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Igreja: uma associação voluntária de

crentes

Porque você acha que existem tantos grupos dentro de uma mesma sociedade? Grupos de
torcedores de equipes esportivas, grupos de colecionadores, de músicos, de acadêmicos, de
políticos. Nós como humanos temos esse comportamento; de nos associamos com pessoas que
partilham de interesses comuns, experiências, ideias, etc.

De modo semelhante, uma Igreja deve ser uma


associação voluntária de crentes. Pessoas que Uma Igreja deve ser
compartilham da experiência comum de salvação em
Jesus Cristo, desejam desenvolver um entendimento uma associação
doutrinário, tendo um mesmo parecer (1Co.1:10) e viver
juntos sua fé. A realidade que conhecemos ultrapassa
voluntária de crentes
qualquer explicação racional, mas expressamos nossa fé
seja de maneira simbólica como o culto, a ceia, os louvores, seja de maneira concreta, como o
anúncio da pregação da palavra ou a conduta diante de uma sociedade corrompida. Muitas vezes os
de fora, que visitam nosso meio, podem ficar confusos com isso, pois não entendem a linguagem do
grupo. Como uma rede social tem uma linguagem própria, assim também, a fé tem sua própria
linguagem.

Temos então de nos perguntar: como identificar se estamos em uma igreja ou o grupo do qual
fazemos parte, não passa de um grêmio religioso, uma associação comparável a um clube? Muitos
podem afirmar que a ênfase sobre a associação voluntária, ideia defendida pelos Batistas, contraria
a natureza divina da igreja, já que ela é muito mais que isso, é um corpo formado pela ação do Espírito
Santo. Sabemos que há o risco de se tratar a igreja como uma organização qualquer, negligenciando
o aspecto transcendente do corpo de Cristo; mas devemos a todo custo, evitar outro perigo: o de
perder a realidade concreta do povo de Deus no tempo e no espaço.
Uma Organização Local
Só existem dois trechos nos Evangelhos onde Jesus usou a palavra “igreja” (Mt.16:18; 18:17). Sabe-
se que o Senhor falava em língua aramaica, mas o evangelista Matheus apresentou seus ensinos em
grego, usando a palavra “ekklesía”. Nas cidade-estado da antiga Grécia, “ekklesía” era a assembleia
de todos os cidadãos. No terceiro século depois de Cristo, os judeus de fala grega escolheram
“ekklesía” para traduzir a palavra hebraica “qahal”, que se referia a congregação de Israel. Assim
devemos concluir que a igreja assume dois papéis, um corpo local e organizado e um sobrenatural
místico-espiritual.

Alguns podem usar a desculpa da igreja invisível para abandonar a organização local, porém não se
engane: Participar de uma igreja local não é sinal de salvação, mas um salvo, deseja ardentemente
congregar com os seus irmãos, compartilhar das experiências a fim de vivenciar a manifestação da
glória de Deus no meio dos santos.

O que é uma igreja?


Falando da posição de Jesus Cristo, Paulo afirmou que Deus “sujeitou todas as coisas debaixo dos
seus pés, e para ser cabeça sobre todas as coisas O deu à igreja” (Ef.1:22). A igreja aqui referida são
todos os crentes. Nós, como homens e mulheres vivendo em um mundo organizado socialmente,
desejamos estar unidos como organização, que representa parte de uma sociedade, confirmando o
Evangelho que proclamamos, “na comunhão, no partir do e nas orações” (At.2:42). Como corpo
espiritual de Cristo, embora imperfeitos, manifestamos uma realidade espiritual que transcende o
nível meramente organizacional.

