Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Plano de Negocio para Uma Empresa Que Produz e Distribui Cogumelos Comestiveis
Plano de Negocio para Uma Empresa Que Produz e Distribui Cogumelos Comestiveis
São Paulo
2011
BRUNA NATÁLIA BRANCO SANTOS
São Paulo
2011
BRUNA NATÁLIA BRANCO SANTOS
São Paulo
2011
FICHA CATALOGRÁFICA
Gostaria de agradecer a todos que me deram apoio para que eu completasse mais uma etapa
da minha vida.
Ao Professor Doutor Reinaldo Pacheco da Costa, pelo imprescindível auxílio dado para a
realização deste trabalho;
À minha família, sem a qual nada disso teria sido possível, pelo carinho, pela motivação, pelo
apoio em todos os momentos e pela ajuda para transpor todos os obstáculos que cruzaram
meu caminho;
Ao Marco, por sempre estar do meu lado não importa o que aconteça;
Aos amigos, pela ajuda nos momentos difíceis e pelas risadas compartilhadas durante esses
anos;
SANTOS, Bruna Natália Branco. Plano de negócio para uma empresa que produz e
distribui cogumelos comestíveis. 2011. 112 p. Trabalho de Formatura – Escola Politécnica
da Universidade de São Paulo. Departamento de Engenharia de Produção, São Paulo, 2011.
Este trabalho teve como objetivo o estudo da viabilidade econômica de uma empresa
de produção e comercialização de cogumelos comestíveis. Para isso elaborou-se um plano de
negócio, considerando que este é um pré-requisito básico para a abertura de uma empresa de
modo a minimizar os riscos envolvidos. Foram estudados elementos relacionados tanto a
aspectos externos como mercado, clientes e fornecedores, quanto a internos, como processos
operacionais, custos e receitas. A estratégia da empresa foi definida com base em análises do
ambiente externo, como por exemplo, a atuação no mercado de atacado para outras empresas
em detrimento do varejo. O resultado do estudo indicou que o empreendimento é viável
principalmente devido ao alto potencial de crescimento do mercado no Brasil e às vantagens
competitivas resultantes do baixo custo de operação da empresa.
SANTOS, Bruna Natália Branco. Plano de negócio para uma empresa que produz e
distribui cogumelos comestíveis. 2011. 112 p. Trabalho de Formatura – Escola Politécnica
da Universidade de São Paulo. Departamento de Engenharia de Produção, São Paulo, 2011.
This work had as its objective to study the economic viability of a company which produces
and markets edible mushrooms. For this was prepared a business plan, considering that this
is a basic prerequisite for opening a business in order to minimize the risks involved. There
were studied factors related to both external aspects such as market, customers
and suppliers, and internal aspects, like operating processes, costs and revenues. The
company's strategy was defined based on analysis of the external environment, for example,
the decision to act in the wholesale market to other companies rather than retail. The study’s
results indicated that the project is feasible mainly due to the high potential of Brazil's market
growth and the competitive advantages resulting from the company’s low operation cost.
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 27
1.3 METODOLOGIA........................................................................................................ 28
3. EMPRESA ....................................................................................................................... 52
1. INTRODUÇÃO
1.1 MOTIVAÇÃO
O presente trabalho tem como objetivo principal a realização de uma análise estruturada
acerca da viabilidade da fundação de uma empresa familiar de pequeno porte de cultivo de
cogumelos comestíveis. Todas as fases de pesquisa, planejamento e análise que precedem a
abertura de uma empresa se encontram no escopo do trabalho, o que o torna imprescindível
para a análise do projeto.
Uma vez realizado o trabalho, além de proporcionar informações para a decisão a ser
tomada acerca da abertura ou não da empresa, ele também atuará como guia, direcionando as
ações a serem tomadas caso o empreendimento seja viável.
28
1.3 METODOLOGIA
Com as respostas a cada uma dessas perguntas têm-se as diretrizes que irão basear a
implantação e o desenvolvimento do negócio. Dado que as informações que permitem
responder tais perguntas não se encontravam diretamente disponíveis, o Plano de Negócio foi
baseado no resultado de pesquisas realizadas.
De acordo com Edna Lúcia da Silva e Estera Muszkat Menezes (SILVA; MENEZES,
2011, p. 20)
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Figura 1- Foto do cogumelo da espécie Auricularia auricula. Fonte: KUO, 2002. Retirado do website
MushroomExpert.Com. Disponível em: < http://www.mushroomexpert.com/auricularia_auricula.html>. Acesso
em 10 nov. 2011.
Figura 2 - Foto do cogumelo da espécie Flammulina velutipes. Fonte: KUO, 2006. Retirado do website
MushroomExpert.Com. Disponível em: <http://www.mushroomexpert.com/flammulina_velutipes.html>. Acesso
em 10 nov. 2011.
31
São conhecidas aproximadamente duas mil espécies com potencial para serem
utilizadas como alimento. Porém, apenas 25 espécies são usualmente encontradas na
alimentação humana e somente parte delas é cultivada comercialmente (VILELA, [entre 2001
e 2010]).
Os cogumelos comestíveis são fungos que pertencem à classe Basidiomycetes. A
maioria das espécies comestíveis faz parte da ordem Agaricales, que se subdivide em duas
principais famílias: a família Boletaceae e a família Agaricaceae, onde se encontram as
espécies Agaricus bisphorus – champignon – e Lentinula edodes – shiitake (SANTOS, 2005).
A empresa nascente estudada no presente trabalho estará baseada na produção de
champignon, sendo este o único produto em sua fase inicial.
1
CHANG, S.T. & MILES, P.G. A new look at cultivated mushrooms. Bioscience, v.3, n.6,
p.358-362, 1984.
2
CHANG, S.T. & HAYES W.A. The biology and cultivation of edible mushrooms. New York: Academic
Press, 1980.
3
CHANG, S.T.; LARQUE SAAVEDRA, A.; MARTINEZ CARRERA, D.; MORALES, M.; SOBAL, M. The
cultivation of edible mushrooms as a boost for rural development: a case study from Cuetzalan ara,
México: AT Source. v.20, n.1, p.22-25, 1992.
33
De acordo com a pesquisa citada, um dos fatores condicionantes para o sucesso dos
negócios é o “bom conhecimento do mercado em que se atua” (SEBRAE, 2007, p. 33), ou
seja, é preciso obter informações como, por exemplo: quem são e onde estão seus clientes
potenciais, assim como quais são seus hábitos, costumes e preferências; quais fontes para
aquisição de matéria-prima estão disponíveis; quais processos produtivos existem na
indústria. Outro fator citado foi a posse de uma “boa estratégia de vendas” (SEBRAE, 2007,
p. 34), que determina fatores como a melhor forma de disponibilizar os produtos, como será
definido o preço, promoções a serem realizadas, campanhas de marketing, dentre outros.
Ainda segundo esta pesquisa (SEBRAE, 2007, p. 38),
Figura 5 - Perguntas serem respondidas pelo plano de negócio. Fonte: NAKAGAWA; COSTA, 2009, p. 288.
35
4
Neste trabalho, o Sumário Executivo encontra-se no Apêndice.
36
para a coleta de dados. Além das pesquisas, outras metodologias podem ser utilizadas para
estruturar a análise de mercado como o Modelo Competitivo de Porter5.
5
O Modelo Competitivo de Porter é uma ferramenta que auxilia na análise e estruturação da competitividade em
uma indústria, proporcionando uma avaliação de sua atratividade. Este modelo sera melhor explicado no item
2.2.1.2.
37
Figura 6 - Forças que direcionam a concorrência na indústria. Fonte: PORTER, 1980, p 33.
De acordo com esse conceito, não somente a concorrência direta, mas também a
indireta deve ser analisada com o objetivo de determinar a intensidade concorrencial de uma
indústria. Essa análise proporciona uma visão holística da situação, o que possibilita a
determinação de sua atratividade sob o aspecto financeiro.
Um dos pressupostos do modelo de Porter é o de que toda empresa possui uma
estratégia competitiva, quer seja explícita ou implícita (PORTER, 1998). Assim, cada força
acima citada deve ser analisada no contexto da indústria em estudo de modo a identificar
quais características da podem basear a formulação da estratégia da empresa, na busca por
vantagens competitivas.
diretamente com os clientes, pode-se obter informações decisivas que basearão as ações e
decisões da empresa.
