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BIBLIOTECAS PÚBLICAS
Niterói
2016
2
BIBLIOTECAS PÚBLICAS
Orientadora:
a
Prof. Dra. Esther Hermes Lück.
Niterói
2016
3
BIBLIOTECAS PÚBLICAS
BANCA EXAMINADORA
_____________________________________________
Profª. Drª Esther Hermes Lück (Orientadora)
Doutora em Políticas Públicas e Formação Humana pela UERJ
_____________________________________________
Prof. Rodrigo De Sales
Doutor em Ciência da Informação pela UNESP/MARÍLIA
______________________________________________
Profª. Drª Michelly Jabala Mamede Vogel
Doutora em Ciência da Informação pela ECA-USP
Niterói
2016
5
A todas as pessoas que estiveram do meu lado em todos os momentos de minha vida.
AGRADECIMENTOS
A profª orientadora Esther Hermes Lück, pelo suporte no pouco tempo que lhe
coube, pelas suas correções e incentivos.
Aos meus pais, familiares e amigos, pelo amor, incentivo e apoio incondicional
durante este período de estudos, estágios, concursos e cursos. Sem a base que me
proporcionaram, jamais escreveria estas linhas.
7
Eleonor Roossevel
8
RESUMO
Este trabalho de conclusão de curso de curso é uma pesquisa bibliográfica que trata da
biblioteca pública no contexto brasileiro. Apresenta duas seções principais. Primeira seção é
dedicada às características, funções, definições, e responsabilidades das bibliotecas públicas
na sociedade. Traz, também, a importância do Manifesto da UNESCO para as Bibliotecas e o
papel delas no desenvolvimento intelectual humano. A segunda seção trata da história das
bibliotecas públicas no Brasil, incluindo, questões ligadas aos programas e políticas de
desenvolvimento das bibliotecas públicas e à importância da difusão do hábito de leitura.
Destaca o Plano Nacional de Leitura, o Programa Nacional de Incentivo à Leitura – PROLER
e o Projeto Mais Bibliotecas.
ABSTRACT
This job completion paper presents two main sections. First section, Public Library is
dedicated to the characteristics, functions, definitions, and responsibilities of public libraries
in society. Raises also the question of the importance of the UNESCO Manifest for Libraries
and their main role in human intellectual development. The second section deals with the
history of public libraries in Brazil, including issues related to public library development
programs and policies and the importance of disseminating the reading habit. It highlights the
National Reading Plan, the National Reading Incentive Program - PROLER and the More
Libraries Project.
LISTA DE QUADROS
LISTA DE FIGURAS
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO........................……………………………………………………….14
4 CONCLUSÃO........................................................…………...............……......….......40
REFERÊNCIAS ..............………......................................….......................…........42-50
14
1 INTRODUÇÃO
2 BIBLIOTECAS PÚBLICAS
O objetivo principal das bibliotecas públicas está em atender por meio do seu
acervo e seus serviços, diferentes interesses de leitura e informação da comunidade em que
1Sine qua non é uma locução adjetiva, do latim, que significa “sem a qual não”. O significado da frase […] se
impôs como condição sine qua non desenvolvimento, diz que nos dias atuais , sem planejamento não existiria
desenvolvimento. Para tanto, considera o planejamento essencial para propiciar o desenvolvimento
17
Fonte: Funções de atividades vinculadas as Bibliotecas Públicas (Bastos; Almeida; Romão, 2011, p. 89).
americanas, que “copiaram uma grande quantidade de material extraídos após a segunda
guerra Mundial, tornando seus espaços importantes centros sociais” (FONSECA, 2006, p.
27). No Brasil, essa prática informacional foi exercida pelas das bibliotecas públicas, através
das práticas da busca por informação do usuário e a preocupação das bibliotecas na obtenção
de materiais de qualidade informacional, com a intenção de procurar atender as demandas
informacionais dos usuários.
À medida que a questão da disseminação da informação, da leitura, dos saberes e do
conhecimento passam a ser trabalhados desta maneira, esse fato agrega valores às Bibliotecas
Públicas, de modo a torná-las espaços expressivos para seus usuários, através de respostas
criativas mediante as interações com seu público (ALBERTO, 2008 apud ALMEIDA; MACHADO,
2006).
