nos aspectos
no policiamento preventivo e de atendimento à comu- espaço e tempo, fundamental no planejamento das
nidade, em suas diversas modalidades, nos locais onde ações e operações policiais militares.
houver indicativos de sua necessidade, e atenderão, pref- VII - Inteligência de Segurança Pública - exercício
erencialmente, locais georreferenciados, objetivando po- permanente e sistemático de ações especializadas
tencializar a atuação da Instituição, evitando-se a sobre- para identificar, avaliar e acompanhar ameaças reais
posição de esforços, com aumento da sensação objetiva ou potenciais na esfera de Segurança Pública, basi-
de segurança, a prevenção e a reação qualificada. camente orientadas para produção e salvaguarda de
II - Reação Qualificada - reação qualificada é o conhecimentos necessários para subsidiar os toma-
conjunto de reações efetivas perante a ação crimino- dores de decisão, para o planejamento e execução de
sa, violência ou forças adversas1, desenvolvido de modo uma política de Segurança Pública e das ações para
sistemático nos locais, territórios ou momentos con- prever, prevenir, neutralizar e reprimir atos criminosos
hecidos e identificados como de violência, antagonis- de qualquer natureza que atentem à ordem pública, à
mos internos ou incidência criminal elevada (delitos incolumidade das pessoas e do patrimônio.
específicos), instruído previamente por uma avaliação § 3º - Todos os serviços operacionais ordinários da
adequada da situação (embasada em atividade de in- PMMG constarão no Portfolio de Serviços Integrados
teligência ou estudo de situação) e com a execução do Sistema Integrado de Defesa Social (PSI/SIDS), a ser
norteada pela doutrina de emprego operacional da regulado em norma própria.
Polícia Militar de Minas Gerais. § 4º - O desenvolvimento de serviço operacional
III - Malha Protetora - a malha protetora é base- ordinário observará como fundamentos condiciona-
ada na ocupação de espaços territoriais mediante a ntes de ativação:
DOUTRINA OPERACIONAL

intercalação de esforços de policiamento, a partir da I - Prevenção - o serviço deverá possuir carac-


célula básica do policiamento preventivo, conforme terísticas predominantemente preventivas, articulan-
conceito estabelecido pela Diretriz 3.01.01/2016-CG, do ações de polícia comunitária e atividades de reação
obedecendo ao princípio da responsabilidade territo- qualificada, operações típicas de polícia, monitora-
rial, elevando-se em complexidade até a utilização de mento do ambiente e a dinâmica do fenômeno crim-
unidades e esforços em recobrimento para fazer frente inal, de suas variáveis causais, antagonismos internos
a eventuais situações de crise, forças adversas ou el- e outros eventos ou fenômenos que possam impactar
evação demasiada da criminalidade e violência em a preservação da ordem pública e garantia da lei no
determinados territórios. estado de Minas Gerais.

73
II - Repressão - compreende-se por ações II - Conhecimento do local de atuação - com-
necessárias para se fazer cessar delito, ato ilegal, a preende o conhecimento dos aspectos físicos do ter-
perturbação ordem pública ou neutralização de força reno, do interesse policial-militar, assegurando a fa-
adversa, em obediência ao estado de flagrância ou miliarização indispensável ao melhor desempenho
planejamento específico, sob o enfoque da técnica e operacional.
tática policial militar, seja pela demanda direta da III - Relacionamento - compreende o estabeleci-
comunidade à Guarnição, seja pelo atendimento às mento de contatos com os integrantes da comunidade,
chamadas transmitidas pelo serviço de emergência proporcionando a familiarização com seus hábitos,
policial militar. A natureza policial militar permite um costumes e rotinas, de forma a assegurar o desejável
significado funcional importante e estratégico à Cor- nível de controle policial-militar, para detectar e elim-
poração, posto que esta característica orgânica per- inar as situações de risco, que alterem ou possam al-
mite a passagem insensível da atividade policial para terar o ambiente de tranquilidade pública.
a potencialidade militar, e, assim, o emprego de força IV - Postura e compostura - a atitude, compondo a
em perspectivas de variadas intensidades, conforme a apresentação pessoal, bem como, a correção de ma-
circunstância operacional. neiras no encaminhamento de qualquer ocorrência
III - Coerência - somente poderá ser ofertado serviço influem decisivamente no grau de confiabilidade do
cujo provimento permita lidar com uma demanda lo- público em relação à Corporação e mantém elevado o
cal específica por segurança pública e defesa social, grau de autoridade do policial militar, facilitando-lhe
própria do espaço de responsabilidade territorial ou o desempenho operacional.
da natureza da atividade executada pela Unidade ou V - Comportamento na ocorrência - o caráter im-
Comando Operacional. pessoal e imparcial da ação policial-militar revela a
IV - Racionalidade - a ativação de um serviço deve natureza eminentemente profissional da atuação, em
proporcionar maior eficácia e efetividade no emprego qualquer ocorrência, requer que seja revestida de ur-
dos recursos humanos e logísticos disponíveis na Uni- banidade, energia serena, brevidade compatível e, so-
dade de Execução Operacional em vista dos resultados bretudo, isenção.
a serem atingidos. § 6º - Classificação dos serviços operacionais:
V - Cientificidade - a inclusão ou supressão de um I - Essenciais - são aqueles indicados como ativi-
serviço em cada espaço de responsabilidade territorial dades consideradas basilares, sustentáculos no desen-
deve ser baseada em estudo de situação específico, in- volvimento da polícia ostensiva e preservação da or-
struído com diagnósticos técnicos, científicos, de análise dem pública de modo ordinário. Tratam-se de serviços
criminal e de inteligência de segurança pública. operacionais imprescindíveis e obrigatórios.
VI - Controle - todo serviço operacional deve ser val- II - Eletivos - os serviços eletivos não possuem
idado, previamente, quanto à ativação e à supressão, caráter impositivo quanto a sua implantação, servin-
pelo Gabinete do Comando Geral da Polícia Militar, do de guia aos Comandantes que são os responsáveis
segundo o processo decisório prescrito nesta Resolução pelo lançamento do efetivo policial militar sob sua re-
e deve ser mensurado e avaliado periodicamente. sponsabilidade e respective aporte logístico para ex-
VII - Ostensividade - a escolha dos serviços deve per- ecução das ações e operações, respeitadas a realidade
mitir a eficiência operacional, a visibilidade, presença, social, cultural e geográfica da comunidade a que se
aproximação da comunidade, a redução da criminali- destina. Os serviços eletivos possuem características de
dade, da desordem, violência e demonstração de vigor discricionariedade, com escolha fundamentada, ainda,
operacional segundo a missão inerente ao policia- segundo diagnóstico da demanda local e a análise do
mento ostensivo. fenômeno criminal de cada localidade e território.
VIII - Abrangência - o conjunto dos serviços ativados Art. 2º - Constituem serviços destinados ao policia-
deve cobrir toda a área de responsabilidade territorial mento ostensivo geral:
da Unidade. § 1º - Os serviços destinados ao Policiamento Ostensivo
IX - Sinergia - a conjugação dos esforços lança- Geral (POG) visam satisfazer as necessidades basilares
dos deve permitir que os serviços interajam e sejam de segurança da sociedade, por intermédio da pre-
complementares entre si, de forma a criar a chamada sença real ou potencial do policial militar, em contín-
“Malha Protetora”. uo contato com a comunidade. São empregados com
X - Complementaridade - a utilização de um serviço ênfase no policiamento preventivo, em suas diversas
não pode reduzir ou inviabilizar a eficácia de outro já modalidades a fim de potencializar a atuação da In-
implementado. stituição, evitando-se a sobreposição de esforços, com
§ 5º - Observar-se-á para a atuação e intervenção do aumento da sensação objetiva de segurança, sendo
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policial militar na execução dos serviços elencados descritos a seguir:


neste portfolio os seguintes requisitos básicos: I - Policiamento a Pé (PA) - consiste na movimen-
I - Conhecimento da missão - o desempenho das tação de policial militar, atuando isoladamente ou
funções de Policiamento Ostensivo impõe, como não, em áreas residenciais, centros comerciais, praças
condição essencial para eficiência operacional, o com- públicas, pontos turísticos ou locais de grande pre-
pleto conhecimento da missão, que tem origem no sença de pessoas nas atividades cotidianas, segun-
prévio preparo técnico-profissional, decorre da qualifi- do um planejamento alicerçado na análise criminal,
cação geral e específica e se completa com o interesse nos conhecimentos produzidos pela inteligência de
do indivíduo. segurança pública, resultando em um itinerário pro-

74
gramado no respectivo cartão-programa. Representa gramado no respectivo cartão-programa, baseia-se
o serviço de maior proximidade com a comunidade nos princípios da filosofia de Polícia Comunitária e
com vistas a prevenir e inibir a prática criminosa pela permite um estreito contato do policial militar com a
presença ostensiva. comunidade, além de suplementar os demais proces-
II - Radiopatrulhamento (Rp) - é um instrumento sos de policiamento.
de patrulhamento em que 02 (dois) policiais militares IV - Base Comunitária (BC) e Base Comunitária
atuam no processo motorizado, em veículo de quatro Móvel (BCM) - serviço preventivo prestado por uma
rodas, realizando o patrulhamento preventivo, aten- equipe de policiais militares para aplicação do “poli-
dimento de ocorrências, a partir de iniciativa de in- ciamento orientado para o problema” com o apoio da
tervenção e de pedidos formulados diretamente pela comunidade, que utiliza como referência uma edifi-
comunidade ou mediante empenho pelo sistema de cação policial militar (BC) ou uma viatura tipo trailer
teleatendimento de emergência policial. É empregado ou van adaptados (BCM), e outros processos em apoio.
conforme planejamento contido em cartão-programa Tem como missão executar o policiamento ostensivo
que contemple prevenção, repressão e a proximidade geral personalizado, conforme necessidade de cada
com a comunidade a fim de que sejam desenvolvidas comunidade para identificar, analisar e responder
ações com maiores níveis de eficiência e eficácia. aos problemas de segurança pública e contribuir para
Como variante operacional poderá ser ativado o Ra- melhorar a sensação de segurança e respectiva quali-
diopatrulhamento Unitário, que realiza o policiamen- dade de vida da comunidade local.
to preventivo com 01 (um) policial militar em viatura V - Patrulha de Prevenção à Violência Doméstica
de quatro rodas, precedido de análise criteriosa para (PPVD) - equipe constituída, no mínimo, por 02 (dois)
implantação, visando acima de tudo, à segurança da policiais militares (preferencialmente composta por
atuação do policial militar. Objetiva maior segurança uma policial militar feminina), que prestam serviço de
objetiva e ostensividade, e se apresenta como impor- proteção à vítima real ou potencial, e têm a missão de
tante instrumento a ser empregado junto às Redes de desestimular ações criminosas no ambiente domicili-
Segurança Preventiva, que são destinadas a despertar ar e intrafamiliar. Essa atuação obedece a um proto-
a consciência solidária e incentivar a vigilância infor- colo de atendimento específico, regulado em norma
mal, potencializando a coesão social local, coibindo a própria e consiste ordinariamente na “segunda res-
ação de possíveis infratores e garantindo a segurança posta” de intervenção em ocorrências dessa natureza
pessoal e patrimonial. É vedado o emprego em áreas (a “primeira resposta” é em regra de competência das
de risco. radiopatrulhas). A Patrulha de Prevenção a Violência
A Motopatrulha (Mp) é uma outra variante operacional Doméstica deverá atuar, sempre que possível, em con-
do radiopatrulhamento, sendo integrada por policial junto com outros órgãos da rede de enfrentamento à
militar que atua no processo motorizado, isolada- violência doméstica e familiar do município, visando
mente ou não, utilizando motocicleta a fim de aumen- um ciclo completo de atendimento à vítima.
tar consideravelmente a mobilidade e potencializar o VI - Patrulha Escolar (PEsc) - consiste na execução do
atendimento e registro de ocorrências policiais. Tem policiamento ostensivo no entorno e no interior dos
ainda como objetivo, a ocupação preventiva medi- estabelecimentos de ensino, com vistas à prevenção
ante planejamento contido em cartão-programa ou a da criminalidade e à restauração da ordem e da tran-
reação imediata ao surgimento de um delito nos es- quilidade, fundamentada em planejamento especifico
paços de responsabilidade territorial com vistas a criar e convencionado em cartão-programa. Deve atuar em
um clima de segurança nas comunidades ou resta- sincronia com o Programa Educacional de Resistência
belecer a ordem pública. às Drogas (PROERD). A composição básica da patrul-
Como variante operacional também poderá ser ha escolar será no mínimo de 01 (um) PM, devendo
ativada a Patrulha de Operações (POp), que é uma utilizar veículo adequado equipado com rádio e gi-
Guarnição integrada por 03 (três) policiais militares roflex. Recomenda-se que militares empregados na
que utiliza um veículo de quatro rodas e atua nas Patrulha Escolar atuem também nas atividades do
subáreas das Companhias PM, mediante o uso de PROERD.
cartão-programa, com o desenvolvimento de oper- VII - O Programa Educacional de Resistência às Drogas
ações policiais preventivas em locais estrategicamente (PROERD) -
definidos e apontados pelo mapeamento criminal e consiste no esforço cooperativo entre a Polícia Mili-
inteligência de segurança pública ou desenvolvendo tar, a escola e a família, aplicado nas instituições de
operações repressivas conforme planejamento prévio ensino público e privado, por policiais militares dev-
específico. idamente treinados para esta atividade. Destina-se a
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III - Ciclopatrulha (Cp) - utiliza a bicicleta tipo moun- evitar que crianças e adolescentes iniciem o uso das
tain bike como veículo policial militar, sendo empre- diversas drogas, despertando-lhes a consciência para
gada no mínimo dois policiais militares, a partir da esse problema por meio de curso específico ministrado
análise científica e geográfica que constate a viabili- na escola ou comunidade, além de civismo, patriotis-
dade local para emprego, visando aumentar consider- mo e deveres da cidadania.
avelmente a capacidade operacional do seu executor, VIII - Grupo Especial de Policiamento em Área de
em virtude da maior mobilidade em relação ao poli- Risco (GEPAR) – serviço cujas Guarnições são integra-
ciamento a pé. Desenvolvido com aplicação de técni- das por 03 (três) ou 04 (quatro) policiais militares em
cas e táticas específicas, cumprindo um itinerário pro- veículos de quatro rodas, com emprego em áreas de

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risco, aglomerados/vilas, mediante planejamento con- suas variações deverão possuir, além de treinamento
tido em cartão-programa e treinamento específico, próprio específico, conhecimento e adestramento em
cujo trabalho consista em ações de polícia preventiva “Patrulha Policial Militar”.
e de reação qualificada. Tem como objetivo principal Deverá ser criado um Grupo Tático de Ação Presença
a prevenção do crime de homicídio nessas localidades, para fazer face às demandas inerentes à necessidade
além de monitorar o contexto social, proporcionar se- de presença preventiva e repressiva da Unidade com
gurança aos moradores, resgatar/consolidar a credib- responsabilidade territorial, mediante o desencadea-
ilidade da comunidade local da Polícia Militar e evitar mento de operação-presença, batida policial, incursão
que a população tenha sua rotina modificada por em zonas quentes de criminalidade, aglomerados ur-
imposição de pessoas ou grupos envolvidos na crim- banos e afins. Além das operações descritas, esse Gru-
inalidade. Militares do GEPAR deverão possuir, além po deverá receber treinamento especializado para em-
de treinamento próprio, conhecimento e adestramento prego inicial em missões de distúrbios e rebeliões em
em “Patrulha Policial Militar”. delegacias, cadeias e presídios, atuação subsidiária
IX - Patrulha Rural (PRr) - Guarnição composta por em eventos, tendo em vista suprir eventual indis-
02 (dois) ou 03 (três) policiais militares que atuam ponibilidade de tropa do CPE. É de caráter essencial
em veículo de quatro rodas utilizando armamento e nas Cias TM.
equipamento adequados para atuação preventiva e XI - Grupo Especial para Policiamento Turístico
pronta resposta no meio rural, mediante planejamen- (GEPTur) - é um serviço no qual os policiais militares
to contido em cartão-programa ou operações espe- atuam nos pontos turísticos de maior fluxo de pessoas
cíficas. O policiamento em zona rural é uma atividade e circulação de bens, visando prevenir e reprimir, de
sistemática de preservação da Ordem Pública, com o forma qualificada e hospitaleira, a prática de crimes
suporte de veículos apropriados, que tem por objetivo e desordens. É desenvolvido por meio de Guarnição
prevenir e reprimir delitos em fazendas, sítios, con- composta, no mínimo, com 02 (dois) policiais militares
domínios e cooperativas, dentre outras áreas rurais. que atuam mediante apoio de militares escalados no
X - Tático Móvel (TM) - o serviço TM é composto por policiamento a pé, em motocicleta ou em ciclopatrul-
Guarnições pertencentes às Companhias e Pelotões ha, que também integram o GEPTur.
Tático Móvel, que são formadas com 03 (três) policiais XII - Equipes de Prevenção e Qualidade (EPQ) - as
militares e tem como objetivo principal o recobrimento EPQ são equipes da Corregedoria e Subcorregedorias
às atividades de policiamento nas áreas de Batalhões da Polícia Militar, que atuam motorizadas no ambi-
e Companhias Independentes. É empregado em locais ente operacional, composta por 03 (três) ou 04 (qua-
estrategicamente definidos e apontados pelo mapea- tro) policiais militares, em viatura de 04 (quatro) rodas
mento criminal e inteligência de segurança pública, caracterizada, devidamente equipada com material
facilitador do trabalho. As EQP atuam em apoio ao
mediante planejamento contido em cartão-programa,
atendimento de ocorrências policiais, garantindo a
em ocorrências com maior grau de complexidade e na
lisura e a transparência nas ações e operações, bem
reação ao crime violento.
como contribuindo para que as atividades operacio-
Como variante operacional desse serviço poderá ser
nais estejam em estrita consonância com os princípios
constituído o Grupo Especial para Prevenção Motor-
da legalidade, da impessoalidade, da moralidade
izada Ostensiva Rápida (GEPMOR), que consiste no
e da eficiência; orientando o policiamento quando
lançamento de moropatrulhas (um policial militar por
necessário; acompanhando ocorrências de destaque
motocicleta), dispostos em duplas ou trios motoriza-
ou que necessite da presença da Correição, evitan-
dos, previamente selecionados e capacitados com a do-se denúncias infundadas ou com o intuito de prej-
missão precípua de dar recobrimento ao policiamento udicar militares que atuam no combate à criminal-
ordinário, notadamente nos aspectos de antecipação, idade; atuando preventivamente e repressivamente,
presença e visibilidade dos pontos considerados, bem de maneira ostensiva e efetiva, inibindo a prática de
como a realização de operações policiais militares. desvios de conduta por parte dos policiais militares,
Tem por característica principal, a mobilidade urbana, primando ainda pelos princípios da hierarquia e dis-
atuando na prevenção e repressão a crimes violentos, ciplina, preceitos militares e postura e compostura do
com foco em ocorrências de roubos à mão armada policial militar.
com a utilização de motocicletas pelos infratores. XIII - Videomonitoramento (Vm) - serviço caracteri-
Também poderá ser efetivada a Patrulha de Prevenção zado pelo emprego de tecnologias de videovigilância
ao Homicídio (PPH), voltada para a redução da in- em vias e locais públicos com o intuito de potencial-
cidência do crime do homicídio. O foco da Guarnição izar a presença da PMMG e aperfeiçoar o uso de recur-
DOUTRINA OPERACIONAL

será a atuação nas causas primárias do delito, por sos humanos e logísticos, provendo segurança objetiva
meio da análise qualitativa de cada ocorrência (di- e subjetiva para as pessoas e proteção para o patrimô-
agnóstico criminal) e levantamento da inteligência nio público. Destina-se ao monitoramento rotineiro
de segurança pública, proporcionando atuação reati- de pessoas, veículos, objetos e eventos de interesse
va qualificada no enfrentamento dos conflitos inter- da defesa social com foco primário na prevenção ao
pessoais e envolvimento da comunidade na busca da delito e na repressão qualificada, caracterizada pela
solução dos problemas aflorados e consequente re- disponibilidade de imagens que auxiliem na identifi-
dução da incidência dos delitos de homicídio. Polici- cação de transgressores ou contribua com o processo
ais militares componentes do serviço Tático Móvel e de persecução penal.

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XIV - Teleatendimento 190 - serviço destinado a re- graves impactos sociais, ambientais, econômicos,
ceber e processar as diversas chamadas de urgência políticos ou à segurança do Estado de Minas Gerais e
e emergência policiais realizadas por intermédio do da sociedade.
número telefônico 190; atendimento realizado por I - Rondas Táticas Metropolitanas (ROTAM) -
profissionais que se revezam ininterruptamente en- serviço exclusivo do Batalhão ROTAM, que consiste
caminhando as demandas ao turno de serviço de no emprego de Guarnições formadas com 04 (qua-
modo coordenado e consoante normas específicas. tro) policiais militares que atuam no enfrentamento
Nas localidades onde existirem Grupo PM, esta ativ- da criminalidade violenta, de forma suplementar as
idade poderá ser executada de forma móvel, por meio atividades das UEOp com responsabilidade territorial.
de equipamentos especiais junto à Guarnição. Atua em zonas quentes de criminalidade ou reforça lo-
O Centro de Registro de Ocorrências Policiais (CROP) cais críticos executando a repressão qualificada, além
- constitui-se variante operacional de forma a propi- de atuar na neutralização de forças adversas e defesa
ciar o direcionamento dos registros de ocorrências territorial. A Guarnição deverá atuar com equipamen-
posteriores para local de fácil acesso e visibilidade tos, armamentos e treinamento adequados para o
para comunidade, capaz de atender o cidadão com grau de periculosidade da sua atividade e missão.
qualidade e celeridade, sem comprometer os demais A Moto ROTAM (MR) - é uma variante operacional
serviços executados pela Instituição. Poderá ser criada caracterizada pela maior mobilidade de
variação do CROP para registro específico de ocorrên- deslocamentos, atuando na repressão qualificada e
cias de trânsito. no enfrentamento da criminalidade violenta. Consiste
XV - Policiamento de Guardas (PGd) - consiste no no emprego de policiais militares exclusivamente
emprego de policiais militares nos processos a pé, mo- em motocicletas atuando em duplas, trios ou grupos
torizado ou de bicicletas, com finalidade de garantir a maiores (conforme natureza da missão), para o
proteção de pessoas e patrimônio que fazem parte do desenvolvimento de intervenções policiais militares e
funcionamento administrativo e executivo do estado ocupação de determinada localidade ou território. Em
de Minas Gerais ou infra-estruturas críticas relacio- situação de normalidade, por meio de planejamento
nadas ao cumprimento da missão constitucional da orientado na análise criminal e na inteligência de se-
Polícia Miltiar. gurança pública, estes recursos poderão ser empre-
XVI - Policiamento Velado (PV) - consiste em ações gados em centros comerciais e nas proximidades de
ou operações de caráter preventivo/repressivo, me- estabelecimentos bancários e financeiros, grandes
diante planejamento prévio, em determinado espaço corredores ou locais críticos, com a finalidade de coibir
ou território, coletando dados que se transformarão ou reprimir a prática de infrações penais.
em subsídios básicos. O policiamento velado não se II - Grupo Especializado em Recobrimento (GER)
confunde com a investigação criminal, afeta à Polícia - é composto por Guarnições formadas por 04 (qua-
Judiciária, pois sua missão é prevenir, evitando a práti- tro) policiais militares e tem como objetivo principal
ca de delitos, efetuando prisões em flagrante, quando o recobrimento às atividades de policiamento nas
necessário. áreas de Batalhões e Companhias Independentes das
As orientações para a execução desta modalidade de Regiões do interior do Estado. Desempenha atividades
policiamento, vinculação técnica-operacional, formas em locais estrategicamente definidos e apontados pelo
de controle, dentre outras, serão detalhadas em nor- mapeamento criminal e inteligência de segurança
ma específica a cargo do SIPOM. pública, em ocorrências com maior grau de complexi-
As eventuais propostas de inclusão, inovação, alter- dade, na reação ao crime violento, forças adversas ou
ação ou exclusão dos serviços destinados ao Policia- defesa territorial.
mento Ostensivo Geral (POG) deverão ser submeti- A Moto GER (M GER) - é uma variante operacional
das sob a forma de Estudo de Situação da Unidade caracterizada pela maior mobilidade de
do Nível Tático responsável, para apreciação técnica deslocamentos, atuando na repressão qualificada e
preliminar da Assessoria Estratégica de Emprego Op- no enfrentamento da criminalidade violenta. Consiste
eracional, enviando ao SubComandante-Geral para no emprego de policiais militares exclusivamente
assessoramento ao Comandante-Geral e decisão final. em motocicletas atuando em duplas, trios ou grupos
Art. 3º - Constituem serviços destinados ao policia- maiores (conforme natureza da missão), para o
mento especializado: desenvolvimento de intervenções policiais militares e
§ 1º - Os serviços destinados ao Policiamento ocupação de determinada localidade ou território. Em
Especializado englobam as atividades executadas situação de normalidade, por meio de planejamento
por policiais militares com treinamento específico orientado na análise criminal e na inteligência de se-
DOUTRINA OPERACIONAL

para atuar em determinado evento complexo ou gurança pública, estes recursos poderão ser empre-
em recobrimento às Unidades com responsabilidade gados em centros comerciais e nas proximidades de
territorial, no intuito de dissuasão da desordem, estabelecimentos bancários e financeiros, grandes
garantia no cumprimento da Lei, combate à corredores ou locais críticos, com a finalidade de coibir
criminalidade violenta no Estado e defesa territorial, ou reprimir a prática de infrações penais.
conforme descrição seguinte: III - Policiamento de Choque (PChq) - consiste na
Infraestruturas críticas constituem estruturas, serviços, mobilização policial military de prevenção criminal,
bens e sistemas, que, se forem interrompidos ou de- controle e restauração da ordem pública, intervenção
struídos total ou parcialmente, poderão provocar em estabelecimento prisional, conflitos agrários, man-

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ifestações diversas, violentas ou não, policiamento em Praça devidamente treinado e habilitado conforme
eventos, praças desportivas, incursão em aglomerados normas em vigor.críticas; apoio na produção de im-
urbanos, patrulhamento em zonas quentes de crimi- agens de interesse operacional; apoio a transporte
nalidade e defesa territorial. O emprego da tropa de de tropa; inserção de forças policiais militares no te-
choque deverá ser planejado e orientado pela análise atro de operações; segurança da força policial militar;
criminal e pela inteligência de segurança pública com transporte e escolta de pessoas e valores; varreduras
vistas à prevenção e repressão qualificada. em matas e terrenos baldios; acompanhamento, in-
IV - Policiamento Montado (PMont) - consiste no em- terceptação, cerco e bloqueio de pessoas e veículos em
prego do cavallo conduzido por um policial militar fuga; monitoramento preventivo de trânsito; apoio em
com a finalidade de executar o policiamento ostensivo eventos e ocorrências de alta complexidade; apoio à
preventivo ou controle de distúrbios, destacando-se no tropa de choque no controle e restauração da ordem
cenário dasociedade pela sua maior visibilidade e os- pública, intervenção em estabelecimento prisional,
tensividade. conflitos agrários, manifestações diversas e policia-
V - Rondas Ostensivas com Cães (ROCCA) - sua at- mento em eventos e praças desportivas; apoio à pre-
uação é direcionada para a repressão qualificada no venção e ao combate de incêndios florestais e oper-
atendimento e apoio às ocorrências ocasionais e de ações de fiscalização da atividade de Meio Ambiente;
alta complexidade, que necessitem do emprego de socorro; transporte de equipe médica; apoio ao Com-
cães, voltada para a busca de infratores homiziados plexo MG Transplantes; apoio a atividades de Defesa
em locais de difícil acesso, bem como na localização Civil, radiopatrulhamento urbano, rural, ambiental e
-de drogas ilícitas. Participa ainda de operações con- de mananciais, dentre outros.
juntas com as demais equipes especializadas e de VII - Operações Policiais Especiais (OPEsp) - inter-
área. venções de repressão qualificada em incidentes críti-
cos que exigem resposta especial da Polícia Militar
Como variante operacional poderá ser ativado Faro para a garantia da aplicação da lei e preservação/
de Drogas (FDr) caracterizado na utilização do conjunto restauração da ordem, realizadas sob coordenação e
policial militar e cão capaz de localizar, por meio do faro controle do Batalhão de Operações Especiais segun-
do animal adestrado, substâncias entorpecentes ilícitas do protocolos ou planejamento específicos, logística
como maconha, crack, cocaína, mesmo que enterradas, apropriada e capacitação técnica, com empenho ex-
misturadas em outras substâncias, escondidas no interior clusivo nas missões típicas ou em treinamento, sendo
de objetos diversos, seja no interior de edificações ou vedado seu emprego no policiamento ordinário.
fora delas. As equipes possuem as seguintes descrições:
O Faro de Explosivos (FEx) consiste em outra variante a) Unidade de Intervenção Tática (UIT) - policiais mili-
operacional, evidenciado na utilização do conjunto poli- tares divididos em Time de Negociadores, Time De Ati-
cial militar e cão, este adestrado para localizar substân- radores de Precisão, Time de Entradas Táticas e Time
cias explosivas. Atua em complemento à equipe do Es- De Gerenciamento de Crises, com as seguintes partic-
quadrão Antibombas, mediante o acionamento. Executa ularidades:
vistoria (caráter preventivo) para detecção de explosivos 1) Time de Negociadores - policiais militares especial-
em eventos de grande vulto e que envolvam a presença istas em negociação,
de autoridades. Também será empregado na realização composta por um negociador principal, um nego-
de busca (caráter reativo) de resposta imediata a uma ciador secundário, um negociador anotador e um
ameaça envolvendo explosivos. chefe da equipe de negociação. Entre as funções deste
O Policiamento Ostensivo com Cães (POC) consiste Time, destacam-se a Negociação Técnica ou Tática,
em uma variante operacional a ser empregado a pé, po- nas ocorrências típicas de atuação, com a busca da
tencializado pelo emprego dissuasivo do conjunto poli- solução aceitável para o fato, visando à proteção da
cial militar e cão. Recomenda-se o emprego mínimo de vítima, público e autor.
uma dupla de policiais militares, com um ou dois cães. 2) Time de Atiradores de Precisão - policiais mili-
Poderão ser utilizados em centros comerciais, áreas resi- tares com as funções de sniper, caçador e spotter. O
denciais, operações de controle de distúrbios, reintegra- Tiro de Precisão Policial consiste no serviço especial-
ção de posse, em eventos esportivos e culturais. izado prestado por esses policiais militares devida-
VI - Radiopatrulhamento Aéreo (RpAer) - consiste no mente treinados e preparados com armas, munições
emprego de aeronave4 de asas fixas (aviões) e rotativas e equipamentos específicos para a atividade do tiro de
(helicópteros), devidamente comandada e pilotada precisão em situações complexas e operações de con-
por Oficial PM ou Piloto Civil contratado, apoiado por traterrorismo. Suas missões envolvem o levantamento
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graduados nas funções de apoio terrestre, manutenção de informações, repasse na transmissão de inteligên-
e/ou tripulantes operacionais. O rápido deslocamen- cia em incidentes críticos com reféns ou situações que
to aéreo e posição de visão privilegiada favorecem o seja necessária a neutralização de ameaças iminentes
apoio às Unidades terrestres. à vida de quaisquer pessoas envolvidas em seu cenário
Destacam-se as seguintes atividades para o emprego de atuação ou disparos seletivos nas missões urbanas
da aeronave: busca de informações; identificação de e/ou rurais.
pontos sensíveis, vulneráveis e infra-estruturas. Apli- 3) Time de Entradas Táticas - policiais militares
ca-se também a hipótese de utilização pela PMMG de que utilizam armamento, equipamento e treinamen-
Aeronave Remotamente Pilotada (ARP) por Oficial ou to específicos para atuação na gestão de incidentes

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críticos tais como: conter situação crítica; prover segu- Judiciária, pois sua missão é prevenir, evitando a práti-
rança aos Times de Negociadores, Gerenciamento de ca de delitos, efetuando prisões em flagrante, quando
Crises e Antibombas; conduzir e proceder à rendição necessário.
dos tomadores de reféns; realizar intervenção tática As orientações para a execução desta modalidade de
para resgate de reféns por meio do uso diferenciado policiamento, vinculação técnica-operacional, formas
de força; resgatar cidadão que esteja em tentativa de controle, dentre outras, serão detalhadas em nor-
de autoextermínio com uso de armas ou explosivos; ma específica a cargo do SIPOM.
operações de contraterrorismo; dominar infratores ar- As eventuais propostas de inclusão, inovação, alter-
mados barricados; atuar em confrontos armados entre ação ou exclusão de serviços destinados ao Policia-
infratores, ou no enfretamento entre infratores e poli- mento Especializado deverão ser submetidas sob a
ciais militares; varredura em edificações a procura de forma de Estudo de Situação da Unidade do Nível Táti-
infratores de alta periculosidade; utilizar das técnicas co responsável, para apreciação e emissão de parecer
e táticas de Patrulhamento em Local de Alto Risco; re- técnico do Comando de Policiamento Especializado,
tomar pontos sensíveis ou infraestruturas críticas sob seguida de envio ao Subcomandante-Geral para as-
domínio de infratores; neutralização de forças adver- sessoramento ao Comandante-Geral e decisão final.
sas; defesa territorial e atuar na retomada de pavilhões Art. 4º - Os serviços destinados ao Policiamento de
de presídios onde os presos se encontrem rebelados. Meio Ambiente e de Trânsito constituem as atividades
4) Time de Gerenciamento de Crises - policiais mil- desenvolvidas com ênfase no policiamento preventivo
itares com a função de dar suporte técnico para a às degradações ambientais, de segurança do trânsito,
gestão do incidente crítico com a finalidade de con- combate ao crime, desordem e violência no campo,
trolar e coordenar as ações de respostas. Tem como áreas rurais e rodovias, em suas diversas modalidades.
funções principais a montagem do posto de comando, Constituem serviços destinados ao policiamento de
a redefinição do isolamento e montagem dos perímet- meio ambiente e de trânsito:
ros táticos, a produção de informações e relatórios § 1º - Policiamento de Meio Ambiente:
para assessoria ao gestor e gerente do incidente crítico I - Patrulha de Atendimento de Meio Ambiente (P
e o gerenciamento dos recursos humanos e logísticos. MAmb) - é o tipo de patrulhamento motorizado
O objetivo é possibilitar uma solução aceitável para o ou embarcado com o objetivo de proceder à
incidente crítico, preservar vidas e garantir o cumpri- fiscalização ambiental integrada das atividades e
mento da lei. empreendimentos com potencial poluidor degradador,
b) Esquadrão Antibombas (EAB) - policiais militares recursos hídricos, intervenções ambientais, fauna, solo,
especialistas em bombas e explosivos que realizam: patrimônio cultural e patrimônio urbano, visando
vistorias, buscas, localização e destruição de explo- contribuir para cumprimento das normas ambientais,
sivos e acessórios, fiscalização de explosivos (Indústria, preservação, conservação e proteção do meio ambi-
Comércio e Mineração), desativação de artefatos ex- ente, além do combate ao crime e violência no campo.
plosivos improvisados ou convencionais, operações Como variante operacional poderá ser ativado o Pa-
de contraterrorismo e defesa química, biológica, radi- trulhamento Aquático (PAq), que consiste no patrul-
ológica e nuclear. Além da qualificação profissional, os hamento dos recursos hídricos, bem como em comple-
policiais militares do Esquadrão Antibombas utilizam mento à patrulha de atendimento de meio ambiente
equipamentos específicos, entre os quais: traje anti- com embarcações, visando facilitar deslocar rapida-
bombas, sistema de raios-x portátil e braço robótico. É mente pelo espelho d’água proporcionando, durante
vedado o desenvolvimento deste serviço por qualquer as ações e operações, maior eficiência e objetividade
policial militar que esteja desamparado da logística nas abordagens. O referido serviço também é adequa-
apropriada, treinamento adequado e sem conheci- do para locais turístico e extenso espelhos d’água, con-
mento dos protocolos de atuação. siderando proporcionar maior presença, mobilidade e
c) Comando de Operações em Mananciais e Áreas ostensividade.
de Florestas (COMAF) - A Patrulha de Operações de Meio Ambiente (Pop
policiais militares capacitados para intervenções pe- Mamb) também se apresenta como variante opera-
culiares, direcionadas para trabalhos que necessitem cional, caracterizada por policiais militares em veículo
de respostas típicas das operações especiais difer- de quatro rodas, com a finalidade de realizar oper-
enciadas em áreas não urbanas ou interioranas. Es- ações policiais em locais estrategicamente definidos
pecializada em captura de infratores de alta pericu- e apontados pelo mapeamento das infrações e crimes
losidade ou busca e resgate de pessoas em áreas de ambientais, considerando a inteligência de segurança
matas, mananciais ou locais de difícil acesso, defesa pública ambiental, além do combate ao crime violento
DOUTRINA OPERACIONAL

territorial e ainda ações de neutralização de ameaças no campo. As operações podem ser apenas com poli-
assimétricas (guerrilha, cangaço, crime organizado ou ciais militares empregados na atividade ambiental ou
terrorismo) ou forças adversas. em conjunto com militares empregados no policia-
VIII - Policiamento Velado (PV) - consiste em ações mento rodoviário ou ostensivo geral.
ou operações de caráter preventivo/repressivo, me- II - Patrulha de Prevenção à Degradação do Meio
diante planejamento prévio, em determinado espaço Ambiente (PPMAmb) - serviço baseado na filosofia de
ou território, coletando dados que se transformarão promover a educação, esclarecendo e sensibilizando
em subsídios básicos. O policiamento velado não se o cidadão como forma de evitar as ocorrências dos
confunde com a investigação criminal, afeta à Polícia delitos ambientais, visando ainda melhorar a imagem

79
institucional da PMMG, garantir os direitos e garantias mento e registro de ocorrências de trânsito urbano,
individuais, em busca do desenvolvimento sustentável, assim como de forma repressiva, no enfrentamento
provimento da ordem e cumprimento da lei . à criminalidade e desordem. A Motopatrulha de Trân-
Neste mesmo segmento, poderão ser desenvolvidos sito (MOTOPATRAN) atua em veículo de duas rodas
o Programa de Educação Ambiental (PROGEA) e a e enquadra-se nesta conceituação. Como variação da
Ecolândia, que visam conscientizar crianças e adul- Patrulha de Trânsito poderá ser constituída Base de
tos sobre a importância da preservação ambiental, Segurança de Trânsito (BSTRAN) que atuará na ex-
preservação da ordem, cumprimento dos deveres de ecução de operações blitzen e outras, de modo a fazer
cidadania, civismo e patriotismo. frente aos problemas de trânsito, combate ao crime e
desordem local.
O Programa de Educação Ambiental (PROGEA) - Neste mesmo segmento, poderá ser desenvolvida a
tem como objetivo estimular estudantes do 4º ano do “Transitolândia”, inserta em espaço destinado a práti-
ensino fundamental das escolas das redes públicas e ca da educação e formação de cidadãos conscientiza-
particulares do estado de Minas Gerais a serem compe- dos em cumprir a lei, voltados à correção de atitudes
tentes e hábeis para a adoção de comportamentos que e ao desenvolvimento do sentimento de respeito ao
visem contribuir para a prevenção ambiental, a sustent- trânsito, à lei, à ordem, fortalecendo sentimentos cívi-
abilidade, melhoria da qualidade de vida, promovendo cos, patrióticos e valores morais.
ainda o civismo e patriotismo com vistas ao cumprimen- II - Grupo Tático de Trânsito (GT) - grupamento for-
to da lei, preservação da ordem e desenvolvimento do mado por policiais militares experientes na condução
país e do Estado de Minas Gerais. de motocicletas, comandados por graduado que pode
A Ecolândia constitui-se num importante espaço para estar ambarcado em viatura quatro rodas (e motor-
a prática da educação ambiental e formação de cidadãos ista) que atue em apoio às blitzen e demais oper-
conscientizados com o meio ambiente, cumprimento da ações desenvolvidas pela Unidade. A Patrulha Tática
lei e desenvolvimento de valores morais. Possibilita aos de Trânsito poderá ainda ser empregada nas escoltas
visitantes (crianças e adultos) adquirir conhecimentos para viabilizar deslocametos rápidos de autoridades/
socioambientais, e o desenvolvimento do sentimento de dignitários, em manifestações populares para fins de
proteção ao meio ambiente, fomento a valores cívicos, controle de trânsito e ainda em combate a desordem
patriotismo, respeito à lei e cumprimento dos deveres de no trânsito. A Motopatrulha Tática de Trânsita (MT-
cidadão. Tran), composta por um policial militar motociclista
III - Patrulha Rural (PRr) - Guarnição composta por atua em veículo de duas rodas e enquadra-se nesta
02 (dois) ou 03 (três) policiais militares que atuam conceituação, como variante do serviço.
em veículo de quatro rodas utilizando armamento e III - Radiopatrulhamento Rodoviário (RpRv) - tradi-
equipamento adequados para atuação preventiva e cional instrumento de radiopatrulhamento, composto
pronta resposta no meio rural, mediante planejamen- por policiais militares atuando no processo motoriza-
to contido em cartão-programa ou operações espe- do em veículo de quatro rodas, com a finalidade de
cíficas. O policiamento em zona rural é uma atividade realizar ações previamente estabelecidas nas rodovias,
sistemática de preservação da Ordem Pública, com o visando principalmente atendimento de ocorrências de
suporte de veículos apropriados, que tem por objetivo trânsito, o combate ao tráfico de entorpecentes, porte
prevenir e reprimir delitos em fazendas, sítios, con- illegal de armas e o crime em geral. O Motopatrul-
domínios e cooperativas, dentre outras áreas rurais. hamento Rodoviário (MpRv) atua em veículo de duas
IV - Policiamento Velado (PV) - consiste em ações rodas e enquadra-se nesta conceituação.
ou operações de caráter preventivo/repressivo, me-
diante planejamento prévio, em determinado espaço Como variante operacional poderá ser ativada a Pa-
ou território, coletando dados que se transformarão trulha de Operações Rodoviária (Pop Rv), que consiste
em subsídios básicos. O policiamento velado não se na realização de operações repressivas e preventivas ob-
confunde com a investigação criminal, afeta à Polícia jetivando despertar no usuário da via a importância do
Judiciária, pois sua missão é prevenir, evitando a práti- respeito à sinalização, à legislação de trânsito em prol da
ca de delitos, efetuando prisões em flagrante, quando vida, e o combate ao crime. As operações em rodovias
necessário. podem ser realizadas apenas por policiais militares rodo-
As orientações para a execução desta modalidade de viários ou com o apoio do policiamento ambiental e/ou
policiamento, vinculação técnica-peracional, formas policiamento ostensivo geral.
de controle, dentre outras, serão detalhadas em nor- IV - Posto de Fiscalização Rodoviário (PFRv) - É um
ma específica a cargo do SIPOM. serviço preventive prestado em uma edificação, às
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§ 2º - Policiamento de Trânsito margens da rodovia, onde são realizadas operações


I - Patrulha de Trânsito (PATRAN) - atua em veículo policiais em conjunto com outros órgãos. Serve de
de quatro rodas, formada por um ou dois policiais mil- referência para atendimento aos usuários da via.
itares, podendo haver complementação por militar a V - Grupo Tático Rodoviário (GTR) - Equipe com-
pé. É empregada em meio urbano, de forma preventiva posta por 03 (três) policiais militares, devidamente eq-
mediante planejamento contido em cartão-programa, uipados e armados, que atuam em viatura de grande
inibindo o cometimento de irregularidades/infrações porte e tem como objetivo principal o patrulhamento
de trânsito, garantindo a obediência à sinalização ostensivo das rodovias de forma preventiva e repres-
e a proteção dos condutores e pedestres, o atendi- siva a atos criminosos de qualquer natureza que aten-

80
tem à ordem pública e à incolumidade das pessoas e,
ainda, o recobrimento tático às outras modalidades de RESOLUÇÃO Nº 4745/2018, DE 19/11/18,
policiamento. PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS PARA
VI - Policiamento Velado (PV) - consiste em ações LAVRATURA DO TERMO CIRCUNSTANCIA-
ou operações de caráter preventivo/repressivo, me- DO DE OCORRÊNCIAS (TCO) PELA POLÍCIA
diante planejamento prévio, em determinado espaço MILITAR DE MINAS GERAIS. (PUBLICA-
ou território, coletando dados que se transformarão DA NA SEPARATA DO BGPM Nº 86, DE
em subsídios básicos. O policiamento velado não se 19/11/2018).
confunde com a investigação criminal, afeta à Polícia
Judiciária, pois sua missão é prevenir, evitando a práti-
ca de delitos, efetuando prisões em flagrante, quando DA FINALIDADE E DOS CONCEITOS BÁSICOS
necessário.
Art. 1º - Essa Resolução tem por finalidade regula-
As orientações para a execução desta modalidade de mentar o procedimento operacional a ser observado
policiamento, vinculação técnica-peracional, formas de pelos integrates da PMMG para a lavratura do TCO.
controle, dentre outras, serão detalhadas em norma es- Art. 2º - Para efeito da lavratura do TCO devem ser
pecífica a cargo do SIPOM. considerados os seguintes conceitos:
As eventuais propostas de inclusão, inovação, alter- I - Ato infracional: é a conduta descrita como crime
ação ou exclusão no rol de natureza de serviços desti- ou contravenção penal praticada por criança (menor
nados ao Policiamento de Meio Ambiente e de Trânsito de 12 anos de idade) ou adolescente (maior de 12 e
deverão ser submetidas sob a forma de Estudo de Situ- menor de 18 anos de idade), sujeita às medidas pro-
ação da Unidade do Nível Tático responsável, para apre- tetivas previstas no estatuto da Criança e do Adoles-
ciação técnica preliminar da Diretoria de Meio Ambiente cente (ECA);
e Trânsito (DMAT), envio ao SubComandante-Geral para II - Autoridade policial: qualquer autoridade públi-
assessoramento ao Comandante-Geral e decisão final. ca no exercício do poder de polícia, seja repressivo ou
Art. 5° Os serviços ativos nas Unidades, para os quais preventivo, com capacidade para lavratura do TCO;
tenha ocorrido o direcionamento específico de recur- III- Central de REDS-TC (CREDS-TC): local da Uni-
sos logísticos, mediante convênios diversos, como nos dade/Fração destinada ao processamento do REDS-
casos do GEPAR, Patrulha Rural e a Base Comunitária TC e custódia de materiais e/ou objetos arrecadados/
Móvel de determinadas localidades, não poderão ser apreendidos, quando houver;
desativados sem prévia autorização do SubComan- IV- Codificação da infração penal no REDS-TC: é o ato
dante-Geral. de relacionar a conduta praticada pelo autor ao tipo
Art. 6° - Esta Resolução entra em vigor na data de penal correspondente. O policial military relator do
sua publicação, devendo os Comandos Operacionais REDS-TC fará a codificação. Havendo dúvida quanto
da Polícia Militar proceder à desativação/adequação a codificação, o policial militar deverá realizar contato
dos serviços em discordância com esta Resolução até com Coordenador do Policiamento da Unidade (CPU)
01Dez17-sex, ocasião em que deverão encaminhar à ou o Coordenador do Policiamento da Companhia (CP-
A.E.3 e DAOp a relação dos serviços ativos por Uni- Cia), onde houver, e Centro Integrado de Comunicações
dade. Operacionais (CICOp)/Centro de Operações Policiais Mil-
§ 1º - A Academia de Polícia Militar será responsável itares(COPOM)/Sala de Operações da Unidades (SOU)/
pela elaboração e difusão de diretrizes para a ex- Sala de Operações da Fração (SOF), etc;
ecução de cursos e treinamento na Corporação com V- Comarca: É o território ou circunscrição territori-
vistas à capacitação/habilitação do policial militar al em que o Juiz de Direito de primeira instância ex-
conforme os serviços definidos no presente Portfólio, erce sua jurisdição. O Estado, para a administração da
adequando conteúdo e malhas curriculares diversas; Justiça, em primeira instância, divide-se em comarcas
e as Diretorias deverão apoiar, naquilo que lhes com- e estas se constituem de um ou mais municípios, em
pete, à readequação técnica para plena execução op- área contínua, sempre que possível, e tem por sede o
eracional dos serviços deste Protfólio. município que lhe der o nome.
Art. 7º - Revogam-se os dispositivos em contrário, VI - Contravenção penal: é a infração penal, prevista
em especial a Resolução 4185, de 18 de dezembro de em lei própria, de intensidade menor que a do crime
2011, a Resolução 4212, de 22 de maio de 2012, e a em relação à culpabilidade e a punição. As contra-
Instrução 3.03.06-2012-CG, 17 de maio de 2012. venções penais são consideradas de menor potencial
ofensivo;
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VII - Crime de menor potencial ofensivo: aqueles em


que a lei comina pena máxima de até 02 (dois) anos,
cumulada ou não com multa;
VIII- Infração penal de menor potencial ofensivo:
abrange os crimes de menor potencial ofensivo e as
contravenções penais, de que são exemplos os elenca-
dos no Anexo I desta Resolução;
IX - Ponto de apoio de REDS: são estabelecimentos
físicos, administrados por Instituições Públicas ou par-

81
ticulars, instalados em locais estratégicos e dotados VI - os crimes de competência da Justiça Federal, in-
de mobiliário e equipamentos de informática, destina- dependente da pena máxima;
dos para a lavratura do REDS ou REDS-TC; VII - crimes militares;
X - Prisão em flagrante: é o ato acautelatório que VIII - lesão corporal culposa na direção de veículo au-
cerceia a liberdade de locomoção de quem esteja em tomotor, conforme previsto no art. 291, § 2º, do Código
estado de flagrância no cometimento de crime ou de Trânsito Brasileiro (CTB).
contravenção penal; Parágrafo Único - Nas situações descritas neste artigo
XI - REDS-TC: é o Registro de Evento Defesa So- o REDS será confeccionado e endereçado à Delega-
cial (REDS) redigido pela PMMG relativo às infrações cia com atribuição para o recebimento da ocorrência
penais de menor potencial ofensivo (crime e contra- policial.
venção penal) cujo autor assuma o compromisso de Art. 5º - A Polícia Militar atuará na elaboração de TCO
comparecer em juízo. Trata-se do REDS, complemen- relativo às infrações de menor potencial ofensivo de
tado com outras informações, como os termos de competência da Justiça Eleitoral somente quando não
compromisso do autor, manifestação da vítima, dentre existirem, no local da infração, unidades da Polícia
outras; Federal. Nestas situações o REDS-TC será dirigido di-
XII - Registro de Evento de Defesa Social: é o regis- retamente ao juízo eleitoral competente.
tro circunstanciado, ordenado e minucioso dos fatos Parágrafo único - Na hipótese do caput, a agenda
levados ao conhecimento dos órgãos que compõem de audiências preliminares será disponibilizada pelo
o Sistema Integrado de Defesa Social (SIDS) e outros cartório da zona eleitoral com jurisdição sobre o local
competentes; do fato e, não sendo possível essa medida, deverão
XIII - Zona Eleitoral: trata-se de uma região geografi- ser observadas as mesmas prescrições do art. 12 desta
camente delimitada dentro de um estado, gerenciada Resolução.
pelo cartório eleitoral, que centraliza e coordena os Art. 6º - O procedimento operacional padrão (POP), em
eleitores domiciliados na localidade e onde é exercida resumo, a ser adotado pelo policial militar responsável
pelo registro do REDS-TC, se dará da seguinte maneira:
a jurisdição eleitoral. Normalmente segue a divisão de
I - comparecer ao local da ocorrência policial;
comarcas da Justiça Estadual;
II - adotar os procedimentos para solução do caso
(socorro a vitima, voz de prisão ao autor em flagrante
A LAVRATURA DO REDS-TC
delito, preservação do local do crime, qualificação de
testemunhas, apreensão de materiais, acionar perícia,
Art. 3º - Nas infrações penais de menor potencial
se necessário, dentre outros), conforme estabelecido
ofensivo que requeiram o registro imediato será con-
na Diretriz Integrada de Ações e Operações (DIAO);
feccionado o REDS-TC, que será dirigido diretamente III - identificar a infração penal como sendo de
ao Juizado Especial Criminal (JECrim) da Comarca menor potencial ofensivo -cientificar o CPU, CPCia,
onde se deu a ocorrência do fato, conforme fluxog- onde houver, e CICOp/COPOM/SOU/SOF;
rama de informações do registro do TCO definido no IV - deslocar-se, juntamente com os envolvidos na
Anexo III. ocorrência, para o local previamente definido pela
§ 1º Para efeitos desta Resolução consideram-se Unidade/Fração onde serão adotados procedimentos
infrações penais de registro imediato aquelas com para a redação do REDS-TC. O policial militar poderá
localização e prisão/detenção do(s) autor(es), em realizar o registro do REDS-TC no local do fato, haven-
flagrante. do meios disponíveis para tal providência;
§ 2º Nas comarcas onde não forem instaladas varas V - constar no histório do REDS-TC a infração penal,
especializadas dos Juizados Especiais, o REDS-TC será as declarações da vítima e autor, além do depoimen-
dirigido aos respectivos Juízes de Direito com com- to das testemunhas do fato e arrecadar/apreender os
petência criminal. materiais a ele relacionados;
Art. 4º - Não será lavrado, em regra, o REDS-TC nas VI - esclarecer à vítima, nos casos de infrações pe-
seguintes situações: nais de ação penal pública condicionada à represen-
I - Atos infracionais análogos às infrações penais tação ou de ação penal privada, do prazo e da necessi-
de menor potencial ofensivo cometidos por menores dade de representar ou pedir providência em desfavor
de idade; do autor e colher sua manifestação em formulário
II - infrações penais de menor potencial ofensivo de próprio do REDS-TC ou histórico do REDS;
registro posterior, ou seja, sem localização do autor do VII - colher, em formulário próprio do REDS-TC ou
delito; histórico do REDS, o compromisso do autor em com-
III - infrações penais relacionadas à violência parecer em juízo na data e hora predeterminadas ou
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doméstica e familiar contra a mulher, a que alude a conforme agendamento posterior;


Lei n. 11.340/06 (Lei Maria da Penha); VIII - antes de finalizar, levar os fatos ao conhecimen-
IV - infrações penais eleitorais, salvo quando no lo- to e providências adotadas no REDS-TC ao conheci-
cal da infração não houver órgãos da Polícia Federal; mento do CPU/CPCIA, onde houver;
V - ocorrência de dois ou mais delitos em concurso IX - liberar as partes envolvidas na ocorrência (víti-
material ou formal, os quais a soma das respectivas ma, autor e testemunhas);
penas máximas cominadas em abstrato ou a incidên- X - entregar o REDS-TC e seus anexos impressos,
cia de causa de aumento de pena ultrapassem dois além do material arrecadado/apreendido, no CREDS-
anos; TC responsável por sua fração policial.

82
§1º Para o encerramento do REDS-TC no local, com § 5º As Unidades deverão diligenciar para manter o
consequente liberação dos envolvidos, é necessário CREDS-TC sempre organizado e, sendo possível, com
que o policial militar faça uma detalhada avaliação monitoramento por câmeras de vídeo com gravação.
do ânimo das partes, a fim de evitar que a ocorrência
evolua para uma situação mais grave após a saída da DO DESTINATÁRIO DO REDS-TC
guarnição PM.
§2º Conforme previsto na DIAO, havendo recusa Art. 8º - O REDS-TC, em regra, terá como destinatário
ou desistência da vítima em representar ou pedir o Juiz de Direito do JECrim ou correspondente;
providência em desfavor do autor, nos casos de in- § 1º Por não haver possibilidade de aceite virtual no
frações penais de ação penal pública condicionada sistema REDS, o policial militar deverá constar no
à representação ou de ação penal privada, o policial sistema que o recibo será manual. Cada Unidade
militar deverá registrar o fato em Boletim de Ocor- deverá providenciar, após o recebimento do REDS-TC
rência Simplificado (BOS) de natureza W 3000 (Solici- pelo JECrim, a complementação dos dados da pessoa
tante Encontrado - Providência Dispensada), contendo que recebeu o boletim, no sistema virtual do REDS.
todos os detalhes da ocorrência. Ainda, o policial mili- § 2º Se no REDS-TC houver veículo automotor/
tar deverá qualificar testemunhas da recusa/desistên- documentação de veículo apreendido a destinação
cia da vítima, constando-as no boletim. secundária, em regra, será à autoridade de trânsito
§3º O REDS-TC para as infrações penais de menor competente, uma vez que há necessidade de medidas
potencial ofensivo referente aos crimes ambientais e administrativas de competência daquela autoridade a
aos crimes de trânsito poderá ser adaptado, de acor- serem tomadas.
do com as especificidades da legislação penal especial § 3º No caso dos crimes ambientais, a destinação
correspondente. secundária do REDS-TC, em regra, será o órgão am-
biental responsável pela medida administrativa corre-
DO PROCESSAMENTO DO REDS-TC PELA CREDS- spondente ao crime ambiental.
-TC
DA ARRECADAÇÃO/APREENSÃO E DESTINAÇÃO
Art. 7º - A CREDS-TC das Unidades/Frações serão sub- DE MATERIAIS
ordinadas tecnicamente às P/3 do Batalhão, com ofi-
cial designado como coordenador de suas atividades, Art. 9º - Os materiais arrecadados/apreendidos no
e terão as seguintes atribuições: REDS-TC, que deverão constar no REDS, serão acondi-
I - receber os REDS-TC confeccionados da respecti- cionados e lacrados pelo seu relator em invólucro
va Unidade/Fração; próprio e entregues na CREDS-TC antes do final do
II - conferir toda a documentação constante do turno de serviço.
REDS-TC; § 1º Nos grupos e subgrupos PM destacados, a en-
III- providenciar às correções necessárias, quando for trega de materiais apreendidos na CREDS-TC poderá
o caso; ocorrer oportunamente, antes da remessa do TCO ao
IV- encaminhar, se possível no primeiro dia útil pos- JECrim, a critério do Comandante da respectiva RPM.
terior ao registro, os REDS-TC ao JECrim. A Unidade § 2º As Unidades/Frações, por meio da CREDS,
deverá diligenciar para que o encaminhamento do encaminharão, no prazo previsto no inciso IV, do art.
REDS-TC não ultrapasse o prazo máximo de uma se- 7º desta Resolução, os materiais arrecadados/apreen-
mana; didos aos Juizados Especiais Criminais.
V- manter rigoroso controle sobre a tramitação dos § 3º Os objetos/armas/demais materiais arrecadados/
REDS-TC e providências decorrentes. apreendidos ficarão sob custódia das CREDS-TC de
§ 1º Todos os documentos relevantes, dentre eles o cada Unidade/Fração até seu envio ao JECrim.
REDS, o termo de manifestação da vítima e o termo § 4º O invólucro próprio a ser disponibilizado pela
de comparecimento do autor, além dos materiais Corporação terá número de controle e deverá conter
apreeendidos, devem ser juntados e organizados para a data, número do REDS, natureza e ser assinado e
entrega, mediante recibo manual, no JECrim. identificado pelo policial militar responsável pela ar-
§ 2º O recibo de protocolo da documentação a que recadação/apreensão.
alude o § 1º deste artigo deverá ser arquivado pelas Art. 10º - Caberá a CREDS-TC da Unidade/Fração:
CREDS-TC observando-se, quanto a sua temporali- I - manter rígido controle dos materiais arrecada-
dade, as normas institucionais acerca da matéria. dos/apreendidos nos REDS-TC;
§ 3º Em geral as CREDS-TC terão acesso restrito e II - encaminhar à perícia os materiais arrecadados/
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serão instalados nas sedes das Unidades/frações, fi- apreendidos, quando for o caso;
cando a cargo do Comando da Unidade de Direção III- diligenciar junto ao JECrim para destinação defini-
Intermediária (UDI), juntamente com os Comandos de tiva do material arrecadado/apreendido (doação, de-
Unidades, esta definição. struição, outros);
§ 4º O controle do recebimento dos materiais dos IV- encaminhar semanalmente, ou em outro prazo
policiais responsáveis pelo REDS-TC e da entrega dos pré-definido junto ao Juízo, os materiais arrecadados/
materiais ao JECrim deverá ser rigoroso e constante apreendidos ao JECrim;
de livros ou outros processos de controle eficientes V- manter controle sobre a tramitação dos materiais
implementados pela Unidade/CREDS-TC. arrecadados/apreendidos no REDS-TC.

83
Art. 11º - A destinação final dos materiais arrecada- Art. 15º - As assinaturas da vítima no termo de man-
dos/apreendidos (doação, destruição, outros) ficará ifestação e do autor no termo de compromisso de
a cargo do JECrim. comparecimento são obrigatórias, conforme modelos
constantes do Anexo IV e V a esta Resolução.
DO COMPROMISSO DO AUTOR DE COMPARECER § 1º Quando as informações relativas aos termos a
EM JUÍZO que alude o caput deste artigo forem inseridas no
histórico do REDS, o policial militar deve providenciar
Art. 12º - O compromisso do autor das infrações penais que o boletim seja assinado pela vítima ou pelo autor,
de menor potencial ofensivo em comparecer em juízo conforme o caso.
é condição indispensável para a lavratura do REDS-TC. § 2º Caso a vítima ou o autor não saiba ou não possa
§ 1o Havendo a liberação do autor no local, em razão assinar o respectivo termo, o policial militar poderá
da assinatura de seu compromisso de comparecer em cientificá-lo verbalmente do conteúdo, na presença
juízo, esta medida deverá ser constada expressamente de 02 (duas) testemunhas, colhendo a assinatura de-
no histórico do REDS-TC.
stas no termo lavrado.
§ 2o Caso o autor não assuma o compromisso de
Art. 16º - O autor da infração penal de menor poten-
comparecer em juízo, o REDS será lavrado com registro
cial ofensivo será identificado por meio dos documen-
imediato, endereçado a autoridade policial civil, e o
tos oficiais de identidade previstos no art. 2º da Lei n.
autor será conduzido preso em flagrante.
§ 3o Antes da liberação do autor, o policial militar 12.037, de 01 de outubro de 2009, que dispõe sobre a
deverá entregar-lhe via impressa ou formulário identificação criminal do civilmente identificado, reg-
manuscrito constando a data, hora e local de com- ulamentando o art. 5º, inciso LVIII, da Constituição
parecimento em juízo, conforme constar no termo de Federal.
com prom isso. § 1º - Para os fins do caput deste artigo, a identifi-
§ 4º - Quando o Poder Judiciário não disponibilizar cação civil pode ser atestada por meio dos seguintes
previamente a agenda de audiências preliminares ou documentos:
quando àquele órgão definir que a notificação será I - carteira de identidade;
procedida por ele em data posterior ao registro do II - carteira de trabalho;
REDS-TC, o policial militar deve preencher o termo III - carteira profissional;
de compromisso de comparecimento e colher a IV - passaporte;
assinatura do autor, porém sem a data, hora e local V - carteira de identificação funcional;
de comparecimento em juízo. Esta situação deverá ser VI- outro documento público que permita a identifi-
constada no histórico do REDS-TC. cação do indiciado.
§ 5o Caso haja indícios que o autor do delito não tenha § 2º - Para os efeitos desta Resolução, os documentos
condições de assumir o compromisso de comparecer de identificação militares são equiparados aos docu-
em juízo, seja por estar embriagado, sob efeitos de en- mentos de identificação civis.
torpecentes ou fora das suas faculdades mentais, de- Art. 17º - Será lavrado o REDS e o autor do fato con-
verá ser lavrado o REDS e encerrada a ocorrência, de duzido à delegacia da Polícia Civil quando ele não
imediato, na delegacia de polícia. fornecer elementos necessários ao esclarecimento de
§ 6o Não sendo possível a identificação civil do autor sua identidade ou não for possível a sua identificação
deverá ser lavrado o REDS e o autor conduzido a del- civil devido à configuração das seguintes hipóteses:
egacia de Polícia Civil. I - o documento apresentar rasura ou tiver indício
de falsificação;
DISPOSIÇÕES GERAIS E FINAIS
II - o documento apresentado for insuficiente para
identificar cabalmente o autor;
Art. 13º - Após avaliação de conveniência e oportuni-
III - o autor portar documentos de identidade dis-
dade o policial militar poderá, no local da ocorrência,
colher a manifestação da vítima e compromisso de tintos, com informações conflitantes entre si;
comparecimento em juízo do autor, liberando-os em IV - constar de registros policiais o uso de outros
seguida e, tão logo seja possível, o REDS-TC correspon- nomes ou diferentes qualificações;
dente deverá ser lavrado. V- o estado de conservação ou a distância temporal
Art. 14º - No histórico do REDS-TC o policial militar ou da localidade da expedição do documento apre-
deverá inserir, de maneira detalhada e precisa as cir- sentado impossibilite a completa identificação dos
cunstâncias/peculiaridades em que o fato ocorreu, a caracteres essenciais.
descrição da infração penal de menor potencial ofen- Art. 18º - O fato de o autor não estar de posse do doc-
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sivo (artigo de lei infringido pelo autor com o respec- umento de identificação civil não configurará causa
tivo inciso, parágrafo e letra), além das versões indi- de sua condução para a delegacia da Polícia Civil
vidualizadas e detalhadas e a relação entre a vítima, nem inviabilizará a lavratura do REDS-TC, devendo
autor e testemunhas, sendo possível. os seus dados de identificação serem confirmados nos
Parágrafo Único: O policial militar deverá ser diligente sistemas de informações policiais disponíveis.
no sentido de constar no REDS-TC todos os dados, já Art. 19º - No caso do policial militar em serviço e du-
previsto no sistema REDS, de identificação e contato rante atuação policial ser um dos envolvidos da ocor-
do envolvido como, por exemplo, endereço completo rência a ser registrada (Ex: desacato), é necessária
e telefone. uma análise e avaliação mais criteriosa quanto à ne-

84
cessidade de o TCO ser feito por outro policial militar sem envolvimento com os fatos (por outra guarnição).
Art. 20º - Na hipótese do registro do REDS-TC, se a infração penal deixar vestígios na vítima, o policial militar deverá
encaminhá-la para atendimento médico e constar o número do prontuário/ficha médica no histórico do REDS -TC.
Art. 21º - Os Comandos Regionais poderão realizar contatos horizontais com os magistrados Diretores do Foro para
estabelecer providências e alinhamentos operacionais em relação as especificidades locais de cada comarca.
Art. 22º - A operacionalização da rotina da agenda do JECrim deverá ser definida pelo Comando das Unidade/Fração
com o Juiz de Direito da respectiva comarca.
Art. 23º - O Comando Regional deverá informar ao Comando-Geral e à Diretoria de Apoio Operacional (DAOp)
quaisquer dificuldades encontradas quando da implementação da lavratura do TCO.
Art. 24º - Caso a plataforma online com os formulários não estiver disponível por questões técnicas, o atendimento
das ocorrências de menor potencial ofensivo cabível de registro de TCO, deverá seguir o procedimento operacional
atualmente existente, com o respectivo registro do REDS e o preenchimento do termo de compromisso do autor/termo
e de manifestação da vítima (representação/cientificação) de forma apartada e manual (neste caso o policial militar
deverá constar no histórico do REDS a adoção dessa medida) ou no próprio histórico do REDS.
§ 1º A plataforma online estará disponível na Intranet PM e permitirá, com a busca de informações do sistema REDS,
o preenchimento automático dos dados necessários e imprescindíveis aos termos de compromisso do autor/termo e
de manifestação da vítima (representação/cientificação);
§ 2º Os policiais militares deverão manter na pasta das viaturas cópias do termo de compromisso do autor/termo
e de manifestação da vítima (representação/cientificação) para o caso de registro do REDS-TC em localidade sem
possibilidade de acesso a plataforma online ou para o caso de inoperância da mesma. Estes termos também estarão
disponíveis na plataforma online da Intranet PM para download.
Art. 25º - Os policiais militares responsáveis pela lavratura do REDS-TC deverão orientar aos envolvidos para, em caso
de necessidade de cópia do REDS, comparecer a uma Unidade da Polícia Militar ou retirá-la através do site da PMMG1
ou da Delegacia Virtual2.
Art. 26º - A Academia de Polícia Militar (APM) providenciará treinamentno para todos policiais militares, no modo
presencial e/ou à distância, para lavratura do TCO, conforme previsto nesta Resolução.
Art. 27º - Os casos omissos desta Resolução serão resolvidos pelo Comandante-Geral.
Art. 28º - Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

DOUTRINA OPERACIONAL

85
ANEXO II (a que se refere o art. 6º da Resolução n. 4745 de, 26 de Outubro de 2018)
DOUTRINA OPERACIONAL

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DOUTRINA OPERACIONAL
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DOUTRINA OPERACIONAL
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DOUTRINA OPERACIONAL
ANEXO III (a que se refere o art. 3º da Resolução n. 4745 de, 26 de Outubro de 2018)
DOUTRINA OPERACIONAL

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ANEXO IV (a que se refere o art. 15 da Resolução n. 4745 de, 26 de Outubro de 2018)

DOUTRINA OPERACIONAL

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ANEXO V (a que se refere o art. 15 da Resolução n. 4745 de, 26 de Outubro de 2018)
DOUTRINA OPERACIONAL

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ANEXO VI (a que se refere o preâmbulo da Resolução n. 4745 de, 26 de outubro de 2018)

DOUTRINA OPERACIONAL

93
A seção 2 deste manual, trata do preparo mental e
CADERNO DOUTRINÁRIO 1 - INTERVEN- dos estados de prontidão, ressaltando a importância de
ÇÃO POLICIAL, PROCESSO DE COMUNI- o policial militar ensaiar possibilidades para antecipar
CAÇÃO E USO DA FORÇA. APROVADO respostas e observar sua capacidade de reação para as
PELA RESOLUÇÃO Nº 4.115, DE 08/11/10, diferentes situações do cotidiano operacional.
PUBLICADA NO BGPM Nº 86, DE 23/11/10 A seção 3 traz a metodologia para proceder à avalia-
- 31 MANUAL TÉCNICO-PROFISSIONAL Nº ção de riscos, ferramenta necessária para diagnosticar as
diversas situações de ameaça e as condições de seguran-
3.04.01/13-CG. (PUBLICADO NA SEPARATA
ça para uma intervenção.
DO BGPM Nº 61, DE 13/08/13). O pensamento tático é outro recurso importante
para o diagnóstic de cada ocorrência, fornece elementos
para analisar e controlar as diferentes áreas do “teatro
APRESENTAÇÃO de operações” e buscar interferir no processo mental do
agressor, subsidiando o planejamento da intervenção.
Os fundamentos aplicados neste “Manual Técnico-
Será desenvolvido na seção 4, em complemento à seção
-Profissional” estão em conformidade com a legislação
anterior.
brasileira e com os documentos oriundos da Organiza-
A seção 5 aborda o tema intervenção policial mili-
ção das Nações Unidas (ONU), aplicáveis à função po-
tar, suas etapas e classificação em três níveis diferentes,
licial, quais sejam: Princípios Básicos sobre a Utilização
em função dos objetivos e riscos avaliados. A abordagem
da Força e de Armas de Fogo pelos Funcionários Res-
policial, como exteriorização da intervenção, também é
ponsáveis pela Aplicação da Lei (PBUFAF), o Código de
tratada nesta seção, contudo, de forma introdutória, pois
Conduta para os Encarregados pela Aplicação da Lei
será retomada mais detalhadamente nos outros “Cader-
(CCEAL), o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Po-
nos Doutrinários”, devido à sua importância na atividade
líticos (PIDCP), o Pacto Internacional dos Direitos Sociais,
policial militar.
Econômicos e Culturais (PIDSEC) e a Convenção Contra a
O Processo de Comunicação é tema da seção 6,
Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desuma-
destacando a importância dos elementos verbais e não
nas ou Degradantes.
verbais do processo de comunicação, como instrumento
Expressar toda a complexidade da atividade policial
facilitador em qualquer intervenção, aplicável em todos
militar em um conjunto de textos é desafiador. Cada in-
os níveis de uso de força pela Polícia Militar.
tervenção é singular e exige flexibilidade do profissio-
Finalizando, a seção 7 dispõe sobre o uso de força,
nal. Mas é necessário ter parâmetros bem definidos que
seus diferentes níveis, além de trazer considerações e
deem sustentação às ações policiais militares, mesmo
orientações sobre o uso de arma de fogo e de força
considerando essa versatilidade. Diante dessa realidade,
potencialmente letal, consistindo num referencial para
caracterizada por tantas variáveis, é imprescindível res-
que o policial militar tenha segurança em utilizá-la, desde
peitar os princípios legais e éticos que conferem identi-
que em conformidade com os princípios éticos e legais
dade e legitimidade à profissão policial militar e aplicar
que regem seu emprego.
técnicas e procedimentos consolidados pela experiência
Este conjunto de Manuais Técnicos-Profissionais op-
de seus integrantes. A construção do escopo doutrinário
eracionais denomina-se Prática Policial Militar Básica e
declara o que esta atividade tem de essencial, constante
será composto pelos seguintes documentos:
e estável; uma estrutura sólida que servirá de guia sobre
Manual Técnico-Profissional 3.04.01 - Intervenção
a atividade operacional da Polícia Militar de Minas Gerais
Policial, Processo de Comunicação e Uso de Força (MTP
(PMMG).
- 01).
Registra-se ainda que o vigor operacional da Corpo-
Manual Técnico-Profissional 3.04.02 - Tática Policial,
ração, sua força e eficiência devem se mostrar no esforço e
Abordagem a Pessoas e Tratamento às Vítimas (MTP -
energia diária desprendidos por todos militares na garantia
02).
da lei e da ordem no Estado de Minas Gerais. Este exercício
Manual Técnico-Profissional 3.04. 03 - Blitz Policial
profissional deve traduzir-se também, individualmente, na
(MTP - 03).
disciplina militar, lealdade, honestidade, espírito de corpo,
Manual Técnico-Profissional 3.04. 04 - Abordagem a
iniciativa, dedicação, equilíbrio emocional, coragem, abne-
Veículos (MTP - 04).
gação, vigor físico, civismo e patriotismo.
Manual Técnico-Profissional 3.04. 05 - Escoltas Policiais
A Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) apresenta
e Conduções Diversas (MTP - 05).
um conjunto de Manuais Técnicos-Profissionais que es-
tabelecem métodos e parâmetros que propiciam suporte
PREPARO MENTAL
à sua prática profissional e, por isso, consistem em ins-
DOUTRINA OPERACIONAL

trumentos educativos e de proteção, tanto para o policial


É fato que cada ocorrência policial possui um conjunto
quanto para o cidadão.
de variáveis que a torna única. Cada intervenção é
Este Manual Técnico-Profissional 3.04.01 (MTP
singular, exigindo que o policial militar seja versátil e ca-
01) - Intervenção Policial, Processo de Comunicação
paz de adaptar-se às peculiaridades de cada situação do
e Uso de Força tem como finalidade apresentar orien-
cotidiano operacional. Nesse contexto, a segurança do
tações básicas para a efetividade das intervenes policiais
policial militar, na execução das suas tarefas, está direta-
e deve ser tomado como referencial obrigatório para os
mente relacionada ao seu preparo mental.
demais Manuais Técnicos-Profissionais.

