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Disciplina: Biofísica

Prof.: Marcus Nery

Biofísica

A biofísica é uma ciência interdisciplinar que aplica as teorias e os métodos da física para
resolver questões de biologia. Em outras palavras podemos dizer que a biofísica é o estudo da
matéria, espaço, energia e tempo que ocorrem nos sistemas biológicos.
A biofísica busca enxergar o ser vivo com um corpo, que ocupando lugar no espaço, e
transformando energia, existe num meio ambiente o qual interage com este ser. Aspectos
elétricos, gravitacionais, magnéticos e mesmo nucleares estão na fundamentação de vários
fenômenos biológicos, e, portanto, podem ser tratados pelos conhecimentos das ciências
físicas.
Nesta unção da Biologia com a Física o compartilhamento de teorias
possibilita criar novos horizontes científicos, tais como a bioacústica que estuda a propagação
sonora em meios elásticos e sua recepção pelos animais, incluindo os humanos, os avanços
dessa área em especifico possibilitou o desenvolvimento de aparelhos auditivos que trouxe um
maior conforto para quem sofre de alguma deficiência no aparelho auditivo.
Outra frente de pesquisa que deriva da Biofísica é a biomecânica que estuda ou aplica a
mecânica na Biologia, ela visa tratar aspectos cinemáticos do movimento humano, ou seja, o
movimento mecânico dos sistemas vivos. A bioeletricidade esta relacionada com a voltagem
estática das células bem como a corrente elétrica que flui através de nervos e músculos
proveniente de um potencial de ação.
Em resumo: biofísica é o estudo da matéria, espaço, energia e tempo que ocorrem nos
Sistemas Biológicos.

Grandezas fundamentais e derivadas


Uma grandeza física é uma propriedade de um corpo, ou particularidade de um
fenómeno, susceptível de ser medida, à qual se pode atribuir um valor numérico. A medição de
uma grandeza pode ser efetuada por comparação direta com um padrão ou com um aparelho
de medida (medição direta), ou ser calculada, através de uma expressão conhecida, à custa
das medições de outras grandezas (medição indireta).
A medição de uma grandeza é então a comparação dessa grandeza com outra da mesma
espécie, um padrão, a que chamamos unidade por convenção.

Quando duas ou mais grandezas fundamentais definem uma outra grandeza, temos uma
grandeza combinada como velocidade, força e trabalho.
Como só podemos combinar unidades que apresentem coerência entre si, foram criados
os sistemas de unidades, dos quais o de uso mais difundido é o Sistema Internacional de
Unidades, também chamado de MKS, como referência ao metro, quilograma e segundo,
adotados como unidades das grandezas fundamentais.

Grandezas fundamentais
São as grandezas ditas primitivas de que não dependem de outras para serem definidas.
São aquelas das quais temos uma percepção direta: comprimento (m), massa (Kg) e tempo (s).
Comprimento: o comprimento é a grandeza física que expressa a distância entre dois
pontos. Na linguagem comum se acostuma diferenciar a altura (quando se refere a um
comprimento vertical) e a largura (quando se fala dum comprimento horizontal).
Massa: Massa é um conceito usado em ciências naturais para explicar vários
dos fenômenos observados na natureza, e no uso cotidiano é comum a associação entre os
resultados destes fenômenos e o conceito de massa. Em particular, a massa é frequentemente
associada ao peso dos objetos.
Tempo: tempo é a grandeza física diretamente associada ao sequenciamento, mediante
ordem de ocorrência, de eventos coincidentes, eventos estes sempre observados a partir da
origem do referencial para o qual se define o tempo.

Grandezas derivadas
Quando duas ou mais grandezas fundamentais definem uma outra grandeza, temos uma
grandeza combinada ou derivada como velocidade (Km/h).
As unidades derivadas são unidades que podem ser expressas a partir das unidades de
base através dos símbolos matemáticos de multiplicação e de divisão.
A algumas unidades derivadas foram atribuídos nomes e símbolos especiais que podem
ser, eles próprios, utilizados com os símbolos de outras unidades de base ou derivadas para
exprimir unidades de outras grandezas.

