Você está na página 1de 8

1

CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIFACVEST


FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA
CLÍNICA DE PEQUENOS ANIMAIS
Prof. Vanessa Massumi Kaneko

INTRERPRETAÇÃO DO ELETROCARDIOGRAMA

ELETROCARDIOGRAFIA

Forma de registrar a atividade elétrica do coração e reflete os eventos elétricos do conjunto das células

INDICAÇÕES DO ELETROCARDIOGRAMA
 Registro das arritmias cardíacas
 Avaliações dos padrões de aumento das câmaras cardíacas
 Indicações diversas: efusão pericárdica, alterações de tônus vagal
 Avaliação da terapia cardíaca
 Auxílio no prognóstico
 Monitoramento anestésico

Posição dos eletrodos e as derivações


2

ELETROCARDIOGRAMA
1. Posicionamento
O paciente deverá deitar em decúbito lateral direito sobre superfície isolada eletricamente(tapete de borracha
ou mesa formicada).
Os membros deverão ser mantidos paralelos e sem estarem cruzados.
Os eletrodos devem ser umedecidos com o álcool para retirar o oxigênio e gordura existentes entre os pêlos,
bem como melhorar a condução elétrica da superfície da pele para os eletrodos. O álcool deverá ser a
96,5%, pois com menor porcentagem não permite uma adequada passagem da corrente elétrica gerando
traçado com má qualidade técnica.
Recomenda-se o registro de 1 a 2 minutos para pacientes hígidos e, em pacientes cardiopatas ou de raças
como boxers e dobermans, recomenda-se de 4 a 5 minutos de monitorização.
Posicionamento correto
Ecg normal (50 mm/s)
3

INTERPRETAÇÃO DO ECG
1- DETERMINAR FC
Determinar o número de ondas R (ou intervalo R-R) no espaço de 3 s e multiplicar por 20:
 Na velocidade de 50 mm/s: 30 grandes boxes equivalem a 3s
 Na velocidade de 25 mm/s: 15 grandes boxes equivalem a 3s

Em caso de ritmo regular, a FC pode ser obtida determinando-se o número de quadrados menores em um
intervalo R-R e dividindo 3000 ou 1500 pelo número encontrado.
 3000 - velocidade de 50 mm/s
 1500 – velocidade 25 mm/s

Dividindo 600 pelo número de grandes boxes em um intervalo R-R – ritmo regular
4

Método sequencial: encontrar onda R coincidente com linha do box grande e por sequencia determinar a FC
observando a próxima onda R
 50 mm/s: 600, 300, 200, 150, 120
 25 mm/s: 300, 150, 100, 75, 60, 50

EXERCÍCIO 01 – Determine a FC

2- DETERMINAR O EIXO (VETOR)

Se refere à direção da despolarização ventricular, relacionando-se apenas com o complexo QRS.


 Cães: +40º a +100º
 Gatos: 0 a +160º
Desvio de eixo pode indicar hipertrofia cardíaca,
 Deslocamento para a esquerda: ventrículo esquerdo
 Deslocamento para a direita: ventrículo direito

Método 1
 Encontrar a derivação isoelétrica (soma das ondas negativas e positivas = 0)
Ex: Derivação I
 Determinar se a derivação perpendicular da derivação isoelétrica é positiva ou negativa.
Ex: aVF (positiva)
 Olhar no esquema e localizar o eixo da derivação encontrada.
Ex: aVF = 90º - Resultado: eixo em 90º .
5

Método 2 – quando não há derivação isoelétrica


 Encontrar a derivação com QRS de maior amplitude e verificar se é positivo ou negativo. O eixo
estará próximo do valor encontrado.
Ex: Derivação II (positivo) = +60º.
 Para determinar se o eixo é maior ou menor que +60º , deve-se encontrar a derivação perpendicular
e verificar se é positivo ou negativo. Se positivo, o eixo é próximo ao lado positivo deste eixo. Se
negativo, o eixo é próximo ao lado negativo deste eixo
Ex: aVL (positivo) - o lado positivo deste eixo fica mais à direita
Resultado: eixo entre 30º e 60º = aprox. 50º
6

3 – DETERMINAR MEDIDAS

Medidas – Onda P
 AUMENTO ATRIAL:
Átrio direito: aumento da altura
Átrio esquerdo: aumento da largura
 PRESENÇA OU AUSÊNCIA
Não há altura ou duração (largura) mínima para onda P
Ausência: arritmias
Variação de altura: alteração de tônus vagal (achado normal em cães)
Valores máximos – onda P (derivação II)
Cães Gatos
Altura máxima 0,4 mV 0,2 mV
Largura máxima 0,04s 0,04s
0,05s (raças gigantes)

