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TIPOLOGIAS MORFOLÓGICAS

(SOMATÓTIPO)
• A tentativa de elaborar categorias para
classificar o ser humano perde-se no tempo.

• As tipologias morfológicas pretendem


estudar e classificar a variação da forma
humana.

• Esta classificação é feita segundo


categorias ou tipos característicos definidos
com base na presença de certos traços
distintos (dimensionais e proporcionais).
CONSTITUIÇÃO (Sobral e Silva, 1997)

• conjunto dos caracteres somáticos e funcionais do


indivíduo organizados de modo peculiar e submetidos
às acções reguladoras da hereditariedade e do
ambiente.

TIPOLOGIA MORFOLÓGICA (Sobral, e Silva, 1997)


• estabelecimento de tipos constitucionais, excluídos
os elementos de natureza funcional (sentido
fisiológico).
TIPO CONSTITUCIONAL (Sobral, e Silva, 1997)

• conjunto de traços morfológicos pelos quais um


indivíduo é susceptível de ser incluído numa dada
categoria, também designada morfótipo ou tipo
morfológico.
Hipócrates no ano de 400 a.c

Typus physicus

• sujeito magro
• alto
• atreito a doenças do foro pulmonar

Typus apopleticus

• sujeito gordo
• Baixo
• atreito a problemas do foro digestivo.
Macawlif (1???)

Digestivo Respiratório Muscular Cerebral


SOMATÓTIPO
• descrição expressa por 3 algarismos, numa sequência
fixa, em que cada algarismo representa a cotação
atribuída a cada uma das três componentes primárias
da constituição.

SOMATOTIPOLOGIA
• escola de classificação morfológica introduzida por
Sheldon, Stevens e Tucker em 1940.
A constituição, neste sentido, é a expressão das
estruturas derivadas dos 3 folhetos embrionários
(endoderme, mesoderme e ectoderme).
Designam-se em conformidade:

- ENDOMORFISMO - MESOMORFISMO - ECTOMORFISMO -

ENDOMORFISMO - exprime o grau de desenvolvimento


em adiposidade (adiposidade relativa).

MESOMORFISMO - traduz o desenvolvimento musculo-


esquelético em relação à altura (muscularidade relativa).

ECTOMORFISMO - traduz a linearidade ou


desenvolvimento em comprimento (linearidade relativa).
Segundo Sheldon (1940) cada componente é cotada de 1 a
7, definindo-se três tipos extremos:

7 1 1 Endomorfo puro (leia-se sete-um-um)


1 7 1 Mesomorfo puro (leia-se um-sete-um)
1 1 7 Ectomorfo puro (leia-se um-um-sete)

Existem 343 (73) somatótipos teoricamente possíveis.


Contudo, algumas combinações são pouco prováveis e
outras pouco frequentes.

Em qualquer indivíduo estão representadas as 3


componentes primárias, variando apenas o peso relativo de
cada uma (Sheldon, 1940).
A determinação do somatótipo não implicava valores
antropométricos directamente obtidos. O método era
basicamete antroposcópico, i. e. o indivíduo era fotografado
em três posições (frente, perfil e costas) a partir das quais,
após um exame minucioso das fotografias, era atribuída
uma pontuação a cada componente.

Nenhuma componente pode ter valor zero ou negativo. Se


os cálculos das componentes resultarem em qualquer
destes valores, atribui-se à componente em questão 0.1.

Em geral, valores de uma componente situados entre 0.5 e


2.5 são considerados baixos.
Valores entre 3.0 e 5.0 são considerados médios.
Valores entre 5.5 e 7.0 são considerados elevados.
Valores acima de 7.0 são considerados muito elevados.
Características do indivíduo
ENDOMORFO

• Obesidade
• Predomínio do volume abdominal
• Pequenas dimensões "relativas" das
extremidades
• Flacidez muscular
Características do indivíduo
MESOMORFO

• Acentuado desenvolvimento muscular


• Robustez óssea bem patente
• As medidas toráxicas predominam
sobre as abdominais
• O aspecto é massivo e enérgico.
Características do indivíduo
ECTOMORFO

• Exemplo extremo da magreza e


hipotonia muscular
• Aspecto geral de fragilidade
• Macrosquélia notória
• Medidas de comprimento predominando
sobre os diâmetros e os perímetros
Endo Meso Ecto
DETERMINAÇÃO DO SOMATÓTIPO

É efectuada de acordo com o método proposto por


Heath & Carter (1971). Este método derivou de uma
revisão fundamentada na antropometria, a partir do
método de Sheldon (1940).