Sistema Internacional de Unidades (SI de unidades)

O objetivo de um Sistema de Unidades é escolher um número mínimo de grandezas


(grandezas fundamentais) à custa das quais se podem exprimir todas as outras grandezas
(grandezas derivadas) e definir as suas unidades.
As unidades do Sistema Internacional de Unidades (SI de unidades) formam um sistema
absoluto de unidades, o que significa que as três unidades básicas escolhidas são
independentes do local onde as medições são efetuadas. O metro, o quilograma e o segundo
podem ser utilizados em qualquer parte da Terra; podem mesmo ser utilizados noutro planeta.
Terão sempre o mesmo significado.
Os múltiplos e submúltiplos das unidades do SI podem ser obtidos através do uso de
prefixos (Tabela 1.1), evitando-se assim escrever números muito grandes ou muito pequenos
(424,2km em vez de 424.200m). Pode obter-se o mesmo resultado usando a notação científica:
424,2km = 424,2×103m.
Exemplos de unidades derivadas do SI expressas a partir das unidades de base:

Grandeza derivada Unidade derivada do SI Símbolo


Superfície metro quadrado m2
Volume metro cúbico m3
Velocidade metro por segundo m/s
Aceleração metro por segundo quadrado m/s2
Massa volúmica quilograma por metro cúbico kg/m3
Densidade de corrente ampere por metro quadrado A/m2

Conversão de unidades
Conversão de unidades é a transformação de certos valores dados em um tipo de medida
para outro equivalente, porém em outra unidade. Ex.: 1Km = 1.000m (de quilômetro para metro
a distância permanece a mesma)

Exemplos de Conversão entre Unidades de Medida


Converta 2,5 metros em centímetros
Para convertermos 2,5 metros em centímetros, devemos multiplicar (porque na
tabela metro está à esquerda decentímetro) 2,5 por 10 duas vezes, pois para passarmos
de metros para centímetros saltamos dois níveis à direita. Primeiro passamos
de metros para decímetros e depois de decímetros para centímetros:
. Isto equivale a passar a vírgula duas casas para a direita.
Portanto: 2,5 m é igual a 250 cm

Passe 5.200 gramas para quilogramas


Para passarmos 5.200 gramas para quilogramas, devemos dividir (porque na
tabela grama está à direita dequilograma) 5.200 por 10 três vezes, pois para passarmos
de gramas para quilogramas saltamos três níveis à esquerda. Primeiro passamos
de grama para decagrama, depois de decagrama para hectograma e finalmente
dehectograma para quilograma: . Isto equivale a passar a
vírgula três casas para a esquerda. Portanto: 5.200 g é igual a 5,2 kg

Membrana celular: Características e composição


Toda a célula, seja procarionte ou eucarionte, apresenta uma membrana que isola do
meio exterior: a membrana celular (ou membrana plasmática ou membrana citoplasmática ou
plasmalema). A membrana plasmática é tão fina (entre 6 a 9 nm) que os mais aperfeiçoados
microscópios ópticos não conseguiram torná-la visível. Foi somente após o desenvolvimento da
microscopia eletrônica que a membrana plasmática pode ser observada. Nas grandes
ampliações obtidas pelo microscópio eletrônico, cortes transversais da membrana aparecem
como uma linha mais clara entre duas mais escuras, delimitando o contorno de cada célula.
Estudos com membranas plasmáticas isoladas revelam que seus componentes mais
abundantes são fosfolipídios, colesterol e proteínas. É por isso que se costumam dizer que as
membranas plasmáticas têm constituição lipoprotéica. A membrana também participa dos
processos de reconhecimento e comunicação entre as células e permite a captação de sinais
do chamado ambiente ou meio extracelular.
A membrana plasmática cumpre uma vasta gama de funções. A primeira, do ponto de
vista da própria célula é que ela dá individualidade a cada célula, definindo meios intra e extra
celular. Ela forma ambientes únicos e especializados, cuja composição e concentração
molecular são consequência de sua permeabilidade seletiva e dos diversos meios de
comunicação com o meio extracelular. Além de delimitar o ambiente celular,
compartimentalizando moléculas, a membrana plasmática representa o primeiro elo de contato
entre os meios intra e extracelular, transduzindo informações para o interior da célula e
permitindo que ela responda a estímulos externos que podem, inclusive, influenciar no
cumprimento de suas funções biológicas. Também nas interações célula-célula e célula-matriz
extracelular a membrana plasmática participa de forma decisiva. É, por exemplo, através de
componentes da membrana que células semelhantes podem se reconhecer para, agrupando-
se, formar tecidos.
A manutenção da individualidade celular, assim como o bom desempenho das outras
funções da membrana, requer uma combinação particular de características estruturais da
membrana plasmática: ao mesmo tempo em que a membrana precisa formar um limite
"estável", ela precisa também ser dinâmica e flexível. A combinação destas características é
possível devido à sua composição química.

