Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
4
Licenciatura em Ciências · USP/Univesp
TÓPICO
FUNÇÕES POLINOMIAIS
Gil da Costa Marques
4.1 Potenciação
4.2 Funções Polinomiais de grau n
4.3 Função Polinomial do Segundo Grau ou Função Quadrática
4.4 Análise da Forma Geral dos Gráficos da Função Quadrática
4.5 Gráficos das funções polinomiais
4.6 Raízes das funções polinomiais
4.7 Raízes da Função Quadrática
4.8 Máximos e Mínimos da Função Quadrática
4.1 Potenciação
Antes de abordar as funções polinomiais, devemos introduzir uma operação com números
reais denominada potenciação. Assim, definimos a potência n do número a, representada por an
(com n ∈ N*), como o resultado do produto sucessivo do número a n vezes, ou seja,
a n ≡ a⋅
a a
⋅⋅⋅⋅⋅⋅ 4.1
n vezes
a3 = a ⋅ a ⋅ a 4.2
33 = 3 ⋅ 3 ⋅ 3 = 3 ⋅ 9 = 27
4.3
( −3) =( −3) ⋅ ( −3) ⋅ ( −3) =−3 ⋅ 9 =−27
3
f ( x ) = x3 4.4
f ( x) = ( x ⋅ x ⋅ x) 4.5
funções polinomiais 4
54 Licenciatura em Ciências · USP/Univesp
Um exemplo simples de função cúbica é aquela que expressa o volume de uma esfera como
função do seu raio. Nesse caso a dependência do volume em relação ao raio R, se escreve:
4π 3
V= R 4.6
3
Analogamente, podemos definir uma função envolvendo uma potência arbitrária, n, da vari-
ável dependente (considerando-se, até esse ponto, apenas números inteiros e positivos). Ela será
representada por:
f n ( x=
) xn ≡
x
⋅ x
⋅⋅⋅x 4.7
n vezes
n
P= ( x ) an f n ( x ) + an−1 f n−1 ( x ) + ... + a1 f 1 ( x ) + a0 4.8
Ou, analogamente
P n ( x=
) an x n + an−1 x n−1 + ... + a1 x + a0 4.9
n
P n ( x ) = ∑ ai x i 4.10
i =1
P1 ( =
x ) a1 x + a0 4.11
Por exemplo, a velocidade escalar de uma partícula de massa m sujeita a uma força constante
F atuando ao longo de uma curva é dada, como função do tempo t decorrido, por:
F
V
= ( t ) t + V0 4.12
m
P n (=
x ) Pn ( − x ) 4.13
em cujo caso, n deve ser necessariamente um número par e todos os coeficientes das potências
ímpares devem ser nulas. Por exemplo, o polinômio:
P4 ( x ) =x 4 − 13x 2 + 36 4.14
é um polinômio par.
Um polinômio é dito ímpar, se:
Pn ( x ) =
−Pn ( − x ) 4.15
A condição necessária e suficiente para que isso aconteça é a de que n deve ser, necessaria-
mente, um número ímpar, bem como todos os coeficientes das potências pares devem ser nulos.
Assim, o polinômio
P5 ( x ) =x 5 − 13x 3 + 36 x 4.16
é um polinômio ímpar.
funções polinomiais 4
56 Licenciatura em Ciências · USP/Univesp
y ( x ) = ax 2 + bx + c 4.17
2
g x x
y ( x) ≡ − + vy 0 + y0 4.18
2 v0 x v0 x
A seguir, escreveremos a expressão 4.17 de uma forma inteiramente equivalente, e muito útil, como
se verá. Admitindo-se o parâmetro a não nulo (a ≠ 0), podemos escrever as seguintes igualdades:
b c b c b2 b2
y= ax 2 + bx + c= a x 2 + x + = a x 2 + x + + 2 − 2
a a a a 4a 4a
∆
4.19
2
2 b b 2
c b
2
b b − 4ac
2
= a x + x + 2 + − 2= a x + −
a a
4 a 4a 2a 4a 2
b
x+
2
2a
2
b ∆
y ( x )= ax 2 + bx + c= a x + − 4.20
2a 2a
∆= b 2 − 4ac 4.21
Embora seja pouco usual, vamos usar, e muitas vezes, essa última forma da função quadrática.
