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IND NEWS 102 01.05.2019


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COMO LUBRIFICAR ADEQUADAMENTE COMPRESSORES


DE AR RECÍPROCOS E ROTATIVOS TIPO PARAFUSOS
Compressores de ar são equipamentos muito comuns em plantas industriais e sites
de equipamentos móveis sendo equipamentos bastante robustos demandando,
porém, alguns cuidados básicos de manutenção. Por desconhecimento ou
negligência, os serviços de relubrificação são realizados de forma inadequada e, em
face disto, a vida útil destes equipamentos é desnecessariamente abreviada. Os
compressores de ar mais amplamente utilizados em plantas industriais são os
recíprocos ( alternativos ou de pistões ) e os rotativos tipo parafusos.

Figuras 1/2 – Compressor recíproco e rotativo tipo parafusos


Utiliza-se, com certa frequência, na lubrificação de compressores de ar recíprocos
óleos lubrificantes de motores de combustão interna Ciclo Diesel/Ciclo Otto 4T com
grau de viscosidade SAE 15W-40. Porém, mesmo que em curto prazo não haja danos
imediatos ao equipamento visto que este tipo de óleo lubrificante possui elevada
concentração de aditivos há risco de, ao longo do tempo, formar-se depósitos nas
válvulas de sucção e descarga impedindo a sua adequada abertura e fechamento. Há
relatos, até mesmo, de explosões causadas por ignição de resíduos carbonosos
depositados em válvulas de sucção e descarga.

Figura 3 – Depósitos carbonosos em válvulas de descarga

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A correta escolha do óleo lubrificante é determinante na longevidade da operação
dos compressores de ar recíprocos e rotativos tipo parafusos. Para definir a
viscosidade dos óleos lubrificantes adequados aos seus equipamentos os OEMs,
geralmente, se utilizam da norma ISO 3448:1992. Nesta norma, os graus de
viscosidade são definidos por números que significam o ponto médio da Viscosidade
Cinemática em mm²/s ( cSt ) do óleo lubrificante à temperatura de 40 ºC.

Tabela I – Norma de viscosidade ISO 3448:1992

Exemplo 1: o compressor de ar recíproco tem especificado em seu manual de


manutenção e operação que o óleo lubrificante indicado deve ter Grau de
Viscosidade ISO VG 100. Isto significa que a viscosidade do óleo lubrificante deve
estar compreendida entre 90 e 110 mm²/s ( cSt ) à temperatura de 40 ºC.

Exemplo 2: no manual de operação e manutenção do compressor de ar rotativo tipo


parafusos consta que o óleo lubrificante indicado deve ter Grau de Viscosidade
ISO VG 46. Isto indica que a Viscosidade Cinemática mínima do óleo lubrificante
recomendado deve ser 41,4 mm²/s ( cSt ) e a Viscosidade Cinemática máxima de 50,6
mm²/s ( cSt ) à temperatura de 40 ºC.

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Via de regra os OEMs recomendam os seguintes graus de viscosidade:

TIPO DE GRAUS DE VISCOSIDADE


COMPRESSOR
ISO VG 32 ISO VG 46 ISO VG 68 ISO VG 100 ISO VG 150
RECÍPROCO X X
ROTATIVO X X X
TIPO
PARAFUSOS

Após a escolha correta do grau de viscosidade do óleo lubrificante é importante


averiguar algumas características na formulação do produto, tais como:

Figuras 4/5 – Compressores de ar: recíproco de cilindros horizontais


e rotativo tipo parafusos

1. RESISTÊNCIA À OXIDAÇÃO: como óleo lubrificante para compressores de ar


operam a elevadas temperaturas é muito importante esta propriedade sob pena de
haver formação de resíduos carbonosos, lacas e vernizes nas válvulas de sucção e
descarga, canaletas dos êmbolos, mancais de rolamento etc. se a resistência à
oxidação for baixa para a temperatura de operação do óleo lubrificante.

2. PROPRIEDADE ANTIDESGASTE: para proteger os casquilhos, anéis, cilindros,


buchas, mancais de rolamento etc. quando da partida e parada do equipamento em
que há condições limítrofes de lubrificação.

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3. PROPRIEDADES DETERGENTES/DISPERSANTES: apesar de na operação
dos compressores de ar não haver a contaminação do óleo lubrificante pelos gases
do blow-by como nos motores de combustão interna Ciclo Diesel/Ciclo Otto 4T a
presença de aditivação detergente/dispersante é interessante com vistas a se manter
vernizes e lacas em suspensão no óleo lubrificante de maneira a não haver
deposição de resíduos carbonosos nos mancais de rolamento dos rotores macho e
fêmea, saias de êmbolos, canaletas dos êmbolos, válvulas de sucção e descarga.