As proteínas da membrana plasmática exercem grandes variedades de funções: atuam


preferencialmente nos mecanismos de transporte, organizando verdadeiros túneis que
permitem a passagem de substâncias para dentro e para fora da célula, funcionam como
receptores de membrana, encarregadas de receber sinais de substâncias que levam alguma
mensagem para a célula, favorecem a adesão de células adjacentes em um tecido, servem
como ponto de ancoragem para o citoesqueleto.
 Proteínas de adesão: em células adjacentes, as proteínas da membrana podem aderir
umas às outras.
 Proteínas que facilitam o transporte de substâncias entre células.
 Proteínas de reconhecimento: determinadas glicoproteínas atuam na membrana como
um verdadeiro “selo marcador”, sendo identificadas especificamente por outras células.
 Proteínas receptoras de membrana.
 Proteínas de ação enzimática: uma ou mais proteínas podem atuar isoladamente como
enzima na membrana ou em conjunto, como se fossem parte de uma “linha de montagem” de
uma determinada via metabólica.
 Proteínas com função de ancoragem para o citoesqueleto.
 Proteínas de transporte: podem desempenhar papel na difusão facilitada, formando um
canal por onde passam algumas substâncias, ou no transporte ativo, em que há gasto de
energia fornecida pela substância ATP. O ATP (adenosina trifosfato) é uma molécula derivada
de nucleotídeo que armazena a energia liberada nos processos bioenergéticos que ocorrem
nas células (respiração aeróbia, por exemplo). Toda vez que é necessária energia para a
realização de uma atividade celular (transporte ativo, por exemplo) ela é fornecida por
moléculas de ATP.