Em particular, se recorrermos a um artifício definido como translação de eixos (mudanças de
eixos na direção vertical e horizontal) ela se torna útil para escrever a equação da parábola de
uma forma mais simples. De fato, se redefinirmos as variáveis de acordo com as expressões:
b
x′= x +
2a
4.22
b 2 − 4ac
y′= y −
2a
então, o polinômio do segundo grau pode ser escrito, nessas novas variáveis, como:
y′ ( x′ ) = ax′2 4.23
funções polinomiais 4
58 Licenciatura em Ciências · USP/Univesp
b
x= − 4.24
2a
y ( x ) = x 2 − 3x + 2 4.27
funções polinomiais 4
60 Licenciatura em Ciências · USP/Univesp
y ( x ) = x2 − 2x + 1 4.28
y ( x=
) x2 + 1 4.29
y = f ( x ) = x2 − 6x + 5 4.30
→ Resolução:
Primeiramente, lembramos que
Um modo de resolver o problema proposto seria atribuir alguns valores a x e calcular os corres-
pondentes valores de y, constituindo assim uma tabela e, a partir da tabela, construir o gráfico. Há
um modo mais produtivo, porém, que é procurar os pontos mais importantes: corte com os eixos e
o vértice. Lembramos que, nesse caso, temos: a = 1, b = −6, c = 5.
a. Corte com o eixo y:
Para encontrar o valor de y, basta tomar x = 0 na equação 4.30.
Obtemos:
( 0) − 6 ( 0 ) + 5= 5
2
y (0)= 4.31
xi 2 − 6 xi + 5 =0 4.32
O valor de ∆ é positivo.
∆ = b 2 − 4ac = ( −6 ) − 4 (1)( 5 ) = 36 − 20 = 16
2
4.33
A) B)
C) D)
funções polinomiais 4
62 Licenciatura em Ciências · USP/Univesp
Pode-se ver, pelos gráficos, que as funções polinomiais não são limitadas, isto é, elas podem
crescer indefinidamente, decrescer indefinidamente, ou ambos.
A curva associada ao gráfico pode cortar o eixo x um certo de número de vezes. Esse número é igual
ou menor do que n. Aos valores de x para os quais isso ocorre damos o nome de raízes do polinômio.
Os polinômios, em geral, exibem pontos de máximos ou mínimos locais. Por exemplo, o
gráfico da figura 4.7D exibe dois máximos locais e um mínimo local.
P n ( xi ) = 0 4.34
ou seja,
an xi n + an −1 xi n −1 + ... + a1 xi + a0 =0 4.35
Podemos ter até n soluções reais para tal equação. Não haver solução, em se tratando de números
reais, é, também, uma possibilidade. O estudo das raízes de um polinômio tem desafiado os mate-
máticos.Assim, desde o século XVI, sabe-se a solução para as seguintes equações cúbicas e quárticas:
xi 3 + mxi − n =0
4.36
xi 4 + pxi 2 + qxi + r =0
Nos casos mais gerais o problema é complexo. O caso mais simples entre todos é aquele em
que o polinômio é favorável de tal forma a escrevê-lo sob a forma de produtos de polinômios
de primeiro grau:
( x ) a n ( x − x1 )( x − x2 ) ⋅⋅⋅⋅( x − xn )
P n= 4.37
Por exemplo, o polinômio dado por 4.14 pode ser escrito como
Ele tem, portanto, quatro raízes. Elas são representadas pelo conjunto
a ( xi + ) − 0
= 4.43
2a 4a
funções polinomiais 4
64 Licenciatura em Ciências · USP/Univesp
b 2
( xi + = )
(b 2
− 4ac )
≡
∆ 4.44
2
2a 4a 4a 2
Ora, como se pode observar, para que existam valores xi que satisfaçam à relação acima, é
necessário que o lado direito de 4.44 seja positivo. Isso, por outro lado, fica assegurado se:
∆≥0 4.45
Tendo em vista a expressão 4.43, temos obtemos a seguinte expressão para as raízes:
b
2
∆
a xi + − 2 = 0 4.46
2a 4a
Uma vez que o coeficiente a é não nulo, a equação acima nos leva à seguinte expressão para as raízes:
2
b ∆
xi + = 4.47
2a 4a 2
Donde inferimos que para haver raízes reais devemos ter ∆ ≥ 0. Se ∆ > 0 as raízes são dadas
pela expressão:
b ∆
xi + =
± 4.48
2a 2a
Da expressão acima, concluímos que, dependendo do valor de ∆, podemos ter até três possibilidades:
b ∆ −b − b 2 − 4ac
x1 =
− − =
2a 4a 2 2a
4.50
b ∆ −b + b 2 − 4ac
x2 =
− + =
2a 4a 2 2a
b
x1 = x2 = − 4.51
2a
De 4.50 podemos concluir que a soma das raízes (S ) e o seu produto (P) são dados, respec-
tivamente, por:
−b
