O documento discute a trajetória da sociologia no século XX e sua interação com a história cultural. Chartier argumenta que a história cultural é fundamental para entender como uma sociedade é construída e interpretada. Ele também analisa os conceitos de representação e habitus de Bourdieu, e discute as limitações da abordagem histórica de Norbert Elias.
Descrição original:
Título original
FICHAMENTO_ A História Cultural_ entre práticas e representações - Roger Chartier
O documento discute a trajetória da sociologia no século XX e sua interação com a história cultural. Chartier argumenta que a história cultural é fundamental para entender como uma sociedade é construída e interpretada. Ele também analisa os conceitos de representação e habitus de Bourdieu, e discute as limitações da abordagem histórica de Norbert Elias.
O documento discute a trajetória da sociologia no século XX e sua interação com a história cultural. Chartier argumenta que a história cultural é fundamental para entender como uma sociedade é construída e interpretada. Ele também analisa os conceitos de representação e habitus de Bourdieu, e discute as limitações da abordagem histórica de Norbert Elias.
O texto tem na introdução como ideia principal apresentar a trajetória da sociologia
através das décadas do século XX. Além de sua trajetória por si só, Chartier apresenta as contribuições das outras áreas de conhecimento e também o inverso. É o caso apresentado e detalhado da dinâmica da História Cultural com a apreensão do mundo social. Para além disso, a introdução também trata de como esta apreensão resulta em relações de poder, competições e dominâncias. Baseado nos ideais de Pierre Bourdieu para o campo e de Michel Foucault para as relações de poder, Chartier estabelece um ponto importante para a análise sociológica e historiográfica: demarcar os pontos de conflitos presentes nessas dinâmicas de poder. Outro aspecto relevante no texto, oriundo desta interdisciplinaridade, são as análises de técnicas linguísticas e semânticas, meios estatísticos utilizados pela sociologia e alguns modelos da antropologia. Chartier aponta a História Cultural como principal identificador de como uma sociedade é construída, lida e interpretada. Graças a esses aspectos a introdução desta área do conhecimento aos estudos sociológicos faz-se necessária para o cerne das ideias apontadas pelo autor. Dito isso, Chartier parte para a discussão da representação, intrinsecamente conectada aos signos, ponto de partida para a próxima discussão elaborada: habitus. Apresenta os fundamentos de Norbert Elias no que tange a abordagem histórica dos fenômenos e suas fraquezas, sendo 3 principais: “atribuiu geralmente um carácter único aos acontecimentos que estuda; postula que a liberdade do indivíduo é fundadora de todas as suas decisões e acções; relaciona as evoluções maiores de uma época com as livres intenções e os actos voluntário daqueles que possuem poder e domínio”. Demonstra também a divisão temporal a ser realizada, onde apesar de existir a definição do objeto como “inteiramente histórico” (situado ou que pode estar situado no passado), sua perspectiva não é histórica, partindo da contraposição com as 3 principais fraquezas estabelecidas por Elias. Portanto, enquanto a História tende a considerar a liberdade como valor fundamental para a análise, a sociologia tende a conceber limites em suas interpretações tendo em visto as rédeas impostas pelo mundo social, onde a geografia e aquilo estipulado como “Campo” e “Habitus” por Bourdieu, atinge diretamente o ator - que nesse dado momento já não é mais livre; é apenas reflexo, preso ao cenário. - colocando um grande espaço entre os tipos de análise. Entretanto, há de se ressalvar que dentro desta perspectiva de análise histórica, encontra-se uma concepção mais rústica e clássica do que é História e quem são seus atores e agentes; um antigo modo de ver a história como feitos de pessoas tidas como “pré-destinadas” a seus atos. Por isso, a liberdade faz-se tão necessária nessa análise. Porém com o tempo, e com os Annales - marcada pela aproximação entre História e Ciências Sociais - os historiadores deixam para trás este tipo de análise de casos singulares onde o conjunto é tratado como reflexo da ação dos singulares, para ser estudada como basicamente o inverso: como o singular torna-se (importante acentuar aqui o estado de ser do indivíduo: aqui o ator já não “é” apenas pode “vir a ser”, partindo do princípio de que não há predestinação) singular através da sua relação com o todo. O modo de apreender o mundo social agora difere-se, já não é mais o que já foi um dia, e para ser compreendido precisa de novas técnicas, novas metodologias; a análise histórica deixa de ser um estudo de atores, para tornar-se um estudo de processos.