Composição

As membranas celulares consistem de uma dupla camada contínua de lipídios, com a


qual proteínas e carboidratos das mais diversas naturezas interagem das mais diversas
maneiras. Justamente a bicamada lipídica é que confere estabilidade e flexibilidade, ao mesmo
tempo, à membrana. Pode-se dizer que os lipídeos são os componentes que compõem a
estrutura básica da membrana. Existem 03 grandes classes de lipídeos que compõem a
membrana plasmática: fosfolipídios, esteróis e glicolipídios, sendo que fosfolipídios são os mais
abundantes, via de regra.
A molécula de lipídio possui uma característica bioquímica essencial para formar uma
bicamada estável, ainda que fluida. Ela possui uma região hidrofílica e caudas hidrofóbicas.
Enquanto que a região hidrofílica interage bem com a água, altamente abundante nos meios
intra e extracelular, a região hidrofóbica busca "esconder-se" da água. A intenção natural desta
molécula anfipática, ou seja, composta por regiões hidrofóbica e hidrofílica, de atingir um
estado que seja energeticamente estável e termodinamicamente favorável, faz com que elas
arranjem-se na forma de uma bicamada. A estabilidade é, então, dada pela necessidade
termodinâmica do próprio lipídio em manter suas regiões hidrofílica e hidrofóbica em posições
adequadas em relação à água. Desta forma, se a bicamada lipídica sofre um dano, onde
algumas moléculas são removidas, sua tendência natural é a de se regenerar.
Os lipídeos distribuem-se assimetricamente nas duas monocamadas lipídicas e estão em
constante movimentação. Eles movem-se ao longo do seu próprio eixo, num movimento
chamado rotacional e movem-se lateralmente ao longo da extensão da camada. Estes dois
movimentos não representam qualquer alteração à termodinâmica natural da membrana e,
portanto, ocorrem constantemente. Outro movimento chamado flip-flop, que consiste em mudar
de uma monocamada à outra, é menos frequente, pois envolve a passagem da cabeça polar
(hidrofílica) dentro da região apolar (hidrofóbica) da bicamada.
A fluidez da membrana é controlada por diversos fatores físicos e químicos. A
temperatura influencia na fluidez: quanto mais alta ou baixa, mais ou menos fluida será a
membrana, respectivamente. O número de duplas ligações nas caudas hidrofóbicas dos
lipídios também influencia a fluidez: quanto maior o número de insaturações, mais fluida a
membrana, pois menor será a possibilidade de interação entre moléculas vizinhas. Também a
concentração de colesterol influencia na fluidez: quanto mais colesterol, menos fluida. O
colesterol, por ser menor e mais rígido, interage mais fortemente com os lipídeos adjacentes,
diminuindo sua capacidade de movimentação.
Se os lipídios são as moléculas mais expressivas em termos de estrutura de membrana,
as proteínas o são em termos de funções. Considerando-se sua interação com a bicamada
lipídica, as proteínas podem ser classificadas como: ancoradas, periféricas ou transmembrana
(integrais). Naturalmente que as proteínas também possuem características estruturais que as
permitem interagir com a bicamada lipídica: algumas delas possuem regiões polares e
apolares, sendo também anfipáticas.
Inúmeras funções são desempenhadas pelas proteínas de membrana: elas comunicam
célula e meio extracelular, servindo como poros e canais, controlam o transporte iônico, servem
como transportadoras, realizam atividade enzimática e ainda podem ser antigênicas, facilitando
respostas imunes.
Os carboidratos, que são exclusivamente encontrados na monocamada externa de
membranas plasmáticas, interagem ora com proteínas (glicoproteínas), ora com lipídios
(glicolipídios), formando uma estrutura denominada glicocálice. O glicocálice desempenha
inúmeras funções e elas refletem, na verdade, funções desempenhadas por seus
componentes. Por exemplo, a inibição do crescimento celular por contato depende de
glicoproteínas do glicocálice. Se tais proteínas forem perdidas ou modificadas, como acontece
em alguns tumores malignos, mesmo o glicocálice ainda existindo, esta função será
comprometida. O glicocálice é importante na adesão e reconhecimento celular, na
determinação de grupos sanguíneos, entre outras funções.

Permeabilidade seletiva da membrana plasmática


As proteínas inseridas na membrana não são fixas: podem deslizar ao longo do plano da
membrana. Isso confere à membrana plasmática, outra característica importante, a de que a
porção lipídica é fluida.
Como as proteínas distribuem-se em mosaico na membrana, surgiu o modelo de estudo
chamado "mosaico fluido". Por causa dessas proteínas, a membrana plasmática possui
permeabilidade seletiva. As proteínas determinam o que entra e o que sai da célula, em
condições ideais.

Comunicação entre células


São muitos os tipos de proteínas de membrana e as funções que elas desempenham. As
células dos organismos multicelulares, precisam se comunicar, organizar o crescimento dos
tecidos e coordenar as suas funções. As células usam três formas de comunicação através das
proteínas da membrana:

 Secretam, através da membrana, moléculas que atuam sobre células distantes.


 Utilizam proteínas sinalizadoras, para alertar a célula em determinadas situações,
presas à membrana plasmática. Elas influenciam outras células por contato físico direto.
 Estabelecem junções comunicantes, espécie de canais de comunicação entre células
muito próximas, que possibilitam trocas de pequenas moléculas informacionais.

Transporte
Como a célula delimita o meio intra e extracelular, é necessário que formas de transporte
e de comunicação sejam constantemente estabelecidas com o meio. Os transportes podem ou
não envolver gasto de energia, sendo classificados como ativo ou passivo, respectivamente.
Exemplos de transporte passivo são as difusões simples e facilitada. As bombas de íons são
exemplos de transportes ativos.

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