A função recreacional ou de lazer ligada às atividades de lazer, promove e intensifica
as atividades de “entretenimento ligada a empréstimo de livros”(FONSECA, 2006, p. 28).
Ao lado do atendimento usuários cidadãos do município, as bibliotecas públicas se
ocupam, também do atendimento de alunos (migrados de bibliotecas escolares).
O empréstimo de livros é uma das atividades mais antigas das bibliotecas públicas.
Com o tempo, a Biblioteca passou a deixar a imagem de um local meramente para guardar
livros e o bibliotecário deixou de ser “um mero guardião do acervo” (FONSECA, 2006, p.
28).
A função educacional das bibliotecas públicas não podem ser comparada com as
funções das bibliotecas escolares, embora essas exerçam práticas de incentivo a leitura,
como fundamento as suas práticas de orientação à pesquisa. À esse respeito, Fonseca (2006)
diz que “existem discussões que defendem que o atendimento à educação formal” deva ser
exercida somente por bibliotecas escolares. No entanto, enfatiza que a inexistência de
bibliotecas escolares, devido as suas “condições precárias de seus espaços nas escola”
(FONSECA, 2006, p. 26), vem obrigando as bibliotecas públicas a fazer as vezes da função
que deveria ser exercida por este tipo de biblioteca.
Cunha (2003, apud CUNHA JR; CORREIA, 2007, p. 2) ressalta que:
a função educativa predomina nas bibliotecas públicas do Brasil e de
outros países da América Latina, por força da inexistência ou
precariedade das bibliotecas escolares. Sabe-se que a biblioteca
pública não é exclusivamente uma instituição atrelada ao ensino, ainda
que desempenhe uma ação expressiva nesta área. É preciso valorizar
outras funções, colaborando com o processo de edificação da
sociedade.
20
No período colonial do Brasil pouco se conhecia a respeito de livros. E por ainda não
estar emancipada da Colônia de Portugal, onde tudo era controlado pela coroa portuguesa, não
podia ser realizada no Brasil qualquer impressão de simples folhetos, quanto menos de livro
(SILVA, 2009). De acordo com Silva (2009, p.79):
Se a impressão de simples folhetos era difícil, quando se pensa no
livro a situação não é muito diferente. Esse objeto cultural não era
popular nas terras da Colônia nesse período. Era para poucos
afortunados sociais, por isso, a partir daí, o seu valor surgirá entre os
colonos. Não era fácil obter um livro, mas quem o possuísse gozaria
de certo prestígio social.
Segundo Moraes (1979, apud SILVA, 2009), na primeira metade do Século XVI,
pode-se dizer que praticamente inexistiam livros no Brasil. Os colonos que aqui chegaram
estavam mais preocupados com as demandas do país “em formar lavouras e cortar o pau-
brasil do que ler e estudar” (MORAES, 1979 apud SILVA, 2009, p. 80).
Com a chegada da Família Real de Portugal (1808), a biblioteca passou a ser usada
como um instrumento de poder para dominar o povo, onde poucos tinham o previlégio de ler,
e ter livros; o acesso era restrito a poucos da nobreza […] “devido à pequena e dispersa
população da época. Aliado a isso, existia o projeto português de proibir a impressão para
melhor controlar e manter a colônia sob o seu jugo”(SILVA, 2009, p. 78).
Conforme Almeida Júnior (1997 pud SILVA, 2009, p. 78) [...] “o público, que
dependia necessariamente de alfabetização e do gosto pela leitura, deveria ser formado,
implicando ações muito mais amplas e que ultrapassavam o mero acesso físico ao livro”. No
Brasil colônia, formava uma […] ”conjuntura político-social emperrava o desenvolvimento da
impressão e do acesso de maior parte da população à escola, ao impresso e,
consequentemente, à leitura” (SILVA, 2009, p. 78).
As políticas de dominação do livro durante esse período (vindas das instituições
nessa época) trouxeram uma série de programas de distribuição de livros, onde seus discursos
foram marcados com obras de pouco interesse de seus leitores, assim como afirma:
[…] em meio a instituições marcadas por um discurso de proibição,
com obras de pouco interesse para os sujeitos/leitores, voltadas para a
satisfação da vontade de um discurso autoritário e dominador de
governos religiosos e, posteriormente, militares que acabaram por
afastar os brasileiros da leitura, permitindo que o livro permanecesse
como um objeto de luxo e onde os sujeitos ainda estão longe de ver a
informação como uma necessidade, um fator diferencial em suas
realidades (LIMA, 2006 apud BASTOS; ALMEIDA; ROMÃO, 2011,
p 625. ).