O manual do Sebrae de Minas Gerais “Como Elaborar um Plano de Marketing”
(GOMES, 2005) descreve de forma sucinta os objetivos e os tópicos abordados pelo Plano de
Marketing:
Conhecendo seu mercado, você será capaz de traçar o perfil do seu consumidor,
tomar decisões com relação a objetivos e metas, ações de divulgação e comunicação,
preço, distribuição, localização do ponto de venda, produtos e serviços adequados ao
seu mercado, ou seja, ações necessárias para a satisfação de seus clientes e o sucesso
de seu negócio.
De acordo com Gomes (2005), o Plano de Marketing pode ser estruturado em três
etapas: planejamento, implementação e avaliação e controle. Somente algumas das atividades
da primeira fase do Plano de Marketing – planejamento – se encontram no escopo do presente
trabalho já que este tem o objetivo de planejar as operações de uma empresa a ser fundada por
meio da elaboração de um Plano de Negócio.
empresa, quanto do externo, que a afetem negativa ou positivamente (GOMES, 2005). Assim,
essa atividade se resume à elaboração da matriz SWOT6 relativa à empresa, onde são descritas
as oportunidades e ameaças do ambiente externo, além dos pontos fortes e fracos da empresa.
A definição do público-alvo consiste em identificar quais segmentos de clientes
oferecem as melhores oportunidades para a empresa, escolhendo um deles para guiar os
esforços da empresa (GOMES, 2005).
O objetivo da atividade de determinação do posicionamento de mercado é definir qual
a imagem a empresa deverá passar ao seu cliente. Segundo Gomes, essa imagem deve ser
“clara, distinta e bem definida em relação aos seus concorrentes garantindo uma larga
vantagem sobre eles” (2005, p. 29). Cabe nessa atividade a realização de uma pesquisa para
conhecer as características dos concorrentes existentes na indústria de modo a identificar seus
pontos fracos e fortes.
A definição da marca deve estar intimamente ligada com o posicionamento
estabelecido pela empresa, assim como com suas vantagens sobre a concorrência, uma vez
que a marca é a forma pela qual os clientes a enxerga (GOMES, 2005). É de suma
importância que seja realizada uma pesquisa para verificar se a marca já não foi registrada por
outra empresa.
A atividade subsequente consiste na elaboração dos objetivos e metas da empresa,
com base nos resultados almejados por ela. A missão e a visão devem ter o papel de guia
durante essa atividade (GOMES, 2005), orientando a definição das ações a serem executadas.
De acordo com Gomes, as metas devem ser quantificáveis e realistas.
O último passo da etapa de planejamento é a elaboração da estratégia de marketing,
isto é, a definição do caminho a ser seguido para atingir os objetivos e metas propostas
(GOMES, 2005). Segundo Gomes, para que a estratégia seja completa, ela deve contemplar
cinco elementos essenciais do marketing: produto, preço, praça, promoção e pessoas.
Gomes (2005) ainda nos diz que há quatro estratégias básicas para obtenção de
crescimento:
1. Penetração de mercado: objetiva o aumento de market-share por parte da empresa.
Dentre as ações dessa estratégia se encontram fortes campanhas de promoção e
grandes descontos nos preços;
6
A matriz SWOT é uma ferramenta estratégica que confronta quatro categorias de elementos: as ameaças e
oportunidades encontradas no ambiente no qual uma empresa se insere, além dos pontos fortes e fracos internos
à empresa. Esse confronto permite a identificação de vários pontos a serem considerados durante a formulação
da estratégia da empresa.
41
Figura 8 - Matriz das estratégias de marketing para crescimento. Fonte: adaptado de ANSOFF, 1957, p. 114.
Esta política de preço, chamada de custo mais margem, é também conhecida como
fixação de preços com base no custo total (BRUNSTEIN, 2008).
A equação fundamental desta política é dada por (BRUNSTEIN, 2008):
43
= (1 + )
Equação 1 – Formação de preços baseada em custos. Fonte: BRUNSTEIN, 2008, p.98.
Onde:
= preço unitário de venda;
= custo total por unidade;
= margem.
Dessa forma, o preço é composto pelo custo total c mais uma fração deste custo, c · t,
que representa uma parcela que deverá cobrir as despesas fixas, as despesas proporcionais ao
faturamento e o lucro (BRUNSTEIN, 2008).
Essa Política de Preços pode ser utilizada somente quando a estrutura de concorrência
na qual ela está inserida permita a existência de uma liberdade em relação aos preços, ou seja,
a companhia deve estar nas seguintes condições de mercado: Empresa Monopolista, Empresa
Líder de Oligopólio, Empresa em Concorrência Monopolística quando o produto é
razoavelmente diferenciado e Empresa em Oligopólio Diferenciado (BRUNSTEIN, 2008).
Esta política, também conhecida como Política do Preço Proporcional, atribui preços
aos produtos com base em um preço de referência que esteja sendo praticado no mercado
(BRUNSTEIN, 2008). Sua expressão é dada por:
= .
Equação 2 – Formação de preços baseada na estrutura de mercado. Fonte: BRUNSTEIN, 2008, p.107.
Onde:
= preço unitário de venda do produto;
= constante de proporcionalidade;
= preço unitário de referência.
Assim, as organizações que participam das seguintes estruturas podem fazer uso de tal
modelo (BRUNSTEIN, 2008):
• Empresa seguidora de oligopólio;
• Empresa em mercado de concorrência perfeita ou análogo à concorrência perfeita;
• Empresa em concorrência monopolística com produtos pouco diferenciados.
O valor de = 1 deve ser utilizado quando a concorrência é perfeita, ou mercados
análogos a ela, onde todas as empresas aceitam o preço de mercado, isto é, , que é
estabelecido pela empresa líder. Nos outros casos pode adquirir qualquer valor, dependendo
de questões como características específicas do produto, quantidade negociada, prazo de
entrega, entre outras (BRUNSTEIN, 2008).
Essa política trata a formação de preços como meio para atingir objetivos
estabelecidos pela administração da companhia.
Segundo Brunstein (2008), uma das modalidades dessa categoria de formação de
preços é a Política de Preços do Orçamento de Vendas, onde os preços são estabelecidos de
acordo com uma das políticas descritas anteriormente e as quantidades a serem vendidas são
projetadas, resultando em uma estimativa do resultado da empresa em certo período. Se o
resultado estimado não for satisfatório, a empresa pode mudar preços e quantidades de acordo
com suas metas, de forma a tornar o resultado final aceitável.
Outra modalidade, de acordo com Brunstein (2008), é a Política do Preço Objetivado,
na qual o preço dos produtos é determinado para que se obtenha uma taxa de retorno do
investimento realizado predeterminada. Aqui, deve ser estipulada uma quantidade de
referência, que representa a quantidade esperada de produção para o período subsequente.
O preço unitário, nesse caso, pode ser determinado com base no custo do produto
adicionado de uma taxa de lucro unitário desejada (BRUNSTEIN, 2008).
.
=+ +
Equação 3 - Preço unitário objetivado - Fonte: BRUNSTEIN, 2008, p. 111.
45
Onde:
= preço unitário objetivado;
= custo direto unitário;
= rateio, ao produto, dos custos e despesas fixas totais;
= taxa de lucro desejado sobre o investimento realizado;
= investimento realizado para o produtos (totalidade do ativo operacional);
= quantidade de referência.
da empresa, que basearão as projeções financeiras a serem feitas. Assim, a validade destas
projeções depende inteiramente da credibilidade das premissas definidas (SIEGEL et al.,
1991).
Com o objetivo de reduzir as imprecisões inerentes ao processo de modelagem
financeira, devido às incertezas do ambiente, é aconselhável projetar mais de um cenário
financeiro (SIEGEL et al., 1991). Um primeiro cenário deve conter projeções conservadoras,
enquanto outro deve apresentar uma visão mais otimista do futuro. Segundo Siegel et al.
(1991), essa análise de sensibilidade proporciona uma melhor compreensão do desempenho a
ser obtido pela empresa.
As informações resultantes do modelo financeiro devem ser apresentadas de forma
organizada e padronizada, afim de que o desempenho do negócio seja facilmente entendido
pelos interessados (NAKAGAWA; COSTA, 2009). Assim, as informações do modelo
financeiro devem ser apresentadas pelo menos das seguintes formas:
• Demonstrativo do Fluxo de Caixa;
• Demonstrativo do Resultado do Exercício;
• Balanço Patrimonial.
Para entender o racional dessa ferramenta, a abertura do negócio deve ser encarada
como um investimento em um fundo, por exemplo. Após o aporte inicial de capital, espera-se
que o negócio traga retornos periódicos para os empreendedores na forma de retiradas e
dividendos (GONÇALVES NETO; CALÔBA; MOTTA, 2009).