94
Considera-se preparo mental o processo de pré-vi- Classificação dos estados de prontidão
sualizar os prováveis problemas a serem encontrados em
cada tipo de intervenção policial militar e ensaiar men- Os diferentes estados de prontidão são classificados
talmente as possibilidades de respostas. Essa antecipa- da seguinte forma:
ção desencadeia um conjunto de alterações fisiológicas
e psicológicas, colocando o policial militar num estado a) Estado relaxado
de prontidão que ampliará sua capacidade de resposta É caracterizado pela distração em relação ao que está
a cada situação. acontecendo ao redor, pelo pensamento disperso e pelo
A falta do preparo mental do policial militar durante relaxamento do policial militar. Pode ser ocasionado por
uma intervenção prejudicará o seu desempenho, levando crença na ausência de perigo ou mesmo por cansaço. É
a um aumento de seu tempo de resposta à agressão e, representado pela cor branca.
assim, o uso de força poderá ser inadequado (excessivo ou O policial militar encontra-se despreparado para
aquém do necessário para contê-la). Num cenário mais um eventual confronto e, caso uma intervenção seja
grave, o policial militar pode ser levado a uma paralisia necessária, aumentará consideravelmente os riscos e
ou a um bloqueio na sua capacidade de reagir, compro- comprometerá a sua segurança individual e a de sua
metendo, consequentemente, a segurança e o resultado guarnição.
da ocorrência. Exemplo: o policial militar de folga almoçando com
Visualizar as situações e respostas possíveis prepara sua família pode se encontrar no estado relaxado. Por out-
o policial militar para a tomada de decisões. Mesmo em ro lado, num patrulhamento, escutando música com fone
circunstâncias adversas (por exemplo, ferido ou sob es- de ouvido ou conversando ao celular assuntos diversos do
tresse), o policial militar bem treinado terá como respon- policiamento executado, colocará a sua segurança e a de seu
der adequadamente, dentro dos padrões técnicos, legais grupo em risco, caso tenha que fazer uma intervenção
e éticos.
inesperada.
O treinamento policial militar baseado em situações
práticas que se aproximam do cotidiano profissional,
somado à análise crítica de erros e acertos vivenciados FIQUE ATENTO!
na experiência real contribuem para o desenvolvimento Na atividade operacional ou em desloca-
da habilidade do policial militar pensar sobre como ele mento fardado, o policial NÃO deve estar
agiria nas diversas situações, visualizando mentalmente no estado relaxado (branco).
suas respostas e definindo previamente o seu procedi-
mento básico. Dessa forma, ele criará rotinas seguras
para sua atuação. b) Estado de atenção
Por isso, o treinamento policial militar deve ser contí- Neste estado de prontidão, o policial militar está
nuo, valorizando o preparo mental, tanto quanto todas atento, precavido, mas não está tenso. Apresenta calma,
as atividades da capacitação profissional. porém, mantém constante vigilância das pessoas, dos
lugares, das coisas e ações ao seu redor por meio de
uma observação multidirecional e da atenção difusa (em
#FicaDica 360º). É representado pela cor amarela.
No estado de atenção, o policial militar estará pre-
Ao desenvolver o preparo mental, o policial parado para empregar ações de respostas adequadas às
militar antecipa-se, fazendo uma avaliação situações de normalidade. Não há identificação de um
preliminar das ameaças e considerando ato hostil e, embora não haja um confronto iminente,
possibilidades de atuação. o policial militar está ciente de que uma agressão seria
possível. Percebe e avalia constantemente o ambiente,
atento a qualquer sinal que possa indicar uma ameaça
Estados de prontidão em potencial.
Exemplos: o policial militar, realizando patrulhamento
Na atividade professional, o policial militar lida com em sua área de responsabilidade e interagindo com co-
diversas situações caracterizadas por diferentes níveis de merciantes, orientando-os quanto a dicas de segurança
risco e complexidade. Cada momento exigirá dele uma e, ao mesmo tempo, estando atento a toda a movimen-
habilidade de antecipar e reagir ao perigo e atuar em um tação de pessoas dentro e fora do estabelecimento co-
estado de prontidão diferente. mercial; o deslocamento do policial militar fardado du-
Os estados de prontidão são definidos por um con- rante sua folga.
junto de alterações fisiológicas (frequência cardíaca, rit-
DOUTRINA OPERACIONAL

mo respiratório, dentre outros) e das funções mentais c) Estado de alerta


(concentração, atenção, pensamento, percepção, emoti- Neste estado de prontidão, o policial militar detec-
vidade) que influenciam na capacidade de reagir às si- ta um problema e está ciente de que um confronto é
tuações de perigo. É importante destacar que os estados provável. Embora ainda não haja necessidade imediata
de prontidão dependem de fatores subjetivos, tais como de reação, o policial militar se mantém vigilante, iden-
experiências anteriores, domínio técnico e relacionamen- tifica se há alguém que possa representar uma ameaça
to com a equipe de trabalho, que influenciam no modo que exija uso de força e calcula o nível de resposta ade-
como cada policial militar percebe e responde a um mes- quado (ver Uso de força - seção 7). É representado pela
mo estímulo. cor laranja.

95
Manter-se no estado de alerta diminui os riscos do stintiva e descontrolada, ou, até mesmo, entrar em uma
policial militar ser surpreendido, propiciando a adoção situação de letargia física ou paralisia momentânea, deix-
de ações de resposta, conforme a situação exigir. Deve- ando de acompanhar sua guarnição, quando em deslo-
-se avaliar se é necessário pedir apoio de outros policiais camento no local da ocorrência.
militares e identificar prováveis abrigos (proteções) que
possam ser utilizados. Estados de prontidão e a atuação policial militar
Exemplos: o policial militar acionado pelo rádio (CI-
COP) para atender a uma ocorrência de uma briga entre O estado de atenção (amarelo) é o estado de pron-
vizinhos devido à perturbação do sossego (barulho de tidão no qual o policial militar deve operar durante uma
música e conversa alta), em um local considerado zona situação de normalidade (exemplo: patrulhamento or-
quente de criminalidade ou de um roubo à mão armada dinário), dando prioridade para a identificação de pos-
ocorrido na sua região de patrulhamento, desloca-se a síveis riscos. Durante uma intervenção, policiais militares
fim tentar realizar a prisão dos agentes. podem ser feridos em decorrência de situações de riscos
que não anteciparam, não viram ou não estavam men-
d) Estado de alarme talmente preparados para enfrentar. No transcorrer da
Neste estado de prontidão, o risco é real e uma res- ação, quando uma mudança de estado de prontidão é
posta do Polícial Militar é necessária. É importante fo- exigida, aumentando o nível de atenção e concentração
calizar a ameaça (atenção concentrada no problema) e do policial militar (para o estado de alerta - laranja ou
ter em mente a ação adequada para controlá-la, com in- alarme - vermelho), a partida do estado de atenção
tervenção verbal, uso de técnicas de menor potencial (amarelo) é muito mais fácil do que um salto do esta-
ofensivo ou força potencialmente letal, conforme as do relaxado (branco). Como já foi dito anteriormente,
circunstâncias exigirem. É representado pela cor verme- nesse último caso, partindo do estado relaxado (branco),
lha. o policial militar estaria tão despreparado que poderia
O preparo mental e o treinamento técnico recebido até entrar numa situação de pânico (preto).
possibilitarão ao policial militar condições de realizar sua Ressalta-se que o estado de atenção (amarelo) pode
defesa e a de terceiros e, mesmo em situações de emer- ser mantido por um período mais prolongado sem so-
gência, decidir adequadamente. brecarregar as funções físicas e mentais. Contudo, o es-
Exemplos: o policial militar intervindo no atendimen- tado de alerta (laranja) e o estado de alarme (vermel-
to de uma ocorrência, como num conflito entre vizinhos, ho) podem ser mantidos pelo organismo e pela mente
e um deles ameaça o outro com uma arma de fogo; ou apenas por períodos de tempo relativamente curtos, pois
quando se depara com um veículo que acaba de ser to- exigem um dispêndio maior de energia. Operar contin-
mado de assalto, iniciando-se um acompanhamento a uamente nesses avançados níveis de prontidão pode
veículo em fuga. desencadear reações adversas, tanto no âmbito físico
quanto psicológico, levando a síndromes de esgotamen-
e) Estado de pânico to (estresse crônico).
Quando o policial militar se depara com uma ameaça Caso a ocorrência tenha exigido atuação no estado
para a qual não está preparado ou quando se mantém de alarme (vermelho), quando cessada a situação de
num estado de tensão por um período de tempo mui- ameaça, é importante incentivar o policial militar a retor-
to prolongado, seu organismo entra num processo de nar ao estado de atenção (amarelo), se as condições de
sobrecarga física e emocional. É representado pela cor segurança do ambiente assim permitirem. Essa medida
preta. favorece o retorno do organismo às condições de funcio-
Nesse caso, podem ocorrer falhas na percepção da namento normal, sem muito desgaste.
situação, comprometendo sua capacidade de reagir ad- Esse processo pode ser conduzido, logo após o
equadamente à ameaça enfrentada. Isso caracteriza o desfecho da ocorrência, pelo próprio comandante da
estado de pânico. guarnição, incentivando o grupo a conversar sobre a ex-
O pânico é o descontrole total que produz parali- periência vivida. A manutenção do espírito de equipe e
sia ou uma reação desproporcional, portanto ineficaz. É da confiança entre líder e liderados são fatores impor-
chamado assim porque a mente entra em uma espécie tantes para minimizar o desgaste do profissional.
de “apagão”, o que impossibilita ao policial militar dar Posteriormente, durante os horários de folga, os
respostas apropriadas ao nível da ameaça sob a qual es- policiais militares devem ser incentivados a buscar um
taria exposto. repouso (estado de relaxamento - branco), a partici-
Durante o estado de pânico, poderá ocorrer o retor- pação em atividades junto à família ou amigos, a prática
no parcial e momentâneo ao estado de alarme, o que de esportes, atividades culturais, ou outros hábitos de
DOUTRINA OPERACIONAL

até poderá propiciar alguma capacidade de reação. Con- vida mais saudáveis e até mesmo o contato com profis-
tudo, é importante interpretar essas oscilações dos es- sionais da área de saúde.
tímulos fisiológicos (percepção, atenção ou pensamento) Caso não haja preocupação com essas medidas, o
como um grave sinal de perigo e esgotamento mental, policial militar estará mais propenso a desenvolver um
e não como indicativos de que o policial militar suporta quadro de estresse crônico. Comportamentos de irritab-
bem o estresse oferecido pela situação. ilidade, intolerância e impaciência são sintomas comuns
Exemplo: o policial militar poderá abandonar um e, agindo sobre os efeitos deste quadro, o policial militar
abrigo e atracar-se fisicamente com um agressor, utilizar poderá responder de forma impulsiva quando se dep-
a arma de fogo sem controle, atirando de maneira in- arar com situações de ameaça e perigo, ou ainda, com

96
reações exageradas mesmo em ocorrências com baixo b) Etapa 2 - avaliação das ameaças: consiste em
nível de risco e complexidade (nível de força incom- avaliar as características dos fatores que ameaçam
patível com a análise de risco e reação do abordado). direitos e garantias. Para tanto, o policial militar
Tudo isso pode favorecer o surgimento de estados de deve:
pânico (preto) durante o serviço operacional. Medidas • . obter informacoes sobre o agressor em potencial
que incentivam o retorno ao estado relaxado (branco) e dos envolvidos (idade, sexo, compleição física,
e de atenção (amarelo) são, portanto, estratégias que estado emocional e psicológico, motivação para o
contribuem tanto para a prevenção da saúde mental do ato, armas empregadas, trajetória criminal, registro
profissional de segurança pública quanto para evitar a anterior de agressão ou da ação contra policiais,
banalização de atos de violência nas intervenções poli- entre outros);
ciais militares. Assim, o estado de prontidão do policial
militar é considerado tão fundamental quanto os equi- c) Etapa 3 - classificação de risco: a classificação de
pamentos e armamentos colocados à sua disposição no risco permite ao policial militar agir dentro de pa-
serviço ou patrulhamento, pois, juntamente com o domí- drões de segurança, auxilia na escolha do compor-
nio técnico e o condicionamento físico, é ele que deter- tamento tático mais adequado, além de lhe propi-
minará sua condição de resposta à situação apresentada. ciar melhores condições para assegurar os direitos
Quanto melhor preparado mentalmente, melhor e proteger todos os envolvidos. A classificação de
condição o policial militar terá para: risco está estruturada em 3 níveis:
• detectar sinais de riscos e ameacas; • risco nivel I: caracterizado pela reduzida possib-
• colocar-se no estado de prontidao apropriado a ilidade de ocorrerem ameaças que comprometem
cada situacao; a segurança. Este nível de risco está presente
• ter autodominio para passar para urn nivel mais em situações rotineiras do patrulhamento e
alto ou mais baixo de prontidão, de acordo com a intervenções de caráter preventivo, educativo e
evolução da intervenção. assistencial. O estado de prontidão coerente com
o risco de nível I é o estado de atenção (amarelo);
AVALIAÇÃO DE RISCOS • risco nivel II: caracterizado pela real possibili-
dade de ocorrerem ameaças que comprometem a
Toda intervenção envolve algum tipo de risco po- segurança. São situações nas quais existe fundada
tencial que deverá ser considerado pelo policial mili- suspeita, mas que a intervenção policial militar
tar. O risco é a probabilidade de concretização de uma consiste numa averiguação preventiva. O estado
ameaça contra pessoa e bens; é incerto, mas previsível. de prontidão coerente com o risco de nível II é o
Cada situação exigirá que ele se mantenha no estado de estado de alerta (laranja);
prontidão compatível com a gravidade dos riscos que • risco nivel III: caracterizado pela concretização do
dano ou pelo risco real e iminente. São situações
identificar. Uma ponderação prévia irá orientar o policial
nas quais a intervenção policial militar é de caráter
militar sobre a necessidade e o momento de iniciar a in-
repressivo5. O estado de prontidão coerente com
tervenção, escolhendo a melhor maneira para fazê-lo.
o risco de nível III é o estado de alarme (vermel-
Toda ação policial militar deverá ser precedida de uma
ho).
avaliação dos riscos envolvidos, que consiste na análise
da probabilidade da concretização do dano e de todos
d) Etapa 4 - análise das vulnerabilidades: consiste
os aspectos de segurança que subsidiarão o processo de
em analisar os recursos que existem para respond-
tomada de decisão em uma intervenção, formando um
er à ameaça, dentre eles:
componente importante do diagnóstic da intervenção • competencias profissionais dos policiais militares
(ver Pensamento Tático - seção 4). e da equipe como um todo para agir no cenário
O policial militar deverá ter em mente que, em em função das técnicas e táticas adequadas aos
qualquer processo de tomada de decisão em ambiente tipos de ameaças;
operacional, a Polícia Militar tem o dever funcional de • efetivo policial militar suficiente para atuar com
servir e proteger a sociedade, preservar a ordem pública supremacia de força;
e a incolumidade das pessoas e do patrimônio, garantin- • meios de que o policial militar dispoe para in-
do o cumprimento da lei. tervir de forma efetiva e segura (armamento, co-
lete balístico, equipamento para comunicação,
Metodologia de avaliação de riscos veículos, entre outros);
• reacao da populacao local diante da intervencao
DOUTRINA OPERACIONAL

Esta metodologia compreende cinco etapas, sendo policial militar (positiva ou negativa).
elas:
a) Etapa 1 - identificação de direitos e garantias e) Etapa 5 - avaliacao de possiveis resultados: é a
sob ameaça: consiste em identificar quais são os análise da relação custo-benefício da intervenção
indivíduos expostos ao risco, os bens móveis e policial militar diante de cada situação de risco.
imóveis sujeitos a algum tipo de dano, as circun- Cabe ao policial militar calcular quais serão os re-
stâncias e o histórico dos fatos, o comportamento sultados de suas ações e seus reflexos na defesa da
das pessoas envolvidas, o tipo de delito e a possi- vida e das pessoas, no reforço de um cenário de paz
bilidade de evolução do problema. social e na imagem da PMMG.

97
Aplicação

A Avaliação de Riscos possibilita o uso de técnicas


e táticas adequadas às diversas formas de intervenção
policial (ver Intervenção policial - seção 5).
Para cada nivel de risco determinado, haverá uma
conduta operacional estabelecida como referência para
a ação policial militar, cabendo-lhe selecionar os proced-
imentos mais adequados a cada situação.
Cada atuação da Polícia Militar é cercada de partic-
ularidades. Não existem ocorrências iguais, contudo é
possível desenhar um conjunto de “situações básicas”
que podem servir de modelos aplicáveis ao treinamento.
A sistematização das respostas esperadas a partir
da identificação e classificação de riscos em uma inter-
venção policial militar viabiliza a seleção e a aplicação Ao aplicar esses conceitos, o policial militar terá mel-
de procedimentos adequados à solução de problemas, hores condições para avaliar e reagir adequadamente
como será visto na seção seguinte. aos riscos que possa vir a enfrentar, mesmo sob estresse.
O emprego do pensamento tático permite ao poli-
cial militar:
#FicaDica • dividir em diferentes níveis de perigo o local onde
se encontra ou para onde se dirige (“teatro de op-
Não é possível afastar completamente o ris-
erações”);
co em uma intervenção policial militar, mas
• formular urn piano de ação;
o preparo mental, o treinamento e obe-
• estabelecer prioridades para dirigir a atenção e de-
diência às normas técnicas garantem uma
terminar pontos que devam ser controlados;
probabilidade maior de sucesso.
• manter a segurança individual e da equipe no
desenrolar da ocorrência;
• controlar ameacas que possam surgir.
PENSAMENTO TÁTICO
Os conceitos que se seguem devem ser entendidos
Pensamento tático é o processo de análise do de maneira ampla e sistêmica, sendo adaptáveis às diver-
cenário da intervenção policial militar (leitura do ambi- sas situações operacionais.
ente). Consiste em mapear as diferentes áreas do “teatro
de operações” em função dos riscos avaliados, identifi- a)Área de segurança
car perímetros de segurança para atuação, priorizar os É a área na qual a Polícia Militar têm o domínio da
pontos que exijam maior atenção e tentar interferir no situação, não havendo, presumidamente, riscos à inte-
processo mental do agressor. gridade física e à segurança dos envolvidos. É o espaço
Enquanto o preparo mental ocorre antes da inter- onde o policial militar deve, primeiramente, se colo-
venção e consiste numa análise de possibilidades, o car durante a intervenção, evitando se expor a perigos
pensamento tático consiste num diagnóstic que utiliza desnecessários.
os dados e informações concretas obtidas por meio da Exemplo: arredores de uma residência já cercada por
avaliação de riscos de um “teatro de operações” espe- policiais militares devidamente protegidos onde, no in-
cífico. Num processo dinâmico, atualiza-se em função da terior da edificação, se encontra o suspeito da prática de
evolução da ocorrência. um delito.

b) Área de risco
Consiste num espaço físico delimitado, no “teatro
de operações”, onde podem existir ameaças, potenciais
ou reais, que ponham em perigo a integridade física e
a segurança dos envolvidos. É a área na qual o policial
militar não detém o domínio da situação, por ainda não
Quarteto do pensamento tático ter realizado buscas, sendo portanto, uma fonte de peri-
DOUTRINA OPERACIONAL

go para ele ou terceiros, e por isso requer que os riscos


O pensamento tático é norteado pelo quarteto: área de envolvidos sejam rigorosamente avaliados (ver Avaliação
segurança, área de risco, ponto de foco e ponto quen de Riscos - seção 3). Exemplo: o interior de uma residên-
cia onde se encontram suspeitos da prática de um delito,
considerando que os policiais militares já dominaram os
arredores da edificação.

98
• Onde estao os riscos potenciais nesta situacao?
FIQUE ATENTO! Ao se aproximar de uma residência para atendimento
O policial militar somente deverá transpor de uma ocorrência, uma mulher sai correndo de dentro
a área de segurança e adentrar na área de da casa na direção do policial militar. Considere: a mul-
risco, depois de certificar-se de que tem o her, em si mesma, e uma ameaca? Onde estão as portas
controle das fontes de perigo que lá se en- e janelas das quais o policial militar pode ser visto e atin-
contram. gido por alguem que se encontre dentro da residencia?
Que outros locais podem abrigar urn agressor que nao
foi visto?
c) Ponto de foco
Os pontos de foco são partes dentro da área de risco • Esses riscos estao controlados?
que requerem monitoramento específico e demandam Na cena descrita, existem locais de ameaça que o poli-
imediata atenção do policial militar, uma vez que deles cial militar ainda não controla. Qualquer foco de ameaça
podem surgir ameaças que representem risco à segurança que não esteja sob o controle visual de pelo menos um
dos envolvidos. Portas, janelas, escadas, corredores, veí- policial militar é um risco que não se controla. No exemp-
culos, obstáculos físicos, escavações, uma pessoa, ou qual- lo, o policial militar não deve se colocar parado no passeio
quer outro elemento no local de atuação que possa ofe- em frente à residência, exposto a tais pontos de foco, pois
recer ameaça, mesmo que não imediatamente visível ou aumenta o perigo potencial de sofrer um ataque.
conhecida, podem ser considerados como pontos de foco.
Exemplo: Uma porta que dá acesso a um dos cômo- • se esses riscos nao estao controlados, como
dos do interior da residência, considerando que os poli- faze-lo?
ciais encontra-se no interior da residência executando um Nesse exemplo, o policial militar pode considerar os
adentramento tático. possíveis abrigos próximos: uma grande árvore, uma
coluna de varanda, um carro estacionado, uma caçam-
d) Ponto quente ba ou outro meio de proteção. Abrigado numa área de
Os pontos quentes são partes do ponto de foco que segurança, o policial militar utiliza a verbalização para
possuem um maior potencial de se tornarem fontes reais identificar e direcionar a mulher para uma posição se-
de agressão e que, por isso, devem ser cautelosamente gura e, simultaneamente, checa, periodicamente, o am-
monitorados para garantir a segurança de todos os en- biente em sua volta, avalia a área de risco, identifica os
volvidos. O policial militar direcionará sua atenção, en- pontos de foco e visualiza os pontos quentes.
ergia e habilidade para essas fontes a fim de responder
adequadamente, considerando os princípios e as regras
para o uso de força (ver Uso de Força - seção 7). #FicaDica
Seguindo o exemplo do item “c) Ponto de Foco”, o
ponto quente será o suspeito da prática de um delito, Ao se colocar num estado de prontidão
que está posicionado na porta que dá acesso a um dos adequado, passando do estado de atenção
cômodos. (amarelo) para o estado de alerta (laranja)
É necessário compreender que a definição do que ou para o estado de alarme (vermelho),
será ponto de foco e ponto quente ocorre de maneira quando necessário, o policial militar estará
contínua e dinâmica, decorrente da avaliação de riscos. melhor preparado para identificar os pontos
Isso permite ao policial militar reclassificá-los à medida de foco e seus pontos quentes.
que os locais de onde podem partir as ameaças vão sen-
do identificados e/ou controlados, mais especificamente.
No exemplo anterior, no primeiro momento, o sus- Alinhamento do estado de prontidão
peito na porta foi definido como um ponto quente.
Contudo, quando o policial militar identifica que ele está É possível alinhar os conceitos do pensamento tático
com uma arma de fogo, a partir de então, o abordado será com o estado de prontidão. Quando o policial militar
considerado como um ponto de foco e suas mãos pas- se aproxima da área de risco e começa a analisá-la, o
sam a ser o ponto quente. seu estado de prontidão deve ser o de alerta (laranja),
Outro exemplo: um veículo suspeito será considerado precavendo-se contra situações adversas e estando con-
ponto de foco e um indivíduo que está em seu interior o sciente de que o perigo pode estar presente.
ponto quente. Esse mesmo indivíduo poderá tornar-se Ao chegar ao local de intervenção, é necessário avaliar
o ponto de foco e suas mãos serão definidas como o a área de risco, procedendo à identificação dos pontos de
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ponto quente. Igual atenção deverá ser dada às jane- foco e seus pontos quentes. O policial militar deve ques-
las, portas e porta-malas, pois são locais prováveis para o tionar se é possível controlar todos os pontos (todas as pes-
surgimento de ameaças (pontos quentes). soas e suas mãos, casas e suas janelas e portas, dentre outros).
Ao identificar um ponto de foco, o policial militar de-
Leitura do ambiente verá esforçar-se ainda mais para manter o controle visual
da situação. O estado de prontidão poderá subir para o
Existem três questões chaves para uma correta leitura estado de alarme (vermelho), conforme o caso. O poli-
do ambiente, que levam à identificação dos riscos pre- cial militar deverá estar atento e preparado para fazer
sentes numa intervenção policial: uso de força diante de uma possível agressão.

99
Quando localiza um ponto quente, o estado de O policial militar, na sua prática operacional diária,
prontidão deverá atingir, definitivamente, o estado de deve lidar com a probabilidade de riscos, preparando-se
alarme (vermelho), contribuindo para que o policial para enfrentar ameaças onde quer que elas possam
militar esteja em condições de controlar a ameaça. ocorrer. Não é possível eliminar todos os riscos da sua
Em algumas situações, a avaliação de riscos leva o atividade, mas, usando corretamente os princípios do
policial militar à conclusão de que não possui condições pensamento tático, haverá uma redução substancial do
suficientes (efetivo de policiais, armamento, treinamento, perigo.
entre outros) para agir imediatamente (etapa 4 da aval-
iação de riscos). Nesse caso, recomenda-se ao policial Processo mental da agressão
militar não adentrar a área de risco.
O objetivo do policial militar em uma ocorrência é, Consiste nas etapas percorridas por uma pessoa que
de modo geral, impedir o agravamento de qualquer situ- intenciona agredir o policial militar, da seguinte maneira:
ação e solucionar os problemas. Quando o policial militar • identificar: captar o estímulo por meio da visão,
não se expõe a perigos desnecessários e trabalha sem dos sons ou de outra forma de perceber a presença
invadir a área de risco, identificando e controlando os do policial militar;
pontos de foco, ele possui mais chances de evitar con- • decidir: definir o que fazer, isto é, preparar-se para
fronto direto e terá mais tempo e maior segurança para o ataque ou ocultar-se;
decidir quando e como agir. • agir: colocar em prática aquilo que decidiu.
Em situações em que há mais de um policial militar, é
possível dividir os pontos de foco de uma área de risco. Conhecer esse processo é identificar os estágios de
O número de policiais militares empregados em uma in- pensamento que uma pessoa seguirá para agredir o
tervenção deve ser, sempre que possível, capaz de pro- policial militar. Utilizar essa informação no contexto das
porcionar o controle de todos os pontos de foco e seus ações e operações possibilita minimizar ou evitar uma
pontos quentes. ameaça direta.
Algumas vezes, policiais militares se concentram em Usualmente, as etapas do processo mental da
um mesmo ponto de foco deixando outros sem con- agressão percorridas pelo suspeito ocorrem nesta se-
trole. Todos os pontos de foco devem estar sob vigilân- quência (IDENTIFICAR, DECIDIR E AGIR), porém, oca-
cia e, para isso, deverá ocorrer uma ação coordenada por sionalmente, podem não ocorrer nesta ordem. Exemplo:
parte dos policiais. Jamais um ponto de foco pode ser o suspeito pode estar com a arma pronta para disparar,
desconsiderado. apontada para a esquina de um beco em um aglomerado
O policial militar que verbaliza manterá contato visual urbano, antes mesmo de identificar um alvo.
com o abordado, sempre olhando para ele. Isso interfer- Qualquer que seja a ordem, um provável agressor
irá no processo mental do agressor, reduzindo sua ca- tem apenas esse processo de pensamento para percor-
pacidade de reação. rer. Isso coloca o policial militar em desvantagem, pois,
Se uma ameaça real surge de um ponto de foco, a enquanto o agressor passa por TRÊS passos para executar
habilidade e o preparo mental para entender e controlar o ataque, o policial militar terá, necessariamente, QUA-
os seus pontos quentes serão os suportes para a respos- TRO fases, a fim de responder a ameaça.
ta correta do policial militar. Nesse sentido, duas consid-
erações são importantes: IDENTIFICAR - CERTIFICAR - DECIDIR - AGIR

• Não dispersar e nao dividir a ATENÇÃO! Após identificar a provável agressão, o policial militar
Pode ser possível monitorar mais de um ponto de terá, obrigatoriamente, que se certificar de que o agres-
foco, ao mesmo tempo, pelo policial militar, dependen- sor está, de fato, iniciando um ataque, para depois de-
do da situação, da distância em que se encontram e do cidir e agir em consonância com os princípios do uso de
tempo necessário para a reação. Mas ele não conseguirá força (legalidade, necessidade, proporcionalidade, mod-
controlar, plenamente, mais de um ponto quente por eração e conveniência), e com os parâmetros éticos (ver
vez. O estado de alarme (vermelho) demanda muita Uso de força - seção 7.1).
atenção quando um ponto quente é identificado, sendo O conhecimento do processo mental do agressor
necessário avaliar qual ameaça é a mais séria e imediata e propicia a construção de ideias em um pequeno espaço
nela concentrar esforços. Estando ela dominada, a prob- de tempo para antecipar o perigo, identificar e entender
abilidade de agressão diminui. o ato de agressão que está ocorrendo. Sabendo que o
tempo para reagir é curto, a melhor maneira de trabalhar
• Não confundir atenção concentrada com “visão com essa desvantagem é alongar e manipular o processo
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em túnel”: mental do agressor.


Em uma situação de risco iminente, o policial militar Cinco fatores são úteis na tentativa de compensar as
deve concentrar toda a sua força e energia para controlar possíveis desvantagens entre os processos mentais do
a ameaça o mais rápido possível. Por outro lado, a “visão agressor e do policial militar:
em túnel” ocorre quando o policial militar fixa seu olhar a) ocultação: se o agressor não sabe exatamente
e sua atenção em apenas um ponto, perdendo a capaci- onde o policial militar está, ele terá dificuldades em
dade de percepção do que se encontra à sua volta. Como IDENTIFICÁ-LO para um ataque. Assim, poderá ati-
consequência, poderá eleger um objetivo incorreto ou rar ou atacá-lo a esmo, em um “esforço cego” para
um conjunto de ações inadequadas para atingi-lo. atingi-lo, mas, muito provavelmente, sua tentativa

100
será inútil, caso o policial militar se encontre dev- da realidade, objetivando, de modo geral, a prevenção e
idamente abrigado e coberto (oculto) na área de a resolução de conflitos, o combate ao crime e à violên-
segurança. cia, a preservação da ordem e a garantia do cumprimen-
c) surpresa: caracteriza-se por medidas que dificul- to da lei.
tam a percepção do abordado em relação ao poli- Uma intervenção da Polícia Militar pode ter como ob-
cial militar, ou seja, é uma ação inesperada para o jetivos: o esclarecimento de dúvidas ou o fornecimento
suspeito, surpreendendo-o e reduzindo seu tempo de informações junto a um transeunte; a realização de
de reação. distância: de uma maneira geral, o poli- uma busca pessoal, em um veículo ou em uma edifi-
cial militar deverá manter-se a uma distância que cação; uma ação de auxílio a uma pessoa acidentada ou
dificulte qualquer tipo de ação por parte do abor- perdida; o cumprimento de mandado de prisão; a imobi-
dado. Certamente, se um ataque físico é a preocu- lização, a algemação e a condução de pessoas; disparar
pação, quanto maior a distância a ser percorrida arma de fogo de acordo com os princípios do uso de
pelo agressor para atacar, mais tempo ele demor- força e outras formas de contato do policial militar com
ará para atingir o policial militar que, por sua vez, a sociedade.
terá mais tempo para identificar, certificar, decidir Ao iniciar uma intervenção, o policial militar deve
e repelir a ameaça. Quanto mais próximo de um observar os aspectos éticos, normativos e técnicos que
agressor, maiores são as chances do policial militar regulam e orientam a sua execução. O conhecimento do
ser atingido. O policial militar estará mais seguro, conjunto normativo, somado ao treinamento diuturno,
quando permanecer a uma distância adequada e garantirá o sucesso dessas ações.
sob a proteção de um abrigo.
d) autocontrole: na ânsia de ver o êxito de suas atu- Níveis de intervenção
ações, os policiais militares, frequentemente, abre-
viam boas táticas ou se lançam dentro da área de Os niveis de intervenção são classificações em
risco na presença de um suspeito potencialmente função da respectiva avaliação de risco (ver Avaliação
hostil. Por outro lado, se o policial militar faz com de Riscos - seção 3), que podem ser adotadas como
que ele venha até a área de segurança, que está referência para a atuação policial militar. Estão estrutura-
sob seu controle, estará provavelmente interferin- dos em três níveis:
do em todo o processo de pensamento do agres- a) Intervenção - nivel 1: adotada nas situações de
sor, desarticulando, desse modo, suas ações. caráter preventivo, educativo e assistencial. A fi-
e) proteção: este princípio é, sem dúvida, o mais nalidade das ações policiais militares neste nível é
importante entre todos. Se o policial militar pode promover um ambiente seguro por meio de patrul-
posicionar-se atrás de algo que verdadeiramente hamento ordinário e contatos com a comunidade,
o proteja dos tiros e, ao movimentar-se utiliza para prevenir, educar e assistir (risco nivel I). No
abrigos, um agressor terá muita dificuldade em entanto, é sempre necessário lembrar que as situ-
atacá-lo com sucesso. O abrigo também lhe dará ações rotineiras não podem provocar diminuição
mais tempo para identificar qualquer outra ameaça no nível de atenção do policial militar. O estado
que se apresente. de prontidão, neste tipo de intervenção, deverá ser
o estado de atenção (amarelo). O policial mili-
Em resumo, o policial militar deve procurar aumentar tar deve estar preparado para o caso da situação
o tempo de decisão do agressor, enquanto simplifica e evoluir e ser necessário o uso de força (ver Uso de
encurta o seu próprio processo mental. Entender este força - seção 7).
processo ajudará a avaliar as áreas de risco, estabelecen- b) Intervenção - nivel 2: adotada nas situações em
do perímetros de segurança e determinando correta- que haja a necessidade de verificação preventiva.
mente as prioridades, segundo os respectivos pontos de Neste caso, a avaliação de riscos indica que existe
foco que se apresentarem. indício de ameaça à segurança (do policial militar
ou de terceiros). Assim, o policial militar deverá
manter-se em condições de respondê-la. (risco
FIQUE ATENTO! nivel II e estado de alerta - laranja). Neste tipo
O policial militar deve adentrar a área de de intervenção, além das ações descritas no nível 1,
risco somente depois de se certificar de podem ser realizadas buscas em pessoas, veículos
que detém o controle de todas as ameaças ou edificações, pois as equipes envolvidas iniciam
que ela possa oferecer, transformando-a suas ações com algum risco já conhecido (indício)
em uma área de segurança e o policial militar deverá estar pronto para en-
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frentá-lo.

INTERVENÇÃO POLICIAL Exemplo: abordagem a pessoa ou veículo com carac-


terísticas semelhantes às de envolvidos em delitos; ex-
Entende-se por intervenção policial, a ação ou a ecução de patrulhamento e verificações em locais com
operação que empregam técnicas e táticas policiais, em histórico de violência.
eventos de defesa social, tendo como objetivo prioritário c) Intervenção - nivel 3: adotada nas situações em
a promoção e a defesa dos direitos fundamentais da pes- que há certeza do cometimento da infração, car-
soa. Toda intervenção policial deve ser transformadora acterizando ações repressivas. Neste caso, a aval-

101
iação de riscos indica a iminência de algum tipo de agressão (risco nivel III e estado de alarme - vermelho). Os
policiais militares deverão estar prontos para o emprego de força, quando assim a situação exigir, sempre com
segurança, e observando os princípios da legalidade, necessidade e proporcionalidade. (ver Uso de força - seção
7).
Exemplo: um infrator avistado no momento de uma ameaça direta à vítima ou que, logo após, empreende fuga e é
acompanhado pela polícia; um agente de crimes procurado pela Justiça e que é identificado pelo policial militar.

Etapas da intervenção

Uma intervenção policial militar deve ser dividida em etapas para garantir o seu sucesso:
a) Etapa 1 - diagnóstico: elaborado a partir das informações sobre o motivo, o abordado e o ambiente, obtidas por
meio da avaliação de risco e da análise do cenário feitas a partir do pensamento tático.
b) Etapa 2 - plano de ação: consiste na decisão, acerca das atribuições de cada policial militar, dos métodos e pro-
cedimentos para alcançar objetivos da intervenção. Os policiais militares, trabalhando em equipe, devem ter
atitudes coerentes entre si, fruto de uma mesma avaliação de risco e um consequente escalonamento da força. É
imprescindível considerar os dados que subsidiaram o diagnóstico, os fundamentos da abordagem, os princípios
do uso de força e os recursos disponíveis (pessoas e equipamentos). O plano de ação deve ser elaborado de
forma simples e verbal, ou exigir maior estruturação, conforme a avaliação da complexidade (ver avaliação de
riscos - seção 3).
O policial militar precisa responder às seguintes perguntas:
• Porque estamos intervindo?
• Quem, ou o que iremos abordar?
• Onde se dará a intervenção?
• que fazer?
• Como atuar?
• Qual a função e posição de cada policial militar?
• Quando intervir?

c) Etapa 3 - execução: é a ação propriamente dita, resultante das fases anteriores. Consiste na aplicação prática do
plano de ação, bem como da adoção de medidas decorrentes da própria intervenção (prestação de auxílio ou
orientação, busca pessoal, prisão e/ou condução do agente e o registro do fato em BO/REDS).
d) Etapa 4 - avaliação: as condutas individuais e do grupo, os resultados alcançados e as falhas notadas em cada
intervenção devem ser, posteriormente, discutidas e analisadas, e possíveis correções devem ser apresentadas,
visando aperfeiçoar as competências profissionais.
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102
Abordagem policial Fundamentos da abordagem policial à pessoa em
atitude suspeita
Na relação cotidiana entre a Polícia Militar e a comu-
nidade, a abordagem policial é a forma de intervenção Ao realizar este tipo de abordagem, o policial militar
policial mais comum, sendo executada em todos os deverá observar os fundamentos que seguem, para po-
níveis, como veremos a seguir. tencializar suas ações e assegurar que o objetivo propos-
Trata-se de um conjunto de ações policiais militares to seja alcançado:
ordenadas e qualificadas para que o policial militar possa a) segurança: caracteriza-se por um conjunto de me-
se aproximar de pessoas, veículos ou edificações com o didas adotadas pelo policial militar para controlar,
intuito de orientar, identificar, advertir, realizar buscas e reduzir ou, se possível, eliminar os riscos da inter-
efetuar detenções. Para tanto, utiliza-se de técnicas, táticas venção policial (ver Avaliação de Riscos - seção 3).
e meios apropriados que irão variar de acordo com as cir- Antes de agir, o policial militar deverá identificar a
cunstâncias e com a avaliação de risco. área de segurança e a área de risco, monitorar os
Qualquer contato do policial militar com as pessoas, pontos de foco, controlar os pontos quentes e cer-
decorrente da atividade professional, é considerada tificar-se de que o perímetro está seguro (ver Pens-
abordagem. Exemplos: orientações diversas, coleta de in- amento tático - seção 4). Sempre que possível, o
formações, contatos comunitários, medidas assistenciais, policial militar deverá agir com supremacia de força;
buscas pessoais, imobilizações físicas, prisão e condução. b) surpresa: caracteriza-se por medidas que dificul-
O contato físico, necessário e inevitável em alguns ti- tam a percepção do abordado em relação ao poli-
pos de abordagem (aquelas que geram busca pessoal, cial militar, ou seja, é uma ação inesperada para o
principalmente), se torna um momento crítico, tanto para suspeito, surpreendendo-o e reduzindo seu tempo
os policiais militares quanto para os envolvidos. Por um de reação.
lado, o abordado pode se sentir constrangido pela inter- c) rapidez: é a velocidade com que a ação
venção à qual foi submetido e, por outro, pode oferecer policial militar é processada, o que contribui
substancialmente para a efetivação da “surpresa”.
riscos ao policial militar. Por isso, ao realizar este pro-
Não se pode confundir rapidez com afobamento
cedimento, deve-se atuar, respeitando a dignidade e os
ou falta de planejamento. Em uma abordagem que
direitos fundamentais, sem descuidar-se das medidas de
resulta em busca pessoal, o policial militar deve
segurança.
usar todo o tempo necessário para uma verificação
Na abordagem policial, a busca pessoal, prevista e
exaustiva por objetos ilícitos ou indícios de crime;
fundamentada no Código de Processo Penal, é realizada
d) ação vigorosa: é a atitude firme e resoluta do poli-
de ofício a partir de circunstâncias de fundada suspeita e
cial militar na ação, por meio de uma postura im-
que se impõe, independentemente, de concordância da perativa, com ordens claras e precisas. Não se con-
pessoa (ver MTP 02). funde com truculência. O policial militar deve ser
A posição em que o policial militar sustenta sua arma firme e direto, porém cortês, sereno, demonstran-
durante a abordagem dependerá da avaliação de riscos do segurança, educação e bom senso adequado às
da intervenção. O policial militar deve manter-se sempre circunstâncias da intervenção;
atento ao comportamento do abordado e não descuidar e) unidade de comando: é a coordenação
da sua segurança. centralizada da intervenção policial militar que
Quando, inicialmente, o abordado não apresentar garante o melhor planejamento, fiscalização e
indícios de suspeição, como nos casos de orientação ou controle. Da mesma forma, cada policial militar
assistência, a abordagem deverá ser iniciada com a arma envolvido na abordagem deve conhecer sua tarefa
no coldre. e qual a sua função específica naquela intervenção,
interagindo de forma harmônica, sabendo a quem
recorrer, respeitando a cadeia de comando.
FIQUE ATENTO!
Em relação às posições das armas 1, 2, 3 e
4, descritas na seção 7.2.3 sobre o uso de
#FicaDica
arma de fogo, LEMBRE-SE SEMPRE:
ARMA LOCALIZADA: possibilidade de rup- O treinamento constante propicia condi-
tura da normalidade, sensação que a situa- ções ao policial militar para agir com rapi-
ção pode agravar-se - RISCO NÍVEL II; dez, sem descuidar dos princípios da segu-
ARMA EM GUARDA BAIXA OU ALTA: pos- rança.
sibilidade de risco à segurança do policial
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militar e terceiros (análise subjetiva) - RIS-


CO NÍVEL II; A aplicação dos conceitos apresentados nesta seção
ARMA EM PRONTA RESPOSTA: está ocor- e a observação das etapas da intervenção e dos funda-
rendo ameaça real à segurança do policial mentos da abordagem são essenciais para o resultado
militar e terceiros (percepção objetiva) - satisfatório das intervenes policiais.
RISCO NÍVEL III. A educação e a polidez devem sempre ser obser-
vadas nas abordagens, uma vez que alguns desfechos
são agravados pela postura inadequada adotada pelo
policial militar.

103
Requisitos básicos para atuação e intervenção po- Simplicidade quer dizer que o emissor transmite uma
licial militar mensagem para o receptor de forma clara, fácil e pos-
sível de ser entendida.
a) Conhecimento da missão: o desempenho das • Emissor e aquele que fala, escreve, desenha, faz
funções de Policiamento Ostensivo impõe, como mimica; e o ponto de onde parte a mensagem.
condição essencial para eficiência operacional, • Receptor e aquele que quer ou precisa ouvir e
o completo conhecimento da missão, que tem apreender; e o destinatário da mensagem.
origem no prévio preparo técnico-profission- • Mensagem e o conteudo do que se quer dizer e
al, decorre da qualificação geral e específica e se comunicar.
completa co o interesse do indivíduo. O processo de comunicação, como um dos fatores
b) Conhecimento do local de atuação: compreende mais importantes das intervenções policiais militares, se
o conhecimento dos aspectos físicos do terreno, bem realizado, é um grande facilitador para o sucesso da
do interesse policial-militar, assegurando a famil- abordagem. Por isso, o policial militar deve dar atenção
iarização indispensável ao melhor desempenho a este processo, para maximizar resultados positivos na
operacional. sua atividade profissional.
c) Relacionamento: compreende o estabelecimento Uma das formas da comunicação é a verbalização.
de contatos com os integrantes da comunidade, Verbalizar7 significa expressar ou exprimir algo na forma
proporcionando a familiarização com seus hábitos, de palavras. Na técnica policial militar, o conceito de ver-
costumes e rotinas, de forma a assegurar o dese- balização diz respeito ao uso da fala e de comandos ver-
jável nível de controle policial-militar, para detectar bais que, apesar de constituírem um dos níveis de uso de
e eliminar as situações de risco, que alterem ou pos- força, conforme seção 7, estarão presentes em todo tipo
sam alterar o ambiente de tranquilidade pública. de intervenção policial militar.
d) Postura e compostura: a atitude, compondo a Além da palavra falada, as pessoas transmitem uma
apresentação pessoal, bem como, a correção de gama significativa de informações por meio da postu-
maneiras no encaminhamento de qualquer ocor- ra, gestos, atitudes, aparência e até mesmo vestimentas.
rência influem decisivamente no grau de confi- Consequentemente, parte dos resultados de uma comu-
abilidade do público em relação à Corporação e nicação vem do comportamento não verbal. Corre-se o
mantém elevado o grau de autoridade do policial risco de uma ideia ser expressa em discordância com o
militar, facilitando-lhe o desempenho operacional. que o locutor desejaria, por interferência de outros in-
e) Comportamento na ocorrência: o caráter impes- dicativos físicos e psicológicos (elementos não verbais).
soal e imparcial da ação policial-militar revela a na- Portanto, no processo de comunicação, não pode haver
tureza eminentemente profissional da atuação, em preocupação apenas com as palavras de forma isolada,
qualquer ocorrência, requer que seja revestida de mas também com toda a mensagem veiculada.
urbanidade, energia serena, brevidade compatível e, Nas teorias de comunicação, diz-se que, uma infor-
sobretudo, isenção. mação somente é eficaz quando apresenta, dentre out-
ras, duas características fundamentais:
PROCESSO DE COMUNICAÇÃO a) clareza: utilização de linguagem de fácil compre-
ensão;
A comunicação é um processo de interação estabe- b) precisão: grau de detalhamento suficiente para
lecida no mínimo entre duas pessoas, construindo entre produzir o resultado desejado (ser prático, obje-
ambas um intercâmbio de sentimentos e ideias. Este pro- tivo, direto).
cesso, por si só, já remete a uma série de interpretações
diferenciadas, pois, com características únicas que temos, As técnicas de comunicação estabelecem que antes
podemos entender distintamente as mensagens. mesmo de haver a troca de palavras propriamente dita
A maior dificuldade de interpretação está em fatores entre as pessoas, existem elementos verbais e não ver-
como a escolha de palavras utilizadas na fala e na escrita, bais que interagem entre o emissor e receptor.
gestos e postura corporal, bem como o meio pelo qual a Os elementos verbais estão ligados aos conteúdos
mensagem é transmitida e estabelecida. Este canal tam- falados, envolvem escolha das palavras que vão compor a
bém pode estar sujeito aos ruídos (celulares que tocam mensagem. Os não verbais dizem respeito à entonação
em hora errada, barulho do trânsito, tom de voz alto ou da voz, gestos e posturas.
baixo demais) e tantos outros problemas que atrapalham
a compreensão da mensagem enviada. A falta de clareza Comunicação na abordagem policial
e a adequação para o tipo de público, a impropriedade
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da técnica, a urgência com que a mensagem é transmit- O policial militar não deve alimentar a expectativa de
ida, e outros fatores, podem dificultar ou mesmo impos- que o abordado sempre se disponha a colaborar de for-
sibilitar a compreensão. ma espontânea. Assim, deve buscar o controle da situ-
ação por meio de uma verbalização adequada, emitindo
ordens legais, claras, objetivas e pertinentes.
FIQUE ATENTO! Para potencializar o uso da comunicação nas inter-
Para que a comunicação atinja o seu ob- venções policiais militares, serão apresentadas, a seguir,
jetivo, o melhor caminho é a simplicidade. algumas orientações baseadas em áreas específicas do
conhecimento (fonoaudiologia, psicologia e neurolin-

104
guística). O primeiro contato com o abordado é de fundamental importância, haja vista que irá construir mentalmente
uma imagem do policial militar (e da Polícia Militar), por meio da análise da postura, apresentação pessoal e, principal-
mente, da fala e gestos. Esses fatores contribuem para a credibilidade, legitimidade e confiança na autoridade.

Algumas atitudes contribuem para a solução pacífica dos conflitos e o alcance dos objetivos institucionais e, conse-
quentemente, para a boa imagem e a legitimidade de suas intervenções. Dentre elas, o policial militar deve ser:
a) firme: agir de forma segura, estável, constante, comunicando por meio de comandos firmes, de maneira polida e
sem truculência. É preciso que fique claro ao receptor que a melhor opção para ele é obedecer;
b) justo: atuar de acordo com o ordenamento jurídico e em conformidade com os princípios éticos, respeitando a
dignidade da pessoa;
c) cortês: o policial militar deve ser educado, atencioso e solícito. A seriedade e a firmeza necessárias não podem
ser confundidas com indiferença ou grosseria.

Durante a abordagem, o policial militar deve explicar os motivos da intervenção e o comportamento que se espera
do abordado.
O diálogo entre o policial militar e o abordado pode ser prejudicado e sofrer interferências diante de uma postura
que denote agressividade, arrogância ou descaso. Exemplo: o policial militar que aponta o dedo indicador para o abor-
dado, ou se lhe apresenta com os braços cruzados ou com o rosto sisudo.
Ao dirigir-se às pessoas, o policial militar não deve fazer uso de gírias ou palavras vulgares porque transmitem uma
má impressão e afetam a credibilidade junto aos envolvidos. Mantendo uma linguagem firme e cordial, o policial militar
demonstra profissionalismo e controle da situação.
Outro aspecto importante da comunicação é o volume da voz. O policial militar deve atentar para este aspecto, a
fim de facilitar sua comunicação, adequando-o às diversas situações, podendo modificá-lo para alcançar melhor acata-
mento dos seus comandos. O volume da voz deve se adaptar ao nível de cooperação do abordado, devendo aumentar
ou diminuir, conforme o nível de força empregado. O som da voz deve chegar claramente ao ouvinte, para que ele possa
entender e interagir com o policial militar.
Dessa forma, a entonação da voz do policial militar poderá se tornar mais enérgica e o volume mais alto, demon-
strando a seriedade da situação e impondo a autoridade, caso o abordado demonstre resistência ao acatamento das
ordens.
Cabe ao policial militar fazer uma leitura do ambiente, para adequar o uso da voz a cada situação, lembrando
que o volume muito baixo inviabiliza a comunicação, por dificultar o entendimento, e o volume muito alto, quando
desnecessário, pode se tornar agressivo, incômodo e deseducado. Devem ser levadas em consideração as possíveis
interferências sonoras (ruídos) presentes em um determinado ambiente.
Outros fatores como o timbre (qualidade sonora que identifica a voz de uma pessoa), a dicção (pronúncia correta
dos sons das palavras) e a velocidade com que se fala são determinantes para a qualidade da comunicação estabele-
cida. Nos treinamentos, o policial militar deve buscar o timbre em que sua voz fique mais clara, pronunciar as palavras
com calma e correção e em velocidade que possibilite ao interlocutor compreender exatamente o que está sendo dito.
A fala confusa ou vagarosa causa a impressão de indecisão ou desânimo, gera descrédito e insegurança. Em contrapar-
tida, falar muito rápido denota ansiedade, dúvida e desatenção.
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O silêncio também pode transmitir mensagens não verbais. O policial militar, ao se comunicar, deve utilizar-se de
pausas em suas falas, verificando o nível de cooperação do abordado, proporcionando tempo para que este entenda
e cumpra o que lhe foi determinado. Pausas eficazes na interlocução e um processo de perguntas e respostas logica-
mente ordenadas podem ser determinantes para o sucesso da verbalização.
O diálogo deve ter uma sequência lógica. A fala do policial militar deve ser concisa, expressa por meio de coman-
dos simples, de fácil compreensão e execução e repetidos. Se necessário, reforçá-los, conforme o quadro que segue.

105
Quadro 1 - Elementos da comunicação em relação à postura do policial militar

Outro aspecto a ser considerado é que toda pessoa tem um espaço (área física em seu entorno) que considera psicologi-
camente reservado para aqueles que são íntimos a ela. Ao aproximar-se demasiadamente de uma pessoa, o policial militar
invade este “espaço pessoal” e pode provocar, no abordado, o desejo inconsciente de afastar, fugir, ou defender-se. Qualquer
palavra dita nessa situação poderá soar agressivamente. Ao abordar, não aponte o dedo indicador para a face do abordado,
nem toque no seu corpo, salvo nos casos em que se faz necessário o controle de contato, o controle físico e a busca pessoal
(ver Uso de Força - seção 7). Respeitando seu espaço pessoal, será mais fácil obter sua cooperação.
Assim sendo, o policial militar deverá estabelecer o contato inicial com o abordado, a uma distância segura (ver
Caderno Doutrinário 2), para criar um vínculo verbal e de confiança, explicando o que será realizado, antes de se aprox-
imar. Exemplo:”Fique parado! Vamos realizar uma busca pessoal. Você me entendeu?”.
O policial militar precisa preocupar-se com a autoridade que representa, dar à sua fala um conteúdo imperativo,
proporcional ao nível de cooperação do abordado, e primar pelo bom tratamento dispensado às pessoas. O policial
militar modificará e adequará os elementos da comunicação (volume, timbre, entonação e postura) de acordo com a
necessidade, caso o abordado demonstre algum tipo de resistência.
É importante ressaltar que os elementos não verbais utilizados na comunicação durante a abordagem influenciam
na percepção que policial militar e o abordado constroem um do outro. Por isso, os policiais militares devem estar
atentos aos efeitos que suas mensagens não verbais provocam e, ao mesmo tempo, observar e retirar conclusões dos
elementos emitidos pelo abordado.
A comunicação bem trabalhada pode evitar o emprego de níveis de força superiores, facilitando o desenrolar das
intervenções policiais. O policial militar passa a ter um maior controle da situação, minimizando, em grande parte dos
casos, a possibilidade de uma reação indesejada. O modo de agir, de se postar e falar com o abordado interfere dire-
tamente na sua reação, auxilia no nível de cooperação e no acatamento das ordens. Dessa forma, a postura do policial
militar, durante a abordagem, pode evitar manifestações de descontentamento que exijam a adoção de medidas co-
ercitivas pela polícia, como os controles de contatos e os controles físicos, as técnicas de menor potencial ofensivo e,
como medida extrema, o uso da arma de fogo.
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FIQUE ATENTO!
A verbalização pode e deve ser empregada em conjunto com todos os outros níveis do uso de força. Deve
estar presente durante toda a intervenção policial (ver Uso de força, seção 7)

106
O policial militar deve manter o equilíbrio e o auto- Verbalização do policial militar face ao comporta-
controle, mesmo se o abordado não obedecer, sefizer mento do abordado
comentários ofensivos, ignorar a sua presença ou atrair
a atenção de pessoas em volta. A linguagem que deve O policial militar deve variar sua comunicação, de
prevalecer é a do policial militar e não a do abordado. acordo com as diferentes formas de reação do abordado.
Manter um diálogo claro, direto, não emocional e sem Seguem abaixo, exemplos de diálogos que podem servir
abusos, demonstra profissionalismo e domínio da situ- de referência.
ação. Dessa forma, o policial militar ganha credibilidade
junto à população e atrai a confiança de testemunhas, Abordado cooperativo
que poderão confirmar que foram dadas todas as chanc-
es ao abordado para cooperar, sem utilizar a força, mas Mantendo-se no estado de prontidão apropriado,
que ele se recusou a acatar. após realizar a avaliação dos riscos e decidir por execu-
O policial militar deve transmitir ao abordado uma tar a abordagem, o policial militar inicia o contato verbal.
mensagem clara, de que poderá agir em resposta às - Bom dia! Eu sou o “Sargento ... (dizer o posto / a
suas agressões ou à falta de cooperação. Por meio de graduação e o nome)”, da Polícia Militar. Tudo bem?
um diálogo moderado e incisivo, o policial militar deve (utilize o complemento POLÍCIA MILITAR DE MINAS
explicar que seus comandos são ordens legais e que o GERAIS, caso esteja em operação próximo à divisa / fron-
descumprimento pode configurar infração penal e resul- teira do Estado).
tar no uso de força. Deve utilizar pausas e interromper a sua fala, aguar-
Deve ser considerada a possibilidade da pessoa abor- dando a resposta do abordado, para verificar se houve
dada ter dificuldade na compreensão e no cumprimento entendimento da sua mensagem e qual é o nível prelim-
da ordem, por tratar-se de pessoa portadora de neces- inar de cooperação demonstrado.
sidades especiais (físicas e/ou mentais) ou por estar sob Utilizando comandos simples e sequenciais, o policial
efeito de substâncias como álcool, drogas ou medicações militar explica para a pessoa o que está ocorrendo e, se
específicas, que alteram a capacidade cognitiva. possível, o que motivou a abordagem.
O policial militar deve ter consciência da existência de -Esta é uma operação policial preventiva. O procedi-
uma insatisfação natural das pessoas quando são abor- mento tomará apenas alguns minutos. Para a sua se-
dadas. O policial militar se apresenta como autoridade, gurança, siga as minhas orientates, OK...?
intervindo momentaneamente no direito de ir e vir, po- Por se tratar, a princípio, de abordado cooperativo, o
dendo ainda causar uma exposição constrangedora do policial militar dá sequência às ordens, pausadamente,
abordado perante seus familiares ou o público presente. dando tempo para que o abordado cumpra as deter-
Exemplo: possibilidade de se gerar atraso em desloca- minações, mantendo-se atento aos elementos verbais
mentos para compromissos, devido a operações do tipo e não verbais do abordado, para facilitar o processo de
Blitz. análise de riscos.
Um grande número de pessoas não gosta de ser para- - Qual é o seu nome?
do pela polícia, ainda que seja para uma simples veri- - Permaneça parado, coloque as mãos para
ficação de rotina, visto que, na maioria das vezes, seja cima. (ou ...lentamente, levante os braços ou... colo-
de senso comum a ideia de que foi “escolhido” por ter que as mãos sobre a cabeça e entrelace os dedos).
sido considerado suspeito. Nesses termos, é razoável que - Pare! Vire-se de frente para a parede. (ou
o abordado, nas diversas intervenções, tente argumentar Vire-se de frente para mim).
ou questionar a forma ou a legalidade da ação policial - Pare! Preste atenção! Lentamente, tire sua
militar, não cumprindo de imediato as recomendações,
mão do bolso (sacola, mochila ...).
alegando não admitir ser tratado como “infrator”. É
É conveniente fazer perguntas ao abordado e mantê-
importante diferenciar essa compreensível sensação
lo constantemente com a atenção voltada para o poli-
de incômodo vivenciada pelo abordado, de outra con-
cial militar que verbaliza. Isso contribuirá para reduzir sua
duta mais séria que configure os crimes de resistência,
capacidade de reação (ver Processo mental da agressão -
desobediência e/ou desacato.
seção 4).
Dessa forma, o policial militar deve iniciar a comuni-
Terminada a abordagem, explique ao cidadão sobre a
cação, sabendo que os elementos de empatia, na maio-
importância da pesquisa pós-atendimento.
ria das vezes, estarão ausentes. Por isso, deve aumentar
- Senhor (nome)! A Polícia Militar realiza uma
sua preocupação com os aspectos não verbais, de forma
pesquisa de pós-atendimento para verificação da
a garantir que suas mensagens sejam claras e precisa-
qualidade e aperfeiçoamento do nosso trabalho.
mente transmitidas.
Preciso que indique o dia da semana, o
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-
Para evitar percepções equivocadas por parte do
horário e o número de telefone, para que possamos
abordado e prejuízo na comunicação, o policial militar
deve treinar constantemente, de preferência diante de entrar em contato, sem que cause incômodo.
um espelho, analisando a sua imagem, considerando to- (Aguarde, anote a resposta, agradeça e despeça-se)
dos os elementos verbais e não verbais, enquanto pratica - Agradeço pela colaboração e conte com o nosso
os comandos típicos de uma abordagem policial militar. serviço. Tenha um bom dia!