S = x1 + x2 =
a
4.52
c
P = x1 ⋅ x2 =
a
Finalmente, é fácil verificar que, em termos das raízes dadas por 4.50, ou 4.51, um polinô-
mio do segundo grau pode ser escrito como:
b c
ax 2 + bx + c= a x 2 + x + = a ( x − x1 )( x − x2 ) 4.53
a a
xi 2 − 3xi + 2 =0 4.54
3− 9−8
=x1 = 1
2
4.55
3+ 9−8
=x2 = 2
2
funções polinomiais 4
66 Licenciatura em Ciências · USP/Univesp
xi 2 − 2 xi + 1 =0 4.56
→ Resolução:
Lembrando que o valor de ∆ é dado pela expressão 4.49, obtemos
=
∆ b 2 − 4ac
= 36 − 4.1.5
= 16
= 4 4.58
e utilizando os valores dados por 4.58, em 4.50, obtemos as duas raízes a partir da expressão:
−b ± ∆ − ( −6 ) ± 4 6 ± 4
=xi = =
2a 2 (1) 2
ou seja,
6−4
=x1 = 1
2
4.59
6+4
x2 = 5
=
2
( xm , ym ) 4.60
b
2
∆
y = a x + − 2 4.61
2a 4a
b
xm + 0
= 4.62
2a
ou seja, para
b
xm = − 4.63
2a
funções polinomiais 4
68 Licenciatura em Ciências · USP/Univesp
Outro modo de determinar a abscissa do vértice é lembrar que, havendo raízes reais, o
vértice se situa num ponto cuja abscissa é a média das coordenadas associadas às raízes:
x1 + x2 b
xm = = − 4.64
2 2a
ao passo que o valor de ym, o valor do máximo, ou mínimo, será determinado substituindo-se em
4.61 o valor dado por 4.64, ou seja,
b
2
∆ ∆ ∆
ym ≡ y ( xm ) =
a xm + − 2 = a 02 − 2 =
− 4.65
2a 4a 4a 4a
b2 ∆
ym =− +c− 4.66
4a 4a
Assim, os pontos de máximo, ou mínimo, têm coordenadas dadas por:
b b2
( m m)
x , y =− , − + c 4.67
2a 4a
3 1
Figura 4.11: Vértices das funções quadráticas / Fonte: Cepa , (1,0 ) ( 0,1) 4.68
2 4
No caso da função:
y = x2 − 6x + 5 4.69
−b − ( −6 )
xv
= = = 3 4.70
2a 2 (1)
Enquanto de 4.66 temos que a coordenada ordenada do vértice ponto será dada por:
−∆ −16
ym = = = −4 4.71
4a 4 (1)
→ Resolução:
Lembrando a forma geral da função quadrática y = ax2 + bx + c, o problema
que se coloca é o de determinar os coeficientes a, b, e c.
Figura 4.12: Gráfico de uma função
Da figura 4.12 inferimos que as raízes são x1 = −1 e x2 = 3. quadrática / Fonte: Cepa
Considerando agora a forma fatorada de uma função polinomial do segundo
grau, escrevemos:
y = a ( x − x1 )( x − x2 ) = a ( x + 1)( x − 3) = a ( x 2 − 2 x − 3) 4.72
Resta-nos, portanto, determinar o valor do parâmetro a. Para isso, observemos que o gráfico corta o
eixo 0y no ponto (0,2), isto é, para x = 0, temos y = 2:
y ( 0 ) =2 =a ( 02 − 20 − 3) 4.73
2
−3a =2⇒a =− 4.74
3
Substituindo esse valor de a em (II) obtemos:
2
− ( x 2 − 2 x − 3)
y= 4.75
3
funções polinomiais 4
70 Licenciatura em Ciências · USP/Univesp
ou de modo equivalente:
2 4
− x2 + x + 2
y= 4.76
3 3
Para determinar a posição do vértice, em termos das coordenadas denominadas abscissa e ordenada,
lembramos primeiramente que a abscissa do vértice é essencialmente a média das abscissas das raízes.
Assim, nesse caso obtemos:
x1 + x2 −1 + 3 −b −4
x=
m = = = = 1
2 2 2a 2 4.77
2 −
3
Da expressão 4.66, que dá o valor da ordenada associada ao vértice obtemos:
64
−
−∆
y= = 9= 8
4.78
m 4a 2 3
4 −
3
Portanto, o vértice é o ponto (1, 8 3). Observe que, neste caso, a concavidade da parábola é para baixo
e a função admite um valor máximo que é 8 3.
→ Resolução:
Tendo em vista que o galinheiro é retangular, a sua área, denominada y, é dada pelo produto dos lados:
y = xz 4.79
O lado z deve ser escrito de forma que leve em conta a limitação imposta pela disponibilidade do
material à disposição. Assim, escrevemos para a soma dos três lados:
Donde concluímos que, com o material existente, a relação entre os lados é dada por:
z 60 − 2 x
= 4.81
x ( 60 − 2 x ) =
y= −2 x 2 + 60 x 4.82
Como a < 0, a concavidade da parábola [que é o gráfico de função y = f (x)] é para baixo e a função
admite um valor máximo para o valor da abscissa dado por:
−b −60
x x=
= = = 15 4.83
2a 2 ( −2 )
m
z = 60 − 2 x = 60 − 2 (15 ) = 30 4.84
funções polinomiais 4