25
Segundo Galvão (1889), parte da coleção da Família Real Portuguesa foi enviada, em
1811, trazendo exemplares que incluíam boa parte de todas as obras criadas nas áreas do
conhecimento humano (filosofia, religião, direito, etc). No ano anterior, já aberta ao público,
a Biblioteca Imperial, era disponibilizada somente a estudiosos que tinham consentimento
antecipado para frequentá-la.
Em 1814, as bibliotecas passaram a ser abertas totalmente a população, pois a
biblioteca Nacional2 (Primeira Biblioteca Pública da época) era gerenciada por religiosos, que
tinham a função de Bibliotecários, os quais chegaram junto com a família real. Esta Biblioteca
sofria fortemente a influência das bibliotecas populares da Europa:
O aparecimento de livros, instituições de ensino e, posteriormente, as
bibliotecas, só ocorrerão a partir de 1549 com a instalação do Governo
Geral, em Salvador (Bahia). A partir dessa data começou, de fato, o
sistema educacional no Brasil e são, com o estabelecimento dos
conventos de diversas ordens religiosas, principalmente da Companhia
de Jesus - os Jesuítas - que serão formados os primeiros acervos no
país(SANTOS, 2011, p. 52).
No século XVIII, houve grande esforço de parte do Brasil (Período colonial) para se
criar uma biblioteca que atendesse as necessidades dos usuários. Naquela época por pressões
políticas, foram enviadas as primeiras obras, vindas de Portugal pela Família Real, destinadas
a formação da primeira Biblioteca Nacional (Rio de Janeiro):
A instalação da Família Real na cidade do Rio de Janeiro trouxe
benefícios para cidade, dentre elas, a criação da Biblioteca Real (hoje
Biblioteca Nacional), cujo acervo continha 60 mil volumes
(HALLEWELL, 1985 apud SILVA, 2009, p.82).
2Segundo Santos (2010, p.51) “a história das bibliotecas até o início do século XIX pode ser resumida em três
etapas sucessivas”. A primeira fase se iniciou com as bibliotecas dos Conventos e Artigos 52 Particulares,
passando da fundação da Biblioteca Nacional até a criação da primeira biblioteca Biblioteca pública da Bahia.
26
Conforme Silva declara (2009, p.82) […] “ o acesso do público à Biblioteca Real”,
mesmo que indireto, viria como objeto de reafirmação da necessidade de instalar esta
instituição por terra nacionais:
A biblioteca foi oficialmente inaugurada no dia 13 de maio de 1811,
data de aniversário de D. João, nas instalações do Hospital da Ordem
Terceira do Carmo, sendo franqueada apenas aos estudiosos mediante
prévia solicitação. Em 1814, a biblioteca foi aberta ao público, tendo
como “prefeitos” designados Frei Gregório José Viegas e Frei
Joaquim Dâmaso, além de três “serventes” portugueses, todos vindos
da Biblioteca d’Ajuda – José Joaquim de Oliveira, José Lopes Saraiva
e Feliciano José e um auxiliar Luís Joaquim dos Santos Marrocos. Em
1821, foi publicado seu estatuto, o qual surpreende pelo conteúdo de
seus 32 artigos, os quais pouco difere da maioria dos regimentos de
algumas de nossas bibliotecas (SANTOS, 2010, p.54).
Percebe-se que por mais que as bibliotecas públicas se esforcem em aplicar cada uma
das necessidades dos usuários, seria quase impossível aplicá-las em sua completude. Para se
chegar a um ponto de equilíbrio, as bibliotecas públicas teriam que traçar novos objetivos,
priorizando somente as demandas mais necessárias de informação.
Ao presenciar este contexto, é essencial que as bibliotecas públicas ofereçam maior
qualidade dos serviços e das coleções e todo o tipo de suporte e tecnologias, sem descartar a
28
existência dos materiais tradicionais. Para isso, deve-se traçar metas para propiciar uma
busca correta e adequada para atender as demandas de cada indivíduo elementos chaves a
manutenção de todo sistema informacional), bem como manter a existência de materiais
isentos de qualquer modo de censura (ideológica, religiosa ou política).