107
Abordado resistente passivo • quando busca conseguir a simpatia de pessoas a
sua volta, colocando-as contra a atuação da polícia,
Caso o abordado descumpra algum comando, ag- assumindo assim uma posição de vítima;
indo de forma passiva, morosa, apática ou indiferente • quando tern algo para esconder (armas, drogas,
(mas que não constitua agressão), o policial militar outros) e busca distrair a atenção do policial mil-
deve, inicialmente, alertá-lo sobre as consequências da itar;
desobediência à ordem legal. Persistindo tal comporta- • quando quer ganhar tempo para fugir ou enfren-
mento, deve agir com superioridade de força, usando tar fisicamente os policiais militares, isto é, com re-
os meios necessários e moderados para compeli-lo ao sistência ativa.
cumprimento da determinação legal.
A desobediência do abordado e a resistência em O policial militar procura, então, identificar no com-
cumprir as ordens deverão ser entendidas como indica- portamento do abordado, as possiveis causas da sua
tivos de ameaça. Nesse caso, o policial militar deve estar resistencia, devendo estar atento para não se deixar le-
pronto para responder a algum tipo de agressão. var por provocações do abordado, o qual procura faz-
O policial militar deverá verificar, por meio de verbal- er-se de vítima, diante da intervenção.
izações, se o abordado compreende o que está sendo Nesses casos, o policial militar deve se resguardar,
dito: sempre que possível, por meio do testemunho de pes-
-Você está me entendendo? soas presumidamente idôneas que estejam próximas ao
ou local, acionando-as para que presenciem a repetição da
-O que está acontecendo? Por que você não me obe- ordem legal emitida e o descumprimento, ou resistência/
dece? relutância do abordado em cumpri-la.
ou - Ei! Você! Por favor, me acompanhe! Preciso que o
-Está tudo bem? Você está com algum problema? senhor presencie esta situação.
Se o abordado demorar a responder ou a acatar (Repita a ordem ao abordado diante da testemunha).
as determinações, mas não estiver esboçando algum - A policia esta dando uma ordem legal a este ci-
tipo de agressão, o policial militar deverá insistir na dadão. Ele se recusa a colaborar / foi advertido de
recomendação dada, repetindo a mesma ordem por que será usada força contra ele / foi alertado de que
duas ou três vezes. Esse procedimento de repetição lit- poderá ser preso por desobediência.
eral da ordem, de forma pausada, sistemática e firme, re- Os recursos tecnológicos (aparelhos telefônicos ce-
força a autoridade profissional da Polícia Militar, demon-
lulares que tiram fotos, filmam, gravam áudio, ou outros
strando determinação e convicção, além de contribuir
similares) que estejam acessíveis para comprovar a atua-
para que as eventuais testemunhas possam confirmar a
ção legítima do policial militar e a resistência do abor-
legalidade da ação.
dado, podem ser utilizados. Nesse caso, o policial militar
Utilize expressões que facilitem a aproximação com o
deve proceder com especial atenção, com relação a sua
abordado. Não seja ríspido ou impaciente. Procure alca-
postura e segurança, de forma que não se torne vulnerá-
nçar o receptor com seu discurso. Ao invés de responder
vel durante este procedimento, e alertar formalmente ao
com negativas, use afirmativas que desestimulem a sua
falta de cooperação: interlocutor que estará registrando a intervenção.
-Entendo o seu ponto de vista! Mas é uma questão
de segurança. FIQUE ATENTO!
ou
-Entenda, é o meu dever. Se você obedecer, será Cuidado com o uso e a destinação do ma-
mais seguro para todos. terial registrado. O direito à imagem é a
Caso o abordado continue descumprindo as ordens, parte da dignidade humana e cabe ao po-
deverá ser advertido quanto a este comportamento, es- licial protegê-la. Esses registros eletrônicos
clarecendo tratar-se de infração penal (desobediência). só poderão ser utilizados da maneira ofi-
-Obedeça! Desobediência é crime! cial, sendo vedada a divulgação ou a distri-
ou buição à imprensa ou a outros órgãos.
-Cidadão, isto é uma ordem legal! Faça o que es-
tou mandando!
ou Abordado resistente ativo
-Isto é uma advertência de uso de força!
O policial militar deve considerar que poderão existir Caso a ação por parte do abordado se materialize
diversas razões para que o abordado possa resistir de em algum tipo de agressão, caracterizando a resistência
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maneira passiva às ordens dadas pelo policial militar, ativa, a ação policial militar deve prosseguir na reação,
por exemplo: utilizando o nível de força proporcional sem, contudo,
• quando nao compreende a ordem emanada pela interromper a verbalização.
autoridade; Nos casos de resistência física, o policial militar deve
• quando nao acata, simplesmente porque quis de- mensurar e avaliar as atitudes do abordado, adaptan-
safiar a autoridade ou desmerecer a ação policial do a verbalização, sendo mais imperativo e impositivo,
militar, tentando, assim, expô-lo a uma situação alertando imediatamente o restante da equipe sobre
humilhante frente ao público, ou ainda, provocar essa resistência do abordado, com foco na segurança
o uso excessivo de força; dos policiais e de terceiros. Diante da agressão, o poli-

108
cial militar reagirá com controle fisico e reforçará o vol- USO DE FORÇA
ume de voz, emitindo ordens diretas, devendo advertir o
abordado de que tal procedimento implica crime (desa- É necessário ter um conceito claro e objetivo de
cato ou resistência). “força”. A palavra tem significados diferentes dependendo
• Paradol Não se aproxime! do contexto. Geralmente, força representa energia, ação
• Nao faca movimentos bruscos. Obedeca a or- de contato físico, vigor, robustez, esforço, intensidade,
dem policial! coercitividade, dentre outros.
• Vou empregar a forca! A força, no âmbito policial, é definida como sendo
Nesse caso, o abordado já iniciou algum tipo de o meio pelo qual a Polícia Militar controla uma situação
agressão e o policial militar deve estar pronto para reagir que ameaça a ordem pública, o cumprimento da lei, a
(ver Uso de força - seção 7). integridade ou a vida das pessoas. Sua utilização deve
estar condicionada à observância dos limites do orde-
Verbalização no caso de prisão namento jurídico e ao exame constante das questões de
natureza ética. A força, no âmbito militar, com possibili-
Após a constatação de uma situação que se config- dade de emprego em missões extraordinárias pela Polícia
ure em prisão do abordado, são adequadas as seguintes Militar, será objeto de Instruções específicas, como em
frases: caso de perturbação da ordem, ou grave perturbação,
- Fulano ... (citar o nome da pessoa presa). Sou conflito armado interno ou outras missões.
o ... (citar o posto ou a graduação e o nome do poli- O presente conteúdo deverá ser aplicado como
cial condutor da prisão). referência de doutrina institucional da PMMG para to-
- Você está preso pelo cometimento do crime das as intervenções policiais militares que exijam o uso
de (citar o delito). de força no âmbito policial. As particularidades refer-
• Voce têm o direito de permanecer calado. entes ao uso de força pela Polícia Militar de forma co-
•Voce têm direito a assistência da sua família e de letiva (formações de tropa), tais como ações de controle
advogado. de distúrbio civil, rebeliões em presídio, eventos com
- Você será encaminhado à delegacia... (citar o grandes públicos e outras operações, além do conteúdo
local onde será feito o encerramento do BO/REDS) desta seção, serão complementadas em Manual Técni-
- Na delegacia, sua família ou a pessoa indicada co-Profissional próprio.
por você poderá ser comunicada. O uso de força é um tema que engloba muitas
É conveniente fazer perguntas à pessoa presa, na variáveis e possibilidades de ação. De acordo com as
presença de testemunhas, tais como: circunstâncias, sua intensidade pode variar desde a
• Por favor, confira seus pertences! simples presença policial militar até o emprego de
• Quer registrar algum fato referente a esta ação força potencialmente letal como o disparo da arma
policial? de fogo contra pessoa, sendo, neste caso, considerado
como o último recurso e de medida extrema de uma
Considerações finais intervenção policial.
O Estado detém o monopólio do uso de força que é
Algumas atitudes por parte do policial militar podem exercida por intermédio dos seus órgãos de segurança.
contribuir para tornar a comunicação simples, rápida e Assim, o policial militar, no cumprimento de suas ativi-
eficaz, por abrangerem pontos importantes para o suces- dades, poderá usá-la para repelir uma ameaça à sua se-
so em uma abordagem, dentre elas: gurança ou à de terceiros e à estabilidade da sociedade
a) saber ouvir e compreender a mensagem do abor- como um todo (uma violência contra o policial militar é
dado, sendo capaz de responder ao que foi per- um atentado contra a própria sociedade).
guntado; A força aplicada por um policial militar é um ato dis-
b) adaptar a mensagem a cada tipo de público, sem cricionário, legal, legítimo e professional. Pode e deve ser
perder a clareza e a objetividade; usada no cotidiano operacional, sem receio das conse-
c) escolher o momento certo para realizar a comu- quências advindas de seu emprego, desde que o policial
nicação; militar cumpra com os princípios éticos e legais que re-
d) ser paciente, pois cada pessoa tem um ritmo, um gem sua profissão.
modo e uma capacidade de internalizar e com- Deve ficar claro para o policial militar que o uso de
preender a mensagem; força não se confunde com violência, haja vista que esta
e) demonstrar segurança e confiança. última é uma ação arbitrária, ilegal, ilegítima e não pro-
fessional.
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Uma das principais funções do policial militar mod- O policial militar poderá usar a força no exercício das
erno é a resolução pacífica de conflitos. A verbalização é suas atividades, não sendo necessário que ele ou out-
uma ferramenta fundamental colocada à disposição do rem seja atacado primeiro, ou exponha-se desnecessar-
policial militar na resolução de conflitos. O uso correto iamente ao perigo, antes que possa empregá-la. O seu
das técnicas aqui apresentadas aumenta a segurança nas emprego eficiente requer uma análise dinâmica e con-
intervenções policiais militares e diminui, consideravel- tínua sobre as circunstâncias presentes, de forma que a
mente, a necessidade do uso de força em níveis mais el- intervenção policial resulte num menor dano possível.
evados. Para tanto, é essencial que ele se aperfeiçoe, constan-
temente, em procedimentos para a solução pacífica de

109
conflitos, estudos relacionados ao comportamento hu- . GRAVIDADE DA AMEACA: para ser avaliada, deverao
mano, conhecimento de técnicas de persuasão, nego- ser considerados, entre outros aspectos, a intensidade, a
ciação e mediação, dentre outros que contribuam para a periculosidade e a forma de proceder do agressor, a hos-
sua profissionalização nesse tema. tilidade do ambiente (histórico e fatores que indiquem
violência do local de atuação) e os meios disponíveis
Principios do uso de força ao policial militar (habilidade técnica e equipamentos).
De acordo com a evolução da ameaça (aumento ou re-
O uso de força pelos policiais militares deve ser nor- dução) o policial militar readequará o nível de força a ser
teado pelo cumprimento da lei e da ordem, pela preser- utilizado, tornando-o proporcional às ações do infrator, o
vação da vida, da integridade física das pessoas envolvi- que confere uma característica dinâmica a este princípio.
das em uma intervenção policial militar e, ainda, pelos Exemplo: não é considerada proporcional a ação poli-
principios essenciais relacionados a seguir: cial militar, com o uso de força potencialmente letal
a) Legalidade (disparando sua arma de fogo) contra um cidadão que
Constitui-se na utilização de força para a consecução resiste passivamente, com gestos e questionamentos, a
de um objetivo legal e nos estritos limites do ordena- uma ordem de colocar as mãos sobre a cabeça, durante
mento jurídico. a busca pessoal. Neste caso, a verbalização e/ou o con-
Este princípio deve ser compreendido sob os aspec- trole de contato corresponderão ao nível de força indi-
tos do: cado (proporcional).
. RESULTADO: considera a motivacao ou a justificativa . OBJETIVO LEGAL PRETENDIDO: consiste em aferir se o
para a intervencao da Polícia Militar. O objeto da ação resultado da ação policial militar está pautado na lei. Visa
deve ser sempre dirigido a alcançar o objetivo legal. à proteção da vida, da integridade física e do patrimô-
Deste modo, a lei protege o resultado da ação policial nio das pessoas que estejam sofrendo ameaças, além da
militar. manutenção da ordem pública e do cumprimento da lei.
Exemplo: o princípio da legalidade não está presente Guarda correlação direta com o princípio da legalidade,
se o policial militar usa de violência para extrair a confis- no que se refere ao aspecto “resultado”. O princípio da
são de uma pessoa. A tortura é vedada em qualquer situ- proporcionalidade não exclui o princípio da supremacia
ação e não justifica o objetivo a ser alcançado, por meio
de força que deverá imperar sempre que possível, nas
de mecanismos que infringem o direito do indivíduo de
ações ou operações policiais militares. A força é parte da
não produzir prova contra si mesmo ou declarar-se cul-
natureza institucional da Polícia Militar de Minas Gerais.
pado.
. PROCESSO: considera que os meios e os metodos
Niveis de comportamento da pessoa abordada
utilizados pelo policial militar devem ser legais, ou seja,
em conformidade com as normas (leis, regulamentos, di-
A pessoa abordada durante a intervenção policial mil-
retrizes, entre outros).
Exemplo: o policial militar não cumpre o princípio da itar, pode atender ou não às determinações dadas pelo
legalidade se, durante o seu serviço, usar arma e mu- policial militar, ou seja, ela poderá colaborar ou resistir
nições não autorizadas pela Instituição, tais como armas à abordagem. O seu comportamento é classificado em
sem registro, com numeração raspada, calibre proibido, níveis que devem ser entendidos de forma dinâmica, uma
munições particulares, dentre outras. vez que podem subir, gradual ou repentinamente, do pri-
meiro nível até o último, ou terem início em qualquer
b) Necessidade nível e subir ou descer.
Um determinado nível de força só pode ser empre- Nesse sentido, o abordado pode apresentar os se-
gado quando outros de menor intensidade não forem guintes níveis de comportamento:
suficientes para atingir os objetivos legais pretendidos.
Contudo, sendo necessário utilizar imediatamente um a) Cooperativo
nível de força mais elevado, o policial militar não precisa A pessoa abordada acata todas as determinações do
percorrer os demais níveis. policial militar durante a intervenção, sem apresentar re-
O uso de força num nível mais elevado é considerado sistência.
necessário quando, após tentar outros meios (negociação, Exemplo: o motorista que apresenta, prontamente,
persuasão, entre outros) para solucionar o problema, tor- toda a documentação solicitada e atende as orientações
na-se o último recurso a ser utilizado pelo policial militar. do policial militar durante operação do tipo Blitz.
Exemplo: o policial militar pode utilizar a força poten-
cialmente letal (disparo de arma de fogo), para defender
a sua vida ou de outra pessoa que se encontra em perigo FIQUE ATENTO!
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iminente de morte, provocado por um infrator, sempre O nível de risco deverá ser reclassificado
que outros meios não tenham sido suficientes para im- quando o policial militar identificar, pelo
pedir a agressão. menos, uma das seguintes situações:
- presença da arma;
c) Proporcionalidade - comportamento simulado aparente (coo-
O nível de força utilizado pelo policial militar deve peração);
ser compatível, ao mesmo tempo, com a gravidade da - indicativo de fundada suspeita ou qual-
ameaça representada pela ação do infrator, e com o ob- quer outra ameaça.
jetivo legal pretendido.

110
b) Resistência passiva (devidamente fardado, armado e equipado) em uma in-
A pessoa abordada não acata, de imediato, as deter- tervenção, bem como o emprego de recurso de menor
minações do policial militar, ou o abordado opõe-se a potencial ofensivo e, em casos extremos, o disparo de
ordens, reagindo com o objetivo de impedir a ação legal. armas de fogo.
Contudo, não agride o policial militar nem lhe direciona O emprego de todos os níveis de força nem sempre
ameaças. será necessário em uma intervenção. Na maioria das
Exemplo 1: o abordado reage de maneira espalh- vezes, bastará uma verbalização adequada para que o
afatosa, acalorada, falando alto, procurando chamar a policial militar controle a situação. Por outro lado, haverá
atenção e conseguir a simpatia dos transeuntes, colo- situações em que, devido à gravidade da ameaça, o uso
cando-os contra a atuação da Polícia Militar, assumindo de força potencialmente letal (disparo de arma de fogo)
assim, a posição de vítima da intervenção policial militar. deverá ser imediato. É fundamental que o policial militar
Exemplo 2: a pessoa, durante uma abordagem, corre mantenha-se atento quanto às mudanças dos níveis de
na tentativa de empreender fuga para frustrar a ação de comportamento do abordado, para que selecione corre-
busca pessoal. tamente o nível de força a ser empregado.
A decisão entre as alternativas de força se baseará na
c) Resistência ativa avaliação de riscos e, como já visto, é importante consid-
Apresenta-se nas seguintes modalidades: erar a relevância da formação e do treinamento de cada
. Com agressão não letal policial militar. Assim, ele observará a seguinte classifi-
O abordado opõe-se à ordem, agredindo os policiais cação dos níveis para o uso diferenciado de força:
militares ou as pessoas envolvidas na intervenção, con-
tudo, tais agressões, aparentemente, não representam a) Nível primário
risco de morte. • Presenca policial militar:
Exemplo: o agressor que desfere chutes contra o poli- É a demonstração ostensiva de autoridade. O efetivo
cial militar quando este tenta aproximar-se para efetuar policial militar corretamente uniformizado, armado,
equipado, em postura e atitude diligente, geralmente
a busca pessoal.
inibe o cometimento de infração ou delito naquele local.
• Com agressão letal
O abordado utiliza-se de agressão que põe em perigo
• Verbalização:
de morte o policial militar ou as pessoas envolvidas na
É o uso da comunicação oral (falas e comandos) com
intervenção.
a entonação apropriada e o emprego de termos adequa-
Exemplo: o agressor, empunhando uma faca, deslo-
dos que sejam facilmente compreendidos pelo aborda-
ca-se em direção ao policial militar e tenta atacá-lo.
do.
As variações das posturas e do tom de voz do poli-
Uso diferenciado de força cial militar dependem da atitude da pessoa abordada.
Em situações de risco é necessário o emprego de frases
Caracteriza-se pelo uso de força de maneira seletiva. curtas e firmes. A verbalização deve ser empregada em
Trata-se de um processo dinâmico, no qual o nível de todos os demais níveis de uso de força. O treinamento
força pode aumentar ou diminuir, em função de uma es- continuado e as experiências vivenciadas proporcionam
colha consciente do policial militar, de acordo com as cir- melhoria na habilidade de verbalização.
cunstâncias presentes em uma determinada intervenção.
Este dinamismo denomina-se uso diferenciado de força. b) Nível secundário - técnicas de menor potencial
Não é conveniente utilizar a terminologia uso progres- ofensivo
sivo de força, porque o termo progressivo nos remete • Controles de contato:
à ideia somente de elevação (de escalada, de subida, São técnicas em que o policial militar faz a intervenção
atitude ascensional), sendo que, em muitos casos, o uso sem recorrer a quaisquer armamentos, instrumentos ou
“regressivo” de força é apropriado, quando verificada a equipamentos, por meio de posturas de abordagem que
diminuição da violência do agressor. orienta a distância e a angulação de aproximação, bem
Todo policial militar dever á utilizar equipamentos como a posição de mãos e braços do policial militar (ver
de proteção individual (EPI) específicos para sua at- posturas táticas - Manual Técnico Profissional 3.04.02)
uação, além de alternativas de armamentos e tecnolo-
gias, inclusive os de menor potencial ofensivo, para • Controle fisico:
propiciar opções de uso diferenciado de força. Não por- É o emprego das técnicas de defesa pessoal policial,
tar tais materiais no momento oportuno, muitas vezes com um maior potencial de submissão, para fazer
por negligência do policial militar, pode levá-lo a fazer com que o abordado resistente ativo (agressivo) seja
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uso de técnicas que contrariam os princípios do uso de controlado, sem o emprego de instrumentos. Visa a sua
força. Exemplo: o policial militar que não se equipou com imobilização e condução, evitando, sempre que possível,
bastão Tonfa, em que pese estar disponível, e usa a arma que resulte lesões do uso de força.
de fogo para dar coronhadas.
Entende-se por uso diferenciado de força o resulta- • Controle com instrumentos de menor potencial
do escalonado das possibilidades da ação policial mil- ofensivo (IMPO):
itar, diante de uma potencial ameaça a ser controlada. É o emprego de instrumentos de menor potencial
Essas variações de níveis podem ser entendidas desde ofensivo - IMPO, para controlar o abordado resistente.
a simples presença e postura correta do policial militar Visa a sua imobilização e condução, evitando, sempre

111
que possível, que resulte em lesões do uso de força.
Neste nível, o policial militar recorrerá aos instrumentos #FicaDica
disponíveis, tais como: bastão tonfa, gás/agentes quími-
cos, algemas, elastômeros (munições de impacto contro- Antes de empregar as técnicas previstas,
lado), armas de impulso elétrico, emprego de cães, entre sempre que possível e desde que não colo-
outros, com o fim de anular ou controlar o nível de re- que em risco a segurança, o policial militar
sistência. deve:
A Policia Militar de Minas Gerais considera o cão poli- (a) identificar-se como policial militar,
cial, devidamente treinado e conduzido, como um re- (b) advertir o agressor quanto à possibili-
curso equiparado a um instrumento de menor potencial dade ou o emprego de uso de força, pro-
ofensivo, levando-se em conta as mais diversas situações porcionando-lhe tempo suficiente para que
de emprego tático, as circunstâncias de exclusão de an- entenda e desista da agressão, acatando as
tijuridicidade ou crime. No caso de uso diferenciado de ordens policiais.
força, o emprego do cão objetiva menor contundência Essas regras serão aplicadas quando:
que a utilização do meio potencialmente letal, isto é, o *disparar munição de impacto controlado/
disparo da arma de fogo. disparar a arma de impulso elétrico (contro-
le de IMPO);
*disparar arma de fogo (força potencial-
FIQUE ATENTO! mente letal);
Considere que, quando utilizar o IMPO, o
risco de morte ou de graves lesões conti- Modelo do uso direnciado de força
nua existindo, mas em um nível significa-
tivamente inferir, quando comparado ao É um recurso visual, destinado a auxiliar na conceitu-
emprego de nível de força potencialmente ação, no planejamento, no treinamento e na comunicação
letal. dos critérios sobre o uso de força. A sua utilização aumen-
ta a confiança e a competência do policial militar, na orga-
nização e na avaliação das respostas práticas adequadas.
• Uso dissuasivo de armas de fogo: (ver parágrafo
4.8.7.2.3 a seguir)
Trata-se de opções de posicionamento que o policial
militar poderá adotar com sua arma, para criar um efeito
que remova qualquer intenção indevida do abordado e,
ao mesmo tempo, estar em condições de dar uma res-
posta rápida, caso necessário, sem, contudo, dispará-la.
As posições adotadas implicam percepções diferentes
pelo abordado, quanto ao nível de força utilizado pelo
policial militar. A ostensividade da arma de fogo tem um
reflexo sobre o abordado que pode ter sua ação cessada
pelo seu impacto psicológico, que a arma provocar (ver
Manual Técnico-Profssional 3.04.02). Exemplo: localizar
a arma de fogo no coldre, empunhá-la fora do coldre
ou apontá-la na direção da pessoa correspondem a uma
demonstração direta de níveis diferentes de força que
tem forte efeito no controle do abordado e, ao mesmo
tempo, propicia ao policial militar condições de repelir
agressões contra a própria segurança.

c) Nivel terciário - força potencialmente letal


• Consiste na aplicação de tecnicas de defesa pes- O modelo apresentado é um quadro dividido em três
soal policial, com ou sem o uso de equipamentos, níveis, que representam os possíveis comportamentos
direcionados a regiões vitais do corpo do agressor. do abordado. Do lado esquerdo, tem-se a percepção do
Deverão somente ser empregados em situações ex- policial militar em relação à atitude do abordado, e, do
tremas que envolvam risco iminente de morte ou lado direito, encontram-se os possíveis níveis diferencia-
DOUTRINA OPERACIONAL

lesões graves para o policial militar ou para ter- dos de resposta. Cada nível representa uma intensidade
ceiros, com o objetivo imediato de fazer cessar a de força que possibilitará um controle adequado.
ameaça. A seta dupla centralizada (sobe e desce) indica o pro-
• Consiste no disparo de arma de fogo efetuado cesso dinâmico de avaliação e de seleção das alterna-
pelo policial militar contra um agressor, devendo tivas, bem como reforça o conceito de que o emprego
somente ocorrer em situações extremas, que en- da verbalização e da presença policial deve ocorrer em
volvam risco iminente de morte ou lesões graves, todos os níveis.
com o objetivo imediato de fazer cessar a ameaça.

112
O uso de força depende da compreensão das relações que tenha, deve informar o fato aos seus superiores
de causa e efeito entre as atitudes do abordado e as res- e, se necessário, a qualquer outra autoridade com
postas do policial militar. Isto possibilitará uma avaliação competência para investigar os fatos.
prática e a tomada de decisão sobre o nível mais ade-
quado de força. Uso da arma de fogo
Mentalmente, o policial militar percorre toda a escala
de força em um tempo curto e escolhe a resposta mais Regras gerais de controle
adequada ao tipo de ameaça que enfrenta (observar os
princípios do uso de força). Se, ao escolher uma das al- Os policiais militares em serviço só utilizarão armas
ternativas contidas em um determinado degrau do mod- de fogo e munições autorizadas e pertencentes à carga
elo do uso de força e esta vier a falhar ou as circunstân- da PMMG, disponíveis nas respectivas intendências de
cias mudarem, ele poderá aumentar ou diminuir o grau material bélico, e definidas no Manual de Armamento
de submissão do agressor, elevando ou reduzindo o nível Convencional da PMMG.
de força empregado. Isso significa que a correspondên- As armas de fogo e munições utilizadas não devem
cia dos degraus (ameaça do abordado e nível de força causar danos ou lesões desnecessárias. Assim, não é
policial) poderá sofrer alterações em função de variáveis, permitido alterar as armas e munições com este fim (di-
tais como: porte físico do abordado, supremacia numéri- minuição do cano da arma, corte nas pontas dos pro-
ca de agressores, dentre outros. jéteis, alteração na carga das munições, entre outras).
Essa dinâmica, entre os níveis do uso de força, deve Os policiais militares devem obedecer, rigorosamente,
ser realizada de um modo consciente, com ética e profis- às normas da PMMG sobre o controle, o armazenamento e
sionalismo, nunca prevalecendo os sentimentos como a a distribuição de material bélico, podendo utilizar cada tipo
raiva, o preconceito ou a retaliação. A avaliação dessas de arma de fogo somente após a respectiva habilitação.
variáveis propiciará, ao policial militar, o equilíbrio de Cada policial militar é responsável pela guarda, pelo
suas ações. destino e pela utilização da arma e da munição recebidas (ver
Manual de Administração do Armamento e Munição da PMMG).
#FicaDica
FIQUE ATENTO!
Apesar da “VERBALIZAÇÃO” constar como
um dos níveis de intensidade de força, o O chefe direto de qualquer policial militar
policial militar deverá empregá-la durante dispensado do uso de arma de fogo por
todo o processo (ver seção 6 - Processo de questões de saúde deve buscar assesso-
Comunicação). ramento do profissional da respectiva área
(QOS), quanto às medidas administrativas
de correntes.
Responsabilidade pelo uso de força Os militares reprovados na Avaliação Práti-
ca com arma de fogo não poderão ser em-
Os policiais militares devem empregar a força quando pregados em serviço operacional, nas ati-
estritamente necessária e na medida exigida para o cum- vidades que exijam o uso de arma de fogo
primento do seu dever.
A responsabilidade direta pelo uso de força será:
a) do autor: é individual e, portanto, recai sobre o Normas de segurança
policial militar que a empregou; o cumprimento de
ordens superiores não será justificado quando os Para garantir a segurança de todos os envolvidos em
policiais militares tenham conhecimento de que uma intervenção, onde são utilizadas armas de fogo, é
uma determinação para usar de força ou armas de importante observar as seguintes recomendações:
fogo, foi manifestamente ilegal e que esses polici- • leia cuidadosamente todas as instrucoes e
ais militares tenham tido oportunidade razoável de recomendacoes de segurança de cada arma ou
se recusarem a cumpri-la. Em qualquer caso, a re- munição a ser utilizada;
sponsabilidade caberá também aos superiores que • considere e manuseie todas as armas de fogo,
tenham dado ordens ilegais; como se estivessem carregadas;
b) dos superiores: os superiores imediatos, igual- • ao receber uma arma de fogo, tenha como rotina
mente, serão responsabilizados quando os poli- verificar se ela esta ou não carregada e em perfeit-
ciais militares sob suas ordens tenham recorrido as condições de funcionamento;
DOUTRINA OPERACIONAL

ao uso excessivo de força e esses superiores não • direcione o cano da arma de fogo para a “caixa de
adotarem todas as medidas disponíveis para impe- areia”, ou outra direção segura, durante o manejo;
dir, fazer cessar ou comunicar o fato; • mantenha a arma de fogo apontada em direcao
c) da equipe de policiais militares: qualquer policial segura, com o dedo fora do gatilho, até que esteja
militar que suspeite que outro policial militar esteja em condições de disparo;
fazendo ou tenha feito o uso da violência (ou co- • no interior de viaturas, durante o patrulhamento
metido qualquer crime), deve adotar todas as pro- ordinario, e recomendado manter a arma no col-
vidências ao seu alcance, para prevenir ou opor-se, dre, evitando conduzi-la no colo ou sobre o banco
rigorosamente, a tal ato. Na primeira oportunidade da viatura;

113
• as armas de fogo devem ser guardadas descarre- c) Posição 3 - arma em guarda alta: com a arma, já
gadas e em locais seguros, não sendo permitido o empunhada, fora do coldre, posicionada na altura
acesso de pessoas sem autorização. do peito, com o cano dirigido para o alvo;
d) Posição 4 - arma em pronta resposta: com a arma
Usar ou empregar arma de fogo apontada diretamente para o abordado.

Na atividade operacional, a ação de usar ou empregar O policial militar deve se preocupar em não banalizar
armas de fogo tem um entendimento prático específico o uso da posição 4 (arma em pronta resposta) durante a
que a diferencia, em termos de nível de força aplicado, da abordagem e, logo que possível, conforme a evolução
ação de disparar ou atirar. da situação, deverá retornar à posição 2 ou 3, mantendo
Os verbos usar ou empregar arma de fogo devem ser ativa a verbalização e o controle do abordado. Sempre
entendidos como sinônimos e correspondem às ações que o critério de segurança indicar, deve evitar iniciar a
do policial militar, de empunhar ou apontar sua arma abordagem com a arma na posição 4, porque além de
na direção da pessoa abordada (com efeito dissuasivo), demonstrar agressividade, não há flexibilidade de evolu-
sem, contudo, dispará-la. ção para um nível superior de força que não seja efetuar
As ações de empunhar ou apontar a arma durante a o disparo, correndo ainda o risco de disparo acidental
intervenção, acompanhada de uma verbalização adequa- com graves consequências.
da, constitui demonstração de força que implicará forte
efeito dissuasivo no abordado. Além disso, proporciona #FicaDica
ao policial militar condições para apresentar uma respos-
ta rápida, caso necessário, servindo como fator de auto-pro- Mantenha SEMPRE o dedo fora do gatilho
teção, uma vez que ele estará com sua arma em condição de enquanto empunhar o armamento. O con-
disparo. As posições adotadas com a arma correspondem a trole da direção do cano também é funda-
níveis diferentes de percepções de uso de força pelo aborda- mental, como aspecto de segurança.
do. Exemplo: localizar, empunhar e apontar a arma de fogo.
O policial militar, no seu cotidiano operacional, poderá
empregar a sua arma, com o objetivo de preservar a ordem Atirar ou disparar arma de fogo
pública e a incolumidade das pessoas e do patrimônio, no
exercício pleno do seu poder de polícia. Os verbos atirar ou disparar arma de fogo devem ser
entendidos como sinônimos e correspondem ao efeti-
vo disparo feito pelo policial militar na direção da pessoa
FIQUE ATENTO! abordada. Ele disparará (atirará) contra essa pessoa, como
O fato de o policial militar somente portar a último recurso da ação policial, em caso de legítima defe-
arma no coldre, como parte do seu equipa- sa própria ou de terceiros, contra perigo iminente de morte
mento, profissional, não será considerado ou lesões graves.
“uso” ou “emprego” de arma de fogo. Do O disparo da arma por policiais militares contra uma
mesmo modo, conduzir armas longas, em pessoa constitui a expressão máxima de uso de força, dev-
posição de bandoleira - arma não será in- ido ao efeito potencialmente letal que representa, deven-
terpretado como “uso” ou “emprego”. do ser considerada uma medida extrema no âmbito poli-
cial do emprego da força.

A ação do policial militar em levar a mão até a arma Objetivo do disparo


(arma localizada) enquanto verbaliza demonstra ao aborda-
do um grau de força mais elevado do que se estivesse falando O dever funcional do policial militar é garantir o cum-
com as mãos livres. A posição com a arma de fogo empunha- primento da lei, preservar a ordem pública e a incolumi-
da, como uma demonstração de força, permite que o policial dade das pessoas e do patrimônio14, garantindo a vida e
militar também esteja pronto para defender-se, caso necessite a integridade de todos.
dispará-la contra uma eventual agressão letal. De igual maneira, Quando um policial militar dispara sua arma de fogo
efeito fortemente dissuasivo pode ser obtido quando, durante no exercício das suas atividades, como último recurso na
a intervenção, já com a arma empunhada, decide apontá-la na escala de uso diferenciado de força, não o faz para adver-
direção do corpo da pessoa abordada. tir, assustar, intimidar ou ferir um agressor. Ele o faz para
interromper, de imediato, uma ação que atente contra a
Possibilidades de uso ou emprego de armas de vida ou ameace uma pessoa de ferimento grave.
DOUTRINA OPERACIONAL

fogo: Desta forma, a intenção do policial militar não é ma-


tar o agressor, o que afasta de pronto o conceito de uso
a) Posição 1 - arma localizada: com a arma ainda no de força letal. Se o disparo de sua arma de fogo for o
coldre, leva a mão até a coronha, como se estivesse meio necessário empreendido contra uma agressão in-
pronto para sacá-la, desabotoando o coldre ou acio- justa atual ou iminente, que atente contra a sua própria
nando a tecla de liberação da arma no coldre; vida ou a de terceiros, o comportamento do policial mili-
b) Posição 2 - arma em guarda baixa: com a arma, já tar não será de ação e sim, como regra, de reação, o que
empunhada, fora do coldre, posicionada na altura evidencia o pro-pósito de defesa, consolidando como
do abdome e com o cano dirigido para baixo; lícita a sua conduta. O policial militar não busca, nem

114
aceita, o resultado morte, o que caracteriza a adequação mento, com segurança e precisão. Para tanto, deverão
da terminologia uso de força potencialmente letal. O treinar, regularmente, as técnicas que melhorem o mane-
disparo da sua arma de fogo tem por fim a defesa da vida jo das diversas armas de fogo disponíveis para o serviço
ameaçada. operacional.
Ao repelir a agressão, de modo a fazer cessar a ameaça a) variáveis controladas pelo policial militar: car-
à vida ou à integridade física (ferimentos graves), o policial acterísticas balísticas da arma utilizada, distância e
militar deverá se preocupar para que não ocorra excesso quantidade dos disparos, tipo de munição (calibre,
na sua conduta. Assim, o resultado advindo do disparo potência, alcance);
de sua arma de fogo não tem por fim causar ao agressor, b) variáveis parcialmente controladas pelo policial:
propositadamente, maior lesão do que seria necessário direcionamento do disparo, ou seja, local do corpo
para a defesa pretendida. Nesse sentido, atenção especial do agressor em que se dará o impacto. Em situ-
deve ser dada para evitar o emprego exagerado da força ação de ambiência operacional (“teatro de oper-
potencialmente letal, decorrente da inobservância do ações”), a precisão da pontaria pode sofrer graves
dever de cuidado. Assim, o policial militar preparado reduções, mesmo para atiradores experientes, dev-
técnica e mentalmente não excede na sua reação, mes- ido a situações diversas, tais como fatores ambien-
mo sob a influência do medo, da pressão ou da fadiga. tais (periculosidade do local, luminosidade, chuva,
entre outros), condições psicomotoras do policial
militar (cansaço, agitação, nervosismo, frequência
FIQUE ATENTO! cardíaca, tremores, entre outros) e o próprio dina-
O policial militar disparará (atirará) a arma mismo do alvo (movimentação do agressor);
de fogo contra uma pessoa, no exercício c) variáveis não controladas pelo policial militar:
das suas atividades (âmbito policial), como compleição física, estado emocional e resistência
último recurso (medida extrema de uso da orgânica da pessoa atingida.
força), em caso de legítima defesa própria
ou de terceiros, contra perigo iminente de Nos casos em que o policial militar dispara sua arma
morte ou ferimentos graves. de fogo contra uma pessoa, é importante considerar as
diversas circunstâncias que poderão interferir na preci-
são do tiro, conforme descrição contida nas “variáveis
Portanto, quando o policial militar atira contra um parcialmente controladas pelo policial militar”. Toman-
agressor está fazendo uso de força potencialmente do-se em conta essas variáveis e, para assegurar que este
letal (e não o uso de força letal), reafirmando sua in- disparo seja efetivo (atinja seu objetivo de interromper
tenção de controlar a ameaça e não a de produzir um imediatamente o ataque), o policial militar apontará sua
resultado morte. arma para a parte central do corpo (região torácica) do
agressor.
Sempre que as circunstâncias permitirem e desde que
FIQUE ATENTO! não exponha a risco a segurança de terceiros ou a dele
Imediatamente após efetuar o disparo, res- próprio, o policial militar poderá disparar em outras áreas
tando pessoa ferida, o policial militar, obri- do corpo (principalmente pernas), com a finalidade de
gatoriamente, providenciará todo o socor- reduzir ao mínimo os ferimentos (ainda assim, perma-
ro necessário para minimizar os efeitos dos nece o risco de provocar graves lesões ou morte). Esse
ferimentos, visando resguardar-lhe a vida. procedimento de disparar em outras áreas do corpo será
influenciado pela habilidade do atirador, por reações
fisiológicas em situações de estresse extremo, pelo tem-
O policial militar não deve atirar quando as conse- po disponível para o disparo e pela proximidade do alvo
quências decorrentes do disparo de sua arma de fogo (curtíssima distância). A capacitação para realizar esses dis-
forem mais graves do que as ameaças sofridas pelas pes- paros com efetividade deverá fazer parte do Treinamento
soas que estão sendo defendidas (objetivo legal preten- com Armas de Fogo (TCAF), aplicado aos policiais milita-
dido). Os agressores, ao contrário dos policiais militares, res que já superaram o nível básico de treinamento.
quando disparam suas armas de fogo, não levam em A letalidade (morte do agressor) nunca será enten-
consideração o número de pessoas que podem resultar dida como o objetivo finalístico do policial militar ao
feridas, nem se dão conta de alguma limitação técnica disparar sua arma de fogo em uma ação operacional.
(“balas perdidas”). Eles, inclusive, se aproveitam do fato Contudo, o resultado “morte” poderá ser decorrente dos
da Polícia Militar ter que prestar atendimento às pessoas efeitos lesivos, próprios do instrumento utilizado (arma
DOUTRINA OPERACIONAL

atingidas, para facilitar a sua fuga. de fogo). Esses efeitos estão sujeitos ainda às diversas
O fiel cumprimento do ordenamento jurídico e dos variáveis descritas, as quais não são plenamente contro-
preceitos da ética profissional policial militar é a dif- ladas pelo policial militar.
erença entre o disparo de arma de fogo efetuado por
um policial militar e o disparo desferido por um agressor. Procedimentos para o disparo da arma de fogo

Os policiais militares devem dominar as normas de se- a) O policial militar, antes de disparar sua arma de
gurança, os fundamentos de tiro e os aspectos éticos e fogo, deve, sempre que possível, abrigar-se imedi-
legais para que possam utilizar adequadamente o arma- atamente, e seguir o protocolo:

115
• identificar-se como policial militar, mesmo estando e) O policial militar que disparou sua arma de fogo
fardado: deverá comunicar o fato verbalmente e imediata-
- Aqui é a Polícia Militar! mente aos seus superiores (comandante respon-
- Parado! Nao reaja! sável pela Unidade ou Fração) e confeccionará o
. advertir o abordado sobre a possibilidade de dis- Relatório de Eventos de Defesa Social (REDS) ou o
parar sua arma de fogo, proporcionando-lhe Boletim de Ocorrência (BO) e o respectivo Auto de
tempo suficiente para que entenda e desista da Resistência (AR), detalhando todos os motivos de
agressão, acatando as ordens do policial militar. sua intervenção e suas consequências, assim como
Desta forma, adotará a sequência de verbalização, as medidas decorrentes adotadas.
no que for cabível:
- Estamos armados, podemos atirar! 4.8.7.2.7 Circunstâncias especiais para o disparo
- Coloque sua arma no chão! de arma de fogo

Este procedimento não deverá ser executado Existem algumas situações típicas do serviço opera-
quando: cional, em que existe a possibilidade do policial militar
- o fator tempo (ameaça iminente) colocar os polici- disparar sua arma de fogo:
ais ou outras pessoas em risco de morte ou puder a) Controle de distúrbio civil: a regra geral é não
causar-lhes ferimentos graves; disparar a arma de fogo nesses tipos de interven-
- a advertência for, evidentemente, inadequada ou ção. Excepcionalmente, o policial militar que esti-
inútil, dadas as circunstâncias dos fatos. Exemp- ver encarregado da segurança da equipe (grupo
lo: agressor, aparentemente sob efeito de drogas, ou pelotão) poderá disparar sua arma de fogo, nos
está atirando ininterruptamente contra várias pes- casos de legítima defesa própria ou de terceiros,
soas. contra ameaça iminente de morte ou ferimento
grave. Esses disparos devem ser dirigidos a um
b) O disparo de arma de fogo contra a pessoa é um alvo específico (agente causador da ameaça) e na
procedimento excepcional. A regra geral é não ati- quantidade minimamente necessária para fazer ces-
rar. Constitui a última opção e ocorrerá quando os sar a agressão. Somente serão utilizados quando
outros meios se mostrem ineficazes e não garan- não for possível empregar outros meios menos lesi-
tirem, de nenhuma maneira, que a vida em risco vos. Antes de atirar, deverá dedicar especial atenção à
possa ser preservada. segurança do público e empregar munições ou armas
adequadas (tipo, potência e alcance).

FIQUE ATENTO!
O policial militar está autorizado a disparar FIQUE ATENTO!
sua arma de fogo contra pessoas, em caso O policial militar só poderá disparar sua
de legítima defesa própria ou de terceiros, arma quando for estritamente necessário
contra ameaça iminente de morte ou feri- para proteger vidas e, sob nenhuma cir-
mento grave. Trata-se, este caso de uso de cunstância, será aceitável atirar indiscrimi-
força pela Polícia Militar no âmbito policial. nadamente contra uma multidão, como
recurso para dispersá-la.
c) O perigo de morte a que se refere a regra deve
ser iminente, atual, imperioso e urgente, portanto, b) Pessoas em fuga: a regra geral é não disparar a arma
não corresponde a uma ameaça remota, potencial, de fogo. Todavia, seu emprego está autorizado,
distante, presumida ou futura. quando outros meios menos lesivos se mostrem
Exemplos: o policial militar não pode disparar con- ineficazes e seja estritamente necessário o disparo,
tra um agressor, simplesmente baseado no seu histórico nos casos de legítima defesa própria ou de outrem,
criminal (“delinquente perigoso”). Também não é justi- quando o indivíduo, durante a fuga, provocar ame-
ficável disparar arma de fogo contra uma pessoa em aça iminente de morte ou ferimento grave.
fuga, que esteja desarmada ou que, mesmo possuindo
algum tipo de arma, não a utilize de forma a representar Não é justificável disparar arma de fogo contra uma
um risco iminente ou atual de morte ou de grave feri- pessoa em fuga, que esteja desarmada ou que não re-
mento aos policiais ou a terceiros. presente um risco iminente ou atual de morte ou de gra-
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ve ferimento aos policiais militares ou a terceiros.


d) Havendo feridos (inclusive policiais militares), em
consequência do disparo de arma de fogo, pro- c) Disparos com munições de menor potencial
ceder-se-á ao socorro imediato. O comandante ofensivo (impacto controlado): são disparos com
responsável pela Unidade ou Fração, onde servem equipamento apropriado ou arma de fogo, em que
os policiais militares, deverá empregar todos os se utiliza munição especial (elastômero - projétil
esforços para comunicar o fato aos familiares dos de látex macio ou similar). Normalmente, é empre-
feridos ou mortos (inclusive policiais), no menor gada em operações de manutenção da ordem pú-
tempo possível. blica e controle de distúrbios. Suas características

116
e finalidades permitem seu emprego em situações • esses disparos tern pouca precisao, a pontaria
como as mencionadas, quando o nivel de forca a fica prejudicada pelo movimento do veículo e
ser aplicado for menor ao que se aplicaria nos dis- pelo balanço provocado por ele, inclusive quando
paros de armas de fogo com munições convencio- efetuados por atiradores experientes;
nais (ver Manual de Tecnologia de Menor Potencial • . existe a possibilidade de que vitimas (refens)
Ofensivo). estejam no interior do veículo perseguido, inclusive
dentro do porta-malas;
Nessas situações, o policial militar deve considerar as • . os disparos efetuados pelos policiais militares
possíveis consequências (riscos) de atirar e sua responsabil podem provocar um revide por parte dos
idade na proteção da vida de outras pessoas, devendo ob- abordados, incrementando ainda mais o risco para
servar: as especificações técnicas para seu uso, sistemas de outras pessoas, principalmente em áreas urbanas
disparo, distância em que podem atirar com segurança, (balas perdidas). O mais recomendável é distanciar-
alcance e trajetória de projéteis, entre outros; se do veículo em fuga e, sem perdê-lo de vista,
• . que os disparos efetuados com esse tipo de mu- adotar medidas operacionais para efetuar o cerco e
nicao tern pouca precisão; o bloqueio. Recomenda-se, ainda, solicitar reforço
• . que devem ser evitados os disparos diretos contra policial militar para que a intervenção possa ser
as partes mais sensíveis do corpo, principalmente realizada com mais segurança.
locais de risco de lesões graves: cabeça, olhos,
ouvidos, entre outros. Os disparos devem ser
dirigidos para a região dos membros inferiores;
• . mesmo quando utilizado dentro das regras cit- FIQUE ATENTO!
adas, o risco de urn possível efeito letal ou de Policiais militares não deverão disparar
graves lesões continua existindo, mas em um nível contra veículos que desrespeitem um blo-
bastante inferior, quando comparado ao uso de queio de via pública, a não ser que ele
munições convencionais para arma de fogo; represente um risco imediato à vida ou à
• . os disparos devem ser seletivos e realizados, es- integridade dos policiais militares ou de
pecificamente, contra pessoas que estejam caus- terceiros, por meio de atropelamentos ou
ando as ameaças. acidentes intencionais (o motorista utiliza o
d) Disparos táticos: são realizados para obter uma veículo como “arma”).
vantagem tática, para dar mais segurança ao re-
posicionamento da equipe de policiais militares no
terreno. Não devem ser dirigidos contra pessoas. f) Disparo contra animais: poderá ocorrer, após ser-
São aqueles normalmente efetuados pelo policial em tentados outros meios de contenção, e quando
militar, para dar cobertura a companheiros durante o animal:
confrontos armados (técnica de “fogo e movimen- • . encontrar-se fora de controle, agressivo, ou rep-
to”), também, para diminuir a luminosidade de um resentar grave e iminente perigo contra as pessoas
ambiente, romper a fechadura de uma porta ou ou ao patrimônio;
outros obstáculos. O policial militar que o realiza • . encontrar-se agonizante e numa situacao de feri-
deve estar devidamente treinado, para não colo- mentos ou enfermidade na qual necessite ser sac-
car em risco a sua integridade física e a de outras rificado para evitar sofrimento desnecessário e não
pessoas. estiver próximo a veterinário que possa realizer
e) Disparos de dentro da viatura policial militar esta tarefa e não houver condições de atendimento
em movimento ou contra veículos em fuga: a por outros órgãos responsáveis. Exemplo: animal
regra e não atirar. Todavia, existem algumas cir- atropelado, ferido, agonizante e caído em rodovia
cunstâncias em que a vida do policial militar ou a deserta em situação de penúria. É importante
de terceiros se encontra em grave e iminente risco, considerar que quaisquer tratamentos cruéis
como nos casos de atropelamentos ou acidentes cometidos contra animais poderão constituir em
intencionais provocados pelo veículo em fuga (o crime previsto na legislação brasileira. Sobre isso
motorista utiliza o veículo como “arma”). Esses
existem dispositivos legais que estabelecem a
disparos representam a única opção do policial
proteção deles. Caberá, portanto, ao policial militar,
militar para detê-lo.
antes de disparar, avaliar os possíveis resultados
Nessas situações, ele deve considerar as possíveis con- desta ação, seus reflexos na segurança do público
sequências (riscos) de disparar, e sua responsabilidade na em geral e dos prejuízos ou danos materiais ao
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proteção da vida de outras pessoas. Para isso observará: proprietário do animal.


• . esses disparos têm pouca eficácia para fazer parar
um veículo e os projéteis podem ricochetear (no O disparo de advertência não é previsto como pro-
motor ou nos pneus) ou atravessar o veículo ou, cedimento policial militar, pois quando o policial militar
até mesmo, não atingi-lo, convertendo-se em “balas atira com sua arma, não o faz para advertir ou assustar, o
perdidas”; faz para interromper, de imediato, uma agressão contra
• . se o condutor for atingido, existe um risco eleva- a sua vida ou a de terceiros. Considerando as possíveis
do de que ele perca o controle do veículo e cause consequências desse tipo de ação, os policiais militar não
acidentes graves; devem atirar para fazer valer suas advertências:

117
• . nos disparos feitos para cima, o projetil retorna • . providenciar relatorio logistico especifico para
ao solo com forca suficiente para provocar lesões descarga de municoes (ver Manual de Adminis-
ou morte. Nos disparos feitos contra o solo ou tração de Armamento e Munições da PMMG).
paredes, ele pode ricochetear e também provocar
lesões ou morte; GLOSSÁRIO
• . esses disparos podem fazer com que outros
policiais que estejam atuando nas proximidades Abordado cooperativo - pessoa que acata todas as
pensem, de maneira equivocada, que estão sendo determinações do policial militar durante a intervenção,
alvos de tiros de agressores, provocando neles sem apresentar resistência.
uma reação indevida; Abordado resistente - pessoa que não aceita a inter-
• . os disparos efetuados pelos policiais podem venção policial militar e tenta impedi-la. Ver resistência
provocar urn revide por parte dos agressores, in- passiva e resistência ativa.
crementando ainda mais o risco contra outras pes- Abordagem policial - conjunto ordenado de ações
soas. policiais para aproximar-se de uma pessoa, veículo ou
edificação, com o intuito de orientar, identificar, advertir,
realizar buscas, efetuar detenções, entre outros, utilizan-
#FicaDica do-se de técnicas, táticas e meios apropriados.
O treinamento e a avaliação constante do Abrigos - são proteções físicas utilizadas pelo policial
uso da arma de fogo propiciarão melhor militar para se proteger de disparos de arma de fogo ou
capacidade técnica ao policial militar, resul- de quaisquer objetos que possam atingi-lo.
tando em credibilidade e legitimidade junto Ação policial-militar - é o desempenho isolado de
à população. fração elementar ou constituída, com autonomia para
cumprir missões rotineiras. Podem ter caráter operacion-
al, administrativo ou de treinamento.
Procedimentos após o disparo de arma de fogo Ação vigorosa - fundamento da abordagem, que se
caracteriza pela atitude firme e resoluta do policial mil-
O policial militar que disparou sua arma de fogo no itar, por meio de uma postura imperativa, com ordens
serviço operacional, intencionalmente ou não, deverá re- claras e precisas.
portar tal fato ao seu superior imediato (coordenador de Ameaça - ato delituoso pelo qual alguém, verbal-
policiamento, comandante de unidade ou subunidade). mente ou por escrito, por gesto ou por qualquer outro
Este superior deverá adotar os procedimentos abaixo, meio simbólico e inequívoco, faz injustamente um mal
quando este disparo causar lesões, morte de pessoas e grave a determinada pessoa.
danos patrimoniais, sem se descuidar das medidas de so- Área de risco - é a área na qual a Polícia Militar não
corro e assistenciais imediatas pertinentes: detém o domínio da situação, consistindo na parte do
• . promover a preservacao do local; “teatro de operações” de onde podem surgir ameaças
• . acionarapericia; durante uma intervenção.
• . recolheras armase municoes detodos os policiais Área de segurança - é a área na qual a Polícia Mil-
militaresenvolvidos; itar tem o domínio da situação, não havendo, presum-
• . relatar formalmente o fato a autoridade judicial idamente, riscos à integridade física e à segurança dos
competente, conforme a respectiva esfera de atu- policiais.
ação (Inquérito Policial Militar -IPM, Auto de Prisão Armas de menor potencial ofensivo - são as pro-
em Flagrante - APF); jetadas e/ou empregadas, especificamente, para conter,
• . determinar uma imediata investigacao dos fatos
debilitar ou incapacitar, temporariamente, pessoas, mini-
e das circunstancias, por meio de um encarregado
mizando ferimentos e número de mortes.
para proceder à apuração, preferencialmente que
Avaliação de riscos - análise da probabilidade de
não seja membro da equipe envolvida no disparo
da arma (seguir roteiro previsto no item 4.8.7.3.2 concretização de dano a pessoas e bens, e de todos os
b); aspectos de segurança que subsidiarão o processo de
• . promover a assistencia medica e psicologica, tomada de decisão em uma intervenção.
em atencao as possíveis sequelas que os policiais Busca - ação policial militar que se pratica com o ob-
possam sofrer em consequência da intervenção, jetivo de descobrir e apreender pessoas e coisas.
para que superem possíveis efeitos traumáticos Captura - diligência de prisão ou cerco à foragido
decorrentes do fato vivenciado no incidente; ou fugitivo, impedindo sua fuga, por ordem judicial ou
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• . designar urn policial militar para contatar com durante uma diligência policial militar.
a familia das pessoas atingidas, inclusive com a Cobertas - são proteções visuais usadas pelo policial
dos policiais, se for o caso. Preferencialmente, tal militar, como meio de preservar o princípio da surpresa,
atribuição dever recair em pessoa que não seja durante uma intervenção.
membro da equipe envolvida no incidente; Cobertura - proteção dada a um policial militar du-
• . atenuar a tensao da comunidade onde se deu o rante uma ação por outro(s) policial(is).
fato, mantendo contato permanente e esclarece- Controle de contato - São técnicas em que o policial
dor com os familiares das pessoas envolvidas e militar faz a intervenção sem recorrer a quaisquer arma-
com a mídia local; mentos, instrumentos ou equipamentos, por meio de

118
posturas de abordagem que orienta a distância e a an- Força potencialmente letal - consiste no disparo
gulação de aproximação, bem como a posição de mãos de armas de fogo, outros meios ou procedimentos, por
e braços do policial militar. parte de policiais, contra um agressor, em situações que
Controle fisico - emprego de técnicas de defesa envolva risco iminente de morte ou lesões graves, com o
pessoal policial, com um maior potencial de submissão objetivo de fazer cessar a agressão.
do abordado, visando ao seu controle, sua imobilização Gestão de riscos - processo utilizado para identifi-
e condução. car, analisar e eliminar ou mitigar, a um nível aceitável,
Deslocamento tático - movimentação do policial os perigos e os conseguintes riscos, decorrentes das
militar em determinado espaço/local (“teatro de oper- ameaças e a viabilidade de uma intervenção.
ações”) seguindo padrões de segurança específico. Infrator - pessoa que infringe a lei, viola as regras,
Dever policial militar - preservar a ordem pública e não obedece à norma ou à ordem legal.
a incolumidade das pessoas e do patrimônio, garantindo Instrumentos de menor potencial ofensivo (IMPO)
o cumprimento da lei. - conjunto de armas, munições e equipamentos, que
Disciplina tática - comportamento policial militar possibilitam preservar vidas e minimizar danos à integri-
ordenado e executado, com base em procedimentos dade das pessoas envolvidas.
específicos, devidamente orientados pela doutrina insti- Intervenção policial militar - ação realizada por polici-
tucional. ais militares capacitados para empregar técnicas e táticas
Equipamentos de menor potencial ofensivo - policiais, em eventos de defesa social, tendo como obje-
compreende todos os artefatos, excluindo as armas e tivo prioritário a preservação da ordem e garantia da lei.
munições, desenvolvidos e empregados com a finali- Intervenção policial nível 1 - intervenções carac-
dade de minimizar ferimentos e número de mortes. terísticas de situações de assistência e orientação.
Equipamentos de proteção - todo dispositivo ou Intervenção policial nível 2 - intervenções carac-
produto, de uso individual ou coletivo, destinado à re- terísticas de situações em que haja a necessidade de ver-
dução de riscos, à segurança ou à integridade física dos ificação preventiva.
policiais militares. Intervenção policial nível 3 - intervenções carac-
Estado de alarme (vermelho) - estado de prontidão terísticas de situações de fundada suspeita ou certeza de
em que o policial militar está sob risco real e uma res- cometimento de delito, demandando ações repressivas.
posta é necessária, focalizando a ameaça e mantendo a Legalidade - utilização de força para a consecução
atenção concentrada no problema. de um objetivo legal e nos estritos limites da lei.
Estado de alerta (laranja) - estado de prontidão em Modus operandi - modo de ação, geralmente asso-
que o policial militar detecta um problema e está ciente ciado a conduta de infratores.
de que um confronto é provável e, embora ainda não Munições de menor potencial ofensivo - são as
haja uma necessidade imediata de reação, mantém-se projetadas e empregadas, especificamente, para conter,
vigilante, identifica se há alguém que possa representar debilitar ou incapacitar temporariamente pessoas, mini-
uma ameaça que exija uso de força e calcula o nível de mizando ferimentos e número de mortes.
resposta adequado. Necessidade - determinado nível de força só pode
Estado de atenção (amarelo) - estado de prontidão ser empregado quando níveis de menor intensidade não
em que o policial militar está atento, precavido, mas forem suficientes para atingir os objetivos legais preten-
não tenso. Apresenta calma, porém, mantém constante didos.
vigilância das pessoas, dos lugares, das coisas e ações ao Nível de forca - representa uma intensidade de força
seu redor, por meio de uma observação multidirecional que possibilita ao policial militar agir com menor ou
e atenção difusa. maior controle sobre o abordado.
Estado de pânico (preto) - estado de prontidão em Ocorrência policial-militar - é todo fato que exige
que o policial militar não está preparado para reagir a intervenção policial militar, por intermédio de ações ou
uma situação de perigo, caracterizado por um descon- operações.
trole, que produz paralisia ou uma reação despropor- Operação policial-militar - é a conjugação de ações,
cional. executada por fração de tropa constituída, que exige
Estado de prontidão - conjunto de alterações fisi- planejamento específico. Pode ter caráter estratégico,
ológicas (frequência cardíaca, ritmo respiratório, dentre tático ou operacional, combinadas com outras forças
outros) e das funções mentais (concentração, atenção, policiais ou militares, para o cumprimento de missões es-
pensamento, percepção, emotividade) que influenciam pecíficas, com a participação eventual de outros órgãos
na capacidade de reagir às situações de perigo. de apoio da Corporação e de órgãos integrantes do
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Estado relaxado (branco) - estado de “não-pron- sistema de Defesa Social. Exige alto grau de coordenação
tidão”, caracterizado pela distração do policial militar, e controle.
em relação ao que está acontecendo ao seu redor, pelo Pensamento tático - é o processo de análise do
pensamento disperso e relaxamento. cenário da intervenção policial militar (leitura do ambi-
Força - ato discricionário, legal, legítimo e profis- ente), consistindo em mapear as diferentes áreas do “te-
sional, pelo qual a Polícia Militar controla uma situação atro de operações”, em função dos riscos avaliados, iden-
que ameaça a ordem pública, o cumprimento da lei, o tificar perímetros de segurança para atuação, priorizar os
exercício dos poderes constituídos, a população e pro- pontos que exijam maior atenção e tentar interferir no
priedades públicas e privadas. processo mental do agressor.

119
Perigo - situação em que a existência ou a integri- Surpresa - Caracteriza-se por medidas que dificultam
dade de uma pessoa ou de uma coisa está ameaçada. a percepção do abordado em relação ao policial militar,
Pessoa detida - é aquela pessoa privada de sua liber- ou seja, é uma ação inesperada para o suspeito, sur-
dade, no aguardo de julgamento. preendendo-o e reduzindo seu tempo de reação.
Pessoa presa - pessoa privada de sua liberdade, como Suspeito - aquele que se apresenta duvidoso quanto
resultado da condenação pelo cometimento de delito. ao seu modo ou maneira de agir, inspirando no policial
Poder de polícia - é a capacidade legítima que o militar certa desconfiança ou opinião desfavorável.
agente da administração pública, devidamente constituí- Tática policial - arte de aplicar, com eficácia, os recur-
da, tem para limitar direitos individuais em prol da cole- sos técnicos de que se dispõe ou de explorar as condições
tividade. favoráveis, visando ao alcance de determinados objetivos.
Ponto de foco - é a localização exata dentro da área Técnica policial - conjunto dos métodos e processos
de risco de onde podem surgir ameaças. relativos à execução da atividade policial militar.
Ponto quente - é uma ameaça clara e presente que Técnicas de menor potencial ofensivo - é o con-
deve ser imediatamente controlada pelo policial militar, junto de procedimentos utilizados pelos policiais mili-
para garantir a segurança a todos os envolvidos. tares em intervenções que demandam o uso de força, de
Preparo mental - é o processo de pré-visualizar e modo a preservar vidas e minimizar danos à integridade
ensaiar mentalmente, os prováveis problemas a serem das pessoas envolvidas.
encontrados em cada tipo de intervenção policial, e as Unidade de comando - fundamento da abordagem,
possibilidades de respostas. que se caracteriza pela coordenação centralizada da in-
Presença policial militar - apresentação ostensiva tervenção policial militar, que garante o melhor planeja-
da força policial militar. mento, a fiscalização e o controle.
Processo mental da agressão - etapas percorridas Uso diferenciado de força - processo dinâmico e
por uma pessoa que intenciona agredir o policial militar escalonado das possibilidades do emprego de força, po-
(identificar, decidir e agir). dendo aumentar ou diminuir, diante de uma potencial
Proporcionalidade - o nível da força utilizado deve ameaça a ser controlada, e de acordo com as circunstân-
sempre ser compatível com a gravidade da ameaça rep- cias em que se dão a intervenção policial militar.
resentada pela ação do opositor e com os objetivos pre- Varredura - verificação policial militar em um deter-
tendidos pelo agente da lei. minado espaço físico.
Rapidez - fundamento da abordagem, que se carac- Verbalização policial - é o uso da comunicação oral,
teriza pela velocidade com que a ação policial militar é com entonação apropriada e o emprego de termos ade-
processada, garantindo a “surpresa” por parte do abor- quados, que sejam facilmente compreendidos.
dado, diminuindo-lhe suas possibilidades de reação. Violência policial - ação arbitrária, ilegal e ilegítima.
Resistência ativa sem agressao fisica - resistência Visão em túnel - é a convergência da visão do poli-
por parte do abordado que reage fisicamente, com o ob- cial militar para um determinado ponto, proporcionando
jetivo de impedir a ação legal, contudo, não agride e nem a sua vulnerabilidade quanto a outros ambientes.
direciona ameaças ao policial militar. Vítimas - pessoas que, individual ou coletivamente,
Resistência ativa com agressão não letal - resistên- sofreram danos, inclusive sofrimento físico, mental ou
cia por parte do abordado agredindo os policiais mili- emocional, perdas econômicas ou violações substan-
tares ou pessoas envolvidas na intervenção, contudo, ciais de seus direitos fundamentais, mediante atos ou
tais agressões, aparentemente, não representam risco de omissões, que constituem transgressão das leis criminais
morte. e das que proíbem o abuso criminoso de poder.
Resistência ativa com agressão letal - resistência
por parte do abordado que utiliza de agressão, que põe
em perigo de morte o policial militar ou as pessoas en- CADERNO DOUTRINÁRIO 2 - TÁTICA PO-
volvidas na intervenção.
LICIAL, ABORDAGEM A PESSOAS E TRA-
Resistência passiva - resistência por parte do abor-
dado em que ele apenas retarda a intervenção, não aca- TAMENTO ÀS VÍTIMAS. APROVADO PELA
ta, de imediato, as determinações do policial militar, en- RESOLUÇÃO Nº 4.151, DE 09/06/11, PU-
tretanto não reage e nem o agride fisicamente. BLICADA NO BGPM Nº 86, DE 10/11/11
Ricochetear - desvio da trajetória do projétil, após - MANUAL TÉCNICO-PROFISSIONAL Nº
chocar-se contra determinadas superfícies. 3.04.02/13-CG. (PUBLICADO NA SEPARATA
Risco - é a probabilidade de concretização de uma DO BGPM Nº 62, DE 20/08/13).
ameaça contra pessoa e bens. É incerto, mas previsível.
Risco nível I - reduzida possibilidade de ocorrerem
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ameaças que comprometam a segurança. APRESENTAÇÃO


Risco nível II - real possibilidade de ocorrerem
ameaças que comprometam a segurança. O Manual Técnico-Profissional 3.04.02 (MTP 2)
Risco nível III - concretização do dano ou decorrente - Tática Policial, Abordagem a Pessoas e Tratamen-
do grau de extensão da ameaça. to às Vítimas está em conformidade com a legislação
Segurança - fundamento da abordagem, que se car- brasileira, em especial à Portaria Interministerial do Uso
acteriza por um conjunto de medidas adotadas pelo poli- da Força1, e com as normas internacionais de Direitos
cial militar, para controlar, reduzir ou, se possível, elimi- Humanos, oriundas das Organização das Nações Unidas
nar os riscos da intervenção. (ONU), aos quais são aplicadas à função policial.

120
Este documento tem como referência os fundamen- Assim, o vigor operacional da Corporação, sua força
tos da abordagem policial do Manual Técnico-Profis- e eficiência devem se mostrar no esforço e energia diária
sional 3.04.01 (MTP 1) - Intervenção Policial, Processo desprendidos por todos militares na garantia da lei e da
de Comunicação e Uso de Força e trata da aplicação da ordem no Estado de Minas Gerais. Este exercício profis-
técnica e tática policial à atividade-fim. sional deve traduzir-se individualmente em disciplina,
A construção das técnicas e táticas descritas neste lealdade, honestidade, espírito de corpo, iniciativa, ded-
Caderno é fruto de experiências positivas vivenciadas no icação, equilíbrio emocional, coragem, abnegação, vigor
cotidiano operacional, de pesquisa e da análise de simu- físico, civismo e patriotismo.
lações de ações policiais em âmbito acadêmico. Este documento faz parte de um conjunto de Manu-
Este volume enfatizará a abordagem a pessoas, bem ais Técnicos-Profissionais denominados Prática Policial
como as ações que devem ser realizadas de forma prepa- Básica, a saber:
ratória e posteriores a esta intervenção. Logo, a leitura do Manual Técnico-Profissional 3.04.01 (MTP 1) - Inter-
MTP 2 deve, obrigatoriamente, ser precedida da leitura venção Policial, Processo de Comunicação e Uso de Força
do MTP 1. Manual Técnico-Profissional 3.04.02 (MTP 2) - Tática
A seção 2 do Caderno é dedicada à apresentação de Policial, Abordagem a Pessoas e Tratamento às Vítimas
Manual Técnico-Profissional 3.04.03 (MTP 3) - Blitz
técnicas e táticas policiais que antecederão a abordagem
Policial
policial, como deslocamentos táticos, uso de equipa-
Manual Técnico-Profissional 3.04.04 (MTP 4) - Abord-
mentos como escudos balísticos e lanternas, técnicas
agem a Veículos
de varredura e de aproximação, bem como posturas de Manual Técnico-Profissional 3.04.05 (MTP 5) - Escoltas
abordagem com as mãos livres e posições de emprego Policiais e Conduções Diversas.
de arma de fogo.
A abordagem policial2 é tratada na seção 3, onde é TÉCNICA E TÁTICA POLICIAL BÁSICA
feita uma exposição transversal com os princípios de uso
de força e a classificação de risco, estudados no CD 1. Entende-se por técnica policial o conjunto dos méto-
São descritas técnicas e táticas de abordagem a pessoas, dos e procedimentos utilizados na execução da atividade
e traçado um modelo policial de referência para as abor- policial. O estabelecimento de técnicas visa alcançar os
dagens nos diversos níveis de intervenção. princípios da eficiência, segurança e legalidade.
A abordagem a pessoas envolve um conjunto or- Para cada recurso utilizado no serviço policial, seja
denado de ações policiais para se aproximar de um ou humano ou material, existem técnicas pré-estabelecidas.
mais indivíduos, com o intuito de resolver demandas do O emprego correto da técnica exige treinamento per-
policiamento ostensivo. Este conceito possui um sentido manente, e cabe ao policial militar conhecer e empregar
amplo, ou seja, abrange a todos os cidadãos, não se re- as técnicas apresentadas neste caderno. O treinamento
stringindo às pessoas em situação de suspeição. policial deve estar alinhado com a identidade organi-
Na seção 4 são descritos os procedimentos relacio- zacional e ser realizado de forma contínua, sendo o poli-
nados à busca pessoal, bem como seu embasamento cial militar protagonista neste processo de auto-aprimo-
legal. Esta etapa da intervenção policial será realizada ramento professional.
desde que haja fundada suspeita em relação à pessoa. Essas técnicas foram selecionadas e aperfeiçoadas a
Procedimentos policiais para o tratamento de públi- partir de diversas experiências vivenciadas no cotidiano
cos específicos (minorias, grupos vulneráveis, entre out- operacional e acadêmico, levando-se em conta a segu-
ros) são temas presentes na seção 5, demonstrando o rança nas abordagens, a coerência com os fundamentos
compromisso institucional no alinhamento desta doutri- legais e éticos presentes nas normas internacionais e na-
na às normas internacionais de direitos humanos. cionais de direitos humanos.
Além do domínio das técnicas (como fazer?), outro
No cumprimento da visão institucional da Polícia Mil-
fator importante para o sucesso das intervenções é a dis-
itar de Minas Gerais (PMMG), de atingir excelência na
ciplina tática.
promoção das liberdades e dos direitos fundamentais,
Entende-se por tática policial a forma de se aplicar
este Caderno traz na seção 6 um enfoque de atenção do com eficácia os recursos técnicos que se dispõe, ou de se
policial militar à vítima de crime, tema pouco explorado explorar as condições favoráveis para se atingir os obje-
nos documentos normativos das polícias brasileiras e no tivos desejados.
ordenamento jurídico nacional. A disciplina tática consiste na obediência de todos
A seção 7 é dedicada ao procedimento operacional os policiais militares, quando atuando em grupo, ao ex-
em locais de crime, por meio da classificação e conceitos ercer suas ações (o que é quando fazer?), no exato local
dos locais de crime, bem como na descrição de proced- (onde fazer?) definido no planejamento de cada ativi-
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imentos específicos a serem adotados no local onde dade. Isso propicia uma melhor coordenação das ações e
ocorreu um delito e a cadeia de custódia de vestígios. dos procedimentos de cada policial militar na sua respec-
Diante desses conhecimentos, o policial militar deve tiva responsabilidade de atuação e, consequentemente,
refletir sobre seu papel na sociedade e a melhor maneira aumenta a segurança dos envolvidos.
de executar o seu trabalho. Ele deve se reconhecer como Para garantir a disciplina tática, todos os policiais mil-
integrante da comunidade que exerce um papel diferen- itares devem conhecer sua função no ambiente de inter-
ciado por sua qualificação profissionalização e atributos venção e conscientizar-se que cada atribuição, por mais
policiais militares continuamente desenvolvidos a pautar simples que pareça, é imprescindível para que o caso
sua conduta operacional. tenha uma solução satisfatória (por que fazer?).

121
Deslocamentos Táticos b) os abrigos são usados como proteções, e são an-
teparos que, por suas características e dimensões,
Correspondem às movimentações, realizadas por são capazes de proteger o policial militar contra
policiais militares, com o objetivo de progredir, aprox- disparos de arma de fogo e arremesso de objetos.
imar e abordar pessoas, adotando técnicas específicas
que permitam agir com rapidez, surpresa e segurança. A Exemplos: postes, muros, paredes, parte frontal de
observância desses fundamentos da abordagem policial veículos (compartimento do motor), caçambas metálicas,
potencializa ações e asseguram que o objetivo proposto tronco de árvores, dentre outros (Figura 3).
seja alcançado com mais eficácia.
Abaixo, estudaremos as técnicas a serem empregadas
nos deslocamentos:

Uso de cobertas e abrigos

Nos deslocamentos táticos, os policiais militares


deverão identificar locais no ambiente que permitam
proteção e ocultação.
A ocultação visa possibilitar que os policiais militares
desloquem até o local determinado, sem serem vistos
pelos suspeitos até o momento da abordagem, ou seja,
conseguindo assim o fundamento da surpresa.
A proteção visa diminuir o risco do policial militar ser
agredido ou alvejado pelo suspeito.
Portanto, nos deslocamentos, os policiais militares de-
verão buscar cobertas e abrigos para proteção e ocultação. Para maximizar a proteção nos deslocamentos e nas
As cobertas e os abrigos são anteparos existentes na abordagens, deve-se, sempre que possível, conjugar a
coberta com o abrigo.
natureza ou produzidos pelo homem, encontrados ao
O deslocamento tático em áreas amplas, abertas e sem
longo do deslocamento ou no cenário onde ocorre a in-
proteção, podem comprometer a segurança do policial mil-
tervenção policial, sabendo que:
itar. Todavia, sendo necessária a movimentação nessas áreas,
a) as cobertas são usadas como ocultação. Não têm
deverá ser realizada de forma rápida com silhueta reduzida ou
a capacidade de deter projéteis disparados contra
lenta através dos procedimentos de rastejo, se as circunstân-
o militar. Exemplos: portas em madeira, arbustos,
cias exigirem, e sempre com a cobertura da equipe.
fumaça, neblina, um local escuro ou outro fator
que dificulte a visualização e os movimentos do Tipos de deslocamentos a pé
policial (figuras 1 e 2).
Existem três tipos principais de deslocamento tático
de policiais no processo a pé, variando de acordo com o
objetivo a ser alcançado:
a) Deslocamento Lento: é o passo com velocidade
moderada, que permita ao policial militar observar
todos os pontos de foco e pontos quentes antes
de progredir. O policial militar deverá estar de
silhueta reduzida, com a arma nas posições de
guarda baixa ou guarda alta. Deverá ser emprega-
do, preferencialmente, nas intervenções de risco nível
II e III, em que há necessidade de aproximação mais
segura do objetivo a pé, mantendo a ocultação dos
policiais militares até o momento da abordagem.
Exige disciplina de luz e som, que será apresentada
no item 2.2. Exemplos: abordagens a edificações;
b) Deslocamento Normal: é o passo natural, com
compostura, em que o policial militar deverá estar
no estado de atenção ou de alerta, com a arma
DOUTRINA OPERACIONAL

localizada no coldre, observando o que acontece


à sua volta. Este deslocamento, devido ao pouco
desgaste físico, permite percorrer grandes distân-
cias e empenho em jornadas prolongadas. Deverá
ser empregado em rastreamentos e deslocamen-
tos longos até a aproximação mediata do alvo
principal da intervenção. Exemplo: deslocamentos
para diligência de captura de presos em fuga em
área rural;

122
c) Deslocamento rápido: é o passo com velocidade
acelerada que permite ao policial militar alcançar o
objetivo com rapidez. Este tipo de deslocamento
deverá ser empregado mediante prévia avaliação
dos riscos, nos seguintes casos, entre outros:
I- Perseguição de suspeito enquanto estiver à vista.
O policial militar deve alterar o tipo de desloca-
mento conforme a avaliação das áreas de risco ou
segurança;
II- Progressão em áreas amplas, carentes de cobertas Figura 5: Rastejo 2o processo (arma de porte) e (arma
e abrigos. Nestes casos, o policial militar poderá portátil)
empregar técnica de deslocamento com mudança
brusca de direção “ziguezague”; b) 2º Processo: o policial militar apoiará seu corpo ao
III- Intervenções com objetivo de salvar vidas. solo em decúbito ventral. Manterá seus cotovelos e
antebraços no chão. Flexionará apenas uma perna, e
a utilizará para impulsionar o corpo para frente, jun-
FIQUE ATENTO! tamente com a ajuda das mãos e antebraços. Caso
Perseguição policial é o procedimento ado- o policial militar esteja portando arma longa, ela po-
tado pelas forças policiais para acompa- derá ser conduzida por uma das mãos à frente do
nhar visualmente ou seguir um suspeito da corpo segura pela bandoleira, cano da arma voltado
prática de um delito, que se encontra em para frente, elevando o armamento o mínimo neces-
fuga, com objetivo de capturá-lo para ado- sário a cada impulsão. Caso esteja empunhando arma
ção das medidas legais cabíveis (O tema de de porte, esta ficará na mão forte, com dedo fora do
perseguição policial a veículos é tratado no gatilho. Este processo faz com que a movimentação
Caderno Doutrinário 4). seja mais lenta e cansativa em relação ao primeiro,
mas melhora as condições de ocultação e proteção.