Segundo Gonçalves Neto, Calôba e Motta (2009, p. 132),“a técnica de valores líquidos
descontados é a mais utilizada na análise da viabilidade econômico-financeira de um
investimento”. No caso dessa ferramenta, os valores do fluxo de caixa são descontados para o
momento inicial, isto é, quando ocorre o primeiro desembolso, que podem ser somados, pois
todos estão referenciados no mesmo instante de tempo. Assim, chega-se ao Valor Presente
Líquido (VPL) de um Fluxo de Caixa (FC).
Essa avaliação requer uma taxa para descontar a série, chamada de taxa mínima de
atratividade, cujo conceito é a “menor taxa de retorno que fará com que o investidor se
convença a realizar o projeto, considerando que suas motivações sejam puramente financeiras,
ou seja, a avaliação possui um critério de análise da lucratividade” (GONÇALVES NETO;
CALÔBA; MOTTA, 2009, p. 131).
47
Onde:
= períodos do fluxo de caixa;
!" = valor do fluxo de caixa no período ;
= taxa mínima de atratividade.
Se, a uma determinada taxa de atratividade mínima, o valor presente líquido do fluxo
de caixa for maio que zero, significa que o empreendedor deverá ser favorável à realização do
projeto. Nesse caso, com > 0, os resultados gerados pelo investimento serão superiores
ao investimento inicial, bem como à remuneração mínima exigida pelo empreendedor, sendo
capaz de gerar ainda um excedente financeiro. Portanto, o projeto é considerado
economicamente viável (GONÇALVES NETO; CALÔBA; MOTTA, 2009).
Se o = 0, os resultados somente cobrirão o investimento inicial e a remuneração
mínima exigida, não gerando nenhum montante além destes (GONÇALVES NETO;
CALÔBA; MOTTA, 2009). Nesse caso, considerando as incertezas relativas ao fluxo de
caixa analisado, há possibilidade do empreendimento se revelar inviável. Assim, outras
oportunidades de investimento, como aquelas que determinaram a taxa mínima de
atratividade, podem ser consideradas como melhores opções.
Ainda segundo Gonçalves Neto, Calôba e Motta (2009), se < 0, deve-se tomar a
decisão contrária à realização do empreendimento, pois este se mostrou inviável do ponto de
vista econômico.
De acordo com Nakagawa e Costa (2009, p. 309), a taxa interna de retorno (TIR) “é o
índice que mostra qual será a taxa de retorno estimada para o seu negócio”, sendo outro
método de avaliação de investimentos. Assim como no item anterior, para entender a lógica
da TIR, a abertura do negócio deve ser encarada como um investimento.
48
= 0
Equação 5 - Condição para a TIR. Fonte: EHRLICH; MORAES, 2009, p. 58.
De acordo com Atkinson et al7. (2000 apud COSTA, 2009, p. 42), o ponto de
equilíbrio é “o nível em que o volume de vendas cobre os custos fixos dos recursos
comprometidos”. Em outras palavras, ele representa o nível de atividade a partir do qual o
empreendimento se torna lucrativo (EHRLICH; MORAES, 2009).
Segundo Costa (2009, p. 42), na análise de uma empresa inserida em um mercado
análogo à concorrência perfeita, pode-se considerar a receita como uma função linear da
quantidade vendida e do preço, já que este último é dado pelo mercado. Considerando
também que nesta empresa os custos variáveis unitários são fixos, ou seja, não existem
ganhos de escala, a função dos custos também é linear. Nesse caso, a representação gráfica do
ponto de equilíbrio é:
7
ATKINSON et al., Contabilidade gerencial. São Paulo: Atlas, 2000.
49
Figura 9 - Representação gráfica do ponto de equilíbrio. Fonte: adaptado de EHRLICH; MORAES, 2009, p. 8.
! !
) = =
* + ,+
Equação 6 - Ponto de equilíbrio em unidades. Fonte: COSTA, 2009, p. 47.
Onde:
! = custos fixos;
= preço unitário de venda;
+ = custo variável unitário;
,+ = margem de contribuição unitária.
!
)-... =
∑"$% ,+ . 0
∑"$% . 0
Equação 7 - Ponto de equilíbrio em unidades monetárias. Fonte: COSTA, 2009, p. 48.
50
Onde:
! = custos fixos;
= quantidade de diferentes produtos fabricados;
,+ = margem de contribuição unitária do produto “i";
= preço unitário do produto “i”;
0 = quantidade fabricada do produto “i”.
De acordo com Costa (2009), existem basicamente três tipos de ponto de equilíbrio:
• Contábil: quando é nula a diferença entre as receitas e os custos e despesas totais.
• Econômico: quando é considerado o custo de oportunidade do capital próprio
empregado.
• Financeiro: quando o resultado em caixa é nulo, independentemente de ter existido
resultado contábil ou econômico.
2.2.3.5 Payback
Segundo Motta et al., o payback é um índice que calcula em quanto tempo o dinheiro
que foi investido será recuperado pelo empreendedor, isto é, o período de repagamento. De
forma alguma o payback deve ser utilizado como critério decisório entre alternativas de
investimento, possuindo o papel de índice acessório, que informa ao empreendedor após
quanto tempo ele terá seu investimento de volta. Assim, o payback pode ser um critério de
desempate entre alternativas absolutamente iguais nos demais aspectos (MOTTA et al., 2009).
Assim como a TIR, o payback depende somente dos valores do fluxo de caixa. Para
determinação deste índice deve-se analisar o fluxo de caixa acumulado: o payback é
exatamente o momento no qual o fluxo passa a ser positivo. Pode-se fazer necessário o uso da
interpolação para identificar o período exato caso ele seja fracionado (MOTTA et al, 2009).
Segundo Motta et al. (2009), alguns autores sugerem o uso de um conceito similar,
denominado payback descontado que depende unicamente do fluxo de caixa descontado a
uma taxa predeterminada. Os valores do fluxo são descontados a uma taxa de acordo com o
período em que se encontram: para o instante 1, o fluxo tem de ser descontado um ano; para o
instante 2, o fluxo será descontado de dois anos; e assim por diante, para os períodos
seguintes, o mesmo raciocínio deve ser utilizado.
51
3. EMPRESA
Missão
“Produzir e fornecer, de maneira sustentável, alimentos naturais de alto valor nutricional para
consumidores exigentes, primando sempre pela qualidade dos produtos e personalização nos
serviços.”
Visão
“Ser reconhecida no setor em que atua como uma empresa de práticas sustentáveis que produz
e fornece alimentos naturais saudáveis e de alta qualidade.”
54
A Cog&Co é uma empresa familiar formada por dois sócios que, em conjunto,
apresentam as competências necessárias para o sucesso do empreendimento.
A autora deste trabalho, uma das sócias, adquiriu grande conhecimento no setor no
qual a empresa atua por meio de análises de mercado e de viabilidade econômica realizadas.
Juntamente com as competências adquiridas durante o curso de engenharia de produção,
assim como no estágio em uma consultoria estratégica, ela será responsável por toda a
administração e estratégia da empresa.
O outro sócio, pai da autora, possui profundo conhecimento do processo produtivo em
questão, assim como das instalações necessárias e de apoio à produção. Ele também possui
uma forte rede de contatos, ficando responsável pelas vendas da empresa.
4. ANÁLISE DE MERCADO
produção mundial. Os Estados Unidos da América segue na segunda posição entre os maiores
produtores, porém com uma produção significativamente mais baixa do que a China, com
cerca de 0,37 milhões de toneladas. Não há dados sobre a produção do Brasil.
6.000.000
5.000.000
4.000.000
3.000.000
2.000.000
1.000.000
0
1961
1963
1965
1967
1969
1971
1973
1975
1977
1979
1981
1983
1985
1987
1989
1991
1993
1995
1997
1999
2001
2003
2005
2007
2009
Mundo China Estados Unidos da América
Segundo Vilela ([entre 2001 e 2010]), apesar das incertezas sobre o início da produção
no Brasil, o cultivo de cogumelos é muito recente, datando da década de 1950, sendo o
champignon (Agaricus bisporus) a primeira espécie a ser cultivada em escala comercial. A
popularização dos cogumelos comestíveis e a consequente incorporação dos mesmos nos
hábitos alimentares do brasileiro tiveram início cerca de 40 anos atrás, na região Centro-Sul
do Brasil (VILELA, [entre 2001 e 2010]). Somando-se o pouco tempo de vida do cultivo de
cogumelos comestíveis com aspectos culturais próprios do Brasil, que não incluem esse tipo
de alimento, as pesquisas nacionais sobre esse tema são poucas, o que gera uma barreira para
o desenvolvimento de novas tecnologias (MÓDULO DE COGUMELOS FCA/UNESP).