Entre os anos de 1937-2004, o acesso do cidadão ao livro e á leitura, vem se
tornando uma realidade, através da criação do Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL),
sobre o qual falaremos a seguir.
por apresentar sucessivas falhas, como por exemplo, falta de “acompanhamento nas
transformações ocorridas na sociedade brasileira e uma política”(SUAIDEN 2000, p. 56).
Este tipo de sociedade possuía uma política conservadora, fundamenta em conceitos
de cultura erudita (elitizada), que considerava o livro como um tesouro intelectual, e a
biblioteca era considerada somente como uma guardiã da cultura; pela qual, a sua
continuidade provocar a estagnação do trabalho da biblioteca – levando o Instituto Nacional
do Livro ao final de suas atividades.
Em 1961, para evitar a estagnação da biblioteca, o governo federal deu inicio ao
Serviço Nacional de Bibliotecas – SNB. Com a criação deste órgão, a administração federal
do Brasil, passou a implantar uma política nacional exclusiva para bibliotecas públicas.
Neste período, o Serviço Nacional de Bibliotecas passou a criar um serviço de
Catalogação Coletiva exclusivo, com objetivo de dar assistência técnica a todas as bibliotecas
e alcançar “um domínio completo sobre os materiais e seus grandes volumes de informações
documentais que eram produzidos, objetivando sua identificação e localização”
(CAMPELLO; MAGALHÃES, 1997).
A criação da Catalogação Coletiva foi considerada uma atitude positiva de parte do
Governo Federal, passando a possibilitar a obtenção do controle bibliográfico e possibilitar a
estruturação das bibliotecas. O desempenho desta tarefa não era nada fácil pois era necessário
uma maior a organização, tanto da gestão de conteúdos do acervo, como também na criação
de novos conceitos a respeito da formação de leitores e da reafirmação do papel das
bibliotecas públicas. Todo este processo foi determinante para a adoção de políticas públicas
geradas para organizar o desenvolvimento de coleções das bibliotecas públicas em todo
Brasil.
A Lei no 10.753, de 30.10.2003, vem da consistência à política pública criando a
Política Nacional do Livro, que teve “a finalidade de controlar os bens patrimoniais das
bibliotecas públicas, em que não considera o livro como um material permanente” (BRASIL,
2003). Seu objetivo não era de formar uma lei para a aquisição de material bibliográfico, mas
principalmente de incentivar e facilitar o acesso à leitura, estabelecendo as diretrizes e as
formas de editoração, distribuição, comercialização e difusão do livro.
Esta Lei também define o conceito de um modo amplo, o que venha ser o real
sentido de bibliotecas públicas: aquelas que atendem a todo o conjunto da sociedade, que
possuem acervos universais, estando fundamentados sobre todos os temas (BRASIL, 2003).
Por outro lado, a escassez de bibliotecas escolares no Brasil, fez com que os alunos
de escolas públicas passassem a frequentar as poucas bibliotecas públicas que já existiam,
30
gerando um grande fenômeno, que passou a ser conhecido como escolarização das bibliotecas
públicas, pois as bibliotecas públicas passaram “a dar prioridade para ao atendimento
estudantil em detrimento a outros segmentos da comunidade que também necessitavam dos
serviços bibliotecários” (SUAIDEN, 2000, p.56).
Na verdade, aos poucos este movimento começou a gerar problemas estruturais nas
bibliotecas públicas, pois as instalações não possuía uma estrutura suficiente para suportar a
necessidade de conhecimento de seus novos usuários. Para tentar, solucionar este problema,
em 1986, o Governo Federal, passou a instituir a Lei Sarney 7505/86, em incentivo a cultura
(BRASIL, 1986). Através de incentivos ficais, as editoras que efetuassem doações às
bibliotecas públicas em todo território nacional, passavam a receber um beneficio especifico,
com medidas em forma de concessão e abatimento fiscal em impostos.