Deslocamentos por rastejo Técnicas de uso do escudo balístico

Existem três processos de deslocamento de policiais Para maior segurança nos deslocamentos, o policial
militares por rastejo, variando de acordo com o objetivo militar poderá, ainda, recorrer ao escudo balístico.
a ser alcançado e a necessidade. Mostraremos a seguir O escudo balístico é um equipamento que visa prote-
apenas dois processos que são mais aplicáveis a ativi- ger a pessoa que o conduz. Contudo, com a técnica ad-
dade Policial Militar. equada, sua capacidade de proteção poderá se estender
a) 1º Processo: o policial militar apoiará seu corpo aos demais policiais militares da equipe durante o pro-
ao solo em decúbito ventral, mantendo seu corpo cesso de deslocamento. As progressões utilizando escu-
o mais próximo possível do chão. O PM se loco- dos balísticos podem ser feitas de duas formas principais,
moverá por meio da tração alternada de cotove- variando de acordo com o nível de segurança:
los e joelhos, ou seja, o joelho esquerdo move-se
junto com o cotovelo direito, e vice-versa, de for- a) Segurança Mínima:
ma sucessiva. Durante o deslocamento, os joelhos . o escudo será conduzido pelo 1 ° policial militar, na po-
flexionarão até o limite do quadril. Caso o policial sição de pé (Figura 6).
militar esteja portando arma longa, ela deverá ser
transportada nos braços, perpendicularmente ao
corpo, para que não entre sujeiras em seu cano.
Caso esteja empunhando arma de porte, esta fica-
rá na mão forte, com dedo fora do gatilho.
DOUTRINA OPERACIONAL

Figura 6 - Uso de Escudo Balístico ( segurança míni-


ma)

123
a) Segurança Máxima:
. o escudo será utilizado pelo 1 ° policial militar, que
deslocará com a silhueta reduzida, com o escudo
bem próximo ao solo. Em casos de disparo contra
a guarnição, ou para conceder mais segurança em
uma abordagem, o 1º policial militar interromperá
o deslocamento e ficará na posição de joelhos (es-
cudo no chão) (Figura 7).

Em ambos os casos, o armamento será conduzido lat-


eralmente ao escudo, de modo que a armação encoste
no equipamento e apenas o cano fique exposto. Hav-
endo necessidade extrema de disparo, o policial militar Figura 6 - Uso de Escudo Balístico ( segurança míni-
levará o armamento para frente do visor do escudo, para ma e máxima com arma na lateral)
melhor controle da visada, fazendo a empunhadura lat-
eral (figuras 7 e 8). Todavia, o mais recomendado é que Disciplina de luz e som
outro policial militar com melhor posicionamento tático
DOUTRINA OPERACIONAL

realize os disparos para neutralizar o agressor. A disciplina de luz e som é o conjunto de


recomendações que pode ser empregado para reduzir
ou eliminar a emissão de ruídos e de luminosidade que
possam denunciar o posicionamento do policial militar.
Para manutenção da disciplina de luz, os policiais
militares deverão ocultar o visor do celular, caso seja
necessário seu uso como instrumento de comunicação.
Além disso, jamais acender cigarro e evitar expor obje-
tos cromados com capacidade de reflexão de luz direta.

124
Os policiais militares deverão fazer o uso da lanterna de Além dos gestos apresentados, a equipe poderá conven-
acordo com as técnicas de emprego deste equipamento, cionar outros, de acordo com a necessidade. Para maior efetivi-
conforme seção 4.9.2.4. dade da comunicação, antes da entrada em operação, as equipes
Simples medidas podem preservar a vantagem tática deverão checar a compreensão dos gestos a serem utilizados.
durante a abordagem. Para manutenção da disciplina
de som: Técnicas de uso de lanterna
• realizar a auto-inspeção (bater nos bolsos, efetuar
pequenos saltos) antes de iniciar o deslocamento, O olho humano não tem capacidade para se adaptar de
retirando materiais que façam barulho; forma rápida e efetiva às variações da luminosidade dos
• manter no modo silencioso ou desligado os tele- ambientes.
fones celulares, alarmes de relógio e similares; Ao passar de um ambiente iluminado para um de
• certificar-se de que os metais do cinturão ou de baixa luminosidade, ou vice-versa, é preciso que o poli-
qualquer objeto conduzido estejam realmente cial militar aguarde alguns segundos, para que sua visão
presos, como as algemas, apitos, tonfa, outros; se adapte às novas condições do ambiente, antes de ini-
• ajustar o volume do rádio HT ou, quando possível, ciar o deslocamento.
usar fones de ouvido para comunicação. No cotidiano operacional, o policial militar se depara
com ambientes de baixa luminosidade, mesmo durante
Iniciada a progressão, deve-se observar a presença de o dia. Nessas circunstâncias, a visão em profundidade e
objetos espalhados pelo solo (copos plásticos, garrafas, fol- a percepção de detalhes ficam prejudicadas e os objetos,
has secas, outros) que possam provocar ruídos. em geral, adquirem uma tonalidade cinza ou parda.
A lanterna é um recurso eficaz para ambientes de
Comunicação por gestos baixa luminosidade. Suas principais utilidades são:
• iluminação do ambiente;
A comunicação por gestos é uma técnica utilizada nos • identificação de pessoas ou objetos;
deslocamentos. Trata-se de comunicação não verbal, executada • auxílio na realização da pontaria;
por intermédio de sinais convencionados, que objetivam • ofuscamento da visão do abordado;
intermediar mensagens entre os policiais militares de forma • sinalização.
silenciosa. Propicia a aproximação cautelosa e discreta. •
Os gestos mais utilizados nas intervenções são os A lanterna deve ser utilizada com acionamentos in-
demonstrados na figura 10. termitentes, para que a posição do policial militar e dos
demais integrates da equipe não seja denunciada. Além
disso, o acionamento de lanterna, atrás de outro policial
militar deve ser evitado.
Se, durante o deslocamento, o policial militar deparar
com um suspeito, poderá focalizar o feixe de luz nos olhos
do abordado, com o objetivo de ofuscar-lhe a visão, procu-
rando abrigo para realização de uma verbalização segura.
O feixe de luz deverá permanecer sobre os olhos do
abordado o tempo necessário para averiguar se ele está
armado ou enquanto apresentar perigo.
A lanterna será conduzida pela mão que não estiver
empunhando a arma de fogo e sempre acompanhará a
direção do cano. Desta forma, o foco de visão do policial
militar, o cano da sua arma e o feixe de luz deverão estar
voltados para a mesma direção.
As posições de empunhadura da lanterna são as se-
guintes:
a) posição 1: o policial militar apoiará a lanterna late-
ralmente na armação da arma, segurando-a com o
dedo polegar e o indicador. É apropriada para lan-
ternas com botão de acionamento lateral (Figura 11).
DOUTRINA OPERACIONAL

125
a) Tomada de ângulo
Conhecida também como fatiamento permite che-
car o ambiente por segmentos. Seu objetivo é propiciar
a visualização total ou parcial de uma pessoa ou de um
objeto (pés, mãos, roupas, armamento, dentre outros),
antes que o policial militar seja visto pelo abordado.
A varredura será feita de maneira lenta e gradual,
frente a locais com ângulos desconhecidos (esquina de
becos, portas, corredores, escadas, dentre outros). O
policial militar se moverá lateralmente, sem a exposição
do corpo e sem cruzar as pernas, tendo como referência
o obstáculo (parede, muro, por exemplo), que lhe servirá
Figura 11 - Técnica de utilização da lanterna “posição de abrigo.
1” A tomada de ângulo será feita até que se tenha o
controle visual total do ambiente ou visualize partes do
b) posição 2: o policial militar coloca a mão que está corpo do abordado, momento em que recorrerá à ver-
com a lanterna abaixo da mão que segura a arma. As cos- balização e às técnicas de abordagem.
tas das mãos se apóiam para dar estabilidade ao con- Com a arma na posição 3 - guarda alta, o policial
junto, conforme ilustra a (Figura 10). É importante frisar militar manterá os cotovelos recolhidos, para evitar a
que, nesta posição, o armamento está em empunhadura visualização de sua sombra e de peças do fardamento
simples com apoio, o que poderia dificultar uma boa sus- (Figura 13 e 14).
tentação e estabilidade após o recuo da arma entre um
disparo e outro.

Figura 13: Tomada de ângulo ou “fatiamento” (visão do


policial militar)

Figura 12 - Técnica de utilização da lanterna “posição


2”
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Técnicas de varredura
Figura 14: Tomada de ângulo ou “fatiamento” (visão do
A varredura consiste na verificação visual feita pelo abordado)
policial militar, de um determinado espaço físico localiza-
do em uma área de risco. Para realizá-la, os policiais mili- A verbalização deverá iniciar-se tão logo o policial
tares poderão utilizar três técnicas básicas denominadas: militar localize um suspeito, procurando manter o con-
tomada de ângulo, olhada rápida e uso do espelho. trole visual.

126
b) Olhada rápida
Esta técnica tem por objetivo propiciar a visualização instantânea de um suspeito, sem ser visto por ele.
Para realizá-la, o policial militar deve expor a cabeça lateralmente, observar a área de risco, e retornar à posição
abrigada, o mais rápido possível.

Se a repetição do movimento for necessária, o policial militar deverá alternar o ponto de observação, como se vê
na figura 15 e 16.

Durante sua execução, a arma deverá estar no coldre ou em uma das mãos, devendo o policial militar atentar para
o controle da direção do cano.
Antes de empregar a técnica, o policial militar deverá ter próximo à sua retaguarda, em cobertura, outro policial
militar, que deverá estar em pé, com a arma na posição 2 - guarda baixa, sem apontá-la em direção ao executor e
expô-lo ao perigo.
Ao avistar a área de risco e identificar o(s) suspeito(s) com a olhada rápida, o policial militar executor sinalizará para
os outros policiais militares o número e localização dos suspeitos, bem como se estão armados.
Caso tenham supremacia de força, deverão usar, após a olhada rápida, a técnica de tomada de ângulo, com o ob-
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jetivo de se posicionarem seguramente para emprego da verbalização e abordagem.

c) Uso do espelho
O uso do espelho é uma técnica que contribui para aumentar a segurança do policial militar. A varredura será realiza-
da com o espelho de baixo para cima ou vice-versa, cautelosamente e devagar, observando todos os ângulos. É conve-
niente que o espelho a ser utilizado seja convexo e sustentado por uma haste, para facilitar o manuseio e permitir uma maior
amplitude visual. Ao conhecer a posição do suspeito, o policial militar deverá recorrer à tomada de ângulo a fim de manter
o controle sobre os pontos de foco e pontos quentes e empregar a verbalização.

127
Embora apresentadas isoladamente, o policial militar deve dominar as três técnicas descritas, para que as utilize se-
gundo a conveniência e a necessidade. Simultaneamente, poderá realizar o fatiamento, com olhadas rápidas ou com o
recurso do espelho, aumentando ainda mais o seu campo visual.

Posições/posturas adotadas pelo policial na abordagem a pessoas

Posições/posturas de abordagem, também conhecidas como “posturas táticas”, são técnicas que definem o posi-
cionamento do corpo e da arma do policial militar, que o possibilitam aproximar-se e verbalizar com o abordado de
maneira segura, potencializando sua capacidade de autodefesa e viabilizando o uso diferenciado de força.
As posturas referem-se ao posicionamento corporal do policial militar com as mãos livres, enquanto posições ref-
erem-se a empunhadura de armas ou equipamentos.
A posição/postura do policial militar durante uma abordagem influencia diretamente no processo mental de
agressão do abordado retardando a etapa de decisão. Uma atitude relapsa transmite despreparo profissional e expõe
a segurança do policial militar, enquanto outra, demasiadamente rígida ou desrespeitosa, poderia causar indignação.
A posição/postura do policial militar durante a abordagem deve estar diretamente vinculada ao risco com o qual ele
pode se deparar. Por isso, em toda abordagem, este deve empregar a metodologia de avaliação de risco para decidir
a melhor técnica a ser utilizada.
Antes de estabelecer as posições/posturas, é necessário definir os ângulos de aproximação entre o policial militar e o
abordado. A aplicação do conhecimento sobre estes ângulos proporcionará maior segurança na abordagem.

Ângulos de aproximação

Nas abordagens e buscas pessoais, os policiais militares deverão atentar pela segurança. Para tanto, foram estabe-
lecidos ângulos de aproximação ao abordado, conforme figura 18.
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128
O policial militar procurará não se aproximar do espaço
compreendido entre os braços do abordado, porque poderá
ser atingido com maior facilidade em caso de uma possível
agressão física.
Os demais ângulos descritos na (Figura 18) acima permitem
uma aproximação segura, sendo que o ângulo 3 oferece maior
segurança e o ângulo 1, menor. Uma aproximação, obser-
vando-se os ângulos de segurança, aumenta o tempo do
processo mental da agressão do abordado. Assim, ele
terá que se virar para atingir o policial militar que, por
sua vez, terá melhor condição de se esquivar.

Posturas de abordagem com as mãos livres

São técnicas em que o policial militar faz a intervenção


sem recorrer a quaisquer armamentos, instrumentos ou
equipamentos. São estabelecidas para cada nível de ris-
co, orientando a distância e a angulação de aproximação,
bem como a posição de mãos e braços do policial militar.
Estando preliminarmente com as mãos livres e visíveis,
o policial militar transmitirá ao abordado a mensagem de b) Postura de Prontidão
que deseja dialogar ou resolver pacificamente o conflito. Deverá ser utilizada nas intervenes em que o aborda-
Para todas as posturas a mãos livres, o policial mili- do não estiver aparentemente portando armas e apre-
tar deverá adotar a posição de “base”, utilizada nas ar- sentar comportamento de resistência passiva.
tes marciais, variando-se apenas a posição das mãos e Esta postura com um dos braços elevados e mãos
braços. Esta posição permite ao policial militar equilíbrio abertas (conforme figura 20) permite ao policial militar
e melhores possibilidades de defesa e contra-ataque. o emprego mais eficiente das técnicas de controle de
Também permite maior proteção da arma de fogo do contato, além de transmitir uma mensagem gestual de
policial militar, haja vista que os braços e pernas mais contenção do conflito, não agressividade e intenção de
fortes e, consequentemente, o coldre (geralmente colo- resolução pacífica.
cado do lado da mão mais forte) ficam ligeiramente pro-
jetados para a retaguarda. Logo, mais distantes do raio
de ação do abordado.
Aposição de base está representada nas figuras 19,20,
21.
a) Postura Aberta
Deverá ser empregada nas intervenções em que o
abordado não estiver aparentemente portando armas e
apresentar comportamento cooperativo.
Nesta postura, o policial militar se aproximará do abor-
dado, preferencialmente, pela angulação 1, conforme
figura 16, e permanecerá a uma distância de aproxima-
damente 3 metros, o que permitirá ao policial militar agir
em autodefesa e monitorar os pontos quentes (cabeça,
mãos e pernas).
Na postura aberta, os braços do policial militar per-
manecerão naturalmente abaixados, com as palmas das
mãos voltadas para frente, manifestando gestualmente
uma mensagem de receptividade, conforme ilustra a fig-
ura 19.

Sempre que o abordado tentar reduzir a distância de


segurança, o policial militar deverá ordenar que ele pare
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imediatamente e, concomitantemente, dele se afastará.


Esse procedimento retardará o tempo decorrente do
processo mental da agressão.

c) Postura Defensiva
Deverá manter a cabeça ereta na posição natural, com
as mãos abertas próximas ao rosto, e os cotovelos pro-
jetados na linha das costelas, a fim de protegê-las, per-
manecendo assim em melhores condições de emprego

129
das técnicas de controle físico e com maiores chances de
defesa contra golpes. As mãos permanecerão abertas por FIQUE ATENTO!
assim representarem um gesto universal de defesa, as Os procedimentos para o emprego de ins-
pernas deverão estar formando uma base equilibrada, trumentos de menor potencial ofensivo se-
os joelhos semifexionados e o corpo projetado à frente rão tratados em manual específico.
(figura 21). Jamais deverá ser usado com punho cerrado,
pois este gesto denota agressão.
Posições de emprego de arma de fogo

São técnicas que objetivam garantir a segurança do


policial militar e causar impacto psicológico no aborda-
do, proporcional ao nível de risco oferecido, de forma
dissuasiva.
Existem quatro posições básicas para se utilizar o ar-
mamento de porte durante as intervenções policiais.

a) Posição 1 - arma localizada


O policial militar levará a mão até o punho da arma,
e a manterá no coldre desabotoado, conforme figura 22.
Tal posição tem o objetivo de reduzir o tempo de reação
do policial militar e passar ao abordado a possível in-
tenção de usar a arma.

A postura defensiva com as mãos livres deverá ser uti-


lizada nos seguintes casos:
a) abordado aparentemente desarmado que apre-
senta resistência passiva continuada: após esgo-
tada a tentativa de convencimento do abordado ao
acatamento das ordens, o policial militar deverá
mudar a postura de prontidão para postura defen-
siva, e realizar a aproximação para emprego inicial de
técnicas de controle de contato para prisão do abor-
dado.
b) Posição 2 - guarda baixa
b) abordado aparentemente desarmado que apre- O policial militar manterá os braços ligeiramente flex-
senta resistência ativa: neste caso, o abordado ionados, à frente e próximos ao corpo; estará com a arma
não obedece às ordens do policial militar e tenta empunhada destravada (fora do coldre), posicionada na al-
atingir o policial militar com socos e chutes. O poli- tura do abdômen com o cano voltado para baixo e, como
cial militar deverá adotar a postura defensiva para re- medida de segurança, manterá o dedo indicador fora do
alizar o controle físico através do emprego e técnicas gatilho, na mesma direção do cano, conforme figura 23.
de defesa pessoal policial. Esta posição é indicada para deslocamentos lon-
gos, pois minimiza o cansaço físico causado pelo peso
Se o policial militar entender que não será possível da arma, proporciona ao policial militar condição para se
dominar um abordado com o emprego de técnicas de defender de uma possível agressão, sem aumentar muito
defesa pessoal policial com as mãos livres (controle de o tempo de reação.
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contato e controle físico), desde que não exista risco imi- Ao se deslocar em grupo, o policial militar deverá man-
nente de morte, deverá acionar reforço e avaliar a opor- ter o controle do cano da arma e, em hipótese alguma, a
tunidade e conveniência para empregar instrumentos de apontará na direção dos integrantes do grupamento.
menor potencial ofensivo (controle com IMPO) ou até
mesmo uso dissuasivo de arma de fogo. c) Posição 3 - guarda alta
A adoção de uma postura correta, somada a uma ver- O policial militar manterá os braços à frente do cor-
balização adequada, poderão levar o abordado a cooperar po, ligeiramente flexionados. A arma estará empunhada
com a abordagem policial, prevenindo uma provável re- abaixo da linha dos ombros (altura do tórax), e o cano
sistência, ainda na fase embrionária. ficará voltado pra frente, como mostra a figura 24.

130
Esta posição é indicada para deslocamentos curtos.
O policial militar se mantém em condições de responder #FicaDica
rapidamente a uma possível agressão.
Recomenda-se evitar iniciar as abordagens
na posição de pronta-resposta, pois isso
limita a alternância dos níveis de força, e
ainda acarreta o risco de disparo aciden-
tal. O policial militar, ao verbalizar com um
abordado cooperativo, por exemplo, estan-
do ainda com a arma no coldre, disporá de
outros níveis de força, sem que recorra, ne-
cessariamente, ao disparo. Ver quadros, 3,4
e 5 na Seção 3.

Técnica de Aproximação Triangular (TAT)

Nesta técnica, dois policiais militares e o abordado


dispostos de maneira que formem um triângulo. É con-
siderada a forma mais segura e eficiente de aproximação
policial militar.
d) Posição 4 - pronta-resposta A distância recomendada entre os policiais militares
A arma será apontada diretamente para o abordado, será de aproximadamente 4 metros, o que dificulta o con-
conforme figura 25. trole visual simultâneo de ação dos dois policiais militares
por parte do abordado. A distância dos policiais militares
em relação ao suspeito será de aproximadamente 3 met-
ros, para proporcionar segurança à guarnição em caso de
repentina agressão (Figura 26).
A postura ou posição de emprego de arma a ser uti-
lizada pelos policiais militares na realização da TAT deverá
ser definida pelo policial militar de acordo com o nível de
risco e a evolução dos fatos durante a intervenção.
A TAT poderá ser empregada em esquemas táticos
variados, em função da quantidade e comportamento
dos abordados e do número de policiais militares.
A área de contenção corresponderá ao espaço de
abrangência da ocorrência, em que os policiais militares
manterão monitoramento mais constante, com objetivo
de conter os abordados e isolar o local de interferência
de terceiros.
O setor de busca corresponde ao local onde se re-
alizará a busca pessoal e será definido pelos policiais
Será empregada nas situações em que exista poten- militares após análise da área e da avaliação de risco. Se
cialidade real e imediata de agressão letal, ou nas situa- possível, possuirá características que privilegiem a segu-
ções que ofereçam risco de morte ou ferimentos graves rança tanto dos policiais militares quanto dos abordados.
ao policial militar ou a terceiros. Tais características são o relevo adequado e se situar fora
Ao visualizar um agressor armado, o policial militar da área de tráfego de veículos e de locais onde os polici-
apontará rapidamente a arma para a sua massa central ais militares não tenham pleno controle no que se refere
(tronco) e manterá, ao mesmo tempo, o controle dos à segurança.
pontos quentes. O setor de custódia corresponderá a um local den-
O policial militar somente deverá acionar a tecla do tro da área de contenção, com as mesmas características
gatilho após identificar, certificar e decidir para agir, do setor de busca, definido pela guarnição, onde os de-
ou seja, disparar a arma de fogo. mais suspeitos aguardam a busca pessoal e outros pro-
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cedimentos necessários (consulta de dados, checagem


de objetos, outros). Recomenda-se que estes locais não
possuam pontos de escape, que permitam uma possível
evasão dos abordados.

131
Numa abordagem a pessoas, os policiais militares exercerão as seguintes funções:
• PM Verbalizador/Comandante: aquele que verbaliza com o abordado;
• PM Segurança/Comandante: responsável pela segurança da equipe;
• PM Revistador: encarregado de revistar o abordado e seus pertences (busca).

Um único policial militar poderá exercer mais de uma função. É importante lembrar que estas funções deverão ser
previamente definidas pelo comandante da abordagem, a fim de garantir a disciplina tática entre os integrantes.
Para a realização da abordagem de um ou dois suspeitos, a equipe de policiais militares adotará as seguintes provi-
dências:
• O PM Verbalizador determinará ao abordado todos os procedimentos para a adoção de uma das posições de
contenção (definidas no item 4.9.4.2.2) que o policial militar julgar mais adequada. Para tal, o PM Verbalizador
deverá dar ordens claras e precisas para o abordado até que este adote a posição determinada.
• Havendo mais de um suspeito, a equipe fará a busca pessoal em um de cada vez.
• A equipe cuidará para que não se perca a triangulação necessária;

Para a realização da abordagem a três ou mais suspeitos, a equipe de policiais militares adotará as seguintes
providências:
• Dentre os suspeitos abordados posicionados no setor de custódia, o PM Verbalizador determinará a um deles
que se poste em local distinto dos demais (setor de busca), tomando a posição de contenção mais adequada,
conforme sua avaliação, para que seja procedida a busca pessoal.
• A pessoa a ser abordada ficará afastada a uma distância aproximada de 3 metros do grupo, na lateral, conforme
se observa nas Figuras 31 e 32.
• O detalhamento das ações de Abordagem a Pessoa e Busca Pessoal será feito nas seções 3 e 4, respectivamente.
• O abordado terá seus dados anotados para que seja averiguado seu prontuário criminal e/ou para pesquisas de
qualidade do serviço operacional pós-atendimento. Após, o policial militar informará ao suspeito o motivo do
procedimento e agradecerá a colaboração.
• Caso o cidadão, após terminado o procedimento policial, deseje esperar por outro abordado, o PM Verbalizador
determinará que ele aguarde fora da área de contenção. Entretanto, atenção ainda deverá ser dada a ele, através
do monitoramento pelo PM Segurança.
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As funções policiais poderão variar no decorrer da abordagem, de acordo com o local, número de abordados, grau
de risco, e de informações obtidas sobre os suspeitos.
Observe nos esquemas sugeridos a seguir, que o policial militar responsável pela segurança da abordagem também
se encarregará da segurança periférica.

132
a) dois policiais militares e um abordado

b) dois policiais militares e dois ou três abordados


O esquema tático sugerido aplica-se à abordagem a duas ou três pessoas. No caso de três, o esquema dependerá da
avaliação de riscos feita pelos policiais militares.

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133
c) três policiais militares e um abordado
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134
d) três policiais militares e vários abordados

e) quatro policiais militares e quatro abordados

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135
FIQUE ATENTO!
Em abordagens com buscar pessoais a grandes grupos, mesmo não havendo um número superior de poli-
ciais militares em relação aos abordados, desde que se mantenha a segurança requerida para os militares,
poderá ser designado mais de um militar para realizar a busca pessoal de forma concomitante, conforme
Seção 5.

Em seguida, na seção 3, serão discutidas técnicas e táticas de abordagem a pessoas, e será traçado um modelo
policial de referência para as ações nos diversos níveis de intervenção.

Patrulha Policial Militar

É um Grupamento de policiais militares com composição variada que atuará temporariamente como uma força de
pequeno efetivo, sendo empregado no serviço operacional, empenhado em ambiente rural ou urbano com o objetivo
de incursionar, reconhecer e resgatar.
No cumprimento de uma missão de patrulha deve-se levar em consideração a necessidade de um ponto de reunião
próximo ao objetivo, local em que se fará a checagem final de equipamentos, armamentos e se fará o último briefing
antes da execução da missão.

Tipos de Patrulha Policial Militar

a) Patrulha de incursão - tem por finalidade realizar deslocamentos no interior de aglomerados urbanos. Utiliza
das técnicas policiais com objetivo de realizar operações, efetuar prisões, cumprir mandados, ocupar determina-
das áreas e restaurar a ordem ou garantir a lei.
b) Patrulha de reconhecimento - Tem por finalidade confirmar ou buscar informações, denúncias, reconhecimento
de áreas ou edificações.
c) Patrulha de resgate - É a Patrulha que utiliza das técnicas policiais a fim de prestar apoio e socorro a outras pa-
trulhas PM.

Formação Básica de Patrulha

Com seis policiais militares, as funções são, Ponta de vaguarda 1, Ponta de vaguarda 2, Comandante, Ala/equipa-
mento (operador de fuzil), Retaguarda 2 e Retaguarda 1.
O Quadro 1 retrata a composição de uma patrulha com 6 (seis) policiais militares.

QUADRO 1 - Formação Básica de uma Patrulha Urbana 6 (seis) Policiais Militares


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136
A composição da patrulha pode variar de acordo com o efetivo, mantendo-se constante as funções de Ponta de
vangarda 1, Comandante, Retaguarda 2 e Retaguarda 1, quando composta por 4 (quatro) policiais militares;
Das funções acumuladas, o Ala (operador do fuzil) é quem transporta o que for necessário à execução da operação
(escudo, rádio HT, bornais, kit emergência ou outro equipamento/armamento que a missão demandar), além de re-
alizar buscas pessoais, bem como transporte de feridos.
O comandante da patrulha observará os fatores que influenciam na organização e atuação da patrulha e juntam-
ente com seu grupo decidirá qual será o deslocamento mais seguro e efetivo para a equipe. São os fatores que podem
interferir na organização e atuação de patrulha:
- Segurança;
- Objetivo da ação;
- Formações;
- Disciplina de luz e som;
- Possibilidades de contato;
- Velocidade de deslocamento;
- Manutenção da integridade tática;
- Condições do terreno
- Sigilo das operações;
- Controle da equipe.

Deslocamentos da Patrulha

Utiliza-se dois tipos básicos de deslocamento quando em patrulha, de forma a otimizar, agilizar, previnir e assegurar
a integridade física do policial militar.

Tipos de Deslocamentos

a) por Lanço - Deslocamento curto e rápido realizado entre duas posições abrigadas ou cobertas. Será realizado
em um movimento decidido. Antes de iniciar um lanço o policial militar avaliará o risco para evitar uma indecisão no
decorrer do deslocamento. Para uma decisão firme e acertada o PM, ao preparar um lanço, responderá a si próprio as
perguntas que se seguem: para onde vou?, como?, por onde? e quando?
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FIQUE ATENTO!
A posição de arma ideal para este tipo de deslocamento é a guarda baixa.

b) Tomada ponto a ponto – O deslocamento é feito sempre com, no máximo, 3 policiais militares por abrigo, de acordo
com a necessidade de cobertura, becos em “T ou Y” que necessitam de uma cobertura maior. Posição de arma ideal é a guarda
alta.

137
O deslocamento ponto a ponto é caracterizado pela
cobertura ininterrupta do policial militar que vai a frente
e pelo policial miltar que vem logo em seguida assumir
o ponto.
Sempre que chegar a cobertura, após ser observado o
ambiente pelos dois policiais militares, o primeiro efetua o
lanço para o próximo ponto ou abrigo e aguarda o deslo-
camento de sua cobertura para poder progredir, sendo
todo o tempo coberto pelos companheiros que estão
abrigados, inclusive após sua chegada no abrigo.
Somente o Retaguarda 2 que antes de deslocar até
o Ala, voltará sua frente para a retaguarda da patrulha,
abrigará e apontará sua arma para o ponto de foco que o
Retaguarda 1 guarnece. Feito isto, chamará o Retaguarda
1. Este por sua vez, olhará para o Retaguarda 2 preocu-
pando-se primeiramente com a direção do cano da arma
do Retaguarda 2 e após confirmar esta posição, deslo-
cará de frente até o local de abrigo do retaguarda 2, as-
sumindo este ponto voltando sua frente novamente para b) Torre: postura em que um policial militar guarnece
a Retaguarda. Assim que recolher o Retaguarda 1 até seu um ponto do deslocamento. Consiste na colocação do joel-
abrigo, o Retaguarda 2 desloca para o proximo ponto. ho da perna forte apoiado no chão e a perna fraca realiza um
Este recuo do Retaguarda 1 até o local onde o Retaguar- apoio em 90º. Deve-se observar que a perna forte permanece
da 2 está é chamado de curto recuo ou recuo lento. com o pé ereto, apoiando o bico do coturno ao solo. Arma
Caso o Retaguarda 1 tenha espaço suficiente e seguro estará em guarda alta ou pronta resposta, conforme o caso.
para deslocamento, poderá deslocar até o Ala e proced-
erá da mesma forma para recolher o Retaguarda 2. Eeste
recuo do Retaguarda 1 até o Ala é chamando de recuo
longo ou rápido.

Posturas Táticas

São posturas que reform o domínio sobre determina-


dos pontos de forma que os policiais militares se adapt-
em para cobrir todas as áreas;
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a) Combate: policial militar de pé, com os pés para-


lelos, empunhando sua arma na posição de guarda alta
ou pronta resposta, corpo ligeiramente flexionado para Figura 36; Postura torre
frente, a fim de absorver melhor o recuo da arma.
c) Siamesa: policial militar de pé, estaciona ou des-
loca ombro a ombro com outro policial militar de forma
que cada um cubra determinado ponto formando um ân-
gulo que pode ser em L, V, T ou Y de acordo com a direção
do cano da arma dos primeiros policiais militares da equipe.

138
d) Hi-Low: é a soma da Postura de Combate (“Hi”) e da Postura Torre (“Low”). É utilizada para cobertura, onde o
emprego de um homem naquela postura é insuficiente para responder a disparos realizados contra a equipe. O policial
militar que realizar a Postura “Hi” deverá permanecer nas costas do policial militar que fizer a Postura “Low” e posi-
cionar-se paralelamente, oferecendo o apoio das pernas e do tronco para apoio do “Low”, do mesmo modo que sua
posição deve impossibilitar qualquer ação do “Low” que possa levá-lo á cruzar a linha de tiro.

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139
Resgate de Feridos

Trata-se de um tópico que merece atenção por se tratar de uma situação que foge a normalidade, quando um ou
mais militares forem feridos ou incapacitados para o combate.
Cabe agora, a esta mesma patrulha, ou outra realizar uma retirada da equipe incluindo o ferido.
Para melhor entendimento, ver o QUADRO 2 com a situação hipotética onde uma patrulha composta por 6 (seis)
policiais militares, tem um de seus componentes ferido.
A atuação a seguir será adapatada de acordo com o efetivo da patrulha.

QUADRO 2 - Situação 6 (seis) Policiais militares - Ponta 1 Ferido


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140
ABORDAGEM APESSOAS

A abordagem policial é o conjunto ordenado de ações policiais para aproximar-se de uma ou mais pessoas,
veículos ou edificações. Tem por objetivo resolver demandas do policiamento ostensivo, como orientações, assistên-
cias, identificações, advertências de pessoas, verificações, realização de buscas e detenções.
Já a abordagem a pessoas se refere apenas às ações policiais para se aproximar de um ou mais indivíduos. Este con-
ceito possui um sentido amplo, ou seja, abrange a todos os cidadãos, não se restringindo às pessoas em situação de
suspeição.
Os procedimentos adotados pela guarnição variam de acordo com os fatos motivadores da abordagem e com o
ambiente. Além disso, o policial militar deve compreender as peculiaridades daquele com quem interage e não vincular
essa interação, necessariamente, a ações delituosas.
Em cada abordagem realizada, o policial militar deverá utilizar técnicas, táticas e recursos apropriados ao público-al-
vo desta intervenção policial, esteja a pessoa em atitude suspeita ou não.
O poder de polícia, deve ser entendido como um conjunto de ações que limitam e sancionam o direito individual
e autorizam a intervenção do Estado, executada por intermédio de seus agentes, em qualquer matéria de interesse da
coletividade.
A ação de abordar uma pessoa é um ato administrativo, discricionário, autoexecutório e coercitivo. Significa dizer
que a abordagem policial é realizada de ofício.
O ato de abordar é discricionário, e jamais poderá ser ilegal, sob pena de não atingir suafinalidade precípua, que
é o bem comum. É imprescindível também que, durante as abordagens, a pessoa receba um tratamento respeitoso.
A doutrina sobre Intervenção Policial estabelece etapas que sistematizam o processo de solução de problemas,
objetivando estruturar ações de resposta adequadas durante a abordagem. Nesse enfoque, recomenda-se a leitura dos
seguintes tópicos, constantes no MTP 1:
• etapas da intervenção: seção 5;
• fundamentos da abordagem policial à pessoa em atitude suspeita: seção 5;
• verbalização do policial militar face ao comportamento do abordado: seção 6;
• uso diferenciado de força: seção 7.

Como explorado no MTP 1, a abordagem é uma intervenção policial, rotineira, que se procede por meio de técnicas,
táticas e uso de equipamentos proporcionais aos níveis de riscos.

Uso diferenciado de força nas intervenes policiais

Durante a atuação policial, caso haja resistências e agressões em variadas formas e graus de intensidade, o policial
militar terá que adequar sua reação a essas circunstâncias, estabelecendo formas de controlar e direcionar o abordado,
a fim de dominá-lo. Para lidar com esses diversos graus de intensidade, foram definidos os níveis do Uso de Força.
Verifica-se, então, que a compreensão das atitudes do abordado, no que diz respeito à relação de causa e efeito,
será determinante para a avaliação de riscos e a tomada de decisões seguras sobre o nível de força mais adequado
para fazer cessar a agressão.

Níveis de Intervenção

A abordagem policial à pessoa também é classificada em três níveis (1, 2 e 3) tendo como referência os níveis de
intervenção policial, conforme definidos pelo MTP 1.
Os quadros 2, 3 e 4, a seguir, sugerem táticas a serem empregadas na abordagem a pessoas, em três variáveis
principais:
• abordado aparentemente desarmado;
• abordado visivelmente portando arma branca;
• abordado visivelmente portando arma de fogo.

As variáveis principais, por conseguinte, estão divididas em tópicos estabelecidos de acordo com a animosidade do
abordado:
• abordado cooperativo;
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• abordado resistente passivo;


• abordado resistente ativo.

141
QUADRO 3 - Tática de Abordagem a Pessoas - “abordado aparentemente desarmado”

QUADRO 4 – Tática de Abordagem a Pessoas - “abordado visivelmente portando arma branca”


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142
QUADRO 5 – Tática de Abordagem a Pessoas - “abordado visivelmente portando arma de fogo

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143
Observação: a posição de emprego da arma de fogo pode ser alterada, de acordo com a percepção do policial militr
sobre o uso diferenciado de força, podendo variar de acordo com o comportamento do suspeito. O militar que aponta
a arma para o abordado não precisa se manter nesta mesma posição durante toda a abordagem, se não for necessário.

Técnicas e táticas de abordagem a pessoas

Ao iniciar uma abordagem, a guarnição militar deverá realizá-la com segurança. Se for realizada especificamente a
uma pessoa em atitude suspeita, é necessário que haja supremacia de força. Neste caso, a técnica policial será fun-
damental para seu sucesso. Quando a guarnição entender que necessitará de outros recursos (humanos ou logísticos),
solicitará apoio policial, mantendo o contato visual e, se possível, o controle do suspeito.
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A supremacia de força é uma vantagem tática do policial militar em relação ao abordado para uma atuação se-
gura. Esta vantagem é medida de forma qualitativa e quantitativa, podendo estar relacionada não só ao número de
policiais militares, mas também ao uso de força e à posse de instrumentos, equipamentos e armamentos por parte da
guarnição. Uma atuação policial com supremacia de força é aquela em que os policiais militares envolvidos dispõem de
níveis de força adequados para reagirem às ameaças que poderão advir dos abordados.
No desenvolvimento da abordagem, o policial militar manterá a atenção às possíveis mudanças que venham a
ocorrer no cenário e que podem, por exemplo, obrigá-lo a aumentar ou diminuir o nível de força. O comportamento
do abordado (cooperativo, resistente passivo e ativo) será determinante para a mudança de postura tática.

144
É importante saber que, em qualquer nível de Intervenção nível 2 (verificação preventiva)
intervenção, o policial militar deverá adotar os seguintes
procedimentos: A avaliação de riscos demonstra que há indício de
a) autoidentificação: demonstrar clareza, falando ameaça à segurança (do policial militar ou de terceiros),
nome e posto ou graduação. Atitude que reforça mas ainda não há, aparentemente, a necessidade ime-
os valores institucionais da ética, transparência, diata de uma intervenção policial de nível mais elevado.
representatividade institucional e disciplina. O Neste tipo de intervenção, podem ser realizadas bus-
policial militar deve saber que sua identidade deve cas em pessoas ou em seus pertences, pois as equipes
ser pública diante da função revestida pelo Estado; envolvidas iniciam suas ações com algum risco conhe-
b) tratamento respeitoso para com as pessoas: tra- cido (fundada suspeita) e o policial militar deverá estar
tar os abordados com respeito, cordialidade, ur- pronto para enfrentá-lo.
banidade, solicitude e dignidade. Exemplos: um cidadão que observa o interior de uma
c) esclarecimentos sobre o motivo de uma abor- agência bancária ou caixa eletrônico ou em atitude sus-
dagem: esclarecer às partes interessadas sobre a peita, em local classificado como Zona Quente de Crim-
motivação e o desdobramento da ação policial, a inalidade (ZQC).
qual se submete o abordado. Com essa medida, Os policiais militares planejarão a abordagem, indi-
fortalecerá o respeito, a cortesia e a credibilidade cando as características da pessoa que se encontra em
no trabalho da Polícia Militar. situação de suspeição, (vestimenta, tipo físico, gênero) e,
d) relacionamento adequado com a imprensa: em seguida, rapidamente, elaborarão um plano de ação,
é responsabilidade do policial militar preservar com a Técnica de Aproximação Triangular (TAT).
a pessoa quanto à veiculação de sua imagem, Inicialmente, o PM Verbalizador deverá:
quando estiver sob sua custódia. • identificar-se como policial militar;
• realizar a inspeção visual;
Além disso, o policial militar deve ter em mente os
• determinar ao abordado que adote a posição de
Fundamentos da abordagem policial à pessoa em ati-
contenção 1 (em pé) ou 2 (de joelhos), conforme
tude suspeita.
previsto no item 4.2.2 ;
• explicar o motivo da abordagem;
Modelos de abordagem
• determinar que o abordado entregue os doc-
umentos ao PM Revistador;
De acordo com os níveis de intervenção, serão
• controlar a atenção do abordado por meio de
apresentados modelos que exemplificam a aplicação das
técnicas e táticas policiais, de maneira integrada, para a verbalização, perguntando seu nome, sua idade, o que
abordagem a pessoas. faz/procura no local, diminuindo, desta forma, sua ca-
pacidade de reação.
Intervenção nível 1 (assistência e orientação) — Bom dia! Esta é uma abordagem policial pre-
ventiva.
Esta intervenção está alinhada com o conceito de — Por motivo de segurança da abordagem, siga as
Prevenção Ativa, que é definido como as ações desen- minhas orientações, entendeu?
volvidas visando o provimento de serviços públicos à — Qual é o seu nome?
população, destinadas à prevenção da criminalidade. A — Permaneça parado. Preciso ver seu documento
finalidade dos procedimentos policiais, neste nível, é ori- de identidade. Retire seus documentos e os entregue
entar e prestar assistência. Dificilmente implicará em bus- ao meu companheiro. (PM Revistador)
ca pessoal. O caráter preventivo predomina (risco nível I). — O que faz por aqui? (a verbalização evolui de
Exemplo: policial militar aborda um cidadão e orien- acordo com o prosseguimento da abordagem).
ta-o a conduzir a própria bolsa de maneira a evitar furto. — Obrigado pela colaboração com a Polícia Mil-
A aproximação dos policiais militares, junto ao abor- itar.
dado, será direta e natural, devendo, entretanto, serem
adotadas posições e posturas corporais específicas. A Se for necessária a busca pessoal, sugere-se a seguinte
arma permanecerá no coldre. verbalização:
O policial militar se identificará profissionalmente e — Bom dia! Esta é uma abordagem policial.
transmitirá ao abordado a sua mensagem. — Por motivo de segurança da abordagem, siga as
— Bom dia, Sr (a)! Sou o ... (dizer posto / gradu- minhas orientações, entendeu?
ação e o nome) da Polícia Militar. (Espere resposta). — Qual é o seu nome?
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— Sua bolsa está aberta (ou então outra situação — Caminhe até ... (indique o local na área de con-
que faça com que o abordado se torne vulnerável à tenção para o qual o abordado deverá se dirigir).
ação de algum cidadão infrator). Para sua segurança, Coloque as mãos na parede e afaste bem os pés (ou
é melhor o(a) Sr(a) fechá-la e conduzi-la a frente de determine que ele adote outra posição de contenção,
seu corpo (ou dê outra orientação de autoproteção conforme item 4.9.4.2.2).
para o abordado). Essa atitude evitará que seus per- — Retire seu documento e o entregue ao policial
tences sejam furtados. Tenha um bom dia. próximo.
— Vejo que foi expedido um mandado de prisão
contra você e por isso será conduzido à delegacia.

145
— Continue olhando para mim, você será algema- - estado de flagrante delito;
do (se a guarnição considerar necessário) e passará - mesma característica física e de vestimenta utiliza-
por uma busca pessoal. da por autor de crime/ contravenção;
Na intervenção nível 2, o PM Revistador deverá: - comportamento estranho do suspeito (tensão, ner-
• avaliar a necessidade do emprego de algemas; vosismo, aceleração do passo ou mudança brusca
• realizar a busca pessoal, conforme seção 4 deste de direção ao avistar a presença policial);
caderno, dando sequência aos demais procedi- - volumes observáveis na cintura ou em outras par-
mentos, como prisão, condução e registro do fato. tes do corpo;
- pessoa parada em local ermo ou de grande incidên-
Intervenção nível 3 (verificação repressiva) cia de criminalidade;
- pessoa monitorando residências;
Neste caso, a avaliação de riscos indica a iminência de - pessoa portando objeto duvidoso;
algum tipo de delito (risco nível III). Os policiais militares -condutor que tenta evadir de bloqueio policial; den-
deverão estar prontos para se defenderem, sempre com se- tre outros.
gurança, observados os princípios básicos do uso de força
(legalidade, necessidade, proporcionalidade, moderação e Os policiais militares devem estar preparados tecni-
conveniência), conforme Seção 7, item 4.9.7.1 do MTP 1. camente para realizar a busca pessoal e cuidar para que
Aposição de arma adequada é a posição 4 (pron- esta ação não se converta em atos de arbitrariedade e
ta-resposta). discriminação.
Exemplos: infrator avistado no momento do cometi-
mento do delito (roubo a mão armada, agressão, outros), Aspectos legais da busca pessoal
ou logo após; infrator identificado pelo policial militar
como procurado pela justiça de alta periculosidade. O poder discricionário inerente à ação de abordar e
Neste caso, o PM Verbalizador deverá: efetuar a busca pessoal está condicionado à existência de
• aproximar-se do abordado utilizando a Técnica de elementos que configurem fundada suspeita, requisito
Aproximação Triangular (TAT), em conjunto com
essencial e indispensável para a realização do procedi-
o PM Revistador;
mento. O Código de Processo Penal (CPP) assim prevê:
• identificar-se como policial militar;
Art. 244 - Abusca pessoal independerá de mandado, no
• determinar ao abordado que adote uma das
caso de prisão ou quando houver fundada suspeita de que a
posições de contenção conforme item 4.9.4.2.2;
pessoa esteja na posse de arma proibida ou de objetos ou pa-
• controlar a atenção do abordado por meio de ver-
péis que constituam corpo de delito, ou quando a medida for
balização, diminuindo a capacidade de reação do
determinada no curso de busca domiciliar (BRASIL, 1941).
infrator.

O PM Revistador deverá:
• executar a busca pessoal, conforme seção 4 deste #FicaDica
caderno, dando sequência aos demais procedi-
mentos da prisão, se confirmada autoria; Durante a suspensão é vedado praticar qual-
• avaliar a necessidade do emprego de algemas, quer ato processual, podendo o juiz, todavia,
conforme item 4.9.4.4; determinar a realização de atos urgentes a
fim de evitar dano irreparável, salvo no caso
Após as técnicas e táticas de aproximação e deslo- de arguição de impedimento e de suspeição.
camento, vistas na Seção 2, e os ensinamentos sobre
abordagens da Seção 3, serão apresentados os procedi-
mentos de busca pessoal na Seção 4, dando sequência às Certifica o artigo 292 do CPP que caberá ao aborda-
ações policiais em uma intervenção. do cumprir as ordens emanadas pelo policial militar, sob
pena de incorrer em crime de desobediência, previsto no
BUSCA PESSOAL artigo 330 do Código Penal (CP).
Quando o abordado se opuser, mediante violência
É uma técnica policial utilizada para fins preventivos ou ameaça, à submissão da busca pessoal, estará incurso
ou repressivos, que visa a procura de produtos de crime, no crime de resistência, previsto no artigo 329 do CP.
objetos ilícitos ou lícitos que possam ser utilizados para a Neste caso, o policial militar usará a força adequada para
prática de delitos que estejam de posse da pessoa abor- vencer a resistência ou se defender, conforme previsão
dada em situação de suspeição. legal. É importante não confundir relutâncias naturais
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Será realizada no corpo, nas vestimentas e pertences por parte do abordado que se sente constrangido, com
do abordado, observando-se todos os aspectos legais, o crime de resistência. Na verbalização o policial militar
técnicos e éticos necessários. deve esclarecer os motivos da ação policial.
A busca poderá ser realizada independente de man- No Código de Processo Penal Militar (CPPM) a busca
dado judicial, desde que haja fundada suspeita. pessoal (ou revista pessoal) é tratada nos seguintes artigos:
Quando o policial militar realiza busca pessoal, a situ- Art. 180. A busca pessoal consistirá na procura material
ação de suspeição deverá ser verificada através da ati- feita nas vestes, pastas, malas e outros objetos que es-
tude do cidadão, ou seja, da conjugação entre compor- tejam com a pessoa revistada e, quando necessário, no
tamento e ambiente. Exemplos: próprio corpo.

146
Art. 181. Proceder-se-á à revista, quando houver fun- Buscas pessoais realizadas nos grupos vulneráveis e
dada suspeita de que alguém oculte consigo: minorias, e outras situações específicas, serão tratadas na
a) instrumento ou produto do crime; Seção 5.
b) elementos de prova.
Tipos de Busca Pessoal
Art. 182. A revista independe de mandado:
• quando feita no ato da captura de pessoa que deve Há três tipos: a busca ligeira, a busca minuciosa e a
ser presa; completa. Embora realizadas sob mesmo fundamento le-
• quando determinada no curso da busca domiciliar; gal, cada qual cumprirá objetivos e técnicas específicas,
• quando ocorrer o caso previsto na alínea “a” do com a finalidade de minorar os riscos na ação policial.
artigo anterior; · quando houver fundada suspeita
de que o revistando traz consigo objetos ou papéis Busca Ligeira
que constituam corpo de delito; ·
• quando feita na presença da autoridade judiciária É uma revista rápida procedida nos abordados,
ou do presidente do inquérito. comumente realizada nas entradas de casas de
espetáculos, shows, estádios e estabelecimentos
As buscas pessoais são realizadas em prol do bem co- afins, para verificar a posse de armas ou objetos
mum, ainda que possam causar eventuais desconfortos perigosos, comuns na prática de delitos. Será iniciada,
de caráter individual. É importante que a restrição aos preferencialmente, pelas costas da pessoa abordada, que
direitos individuais se dê o mínimo possível, ou seja, ficará, normalmente, na posição de pé.
no limite do que possa ser considerada necessária e ra- A busca será realizada por meio de movimentos
zoável, para que não possa ser interpretada como abuso rápidos de deslizamento das mãos sobre o vestuário do
de autoridade. cidadão. Deve-se verificar, sobretudo: cintura, quadris,
Nos casos em que a suspeição não se confirmar e tórax, axilas, braços, pernas (entre as pernas), pés e ca-
nada de irregular for encontrado, caberá ao policial mil- belos. Bolsos, bonés, chapéus, toucas, pochetes e demais
itar: pertences também deverão ser revistados. Caso haja di-
• esclarecer ao abordado os motivos pelos quais ele sponível detector de metal, a utilização desse aparelho
foi submetido a busca pessoal; poderá substituir os movimentos rápidos de deslizamen-
• demonstrar que esta abordagem é um ato discri- to das mãos sobre o vestuário do cidadão.
cionário e legal, com foco na segurança preventiva; A busca ligeira poderá progredir para outras modal-
• prestar outras informações que possam minimizar idades, caso haja suspeição de que o abordado ofereça
possíveis embaraçamentos causados; maior risco à integridade das pessoas ou esteja ele de
• agradecer a colaboração com a segurança coleti- posse de objetos ilícitos. O policial militar se certificará
va. Ao final do procedimento, recomenda-se que da necessidade do procedimento, optando por local ad-
a equipe: equado e seguro para a realização.
• avalie o desempenho individual e do grupo;
• avalie os resultados obtidos; Busca Minuciosa
• avalie as falhas no procedimento;
• colha sugestões de correção; Será realizada sempre que o policial militar suspeitar
• confeccione relatório ao escalão superior, se que o abordado porte objetos ilícitos, dificilmente de-
necessário. tectados na inspeção visual ou na busca ligeira. Prefer-
encialmente será feita pelas costas da pessoa abordada.
Enquanto o PM Revistador realizar a busca, o PM Ver-
#FicaDica balizador fará a cobertura policial.
A busca minuciosa pode variar conforme as Posições
Não existe pessoa suspeita, mas pessoa em de contenção, que são posturas que deverão ser adota-
situação suspeita. Ninguém se torna suspei- das pelo abordado na busca pessoal minuciosa, e obje-
to por suas características pessoais (classe tivam a garantia de segurança aos policiais militares e
social, raça, opção sexual, forma de se ves- a eficiência da revista, variando de acordo com o nível
tir, traços físicos ou outras características). de risco e o ambiente. São enumeradas quatro posições
Não existem rótulos ou estereótipos que básicas de contenção:
motivem uma abordagem, pois os infratores a) posição de contenção 1 - abordado em pé, sem
podem apresentar todo tipo de característi- apoio;
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ca. Cabe ao militar a avaliação da suspeição, b) posição de contenção 2 - abordado em pé, com
levando-se em conta as variáveis da situação apoio;
(horário, local da abordagem, clima, caracte- c) posição de contenção 3 - abordado ajoelhado;
rísticas da região, comportamento do cida- d) posição de contenção 4 - abordado deitado.
dão, fatos ocorridos, dentre outros).
a) Posição de contenção 1 -abordado em pé sem
apoio
Será empregada quando não houver apoio para o
abordado encostar as mãos.

147
• Fase de verbalização:
Nesta abordagem o PM Verbalizador deverá se identificar como policial militar e determinará que o abordado:
— coloque as mãos sobre a testa;
— entrelace os dedos;
— vire-se de costas;
— abra as pernas (as pernas deverão estar abertas de maneira que não permita ao abordado movimento de
agressão sem antes se ver obrigado a realizar o movimento de fechamento das pernas, o que sinalizará aos policiais
militares a intenção de agressão);
— aguarde e fique calmo que um policial fará a busca pessoal;

FIQUE ATENTO!
Na posição de contenção em pé sem apoio, deverá ser determinado ao abordado que coloque as mãos
sobre a testa e não sobre a cabeça, conforme as demais posições.
Esta técnica permite que, em caso de reação durante a vistoria, o PM Revistador, puxe os dedos do abor-
dado para trás, desequilibrando-o e projetando-o ao solo.
Este procedimento irá proporcionar ao PM Revistador tempo para reação, com emprego de técnicas de
imobilização de uso de Instrumentos de Menor Potencial Ofensivo (IMPO).

• Fase de Revista
— O PM Revistador, com a arma no coldre, deverá se aproximar do abordado pela posição 2 ½ ou 3 (figura 18),
adotando os seguintes procedimentos:
— posicionará atrás do abordado;
— deverá segurar os dedos do abordado, que estarão sobre a testa;
— ao revistar o lado direito do corpo do abordado, deverá segurar os dedos do abordado com a mão esquerda e
fazer a revista com a mão direita;
— ao revistar o lado esquerdo do corpo do abordado, deverá segurar os dedos do abordado com a mão direita e
fazer a revista com a mão esquerda;

A busca minuciosa na posição de contenção em pé, sem apoio, vem ilustrada na figura 40.
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b) Posição de contenção 2 -abordado em pé com apoio


Será empregada quando houver apoio para o abordado encostar as mãos.
Nesta abordagem o PM Verbalizador determinará que o abordado caminhe até uma superfície vertical (paredes,
muros, dentre outros) e fique de frente para ela, com pernas abertas e afastadas, braços abertos, mãos apoiadas na
superfície, acima da altura dos ombros e dedos abertos. Quanto mais distante da parede estiver os pés do abordado,
será mais difícil sua possibilidade de reação.

148
• Fase de verbalização: - ajoelhe-se;
Nesta abordagem o PM Verbalizador deverá se - cruze os pés;
identificar como policial militar e determinará que o - aguarde e fique calmo que um policial fará a busca
abordado: pessoal;
— vire-se de costas;
— coloque as mãos apoiadas na superfície determi- • Fase de Revista
nada (exemplo: parede, muro); - O PM Revistador, com a arma no coldre, deverá se
— abra as pernas e afaste-as da superfície utilizada; aproximar do abordado pela posição 2 ½ ou 3, adotando
—aguarde e fique calmo que um policial militar fará os seguintes procedimentos:
a busca pessoal; - posicionará atrás do abordado;
- ao revistar o lado direito do corpo do abordado, de-
• Fase de Revista verá segurar os dedos do abordado com a mão esquerda
O PM Revistador, com a arma no coldre, deverá se e fazer a revista com a mão direita;
aproximar do abordado pela posição 2 ½ ou 3, adotando - ao revistar o lado esquerdo do corpo do abordado,
os seguintes procedimentos: deverá segurar os dedos do abordado com a mão direita
— posicionará atrás do abordado; e fazer a revista com a mão esquerda;
— ao revistar o lado direito do corpo do abordado, - o PM Verbalizador, no momento da revista, será re-
deverá apoiar a mão esquerda nas costas do abordado, sponsável pela segurança do PM Revistador e, portanto,
apoiar o joelho esquerdo atrás da perna direita do abor- deverá variar sua posição de maneira a manter sempre a
dado e fazer a revista com a mão direita; triangulação descrita na TAT.
— ao revistar o lado esquerdo do corpo do aborda-
do, deverá apoiar a mão direita nas costas do abordado, A busca minuciosa na posição de contenção ajoelha-
apoiar o joelho direito atrás da perna esquerda do abor- do vem ilustrada na figura a seguir.
dado e fazer a revista com a mão esquerda;
— o PM Verbalizador, no momento da revista, será
responsável pela segurança do PM Revistador e, portan-
to, deverá variar sua posição de maneira a manter sem-
pre a triangulação descrita na TAT.

A busca minuciosa na posição de contenção em pé,


com apoio, vem ilustrada nafigura 41.

d) Posição de contenção 4 - abordado deitado


É indicada para os casos em que o abordado apresente
potencial perigo para a equipe policial.

• Fase de verbalização:
Nesta abordagem o PM Verbalizador deverá se iden-
tificar como policial militar determinará que o abordado:
- coloque as mãos na testa e olhe para cima;
- entrelace os dedos;
c) Posição de contenção 3 - abordado de joelhos - vire-se de costas;
É indicada para os seguintes casos: - ajoelhe-se;
- quando o número de abordados for maior do que o - deite-se com o peito encostado no chão (decúbito
número de policiais militares; ventral);
- abordado de alta periculosidade ou que tenha an- - abra os braços em forma de crucifixo;
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tecedentes de reação; - vire as palmas das mãos para cima;


- mantenha as pernas estendidas;
•Fase de verbalização: - aguarde e fique calmo que um policial militar fará a
Nesta abordagem o PM Verbalizador deverá se busca pessoal;
identificar como policial militar e determinará que o
abordado: Após realizar estes movimentos, o PM Verbalizador
- coloque as mãos na testa e olhe para cima; caminhará em direção a uma das laterais do abordado,
- entrelace os dedos; ao mesmo tempo em que o PM Revistador caminhará
- vire-se de costas; em direção ao lado oposto.

149
Após estar posicionado em uma das laterais do corpo do abordado, o PM Verbalizador determinará ao abordado
que:
- permaneça olhando em sua direção;
- fique calmo que um policial militar fará a busca pessoal.

• Fase de Revista:
O PM Revistador, com a arma no coldre, deverá se aproximar pelo lado em que o abordado não estiver olhando:
- certificará sobre a existência do fato motivador da abordagem (existência de cometimento de crime);
- se necessário, efetuará a algemação , conforme item 4.9.4.4;
- conduzirá o abordado até a posição de pé;
- posicionará atrás do abordado, segurando-lhe as algemas;
- determinará ao abordado que abra as pernas ao máximo;
- ao revistar o lado direito do corpo do abordado, deverá segurar as algemas com a mão esquerda e fazer a revista
com a mão direita;
- ao revistar o lado esquerdo do corpo do abordado, deverá segurar as algemas com a mão direita e fazer a revista
com a mão esquerda;
- o PM Verbalizador, no momento da revista, será responsável pela segurança do PM Revistador e, portanto, de-
verá variar sua posição de maneira a manter sempre a triangulação descrita na TAT.

FIQUE ATENTO!
Esta posição é indicada para os casos de contenção voltada para algemação e prisão segura do autor de
crime.

A busca minuciosa na posição de contenção deitado vem ilustrada na figura 43.

Busca Completa

É a verificação detalhada do corpo do abordado, que se despirá e entregará seu vestuário ao policial militar. Cada
peça de roupa deverá ser examinada.
O policial militar, além de atentar para todos os procedimentos previstos na busca minuciosa, verificará o interior
das cavidades do corpo.
Na busca completa, o policial militar, em conformidade com a avaliação de riscos, determinará que o(a) abor-
dado(a) retire todas as peças de vestuário e fique na posição de pé. O policial militar determinará ao abordado que
realize pelo menos três movimentos de agachamento, a fim de detectar objetos escondidos em orifício anal ou vaginal.
O policial militar deve evitar o uso do tato, no corpo do abordado, estando ele já despido. A participação que se
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espera do revistado diz respeito à observância das orientações que lhe são passadas: despir-se, entregar o vestuário,
abrir a boca, levantar os braços, abrir as pernas, agachar-se com as pernas abertas, dentre outras.
Devido à exposição corporal do abordado e por questões de segurança, recomenda-se que a busca completa seja
realizada em local isolado do público e, sempre que possível, na presença de testemunha do mesmo sexo da pessoa
abordada (preferencialmente, desconhecida por ela) que será esclarecida sobre a necessidade do procedimento.
Por questões de biossegurança, recomenda-se o uso de luvas para o caso de manusear peças de vestuário e objetos
do abordado.

150
FIQUE ATENTO!
Caso não se confirme a suspeição, os policiais militares farão a liberação do abordado e explicando a
importância da busca pessoal na prevenção criminal. Caso confirmada a suspeição, fará a prisão do autor.

Uso de algemas

Algemas são equipamentos policiais utilizados com os objetivos primários de controlar uma pessoa, prover segurança aos
policiais militares, ao preso ou a terceiros e reduzir a possibilidade de fuga ou agravamento da ocorrência.
As algemas, além dos modelos tradicionais de argolas de metal, com fechaduras e ligadas entre si, podem também
ser de plástico (descartáveis) ou consistir em objetos utilizados para restringir os movimentos corporais de uma pessoa
presa sob a custódia (corda com nó de algema, cadarço, etc).
A algemação não pode ser adotada como regra para todo caso de prisão/ condução, pois, quando utilizada, causa
um constrangimento inevitável. Este equipamento não deve ser utilizado como instrumento de subjugação ou humil-
hação do preso.
O Código de Processo Penal (CPP) dispõe, em seu artigo 284, que não será permitido o emprego de força, salvo o
indispensável no caso de resistência ou tentativa de fuga de preso.
Por sua vez, o Código de Processo Penal Militar (CPPM) em seu artigo 234, assim prevê sobre o uso de algemas:
§1º - O emprego de algemas deve ser evitado, desde que não haja perigo de fuga ou de agressão da parte do preso,
e de modo algum será permitido, nos presos a que se refere o art. 242 (BRASIL, 1969).
Significa dizer que a algemação se aplica aos casos de resistência e fundado risco à integridade física dos envolvidos.
O §1º do artigo 234 prevê, ainda, que de modo algum será permitido o uso das algemas nas autoridades descritas
no art 242 do CPPM:
• os ministros de Estado;
• os governadores ou interventores de Estados, ou Territórios, o prefeito do Distrito Federal, seus respectivos
secretários e chefes de Polícia;
• os membros do Congresso Nacional, dos Conselhos da União e da Assembleias Legislativas dos Estados;
• os cidadãos inscritos no Livro de Mérito das ordens militares ou civis reconhecidas em lei;
• os magistrados;
• os oficiais das Forças Armadas, das Polícias e dos Corpos de Bombeiros, Militares, inclusive os da reserva, remu-
nerada ou não, e os reformados;
• os oficiais da Marinha Mercante Nacional;
• os diplomados por faculdade ou instituto superior de ensino nacional;
• os ministros do Tribunal de Contas;
• os ministros de confissão religiosa.

Porém, é entendimento do Superior Tribunal Federal que, se houver necessidade, o uso de algemas poderá ser feito,
mesmo nas autoridades elencadas anteriormente, e independente do cargo/função/posição social do preso.
A Súmula Vinculante nº 11, publicada em 22 de agosto de 2008, assim discorre:
Só é lícito o uso de algemas em caso de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria
ou alheia, por parte do preso ou de terceiros justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade
disciplinar civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem
prejuízo da responsabilidade civil do Estado. (BRASIL, 2008)
Ao empregar as algemas é indispensável que o policial militar justifique tal medida por escrito no Boletim de Ocor-
rência (BO/REDS), conforme determina a Súmula Vinculante, sob pena de responsabilização nas esferas civil, penal e
administrativa.
A formalização escrita dos motivos que ensejaram a algemação é o grande diferencial que a Súmula traz para a
prática policial e decorrerá de três situações específicas:
• resistência do preso à ação policial;
• fundado receio de que o preso possa empreender fuga;
• comportamento do preso que ofereça risco à integridade física do policial militar, de terceiros ou para si mesmo.
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O quadro a seguir apresenta um rol, exemplificativo, de situações e informações complementares que possam ser
inseridas no BO/REDS para se justificar o uso de algemas.

151
QUADRO 7: Sugestões de justificativas e informações complementares quanto ao uso de algemas
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FIQUE ATENTO!
O policial militar registrará no BO/ REDS que sua ação foi revestida de legalidade, de razoabilidade e de
proporcionalidade no uso da força, para justificar o emprego das algemas. Recorrerá para tal, à descrição
minuciosa de cada comportamento irregular do preso, que resultou em sua algemação

152
O policial militar deverá, preferencialmente, algemar guarnição, pois o algemado pode utilizar a cadeira ou
o infrator com as mãos para trás e com as palmas volta- mesa como arma contra os policiais militares, vítimas e
das para fora. Certificará, ainda, de que as algemas não testemunhas. Da mesma forma, poderá utilizar da proxi-
ficaram frouxas ou apertadas, em demasia, trancando-as midade com o outro preso ou com o policial militar para
e travando-as, corretamente. Figura 44. agredi-los.
Apesar do policial militar algemar preferencialmente
o preso com as mãos voltadas para trás, nem sempre
isso será possível. O policial militar deve definir se a alge-
mação será pela frente ou pelas costas, de acordo com
o comportamento do algemado e suas condições de
saúde. Obesos, grávidas, pessoas adoentadas e de consti-
tuição mais fraca poderão ser algemados pela frente sem
expor a guarnição a perigo.

PROCEDIMENTOS POLICIAIS ESPECÍFICOS

Existem diversos grupos na sociedade que, devido


às suas condições peculiares, merecem atenção especial
por parte da Polícia.
A abordagem policial a essas pessoas seguirá os
mesmos princípios éticos e profissionais das demais in-
tervenes, bem como os procedimentos técnicos e táticos
operacionais já estabelecidos, sobretudo aqueles relati-
vos à segurança dos policiais militares e de terceiros.
A descrição pormenorizada da algema, a aplicação, a No atendimento, quer seja na condição de suspeito,
condução e as técnicas de emprego deste equipamento agente de delito, vítima ou testemunha, o policial militar
estão no Manual de Defesa Pessoal Policial. deverá, prioritariamente, compreender de maneira inte-
gral a complexidade no trato das questões relativas aos
FIQUE ATENTO! respectivos grupos, para que exerça, com efetividade, a
As algemas não impedem fugas. São equi- proteção e a promoção de sua dignidade de seus inte-
pamentos de uso temporário para conter grantes.
uma pessoa. Sob esta condição, exige-se Adiante, seguem as recomendações para a atuação
uma vigilância constante do preso por parte policial, os quais serão divididos em:
do policial. - autoridades;
- grupos vulneráveis;
- minorias;
Recomendações Gerais do Uso de Algemas - pessoas com surto por uso de drogas.