Segundo Augusto Ferreira da Eira ([199-?]), a produtividade brasileira de champignon em
Mogi das Cruzes, principal região de cultivo de fungos comestíveis do Brasil, é
consideravelmente menor do que na Europa.
57
8
VEDDER, P.J. C. Practical training school for mushroom growing. Centrum voor Onderwijs: Champignon
teelt, 1979. 69p.
9
VEDDER, P.J. C. Cultivo moderno del champigñon. Madrid: Ediciones Mundi-Prensa, 1996. 369 p.
10
VAN GRIENSVEN, L.J.L.D. The cultivation of mushrooms. Darlington Mushroom Laboratories Ltd,
Rustington, Sussex, England, Somycel S. A. & Langeais, France Ed. 5515 p. 1988.
58
investimento inicial para o início do cultivo, necessidade de pequeno espaço físico e reduzido
ciclo de cultivo. Entretanto, é importante ressaltar que esse cultivo é considerado de “alto
risco” devido à interferência constante e direta de fatores ambientais, pragas e contaminantes,
uso de tecnologias inadequadas e mão de obra não qualificada (MÓDULO DE
COGUMELOS FCA/UNESP).
23%
A. bisporus
15%
62% A. blazei
outros
De acordo com dados do Censo Agropecuário 2006 (2006), foram produzidas 5.894
toneladas de cogumelos no Brasil no ano de 2006, em 386 estabelecimentos agropecuários,
movimentando uma quantia de 29,870 milhões de reais. Em 2006, mais de 99% da produção
foi vendida, o que pode indicar a insuficiência de oferta no mercado brasileiro (IBGE, 2006).
Com base nos dados do Censo Agropecuário 2006 (2006), cada estabelecimento foi
responsável pela produção de aproximadamente 15,3 toneladas, o que representa 0,26% da
produção anual total. Essa característica nos leva a inferir que o mercado de cogumelos
comestíveis no Brasil é análogo à concorrência perfeita, já que, além do mercado ser
extremamente pulverizado e do produto poder ser considerado homogêneo, nenhuma das
empresas participantes tem poder de influenciar os preços no mercado de forma individual.
Ainda segundo os dados do censo de 2006, mais de 95% da produção total de
cogumelos comestíveis teve origem no Sudeste e a maior parte do restante foi produzida no
Sul do país. Nessa configuração, as regiões Nordeste, Centro-Oeste e Norte foram
responsáveis por menos de 1% da produção nacional (IBGE, 2006). Esse quadro
provavelmente se modificou devido aos esforços da EMBRAPA (Empresa Brasileira de
Pesquisa Agrícola), entidade que atua no fomento desse tipo de atividade na região do Distrito
59
Federal e entorno. Não existem dados oficiais mais atualizados sobre o cultivo de cogumelos
no Brasil, sendo o Censo Agropecuário 2006 a principal fonte de informação.
0% 0%
4% 0%
Sudeste
Sul
Nordeste
Centro-Oeste
96%
Norte
Gráfico 3 – Produção brasileira de cogumelos por regiões – 2006. Fonte: IBGE, Censo Agropecuário 2006,
2006.
As regiões responsáveis pela maior produção nacional de cogumelos são as mais frias
do país. Assim, pode-se inferir que as características ambientais de tais localidades trazem
uma redução no custo dos produtos, já que minimizam o nível de climatização das salas
necessário para a produção. Com menores custos por produto, a competitividade desses
produtores aumenta, estabelecendo um preço de venda que muitas vezes inviabiliza o negócio
em outras regiões, o que cria nichos de produção.
A região de Mogi das Cruzes é, até hoje, a maior produtora nacional de cogumelos
comestíveis, sendo responsável por 80% da produção nacional (SINDICATO RURAL DE
MOGI DAS CRUZES). Segundo especialistas e produtores, o sindicato estimou que essa
região produz atualmente 10.000 toneladas de cogumelos por ano (não existem dados
oficiais), quase o dobro do produzido pelo Estado de São Paulo como um todo em 2006,
quando a produção foi 5.350 toneladas (IBGE, 2006).
60
1%
0%
4%
São Paulo
Minas Gerais
Espírito Santo
95% Rio de Janeiro
Gráfico 4 – Produção de cogumelos da região Sudeste do Brasil – 2006. Fonte: IBGE, Censo Agropecuário
2006, 2006.
12500
TAC
3000
2000 2010
7
45 8
11
23 = *1
46
Onde: 9 valor final; valor inicial; e : número de períodos considerados.
61
O fluxo se inicia com o fornecedor de matéria-prima, que supre o produtor para que
este realize o cultivo de cogumelos comestíveis. O produtor pode enviar os produtos para
todos os agentes posteriores da cadeia, ou seja, para intermediários, cooperativas, indústrias,
varejo, consumidores e exportação.
Os intermediários fazem fundamentalmente o papel de comercializadores,
proporcionando o contato entre os vários tipos de clientes e os produtores, principalmente
aqueles que não possuem atividades de distribuição próprias. Muitas vezes os intermediários
realizam as atividades comerciais de mais de um produtor, o que aumenta sua oferta de
produtos. Tais agentes são muito encontrados nas relações entre produtores e o segmento de
consumidores que abrange pizzarias, restaurantes e churrascarias.
As cooperativas são agrupamentos de produtores que se unem com o objetivo de
aumentar sua capacidade produtiva pela adição das produções individuais. Essa união abre
oportunidades que antes não seriam possíveis como, por exemplo, comercialização conjunta
ou mesmo a exportação dos produtos.
A indústria beneficia os produtos em grande escala, podendo também utilizá-los
como matéria prima em seus processos produtivos. Nas indústrias podem ocorrer o processo
de conserva dos cogumelos, assim como a desidratação, a trituração em pó e o
encapsulamento dos produtos. Não são muitas as indústrias nesse segmento, pois os próprios
62
Sul 87% 9% 3%
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Gráfico 6 – Destino da produção brasileira de cogumelos – 2006. Fonte: IBGE, Censo Agropecuário 2006, 2006.
distribuição direta ao consumidor, que exige um alto nível de logística, característica fora do
core business dos produtores, pode ter sido uma das barreiras que explica tal fato.
Segundo dados do Censo Demográfico 2010 realizado pelo IBGE (2011), a população
do Brasil está envelhecendo, o que fica claro com o estreitamento da base da pirâmide etária
brasileira, em função da queda da fecundidade, assim como o alargamento de seu topo, o que
indica maior longevidade. Também foi observado pelo IBGE que as mulheres, além de
superarem o número de homens na população, apresentaram uma taxa de escolarização
superior (IBGE, 2009).
Aliando-se à situação da população brasileira atual - madura e com maior
escolaridade, com predominância das mulheres - as tendências de consumo observadas hoje
segundo artigo de Rodrigo Ventura (2010) - como a forte valorização da saúde nas decisões
de consumo, o aumento da demanda por produtos e serviços orientados a uma vida saudável,
além do forte papel da mulher nas decisões de compra dos alimentos - parece evidente a
oportunidade para a expansão do mercado de cogumelos comestíveis no Brasil.
Apesar do grande mercado consumidor potencial encontrado no Brasil, grande parte
dele ainda desconhece os benefícios e vantagens dos cogumelos comestíveis, fazendo com
que estes não sejam incorporados na alimentação diária dos brasileiros. Esse desconhecimento
generalizado é encarado como forte ameaça pela empresa Cog&Co e ao mesmo tempo um
desafio, que requererá estratégias diferenciadas para a incorporação de novos consumidores.
econômico – cresceu em média 2,4% ao ano na década terminada em 2010 frente à década
anterior.
O crescimento econômico, aliado ao aumento generalizado da renda da população, se
configura como uma grande oportunidade a ser aproveitada. Sob o ponto de vista da empresa
Cog&Co, a nova classe média representa um mercado consumidor com um enorme potencial,
que atualmente não é parte ativa do setor de cogumelos comestíveis.
O forte desenvolvimento da economia do Brasil traz consigo outro aspecto a ser
considerado: a valorização do real frente ao dólar reduz a competitividade de empresas
nacionais no mercado internacional e facilita as importações. Essa ameaça afeta diretamente o
setor de cogumelos comestíveis já que aumenta a força dos produtos chineses.