Para Emir José Suaiden, nesta época “a biblioteca escolar passava desapercebida no
processo de ensino-aprendizagem”(SUAIDEN, 2000, p.56). A falta de livros e a falta de
consciência de alguns profissionais da educação, fazia a biblioteca escolar, quando existia,
ficar em último plano. O papel que os livros representavam nas escolas e no sistema
educacional era um papel secundário, onde não havia bibliotecas escolares suficientes,
pois “grande parte dos professores era leiga e o que prevalecia sempre era a cópia a
dicionários e enciclopédias” (SUAIDEN,2000, p.56).
Em 2003, finalmente, após inúmeras tentativas geradas ao longo de anos, o Governo
Federal, cria um novo Plano Nacional do Livro e Leitura – PNLL (BRASIL, 2006). Na
época, a base de apoio deste projeto era considerada como um meio de levantar uma nova a
formação de uma sociedade leitora. Sua intenção, estava ligada a ideia de proporcionar um
maior “acesso” (MARQUES NETO, 2010, p. 64) à população e aumentar “o uso do livro
como direito do cidadão” prestando-se o “papel de propagar a cultura e o conhecimento” no
Brasil, (MARQUES NETO, 2010, p. 64).
As autoras Mathias e Klinke (2013, p. 2) afirmam que:
O governo federal brasileiro criou vários programas que antecederam
ao Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL). As finalidades daqueles
era o seu desenvolvimento e o das bibliotecas, sendo determinadas
iniciativas que colaboraram diretamente para a elaboração do PNLL.
Nesta mesma perspectiva, é sancionada a Lei de Diretrizes do Livro n.
10.753 de 30 de outubro de 2003, que instituiu a Política Nacional do
Livro e anunciou a implantação do Plano Nacional do Livro e Leitura.
sociedade civil e do governo federal. A meta era estabelecer uma relação durante aquela
época, pois se tratava de um ano de comemorações do ano Ibero-americano da Leitura. Este
documento só veio ser publicado em 2006, quando foi implantado pela Portaria
Interministerial n.1.442 de 10 de agosto de 2006, em nota direcionada pela indução dos
governos estaduais e municipais, o que produziu a criação uma política de estado para essa
área.
O Plano Nacional do Livro e Leitura, possuía uma forte estrutura que acompanhava,
a efetiva orientação e organização, formada sobre quatro eixos (PNLL, 2006, p. 28):
Eixo 1- Democratização do acesso; Eixo 2- Fomento à leitura e à
formação de mediadores; Eixo 3- Valorização institucional da leitura e
incremento de seu valor simbólico; Eixo 4- Desenvolvimento da
economia do livro.
As dimensões da base deste projeto foram marcadas por uma forte influência do
Estado, onde cada eixo formava-se de maneira orgânica, abrangendo “aos governos estaduais
e municipais, e empresas privadas, organizações da sociedade e voluntários em geral” (PNLL,
2006, p. 11) e para todos que pudessem interessar o tema.
As discussões voltavam-se para a qualificação dos recursos humanos e a ampliação
da oportunidade de acesso à comunidade escolar, incluindo a utilização de diferentes
materiais de leitura, no combate ao analfabetismo em âmbito nacional. Desenvolvido pelo
MEC, este projeto consistia em (PNLL, 2003, p. 9):
[…] “uma proposta de ação pública e conjunta de formação de leitores
e de incentivo à leitura, que tem por princípio proporcionar melhores
condições de inserção dos alunos das escolas públicas na cultura
letrada, no momento de sua escolarização. Essa proposta, focada
essencialmente na qualificação dos recursos humanos e na ampliação
das oportunidades de acesso da comunidade escolar a diferentes
materiais de leitura, consubstancia-se em quatro ações principais: (1)
Formação continuada de profissionais da escola e da biblioteca –
professores, gestores e demais agentes responsáveis pela área da
leitura;(2) Produção e distribuição de materiais de orientação, como a
revista LeituraS;(3)Parcerias e redes de leitura: implantação de
Centros de Leitura Multimídia; (4) Ampliação e implementação de
bibliotecas escolares e dotação de acervos – Programa Nacional
Biblioteca da Escola/PNBE”.
de todo o âmbito governamentais formarem parcerias com o setor da cadeia produtiva do livro
( editores, atores, etc).