É importante que o policial militar entenda que a Procedimentos Policiais em Ocorrências Envolven-
algemação é uma forma temporária de conter pessoas do Autoridades
presas. Trata-se de uma ação constrangedora e por isso,
recomenda-se que não se estenda por períodos longos, Esta subseção abordará as providências que devem
pois esta atitude poderá resultar em lesões, como pulsos ser tomadas pelos policiais militares nos casos de com-
arranhados e até fraturas e ruptura de ligamentos. A uti- etimento de ilícitos penais, prisão em flagrante de auto-
lização da trava de segurança também contribuirá com a ridades e confecção de Boletim de Ocorrência (BO/REDS).
integridade física do algemado. Ela está subdividida por poderes e cargos, para uma mel-
A algemação pode parecer uma boa medida para hor organização. Além disso, também estará definido o
conter um criminoso violento, evitando que ele venha a dispositivo legal que trata da prerrogativa em relação à
machucar outras pessoas. Todavia, vale ressaltar que, ao prisão no cometimento de ilícitos penais. No final deste
algemar alguém, você prejudica a capacidade dessa pes- tópico, haverá um quadro para uma consulta rápida so-
soa de se proteger. bre esse tema.
Por isso, algemar uma pessoa a um ponto fixo, como
um poste, ou a partes fixas de veículos, como as barras Membros do Poder Executivo
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presentes no xadrez de algumas viaturas, pode colocar


em risco o preso. Sem as mãos livres para se defender, a) Presidente da República: enquanto não sobrevi-
ele se torna incapaz de se proteger de perigos iminen- er sentença condenatória nas infrações comuns, o
tes, como por exemplo, do ataque de um parente incon- Presidente da República não estará sujeito à prisão
formado da vítima, ou até de choques mecânicos e aci- (Art. 88, § 3º, da CFB/88). O policial militar irá liberar
dentes ocorridos com a viatura. o Presidente da República no local e registrar o Bo-
Algemar uma pessoa a um ponto móvel, como uma letim de Ocorrência (BO/REDS), encaminhando-o à
cadeira, uma mesa, ou até a um policial militar ou out- Polícia Judiciária Federal (Polícia Federal), para pos-
ro preso, é uma conduta que não fornece segurança à síveis providências.

153
b) Ministros de Estado: não possuem prerrogativas encaminhando-o à Polícia Federal, sendo os parla-
em relação à prisão em flagrante no cometimen- mentares liberados no local. Os deputados feder-
to de delitos, tendo o mesmo tratamento dos de- ais e senadores são invioláveis civil e penalmente
mais cidadãos. O policial militar deverá, neste caso, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos.
prender o Ministro de Estado e registrar o Bole- Nos casos de prisão em flagrante, os autos serão
tim de Ocorrência (BO/REDS), encaminhando-os à remetidos dentro de vinte e quatro horas à respec-
Polícia Judiciária Federal (Polícia Federal), para pos- tiva Casa (Câmara dos Deputados ou Senado), para
síveis providências. que, pelo voto da maioria de seus membros, resol-
c) Diplomatas: a pessoa do agente diplomátic é in- va sobre a manutenção da prisão.
violável. Não poderá ser preso ou detido (art. 29, b) Deputados Estaduais: serão adotadas as mesmas
da Convenção de Viena). O policial militar irá lib- providências dos deputados federais e senadores,
erar o Diplomata no local e registrar o Boletim de divergindo apenas no encaminhamento do Boletim
Ocorrência (BO/REDS), encaminhando-o Polícia de Ocorrência (BO/REDS) e membro da Casa Legisla-
Judiciária Federal (Polícia Federal), para possíveis tiva, que será feito para a Polícia Judiciária Estadual
providências. (Polícia Civil), e os autos serão remetidos à Assem-
d) Governadores de Estado: enquanto não sobre- bleia Legislativa.
vier sentença condenatória, nos crimes comuns, o c) Vereadores: se o delito praticado pelo vereador
Governador não estará sujeito à prisão (art. 92, § não tiver nenhum vínculo político com sua função
3º, da CE/89). O policial militar irá liberar o Gover- ou for fora de sua circunscrição, o policial militar
nador de Estado no local e registrar o Boletim de deverá prendê-lo, registrar o Boletim de Ocorrên-
Ocorrência (BO/REDS), encaminhando-o à Polícia cia (BO/REDS), encaminhando-o à Polícia Judiciária
Judiciária Federal (Polícia Federal), para possíveis Competente. Os Vereadores gozam de prerrogati-
providências. va em relação à prisão no cometimento de delitos
e) Secretários de Estado: não possuem prerrogativas somente nos casos relacionados com sua função,
em relação à prisão em flagrante no cometimento sendo invioláveis por suas opiniões, palavras e vo-
de delitos, tendo o mesmo tratamento dos de- tos no exercício do mandato e na circunscrição do
mais cidadãos. O policial militar deverá, neste caso, Município. Nos demais casos, recebem os mesmos
prender o Secretário de Estado e registrar o Boletim tratamentos dos demais cidadãos.
de Ocorrência (BO/REDS), encaminhando-os à Polí-
cia Judiciária Estadual (Polícia Civil), para possíveis Membros do Poder Judiciário
providências.
f) Prefeitos: não possuem prerrogativas em relação a) Desembargadores e Juízes Federais: os Mem-
à prisão em flagrante no cometimento de delitos bros da magistratura da União não podem ser
tendo o mesmo tratamento dos demais cidadãos. presos senão por ordem escrita do Tribunal ou do
O policial militar deverá, neste caso, prender o pre- órgão especial competente para o julgamento, sal-
feito e registrar o Boletim de Ocorrência (BO/REDS), vo em flagrante de crime inafiançável, caso em que
encaminhando-os à Polícia Judiciária Estadual (Polí- a autoridade fará imediata comunicação e apre-
cia Civil), para possíveis providências. sentação do magistrado ao Presidente do Tribunal
a que esteja vinculado. O policial militar deverá,
no caso flagrante de crime inafiançável, prendê-
los e registrar o Boletim de Ocorrência (BO/REDS),
encaminhando-os ao Presidente do Tribunal a que
esteja vinculado (Desembargadores ao STJ, Juízes
Federais incluídos os da Justiça Militar ao TRF). Nos
demais delitos (afiançáveis e de menor potencial
ofensivo), será feito apenas o registro do BO/REDS
para possíveis providências, sendo os Magistrados
liberados no local.
b) Juízes Estaduais: serão adotadas as mesmas
providências dos juízes federais e desembar-
gadores, divergindo apenas no encaminhamento
do Boletim de Ocorrência (BO/REDS) e do membro
desta instituição, que será feito para o Tribunal de
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Membros do Poder Legislativo Justiça do Estado.

a) Deputados Federais e Senadores: o policial militar Membros do Ministério Público


deverá, no caso de flagrante de crime inafiançável,
prendê-lo e registrar o Boletim de Ocorrência (BO/ a) Procurador e Promotor de Justiça da União: o
REDS), encaminhando-o à Polícia Judiciária Federal Membro do Ministério Público da União só poderá
(Polícia Federal), para possíveis providências. Nos ser preso por ordem escrita do Tribunal com-
demais delitos (afiançáveis e de menor potencial petente ou em razão de flagrante de crime ina-
ofensivo), será feito apenas o registro do BO/REDS, fiançável, caso em que a autoridade fará imediata

154
comunicação àquele tribunal e ao Procurador-Geral da República, sob pena de responsabilidade. O policial mil-
itar deverá, nos casos de flagrante em crime inafiançável, prender os Membros do Ministério Público da União e
registrar o Boletim de Ocorrência (BO/REDS), encaminhando-os ao Procurador-Geral da República. Nos demais
delitos (afiançáveis e de menor potencial ofensivo), será feito apenas o registro do BO/REDS para possíveis
providências, sendo os promotores liberados no local.
b) Procurador e Promotor de Justiça do Estado: serão adotadas as mesmas providências dos procuradores e pro-
motores de Justiça da União, divergindo apenas no encaminhamento do Boletim de Ocorrência (BO/REDS) e do
membro desta instituição, que será feito para a Procuradoria-Geral de Justiça.

Membros de Órgãos Policiais

a) Membros da Polícia Federal e Rodoviária Federal: o policial militar irá neste caso prendê-los e registrar o Bole-
tim de Ocorrência (BO/REDS). Após a chegada do superior hierárquico do conduzido, será encaminhado à Polícia
Judiciária Competente, para possíveis providências. Não possuem prerrogativas em relação à prisão em flagrante
no cometimento de delitos, tendo o mesmo tratamento dos demais cidadãos.
b) Membros da Polícia Militar Estadual: o policial militar irá neste caso prendê-los e registrar o Boletim de Ocor-
rência (BO/REDS). O militar e o BO/ REDS deverão ser encaminhados, por um superior hierárquico, à Polícia
Judiciária Competente, nos crimes comuns e ao Comandante do militar nos crimes militares, para possíveis
providências. Não possuem prerrogativas em relação à prisão em flagrante no cometimento de delitos, tendo o
mesmo tratamento dos demais cidadãos.
c) Membros da Polícia Civil: o policial militar deverá neste caso prendê-los e registrar o Boletim de Ocorrência
(BO/REDS). Após a chegada do superior hierárquico do conduzido, será encaminhado à Polícia Judiciária Compe-
tente, para possíveis providências. Não possuem prerrogativas em relação à prisão em flagrante no cometimento
de delitos, tendo o mesmo tratamento dos demais cidadãos.

Membros das Forças Armadas

a) Militares do Exército, Marinha e Aeronáutica: o policial militar deverá neste caso prendê-los e registrar o Bo-
letim de Ocorrência (BO/REDS). Após a chegada do superior hierárquico do conduzido da respectiva Força, será
encaminhado à Polícia Judiciária Competente, nos crimes comuns e ao Comandante do militar nos crimes milita-
res, para possíveis providências. Não possuem prerrogativas em relação à prisão em flagrante no cometimento
de delitos, tendo o mesmo tratamento dos demais cidadãos.

Membros da Advocacia

a) Advogado-Geral da União: se o delito tiver vínculo com sua função, o policial militar só poderá prendê-lo em
caso de crime inafiançável ou desacato. Para quaisquer outros crimes, fora do exercício da função, não há pre-
rrogativas. O registro do Boletim de Ocorrência (BO/REDS) e a autoridade quando for efetuada a prisão, serão
encaminhados à Polícia Judiciária Federal (Polícia Federal), para possíveis providências.
b) Advogado-Geral do Estado: serão adotadas as mesmas providências do Advogado-Geral da União, divergindo
apenas no encaminhamento do Boletim de Ocorrência (BO/REDS) e do membro desta instituição, que será feito
à Polícia Judiciária Competente, para possíveis providências.
c) Advogado: serão adotadas as mesmas providências do Advogado-Geral da União, divergindo apenas no enca-
minhamento do Boletim de Ocorrência (BO/REDS) e do membro desta instituição, que será feito à Polícia Judici-
ária Competente, para possíveis providências.

Outras Instituições

a) Guarda Municipal: o policial militar deverá neste caso prendê-los e registraro Boletim de Ocorrência (BO/REDS).
Será encaminhado à Polícia Judiciária Competente, para possíveis providências. Não possuem prerrogativas em
relação à prisão em flagrante no cometimento de delitos, tendo o mesmo tratamento dos demais cidadãos.
b) Agentes Penitenciários: serão adotadas as mesmas providências dos Guardas Municipais.
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155
QUADRO 8 – Procedimentos policiais em ocorrências envolvendo autoridades

Abordagens policiais a grupos vulneráveis

Por grupo vulnerável14entende-se o conjunto de pessoas com características específicas, relacionadas ao gênero, à
idade, à condição social, às necessidades especiais e diversidade sexual. E, por essa razão, podem se tornar mais sus-
cetíveis à violação de seus direitos.
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A vulnerabilidade está na ação de sujeição da pessoa a constante preconceito e discriminação, em razão de sua
condição específica, independente de outros fatores. Nesse conjunto, estão inseridas as mulheres, as crianças e adoles-
centes, os idosos, a população em situação de rua, as pessoas com necessidades especiais e a população de Lésbicas,
Gays, Bissexuais, Transexuais e Travestis (LGBTT).

a) Atuação policial no atendimento à mulher


Em praticamente todas as esferas sociais, a mulher está sujeita a desigualdades por lei e de fato. Esta situação é cau-
sada e agravada pela existência de discriminações, que normalmente se tornam comuns no seio da própria família, na
comunidade e no local de trabalho.

156
A discriminação contra a mulher se mantém por meio O policial militar deve evitar o contato físico com
da sobrevivência de estereótipos (do homem, assim a abordada, principalmente nas partes íntimas,
como da mulher), de culturas tradicionais e de crenças procurando limitar-se a orientá-la quanto aos pro-
prejudiciais às mulheres. cedimentos a serem adotados.
Entende-se por discriminação contra mulheres
qualquer distinção, exclusão ou restrição baseada no b) Atuação policial no atendimento às crianças e
sexo, e que tenha por objetivo ou efeito, comprometer aos adolescentes
ou destruir o reconhecimento, o gozo ou o exercício de Crianças e adolescentes possuem direitos próprios
seus Direitos Humanos e garantias fundamentais, em que estão previstos em diversos instrumentos interna-
qualquer estado social em que se encontrem, e em todos cionais16 e na legislação brasileira. O Estatuto da Criança
os campos da atividade humana (político, econômico, e do Adolescente (ECA), Lei Federal nº 8.069, de 13 de
social, cultural). julho de 1990, dispõe sobre a proteção integral à criança
Entende-se por discriminação contra mulheres e ao adolescente. Em seu artigo 2º considera criança a
qualquer distinção, exclusão ou restrição baseada no pessoa até 12 anos (incompletos) e adolescente, pessoa
sexo, e que tenha por objetivo ou efeito, comprometer ou entre 12 e 18 anos (incompletos.
destruir o reconhecimento, o gozo ou o exercício de seus Ato infracional é a ação tipificada como crime ou
direitos humanos e garantias fundamentais, em qualquer contravenção penal, que tenha sido praticada pela criança
estado social em que se encontrem, e em todos os cam- ou pelo adolescente. São penalmente inimputáveis todos
pos da atividade humana (político, econômico, social, os menores de 18 anos e não poderão ser condenados.
cultural). A criança que incorre em ato infracional deverá ser
Contudo, as especificidades femininas exigem um encaminhada à presença do Conselho Tutelar ou do Juiz
tratamento próprio com as mulheres de forma a respeit- da Vara da Infância e da Juventude, para que seja social e
ar as suas características de sexo, e o policial militar deve legalmente assistida. Na ausência desses órgãos, deverá
realizar uma busca pessoal de forma profissional e efici- ser encaminhada aos pais ou ao responsável legal, que
ente. dará recibo no Boletim de Ocorrência, dirigido ao Juiza-
do da Infância e da Juventude.
Recomendações: O adolescente, em caso de flagrância de ato infracional,
• a abordagem de mulheres pode ser feita por será levado à delegacia de polícia especializada. Na aus-
qualquer policial militar, independentemente do ência desta, deverá ser encaminhado à Delegacia de Polí-
sexo, devendo a busca pessoal ser efetivada con- cia local, onde deverá permanecer separado dos adultos,
forme determina a legislação nacional15, que pre- até que outra medida seja determinada.
screve que a busca em mulher será feita por outra As crianças e os adolescentes têm os mesmos direitos
mulher, “se não importar em retardamento ou e liberdades dos adultos.
prejuízo da diligência”; As regras específicas propiciam proteção adicional
• as mulheres, quando capturadas, serão mantidas aos interesses deste grupo vulnerável.
separadas dos homens capturados (sempre quan-
do houver condições logísticas e de segurança); Recomendações:
• a busca pessoal em mulheres suspeitas de porta- • comunicar, imediatamente, aos pais ou represen-
rem objetos ilícitos deverá ser realizada, preferen- tante legal sobre a apreensão da criança ou ado-
cialmente, por outra mulher profissional de polícia lescente;
ou encarregada de fazer cumprir a lei. Em momen- • manter a atenção às situações que possam impli-
to algum poderá ser convocadas pessoas leigas ou car em risco à integridade física ou mental da cri-
civis, para realizar buscas em caso de suspeição, ança ou do adolescente;
pois, isto colocará em risco a segurança e a integ- • não conduzir crianças e adolescentes em com-
ridade física destas pessoas; partimento fechado da viatura. Contudo, em casos
• não havendo a disponibilidade no grupo que reali- extremos, em que o adolescente apresentar séria
za a abordagem, a guarnição poderá recorrer à re- ameaça à integridade física dos policiais militares,
de-rádio, solicitando apoio de uma policial militar devido a sua compleição física avantajada, com ati-
feminina que possa comparecer ao local e suprir as tudes violentas em resistência à ação policial, e com
necessidades da ocorrência; histórico de atos infracionais violentos, poderá ser
• a busca pessoal feita por homens em mulheres é admitido o uso de algema e condução em com-
uma excepcionalidade. Não deve ser realizada em partimento fechado de veículo policial, visando até
situações operacionais ordinárias, principalmente mesmo a segurança do adolescente. No REDS, de-
em relação à busca completa; verá ser constado e justificado esse procedimento;
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• procedimentos mais simples como solicitar que a • nunca divulgar sem a autorização devida, por qualquer
própria pessoa abra sua bolsa, retire os sapatos, meio de comunicação, o BO/REDS relativo à criança ou
mostre a região da cintura e levante os cabelos, ao adolescente a que se atribua ato infracional;
diminuirá a exposição da mulher; • evitar a exposição da imagem do conduzido con-
• se, em casos extremos, o policial militar precisar forme previsto nos Arts. 17 e 18 do ECA;
realizar uma busca em uma mulher, esta deverá • a busca pessoal será realizada, com segurança,
ser feita com respeito e profissionalismo, em lo- procurando sempre reduzir os constrangimen-
cal discreto e, sempre que possível, na presença de tos, respeitando-se os princípios e as orientações
testemunhas, preferencialmente, do sexo feminino. gerais contidas no ECA.

157
c) Atuação policial no atendimento à diversidade em via pública e a manifestação afetiva entre pes-
sexual soas. As providências policiais caberão apenas no
A diversidade sexual pode ser entendida como o ter- primeiro caso, independentemente da orientação
mo usado para designar as várias formas de expressão da sexual;
sexualidade humana. • o BO/REDS deve ser redigido com o nome de reg-
O cidadão, muitas vezes, tem seus direitos desres- istro da pessoa e o tratamento verbal deve ser feito
peitados pelo fato de ter orientação sexual diversificada. pelo nome social (nome pelo qual a pessoa quer
O policial militar, como promotor de direitos humanos, ser chamada). Uma vez constatado que o fato que
deve lidar com o cidadão, de forma a respeitar sua sexu- gerou a intervenção policial, se deu por motivo de
alidade e a lhe fornecer a devida atenção. intolerância, discriminação ou por homofobia, esse
A heterossexualidade define os indivíduos que têm detalhe deverá ser constado no histórico do BO/
atração por uma pessoa do sexo oposto. Por sua vez, REDS, informando também a orientação sexual ou
a homossexualidade pode ser definida como a atração identidade de gênero da vítima (lésbica, gay, bis-
afetiva e sexual por uma pessoa do mesmo sexo. Ho- sexual, travesti ou transexual) afim de que se possa
mossexuais podem ser masculinos, afeminados ou não; futuramente possibilitar pesquisas e diagnóstics de
femininos, masculinizados ou não. vitimização por seguimento.
Na sociedade encontramos as seguintes definições:
• lésbicas: são mulheres, não necessariamente mas- d) Atuação policial no atendimento a pessoas porta-
culinizadas, que se relacionam afetiva e sexual- doras de necessidades especiais
mente com outras mulheres; O policial militar se aterá aos procedimentos específ-
• gays: são homens que se relacionam afetiva e sex- icos em ocorrências que envolvam portadores de defi-
ualmente com pessoas do mesmo sexo; ciência física e com sofrimento mental, oferecendo-lhes
• bissexuais: são indivíduos que se relacionam sex- encaminhamento adequado para a solução de suas
ual e afetivamente questões.
com pessoas de ambos os sexos; Alguns conceitos técnicos, relacionados a esse públi-
• travestis: pessoa que apresenta sua identidade de co, precisam ser conhecidos, pois auxiliarão o posiciona-
gênero oposta ao sexo designado no nascimento. mento policial na ocorrência:
Ela se diferencia da pessoa transexual, por não ter se • deficiência: é toda perda ou anormalidade de
submetido à cirurgia de readequação sexual; uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou
• transexuais: pessoa que apresenta sua identidade anatômica, podendo ser auditiva, visual, mental,
de gênero oposta ao sexo designado no nascimen- física, neurológica (paralisia cerebral) ou múltipla
to, e que submeteu-se à cirurgia de readequação (tetraplegia, cegueira e surdez);
sexual. • doença: manifestações de falta ou de perturbações
da saúde, moléstia, mal, enfermidade, que podem
No caso das lésbicas, a busca será procedida seguin- ser temporárias (tuberculose e pneumonia) ou de-
do as mesmas recomendações para mulheres. Procedi- finitivas (hanseníase e AIDS);
mento idêntico também será dado no caso das transex- • incapacidade: inclui toda restrição, inaptidão, in-
uais com comprovada retificação de registro civil (nome abilidade ou falta (devido a uma deficiência) de ca-
feminino). pacidade para realizar uma atividade, na forma ou
Em relação aos gays e travestis, o policial masculino na medida em que se considera normal para um
fará a busca pessoal, evitando, sempre que possível, situ- ser humano;
ações de constrangimento. • impedimento: situação desvantajosa para um de-
terminado indivíduo, em consequência de uma
Recomendações: deficiência ou de uma incapacidade, que limita ou
• o cidadão homossexual deve receber tratamento impede o desempenho de determinado papel, le-
respeitoso durante as providências policiais, min- vando em conta circunstâncias como idade, sexo,
imizando possíveis constrangimentos. Ao abordar fatores sociais e culturais.
um homossexual deve-se evitar a reprodução de
preconceitos sociais, como exemplo, proferindo Recomendações Gerais para Portadores de Neces-
a leitura do seu nome de registro, constante na sidades Especiais:
Carteira de Identidade, em voz alta, para outros • durante as abordagens, o policial militar se man-
policiais militares e público presente, ridicularizan- terá atento às questões da segurança, jamais sub-
do-o; estimando a capacidade individual do deficiente
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• o policial militar não deverá coibir manifestações ou o seu envolvimento com outras pessoas na
de afeto entre homossexuais (mãos dadas, beijo ocorrência;
na boca), uma vez que estes atos não configuram • deve-se evitar gracejos ou situações que possam
ações ilícitas e ainda, configuram atos privados da ridicularizar as expressões da pessoa aborda-
vida do cidadão, nos quais não deve haver inter- da, causando-lhe constrangimento ou exposição
ferência; desnecessária;
• é importante balizar a conduta policial, • o abordado deverá ser avisado antes de receber a
relembrando a diferença fundamental entre o busca pessoal, momento em que também será ori-
delito caracterizado por ocorrência de ato sexual entado a manter-se calmo, tendo em vista que lhe

158
serão assegurados todos os seus direitos. Assim, Recomendações quanto a abordagem e busca a
enquanto um policial militar verbaliza e executa a deficientes físicos com restrição de locomoção:
busca, os demais cuidarão da segurança. - ao conversar com um cadeirante (portador de ne-
cessidade especial que utiliza cadeira de rodas),
Recomendações Específicas: em virtude da divergência de altura entre os inter-
locutores e do desconforto que causa no cidadão
• pessoa com deficiência auditiva: olhar por tempo prolongado para cima, o policial
- verificar se a pessoa abordada consegue se co- militar, quando possível, se postará de maneira
municar e compreender o que lhe foi dito. Prestar mais equânime, de forma a tornar mais confortável
atenção nos lábios, gestos, movimentos e nas ex- e diligente a conversa, usando, inclusive, recursos
pressões faciais e corporais da pessoa com quem o como distanciar-se ou abaixar-se;
diálogo está sendo mantido; - caso ofereça ajuda ao cadeirante, o policial mili-
- enquanto estiverem conversando, é prudente que tar não deverá insistir na assistência. Se a pessoa
o policial militar se mantenha em contato visu- aceitá-la, ele próprio informará o que deseja que
al com o deficiente auditivo. Ao desviar seu ol- seja feito a seu favor;
har para outras direções, o policial militar poderá - o cadeirante deverá ser conduzido em “marcha a
emitir uma mensagem ao deficiente, no sentido de ré”, quando auxiliado a descer rampas ou a subir
que a conversa terminará; degraus. A conduta evitará que seu corpo seja pro-
- caso o policial militar tenha dificuldade para en- jetado para frente e venha a cair;
tender o que o deficiente auditivo está falando, - o policial militar somente deverá tocar na cadeira
poderá pedir que escreva o que deseja falar; de rodas, quando seu objetivo for os procedimento
- não se deve iniciar o diálogo sem captar a atenção da busca ou da assistência. Na busca pessoal, a vis-
visual da pessoa. A forma de comunicação tam-
toria deverá abranger, além do corpo, os pertences
bém não deverá ser mudada repentinamente;
e a cadeira de rodas;
- como os deficientes auditivos não podem ouvir as
- diante de fundada suspeita, se necessário, o abor-
mudanças sutis do tom de voz, indicando posturas,
dado poderá ser retirado da cadeira, podendo ser
como sarcasmo ou seriedade, a maioria deles lerá
colocado assentado no banco da viatura. A revista
as expressões faciais, os gestos e movimentos cor-
da cadeira de rodas compreenderá toda a sua estru-
porais para entender o que o policial militar deseja
tura, incluindo forros e o interior de sua estrutura
comunicar.
metálica. Somente após a vistoria na cadeira, o ca-
• pessoa com deficiência visual: deirante, já abordado, será nela recolocado;
- ao guiar uma pessoa cega, o policial militar deixará - se o abordado utilizar muletas ou bengala, o
que ela segure em seu braço, devendo orientá-la policial militar seguirá os mesmos procedimen-
quanto à presença de obstáculos no trajeto, como tos previstos para a abordagem em pessoa sem
degraus, escadas, calçadas e bueiros, dentre outros; deficiência, adaptando as técnicas de acordo com
- estando o policial militar na presença de um defi- a limitação motora e tomando cuidado com pos-
ciente visual, em ambientes fechados ou não, na síveis golpes que ele poderá efetuar, com a própria
iminência de se retirar, deverá informá-lo. Esta é muleta. Há possibilidade de se ocultar objetos
uma atitude cortês que evitará a sensação desa- (drogas, instrumentos perfurocortantes, armas de
gradável de se falar para o vazio e demonstrará re- fogo), no interior das muletas. Assim, é importante
speito pela condição humana do interlocutor; que o policial militar não permita que as muletas
- o policial militar não deve se constranger ao usar sejam apontadas na direção das pessoas envolvi-
palavras como cego, olhar ou veja bem, pois tra- das na abordagem ou próximas à intervenção.
tam-se de vocábulos coloquiais que fazem parte, -
inclusive, da linguagem habitual dos deficientes • pessoa com deficiência mental
visuais; as indicações de direção devem ser claras A deficiência mental caracteriza-se por um funciona-
e específicas, abrangendo inclusive os obstáculos. mento intelectual significativamente abaixo da média,
Como algumas pessoas cegas não têm memória vi- com limitações associadas a duas ou mais áreas da con-
sual, deve-se, ainda, indicar as distâncias em met- duta humana, como comunicação, cuidados pessoais,
ros, com expressões do tipo “a uns vinte metros habilidades sociais, independência na locomoção, dentre
para frente, para a direita, esquerda”. outras. Exemplo: Síndrome de Down, oligofrenia, autis-
mo, algumas psicoses.
• pessoa com deficiência física Existem deficiências mentais que provocam sinais de
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Por questões humanitárias e profissionais, o policial agitação no indivíduo: não consegue se comunicar, não
militar não deve subestimar a capacidade dessas pes- tem noção de perigo e pode se comportar de maneira
soas, principalmente quanto à manifestação intelectiva agressiva. Por isso, é necessária uma avaliação de risco
que mantém nos processos decisórios da vida em socie- cautelosa.
dade.
Motivado pela necessidade de atuação, o policial mil- Recomendações:
itar conciliará em sua abordagem os elementos da técni- - a condução deverá ser feita com muita cautela
ca policial, regida pela segurança, pelo respeito e pela e preparo. Antecipadamente, o policial militar se
solidariedade. certificará da disposição dos recursos humanos e

159
materiais necessários à contenção do deficiente, - sempre que possível, deve-se promover o acom-
precavendo-se de situações em que ele possa se panhamento do idoso por algum membro familiar
machucar ou provocar acidentes, agravando, inclu- ou pessoa indicada por ele;
sive, a ocorrência; - quando houver necessidade da busca pessoal, o
- sempre que possível, a guarnição solicitará a pre- policial militar a executará de modo a evitar con-
sença de equipe técnica da área médica, como en- strangimentos desnecessários;
fermeiros ou médicos do Serviço de Atendimento - prestar informações necessárias ao idoso, a respeito
Médico de Urgência (SAMU), que possuem melhor de sua condução (local, providências).
treinamento e condições técnicas para lidarem
com pessoas nessa situação; f) População em situação de rua
- mesmo com a utilização de força física, proporcio- Por intermédio do Decreto Federal nº 7.053, de 23 de
nal ao agravo, pode ser que o doente não recue dezembro de 2.009, a população em situação de rua foi
ou não sinta dores, devido ao seu estado clínico, oficialmente reconhecida para fins de implementação de
tornando-se ainda mais agressivo. Se o abordado políticas públicas que lhe garanta, sobretudo, a sobre-
estiver agitado ou nervoso, o policial militar, sem- vivência e o desenvolvimento.
pre que possível, aguardará que ele se acalme, an- As diretrizes da Política Nacional para a população
tes de iniciar a intervenção; em situação de rua
- ao fazer a condução a pé, o policial militar redo- dizem respeito à promoção de direitos civis, políti-
brará os cuidados com a travessia de locais que cos, econômicos, sociais e culturais, bem como o direito
ofereçam risco ao doente, como escadas, rampas, dos cidadãos, nessa condição, a terem atendimento hu-
pontes e ruas, para evitar que o indivíduo se lance manizado e universalizado, em face da não referência de
aos obstáculos ou à frente de veículos em movi- moradia.
mento. A população de rua é bastante heterogênea: mis-
turam-se famílias, homens, mulheres, crianças e ado-
• pessoa com paralisia cerebral lescentes, formando diferentes combinações sociais. O
A pessoa com paralisia cerebral anda com dificuldade que todos têm em comum é a luta pela sobrevivência, a
ou simplesmente não anda, podendo, também, apresen- carência ou a precariedade de habitação, além de laços
tar problemas de fala. Seus movimentos podem ser des- familiares fragilizados ou interrompidos.
controlados. Pode, involuntariamente, apresentar gestos As ruas e avenidas são os lugares utilizados por este
faciais incomuns (contrações do rosto). público como dormitório, bem como para realizar as
tarefas afetas ao interior de uma residência. A pessoa que
Recomendações: utiliza o espaço público para pernoite costuma sofrer vi-
- em caso extremo se o policial militar tiver que re- olência também de seus pares, em virtude de disputas
alizar uma busca em uma pessoa com paralisia ce- de territorialidade, de estigma de grupo ou conflitos in-
rebral, no caso de suspeita dela ter sido usada para dividuais, de envolvimento com as drogas, dentre outros
ocultar algum objeto ilícito, esse deverá agir no rit- fatores, dada a dimensão do contexto de rua. Dormir em
mo da pessoa abordada, demonstrar tranquilidade grupo, portanto, representa determinado nível de segu-
e evitar ações bruscas, e seguir as orientações à rança; uma proteção coletiva em relação às enormes ad-
pessoa responsável pelo abordado; versidades que enfrenta pela sua inclusão.
- caso não compreenda o que a pessoa diz, o policial Estar em situação de rua não implica necessariamente
militar pedirá para repetir, sem constrangimentos. estar envolvido com práticas ilegais. O policial militar
deve respeitar essas pessoas, principalmente em razão
e) Atuação policial no atendimento à pessoa idosa do isolamento social, do descrédito e do sentimento de
O Estatuto do Idoso define como pessoa idosa, aque- abandono que adquirem por viverem nas ruas, desenvol-
la com idade igual ou superior a 60 anos. Nele se encon- vendo normalmente o seu trabalho.
tram estabelecidos, com prioridade absoluta, as medidas
protetivas ao idoso. A norma prevê novos direitos e es- Recomendações:
tabelece vários mecanismos específicos de proteção, que - agir com equilíbrio e bom senso, sobretudo nos
vão desde a melhoria das condições de vida até a invio- momentos em que as demandas decorrentes da
labilidade física, psíquica e moral dos idosos. aplicação da lei exigirem condutas mais firmes. O
Nesse enfoque, o Estatuto do Idoso também esta- policial militar deverá ter a consciência de que uma
belece como obrigação da família, da sociedade e do pessoa que vive em condições sociais extrema-
Poder Público, a efetivação de direitos fundamentais da mente precárias apresenta debilidades (deficiên-
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pessoa idosa, como o direito à saúde, ao lazer, à cidada- cia linguística, invisibilidade social, falta de higiene
nia, à vivência com dignidade, incluída aí, principalmente, corporal), que inclusive podem funcionar como
a convivência familiar. barreiras para que recebam tratamento adequado;
- deverá atender e orientar as pessoas desse grupo a
Recomendações: buscarem auxílio, junto aos órgãos competentes de
- nas intervenções em razão de suspeita de prática assistência social;
de delito, o policial militar observará a idade e as - lembrar que, de acordo com a Constituição Fed-
condições de saúde do idoso, e os demais procedi- eral, ninguém será obrigado a fazer ou deixar de
mentos técnicos, previstos neste Manual; fazer alguma coisa senão em virtude de lei. As pes-

160
soas em situação de rua não podem ser obrigadas Recomendações:
a praticar atos que não sejam exigidos por lei e são Em ocorrências que envolvam pessoas ou grupos que
livres para estarem em qualquer local, sem que as se caracterizam por identidade étnica, religiosos ou lin-
suas presenças signifiquem desrespeito à lei; guístics, resguardados os aspectos de fundada suspeita e
- nos atendimentos, o policial militar não permitirá os respectivos fundamentos da abordagem, sempre que
o tratamento desumano ou degradante a esses ci- possível o policial militar deverá:
dadãos, por quem quer que seja; • agir com profissionalismo e bom senso, ao lidar
-ter o cuidado no trato com os objetos pessoais e com situações em que uma pessoa se sinta dis-
com os abrigos improvisados do cidadão aborda- criminada, demonstrando respeito por suas carac-
do, quando a revista for necessária. terísticas;
• considerar que a etnia da pessoa (negra, cigana,
Atuação policial frente às minorias indígena) não determina a suspeição. A condição ét-
nica das pessoas não se confunde com índole crim-
As minorias são grupos de cidadãos, sem posição inosa e não poderá determinar pré-julgamentos.
dominante, dotados de características étnicas, religiosas
ou linguísticas, que os diferem da maioria da população. a) Religiões de Matriz Africana
Neste grupo, observa-se comumente o surgimento A CF/88 informa: “é inviolável a liberdade de consciên-
de “um senso de solidariedade um para com o outro, cia e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos
motivado, senão apenas implicitamente, por vontade co- cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção
letiva de sobreviver, e de conquistar a igualdade com a aos locais de culto e a suas liturgias”. Estão inclusas as re-
maioria, nos fatos e na lei”. ligiões de matriz africana, como o Candomblé, Umbanda
Essas pessoas têm o direito de desfrutar de sua ou outras de manifestação afro-católica, como o Con-
própria cultura, de professar e praticar sua religião, de gado. Elas são assim designadas devido a sua origem,
fazer uso de seu idioma em ambientes privados ou públi- trazidas para o Brasil pelos negros vindos do continente
cos, livremente e sem interferência de quaisquer formas africano, desde o início da colonização portuguesa.
de discriminação. Estas religiões têm sofrido através dos séculos intol-
A discriminação é uma conduta (ação ou omissão) que ob- erâncias e discriminações de todo gênero. Por serem de
jetiva separar ou isolar as minorias do seio de uma sociedade. matriz africana, se tornam referências para a cultura do
Pelo fato do racismo e da segregação social ainda ex- racismo. O Brasil, constitucionalmente, é um país laico
istirem na sociedade, foram necessárias diretrizes legais (não tem religião oficial), por isto, todos têm diretos a
que disciplinassem a matéria. praticar seus cultos religiosos, manifestações ideológicas,
A lei nº 9.459, de 13/05/1997, que alterou a Lei Fed- políticas e culturais, sem intervenções de caráter repres-
eral nº 7.716, de 05 de janeiro de 1989, define os crimes sivo, discriminatório ou jocoso.
resultantes de preconceito e tipifica o crime de racismo, A liberdade de crença religiosa é um direito e o Esta-
adotando três verbos principais: obstar, recusar e im- do tem por obrigação garanti-lo e punir suas violações.
pedir, no sentido de que ninguém seja privado de seus Não há espaço, em um país democrátic, para prática de
direitos em decorrência da cor, da religião, da etnia, da violência e discriminações por motivação religiosa.
língua ou da procedência nacional. Atualmente, o senso popular ainda associa os sím-
Prevendo uma natural aproximação entre a injúria bolos, práticas e ritos sagrados destas religiões a coisas
preconceituosa e o racismo, o policial militar deve ter demoníacas, como possessões de “espíritos malignos”, e
extremo cuidado para que não se equivoque quanto ao causas determinantes de tragédias pessoais. Neste con-
enquadramento legal do crime. Na injúria preconcei- texto, as instituições de segurança pública devem estar
tuosa (racial), o agente pratica o crime quando atribui preparadas para lidar com estes diversos conflitos, prin-
qualidades negativas a alguém, promovendo xingamen- cipalmente os originados da ação discriminatória e pre-
tos e ações dessa natureza, com base nos elementos conceituosa de outros grupos radicais.
de raça, cor, etnia, religião, idade, ou condição física do
ofendido. O racismo, por sua vez, atende diretamente a Recomendações:
vontade do ofensor em segregar socialmente o ofendi- • a intervenção policial, durante uma reunião públi-
do, obstando-lhe os direitos. É um crime imprescritível, ca, deve ser feita com cautela, para não haver con-
inafiançável, cuja ação pública é incondicionada, e que strangimento aos presentes e também para que
atinge diretamente a dignidade da pessoa humana. o policial militar não incorra no delito de pertur-
O policial militar deverá estar certo do alcance e do bação de culto religioso;
poder de ofensividade de ambos os crimes, cujas condu- • o policial militar deverá verificar antes o que está
tas, indubitavelmente negativas e reprováveis, atingem, realmente acontecendo, se inteirando dos fatos
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com frequência, as minorias. perante todos na região, sem proferir juízo de val-
No que se refere a outras comunidades tradiciona- or. Se for apurado perante a própria população lo-
is como ciganos e povos indígenas, reconhecido seu cal que não está ocorrendo delito, a operação deve
organismo social (língua, costumes, religião, crenças e ser encerrada para evitar constrangimentos, comu-
tradições), deve-se considerar que também eles gozam nicando-se o fato, discretamente, ao denunciante,
de direitos fundamentais e, em igual importância, históri- se identificado;
cos, a contar a ocupação dos espaços territoriais que • em caso de denúncia, a intervenção policial, dentro
tradicionalmente os tornou legítimos donos; bens hoje do terreiro, deverá ocorrer de maneira tranquila e,
reconhecidos, demarcados e protegidos pela União. se possível, sem a utilização de farda. O dirigente

161
do terreiro deverá, se possível e no momento ade- • Tenha em mente que a instabilidade emocional
quado, ser cientificado dos fatos. O contato com o pode ser frequente, com apresentação de choro e
dirigente deverá ser em local reservado, longe das risos imotivados. Além disso, pode se apresentar
demais pessoas; alheio à realidade e com pouca, ou nenhuma sen-
• Algumas denúncias são relacionadas a barulho, sibilidade, mostrando-se como uma pessoa fria.
com incômodos aos vizinhos. Também há denún- Por vezes, o abordado terá um olhar perdido, sem
cias de supostos sacrifícios de animais no terreiro, fixação em pontos, ou a demonstração de que está
ou ainda que há agressões físicas entre os partici- assustado ou desconfiado;
pantes. O policial militar deverá intervir caso a de- • alertar para o fato de que a maioria das paranoias
nuncia de sacrifício/maus tratos seja verdadeiro ou decorrentes do consumo de drogas acarreta a ne-
não, verificando se há motivos preconceituosos na cessidade do uso de força;
denúncia e tomando as medidas legais que o caso • compreender que as técnicas de imobilização poli-
requeira. cial, na maioria das vezes, não funcionam, devido
ao seu rebaixamento da crítica e do efeito anestési-
Abordagem a pessoas em surto de drogas co da droga, momento em que não esboça reação
de dor e não atende às ordens emanadas, podendo
O funcionamento do organismo humano pode ser al- precipitar uma reação agressiva, quando da tenta-
terado em razão da interação com substâncias capazes tiva de controle físico.
de provocar alterações fisiológicas ou comportamentais.
Essas modificações variam de acordo com cada pessoa, TRATAMENTO ÀS VÍTIMAS
com o tipo de droga, o ambiente de consumo, a via de
administração e a dose da substância ingerida, com a ex- As ciências que estudam o ato delituoso (como a
pectativa almejada pelo usuário, dentre outros fatores. criminologia e o direito penal) inicialmente não perce-
Graus de intoxicação elevados, via de regra, possibili- biam a importância da vítima como objeto de estudo.
tam perturbações do nível de consciência, da capacidade A ênfase maior de tais disciplinas era dada à pena e ao
cognitiva, da percepção, do juízo crítico, do afeto, do delinquente. Na atualidade, as vítimas já conquistaram a
comportamento ou de outras funções e reações psicofi- atenção destas ciências, e o seu comportamento e ati-
siológicas, elementos essenciais a serem considerados tudes são temas constantes de pesquisaw.
quando da abordagem policial ao consumidor de dro- Seguindo essa lógica, as vítimas também não po-
gas, pois interferem na avaliação de risco e uso difer- dem ser desconsideradas pelos organismos policiais. É
enciado de força. Nesse sentido, evidências científicas necessária a conscientização dos profissionais de segu-
indicam que a ingestão de drogas perturbadoras, de- rança pública que o tratamento inadequado pode gerar
pressoras ou estimulantes, como o álcool e os derivados a violação e o desrespeito aos Direitos Humanos, o que
da cocaína, podem desencadear atos ilícitos. resultaria em uma nova violência.
A Declaração das Nações Unidas sobre os Princípios
Recomendações: Fundamentais de Justiça Relativos às Vítimas da Criminal-
• compreender que o consumo de drogas pode idade e do Abuso do Poder é o instrumento internacional
provocar alterações na percepção do mundo: o que oferece orientação sobre a proteção e a reparação a
tempo e o espaço passam a ter uma dimensão dif- essas pessoas. Para este documento, vítimas são todas as
erente, estímulos visuais e auditivos são criados pessoas que, individual ou coletivamente, tenham sofri-
(alucinações) ou se apresentam de maneira dis- do prejuízo ou atentado à sua integridade física ou men-
tinta; tal, sofrimento de ordem material, ou grave atentado aos
• colher o máximo de informações referentes ao seus direitos fundamentais, como resultado de ações ou
histórico pessoal do consumidor de drogas, caso omissões violadoras da legislação instituída pelo Estado.
possível, com os familiares e/ou conhecidos, no Devido à prioridade que é dada à captura do autor
que se refere aos surtos do abordado; do delito, muitas vezes, a atenção à vítima é colocada
• avaliar o grau de consciência e o potencial de em segundo plano pelo policial, deixando-a sem apoio,
agressividade. Ao identificar a pessoa a ser abor- informações ou esclarecimentos.
dada, ela pode se apresentar com a fala, os As vítimas, ao requererem a presença policial, criam
pensamentos, emoções e percepções confusas. uma expectativa de conforto, de reabilitação do equilíbrio
Demonstram desorientação e desvinculação com emocional e de solução do problema e, por isso mesmo
o mundo externo, como se estivessem psiquica- esperam uma atuação positiva por parte da Polícia.
mente ausentes. O estado emocional pode, ainda, É neste sentido que o policial militar deve,
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mudar bruscamente; primeiramente, conscientizar-se da importância de


• Observar a fala do abordado. O primeiro indicativo seu papel como mediador do conflito e se preparar
de interação com substâncias psicoativas e de que profissionalmente para dar um atendimento diferenciado
pode haver uma reação inesperada, se relaciona à à vítima e ao autor do delito.
fala da pessoa. Há necessidade de que as perguntas Medidas como informar sobre serviços sociais de
sejam repetidas várias vezes pelo policial militar, atendimento à vítima, existentes no município (serviços
em razão da dispersão da atenção do abordado. de atendimento psicossocial, jurídico, grupos de ajuda e
Pode ser muito difícil engajar o usuário numa con- de orientação, abrigos, entre outros), complementam o
versação normal; atendimento policial. A orientação e o encaminhamento

162
da vítima e de seus familiares para esses serviços podem • Na audição da vítima, que se encontra sob forte
ajudar a diminuir o seu sofrimento e a prevenir novos impacto psicológico, decorrente de fato violento, o
episódios. policial militar deve permitir que ela fale livremente
A Lei Estadual nº 13.188, de 20 de janeiro de 1999, sobre o evento que ensejou a intervenção policial
dispõe sobre a proteção, o auxílio e a assistência às víti- evitando-se, quando possível, tratar de detalhes
mas de violência no Estado, elencando, ainda, outras que possam aumentar o constrangimento. Deve
providências sobre a matéria. ouvir de maneira cuidadosa e respeitar os limites
O seu artigo 1 º determina que o Estado ofereça da vítima, inclusive a dificuldade em relatar os fa-
proteção, auxílio e assistência às vítimas de violência, por tos e sentimentos.
meio dos órgãos ou das instituições competentes. • Deve-se resguardar a vítima dos populares, da
Já o artigo 3º, informa que a proteção, o auxílio e a imprensa, como forma de preservá-la diante do
assistência previstos no artigo 1º da Lei consistem em: acontecido.
I -colaborar para a adoção de medidas imediatas que • Sempre que possível, a medida de localização e
visem a reparar os danos físicos e materiais sofridos prisão dos infratores deverá ser tomada por out-
pela vítima; ra equipe de serviço, utilizando-se de informações
II - acompanhar as diligências policiais ou judiciais, es- obtidas pela vítima, por solicitantes, testemunhas
pecialmente quando se tratar de crime violento; ou denunciantes.
III - elaborar e executar plano de auxílio e de manu-
tenção econômica para as vítimas, testemunhas e seus
FIQUE ATENTO!
familiares que estiverem sofrendo ameaças e necessi-
tam de transferência temporária de residência; Policiais femininos podem ter mais acessi-
IV -pagar as despesas de sepultamento da vítima de bilidade à vítimas mulheres ou crianças, o
que trata o inciso I do art. 2º, se do ato de violência que as tranquilizará de forma mais imediata
resultar a morte; e facilitará a aproximação e o atendimento
V -proporcionar alimentação para lesionados com di- policial.
ficuldades econômicas e seus dependentes, enquanto
durar o tratamento;
VI -apoiar programas pedagógicos para readaptação • Habitualmente, as vítimas manifestam medo, inse-
gurança, desconfiança, dor, vergonha, incerteza ou
social ou profissional da vítima. (Alterado pela Lei
culpa, além de apresentar possíveis lesões físicas.
15475, de 12/04/2005)
Diante desse quadro, ela será acolhida e orientada
VII - criar programas especiais organizados nos ter-
de maneira especial. No caso de violência sexual
mos da Lei Federal n° 9.807, de 13 de julho de 1999.
contra pessoa adulta, deverá ser respeitada sua
§ 1º Em se tratando de vítima de crime tipificado nos
opinião, quando houver recusa em prosseguir com
arts. 130 e 213 a 220 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7
as providências policiais.
de dezembro de 1940, que contém o Código Penal, os
exames médicos periciais que se fizerem necessários
serão realizados em hospital público ou hospital
FIQUE ATENTO!
particular conveniado com o poder público, onde a
vítima terá direito a assistência médica e psicológica. Nos casos em que houver necessidade de
(BRASIL, 1999). socorro médico às vítimas, este deve ser
priorizado em relação a qualquer outro pro-
Um atendimento adequado e atencioso poderá min- cedimento policial.
imizar os efeitos violentos decorrentes do crime e facil-
itará, significativamente, a administração da ocorrência. • Durante a identificação de possíveis autores do
Nos itens a seguir, sugere-se orientações e verbal- delito, o policial atentará para que a vítima não
izações para balizar esse atendimento. seja exposta, evitando que autor e vítima tenham
contato, devendo o reconhecimento ser feito de
Procedimentos com vítimas em locais de ocorrên- maneira reservada e em momento oportuno.
cia • Lembre-se que as testemunhas também poderão
se tornar vítimas e se sentirem ameaçadas pelo(s)
• No ambiente de intervenção, o policial militar deve agressor(es). Portanto, deve-se adotar as mesmas
tranquilizar a vítima e demonstrar preocupação providências que foram propostas para o caso de
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com sua situação física e psicológica. Sugerem-se identificação do autor por parte da vítima.
os seguintes diálogos de verbalização:
“_ Minha preocupação agora é com você (o sen-
hor).
Você (o senhor) tem lesões aparentes? Necessita
de atendimento médico? Você (o senhor) gostaria de
falar sobre o ocorrido? Não se preocupe, pois outros
policiais de nossa equipe já estão procurando o agen-
te do crime para prendê-lo.”

163
mento, hospitais de referência para violência sex-
FIQUE ATENTO! ual, Delegacias Especializadas, Defensoria Pública,
O registro da ocorrência (BO/REDS) ou da dentre outros).
notícia crime deverá ser feito preferencial- • Vários são os órgãos que podem cooperar com
mente em local seguro e privado, principal- o trabalho da Polícia Militar: conselhos tutelares,
mente quando se referir a crimes sexuais, programas de atendimento às mulheres vítimas de
ocasião em que a vítima estará fragilizada violência, conselhos de direitos humanos, consel-
e exposta psicologicamente. hos dos portadores de deficiência física, de idosos,
negros, dentre outros. São espaços de cidadania
habilitados a oferecer serviços que asseguram o
• A atenção à vítima somente se encerrará no mo- exercício dos direitos das vítimas e dos familiares
mento em que todos os procedimentos policiais de vítimas de crimes, e que são eficazes na pre-
estiverem completos. A guarnição, diante de cir- venção e no combate à violência e à impunidade,
cunstâncias tais como a vítima não possuir meios bem como na promoção da cidadania.
para voltar para o domicílio, estar despida, se encontrar
em horário e local de risco ou temer nova agressão, Em geral, essas instituições se ocupam de atividades,
poderá conduzi-la ou acompanhá-la para sua residên- como:
cia ou para local estabelecido por ela, mediante con- • prestação de atendimento interdisciplinar (psi-
tato com a Coordenação Operacional da fração e au- cológico, jurídico e social) a vítimas de crimes vio-
torização do Comandante do turno de serviço. lentos graves e aos familiares;
• Dependendo da situação avaliada pela equipe, os • identificação dos perfis da violência criminal urba-
policiais militares precisarão ser incisivos, para for- na e das formas de prevenção;
necer segurança à vítima. • identificação e redução dos efeitos traumáticos
“ P a r a termos certeza de que você (o senhor) es- provenientes da violência sofrida pelas vítimas e
tará seguro, vamos acompanhá-lo até a sua casa.” por suas famílias;
Ou, • atuação como auxilio na ruptura de ciclos e códi-
“_Você (o senhor) será levado para casa em nossa gos de violência;
viatura, para termos a certeza de que estará seguro.” • apoio à inserção da vítima no processo penal, ga-
• Após a chegada na residência da vítima ou outro rantindo-lhe acesso à Justiça;
local indicado por ela, o policial militar deverá cer- • apoio e orientação, quanto a direitos e deveres,
tificar-se de que tudo esteja bem, porém evitará àqueles que podem contribuir como testemunhas
entrar. Na hipótese da vítima solicitar a presença para a realização da justiça.
policial no interior da casa para, por meio de uma • atuação no combate e/ou minimização dos efeitos
vistoria, verificar se há algo suspeito, o procedi- da vitimização, por meio de capacitação dos agen-
mento será realizado na presença da própria víti- tes do Estado e demais profissionais.
ma e, preferencialmente, de testemunhas, para a
defesa posterior de possíveis reclamações. O Núcleo de Atendimento as Vítimas de Crimes Vio-
• É importante que o policial militar entenda que lentos (NAVCV), por meio de um programa federal e es-
esta vítima está emocionalmente fragilizada. tadual, presta apoio jurídico, psicológico e social gratuito
Logo, ele deve manter uma postura profissional e aos familiares e às vítimas de homicídio, de latrocínio e
acolhedora, mas evitar o excesso de intimidade e crimes sexuais.
proximidade com esta pessoa. No caso de atendimento de familiares de vítimas fa-
• Antes de se retirar do local, o policial militar tran- tais, o policial militar poderá aplicar os mesmos proced-
quilizará a vítima, informando que terá todo o apo- imentos definidos para atendimento às vítimas, naquilo
io necessário e, se for preciso, poderá acionar uma que couber. Estas pessoas são indiretamente afetadas
equipe policial por meio do 190. pelo cometimento do crime, que envolve normalmente
• Os casos de violência doméstica devem ser trata- alto grau de comoção.
dos de forma diferenciada. Violência doméstica
e familiar contra a mulher é qualquer ação ou
omissão baseada no gênero que lhe cause morte,
lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e
dano moral ou patrimonial. A vítima deverá ser ori-
entada quanto aos seus direitos, medidas proteti-
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vas e de possíveis locais ou órgãos de apoio e, se


possível, que procure abrigo em casa de parentes
ou amigos.
• A orientação quanto aos direitos legais proporcio-
na o acesso à justiça ao vítimado e à sua família,
bem como a responsabilização do agente infrator.
É recomendado que o policial militar conheça as
instituições para o encaminhamento e atendimen-
to inicial das vítimas (hospitais de pronto atendi-

164
LOCAL DE CRIME coisas até a chegada dos Peritos, que poderão instruir
seus laudos com fotografias, desenhos ou esquemas
É o espaço onde tenha ocorrido um ato que, elucidativos.
presumidamente, configure uma infração penal e Parágrafo Único: Os Peritos registrarão no Laudo, as
que exija as providências legais por parte da polícia. alterações do estado das coisas e discutirão no rela-
Compreende, além do ponto onde foi constatado o tório, as consequências dessas alterações na dinâmica
fato, todos os lugares em que, aparentemente, os atos dos fatos.
materiais, preliminares ou posteriores à consumação do
delito, tenham sido praticados. • local inidôneo: é aquele que foi violado, que sofreu
O local de crime é fundamental para a investigação alguma alteração após a ocorrência dos fatos delituosos.
criminal. Ele fornece elementos relevantes para con-
cretizar a materialidade do delito e chegar à autoria. Prova

Classificação do Local de Crime e Conceitos Correla- Tudo que demonstra a veracidade de uma proposição
tos ou a realidade de um fato. Na criminalística, existem as
provas objetivas e as subjetivas.
A Criminalística apresenta uma classificação própria • Prova Objetiva: tem por base os vestígios encon-
do local de crime. Para a atividade policial-militar desta- trados nos locais de crime, que são interpretados
cam-se as seguintes: pelos Peritos, por meio dos exames. Exemplo: lau-
a) Consoante à natureza: do pericial.
Pode ser de homicídio, infanticídio, suicídio, atropela- • Prova Subjetiva: tem por base as informações col-
mento, incêndio, afogamento, furto, roubo, arrom- hidas da vítima, das testemunhas ou de qualquer
bamento, dentre outros. pessoa relacionada com o fato. Exemplo: boletim
de ocorrência (BO/REDS), expedido pela Polícia
b) Consoante ao lugar do fato: Militar.
• local interno: área compreendida por ambiente
fechado, que preserva os vestígios da ação dos O boletim de ocorrência (BO/REDS) é um documento
fenômenos da natureza. Ex.: Interior de residências, que necessariamente será lavrado nas intervenções poli-
interior de veículos, galpões, dentre outros; ciais, descrevendo os fatos ocorridos no local do delito e
• local externo: área não restrita, e que não preserva materializando a presença policial. O boletim formaliza
os vestígios da ação dos fenômenos da nature- a comunicação ao poder público de que determinada
za. Trata-se de áreas abertas, como ruas, rodovias, situação requer providências, quer seja pela superveniên-
praças, estradas, matagal, beira de rios, dentre out- cia de ações criminosas ou de outros fatos que ofereçam
ros; riscos à sociedade.
• local imediato: é a área exata onde ocorreu o fato Por esse registro, a equipe de Polícia Judiciária extrai-
ou o crime; rá as primeiras informações do fato criminoso, formando
• local mediato: são as adjacências; os pontos e áreas as primeiras imagens e abstraindo as primeiras idéias que
de acesso ao local do crime. Ex.: corredores, ambi- subsidiarão uma linha de ação. É de suma importância
entes ao redor de cômodos, jardins, estradas, tril- que os primeiros policiais militares que chegarem ao lo-
has, dentre outros; cal do crime descrevam o cenário (vítima, instrumentos,
• locais relacionados: são as áreas que podem vestígios, testemunhas), da forma mais autêntica e detal-
apresentar conexão com o fato criminoso e, por hada possível, para que esses elementos não se percam
isso, oferecer pontos comuns de contato (vestí- com tempo.
gios) a serem observados. O exame de corpo de delito é outro instrumento de
coleta de provas, imprescindível para a elucidação dos fa-
c) Consoante ao exame tos. O Código de Processo Penal (CPP) determina em seus
local idôneo: é aquele que não foi violado, que não artigos 158 e 167 que:
sofreu nenhuma alteração desde a ocorrência do Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será in-
fato. dispensável o exame de corpo de delito, direto ou in-
O artigo 169 do CPP discorre sobre as providências direto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.
policiais a serem tomadas, imediatamente, no local (...)
de crime. De sua interpretação, vale lembrar que Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de de-
o primeiro policial que chegar ao local terá a re- lito, por haverem desaparecido os vestígios, a prova
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sponsabilidade inadiável de preservá-lo, devendo testemunhal poderá suprir-lhe a falta (BRASIL, 1941).
recorrer, inclusive, a todos os meios necessários
para que o estado das coisas não seja alterado até
que a perícia técnica assuma seu trabalho na ocor-
rência.

Art. 169 - Para o efeito de exame do local onde houver


sido praticada a infração, a autoridade providenciará
imediatamente para que não se altere o estado das

165
obtidas por meio da avaliação de risco, da análise do
FIQUE ATENTO! cenário feita a partir do pensamento tático e da obser-
De acordo com o art. 167 do CPP, se no local vação e identificação dos locais mediatos, imediatos e
do crime não forem encontrados vestígios, a relacionados.
descrição dos fatos pelas testemunhas arro- A segunda etapa, plano de ação, consiste na decisão,
ladas no Boletim de Ocorrência poderá ser a acerca das atribuições de cada policial, dos métodos e
única prova do ato delituoso. procedimentos para alcançar objetivos do efetivo isol-
amento e proteção do local. Os policiais militares, tra-
balhando em equipe, devem ter atitudes coerentes entre
si, fruto de uma mesma avaliação de risco e uso diferen-
É importante distinguir os seguintes elementos: ciado de força caso seja necessário empregá-la. É impre-
• evidência: é o vestígio que, após analisado pela scindível considerar os dados que subsidiaram o diag-
perícia técnica e científica, possui relação com o nóstico, os fundamentos para o isolamento e os recursos
crime; disponíveis (pessoas e equipamentos). O plano de ação
• vestígio: é todo objeto ou material bruto, suspeito deve ser elaborado de forma simples e verbal, ou exigir
ou não, encontrado no local de crime e que deve ser maior estruturação, conforme a avaliação da complexi-
recolhido e resguardado para exames posteriores; dade do local.
• indício: é todo vestígio cuja relação com a vítima O policial militar, para elaborar o plano de ação, precisa
ou com o suspeito, com a testemunha ou com responder às seguintes perguntas:
o fato, foi estabelecida. É o vestígio classificado • Por que estamos isolando este local?
e interpretado, que passa a significar uma prova • Quem, ou o que iremos isolar e proteger?
judiciária. • Onde se dará o isolamento?
• O que fazer?
São exemplos de vestígios considerados importantes • Como atuar?
para a elucidação do crime: manchas diversas (sangue, • Qual a função e posição de cada policial?
saliva, sêmen, vômito), substâncias orgânicas, cabelos, • Quando iniciar o isolamento?
impressões digitais, marcas de calçados ou pés, doc- • Qual material necessário?
umentos (manuscritos, datilografados, desenhados),
resíduo de explosivo, explosivos, armas, munições, fibras, A terceira etapa, execução, é a ação propriamente
tecidos, objetos de vidro, líquidos, metais, marcas de dita, resultante das fases anteriores. Consiste na aplicação
tintas, plásticos, gesso, escombros, concreto, argamassa, prática do plano de ação, bem como da adoção de
cordas, linhas, cordões, pneus e suas marcas, ferramentas medidas decorrentes do próprio isolamento e o registro
e suas marcas, material tóxico, veículos, fios, cabos, ma- do fato em BO/REDS.
deira, dentre outros. O policial militar, ao chegar, deve dar atenção a
Antes de adotar os procedimentos no local de crime o tudo que estiver presente no local de crime, sem fazer
policial militar deverá diferenciar isolamento de proteção: qualquer juízo de valor. A preservação deverá ser realiza-
• isolamento: é a delimitação da área física, interna
da por meio do isolamento e proteção de forma efetiva
e externa do local de crime, por meio de recursos
para que as pessoas não tenham acesso a ele, evitan-
visíveis, tais como cordas, fitas zebradas e outros,
do-se que vestígios sejam modificados ou destruídos,
cuja finalidade é proibir a entrada de pessoas não
antes de seu reconhecimento. Em princípio, tudo que es-
credenciadas no local de crime;
tiver no local é importante.
• proteção: consiste em impedir que se altere o es-
tado das coisas, visando à inalterabilidade das pro-
A preocupação inicial da guarnição será com o socor-
vas.
ro à vítima e com a segurança dos envolvidos. Também
Procedimentos no local de crime deve se atentar ao fato de que o autor do delito poderá
permanecer nas imediações. Além disso, em decorrência
A conscientização dos policiais militares e da so- do crime, o local poderá ser alvo de manifestações e da
ciedade é fundamental para a conservação do local de comoção social.
crime. Qualquer alteração nesse ambiente prejudicará os O policial militar, que normalmente é o primeiro a
trabalhos periciais, a investigação policial e, consequen- chegar, deverá providenciar para que não se altere o es-
temente, a elucidação do fato. tado e conservação das coisas21, isolando o local, até a
Os policiais militares, ao serem acionados para at- chegada dos peritos criminais.
DOUTRINA OPERACIONAL

uarem em um local de crime, obedecerão às etapas da O local a ser isolado deverá abranger todos os vestí-
intervenção policial, razão pela qual é necessário, inicial- gios visualizados numa primeira observação, além de
mente, fazer um diagnóstico para elaborar um plano áreas adjacentes que possam ter relação com o crime.
de ação e, só então, efetuar o isolamento do local (ex- Exemplo: em um local de homicídio, com uma vítima caí-
ecução). A avaliação é pertinente em qualquer tipo de da no chão de um dormitório, não basta isolar apenas
intervenção. o quarto. O local do crime deve ser considerado como
Quanto à sequência das três etapas anteriores, temos a casa inteira (garagem, passeio e outros) e a rua em
inicialmente o diagnóstico, que será elaborado a par- frente, já que não se sabe onde poderão ser encontrados
tir das informações sobre o motivo e o local de crime, vestígios relacionados ao delito. Vale lembrar que esses

166
locais não se restringem às ocorrências com homicídios h. prender o criminoso. Caso não seja possível, cole-
provocados por armas brancas ou de fogo, tentados ou tar informações sobre o autor e divulgá-las para os
consumados. demais policiais militares de serviço;
A avaliação é a última etapa e consiste em um feed- i. observar todas as imediações para definir os limi-
back das condutas individuais e do grupo, os resultados tes de isolamento, podendo abranger trechos de
alcançados e as falhas notadas em cada intervenção de- ruas, ou quarteirões (quadras) e estabelecimentos
vem ser, posteriormente, discutidas e analisadas. Pos- comerciais que tenham relação direta com o crime;
síveis correções devem ser apresentadas, visando aper- j. isolar a área, onde se deu os acontecimentos, us-
feiçoar as competências profissionais para um eventual ando fitas zebradas. Na ausência desse material,
novo isolamento e proteção do local de crime. poderão ser utilizados materiais alternativos, como
Como forma de ilustrar procedimentos policiais nos arames, cavaletes, cones, cordas, cabos de aço ou out-
locais de crime, este Caderno exemplificará cenas de uma ros meios disponíveis, sendo que ninguém poderá
ocorrência de homicídio em via pública. se deslocar dentro da área isolada, antes do trabalho
Ao chegar ao local de crime, o policial deverá: periciais;
a. saber que o público normalmente desconhece a
importância da preservação dos vestígios no local
de crime, e poderá tê-lo alterado;
b. adentrar em linha reta, ou pelo menor trajeto pos-
sível, enquanto os demais policiais militares cui-
darão da segurança. Somente quando se tratar de
área de risco, poderá e será necessária a entrada de
mais de um ao mesmo tempo;
c. verificar os sinais vitais da vítima;

k. afastar as pessoas, sinalizar, desviar e controlar o


trânsito de veículos e de pedestres;
l. fazer anotações e croquis para facilitar a redação do
texto do Boletim de Ocorrência (BO/REDS);
m. arrolar testemunhas do delito;
n. preservar armas ou outros instrumentos vincula-
dos ao crime;
o. impedir que a posição dos objetos ou de coisas seja
modificada. Tratando-se de locais fechados, man-
d. priorizar o socorro da vítima;
ter portas, janelas, mobiliários, eletrodomésticos,
e. em caso de óbito, evitar mexer na vítima (to-
utensílios, tais como foram encontrados. Deve-se
car, remover, mudar sua posição original, revi-
evitar, por exemplo, abrir ou fechar, ligar ou desli-
rar bolsos, tentar identificá-la). A identificação
gar quaisquer objetos; usar aparelhos de telefonia
é responsabilidade da perícia criminal, salvo se
(fixa ou móvel), sanitários ou lavatórios, e demais
houver a efetiva necessidade da guarnição de
recursos disponíveis no local), salvo o estritamente
preservar materialmente a vítima ou seus docu-
necessário para conter riscos;
mentos em caso de mudança de tempo (chuva,
enchente), com possibilidade de lavagem de man- p. Posicionar-se fora da área isolada, prosseguir com
chas e arrasto do corpo, ocorrência de incêndio, a vigilância, preser vando os vestígios até a chega-
DOUTRINA OPERACIONAL

ou outras ações que possam fugir do controle dos da dos peritos criminais;
policiais; q. transmitir as informações já obtidas à equipe de
f. Realizar constantemente a observação e o controle Polícia Judiciária ou a quem for pertinente, procu-
visual, para verificar se há segurança na atuação rando interagir com os diversos órgãos que com-
policial; põem o Sistema de Defesa Social;
g. Quando necessário, retornar lentamente, pelo r. em caso de suspeita de alteração do local de crime,
mesmo trajeto feito na entrada, observando outros identificar o(s) possível(eis) causador(es), registrar
detalhes dentro daquela área; tal situação no BO/REDS e avisar aos peritos que
comparecerem ao local;

167
s. acompanhar os trabalhos dos peritos, anotando e y. liberar o local após encerrados todos os trabalhos
conferindo o material apreendido, visando constar periciais, e na ausência da perícia, somente após o
todos os dados no Boletim de Ocorrência (BO/REDS); recolhimento dos objetos;
z. dar atenção especial aos familiares em casos de ví-
timas fatais, que poderão reagir de forma agressiva
ou tentar invadir o local de crime. Esta considera-
ção decorre do estado emocional provocado pela
perda de uma pessoa querida. Os policiais militares
deverão assisti-los de forma profissional, enten-
dendo o momento que estão passando.

