Você está na página 1de 18

• “ Criou-se foi esta forma de vestir, que é a tal forma de vestir que

nós chamamos ‘olha, é um guna’ (…). Uma pessoa tira logo pela
pinta, os bonés, o cabelo com madeixas, um monte de brincos”

• A falar sobre as entidades empregadoras:


• “ Devias ver a cara que ele fez quando lhe disse a minha morada!
Acabou! Fiquei sem chances! Pensam logo em nós como ladrões
e traficantes, entendes?”
• “Nem imaginas como é procurar emprego e dizer que és daqui...
Eles Jram-te logo da lista. Eu agora tenho dado a morada da
minha tia...”
• E: “Sentes alguma reação na rua por parte das
pessoas?
• - O que às vezes acontece é que as pessoas
reagem quando vou com os meus amigos em
grupo pela rua, mas acho que não é pela
roupa, acho que é mesmo por nossa causa (…)
às vezes os betos atravessam de passeio se
nos virem…”
Teorias da rotulagem
• Em vez da formulação da teoria funcionalista que
considerava o desvio comportamental uma transgressão
das normas e dos papéis definidos pelo controlo social, a
teoria da rotulagem vê na própria essência do controlo
social uma das causas fundamentais da emergência e do
desenvolvimento do desvio
• (...) Em presença de um controlo social que os
estigmatiza e rotula de forma negativa, os desviantes
constroem os seus espaços sociais de identidade
pessoal e colectiva
• Ato delinquente inicial -» Definido como
desviante (pelo controlo social) -» Rotulado
como desviante
• Resposta da pessoa rotulada poderá ser:
• Rejeição do rótulo - Movimento centrípeto
face às normas
• Aceitação do rótulo - Movimento centrífego
face às normas
Frank Tannenbaum (1938)
• Membros ajustados da sociedade e que é o
rótulo que os transforma em delinquentes
• • A atividade delinquente começa como uma
aventura
• • A sociedade responde a esse
comportamento, criando rótulos
• • A criança/ jovem responde a esse rotulo
• • O Rótulo tendencialmente isola
Edwin Lemert (1951)
• O desvio entra na vida social quando se aplica
uma etiqueta, um rótulo (label). A existência
de uma infração legal não é verdadeiramente
necessária
• Faz a distinção entre desvio primário (Ato
inicial da transgressão) e desvio secundário
(resposta de defesa, ataque ou adaptação em
função da reação social ao desvio primário)
Stanley Cohen
• S. Cohen analisa a reação violenta dos meios
de comunicação social, da polícia, do público e
dos polítcos em relação a um conjunto de
distúrbios juvenis que a:ngiram uma cidade
inglesa. Segundo o autor, a questão central é a
• reação.
• Aqueles que são vistos como estando na base
da ameaça são apresentados como folk devils,
criaturas do «mal» e inimigos a abater para
preservação da sociedade convencional e
cumpridora da lei.
Howard Becker
Outsiders: studies in the sociology of deviance
• Questão central
• Como é que os grupos sociais/ sociedade criam o desvio?

• Hipóteses de base
• 1- O desvio será uma propriedade de interação entre a
pessoa que comete o desvio e aqueles que registam o
acto (moral entrepreneurs);
• 2- o desvio não é a qualidade do acto que a pessoa
pratica, mas antes a consequência da aplicação, por parte
dos outros, das normas e das sanções ao desviante􀀂
Edwin Schur
Labeling Deviante behavior (1971)
• Processo de rotulagem compreende três
elementos:
• Estereotipar
• Interpretação retrospetiva
• Negociação

• Peso do rótulo: “Uma vez delinquente, sempre


delinquente”
• “self-fulfilling prophecy”
Erving Goffman
• Estudo sobre as Instituições Totais
• - O desvio provém das relações de força entre
dominantes e dominados
• - O controlo social separa o desviante da sociedade e
este cria identidades próprias como forma de reação às
sanções
• * técnicas de mortificação e despersonalização
• * expedientes ou adaptações secundária
• - A carreira de desviante (ex. a carreira de doente
mental, de delinquente)
• Estigma
• - Não é um atributo pessoal, mas uma forma de
designação social (construção da diferença)
• - O problema não está no estigma, mas no modo como,
ao ser socialmente definido, gera expectativas e
diferentes respostas.
• - Os desviados não são as pessoas, mas as perspetivas
geradas durante os encontros sociais/ interação
• - negação colectiva da ordem social - Incapacidade de
usar as oportunidades e de inserção na sociedade
Alguns contributos das teorias do conflito e
do poder
• Influência da teoria da rotulagem – rótulo e
aplicação seletiva

Influência das teorias críticas – Marxismo,


conflito de classes e macro sociologia
Teorias do Conflito (Quinney, 1970)
• Conflito que envolve dois grupos opostos: os que são
investidos do poder de julgar e condenar e os que
devem obedecer a esse poder.

• Quem detém o poder de criminalizar?


• Quais são os atos crimininalizados?
• Quais são os objetivos de criminalização?
• - Quatro elementos centrais em discussão: ideologia,
construção da lei, a execução da lei, valores criminais
como reflexo dos valores capitalistas.
• A delinquência juvenil reflete um rótulo popular: 1) de quem
rompe com o que os adultos consideram ser uma ameaça à
autoridade; 2) imposto às classes pobres e sem poder.
• - Criticam a brandura com que a generalidade dos crimes de
colarinho branco são tratados, por oposição aos delitos comuns –
JUSTIÇA DISCRICIONÁRIA
• *
• Raça importa no sistema penal – Segundo Quinney, os infratores
brancos recebem sentenças menores em comparação com os
infratores latinos ou afro-americanos
• - O poder capitalista cria incentivos e motivações para o
comportamento delinquente
• Sempre que é desmascarado alguém do
poder, envolvido em atividades marginais, o
comportamento delitivo das camadas
desfavorecidas é legitimado

Você também pode gostar