Medidas – Intervalo P-R


 Pode haver uma redução, quando uma via acessória permite que a condução se desvie do nodo AV
 Prolongamento: indica bloqueio AV de primeiro grau
 Variação: alteração no tônus vagal ou secundário a batimentos ectópicos.
Medida de intervalo P-R (derivação II)
Cães Gatos
Intervalo P-R 0,06 – 0, 13 s 0,05 – 0,09 s

Medidas – Complexo QRS


 AUMENTO VENTRICULAR:
Esquerdo:
 Aumento na largura do complexo QRS (cães e gatos)
 aumento da amplitude de R nas derivações II e aVF (cães) e
 Aumento na amplitude somente na derivação II (gatos)
 Amplitude de R supaerior a 1,5 mV na derivação I (cães)
 Soma das amplitudes da onda R nas derivações I e aVF maior de 4 mV (cães)
 segmento S-T abaulado ou cavado
 Desvio de eixo para a esquerda
Direito:
 Aumento na amplitude de onda S:
Presença de S nas derivações I, II, III e aVF (cães e gatos)
Onda S superior a 005 mV na derivação I (cães)
Onda S superior a o, 35 mV na derivação II (cães)
 Desvio do eixo para a direita
 Alargamento do complexo QRS pode indicar: aumento de VE, bloqueio do ramo direito ou esquerdo
do feixe de His e complexos de origem ventricular (VPC)
 Alternância elétrica (variação regular na amplitude):
efusão pericárdica ou pleural grave
Taquicardia supraventricular
7

 Baixa amplitude de QRS


Retardo na transmissão do impulso – efusão pericárdica, efusão pleural, obesidade, edema
subcutâneo, pneumotórax, edema pulmonar
Hipotireoidismo (geralmente acompanhado de bradicardia)

Valores máximos – complexo QRS (derivação II)


Cães Gatos
Altura máxima 3 mV (raças grandes) 0,9 mV
2,5 mv (raças pequenas)
Largura 0,06s (raças grandes) 0,04s
0,05s (raças pequenas)

Medidas – Segmento ST
 Supradesnivelamento (derivação II, III e aVF)
Hipóxia miocárdica, infarto transmural do miocárdio, efusão pericárdica (cães e gatos)
Intoxicação por digoxina (gatos)
 Infradesnivelamento (derivação II, III e aVF)
Hipóxia miocárdica, hiper e hipocalemia, infarto miocárdico subendocárdico ou intoxicação
por digoxina (cães e gatos)
 Alterações diversas
Bloqueio de ramos do feixe de his, hipertrofia do miocárdio ou VPC (complexos ventriculares
prematuros)

Valores máximos – segmento ST (derivação II, III e aVF)


Cães Gatos
Supradesnivelamento máximo 0,2 mV nenhum
Infradesnivelamento máximo 0,15 mV nenhum

Medidas – Intervalo Q-T


 Tende a aumentar em caso de baixa FC e diminuir nas taquicardias.
 Deve ser menor que metade do intervalo R-R precedente.
 Prolongamento:
hipocalemia, hipotermia, uso de quinidina, distúrbios de condução interventricular,
bradicardia, intoxicação por etilenoglicol, atividade extenuante ou dísturbios do SNC
 Redução
Hipercalcemia hipercalemia ou uso de digoxina

Valores normais – intervalo Q-T (derivação II)


Cães Gatos
Valores em FC normal 0,15 a 0,25s 0,12 a 0,18s

Medidas – Onda T
 Bastante variável. Pode ser positiva, negativa ou bifásica
 Aumentadas:
Hipóxia do miocárdio, distúrbios de condução interventricular, dilatação ventricular,
bradicardia
Muito evidentes (grau máximo): hipercalemia
 Bifásicas: podem ocorrer na hipocalemia
 Alterações inespecíficas:
Distúrbios metabólicos (hipoglicemia, anemia, choque, febre)
Intoxicação medicamentosa (digoxina, quinidina, procainamida)
Doença neurológica
 Alternância:
Hipocalcemia, elevação na concentração de catecolaminas circulantes e aumento súbito do
tônus simpático
8

Valores normais – onda P (derivação II)


Cães Gatos
Altura Varia entre 0,05 a 1 mV (em qualquer Menor que 0,3 mV
derivação)
Não mais que ¼ da amplitude de R

4- VERIFICAR ARRITMIAS

 Arritmia refere-se a uma irregularidade no ritmo cardíaco. Embora o termo arritmia sinusal seja
utilizado para descrever a variação normal na FC associada à respiração.
 Classificação de acordo com a origem:
Supreventricular: origina-se no átrio ou nodo AV
Ventricular: origina-se no ventrículo
 Classificação de acordo com FC
Bradiarritmias
Taquiarritmias
 Classificação de acordo com a reularidade
Fibrilação: ritmo irregular, caótico
Taquicardia: ritmo regular

Você também pode gostar