FIQUE ATENTO!
A ordem dos procedimentos poderá ser
alterada, dependendo da prioridade obser-
vada no momento da intervenção policial.
Exemplo: em alguns acidentes de trânsito, a
prioridade é sinalizar a via para evitar agra-
vamento da ocorrência ou o surgimento de
novas vítimas e, somente após resguardar a
segurança, procede-se a assistência neces-
sária aos envolvidos e o isolamento

t. avisar ao responsável pelo exame pericial sobre possí- Cadeia de Custódia de Vestígios
veis vestígios deixados por terceiros que adentra-
ram ao local de crime (por necessidade ou equivo- É um modelo utilizado nas mais variadas áreas
cadamente), para que os peritos não percam tempo
do conhecimento, que tem como preocupação a
analisando vestígios ilusórios.
manutenção, no âmbito judicial, da qualidade das provas
u. proibir que repórteres e fotógrafos acessem o local de
coletadas. Seu objetivo é garantir a identidade e integri-
crime, antes da realização dos trabalhos periciais, expli-
dade das provas até seu destinatário final.
cando-lhes a necessidade de manter os vestígios pre-
Uma das principais dificuldades encontradas para
servados e que será garantida a liberdade de imprensa
a elucidação de determinados fatos e comprovação da
após resguardada a prioridade do serviço pericial;
conduta criminosa praticada pelo agente é o levanta-
v. prestar informações à imprensa de forma objetiva so-
bre os fatos; mento eficiente de provas que estejam preservadas e
tenham idoneidade comprovada. A falta de integridade
desse material pode comprometer o processo de conhe-
cimento criminal.
Nesse contexto, a Cadeia de Custódia de Vestígios é
usada para manter e documentar a história cronológi-
ca da evidência, para rastrear a posse e o manuseio da
amostra a partir do preparo do recipiente adequado
(quando necessário), da coleta, do transporte, do rece-
bimento, do armazenamento e da análise, fazendo sua
ligação direta com a infração penal cometida. Ela é us-
ada para registrar as informações no local da coleta das
provas, no laboratório de análises e também das pessoas
que manusearam a amostra.
Assim, apesar desse trabalho ser destinado prioritar-
iamente à polícia Judiciária, mais precisamente ao perito
criminal, outras pessoas, mesmo que por curto período
de tempo, podem eventualmente serem responsáveis
pela coleta e controle dessas provas, como é o caso dos
DOUTRINA OPERACIONAL

profissionais da área de saúde e também dos policiais


militares que posteriormente conduzirão essas provas
para a autoridade competente.
x. caso a perícia não seja realizada, proceder à apre- Os responsáveis pela coleta das provas devem desen-
ensão dos materiais encontrados, na presença de volver um trabalho em equipe, preferencialmente, con-
testemunhas, relacionando-os no BO/ REDS, para forme programa previamente estabelecido e acordado
encaminhamento ao delegado de polícia, (Cadeia pelas Instituições envolvidas, com conscientização e tre-
de Custódia de Vestígios - Ver item 4.9.7.4 deste inamento sobre as suas respectivas responsabilidades.
Manual);

168
Tal responsabilidade dos profissionais envolvidos na A seção 2 introduz o tema por meio da conceitu-
Cadeia de Custódia de Vestígios não tem apenas uma impli- ação de blitz policial e disingue seus diferentes níveis
cação legal, mas também moral, na medida em que o desti- em função dos objetivos, e as categorias, com base na
no das vítimas e dos réus depende do resultado da perícia. estrutura logística e no aparato policial necessários para
cada sitação, bem como os respectivos procedimentos
operacionais.
Na seção 3, são apresentadas as variáveis que devem
CADERNO DOUTRINÁRIO 3 - BLITZ PO- ser consideradas na fase de planejamento de uma blitz
LICIAL. APROVADO PELA RESOLUÇÃO Nº policial além de orientações e procedimentos impor-
4116, DE 08/11/10, PUBLICADA NO BGPM tantes que devem ser observados em sua execução, a
Nº 87, DE 25/11/10 - MANUAL TÉCNICO- saber: descrição das funções e responsabilidades de
-PROFISSIONAL Nº 3.04.03/13-CG. (PUBLI- cada integrante envolvido na operação; orientações para
CADO NA SEPARATA DO BGPM Nº 63, DE a montagem do dispositivo, em função de suas difer-
22/08/13). entes categorias; embasamento legal para realizar a busca
veicular; recomendações para atuar em caso de evasão
da blitz pelo condutor, e a forma correta de empregar a
APRESENTAÇÃO arma de fogo.
A seção 4 aborda o tema verbalização policial apli-
O policial militar representa o Estado, sendo a ele ou- cada às operações dessa natureza, enfatizando a im-
torgado poder legal para agir por meio de intervenções portância do processo da comunicação para o alcance
voltadas para a promoção, a prevenção e a repressão em dos objetivos pretendidos. Considerações teóricas são
segurança pública. A sociedade que legitima esse poder complementadas por sugestões de diálogos diante dos
espera, em contrapartida, ética, legalidade e competên- diversos tipos de comportamento do abordado e em
cia nas ações desses profissionais. situações específicas de abordagem a autoridades.
O escopo doutrinário apresentado no álbum Prática Os conteúdos tratados nas seções anteriores são re-
Policial Básica objetiva fornecer respaldo à prática profis- tomados na seção 5, considerando algumas situações
sional e, por isso, é ponto norteador das ações e oper- peculiares que podem ocorrer no decorrer de operações
ações desencadeadas pelos policiais. Este Manual Técni- policiais militares do tipo blitz, tais como abordagem a
co-Profissional 3.04.03 - Blitz Policial é o resultado de motocicleta (tipo de intervenção que vem ganhando
uma construção teórica, elaborada a partir de laboriosa cada vez mais destaque no cotidiano operacional) e blitz
pesquisa e estudos do cotidiano operacional. noturna.
Embora as operações do tipo blitz sejam frequente- E, por fim, há que se ressaltar que vários assuntos trat-
mente realizadas nas unidades operacionais da Institu- ados aqui serão complementados e aprofundados nos
ição, a falta de uniformidade na sua condução tem di- demais Manuais Técnicos-Profissionais que compõem
ficultado o alcance de seus objetivos e, por isso, geram esse álbum Prática Policial Básica, principalmente nos
desgastes para o policial e para a imagem da Instituição. Manuais Técnicos-Profissionais 3.04.04 e 3.04.05 que trat-
Devido à ausência de planejamento ou do correto em- am, respectivamente, de Abordagem a Veículos e Escol-
prego da técnica e da tática policiais, o militar pode colo- tas Policiais e Conduções Diversas.
car em risco a sua vida e a de outras pessoas.
Durante o período de elaboração deste Manual, foram CONCEITO
colhidas, analisadas e utilizadas sugestões e contribuições1
enviadas por policiais militares de todas as Regiões da Blitz é um tipo de operação policial2 realizada em vias
Polícia Militar (RPM) de Minas Gerais. As valiosas manifes- urbanas ou rurais, com a utilização de sinalização física,
tações, além de reconhecerem a importância do assunto visual e sonora, para abordar veículos e seus ocupantes,
em pauta e demonstrarem o anseio dos policiais por uma realizando checagens e vistorias em geral.
doutrina padronizadora de ações, permitiram estruturar e Pode ser executada por uma equipe composta so-
elaborar um trabalho que contempla as necessidades e as mente por policiais militares ou por policiais militares em
realidades dos grandes centros e dos destacamentos das conjunto com os integrantes de diversos órgãos, con-
pequenas cidades, cujas disponibilidades de policiais mili- forme o tipo de policiamento envolvido, tais como:
tares e de recursos diferem-se substancialmente. • policiamento ostensivo geral - ênfase na identifi-
O Manual Técnico-Profissional 3.04.03 - Blitz Poli- cação de pessoas procuradas, busca de armas, dro-
cial traz orientações para o planejamento, a distribuição gas, veículos roubados, dentre outros;
de policiais, viaturas e equipamentos nas vias públicas, . trânsito urbano e rodoviário - ênfase na verifica-
DOUTRINA OPERACIONAL

em operações desta natureza. Sua leitura deve ser, obrig- ção de documentos e condições do condutor e do
atoriamente, precedida do Manual Técnico-Profissional veículo;
3.04.01 (Intervenção Policial, Processo de Comunicação e . meio ambiente - ênfase na verificação de docu-
Uso de Força) e do Manual Técnico-Profissional 3.04.02 mentos e fiscalização de transporte de produtos e
(Tática Policial, Abordagem a Pessoas e Tratamento às animais protegidos por legislação específica;
Vítimas) e complementadas pela leitura do Manual • apoio a fiscalizações realizadas por outros órgãos
Técnico-Profissional 3.04.04 (Abordagem a Veículos) (municipal, estadual e federal) - fazendárias, sani-
e do Manual Técnico-Profissional 3.04.05 (Cerco, Blo- tárias, dentre outros.
queio e Interceptação).

169
De acordo com os objetivos, as operações do tipo Blitz Policial se dividem em três níveis:
a) nível 1 - educativo: visa informar, orientar e conscientizar as pessoas sobre temas de interesse público;
b) nível 2 - preventivo: visa realizar verificações em locais onde há incidência significativa ou a possibilidade de
ocorrerem infrações e delitos;
c) nível 3 - repressivo: visa restaurar o quadro de tranquilidade pública, após a constatação de prática de atos
contrários à segurança.

Serão efetivadas por ações devidamente planejadas e coordenadas e, como toda intervenção policial militar, tem
como objetivo genérico servir e proteger a sociedade, preservar a ordem pública e a incolumidade das pessoas e do
patrimônio, garantindo a vida, a dignidade e a integridade de todos.
Atendendo ao princípio da universalidade, na execução de uma operação do tipo Blitz, em qualquer nível, o policial
pode se deparar com qualquer irregularidade (penal ou administrativa) que, ainda que não seja o escopo primordial da
operação, nem a situação específica da atividade, a equipe deverá tomar providências que o caso demandar.

FIQUE ATENTO!
Os procedimentos específicos para operações tipo Blitz policial de trânsito urbano e rodoviário, bem
como meio ambiente, serão tratados nos Manuais Técnicos-Profissionais referentes à prática policial es-
pecializada, acrescidos do conteúdo deste manual Técnico-Profissional, no que for pertinente.

Categorias

A Blitz Policial classifica-se em três categorias que se diferem basicamente quanto à estrutura de pessoal e ao
material necessário para a sua execução (apoio logístico e ao aparato policial), conforme tabela 1.

TABELA 1 - Previsão de efetivo, viaturas e armamento/equipamento na Blitz Policial

A classificação em categorias das diversas estruturas não guarda vínculo direto com os objetivos específicos de
uma determinada operação do tipo Blitz. A mesma estrutura pode ser utilizada para diferentes objetivos, conforme
avaliação do PM Comandante da operação. Caso a blitz tenha o objetivo alterado para o nível 3 (repressivo), a oper-
ação deverá ser provida de armamentos e equipamentos adequados ao novo objetivo, conforme avaliação do coman-
dante da operação. Neste caso, acrescenta-se à categoria da blitz, o termo “especial”, isto é, a operação, independen-
temente de sua classificação, passa a ter o objetivo repressivo.
Exemplo 1: pode ser realizada uma operação que exija uma estrutura correspondente à categoria 2, envolvendo
todo o efetivo de um pelotão, com duas viaturas em apoio, realizando uma operação do tipo Blitz de caráter educativo
(nível 1), por ocasião da semana do meio ambiente.
Exemplo 2: por outro lado, pode ser realizada uma operação do tipo Blitz, com estrutura correspondente à cat-
egoria 1, para realizar uma operação de nível 2, tendo em vista a necessidade da adoção deste tipo de operação em
DOUTRINA OPERACIONAL

atividades preventivas de combate à criminalidade em determinado local (bairro, região, cidade, etc.).
Da mesma maneira, os objetivos inicialmente planejados (educativo, preventivo ou repressivo), poderão variar,
ainda que temporariamente, em função dos riscos que se apresentarem no desenvolvimento da operação, podendo
implicar até mudança de categoria, mediante reforço logístico e de efetivo policial.
Exemplo 3: alteração de categoria em função do nível de risco -instalada uma operação com estrutura correspon-
dente à categoria 2, voltada para a fiscalização de trânsito rodoviário, de caráter preventivo, é noticiado via rede-rádio,
um assalto a banco com tomada de reféns, sendo o local da blitz uma possível rota de fuga. A operação poderá migrar
para a categoria 2-ESPECIAL e assumir caráter repressivo, caso receba reforço de pessoal e de logística (tropa especial-
izada, equipamentos de bloqueio de via, dentre outros).

170
Exemplo 4: A blitz anterior, categoria 2 -ESPECIAL f) no caso específico de operação Categoria 1, aborde
não tem mais o objetivo repressivo, tendo em vista que somente um veículo de cada vez;
outra equipe, em outro local logrou êxito em capturar g) caso ocorra alguma eventualidade relevante, at-
os fugitivos. A operação poderá ser reclassificada para 2, ualize rapidamente sua avaliação de risco e de-
voltando seu objetivo para o caráter preventivo de fiscal- cida por continuar a abordagem, ou não, e pedir
ização da rodovia. reforços;
h) nos casos de fuga, a operação será mantida no lo-
Procedimentos operacionais cal e um integrante da equipe deverá repassar as
informações ao CICOp ou correspondente, prefer-
Nessas operações do tipo Blitz, a equipe responsável encialmente via rede-rádio, sobre o ocorrido, trans-
deve adotar as seguintes orientações: mitindo os dados (local, características do veículo/
a) durante as operações de nível 1 e 2 (educativa e ocupantes e rota de deslocamento), para fins de
preventiva), antes da abordagem, manter-se no rastreamento e abordagem, com maior segurança,
estado de atenção (amarelo). Esteja precavido e por outras guarnições PM (ver Evasão - Seção 3).
considere que a sua segurança deve ser prioriza-
da, tanto em relação ao fluxo do trânsito, quan- PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
to a uma possível reação por parte do abordado
ou de outras pessoas no veículo. Use sempre os A blitz policial deve ser precedida de planejamento
equipamentos de segurança. No momento da elaborado pela Seção de Emprego Operacional (P3) da
abordagem, esteja no estado de alerta (laranja) RPM, CPE, UEOp. e Cias Independentes, além dos Co-
e considere as etapas da avaliação de riscos e o mandantes de Fração (nos diversos níveis), por meio de
quarteto do pensamento tático. Identifique quais ordens de serviço ou outros instrumentos, nos quais es-
as ações de respostas para o caso de uma ameaça tejam presentes todos os aspectos que, direta ou indire-
e qual nível de força será necessário. Identifique, tamente, venham contribuir para o sucesso da operação.
preliminarmente, os possíveis locais de abrigo que O local e o horário de instalação da blitz policial são
sejam facilmente acessíveis e próximos ao local da aspectos importantes a serem observados no planeja-
intervenção ver Manual Técnico-Profissional (MTP mento da operação. O local não pode ser escolhido ale-
-1); atoriamente. Deve ser definido a partir de dados obtidos
b) operações de nível 3 (cerco, bloqueio e in- na análise criminal e em conformidade com as metas es-
terceptação) (ver Manual Técnico-Profissional tabelecidas, tomando-se por base:
3.04.04): nestes casos, existe uma probabilidade • a segurança davia;
maior de resistência por parte dos abordados. • as condicoes de trafego (aclives, declives, curvas,
Dessa forma, é necessário considerar a hipótese pontes, cruzamentos, túneis e viadutos);
do uso de força em níveis mais elevados, perman-
• a visibilidade e iluminacao do local;
ecendo no estado de prontidão adequado (estado
• os indices de criminalidade no local;
de alerta - laranja, ou alarme - vermelho), con-
• o tipo de veiculo a ser parado e abordado con-
forme avaliação de riscos, para garantir uma res-
forme o objetivo da operação, principalmente em
posta de polícia adequada e, ao mesmo tempo, a
relação ao horário. Exemplos: táxi, ônibus, motoci-
segurança da equipe e a de terceiros (ver Manual
cleta, etc;
Técnico-Profissional 3.04.01);
• o objetivo principal a ser atingido de acordo com
c) procure atuar sempre privilegiando a segurança da
equipe, evitando abordar veículos com quantidade a característica da operação;
de ocupantes adultos em número superior ao de • a possibilidades de evasao (rotas de fuga);
policiais militares na operação; • a necessidade de apoio de outros orgaos publicos
d) caso ocorra a parada de um veículo com núme- ou privados;
ro de ocupantes adultos superior ao de polici- • a interferencia no fluxo de transito;
ais e ainda estejam presentes outros fatores da • a proximidade de locals onde ocorre concentracao
análise de risco que indiquem falta de segu- de crimes violentos.
rança para a guarnição PM seguir na intervenção,
é recomendável liberar imediatamente o veícu- Se o local e horário escolhidos para a execução da
lo sem abordá-lo, e recorrer a outros procedi- operação influenciarem no desenvolvimento normal do
mentos técnicos e táticos, como apoio de outras tráfego, tornando-o intenso, devido ao estrangulamen-
guarnições ou cerco e bloqueio, para que a ação to do fluxo de veículos, será avaliada a possibilidade de
de resposta seja efetiva. Tal procedimento traduz-se realizar a operação em local e horário diversos, sem con-
DOUTRINA OPERACIONAL

em profissionalismo, com ênfase na segurança da tudo perder o foco e o objetivo principal da operação.
equipe, e não em fragilidade da equipe;
e) se, em função da segurança da equipe, optar pela
liberação do veículo, alerte ao Centro Integrado de
Comunicação Operacional (CICOp) ou correspon-
dente, sobre o ocorrido, transmitindo os dados
(local, características do veículo/ocupantes e rota
de deslocamento), para uma possível abordagem
posterior por uma guarnição PM reforçada;

171
. cavalete de sinalização, quando disponivel;
FIQUE ATENTO! • apitos de trânsito;
Em caso de operações que necessitem ser . pranchetas, caneta e papel para anotações;
montadas em vias de grande fluxo de veí- . planilha para registro da relacao de veículos e dos
culos pesados, elas serão precedidas de ri- condutores;
gorosa análise de riscos, observada a segu- . bloco de Auto de Infração de Trânsito (AIT);
rança dos policiais e do tráfego da vida (ver . lanternas (mesmo durante o dia) para vistoria no veí-
procedimentos operacionais específicos culo;
tratados nos Manuais Técnicos-Profissionais . fita zebrada;
referentes á prática policial militar especiali- • luzsinalizadora;
zada de trânsito). • kitdebiosseguranca.

Distribuição de funções
Caso o comandante da operação decida pela alter-
ação do local e do horário, solicitará autorização ao co- Para melhor entendimento e detalhamento das ações,
ordenador do policiamento, dará ciência à Sala de Op- são atribuídas funções específicas aos policiais envolvi-
erações da Unidade e fará constar no relatório quais os dos na operação:
fatores que contriburam para a tomada de tal decisão, a) PM Comandante: é o militar de maior posto ou
remetendo-o à Seção de Emprego Operacional para graduação ou o mais antigo, responsável direto
planejamentos posteriores. Deverão ser consideradas as pela coordenação e controle da operação. Faz
etapas da avaliação de riscos e priorizar o quesito “se- cumprir o planejamento, orienta a equipe para que
gurança” dos policiais e do público (ver Manual Técni- sejam atingidos os resultados propostos e corrige
co-Profissional 3.04.01). as falhas que porventura possam ter ocorrido. É o
Em caso de condições climáticas adversas, a operação responsável pela definição das funções de cada um
será adiada, suspensa ou cancelada, pois nessa situação, dos policiais, dentre elas, quem será o responsável
o quesito segurança poderá ser comprometido, pela pelo Box de Registro;
dificuldade de visibilidade, pela frenagem e pela possi- b) PM Selecionador: é o militar responsável pela
bilidade da ocorrência de acidentes de trânsito. Nesses seleção dos veículos que serão abordados de
casos, é recomendável que o efetivo da operação per- acordo com os objetivos da operação. Estará com
maneça em patrulhamento nas imediações do local e a atenção voltada para o trânsito e para o com-
cumpra parcialmente os objetivos estabelecidos. portamento dos condutores e, sinalizará através
O tempo previsto para a execução da blitz policial de gestos e silvos de apito, previstos no Código de
será o suficiente para alcançar o objetivo sem comprom- Trânsito Brasileiro, a fim de orientar o condutor do
eter a qualidade das operações policiais. Conforme aval- veículo a ser abordado a posicionar-se no Box de
iação feita pelo PM Comandante da operação, no local, o Abordagem;
tempo poderá ser redefinido, desde que autorizado pelo c) PM Vistoriador: é o militar que procede à aborda-
Coordenador do Policiamento da Unidade ou pela Super- gem e mantém contato visual e verbal com o con-
visão ou pelo Comandante da Fração. dutor do veículo e seus passageiros. Deve ser firme
Durante o Treinamento Tático, serão transmitidas to- e educado no momento da abordagem, trans-
das as informações e orientações aos policiais envolvi- mitindo segurança e tranquilidade, atuando em
dos, de acordo com os objetivos e as características de conformidade com os preceitos da verbalização
cada operação. policial e dos princípios e critérios de emprego dos
níveis do uso de força (ver Manual Técnico-Profis-
Pessoal e logística sional 3.04.01). É também o policial encarregado
de sinalizar para que os veículos vistoriados retor-
a) Efetivo: de acordo a função das categorias de cada nem à via de trânsito;
operação, definidos na seção 2; d) PM Segurança: é o policial responsável pela in-
b) Viaturas: de 4 (quatro) ou 2 (duas) rodas, na quan- tegridade e segurança dos componentes da equi-
tidade definida, conforme a categoria da operação; pe. Sua posição não é fixa no dispositivo, varia de
c) Armamentos e equipamentos: acordo com a quantidade de policiais envolvidos e
. armas de porte para todos os policiais; o tipo de via em que a operação é realizada. Man-
. arma portatil com bandoleira para o PM Segurança, tém escuta ininterrupta da rede-rádio. Poderá uti-
quando disponível; lizar arma portátil, dotada de bandoleira, de acor-
DOUTRINA OPERACIONAL

. radios portateis - HT, quando disponivel; do com a situação.


. coletes balisticos para os policiais;
. coletes refletivos ou japona dupla-face com faixas
refletivas;
. instrumentos de menor potencial ofensivo (armas,
munições e equipamentos), quando disponíveis;
. etilometro, quando disponivel;
d) Acessórios:
. cones de sinalização (minimo de oito cones);

172
2, poderão ser instalados 2 (dois) ou mais Boxes de Abor-
FIQUE ATENTO! dagem e 1 (um) ou mais Boxes de Registro, analisando
Um policial militar poderá acumular duas as condições de segurança, de acordo com a avaliação
funções descritas no item anterior, confor- de riscos, o número de policiais disponíveis e os objeti-
me a categoria da operação Blitz, os obje- vos a serem atingidos.
tivos a se atingir, ou devido ao número de O dispositivo operacional deverá ser montado levan-
policiais integrantes. do-se em conta as características da via e a categoria da
operação. O local escolhido para realização de blitz poli-
cial deve permitir a montagem da operação sem prejuízo
Vias Públicas substancial ao fluxo do trânsito, com atenção à segu-
rança dos policiais e à de terceiros, conforme avaliação
Via é uma superfície por onde transitam veículos, de riscos.
pessoas e animais, compreendendo a pista, a calçada, o O PM Comandante deverá ainda avaliar se o local
acostamento, ilha e canteiro central. escolhido para a montagem do dispositivo interfere na
Vias rurais são estradas e rodovias. qualidade das transmissões, a fim de evitar prejuízos das
Vias urbanas são ruas, avenidas, vielas ou caminhos ações, principalmente aquelas relacionadas à segurança.
e similares abertos à circulação pública, situados na área Constatada a falha na comunicação via rede-rádio, trans-
urbana, caracterizados principalmente por possuírem ferir a operação para outro local em condições ideais.
imóveis edificados ao longo de sua extensão.
A faixa de trânsito corresponde ao corredor de Padrões de procedimentos
tráfego com velocidade, sentido e direção definidos por
onde os veículos circulam. Uma pista pode ter uma ou Durante a montagem do dispositivo da blitz, os poli-
mais faixas, de acordo com sua largura. ciais militares deverão dar especial atenção quanto à se-
A pista compreende parte da via, normalmente uti- gurança do fluxo de trânsito da via, dos transeuntes e da
lizada para a circulação de veículo, identificada por ele- própria equipe.
mentos separadores por diferença de nível em relação às Após instalação do dispositivo operacional, havendo
calçadas, ilhas ou aos canteiros centrais. condições favoráveis ao contato e interação com a popu-
As pistas podem ser classificadas como: lação local, dentro dos princípios da polícia comunitária,
a) pista simples ou única: possui faixa(s) de rolamen- o militar poderá informar aos cidadãos residentes, ou
to com dimensões que permitem a passagem de que exerçam atividades comerciais nas proximidades,
veículo em cada sentido de tráfego (único ou du- sobre a importância e os benefícios da operação para a
plo); promoção da segurança pública e da prevenção da crim-
b) pista dupla: caracterizada pela presença de can- inalidade.
teiro central ou outro tipo de barreira física divid- O policial militar não deverá fornecer dados de caráter
indo-a. reservado que possam ser prejudiciais ao bom andamen-
to do serviço, porém, poderá prestar informações bási-
Montagem do dispositivo e procedimento opera- cas, simples e objetivas sobre a duração do empenho e
cional a finalidade da operação. Tais ações servem como forma
de estreitar os laços entre a PM e a comunidade local,
O dispositivo de uma blitz policial é montado em via demonstrando educação e cordialidade, porém sem per-
pública e constitui-se no espaço sinalizado e demarcado mitir a aglomeração de pessoas no local de realização
pelos meios logísticos (viatura, cones, cavaletes, etc.). É da blitz.
formado por duas áreas, separadas por cones, denomina- A distribuição dos materiais e do efetivo na via públi-
das Boxes, sendo um Box de Abordagem e um Box de ca obedecerá ao previsto nos croquis estabelecidos a se-
Registro. guir, contemplando também os procedimentos a serem
O Box de Abordagem é o local destinado ao adotados por cada policial na operação, de acordo com
desenvolvimento das ações de abordagem aos veículos sua função.
selecionados e o Box de Registro destina-se aos veícu- Após a verificação do veículo, caso nenhuma irreg-
los abordados que necessitarem ficar retidos por algum ularidade seja constatada, o condutor será liberado do
motivo (apreensão, remoção, registro de BO etc). Box de Abordagem pelo PM Vistoriador e retornará à
No caso de o PM Vistoriador detectar alguma irreg- via de trânsito, observando-se todas as regras de segu-
ularidade que exija a adoção de providências imediatas, rança (fluxo de veículos e pedestres).
deverá encaminhar o condutor e o veículo para o Box de Uma ou mais viaturas poderão ser acionadas para
DOUTRINA OPERACIONAL

Registro. Nesses casos, deverá ser aumentada a atenção apoio ao Box de Registro, nas situações de risco ou no
em relação ao veículo para evitar evasão. Dependendo da acúmulo de registros de defesa social (REDS).
avaliação do risco e do tipo de infração constatada, como O PM Comandante deverá observar permanente-
exemplo uma visível embriaguez, na medida do possível, mente a organização do dispositivo da operação, priman-
o veículo permanecerá parado onde estiver e os registros do sempre pela segurança de todos (policiais, motoristas,
serão feitos mesmo fora do Box destinado a esse fim. passageiros, pedestres e veículos). Em caso de acúmulo
Nas operações de blitz policial - CATEGORIA 1, serão de pessoas no Box de Abordagem, o PM Selecionador
instalados 1 (um) Box de Abordagem e 1 (um) Box de deverá interromper a parada de veículos enquanto o co-
Registro. Nas operações de blitz policial - CATEGORIA mandante da operação reorganizará os espaços. Ocor-

173
rendo igual situação no Box de Registro, os motoristas e seus veículos que aguardam as providências cabíveis devem
ser encaminhados para um local seguro próximo à blitz, fora do dispositivo, ficando as chaves dos carros sob a guarda
do policial responsável pelo prosseguimento da ocorrência.

Procedimentos Operacionais nas Operações de Categoria 1

Montado o dispositivo, o PM Selecionador irá postar-se à retaguarda dos cones 4 e 5 enquanto o PM Comandan-
te ficará sobre a calçada nas proximidades dos cones 7 e 8 (ver figura 1).
DOUTRINA OPERACIONAL

O PM Selecionador, ao escolher o veículo a ser abordado, irá sinalizar para que todos os veículos na via diminuam
a velocidade. Em seguida ordenará ao veículo selecionado que adentre ao Box de Abordagem.
O PM Comandante sinalizará para o veículo selecionado orientando quanto ao lugar em que irá parar no interior
do Box de Abordagem.
Após a parada, o PM Comandante deslocará para a retaguarda do veículo, ficará sobre a calçada e passará a atuar,
também, como PM Segurança.
O PM Selecionador deslocará o cone 5 diagonal ao cone 4, fechando a entrada do Box de Abordagem. Nesse
momento, passará a atuar como PM Vistoriador, se aproximará do condutor pela esquerda, fará a abordagem e ini-
ciará a vistoria.

174
Se houver necessidade de busca, esta será feita pelo PM Vistoriador, primeiramente em todos os ocupantes (ver
Manual Técnico-Profissional 3.04.02), e depois no interior do veículo (ver Manual Técnico-Profissional 3.04.04).
Encerrada a fiscalização, o PM Vistoriador orientará o tráfego para fazer o veículo retornar ao seu deslocamento
com segurança, olhando para a pista e sinalizando ao condutor para que siga em frente.
Assim que o veículo sair do Box de Abordagem, o PM Vistoriador recolocarão cone 5 na posição descrita na figura
1 e retornará à sua posição inicial, para novamente atuar como PM Selecionador.

FIQUE ATENTO!
O dispositivo de blitz da figura 1 é o padrão para a operação. Todavia, devido às características da via ou
circunstâncias do tráfego, a viatura poderá ser posicionada paralelamente à calçada.

Procedimentos Operacionais nas Operações de Categoria 2

DOUTRINA OPERACIONAL

Montado o dispositivo, o PM Selecionador irá postar-se à retaguarda dos cones 4 e 5 enquanto o PM Coman-
dante e o PM Vistoriador ficarão sobre a calçada nas proximidades dos cones 8 e 7 respectivamente (ver figuras 2).
O PM Selecionador, ao escolher o veículo a ser abordado, irá sinalizar para que todos os veículos na via diminuam
a velocidade. Em seguida ordenará ao veículo selecionado que adentre ao Box de Abordagem.
O PM Vistoriador sinalizará para o veículo selecionado orientando quanto ao lugar em que irá parar no interior do
Box de Abordagem.
Após a parada, o PM Comandante deslocará para a retaguarda do veículo, ficando sobre a calçada e passa a atuar
também como PM Segurança.

175
O PM Selecionador deslocará o cone 5 diagonal ao cone 4, fechando a entrada do Box de Abordagem, e perman-
ecerá próximo ao cone 5, com a atenção voltada para o trânsito e para a abordagem.
O PM Vistoriador, que se encontrava sobre a calçada no centro do Box de Abordagem, contornará o veículo por
trás, abordando o condutor e procedendo à vistoria.
Se houver necessidade de busca, será feita pelo PM Vistoriador, primeiramente em todos os ocupantes (ver Man-
ual Técnico-Profissional 3.04.02) e depois no veículo (ver Manual Técnico-Profissional 3.04.04).
Encerrada a fiscalização, o PM Vistoriador orientará o tráfego, fazendo o veículo retomar seu deslocamento tão
logo as condições estejam seguras, olhando para a pista e sinalizando ao condutor para que siga em frente.
Assim que o veículo sair do Box de Abordagem, o PM Selecionador recolocará o cone 5 em sua posição inicial,
conforme apresentado na figura 2, e ficará pronto para selecionar outro veículo.

FIQUE ATENTO!
O dispositivo da blitz da figura 2 é o padrão para a operação. Todavia, devido às características da via ou
circunstâncias do tráfego, a viatura poderá ser posicionada paralelamente à calçada.

Procedimentos Operacionais nas Operações de Categoria 3


DOUTRINA OPERACIONAL

176
Montado o dispositivo, o PM Selecionador irá po- Comunicações operacionais
star-se à retaguarda dos cones 4 e 5 enquanto o PM
Comandante, o PM Segurança e os PM Vistoriadores Montado o dispositivo, o PM Comandante comuni-
ficarão sobre a calçada (ver figura 3). cará, via rede-rádio, ao Centro Integrado de Comunica-
O PM Selecionador, ao escolher o veículo a ser abor- ção Operacional (CICOp.) ou correspondente e ao Coor-
dado, irá sinalizar para que todos os veículos na via di- denador de Policiamento da área de atuação, o local,
minuam a velocidade. Em seguida ordenará ao veículo horário de início, efetivo e objetivo da operação.
selecionado que adentre ao Box de Abordagem. O PM Segurança deverá manter escuta ininterrupta
O PM Vistoriador sinalizará para o veículo selecio- das comunicações operacionais, de modo a captar infor-
nado orientando quanto ao lugar em que irá parar no mações importantes para a segurança do pessoal em-
interior do Box de Abordagem 1. pregado, tais como: notificação sobre veículos roubados
O PM Vistoriador do Box de Abordagem 1 contor- ou furtados, veículos que se evadiram de outras inter-
nará o veículo por trás, abordando o condutor e proce- venções policiais ou sobre envolvidos em crimes. Essas
dendo à vistoria. informações serão repassadas, de imediato, a todos os
O PM Vistoriador do Box de Abordagem 2 per- militares envolvidos na operação.
manecerá na calçada, aguardando o próximo veículo. As comunicações administrativas que não forem ur-
O PM Segurança permanecerá na calçada (ou em gentes, como o registro de ocorrências, a relação de pes-
outra posição mais adequada) com a atenção voltada soas e de materiais apreendidos, a solicitação de reboque,
para os dois Boxes de Abordagem, bem como para dentre outras, serão realizadas com o CICOp. ou corres-
todo o perímetro da operação. pondente, preferencialmente, via telefone, para não so-
O PM Selecionador sinalizará para um segundo veí- brecarregar as comunicações na rede-rádio.
culo e o orientará para a entrada no Box de Abordagem Eclodindo alguma situação adversa, como desobediên-
2. cia, resistência, tentativa ou consumação de fuga, o PM
O PM Vistoriador do Box de Abordagem 2 fará o Comandante cientificará, imediatamente, via rede-rádio,
balizamento para a parada do segundo veículo, de modo o CICOp ou correspondente e o Coordenador do poli-
que este pare a aproximadamente 3 (três) passos do pri- ciamento, e fornecerá informações para que as medidas
meiro. de proteção sejam adotadas, como o envio de unidades
O PM Selecionador deslocará o cone 5 para a diago- de apoio para o local, ou para que sejam implementadas
nal ao cone 4, fechando a entrada dos Boxes de Abord- ações de cerco e bloqueio. No caso de prisões, estas de-
agem; permanecendo próximo ao cone 5 com a atenção verão ser executadas dentro dos parâmetros legais e com a
voltada para o trânsito e para a abordagem do veículo. preservação da integridade física e dignidade do infrator.
O PM Vistoriador do Box de Abordagem 2 contor- O cuidado e a serenidade são essenciais ao realizar as comu-
nará o segundo veículo por trás, abordando o condutor nicações na rede-rádio. Muitos exemplos de ações mal suce-
e procedendo à vistoria. didas, já divulgadas na PMMG, foram decorrentes de infor-
Se houver necessidade de busca, esta será feita pelo mações incompletas ou inadequadas transmitidas por policiais
PM Vistoriador; primeiro em todos os ocupantes (ver de serviço. As mensagens alarmistas estimulam correria. Alar-
Manual Técnico-Profissional 3.04.02) e depois no veículo des em casos como simples evasões de veículos já provocaram
(Manual Técnico-Profissional 3.04.04). tensão exasperada e uso inadequado de força, em situações não
caracterizadas como crime, tais como motoristas inabilitados
ou sem documentação e outras infrações de trânsito.
FIQUE ATENTO! Para essas situações de veículos em fuga, o PM Co-
O dispositivo da blitz da figura 3 é o padrão mandante da blitz comunicará na rede-rádio as infor-
para a operação. Todavia, devido às caracte- mações, seguindo uma sequência lógica a ser transmitida:
rísticas da via ou circunstâncias do tráfego, - CICOp, prioridade!
a viatura poderá ser posicionada paralela- - Comunicação de veículo em fuga.
mente à calçada. - Veículo (marca, cor, modelo) evadiu da rua ..., sentido ...
- Veículo com 1 (2, 3 ...) ocupante(s)

Encerrada a fiscalização, o PM Vistoriador orientará (citar as características observadas dos ocupantes).


o condutor que foi abordado, para fazer com que o seu
veículo retorne à faixa de rolamento em segurança. Veri-
ficará, através de contato visual com o PM Selecionador, FIQUE ATENTO!
as condições do fluxo de tráfego e, no melhor momento, A disciplina nas comunicações por rádio
DOUTRINA OPERACIONAL

sinalizará para que o condutor siga em frente. é responsabilidade compartilhada de to-


Assim que o veículo sair do Box de Abordagem, o dos os policiais militares de serviço. trata-
PM Selecionador recolocará o cone 5 em sua posição -se de requisito indispensável para garantir
inicial, conforme apresentado nas figuras 5 e 6, e selecio- a qualidade da informação transmitida e a
nará outro veículo. legalidade das ações realizadas. Não seja
alarmista! A segurança dos demais policiais
militares depende do seu profissionalismo
em comunicar-se pela rede-rádio.

177
O encerramento da blitz será realizado via rede-rádio A revista do veículo deverá ocorrer somente após o
ou por telefone (190), devendo seu comandante comu- desembarque e a busca pessoal de todos os ocupantes
nicar ao CICOp. ou correspondente e ao coordenador do do veículo. Primeiramente, orienta-se realizar a revista in-
policiamento a finalização e os resultados alcançados. terna, para depois se realizar a revista externa (Figura 4).
Nas operações das Unidades Especializadas, deve-se Esteja atento para as seguintes orientações e procedi-
atentar para a utilização de um Rádio Portátil HT na fre- mentos a serem adotados nas buscas veiculares:
quência da área de atuação, além do acompanhamento a) antes de iniciar a revista no veículo, pergunte aos
da rede-rádio da unidade específica. ocupantes se há objetos de valor (carteira, talões
de cheques, joias, entre outros). Se necessário, o
Busca policial militar recolherá os objetos na presença do
proprietário, repassando-os em seguida. Deverá
A realização de busca pessoal ou veicular na opera- ser mantida a atenção para que o indivíduo não
ção é uma decisão do policial militar quando vislumbrar acesse armas ocultas;
uma fundada suspeita, observando-se a discricionarieda- b) convide o condutor, outro ocupante ou uma teste-
de e o pleno exercício de sua autoridade legal. munha para acompanhar a busca. Comece a bus-
A fundada suspeita constitui em pressuposto e requi- ca pela vistoria interna, que se iniciará pelo por-
sito necessário à busca veicular e pessoal realizada du- ta-malas, prossegue pela parte interna e finaliza-se
rante a blitz policial. A disposição inserta no artigo 181 na região do motor (se for o caso);
do Código de Processo Penal Militar (CPPM) com cor- c) a vistoria interna será realizada da seguinte forma:
respondência semelhante no artigo 244 do Código de
Processo Penal (CPP) determina a busca pessoal diante . solicite ao condutor que destranque e abra vagaro-
da existência de fundada suspeita de que a pessoa esteja samente a porta-malas, e proceda à busca, observando
na posse de arma proibida ou de objetos ou papéis que o assoalho, as laterais, qualquer indício de pintura mal
constituam corpo de delito, ou quando a medida for de- encoberta nos cantos, o compartimento do guarda-es-
terminada no curso de busca domiciliar. tepe, entre outros;
Conforme preconiza o artigo 180 do Código de Pro- . no compartimento interno destinado aos ocupantes
cesso Penal Militar, “a busca pessoal consistirá na procura do veículo, levante o vidro (se estiver abaixado), colo-
material feita nas vestes, pastas, malas e outros objetos que uma folha de papel atrás da numeração do chassi
que estejam com a pessoa revistada e, quando necessá- (gravada no vidro), e confira o número existente com o
rio, no próprio corpo”. documento;
O policial militar tem uma grande margem de análise . abra a porta ao maximo e verifique nos cantos a ex-
subjetiva para identificar essas situações. Não pode, en- istencia, ou não, de pintura encoberta da veículo;
tretanto, desprezar a existência de elementos concretos . balance lentamente a porta para verificar, pelo ba-
e plausíveis para justificar uma busca. A decisão é toma- rulho, se existe algum objeto solto em seu interior;
da por meio do desenvolvimento de competências, do . verifique se existe algum objeto escondido no forro
tirocínio, da experiência e do discernimento adquiridos das portas. Siga o critério de bater com as mãos para
pelo policial durante a sua carreira. escutar se o som é uniforme;
Procure ser discreto, oriente o cidadão, explique o . verifique o porta-luvas, quebra-sol, tapetes, embaixo
que está fazendo, seja compreensivo e procure contornar do banco, entradas de ar, cinzeiros, lixeiras, e todos os
os eventuais conflitos, sem descuidar-se de sua seguran- compartimentos que possam esconder objetos ilegais;
ça e dos seus companheiros. . inicie a vistoria na parte interna traseira do veiculo,
Com a finalidade de manter a postura mais técnica dividindo-a imaginariamente em lado direito e lado es-
quanto ao emprego de armas e evitar a exposição des- querdo. Observe os assentos dos bancos, encostos, as-
necessária durante a operação, apenas o PM Seguran- soalho, lateral do forro;
ça deverá empunhar o armamento portátil, ou de porte, . saia para vistoriar o lado esquerdo e verifique o as-
de forma ostensiva. Ressalva-se que todo policial militar sento do condutor em todo o seu compartimento (as-
deve ter atenção especial ao princípio da segurança e soalho, lateral, teto, atrás do assento);
manter-se vigilante nos pontos de foco e pontos quen- . localizeonumerodochassi,confronte-ocomadocu-
tes. mentacao e verifique se existem indícios aparentes de
Após decidir pela realização da busca nos ocupan- adulteração;
tes no veículo, evite posicioná-los na pista de rolamento. . caso localize qualquer objeto ilicito no interior do
Realize a busca de forma a evitar constrangimentos e es- veiculo, avise aos demais policiais militares.
teja atento às determinações do Manual Técnico-Profis-
DOUTRINA OPERACIONAL

sional 3.04.02. d) para realizar a vistoria externa, inicie pela porta


A busca veicular consiste na verificação interna e dianteira direita e, após, a lateral traseira direita,
externa do veículo abordado, por meio de revistas nos traseira, lateral traseira esquerda, porta dianteira
compartimentos suscetíveis a serem utilizados para es- esquerda, capô. Esteja atento para verificar:
conder objetos ilícitos. A busca estende-se a veículos au- . seexistem avarias que indiquem a ocorrencia deac-
tomotores e a quaisquer outros objetos que estejam com identes de trânsito recente. Constatada avaria, verifique
a pessoa, salvo se constituírem domicílio. Veículos não junto ao CICOp. se há ocorrência de acidente ou evasão
são domicílios, por isso devem ser alvo de revistas toda em que veículos tenham empreendido fuga do local, e
vez que houver fundada suspeita. compare características;

178
.outraspeculiaridadesexternascomoolacrerompi- Para confirmação da alteração da capacidade psico-
dodaplaca, contornos irregulares das perfurações da motora pelo policial militar, orienta-se ser considerado
placa, perfurações na lataria por disparos de arma de não somente um sinal, mas um conjunto de sinais que
fogo, entre outros. comprovem a situação do condutor.
Deve se proceder a busca com respeito ao patrimônio Os procedimentos descritos neste item recepciona-
do abordado e com o devido cuidado, para não danificar rão eventuais mudanças do ordenamento jurídico.
objetos ou partes do veículo, sendo que os materiais re-
tirados deverão ser recolocados no mesmo local, sempre Evasão
que possível.
Durante a busca veicular, o condutor do veículo e Durante a operação, situações de evasão podem
passageiros devem aguardar sobre a calçada próximo à ocorrer, geralmente, de três maneiras diferentes:
parte traseira do veículo. O PM Segurança permanecerá a) Quem evitou a blitz
atento ao comportamento dos ocupantes do veículo, en- Ao visualizar a operação, o condutor pode evitá-la,
quanto o PM Vistoriador realiza a revista. simplesmente, parando ou estacionando seu veículo ou
fazendo conversão na via antes de chegar no dispositivo
policial. Nestes casos, se o policial militar perceber uma
postura do condutor que mereça uma atenção especial,
fará uma avaliação sobre o melhor procedimento a ser
adotado, como por exemplo deslocar em supremacia
de força até onde o veículo foi estacionado para realizar
abordagem; transmitir as características do veículo, via
rede-rádio, para possível abordagem por outras viatu-
ras no caso de fuga etc. Evite mensagens com conteúdo
alarmista na rede. Procure mobilizar somente os policiais
militares necessários para realizar a abordagem poste-
rior. Alerte-os para procedimentos de segurança, mas
considere que pode ser apenas um condutor inabilitado.
Todavia, se o condutor evitar a operação, realizando
manobras bruscas e perigosas para evadir da blitz, ori-
enta-se que sejam tomadas as seguintes providências e
precauções:
Procedimento para utilização do etilômetro
. peca prioridade de comunicacao e transmita as
informações, via rede-rádio, com tranquilidade. Evite
O teste em aparelho de ar alveolar pulmonar
alarmismo que possa confundir e colocar em risco as
(etilômetro) é um dos recursos utilizados para fins de
aferição técnica se o condutor de um veículo automo- outras guarnições;
tor encontra-se sob efeito de álcool em nível acima do . mantenha a operacao no mesmo local e nao efetue
permitido pela legislação vigente. Caso o exame config- disparos de qualquer natureza. A tentativa de interceptar
ure crime de trânsito, o policial deverá adotar medidas o veículo por meio de disparos na direção dos pneus e
administrativas (retenção do veículo, confecção de AIT, motor é uma prática perigosa e ineficiente, pois as chanc-
recolhimento da CNH) e criminais (prisão do condutor). es de êxito são mínimas, consideradas as condições em
No caso de recusa do condutor a ser submetido ao que ocorrem, e a possibilidade de atingir uma pessoa
teste de alcoolemia, a infração poderá ser caracterizada inocente é muito grande (vítima no porta-malas ou tran-
mediante a obtenção de outras provas acerca dos notóri- seuntes);
os sinais de embriaguez. Tais sinais deverão ser descritos . atente para o fato de que a evasao pode estar atre-
na ocorrência ou em termo específico. O policial deverá lada a diversos fatores, inclusive condutor inabilitado ou
registrar a recusa do condutor em se submeter aos ex- embriagado;
ames previstos no ordenamento jurídico e descrever os . se possivel, adote posteriormente os procedimentos
sintomas que demonstram efeitos de álcool ou substân- de Auto de Infração de Trânsito (AIT).
cia psicoativa, tais como:
. envolveu-se em acidente de transito; b) Quem não respeitou a ordem de parada
. declara ter ingerido bebida alcoolica (ou outra sub- Esteja bem atento com esta situação. Se o condutor
stância psicoativa); não respeitou a ordem de parada e empreendeu
. quanto a aparencia, se o condutor apresenta fuga, a possibilidade de estar em conflito com a lei
DOUTRINA OPERACIONAL

sonolência, olhos vermelhos, vômito, soluços, desordem é grande. Por isso, a equipe deve transmitir rapida-
nas vestes, odor de álcool no hálito; mente as características do veículo (local, direção
. quanto a atitude, se o condutor apresenta agressivi- de fuga, marca, modelo, cor, placa e características
dade, arrogância, exaltação, ironia, falante, dispersão; dos ocupantes) para o CICOp. ou correspondente,
. quanto a orientacao, se o condutor apresenta desor- no intuito de que sejam realizadas as ações de cer-
ganização espacial e temporal (exemplo: não sabe onde co, bloqueio e interceptação, nas principais rotas
está, horário ou data); de fuga e vias de acesso do local. Nesses casos, as
. quanto a capacidade psicomotora e verbal, se o con- providências e precauções devem ser tomadas con-
dutor apresenta dificuldade no equilíbrio, fala alterada. forme a alínea anterior, no que for pertinente.

179
c) Quem parou e resolveu fugir em seguida Os policiais com armamento de porte deverão manter
Além de observar as orientações constantes do tó- suas armas nos coldres, em condições de serem sacadas
pico anterior, neste caso, o risco de atropelamento de quando necessário. Somente o PM Segurança mante-
policiais militares da blitz é maior, tendo em vista que rá o seu armamento em posição de arma localizada ou
o militar estará mais próximo do veículo, com condutor guarda baixa, conforme a categoria da blitz e as carac-
inicialmente cooperativo e, que, bruscamente arranca terísticas do local, quando não dispuser de armamento
com o veículo em fração de tempo muito pequena. Man- portátil.
tenha-se atento, mesmo que o veículo abordado esteja O PM responsável pela resposta imediata nos casos
parado e desligado. em que a situação se agrave deverá ser qualquer mem-
Caso seja possível identificar antecipadamente esta bro da equipe que estiver em melhor posicionamento
predisposição do abordado de fugir ou dizer que sim- tático e em condição de agir prontamente. É importante,
plesmente não permanecerá no local (autoridades, pes- portanto, que o PM Segurança, considerando sua fun-
soas alcoolizadas, entre outros), todos os policiais deve- ção específica, procure sempre a melhor posição para
rão atentar para este evento, interromper as abordagens prover a proteção da equipe.
realizadas e adotar posturas preventivas, tais como:
. apoderar-se das chaves de ignição de maneira dis- b) situação de resistência passiva
creta e rápida; A pessoa abordada não acata, de imediato, as deter-
. bloquear fisicamente a saída com cavaletes, tambo- minações do policial, ou o abordado opõe-se a ordens,
res, dentre outros; reagindo com o objetivo de impedir a ação legal. Con-
. adotar as demais providencias policiais que o caso tudo, não agride o policial nem lhe direciona ameaças
exigir (Auto de Resistência, AIT, prisão, entre outros). (classificação de risco nível II).
Diante de uma evasão ou agressão armada, os poli- Caso seja necessário empregar controle de contato,
ciais deverão estar prontos para rapidamente buscarem essa reação deverá ser do policial que estiver melhor
um abrigo, a fim de não serem atropelados ou alvos dos posicionado e que possua maior domínio das técnicas
de defesa pessoal policial. Assim como na situação de
disparos. A conduta apropriada é abrigar-se e, posterior-
normalidade, somente o PM Segurança manterá o seu
mente, avaliar o risco potencial (ver Manual Técnico-Pro-
armamento em posição de arma localizada, guarda baixa
fissional 3.04.01) de danos a terceiros no caso de fogo
ou guarda alta, conforme avaliação de risco. Os demais
cruzado entre agressor e policiais. As vidas dos policiais e
deverão estar com as mãos livres para emprego de ou-
dos cidadãos sempre serão prioridade.
tros níveis de força e algemação, se a situação se agravar.
Esse tema será retomado de forma mais detalhada
no Manual Técnico-Profissional 3.04.04 - Abordagem a
c) situação de resistência ativa
Veículos e Manual Técnico-Profissional 3.04.05 - Escoltas Apresenta-se nas seguintes modalidades (ver Clas-
Policiais e Conduções Diversas. sificação de risco nível III, Manual Técnico-Profissional
3.04.01):
FIQUE ATENTO! .Com agressão não letal
O abordado opõe-se à ordem agredindo os polici-
Veículos que passam repetidamente ou que ais ou pessoas envolvidas na intervenção, contudo, tais
estacionam voluntariamente nas proximida- agressões, aparentemente, não representam risco de
des do local da blitz devem gerar suspeição. morte.
Os infratores podem utilizar carros “escol- Exemplo: o agressor que desfere chutes contra o poli-
ta” para protegerem-se da ação da polícia. cial quando este tenta aproximar-se para efetuar a busca
Considera que o perigo também pode vir pessoal.
de outro veículo diferente daquele que está Em caso de reação do abordado que, em princípio,
sendo parado na pista pelo selecionador. não coloca em risco a vida dos policiais, a resposta imedi-
ata será do PM que estiver mais próximo, ou em mel-
hor posicionamento tático. Apenas o PM Segurança
Emprego de armas de fogo estará com a arma de fogo empunhada em condições
de uso. Desta forma, os demais policiais permanecerão
Durante as operações, os policiais devem ter cuida- com as mãos livres para efetuarem a imobilização e alge-
dos especiais com o uso diferenciado de força, princi- mação do agressor.
palmente no que se refere à utilização de armas de fogo • Com agressão letal
(dissuasivo e disparo), quando o emprego dos demais O abordado utiliza de agressão que põe em perigo
níveis de força não forem suficiente para solucionar a de morte o policial ou pessoas envolvidas na intervenção.
DOUTRINA OPERACIONAL

intervenção. Observando preceitos legais e técnicos (ver Exemplo: o agressor, empunhando uma faca, desloca-se
MTP 1), a utilização de armas de fogo durante a blitz de- em direção do policial e tenta atacá-lo.
verá seguir as seguintes orientações: Neste caso, a resposta imediata será do PM Segurança,
que estará com a arma em pronta resposta. A primei-
a) situação de normalidade (abordado cooperati- ra reação dos policiais deve ser voltada para a preser-
vo): vação de suas vidas e dos cidadãos, por isso, deverão
A pessoa abordada acata todas as determinações do procurar abrigo e somente disparar quando presentes as
policial durante a intervenção, sem apresentar resistência condições elencadas na seção 6 sobre uso de armas de
(Classificação de risco nível I). fogo do Manual Técnico-Profissional 3.04.01.

180
Essas orientações são fundamentais para: Estes disparos repre-sentam a única opção do policial
. evitar a demonstracao desnecessaria de forca e a para detê-lo. Nestas situações, ele deve considerar as pos-
consequente vulgarização do impacto desejado quando síveis consequências (riscos) de disparar, e sua responsab-
todos os policiais retiram as armas do coldre e as empun- ilidade na proteção da vida de outras pessoas, para isto
ham, ou quando as apontam para o abordado; observará:
. propiciar ao policial opções de uso diferenciado • estes disparos tern pouca eficacia para fazer parar
desse nível de força aplicado a cada situação (arma na um veículo e os projéteis podem ricochetear (no motor
posição 1, 2, 3 ou 4) (ver Manual Técnico-Profissional ou nos pneus) ou atravessar o veículo ou, até mesmo, não
3.04.01); atingi-lo, convertendo-se em “balas perdidas”;
. proporcionar a presenca de policiais com as mãos . se o condutor for atingido, existe um risco elevado
livres para ações (revistar, algemar, imobilizar, entre out- de que ele perca o controle do veículo e cause acidentes
ros) necessárias aos trabalhos da equipe; graves;
. evitar o risco de disparo acidental quando existem . estes disparos tern pouca precisao, a pontaria fica
várias armas apontadas em um determinado local de prejudicada pelo movimento do veículo e pelo balanço
abordagem; provocado por ele, inclusive quando efetuados por atira-
. evitar a possibilidade de fogo cruzado entre os com- dores experientes;
ponentes da equipe quando da eventual ação dos polici- . existe a possibilidade de que vitimas (refens) este-
ais, disparando suas armas para se defenderem. jam no interior do veículo perseguido, inclusive dentro
do porta-malas;
Especial atenção deve ser dada quanto à direção dos . os disparos efetuados pelos policiais podem provo-
disparos realizados contra o agressor, bem como quanto car um revide por parte dos abordados, incrementando
às características técnicas do armamento e da munição ainda mais o risco para outras pessoas, principalmente
(calibre, potência e alcance) que é utilizado pelo PM. em áreas urbanas (balas perdidas). O mais recomendável
O PM Segurança da blitz, caso seja necessário, é distanciar-se do veículo em fuga e, sem perdê-lo de
poderá estar equipado com uma arma portátil, dotada vista, adotar medidas operacionais para efetuar o cerco
de bandoleira. Terá como benefício da utilização desse e o bloqueio. Recomenda-se, ainda, solicitar reforço poli-
armamento, o seu aspecto de impacto psicológico, inib- cial para que a intervenção possa ser realizada com mais
indo uma possível reação. A escolha desse armamento segurança.
deve ser baseada nas suas características técnicas de
emprego, alcance útil e calibre da munição, obedecen-
do às restrições de disparos principalmente no ambiente FIQUE ATENTO!
urbano. Policiais militares não deverão disparar con-
Em relação às posições das armas 1, 2, 3 e 4, descritas tra veículos que desrespeitem um bloqueio
na seção 4.10.7.2.3 sobre o uso de arma de fogo, descritas
de via pública, a não ser que ele represente
no Manual Técnico-Profissional 3.04.01:
um risco imediato à vida ou à integridade
dos policiais ou de terceiros, por meio de
FIQUE ATENTO! atropelamentos ou acidentes intencionais
Em relação às posições das armas 1, 2, 3 e 4, (o motorista utiliza o veículo como “arma”).
descritas no (MTP 1), na seção 7.2.3 sobre o
uso de arma de fogo, LEMBRA-SE SEMPRE:
ARMA LOCALIZADA: possibilidade de rup- PROCESSO DE COMUNICAÇÃO
tura da normalidade, sensação que a situa-
ção pode agravar-se RISCO NÍVEL II; O processo de comunicação é um dos fatores mais
ARMA EM GUARDA BAIXA OU ALTA: possi- importantes nas intervenes policiais. Se bem realizado,
bilidade de risco à segurança do policial e constitui um importante facilitador do sucesso da abor-
terceiros (análise subjetiva) - RISCO NÍVEL II; dagem e evita o emprego de níveis de força superiores,
ARMA EM PRONTA RESPOSTA: está ocor- facilitando o desempenho operacional.
rendo ameaça real à segurança do policial A comunicação entre as pessoas é expressa por meio
e terceiros (percepção objetiva) - RISCO NÍ- da linguagem falada ou escrita (verbal) e por meio de
VEL III; gestos, sinais, expressões faciais, postura, dentre outros
(não verbal).
Ao policial militar cabe estar sempre atento à sua for-
Em caráter complementar, proceder, conforme letra ma de se comunicar, preocupar-se com as palavras uti-
DOUTRINA OPERACIONAL

“e” da Seção 4.10. 7.2.7 do Manual Técnico-Profissional lizadas para que possa transmitir suas intenções, e com
3.04.01, no que for pertinente, como se segue: sua postura na condução das ocorrências. Cabe também
Disparos de dentro da viatura policial em movi- se lembrar que o conjunto de condutas coerentes aos
mento ou contra veículos em fuga: a regra é não atirar. preceitos doutrinários (Polícia Comunitária, Direitos Hu-
Todavia, existem algumas circunstâncias em que a vida manos e valores institucionais elencados na Identidade
do policial militar ou a de terceiros se encontra em grave Organizacional) traduz profissionalismo e transmitem
e iminente risco, como nos casos de atropelamentos ou segurança ao abordado. A boa comunicação favorece a
acidentes intencionais provocados pelo veículo em fuga interação entre a polícia e a comunidade e auxilia na con-
(o motorista utiliza o veículo como “arma”). dução das ocorrências policiais.

181
Por outro lado, posturas mais agressivas, como apontar o dedo indicador, manter olhar sisudo, sustentar o bastão
tonfa nas mãos de forma ameaçadora, apontar ou empunhar a arma de fogo, desnecessariamente, causam uma sen-
sação de medo, ideia de brutalidade, falta de profissionalismo, arbitrariedade, abuso, além de serem incoerentes com
os princípios doutrinários da PMMG.

Sinalização

Na orientação do trânsito, os policiais militares utilizam sinais regulamentares para conduzir o veículo na direção
do Box de Abordagem.
Os sinais de orientação são sonoros e gestuais e devem ser executados com firmeza, correção, determinação e ob-
jetividade, qualidades obtidas por meio de repetições e de treinamento. Uma sinalização executada de maneira correta
evitará que os condutores tenham uma interpretação equivocada ou duvidosa quanto à obediência às ordens emitidas
durante a fiscalização. Desta forma, o PM Sinalizador não pode apresentar timidez, embaraço ou dúvida na sua atuação.
Deve utilizar a comunicação como ferramenta que o auxilia na expressão da sua autoridade policial militar.

a) Sinais sonoros
Os sinais sonoros emitidos por meio de silvos de apito estão descritos no QUADRO 1 abaixo, conforme previsto no
Código de Trânsito Brasileiro (CTB). Os sinais sonoros devem ser utilizados em conjunto com os sinais gestuais.

QUADRO 1: Sinais sonoros.

b) Sinais gestuais
Os gestos correspondem a movimentos convencionais de braço, para orientar e indicar o direito de passagem dos
veículos.
As ordens emanadas por meio das sinalizações feitas pelos policiais militares prevalecem sobre as regras de circu-
lação e sobre as normas definidas por outros sinais de trânsito, conforme QUADROS 1 e 2.

QUADRO 2: Sinais gestuais previstos no Código de Trânsito Brasileiro (CTB).


DOUTRINA OPERACIONAL

182
Os procedimentos para a parada do veículo no Box de Abordagem e seu retorno à via são os seguintes:
. escolhido o veículo a ser abordado, o PM Selecionador determina aos veículos que diminuam a marcha, emitindo,
um silvo longo de apito, bem como gesticulando a ordem de diminuição de velocidade;
. quando o veículo selecionado estiver proximo, o PM Selecionador levanta o braço e efetua dois silvos breves a
fim de parar o trânsito de veículos. Em seguida, por meio de gestos e apito (silvo breve), determina ao condutor que se
desloque para o Box de Abordagem.
. apos o veículo a ser abordado adentrar no Box de Abordagem, o PM Selecionador dever á normalizar o tráfego
de veículos na via, emitindo um silvo breve e gesticulando para que os condutores sigam em frente. Para fazer o veículo
retornar à via com segurança, o PM Vistoriador deverá:
. observar o fluxo de veiculos e aguardar o momento mais seguro para a saída do veículo abordado;
DOUTRINA OPERACIONAL

. retirar quaisquer materials que impecam ou dificultem a saída do veículo (cones, cavaletes etc);
. parar o transito na via, atraves de gesto e dois silvos breves, caso seja necessário;
. emitir urn silvo breve, olhar para o condutor, apontar
para o sentido do fluxo de trânsito e indicar: “SIGA EM FRENTE”.

183
Verbalização policial durante a blitz . GRUPOS VULNERÁVEIS: além de crianças e idosos,
diante de outros integrantes de grupos vulneráveis e
Verbalizar significa expressar ou exprimir algo. A ver- minorias, orienta-se que o policial militar considere as
balização é a técnica utilizada pelo policial militar duran- características individuais no processo de verbalização,
te sua atuação em intervenções, abordagens a pessoas evitando situações que provoquem discriminações e
e vistorias de veículos, com a finalidade de emitir orien- abusos, visando à proteção e prevenção à violação de
tações e ordens. Para cada tipo de operação e, depen- direitos (ver Manual Técnico-Profissional 3.04.02).
dendo do contexto no qual ela ocorre, a verbalização
varia em alguns aspectos, porém sempre com o objetivo Linguagem policial face ao comportamento do
de possibilitar uma comunicação efetiva entre a polícia e abordado
o cidadão.
Verbalizar corretamente minimiza os riscos e maximi- De modo geral, os tipos de comportamento a serem
za os resultados, durante uma abordagem (ver Manual observados em um indivíduo, ao ser abordado, são:
Técnico-Profissional 3.04.01). Para uma verbalização efici- . cooperativo;
ente durante uma blitz policial, é imprescindível obser- . resistente passivo;
var os seguintes aspectos: . resistente ativo.
. expressar sua intencao de forma firme e segura,
demonstrando domínio técnico e influenciando para que É importante observar que o abordado pode iniciar
o cidadão acate as ordens e aceite as orientações recebi- sua atitude com diferentes tipos de comportamento e,
das durante a abordagem; a partir de determinado momento ou evento, poderá
. utilizar linguagem clara, precisa eobjetiva,facilitando variar da forma resistente, para a cooperativa (ou o
a compreensão do cidadão acerca dos objetivos da ação inverso), exigindo do policial militar uma readaptação
policial militar; da sua linguagem, imediatamente (ver Manual Técnico-
. verbalizar em torn de voz firme e respeitoso; Profissional 3.04.01).
. falar de forma pausada, permitindo a pessoa a inter- Para otimizar a segurança e potencializar as ações, os
pretação da sua mensagem; policiais deverão manter contato gestual entre si, sempre
. avaliar se o cidadao compreendeu a mensagem; quando pertinente. Durante a realização de uma busca,
. fazer uma breve leitura da situacao, avaliando as por exemplo, se for preciso um policial militar passar na
características do abordado e adotando linguagem co- frente da mira da arma de quem executa a segurança
erente às condições dele, pois, o abordado poderá ser ou cobertura, será necessário gesticular, a fim de indicar
um estrangeiro, ou pessoa com dificuldades auditivas ou a sua intenção. Somente após verificar a correta com-
de fala. Nesses casos, orienta-se atentar para a utilização preensão da mensagem é que o policial militar deslocará
de gestos e sinais que favoreçam a compreensão de sua e o outro direcionará sua arma para uma posição segura.
intenção;
• CUIDADO! Algumas”expressoes”podem ser desconhecidas Abordado cooperativo
para determinadas pessoas ou podem ter significados difer-
entes em outras regiões, por isso seja flexível; O abordado cooperativo é aquele que acata a todas as
. jamais utilize girias, apelidos ou termos que possam determinações do policial militar durante a intervenção,
sugerir preconceito. sem apresentar resistência (ver Manual Técnico-Profis-
sional 3.04.01). Nesse caso, cabe ao policial militar atentar
para os elementos da comunicação já descritos. Suge-
#FicaDica re-se, como referencial, o seguinte diálogo:
—Bom dia! Eu sou o “Sargento ... (dizer posto /
A utilização adequada da verbalização ao graduação e o nome)”, da Polícia Militar (utilize o com-
longo de toda a intervenção policial reduz plemento POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS, caso
as possibilidades de confronto. esteja em operação próxima à divisa/ fronteira do Esta-
do).
—Tudo bem? Desligue o veículo e coloque suas
Em circunstâncias especiais: mãos sobre o volante (Os outros ocupantes também
. CRIANÇAS: onde haja criancas no interior do veículo, devem colocar as mãos em local visível).
o policial militar, sem descuidar da segurança, verbalizará Aguarde a resposta do abordado, verifique se houve
de forma a evitar que os pais sejam constrangidos per- entendimento de sua mensagem e qual o nível de co-
ante os filhos. Orienta-se evitar exposição ostensiva operação demonstrado. Caso o abordado mantenha-se
desnecessária de armas de fogo (armas empunhadas ou cooperativo, dê continuidade ao diálogo:
DOUTRINA OPERACIONAL

apontadas). Além disso, deve observar a capacidade de —Esta é uma operação policial preventiva. O pro-
entendimento e interpretação das recomendações e a cedimento durará apenas alguns minutos. Para a sua
própria ação policial em função das características emo- segurança, siga minhas orientações, OK...?
cionais e psicológicas típicas de cada faixa etária (criança Novamente, aguarde a resposta. No caso do abor-
e adolescente). dado manter-se cooperativo, mantenha-se no estado
. IDOSOS: na presenca ou na abordagem a pessoas de alerta (laranja), advirta os demais integrantes da
idosas, cabe ao policial militar observar as possíveis difi- guarnição e prossiga na abordagem, até que seja asse-
culdades de compreensão, locomoção, auditivas, visuais, gurada a minimização do risco de porte de armas ou de
entre outras, tratando-os com consideração e respeito. possíveis reações do abordado.

184
Nesse momento da abordagem, a equipe policial mil- Caso haja animais no interior do veículo, aproxime-se
itar estará atenta para os seguintes aspectos: com cuidado e solicite ao condutor que o controle.
. verificar, rapidamente, se existem outras pessoas e Terminada a abordagem, explique ao cidadão sobre
objetos no interior do veículo; a importância da pesquisa pós-atendimento que se se-
. utilizar o tirocinio policial e atualizar a avaliacao de guirá:
riscos para identificar possíveis práticas delituosas; . Senhor (nome)! A Polícia Militar realiza uma
. decidir sobre a necessidade de verbalizar com outras pesquisa de pós-atendimento para verificação da
pessoas no interior do veículo, a fim de certificar-se de qualidade e aperfeiçoamento do nosso trabalho.
que não esteja ocorrendo condução coercitiva de algu- •Preciso que indique o dia da semana, hordrio e
mas dessas pessoas por parte do motorista ou dos ocu- número de telefone, para que possamos entrar em
pantes, a exemplo de sequestro, abuso de inocência nos contato, sem que cause incômodo.
casos de crianças ou deficientes mentais ou outras condu- (Aguarde, anote a resposta, agradeça e despeça-se)
tas criminosas mais graves. — Agradeço pela colaboração e conte com o nosso
serviço. Tenha um bom dia!
Caso não haja indícios das situações acima, dê se- Na hipótese da verificação preliminar e avaliação de
quência à abordagem ao motorista: riscos levantar fundada suspeita baseada na experiência
—Qual o seu nome...? e o tirocínio do policial militar, alertarem para a neces-
(Aguarde a resposta. Caso o abordado não forneça sidade de efetuar a busca no veículo ou no condutor e
o nome, trate-o por cidadão. Se o abordado fornecer o em seus ocupantes, sinalize para o PM Segurança (ges-
nome passe a tratá-lo da seguinte forma:) to com as mãos simbolizando “suspeito”), que apoiará o
—Senhor ... (nome), está portando a carteira de desembarque e a busca pessoal e veicular (ver MTP 2 e 4).
habilitação e o documento do veículo? Logo após, verbalize com os ocupantes:
(Aguarde a resposta.). —Senhor... (nome), será necessário que desça do
—Senhor ... (nome), lentamente, pegue os docu- veículo.
mentos e me entregue. Não faça movimentos brus- •Vamos dar sequência a abordagem policial.
cos. •Retire lentamente o cinto de seguranca e desem-
Apenas os documentos devem ser aceitos pelo poli- barque.
cial militar, ou seja, caso estejam dentro de carteiras, •Abra a porta e desca em direcao a calcada/
bolsas ou outros porta-documentos que possam conter acostamento.
dinheiro ou objetos desnecessários deve ser determina- Nesse momento, afaste-se, de modo a permitir que o
do ao condutor que lhe entregue somente o que foi so- cidadão abra a porta do carro. Mantenha constante mon-
licitado. itoramento dos suspeitos (principalmente das mãos). A
Após a entrega dos documentos, certifique-se de que seguir, proceda conforme preceitua o MTP 1 - Intervenção
o motorista recolocou as mãos sobre o volante. Caso não Policial, Verbalização e Uso de Força. Para isso, verbalize
o tenha feito, oriente-o novamente. Em seguida, confira conforme a necessidade. Sugere-se como exemplo:
os documentos e solicite informações ao CICOp. ou cor- —Será necessário realizar uma busca pessoal.
respondente sobre prontuário e queixa-furto. Para isso, Se houver mais de uma pessoa no veículo, explique
alerte o abordado sobre seu procedimento, dizendo: que todos deverão desembarcar do veículo, um a um,
—Aguarde! Vou conferir os dados. para maior segurança.
Durante a conferência dos dados, o PM Segurança Indique, a cada uma das pessoas embarcadas no veí-
estará no estado de alerta (laranja) e manterá vigilância culo, quando deverão descer e quais procedimentos de-
sobre os ocupantes. verão seguir, conforme os preceitos da técnica policial
Não será necessário realizar busca pessoal e veicular, militar. Todos os movimentos deverão ser orientados,
se: seguindo a sua verbalização.
. as informacoes repassadas pelo CICOp. ou corre- Nos casos de busca pessoal, o PM Vistoriador, dia-
spondente confirmarem os dados da documentação; logará com o abordado, de forma pausada e conforme a
. se nada consta em relacao ao veiculo e seus ocu- seguinte sequência:
pantes; —Coloque as mãos sobre a cabeça. Cruze os de-
. se a vistoria inicial e avaliacao de riscos indicar que dos. Fique de costas para mim. Afaste os pés e per-
não há indícios de fundada suspeição. Nesse caso, di- maneça parado!
rija-se ao motorista, devolva-lhe a documentação e in- Se nada for constatado com a pessoa ou no veículo,
forme-o sobre o andamento da abordagem. encerre a abordagem e inicie o procedimento para liber-
— Senhor... (nome ou o trate por “cidadão”) a docu- ar o abordado.
DOUTRINA OPERACIONAL

mentação está correta. (tratar a pessoa pelo nome que Solicite ao cidadão seus dados para que possa ser re-
consta na identidade apresentada). alizada posterior pesquisa de pós-atendimento, conforme
Caso haja criança(s) no veículo, cumprimente-a(s) com já sugerido anteriormente.
amabilidade e cortesia:
• Oi, tudo bem? Abordado resistente passivo ou ativo
• Qual o seu nome?
• Quantos anos você tem? O abordado resistente passivo é aquele que não aca-
ta, de imediato, as determinações do policial militar, ou
opõe-se a ordens, reagindo com o objetivo de impedir a

185
ação legal. Contudo, não agride o policial nem lhe dire- Se detectar algum objeto ilícito durante a busca pes-
ciona ameaças. Por sua vez, o abordado resistente ativo soal ou constatar indícios de infração penal, imediata-
opõe-se à ordem com comportamentos agressivos que mente, separe o suposto infrator dos demais ocupantes
podem representar risco de morte para o policial ou do veículo e inicie uma busca minuciosa. Confirmada a
pessoas envolvidas na intervenção (ver Manual Técni- situação infracional e decidido pela condução, siga os
co-Profissional 3.04.01). procedimentos previstos no Manual Técnico-Profissional
No caso do abordado resistente, após realizar aval- 3.04.02 quanto ao uso de algemas (se necessário), verbal-
iação de riscos, o policial militar deve mensurar e avaliar ização da ação e condução até o interior da viatura poli-
as atitudes e adaptar sua linguagem, sendo mais imper- cial militar.
ativo e impositivo. Comunique imediatamente com seus Os policiais militares responsáveis pela condução de-
companheiros sobre o nível de reação do abordado, para verão relacionar os objetos ilícitos encontrados, qualificar o
que a força empregada seja adequada, coerente com os infrator e conferir o prontuário (caso ainda não o tenha feito).
princípios para uso de força, com foco na segurança dos
envolvidos na intervenção.
Considere que poderão existir diversas razões que le- #FicaDica
varão o abordado a resistir de maneira passiva ou ativa Arrole e qualifique as testemunhas da prisão
às ordens dadas, por exemplo: efetuada, preferencialmente oriundas do
• . quando não compreende a ordem emanada pelo público presente que tenha visto o incidente
policial; ou acompanhado a ação policial. Evite rela-
• quando não acata simplesmente porque quis de- cionar policias como testemunhas.
safiar a autoridade ou desmerecer a ação policial,
tentando, assim, expô-lo a uma situação humilhan-
te frente ao público, ou ainda, provocar o uso ex- Conforme o artigo 5º da Constituição Federal suge-
cessivo de força; re-se que sejam fornecidas as seguintes informações
• quando busca conseguir a simpatia de pessoas a para o caso de prisão em decorrência de flagrante delito
sua volta, colocando-as contra a atuação da polí- ou de mandado judicial:
cia, assumindo assim uma posição de vítima; — (Citar o nome da pessoa presa). Sou o ... (citar
• quando tern algo para esconder (armas, drogas, o posto ou graduação e nome do policial condutor da
outros) e busca distrair a atenção do policial; prisão).
• quando quer ganhar tempo para fugir ou enfren- — Você está preso pelo cometimento do crime
tar fisicamente os policiais, isto é, com resistência de... (citar o delito).
ativa. • Você tem o direito de permanecer calado.
• Voce tern direito a assistencia da sua familia e
O policial militar poderá verificar, por meio de verbal- de advogado.
izações, se o abordado compreende o que está sendo — Você será encaminhado à delegacia... (citar o lo-
dito: cal onde será feito o encerramento do BO/REDS)
— Você está me entendendo? — Na delegacia, sua família ou pessoa indicada por
ou você poderá ser comunicada.
O que está acontecendo? Por que você não me É conveniente fazer perguntas ao revistado, tais como:
obedece? • Por favor, confira seus pertences!
ou • Quer registrar algum fato referente a esta ação
— Está tudo bem? Você está com algum problema? policial?
Caso o abordado demonstre que entendeu as ordens,
mas não as acatou, o policial deverá adverti-lo quanto No caso do abordado descer do veículo ou camin-
ao seu comportamento, esclarecendo tratar-se de crime har em direção à guarnição, o policial deverá avaliar a
(desobediência, art. 330 do Código Penal Brasileiro) e situação conforme os preceitos de técnica policial para
que, evoluindo o conjunto de recusa por sua parte, pode conter e controlar a situação. Nessa hipótese, sugere-se
redundar em outros crimes, tais como desacato, resistên- como verbalização:
cia ou agressão contra policiais. • Parado! Não se aproxime!
— Obedeça! Desobediência é crime! • Acate minhas ordens! Mantenha suas mãos onde
ou eu possa ver (Coloque suas mãos para cima!)
— Cidadão, isto é uma ordem legal! Faça o que • Não faça movimentos bruscos. Obedeca a ordem
estou mandando! policial!
DOUTRINA OPERACIONAL

Caso o abordado resista, passiva ou ativamente, ao • Vou empregar a força!


ser submetido à busca, alerte-o sobre as consequências
da desobediência à ordem legal. Persistindo a desobe- Procedimentos específicos
diência, aja com superioridade numérica, isole-o dos
demais, e use o nível de força, conforme o nível da re- Diante da diversidade de situações com as quais o
sistência, para compeli-lo a cumprir a determinação le- policial pode se deparar nas abordagens, é importante
gal (seguir os procedimentos contidos no Manual Técni- atentar para algumas especificidades de ocorrências en-
co-Profissional 3.04.01). volvendo autoridades ou tentativa de corrupção por par-
te do abordado.