O Brasil possui a maior carga tributária entre os países emergentes, maior também do
que a dos países como o Japão, Estados Unidos, Suíça e Canadá, de acordo com estudo
realizado pela Receita Federal do Brasil (2010). Além de afetar o poder de compra dos
consumidores, muitas vezes, por conta dos altos tributos devidos para o Estado, as pequenas e
médias empresas não conseguem manter lucratividade aceitável em seus negócios e, como
resultado, muitas delas migram para a informalidade. Assim, a carga tributária brasileira pode
ser encarada como outra forte ameaça ao início e desenvolvimento da empresa Cog&Co.
Entretanto, com a criação do Simples Nacional em 2006, as micro e pequenas
empresas foram beneficiadas pelo estabelecimento de uma carga tributária diferenciada. O
Simples Nacional é um regime tributário simplificado, previsto na Lei Complementar nº123,
de 14.12.2006, que pode ser aplicado às microempresas e às empresas de pequeno porte
(RECEITA FEDERAL DO BRASIL).
Outra ameaça importante a ser considerada no setor de cultivo de cogumelos é a forte
fiscalização dos órgãos de vigilância sanitária. Pelo fato do produto da empresa ser
alimentício, há inúmeras normas que regulamentam a produção, a embalagem e a
comercialização do mesmo.
De acordo Ventura (2010), a busca pela melhoria da qualidade de vida pode ser
observada pelo crescimento do consumo de serviços e produtos saudáveis, principalmente
alimentos. Assim, observa-se uma mudança na cultura dos brasileiros, que se preocupam cada
vez mais com a saúde. Esse fato se configura como uma grande oportunidade para o negócio
da Cog&Co, já que seus produtos tem forte relação com uma alimentação saudável.
66
Muito embora seja observada essa tendência para a busca de alimentos saudáveis, os
cogumelos comestíveis, apesar de apresentarem alto valor nutricional, não fazem parte da
cultura do país. Além disso, as formas de consumo dos cogumelos ainda não são conhecidas,
havendo um pequeno número de receitas muito pouco difundidas. Isso faz com que tais
produtos não tenham uma importância forte ao ponto de influenciarem as decisões de compra
dos consumidores brasileiros. De acordo com o zootecnista Carlos Abe, o consumo anual de
cogumelos comestíveis no Brasil não ultrapassa 30g/indivíduo, enquanto que a média em
outros países orientais o consumo anual varia de 3 a 4 kg/indivíduo (informação pessoal)12.
Por não fazerem parte da cultura brasileira, a população apresenta muitas vezes certo
preconceito para com esse tipo de alimento pelo fato dos mesmos serem espécies de fungos,
palavra com conotação quase sempre negativa. Apesar de abrir espaço para um grande
crescimento potencial do consumo de cogumelos, os hábitos de consumo dos brasileiros,
assim como o desconhecimento de suas propriedades, são considerados pela Cog&Co como
fortes ameaças à uma empresa entrante no mercado que deseja alcançar um grande número de
consumidores finais, dado a distância observada entre o produto e o consumidor.
Figura 11 - Mapa ilustrativo dos concorrentes nacionais do setor de cogumelos comestíveis. Fonte: autora.
Figura 12 - Principais agentes influenciantes na rivalidade do setor de cogumelos comestíveis. Fonte: autora.
A entrada de novos concorrentes diretos se configura como uma ameaça uma vez que
eleva o nível de competitividade da indústria e resulta em diminuição de sua rentabilidade,
devido tanto à queda de preços dos produtos, quanto a forças inflacionárias geradas pelo
aumento na demanda por insumos.
A intensidade da ameaça depende das barreiras de entrada existentes – quanto maior a
barreira, menor a competitividade. No caso do setor estudado, a principal barreira é a
integração vertical. As empresas de grande porte geralmente estão aptas a produzir o principal
insumo em termos monetários necessário à produção de grande parte das espécies de
cogumelos comestíveis – o composto inseminado com os esporos do cogumelo.
70
Essa integração gera menores custos do produto final e possibilita a diminuição dos
preços sem afetar negativamente a margem de lucro. Assim, a empresa entrante possui três
opções: ingressar com suas operações integradas, identificar outras maneiras de diminuir
custos ou enfrentar uma desvantagem. No caso da Cog&Co, a redução da necessidade de
climatização das salas de cultivo, devido ao clima naturalmente propício para a produção, a
enquadra na segunda opção citada acima, relativa à diminuição dos custos.
Apesar da forte barreira gerada pela integração vertical, não é necessário o
investimento de grandes quantidades de recursos financeiros para a entrada na indústria
analisada. Assim, uma das principais barreiras de entrada para a maior parte das outras
indústrias – o investimento inicial - perde importância, o que abre espaço para um grande
número de novos entrantes.
Uma ameaça considerada preocupante por parte dos atuais concorrentes é a
importação de cogumelos chineses, que, como foi ressaltado, chegam ao mercado brasileiro
mais baratos do que os produtos nacionais. Devido ao preço baixo dos produtos chineses,
muitos produtores, e até mesmo quem não atuava nesse setor, estão importando e revendendo
no Brasil. Assim, além de uma diminuição nas margens, observa-se um aumento do número
de novos entrantes.
71
Com base na análise das forças competitivas proposta por Porter, pode-se inferir que o
mercado de cogumelos comestíveis possui alto nível de competitividade, o que pode significar
baixas margens que, por sua vez, diminuem a atratividade da indústria. A Cog&Co porém,
acredita no potencial de crescimento desse mercado devido, principalmente, ao baixo
consumo atual dos produtos no Brasil em comparação com outros países. Ademais, a
Cog&Co incluirá serviços conjuntos à venda dos produtos com o objetivo de agregar valor e
estabelecer um diferencial competitivo em uma indústria cujos produtos podem ser
considerados commodities.
13
Essa estimativa, baseada em pesquisa realizada no site da Junta Comercial do Estado de São Paulo em
20/08/2011, somente considera as empresas que possuem as palavras “restaurante” e/ou “pizzaria” em sua razão
social. Não foram considerados os estabelecimentos dessas naturezas que não possuem explicitamente tais
palavras em sua razão social.
77
Os consumidores finais são as pessoas físicas que fazem uso dos cogumelos
comestíveis, adicionando-os em sua dieta. Uma pesquisa simples foi realizada de modo a
identificar os principais comportamentos desse grupo, sendo que as conclusões tiradas devem
ser consideradas qualitativas já que não foram utilizados métodos estatísticos.
Foram entrevistadas 121 pessoas na cidade de São Paulo, sendo 61 mulheres e 60
homens, em locais como feiras, sacolões, supermercados, restaurantes e pizzarias. O
questionário (ver Apêndice) é constituído somente por seis questões, o que o tornou fácil e
rápido de ser respondido.
O champignon está consolidado como produto mais conhecido entre os cogumelos
comestíveis já que a totalidade dos entrevistados estava familiarizada com esta espécie. Em
contrapartida, somente um quarto dos em entrevistados conheciam outras variedades que não
o champignon, sendo o shiitake a segunda espécie mais conhecida. Outra variedade lembrada
por 17,4% dos entrevistados foi o cogumelo do sol. Assim, o produto cogumelos comestível
não é estranho à população, mas sim suas várias espécies e, como veremos adiante, as formas
de utilização.
Das pessoas entrevistadas, 84,3% ingerem alguma espécie de cogumelo comestível,
sendo que destas, 53,9% são mulheres. Das pessoas que não comem os produtos, quando
questionadas sobre o motivo, somente uma alegou o alto preço, enquanto o restante não
apreciava o sabor dos cogumelos ou não sabia como prepará-los.
Todas as conclusões adiante são resultado dos entrevistados que responderam “sim” à
primeira pergunta, ou seja, as considerações correspondem às respostas das 102 pessoas que
comem cogumelos comestíveis.
Quando perguntados sobre quais as espécies são preferidas, o champignon foi citado
pela totalidade dos entrevistados, sendo o shiitake o segundo mais ingerido com 25,5% de
respostas. O shimeji, muito usado pela culinária japonesa, ficou em terceiro lugar, sendo
citado por 13,7% pessoas. Outras espécies como o hiratake e o cogumelo do sol foram citadas
80
somente por algumas poucas pessoas, sendo consideradas as espécies menos significativas.
Fica clara aqui a preferência pelo champignon por parte dos consumidores devido,
principalmente, à falta de conhecimento sobre as formas de preparo dos demais produtos.
O champignon é mais encontrado no strogonoff, sendo ingerido também em saladas,
preferencialmente na sua forma em conserva. As outras espécies citadas, consideradas
exóticas, são ingeridas em molhos, na sua forma refogada e em saladas. Identificou-se que as
pessoas que mais apreciam tais alimentos preferem as espécies exóticas, enquanto a maior
parte dos entrevistados prefere o champignon, o que o torna a espécie mais popular.
