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ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

Departamento de Engenharia de Minas e de Petróleo

PMI3305 – Mecânica das Rochas

Trabalho 1.

Victor Parise Alves Grizzo Bertoldi 11382672

São Paulo - SP

Maio, 2021
Sumário
i. Introdução – página 2
ii. Desenvolvimento – página
iii. Conclusão – página
iv. Bibliografia

I. Introdução

O estudo do comportamento mecânico das rochas é uma das


vertentes da geomecânica. Ele se mostra de extrema importância, e
tem inúmeras aplicações nas sociedades contemporâneas, indo
desde a área de engenharia de minas até a engenharia civil.

Em relação às atividades minerais, que são o foco da engenharia de


minas, a mecânica de rochas pode ser utilizada nas atividades de:
escavações minerais, tuneis, projeto de suporte de escavações
subterrâneas, avaliação de explosão de rochas... entre outras
possibilidades.

Nesse sentido, esse trabalho será dividido em 3 etapas, com focos


distintos, porém complementares, em cada uma delas.

Na primeira etapa, será abordada a análise de descontinuidades em


rochas. Entre os diversos aspectos que podem ser utilizados para
caracterizar uma descontinuidade, o foco será dado aos conceitos
de famílias, dip e dip direction.

Na segunda etapa, será abordado a análise de escavações


subterrâneas, com foco na percepção de formação de blocos em
função da orientação.

Na terceira etapa, será abordado a análise de taludes, com foco na


formação de cunhas em função dos ângulos de direção do
mergulho da face do talude em relação ao norte.
II. Desenvolvimento

Etapa 1:

O conceito de família está relacionado à interceptação das


descontinuidades em um sistema global de fraturamento. Para
estudá-lo utilizaremos o software Dips com a injeção de um
conjunto de dados com 140 linhas e 2 colunas, fornecendo dip e dip
direction.

A primeira coisa que foi realizada, foi a projeção estereográfica dos


dados, conforme a imagem 1

Imagem 1 – Projeção estereográfica

Na imagem 2, segue a figura da projeção estereográfica para a


concentração dos polos das descontinuidades. Nela é possível
identificar a presença de 3 famílias. Família 1 no canto esquerdo,
Família 2 no canto direito e família 3 no setor inferior.
Imagem 2 – Projeção estereográfica com concentração nos polos

A partir dessas famílias de descontinuidades é possível descobrir o


ângulo entre os planos das famílias de descontinuidade, duas a
duas.

Na figura 3, apresenta-se o ângulo entre família 1 e 2.


Na figura 4, apresenta-se o ângulo entre família 1 e 3.
Na figura 5, apresenta-se o ângulo entre família 2 e 3.

Imagem 3 – Ângulo entre família 1 e 2


Imagem 4 – Ângulo entre família 1 e 3

Imagem 5 – Ângulo entre família 2 e 3

Etapa 2 – Parte 1

Nessa parte o foco será dado à analise acerca da possível formação


de blocos nas paredes de uma escavação subterrânea quadrada, de
coordenadas (0,0) – (0,5) – (5,5) – (5,0), avaliando se houve a
formação de blocos no contorno da estrutura. Além disso, será
estudado a variação da angulação da Trend, dessa forma
possibilitando a descoberta dos ângulos mais e menos favoráveis à
formação de volumes maiores ou menores de blocos.
A atividade será realizada por meio do software Unwedge, em que
inicialmente deve-se inserir os dados de dip e dip direction de cada
uma das famílias, obtidos na etapa 1. Após esse passo, o software
realiza o mapeamento dos blocos e retorna ao usuário as imagens
de 4 pontos de vista diferentes acerca da estrutura, conforme
demonstrado na imagem 6.

Imagem 6 – Pontos de vista

Feito isso, é possível analisar variação do volume de cunhas, por


meio da variação do Trend da estrutura, de 0º a 180º. Nessa
operação, o túnel intercepta as continuidades de inúmeras formas,
assim mapeando as diferentes formações de blocos resultante.
Com isso é possível plotar um gráfico para auxiliar na análise do
cenário, conforme imagem 7.
Imagem 7 – Gráfico Volume de cunha X Trend

A partir da análise do gráfico, é possível constatar que o volume de


cunha máximo é formado, menos favorável, quando Trend, direção
do mergulho, é igual à 20º, com um volume de 45.812 m3,
conforme a imagem 8.
Destaca-se também que quando Trend é 121.5º, o volume de cunha
é mínimo, mais favorável, com 4.023m3, conforme a imagem 9.
Ademais, tem-se pontos de alto volume também com ângulos de
Trend em 94º e 174º.

Imagem 8 – Blocos com Trend em 20º (Menos favorável)


Imagem 9 – Blocos com Trend em 121º (Mais favorável)

Etapa – Parte 2

O mesmo software, Unwedge, será utilizado porém agora a


estrutura analisada tem formato circular, e o Plunge, mergulho, é
vertical e tem 90º. Após plotarmos as coordenadas da estrutura, o
software fornece uma visão de 4 pontos de diferentes, conforme a
imagem 10. Nas imagens é possível visualizar a formação dos blocos
nas paredes do poço.

Imagem 10 – Pontos de vista Poço com Plunge 90º


Etapa 3

Através do uso do software Swedge, analisaremos a formação de


cunhas na face do talude levando em consideração a disposição das
3 famílias de descontinuidades.

As configurações fixas adotadas para realização da atividade foram:


altura de 30 metros, inclinação de 40º, são Dip=0, Dip Direction=0,
Slope Face: Dip=40 sem Tension Crack e Slope Height=30, conforme
imagem 11. Na parte variável, realizamos a variação, de 45º em
45º, da direção do mergulho da face do talude, explorando as
possíveis combinações entre as famílias de descontinuidades.

O resultado obtido é apresentado na tabela 1.

Tabela 1 – Análise formação de cunhas dois a dois.


Houve a formação de cunhas quando analisamos as famílias 1 e 2,
com os ângulos de 135º a 225º, conforme as imagens abaixo.

Imagem 11- Família 1 e 2 com 135º


Imagem 12- Família 1 e 2 com 180º

Imagem 13 – Família 1 e 2 com 225º

Conclusão

Dado os resultados desenvolvidos neste trabalho, é possível


concluir que haverá instabilidade e possível formação de blocos de
rochas em taludes para ângulos com Trend próximos à 20º, 94º e
174º, dessa forma provocando alteração no estado de tensões no
maciço. Isso se mostra especialmente perigoso devido ao conceito
de bloco chave, que são os que tem potencial de deslizamento, pois
ao deslizarem podem causar um efeito em cadeia sem precedentes.
Por isso é recomendado que reavaliem a geometria da estrutura,
alterando, por exemplo, a inclinação dos taludes, fator que é
extremamente determinante para o deslizamento. Outros aspectos
secundários que podem causar uma instabilidade são: Infiltração de
água, rugosidade, preenchimento... entre outros.

Bibliografia

1. HUDSON, J. A. Engineering rock mechanics: an introduction to the principles. New


York, Pergamon, 2005.
2. HARRISON, J. P. Engineering rock mechanics. Oxford, Pergamon, 2006.

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