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Textos não literários

Goa, um rubi com brilho lusitano

Era olhada como a terra de mil e um tesouros, o sonho de reis, príncipes e homens do mar, e muitas
foram as tentativas de chegar às suas especiarias e às pedras preciosas que diziam forrar os
campos e as montanhas. Mas estava, por terra, num horizonte longínquo. Havia que encontrar um
outro caminho, uma forma mais fácil e segura de fazer esse comércio. E esse caminho estava bem
às portas de Lisboa. Era o mar que, desde o início de toda a expansão marítima portuguesa, se
mostrava como o caminho que conduziria o reino de Portugal ao encontro das tão apreciadas e
valiosas especiarias orientais – à canela, ao gengibre, à pimenta. E é nessas terras do fim do mundo,
na longínqua Índia, que encontramos aquela que foi a capital de todo o Império Português no
Oriente, Goa. Uma cidade generosamente fascinante, diferente das restantes cidades da Índia onde
reina o caos e o apocalítico urbano. Uma cidade que não deixa de ser intensa, feita de sentimentos
por vezes antagónicos, de belezas naturais deslumbrantes e culturalmente rica. Uma cidade que
continua a receber um olhar e um carinho especial por parte dos portugueses, mesmo passados 50
anos da sua integração na Índia, uma cidade que não se envergonha do seu passado português,
uma ligação marcada por muitos testemunhos arquitetónicos, culturais e linguísticos. Era um dos
objetivos dos heróis portugueses celebrizados n’ Os Lusíadas: chegar às Índias e trazer de lá
riquezas nunca vistas. Decorria o dia 8 de julho de 1497 quando, do Restelo, saiu uma armada
comandada por Vasco da Gama com o objetivo de chegar às Índias. Nessa aventura marítima, as
caravelas enviadas por D. Manuel I passaram por Cabo Verde, dobraram o cabo da Boa Esperança,
contornaram a costa oriental de África, pararam em Moçambique, em Mombaça e em Melinde, no
Oceano Índico, para chegarem a Calecute, já na Índia, no mês de maio de 1498.

Estava descoberto o caminho marítimo para a Índia e o concretizar de muitos sonhos.

Estavam também navegados os oceanos que, durante milénios, tinham servido de barreira ao
encontro entre povos, alterando o comércio mundial, e estava aberta aquela que viria a
transformar-se na grande via de comunicação
entre a Europa e as longínquas paragens da Ásia.
Um marco da História da Humanidade que, para Portugal, significaria o alicerçar da sua presença na
Ásia, a criação do Império Português no Oriente, o continuar da grande epopeia ao encontro
e à descoberta de novos mundos.
Foram 450 anos de ligação e paixão por terras da Índia, que também se traduziriam em
riqueza, no florescimento dos entrepostos comerciais e das ligações fraternas entre os dois
povos, principalmente a partir de 1510, quando
Afonso de Albuquerque toma Goa aos muçulmanos, para mais tarde se tornar na capital
administrativa do Império Português do Oriente, onde residiam os governadores e vice-reis.
Mas Goa foi também ponto de partida de jesuítas e franciscanos para as suas campanhas
de missionação, assim como foi razão de muitas lágrimas quando, a 18 de dezembro de 1961,
deixou de ser o antepenúltimo enclave do que foi o Império Português no Oriente, passando a
ser
mais um estado da Índia. Passados pouco mais de 50 anos do corte desse cordão umbilical que
ligava Goa a Portugal, é natural que se questione sobre o que resta dessa ligação que vai
para além da História, desse passado, e logo que começamos a dar os primeiros passos
nesta terra que também foi e continua a ser um destino para hippies da primeira geração,
chegam-nos,quase que de imediato, de uma forma que diría-mos natural e com um certo sabor a
nostalgia, os sons e as palavras que nos são comuns no nosso dia a dia português, nomes
como Fernandes,Rodrigues, Santos, Mendes, Oliveira, Silva...
E assim ficamos a saber que esta é terra que não se esqueceu dessa ligação, como que anunciando
que muito mais de Portugal iremos encontrar entre a cordilheira de Altinho, refúgio predileto
de S. Francisco Xavier, e o rio Mandovi, na Velha Goa, ou em Pangim, capital do estado de Goa.
Uma herança que encontramos não só na toponímia de jardins, ruas e praças, no nome de
clubes, cafés, mercearias, restaurantes..., mas também na identidade de grande parte dos goeses,
a quem carinhosamente chamam “portugueses de Goa” e de quem se diz terem “passaporte
indiano e coração português.”