Igreja Universal ou Igreja Local


A epístola aos Efésios refere-se à “igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem qualquer coisa
semelhante, mas santa e irrepreensível” (Ef.5:27). Como desejamos participar de uma igreja assim,
certo? De fato, ao olharmos para as muitas confissões existentes em nosso dia, sabemos que em
qualquer ajuntamento haverá problemas, lutas, desafios, até mesmo decepções. Há os que olham
para o passado e, com uma visão romântica, acham que a igreja dos primeiros séculos era perfeita
assim. Não existe igreja terrena dessa qualidade e Paulo, na verdade, estava se referindo a igreja de
todos os crentes, que dia-a-dia vai se
aperfeiçoando, quanto mais alcançamos “a
A igreja de Efésios vai se medida da estatura da Plenitude de Cristo”
reunir quando o pastor a (Ef.4:13). No passado, quando a igreja se
corrompeu aliando-se ao estado, sua liderança
chamar de toda tribo, tinha a ilusão da unidade universal. E muitos hoje
ainda acreditam nessa fantasia. Com a reforma
língua e raça, de todas as protestante, foi resgatada a definição bíblica da
partes da Terra, pois, igreja, porém, muitos ainda acham que podem
unir todas “igrejas” e acabam caindo em jugo
quando o Pastor chama, as desigual. A igreja de Efésios vai se reunir quando
o pastor a chamar de toda tribo, língua e raça, de
ovelhas reconhecem a sua todas as partes da Terra, pois, quando o Pastor
voz (Jo.10:3,4). chama, as ovelhas reconhecem a sua voz
(Jo.10:3,4).
Igreja – Associação Voluntária e composta de crentes
Uma igreja não pode nascer do planejamento
humano, de estratégias ou investimento. Claro que
essas coisas fazem parte do exercício evangelístico,
só Cristo tem o poder de
porém, só Cristo tem o poder de fazer o homem fazer o homem nascer de
nascer de novo. Só o Espírito Santo pode convencer
alguém do pecado, da justiça e do juízo. Assim, novo. Só o Espírito Santo
fazemos a nossa parte que é proclamar a verdade
do Evangelho pela pregação fiel das Escrituras e
pode convencer alguém
dependemos do Senhor para vivificar as do pecado, da justiça e do
consciências mortas, libertar as almas do inferno e
regenerá-las pela eficácia do sangue de Jesus Cristo. juízo.
Nisso a igreja deve ser uma organização que nasce
de corações que voluntariamente desejam
caminhar juntos.

Mesmos que os pais obriguem os filhos a frequentarem a igreja, eles não permanecerão se o coração
não estiver convertido ao Senhor. Mesmo que o estado oficialize o cristianismo como religião, os
homens não se tornarão salvos pela declaração legal ou prática cultural. Então, a aceitação de um
membro deve acontecer por livre e pública confissão e profissão de fé para o batismo. E aceitando
novos membros que se dizem cristãos, os batistas devem indagar e procurar evidências sobre essa
fé, pois cada igreja se responsabiliza pelas pessoas que aceita, e assim, exerce cuidado na recepção
de novos membros.

A igreja democrática
A igreja deve ser uma democracia? A resposta é sim e não!

Não somos episcopais, não temos liderança monocrática, exercida por um bispo. Também não temos
um governo presbiteriano, onde um grupo, seja dos “melhores senhores” ou dos “mais sábios”, ou
dos “mais influentes”, decide sobre os caminhos da igreja. Somos uma congregação cuja assembleia
dos santos, não só decide a respeito da organização local, mas trabalha, persevera e assume a
responsabilidade pela igreja. Então sim, somos uma democracia.

Devemos entender, porém, que essa democracia vem da ideia da ekklesía” da Grécia. Cada cidadão
tinha igual direito de voz e voto. Mas há um detalhe nisso tudo: era necessário “ser” cidadão. Como
batistas, não podemos simplesmente considerar um governo democrático, sem assumir esse papel
de “cidadão”. Ou seja, para ser um cristão, é preciso de uma consciência transformada pelo Poder
do Evangelho, amar a Cristo, ter vida no Espírito, dar testemunho de sua fé, se esforçar em estudar,
ler e conhecer as Escrituras. Então, podemos concluir que não, não somos uma “democracia”! Pois o
governo que manifestamos em nós deve partir do cabeça que é Cristo que, pelo Espirito Santo, revela
sua vontade em nossos corações, a fim de que nossas ações glorifiquem ao Pai que está nos céus
(Mt.5:16).

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