Quase a metade dos entrevistados comem cogumelos uma a duas vezes por semana,
representando 47,1% das respostas. Já 29,4% deles ingerem os produtos de duas a três vezes
ao mês, enquanto 19,6% fazem uso desses alimentos três ou mais vezes na semana. O restante
(3,9%) consomem os cogumelos uma vez ao mês ou menos.
Durante as entrevistas foram feitos comentários sobre a dificuldade de se encontrar
cogumelos in natura nos mercados e sacolões: sempre pequenas quantidades ficam expostas,
dificultando a escolha por parte dos consumidores e resultando em falta frequente. Além
disso, o preço de venda dos produtos foi apontado como muito caro, o que os torna pouco
acessíveis para grande parte da população brasileira.
Identificou-se ainda que existem aquelas pessoas que somente comem os cogumelos
comestíveis em restaurantes e pizzarias, não comprando o produto para seu preparo em casa
devido inclusive à falta de informação sobre de que forma eles podem ser preparados. Das
pessoas que compram os cogumelos para posterior preparo, algumas preferem comprar
cogumelos em conserva devido à sua maior validade. Porém, cabe ressaltar que os cogumelos
exóticos são geralmente encontrados para venda na sua forma in natura.
5. MODELO DE NEGÓCIO
A empresa terá como foco inicial o cultivo da espécie Agaricus bisphorus, mais
conhecido como champignon. Tal produto foi escolhido tanto por ter a preferência dos
clientes, conforme pesquisa de mercado realizada, quanto por ser de fácil cultivo. A grande
vantagem do cogumelo na gastronomia é sua característica de absorção do sabor dos pratos
aos quais é adicionado, o que o torna muito valorizado em diferentes cozinhas.
As principais formas de comercialização do champignon são in natura e em conserva.
Como foi identificado nas pesquisas realizadas, os clientes realizam compras semanais de
cogumelos em sua forma in natura, devendo a empresa fornecedora estar apta a suprir essa
demanda. A Cog&Co não conseguirá ofertar produtos in natura de forma frequente, estando a
oferta limitada aos períodos de colheita que, neste caso, são quinzenais. Portanto, devido ao
ciclo de cultivo do champignon, à pequena capacidade produtiva da empresa em sua fase
inicial e ao reduzido período de validade do produto in natura (5 a 7 dias), a única forma de
comercialização dos produtos será em conserva14.
A empresa planeja aumentar sua capacidade produtiva nos anos subsequentes ao início
das atividades, sendo que a partir do quarto ano, a Cog&Co pretende iniciar a venda de
champignon in natura, além do produto na forma de conserva.
Assim, nos primeiros três anos de operação da empresa, o champignon será
comercializado em conserva, tanto inteiro como fatiado, sendo oferecidos também serviços,
como o de transporte. A partir do quarto ano, os cogumelos in natura serão vendidos em
bandejas de 250 g.
5.1.2.1Champignon
14
Para mais informações, ver o item “Plano Operacional”
84
Figura 15 - Foto do cogumelo da espécie Agaricus bisporus. Fonte: Retirado do web site
cogumelosonline.com.br. Disponível em: <http://www.cogumelosonline.com.br/champignon/>. Acesso em 19
Nov. 2011.
5.1.3 Preço
.
Onde:
preço unitário de venda do produto;
constante de proporcionalidade;
preço unitário de referência.
os preços foram validados com produtores experientes que são potenciais parceiros da
Cog&Co. Tais preços foram utilizados nos cálculos relativos ao Plano Financeiro da empresa.
Dessa forma, com 1 e 15, tem-se que o preço do produto em conserva é de
R$15,00 por quilograma. Da mesma forma, considerando 7, o preço do produto in
natura é de R$7,00 por 250 gramas.
Produto Preço
Balde com 2 kg de
R$30,00
champignon em conserva
Bandeja com 250 g de
R$7,00
champignon in natura
Fonte: autora.
Cabe ressaltar que foram encontrados preços muito acima dos que serão utilizados
pela empresa, porém todos eles no varejo. Ao analisar mais profundamente essa questão,
verifica-se o varejo possui outra dinâmica de formação de preços, pois consegue obter
grandes margens oferecendo o serviço de fracionamento. Existe uma enorme variedade de
embalagens com diversos pesos (250 g, 300 g, entre outros), tanto de cogumelos in natura
quanto em conserva. Assim, o varejo corre o risco de não ter a totalidade dos produtos
vendidos, principalmente de produtos in natura, cuja data de valida é pequena. O preço mais
alto corresponde em parte a esse aumento do risco por parte dos varejistas.
O principal objetivo da Cog&Co em seu período inicial é criar e fortalecer uma base
de clientes para garantir a venda de, pelo menos, 90% de sua produção. Para isso a estratégia
inicial da empresa será a de “penetração de mercado”, na qual o estabelecimento de acordos
relativos aos preços será uma prática constante. Tais acordos tem por objetivo, além do
aumento de market-share, a fidelização dos novos clientes. O oferecimento de produtos e
serviços de qualidade garantirá a base de clientes formada nessa fase inicial. Essa estratégia
será exercida durante todo o primeiro ano de operação da empresa.
A Cog&Co também tem como objetivo aumentar em 50% ao ano sua produção, nos
dois anos seguintes à sua abertura. Aqui a estratégia de “desenvolvimento de mercado” será
fundamental, pois permitirá a identificação de novos mercados, possibilitando assim o
87
aumento das vendas. Nessa situação, a estratégia de “penetração de mercado” pode ser
utilizada em cada novo mercado identificado.
As ações realizadas durante os três primeiros anos de vida da empresa resultarão em
uma carteira de clientes forte, com alto grau de fidelização. Dado que a empresa tem como
objetivo a diversificação de sua linha de produtos a partir do quarto ano de operação, com o
início da venda de champignon in natura, a base de clientes desenvolvida durante seu período
inicial de vida será de extrema importância uma vez que tais clientes também utilizam o novo
formato do produto.
A partir do sexto ano de operação, a empresa pretende iniciar o cultivo de outras
espécies de cogumelos comestíveis. Para isso, outro plano de negócio será desenvolvido a fim
de identificar qual das espécies é a mais interessante para a empresa.
Toda ação com o objetivo de divulgar produtos ou serviços pode ser considerada uma
promoção. A Cog&Co atuará em diversas frentes, delineando assim sua estratégia
promocional, já que foi constatado a carência de promoção das marcas já atuantes no
mercado. Essa lacuna publicitária pode ser considerada uma fraqueza dos concorrentes já
estabelecidos, proporcionando uma grande oportunidade de ganho de market-share por nossa
futura empresa.
Por atuar no segmento alimentício, a principal forma de promoção será a amostra
grátis, principalmente quando da prospecção de novos clientes. Durante visitas realizadas em
estabelecimentos de clientes potenciais, serão entregues amostras grátis dos produtos
oferecidos, proporcionando a oportunidade de comprovação da qualidade oferecida.
Outra forma a ser utilizada na estratégia de promoção da empresa serão os catálogos
com informações nutricionais e curiosidades sobre os produtos, além de receitas nas quais são
utilizadas os produtos ofertados. Também serão apresentadas informações sobre a empresa,
enfatizando seu foco em qualidade, personalização, confiança mútua e busca por
relacionamentos comerciais duradouros.
A presença em eventos relacionados à saúde, assim como aqueles direcionados à
culinária gourmet, fortalecerá a imagem da Cog&Co como uma fornecedora confiável de
produtos saudáveis e de qualidade, estreitando o relacionamento com os clientes.
88
5.2.1 Lay-out
Figura 16 - Disposição das instalações da empresa. Fonte: L. R. B. SANTOS, elaborado para este trabalho.
A empresa pretende aumentar sua capacidade produtiva nos anos seguintes ao início
de sua operação, adicionando mais duas salas de desenvolvimento. A seguir se encontra a
disposição final da empresa a partir do terceiro ano de funcionamento.
Figura 17 - Disposição das instalações da empresa a partir do terceiro ano de operação. Fonte: L. R. B.
SANTOS, elaborado para este trabalho.
90
Figura 18 - Modelo 3D da sala de cultivo. Fonte: L. R. B. SANTOS, elaborado para este trabalho.
Figura 19 - Modelo 3D da sala de processamento. Fonte: L. R. B. SANTOS, elaborado para este trabalho..
6.2.1.3 Escritório
O escritório foi projetado de maneira simples já que será utilizado somente para as
operações administrativas da empresa.