O Instituto Casa da Leitura possui duas bibliotecas que foram implantadas para
organizar um olhar com foco no usuário para torná-lo um leitor em potencial, a fim de
despertá-lo a um constante hábito de leitura. Consta no site da Biblioteca Nacional que o
Instituto:
[…]”possui duas Bibliotecas Demonstrativas: Monteiro Lobato
(infantil) e Adélia Prado (juvenil e adulta). Dispõe também de um
Centro de Referência e Documentação em Leitura(CRDL), com
acervo especializado, que capta e disponibiliza informações sobre
práticas, pesquisas e estudos realizados no Brasil e no exterior,
constituindo uma Rede Nacional de Leitura”(BN, 2016).
Fonte:https://www.bn.gov.br/visite/espacos/casa-leitura
3No ano de 1992, pelo decreto presidencial n°520, de 13/05/1992, em substituição ao antigo instituto Nacional
do livro – INL, criando o Sistema Nacional de Bibiotecas Públicas. O Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas
é subordinado ao Ministério da Cultura/Secretaria do Livro e Leitura e é coordenado pela Fundação Biblioteca
Nacional.
36
Este mapa foi lançado pelo Ministério da Cultura em uma plataforma moderna que
mostra onde as bibliotecas públicas brasileiras estão espalhadas por todo o país,
contabilizadas atualmente 6.021 instituições públicas, municipais, estaduais ou comunitárias,
cadastradas previamente no sistema nacional do cadastro do Sistema Nacional de Bibliotecas
Públicas.
Este registro permite localizar as bibliotecas com uma maior amplitude, sendo
obrigatório o cadastro no Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas. A realização deste
trabalho tem a intenção de apoiar o desenvolvimento de políticas culturais nacionais voltadas
para as bibliotecas públicas municipais e estaduais, embora ainda exista demora nas
atualizações das informações no site do Sistema.
extrema pobreza/em áreas de risco, que impedem a organização adequada de acervo. Esses
fatores comprometem desde o funcionamento das bibliotecas e sua organização, impedindo a
bibliotecas de oferecerem uma maior qualidade de produtos e serviços e qualidade de
atendimento. O Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas – SNBP (2015), reconhece alguns
problemas aqui colocados e luta para solucionar cada um deles.
Segundo Silva (2004, p.11), “o acesso à leitura e aos livros nunca foi uma ação
democrática no país, pois quando se analisa historicamente a presença da leitura na sociedade
brasileira, percebe-se que sempre houve aspectos que mostram o privilégio de classe4 e a
injustiça social, gerada pela indiferença dos governantes a realidade de grande parte da
população, em sua maioria, pobre.”
Os autores Umberto Eco e Jean Claude Carrière (2010, p.5) falam a respeito do
futuro do livro (físico) no mundo contemporâneo e a sua existência, diante do uso de novas
mídias, principalmente as mídias que disponibilizam os livros em formato digital. Ambos
fazem uma ampla defesa da leitura, da cultura e da civilização do livro (não digital), sem
descartar a importância da evolução dos seu vários formatos até os dias atuais. Para eles o
livro em seu formato físico é e sempre será, a principal fonte de existência das bibliotecas.
Na visão de Umberto Eco e Jean Claude Carrile (2010, p. 5), “o livro não pode
perder sua característica de ferramenta humana”, principalmente porque este permite a
construção e o desenvolvimento da sociedade. Além disso, Umberto Eco e Jean Claude
Carrile (2010), concordam que a existência da Internet e dos e-readers5 não ameaçam a
4[Grifo nosso] pesquisa com baseada em dados disponibilizados no site do Sistema Nacional de Bibliotecas
Públicas (SNBP, 2015).
5E-Reader é um pequeno aparelho que tem a função principal de gerar um aplicativo que é utilizado como uma
de ferramenta de leitura, que comporta conteúdos de livros digitais (e-books) e outros tipos de mídia digital.
39
Neste sentido, Freitas e Silva afirmam que a biblioteca pública, tornou-se “um
espaço cultural importante para a população” (FREITAS; SILVA, 2014, p. 139). Além de
garantirem o acesso gratuito a livros é uma importante aliada na democratização da leitura e
da cultura em todo o país, elas veem assumindo um papel de destaque na comunidade, quando
se colocam como canal de “formação de uma consciência crítica” (FREITAS; SILVA, 2014,
p. 140) de cada indivíduo, permitindo que cada um destes possam fazer “o exercício pleno
da cidadania” (FREITAS; SILVA, 2014, p. 140).
5 CONCLUSÃO
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