186
Abordagem a autoridades Em caso de envolvimento de policial civil, federal
ou militar em ocorrência policial de qualquer natureza,
Caso o abordado se apresente como autoridade titu- o centro de operações, o Centro Integrado de Comu-
lar de prerrogativas ou imunidades, proceda da seguinte nicações Operacionais (CICOp.) ou correspondente e a
forma: Central de Operações da Polícia Civil (CEPOLC), ou cor-
• estabeleça um diálogo inicial respeitoso e amis- respondentes às forças armadas e à polícia federal, de-
toso e utilize, de imediato, os pronomes de trata- verão ser imediatamente acionados e o(s) envolvido(s)
mento adequados ao cargo ou à função alegados apresentado(s) à autoridade competente.
por ele; As eventuais escoltas e conduções posteriores serão re-
• identifique-se, diga seu nome, posto ou gradu- alizadas por integrantes da própria Instituição a que per-
ação, e explique que se trata de uma operação tencer o abordado. Na impossibilidade, mediante prévia
policial; solicitação formal da respectiva chefia ou comando, a
• diga-lhe que por não conhecê-lo pessoalmente condução poderá ser realizada em viatura da PMMG.
será necessário que apresente a identidade func- Na situação da autoridade querer forçar a saída da
tional correspondente. blitz antes da solução final da ocorrência, deverão ser ad-
otadas as medidas previstas no item 3.9 - Evasão.
Nesse caso, é sugerida a seguinte verbalização: A divulgação dos fatos aos órgãos de imprensa obe-
.Senhor, (Embaixador, Juiz, Promotor, Deputado, decerá aos preceitos estabelecidos pelas normas da
General, Delegado, etc.) eu sou o (posto ou graduação, PMMG.
seguido de nome) estamos realizando uma operação
preventiva para a sua segurança. Procedimento policial diante de tentativa de cor-
• Necessito que o senhor apresente sua carteira rupção
funcional.
Constatada formalmente a identificação da autori- Existem situações em que o abordado, para se ver
dade, segundo o grau de imunidades e prerrogativas, o livre de prisão ou sanção administrativa, oferece alguma
policial avaliará as circunstâncias, para ver se é o caso de: vantagem para o policial militar. Essas tentativas podem
a) não prosseguir na abordagem; ser feitas de inúmeras formas, mas o militar deve agir
b) prosseguir na abordagem, acionar quem de direito com profissionalismo.
e adotar as providências cabíveis, conforme cada Em outros casos, a experiência policial nos mostra
circunstância observada. que o abordado, por se sentir nervoso, ou por descrédito
com os órgãos responsáveis pela aplicação da lei, emp-
Havendo indícios de suspeição, solicite a colaboração regue termos, palavras ou gestos, de maneira que pos-
do abordado no sentido de apresentar os demais docu- sam gerar interpretações que configurem situação sem-
mentos do veículo ou facultar a busca veicular. elhante à citada acima, ou seja, tentativa de corrupção.
Caso a autoridade se negue a apresentar sua carteira Desse modo, pode ocorrer, por exemplo, a entre-
funcional, ou diante situações mais graves de fundada
ga de documentos (carteira de habilitação, Certidão de
suspeição, comunique o fato ao CPCia./ CPU, solicitando
Registro e Licenciamento de Veículo), com alguma van-
ao CICOp. ou correspondente a presença de represen-
tagem econômica, como quantia em dinheiro “deixada”
tante do órgão a que pertence a autoridade, para as me-
intencionalmente junto à documentação e entregue ao
didas decorrentes. Nesse caso, deverá dizer:
policial.
- Senhor... (nome com declinação do cargo alegado),
Nesses casos, o PM deverá confirmar sua suspeita,
necessito que aguarde no local, pois o coordenador de
podendo manter o seguinte diálogo:
policiamento já está a caminho para solucionar esta situ-
ação. —Senhor, por favor, retire os pertences particulares
Na solução dos conflitos ou desentendimentos que e me entregue somente os documentos solicitados.
porventura possam surgir, o policial militar buscará atuar Há também os casos de insinuações feitas pelo abor-
com comedimento e profissionalismo, evitando: dado, utilizando falas do tipo:
. discussões acaloradas (provocativas), corporativistas —É para o cafezinho! ou
e que se exponham ao público ou à imprensa; • Da para resolver de outra forma esta situação!
. imposição de autoridade sobre autoridade, em uma ou
disputa desgastante para ambos. • Como podemos administrar esse problema! ou
Conforme evolua a gravidade do incidente, as ações • Como forma de agradecer pelo seu serviço! ou
de contatos físicos ou uso de equipamentos serão re- • O senhor merece! ou
stritos à contenção da pessoa e à defesa dos policiais • Pela sua educação! ou
DOUTRINA OPERACIONAL

militares.
Numa situação de descontrole emocional da auto- —Este dinheiro estava aí dentro para o senhor!
ridade envolvida, que poderá utilizar a arma que por- ou
ta para ameaçar a equipe ou empreender fuga, deverá —Eu nem lembrava desse dinheiro, pode fincar
ser dada atenção especial à segurança dos policiais, do com ele!
público presente no local da ocorrência e do abordado, ou
observando-se o uso diferenciado de força (ver Manual — É só um agrado, seu guarda!
Técnico-Profissional 3.04.01 - Intervenção Policial, Ver- Nessas situações, o policial militar pode usar as se-
balização e Uso de Força). guintes frases:

187
— Senhor, não estou entendendo sua pergunta/ g) caso o abordado não responda e se torne resis-
colocação, por favor, repita! tente, mantenha-se atento e proceda da seguinte
ou maneira:
— Senhor, o que está propondo? ou . utilize a comunicação verbal e não verbal como for-
— Senhor, o que está me dizendo? ma de auxiliar na verbalização;
ou . adeque o volume da voz e emita ordem direta
— Senhor, para que é este dinheiro? alertando ao abordado quanto à prática de crime;
. resguarde suas ações arrolando se possivel, teste-
Caso a conduta do abordado enquadre-se em crime munhas que estejam próximas ao local;
de corrupção, o policial militar deve fazer valer os valores . utilize recursos tecnológicos que estejam a dis-
cultuados pela Polícia Militar, sobretudo o da ética, trans- posição para comprovar a atuação legítima do policial e a
parência e justiça, devendo arrolar testemunhas idôneas resistência do abordado. É o caso de aparelhos telefôni-
e adotar as medidas legais. cos celulares que tiram fotos, filmam, gravam áudio,
ou outros equipamentos similares. Na utilização desses
Orientações gerais recursos, o policial deve ter cuidado de maneira espe-
cial com relação à postura e segurança, de maneira que
Em uma abordagem, o policial militar deve consid- não se torne vulnerável na intervenção. Esses registros
erar: eletrônicos só poderão ser utilizados de maneira oficial,
a) diversas condições podem gerar insatisfação em sendo vedada a divulgação ou distribuição à imprensa
uma pessoa abordada em uma blitz policial; seja ou a outros órgãos.
pelo atraso para comparecer a algum compromis- Quaisquer desses fatores, mal trabalhados, podem
so, seja pelo constrangimento frente ao público do levar o responsável pela abordagem a fragilizar sua
local (às vezes vizinhos) ou aos demais passageiros demonstração de autoridade.
do veículo (às vezes familiares), ou ainda, pelo fato
de o colocar na condição de suspeito. Diante des- SITUAÇÕES ESPECÍFICAS
sas situações, pode ser que o abordado tente ar-
gumentar ou questionar a ação policial, o que não
Esta seção trata de duas situações que, em função de
configuraria necessariamente resistência, ou desa-
suas especificidades, exigem orientações procedimen-
cato. Nesse caso, seja tolerante, prudente e sempre
tais específicas além das demais contidas neste Manual
atento a sua segurança, avalie cada situação para
Técnico-Profissional, a saber: a abordagem a motocicle-
melhor definir suas ações;
tas e a realização de operação do tipo blitz policial em
b) nem todo cidadão se dispõe a colaborar espontan-
horário noturno.
eamente. Mantenha o controle da situação através
da verbalização adequada e busque identificar as
possíveis razões pelas quais ele pode estar sendo Abordagem a motocicletas
resistente. Fique atento para não se deixar levar
por provocações e cair em armadilhas do aborda- Durante a realização da operação, inevitavelmente,
do que procura se vitimar diante da ação do poli- será necessário efetuar abordagem a motocicletas e
cial; seus ocupantes. Este procedimento será alvo de maior
c) o abordado poderá ter dificuldades de escutar atenção pela equipe, pois a experiência operacional mos-
suas ordens, em decorrência de barulho na rua, por tra que este tipo de veículo é largamente utilizado por
estar com o aparelho de som ligado, por ter prob- infratores para a prática de crimes, devido à sua mobili-
lemas auditivos ou ainda por ser estrangeiro. Nes- dade, agilidade no trânsito das grandes cidades e dificul-
sa situação, determine a ele que desligue o som do dade de identificação do rosto da pessoa devido ao uso
veículo, seja tolerante e expresse novamente sua de capacetes.
intenção; Ao proceder à abordagem a motocicletas, o policial
d) pessoas sob efeito de álcool ou drogas poderão agirá de maneira análoga à apresentada para a aborda-
ficar confusas e ter dificuldades de entender suas gem de veículos de 4 (quatro) rodas e deverá estar aten-
colocações. Fique atento às reações do abordado e to às seguintes orientações especificas:
com a segurança dele, da sua equipe e das pessoas a) o PM Selecionador deverá proceder com cautela
próximas da ocorrência; e avaliar o risco desta abordagem, considerando
e) a sua segurança e a da sua equipe são fundamen- que a motocicleta tem sido o meio mais utilizado
tais. Assim, esteja atento às diversas peculiaridades para auxiliar na prática de delitos (ver MTP 1);
do ambiente no qual se desenrola a operação poli- b) O PM Vistoriador realizará a abordagem pelo lado
DOUTRINA OPERACIONAL

cial e proceda sempre à avaliação de riscos (ver esquerdo dos ocupantes da motocicleta, enquanto
Manual Técnico-Profissional 3.04.01); o PM Segurança ficará do lado direito. Neste mo-
f) se o abordado demorar a responder ou a acatar as mento os militares observarão os pressupostos da
determinações, mas não manifestar resistência ati- Técnica de Aproximação Triangular (TAT - MTP 02),
va, você deverá insistir na recomendação dada, e monitorando as mãos do motociclista e passageiro
repetir a ordem ou a pergunta por três ou mais vez- (se houver) - pontos quentes;
es. A repetição firme das ordens é uma técnica que c) Será ordenado ao condutor que desligue a moto-
demonstra a determinação do policial e poderá cicleta e retire a chave da ignição. Em caso de sus-
superar a resistência inicial com profissionalismo; peição, será determinado que o condutor e pas-

188
sageiro (se houver), coloquem as mãos apoiadas emergenciais, excepcionalmente, poderão ser uti-
no capacete. lizados outros meios de fortuna, como pequenos
d) A busca pessoal, quando necessária, será realiza- galhos de árvore;
da da seguinte maneira: ao motociclista será dada c) os sistemas luminosos tipo giroflex garantem
ordem para descer do veículo e colocar as mãos maior efetividade visual, à distância, se as viaturas
apoiadas no capacete. Caso haja um passageiro, estiverem posicionadas longitudinalmente em
este será o primeiro a desembarcar e ficará de pé relação à mão de direção e de passagem dos veícu-
ao lado do veículo, com as mãos apoiadas no ca- los; logo, poderá haver adaptação do posiciona-
pacete. mento transversal descrito nos croquis e a adoção
e) em seguida, o PM Vistoriador procederá busca de posição paralela ao meio-fio da rua, o que
pessoal no(s) abordado(s), podendo ser na posição propiciará maior visibilidade ao dispositivo da op-
de contenção 1 (abordado em pé sem apoio) ou eração;
na posição de contenção 2 (abordado em pé com d) durante a abordagem noturna, tenha atenção re-
apoio - viatura ou parede), conforme MTP 02 e dobrada, pois a baixa luminosidade interfere di-
avaliação de riscos feita pelos militares empenha- retamente na segurança do trânsito e na identifi-
dos na operação. cação de possíveis ameaças; cabe ao policial militar
f) após a busca pessoal e não sendo detectada situ- se manter no estado de prontidão adequado (ver
ação ilícita, os procedimentos de fiscalização de Manual Técnico-Profissional 3.04.01) para esta situ-
documentos (motocicleta, motociclista e passage- ação, o que é uma medida de prevenção decisiva
iro), bem como a vistoria da motocicleta (lacre da para a segurança da equipe;
placa, debaixo do assento, compartimento etc) de- e) a utilização de lanternas e dispositivos de ilu-
verão ser realizados. minação manuais para esta operação é impre-
scindível, seja para a correta iluminação dos abor-
Blitz noturna dados e monitoramento dos pontos de foco e
pontos quentes (ver Manual Técnico-Profissional
O período noturno propicia um ambiente favorável à 3.04.01) durante a abordagem, seja para efetuar a
ocorrência de crimes, visto que a noite oferece uma sen- busca no interior dos compartimentos do veículo;
sação de camuflagem para os infratores, os quais acredi- f) ao proceder à abordagem no período noturno,
tam que a escuridão amplia a possibilidade de êxito de o policial militar deve agir de maneira análoga às
situações apresentadas para as abordagens citadas
uma fuga diante da ação policial militar.
anteriormente, sempre atento às seguintes orien-
tações particulares:
. quando nao houver indicio de suspeicao, dialogue e
FIQUE ATENTO!
tranquilize o abordado de forma a evitar uma expectativa
Não é recomendável, exceto em casos ex- negativa em relação à atuação policial;
traordinários, a realização de operações tipo . ao proceder a parada do veiculo, solicite ao condu-
blitz policial no período noturno com dois tor que apague os faróis, acenda a luz interna do veículo
policias militares. e mantenha as mãos em local visível, preferencialmente
sobre o volante;
. se o veiculo possuir pelicula de protecao (Insul-film),
Por isso, a blitz, neste período deve ser planejada e ex- afaste-se e, sem bater no vidro, solicite que o condutor
ecutada com adoção de procedimentos já descritos para abra a janela lentamente. Informe ao condutor que este
a blitz diurna, porém com alguns cuidados especiais, procedimento será necessário para segurança dos ocu-
apresentados a seguir de modo a atender às peculiari- pantes e do próprio policial;
dades inerentes à uma operação noturna: . utilize uma lanterna para melhor visualizar o interior
a) deve ser montada preferencialmente em local com do veículo, evitando apontar o foco da luz diretamente
boa iluminação artificial e que proporcione segu- para os olhos do condutor ou dos passageiros;
rança tanto no aspecto de visualização do dispos- . evite expor sua visao aos locals de forte iluminacao
itivo montado, quanto nas condições de controle (faróis), isto poderá interferir fisiologicamente na sua
de perímetro. Os locais que, diante uma situação percepção visual e identificação rápida de um provável
adversa, poderão ser fatores complicadores à at- perigo.
uação policial militar, devem ser evitados como
aqueles próximos a desfiladeiros, pontes, aglomer-
DOUTRINA OPERACIONAL

ados urbanos, rios, locais de grande concentração


de pessoas, dentre outros;
b) a sinalização da via poderá sofrer algumas alter-
ações para aumentar a segurança dos envolvidos,
pois desta forma é possível dar maior visibilidade
à blitz e evitar acidentes que envolvam a equipe
policial e os pedestres. Cones com dispositivo lu-
minoso e balizadores manuais luminosos poderão
ser utilizados como meios de sinalização. Em casos

189
Anexo “A” - Modelo de Relatório do Comandante da Operação
DOUTRINA OPERACIONAL

190
DOUTRINA OPERACIONAL

191
DOUTRINA OPERACIONAL

192
Anexo “B” - Relatório da Supervisão da Operação

DOUTRINA OPERACIONAL

193
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
CADERNO DOUTRINÁRIO 4 - ABORDAGEM
A VEÍCULOS. APROVADO PELA RESOLU- A abordagem a veículos é um tipo de intervenção
ÇÃO Nº 4.145, DE 09/06/11, PUBLICADA policial, cujos procedimentos preveem a aproximação
NO BGPM Nº 86, DE 10/11/11 - MANUAL dos meios de transporte de passageiros ou de carga, em
TÉCNICO-PROFISSIONAL Nº 3.04.04/13- CG. via pública, com objetivo de:
(PUBLICADO NA SEPARATA DO BGPM 91, • orientar e prestar assistência;
DE 01/12/11 • distribuir “folders” “Dicas PM” ou peças gráfcas rel-
acionadas à segurança pública;
• fscalizar documentos de porte obrigatório do con-
APRESENTAÇÃO dutor e do veículo;
• averiguar os equipamentos obrigatórios;
Em seu cotidiano operacional, o policial militar • notifcar o condutor em casos de infração de trân-
atende a diversas ocorrências, por iniciativa ou determi- sito;
nação, envolvendo pessoas no interior de veículos. Essas • adotar providências quanto ao estado de embria-
intervenções variam desde operações de caráter educati- guez do condutor;
vo às ocorrências de alta complexidade e requerem uma • vistoriar veículo na tentativa de localizar produtos
doutrina de emprego. ilícitos;
O Caderno Doutrinário 4 objetiva padronizar procedi- • efetuar a prisão de condutor e passageiros que
mentos operacionais e orientar os policiais militares para possuam mandado de prisão em aberto, que este-
a tomada de decisões sobre a tática mais adequada nas jam em fuga ou em estado de fagrância;
abordagens a veículos, considerando os objetivos da in- • realizar busca pessoal nos ocupantes do veículos.
tervenção, as especifcidades de cada tipo de veículo e o
ambiente em que a abordagem será realizada. Sua elab- A abordagem a veículos vem fundamentada no artigo
oração contou com contribuições de integrantes de toda 5º da Constituição Federal (CF/88) e nos artigos 240 a 250
a PMMG. As técnicas e táticas apresentadas foram testa- do Código de Processo Penal (CPP).
das por um grupo específco de policiais, que analisaram A vistoria veicular e a busca pessoal são procedimen-
e validaram a aplicabilidade dos procedimentos. tos que podem ocorrer ao longo de uma abordagem a
O conteúdo versa sobre situações rotineiras do pa- veículos, principalmente naquelas que se confguram in-
trulhamento e aponta detalhes importantes que norteiam tervenções policiais de nível 2 (preventiva) e 3 (repres-
a conduta do policial, sem inibir sua discricionariedade. siva).
Apresenta, ainda, dispositivos táticos para uma atuação O artigo 244 do CPP descreve que a busca pessoal
segura, frme, e que respeite a dignidade da pessoa hu- independerá de mandado, e o artigo 245 condiciona a
mana, as liberdades, direitos e garantias fundamentais necessidade de mandado apenas para a busca domiciliar.
do cidadão. Portanto, nos veículos em que o proprietário/condutor
A leitura deste Caderno deve ser precedida da lei- não o utiliza como moradia, a busca pessoal e a vistoria
tura do conteúdo desenvolvido nos demais Cadernos veicular independem da necessidade de mandado.
Doutrinários, em especial, do Caderno 1 - Intervenção Contudo, de acordo com os artigos 240 a 250 do
Policial, Verbalização e Uso da Força, 2 - Tática Policial, Código de Processo Penal (CPP), esses procedimentos
Abordagem a Pessoas e Tratamento a Vítimas e 3 - Blitz serão realizados nas situações em que houver fundada
Policial. suspeita.
A seção 2 conceitua e classifca a abordagem veicular A suspeição pode advir de algum critério subjetivo
de acordo com os níveis de intervenção policial, apresen- (conduta do cidadão, denúncia anônima, dentre outros)
ta a fundamentação legal e os conceitos decorrentes da ou objetivo (dados do geoprocessamento como local,
aplicação dos princípios do pensamento tático nesse tipo horário, veículo de tipo ou modelo geralmente utilizado
de ocorrência. para prática de crimes, dentre outros).
Os procedimentos para abordagem a veículo estão Assim, durante uma abordagem a veículos, a bus-
apresentados na seção 3, que traz orientações sobre a ca pessoal e a vistoria veicular devem ocorrer de forma
aplicação da metodologia da avaliação de riscos, sobre fundamentada e não aleatória, com a fnalidade de pre-
os procedimentos para o desenvolvimento e a execução venção ou de repressão qualifcada a possíveis delitos,
das abordagens a automóveis; montagem de dispositi- diante da suspeita de que alguém esteja ocultando con-
vos e posicionamento dos policiais. sigo os seguintes objetos:
Os procedimentos relativos à abordagem a veículos • arma proibida;
DOUTRINA OPERACIONAL

com características especiais (motocicletas e similares, • coisas obtidas por meios criminosos;
ônibus e micro-ônibus) serão detalhados na seção 4. • instrumentos de falsifcação ou objetos falsifcados
Por motivos didáticos, evitando-se a fragmentação e contrafeitos;
do conhecimento, o conteúdo que trata das operações • armas e munições, instrumentos utilizados na
de perseguição policial, cerco e bloqueio, previsto para prática de crime ou destinados a fm delituoso;
o Caderno Doutrinário 5, será tratado na seção 5 deste • objetos necessários à prova de infração ou à def-
Caderno Doutrinário. esa de réu;
• qualquer elemento que demonstre indício de in-
fração penal.

194
Níveis de abordagem a veículos

De acordo com a classifcação das intervenções policiais apresentada no Caderno Doutrinário 1, a abordagem a
veículo pode ser classifcada em:
a) abordagem a veículo - nível 1
Será empregada nas ações e operações policiais de caráter educativo e assistencial (risco nível I). Nesse caso, o
estado de prontidão coerente é o atenção (amarelo).
Exemplos: distribuição de “folders” “Dicas PM”, no feriado de Carnaval; distribuição de “folders” “Viagem Segura”,
em Blitz policial; policiais que prestam assistência a veículo na via.
b) abordagem a veículo - nível 2
Será empregada nas ações e operações de caráter preventivo (risco nível II), em fatos que indiquem ameaça à se-
gurança pública. É o caso das abordagens baseadas em histórico de infrações (dados georeferenciados) ou situações
em que a infração não foi consumada, mas há indício de preparação para o seu cometimento. O estado de prontidão
coerente é o alerta (laranja).
Exemplos: ações e operações de fscalização de documentos e equipamentos obrigatórios; abordagens de iniciativa
decidida com base na avaliação de riscos; denúncia de veículos em locais ermos ou parados em frente a estabeleci-
mentos comerciais, causando suspeição de comerciantes; operações com parada de veículos para fscalização de porte
de armas, busca e apreensão de drogas, dentre outros.
c) abordagem a veículo - nível 3
Será empregada nas ações e operações de caráter repressivo, caracterizado por situações de fundada suspeita ou
certeza do cometimento de delito (risco nível III). O estado de prontidão coerente é o alerta (vermelho).
Exemplos: veículo produto de furto ou roubo; veículo utilizado em sequestro; veículo utilizado ou tomado de as-
salto; denúncia de ocupantes armados no interior do veículo; veículo utilizado para fuga; veículo utilizado para trans-
porte de drogas e outros produtos ilícitos, dentre outros.

FIQUE ATENTO!
Independentemente da situação, os componentes da guarnição devem considerar que toda abordagem
possui um potencial que a torna arriscada, devendo observar todas as orientações técnicas e doutrinárias,
mantendo um estado de prontidão coerente com cada situação.

Conceitos aplicáveis à área de abordagem a veículos

Para proceder à abordagem a veículos, o policial deve observar os princípios do pensamento tático, mapeando o
local da intervenção em função da avaliação de riscos. (Ver Caderno Doutrinário 1). Nesse sentido, considere:
a) área de contenção: é a área de abrangência da ocorrência, em que ospoliciais deverão manter constante
monitoramento com objetivo de conter os abordados e isolar o local contra a intervenção de terceiros;
b) área de risco: numa abordagem a veículos, compreende-se todo o espaço livre em torno (360º) do veículo abor-
dado. Nessa área, existem ameaças, reais ou potenciais, que colocam em risco a segurança dos envolvidos, pelo
fato de o policial não deter, ainda, o domínio da situação;
c) área de aproximação: é o espaço que corresponde a uma faixa de aproximadamente 75 cm de largura, que
se inicia na altura do para-choques traseiro (esquerdo/direito) do veículo abordado e termina antes do raio de
abertura da porta do motorista ou das portas traseiras quando houver passageiros nos bancos de trás. É o local
que oferece menor risco ao policial durante a aproximação;
d) área de alcance: é o espaço situado dentro da área de risco em que o policial estará vulnerável à agressão física
por parte de ocupantes do veículo (agressões com socos, com chaves de fenda, trancas de carro, dentre outros).
Essa área compreende um raio de extensão de aproximadamente um metro, partindo das janelas do veículo;
DOUTRINA OPERACIONAL

195
e) setor de busca: é o espaço destinado à realização A análise prévia de todos os dados levantados e dos
de busca pessoal e será defnido após análise do aspectos legais irá orientar os policiais quanto à decisão
local e avaliação de riscos, de forma a garantir de iniciar ou não a abordagem e quanto à escolha dos
segurança tanto para os policiais quanto para os dispositivos táticos e ao emprego de níveis de força, co-
abordados. (Ver Caderno Doutrinário 2); erentes com a situação apresentada.
f) setor de custódia: é o espaço defnido pelos
policiais, dentro da área de contenção, para onde Avaliação de riscos
os abordados serão encaminhados enquanto
aguardam consultas de dados, busca pessoal, vis- Toda e qualquer intervenção policial, seja simples ou
torias, entre outros. Recomenda-se que esses lo- complexa, deve ser precedida de análise criteriosa das in-
cais não possuam pontos de escape que permitam formações, de forma que sejam organizadas, trabalhadas
uma possível evasão dos abordados. (Ver Caderno e transformadas em dados, aplicando-se a metodologia
Doutrinário 2). de avaliação de risco (Ver Caderno Doutrinário 1).
A primeira análise que o policial deve fazer é a identi-
Distribuição de funções ficação de direitos e garantias sob ameaça. Para tanto,
numa abordagem a veículo, deve observar, dentre out-
Para melhor compreensão dos procedimentos rela- ros aspectos: presença de crianças, gestantes e idosos no
tivos à abordagem a veículos, aplicam-se as seguintes veículo ou nas proximidades; se o local e as condições da
funções: via oferecem segurança; o comportamento do condutor
a) PM Comandante: é o militar de maior posto ou (cooperativo ou resistente, a direção ofensiva; possíveis
graduação, e dentre eles, o mais antigo; responsável alterações provocadas por ingestão de substâncias como
pela coordenação e pelo controle da operação; álcool, drogas, medicações); se há presença de reféns.
b) PM Verbalizador: é o policial responsável pela Para avaliar ameaças, o policial deve considerar as
comunicação com os ocupantes do veículo características de cada tipo de veículo que será aborda-
do (de transporte de passageiros ou cargas; de duas ou
abordado;
quatro rodas; número de portas), o que infuenciará, so-
c) PM Vistoriador: é o policial responsável pela
bremaneira, no plano de ação. Além disso, deve identif-
verifcação de documentos e vistoria do veículo;
car quantas pessoas estão visíveis no interior do veículo,
d) PM Revistador: é o responsável pela realização da
para defnir os pontos de foco e pontos quentes a serem
busca pessoal nos ocupantes do veículo abordado,
monitorados. Dentre outras medidas importantes para
durante a intervenção;
avaliar ameaças, o policial deve analisar as características
e) PM Segurança: é o policial responsável pela
físicas dos ocupantes e fazer a correlação com dados já
integridade e segurança dos componentes da conhecidos, consultar a placa para averiguar se o veículo
equipe durante toda a intervenção. é furtado, identifcar se existe algum veículo dando co-
bertura ou acompanhando aquele que está sendo abor-
dado, observar se foi dispensado algum material do inte-
FIQUE ATENTO! rior do veículo ou imediações e se há armas, com tipos e
quantidade utilizada pelos infratores.

FIQUE ATENTO!
Deve-se evitar a abordagem em regiões
com grande fluxo de pessoas (locais pró-
ximos a grandes eventos, estádios, escolas,
PROCEDIMENTOS PARA A ABORDAGEM AVEÍCULOS hospitais, bares ou bancos). Aglomerados
urbanos, em decorrência da topografia do
A abordagem a veículos ocorre: terreno, também podem oferecer risco a
a) durante uma operação de blitz policial, quando a terceiros.
viatura e os policiais montam um dispositivo apro-
priado para direcionar e diminuir a velocidade do
fuxo do trânsito, de forma a facilitar a escolha e a Quanto mais específcas forem as respostas às
ordem de parada dos veículos pelo PM Seleciona- questões anteriores e as informações colhidas, antes da
dor, de acordo com o objetivo e o nível da inter- abordagem, mais precisa será a classificação de risco.
venção (Ver Caderno Doutrinário 3); Esses fatores contribuirão para o preparo mental e para
DOUTRINA OPERACIONAL

b) durante o patrulhamento, por acionamento ou a adoção de um estado de prontidão adequado, além de


de iniciativa, o comandante da guarnição, com a subsidiar a elaboração de um plano de ação mais eficaz.
viatura em movimento, decide pela realização da A quarta etapa da metodologia de avaliação de riscos
abordagem (parada ou em movimento). é a análise das vulnerabilidades. A abordagem a veí-
c) durante perseguição policial, numa operação de culo consiste em verifcar se há supremacia de forças,
cerco e bloqueio. averiguar se o armamento e os equipamentos existentes
na viatura são sufcientes, analisar se há necessidade de
cobertura, escolher o local e o momento da abordagem,
de forma a garantir a segurança de todos os envolvidos.

196
Por fim, a avaliação de possíveis resultados consiste no Caderno Doutrinário 3 e na seção 5 deste Caderno
em analisar os riscos que a abordagem acarretará para que trata do acompanhamento e monitoramento duran-
a guarnição, para terceiros e para a via, bem como os te a perseguição policial.
resultados e possíveis refexos da ação policial. Trata-se
de avaliar a real necessidade de abordar o veículo em Tática de aproximação
função da relação custo-benefício da intervenção.
Consiste no deslocamento do policial até o veículo
parado, posicionando-se na área de aproximação para
FIQUE ATENTO! a verbalização e abordagem.
A classificação de risco poderá ser alterada Será empregada em abordagem a veículos, níveis 1
no transcorrer de uma intervenção policial, (caráter educativo e assistencial) e 2 (em operações pre-
consoante elevação ou diminuição da gravi- ventivas com parada de veículos para fscalização de doc-
dade da ocorrência. umentos e equipamentos obrigatórios ou com objetivo
de apreender armas de fogo, drogas e outros produtos
ilícitos).
Ao iniciar uma abordagem veicular, o policial deve: As demais situações de abordagem a veículos -
• repassar à central de operações a localização exata nível 2, em que existe uma fundada suspeita, porém sem
da guarnição; a certeza da existência de um delito, deverá ser emprega-
• procurar fazer com que o veículo abordado pare da a tática com posicionamento de viatura a 45º, que
em um local fora da pista de rolamento (ou onde vem descrita no item 3.2.2 deste Caderno Doutrinário.
haja menos tráfego);
• estar atento quanto às possíveis rotas de fuga; Procedimentos
• evitar abordar próximo a locais onde pessoas hos-
tis possam interferir na abordagem; Mantendo uma distância de aproximadamente 3
• à noite, quando possível, escolher locais já metros do automóvel, o PM Verbalizador (o motorista
conhecidos e com da viatura, que acumula a função de PM Vistoriador)
luminosidade favorável; identifca-se, anuncia o motivo da abordagem e orienta
• evitar áreas com prédios que possuam vidraças que o veículo seja desligado, antes de sua aproximação.
refetivas, pois poderão anular a vantagem tática; Sugere-se a seguinte verbalização:
_ Bom dia (noite)! Eu sou o “Cabo ... (dizer posto /
• se possível e necessário, pedir auxílio à central de
graduação e o nome)”, da Polícia Militar (utilize o com-
comunicações para direcionar o veículo para local
plemento POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS, caso este-
mais apropriado, por meio dos recursos informa-
ja em abordagem próxima à divisa /fronteira do Estado).
tizados de geografa urbana;
_Tudo bem? Estamos em uma operação preventi-
• verifcar a existência de outros veículos, que
va.
poderão dar cobertura ao veículo abordado.
_ Por gentileza, siga as nossas orientações.
_ Motorista, desligue o veículo!
Táticas de abordagem a veículo (Conforme avaliação de risco, o PM Verbalizador
deverá determinar ao motorista e aos demais passage-
Na abordagem a veículos, serão empregadas três iros que abaixem os vidros e coloquem as mãos sobre a
táticas principais: cabeça)
• tática de aproximação; Após o motorista do veículo desligar o motor, o PM
• tática com posicionamento de viatura a 45º; Verbalizador seguirá pela área de aproximação, posi-
• tática de cerco e bloqueio. Essa última será tratada cionar-se-á antes do raio de abertura da porta do mo-
na seção 5 deste Caderno Doutrinário. torista (próximo à coluna da porta), do lado esquerdo, e
solicitará os documentos obrigatórios.
Os procedimentos iniciam-se com a ordem de para-
da, caso o veículo a ser abordado esteja em movimento,
utilizando a verbalização e sinais sonoros e gestuais. Du- FIQUE ATENTO!
rante uma operação blitz policial, o PM Selecionador le- Conforme avaliação de risco, quando hou-
vanta o braço direito e, como advertência, emite um silvo ver passageiro no banco traseiro, o policial
longo para que os veículos diminuam a marcha. Quando poderá se posicionar antes do raio de aber-
estiver próximo, efetua dois silvos breves e aponta para o tura da porta traseira esquerda e determinar
DOUTRINA OPERACIONAL

Box de Abordagem, local onde o veículo deve parar. (Ver que o motorista entregue os documentos
Caderno Doutrinário 3). Durante o patrulhamento, com ao passageiro, para que lhe sejam repassa-
a viatura e o veículo abordado em movimento, o girofex dos.
e a sirene devem ser ligados e o megafone deve ser uti-
lizado para determinar à ordem de parada. Não havendo
megafone, o motorista da viatura pisca os faróis e sinal- Nesse momento, o PM Verbalizador/Vistoriador,
iza com o braço esquerdo. Caso o veículo não obedeça estando no estado de prontidão de atenção (amarelo),
à ordem de parada ou tente evadir-se de uma operação deverá manter sua arma de fogo na posição 1 - arma
policial do tipo Blitz, seguir os procedimentos descritos localizada, com o lado do cinto de guarnição que porta

197
a arma afastado do alcance dos passageiros. As portas e _ Qual o seu nome...?
vidros do lado esquerdo do veículo abordado são seus _ Senhor ... (nome), onde se encontram os docu-
pontos de foco e os ocupantes que estiverem também mentos de porte obrigatório?
do lado esquerdo são seus pontos quentes, com ênfase Aguarde resposta.
para as mãos que deverão estar sempre visíveis. _ Senhor... (nome), lentamente, pegue os docu-
mentos e me entregue. Para sua segurança, não faça
movimentos bruscos.

Figura 2 - Tática de aproximação: policiais posiciona-


dos antes do raio de abertura da porta

Ao mesmo tempo da aproximação do PM Verbaliza-


dor, o PM Segurança (comandante da viatura) deverá
estar no estado de prontidão de atenção (amarelo) e
Figura 3 - PM Vistoriador recebendo os documentos
se posicionar na área de aproximação do lado direito do
do motorista.
veículo, onde permanecerá observando todo e qualquer
movimento em seu interior. A arma de fogo deverá estar
Com a mão livre, o PM Vistoriador deverá pegar os
na posição 1 – arma localizada ou na posição 2 –
documentos e realizar as seguintes ações:
arma em guarda baixa, de acordo com a avaliação de
• verifcar os documentos do veículo e do condu-
risco. Considerando os elementos do pensamento tático,
tor (Carteira Nacional de Habilitação e Carteira de
deverá considerar os ocupantes do veículo com pontos
de foco e as mãos os pontos quentes. Identidade);
A disposição de um policial em cada lado do veículo • em caso de suspeição, consultar o nome dos ocu-
abordado confere maior capacidade de controle e segu- pantes do automóvel e placa na central de comu-
rança, sendo, portanto, tática dissuadora de ação reativa nicações, via rádio HT (Hand-Talk), ou se dirigir até
por parte dos ocupantes do veículo. O PM Vistoriador e a viatura para operar o rádio;
o PM Segurança não devem se manter apoiados ou mes- • caso a consulta venha a ocorrer via rádio da via-
mo encostados no veículo. Essa postura evitará que os poli- tura, o PM Vistoriador, em nenhum momento,
ciais tenham a roupa presa em partes do veículo e sejam deverá voltar suas costas para o veículo abordado
arrastados ou lesionados caso o motorista tente arrancar e e, ao retornar, deverá seguir os mesmos procedi-
evadir-se com o veículo. O PM Vistoriador e o PM Segu- mentos de segurança de uma nova abordagem, ou
rança não devem se posicionar na área de alcance, evitan- seja, abordar pela área de aproximação e não se
do assim possível agressão física (soco, uso de arma branca posicionar na área de alcance;
como faca, chaves de fenda, trancas de carro, entre outros) • durante toda a abordagem, o PM Segurança de-
por parte de algum dos ocupantes do veículo. verá permanecer na área de aproximação do lado
direito do veículo, com arma na posição 1 - arma
localizada ou 2 - arma em guarda-baixa, com
FIQUE ATENTO! foco nas mãos e na movimentação do motorista e
A adoção dessas posturas, além de aumen- dos passageiros no interior do veículo.
tar a segurança dos policiais, poderá, inclu-
sive, contribuir para que o abordado se tor- Após avaliar os documentos de porte obrigatório, o
ne cooperativo, Caso o risco da abordagem PM Vistoriador deverá devolvê-los ao condutor, mo-
evolua, proporcionalmente também deverá mento em que deverá agradecer a colaboração e expli-
DOUTRINA OPERACIONAL

evoluir o nível de força empregada pelos car a importância da intervenção policial. Se o abordado
policiais. manifestar algum comportamento de resistência, o poli-
cial deverá considerar as orientações para verbalização e
uso de força descritos nos Cadernos Doutrinários 1, 2 e 3.
Na área de aproximação, o PM Vistoriador de- Caso a abordagem policial objetive a fscalização de
verá perguntar ao motorista do veículo abordado o seu equipamentos obrigatórios, o PM Vistoriador determi-
nome e onde se encontram os documentos de porte nará que apenas o condutor desembarque para acom-
obrigatório, antes de solicitar que os apanhe, facilitando panhar esse procedimento.
assim um melhor controle dos seus movimentos:

198
Durante a fiscalização dos equipamentos obrigatóri-
os, o PM Vistoriador não deverá dar as costas ao mo-
torista, mantendo-se a uma distância de segurança. O
PM Segurança deverá fcar com a atenção voltada para
os demais ocupantes que permanecerem no interior do
veículo. Conforme nível de risco, caso seja necessário
proceder a uma vistoria veicular, esta deverá ocorrer so-
mente após o desembarque e a busca pessoal de todos
os ocupantes do veículo.

Figura 4 - Fiscalização de equipamentos obrigatórias


pelo PM vistoriador com a cobertura do PM Segurança.

Busca pessoal

Não raras vezes, durante abordagem com emprego


da tática de aproximação, os policiais podem, após
posicionados na área de aproximação, identifcar ou
obter informações de indícios de fundada suspeita que
recaia sobre os ocupantes do veículo fscalizado, com ne-
cessidade de realização de busca pessoal.
Dentre os motivos que justifcam a busca pessoal nos
ocupantes do veículo, podemos citar:
• movimentos bruscos e sugestivos de ocultação de
objetos ilícitos;
• informação de antecedentes criminais;
• existência de mandado de prisão em aberto;
• confrmação / detecção de veículo furtado;
• identifcação de chassi adulterado;
• violação do lacre da placa;
• percepção de odores sugestivos de substância en-
torpecente;
• operação preventiva com parada de veículos cujo
objetivo seja apreensão de armas, drogas e outros
produtos ilícitos.
Figura 5- Sequência da abordagem pessoal. Al-
No caso de necessidade de busca pessoal durante ternância de papéis dos policiais: (A) Busca pessoal
emprego da tática de aproximação, os policiais deverão re- realizada pelo PM Verbalizador no motorista do veículo
alizar os procedimentos, ilustrados a seguir. suspeito; (B) Busca pessoal realizada pelo PM Segurança
no passageiro do lado direito.
DOUTRINA OPERACIONAL

O PM Vistoriador deverá avisar ao PM Segurança


da necessidade de busca nos ocupantes do veículo e, em
seguida, comunicar à central de comunicações sobre a
suspeita e a realização da busca pessoal, informando se
há necessidade de reforço.
Ambos, PM Vistoriador e PM Segurança, deverão
elevar o estado de prontidão, permanecendo na área de
aproximação do automóvel, devendo variar a posição da
arma de fogo, conforme avaliação de risco.

199
Na área de aproximação, o PM Vistoriador deter- Tática com posicionamento de viatura a 45º
minará aos ocupantes que permaneçam no interior do
veículo com as mãos visíveis, avisando-os que serão sub- Será empregada em abordagens a veículos nível 2
metidos a uma busca pessoal: (risco nível II), quando o policial deverá estar no estado
_ Motorista e passageiro (s)... de prontidão alerta (laranja). Exemplos: abordagem a
Para sua segurança, não façam movimentos brus- veículo que avançou sinal em alta velocidade; aborda-
cos, permaneçam no interior do veículo e coloquem gem a veículo parado em local ermo; abordagem a veí-
as mãos sobre a cabeça, onde eu possa vê-las. Vocês culo circulando reiteradas vezes ou parado próximo a
serão submetidos a uma busca pessoal. estabelecimento comercial, em atitude suspeita; aborda-
Na área de aproximação, o PM Vistoriador deter- gem a veículo cujas características dos ocupantes façam
minará que um a um, cada qual a seu tempo, saia do presumir serem usuários de droga, entre outros.
veículo com as mãos sobre a cabeça e se posicionem um Esta tática também deverá ser empregada em abordagens a
ao lado do outro, no setor de custódia (passeio / acosta- veículos nível 3 (risco nivel III). Exemplos: abordagem a veícu-
mento existente do lado direito do veículo abordado). los com características semelhantes a veículo utilizado em
_ Motorista (passageiro tal) ... fuga logo após cometimento de crime; abordagem a veículo
_ Retire lentamente o cinto de segurança e desem- em que a denúncia aponta que os ocupantes estão portando
barque. armas de fogo; abordagem a veículo em que o relatório de
_ Abra a porta e saia do veículo com as mãos e os informação do disque-denúncia afrma se tratar de transporte
dedos entrelaçados sobre a cabeça. de grande quantidade de drogas, entre outros. Nesse caso, o
_ Caminhe lentamente em direção à calçada estado de prontidão é o de alarme (vermelho).
(acostamento)! A tática com posicionamento de viatura a 45º utiliza
_Vire-se de costas e aguarde nesta posição até que a própria viatura como formadora de uma área de segu-
seja iniciada a busca pessoal. rança, permitindo que a abordagem ocorra mesmo em
Após todos os ocupantes saírem do veículo e se posi- locais abertos, sem a presença de abrigos físicos, possi-
cionarem para a busca no setor de custódia, deverão bilitando que os policiais verbalizem e abordem devida-
permanecer sob a guarda do PM Segurança, que se mente cobertos e abrigados.
movimentará na área de aproximação e fará, juntam- A parte frontal da viatura é o local mais seguro porque é
ente com o PM Revistador (antes da busca denominado onde está localizado o bloco do motor, composto por várias
PM Vistoriador), a técnica de aproximação triangular peças metálicas que diminuem a velocidade e efcácia do projétil.
para a busca pessoal. (Ver Caderno Doutrinário 2). A parte central dos veículos é onde estão localizadas as
O PM Revistador, após a retirada de todos os ocu- portas que, por suas características físicas (vidros e chapa prensa-
pantes do veículo, fará a busca dos suspeitos um a um, da), não oferecem proteção contra disparos de arma de fogo.
no setor de busca. Nesse momento, o PM Segurança A parte traseira dos veículos é onde geralmente se encon-
assume a verbalização. tra o porta-malas que, também por suas características físicas,
não oferecem proteção contra disparos de arma de fogo, a
Identificação de ocupantes armados não ser que esteja acondicionado em seu interior material
capaz de bloquear ou diminuir signifcativamente a veloci-
Depois de posicionados na área de aproximação, dade e efcácia do projétil.
caso os policiais verifquem que os ocupantes do veícu- Além do bloco do motor, a outra parte dos veículos que
lo estão armados, deverá ser empregada a tática policial oferece proteção contra disparos de arma de fogo são as
complementar, descrita a seguir. rodas que, no ângulo correto e devidamente emparelhadas,
podem tornar-se uma proteção contra tiros.
O PM Vistoriador deverá avisar ao PM Segurança No emprego da tática com posicionamento de viatura a
que os ocupantes do veículo estão armados e ambos de- 45º, a viatura que iniciar a abordagem deverá posicionar-se
verão elevar o estado de prontidão para alarme (ver- a uma distância entre 3 e 5 metros atrás do veículo aborda-
melho), posicionar a arma na posição 4 - pronta resposta, do, na diagonal, com a parte frontal voltada para a direção
e sair rapidamente da área de aproximação, efetuando o do fuxo da via e a parte traseira para o passeio, formando
recuo tático, posicionando-se atrás da viatura ou se pro- um ângulo aproximado de 45º em relação ao veículo a ser
tegendo em outro tipo de abrigo existente na via. Figura abordado (fgura 7).
6.
Após abrigados, o policial que estiver com rádio tran-
sceptor HT repassará a situação à central de comuni-
cações e, caso necessário, solicitará reforço.
DOUTRINA OPERACIONAL

Em caso de acionamento de reforço, até a chegada


da viatura de apoio, os policiais deverão verbalizar com o
motorista e os passageiros, mantendo-os contidos no in-
terior do veículo, enquanto aguarda a cobertura policial.
Neste tipo de abordagem com indivíduos armados,
deverão ser empregados os princípios da tática com
viatura a 45º, naquilo que couber.
Figura 7 - Viatura para da 45o em relação ao veículo
abordado. Posicionamento de viatura a 45o.

200
Estrategicamente, esse posicionamento tático da viatura a) motorista da viatura: deverá desembarcar, deix-
favorece: ando o rádio de comunicação do lado de fora da
• a formação de uma área de segurança. A viatura será utiliza- janela para facilitar os chamados e se posicionará,
da como abrigo, haja vista que o bloco do motor, as rodas ajoelhado, logo atrás da roda dianteira esquerda.
e as partes maciças oferecem proteção física aos policiais; Ele será o responsável pela verbalização e abor-
• a celeridade no desembarque e embarque dos policiais; dagem do motorista e do passageiro, que se en-
• o controle visual (pontos de foco e pontos quentes) contrarem posicionados do lado esquerdo do veí-
das portas e janelas do veículo, sem necessidade culo abordado (PM Verbalizador). Considerando
de exposição na área de risco; o pensamento tático, há momentos distintos de
• uma posição segura para emprego da técnica de monitoramento e desempenho de funções:
verbalização. Essa função fcará, prioritariamente, • enquanto os passageiros estiverem no interior
sob a responsabilidade do PM Verbalizador (mo- do veículo abordado, deve considerar as portas e
torista), que terá a melhor posição tática em vidros do lado esquerdo como ponto de foco, e
relação ao motorista do veículo, enquanto o outro os ocupantes do lado esquerdo do veículo como
policial (PM Comandante da viatura) executará a ponto quente, dando ênfase para as mãos que
cobertura e a segurança do perímetro; deverão estar sempre visíveis;
• maior facilidade no caso de necessidade de uma • durante a retirada dos ocupantes para a busca
saída rápida da viatura. pessoal, seu ponto de foco será o abordado e os
pontos quentes serão as mãos, pernas e cinturas
dessa pessoa;
FIQUE ATENTO! • realizará a busca pessoal (PM Revistador) em to-
No período noturno, caso necessário, a via- dos os ocupantes do veículo com a cobertura do
tura poderá ser posicionada de forma para- PM Segurança (comandante da viatura).
lela à via, com o objetivo de utilizar o facho
de luz dos faróis para dificultar a visão dos b) comandante da viatura: desembarcará, seguindo
abordados em relação aos policiais. de costas em direção à traseira da viatura (abri-
go). Ficará ajoelhado ou de silhueta baixa, atrás da
extremidade direita do para-choques traseiro. Será
Dispositivo tático -viatura com dois policiais o responsável pela verbalização e abordagem dos
ocupantes do lado direito do veículo abordado.
O PM Comandante da viatura compartilhará com os
demais integrantes da guarnição sua decisão em realizar Considerando o pensamento tático, há momentos
a abordagem. distintos de monitoramento e desempenho de funções:
Em seguida, o PM Comandante deverá ligar o girofex e • enquanto os passageiros estiverem no interior
a sirene e determinar ao motorista da viatura que se aprox- do veículo abordado, deve considerar as portas e
ime do veículo abordado pela retaguarda. O motorista da vidros, do lado direito, como ponto de foco, e os
viatura não deverá ultrapassá-lo ou emparelhar-se a ele. ocupantes do lado direito do veículo, como ponto
O PM Comandante deverá utilizar o megafone quente, dando ênfase para as mãos que deverão
para ordem de parada. Caso a viatura não disponha de estar sempre visíveis;
megafone, o motorista da viatura deverá piscar os faróis • durante a retirada dos ocupantes para a busca
e sinalizar com o braço esquerdo para que o condutor pessoal, seu ponto de foco será o abordado e os
pare o veículo. pontos quentes serão as mãos, pernas e cinturas
Na sequência, o motorista da guarnição deverá posi- dessa pessoa;
cionar a viatura a 45º, descrita anteriormente, e os poli- • fará a cobertura durante a realização da busca pes-
ciais deverão desembarcar rapidamente, com a arma soal (PM Segurança).
nas posições 2 – arma em guarda baixa ou 3 - arma
em guarda alta, variando de acordo com a avaliação de
risco. Sem desviar a atenção do veículo abordado, ocu- FIQUE ATENTO!
parão as seguintes posições, conforme Figura 8. Durante a busca pessoal e em outro mo-
mento, caso seja necessário, o comandante
da viatura poderá assumir a função de PM
Verbalizador, deixando o motorista da via-
tura na função de PM Segurança.
DOUTRINA OPERACIONAL

Dispositivo tático - viatura com três policiais

Quando a guarnição for composta por três policiais,


o motorista e o comandante da viatura assumirão a mes-
ma posição do dispositivo tático da viatura composta por
Figura 8 - Posicionamento tático: viatura a 45o, com 2 dois policiais, descrito no item anterior.
policiais.

201
O terceiro policial, quando embarcado, é o patrulheiro Quando a guarnição é composta por quatro policiais,
que fca posicionado atrás do motorista. Após desembar- o motorista e comandante da viatura assumem a mes-
car da viatura, seguirá para a extremidade esquerda do ma posição do dispositivo tático da viatura composta por
para-choques traseiro da viatura policial, devendo fcar dois policiais, descrita anteriormente.
ajoelhado e de costas em relação ao veículo abordado. Neste dispositivo, o terceiro policial assumirá a função
Assumirá a função de PM Segurança responsável pela de PM Segurança, sendo o responsável por dar cober-
retaguarda, com a arma na posição 2 - arma em guarda tura, quando da verbalização e abordagem do motorista
baixa ou 3 - arma em guarda alta. As pessoas e veícu- e demais passageiros, além dar segurança ao PM Revis-
los que estiverem nas imediações serão seus pontos tador no momento da busca pessoal. Sua posição será,
defoco. Portas e janelas dos veículos e, cintura, mãos e portanto, variável:
pernas de pessoas que tentarem se aproximar da área de • fcará posicionado do lado direito do PM Visto-
contenção serão considerados os pontos quentes. riador, quando da verbalização e abordagem do
Além de focar sua atenção para a retaguarda da via- motorista e do passageiro que ocupa o lado es-
tura, dará cobertura ao PM Revistador, durante a busca querdo do veículo abordado;
pessoal. Portanto, sua posição será variável. • fcará posicionado do lado esquerdo do PM Co-
mandante, quando da verbalização e abordagem
dos passageiros que estavam assentados do lado
direito do veículo abordado.

O quarto policial, quando embarcado, é o patrul-


heiro que fca posicionado atrás do comandante. Após
desembarcar da viatura, assumirá a função de PM Se-
gurança da retaguarda, posicionando-se junto à ex-
tremidade esquerda do para-choques traseiro da viatura
policial, devendo fcar ajoelhado e de costas em relação
ao veículo abordado, com a arma na posição 2 - arma
em guarda baixa ou 3 - arma em guarda alta. As pes-
soas e veículos que estiverem ou se aproximarem da área
de contenção serão seus pontos de foco. Consequente-
mente, portas e janelas dos veículos e, cintura, mãos e
Figura 9 - Posicionamento tático: viatura a 45o,, com 3
pernas de pessoas que tentarem se aproximar desse local
policiais.
serão considerados os pontos quentes.
Dispositivo tático - viatura com quatro policiais
Dispositivo tático – duas viaturas com dois policiais
em cada uma

Neste tipo de abordagem, a viatura principal irá se


posicionar como já foi explicado anteriormente, forman-
do um ângulo de 45º em relação ao veículo a ser abor-
dado. Assim os policiais dessa viatura irão se posicionar
conforme abordagem com uma viatura e dois policiais,
descrita no item 4.11.3.2.2.1.
DOUTRINA OPERACIONAL

Figura 10 - Posicionamento tático: viatura a 45o,, com


4 policiais.

202
Dispositivo tático – duas viaturas com dois policiais
na viatura principal e quatro policiais na viatura de
apoio
Neste tipo de abordagem, a viatura principal irá se
posicionar como já foi explicado anteriormente, forman-
do um ângulo de 45º em relação ao veículo a ser aborda-
do, com os policiais posicionando-se conforme preceitua
o item 4.11.3.2.2.1 deste Caderno Doutrinário.
A viatura de apoio irá parar atrás da viatura principal,
na direção do fuxo da via, mantendo uma distância de
aproximadamente 3 a 5 metros da viatura que iniciou a
abordagem e os policiais assumirão o seguinte disposi-
tivo tático:

Figura 11 - Posicionamento tático: viatura a 45o,, com


2 policiais e viatura de apopio paralela à via, com 2 policiais.

A viatura de apoio irá parar atrás da viatura princi-


pal, paralela e na direção do fuxo da via, mantendo uma
distância de aproximadamente 3 a 5 metros da viatura
que iniciou a abordagem. Os policiais deverão assumir o
seguinte dispositivo tático:
• o comandante da viatura de apoio descerá rap-
idamente e assumirá a função de PM Segurança,
sendo o responsável pela cobertura do PM Visto-
riador/Revistador e PM Comandante da viatura
principal durante o emprego da técnica de verbal-
ização e condução dos suspeitos até a área de se-
gurança (setor de custódia), bem como da segu-
rança no momento da busca pessoal nos suspeitos;
• o motorista da viatura de apoio será o PM Se-
gurança da retaguarda, posicionando-se à frente
dessa viatura, do lado esquerdo do para-choques
dianteiro, de frente para a retaguarda da viatu-
ra principal, sendo responsável pela segurança à
retaguarda e manutenção do isolamento da área
de contenção afeta a seu campo de visão. Essa
posição, próxima ao seu assento, facilitará a op-
eração do rádio e uma saída rápida com a viatura,
em caso de tentativa de fuga dos ocupantes do
veículo abordado.

A dinâmica da retirada dos ocupantes do veículo


abordado e demais procedimentos seguirá, no que cou-
ber, os passos já descritos anteriormente.
• o PM Vistoriador/Verbalizador (motorista da via-
tura principal) determinará que um a um, cada qual
a seu tempo, saia do veículo com as mãos sobre a
cabeça;
• os ocupantes do veículo abordado serão posicio-
nados um ao lado do outro no setor de custódia
e permanecerão sob a guarda do PM Segurança
(comandante da viatura de apoio);
DOUTRINA OPERACIONAL

• o PM Segurança (comandante da viatura de apo-


io) e o PM Vistoriador utilizarão a técnica de aprox- Figura 12 - Posicionamento tático: viatura principal a
imação triangular para a busca pessoal (Ver Cader- 45o,,, com 2 policiais e viatura de apoio paralela à via,
no Doutrinário 2). com 4 policiais.

• o comandante da viatura de apoio, tão logo de-


sembarque, deverá se posicionar junto ao coman-
dante da viatura principal, ficando responsável por
sua segurança durante a verbalização;

203
• o motorista da viatura de apoio, tão logo desem- A verbalização se inicia com o PM Verbalizador fa-
barque, deverá se posicionar junto ao PM Vistoria- zendo a seguinte advertência:
dor (motorista da viatura principal), fcando respon- _Atenção ocupante do veículo ... (cor, modelo, local-
sável por sua segurança, durante a verbalização; ização na via).... Aqui é a Polícia Militar!
• o terceiro policial da viatura de apoio posicionar- _ Motorista! Desligue o veículo desça com as mãos
-se-á à frente dessa viatura, junto ao para-choques para cima ou na cabeça.
esquerdo, de frente para a retaguarda da viatura _ Você será submetido à busca pessoal.
principal. Será responsável pela segurança da late-
ral esquerda e da retaguarda da viatura de apoio;
• o quarto policial da viatura de apoio, tão logo de-
sembarque, deverá se posicionar à frente dessa
viatura, junto ao para-choques direito, de frente
para a retaguarda da viatura principal. Será o re-
sponsável pela segurança da lateral direita e da re-
taguarda da viatura de apoio. Deverá, ainda, aux-
iliar na segurança no momento da busca pessoal
dos ocupantes do veículo abordado.

Verbalização

Os aspectos gerais da verbalização policial seguirão as


orientações prescritas no Caderno Doutrinário 1 - Inter-
venção policial, Verbalização e Uso de força. Entretanto, Figura 13 - Suspeito caminhando em direção à viatu-
considerando as peculiaridades da abordagem a veícu- ra, com as mãos sobre a cabeça
los, é importante fazer alguns apontamentos e reforçar o
pressuposto de que o preparo mental, o posicionamento Em seguida, o PM Verbalizador emite comandos
tático correto e a verbalização adequada evitarão o em- para o desembarque e inspeção visual do motorista do
prego de níveis de força inadequados à situação. veículo abordado:
De acordo com os dispositivos táticos descritos an- _ Caminhe, lentamente, em minha direção!
teriormente, o PM Verbalizador/Vistoriador será o re- (Na metade do caminho, o PM Verbalizador deverá
sponsável por realizar a verbalização com o motorista e determinar que o motorista pare. Iniciará imediatamente
passageiros que saírem do lado esquerdo do veículo para os comandos para a inspeção visual - frente e costas.)
serem abordados. O PM Comandante será o responsável
por realizar a verbalização com os passageiros que saírem
do lado direito do veículo para serem abordados.
Ao iniciar a verbalização, os policiais devem estar atentos, pois
o nervosismo dos ocupantes do veículo pode difcultar a com-
preensão das ordens, fazendo com que apresentem diferentes
comportamentos face às mesmas determinações policiais, como:
• infratores: alguns podem ser cooperativos, aca-
tando as determinações dos policiais, enquanto
outros podem tentar a fuga a pé, efetuar disparos
contra os policiais ou tomar reféns;
• vítimas: algumas entram em pânico e correm de
forma indiscriminada, inclusive em direção aos po-
liciais. Outras assumem comportamento coopera-
tivo e seguem as orientações. Podem, ainda, entrar
em estado de choque e fcar paralisadas frente à
situação e apresentar difculdades de se comunicar.

Além disso, no momento da verbalização, geral-


mente, os policiais não possuem informações precisas a
respeito do grau de envolvimento de cada abordado, ou
seja, quem são os autores ou as vítimas.
DOUTRINA OPERACIONAL

A técnica de verbalização em uma abordagem com


emprego da tática com posicionamento de viatura a 45º
possui características específcas, que abordaremos a
seguir, em uma sequência exemplifcada numa aborda-
gem executada por guarnição policial composta por três
policiais militares que, por sua clareza, será facilmente
adaptada às abordagens realizadas com efetivo difer- Figura 14 - Suspeito de costas, levantando a camisa
enciado. Inicialmente, considere que, nesse exemplo, há com a mão esquerda, mostrando linha da cintura e PM
apenas um ocupante no veículo abordado. Verbalizador recuando.

204
Neste momento, o PM Verbalizador deverá averiguar Caso haja mais de um ocupante no veículo, o PM
se há indícios de arma na cintura do motorista e aprove- Vistoriador / Revistador deverá conduzir o processo de
ita para recuar-se, posicionando-se a aproximadamente desembarque. Todos serão desembarcados, cada um a
2 metros atrás da viatura, ainda do lado esquerdo, com seu tempo, e conduzidos para o setor de busca.
silhueta baixa, determinando, após inspeção visual das _Atenção ocupantes do veículo ... (cor, modelo, lo-
costas do abordado: calização na via).... Aqui é a Polícia Militar!
_Vire-se novamente de frente e caminhe em minha _ Motorista! Desligue o veículo e coloque as mãos
direção. para cima.
Quando o motorista do veículo abordado estiver _ Vocês serão submetidos à busca pessoal.
no setor de busca, o PM Comandante, assumindo a _ Motorista! Com apenas uma das mãos, lentam-
função de PM Verbalizador, deverá orientá-lo de manei- ente, retire a chave da ignição e coloque-a sobre o
ra que fque na posição de contenção mais adequada, em teto do veículo, e em seguida recoloque as mãos so-
função da avaliação de risco. Quando o abordado estiver bre a cabeça!
devidamente posicionado, o PM Comandante o avisará _ Passageiro(s), fique(m) calmo(s)! Aguardem no
de que o PM Vistoriador/Revistador irá submetê-lo interior do veículo, com as mãos sobre a cabeça.
à busca. Tal procedimento se faz necessário para evitar _ Motorista, com sua mão ESQUERDA, retire o cin-
sustos e movimentos bruscos por parte do abordado. to de segurança, bem devagar, e retorne com as mãos
_ Motorista, fque tranquilo! Meu companheiro sobre a cabeça!
fará uma busca pessoal em você. _ Com sua mão ESQUERDA, abra a porta pelo lado
de fora e desembarque, com as mãos sobre a cabeça!
Após o desembarque do motorista, sugere-se a se-
guinte sequência:
• passageiro ocupante do banco dianteiro;
• passageiro ocupante da lateral esquerda do banco
traseiro;
• passageiro ocupante da lateral direita do banco
traseiro.

Depois que os ocupante forem submetidos à busca


pessoal, um a um, pelo PM Revistador, serão encamin-
hados ao setor de custódia. O PM Segurança da re-
taguarda fará a segurança do policial que conduz a
busca e o PM Comandante auxiliará na vigilância dos
abordados que fcarão assentados ou ajoelhados no
setor de custódia.

Figura 15 - Busca pessoal no motorista (setor de


busca)

O PM Vistoriador/Revistador coloca a arma no col-


dre e realiza a busca no motorista, enquanto o PM Segu-
rança da retaguarda fará a sua segurança (Ver Caderno
Doutrinário 2).
Após a busca pessoal, o PM Vistoriador/Revistador
conduzirá o motorista e o colocará assentado ou ajo-
DOUTRINA OPERACIONAL

elhado no setor de custódia (próximo à roda traseira


esquerda da viatura principal), onde deverá permanecer
enquanto estiver sendo realizada a busca pessoal nos
demais passageiros.
O PM Vistoriador / Revistador, neste momento, de-
verá questionar o motorista abordado sobre o número
de ocupantes do veículo e demais informações comple-
mentares que venham a auxiliar na condução da ocor-
rência.

205
Caso identifquem a presença de passageiro escondi-
do no interior do veículo, deverão executar o recuo tático
e iniciar um novo processo de verbalização na área de
segurança.
Para vistoria do porta-malas, caso suspeite que ali
possa estar escondido um suspeito ou uma vítima, o
PM Vistoriador se posicionará na extremidade direita
traseira do veículo abordado, com arma na posição 3 -
guarda alta e abrirá o porta-malas, enquanto recebe a
cobertura do PM Segurança.
Terminado a vistoria do porta-malas, o PM Vistori-
Figura 16 - PM Segurança mudando de posião, posi- ador e o PM Segurança deverão realizar a averiguação
cionando-se junto do PM Comandante (abordado no da parte externa do veículo abordado. A vistoria externa
setor de custódia e abordado sendo submetido à bsuca deverá seguir as diretrizes do item 3.2.2.7, deste Caderno.
pessoal) Após a vistoria externa, o PM Segurança se deslocará
até o setor de custódia, onde determinará ao motorista
Estando os abordados contidos no setor de custódia, do veículo abordado que o acompanhe na vistoria inter-
os policiais iniciarão a vistoria veicular. na. Caso o motorista esteja algemado e preso, o PM Co-
Enquanto o PM Comandante permanecer próximo à mandante deverá arrolar uma testemunha idônea para
viatura, vigiando os abordados no setor de custódia, o acompanhar a vistoria interna.
PM Segurança da retaguarda e o PM Vistoriador se A vistoria interna deverá seguir as diretrizes que serão
aproximarão do veículo abordado. apresentadas no item 4.11.3.2.2.7, deste Caderno.
O PM Segurança se aproximará pelo lado direito do Após a vistoria interna, deverão ser consultados, via
veículo abordado, enquanto o PM Vistoriador se aprox- central de comunicações, os antecedentes criminais dos
imará pelo lado esquerdo. Ambos deverão deslocar-se ocupantes do veículo abordado.
com a arma na posição 2 – arma em guarda baixa ou Caso a suspeita não se confrme, o comandante da
3 – arma em guarda alta, posicionando-se na área de viatura deverá agradecer a colaboração e explicar a im-
aproximação. portância da abordagem policial para a manutenção da
Após realizar a varredura no interior do veículo e constata- ordem pública.
rem que não há a presença de outros passageiros, os policiais Os recursos tecnológicos que estejam à disposição
deverão realizar a vistoria no porta-malas do veículo abordado. para comprovar a atuação legítima do policial e a re-
sistência do abordado poderão ser utilizados. É o caso de
aparelhos telefônicos celulares que fotografam, flmam,
gravam áudio. Na utilização desses recursos, o policial
deve proceder de maneira especial com relação à postu-
ra e segurança, de maneira que não se torne vulnerável
na intervenção. Esses registros eletrônicos só poderão ser
utilizados de maneira ofcial, sendo vedada a divulgação
ou distribuição destes à imprensa ou a outros órgãos.