5.2.2.1 Compras
Todas as matérias-primas serão buscadas pela empresa por meio de seus próprios
recursos. Para diluir os custos de logística, principalmente da busca do composto inoculado,
será formada uma parceria com outros produtores cuja produção se encontra próxima à da
empresa, que consistirá na busca conjunta de matéria-prima.
5.2.2.2 Produção
5.2.2.2.1 Cultivo
5.2.2.3 Distribuição
A empresa possuirá inicialmente um carro modelo Renault Traffic a gás, que será
utilizado no transporte dos produtos. Inicialmente, somente um dos sócios será responsável
pela distribuição dos produtos de acordo com os pedidos realizados. No quarto ano de
operação será comprado mais um carro de modo a garantir a distribuição de uma maior
produção.
A distribuição será realizada de acordo com a preferência de cada cliente, sendo ele
quem determinará o local e o horário da entrega.
15
Informação fornecida por Luis Alberto Westin De Leoni, em 2011.
16
Informação fornecida por Luis Alberto Westin De Leoni, em 2011.
95
6. PLANO FINANCEIRO
6.1.1 Premissas
Dado que a Cog&Co é uma empresa ainda inexistente, premissas foram elaboradas de
modo a basear as projeções realizadas no planejamento financeiro da empresa. As premissas,
além de terem sido baseadas nos resultados das várias pesquisas realizadas, foram validadas
com produtores que já atuam no setor de modo a aproximar ao máximo as projeções da
realidade.
Abaixo estão apresentadas as premissas sobre a capacidade total e efetiva de produção,
o destino da produção e as vendas relativas aos cinco primeiros anos de operação da empresa.
O restante das premissas se encontra em anexo.
Tabela 6 - Resumo das premissas relativas aos cinco primeiros anos de operação da empresa.
6.1.3 Receitas
R$ 700.000,00
585.600,00
R$ 600.000,00
R$ 400.000,00 415.861,80
Receita Bruta
R$ 300.000,00 276.480,00 Receita Líquida
207.360,00 243.744,77
R$ 200.000,00 185.649,41
138.240,00
123.766,27
R$ 100.000,00
R$ 0,00
Ano I Ano II Ano III Ano IV Ano V
Gráfico 7 - Projeções da receita bruta e receita líquida para os primeiros 5 anos de operação. Fonte: autora.
Pode-se notar um salto significativo nas receitas a partir do quarto ano referente ao
início da venda de produtos in natura, cujo preço por quilograma é quase o dobro do preço da
conserva. Este aumento eleva a alíquota de imposto devida pela empresa, fazendo com que a
receita líquida diminua mais em relação à receita bruta.
Espera-se assim um crescimento anual médio de 42,6% na receita líquida da Cog&Co
nos primeiros cincos anos de operação.
6.1.4 Custos
A participação do custo dos produtos vendidos (CPV) na receita líquida (RL) aumenta
no ano II devido à adição de uma casa de cultivo às instalações da empresa. O aumento do
CPV observado no ano três está relacionado à inclusão de mais uma estufa, além da
contratação de um novo funcionário. Pode-se observar que do ano IV em diante, o CPV
diminui pois não há nenhuma mudança relacionada aos custos de produção.
As despesas operacionais acompanham o aumento da capacidade produtiva da
empresa, sendo diluídas com o aumento das vendas e com a inclusão de produtos de maior
valor agregado a partir do ano IV.
99
100%
90% 16%
30% 32%
80%
50%
70% 57%
42% participação do lucro
60% líquid na RL
31% 26%
50% participação das despesas
operacionais na RL
40% 21%
18% participação do CPV na RL
30%
20% 42% 39% 43%
29% 24%
10%
0%
Ano I Ano II Ano III Ano IV Ano V
Gráfico 8 - Comportamento do custo dos produtos vendidos, das despesas operacionais e do lucro líquido como
participação da receita líquida nos primeiro cinco anos de operação. Fonte: autora.
Tabela 8 – Demonstrativos de resultado do exercício dos cinco primeiros anos de operação da empresa.
Pela DRE, podemos observar que a empresa registrará lucro desde o início de sua
operação. Pode-se observar também que as despesas operacionais não acompanham o forte
crescimento da receita a partir do quarto ano.
R$
301.130,12
R$
215.929,72
R$
R$
81.564,73
R$ 60.466,09
24.081,75
Gráfico 9 - Projeção do fluxo de caixa anual para os primeiros 5 anos de operação. Fonte: autora.
Os fluxos de caixa mensais para cada ano de operação são iguais, dado que não existe
sazonalidade neste mercado e os custos dos produtos vendidos são constantes, dependendo
somente da produtividade do composto inoculado.
101
O ponto de equilíbrio foi calculado para cada ano de operação da empresa, sendo dado
em unidades para os três primeiros anos e em faturamento para os quarto e quinto anos.
A taxa interna de retorno do projeto (TIR) é de 72,2% ao ano, mais que o dobro da
taxa mínima de atratividade estabelecida (30%). Assim, a avaliação do investimento por essa
ferramenta reforça a viabilidade do projeto identificada pelo VPL do fluxo de caixa.
6.2.4 Payback
R$ 80
Milhares
R$ 60
R$ 40
R$ 20
R$ 0
-R$ 20
-R$ 40
-R$ 60
-R$ 80
Fev II
Ago II
Jun II
Set II
Dez II
Fev III
Ago III
Nov III
Jun III
Dez III
Jan II
Mar II
Abr II
Nov II
Mar III
Abr III
Mai II
Jul II
Out II
Jan III
Mai III
Jul III
Set III
Out III
Toda a análise financeira até este ponto foi realizada com base em um único cenário,
delineado pelas premissas elaboradas na modelagem financeira, considerado pela empresa
como o mais provável de ocorrer. Porém, outros cenários foram avaliados de modo a
103
identificar quais das variáveis afetarão o negócio com maior intensidade. A visão do resultado
da empresa frente a diversos cenários permitirá uma melhor análise dos riscos envolvidos na
execução do empreendimento.
Além do cenário base, foram simuladas situações pessimistas e otimistas de três
variáveis consideradas importantes para o negócio: o nível de produtividade do composto
inoculado, o preço dos produtos e o nível de vendas. A composição de cada cenário se
encontra a seguir:
Variáveis
Produtivi- Nível de vendas Preço de venda(R$)
Cenário Ano
dade do
composto conserva in natura conserva in natura
1,2,3 80% - 30 -
1 - Base 80%
4,5 90% 80% 30 7
1,2,3 80% - 30 -
2 - "< Produt.” 60%
4,5 90% 80% 30 7
1,2,3 80% - 30 -
3 - "> Produt.” 100%
4,5 90% 80% 30 7
1,2,3 80% - 28 -
4 - "< Preço” 80%
4,5 90% 80% 28 6
1,2,3 80% - 32 -
5 - "> Preço” 80%
4,5 90% 80% 32 8
1,2,3 60% - 30 -
6 - "< Venda” 80%
4,5 80% 60% 30 7
1,2,3 100% - 30 -
7 - "> Venda” 80%
4,5 100% 100% 30 7
Fonte: autora.
Pela análise dos fluxos de caixa abaixo, pode-se observar que a variável que mais
impacta o resultado da empresa é o nível de produtividade do composto. Assim, a empresa
deve focar em aumentar a produtividade para aumentar seu lucro e, ao mesmo tempo, ficar
atenta, pois a queda de produtividade pode afetar fortemente seu resultado. Esse fato indica
um risco para a empresa, já que a produtividade do composto depende da qualidade e
confiabilidade dos produtos oferecidos por fornecedores, impossibilitando a Cog&Co de atuar
diretamente para elevar o nível de produtividade. Dessa forma, se faz imprescindível o
monitoramento das características do composto de cada fornecedor, além de evidenciar a
104
necessidade de produção de composto próprio, que deve ser um objetivo prioritário para a
empresa.
O preço é a variável que menos impacta o resultado. Esse fato pode ser considerado
positivo para a empresa, pois como o seu mercado pode ser considerado análogo à
concorrência perfeita, o preço é determinado pelo mercado, não havendo possibilidade de
interferir em sua formação.
O nível de vendas se encontra como variável intermediária, cujo impacto se encontra
entre os limites determinados pelas outras duas variáveis consideradas. A empresa também
deve monitorar e atuar sobre essa variável de forma a evitar resultados menores do que o
esperado.
Considerando uma taxa mínima de retorno de 30,0% ao ano, o valor presente líquido
dos fluxos de caixa dos cenários, referentes aos 5 primeiros anos de operação da empresa, são
positivos, revelando que em todos os caso o projeto é viável financeiramente.
As taxas internas de retornos do empreendimento para cada um dos cenários estão
acima da taxa mínima de atratividade considerada (30%), reafirmando a viabilidade do
projeto.
