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Golpe de Estado

Ver artigos principais: 18 de brumário e Consulado (História da França)

General Napoleão e suas tropas cruzam a ponte de Arcole em 1796.


O governo não era respeitado pelas outras camadas sociais. Os burgueses
mais lúcidos e influentes perceberam que, com o Diretório, não teriam
condição de resistir aos inimigos externos e internos e manter o poder. Eles
acreditavam na necessidade de uma ditadura militar, uma espada salvadora,
para manter a ordem, a paz, o poder e os lucros.[44]
A figura que sobressai no fim do período é a de Napoleão Bonaparte. Ele era
o general francês mais popular e famoso da época. Quando estourou a
revolução, era apenas um simples tenente e, como os oficiais oriundos da
nobreza abandonaram o exército revolucionário ou dele foram demitidos, fez
uma carreira rápida. Aos 24 anos já era general de brigada. Após um breve
período de entusiasmo pelos jacobinos, chegando até mesmo a ser amigo
dos familiares de Robespierre, afastou-se deles quando estavam sendo
depostos. Lutou na Revolução contra os países absolutistas que invadiram a
França e foi responsável pelo sufocamento do golpe de 1795. [44]
Enviado ao Egito para tentar interferir nos negócios do império inglês, o
exército de Napoleão foi cercado pela marinha britânica nesse país, então
sob tutela inglesa. Napoleão abandonou seus soldados e, com alguns
generais fiéis, retornou à França, onde, com apoio de dois diretores e de toda
a grande burguesia, suprimiu o Diretório e instaurou o Consulado, dando
início ao período napoleônico em 18 de brumário (9 de novembro de 1799). O
Consulado era representado por três elementos: Napoleão,
o abade Sieyès e Roger Ducos. Na realidade, o poder concentrou-se nas
mãos de Napoleão, que ajudou a consolidar as conquistas burguesas da
Revolução.[44]
Impacto
O sociólogo do século XX Raymond Aron (1905–1983) escreve, em O ópio
dos intelectuais, o seguinte, a propósito da revolução francesa, comparando-
a com a evolução da Inglaterra:
A passagem do Ancien Régime para a sociedade moderna é
consumada na França com uma ruptura e uma brutalidade únicas.
Do outro lado do Canal da Mancha, na Inglaterra, o regime
constitucional foi instaurado progressivamente, as instituições
representativas advêm do parlamento, cujas origens remontam aos
costumes medievais. No século XVIII e XIX, a legitimidade
democrática se substitui à legitimidade monárquica sem a eliminar
totalmente, a igualdade dos cidadãos apagou pouco a pouco a
distinção dos "Estados" (Nobreza, clero e povo). As ideias que a
revolução francesa lança em tempestade através da Europa:
soberania do povo, exercício da autoridade conforme a regras,
assembleias eleitas e soberanas, supressão de diferenças de
estatutos pessoais, foram realizadas em Inglaterra, por vezes
mais cedo do que em França, sem que o povo, em sobressalto
de Prometeu, sacudisse as suas correntes. A "democratização" foi
ali (em Inglaterra) a obra de partidos rivais. (…) O Ancien
Régime desmoronou-se (na França) a um só golpe, quase sem
defesa. E a França precisou de um século para encontrar outro
regime que fosse aceito pela grande maioria da nação.

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