FIQUE ATENTO!
Caso a guarnição seja acionada para abor-
dagem a veículo suspeito que esteja parado
entre veículos, impossibilitando o posicio-
namento da viatura a 45 o, os policias de-
verão desembarcar a certa distância e apro-
ximar-se utilizando o deslocamento tático
(Ver Caderno Doutrinário 2).

Vistoria em veículos
DOUTRINA OPERACIONAL

A vistoria veicular deverá se iniciar pelo porta-malas,


observando a existência de objetos no assoalho, as lat-
erais internas, pintura mal encoberta nos cantos e no
compartimento do guarda-estepe. Posteriormente, seg-
ue-se a vistoria da parte externa, da parte interna, prosse-
guindo até a região do motor. O policial deve considerar
que o porta-malas é o local no veículo onde haverá a
maior possibilidade de ocultação de pessoas ou mate-
Figura 17 - Técnica de abertura do porta-malas. riais ilícitos.

206
a) Vistoria externa Motocicletas e similares
O policial iniciará a vistoria pela parte externa na se-
guinte ordem (sentido horário): porta dianteira direita, Com o passar dos anos, houve um aumento vertigi-
lateral traseira direita; traseira; lateral traseira esquerda, noso nos crimes como homicídios, transporte de drogas
porta dianteira esquerda; capô, observando: e entorpecentes, sequestro relâmpago e, principalmente,
• se existem avarias, para identifcar a ocorrência ou na prática de assaltos, envolvendo as motocicletas como
não de acidente de trânsito recente; meio de transporte.
• se a suspensão traseira encontra-se rebaixada, Os motivos principais do uso de motocicletas em
sugerindo a existência de algum peso no por- práticas criminosas são:
ta-malas; • permitem transitar com rapidez entre veículos,
• outras peculiaridades externas como o lacre rom- mesmo em situações de congestionamentos das
pido e avarias na placa (placa ilegível, letras irreg- vias;
ulares, entre outras) e perfurações causadas por • permitem ao condutor transitar em becos, es-
disparos de arma de fogo. cadarias e vielas, bem como conversões rápidas,
em espaço reduzido e com poucas manobras, se a
b) Vistoria interna compararmos aos automóveis;
O policial realizará a vistoria interna, começando pela • possuem poucos dispositivos de segurança, o que
porta dianteira direita. O PM Vistoriador realizará a visto- permite facilidade de criminosos cometerem furto
ria interna como se segue: ou roubo de motocicletas que poderão ser utiliza-
• levantar o vidro (se estiver abaixado) e utilizar uma das na prática de outros crimes;
folha de papel atrás da superfície do vidro para • a utilização do capacete de segurança permite a
verifcar a numeração gravada do chassi, e confer- aproximação dos criminosos sem identifcação e
ir se o número existente corresponde ao número sem despertar suspeita.
constante no documento do veículo;
• localizar o número do chassi, no assoalho e no Frente a essas variáveis, as abordagens a motociclis-
motor do veículo, e confrontá-lo com a documen- tas devem ser precedidas de um planejamento cauteloso
tação, bem como verifcar se existem indícios apar- que considere, dentre outros aspectos da avaliação de
entes de adulteração; riscos, o modelo da motocicleta, pois este fator defne sua
• abrir a porta ao máximo e verifcar, principalmente potência, fuidez e mobilidade nas vias. Essas informações
nos cantos, a existência, de pintura encoberta do permitem ao policial prever possíveis reações do abordado.
veículo; Os procedimentos táticos e técnicos aqui apresenta-
• balançar levemente a porta, a fm de verifcar, pelo dos darão ênfase à abordagem a motocicleta, contudo,
barulho, se existe algum objeto solto em seu in- em situações de abordagem a ciclistas e triciclos, de-
terior; vem-se adotar os mesmos procedimentos naquilo que
• verifcar se existe algum objeto escondido no forro couber.
das portas, usando o critério da batida na superfí-
cie, com recurso das mãos, para escutar se o som é Modelos de motocicletas e crimes correlatos
uniforme;
• verifcar o porta-luvas, quebra-sol, tapetes, parte Há uma grande variedade de modelos e marcas de
baixa do banco, entradas de ar, cinzeiros, lixeiras motocicletas, nacionais ou importadas, porém sob o
e todos os compartimentos que possam esconder aspecto do serviço operacional, podemos dividi-las em
objetos ilegais: chaves falsas, cartões magnéticos e quatro grandes grupos:
documentos falsifcados, presença de armas, pro- a) Motos esportivas: estes tipos de motocicleta, con-
dutos de contrabando, dentre outros; hecidos popularmente como “motos esportivas”
• prosseguir a vistoria pela porta e compartimento ou ”motos de corrida”, são utilizados em campe-
traseiro do lado direito; seguir para a porta do lado onatos de moto velocidade, possuindo “design”
esquerdo e, após, para o assento do condutor, ver- próprio para atingir grandes velocidades podendo
ifcando: o(s) banco(s), assoalho, lateral do forro e o chegar aos 300 km por hora. São motos típicas de
que se fizer necessário. via pavimentada e não teriam boa estabilidade em
estradas. Esses modelos não são comumente uti-
Compartilhar com os demais policiais sobre a local- lizados para a prática de crimes, bem como não são
ização de objetos ilícitos no interior do veículo, principal- veículos visados para furtos e roubos. Por serem rel-
mente a presença de armas de fogo. ativamente pesadas, têm menor mobilidade no meio
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urbano, na transposição de canteiros ou obstáculos.


ABORDAGEM A VEÍCULOS COM CARACTERÍSTICAS ES- b) Motos tipo Custom: estes tipos de motocicleta,
PECIAIS conhecidos popularmente como “motos chopper”
ou “motos estradeiras”, têm um design próprio
Esta seção descreve os procedimentos para aborda- para serem utilizadas em estradas para viagens
gem a motocicletas e ônibus/micro-ônibus, que por suas de grandes percursos e são preferidas por um pú-
peculiaridades, demandam procedimentos específcos. blico mais tradicional. São mais voltadas ao con-
forto, onde o piloto fca recostado para trás, pés
para frente e as costas geralmente apoiadas em

207
encostos. São motocicletas cujos proprietários têm Procedimentos táticos para abordagem a motoci-
como hobby a utilização em viagens e encontros cletas
de fm de semana. Também são motos típicas de
via pavimentada e não teriam boa estabilidade em As abordagens a motocicletas são basicamente idên-
estradas. Esses modelos não são comumente uti- ticas às abordagens a automóveis, descritas na seção 3
lizados para a prática de crimes, bem como não deste Caderno Doutrinário, sendo as táticas empregadas
são veículos visados para furtos e roubos. diferentes apenas nos seguintes aspectos:
c) Motos de trilha: estes tipos de motocicleta, con-
hecidos popularmente como Trail ou “motos fora a) Tática de aproximação:
de estrada”, possuem motores e potência variável Nas abordagens a motocicletas, a área de
entre 125 e 600 cilindradas (cc), têm um “design” aproximação do policial deverá ser um metro, na diag-
próprio para serem utilizadas em meio rural, estra- onal, à retaguarda e do lado esquerdo do condutor do
das, por terem uma suspensão mais alta e mais re- veículo.
sistente. São motocicletas cujos proprietários têm Antes de se aproximar, o policial deverá determinar
como “hobby” o esporte eco-radical. Alguns mod- que o passageiro e motorista retirem os capacetes e os
elos, apesar de desenhados originalmente para o coloquem no guidão.
meio rural (não dotadas de faróis, placas, carena-
gens), após adaptadas, são utilizadas nas cidades
pela robustez e preparo de sua suspensão diante
das más condições em que se encontram nossas
ruas e avenidas, pois não perdem estabilidade na
via pavimentada. Elas são utilizadas por infratores
para a prática de crimes, principalmente na área ru-
ral ou que utilizem como rota de fuga via rural, pois
são motocicletas com boa potência e grande versat-
ilidade para transpor obstáculos, canteiros de aveni-
das, meio-fos, lombadas, dentre outras situações.
d) Motos de rua: estes tipos de motocicleta, conhe-
cidos popularmente como street, possuem moto-
res entre 50 e 750 cc, têm um “design” próprio para
serem utilizadas no trânsito urbano e, desta forma,
são a grande maioria. Apresentam modelos das
três versões anteriores, porém apenas no “design”.
Em linhas gerais, dividem-se em três tipos:
• 125cc a 150cc: utilizadas na maioria por moto-
-boys, para o trabalho em geral, pequenos pas-
seios e trajetos urbanos. Possuem custo de compra
e manutenção relativamente baixo, sendo ampla-
mente utilizadas no tráfico de drogas;
• 250cc a 500cc: mais utilizadas para passeios. Esses
tipos são comumente usados na prática de deli-
tos devido à velocidade que alcançam, bem como
são bastante visados por autores de furto devido à
aceitação no mercado;
• 600cc a 750cc: são esportivas e mais caras, sendo
pouco utilizadas na prática de ilícitos.

FIQUE ATENTO!
Atualmente as motocicletas têm sido am-
plamente utilizadas pelo trabalhador rural,
principalmente por causa da deficiência do
transporte urbano regular nesses logradou-
DOUTRINA OPERACIONAL

ros que, somado à carência de presença po-


licial e consequente fiscalização de trânsito,
têm sido desaguadouro de peças e moto-
cicletas, produtos de furto. Neste Ínterim,
devem ser intensificadas operações preven-
tivas de fiscalização de documentos e equi-
pamentos obrigatórias das motocicletas e
condutores nas áreas rurais. Figura 18 - Abordagem à motocicleta(tática de apro-
ximação)

208
b) Tática com posicionamento de viatura a 45º tipos de delitos. O infrator ainda se apoia na sensação de
O passageiro será o primeiro conduzido ao setor de impunidade causada pela difculdade de sua identifcação
busca, na área de segurança, devendo, antes de se sair da no interior do coletivo.
motocicleta, retirar o capacete, deixando-o com o con- As ações criminosas podem causar refexos diretos
dutor. ou indiretos no sentimento de segurança das pessoas.
O último a sair da motocicleta será o condutor, após Nesse sentido, os crimes de furto, roubo, roubo a mão
deixar os capacetes sobre o guidão e colocar a moto no armada, bem como os relacionados a eventos esportivos
descanso. e greves, atingem diretamente os usuários dos coletivos.
Após a abordagem, o policial verifcará a documen- Entretanto, alguns crimes infuenciam indiretamente os
tação da motocicleta e dos passageiros. Deverá, ainda, ser usuários, que, apesar de não serem atingidos no mo-
feita a vistoria na motocicleta, observando as condições mento da ação delitiva, sofrerão suas consequências. É o
gerais do veículo, o lacre da placa, chassi, o comparti- caso do transporte de substâncias entorpecentes e armas
mento do filtro de ar, carenagem, compartimento local- ilícitas, bem como de materiais provenientes de contra-
izado embaixo do banco e outras partes desmontáveis bando e descaminho.
da motocicleta (comumente utilizados para o transporte O policial precisa de um preparo específco que con-
de produtos ilícitos). sidere todas as particularidades que envolvem a abor-
dagem a coletivos, tais como: diferentes tipos de cole-
tivos, capacidade de passageiros, diferentes fnalidades
do transporte. Geralmente, nesse tipo de intervenção, o
número de envolvidos será superior ao de policiais.
Os micro-ônibus têm capacidade de até vinte pas-
sageiros e os ônibus capacidade maior.
Os ônibus podem ter uma, duas ou três portas. Aque-
les que possuem apenas uma porta não possuem sistema
de roleta, já os que possuem duas e três portas possuem
esse dispositivo que, por suas características, dividem os
ônibus em dois compartimentos, difcultando ainda mais
a abordagem.

FIQUE ATENTO!
Para efeito de segurança nas abordagens a
coletivos com três portas, independente da
avaliação de riscos (nível I, II e III), recomen-
da-se que a porta central permaneça fecha-
da.

As abordagens a ônibus/micro-ônibus, por suas car-


acterísticas físicas e capacidade de transporte de elevado
número de passageiros, exigem o emprego de efetivo
mínimo de quatro policiais.

Abordagem a ônibus/micro-ônibus nível 1


Figura 19 - Abordagem à motocicleta (tática de viatura
a 45o. A abordagem a ônibus/micro-ônibus de nível 1 ocor-
rerá nas operações educativas e nas ações de caráter as-
Ônibus/micro-ônibus sistencial.
As abordagens de caráter educativo a ônibus/mi-
Ônibus/micro-ônibus são veículos com capacidade cro-ônibus, em sua maioria, ocorrem em operações con-
para transportar passageiros em pé, em seu interior, carac- juntas, em que a Polícia Militar atua como garantidora do
terística esta que impõe uma tática policial específca. poder de polícia dos integrantes de outros órgãos.
Por suas peculiaridades, qualquer delito que ocorra Para essas operações, sugere-se o emprego do dis-
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no interior dos ônibus/ micro-ônibus, imediações ou que positivo tático Blitz Policial, que garante segurança e ef-
atinja seus usuários, causa grande sensação de insegurança ciência em operações com parada de veículos. (Ver Cad-
na comunidade, principalmente quando envolve violência erno Doutrinário 3)
ou perturbação da ordem pública, que atinge um grande As abordagens de caráter assistencial geralmente
número de vítimas. ocorrerão em ações isoladas de guarnições básicas, por
Este tipo de transporte envolve um elevado fuxo de iniciativa ou empenho via Central de Operações.
pessoas, variedade de linhas, alternância de itinerários,
bem como a circulação de bens e valores, que se transfor-
mam num grande atrativo para cometimento de diversos

209
Figura 20 - Abordagem a ônibus/micro-ônibus (ope- Figura 21 - Ônibus sendo parado em dispositivotático
ração educativa) tipo blitz.

Abordagem a ônibus/micro-ônibus nível 2 Nessas operações, os policiais não podem precisar se


há ou não suspeitos no interior dos ônibus/micro-ônibus.
Este tipo de abordagem a ônibus/micro-ônibus nível Essa averiguação ocorre durante a abordagem, por meio
2 se caracteriza por ações e operações de caráter pre- do reconhecimento de cidadão infrator já conhecido no
ventivo com parada obrigatória de ônibus/micro-ônibus meio policial ou da confrmação de sua identifcação junto
para fscalizar documentos, equipamentos obrigatórios à central de comunicações.
ou averiguar pessoas em atitude suspeita, que possam Na execução dos procedimentos de abordagem, o policial
estar conduzindo drogas, armas e outros produtos ilíci- deverá considerar os princípios do uso de força (Ver Caderno
tos, bem como identifcar infratores. Deverá ser utiliza- Doutrinário 1), balanceando as técnicas e táticas relacionadas
do o dispositivo tático tipo Blitz Policial (Ver Caderno à segurança dos envolvidos e o bem-estar coletivo.
Doutrinário 3). No planejamento de operações preventivas, suge-
re-se o emprego de quatro policiais: 01 PM Verbaliza-
dor, 01 PM Revistador e 01 PM Segurança, que aden-
trarão o coletivo, fcando o quarto policial da guarnição
responsável pela segurança externa.
Face às características físicas, para fns de estudo, di-
vidiremos as abordagens a ônibus/micro-ônibus nível 2,
em dois tipos:
a) Abordagem a ônibus/micro-ônibus, sem roleta
Após a parada do veículo, o comandante, que deverá
ser o PM Verbalizador, juntamente com outros dois poli-
ciais, deverá se aproximar da porta dianteira do ônibus/mi-
cro-ônibus, e determinará ao motorista que abra a porta.
Um quarto policial deverá se posicionar sob a calça-
da/acostamento, assumindo a função de PM Segurança,
onde permanecerá com a atenção voltada para o interior
do ônibus/micro-ônibus.
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Figura 22 - Posicionamento: policias em abordagem à


ônibus, sem roleta. Visão externa.

210
No interior do ônibus, o PM Verbalizador deverá se
posicionar próximo ao assento do motorista, momento
que se identifcará e anunciará o motivo da abordagem.
Sugere-se a seguinte verbalização:
_Senhores, bom dia (tarde/noite)! Eu sou o Cabo/
Sargento
... (dizer posto / graduação e o nome), da Polícia Militar.
_ Esta é uma operação policial preventiva. Com a
colaboração de todos, seremos breves!
_ Senhores passageiros, para a segurança de to-
dos, pedimos que não façam movimentos bruscos.
Os dois policiais que estiverem junto com o PM Ver-
balizador (comandante) realizarão vistoria visual no inte-
rior do coletivo, caminhando em conjunto pelo corredor,
cada qual responsável por uma das laterais de assento de
passageiros, de forma a identifcar possíveis situações de
suspeição.

Figura 24: Ônibus sem roleta: PM revistador vistori-


ando bagagem de mão de suspeito, tendo o PM Segu-
Figura 23: Policias caminhando no corredor de ônibus, rança à sua retaguarda.
sem roleta, identificando pessoas em atitude suspeita.
Caso esteja portando arma, determine ao abordado
Após a vistoria, os policiais assumirão a função de PM que coloque as mãos sobre a cabeça e solicite ao PM Se-
Segurança, que permanecerá no fundo do corredor, e gurança que lhe dê cobertura, para que a vistoria da bol-
PM Revistador, que deverá iniciar a busca ligeira e visto- sa seja feita com segurança, principalmente pela proba-
ria na bagagem de pessoas em atitude suspeita a partir bilidade de detecção de armas de fogo. Pode ser que o
do último assento até a frente do ônibus. Nesse momen- policial se depare com alguns objetos relativos à intimi-
to, o PM Revistador terá a cobertura de dois policiais: o dade do abordado que, se expostos, causarão constrang-
PM Comandante e o PM Segurança. imentos. Nesse caso, atente-se ainda para o fato de que
O PM Revistador deverá se posicionar junto à lateral o abordado seguirá no coletivo, se não houver nada de
do encosto do banco do suspeito e iniciar a verbalização ilegal em seu desfavor. Por isso, aja com profissionalismo.
a seguir: Caso não encontre objeto ilícito, devolva a bolsa.
_ Sr. (a)... Vou verificar sua bagagem. Há algum Considere que pode haver bolsas, malas e mochilas da
objeto ilícito ou de valor em sua bolsa (mala)? pessoa em atitude suspeita no bagageiro interno, acima
dos bancos, ou mesmo embaixo dos assentos.
Após a revista nas bolsas, o PM Revistador deverá
submetê-lo a uma busca ligeira na própria área do as-
sento. Caso o suspeito esteja posicionado no assento
da janela, deverá ser determinado que troque de lugar
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com o passageiro ao seu lado para que a busca prossiga.


Poderá, ainda, determinar ao abordado que retire bonés,
lenços, jaqueta, que levante a barra da calça, dentre out-
ros procedimentos. No caso de ônibus interestaduais e
intermunicipais, deve-se proceder à vistoria das malas
do suspeito, que se encontrarem no bagageiro externo.
O trocador ou motorista do ônibus deverá ser acionado
para a conferência da etiqueta de identifcação da baga-
gem e será arrolado como testemunha da ação policial.

211
desembarcará e se deslocará para a porta traseira do co-
FIQUE ATENTO! letivo, enquanto os demais policiais mantêm o posicio-
Caso persista a suspeição de que o aborda- namento.
do traz consigo objetivos ilícitos, não de- Por estar posicionado atrás dos passageiros, o PM
tectáveis por meio da busca ligeira, o PM Revistador fará, num único ato, a inspeção visual para a
Revistador poder´´a determinar que ele de- identificação de indivíduos em atitude suspeita, a busca
sembarque do coletivo, para que seja sub- ligeira e a vistoria de bagagem, sem a necessidade de
metido a uma busca minuciosa ou comple- caminhar até a roleta.
ta, requerendo, está última, local adequado
para a sua realização. ( ver Caderno Doutri-
nário 2);

Após a averiguação, o PM Verbalizador agradecerá a


colaboração dos ocupantes do coletivo:
_Senhores, a Polícia Militar deseja a todos uma boa
viagem e um bom dia...

b) Abordagem a ônibus/micro-ônibus, com roleta


A técnica para este tipo de abordagem abrangerá os
coletivos:

• Com mais de uma porta de acesso


Os ônibus que possuem roletas dividem o veículo em
dois compartimentos com duas ou três portas, requeren-
do maior atenção para o controle visual e verbalização Figura 25 - PM Revistador no corredor do compar-
com os passageiros. Para essa abordagem, sugere-se o timento traseiro, vistoriando bagagem de passageiro.
posicionamento tático com quatro policiais: Ônibus com roleta.
01 PM Verbalizador e 01 PM Revistador: parte dian-
teira do coletivo; A abordagem será feita conforme os procedimentos
01 PM Segurança interna: parte traseira do coletivo; descritos para os ônibus sem roleta.
01 PM Segurança externa: do lado externo, sob o Ao fnal, o PM Verbalizador agradecerá a colabora-
passeio/calçada, na parte central do coletivo. ção de todos, esclarecendo a importância da abordagem
A abordagem aos suspeitos será dividida em duas na manutenção da ordem pública.
fases. Primeiro, será feita a inspeção visual e a identifica-
ção de passageiros em atitudes suspeita, localizados na • Com apenas uma porta de acesso
parte dianteira do ônibus, assentados ou em pé, antes da Existem coletivos com roleta e apenas a porta diantei-
roleta. Ao término, será realizado o mesmo procedimen- ra, a exemplo dos coletivos suplementares.
to nos passageiros localizados na parte traseira, após a Nesse caso, o PM Comandante adentrará o coletivo,
roleta. juntamente com o PM Revistador, e anunciará o motivo
Os procedimentos de verbalização seguirão, no que da abordagem. Feita a inspeção visual, o PM Coman-
couber, o adotado nos procedimentos para ônibus/mi- dante determinará que a pessoa em atitude suspeita de-
cro-ônibus, sem roleta. sembarque, acompanhada do PM Revistador, para ser
Após a parada do veículo, o PM Comandante, que submetida à busca do lado externo. (Ver Caderno Dou-
acumula a função de PM Verbalizador, juntamente com trinário 2)
o PM Revistador, deverá se aproximar da porta dianteira O PM Comandante permanecerá na parte dianteira
do ônibus/micro-ônibus, solicitar ao motorista que abra do coletivo, mantendo o controle dos passageiros.
apenas as portas dianteira e traseira e que mantenha fe- O terceiro policial, PM Segurança, inicialmente, se
chada a porta central, quando houver. Nesse momento, posicionará no acostamento, próximo à parte central do
anunciará o motivo da abordagem. veículo, e se aproximará do PM Revistador, a fm de lhe
O PM Segurança interna adentrará o coletivo pela dar cobertura, durante a realização da busca.
porta traseira e se posicionará no fundo do ônibus, a fm O quarto policial, PM Segurança, se posicionará tam-
de manter o controle dos passageiros para que o PM bém sob a calçada/ acostamento, na parte traseira do
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Comandante e PM Revistador façam seu trabalho. coletivo, manterá a atenção voltada para as imediações e
O PM Segurança Externa deverá se posicionar sob a para o descarte de objetos pelas janelas do veículo.
calçada/acostamento, próximo à porta central, se houver,
onde permanecerá com a atenção voltada para o interior
do ônibus/micro-ônibus.
Realizada a primeira fase, (busca ligeira e vistoria
de pertences na parte dianteira do ônibus), o PM Co-
mandante permanecerá na parte dianteira do coletivo,
mantendo a atenção nos passageiros. O PM Revistador

212
Nas abordagens de nível 3, sugere-se o efetivo mín-
FIQUE ATENTO! imo de quatro policiais, que assumirão, após o desem-
Sempre que o excesso de passageiros, em barque, o seguinte posicionamento tático (Figura 27):
quais quer modelos de ônibus/micro-ôni- • PM Verbalizador (motorista): fcará posicionando
bus, impedir a segurança da abordagem, os ajoelhado na parte frontal da viatura, abrigado
policiais adotarão o procedimento de de- pelo bloco do motor;
sembarque de pessoas em atitude suspeita • PMComandante: fcará posicionado no lado direito
para a realização da busca do lado externo. da viatura, ajoelhado, próximo ao para-choques
traseiro;
• PM Segurança: fcará posicionado do lado do PM Co-
Abordagem a ônibus/micro-ônibus nível 3 mandante, dando cobertura durante a intervenção;
• PM Segurança periférica: será o responsável pela se-
A abordagem a ônibus/micro-ônibus nível 3 ocorrerá gurança periférica e ficará posicionado, com silhueta
nas intervenções de caráter repressivo: reduzida, a uma distância aproximada de 2m da por-
• comportamento que coloque em risco a própria ta dianteira direita da viatura.
vida ou a de terceiros (surf rodoviário);
• atos de vandalismo, caracterizado pelo alto grau
de extensão da ameaça, inclusive com o envolvi-
mento de vários agentes;
• agressão física ou moral;
• passageiros portando arma(s);
• passageiros transportando drogas e outros produ-
tos ilícitos;
• autores de crime no interior do coletivo;
• assalto aos passageiros, dentre outros.

Após a parada efetiva do coletivo, a viatura se deslo-


cará da parte traseira para a frente do ônibus, e fcará a
uma distância de aproximadamente entre 3 a 5 metros,
a 45° na via, com a frente voltada para o centro da pista. Figura 27 - Posicionamento tático na abordagem a ôni-
bus/micro-ônibus (nível 3)

Caso os policiais estejam em duas viaturas, paradas a 45º


com a frente voltada para o centro da via, uma delas se po-
sicionará à frente do coletivo e a outra atrás do coletivo. A
partir de então, de acordo com as características do coletivo a
ser abordado, os policiais adotarão os procedimentos com
a finalidade de identificar e localizar o(s) infrator(es) e pro-
vidências decorrentes, conforme avaliação de riscos.

#FicaDica
A viatura de apoio deverá observar:
Figura 26 - Posicionamento tático de viatura com a) inteirar-se dos fatos e momento em que
quatro policias, a 45o, a frente de ônibus. se encontra a abordagem;
b) seu principal objetivo ´´e reforçar a segu-
rança da abordagem;: respeitar a disciplina
FIQUE ATENTO! tática, evitando interferir no processo de
A viatura será posicionando à frente do ve- abordagem iniciado pela primeira viatura.
ículo, somente na abordagem a ônibus/mi-
cro-ônibus no nível 3, pelas seguintes razões: O girofex e a sirene da viatura estarão ligados duran-
- quanto a viatura estaciona atrás, o PM te as abordagens e auxiliarão na dissuasão da conduta
DOUTRINA OPERACIONAL

Verbalizador tem diminuída sua visão do delituosa.


interior do coletivo ou do agente infrator,
porque geralmente esse tipo de veículo não
possui para-brisa ou, quando o possui, apa-
FIQUE ATENTO!
rece encoberto por propagandas. Caso a ocorrência evolua para situações de
- o policial terá maior facilidade para ver- crise, como presença de reféns e artefatos
balizar, monitorar pontos de foco e pontos explosivos, no interior do coletivo, a avalia-
quentes, determinar procedimentos e con- ção de risco poderá indicar a necessidade de
firmar se suas ordens estão sendo acatadas. apoio policial de unidades especializadas.

213
Vistoria em ônibus/micro-ônibus a) ficar atento a todos os dados repassados a respeito
das pessoas suspeitas, tais como características físi-
Uma das particularidades desta modalidade de abor- cas, vestimentas, idade, comportamento;
dagem é, justamente, o número de compartimentos e b) durante a aproximação para a abordagem, bem
variedade de locais a serem submetidos a buscas e varre- como durante o contato com os passageiros e vis-
duras. torias, manter a atenção e vigilância constantes,
Com a fnalidade de burlar a fiscalização policial, os verifcando reações e comportamentos suspeitos,
infratores procuram ocultar objetos, substâncias e outros que denotem nervosismo, apreensão ou tentativa
materiais ilícitos nos mais diversos locais: de distrair os policiais ou de dispensar qualquer
• letreiro: localizado na parte da frente do coletivo, tipo de material;
pelo qual é informado, normalmente, o destino c) verifcar, por meio de entrevistas com funcionários
ou o tipo da linha. A facilidade da abertura e o ta- e passageiros, bem como por meio de bilhetes de
manho do compartimento são convidativos para a passagem, a posse/propriedade de determinada
ocultação de diversos objetos; bagagem. Comumente, infratores tentam dispensar
• lixeiras: localizadas, habitualmente, próximo ao os comprovantes e negam responsabilidade sobre
trocador ou nas laterais internas do coletivo. São as bagagens que contenham ilegalidades.
comumente utilizadas para ocultação de armas e
drogas, bem como objetos de menor porte; Os infratores procuram esconder os materiais nos mais
• mesa do trocador/caixa: utilizada para a tutela de diversos locais. Esses exemplos não esgotam os pontos de
dinheiro, muito comum nos ônibus que fazem o buscas e varreduras, apenas informam e direcionam o poli-
transporte municipal e intermunicipal. Os infratores cial a respeito do ardil, dos artifícios e meios fraudulentos
costumam, durante o deslocamento entre pon- utilizados nas ações criminosas.
tos ou no momento de uma abordagem policial,
obrigar o funcionário a esconder armas, drogas e PERSEGUIÇÃO POLICIAL, CERCO E BLOQUEIO
outros objetos, acreditando que, por ser o local de
responsabilidade dos profssionais do transporte, A perseguição policial e a operação de cerco e blo-
este não será alvo da fiscalização policial; queio são intervenções policiais de nível 3 (repressivas),
• caixa/compartimento de acesso ao eixo do cole- que visam compelir o infrator a cessar a resistência, em
tivo: existente no piso de alguns coletivos, este obediência a uma ordem policial legal, forçando-o a
compartimento pode ser manuseado pelo interior parar o deslocamento, a fm de que seja abordado.
do ônibus/micro-ônibus, permitindo, por meio de Perseguição policial é a ação policial que ocorre
fechadura ou alavanca, o fechamento e abertura. O antes ou durante uma operação de cerco e bloqueio,
acesso e o tamanho podem facilitar a ocultação de que consiste em acompanhar ou seguir um suspeito de
vários materiais; prática de delito, em fuga, com objetivo de abordá-lo,
• compartimento de acesso ao tanque de com- identifcá-lo e, se confrmada a infração, prendê-lo.
bustível; Os motivos principais para o desencadeamento de
• caixa de fusíveis: situada, costumeiramente, ao uma perseguição policial são:
lado esquerdo do assento do motorista, na parte a) situações em que a Polícia Militar persegue o agen-
superior. Também permite o esconderijo de obje- te de crime, logo após o cometimento do delito;
tos de diversos tamanhos; b) situações em que um cidadão suspeito desobe-
• pertences dos funcionários: na crença de que os dece à ordem policial legal de parar seu veículo.
policiais não farão a vistoria, os infratores, por Cerco - é uma ação tática, que consiste no posiciona-
meio de conivência, ou, na maioria das vezes, por mento conjunto de policiais e viaturas policiais (e outros
coação ou constrangimento, guardam os objetos recursos logísticos) em pontos estratégicos dentro de
ilícitos junto ao corpo, bolsas ou outros pertences um espaço geográfco, a fm de cercar rotas de fuga de
dos funcionários do coletivo; pessoa e/ou veículo evasor, de forma a viabilizar a inter-
• estofados e outros compartimentos: ceptação ou a abordagem.
• bagageiros e bagagens: as chamadas bagagens de Bloqueio - é uma ação tática, que consiste no posicio-
mão são utilizadas para a ocultação de materiais namento de policiais e viaturas em um ponto estratégico
ilícitos tanto em coletivos municipais quanto nos específco, dentro de um espaço geográfco, com a fnal-
intermunicipais e interestaduais. Além delas, de- idade de bloquear, reduzir ou reter temporariamente o
vem ser vistoriadas as malas, bolsas, caixas e outros fuxo de veículos, permitindo a interceptação ou a abord-
materiais acondicionados no bagageiro dos ôni- agem a veículos e pessoas.
DOUTRINA OPERACIONAL

bus/micro-ônibus, devendo, para tanto, acionar o


motorista/trocador para a conferência da etiqueta Fundamentação legal
de identifcação da bagagem. Para a ação ser bem
sucedida, não basta localizar somente os objetos A operação de cerco e bloqueio é uma intervenção
ilegais; é primordial, também, estabelecer um nexo policial legal, coercitiva, e que expressa o poder discri-
de posse ou propriedade entre os bens ilícitos e cionário conferido ao policial para que promova com
seus responsáveis. Nesse ponto, é importante que efciência o policiamento ostensivo, atendendo inclusive,
o policial adote as seguintes condutas: aos requisitos de um poder-dever, de que não poderá
se furtar.

214
Como toda intervenção policial, deverá ser traduzida diência encontra-se materializado na vontade expressa
por uma ação efciente, que articule a técnica e a tática, e deliberada do cidadão em não atender ou descumprir
legitimada por dispositivos legais e institucionais, para determinação legal.
que a medida de restrição do direito de ir e vir das pes- De maneira geral, o crime de desobediência está pre-
soas envolvidas seja justificada pela necessidade de se- visto no artigo 330 do Código Penal (CP).
gurança e bem-estar da coletividade. Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário
O Código de Processo Penal (CPP) estabelece, em seu público:
artigo 301, que “qualquer do povo poderá e as autori- Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa.
dades policiais e seus agentes deverão prender quem (BRASIL, 2010)
quer que seja encontrado em fagrante delito”(BRA-
SIL,2010). Assim, o policial tem o dever de conter o agen- A Lei Federal nº 9.503/97, que institui o Código de-
te infrator no estado de fagrância. Trânsito Brasileiro(CTB), trata do assunto da seguinte
No mesmo caminho, cita-se, por igual importância, o maneira:
art. 302 do mesmo diploma legal: Art. 209. Transpor, sem autorização bloqueio viário
Art. 302 Considera-se em fagrante delito quem: com ou sem sinalização ou dispositivos auxiliares,
I - está cometendo a infração penal; deixar de adentrar as áreas destinadas à pesagem de
II - acaba de cometê-la; veículos ou evadir-se para não efetuar o pagamento
III- é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofen- do pedágio.
dido ou por qualquer pessoa, em situação que faça Infração - grave;
presumir ser autor da infração; Art. 210. Transpor, sem autorização, bloqueio viário
IV- é encontrado, logo depois, com instrumentos, ar- policial;
mas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele au- Infração - gravíssima;(BRASIL, 1997).
tor da infração. (BRASIL, 2010) grifo nosso
A direção ofensiva imposta pelos policiais, durante a
A situação do flagrante impróprio, ou da chamada perseguição, também encontra respaldo no Código de
“quase flagrância”, foi definida no inciso III do artigo 302 Trânsito Brasileiro (CTB), na medida em que as viaturas
do CPP, quando se pressupõe a existência de indícios su- de polícia são definidas como veículos de emergência,
ficientes de que o suspeito em fuga seja o autor do deli- assim como os de salvamento, as ambulâncias e os veí-
to, o que determinará o desencadeamento de uma ação culos de fiscalização de trânsito. Esses veículos gozam
policial proporcional ao rompimento da ordem pública. de livre circulação, estacionamento e parada, quando,
Discorrendo sobre o flagrante impróprio e a con- comprovadamente, estejam prestando socorro à socie-
sequente perseguição do autor do delito, Nucci (2010) dade. Quando em circulação, normalmente serão iden-
esclarece que esse tipo de flagrante ocorre quando o tificados pelo dispositivo de alarme sonoro (sirene) e de
agente conclui a infração penal, ou é interrompido pela iluminação intermitente, na cor vermelha, afixada sobre
chegada de terceiros, mas sem ser preso no local do de- o teto. Estando parados ou estacionados, a iluminação
lito, pois consegue fugir, fazendo com que haja persegui- estará acionada permanentemente, para a identificação
ção por parte da polícia, que poderá demorar horas ou do atendimento de urgência.
dias, desde que tenha início logo após a prática do crime. Cabe ressaltar, entretanto, que mesmo tendo priori-
Ao tratar das situações de perseguição, o art. 290 do dade no deslocamento, esses veículos não estão autoriza-
CPP acrescenta que o encalço ao infrator deverá ser inin- dos a desenvolver velocidades excessivas que coloquem
terrupto, contínuo e imediato ao cometimento do delito, em risco a segurança no trânsito. Nessa circunstância,
para que não se rompa o estado de flagrância, que justi- uma vez comprovada a falta de cautela ou a ocorrência
ficará sua detenção/prisão: de acidentes, a Administração Pública poderá ser acio-
Art. 290. Se o réu, sendo perseguido, passar ao ter- nada para o ressarcimento dos danos.
ritório de outro município ou comarca, o executor Assim, uma vez justificada a perseguição policial e
poderá efetuar-lhe a prisão no lugar onde o alcançar, o cerco e bloqueio, a Polícia Militar sempre estará evo-
apresentando-o imediatamente à autoridade local, cando todos os meios legais para restabelecer a ordem
que, depois de lavrado, se for o caso, o auto de fagran- pública e para prevenir que as consequências danosas
te, providenciará para a remoção do preso. de determinado delito se multipliquem. Concomitante-
§ 1º - Entender-se-á que o executor vai em perseguição mente, todas as ações policiais estarão focadas na pre-
do réu, quando: servação da vida, na promoção das garantidas, direitos e
a) tendo-o avistado, for perseguindo-o sem inter- liberdades fundamentais da pessoa humana.
rupção, embora depois o tenha perdido de vista;
DOUTRINA OPERACIONAL

b) sabendo, por indícios ou informações fdedignas, Planejamento e desenvolvimento


que o réu tenha passado, há pouco tempo, em tal ou
qual direção, pelo lugar em que o procure, for no seu As intervenções de cerco e bloqueio exigem ações
encalço. (BRASIL, 2010) estratégicas para cessar o deslocamento de veículos sus-
peitos, em fuga. Essas ações serão traduzidas numa or-
A perseguição policial também poderá ser desen- ganização sistêmica, que conjugue os recursos humanos
cadeada para conter um cidadão, em atitude suspeita, e logísticos e integre as unidades operacionais da Polícia
que desobedece à ordem policial de parada para que Militar, bem como os demais órgãos do Sistema de De-
seja abordado. Pode-se inferir que o crime de desobe- fesa Social, que auxiliarão nos resultados.

215
Uma operação de cerco e bloqueio pode surgir de Os pontos ideais para o cerco e bloqueio deverão ob-
um planejamento prévio, em função da certificação de servar:
conduta criminosa, ou desencadeada durante o turno de • distância de vias marginais em relação à via princi-
serviço, para conter um grave problema de perturbação pal, ou de estradas vicinais que possam favorecer a
da ordem pública. fuga do veículo suspeito;
Quando aborda a questão do planejamento das inter- • distância de abismos, paredes abruptas ou de
venções policiais, a Diretriz Geral para o Emprego Ope- danos naturais na via (buracos, obras), que possam
racional da PMMG (DGEOp) instrui que “não se admite prejudicar a segurança de procedimentos;
a ação de uma fração da Polícia Militar ou de um militar • ausência de curvas, aclives, declives ou de grande
isolado que não obedeça a um planejamento oportuno circulação de pessoas;
e, via de regra, escrito. Nos casos simples ou de urgência, • • proximidade dos redutores de velocidade (que-
poderá ser verbal ou mental.” (DGEOP, 2010). bra molas, lombadas e
Nesse entendimento e em adequação ao planeja- • radares eletrônicos), principalmente em vias de
mento, os comandantes, nos diversos níveis, deverão ob- trânsito rápido.
servar fatores intervenientes básicos, para o emprego da
tropa, como o preparo técnico para o tipo de operação, Caso seja necessária a montagem de bloqueio em
as condições físicas e de saúde do policial, a experiência rodovias estaduais, poderão ser utilizados os postos da
profissional, dentre outros. Polícia Rodoviária (PRv), que possuam estrutura e equi-
Para o sucesso da intervenção, o efetivo deve ser ins- pamentos indispensáveis à segurança. Em relação às ro-
truído, receber ordens claras e obedecer ao planejamen- dovias federais, os pontos de bloqueio deverão ser mon-
to definido como o mais adequado à solução da ocor- tados por intermédio de contato com a Polícia Rodoviária
rência. Federal (PRF), nas situações em que forem viáveis.
Entretanto, quando a operação for necessária e não
houver tempo para um planejamento prévio, haverá um Estados de Prontidão
conjunto mínimo de procedimentos a serem observados
para o seu lançamento, destacando-se:
Nas intervenções de cerco e bloqueio, o estado de
• a unidade de comando;
prontidão corresponderá às condições fisiológica e men-
• o compartilhamento de dados e informações so-
tal com que o policial se prepara para enfrentar a situa-
bre a ocorrência;
ção de risco. Sua capacidade de resposta dependerá do
• a defnição de funções e pontos de bloqueio;
controle dessas condições e dos fatores subjetivos, que
• a atuação sistêmica.
interferem no modo como as pessoas percebem e res-
pondem aos estímulos. (ver Caderno Doutrinário 1)
Em todos os casos, o desencadeamento da interven-
ção estará ligado ao tempo de reação em que a força Em relação à avaliação de risco, o policial empregado
policial identifica a situação que exija o lançamento de nesse tipo de intervenção poderá passar por duas situa-
um esforço operacional diferenciado para sua contenção. ções:
A mobilização imediata dos recursos disponíveis, alinha- • ciente de que o confronto é provável, adequará
da ao planejamento que procure antecipar prováveis de- seu estado de prontidão para o estado de alerta
cisões e o destino do suspeito ou agente de crime em (laranja), e se manterá vigilante à ameaça, sempre
fuga, contará, inclusive, com os fundamentos da aborda- fazendo o cálculo do nível de força adequado;
gem policial (segurança; surpresa; rapidez; ação vigorosa; • diante do risco real do confronto, deverá estar no
unidade de comando) (Ver Caderno Doutrinário 1). estado de alarme (vermelho), mantendo extrema
Com base no fundamento da Unidade de Comando, atenção ao perigo e às medidas necessárias à sua
a coordenação e o controle sobre emprego dos meios segurança.
logísticos, efetivo envolvido, armamento e equipamento
ficarão a cargo do oficial de serviço ou do policial mais A evolução adequada dos estados de prontidão é
antigo no turno, que observará planejamento prévio de muito importante para a atuação policial.
sua Unidade para as operações de cerco e bloqueio, rea- O prolongamento desnecessário do estado de alar-
lizando as adaptações necessárias, ou determinará uma me (vermelho) poderá acarretar reações adversas no
linha de ação para essas intervenções ocorridas durante policial: esgotamento mental (estresse crônico); osci-
o serviço. lação dos estímulos fisiológicos (percepção, atenção
Um bom planejamento evita distorções, durante a ou pensamento) e a consequente sobrecarga física pro-
execução, e proporciona grande assertividade nas deci- vocada pelo peso do armamento. Nessas condições, o
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sões do Comandante. policial estaria despreparado para enfrentar o risco, favo-


recendo o surgimento do estado de pânico que, além de
Características dos locais de Cerco e Bloqueio impossibilitar sua atuação individual, poderá comprome-
ter o desempenho e a segurança da equipe.
Os locais apropriados para a montagem dos dispo- Assim, estando numa intervenção nível 3, à semelhan-
sitivos de cerco e bloqueio devem ser criteriosamente ça da categoria 3 da Blitz Policial (seção 2 do Caderno
escolhidos. Os policiais envolvidos devem ter pleno co- Doutrinário 3), os policiais estarão certos das hipóteses
nhecimento desses locais, o que refletirá na agilidade do de uso de força em níveis elevados, contudo garantirão
deslocamento e na eficiência da operação. uma resposta mais adequada, à medida que mantive-

216
rem o estado de prontidão coerente com o momento da - Atenção à rede, prioridade! Ativar Cerco e bloque-
perseguição, do cerco, do bloqueio ou do confronto por io!
meio da força letal. (a partir deste momento, a operação seguirá o planeja-
Dependendo da dinâmica da ocorrência policial, a mento do plano de cerco e bloqueio da Unidade)
oscilação dos estados de prontidão será necessária para - Atenção viaturas! A partir deste momento deem
nivelar os procedimentos em relação ao aumento ou a prioridade para as comunicações da operação de Cerco
diminuição do risco. Os estados de prontidão determi- e Bloqueio.
narão a coerência da posição das armas dos policiais. No - Viatura mais próxima da avenida (nome), dê o
estado de alerta (laranja), durante o cerco e bloqueio, prefixo!
antes da visualização do veículo suspeito, a posição coe- - VP (prefixo)! Monte o cerco no entroncamento
rente das armas será a posição 2 (guarda-baixa) ou a com a rua (nome).
posição 3 (guarda-alta); no estado de alarme (verme- - Viatura mais próxima da rua (nome)! Monte o
lho), será a posição 4 (pronta-resposta), no momento da bloqueio no entroncamento com a rua (nome).
abordagem. - VP (prefixo)! Mantenha a rede liberada para as co-
Ao término da intervenção, restabelecida a normalida- municações da viatura (prefixo), em perseguição poli-
de, os policiais retornarão ao estado de atenção (amarelo), cial.
coerente com a situação do patrulhamento ordinário.
Se, porventura, ocorrer evasão de veículo/pessoa em
atitude suspeita de ponto de cerco/bloqueio ou, se hou- FIQUE ATENTO!
ver informação do envolvimento de outros veículos na Nas situações em que não seja possível o
ação delitiva, os policiais deverão atuar oscilando entre controle das comunicações por meio do
os estados de alerta e alarme, durante o rastreamento. COPOM, a comunicação será centralizada
no comandante da operação.
Distribuição de Funções

Como em toda intervenção, será imprescindível a def- As viaturas não envolvidas deverão permanecer no
nição de papéis, para a organização da atuação policial: atendimento das ocorrências do turno, atentas à rede-
a) PM Comandante: será o policial em função de -rádio. O PM Comandante, no gerenciamento da inter-
comando do turno de serviço ou especialmen- venção, poderá recorrer ao militar mais antigo do turno,
te designado para o comando daquela operação, para que assuma, provisoriamente, a coordenação das
ou o de maior posto/graduação da guarnição, no ocorrências de rotina, até que a operação se estabilize.
momento da eclosão dos fatos. Caberá a ele: o Sempre que possível, as viaturas lançadas no turno
planejamento, a tomada de decisões de forma a deverão equipar-se, previamente, com os recursos lo-
atingir os resultados propostos para a intervenção gísticos necessários ao emprego imediato nesse tipo de
policial; a defnição de pontos de bloqueio e dos intervenção policial. Assim, serão necessários armamento
recursos alocados para os locais; o controle das (porte e portátil), escudo balístico, apitos, rádios HT, ca-
comunicações operacionais; os anúncios ao esca- valetes, cones, dentre outros.
lão superior; a instrução do efetivo empenhado e a Em razão da facilidade de transposição de obstácu-
manutenção dos policiais em estado de prontidão los, a utilização de viaturas de duas rodas poderá ser
coerente com o nível de risco da ocorrência; bastante eficiente no monitoramento do veículo a ser
b) PM Segurança: é o policial responsável pela se- bloqueado, principalmente se motocicleta. Entretanto,
gurança dos componentes da guarnição e pela se- ressalta-se que essas viaturas não oferecem proteção ao
gurança periférica. Sua posição não é fixa, varia de policial, além de exigirem velocidade compatível com a
acordo com a quantidade de policiais envolvidos. motocicleta em fuga, o que poderá causar acidentes.
A função de segurança deverá ser bem defnida em Caso seja necessário o apoio do patrulhamento aé-
todos os momentos da operação, em razão do ris- reo, os policiais deverão informar um ponto de referência
co em potencial que ela representa. O militar mais de fácil visualização para a aeronave, que contribuirá na
antigo de cada ponto de cerco e bloqueio dará a de- localização dos suspeitos e no direcionamento das viatu-
vida atenção à designação do PM Segurança, já que ras que comporão o cerco/bloqueio.
esse policial deverá cuidar, ainda, de interferências
como a presença de curiosos, enquanto os demais Procedimentos táticos para a realização da perse-
mantêm o foco na chegada do veículo suspeito. guição policial
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As demais funções que se fzeram necessárias ao mo- Dentro da operação de cerco e bloqueio, a persegui-
mento específco da abordagem seguirão o previsto na se- ção policial é um dos momentos de maior risco para a
ção 4, deste caderno. integridade dos envolvidos.
Ao iniciar a perseguição a veículo suspeito, os poli-
Comunicações e Logística ciais deverão adotar os seguintes procedimentos:
a) deslocar-se utilizando o cinto de segurança;
Em relação às comunicações na rede-rádio, sugere- b) apesar da difculdade de monitoramento visual,
-se a seguinte verbalização para o desencadeamento da identifcar e repassar à central de comunicações,
Operação de Cerco e Bloqueio: dados do veículo suspeito (tipo, marca, modelo,

217
cor, número da placa, adesivos, localização, itine- As dificuldades mais comuns a essa intervenção são:
rário seguido, número de ocupantes, comporta- • escassez de dados sobre os ocupantes do veículo
mento, possibilidade de existência de armas de (trajes, compleição física, periculosidade, vida pre-
fogo, possibilidade de queixa furto/roubo), que gressa, dentre outros);
subsidiarão a abordagem e a articulação da força • fuxo da via, velocidade excessiva, desrespeito às
policial para o cerco e bloqueio; regras de trânsito pelo veículo em fuga, obstáculos
c) acionar os sinais luminosos e a sirene para sinalizar naturais durante o trajeto, dentre outras;
a situação de emergência policial aos usuários da • há a possibilidade de existir reféns ou pessoas per-
via e demonstrar a ordem de parada aos ocupan- tencentes a grupos vulneráveis (crianças, adoles-
tes do veículo em fuga; centes, pessoas portadoras de necessidades espe-
• procurar manter as armas no coldre e sacá-las so- ciais) no veículo em fuga.
mente no momento da parada do veículo em fuga.
O deslocamento desnecessário com a arma na
posição 4 (pronta-resposta) assusta a população,
FIQUE ATENTO!
além de acarretar riscos de disparos; Nem sempre um veículos em fuga implica
• manter a distância mínima de segurança da via- cometimento de crime. Dentre os inúmeros
tura em relação ao veículo em fuga (sugere-se 10 exemplos, citam-se menores inabilitados,
metros), atendendo aos limites de velocidade da condutores sem documentação obrigatória
via. Essa distância deverá ser aumentada para, no ou veículo particular prestando socorro a
mínimo, 50 metros, se os ocupantes efetuarem pessoas em situações de urgência
disparos de arma de fogo contra a viatura. Nessas
circunstâncias, os policiais não deverão revidar a
agressão; Atente-se para o fato de que nem sempre existirá o
• o comandante deve pedir prioridade na rede-rádio momento da perseguição policial, numa operação de
cerco e bloqueio. Da mesma forma, ainda que iniciada, a
e determinar que os policiais mantenham a discipli-
perseguição será imediatamente suspensa, quando sur-
na, a qualidade e a serenidade nas comunicações;
gir uma situação de risco, que não poderá ser controlada
o equilíbrio emocional durante a intervenção, o
ou contida pela viatura policial em deslocamento.
controle da segurança dos procedimentos e o foco
Nesse caso, os policiais deverão manter o procedi-
nos objetivos da intervenção.
mento de suprir a rede de comunicações com as infor-
mações necessárias aos pontos de cerco e bloqueio, que
Sugere-se a seguinte verbalização:
se encarregarão da abordagem. Todos os policiais deve-
_ COPOM VP (prefxo), prioridade! rão compartilhar as informações captadas.
_ Estamos perseguindo um veículo em fuga pela Com base nas informações recebidas e evolução, o
avenida, rua (nome) na altura do número ...., na di- PM Comandante acionará o plano de cerco e bloqueio
reção.... (citar localização, itinerário). para interceptar o veículo suspeito.
_ Trata-se de um (dados de identificação do veícu-
lo: tipo, marca, modelo, número da placa).
- Veículo ocupado por dois suspeitos armados. FIQUE ATENTO!
- Acione o plano de cerco e bloqueio e alerte todas Nas situações que impeçam a continuidade
as guarnições do turno. do emprego de determinado policial (pâ-
nico, doença, ferimentos, atropelamento,
quedas, desmaio), deverá ser prestado o
#FicaDica socorro imediato à vítima, até que o aten-
dimento especializado seja providenciado.
Três razões essenciais para a disciplina das
comunicações na rede-rádio:
- fazer com que as ordens do comandante Providências para a realização de cerco policial em
da operação alcancem todos os envolvidos; decorrência de evolução da perseguição a veículo
- auxiliar no controle do nível de estresse da suspeito
ocorrência;
- impedir que mensagens confusas alterem Tendo progredido a perseguição policial e o PM Co-
o estado de prontidão dos policiais. mandante decidido pelo cerco e bloqueio das rotas de
fuga, simultaneamente, tomará outras providências im-
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portantes para o sucesso da intervenção:


Os policiais não poderão: • determinará os pontos as serem bloqueados e
• ultrapassar ou emparelhar a viatura com o veículo deslocará o efetivo necessário à manutenção dos
suspeito; postos, por tempo indeterminado, devendo recor-
• forçar uma parada abrupta do veículo, efetuando rer, inclusive, ao plano de cerco e bloqueio da Uni-
manobras perigosas (“fechadas”); dade;
• disparar arma fogo contra o veículo em fuga, pois • estabelecerá, de forma clara, os limites territoriais
haverá risco de atingir transeuntes ou prováveis de cada ponto de cerco, para que a força policial
reféns em seu interior. (Ver Caderno Doutrinário 1). empregada não se disperse;

218
• na ausência de COPOM, SOU/SOF, manterá a uni-
dade das comunicações podendo designar, inclu-
sive, que um policial, com fuência verbal, realize
o trabalho de centralização das informações para
alimentação da rede-rádio: sentido de fuga; pos-
sibilidade de passagem pelo ponto de bloqueio;
deslocamento da imprensa; manifestação de pop-
ulares; estradas vicinais; obras na via; mudança
ou abandono de veículos utilizados na prática do
crime; evolução dos fatos;
• solicitará apoio de unidades operacionais, com
responsabilidade territorial sobre o itinerário do
veículo em fuga, ou que possam contribuir na res-
olução da ocorrência, caso essa medida não tenha
sido tomada, no início da perseguição;
• providenciará o anúncio circunstanciado ao es-
calão superior, assim que possível; O PM Verbalizador (Motorista) se posicionará, em
• coordenará o distribuição do reforço policial de pé, na lateral direita da viatura, próximo ao bloco do mo-
forma a recobrir com efciência todos os pontos tor.
necessários; O PM Comandante se posicionará na lateral direita
• nas situações em que a Operação de Cerco e da viatura, próximo à coluna central.
Bloqueio se estender por tempo indeterminado,
providenciará substituição do efetivo escalado nos O PM Segurança ficará posicionado ao lado do PM
pontos de cerco/bloqueio, bem como o suporte Comandante, dando cobertura durante a intervenção,
logístico necessário (alimentação, reposição de próximo ao para-choques traseiro.
baterias de rádio transmissor, lanternas, viaturas, O PM Segurança periférica será o responsável pela
ambulância). segurança periférica e fcará posicionado, com silhueta
reduzida, a uma distância aproximada de 2m da porta
A providência do cerco policial aos prováveis locais dianteira direita da viatura.
de passagem do veículo suspeito decorrerá, ainda, de si-
tuações rotineiras de fuga de infratores do local de crime,
sem que haja, necessariamente, uma perseguição poli- FIQUE ATENTO!
cial. Um policial poder´´a acumular duas ou mais
funções descritas acima, devido ao número
Montagem de dispositivo de cerco parcial da via de integrantes da equipe.

Durante a montagem do dispositivo, os policiais de-


verão considerar os aspectos de segurança adequados Os policiais utilizarão a viatura como proteção, bem
ao tipo de via e ao fuxo de trânsito. como poderão aproveitar os abrigos existentes nas ime-
É possível que durante a montagem ocorra a diações.
presença de curiosos nos pontos de cerco. Havendo A expectativa da identificação do veículo suspeito
necessidade de tranquilizar a população, os policiais contribuirá para aumentar o nível de estresse dos po-
prestarão informações básicas e objetivas sobre a inter- liciais. Logo, o monitoramento das comunicações será
venção, preservando os dados de caráter reservado, que fundamental ao preparo mental e ao controle emocional
possam comprometer a operação. Além disso, os polici- que poderão influenciar na avaliação de riscos e no do-
ais deverão retirar essas pessoas do local de cerco, a fm mínio técnico dos policiais que realizam o cerco.
impedir a exposição desnecessária aos riscos.
Durante a operação, viaturas poderão cercar, par- Providências para a realização de bloqueio policial
cialmente, a via, ou bloqueá-la totalmente. A montagem em decorrência de evolução da perseguição a veí-
parcial do cerco será o primeiro esforço de controle nos culo suspeito
itinerários prováveis de fuga do veículo suspeito, que
terá como objetivo realizar o monitoramento do local, Tendo o PM Comandante determinado o cerco de de-
disciplinar o fuxo e a velocidade dos veículos, de forma a terminados pontos, em decorrência da perseguição po-
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reduzir os riscos à integridade física dos evolvidos, numa licial, o próximo passo será o efetivo bloqueio da via. A
provável abordagem. transição entre os estágios perseguição-cerco-bloqueio
O PM Verbalizador estacionará a viatura num ângulo acontecerá de forma natural e, inclusive, simultânea,
de 45º, com a frente voltada para o sentido da via. Em sempre que a necessidade exigir.
seguida, desembarcará e distribuirá os cones na pista, de No que diz respeito ao momento do bloqueio, as
forma a direcionar os veículos para uma única passagem observações são as seguintes:
(“passa 1”). (FIG. 28). • o bloqueio não será feito nas áreas com aclives,
declives, curvas, rodovias ou locais com grande
movimentação de pessoas. Nas vias de trânsito

219
rápido, o policial redobrará os cuidados com a
segurança viária, podendo aproveitar os locais de
redução natural da velocidade (proximidades de
quebra-molas ou de redutores eletrônicos de ve-
locidade);
• os policiais utilizarão viaturas, ou meios de infortú-
nio (tambores de concreto; interrupção do semá-
foro), como barreiras físicas na via, que efetivem
o bloqueio;
• a ação de bloqueio congestionará o tráfego, espe-
cialmente no meio urbano. Diante dessa perspec-
tiva, a atenção dos policiais deverá ser redobrada
quanto ao abandono do veículo suspeito na via ou
quanto ao forçamen to de passagem em meio ao
engarrafamento, inclusive pela mão contrária de
direção;
• com a possibilidade do abandono do veículo,
poderão surgir novas rotas de fuga dos infratores,
que poderão prosseguir a pé, homiziar na área
referente ao cerco/bloqueio, ou até mesmo tomar
outros veículos no trajeto.

As difculdades mais comuns que favorecem a evasão


do veículo suspeito do bloqueio policial:
• conhecimento das rotas de fuga pelos infratores e
o desconhecimento pleno dessas rotas em relação
a todos os policiais envolvidos na operação, princi-
palmente quando há envolvimento de várias Uni-
dades Operacionais;
• carência de viaturas sufcientes para a cobertura de
todos os pontos de bloqueio, necessários à con-
tenção do veículo suspeito.

Montagem do dispositivo de bloqueio na via • os policiais utilizarão a viatura como proteção, bem
como poderão aproveitar os abrigos existentes na
A dinâmica do bloqueio policial se dará da seguinte via ou imediações;
forma: • o estado de prontidão dos policiais passará de
• assim que a viatura do ponto de cerco receber a alerta (laranja) para o alarme (vermelho), assim
informação de que o veículo em fuga passará pelo que avistarem o veículo suspeito;
local, providenciará o bloqueio imediato da via, • o PM Comandante determinará que um policial
num dispositivo que contará com a montagem de se antecipe ao dispositivo montado na via e per-
três barreiras: a primeira, realizada com uma indi- maneça em local seguro (coberto e abrigado), com
cação do bloqueio da pista (cavaletes); a segunda, a arma no coldre, fazendo a observação avançada,
será realizada com cones distribuídos ao longo da a fm de detectar a aproximação do veículo sus-
pista; a terceira e última barreira será concretizada peito. Esse policial não realizará abordagem a pes-
pela disposição das viaturas na via; soas ou veículos e se aterá à observação;
• a viatura ficará estacionada num ângulo de 45º, • a abordagem será realizada pelos militares en-
com a frente voltada para o sentido da via, e a 100 volvidos na perseguição do veículo, sempre que
metros, aproximadamente, do terceiro bloqueio. possível. Os policiais empregados no cerco/blo-
Dependendo da largura da via, serão necessárias queio permanecerão abrigados e darão cobertura
duas viaturas estacionadas a 45º para o bloqueio, à abordagem. Cuidado especial deve ser tomado
conforme mostra a (FIG. 29 e 30). nesse momento, pois o veículo suspeito fcará entre
as viaturas que executam o bloqueio e a viatura
DOUTRINA OPERACIONAL

que realiza a perseguição.


• após a parada do veículo suspeito, os policiais re-
alizarão a abordagem observando as seções 3 e
4, deste Caderno, ou as orientações do Caderno
Doutrinário 2, naquilo que for pertinente.

220
#FicaDica
HORA DE PRATICAR!
A operação de cerca e bloqueio é uma inter-
venção de nível 3, com alternância dos es- 1. (Inédita) É denominado de conjunto de escalões e ca-
tados de prontidão e utilização de níveis de nais de comando, por intermédio dos quais as ações de
força mais elevados. Entretanto, no interior comando são exercidas verticalmente, no sentido ascen-
da operação, poder~~ao surgir situações dente e descendente:
claras de aplicação das orientações contidas
no CD 2 e que, inclusive, reduzirão o uso de a) escalão de comando.
força. É o caso das pessoas que poderão ser b) unidade de comando.
abordadas fora da linha de frente dos pon- c) cadeia de comando.
tos de cerco/bloqueio, ou mesmo após a re- d) organização militar.
tirada dos ocupantes, do interior do veículo
interceptado.; 2. (Inédita) Considerando a metodologia de resoluções
de problemas, planejar uma ação policial faz parte da:

a) 1ª etapa.
EXERCÍCIOS COMENTADOS b) 2ª etapa.
c) 3ª etapa.
d) 4ª etapa. 
1. (Inédita) Durante uma abordagem e fiscalização em
veículos, bem como em seus ocupantes, os policiais mili-
3. (Inédita) a Polícia Militar de Minas Gerais desenvolveu
tares exerceram as funções de:
uma estratégia de intervenção preventiva focada na mo-
bilização social, que visa à redução dos índices de crimi-
a) PM Vistoriador e PM Segurança.
nalidade e, principalmente, a potencialização da sensação
b) PM Comandante e PM Comandado.
de segurança por parte da sociedade, denominada:
c) PM Abordante e PM Fiscalizador.
d) PM Orientador e PM Acompanhante.
a) Rede de Proteção Preventiva.
b) Sistema de Avaliação e Prevenção.
Resposta: Letra A. Durante a fiscalização dos equi-
c) Patrulha de Prevenção.
pamentos obrigatórios, o PM Vistoriador não de-
d) Monitoramento de Proteção e Avaliação.
verá dar as costas ao motorista, mantendo-se a uma
distância de segurança. O PM Segurança deverá ficar
4. (Inédita) promover segurança pública por intermédio
com a atenção voltada para os demais ocupantes que
da polícia ostensiva, com respeito aos direitos humanos
permanecerem no interior do veículo. Conforme nível
e participação social em Minas Gerais é missão:
de risco, caso seja necessário proceder a uma vistoria
veicular, esta deverá ocorrer somente após o desem-
a) da Companhia de Polícia Militar.
barque e a busca pessoal de todos os ocupantes do
b) do Batalhão de Polícia Militar.
veículo.
c) da Secretaria de Segurança Pública.
d) da Polícia Militar.
2. (Inédita) Uma equipe composta por policiais militares
de forma institucionalizada de equipe ou grupo que re-
5. (Inédita) . É fundamental importância antecipar-se ao
úne representantes de inúmeras unidades diferentes em
problema, por meio de atitudes e ações coordenadas e
uma base intensiva e flexível, em muitos casos para lidar
integradas com todos os agentes de forma objetiva, por
com um problema temporário, define, em síntese:
isso a Polícia Mitar conta com a participação.
a) a ação policial urbana.
a) de cada cidadão.
b) a força-tarefa.
b) das organizações não governamentais.
c) o efetivo de um batalhão.
c) da iniciativa privada.
d) a atividade policial geral.
d) do efetivo das Forças Armadas.
Resposta: Letra B. Em síntese, define a força-tarefa
6. (Inédita) Ser empregada diariamente com um efetivo
que é uma estrutura organizacional elaborada espe-
DOUTRINA OPERACIONAL

total de quatro policiais militares, sendo dois na viatura


cificamente para atender a situações que indiquem
tipo van e dois em motocicletas, para prestação de aten-
haver ponto(s) fraco(s) em uma estrutura rígida, tor-
dimento de segurança pública a comunidade, em atenção
nando-a inapta a oferecer respostas adequadas em
aos problemas daquele território/espaço é função:
ocorrências de maior complexidade, ou que haja ne-
cessidade de envolvimento simultâneo de diversos es-
a) do policiamento ostensivo.
forços de defesa social.
b) das bases de segurança comunitária.
c) das companhias de polícia.
d) dos batalhões de polícia.

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7. (Inédita) Considerando a Base de Segurança Comuni- 11. (Inédita) Dentre as ações desenvolvidas pelo policial
tária, a atribuição de avaliar, orientar, identificar e corrigir militar, em situação em que seja necessário o emprego
eventuais desvios, conferindo in loco o desenvolvimento de arma de fogo, deve adotar alguns procedimentos, EX-
da atividade operacional das equipes da Base de Segu- CETO: 
rança Comunitária é atribuição do:
a) antes de disparar sua arma de fogo, deve, sempre que
a) Comandante de Companhia. possível, abrigar-se imediatamente, e seguir o proto-
b) Supervisor. colo.
c) Comandante de Setor. b) A regra geral é não atirar. Constitui a última opção e
d) Comandante da Base de Segurança Comunitária. ocorrerá quando os outros meios se mostrem ineficaz-
es e não garantirem, de nenhuma maneira, que a vida
8. (Inédita) De acordo com o disposto no Portfólio de em risco possa ser preservada. 
Segurança da Polícia Militar de Minas Gerais a atividade c) O perigo de morte a que se refere a regra deve ser imi-
desenvolvida por profissional com o perfil e treinamento nente, atual, imperioso e urgente, portanto, não cor-
adequados que visa à identificação e o estabelecimento responde a uma ameaça remota, potencial, distante,
de proporção dos fatores que envolvem a criminalidade, presumida ou futura.
por meio de abordagem qualitativa e quantitativa, bem d) Após se abrigar, manter o dedo no gatilho para que,
como a identificação das variáveis que se relacionam com se necessário, efetue o disparo da arma de fogo contra
esses fatores, apresentando as correlações existentes ou o agente, ou terceiros que apresente qualquer tipo de
não, com base nos aspectos espaço e tempo, fundamen- risco contra a sua própria vida ou de terceiros.
tal no planejamento das ações e operações policiais mil-
itares está relacionada ao conceito de: 12. (Inédita) Dentre os tipos de deslocamentos, aquele
que é feito sempre com, no máximo, 3 policiais militares por
a) Serviços Operacionais Ordinários. abrigo, de acordo com a necessidade de cobertura, becos
b) Reação Qualificada. em “T ou Y” que necessitam de uma cobertura maior, posição
C. Modelo Operacional Territorial. de arma ideal é a guarda alta, estamos nos referindo:
D. Análise Criminal.
a) ao deslocamento por lanço.
9. (Inédita) Nas infrações penais de menor potencial b) à tomada ponto a ponto.
ofensivo que requeiram o registro imediato será confec- c) ao curto recuo.
cionado o REDS-TC, que será dirigido diretamente: d) ao longo recuo.

a) ao Juizado Especial Criminal (JECrim) da Comarca onde


se deu a ocorrência do fato.
b) à Delegacia de Polícia onde se deu a ocorrência do GABARITO
fato.
c) à Vara Criminal da Comarca onde se deu a ocorrência 1 C
do fato.
d) ao Comandante da Companhia de Polícia Militar onde 2 C
está subordinado o policial militar que confeccionou 3 A
o REDS-TC.
4 D
10. (Inédita) O conjunto de alterações fisiológicas (fre- 5 A
quência cardíaca, ritmo respiratório, dentre outros) e das 6 B
funções mentais (concentração, atenção, pensamento,
percepção, emotividade) que influenciam na capacidade 7 B
de reagir às situações de perigo. É importante destacar 8 D
que os estados de prontidão dependem de fatores sub-
jetivos, tais como experiências anteriores, domínio técni- 9 A
co e relacionamento com a equipe de trabalho, que in- 10 A
fluenciam no modo como cada policial militar percebe e 11 D
responde a um mesmo estímulo, tudo isso define:
12 B
DOUTRINA OPERACIONAL

a) Estado de Prontidão.
b) Preparo Mental.
c) Estado Relaxado.
d) Estado de Alerta.
e) Flagrante próprio.

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