O cálculo do somatótipo baseia-se nas equações


propostas por Ross & Marfell-Jones (1983).
Cálculo da primeira componente - ENDOMORFISMO (I)

I = - 0.7182 + 0.1451 (X) - 0.00068 (X2) + 0.0000014 (X3)

em que X é o somatório de três pregas sendo previamente


multiplicado por um valor corrigido para a altura de
170.18/Altura:

- Subescapular (Subs) - Tricipital (Tric) - Suprailíaca (Supra)

X = (Subs + Tric + Supra) * (170.18 / altura)


\
Cálculo da segunda componente - MESOMORFISMO (II)

II = (0.858 H + 0.601 F + 0.188 B + 0.161 G) - (0.131 A) + 4.50

em que: - H (diâm bic.umer) - F (diâm bic. fem) - B (perím br tens,


corrigido) - G (perím gem, corrigido - A (altura do sujeito).

Passos para o cálculo da II componente:

1º reduzem-se, de mm a cm, as pregas Tric e Gem.

2º corrigem-se os perímetros PBR e PGL da seguinte forma:


PBTcorr. = PBT - skfTric - PGemcorr. = PGem - skfGML

3º aplica-se a fórmula
Cálculo da terceira componente
ECTOMORFISMO (III)

IPR (índice ponderal recíproco) = Alt / 3√ Peso

Se IPR => 40.75, então:

III = 0.732 IPR - 28.58

Se: 38.25 < IPR < 40.75, então:

III = 0.463 IPR - 17.63

Se: IPR =< 38.25, então:


III = 0.1
REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DO SOMATÓTIPO

SOMATOGRAMA
Triângulo de lados curvos, designado por triângulo de
Reuleux, o qual se define como a curva de raio constante
que apresenta a menor área para um dado raio.

Três eixos, designados pelo nome de cada componente,


intersectam-se no centro do triângulo.

Sobre cada eixo, os valores da respectiva componente


aumentam do centro para o ponto polar:
- Vértice inferior esquerdo (1ª componente)
- Vértice superior (2ª componente)
- Vértice inferior direito (3ª componente)
Somatograma construído a partir do triângulo de Reuleux
Os eixos definem 6 sectores no somatograma
Para plotar as três componentes na somatocarta é
necessário transforma-las em 2 vectores (X e Y) que
representam as coordenadas para se localizar o
respectivo ponto no somatograma.

Para tal utilizam-se as seguintes fórmulas:

X = III - I Y = 2 x II - (I + III)

De acordo com a sua localização (e também segundo os


pesos das suas componentes), o somatótipo define um
indivíduo de acordo com as seguintes categorias:
CATEGORIAS DO SOMATÓTIPO (Carter 1975)

1. Endomorfo equilibrado: a 1ª componente é dominante; a 2ª e a 3ª


são iguais ou não diferem mais de 0.5.

2. Meso-endomorfo: a 1ª componente é dominante; a 2ª é maior


que a 3ª.

3. Endomorfo-Mesomorfo: a 1ª e a 2ª componentes são iguais ou


não diferem mais de 0.5; a 3ª componente tem o valor mais baixo.

4. Endo-mesomorfo: a 2ª componente é dominante; a 1ª é maior


que a 3ª.

5. Mesomorfo equilibrado: a 2ª componente é dominante; a 1ª e a 3ª


são iguais ou não diferem mais de 0.5.

6. Ecto-mesomorfo: a 2ª componente é dominante; a 3ª é maior que


a 1ª.
7. Mesomorfo-ectomorfo: a 2ª e a 3ª componentes são iguais ou não
diferem mais de 0.5; a 1ª componente tem o valor mais baixo.

8. Meso-ectomorfo: a 3ª componente é dominante; a 2ª é maior que a 1ª.

9. Ectomorfo equilibrado: a 3ª componente é dominante; a 1ª e a 2ª são


iguais ou não diferem mais de 0.5.

10. Endo-ectomorfo: a 3ª componente é dominante; a 1ª é maior que a 2ª.

11. Endomorfo-ectomorfo: a 1ª e a 3ª componentes são iguais ou não


diferem mais de 0.5; a 2ª componente tem o valor mais baixo.

12. Ecto-endomorfo: a 1ª componente é dominante e a 3ª é maior do que a


1ª.