Travel & Safaris, n.º 19, Primavera 2012, Lisboa, Luxuspress-Publicações


(Texto adaptado, com supressões)

Após uma boa Leitura do texto, responde às seguintes questões.

1- Escolhe a opção correta. A função principal deste texto é:

a. convencer o leitor a visitar Goa.


b. dar instruções para visitar Goa.
c. informar sobre Goa, suas características e História.
d. explicar como Goa se desenvolveu ao longo do tempo.

2. Goa é, segundo o texto, uma cidade diferente das outras cidades indianas.
2.1 Apresenta a razão indicada no texto que fundamenta esta afirmação.
Goa era uma cidade diferente das outras cidades indianas pois ainda não havia sido urbanizada.

3. Escolhe a única opção incorreta. A expressão «Um marco da História da Humanidade (...)», l. 55,
refere-se ao facto de:
a. os portugueses terem descoberto o caminho marítimo para a Índia.
b. os oceanos navegados pelos portugueses já não constituírem obstáculo ao contacto entre os
povos.
c. os portugueses terem conquistado Goa em 1510.
d. a descoberta do caminho marítimo para a Índia permitir o comércio entre o Ocidente e o Oriente.

4. Atenta na expressão «(...) do corte desse cordão umbilical (...)»,l. 76.

Esta expressão refere-se a um facto indicado anteriormente. Identifica-o.


Refere-se ao facto de goa ter deixado de ser portuguesa em 18 de dezembro de 1961 e passou a
integrar a união indiana.

5. Atenta no título do texto.

5.1 Identifica o recurso expressivo nele presente.


Metáfora,
5.2 Explica em que consiste a sua expressividade.
É uma metáfora pois, Goa era uma cidade bela, invulgar e/ou única.

6. Identifica a única afirmação falsa, de acordo com o sentido do texto. A palavra


a. «que», l. 11, reenvia ao antecedente «o mar», l. 11.
b. «que», l. 13, reenvia ao antecedente «o caminho», l. 13.
c. «que»,l. 49, reenvia ao antecedente «o caminho marítimo», l. 47.
d. «que», l. 55, reenvia ao antecedente «Um marco da História da umanidade», l. 55.

7. Atenta na expressão que ocorre no final do texto e que se refere aos goeses: «(...)
passaporte indiano e coração português», ll. 100-101. Explica o seu sentido, tendo em conta o
contexto.
A expressão refere-se ao facto de meso que Goa tivesse passado a pertencer á india, os Goeses
não haviam abandonado a sua herança portuguesa.

Escrita

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Tem em atenção a seguinte afirmação:

Todos temos uma terra ou uma pessoa no coração.

Escreve um texto, com um mínimo de 80 e um máximo de 100 palavras, como comentário a esta
opinião. Refere no teu texto uma terra ou uma pessoa, identificando uma ou outra com
clareza; apresenta pelo menos duas razões para a tua escolha e justifica-a. O teu texto deve
conter uma pequena introdução, um desenvolvimento e uma
conclusão curta.

Eu pessoalmente, assim como muitos, carrego muitas pessoas, poucas terras no meu coração.
Quer romanticamente quer platonicamente o amor é algo assustador. É confiar em alguém com tudo
o que temos sabendo que este, pode decidir esmagá-lo qualquer momento. E isso traz nos
ansiedade.
Como se a qualquer momento tudo pudesse ir cano abaixo. Tenho uma pessoa que é muito próxima
do coração, infelizmente não o posso ver tanto quanto gostaria mas ele tem estado comigo nos meus
piores momentos e sou-lhe incrivelmente grata por isso. Um lugar importante para mim é Coimbra
pois, a minha família aí vive.

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