4. BOA DESMULSIBILIDADE: para decantação e posterior drenagem da umidade


eventualmente condensada no cárter do compressor.

5. ADITIVAÇÃO APASSIVADORA DE METAIS: para reduzir o efeito catalítico


de partículas metálicas na oxidação do óleo lubrificante.

Outro ponto de fundamental importância a ser verificado é a periodicidade de troca


do óleo lubrificante. Muitas vezes a troca do óleo lubrificante deixa de ser realizada
na periodicidade recomendada pelo OEM ocorrendo a oxidação do óleo lubrificante,
formação de borras, lacas e vernizes, desgaste precoce de casquilhos e anéis de
segmento, mancais de rolamento de apoio dos rotores macho e fêmea, válvulas de
sucção e descarga etc. e vindo a ocorrer a falha catastrófica do equipamento.

Figuras 6/7 - Depósitos carbonosos em coroa de pistão e óleo oxidado

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Em caráter geral podemos mencionar as periodicidades de troca recomendadas
pelos OEMs:

TIPO DE INTERVALOS DE SERVIÇO ( H )


COMPRESSOR
ATÉ 300 ATÉ 1000 ATÉ 2000 ATÉ 4000 ATÉ 8000 ATÉ 12000
MINERAL – SINTÉTICO - MINERAL – MINERAL - SINTÉTICO SINTÉTICO
GRUPO I ÉSTER GRUPO I GRUPO II – PAO - PAG
RECÍPROCO X X
ROTATIVO X X X X
TIPO
PARAFUSOS
PAO – POLIALFAOLEFINA/PAG - POLIALQUILENOGLICOL

Obviamente que o manual de operação e manutenção ou o próprio OEM devem ser


consultados para estabelecer-se o tipo adequado de óleo lubrificante e a correta
periodicidade de troca do óleo lubrificante em serviço visto a temperatura do ar de
descarga influir decisivamente nesta seleção, sendo necessária a sua consideração. Os
compressores de ar, sejam eles recíprocos ou rotativos tipo parafusos, devem ser
instalados em locais arejados e a temperatura do ar de descarga deve ser
permanentemente monitorada visto que quanto mais elevada a temperatura de
operação do óleo lubrificante mais rápida será a sua oxidação e os efeitos danosos
que advém deste processo químico. Elevações drásticas na temperatura do ar de
descarga ou na temperatura do óleo lubrificante em serviço não devem ser
desconsideradas por serem sinais de que algo anormal está ocorrendo com o
equipamento.

Figuras 8/9 – Monitoramento da temperatura do ar de descarga e da


temperatura em serviço do óleo lubrificante: práticas obrigatórias

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Fato é que na lubrificação dos compressores de ar rotativos tipo parafusos está se
utilizando, cada vez mais, óleos lubrificantes sintéticos em sua lubrificação face a
muito maior resistência à oxidação ( maior periodicidade de troca ), maior IV –
Índice de Viscosidade ( películas de óleo lubrificante mais espessas, melhor
lubrificação e maior vida útil do equipamento ) e, em função disto, maior
disponibilidade operacional do equipamento. O custo inicial do óleo lubrificante
sintético é maior que o do óleo mineral mas a relação custo benefício compensa,
principalmente, se levarmos em conta que pode-se ter, até, 8 vezes maior o intervalo
de serviço e menos paradas do equipamento para substituição da carga de óleo
lubrificante.

Figuras 10/11 - Manutenções corretivas desnecessárias em compressores de ar


devem ser evitadas através de cuidados preventivos

Não se pretende, com este artigo técnico, esgotar-se todas as variáveis que estão
presentes nas práticas de manutenção, operação e lubrificação dos compressores de
ar recíprocos e rotativos tipo parafusos. O estudo pormenorizado dos manuais de
operação e manutenção, o permanente acompanhamento das condições de operação
do equipamento e da condição do óleo lubrificante serão decisivos para se manter a
disponibilidade e estender-se a vida útil em serviço destes importantíssimos
equipamentos em plantas industriais e sites de equipamentos móveis. É redundante
se mencionar este fato mas, a título de fixação, nunca é demais frisar que maior que
o custo da manutenção é o custo da indisponibilidade do equipamento quando mais
dele se necessita. Pequenos cuidados na sua manutenção podem significar muito com
respeito ao funcionamento contínuo destes equipamentos sem paradas imprevistas.

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