Dessa forma, pode-se concluir que mesmo em cenários pessimistas, o projeto se torna
interessante financeiramente. Este fato proporciona segurança aos empreendedores, pois
evidencia que o projeto tem potencial para enfrentar as incertezas consideradas nos cenários
elaborados.
106
7. CONCLUSÕES
Forças Fraquezas
• Baixo custo de produção • Baixa capacidade produtiva inicial
Ambiente interno
Conforme o resultado dessa análise, a grande maioria dos itens foi considerada de alto
potencial, sendo que somente dois deles, relacionados ao mercado, foram classificados no
menor nível de potencial. Dado que este dois itens de menor potencial podem ser
influenciados diretamente por ações realizadas pela empresa, deve-se levar em conta a
melhora da situação potencial em que se encontram hoje.
109
8. REFERÊNCIAS
ABE, C. Informativo Técnico Básico: Cultivo de Cogumelo Shiitake. [São Paulo], [200-?].
ANSOFF, H. I. Strategies for Diversification. Harvard Business Review, Set. – Out. 1957, p.
113-124, 1957.
EHRLICH, P. J.; MORAES, E. A. Engenharia Econômica. 6. Ed. São Paulo: Atlas, 2009.
KOTLER, P.; KELLER, K. L. Marketing Management. 12. Ed. Upper Saddle River:
Prentice Hall, 2006.
SIEGEL, E. S. et al. Guia da Ernst & Young para desenvolver o seu plano de negócios.
Edição Brasileira. Rio de Janeiro: Record, 1991.
TREACY, M.; WIERSEMA, F. Customer Intimacy and Other Value Disciplines. Harvard
Business Review, Jan. – Fev. 1993, p. 83-93, 1993.
enquanto os homens dessa mesma faixa de idade, totalizavam 33,0% do total masculino
(PNAD, 2009).
Ainda segundo os resultados do PNAD 2009, fica evidenciada a melhora do nível de
escolaridade no Brasil. De 2004 para 2009, houve um aumento de 2,5 pontos percentuais na
proporção das pessoas de 25 anos ou mais de idade que possuíam nível superior completo. Foi
observado também um aumento de 4,6 pontos percentuais na proporção daquelas que
possuíam somente o nível médio completo. Ademais, em todos os grupos de idade definidos,
as mulheres apresentaram uma taxa de escolarização superior à dos homens (PNAD 2009).
115
De acordo com esse estudo, esse crescimento da classe média pode ser considerado
sustentável por diversos fatores. Entre eles se encontram o aumento substancial e constante no
número de empregos gerados pelo país, o fato de que o trabalho é observado como a principal
fonte de renda da população, a diminuição significativa da desigualdade social e o aumento da
escolaridade dos brasileiros.
O forte desenvolvimento da economia do Brasil, fato que o torna extremamente
atrativo aos investimentos estrangeiros, traz consigo um aspecto negativo significativo do
117
Informações A B
Cidade São José dos Campos - SP Itapecerica da Serra – SP
Entrevistado Carlos Abe Luis Alberto De Leoni
Cargo Proprietário Proprietário
Tempo de atuação 20 anos 15 anos
Porte Grande Pequeno
Faturamento Não revelado Não revelado
Lucratividade Não revelado Não revelado
Território Brasil/ exportação Brasil/ exportação por
meio de cooperativa
Principal produto Cogumelo do Sol; Champignon, Shiitake,
Treinamentos; Venda de Cogumelo do Sol
composto
Formas de Desidratados, em pó, In natura, Desidratados e
comercialização encapsulados em conserva
Pontos Fortes Detém tecnologia para Faz parte de uma
produção do composto; cooperativa; Ambiente
Possui parceiros ; propício para produção;
Pesquisa para melhorar o Clientela fiel
cultivo
Pontos Fracos Marketing muito fraco; Marketing quase
Produto não encontrado em inexistente; Não possui
lojas físicas (farmácias/ lojas físicas; Logística;
lojas de produtos naturais) Ameaça de produtos
chineses
Estratégias Venda pelo telefone e Fidelizar os clientes;
Internet; Participação em
Parceria com pequenos cooperativa
agricultores
119
Respostas da Pizzarias
Questões Respostas
1. Você utiliza de alguma Sim = 100%
forma cogumelos Não = 0%
comestíveis no seu
estabelecimento?
2. Qual a espécie mais Champignon = 100%
utilizadas?
3. Quais outras espécies Shiitake = 100%
são utilizadas? Shimeji = 7,4%
Outros = 3,7%
4. Qual o motivo da não Falta de demanda para o produto = 100%
utilização de algumas Falta de acesso ao produto = 22,2%
espécies?
5. Em qual forma os Champignon em conserva = 100%
cogumelos usados são Champignon in natura= 14,8%
adquiridos? Shiitake in natura =100%
6. De quem o champignon Revendedores = 81,5%
em conserva é Direto do produtor = 18,5%
adquirido?
7. Os produtos são Sim = 96,3%
entregues no seu Não = 3,7%
estabelecimento? Somente um estabelecimento adquire os produtos no supermercado.
8. Com que frequência o Uma vez na semana = 80%
champignon em Menos de uma vez na semana = 20%
conserva é comprado? Eventos esporádicos fazem com que a frequência de compra supere
uma vez na semana, porém essa prática não é comum.
9. Qual a quantidade As respostas foram bem diferentes. Foi identificado que há relação
média solicitada em direta entre a quantidade comprada e fatores como o porte do
cada pedido? estabelecimento, os usos do champignon em conserva, os estoques,
o movimentos de clientes no período, entre outros. Em média,
restaurantes e churrascarias de grande porte utilizam 30kg de
champignon em conserva por semana. Já pizzarias grande utilizam
semanalmente 9kg do produto. Os estabelecimentos pequenos
121
Pragas e Doenças
Processo de branqueamento
Produção da conserva
Para a realização da conserva, após o molho, os cogumelos devem ser cozidos por 20
minutos em água mais 10% de sal, em ebulição. O esfriamento deve ser feito em água
corrente, até que a temperatura ambiente seja atingida.
Finalmente eles devem ser classificados pelo diâmetro do chapéu e armazenados na
seguinte solução:
o 1 litro de água;
o 5 g de ácido cítrico;
o 20 g de sal;
o 3 g de metabissulfito de sódio.
A armazenagem deve ser em temperatura ambiente, em baldes plásticos. Sua validade
é de 15 dias, devendo ser trocada a conserva após este período. Esse método é proposto pelo
Instituto de Tecnologia de Alimentos.
126
b. 50% em 30 dias
c. 20% em 60 dias
16. Suas contas a pagar foram estimadas em:
a. 50% em 30 dias
b. 50% em 60 dias
17. Será contratado outro funcionário no terceiro ano de funcionamento.
18. Será comprado outro veículo no quarto ano de funcionamento.
19. As despesas aumentarão com o crescimento da capacidade produtiva.
20. A água utilizada não configura custo/despesa pois o local possui fonte própria.
21.
Ano I Ano II Ano III Ano IV Ano V
Capacidade 2000 kg/mês 3000 kg/mês 4000 kg/mês 4000 kg/mês 4000
total de kg/mês
produção
Capacidade 1600 kg/mês 2400 kg/mês 3200 kg/mês 3200 kg/mês 3200
efetiva de kg/mês
produção
Destino da 100% 100% 100% 70% 50%
produção conserva conserva conserva conserva conserva
30% in 50% in
natura natura
Vendas 80% 80% 80% 90% 90%
conserva conserva conserva conserva conserva
80% in 80% in
natura natura
130
ENUNCIADO DO PROJETO
A Cog&Co é uma empresa familiar formada por dois sócios que, em conjunto,
apresentam as competências necessárias para o sucesso do empreendimento.
A autora deste trabalho, uma das sócias, adquiriu grande conhecimento no setor no
qual a empresa atua por meio de análises de mercado e de viabilidade econômica realizadas.
Juntamente com as competências adquiridas durante o curso de engenharia de produção,
assim como no estágio em uma consultoria estratégica, ela será responsável por toda a
administração e estratégia da empresa.
O outro sócio, pai da autora, possui profundo conhecimento do processo produtivo em
questão, assim como das instalações necessárias e de apoio à produção. Ele também possui
uma forte rede de contatos, ficando responsável pelas vendas da empresa.
OS PRODUTOS E A TECNOLOGIA
O MERCADO POTENCIAL
VANTAGENS COMPETITIVAS
PROJEÇÕES FINANCEIRAS
NECESSIDADE DE INVESTIMENTO
Investimento inicial.