13. Central: nenhuma componente excede em mais de um ponto qualquer


das outras; todas as componentes têm valores compreendidos entre 3 ou 4.
ANÁLISE DOS DADOS SOMATOTÍPICOS

O somatótipo não é um número, mas uma série de três


algarismos que representam pesos ou cotações
atribuídas às componentes primárias (Sobral, 1985).

Os somatótipos 5 2 1 e 5 5 4 (por exemplo): a


informação dada pelo mesmo valor na 1ª componente
não é a mesma nos dois casos.

No entanto, por motivos práticos, considera-se por


vezes o SOMATÓTIPO MÉDIO DE UMA AMOSTRA,
isto é, o conjunto das médias das componentes dos
somatótipos individuais.
Assim, tornam-se possíveis todas as estatísticas
descritivas básicas nas três séries de valores tratados
separadamente.

Este procedimento não é, contudo, satisfatório, pois


estamos a "partir" componentes que pertencem a um
todo.

Esta razão levou diversos autores a investigar outras


soluções que implicam, por exemplo, a transformação
prévia dos dados somatotípicos.
TRANSFORMAÇÃO DOS DADOS SOMATOTÍPICOS

O SDD de Ross & Wilson (1973)

• Os somatótipos são projectados num sistema


bidimensional.

• SDD (somatotype dispersion distance): distância no


somatograma entre 2 somatótipos de coordenadas x1
y1 e x2 y2.

Ver fórmulas
SDD = 3 ( x1 - x2 )2 + ( y1 - y2 )2

Os valores SDD são geralmente obtidos entre um


somatótipo observado e o somatótipo médio:

SDD = 3 ( x1 - x )2 + ( y1 - y )2

SDI (somatotype dispersion index): média dos valores


SDD obtidos pela fórmula anterior

SDI = SDD / n
O SAD de Duquet & Hebbelinck (1977)

Os somatótipos são projectados num sistema


tridimensional.

SAD (somatotype attitudinal distance): distância no


somatograma entre 2 somatótipos.

Duquet & Hebbelinck criticam o SDI de Ross & Wilson.

Segundo Duquet & Hebbelinck, o método Ross & Wilson é


uma simplificação, pois o somatótipo, reproduzido no
somatograma, é totalmente descrito por um ponto num
espaço bidimensional, resultando em perda de
informação. Isto vai contra a conceptualização de Sheldon
segundo a qual o somatótipo é assimilado a um ponto no
espaço tridimensional.
Transformação das três dimensões em 2 eixos
(perda de informação)
Duquet & Hebbelinck sugerem então a fórmula:

SAD = ( IA - IB )2 + ( IIA - IIb )2 + ( IIIA - IIIB )2

I, II e III são os valores das componentes de dois


somatótipos observados, A e B.

Os valores SAD são geralmente obtidos entre um


somatótipo observado e o somatótipo médio:

SAD = ( IA - IS )2 + ( IIA - IIS )2 + ( IIIA - IIIS )2

I, II e III são os valores das componentes de um


somatótipo observado, A. S (barra) é o somatótipo
médio.
SAM = SAD / n
Exemplos de SAD e SDD calculados para cada um dos
pares de somatótipos:

Caso A:

1 6 2 - 1 6 3 SAD = 1.00; SDD = 2.00

1 6 2 - 2 7 2 SAD = 1.41; SDD = 2.00

Comparando o somatótipo 1 6 2 com os somatótipos


1 6 3 e 2 7 2, o SDD é 2.00, estando eles
equidistantes num somatograma bidimensional.

O SAD, contudo, é diferente (1.00 e 1.41,


respectivamente), o que reflecte a distância adicional
relativa à profundidade na projecção de um ponto
tridimensional (i.e. para além da superfície da página).
Caso B:

2 4 2 - 4 5 2 SAD = 2.24; SDD = 3.46

3 5 3 - 4 5 2 SAD = 1.41; SDD = 3.46

Os somatótipos 2 4 2 e 3 5 3, possuindo as mesmas


coordenadas x e y, estão projectados no mesmo ponto
do somatograma, mas diferem em profundidade.

Assim, apesar de os SDDs do somatótipo 4 5 2 serem


os mesmos (3.46), os SADs diferem, mostrando uma
maior distância do 2 4 2 do que do 3 5 3.
Caso C:

3 3 3 - 4 4 4 SAD = 1.73; SDD = 0.00

O 3 3 3 e o 4 4 4 estão projectados no mesmo ponto


e, como tal, estão afastados zero unidades SDD. No
entanto, eles situam-se a diferentes níveis, como é
demonstrado pelo SAD (1.73).

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